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A Revista da juventude que acredita - www.cristojovem.com

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Page 1: Godzine 01 (Abril 2010)
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Nota de abertura

Noticias

Reflexões Virtuaisos JoVeNs e os Meiosde coMuNicaÇÃo sociaL

Olhando

Família Cristãtudo sobre os JoVeNs uM estudo para refLectir…

Cantinho da AudáciaNÃo fico aLHeado

Dialectos da Palavra“eNtÃo, os seusoLHos abriraM-see recoNHeceraM-No.”(Lc 24, 13-35)

Folha dos Santosbeato pierGiorGio frassati

Juventude que acredita!aMor ressucitado

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“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce” e assim foi. Deus também quis que nos pudéssemos unir em torno d´Ele utilizando a internet, para que os jovens cristãos de todo o mundo não estivessem sós e fossem um só povo de Deus lado a lado de mãos dadas. Cristo sagrou o Portal Cristo Jovem e mais uma vez estamos a dar provas disso com lançamento da GODzine, que é em Portugal a primeira magazi-ne católica online para jovens.

Pretendemos ser ambiciosos e arro-jados quanto ao futuro deste projecto. Queremos evoluir cada vez mais, mas para isso também precisamos de ti!

Regressamos numa casa nova e es-pero que gostes desta nossa primeira publicação.

Abraço em Cristo (jovem)!

NOtADE abertura

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma”Fernando Pessoa, in Mensagem

Nota de Abertura

Nuno Sousa

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NOtíCiASFestival Jota 2011em preparação

A Direcção Artística do Festival Jota (festival de musica cristã) a cargo do DPJG (Departamento da Pastoral Juve-nil da Diocese da Guarda) espera que, depois do sucesso alcançado na praia de S. Jacinto, em Aveiro, em 2009, os serviços diocesanos se entusiasmem na realização deste evento que se tor-nou um dos maiores eventos juvenis cristãos nacionais. Para isso, foi enviado um convite a to-dos os serviços diocesanos da Pastoral juvenil nacional para se candidatarem a receber a edição de 2011 do Festival. Relembramos que a quarta edição do Festival Jota, vai ocorrer na diocese de Viana do Castelo, no mítico espaço do festival Paredes de Coura, na praia flu-vial do taboão, nos próximos dias 23, 24 e 25 de Julho.

portugal preparaas JmJ 2011

As dioceses portuguesas estão já a preparar as Jornadas Mundiais da Ju-ventude que se vão realizar em Ma-drid entre 16 e 21 de Agosto de 2011.A Cruz das Jornadas passará por Por-tugal no próximo mês de Agosto e deverá percorrer todas as dioceses portuguesas. A passagem pelo san-tuário de Fátima está marcada para dias 14 e 15 de Agosto. O Departamento Nacional da Pasto-ral Juvenil, cujo novo site foi recen-temente lançado, estima que cer-ca de 15 mil jovens portugueses se deslocarão a Madrid no âmbito das Jornadas.

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laetare reconhecidos nosprémios Kerygma da música católica

Os Prémios Kerygma da Música Católica voltaram a reconhecer mais um grupo promissor na música de mensagem em Portugal. A associação cul-tural Kerygma atribuiu o Prémio Revelação 2009 aos Laetare, uma banda composta por 2 elementos, Clara Raimundo e Pedro Marques, cujo nome significa “Alegrai-vos!” em latim. Os Laetare surgiram a partir das actividades de um grupo de catequese da paróquia da Reboleira, na diocese de Lisboa. Começaram por ajudar na ani-mação musical das eucaristias da paróquia, e depois tiveram a ideia de com-por um tema original para participarem no festival vicarial da canção cristã. Esse tema dá pelo título de “Onde o Amor me Levar”, e ao que parece esse mesmo Amor irá levar a banda cada vez mais longe.Recordamos que neste momento estão a decorrer as votações no portal Cristo Jovem para o Prémio Evangelização.

Notícias

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A intenção geral do Papa Bento XVX para o Apostolado da Oração do mês de Janeiro de 2010 foi a seguinte: “Que os jovens saibam utilizar os meios mo-dernos de comunicação social para seu crescimento pessoal e para se prepa-rarem melhor para servir a sociedade”. Dada a riqueza, densidade e interesse da sua reflexão sobre o tema iremos de seguida reflectir sobre o mesmo.Como sabemos o uso das novas tecno-logias está a desenvolver profundas al-terações na sociedade, nomeadamente ao nível dos modelos de comunicação e nas próprias relações humanas. Estas transformações são mais evidentes nos jovens que “cresceram em estreito con-tacto com as novas técnicas de comu-nicação”, o que faz com que se sintam bem no denominado mundo digital. Já na sua mensagem para o dia das Co-municações Sociais do passado ano, o Papa Bento XVi, denomina a geração actual de “geração digital”. O uso generalizado das comunicações móveis (telemóveis), aliado à massi-ficação do uso da internet (computa-

dores, pda’s), “multiplicaram os meios para enviar instantaneamente palavras e imagens até aos lugares mais remo-tos do mundo”. Assim, são inúmeros os desafios que são colocados à sociedade, nomeadamente na educação, dado que esta se encontra “vinculada à influência dos média”, modelando profundamente todo o ambiente cultural. “Os estudan-tes e investigadores têm acesso fácil e imediato a documentos, fontes e des-cobertas científicas, trabalhando em equipa entre diversos lugares.”Sua santidade, refere que “as novas tecnologias digitais oferecem grandes oportunidades para fazer o bem”, pois “elas correspondem ao desejo de esta-belecer relações e comunicação entre as pessoas”, contribuindo para criar “uma cultura de respeito, diálogo e amizade”. As próprias redes sociais podem servir de factor de mobilização “a favor de cau-sas nobres”, atingindo possibilidades ini-gualáveis, “em comparação com outras épocas da humanidade”. inclusive para as famílias, o uso das novas formas de comunicação, são uma forte com-

OS JOVENS E OS Meiosde coMuNicaÇÃo sociaL

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ponente de fortificação de laços, dado que, “podem permanecer em contac-to, mesmo que os seus membros es-tejam longe uns dos outros”. “Abriram também caminho para o diálogo entre pessoas de diversos países, culturas e religiões, conhecendo assim os valores e tradições de outros”.Vamos agora olhar para alguns aspectos negativos do uso dos média e como é que educamos para o seu uso correcto.Apesar de no artigo anterior termos ve-rificado que as novas tecnologias nos proporcionam enormes melhorias ao ní-vel social, educativo, familiar e mesmo pessoal, como facilmente percebemos, não existem só factores favoráveis. De facto, no “mundo virtual” nem tudo é positivo ou melhor, pode não ser. De uma maneira genérica, diz-nos o Papa, a “internet pode criar mecanismos de dependência com consequências muito graves para o próprio, para a família e até para a sociedade”, isto porque, pode ocorrer que a pessoa se isole, alhean-do-se, em parte, das relações sociais reais, “alterando os ritmos de repouso, de silêncio e reflexão necessários para um são desenvolvimento humano”. Os próprios meios de comunicação “pro-movem, em muito casos, a indústria do sexo, que ocupa milhares de páginas da internet” e ainda, existe uma enorme quantidade de conteúdos partilhados pelos utilizadores que “alimentam o ódio e a intolerância, degradam a beleza

da vida humana e levam a explorar os débeis e os indefesos”.Assim, é necessário informar e es-clarecer para que exista uma correcta utilização e conhecimento das novas tecnologias, de forma a serem evitados danos, potenciando as enormes vanta-gens que eles nos oferecem. Bento XVi afirma que, é aqui que “entra o papel dos pais, dos professores e da igreja”. É pois importante educar os jovens para serem cuidadosos no uso dos mass me-dia. Afirmar e ajudar a promover, atra-vés das escolas e paróquias, o papel dos pais como aqueles que “têm o direito e o dever de assegurar o uso prudente dos media, formando a consciência dos seus filhos, orientando-os na escolha

ou rejeição dos programas disponíveis”. Devemos olhar para a educação das no-vas tecnologias de uma forma positiva, formando os seus utilizadores em pleno exercício da liberdade. “Os pais conce-derão uma liberdade cada vez maior aos filhos, introduzindo-os, ao mesmo tempo, na profunda alegria de viver.” Por fim, o Santo Padre diz que, “a igreja deseja, sobretudo, partilhar a sua visão da dignidade humana que é central para toda a comunicação humana digna”.Fernando Cassola Marques

Reflexões Virtuais

“as novas tecnologias digitais oferecem grandes oportunidades para fazer o bem”

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Neste tempo pascal não percas tempo a contemplar Cristo crucificado por entre as barreiras que construíste á tua volta, não olhes de longe, aproxima-te dele, olha-O nos olhos e fala-Lhe! Ele está á tua espera para renovar a ceia da vida a cada dia que passa.

Nuno Sousa

oLHaNdo…

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A Área de Planeamento e Estudos de Mercado (APEME) publicou um estudo intitulado All About Teens (Tudo Sobre os Jovens). Algumas das conclusões do estudo capta-ram a atenção da nossa redacção. Com base nos resultados, há mui-tas questões para os cristãos pen-sarem e reflectirem…

Os “lugares-comuns” sobre os mais variados temas são um facto. A “ge-ração rasca” de há uns anos é exem-plo disso mesmo; era “rasca” porque assim se difundiu; para muitos dos que nela estavam incluídos (e que hoje são jornalistas da FAMíLiA CRiStÃ) era apenas um adjectivo depreciativo que não espelhava ab-solutamente nada do que pensavam ou faziam. Para a geração de jovens de hoje também existem alguns ró-tulos e prova disso são os estudos que chegam a público com alguns resultados que parecem contradizê-los, ou não... Se estivermos cons-

cientes e informados, seremos pais e educadores mais preparados para ajudar os nossos jovens a percorrer o melhor caminho. Como órgão de co-municação social cristão que somos e com a ajuda de um dos responsá-veis pelo estudo na interpretação dos resultados, deixamos algumas ques-tões que consideramos pertinentes para reflexão.importa, antes de mais, esclarecer que o estudo All About teens não teve como principal objectivo estu-dar os jovens de um ponto de vista meramente sociológico. «Este estu-do que se chama All About teens e apanha a franja dos catorze aos de-zanove anos surgiu de necessidades comerciais. Esta empresa tem clien-tes que procuram conhecer os seus consumidores nos diferentes ciclos de vida.» O esclarecimento é presta-do por Carlos Liz, sócio-fundador da APEME. Foram feitas quinhentas entrevistas a jovens de ambos os sexos do Porto

Família Cristã

tudo sobreos JoVeNsUM EStUDOPARA REFLECtiR…

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e de Lisboa, com idades entre os ca-torze e os dezanove anos, a maioria a estudar na escola pública, no ensi-no secundário.Os principais resultados do estudo apontam para a importância primor-dial da família, para a massificação saudável das tecnologias, para uma confiança no que diz respeito ao futu-ro de cada um, mas um pessimismo geral no que diz respeito ao país e ao mundo. E, no pólo do desinteresse total, a religião. [ver caixa]A primeira marca destes resultados é a da autoconsciência e autocon-fiança. Estamos perante uma ge-ração consciente da situação que a rodeia e daquilo que a espera. «Eu diria que uma das principais conclu-sões do estudo é a de que estamos perante uma juventude que terá per-cebido que o melhor que tem a fazer é sobretudo acreditar em si mesma, visto que à sua volta não encontra-rá muitas fontes inspiradoras. Muito do quadro institucional habitual não

parece estar compatível com aquilo que é a maneira de ver desta gente que, ou por desconfiança, ou por não entender totalmente muitos dos dis-cursos dominantes, sente esta ne-cessidade de acreditar em si», afirma o fundador da APEME.Outra das principais conclusões do estudo é a de que, ao contrário do que possamos ser levados a crer quando se apregoa que a família está em crise, o aspecto de maior importância, tanto no presente como no futuro para estes jovens é a famí-lia. Só é preciso ter atenção ao facto de que neste estudo não se propõe nenhum modelo de família, portan-to, não se pode falar da importância da família como a conhecemos tradi-cionalmente. «Esta noção de que na agenda dos jovens portugueses está a noção de não viverem sozinhos, de terem projectos comuns, é uma das conclusões do trabalho interessan-tes. Quando se diz que se quer ter uma família quer-se dizer que vale

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a pena procurar outras pessoas com quem partilhar o destino», continua o investigador.Outro aspecto que se pode concluir neste estudo é que os jovens de hoje em dia estão cientes da crise econó-mica, financeira e do desemprego e estão a desenvolver hábitos de pou-pança. «Há uma certa predisposi-ção para a poupança e nós já vimos isso noutros estudos para a banca. Parece, nesta geração, estar clara a ideia de que o dinheiro tem valor e de que é preciso dinheiro para viver. Portanto, nós não estamos perante uma juventude imediatista, estamos perante uma juventude que pensa no futuro.» talvez por isso, uma das grandes preocupações desta gera-ção seja a de ter um emprego. Es-tes factores levam a que estejamos perante jovens maduros, mas com um amadurecimento imposto pela conjuntura, uma espécie de “adultos à força”.

Os mitos. «Os miúdos só querem sa-ber da fama. Os jovens são pregui-çosos e não querem trabalhar. isto é uma selva em que cada um só quer saber de si. Estamos perante uma sociedade de consumistas. A família está em crise. Os jovens não lêem e só querem saber das novas tecnolo-gias.» Estes são alguns dos “lugares-comuns” que muitas vezes ouvimos e pronunciamos. O que este estu-do revelou é que não passam disso mesmo: os jovens não querem saber da fama para nada e não valorizam a popularidade na escola; os jovens não vivem sem pensar nas con-sequências; os jovens consideram muito importante começar já hoje a trabalhar para construir o seu futuro, querem ter os seus cursos e anseiam por um emprego; os jovens querem uma família e preocupam-se com o meio ambiente, com a insegurança, com a pobreza, com a pedofilia. Os jovens revelam-se muito conscientes quanto à poupança e quanto à pu-

Família Cristã

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blicidade. Os jovens lêem, não só li-vros, mas também jornais. Os jovens gostam de ouvir música, viajar, ir à praia e navegar na internet.Carlos Liz ajuda a explicar a queda destes mitos. No caso da fama, as crescentes redes sociais e a liber-dade que os jovens têm para se expressarem e relacionarem podem explicar a queda da necessidade dos “quinze minutos de fama”. «Eles to-dos os dias têm a fama de que pre-cisam», afiança. Sobre o facto de não valorizarem o tempo livre para o ócio, uma plena consciência da conjuntura da sociedade actual pa-rece ser a explicação mais directa. «De facto, nós não estamos perante uma geração que quer descartar-se do trabalho, estamos perante uma geração que tendo plena consciência da dificuldade de ter trabalho, perce-be, queira ou não queria, que tem de fazer alguma coisa por isso.» No que diz respeito à utilização das tecnolo-gias, esta geração cresceu com um

sem número de possibilidades à sua disposição e, de uma fase inicial de descoberta e desconhecimento, está gradualmente a apropriar-se delas. «A internet está saudavelmente a ganhar o lugar que tem de ganhar. E esta gente nova é muito pragmática, não tem problemas nenhuns em pôr as coisas nos seus lugares, sem mi-tos», constata.A mesma lógica de pragmatismo e de saber utilizar os recursos à dispo-sição parece aplicar-se ao consumo. «Esta geração já nasce com a so-ciedade de consumo montada, isto é, tem muitas coisas para comprar, tem bons sítios para comprar, tem meios de pagamento para comprar, tem publicidade para ver em sítios muito variados para ajudar a decidir e, desse ponto de vista, são jovens que tem perante o consumo uma atitude não de “boca aberta”, de es-panto, mas uma atitude muito prag-mática.»

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Há algumas questões que ficam para os cristãos a partir destes resulta-dos. Estamos perante uma geração consciente, pragmática e que conta sobretudo consigo própria, mas que, no entanto, anseia por ter com quem partilhar responsabilidades, proble-mas, alegrias, projectos. O que se pode aproveitar do facto de os jo-vens ainda a valorizarem como sen-do o mais importante? Se este é um anseio dos jovens, de que forma os cristãos podem ter um papel activo, em vez de passivamente observarem a dita queda dos valores familiares?E que tipo de família, de sociedade e de valores irão estes jovens construir quando a religião não ocupa lugar na sua vida? Será o tipo de família que os cristãos anseiam quando a segun-da coisa menos importante para o fu-turo destes jovens é casar? Portugal é um país de raízes católicas, mas que pelos vistos não estão cravadas na terra. Carlos Liz espelha a preo-cupação com estas questões. «Eu

Família Cristã

O que é mais e menos importante para os jovens no presente (três aspectos)MaisTer uma boa relação com a família – 22%Começar hoje a construir o amanhã – 17%Tirar um curso – 11%

MenosTer uma religião – 33%Ser conhecido/popular – 19%Ter o que as pessoas da minha idade têm – 9%

O que é mais e menos importante para os jovens no futuroMaisTer saúde – 20%Ter uma família feliz – 19%Ter um emprego que goste – 10%

MenosTer fama – 22%Casar – 20%Trabalhar fora do país – 19%

No que diz respeito ao seu próprio futuro, como se sentem:Muito Optimista – 76%Neutro – 19%Muito pessimista – 5%

E quanto ao futuro do país:Muito Optimista – 23%Neutro – 36%Muito pessimista – 41%

*fonte: All About Teens, APEME, 2008

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próprio, como investigador e tam-bém como cristão, tenho muita pena de verificar que uma das coisas que mais expressão tem do ponto de vis-ta do desinteresse é a religião. Esta mesma gente que diz que quer e que anseia por uma família é a mesma gente que diz que não precisa da re-ligião. Este estudo é, desse ponto de vista, um bom despertador de cons-ciências, porque se a gente dissesse aquelas coisas que se diziam nou-tros tempos, “uma juventude rasca, gente que não presta, só pensa em divertir-se…”, mas não é; são pesso-as conscientes, que não estão a cul-tivar o individualismo, querem ter fa-mílias e, no entanto, dizem “eu não preciso da religião”», lamenta. E que papel estão de facto os cristãos e a igreja a desempenhar na sociedade? «Acabei de apresentar um estudo que me faz muita impressão, sobre desenvolvimento sustentável. De um conjunto de instituições, em que medida considera que estão activas (muito, pouco, nada) relativamente à questão do desenvolvimento susten-tável? O que fica em último lugar? A igreja. O segundo ponto que pode ajudar a pensar isto é um estudo que a UCP fez sobre o que é que os por-tugueses pensam sobre os religio-sos/religiosas. E o estudo tem um resultado muito irritante, que diz as-sim: nós achamos que os religiosos

são muito boas pessoas e que não percebem nada do que está a acon-tecer no mundo. Com estes dois in-dicadores acho que ajudo a explicar o que está a acontecer com a religião em Portugal. O que os jovens estão a avisar-nos é que nós não estamos a fazer parte do filme deles. Uma coisa é ser “sal da terra”, outra é não ser nada.»Dá, pelo menos, que pensar!

Rita Bruno

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Cantinho da Audácia

Estamos no mês em que, após um caminho de preparação (Quaresma), celebramos a festa mais importante dos cristãos: a Páscoa. Se é verda-de que o colorido e a alegria do Natal não passam despercebidos mesmo aos não cristãos, o mesmo não pode-mos dizer da festa da Páscoa.

A Páscoa é vivida, muitas vezes, es-vaziada do seu significado, sendo para muitas pessoas apenas um sinónimo de férias. Esta indiferença que rouba o sentido das coisas é um dos grandes problemas do nosso tempo e a causa da maior parte das injustiças de que ouvimos falar constantemente.

ESCOLA ATENTAO Papa Bento XVi, na sua mensagem quaresmal para este ano, alertou o mundo para os efeitos nefastos da in-diferença que «condena à morte cente-nas de milhões de seres humanos…»A escola está atenta ao que se pas-sa no mundo. Escuta e vê o que vai

acontecendo para formar pessoas que serão futuros cidadãos, capazes de continuar a obra da criação, me-lhorar o que o mundo tem de melhor e corrigir alguns erros cometidos. As-sim, o tema da indiferença não podia ficar à porta da escola.

VIVO ALHEADO?A indiferença acontece porque anda-mos muito absorvidos com as nossas coisas. As pessoas passam os dias preocupadas com a sua rotina; tomam decisões tendo em conta apenas as suas preocupações pessoais. Nesta rotina não há tempo para o próximo e para as suas preocupações. Vemos o outro mas não o olhamos verdadei-ramente. Este não haver tempo para olhar e tentar compreender o próximo, o tomarmos decisões sem olhar para as consequências que podem ter no outro, o não olharmos para as necessi-dades e dificuldades daquele que está ao nosso lado e não tentarmos fazer nada, damos o nome de indiferença.

NÃO FiCOaLHeado

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PRESTO ATENÇÃO?Certamente já participaste em cam-panhas de solidariedade promovidas pela tua escola, em favor de alguma instituição. Estas campanhas tentam reduzir os efeitos da indiferença. Com elas a escola convida-te a participa-res de forma activa na minimização destes problemas, ao mesmo tempo apela à tua reflexão sobre as causas que desencadeiam estas situações de carência e injustiça, tentando que tu próprio não sejas no futuro parte dessa causa.O problema da indiferença não é um problema do mundo, mas um proble-ma de cada um de nós e que começa em nós. Apesar de muito importan-tes, não deixamos de ser indiferentes apenas por participarmos em campa-nhas de solidariedade. Deixamos de ser indiferentes quando deixamos de ver o próximo para o olharmos ver-dadeiramente. É na escola que tens a maior parte dos amigos e colegas. tens uma rotina que passa pelas au-

las, pelos testes, pelos trabalhos de casa, pelas notas… Mas já reparaste bem no teu colega do lado? Já olhas-te bem para cada uma das pessoas da tua turma? Já te perguntaste por-que é que o colega da cadeira de trás anda mais calado do que o costume? Já te questionaste porque será que a colega tem faltado às aulas? Será que não precisa de alguma coisa? Sabes o que preocupa o colega da frente? O que tentaste fazer para o ajudar apesar de não conviveres mui-to com ele? Estas perguntas todas são apenas para te ajudar a reflectir sobre alguma possível distracção da tua parte pelo que te rodeia.

IMPORTO-ME E ACTUO?Mas atenção, tudo começa com olhar atentamente mas deve acabar no agir!Se o meu colega está triste, vou pen-sar no que posso fazer para diminuir a sua tristeza. Às vezes basta tão pouco! Apenas estar disponível para

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Cantinho da Audácia

ouvir e dar uma palavra de ânimo e de esperança. Mostrar que reparaste na sua tristeza e preocupação e mos-trares-te disponível para o ajudar.Outras vezes, o nosso agir passa pela ajuda na realização das tarefas esco-lares, no incentivo, no estudo com co-legas com mais dificuldades, dar-lhes ânimo para não desistirem perante uma nota menos boa…O não ser indiferente passa também pela denúncia de situações graves que podem passar despercebidas aos professores e a todos aqueles que po-deriam ajudar a resolver as situações, evitando consequências maiores.

Prof. Isabel Mesquita

DESAFIO

Neste mês pascal, lanço-te um desafio: olha atentamente para cada um dos colegas da tua turma. Apesar de os veres todos os dias, olha atentamente para eles. O que descobristes de novo? Que desafios te colocam estas novas descobertas?Uma Páscoa muito feliz, e que o teu ver se transforme num verdadeiro olhar!

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Uma vez, numa conversa entre amigos, todos ligados de forma activa à igreja, uma pessoa do nosso grupo voltou-se para nós e disse-nos algo que nos dei-xou temporariamente de boca aberta: “Cristo veio instaurar a religião do casa-mento”. Mas, passados uns segundos, demos por nós a compreender o que ele pretendia com aquela afirmação. Afinal de contas, desde o Antigo tes-tamento que os nossos antepassados na fé usaram a metáfora da Aliança para descrever a relação entre Deus e o Seu Povo. Um povo que é muitas ve-zes infiel a essa mesma Aliança, mas com quem Deus insiste partilhar aquilo que é, um povo a quem Ele estende o Seu convite para um novo banquete, uma Nova Aliança. talvez por isso, o apóstolo João situa o início do ministé-rio de Jesus nada mais, nada menos, do que nas bodas de um casamento. Mais tarde, na Sua última noite antes da Paixão, Cristo veio a instaurar essa Nova Aliança, numa ceia de Páscoa, com aqueles que mais amava. E talvez

também por isso, uma das primeiras experiências com o Ressuscitado de que Lucas nos fala se dê também à mesa, com aqueles dois discípulos que iam a caminho de Emaús.Os encontros com o Ressuscitado que os Evangelhos preservaram até aos nossos dias são muito interessantes. Como era, pensamos hoje, a intenção geral dos evangelistas, esses episódios não pretendiam fazer um relato históri-co e literal daquilo que aconteceu após a Páscoa do Senhor, mas representam sobretudo a forma como a comunidade dos amigos de Jesus, após a Sua mor-te, experimentou a presença de Jesus no meio deles, na sua vida diária, na sua missão, no seu crescimento como igreja, e pôde assim dizer, sem receios nem dúvidas, que “Realmente o Se-nhor ressuscitou e apareceu a Simão!”. Por isso mesmo, e tal como veio a acontecer no relato de Emaús, estes encontros retomam certos temas dos ensinamentos de Jesus, precisamente para mostrar que o sonho do Reino de

“ENtÃO, OS SEUSOLHOS ABRiRAM-SE E recoNHeceraM-No.”(LC 24, 13-35)

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Dialectos da Palavra

Deus se cumpriu e é digno de fé. Um sonho que se tornou, enfim, realidade. Na mesa de Emaús cumprem-se mui-tas das promessas de Cristo, Ele que ti-nha dito anteriormente que passariam céus e terra antes que uma só vírgula da vontade do Pai fosse mudada.À mesa, Jesus de Nazaré perdoou mu-lheres adúlteras e cobradores de im-postos, acolheu-os e fê-los iguais aos fariseus com quem estava também sentado. Alimentou milhares. Falou do Reino de Deus e lançou também os seus primeiros alicerces, entre conver-sas e alimentos repartidos. Era a Sua forma de convidar quem O soubesse escutar para o grande banquete orga-nizado pelo Pai. À mesa, na Última Ceia, Jesus revelou os segredos mais profundos do seu coração, deixou João inclinar-se sobre o Seu colo, falou do que havia de acontecer na Sua Paixão e prometeu o grande dom do Espírito Santo. tudo isto foi confirmado com o acontecimento da Sua ressurreição. Porém, e como sabemos, custou aos

discípulos perceberem todas estas coi-sas e aceitarem deixar-se levar pela acção do Espírito que lhes havia de en-sinar muito mais. Primeiro teriam que vencer a sua tristeza e desânimo, o que era óbvio dada a dor e o choque de te-rem assistido à morte do seu Mestre. Quanto a estes dois discípulos, que curiosamente encontramos a caminho para a cidade de Emaús como se fosse o mesmo Mestre a enviá-los em mis-são (dois a dois, como os 72 que Lu-cas diz terem sido enviados durante o caminho para a Paixão em Jerusalém), reparamos que precisam também de vencer a sua ânsia por milagres extra-ordinários, por um sinal caído dos céus que os provasse, por A+B, que valia a pena continuar, seguir em frente, “per-manecer” em Jesus como Ele tinha pe-dido.E eis que Jesus se aproxima… Mas, iro-nia das ironias, não é reconhecido. Che-ga a colocar-Se lado a lado com os dois discípulos e a caminhar com eles, mas tudo o que encontra são as suas inquie-

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tações e o derrotismo com que olha-vam para o futuro próximo. tinham o mesmo problema de visão que aqueles outros seguidores de Jesus que espe-ravam que Ele liderasse uma rebelião política ou Se tornasse o rei de israel, para derrotar e dominar todos os Seus inimigos. É então que o Evangelho nos diz que Jesus resolve despertá-los. É engraçado que, ao contrário de outras aparições pós-Ressurreição, onde se

diz que o Senhor Se manifesta de ma-neira sobrenatural (como por exemplo a atravessar paredes e portas ou a re-petir milagres como o da grande pesca-ria…), desta vez Ele simplesmente faz-Se presente, como Deus-connosco, e começa a trazer à memória dos dois caminhantes tudo o que tinha sido dito

nas Escrituras, desde as primeiras pro-fecias do Antigo testamento até então. Não decide mover montanhas, mas ao invés move os seus corações para se recordarem do que já tinham escutado e vivido com Ele ao longo dos anos em que O conheceram.O verdadeiro encontro só se daria mais tarde, quando os discípulos, diante do cair do dia, se começam a abrir à novi-dade. tornam-se vulneráveis, vêem a porta aberta para que possam sair de si mesmos, e dizem “Fica connosco”. É um encontro em dois actos, e o se-gundo dá-se de facto à mesa, quando o Ressuscitado parte o pão. Só aí O reconhecem, quando a sua sede se en-contra com Aquele que disse na cruz: “tenho sede”. Só aí fazem de facto me-mória, como o Senhor pedira na Última Ceia. tal como hoje fazemos a cada Eucaristia, com as mesmas duas “me-sas” em que este episódio se desenro-la: a da Palavra e a do Pão. À mesa, em Emaús como hoje, Jesus mostra que a Salvação não é um aconteci-

Jesus mostra que a Salvação não é um acontecimento perdido no passado, como nos filmes, ou um cataclismo a aguardar-nos no futuro.

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Dialectos da Palavra

mento perdido no passado, como nos filmes, ou um cataclismo a aguardar-nos no futuro. A Palavra, Ele mesmo, actualiza em nós aquilo que foi dito outrora, para que o nosso “agora”, a nossa vida, seja efectivamente o “hoje” de Deus (o Deus dos vivos!), tão real como nas comunidades de fé que nos deixaram as suas próprias experiências da Sua Presença, através das Escritu-ras. No partir do pão, Cristo realiza o que o gesto significa de facto: a “troca admirável” (no dizer da tradição da igre-ja) em que Deus Se dá inteiramente e nos convida a nos darmos também por inteiro, em que Deus faz experiência de humanidade para que o Homem tam-bém chegue a ser mais divino. O ponto de contacto entre estes dois mundos dá-se sob a circunferência do pão dado e repartido; esse ponto de contacto onde Deus beija o ser humano é Cristo, o grande Amen à vontade do Pai que é para nós também motivo para um grande “Obrigado”. A mesma acção de graças que repetimos a cada Eucaristia

e que dá o nome ao sacramento. Só se agradece algo que recebemos e temos já nas nossas mãos. Em Emaús, o mo-mento em que se partiu o pão resultou no reconhecimento de Jesus como o maior presente do Pai para a huma-nidade. Abriram os olhos e repararam que o Reino de Deus já estava no meio deles. Vivo e palpitante, à espera em cada pessoa que partilhe o mesmo sonho de Deus: fazer todas as coisas novas no Amor. Descobriram ser esse afinal o centro da sua fé. Cruzaram-se com Jesus. Aconteceu Ressurreição.Como explicar que ainda hoje, apesar das dúvidas e crises habituais, esteja-mos a celebrar este mistério de Pás-coa? Poderíamos falar numa espécie de “pedagogia” de Jesus capaz de mar-car de tal forma aqueles que O rodea-ram. Mas aquilo que mais cativava as pessoas que se aproximavam d’Ele (e as que ainda hoje se aproximam) era exactamente o facto de Ele não ter vin-do a nós com uma mão cheia de técni-cas de manipulação. Jesus veio inteira-

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mente desarmado. Fez-Se vulnerável, e com isso pôde mostrar a verdadeira essência do Amor. Para Ele, o verda-deiro milagre não estava em caminhar sobre as águas, mas sim em apresen-tar a abundância de vida que existe na Criação, a Criação que Deus não deixou abandonada e em cuja história teima em querer participar. Um Deus que ca-minhou e falou com os homens e que agora deseja viver no mais íntimo do próprio ser humano, pelo Seu Espírito. “Olhai os lírios do campo”, dizia Ele no chamado “Sermão da Montanha”. O Nazareno preferia os gestos às pala-vras. todo o Seu discurso se resumiu num simples e poderoso “Eu Sou.” Aliás, Ele é a Palavra, como bem di-zia o evangelista João. E note-se que, por isso, Ele não apenas transmitia a Palavra, como aqueles a quem Paulo chamava “homens velhos”, que não passaram pela Ressurreição e ainda se agarram à Lei antiga e à sua condena-ção. Não. Cristo partilhava a Palavra. Partilhava-Se a si mesmo e ainda o faz, como quem partilha o pão com os amigos. Foi assim que os próprios dis-cípulos em Emaús vieram a dizer: “Não nos ardia o coração, quando Ele nos fa-lava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”.

Fábio Barbosa

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Pier Giorgio Frassati nasceu em turim, a 6 de abril de 1901 (Sábado Santo), de uma família rica: a mãe Adelaide Ame-tis uma pintora; o pai, Alfredo Frassati, em 1895 com pouco mais de trinta e seis anos fundara o jornal “La Stampa”; em 1913 é o mais jovem senador do Reino e em 1922 é embaixador da itália em Berlim. Pier Giorgio absorveu a vida cristã mer-gulhando espontaneamente, por esco-lha pessoal na água viva que a igreja daquele tempo lhe oferecia: daquela igreja na qual não faltavam limites e problemas, ele sentiu-se “parte”, membro activo. As associações nas quais Pier Giorgio se inscrevera, muitas vezes contra a vontade dos familiares e participando em todas as actividades, assumindo responsabilidades. “Você è um ‘beato?’, perguntou-lhe al-guém na universidade. Não respondeu Pier Giorgio com bondade mas com fir-meza: “Não, sou ‘cristão’! Em 1919, sen-do ainda menor Pier Giorgio inscreveu-

se na “Conferência de S. Vicente”. Os seus estudos vinham iluminados de fé e caridade, devido à sua condi-ção social tinha possibilidades, por isso escolheu engenharia mineraria, porque quando na Alemanha reparou nas gra-ves condições de trabalho dos minei-ros: “quero ajudar o povo nas minas e posso fazer melhor mesmo não sendo sacerdote pois os sacerdotes não es-tão muito de perto dos problemas do povo.” Assim explicava o porquê da sua escolha a Luise Rahner, mãe do cele-bre teólogo Karl Rahner, onde ele foi

hóspede por algum tempo. Dizia que queria ser “mineiro entre os mineiros.” A irmã Luciana revelou que a situa-ção era mais humilhante de quanto se pode imaginar: Em casa Pier Giorgio

Folha dos Santos

BEAtOpier GiorGiofrassati

Em casa Pier Giorgio era tido como um tolo e sempre com pouco dinheiro porque para ajudar os outros devia dar não o supérfluo mas o necessário.

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era tido como um tolo e sempre com pouco dinheiro porque para ajudar os outros devia dar não o supérfluo mas o necessário.

Procurava convencer os outros a fazer o mesmo. Diz um amigo: Um dia pro-curava convencer-me entrar na confe-rência de S. Vicente de Paulo, a minha dificuldade era entrar nas casas dos pobres pois poderia vir a ter algumas doenças, ele com muita simplicidade

respondeu-me que visitar os pobres era visitar Jesus. Entre os seu sofrimentos, devemos lembrar o seu amor profundo por Laura Hidalgo de condição humilde, amor ao qual ele se sentiu moralmente a renun-ciar devido aos preconceitos da família. E ao ver o divórcio dos seus pais tão real percebeu que: ”não posso destruir uma família para formar uma outra. Serei eu a me sacrificar” No dia 30 de junho de 1925 Pier Giorgio começou sentir enxaqueca e inapetên-cia. Ninguém lhe deu a devida atenção porque a sua avó estava a viver os seus últimos dias (com cerca de noventa

”não posso destruir uma família para formar uma outra. Serei eu a me sacrificar”

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anos), e aquele rapagão alto e vigoroso, a quem pouco se reparava pois era bom demais, com as suas “febrezinhas” não deveria ser nada de outro mundo. Mas é que Pier Giorgio começava a morrer, sentindo o seu jovem corpo destruir-se com a paralisia que estava avançando progressiva e implacavelmente, sem que ninguém lhe desse atenção. Assim ele, humilde e manso, enfren-tou sozinho o sintoma do terrível mor-bo da qual gravidade ele não se aper-cebia, sem poder ao menos falar com alguém. Quando os pais apavorados afinal com-preenderam o que lhe estava a aconte-cer já era tarde. A vacina que veio rapi-damente do instituto Pasteur de Paris já não tinha efeito devido ao avanço da doença. No último dia de sua vida, dia quatro de julho de 1925, Pier Giorgio pediu à irmã Luciana para buscar na escriva-ninha uma caixinha de injecções que não tinha conseguido entregar a um dos seus pobres e quis escrever um bi-lhete com as instruções e o endereço: Quis escrevê-lo com as suas próprias mãos já atormentadas pela paralisia e saiu um emaranhado de letras quase incompreensível. É o seu testamento: as últimas energias para a última ca-ridade. O funeral, no dia seis de Julho, foi um acorrer de amigos e principalmente de pobres; os primeiros a ficar assom-

brados vendo-o tão querido e tão co-nhecido, foram os seus familiares que pela primeira vez compreendiam onde Pier Giorgio viveu verdadeiramente nos seus poucos anos de vida, apesar de ter tido uma casa confortável e rica na qual chegava sempre atrasado.

A vinte de Maio de 1990, o Papa João Paulo ii beatifica Pier Giorgio Frassatti, estando na Praça de São Pedro mais de 50 mil fiéis provenientes de todas as partes da Europa.A dezasseis de Setembro deste mes-mo ano os restos mortais do beato são transladados do cemitério de Pollone para turim, a sua cidade natal, junto do altar lateral da catedral, onde são visi-tados por constantes peregrinações.

A sua festa litúrgica celebra-se a quatro de Julho. É um dos patronos das Jornadas Mun-diais da Juventude, tendo sido chamado pelo Papa João Paulo ii como o “jovem das oito Bem-Aventuranças”.

Texto de Pe. Jason Gouveia

Revisão de Nuno Sousa

Folha dos Santos

+ Informações emwww.piergiorgiofrassati.no.sapo.pt

É o seu testamento: as últimas energias para a última caridade.

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Há 2 anos atrás, aquando da criação do novo site, lançámos também um slo-gan: Juventude que acredita! Na altura achámos que este slogan sugerido por um amigo seria o adequado para nos definir. Hoje temos a certeza!todos nós somos jovens que acredita-mos... em nós, num mundo melhor, no Amor e na justiça, mas principal-mente em Deus. É de Deus que nos vem a força por ir mais além e a GODzine é disso exemplo.Este projecto que já tem algum tempo, só agora com a colaboração do Nuno, alcança o que sempre idealizámos,

uma edição em pdf e disponível para download. isto não significa contudo que a Godzine parou de evoluir, muito pelo contrário. Existe muito a fazer e a melhorar e por isso contamos com todos vós, jovens que acreditam!Estamos a viver o tempo Pascal, um tempo de alegria e júbilo porque Jesus, aquele Homem que morreu por nós, ressuscitou! E com ele devemos res-suscitar todos nós, na nossa fé e nos nossos gestos e atitudes. Esta é por-tanto a altura certa para ressuscitar a Godzine!Em futuras edições este será o ponto

A FORçADE acreditar

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Juventude que acredita

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de ligação com o portal CJ e o que por lá se faz, tentando resumir em duas páginas, um mês de actualizações diárias, comentários e discussões, pas-satempos, artistas e outros destaques. Este será o cantinho da Juventude que acredita!

Contamos contigo, contamos com a tua fé!

Abraço em Cristo (Jovem)!

Miguel Mendes

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Contacta-nos:http://[email protected]

Ficha técnica

Coordenador:Nuno Sousa

Design:Miguel Mendes

Colaboradores:

Olhando: Nuno SousaDialectos da Palavra: Fábio BarbosaCantinho da Audácia: Revista AudáciaFamília Cristã: Revista Família CristãReflexões Virtuais: Fernando Cassola MarquesFolha dos Santos: Nuno SousaNoticias: Nuno Sousa