Ágora abril 2010

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ÁGORA Preocupas-te? No dia 23 de Abril o Centro recebeu 24 jovens que vieram conhecer uma reali- dade diferente. Todos verem de se colocar no lugar de um utente do Centro e “viver” por algum tempo estórias de vida problemácas. A ini- ciava abrangeu os alunos do ensino secundário da Escola Secundária de Carcavelos, Colégio Marista de Car - cavelos e St. Julians School. (pág.3) Agenda Distribuição Gratuita Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos Venha visitar-nos em www.centrocomunitario.net e em hp://centrocomunitariocarcavelos.blogspot.com Abril 2010 Precisa de uma empregada domésca? Venha ao Gabinete de Inserção Profissional (GIP) e peça o recruta- mento de uma empregada. Horário: Todos os dias úteis, das 9h30 às 13h30, excepto à 5ª Feira Técnica Responsável: Rita Almeida O Presidente da Câmara Municipal de Cas- cais escreveu para o Ágora! Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social (pág. 8) Voluntariado na 1ª Pessoa Marta Pinto Leite (pág. 6) Reportagem: O Centro em números... E não só. (pág. 4) 154 5 de Maio: Feira do Vende Tudo 5 de Maio: Encontro de voluntários, às 14h30, na Biblioteca do CCPC 6 de Maio: Atendimento ao Imigrante pelo ACIDI 17 de Maio: Peregrinação a Fáma Preço: CCPC - 20€ / Comunidade - 22€ (parda às 8h) | Inscrições até 12 de Maio na Secretaria 30 de Maio Feira das Velharias Todas as 3ªs Feiras de manhã Mini-Feira do Vende Tudo

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Newsletter mensal do Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos

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Page 1: Ágora Abril 2010

ÁGORA

Preocupas-te?No dia 23 de Abril o Centro recebeu 24 jovens que vieram conhecer uma reali-dade diferente. Todos tiverem de se colocar no lugar de um utente do Centro e “viver” por algum tempo estórias de vida problemáticas. A ini-ciativa abrangeu os alunos do ensino secundário da Escola Secundária de Carcavelos, Colégio Marista de Car-cavelos e St. Julians School. (pág.3)

Agenda

Distribuição Gratuita

Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos

Venha visitar-nos em www.centrocomunitario.net e em http://centrocomunitariocarcavelos.blogspot.com

Abril 2010

Precisa de uma empregada doméstica?

Venha ao Gabinete de Inserção Profissional (GIP) e peça o recruta-

mento de uma empregada.

Horário: Todos os dias úteis, das 9h30 às 13h30, excepto à 5ª Feira

Técnica Responsável: Rita Almeida

O Presidente da Câmara Municipal de Cas-cais escreveu para o Ágora! Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social (pág. 8)

Voluntariado na 1ª PessoaMarta Pinto Leite (pág. 6)

Reportagem: O Centro em números... E não só. (pág. 4)

154

5 de Maio: Feira do Vende Tudo

5 de Maio: Encontro de voluntários, às 14h30, na Biblioteca do CCPC

6 de Maio: Atendimento ao Imigrante pelo ACIDI

17 de Maio: Peregrinação a Fátima Preço: CCPC - 20€ / Comunidade - 22€ (partida às 8h) | Inscrições até 12 de Maio na Secretaria

30 de Maio Feira das Velharias

Todas as 3ªs Feiras de manhãMini-Feira do Vende Tudo

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Certificação de QualidadePorque estabelecemos objectivos?

A Feira do Vende Tudo de Abril resultou em 1584.41€. Já a participação na feira das Velharias que aconteceu no dia 25 de Abril, resultou em 635,22€. Estes resul-tados só foram possíveis graças ao empenho e dedicação de todos os voluntários, nomeadamente da Isabel e Alexandre Nicolau, Pureza Rodeia e colaboradores Emídia Borges e Abaris Silva. Obrigada pela vossa contribuição! A empresa de reparação de calçado, Bota Minuto, realizou a campanha "Procuro Novo Dono", com o objectivo de recolher calçado que as pessoas já não precisam. Dessa campanha resultaram 877 pares de sapatos para o Centro. O nosso agradecimento.Também a Ecobolos, em Abril, doou ao Centro um total de 50 caixas de pastelaria variada com 15 unidades cada.Lembramos ainda que, no CCPC, aceitamos roupa, brinquedos, livros, utensílios domésticos, equipamen-to... Aquilo que já não precisa mas que ainda se encontra em boas condições para que outros possam utilizar. Estas ofertas podem ter vários destinos: oferecidas às famílias ou indivíduos apoiados pelo centro;

utilizadas no próprio Centro; partilhadas com outras instituições; ven-didas nas Feiras do Vende Tudo que o Centro promove mensalmente. Com esta iniciativa, este ano já conseguimos angariar 4.443,72€. Acre-ditamos que desta forma estamos a contribuir para um desenvolvimento mais sustentável e a oferecer à comunidade uma oportunidade de com-prar bens a preços mais acessíveis.o

Angariação de Fundos

O grupo coral Vocal Da Capo foi convidado a participar no lançamento do livro A Dor que me Deixaste, de Maria João Saraiva, no El Corte Inglês, em Lisboa. O evento abriu com a sessão de apre-sentação feita pelo Prof. Dr. Coimbra de Matos e encerrou com o lindo momento musical propor-cionado pelo Vocal Da Capo, dirigido pelo Maestro Eduardo Paes Mamede.o Maria João Saraiva, Vocal Da Capo

Vocal Da Capo

Para cada área os seus objectivos. Porque trabalhamos por objectivos? Durante estes últimos meses a equipa técnica reuniu-se semanalmente, para de-senvolver os objectivos para cada valência e definir os indicadores da qualidade, de acordo com a Política da Qualidade. Neste sentido, e desde que iniciamos o processo de organização da Certificação da Qualidade que o nosso enfoque está na qualidade dos serviços que prestamos aos nossos Clientes, Colaboradores, Voluntários, Fornecedores e a Comunidade em Geral. o

Ficha Técnica:Coordenação:Natércia MartinsRedacção:Susana Teodoro; Cátia SilvaLayout e Grafismo:Susana TeodoroRevisão:Conceição Fernando, Mário MarfimColaboraram neste número:Fernando Catarino, Fernando Fradique, Maria João Saraiva, Moira (receita), António Capucho (Câmra Municipal de Cascais).Propriedade:Centro Comunitário da Paróquia de CarcavelosAv. do Loureiro, 3942775-599 CarcavelosTel: 214 578 952Fax: 214 576 768Email: [email protected] em www.centrocomunitario.netcentrocomunitariocarcavelos.blogspot.com

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Dia 23 de Abril foi um dia diferente para cerca de 300 jovens do ensino secundário da Escola Se-cundária de Carcavelos, Colégio Marista de Car-cavelos e St. Julians School.No âmbito do Ano Europeu da Luta Contra a Po-breza e a Exclusão Social, a Comissão Social de Freguesia de Carcavelos levou alguns jovens a visitar as instituições de cariz social da freguesia, com o objectivo de sensibilizar para a realidade social.No Centro Comunitário queríamos acima de tudo que os 28 jovens que nos visitaram percebessem a dura realidade com que algumas pessoas têm de lidar no seu dia-a-dia. Criámos então um jogo de simulação, em que, du-

rante cerca de uma hora, os jovens tiveram de assumir uma personagem dentro de uma estória de vida por nós criada (mas baseada

em casos reais).Foi assim que os jovens tiveram de enfrentar os problemas de: um casal de reformados que pre-tende ocupar o seu tempo; uma família monopa-rental com uma mãe desempregada e um filho toxicodependente; uma família que perdeu a sua empresa e tem créditos para pagar; um casal com dois filhos para ocupar os tempos livres e um irmão deficiente; um casal de imigrantes que pre-tende integrar-se no país...Foram pequenas amostras do quotidiano do Cen-tro que pretendíamos que causassem impacto nas jovens mentes que nos visitavam. Alguns ficaram surpreendidos com factores tão simples quanto um trabalhador ter de aceitar um emprego inferior às suas qualifi-cações, outros não sabiam como lidar com a perda do conforto financeiro, e outros, pura e simplesmente, ficaram em dúvida sobre o que era real e o que era ficção.Foi um dia em cheio que pretendeu alertar estes jovens para uma realidade que não contactam di-ariamente.O dia terminou com jogos na praia de Carcavelos e com um concerto às 21h30 no Pavilhão da Escola Secundária de Carcavelos com Hmb e Marrokan.o Ver mais em http://centrocomunitariocar-cavelos.blogspot.com

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Cá em casaPreocupas-te?

Pelo seu carácter de maior proximidade aos territórios, as Comissões Sociais de Freguesia têm um papel relevante no contexto da Rede Social. Cabe-lhes contribuir para o diagnóstico dos problemas, procura de soluções e promoção da qualidade e eficácia da intervenção em rede. Para partilha de algumas ex-periências neste contexto, realizou-se um encontro no dia 30 de Março, com a participação de CSF de Cascais, Oeiras, Lisboa e Sintra. A CSF de Carcavelos apresentou o seu percurso e experiência e a directora do Centro, Conceição Fernando moderou o painel.o

Workshop das CSF’s

As inscrições para monitores da “Porta Aberta” decorrem entre 15 de Maio e 15 de Junho. Idade mínima necessária é de 16 anos.Quanto às inscrições das crianças que querem participar nas actividades: o mês de Maio destina-se às inscrições para as crianças que frequentam o Espa-ço ABC; de 1 a 15 de Junho é a vez dos residentes na freguesia de Carcavelos; a partir de 16 de Junho as inscrições são abertas à comunidade em geral.o

Porta Aberta

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O Centro em números... E não só.

O Projecto Intervir traduz-se no apoio social às pessoas em dificuldade na Freguesia de Car-

cavelos. Em 2009 foram rea-lizados 1015 atendimentos, com 162 pessoas ou famílias a inscreverem-se pela primei-

ra vez. Na sua maioria são mu-lheres, portuguesas, com idade entre os 30 e os 50 anos.

As pessoas procuram o Centro muitas vezes em situação de cri-se e nesses casos o pedido mais frequente são os alimentos e a roupa mas também a necessi-dade de informação sobre recur-sos sociais: como obter determi-nado subsídio, que documentos

Oespaço ABC1 destina-se às crianças do primeiro ciclo e o Espaço ABC2 (aprender Sonhar e Crescer) às crianças do segun-do ciclo. Ferquentaram o ABC1 26 crianças da escola do ensino básico da Rebelva (ano lectivo 2009-10) e 35 crianças do ano lectivo 2008-09.No Espaço ABC2 participaram 14 adolescentes que frequentam o segundo ciclo da escola de St. António e da Escola Secundária de Carcavelos.

O ÁGORA foi falar com alguns dos pais para saber um pouco para além dos números. Alguns já conhecem o Centro há tanto tempo que eles próprios já fre-quentaram o Espaço ABC (antiga-mente chamado ATL). É o caso da Sandra Casaleiro, mãe da Fi-lipa Mendes, que diz que foi por causa disso que optou por colo-car sua filha aqui. “Tenho confi-ança e sinto-me segura quando deixo cá a minha filha”, afirma.Como o Espaço ABC trabalha directamente com a Escola Primária da Rebelva, a maioria dos pais dizem ter optado pelo Centro devido à proximidade geográfica. Mas quando os ques-tionamos sobre os pontos fortes

do serviço, não tiveram dúvidas em distinguir-nos. José Sequeira, o pai do Leonardo, diz que o ABC prima pela “varie-dade de actividades” e pela “atenção e dedica-ção dos funcionários”. O transporte das crianças da escola para o Centro é também um aspecto focado por alguns pais, assim como o apoio escolar proporcio-nado e as actividades intergera-cionais. Paulo Pereira, o pai da Rita, deixa claro que até os pais se divertem com as actividades que o Espaço ABC proporciona. A celebração do Dia do Pai/Mãe, ou o Dia da Criança con-tam sempre com a participação dos pais.Mas também consideram que há aspectos a melhorar. Muitos admitem que o facto de o Cen-tro estar em obras é o princi-pal ponto fraco do momento, mas admitem que é “um mal necessário” para haver me-lhores condições no futuro. San-dra Casaleiro considera que era importante as crianças terem outras actividades como o Inglês e a música. Paula Cordas, a mãe do Tomás Cordas, aponta o piso do ringue e a alimentação das crianças em períodos de férias como pontos fracos. Até mesmo

o parque de estacionamento é um factor que assinalam como menos positivo.Por outro lado admitem que existem certas actividades que só encontram aqui no Espaço ABC: a cerâmica, a pastelaria, a horticultura, a dança, entre outros.

Durante os meses de Julho e Agosto a “Porta Aberta” recebeu um total de 295 crianças, tendo--se atingido o número máximo por dia (110) durante todo o mês de Julho. As crianças que participam nestas actividades moram, na sua maioria em Carcavelos e S. Domingos de Rana, tem entre 6 e 12 anos, destacando-se o grupo dos 7-8 anos. Para levar a cabo todas as actividades, foram precisos 30 monitores e 7 ani-madores coordenados por 3 técnicos do Centro. o

Infância

Projecto Intervir

Plantação do Jardim de Aromas

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É obra!Como estão as obras no Centro?

Mais um mês passou e a obra vai crescendo!O piso 0 já tem a laje concluída e já está a crescer o último piso, pelo que já temos uma vista da dimensão que o edifício vai tomar.Como já foram retirados os es-coramentos no piso -1, também pelo interior se tem já a visão do espaço que vamos usufruir sen-do de realçar a zona do futuro salão, da Bolsa de Alimentos e do Esperança de Recomeçar.No final de Abril foram iniciados as drenagens e esgotos interi-

ores.Foi concluído o estudo do equi-pamentos da cozinha e respec-tivos apoios, tendo em vista o volume de refeições que se pre-vê servir, o que obrigou a algu-mas adaptações nos espaços do piso -1. Estas adaptações e as deficiências estruturais do an-tigo pavilhão levaram a um au-mento de custos não previstos, pelo que mais uma vez vai ser necessário reunir esforços para encontrar formas de obtermos o dinheiro necessário.No edifício do antigo pavilhão já estão avançadas as paredes de

tijolo.As adaptações que foi necessário introduzir e o ri-gor deste Inverno levam a que os trabalhos estejam com algum atraso. Consequentemente, isto acarreta o prolongamento das dificuldades nas condições de trabalho de todos e do atendi-mento dos utentes. Mas, mais uma vez, sentimos o esforço de todos para ultrapassar essas dificuldades.o

Fernando FradiqueMembro da Direcção do Centro

precisa, entre outros.Também neste caso o ÁGORA foi falar com algumas das pessoas que recorrem ao Projecto In-tervir para perceber o impacto deste serviço. A grande maioria recebe apoio alimentar do Cen-tro. Dizem que se não fosse este apoio, as suas refeições do quo-tidiano ficavam comprometidas. As estatísticas mostram e o ÁGO-RA comprova: a mulher é quem

dá a cara e quem pede ajuda. Muitas dizem que tinham vergonha de o fazer mas acabaram por ser obrigadas pe-las dificuldades que vivem. “É preciso acontecer algo de grave para perder-mos a vergonha e pedir ajuda”, confes-

sa uma das utentes.A roupa também é um apoio fun-damental, especialmente para as famílias maiores. As peças de vestuário cuidadosamente trata-das pelos voluntários do Banco de Roupa vestem famílias in-teiras - “tem um grande valor”. Não posso comprar roupa nova e as peças que vêm são todas impecáveis!”, afirma Maria de Jesus Nascimento.Quando perguntamos o que

acham que distingue o apoio social do Centro de outros, não têm dúvidas em afirmar que é a forma como são recebidas. “É um sitio acolhedor. A maneira como falam connosco conta muito porque pôem-nos à vontade”. O trabalho no Projecto Intervir visa a autonomização das famí-lias e indivíduos, por isso articula com a àrea do emprego (GIP) e trabalha em parceria com a Se-gurança Social, CMC, Comis-são de Protecção de Crianças e Menores em Risco, escolas, ins-tituições ligadas à saúde, Junta de Freguesia de Carcavelos e outras IPSS’s. Existem outros serviços complementares a esta acção, nomeadamente o apoio escolar para as crian-ças, “mães no Centro”, apoio juridico, apoio psicológico en-tre outros. o

Atendimento social

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Voluntariado na Primeira PessoaMarta Pinto Leite Nestes dias, quem se dirige ao Centro Comunitário não consegue deixar de reparar nos contentores que se ergueram para dar espaço ao novo edifício. Quem os vê por fora, podem parecer pouco aco-lhedores. Por dentro, a realidade é bem diferente, com cores, car-tazes, brinquedos, computadores e até um passarinho. Foi neste ambiente que encontrámos a vo-luntária que apresentamos este mês. Muito prática e frontal, Mar-ta Pinto Leite começa por con-fessar que só agora, aos 45 anos, teve a disponibilidade necessária para se dedicar ao voluntariado.No entanto, ao remexer no baú da memória, acaba por recordar que aos 18 anos já tinha feito uma ac-tividade voluntária. Na altura, não considerou estar a fazer voluntari-ado, porque “tinha tempo – uma vez que fazia melhoria de notas no 12.º ano – e era um trabalho que queria vir a fazer no Centro de Medicina de Reabilitação de Al-coitão”. Enquanto não conseguia entrar em Alcoitão, tornou-se vo-luntária na Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral. A então jovem Marta começou por ajudar os utentes na piscina, para depois leccionar aulas de in-

formática. E foi assim que o voluntariado mudou o rumo da sua vida. No final do ano, Marta não con-seguiu entrar em Alcoitão e na mesma altura a Asso-ciação onde era voluntária abriu um Curso Técnico--Profissional na área da informática: técnicas de arquivo e secretariado para pessoas com e sem deficiência. Marta gostava da área e resolveu experimentar. Desde então a sua vida seguiu os contornos de tantas outras vidas: trabalho, casa, casamento... Como o voluntariado se torna prioridadeHá quem defenda que o voluntari-ado é algo que está dentro de nós e não uma função que desempe-nhamos. Talvez por isso a ideia do voluntariado tenha amadurecido ao mesmo tempo que Marta Pinto Leite se foi tornando mulher. “To-dos os anos dizia que tinha de vol-tar a fazer, porque queria dar um pouco de mim aos outros”, diz, com a consciência que não tinha aos 18 anos. No entanto, o tempo foi sempre o seu pior aliado, até ao ano passado, quando ficou desempregada, conta. “Tinha de vir ao Centro Comunitário de 15 em 15 dias carimbar um papel”, recorda, “e logo na primeira sema-na vi que havia serviço de volun-tariado”. Disse então: “é desta”. E assim foi. A provar que há males que vêm por bem, Marta entrou em Ou-tubro de 2009 no Espaço ABC do CCPC, onde dá apoio escolar a 12 alunos dos 5.º e 6.º ciclos do ensino básico, duas vezes por se-mana. Em pouco tempo percebeu que ensinar está mais nas veias que nos cadernos e hoje defende

que o “fundamental é que as cri-anças aprendam a estudar, a fazer resumos, a procurar a matéria”. E nisto, diz, “sinto-me à vontade... É algo natural”.Hoje, passado quase meio ano, recorda alguns momentos de em-baraço, como aquele dia em que a turma teimava em não se concentrar. Hoje sabe bem como tratar cada uma das 12 crianças, conhece as suas ma-nias, as suas vontades, as suas formas de estudar. Sente ainda o orgulho de ter contribuído para que estudem melhor, porque sa-bem ir ao dicionário, pesquisar as matérias nos livros e seleccionar o que é mais importante. Para além disso, Marta reconhece: “estou a chegar à conclusão que tam-bém estou a receber muito”. Uma dádiva que a voluntária tenta explicar: “uma aluna no outro dia veio ter comigo, triste, porque tinha passado a vir à 6ª feira – quando eu só estou às 4ªs e 5ªs – e queria ver-me”, sorri. Talvez por isso, e porque o voluntariado “dá para relaxar do resto das coisas do dia-a-dia”, Marta Pinto Leite esqueceu já o prometido no início do voluntari-ado: “avisei que era provisório, até começar a trabalhar, mas ago-ra que o voluntariado já está en-caixado na minha vida, o trabalho tem de se adaptar”.o C.S.

BI: Tem 45 anos, é casada e “mãe” de três cães. Está actual-mente desempregada, mas em breve vai voltar a trabalhar para a empresa de formação na área comportamental e vendas para a qual já trabalhou. Nos tempos livres, gosta de andar, muito, e de ler. Gostava ainda de fazer ginástica, mas confessa que ficou entretanto para projecto futuro...

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Espaço EmpregoDesperdício Criminoso

Em Portugal a população que se encontra em risco de pobreza ronda os 18%, superior aos 15% da média da EU. O número de pessoas que recorrem à ajuda do Banco Alimentar vem infeliz-mente crescendo assustadora-mente. Só em 2009 foram cerca de 267.000, mais 18.000 que em 2008. A tendência, tudo indica (com o desemprego a crescer), será pois para aumentar.Esta realidade deveria fazer re-flectir de um modo sério, toda a nossa sociedade. Existem fe-lizmente Instituições Sociais (este Centro Comunitário é um exemplo) que fazem os possíveis para minimizar aqueles que apenas por este meio têm di-reito no mínimo a uma refeição diária. Estas IPSS debatem-se contudo com graves proble-mas de recursos, porquanto as solicitações são enormes e os bens não chegam para todas as necessidades. Contudo…é enorme a quantidade de produ-tos que todos os dias vão literal-mente parar ao caixote do lixo e pasme-se, não por se encontra-rem deteriorados, mas por não estarem dentro dos parâmetros

da comercialização.Por exemplo, caixas de iogurte dentro do prazo de validade, mas cujas embalagens de cartão estejam danificadas, não podem ser ofere-cidas às Instituições, o mesmo sucedendo às frutas que não tenham o calibre autorizado, impe-dindo os agricul-

tores de as distribuir de forma organizada.Não temos dados sobre a quan-tidade de alimentos que todos os dias os supermercados, mer-cados municipais, restaurantes etc. Põem no lixo. Pode-se ainda adicionar os produtos hortícolas que ficam na terra a apodrecer. A ASAE tem destruído toneladas de alimentos, não por porem em perigo a segurança alimentar, o que seria correcto, mas apenas por não estarem normalizados. Será isto admissível quando tan-ta gente passa fome? Se é um problema de leis, então porque não se alteram as leis de modo a evitar o desperdício, sobretu-do em tempos de crise?Em todo o Mundo, quase 900 milhões de pessoas estão em estado de subnutrição. Segun-do relatório das Nações Unidas, a quantidade de produtos que não são aproveitados e deitados fora chegariam para alimentar mais de 50 milhões de pessoas, número mais que suficiente para evitar a morte de 15 milhões de crianças por ano. Entre o que se desperdiça e o que se come a mais nos países desenvolvi-

dos seria o suficiente para alimentar o mundo inteiro e ainda sobejar.Espero que o leitor reflicta nes-ta contradição. Há milhares de pessoas no mundo a morrer de fome todos os dias e, ao mesmo tempo milhares de toneladas de alimentos totalmente des-perdiçados. Considero imoral este alhea-mento dos Governos das várias nações quando a fome é uma re-alidade. Falta vontade a quem decide e a sociedade civil que em algumas circuns-tâncias se revela tão activa no apelo a diversas causas, algumas não tão prementes, também deveria fazer ouvir a sua voz para acabar com os des-perdícios.Os Portugueses que têm dado provas de elevado espírito de solidariedade, tantas ve-zes chamados a colaborar em peditórios aderindo sempre em massa a campanhas e recolhas pontuais, deverão saber que muito mais pode-ria ser feito em favor dos mais desfavorecidos, se não houvesse um certo autismo de quem tem autoridade e po-der para corrigir normas muito pouco consentâneas com as necessidades reais daqueles que não têm voz para gritar por socorro.o

Mário MarfimConsultor voluntário do Espaço [email protected]

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Vidas com história“Estou aqui para o que der e vier”Nasceu no Alentejo há 59 anos mas pouco se recorda da sua ter-ra-natal. Nasceu no meio de um povo tradicionalmente nómada: os ciganos. A “venda” na feira era o seu modo de sustento, e a procura por melhores merca-dos e por melhores condições de vida fizeram com que as mu-danças de morada fossem uma constante. Era preciso procurar por ren-dimentos porque a família era grande. O pai já tinha enviu-vado antes de casar com a mãe de Márcia e começou uma nova família já com duas filhas. Már-cia é a mais velha dos 9 filhos que a sua mãe teve, e por isso nunca teve a oportunidade de estudar ou sequer de aprender a ler. Tinha de ajudar os pais na “venda”. A escola era substituída pelas feiras. Aos 8 anos saiu do Alentejo para a Beira Baixa.A seguir a Márcia, a mãe teve dois filhos com algumas defi-ciências físicas que os impediam de andar. “Tinham os pés tor-tos”, explica. Desta vez não foi “a venda” que os obrigou a mu-dar de sítio, e sim a necessidade de tentar arranjar ajuda médica para os irmãos. Foram para o Porto à procura de um especia-lista que afinal só existia em Lis-boa, no Hospital de Sant’Ana. A passagem pelo norte foi curta e instalaram-se finalmente na Parede. Aqui mora há 12 anos. Os irmãos foram operados no Hospital de Sant’Ana e melhoraram. A mãe teve depois mais dois filhos,

uma menina e um menino, também eles com deficiên-cias. Desta vez o pro-blema era um pouco mais grave. Com 7 anos, a pouca força muscular que ti-nham foi diminu-indo, acabando em última instância na perda total de mobi-lidade. O desespero da perspectiva de uma vida dependente de tudo e todos fez com que a sua irmã se suicidasse com 20 anos. “Ela nem se conseguia pentear”, afirma Márcia. “Até aos 13 anos ainda conseguia andar. Mas de-pois ficou em cadeira de rodas. Não aguentou. Tinha muita ver-gonha. Quando saía à rua punha um chapéu para ninguém a re-conhecer”. Por esta altura já Márcia tinha perdido o pai. A pressão de ter, por um lado, filhos deficientes, por outro, filhos que se deixaram enveredar pelo mundo da droga, fez com que quisesse pôr termo à própria vida. A mãe ficou so-zinha a criar 4 filhos até aos 73 anos, quando faleceu com uma embolia cerebral. Entretanto Márcia havia criado a sua própria família. Juntou-se com uma pessoa e teve 6 filhos. Mas não teve sorte com a esco-lha que fez. O marido bebia e era violento. Só há seis anos, depois de os filhos terem alguma inde-pendência, é que Márcia teve a coragem necessária para sair de casa e criar a sua vida.

Foi primeiro para a casa de um dos filhos mas conseguiu depois alugar uma casa com o apoio da Segurança Social. Inscreveu-se no Centro de Emprego e começou a ir a en-trevistas. O facto de ser cigana fazia com que os empregadores colocassem reticências. Foi uma funcionária da Segurança Social que lhe indicou o trabalho de limpeza na Fundação “O Século”. A única filha que ainda mora com Márcia, com 23 anos, foi também trabalhar na fundação. Os outros ainda se dedicam às feiras.Com 59 anos decidiu-se a vir ao Centro para aprender a ler e a escrever. “Eu sou evangélica e queria conseguir ler a Bíblia”, confessa. Foi um desejo que depois se ampliou para tudo o resto. Frequenta as aulas de al-fabetização do Centro há 4 me-ses. “Já conheço as letras todas”, mas ainda há muito a fazer. “Es-tou aqui para o que der e vier”. Um lema que aplica na escola e na vida.o

Acampamento Cigano

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António Capucho escreveu para o Ágora! A Câmara Municipal de Cascais e o combate à Pobreza e à Exclusão Social

A Câmara Municipal de Cas-cais, através do Departamento de Habitação e Intervenção Sócio–Territorial (DHS), desen-volve de forma regular projec-tos e acções com o objectivo de combater a pobreza e a exclusão social.Integradas naquele Departa-mento existem 2 Divisões de Intervenção Sócio-territorial que dispõem de 6 equipas mul-tidisciplinares que intervêm nos territórios mais vulneráveis do Concelho.Para além da resposta de aten-dimento e acompanhamento às famílias, desenvolvem-se pro-jectos com o objectivo de inser-ção social de grupos mais mar-ginalizados, designadamente:• Protocolo de Apoio a organiza-ções que apoiam famílias em situação de vulnerabilidade.• Protocolo de Cooperação para apoio à sustentabilidade: acordos com 20 entidades com respostas de Lar de Idosos, Cen-

tros de Dia, bem como Creches, Creches Familiares e Centros de Acolhimento de Crianças em Risco. • Programa Apoio Alimentar: visa contribuir para a satisfa-ção da necessidade básica de alimentação aos cidadãos resi-dentes incapazes de confeccio-nar alimentos. • Plataforma SAD +: trata-se de uma plataforma de articula-ção e parceria com as IPSS com serviço de apoio domiciliário• Oficina Social: pequenas repa-rações /adaptações em casa de munícipes idosos ou depen-

dentes. • CLAII Cascais: Centro Local de Apoio à integração de imigran-tes.• Portal Empregocascais.com: Promove a articulação entre a procura e a oferta de emprego.• Serviço Municipal de Trans-porte Adaptado: Abarca a inser-ção escolar, inserção-formação profissional, actividade ocupa-cional, actividade terapêutica, desportiva e actividades de la-zer e instrumentais. • Gabinete de apoio a famílias em situação de endividamento. • Tele-assistência: implemen-tado em parceria com a Cruz Vermelha Portuguesa, pos-sibilita a manutenção da autonomia num quadro de normalidade e proporcio-na uma resposta imediata em situações de urgência /emergência e apoio na solidão.• Ajudas técnicas: apoio pontual a munícipes com baixos recursos económi-

cos.• Plano Concelhio para a inte-gração de pessoas “sem abri-go”.Por outro lado, a Rede Social, através da Divisão Rede Social e Igualdade de Género, cria as condições para o aumento de sinergias entre aos agentes so-ciais e desenvolve instrumentos e metodologias para uma inter-venção mais eficaz e eficiente no combate à pobreza e à ex-clusão social.Em esboço de conclusão, a Câ-mara Municipal de Cascais actua e investe de forma in-tegrada:- No conhecimento, no diag-nóstico e em planos locais;- Na qualificação dos recursos e respostas sociais e de saúde;- Na intervenção directa junto dos indivíduos e famílias;- Na promoção de habitação so-cial;- No apoio à construção de equi-pamentos sociais e de saúde;- Na promoção da Ig-ualdade de Género e de Oportunidades.o

António d’Orey Capucho - Presidente da Câmara Munici-pal de Cascais

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Agenda CulturalHomem de Ferro 2 - estreia a 29 de Abril

Género: Acção/Aventura | Realização: Jon Favreau Interpretação: Gwyneth Paltrow, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson, Don Cheadle, Robert Downey Jr., Mickey Rourke, Sam Rockwell.Na sequela da já conhecida aventura do super herói, Tony Stark tem de fazer frente às pressões para partilhar a sua tec-nologia com as forças armadas.

Cinema

Oeiras - Palácio do Egipto - “Linguagem e Experiência” Até 20 de Junho Obras da Colecção Caixa Geral de Depósitos: três núcleos - 1. Deslocação e Paisa-gem - Alberto Carneiro, Joaquim Rodrigo e Nikias Skapinakis; 2. Forever Pop - Lourdes Castro, Cruz-Filipe, Bruno Pacheco, Miguel Soares, Júlia Ventura e João Vieira; 3. Memória de uma memória ausente - Pedro Casqueiro, Ana Jotta, Álvaro Lapa, Jorge Queiroz, Julião Sarmento e Francisco Tropa.

Horário: 3ª a Dom, das 11h30 às 18h00; última 6ª de cada mês, das 11h30 às 24h. Aberto aos feriados. | Preço: 2€

Exposição

Exposição A-Z, Entre Imagens e Palavras - Pintura de Joana Rego Até 9 de Maio

Fiel aos seus pressupostos de que a arte é um trabalho de busca que perpetuamente se realiza, Joana Rego apresenta um conjunto de obras que vão da letra A à letra Z, e suscitam interpretações a diversos níveis, uns mais superficiais, outros mais profun-dos, sempre valorizando marcas muito pessoais.Informações: 214848900 | Local: Centro Cultural de CascaisHorário: de 3ª feira a domingo das 10h às 18h00

Crianças

ESTORIL SURF BILLABONG GIRLS 7 a 9 de Maio

Espectáculos de Free Surf, o Campeonato Mundial de Surf feminino, Energy Dance, White Drum Circle e muita Festa vão animar o Estoril, para um início de Verão carregado de ener-gia positiva e boa vibração. Bilhetes: 10 euros | Inscrições: [email protected]: Praia S. Pedro do Estoril | Das 9h às 19h

Desporto

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AconteceuConversas sobre... a avaliação nas escolas como factor de inclusão“Aquilo que faço ao reter um aluno é excluí-lo”, afirmou Adeli-no Calado, o orador convidado para este debate organizado pela Comissão Social de Fregue-sia de Carcavelos, no dia 27 de Março, na Escola Secundária de Carcavelos.Uma plateia repleta de profes-sores e pais ouviu a explicação e o ponto de vista do Director do Agrupamento de Escolas de Carcavelos. O professor deu um exemplo elucidativo: “a minha filha mais velha começou a an-dar com 8 meses, o mais novo com um ano e 4 meses. Mas não

o reprovei por causa disso.”Adelino Calado considera que todos temos ritmos de apren-dizagem diferentes e que a esco-la acaba por tentar uniformizar esse ritmo. O problema surge quando alguns não o conseguem acompanhar e, sendo reprova-dos, mais velhos e muitas vezes mais problemáticos do que os novos colegas, acabam por des-tabilizar a nova turma.Assim, Adelino Calado admite ser um idealista, mas considera que todos os casos de reprova-ção devem ser analisados. Diz que a escola deve encontrar uma alternativa para o aluno e

não apenas reprová-lo e dar--lhe “mais do mesmo”, com a repetição de um ano que não vai contribuir em nada para a sua formação como pessoa.o

Seniores visitam Museu da Electricidade

Foi ainda em Março que os Séniores visitaram o Museu da Electricidade em Belém.O Museu está instalado no edifí-cio Central Tejo, que funcionou como central eléctrica do início do século 20 a meados dos anos

1970. A sua arqui-tectura destaca-se na linha do Tejo com a utilização de mate-riais pouco comuns como o vidro, o fer-ro e tijolo vermelho, bem ao estilo das grandes construções europeias da época, quando o Carvão era o elemento primor-dial. Esta era tam-

bém a principal matéria-prima desta “fábrica” de electricidade, chegando em fragatas pelo imenso rio Tejo, e transportado em cestos na cabeça de homens e mulheres: os “alcochetanos”.No interior ainda estão expostas

as caldeiras de alta pressão e as máquinas de produção eléctri-ca. Inúmeras figuras de cêra mostram aos visitantes como os “alcochetanos” produziam a electricidade. As suas duras condições de trabalho sur-preenderam os nossos seniores.No museu existe ainda uma ga-leria dedicada à arte contem-porânea portuguesa.o

Adelino Calado

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No correr do tempoTrabalhadores do Comércio

Faz tempo que pensei usar este espaço para, interesseiramente, homenagear os “trabalhadores do comércio”!Claro que não são os da banda rock, com esse nome, autores de êxitos, como “Chamem a Polícia” e outros que fizeram história, pela ambiguidade e insólito dos temas, cantados em português humorado e “com pronúncia do norte”!A esses agentes culturais, se mere-cerem, que alguém lhes faça as honras, já que não sei meter foice em tão alheia seara.Os trabalhadores do comércio que aqui celebro são muitos deles os próprios donos do que foram ten-das e lojas de Carcavelos e seus co-laboradores que ajudam a manter esta actividade, que fornece bens e estreita elos de convívio e bem- -estar entre a comunidade. São os últimos guardiões de uma actividade que chegou a ocupar muita gente e enchia de vida e bulício o centro da freguesia: o Largo da República que, pela 5 de Outubro abaixo, chegava ao Largo da Estação. Há quarenta e quatro anos, quan-do virei carcavelense, ainda era as-

sim.As outras terras da Linha, Oeiras, Parede e Cascais, tinham o mar logo ali. A praia, em Car-cavelos, sempre ficou mais longe. Só depois do com-boio e da moda dos banhos de mar se arreigar, as elites de veraneio

encheram de vivendas airosas as ruas novas, abertas nas terras das quintas de Carcavelos. Isso fez alargar os acanhadíssimos limites urbanos da freguesia, que, por vários séculos se resumia a es-treitas nesgas, de um casario po-bre, dum lado e doutro da Estrada da Torre e da Estrada Real de Oei-ras para Cascais, a Rua Direita. Estas vias cruzavam-se no cora-ção de Carcavelos. Dum lado era a igreja, ligeiramente altiva em sua localização e escala, face à cor-renteza das casas térreas e, do ou-tro, o chafariz com o tanque, onde é hoje a fonte e o nicho de invoca-ção a São Jorge. Fora disso, eram logo terras muradas das Quintas com as suas Casas Grandes a con-finar num centro forçado, espaços comuns de pequeníssimos largos e becos onde nasceu o comércio que chegou a ser florescente. Lembremo-nos dos tempos áureos das quintas de vinho, do rasgar da linha férrea e da transformação da freguesia em estância de veraneio, a que o Cabo Submarino daria um último impulso, antes da urbaniza-ção das quintas, mal acabou a 2.ª Grande Guerra. Só mais recente-mente o comércio tradicional vai

sendo levado de vencida, numa luta inglória, com as médias e grandes superfícies.Esta nota, interesseira como disse, é uma nota de apreço e estímulo para os bravos comerciantes car-cavelenses, que não longe da implantação do centro urbano original e imediações que vão até à estação, mantém abertas e aco- lhedoras as suas tendas em benefí-cio de Carcavelos.Sem ser exaustivo cito as casas de panos e pronto-a-vestir, Sofico, a Casa Camilo, o estabelecimento do Sr. Antonio Necas e da Dona Idalette (Padrões e Motivos); a Pa-pelaria Cordeiro e, logo ao lado, a drogaria do senhor Amável, onde há tudo; logo abaixo, a Farmá-cia Central, sem modernices, igual ao que foi; a acolhedo-ra Panibel, das empregadas bem-dispostas, nas suas batas amarelas; a vizinha Casa das Tintas com todas cores e soluções; a Primavera, sítio centenário, de doçarias festivas, pastéis e amên-doas pascais, onde, ainda na úl-tima Quinta Feira Santa en-contrei amigos enquanto me abastecia. São estes os “pontos de amar-ração” que num relance rápi-do me ocorreram.A seu tempo havemos de lembrar outras estações de “serviço” e de “revisão” igualmente importantes nesta rede manutenção de laços carcavelenses. Podemos trazer à baila, o mercado e a feira, bar-bearias e bancas de jornais, ban-cos, esplanadas, restaurantes e cafés.o Fernando CatarinoProfessor Catedrático

Drogaria do Sr. Amável

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Receitas em ContaDicas para “Re-cozinhar” comida

Empadas de Frango Preparação:Misturar todos os ingredientes da massa até obter uma massa elástica e homogénea que se descola das mãos.Deixar repousar a massa enquanto prepara o recheio.Levar a cebola picada ao lume com uma colher de sopa de azeite, adicionar os cogumelos e o frango desfiado, juntar o açafrão, temperar com um pouco de pimenta e regar com o vinho branco, polvilhar com a salsa picada, deixar cozinhar em lume brando até evaporar todo o líquido. Deixar arrefecer enquanto estende a massa sobre uma superfície enfarinhada com a ajuda de um rolo da massa. Formar círculos, pôr uma colherada de recheio no centro, fechar a empada, pincelar com gema de ovo ou leite e levar ao forno durante cerca de 20 a 25 minutos ou até a massa estar cozida e dourada.Acompanhar com uma salada verde ou uns espinafres salteados com azeite e alho.Notas: optei por fazer apenas duas empadas grandes que mais pareciam um calzone. Substituí parte da farinha por farinha integral, mas acho que o sabor ficou um pouco forte, pelo que aconselho farinha de trigo T65. o

Ingredientes:Para a Massa:- 250 g de farinha- 1 colher de chá de sal fino- 50 ml de azeite- 80 ml de água- 1 ovo pequenino- 1 colher de café de fer-mento em póPara o Recheio:- Sobras de frango desfia-

do pode ser assado ou gui-sado (o equivalente a dois peitos)- 1 cebola pequena picada- 100 g de cogumelos (fres-cos ou em lata)- 1 colher de café de aça-frão em pó- 1/2 copo de vinho bran-co- salsa 1 raminho- pimenta q.b.

Por: Moirahttp://tertuliadesabores.blogs.sapo.pt