Gramsci e a

Escola(Luna Galano Mochcovitch)

Maioria dos estudiosos marxistas da educação: acreditam na escola como reprodução das ideologias das classes dominantes.

Gramsci: afirma que escola pode ser transformadora da sociedade, deve levar todos à um nível mais esclarecido.

Para Gramsci a transformação da sociedade se dá através da luta de classes e em especial, o mundo deveria voltar seus olhos à classe operária.

Gramsci se preocupou em formular conceitos para que a classe operária e seus intelectuais pudessem disputar com a classe dominante a direção de idéias e ideologias visando alcançar também o poder político e a mudança de dominação.

Subordinação intelectual e dominação ideológica – se dá pela exploração das classes subalternas.

Para isto há a dominação da classe político ideológica (exército, polícia, dominação pela força) e a dominação ideológica (subordinação intelectual) faz com que a população aceite sua condição de subordinação, fique no senso comum.

Senso Comum – Visão de mundo sem reflexão crítica, baseada em crenças (religião popular e folclore). Para passar dessa visão para uma consciência coerente e homogênea é preciso ter uma visão crítica e consciente.

Bom senso – núcleo sadio do senso comum. Precisa ser trabalhado através da Filosofia da Práxis para se chegar à um senso crítico.  

Intelectuais orgânicos – difundem uma concepção de mundo revolucionária entre as massas, leva-os a refletir a partir da prática cotidiana das massas e suas experiências políticas. São pessoas das classes dominadas que se evoluem culturalmente e amplia seu circulo de influencias.

Ex: o partido político da classe operária.

Hegemonia – capacidade de unificar através da ideologia. Como Gramsci pensava que a sociedade poderia ser transformadas e não reproduzidas sua intenção era formar uma hegemonia oposta a burguesia.É composta por duas funções: função de domínio (grupo social liquida ou submete o grupo adversário) e função de direção intelectual e moral (grupo põe-se a frente dos grupos aliados ou afins).

Sociedade Civil - conjunto formado pelos organismos privados, e sociedade política ou Estado. Ambos correspondem à função de hegemonia que o grupo dominante exerce em toda sociedade e àquela de domínio direto ou de comando que se expressa no Estado e no governo jurídico.

A sociedade civil é considerada um espaço onde são elaborados e viabilizados projetos globais de sociedade, se articulam capacidades de direção ético-política, se disputa o poder e a dominação.

Ela seria a sede de múltiplos organismos privados, mas nem por isto menos estatal. Seus integrantes estariam dispostos como vetores de relações de força, como agentes de consenso e hegemonia, candidatos a se tornar Estado.

Reforma intelectual e moral - não pode ser imposta de cima para baixo, mas só pode surgir no contexto de uma profunda transformação das consciências: uma transformação que Gramsci, comunista, identifica com o “materialismo histórico”.

Daí a função que atribui ao “moderno Príncipe”, o partido, o qual “deve e não pode deixar de ser o anunciador e o organizador de uma reforma intelectual e moral, o que significa, de resto, criar o terreno para um novo desenvolvimento da vontade coletiva nacional-popular no sentido da realização de uma forma superior e total de civilização moderna”

Assim, pois, nestas notas gramscianas parecem nítidos o componente “político” de um “programa” de reforma intelectual e moral e seu nexo estreitíssimo com um programa de reforma econômica; isto é, em substância, com uma mudança nas relações entre as classes e nas relações entre as classes e o poder político.

Para Gramsci o Estado é o poder que a classe dominante exerce sobre a classe subalterna. É portanto a hegemonia exercida pela classe dominante e assegurada pelo Estado.

De uma maneira fictícia a função hegemônica tenta criar harmonia entre as várias classes sociais promovendo uma unificação provisória de uma ideologia cultural da nação, como se todos fossem livres e iguais para expressar o que tiverem em mente.Para que o Estado seja bem sucedido há um jogo dialético, sociedade politíca + sociedade civil = Estado

Gramsci diz o Estado é educador, mas para a classe dominante, que em constante movimento quer se situar dentro da sociedade como um organismo fechado onde a educação e qualquer possibilidade de ascensão seja um privilégio exclusivo deles. 

Estado ético – os direitos seriam iguais para todos. Tem como função elevar a grande massa da população para um nível cultural melhor, e para isso a escola estaria presente preparando cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.

Só seria conformista com as situações quem de fato quisesse pois, uma vez conscientizados, cada cidadão teria o seu papel a desempenhar na sociedade.

Para Gramsci a escola deve ser única e um dever de todos os cidadãos. No entanto havia uma divisão de um lado a escola comum e única e de outro, a distinção no sistema de ensino: educação de formação científica e humanista para as elites, e o treinamento técnico voltado para o trabalho que se destinava as classes populares.

A idéia de escola para todos tendo o Estado como provedor dessa educação é falho uma vez que há distinção, por outro lado os socialistas e as classes populares se apropriam dessa idéia para expor o que pensam e querem escola pública gratuita para todos.

O Estado garante essa educação, mas uma educação que seria para todos acabou se consolidando apenas para a classe dominante e a luta continua para que a classe subalterna possa ter ensino de qualidade.

Escola Unitária – tipo único de escola preparatória (elementar-média), humanista, formativa que conduza o homem à escolha profissional como pessoa capaz de pensar, estudar, dirigir ou controlar quem dirige. Deve ainda desenvolver as capacidades de trabalhar manualmente e intelectualmente.

Gramsci ainda critica as escolas voltadas à formação profissional e técnica do homem, pois estas estariam apenas perpetuando as diferenças sociais já que sujeita crianças e adolescentes à lógica da produção e do capital.

Gramsci não concorda com a reforma Gentili já que esta defende a idéia de que o homem teria que ser formado numa concepção religiosa, não queria que a cultura chegasse até as massas. Gramsci via nas escolas da Reforma Gentili uma tendência antidemocrática, contrária à sua concepção de escola unitária .

É papel da escola o desenvolvimento das massas do senso comum à consciência filosófica, ajudando-as a se inserir nas relações sociais, políticas e culturais da sociedade.

Isso pode ser conseguido através da escola unitária, onde não existe divisão. A escola tem que passar para os educandos a organização da sociedade e os seus direitos e deveres como cidadãos.