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GRUPO II - CLASSE V - PLENÁRIO TC-010.111/2006-2 (com 7 anexos) Natureza: Relatório de Auditoria Órgão: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro Responsáveis: José Carlos Campos Condé, Maria Alice Barbosa Ribeiro, Uilian Américo e Anamaria Carvalho Schneider SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. ATOS DE GESTÃO DE PESSOAL. PAGAMENTOS DE APOSENTADORIAS E PENSÕES. OBRIGATORIEDADE DE RECADASTRAMENTO ANUAL DOS BENEFICIÁRIOS. MENOR SOB GUARDA. FILHO MAIOR INVÁLIDO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. EMISSÃO DE LAUDO POR JUNTA MÉDICA OFICIAL. DEVER DE ACOMPANHAMENTO PERIÓDICO POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO. DETERMINAÇÕES. 1. É obrigatório o recadastramento anual do interessado como condição para a continuidade da percepção dos proventos ou da pensão. 2. É dever da administração adotar sistemática periódica de acompanhamento dos aposentados e, principalmente, dos /home/website/convert/temp/convert_html/ 5c4579f493f3c34c3c375058/document.doc

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GRUPO II - CLASSE V - PLENÁRIOTC-010.111/2006-2 (com 7 anexos)Natureza: Relatório de AuditoriaÓrgão: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de JaneiroResponsáveis: José Carlos Campos Condé, Maria Alice Barbosa Ribeiro, Uilian Américo e Anamaria Carvalho Schneider

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. ATOS DE GESTÃO DE PESSOAL. PAGAMENTOS DE APOSENTADORIAS E PENSÕES. OBRIGATORIEDADE DE RECADASTRAMENTO ANUAL DOS BENEFICIÁRIOS. MENOR SOB GUARDA. FILHO MAIOR INVÁLIDO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. EMISSÃO DE LAUDO POR JUNTA MÉDICA OFICIAL. DEVER DE ACOMPANHAMENTO PERIÓDICO POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO. DETERMINAÇÕES. 1. É obrigatório o recadastramento anual do interessado como condição para a continuidade da percepção dos proventos ou da pensão.2. É dever da administração adotar sistemática periódica de acompanhamento dos aposentados e, principalmente, dos pensionistas acometidos de doença.3. É irregular o pagamento efetuado a aposentados e pensionistas sem a devida atualização cadastral ou a certificação da real situação de cada beneficiário.4. A exigência de rigor na interpretação do requisito de dependência econômica torna-se condição necessária para a concessão das pensões estabelecidas pela Lei nº 8.112/1990, sendo ilegal a pensão de filho maior inválido quando inexiste a incapacidade total e definitiva para o labor.5. É indevido o deferimento de pensão civil a menor sob guarda, sob a existência de suposta dependência econômica, sem a comprovação da impossibilidade de os próprios genitores proverem ao seu sustento.

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6. Laudo emitido por junta médica para fins de concessão de aposentadoria ou pensão por invalidez deve especificar claramente a moléstia da qual o beneficiário foi acometido, competindo à Administração fazer o devido enquadramento legal, com base nas informações médicas. Junta médica que enquadra indevidamente a moléstia dentre aquelas incapacitantes para o labor, quando for evidente o equívoco, pratica ato ilegal, passível de sanção.

RELATÓRIO

Tratam os autos de Relatório de Auditoria realizada, pelas Secex/RJ e Sefip, na forma do item 9.1 do Acórdão nº 574/2005-TCU-Plenário, tendo por objetivo a verificação da conformidade dos atos de gestão de pessoal praticados pelo Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, bem como dos pagamentos de aposentadorias e pensões.

2. Os trabalhos de auditoria envolveram verificações com relação ao cadastramento de admissões e concessões no sistema Sisac; consistência dos dados pessoais e funcionais constantes dos processos de concessões e os lançados nos sistemas Siape e Sisac; acumulação de cargos e/ou proventos; desconto em folha de pagamento para entidades consignatárias e pagamento de pensão a filho maior inválido, menor sob guarda, pai, mãe, pessoa designada, maior de sessenta anos com dependência econômica e companheira.

3. No que se refere ao cadastramento no sistema Sisac das admissões e concessões efetuadas pelo órgão, a equipe de auditoria constatou (fls. 12/13) que, no período de janeiro de 1998 a abril de 2006, foram emitidos 4.746 atos de concessão aposentadoria e 4.350 de pensão, dos quais apenas 2.742 (57,7%) e 2.674 (61,4%), respectivamente, haviam sido lançados no referido sistema.

4. A respeito desse assunto, o órgão esclareceu que, “em face do grande quantitativo de aposentadorias e pensões, foi destacado um grupo específico, com o fim de proceder os lançamentos devidos e atender a demandas anteriores ainda não respondidas. O grupo, formado por 8 (oito) servidores entre funcionários efetivos e contratados, atua em sala específica para tal fim (sala 14 - 1ª sobreloja da Rua México, 128) embora ainda contando com material insuficiente e/ou inadequado para o cumprimento mais eficaz e célere da demanda reprimida ao longo de mais de 10 (dez) anos” (fls. 63 do anexo 1).

5. No tocante aos servidores ativos, o órgão informou que o último concurso público aconteceu em 1994, mas que, com a decretação pelo Governo Federal do estado de calamidade pública no setor hospitalar do SUS no Município do Rio de Janeiro (Decreto nº 5.392/2005), foram contratados 2.450 profissionais, até abril de 2006, com base na Lei nº 8.745/1993, cuja inclusão no sistema Sisac estava sendo providenciada (fl. 58 do anexo 1).

6. Diante da carência de estrutura técnico-administrativa adequada para realizar os lançamentos dos atos de pessoal no sistema Sisac, a equipe de auditoria sugeriu a expedição de determinação ao órgão.

7. Relativamente à questão da acumulação de cargos públicos nas esferas federal, estadual e municipal por parte de servidores do Núcleo Estadual do Ministério

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da Saúde no Rio de Janeiro, a equipe de auditoria fez registrar no respectivo relatório o seguinte (fls. 16/18):

“29.8. O NERJ/MS, em resposta ao Ofício de Requisição nº 1/2006 (fls. 1/2 do anexo 1), que solicitou a indicação a respeito dos procedimentos adotados na conferência das fichas financeiras dos servidores ativos, inativos e pensionistas; bem como no controle sobre eventuais acumulações de remuneração e/ou proventos/pensões decorrentes de investidura em cargos nas esferas federal, estadual e municipal, indicando os setores responsáveis pelos mecanismos de controle existentes e as providências realizadas para regularização de acumulações indevidas e pelo processamento da folha de pagamento relativa à remuneração, proventos e pensões de servidores e dependentes integrantes do referido Núcleo Estadual, informa, em se tratando de servidores ativos, que (fl. 56 do anexo 1):

‘após ingressar no serviço público, o servidor declara se tem outro vínculo e na afirmativa deverá preencher um formulário de acumulação de cargos... se for concluída como lícita, será arquivado na pasta cadastral do servidor, e revisto sempre que houver alteração da jornada de trabalho, com encaminhamento à Coordenação-Geral de Recursos Humanos do Ministério da Saúde e ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, para análise final e retirada da marca de restrição do sistema Siape, se for o caso’.

29.9. Informa, ainda, a Sr.ª Chefe do Serviço de Pessoal Ativo/RJ que o referido Serviço é responsável pelo processamento da folha de pagamento dos servidores ativos da unidade pagadora do Núcleo Estadual, que realiza reuniões periódicas com os responsáveis da área de recursos humanos das Unidades Municipalizadas para esclarecer dúvidas quanto à freqüência dos servidores federais ativos e aos lançamentos das ocorrências no Sistema Siape. Esclarecendo, na oportunidade, que tais alterações são realizadas por algumas Unidades Municipalizadas, ficando a cargo do Serviço de Pessoal Ativo as operações mais complexas, como: exoneração, progressão, suspensão de pagamento, dentre outras (fl. 57 do anexo 1).

29.10. Esclarece o Sr. Chefe do Serviço de Pessoal Inativo/RJ que ‘não existe uma rotina de conferência de folha de pagamento. O lançamento em folha de pagamento obedece a análise prévia do setor competente para a concessão ou alteração de qualquer benefício para aposentados ou pensionistas...’. Quanto aos demais questionamentos, informa o referido responsável do Serviço de Pessoal Inativo que o controle sobre eventuais acumulações de remuneração e/ou proventos/pensões decorrentes de investidura em cargos nas esferas federal, estadual e municipal, não é pertinente àquele Serviço e que o processamento da folha de pagamento é efetuado pelo MPOG (fl. 64 do anexo 1). Na oportunidade, apresenta, às fls. 64/65 do anexo 1, os fluxogramas dos processos internos de aposentadoria e de pensão até a sua concessão, solicitados pela equipe de auditoria.

29.11. Para obtenção dos elementos capazes de possibilitar o cruzamento dos dados cadastrais no Siape/UPAG-NERJ/Servidores Ativos X Cadastro Est. RJ Ativos X Cadastro Mun. RJ Ativos foram expedidos ofícios para as Secretarias de Administração do Estado do Rio de Janeiro e Municipal de Administração do Rio de Janeiro (fls. 238/239 do anexo 2), solicitando o cadastro dos servidores ativos, inativos e pensionistas.

29.12. A Secretaria Municipal de Administração do Rio de Janeiro, nos termos do expediente nº 188/2006-SMA acenou com a intenção da Prefeitura de ‘celebrar convênio com a União, objetivando o cruzamento de dados cadastrais de seus servidores públicos, que permitirá melhor gerenciamento das situações cumulativas por eles detidas’. Reforça ‘a sugestão desta Pasta Municipal em prol da implantação, em

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âmbito nacional, de um sistema unificado de dados cadastrais de servidores públicos, com acesso restrito aos agentes públicos responsáveis pela gestão de recursos humanos em órgãos das esferas federal, estadual e municipal’ (fl. 240 do anexo 2; vide item 48.10 da proposta de encaminhamento).

29.13. Em face da Secretaria de Administração do Estado do Rio de Janeiro não haver encaminhado a carga horária dos servidores estaduais, foi encaminhado ofício nesse sentido, tendo resultado no expediente SARE/SADEP nº 33/2006, esclarecendo que o Estado do Rio de Janeiro não dispõe, no sistema, de informações individualizadas de carga horária dos seus servidores. No entanto, envia a legislação pertinente, exceto quanto às categorias de Policiais Civis, Militares, Bombeiros, Perito Legista e Inspetor de Segurança Penitenciária, que devem ser encaminhadas às respectivas pastas desses servidores (fls. 243/249 do anexo 2).

29.14. Após os procedimentos descritos nos itens 14 a 19 do presente relatório, a tabela resultante do cruzamento dos dados cadastrais extraídos do Siape/UPAG-NERJ/Servidores Ativos X Cadastro Est. RJ Ativos X Cadastro Mun. RJ Ativos consistiu numa amostra contendo 5.996 registros, relativos aos servidores com 2 ou mais vínculos nas três esferas de governo, permitindo verificar a existência das situações a seguir descritas e quantificadas:

- 918 servidores com 2 vínculos nos âmbitos federal e/ou estadual/municipal, com carga horária acima de 40 horas, até 60 horas semanais;

- 1.230 servidores com 2 vínculos nos âmbitos federal e/ou estadual/municipal, com carga horária acima de 60 horas semanais;

- 99 servidores em exercício de 2 ou mais cargos inacumuláveis, isto é, fora das hipóteses previstas no art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal;

- 87 servidores com mais de 2 vínculos nos âmbitos federal e/ou estadual/municipal;

- 243 servidores em acumulação de cargos públicos - outras situações.”8. No caso da acumulação de cargos e empregos públicos acumuláveis, com

carga horária semanal superior a 40 horas semanais, até 60 horas semanais (planilha de fls. 427/475 do anexo 3), a equipe de auditoria ressaltou ser necessária a comprovação da compatibilidade das jornadas diárias de trabalho exercidas pelo servidor público, nos termos do art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal e art. 118, § 2º, da Lei nº 8.112/1990 e jurisprudência desta Corte de Contas, conforme excerto do voto condutor do Acórdão nº 933/2005-TCU-1ª Câmara:

“Ressalta-se que a questão da compatibilidade de horários exigida pela Constituição para a legalidade da acumulação dos cargos já foi objeto de algumas deliberações do Tribunal, cujo entendimento tem prevalecido no sentido de considerar ilícita a acumulação de cargos ou empregos em razão da qual o servidor ficaria submetido a regimes superiores de quarenta horas semanais, por cada cargo exercido, vez que é impossível a conciliação dos horários, de modo a possibilitar condições normais de trabalho e de qualidade de vida do servidor, a exemplo dos processos TC-852.009/1997-6, Acórdão nº 83/2003-TCU-2ª Câmara, TC-013.252/1996-8, Acórdão nº 533/2003-TCU-1ª Câmara, TC-008.955/2003-9, Acórdão nº 2.860/2004-TCU-1ª Câmara e TC-000.341/2004-2, Acórdão nº 155/2005-TCU-1ª Câmara”.

9. Diante disso, aquela equipe propôs que seja determinado ao Ministério da Saúde que:

a) verifique os cadastros funcionais e os controles de freqüência dos servidores indicados na planilha de fls. 427/475 do anexo 3, tanto no NERJ/MS quanto nos demais órgãos em que eles exercem os demais cargos;

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b) caso se confirmem as acumulações indevidas em decorrência da incompatibilidade de horários, que sejam adotadas as providências previstas no art. 133 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997, notificando os servidores, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção, no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência;

c) na hipótese de omissão do servidor, adote o procedimento sumário para a apuração e regularização imediata em processo administrativo disciplinar;

d) comunique ao TCU as providências adotadas no prazo de 180 dias contados do conhecimento da decisão.

10. No que se refere à irregularidade constatada de acumulação de cargos e empregos públicos acumuláveis por servidores públicos federais, com carga horária semanal superior a 60 horas, a equipe de auditoria fez transcrever o teor do item 9.3 do Acórdão nº 619/2006-TCU-1ª Câmara, ou seja:

“9.3. informar ao servidor... que ele poderá optar por um dos cargos que ocupa, nos termos do art. 133 da Lei nº 8.112/1990, ou providenciar a adequação da carga semanal máxima de 60 horas para que se mantenha nos dois cargos, sem prejuízo da compatibilidade dos expedientes”.

11. Nesse contexto, a equipe de auditoria sugeriu seja determinado ao Ministério da Saúde que tome as providências previstas no art. 133 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997, notificando os servidores listados na planilha de fls. 476/540 do anexo 3, por intermédio de sua chefia imediata, para no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência da decisão, apresentar opção por um dos cargos ou pela adequação da carga semanal máxima de 60 horas para que se mantenha nos dois cargos, sem prejuízo da compatibilidade dos expedientes, bem como adote, na hipótese de omissão do servidor, procedimento sumário para a apuração e regularização imediata em processo administrativo disciplinar, comunicando a este Tribunal as providências adotadas.

12. Quanto à acumulação de cargos e empregos públicos inacumuláveis, a equipe de auditoria informou que, a partir do exame dos dados cadastrais constantes do sistema Siape e daqueles enviados pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro e pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, pôde constatar que os servidores relacionados na planilha de fls. 541/546 do anexo 3 encontram-se em exercício de cargos públicos não acumuláveis.

13. Em decorrência, sugeriu seja determinado ao Ministério da Saúde que tome as providências previstas no art. 133 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997, notificando os servidores listados na planilha de fls. 541/546 do anexo 3, por intermédio de sua chefia imediata, para no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência da decisão, apresentar opção por um dos cargos exercidos, bem como adote, na hipótese de omissão do servidor, procedimento sumário para a apuração e regularização imediata em processo administrativo disciplinar, comunicando a este Tribunal as providências adotadas.

14. Igual determinação foi sugerida com relação à acumulação indevida de cargos públicos por servidores com mais de dois vínculos na esfera federal e estadual/municipal, também constatada pela equipe de auditoria a partir do exame dos dados cadastrais constantes do sistema Siape e daqueles enviados pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro e pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, conforme planilha de fls. 547/554 do anexo 3.

15. Não obstante, a equipe de auditoria encontrou situações sem definição das cargas e jornadas de trabalho correspondentes de servidores vinculados ao NERJ/MS

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em exercício de 2 cargos públicos, sendo um deles em diversos órgãos estaduais, conforme relacionado na planilha de fls. 555/565 do anexo 3.

16. Com o objetivo de suprir as lacunas existentes nos registros cadastrais dos servidores públicos estaduais ativos já enviados pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, a Secex/RJ encaminhou novo expediente, desta feita sob a forma de diligência aos diversos órgãos de lotação desses servidores, solicitando os dados relativos às cargas horárias e jornadas de trabalho respectivas. Tal diligência decorreu de informação fornecida anteriormente pela Subsecretária-Adjunta de Despesa de Pessoal do Estado do Rio de Janeiro de que não possuía no sistema de informações individualizadas de carga horária os dados acerca da jornada individual de trabalho, bem como que, com relação à carga horária dos Policiais Civis, Bombeiros, Perito Legista e Inspetor de Segurança Penitenciária, deveriam ser encaminhadas solicitações às respectivas pastas, limitando-se, quanto aos demais cargos da área de saúde, a apontar a legislação pertinente e as cargas horárias respectivas.

17. No entendimento da equipe de auditoria, as respostas enviadas pelos diversos órgãos diligenciados mostraram-se insuficientes para caracterizar, de forma inequívoca, a incompatibilidade de jornada. De igual modo, as pastas funcionais dos servidores requisitadas ao NERJ/MS revelaram-se insatisfatórias para elucidar o assunto, tendo em vista que os documentos constantes das referidas pastas somente retratavam a situação funcional naquele Núcleo.

18. No caso dos servidores vinculados à Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ, a equipe de auditoria buscou verificar as cargas horárias dos respectivos cargos no Manual de Cargos daquela Universidade (disponível no sítio www.uerj.br), sem, contudo, obter resultado satisfatório, visto que diversos cargos da área de saúde admitem jornada semanal fixa (com variação de carga horária) e escala móvel de trabalho, conforme demonstram os documentos de fls. 255/262 do anexo 2.

19. De igual modo, as diligências enviadas à Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro não apresentaram resultados que pudessem comprovar a acumulação indevida de cargos ou empregos públicos e, por esta razão, a equipe de auditoria fez incluir os mencionados servidores na planilha de fls. 555/565 do anexo 3.

20. Segundo a equipe de auditoria, não existe óbice a que médicos militares mantenham dois empregos públicos, haja vista decisão proferida Supremo Tribunal Federal, dando provimento ao Recurso Extraordinário nº 182811, interposto pela defesa de médicos da Polícia Militar mineira, contra acórdão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que havia entendido não ser aplicável aos militares da área de saúde o disposto no art. 17, parágrafo 2º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, por serem os militares regidos por estatuto próprio. Em seu voto, o relator, ministro Gilmar Mendes, citou o RE 212160, que tratou de matéria análoga, quando o STF decidiu ser lícita a aplicação do artigo 17, parágrafo 2º, do ADCT, tanto aos profissionais de saúde civis como militares, assim como não haver impedimento de se interpretar o artigo 142, parágrafo 3º, inciso III, da CF [que prevê a transferência para a reserva do militar que aceita cargo público civil] em consonância com o disposto no artigo 17 da ADCT, sem que o militar tenha de ser transferido para a reserva. Assim, aquele relator ressaltou que “interpretar o parágrafo 2º do artigo 17 do ADCT como excludente dos profissionais da área de saúde das carreiras militares, importaria também estender o mesmo entendimento à alínea ‘c’, inciso XVI do artigo 37 da Constituição [que permite a acumulação de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas] o que não se cogita”.

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21. Diante disso, a equipe de auditoria concluiu que a situação requer a análise individualizada das cargas horárias e jornadas de trabalho de cada servidor, uma vez que as informações contidas nos registros cadastrais dos servidores identificados na planilha de fls. 555/565 do anexo 3 não foram suficientes para a verificação da regularidade das acumulações, por não possibilitarem a comprovação, de forma inequívoca, da compatibilidade de horários requerida na legislação.

22. Em decorrência, sugeriu seja determinado ao Ministério da Saúde que verifique os cadastros funcionais e os controles de freqüência dos servidores indicados na planilha de fls. 555/565 do anexo 3, tanto no NERJ/MS quanto nos demais órgãos em que exercem os outros cargos, adotando, caso se confirmem as acumulações indevidas em decorrência da incompatibilidade de horários, as providências previstas no art. 133 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997, notificando os servidores, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção, no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência, ou, na hipótese de omissão do servidor, instaure procedimento sumário para a apuração e regularização imediata em processo administrativo disciplinar, comunicando a este Tribunal as providências adotadas.

23. Na quarta questão de auditoria, que trata do desconto em folha de pagamento para entidades consignatárias cadastradas no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a equipe, após transcrever diversos dispositivos do Decreto nº 4.961/2004, que regulamenta a matéria, passou a descrever a situação fática encontrada, ressaltando que, em conformidade com informação prestada pela Secretaria de Recursos Humanos do referido Ministério, foram recadastradas as 1.800 consignatárias que detêm poder de promover a inclusão de consignações na folha de pagamento dos servidores ativos, aposentados e pensionistas, mediante obtenção de senha disponibilizada por aquele órgão no sítio www.siapenet.gov.br, não dispondo a Administração de nenhum mecanismo de controle para resguardar o direito do servidor.

24. No âmbito do NERJ/MS, a equipe de auditoria requisitou e recebeu cópias das diversas solicitações de cancelamento e reclamações subscritas por servidores, sendo que, em alguns casos, ainda não havia sido adotada a providência requerida pelo servidor (fls. 67/234 do anexo 1).

25. Neste Tribunal, a consignação em folha de pagamento já foi objeto do TC-014.595/2004-6, em decorrência do qual foi determinado “9.2. à Segecex que inclua, oportunamente, no Plano de Fiscalização deste Tribunal a realização de auditoria no Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos - Siape para que sejam investigados os controles e procedimentos relacionados à consignação de valores na folha de pagamento, apurando as falhas que propiciaram: o débito de valores em montante superior às margens consignáveis, a consignação de despesas de natureza não prevista nos normativos, o acesso ilimitado das consignatárias ao sistema, e a exclusão fraudulenta de valores consignados nas folhas dos servidores; bem como a eficiência das medidas eventualmente implementadas pela Administração para sanar as irregularidades” (Acórdão nº 3.197/2005-TCU-1ª Câmara).

26. Encontra-se também em tramitação o TC-014.598/2004-8, decorrente de representação para apurar irregularidades noticiadas na imprensa, que teriam sido praticadas por servidores lotados na Gerência Regional de Administração do Ministério da Fazenda no Amapá, valendo-se de estelionato e crime contra o Siape, numa ação apelidada pela Polícia Federal de “Operação Matriz”.

27. Em pesquisa no sítio www.planejamento.gov.br, a equipe de auditoria registrou a preocupação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão com a

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questão do excessivo poder concedido às entidades consignatárias, sob o título “Governo busca segurança na relação do servidor com consignatárias”.

28. Pelo exposto, e considerando ser o Decreto nº 4.961/2004 omisso quanto à guarda e apresentação da documentação necessária à inclusão das consignações facultativas na folha de pagamento do servidor, nada mencionando acerca da comprovação, por parte das consignatárias, da efetiva existência de autorização de desconto ou contrato firmado com o servidor, a equipe de auditoria propôs que seja recomendado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a adoção das providências com vistas a regulamentar, em ato normativo, o parágrafo único do art. 45 da Lei nº 8.112/1990; apurar a existência de inclusão indevida de consignações na folha de pagamento do pessoal do NERJ/MS e comunicar ao TCU as providências tomadas no prazo de 90 dias contados do conhecimento da decisão.

29. As duas últimas questões de auditoria relacionam-se com a concessão de pensão, tendo a equipe de auditoria encontrado as seguintes falhas:

a) ausência de recadastramento de inativos e pensionistas;b) concessão de pensão a menor sob guarda sem comprovação da dependência

econômica; c) concessão de pensão a menor designado sem a devida comprovação da

designação e da dependência econômica em relação ao instituidor; d) concessão de pensão a filho maior inválido com ausência de laudo emitido

por junta médica oficial e sem comprovação de dependência econômica em relação ao instituidor.

30. A equipe de auditoria solicitou a comprovação do recadastramento, no exercício de 2005, de 143 (cento e quarenta e três) pensionistas na condição de filho maior inválido, tendo o órgão apresentado comprovantes com relação a apenas 7 (sete) beneficiários. 31. Inquirido acerca do recadastramento dos inativos e pensionistas, o responsável informou (fls. 1423/1424 do anexo 7) que o Setor de Pessoal e Inativos conta com um sistema eletrônico para sua realização, não existindo data-limite para o recadastramento, posto ser efetuado ao longo de todo o ano, em função do mês de aniversário do beneficiário. A convocação daqueles que não se recadastraram na data do aniversário é feita por via epistolar, onde se concede um prazo de sessenta dias para o comparecimento ao Setor de Cadastro. O responsável afirmou não haver qualquer controle sobre as pensões de filhos maiores inválidos, por considerar desnecessário tal procedimento, eis que raramente são tidas como invalidez temporária, não se justificando, portanto, controlar se o beneficiário continua inválido ou não. Quanto ao fato de não existir um sistema eficaz de recadastramento de inativos e pensionistas que o impedia de afirmar com exatidão se todos se recadastraram, salientou o responsável que tal dificuldade já fora detectada e que está em desenvolvimento uma sistemática de acompanhamento dos não recadastrados, com emissão de carta convocatória dos mesmos.

32. Para a equipe de auditoria, ficou comprovado que o órgão não efetuou o recadastramento de todos os aposentados e pensionistas no exercício de 2005, descumprindo os arts. 9º e 10º da Lei nº 9.527/1997, o que poderia ter comprometido a folha de pagamento do órgão naquele exercício e gerado, conseqüentemente, pagamentos indevidos, o que acarretaria prejuízo aos cofres públicos.

33. Como proposta de encaminhamento, sugeriu determinar ao responsável que realize, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a atualização cadastral dos seus aposentados e pensionistas, condição essencial para a manutenção do benefício, nos termos dos arts. 9º e 10 da Lei nº 9.527/1997, e comunique a esta Corte de Contas, ao

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término deste prazo, os resultados do recadastramento e as providências adotadas pelo órgão.

34. Relativamente à concessão de pensão a menor sob guarda (netos), com fundamento no art. 217, inciso II, alínea “b”, da Lei nº 8.112/1990, a equipe de auditoria verificou o pagamento do benefício aos menores Anna Carolina Dutra de Azevedo, Ana Clara Renato Ferreira, Andreza Silva de Oliveira, Gabriele Silva de Oliveira, Arthur Emílio do Nascimento Gonçalves, Beatriz Mendes da Silva, Jeane Cristina Calixto Virgílio, Katherine Santos Borges, Mairo Cunha de Carvalho, Rafael de Souza Martins, Raquel Moura Leone, Marcos Rafael Silva Leone, Robson Pereira da Silva, Thiago Nascimento dos Santos, Thamires Diniz Leal de Almeida, Vanessa Fonseca Meireles Paiva e Vanessa Palma Moura, com pais economicamente ativos e sem a comprovação de que na data da constituição do benefício viviam sob a dependência econômica do instituidor.

35. A Constituição Federal, em seu art. 229, atribui aos pais a guarda e a responsabilidade pelo sustento dos filhos, bem como o art. 231 do Código Civil de 1916 e o art. 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Este Tribunal, em inúmeras oportunidades, considerou ilegal e negou o registro de pensões a netos e bisnetos cujos pais estivessem vivos e possuíssem condições para o trabalho e sustento da família (Decisões nºs 641/1999-TCU-Plenário, 233/2000-TCU-1ª Câmara, 264/2001-TCU-1ª Câmara e 307/2001-TCU-1ª Câmara; e Acórdãos nºs 18/2003-TCU-2ª Câmara, 763/2004-TCU-2ª Câmara e 910/2005-TCU-2ª Câmara).

36. No exame dos processos de concessão de pensão civil a menor sob guarda, a equipe de auditoria constatou sucessivas falhas praticadas pelo órgão, especialmente no que se refere à ausência de elementos que comprovem a dependência econômica do beneficiário em relação ao instituidor, assim como à falta de verificação da situação econômica dos pais dos menores sob guarda, com vistas à comprovação da incapacidade econômica desses genitores de prover-lhes o sustento.

37. A título ilustrativo, a equipe de auditoria abordou o caso de Vanessa Palma de Moura, que percebe duas pensões do Ministério da Saúde na condição de neta menor sob guarda, em razão do falecimento de seus avós Aristides de Castro Palma (óbito em 19/3/2000) e Maria José Leite de Palma (óbito em 17/5/2002). Seus pais, Maurício de Souza Moura e Márcia Regina Leite Palma Moura, estão vivos e possuem condições de manter o sustento de sua filha, pois, conforme informação obtida na certidão de casamento (fl. 118 do anexo 4), ambos são Técnicos em Contabilidade. Do exame da certidão de óbito e do documento de Guarda em Caráter Definitivo (fls. 114 e 123 do anexo 4), verificou que o Sr. Aristides assumiu a guarda da sua neta (menor de 4 anos), aos 92 anos, 16 dias antes de seu falecimento. Nos autos de concessão da pensão não há comprovação de que a menor vivia de fato com os avós. Também não há indícios de que o NERJ/MS tenha analisado a situação dos pais da menor com o objetivo de descaracterizar a alegada dependência econômica. As pensões foram concedidas, em agosto/2002, com vigência a partir de 27/6/2002 e, em outubro/2002, com efeitos a partir de 17/5/2002, não tendo ainda os respectivos atos de concessão sido disponibilizados no sistema Sisac.

38. Como efeito, a equipe de auditoria apontou que, em conformidade com pesquisa no Siape, os valores das pensões em referência, no mês de junho de 2006, variavam de R$ 733,92 (setecentos e trinta e três reais e noventa e dois centavos) a R$ 8.384,88 (oito mil, trezentos e oitenta e quatro reais e oitenta e oito centavos), podendo ser estimado prejuízo de R$ 33.747,90 (trinta e três mil, setecentos e quarenta e sete reais e noventa centavos) mensal e R$ 438.722,70 (quatrocentos e trinta e oito

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mil, setecentos e vinte e dois reais e setenta centavos) anual, com pagamentos de benefícios provavelmente indevidos.

39. Em conclusão, a equipe de auditoria ressaltou que, à vista da concessão irregular da pensão ao menor Arthur Emílio do Nascimento Gonçalves, a proposta de encaminhamento deveria ser audiência do gestor responsável, mas como as contas do exercício de 2000 já foram julgadas (TC-005.170/2001-1), fica prejudicada a proposta de audiência, ante o disposto no art. 206 do Regimento Interno.

40. Com relação aos demais menores, propôs a equipe de auditoria sejam ouvidos em audiência os três titulares da unidade de Pessoal Inativo, no período de 1º/1/1999 até a data da realização da auditoria, cujas contas ainda se encontram pendentes de julgamento neste Tribunal, sem prejuízo do encaminhamento dos atos de concessão de pensão aos referidos menores à 3ª DT da Sefip para apreciação em caráter prioritário e da expedição de determinação ao NERJ/MS para que, na concessão de pensão a menor sob guarda, além do termo de guarda e responsabilidade, exija a comprovação da dependência econômica em relação ao instituidor na data do óbito e os documentos que comprovem a situação econômico-financeira dos pais dos beneficiários menores, tais como: cópia da carteira de trabalho, do contracheque e da declaração de imposto de renda atualizados etc.

41. Quanto à concessão de pensão a menor designado, com fundamento no art. 217, inciso II, alínea “d”, da Lei nº 8.112/1990, a equipe de auditoria verificou o pagamento do benefício aos menores Raquel Freire do Amaral e Thiago Máximo de Oliveira, com pais economicamente ativos e sem a comprovação da designação e da dependência econômica em relação ao instituidor:

Menor Designado

Instituidor da Pensão

Paren-tesco

Pais do menor

Atividade dos pais

Comprovação da designação

Raquel Freire do Amaral

data nasc.: 29/4/1988

Portaria nº 1363 DOU 27/2/2002

valor da pensão: R$ 1.775,01(fls. 1390/1403 do anexo 7)

Lourdes Maria Freire do Amaral

óbito: 10/10/2001 c/ 70 anos

neta mãe: Márcia Freire do Amaral

Professora(conforme certidão de casamento de fl. 1393 do anexo 7).

Não consta termo de designação da menor pela ex-servidora.Escritura Declaratória lavrada em 22/5/2000, onde a instituidora declarara que Márcia do Amaral Oliveira e Raquel Freire do Amaral (filha e neta) são suas dependentes econômicas por não possuírem meios e renda suficiente para subsistência (fl . 1397 do anexo 7).

Thiago Máximo de Oliveira

data nasc.: 13/3/2001

Portaria nº 327 DOU 15/4/2005

valor da pensão:

Domingos Máximo

óbito: 8/3/2003 c/91 anos

Neto Pai: Paulo César Monteiro de Oliveira

mãe: Elaine dos S. Máximo de Oliveira

desempregado

Auxiliar de Produção

Não consta termo de designação do menor pelo ex-servidor.Declaração da Associação Beneficente “A Criança e a Luz” (creche), declarando que o menor era custeado pelo avô (fl. 1409 do anexo 7)

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R$ 1.326,55(fls. 1404/1422 do anexo 7)

42. É pacífica a jurisprudência desta Corte de Contas no sentido de que a designação do menor por parte de instituidor e a comprovação da dependência econômica são requisitos fundamentais para a concessão do benefício com fundamento no art. 217, inciso II, alínea “d”, da Lei nº 8.112/1990 (Decisões nºs 233/2000-TCU-1ª Câmara, 87/2001-TCU-2ª Câmara e 452/2002-TCU-2ª Câmara; e Acórdão nº 926/2005-2ª Câmara).

43. Nos autos de pensão referentes aos menores acima indicados não ficou, no entender da equipe de auditoria, comprovada a designação dos menores pelos instituidores quando estes eram vivos, nem a dependência econômica dos citados menores, supostamente designados pelos ex-servidores. No caso de Thiago Máximo de Oliveira, consta apenas uma declaração da Associação Beneficente “A Criança e a Luz” (creche), mencionando que Domingos Maximo custeava as despesas do menor naquela entidade (fl. 409, Anexo 7), enquanto no processo de interesse da menor Raquel Freire do Amaral há uma Escritura Declaratória (cópia à fl. 1397 do anexo 7), na qual a Sr.ª Lourdes Maria Freire do Amaral declara que Márcia do Amaral Oliveira e Raquel Freire do Amaral (filha e neta, respectivamente) são suas dependentes econômicas por não possuírem meios e renda suficientes para subsistência.

44. As pensões foram concedidas em 27/2/2002 e 15/4/2005 e os respectivos atos não haviam sido enviados a esta Corte de Contas até o encerramento dos trabalhos de auditoria.

45. Como efeito, a equipe de auditoria apontou a possibilidade de prejuízo aos cofres públicos no valor estimado de R$ 3.101,56 (três mil, cento e um reais e cinqüenta e seis centavos) mensal e R$ 40.320,28 (quarenta mil, trezentos e vinte reais e vinte e oito centavos) anual, com pagamentos de benefícios concedidos indevidamente.

46. Assim, e considerando que o órgão, ao conceder pensão a menor na condição de designado, não tem exigido a designação do menor pelo instituidor quando este era vivo e, tampouco, verificado a situação econômica dos pais do menor, propôs a equipe de auditoria que sejam ouvidos em audiência os dois titulares da unidade de Pessoal Inativo, no período de 1º/1/1999 a 7/4/2005, sem prejuízo do encaminhamento das pensões dos citados menores à Sefip para apreciação em caráter prioritário e da expedição de determinação ao NERJ/MS para que, na concessão de pensão a menor designado, verifique previamente se nos autos do processo concessório constam os seguintes elementos: designação do menor pelo instituidor quando este era vivo; comprovante de dependência econômica para com o servidor/instituidor na data do óbito e documentos que comprovem a situação econômico-financeira dos pais dos menores, tais como: cópia da carteira de trabalho, do contracheque atualizado e da declaração de imposto de bens e renda etc.

47. Quanto à concessão de pensão a filho(a) maior inválido(a), com fundamento no art. 217, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 8.112/1990, a equipe de auditoria verificou que o NERJ/MS não exige comprovação de dependência econômica em relação ao instituidor, nem inclui no processo do beneficiário o laudo emitido por junta médica oficial, substituindo-o pelo documento denominado “Constatação de invalidez para fins de pensão”, assinado apenas pelo chefe do Serviço Médico.

48. No caso de beneficiário inválido é indispensável a presença do laudo com as assinaturas dos três médicos que fizeram parte da junta médica que examinou o interessado. É necessário que não haja dúvidas sobre a doença e a data em que o

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beneficiário se tornou incapaz para o desempenho de atividades profissionais normais, permanentes ou temporárias. Também é preciso que fique comprovada a condição de dependência econômica do beneficiário em relação ao instituidor na data do óbito. O laudo é documento hábil para que o ato de concessão possa ser considerado legal, conforme o previsto no art. 217, inciso I, alínea “a”, da Lei nº 8.112/1990 (Acórdão nº 119/2004-TCU-1ª Câmara).

49. Concluiu, assim, a equipe de auditoria ser necessária a observância de alguns requisitos antes de conceder pensão a filho maior inválido: o laudo constante do processo de concessão deve indicar se a doença que causou a invalidez é permanente ou temporária, total ou parcial, e a partir de quando o beneficiário se tornou inválido. No caso de invalidez temporária, é preciso que seja exigido periodicamente um novo laudo, a fim de verificar se a invalidez continua. Se houver enfermidade mental, o beneficio só pode ser requerido por meio de curador nomeado por juiz (Acórdão nº 2.993/2004-TCU-1ª Câmara).

50. Dentre os 78 processos analisados, a equipe de auditoria constatou que os beneficiários Ailton Rodrigues Neiva, Alexandre Esteves de Oliveira, Anna Maria de Moura Gomes Weber, Elaine da Conceição Nogueira da Silva, Gilberto da Silva Santos, Gilberto Ribeiro de Araújo, Lulo Ferreira de Araújo Neto, Márcia Olga Duarte, Maria Cristina de Aquino Vieira, Mariângela Carvalho da Motta e Miguel Batista dos Santos Filho, portadores de alienação mental, conforme informado no documento “Constatação de invalidez para fins de pensão” (fls. 592, 600, 632, 675, 702 e 708 do anexo 4, 919, 935, 973, 1026 do anexo 5 e 1063 e 1066/1067 do anexo 6), tiveram suas pensões concedidas sem a nomeação de curador, ou seja, foram eles, os próprios alienados mentais, que requereram o benefício pensional.

51. Quanto à dependência econômica, a equipe de auditoria ressaltou que a jurisprudência desta Corte de Contas é firme e incisiva quanto à necessidade de sua comprovação. Constitui, portanto, a falta de comprovação da dependência econômica fato impeditivo para que o benefício seja concedido.

52. Nesse sentido, destacou aquela equipe que Anna Maria de Moura Gomes Weber, Dalton Miguez, Ilce Heinnemann, João Carvalho Antunes, Mariângela Carvalho da Motta e Paulo Roberto Ribeiro são filhos maiores inválidos e estão recebendo proventos de aposentadorias por invalidez, conforme informação de fls. 628/633, 652/658 e 742/753 do anexo 4, 846/855 e 1019/1028 do anexo 5 e 1103/1111 do anexo 6. Quem recebe proventos de aposentadoria, ou seja, quem dispõe dos meios apropriados de sustento, não pode ser considerado dependente econômico de outra pessoa e não deve ser beneficiário de pensão. A manutenção de padrão de vida não configura dependência econômica, não sendo lícito que a pensão sirva de meio ao enriquecimento.

53. Além disso, dentre os 78 pensionistas filhos maiores inválidos, cinco são casados: Anna Maria da Silva Lima, Elaine da Conceição Nogueira da Silva, João Carvalho Antunes, Márcia Pezzino da Silva, Mariângela Carvalho da Motta, Ricardo André Silva Calmon e Vilma Antunes Figueiredo de Souza (fls. 621/627 e 671/676 do anexo 4, 846/855, 937/943 e 1019/1028 do anexo 5 e 1112/1123 e 1217/1223 do anexo 6) e não podem ser considerados dependentes econômicos dos instituidores, sendo casados.

54. Também foram encontrados cinco portadores de invalidez parcial e permanente recebendo pensão, quando a invalidez deve ser total e permanente para que haja deferimento da pensão como inválido. O portador de invalidez parcial não pode ser comparado com o inválido total. Nessa situação estão os beneficiários: Ilce Heinnemann, Ilda Hubrisch, Lúcia Maria Santiago Theodoro, Maria Luíza Diógenes

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Travessa e Paulo Roberto Ribeiro (fls. 751 e 760 do anexo 4, 905 e 1017 do anexo 5 e 1109 do anexo 6).

55. No âmbito desta Corte é pacífico o entendimento de que a condição de invalidez do filho maior deve ser apurada e comprovada pelo laudo da junta médica oficial. E as condições legais para a habilitação à pensão devem preexistir à data do óbito do ex-servidor (Decisões nºs 132/1999-TCU-1ª Câmara, 306/2001-TCU-1ª Câmara, 325/2001-TCU-1ª Câmara e 314/2001-TCU-2ª Câmara; e Acórdãos nºs 2.993/2004-TCU-1ª Câmara e 779/2005-TCU-1ª Câmara).

56. Ainda sobre ausência de laudo, a equipe de auditoria verificou também no processo de concessão de pensão os beneficiários Kátia de Oliveira Martins e Edmar de Oliveira Martins, irmãos, ambos na condição de filhos maiores inválidos de Maria da Penha Martins, onde a condição de invalidez foi atestada no mesmo expediente, a “Constatação de invalidez para fins de pensão” (fl. 1458 do anexo 7), que não é o laudo médico.

57. Como efeito, a equipe de auditoria apontou a possibilidade de ocorrência de prejuízo aos cofres públicos, com pagamento de pensão concedida sem o preenchimento dos requisitos exigidos por lei, estimado em R$ 152.645,31 (cento e cinqüenta e dois mil, seiscentos e quarenta e cinco reais e trinta e um centavos) mensais e R$ 1.984.389,03 (hum milhão, novecentos e oitenta e quatro mil, trezentos e oitenta e nove reais e três centavos) anuais.

58. Manifestação do responsável: inquirido o responsável acerca da ausência de laudo médico nos processos de pensão decorrentes de invalidez, o Dr. Pedro Duarte Silveira, Chefe da DISAO/NEMS-RJ, assim se justificou: “Não há ausência de laudos. Não anexamos o laudo médico pericial porque ele contém o diagnóstico da patologia que motiva a invalidez, mas um laudo secundário onde informamos todos os dados necessários para o procedimento administrativo. A Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 205 reza que: ‘O atestado e o laudo da junta médica não se referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou qualquer das doenças especificadas no artigo 186, § 1º’. O que está faltando no nosso atual laudo são as assinaturas dos peritos componentes da junta, hoje somente listamos seus nomes, e o laudo secundário vai assinado pelo coordenador do pólo e o chefe da divisão. Corrigiremos esta falha nos próximos laudos” (fl. 1436 do anexo 7).

59. Concluiu a equipe de auditoria ter ficado comprovado que o órgão não vem observando adequadamente a legislação, quando não exige a apresentação de laudo emitido por junta médica oficial, ao conceder pensão a filho maior inválido e nem verifica a condição de dependência econômica em relação ao instituidor quando este era vivo. Conforme a jurisprudência desta Corte de Contas, o laudo é o documento hábil capaz de comprovar que o beneficiário é inválido, quando ficou inválido e se a invalidez é total ou parcial, permanente ou temporária. Não existe razão para que o laudo não seja anexado ao processo de pensão. Sem o cumprimento desse requisito a pensão não poderá ser concedida. É por meio do laudo que se comprova a invalidez, habilitando o interessado à concessão do benefício. Este precisa conter os elementos necessários para que não haja dúvidas quanto à condição do requerente fazer jus ao benefício. Não há justificativa para que seja emitido um laudo secundário.

60. Assim, a equipe de auditoria ressaltou que, à vista da concessão irregular de pensão aos beneficiários Ailton Rodrigues Neiva, Celeide Maria Ferreira Lopes, Ignez Pereira, Ilma Gomes Ferreira, Ivete Rita, Márcia Olga Duarte, Maria Cristina de Aquino Vieira, Maria Julieta Drummond de Burgos, Tânia Marques da Silva, Izabel Luiza de Marco Costa, Márcia Batista de Souza e Zilda Maria Mariozzi Sodré, a proposta de

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encaminhamento deveria ser audiência do gestor responsável, mas como as contas dos exercícios de 1998, 1999 e 2000 já foram julgadas (TC-006.666/1999-0, TC-007.650/2000-7 e TC-005.170/2000-1, respectivamente), fica prejudicada a proposta de audiência, ante o disposto no art. 206 do Regimento Interno, sem prejuízo do encaminhamento dos atos de concessão à 3ª DT da Sefip para apreciação.

61. Porém, com relação aos beneficiários Adriana Maria Franciss, Alexandre Esteves de Oliveira, Ana Maria da Silva Boareto, André Oliveira da Silva, Anna Maria da Silva Lima, Anna Maria de Moura Gomes Weber, Aracy Violeta Butler Braga, Carlos Edson Duarte Júnior, Celeide Maria Ferreira Lopes, Dalton Miguez Ferraz de Araújo, Dilma Lucidi da Silva, Edmar de Oliveira Martins, Ednaldo Costa da Silva, Elaine da Conceição Nogueira da Silva, Elizabeth Aguiar Campos, Elizabeth Amorim Tavares, Evanilda do Nascimento, Gilberto da Silva Santos, Gilberto Ribeiro de Araújo, Guaci Mesquita Martins, Ilda Faria de Lima, Igor Magno Ferreira do Nascimento, Ilce Heinnemann, Ilda Hubrisch, Isis Sales Panain, Ivo Correa dos Reis, Janete Alvin César Magalhães, Janice Duque Estrada, Janice Ferreira dos Santos, João Carvalho Antunes, José Carlos Pereira da Silva, José Geraldo Cândido, José Luiz Teixeira Pacheco, Joselita de Jesus Góes, Leontina Oliveira do Valle, Lúcia Maria Santiago Theodoro, Lucy Canongia Moura, Lulo Ferreira de Araújo Neto, Márcia Pezzino da Silva, Márcio Dorvalino, Marco Antonio de Souza, Maria Célia Santos Pereira, Maria de Fátima Magalhães de Oliveira, Maria Edith Gentil Pinheiro Guimarães, Maria Luiza Diógenes Travessa, Mariângela Carvalho da Motta, Marta da Conceição Amaral da Rocha, Mauro de Almeida Carvalho, Meise Pacheco de Sousa, Miguel Batista dos Santos Filho, Milton Xavier, Paulo Oliveira Camargo, Paulo Roberto Loyolla, Paulo Roberto Ribeiro, Ricardo André Silva Calmon, Rita Brito Rodrigues, Roberto de Pinho Carvalho, Rutinéia Ribeiro Araújo, Sérgio Luiz da Silva, Sônia Vieira de Oliveira, Tânia Maria de Oliveira Neves, Valdinéia da Costa Cartaxo Braga, Vânia Maria Amorim da Silva, Vera Lúcia Bispo dos Santos, Vilma Antunes Figueiredo de Souza, Walter José Filho e Zilda Maria Mariozzi Sodré, propôs a equipe de auditoria sejam ouvidos em audiência os três titulares da unidade de Pessoal Inativo, no período de 1º/1/1999 até a data da realização da auditoria, cujas contas ainda se encontram pendentes de julgamento neste Tribunal, sem prejuízo do encaminhamento das pensões dos citados maiores inválidos à 3ª DT da Sefip para apreciação e da expedição de determinação ao NERJ/MS para que: a) faça constar em todos os processos dos beneficiários de pensão por invalidez o laudo emitido por junta médica oficial; b) antes de conceder pensão a filho(a) maior inválido(a), exija a presença nos autos do referido laudo, sem prejuízo de constar, no caso de invalidez temporária, a data de retorno do interessado para novo exame, cujo prazo não deve ser superior a um ano; e c) verifique, previamente à concessão de pensão a beneficiário maior inválido, a existência da relação de dependência econômica para com o instituidor quando este era vivo.

62. Também foi sugerida pela equipe de auditoria a expedição de determinação à CGU no Estado do Rio de Janeiro para que, no prazo de sessenta dias, disponibilize a este Tribunal, via Sisac, os atos de pensão civil objeto dos trabalhos de auditoria, bem como à 3ª DT da Sefip para que priorize o exame desses atos, devendo, em seguida, submetê-los à apreciação desta Corte, na forma estabelecida nos arts. 259 a 263 do Regimento Interno/TCU, tendo em vista que as referidas concessões ainda não foram julgadas por este Tribunal.

63. O titular da Secex/RJ encaminhou o presente processo à Sefip, para análise e considerações, devendo, caso estivesse de acordo com as propostas de encaminhamento formuladas, providenciar as assinaturas dos analistas que participaram da fiscalização e posterior envio ao gabinete do Ministro-Relator (fl. 50 do volume principal).

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64. A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, atendendo intempestivamente à requisição da equipe de auditoria, informou a carga horária de trabalho, bem como a jornada diária dos seguintes servidores (fls. 58/60 do volume principal):

“- Tânia Maria da Costa Araújo, matrícula 238.720-7, perfaz a carga horária de 16 horas semanais, sendo 12 horas em sala e 4 horas extra classe, às segundas, quartas e sextas-feiras, das 18h20min às 22h20min, no C.E. Alina de Brito;

- Rita de Cássia P. Boa Morte, matrícula 197.448-4, perfaz a carga horária de 12 horas semanais em sala de aula, às terças, das 18h30min às 20h30min e, às quartas e sextas-feiras, das 19h50min às 21h50min, no C.E. Dr. Félix Miranda;

- Cristina Maria Pereira Titonel, matrícula 904.143-4, perfaz a carga horária de 16 horas semanais, sendo 12 horas em sala de aula e 4 horas de planejamento, às segundas, das 13h50min às 16h40min/18h30min às 19h15min/20h00min às 21h30min, às terças, das 13h50min às 17h30min e às sextas, das 14h40min às 15h30min/18h30min às 19h15min;

- Maria Rita Simonato da Silva, matrícula 5.008.365-8, perfaz a carga horária de 30 horas semanais, de segunda a sexta, das 6h às 12h, no C.E. Natividade Patrício;

- Marco Antônio Puccini Lara, matrícula 829.175-9, perfaz a carga horária de 12 horas semanais em sala de aula e 4 horas extra classe, segundas, terças e quintas, das 18h20min às 22h20min.”

65. Ante a natureza da matéria, solicitei o pronunciamento do Ministério Público junto ao TCU, que manifestou-se de acordo com a proposta de encaminhamento formulada pela Unidade Técnica, sugerindo, adicionalmente, sejam extraídas cópias do volume principal e dos anexos 4 a 7 do presente processo, a fim de subsidiar a análise dos atos de concessão por parte da Sefip, determinando-lhe que acompanhe o cumprimento do prazo para que a CGU no Estado do Rio de Janeiro disponibilize a este Tribunal, via Sisac, os referidos atos de pensão (fl. 62 do volume principal).

É o Relatório.

VOTO

Nos trabalhos de auditoria, realizados no Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro – NERJ/MS, em cumprimento ao item 9.1 do Acórdão nº 574/2005-TCU-Plenário, foram verificadas diversas impropriedades com relação ao cadastramento de atos de admissão e de concessão no sistema Sisac, à acumulação de cargos não permitida na legislação pertinente, ao desconto em folha de pagamento dos servidores ativos, inativos e pensionistas para entidades consignatárias e à designação de pensionistas.

2. Este Tribunal, quando da prolação do referido Acórdão, que, entre outras medidas, mandou incluir no plano de fiscalização a auditoria em tela, determinou ao Ministério da Saúde que “9.2.2. ofereça os recursos humanos e materiais necessários ao NERJ/MS para cumprimento da exigência legal de encaminhamento a esta Corte dos atos de concessão de aposentadoria e pensão, bem como supervisione os esforços de redução do passivo de processos” (fl. 235 do anexo 2).

3. Em conformidade com levantamento feito pelo NERJ/MS, em abril de 2006, das aposentadorias e pensões concedidas a partir de 1998, encontravam-se pendentes de lançamento no sistema Sisac um total de 3.680 atos, sendo 2.004 de aposentadorias e 1.676 de pensões.

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4. A respeito dessas pendências, o Chefe do Serviço de Pessoal Inativo informa que o NERJ/MS destacou um grupo específico, formado por oito servidores, entre funcionários e contratados, com atuação em sala específica para tal fim, o qual ainda conta com material insuficiente e/ou inadequado para o cumprimento mais eficaz e célere da demanda reprimida ao longo de mais de dez anos, já que, desde a realização do último concurso público em 1994, somente foi autorizada a contratação temporária de servidores, prevista na Lei nº 8.745/1993, após a decretação, pelo Governo Federal, do estado de calamidade pública no setor hospitalar do SUS no Município do Rio de Janeiro (Decreto nº 5.392/2005).

5. A equipe de auditoria, considerando que as informações fornecidas pelo órgão auditado demonstram a necessidade de cadastramento dos atos de pessoal no sistema Sisac, propõe que seja determinado ao NERJ/MS que realize a inclusão, na base de dados do referido sistema, das admissões e das concessões ocorridas no âmbito daquele órgão, conforme orientações estabelecidas pela Instrução Normativa/TCU nº 44, de 2/10/2002.

6. Nesse contexto, entendo que a determinação a ser dirigida ao NERJ/MS deve ser no sentido de elaborar e encaminhar a este Tribunal, no prazo de sessenta dias, um plano de trabalho acerca da regularização do cadastramento, no sistema Sisac, do estoque de atos de admissões, aposentadorias e pensões, com indicação dos quantitativos médios mensais de lançamentos realizados pelo grupo específico e as datas previstas para que os diversos atos passem a ser incluídos no prazo previsto no art. 8º da Instrução Normativa/TCU nº 44/2002.

7. Tendo em vista a comunicação proferida pela Presidência, em Sessão Plenária Reservada de 7/2/2007, tornada pública em 14/3/2007, no sentido de considerar prejudicada, por perda de objeto, a apreciação, para fins de registro, dos atos de concessão que já não produzem efeitos financeiros, em decorrência do falecimento dos beneficiários ou do termo final das condições objetivas necessárias a sua continuidade, considero oportuno determinar ao NERJ/MS que priorize o cadastramento de atos que não se enquadrem nessas condições.

8. Além disso, entendo que a adoção desses novos procedimentos torna desaconselhável o acolhimento das proposições adicionais apresentadas pelo Ministério Público. Assim, caberá à Sefip, por ocasião da análise dos atos de concessão referenciados neste relatório de auditoria, verificar a necessidade, caso a caso, de extração de cópias de peças constantes dos volume principal e dos anexos 4 a 7 do presente processo.

9. Relativamente à questão da acumulação de cargos públicos nas esferas federal, estadual e municipal por parte de servidores do NERJ/MS, a equipe de auditoria encontrou as seguintes situações:

- 918 servidores com 2 vínculos nos âmbitos federal e/ou estadual/municipal, com carga horária acima de 40 horas, até 60 horas semanais (planilha de fls. 427/475 do anexo 3), sendo necessária a comprovação da compatibilidade das jornadas diárias de trabalho, nos termos dos arts. 37, inciso XVI, da Constituição Federal e 118, § 2º, da Lei nº 8.112/1990 e jurisprudência desta Corte de Contas (Acórdão nº 933/2005-TCU-1ª Câmara);

- 1.230 servidores com 2 vínculos nos âmbitos federal e/ou estadual/municipal, com carga horária acima de 60 horas semanais, listados na planilha de fls. 476/540 do anexo 3, os quais devem ser notificados, por intermédio de sua chefia imediata, que poderão optar por um dos cargos que ocupam, nos termos do art. 133 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997, ou providenciarem a adequação da carga semanal máxima de 60 horas para que se mantenham nos dois

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cargos, sem prejuízo da compatibilidade dos expedientes (Acórdão nº 619/2006-TCU-1ª Câmara);

- 99 servidores em exercício de 2 ou mais cargos inacumuláveis, isto é, fora das hipóteses previstas no art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal, relacionados na planilha de fls. 541/546 do anexo 3, fazendo-se necessária a notificação para apresentarem opção por um dos cargos exercidos, haja vista o disposto no art. 133 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997;

- 87 servidores com mais de 2 vínculos nos âmbitos federal e/ou estadual/municipal, apontados na planilha de fls. 547/554 do anexo 3, o que requer a adoção da mesma providência indicada no item anterior;

- 243 servidores em acumulação de 2 cargos públicos, sem definição das cargas e jornadas de trabalho correspondentes, sendo um deles em diversos órgãos estaduais, conforme relacionado na planilha de fls. 555/565 do anexo 3, sendo indispensável a realização de análise individualizada das cargas horárias e jornadas de trabalho de cada servidor para verificar a regularidade das acumulações, mediante a comprovação, de forma inequívoca, da compatibilidade de horários requerida pelos arts. 37, inciso XVI, da Constituição Federal e 118, § 2º, da Lei nº 8.112/1990 e jurisprudência desta Corte de Contas (Acórdão nº 933/2005-TCU-1ª Câmara).

10. Pertinentes, portanto, as determinações sugeridas pela equipe de auditoria para o saneamento das diversas situações verificadas no âmbito do NERJ/MS com relação à acumulação de cargos públicos. 11. Impende registrar que a questão de acumulação indevida de cargos foi objeto de apreciação deste Tribunal na Sessão de 6/12/2006, sendo prolatado o Acórdão nº 2.349/2006-TCU-Plenário, com determinação à Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para a adoção das seguintes providências:

“9.4.1. implantação de críticas e alertas no sistema Siape, e análise da viabilidade de utilização da base de dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS, da Dataprev, para cruzamento automático com o Siape, visando a prevenção de casos de acumulações de pagamentos;

9.4.2. utilização de um único número de matrícula no Siape para os pensionistas;

9.4.3. implantação de cruzamento de informações com vistas a evitar acumulações indevidas, com a criação de mecanismos de comunicação entre o Siape e outros sistemas de recursos humanos pertencentes a órgãos diversos, como o Ministério do Exército, Banco Central do Brasil, Petrobras, Poderes Judiciário e Legislativo, e órgãos nas esferas Estadual e Municipal”.

12. Quanto ao desconto em folha de pagamento para entidades consignatárias cadastradas no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o qual é regulamentado pelo Decreto nº 4.961/2004, cumpre ressaltar que, em conformidade com notícia publicada no sítio daquele órgão na internet, no ano de 2006 foram incluídas no sistema Siape um total de 31.863.985 operações, contratadas com mais de 1.300 entidades, números esses que certamente tornariam muito oneroso para os cofres públicos o controle pari passu do desconto feito no contracheque de cada um dos servidores consignados, como pretende a equipe de auditoria.

13. Na medida em que o Decreto nº 4.961/2004 já regulamenta o art. 45, parágrafo único, da Lei nº 8.112/1990, entendo estar prejudicada a proposta de recomendação ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para que regulamente, em ato administrativo, o mencionado dispositivo legal.

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14. Também considero inoportuna a expedição de recomendação ao NERJ/MS para que apure a existência de inclusão indevida de consignações na folha de pagamento de seus servidores, pelos seguintes motivos.

15. Ao apreciar o TC-014.595/2004-6, esta Corte de Contas já determinou “9.2. à Segecex que inclua, oportunamente, no Plano de Fiscalização deste Tribunal a realização de auditoria no Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos - Siape para que sejam investigados os controles e procedimentos relacionados à consignação de valores na folha de pagamento, apurando as falhas que propiciaram: o débito de valores em montante superior às margens consignáveis, a consignação de despesas de natureza não prevista nos normativos, o acesso ilimitado das consignatárias ao sistema, e a exclusão fraudulenta de valores consignados nas folhas dos servidores; bem como a eficiência das medidas eventualmente implementadas pela Administração para sanar as irregularidades” (Acórdão nº 3.197/2005-TCU-1ª Câmara).

16. Além disso, o servidor que se sentir lesado por uma das consignatárias cadastradas deve procurar a área de Recursos Humanos de seu órgão, a quem cabe fazer uma investigação prévia do caso e encaminhar o processo para a Auditoria da Secretaria de Recursos Humanos do MPOG – SRH, onde existiam, no início do mês de março do corrente ano, cerca de 1.200 processos em análise. Comprovada irregularidade na operação, a rubrica da consignatária denunciada é imediatamente suspensa até que ela regularize a situação. Dispõe também o servidor de uma outra ferramenta para denunciar irregularidades, que é a Ouvidoria do Servidor (www.ouvidoriadoservidor.gov.br), a qual encaminha a reclamação diretamente para a auditoria da SRH, para que o caso seja apurado. Ademais, no recadastramento realizado em 2006, cerca de 500 entidades não renovaram suas rubricas ou não apresentaram todos os documentos necessários para continuarem atuando como consignatárias.

17. Com relação à proposta de que seja determinado ao NERJ/MS que realize, no prazo de 180 dias, a atualização cadastral dos seus aposentados e pensionistas, e comunique a esta Corte de Contas os resultados do recadastramento e as providências adotadas pelo órgão, cumpre ressaltar que, na tentativa de estancar os créditos em contas de beneficiários falecidos, a legislação estabeleceu a obrigatoriedade do recadastramento anual do interessado como condição para a continuidade da percepção dos proventos ou da pensão (art. 9º da Lei nº 9.527/1997).

18. Nesse contexto, este Tribunal tem entendido que é dever da administração adotar sistemática periódica de acompanhamento dos aposentados e, principalmente, dos pensionistas acometidos de doença, sendo irregular o pagamento efetuado sem a devida atualização cadastral ou a certificação da real situação de cada beneficiário.

19. Dessa forma, considero mais adequado que a determinação a ser dirigida ao NERJ/MS seja para que suspenda, imediatamente, os pagamentos dos aposentados e pensionistas que apresentam situação irregular quanto à atualização cadastral, em face do que dispõe o art. 9º da Lei nº 9.527/1997, c/c o art. 1º do Decreto nº 2.251/1997, sob pena de responsabilidade solidária do gestor pelos débitos que vierem a ser apurados, ficando o restabelecimento do pagamento do benefício na dependência da realização, pelo beneficiário, da atualização de seu cadastro junto à Administração Pública.

20. No que se refere à inclusão nos processos de concessão de benefícios por invalidez de documento denominado “constatação de invalidez para fins de pensão”, concordo com a equipe de auditoria que não merecem acolhida as justificativas apresentadas pelo órgão para a substituição do laudo emitido por junta médica por tal laudo secundário, já que o art. 205 da Lei nº 8.112/1990, que veda a referência ao nome

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ou natureza da doença, trata tão-somente de atestado e laudo emitidos para fins de concessão ao servidor de licença para tratamento de saúde.

21. Também é entendimento desta Corte de Contas que o documento hábil para comprovar a condição de invalidez do beneficiário para que o ato de pensão possa ser considerado legal é o laudo médico emitido por junta médica oficial. Nesse sentido, trago excerto do voto proferido nos autos do TC-016.963/1995-4, que fundamentou a prolação do Acórdão nº 119/2004-TCU-1ª Câmara:

“2. As pensões foram concedidas com fundamento no art. 217, respectivamente incisos I, alínea ‘a’, e II, alínea ‘a’, da Lei nº 8.112/1990, que estabelece, in verbis:

‘Art. 217. São beneficiários das pensões:I - vitalícia:a) o cônjuge;(...)II - temporária:a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um) anos de idade, ou, se inválidos,

enquanto durar a invalidez;(...)’ .3. Ocorre, contudo, que, no tocante ao Sr. Edson Branco e Souza, apesar de ter

sido juntada a certidão da sua adoção, não foi apresentado laudo médico emitido por junta médica oficial, documento hábil para comprovar a condição de invalidez do beneficiário, requisito previsto no art. 217, inciso II, alínea ‘a’, supra, para que o referido ato de pensão possa ser considerado legal.’

Assim, considerando que não há nos autos elementos que demonstrem cabalmente o preenchimento dos requisitos estabelecidos para a concessão da pensão por invalidez, isto é, que a condição de invalidez, comprovada por laudo médico emitido por Junta Médica Oficial, preexistia à data do óbito do ex-servidor, o Ministério Público opina pela ilegalidade e recusa de registro do ato sob exame.” 22. Além disso, no voto condutor do Acórdão nº 1.365/2006-TCU-2ª Câmara, este Tribunal deixou assente que a função da junta médica é verificar as condições físicas do servidor, de modo a comprovar sua incapacidade para o trabalho. A junta médica deve definir com precisão a doença incapacitante do servidor, de modo que o administrador possa fundamentar corretamente o ato de aposentadoria. Não há razão para que o laudo emitido deixe de informar com clareza o nome da moléstia e, se for o caso, enquadrá-la dentre aquelas especificadas na legislação.

23. Constitui, portanto, jurisprudência pacífica no âmbito desta Corte de Contas que o laudo emitido por junta médica para fins de concessão de aposentadoria ou pensão por invalidez deve especificar claramente a moléstia da qual o beneficiário foi acometido, competindo à Administração fazer o devido enquadramento legal, com base nas informações médicas. Junta médica que enquadra indevidamente a moléstia dentre aquelas incapacitantes para o labor, quando for evidente o equívoco, pratica ato ilegal, passível de sanção (Acórdãos nºs 119/2004-TCU-1ª Câmara, 779/2005-TCU-1ª Câmara e 1.365/2006-TCU-2ª Câmara).

24. Diante disso, concordo com a equipe de auditoria que o enquadramento do benefício em “pensão temporária, enquanto durar a invalidez”, demanda acompanhamento pela Administração, devendo o beneficiário ser submetido a junta médica periódica para atestar a permanência de sua condição de inválido, como forma de comprovação do direito à continuação da percepção do benefício. No caso de invalidez temporária, essa periodicidade não será superior a um ano.

25. Pertinentes, portanto, as propostas de expedição de determinações ao NERJ/MS para que submeta periodicamente os beneficiários de pensões por invalidez a

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junta médica oficial, bem como que providencie a inclusão, nos processos de concessão de aposentadorias e pensões por invalidez, do correspondente laudo emitido por junta médica oficial, que especifique claramente a moléstia da qual o beneficiário foi acometido, permitindo à Administração fazer o devido enquadramento legal, com base nas informações médicas, e aos órgãos de Controle Interno e Externo verificar a legalidade dos atos de concessão, uma vez que junta médica que enquadra indevidamente a moléstia dentre aquelas incapacitantes para o labor, quando for evidente o equívoco, pratica ato ilegal, passível de sanção.

26. Quanto à comprovação de dependência econômica na concessão de pensão civil a menor sob guarda, impende registrar que a jurisprudência deste Tribunal nem sempre indicou a necessidade de ater-se à situação familiar do menor e à efetiva dependência econômica em relação ao responsável pela guarda. Antes, enfatizava-se a certificação formal da guarda judicial (Acórdão nº 2.292/2006-TCU-1ª Câmara).

27. As mais recentes deliberações desta Corte de Contas têm deixado explícito que a responsabilidade pela manutenção dos filhos cabe, primeiramente, aos pais, motivo pelo qual tem sido considerada indispensável a demonstração de insuficiência econômica destes como requisito necessário ao deferimento da pensão civil a menor sob guarda (Acórdãos nºs 732/2006-TCU-1ª Câmara, 468/2006-TCU-1ª Câmara, 980/2006-TCU-1ª Câmara, 1.046/2006-TCU-2ª Câmara e 3.384/2006-TCU-2ª Câmara).

28. Parece-me razoável eleger o entendimento de que, na ocasião do exame das concessões para fins de registro por este Tribunal, quando essa espécie de atos complexos adquirem feição final, há de se levar na devida conta, em prestígio ao princípio da segurança jurídica, a jurisprudência predominante à época da expedição do ato pela autoridade administrativa, mormente quando entre os dois momentos houve evolução considerável de entendimento.

29. Isso não impede, no entanto, que o órgão de origem seja orientado a, nos casos de concessão de pensão civil a menor sob guarda do instituidor, com base no art. 217, inciso II, alínea “b”, da Lei nº 8.112/1990, examinar a situação familiar do menor, especialmente quanto à existência de pais vivos com renda suficiente para prover-lhe o sustento, e comprovada a dependência econômica do menor em relação ao detentor da guarda, munindo o processo dos elementos comprobatórios pertinentes, adotando procedimento semelhante também nos casos de concessão de pensão civil a menor designado.

30. Ainda com relação à comprovação da dependência econômica, assiste razão à equipe de auditoria quando conclui ser exigível como elemento de legitimação da concessão de benefício pensional a filho maior inválido, por ser pacífica a jurisprudência deste Tribunal de que os beneficiários de pensão, à exceção do cônjuge ou companheiro, que gozam de presunção absoluta de dependência, ficarão sujeitos ao reconhecimento dessa dependência, seja por exigência de comprovação prévia, seja por presunção relativa, que admitirá prova em contrário, e que pensão não é herança, não podendo ser considerada dependência a manutenção de padrão de vida dos beneficiários (Decisão nº 641/1999-TCU-Plenário, Acórdãos nºs 1.006/2004-TCU-Plenário e 1.156/2006-TCU-Plenário).

31. Assim, a exigência de rigor na interpretação do requisito de dependência econômica torna-se condição necessária para a concessão das pensões estabelecidas pela Lei nº 8.112/1990, sendo ilegal a pensão de filho maior inválido quando inexiste a incapacidade total e definitiva para o labor.

32. Todavia, entendo que no deslinde do presente processo não se pode deixar de levar em consideração os termos da comunicação proferida pela Presidência, em Sessão Plenária Reservada de 7/2/2007, tornada pública em 14/3/2007, no sentido de considerar

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prejudicada, por perda de objeto, a apreciação, para fins de registro, dos atos de concessão que já não produzem efeitos financeiros, em decorrência do falecimento dos beneficiários ou do termo final das condições objetivas necessárias a sua continuidade, uma vez que não há interesse público na apreciação desses processos, por já não ostentarem eles repercussão financeira. Ainda que ilegais, aplicar-se-ia a Súmula TCU nº 106, havendo cabal desperdício de recursos na sua análise por uma secretaria assoberbada de trabalho. Contudo, tais atos continuarão normalmente cadastrados no sistema Sisac, com amplo acesso aos dados neles consignados.

33. Pelo exposto, deixo de acolher a proposta de realização de audiência com relação à concessão de pensão civil a menor sob guarda ou designado e a filho maior inválido, por considerar que a Sefip, no exame de cada caso concreto, terá melhores condições para avaliar a pertinência de propor ao respectivo Relator a instauração de procedimento de apuração e responsabilização previstos em lei, visando à adoção das providências administrativas e penais cabíveis para o ressarcimento ao Erário dos valores pagos indevidamente.

34. Tenho também por prejudicadas as propostas de determinação à Controladoria-Geral da União no Estado do Rio de Janeiro, fixando-lhe prazo para a disponibilização, via sistema Sisac, dos atos de concessão de pensão civil a menor sob guarda ou designado e a filho maior inválido indicados no relatório de auditoria em tela, bem como à Sefip para priorizar o seu exame.

35. Por fim, nada tenho a opor à sugestão da equipe de auditoria de que seja recomendado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que avalie a possibilidade de celebrar termo de convênio ou acordo de cooperação com os governos estaduais e as prefeituras das capitais para a realização de cruzamento periódico de dados, com o objetivo de verificar a ocorrência de acumulações de cargos ou empregos públicos em desacordo com a Constituição Federal.

Diante do exposto, acolho parcialmente o parecer da Unidade Técnica e voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à 1ª Câmara.

TCU, Sala das Sessões, em 08 de agosto de 2007.

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 1535/2007 - TCU - PLENÁRIO

1. Processo TC-010.111/2006-2 (com 7 anexos)2. Grupo II, Classe de Assunto V - Relatório de Auditoria3. Órgão: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro4. Responsáveis: José Carlos Campos Condé (CPF 623.822.687-00), Maria Alice Barbosa Ribeiro (CPF 593.884.127-53), Uilian Américo (CPF 703.026.267-00) e Anamaria Carvalho Schneider (CPF 379.621.326-04)5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaça6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin7. Unidades Técnicas: Sefip e Secex/RJ8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:

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VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Relatório de Auditoria realizada, pelas Secex/RJ e Sefip, na forma do item 9.1 do Acórdão nº 574/2005-TCU-Plenário, tendo por objetivo a verificação da conformidade dos atos de gestão de pessoal praticados pelo Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, bem como dos pagamentos de aposentadorias e pensões.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. recomendar ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que avalie a possibilidade de celebrar termo de convênio ou acordo de cooperação com os governos estaduais e as prefeituras das capitais para a realização de cruzamento periódico de dados, com o objetivo de verificar a ocorrência de acumulações de cargos ou empregos públicos em desacordo com a Constituição Federal;

9.2. determinar ao Ministério da Saúde que adote, nos casos dos seguintes servidores que acumulam cargos e empregos públicos, as medidas adiante indicadas:

9.2.1. exija, com relação aos 918 servidores com 2 vínculos nos âmbitos federal e/ou estadual/municipal, com carga horária acima de 40 horas, até 60 horas semanais (planilha de fls. 427/475 do anexo 3), a necessária comprovação da compatibilidade das jornadas diárias de trabalho, nos termos dos arts. 37, inciso XVI, da Constituição Federal e 118, § 2º, da Lei nº 8.112/1990 e jurisprudência desta Corte de Contas (Acórdão nº 933/2005-TCU-1ª Câmara), adotando, no caso de incompatibilidade de horários, a providência prevista no art. 133 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997, mediante notificação ao servidor, por intermédio da chefia imediata, para apresentar opção, no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência;

9.2.2. notifique os 1.230 servidores com 2 vínculos nos âmbitos federal e/ou estadual/municipal, com carga horária acima de 60 horas semanais, listados na planilha de fls. 476/540 do anexo 3, que poderão optar por um dos cargos que ocupam, nos termos do art. 133 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997, ou providenciarem a adequação da carga semanal máxima de 60 horas para que se mantenham nos dois cargos, sem prejuízo da compatibilidade dos expedientes (Acórdão nº 619/2006-TCU-1ª Câmara);

9.2.3. notifique os 99 servidores em exercício de 2 ou mais cargos inacumuláveis, isto é, fora das hipóteses previstas no art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal, relacionados na planilha de fls. 541/546 do anexo 3, para apresentarem opção por um dos cargos exercidos, haja vista o disposto no art. 133 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997;

9.2.4. notifique os 87 servidores com mais de 2 vínculos nos âmbitos federal e/ou estadual/municipal, apontados na planilha de fls. 547/554 do anexo 3, para apresentarem opção por um dos cargos exercidos, haja vista o disposto no art. 133 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997;

9.2.5. realize, com relação aos 243 servidores em acumulação de 2 cargos públicos, sem definição das cargas e jornadas de trabalho correspondentes, sendo um deles em diversos órgãos estaduais, conforme relacionado na planilha de fls. 555/565 do anexo 3, análise individualizada das cargas horárias e jornadas de trabalho de cada servidor para verificar a regularidade das acumulações, mediante a comprovação, de forma inequívoca, da compatibilidade de horários requerida pelos arts. 37, inciso XVI, da Constituição Federal e 118, § 2º, da Lei nº 8.112/1990 e jurisprudência desta Corte de Contas (Acórdão nº 933/2005-TCU-1ª Câmara), adotando, nas acumulações irregulares, a providência prevista no art. 133 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997, mediante notificação ao servidor, por intermédio da chefia

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imediata, para apresentar opção, no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência;

9.2.6. instaure, na hipótese de omissão do servidor, procedimento sumário para a apuração e regularização imediata em processo administrativo disciplinar;

9.2.7. comunique a este Tribunal as providências adotadas e os resultados obtidos, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados do conhecimento desta deliberação;

9.3. encaminhar ao Ministério da Saúde cópias das planilhas de fls. 427/565 do anexo 3, para subsidiar a adoção das providências determinadas no item 9.2 acima;

9.4. determinar ao Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro que:9.4.1. elabore e encaminhe a este Tribunal, no prazo de sessenta dias, um plano de

trabalho acerca da regularização do cadastramento, no sistema Sisac, do estoque de atos de admissões, aposentadorias e pensões, com indicação dos quantitativos médios mensais de lançamentos realizados pelo grupo específico e as datas previstas para que os diversos atos passem a ser incluídos no prazo previsto no art. 8º da Instrução Normativa/TCU nº 44/2002;

9.4.2. priorize o cadastramento de atos de concessão de aposentadorias e pensões que não se enquadrem nas condições descritas na comunicação proferida pela Presidência, em Sessão Plenária Reservada de 7/2/2007, tornada pública em 14/3/2007, ou seja, que já não produzem efeitos financeiros, em decorrência do falecimento dos beneficiários ou do termo final das condições objetivas necessárias a sua continuidade;

9.4.3. suspenda, imediatamente, os pagamentos dos aposentados e pensionistas que apresentam situação irregular quanto à atualização cadastral, em observância às disposições do art. 9º da Lei nº 9.527/1997, c/c o art. 1º do Decreto nº 2.251/1997, sob pena de responsabilidade solidária do gestor pelos débitos que vierem a ser apurados, ficando o restabelecimento do pagamento do benefício na dependência da realização pelo beneficiário da atualização de seu cadastro junto à Administração Pública;

9.4.4. adote sistemática periódica de acompanhamento dos aposentados e dos pensionistas acometidos de doença, com fundamento no art. 217 da Lei nº 8.112/1990, que, em seus incisos I, alínea “e”, e II, alíneas “a”, “c” e “d”, prescreve que o benefício será devido “enquanto durar a invalidez”, submetendo os aposentados e os beneficiários de pensões por invalidez a junta médica oficial, para atestar a permanência de sua condição de inválido, de forma a comprovar o direito à continuação da percepção do benefício, devendo, no caso de invalidez temporária, a periodicidade não ser superior a um ano;

9.4.5. providencie a inclusão nos processos de concessão de aposentadorias e pensões por invalidez do correspondente laudo emitido por junta médica oficial, que especifique claramente a moléstia da qual o beneficiário foi acometido, permitindo à Administração fazer o devido enquadramento legal, com base nas informações médicas, e aos órgãos de Controle Interno e Externo verificar a legalidade dos atos de concessão, já que junta médica que enquadra indevidamente a moléstia dentre aquelas incapacitantes para o labor, quando for evidente o equívoco, pratica ato ilegal, passível de sanção;

9.4.6. examine a situação familiar do beneficiário, nas concessões de pensão civil a menor sob guarda, com fundamento no art. 217, inciso II, alínea “b”, da Lei 8.112/1990, especialmente quanto à existência de pais vivos com renda suficiente para prover-lhe o sustento, de modo a que fique comprovada sua dependência econômica em relação ao detentor da guarda, munindo o processo dos elementos comprobatórios pertinentes, com a adoção de procedimento semelhante também nos casos de concessão de pensão civil a menor designado, tudo em consonância com a jurisprudência do Tribunal de Contas da União acerca dessas modalidades de pensão;

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9.4.7. observe o preenchimento do requisito de dependência econômica como condição necessária para a concessão das pensões estabelecidas pela Lei nº 8.112/1990, especialmente por não encontrar base nas normas pertinentes o pagamento de benefício pensional a filho maior inválido quando inexiste a incapacidade total e definitiva para o labor;

9.4.8. atente para a exigência de rigor na interpretação do requisito de dependência econômica, condição necessária para a concessão das pensões designadas de que trata o art. 217, incisos I, alínea “e’, e II, alíneas “c” e “d”, da Lei nº 8.112/1990;

9.5. determinar à Secretaria Federal de Controle Interno que informe, nas próximas contas do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, acerca do cumprimento das determinações supra;

9.6. dar ciência desta deliberação à Sefip, cabendo-lhe, por ocasião da análise dos atos de concessão referenciados no relatório de auditoria em tela, verificar, caso a caso:

9.6.1. a pertinência de propor ao respectivo Relator a instauração de procedimento de apuração e responsabilização previstos em lei, visando à adoção das providências administrativas e penais cabíveis para o ressarcimento ao Erário dos valores pagos indevidamente;

9.6.2. a necessidade de extração de cópias de peças constantes dos volume principal e dos anexos 4 a 7 dos presentes autos para subsidiar a instrução do processo de concessão.

10. Ata nº 33/2007 – Plenário 11. Data da Sessão: 8/8/2007 – Ordinária12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1535-33/07-P 13. Especificação do quórum: 13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça (Relator), Valmir Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz e Raimundo Carreiro.13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.

WALTON ALENCAR RODRIGUES MARCOS VINICIOS VILAÇAPresidente Relator

Fui presente:

LUCAS ROCHA FURTADOProcurador-Geral

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