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GESTÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Rafaella Cassia Andrade de Souza (UFRN) [email protected] Jessica Cabral de Frassatti (UFRN) [email protected] Joao Gomes de Torres Neto (UFRN) [email protected] Diogo Roberio Martins Rodrigues (UFRN) [email protected] JULIO FRANCISCO DANTAS DE REZENDE (UFRN) [email protected] O objetivo principal deste artigo cientifico é expor a importância ambiental e organizacional do gerenciamento, armazenamento e destinação final dos resíduos de serviços de saúde. As fases do gerenciamento tem como finalidade não causar impactos ao meio ambiente e ao hospital, devendo serem realizadas tendo em vista uma percepção ambiental bem esquematizada, planejada e muito bem organizada. Escolhemos o Hospital Papi, que é referencia em descarte desses resíduos, sempre visando à segurança, educação ambiental, consciência ambiental por partes dos funcionários e higiene. Na última década, a legislação sofreu um avanço importante, ocasionando o começo de uma conscientização ambiental por parte dos hospitais e da sociedade como um todo. Dessa forma, o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde proporciona aspectos positivos para o meio ambiente, que devem ser ressaltados e levados a conhecimento público, já que a vida humana não existiria sem equilíbrio ambiental. Palavras-chave: Gestão, resíduos, saúde, PGRSS, ambiental XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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GESTÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE

SAÚDE: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL DO RIO GRANDE DO NORTE.

Rafaella Cassia Andrade de Souza (UFRN)

[email protected] Jessica Cabral de Frassatti (UFRN)

[email protected] Joao Gomes de Torres Neto (UFRN)

[email protected] Diogo Roberio Martins Rodrigues (UFRN)

[email protected] JULIO FRANCISCO DANTAS DE REZENDE (UFRN)

[email protected]

O objetivo principal deste artigo cientifico é expor a importância ambiental e organizacional do gerenciamento, armazenamento e destinação final dos resíduos de serviços de saúde. As fases do gerenciamento tem como finalidade não causar impactos ao meio ambiente e ao hospital, devendo serem realizadas tendo em vista uma percepção ambiental bem esquematizada, planejada e muito bem organizada. Escolhemos o Hospital Papi, que é referencia em descarte desses resíduos, sempre visando à segurança, educação ambiental, consciência ambiental por partes dos funcionários e higiene. Na última década, a legislação sofreu um avanço importante, ocasionando o começo de uma conscientização ambiental por parte dos hospitais e da sociedade como um todo. Dessa forma, o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde proporciona aspectos positivos para o meio ambiente, que devem ser ressaltados e levados a conhecimento público, já que a vida humana não existiria sem equilíbrio ambiental. Palavras-chave: Gestão, resíduos, saúde, PGRSS, ambiental

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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1) Introdução

A Gestão de Resíduos é um conjunto de metodologias que tem como objetivo

principal a minimização da produção e eliminação dos resíduos, como também otimizar o

monitoramento de todo o ciclo produtivo desses resíduos. O Engenheiro de Produção pode

atuar na redução da produção desses resíduos como também gerenciar a sua produção na

tentativa de atingir o equilíbrio entre a real necessidade que a sociedade tem desses resíduos e

minimizar o impacto ao meio ambiente.

Em um cenário de constantes transformações sociais e econômica é de suma

importância o conhecimento e reflexão de todos a respeito da Lei 12.305/2010, que trata da

Política Nacional de Resíduos Sólidos, para que desse modo as vertentes sociais e

econômicas possam caminhar sempre juntas. É interessante ressaltar que a referida Lei

engloba os mais diversos setores da economia, orientando as mais diversas empresas a

destinarem os seus resíduos de forma adequada e não apenas coletando o lixo que é

produzido, como ainda é feito em muitas organizações.

Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Associação Brasileiras de Empresas

de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE),quando a temática é Resíduos de

Serviços da Saúde (RSS) apenas uma parcela dos municípios brasileiros coleta total ou

parcialmente esse tipo de resíduo, além da destinação final dos RSS não ser realizada de

forma correta. O Gráfico 1 expressa a forma inadequada como ocorre a coleta dos resíduos de

saúde no Brasil.

Gráfico 1 - RSS coletados pelos Municípios - Regiões e Brasil

Fonte: ABRELPE (2013)

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Apesar do aumento na coleta de 2013 em relação a 2012 pode-se observar que o Brasil

ainda precisa de uma conscientização a respeito da importância da coleta de resíduos

hospitalares, bem como uma maior fiscalização por parte do governo.

A imagem abaixo apresenta como os municípios destinam os seus resíduos. A parte

“outros” refere-se a aterros, valas e lixões.

Gráfico 2 - Destino final dos RSS coletados pelos Municípios em 2013.

Fonte: ABRELPE (2013)

Os gráficos acima reforçam a falta de conhecimento e interesse por parte dos órgãos

responsáveis em se fazer a Gestão dos RSS de forma adequada.

O presente artigo mostra como um hospital de Natal gerencia os resíduos gerados

pelas suas atividade, sendo esse referência no gerenciamento de resíduos hospitalares e sendo

exemplo devido a sua preocupação com o meio ambiente.

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2) Caracterização da empresa

O PAPI, localizado no bairro Tirol em Natal/RN, é um tradicional hospital da cidade,

fundado em 1969. A seguir visualiza-se imagem da fachada do estabelecimento estudado.

Figura 1 - Fachada do hospital

Fonte: PAPI (2015).

O Hospital PAPI gera cerca de 630 empregos diretos e mais 200 indiretos. Funciona

oferecendo serviços especializados de pronto socorro, clínica médica, clínica infantil,

ortopedia, ginecologia, obstetrícia e atualmente conta com 4 salas de cirurgia, 94 leitos para

internação e uma estrutura completa para atender os mais variados tipos de procedimentos

(PAPI: 2015).

3) Referencial teórico

Os resíduos sólidos são definidos pela Norma 10004 da Associação Brasileira de

Normas Técnicas – ABNT (1987) como todo resíduo nos estados sólidos ou semissólidos,

gerados como resultado das atividades humanas.

Oliveira (2008) classifica os principais tipos de resíduos sólidos com base em sua

origem, sendo estes: Residencial ou doméstico, comercial, industrial e resíduo de serviços de

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saúde(RSS). Sendo os RSS os resíduos gerados em todos os locais que prestam serviços de

saúde, englobando hospitais, laboratórios, clínicas, institutos de medicina legal. São incluídos

nesse grupo, também, estabelecimentos de saúde animal, centros de zoonoses, bem como

laboratórios de pesquisa ou fabricação de vacinas.

Segundo a RDC ANVISA nº 306/04, o gerenciamento dos RSS consiste em um

conjunto de procedimentos gerenciais planejados e implementados, a partir de bases

científicas, técnicas, normativas e legais. Tem o objetivo de minimizar a geração de resíduos

e proporcionar a estes, uma destinação segura, de forma eficiente, visando à proteção dos

trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. É

dever de todo gerador de RSS a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviços de Saúde – PGRSS, com base na natureza dos resíduos gerados.

Ainda sobre a RDC ANVISA n° 306/04, o PGRSS deve ser adequado às normas locais

que ditam sobre a coleta, transporte e disposição final dos RSS. O PGRSS deve abranger as

etapas de manejo, segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno,

armazenamento temporário, tratamento, armazenamento externo, coleta e disposição final dos

RSS. Além dessas estapas, o PGRSS deve tratar do planejamento de todos os recursos físicos

e materiais, bem com da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo do RSS.

Segundo o Centro Pan-Americano de Engenharia Sanitária e Ciências do Ambiente

(1997 apud Oliveira 2008) o sucesso do PGRSS deve ser considerados três aspectos

fundamentais: a organização dos sistema de manuseio dos resíduos sólidos, as questões

técnico-operacionais relacionadas aos resíduos sólidos e os recursos humanos necessários

para o funcionamento do sistema.

Para o desenvolvimento desses aspectos o estabelecimento de saúde deve ser visto

como um todo, subdividido em serviços especializados que geram diferentes resíduos sólidos,

a partir de diferentes processos realizados.

Segundo Oliveira (2008), o gerenciamento dos resíduos sólidos significa não só

controlar e diminuir os riscos, mas também alcançar a redução da quantidade de resíduos

desde o ponto de origem, que elevaria também a qualidade e a eficiência dos serviços que

proporciona o estabelecimento de saúde.

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4) Metodologia

Trata-se de uma pesquisa exploratória e um estudo de caso. Para realização da

pesquisa utilizou-se um questionário aplicado junto a uma empresa e visita in loco para

conhecimento do funcionamento da mesma.

A seleção dos indicadores foi realizada tendo como referencial a literatura

(REZENDE: 2012) e a análise de sua relevância na identificação dos impactos dos Resíduos

e sua gestão. A seguir, apresentam-se os indicadores de gestão de resíduos.

Quadro 1 – Indicadores de Gestão de Resíduos

Dim

ensõ

es

Iten

s

Práticas de gestão de resíduos

1 Elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

2 Estabelecimento de metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com vistas

a reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para disposição final ambientalmente adequada

3 A identificação dos impactos ambientais relacionados aos resíduos sólidos

4 Definição das etapas da operaç o est o e res uos i os

5 Desenvolvimento de um plano de emergência para acidentes ambientais;

6 st u o e v ori o s tivi es e o et e res uos s i os reuti i veis e re i veis

7 Capacitação técnica e de educação ambiental voltados à gestão de resíduos e a promoção da não-

geração, a redução, a reutilização e a reciclagem de resíduos sólidos

8 Realização de reuniões voltadas à avaliação da gestão de resíduos

9 Campanha com Panfletos/Cartazes/Folders/Comunicações Internas

10 it o os re ursos hu os re e rote o e ssist i s e f si e e t o

tr h or e vo vi o o er o os servi os e i e

11 Manejo correto dos resíduos, no âmbito interno do estabelecimento

12 Disposição correta dos resíduos conforme o tipo no recipiente adequado

13 Atendimento a critérios técnicos que conduzam à minimização do risco à saúde e à qualidade do meio

ambiente

14 Desenvolvimento de ações preventivas e corretivas a serem praticadas na gestão de resíduos

15 us e re u ir u ti e o t i o e o ivi e os res uos s i os

16 e u ute o os re i ie tes r o i io e to os res uos s i os

17 Combate a derramamentos e vazamentos

18 Adequado acondicionamento dos resíduos

19 Triagem e segregação dos resíduos

20 Criação de instalações, processos e procedimentos que visam a destinação ambientalmente adequada dos

resíduos em consonância com as exigências ambientais

21 Disposição interna dos resíduos de acordo com as características e classificação

22 Realização do tratamento interno dos resíduos

23 Estabelecimento de regras para o transporte e outras etapas do gerenciamento de resíduos sólidos

24 Desenvolvimento de um plano de transporte de resíduos

25 Busca garantir que organizações que realizam o transporte de resíduos realizaram uma destinação

correta

26 Disposição final dos resíduos de acordo com as características e classificação

27 Contrato com organizações especializadas e serviços para realizar a destinação correta dos resíduos

28 Fomento do reaproveitamento de

29 V ori o os res uos s i os org i os o o t ri -prima para reciclagem de seus componentes,

ou tratamento, para fins de compostagem nas instalações

30 Desenvolvimento de mecanismos para a criação de fontes de negócios, emprego e renda, mediante a

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valorização dos resíduos sólidos

Fonte: REZENDE (2012).

O modelo proposto de observação da Gestão de Resíduos engloba indicadores

colaborativos para se fazer tanto uma avaliação de perspectiva macro analítica, como a

identificação de aspectos mais setoriais e específicos.

Os indicadores explicitados no quadro 1 foram traduzidos em questões que foram

apresentadas à empresa.

Os sujeitos da pesquisa foram gestores da empresa escolhida para avaliação. O

respondente avaliou as práticas de gestão ambiental, a partir de uma escala de um a cinco,

conforme o grau de presença da prática de sustentabilidade na empresa. A escala referente de

1 a 5 corresponde às seguintes apreciações: 1 – Nunca; 2- Raramente; 3 - uma vez ou outra; 4

– Regularmente; 5 - Sempre.

A aplicação do questionário ocorreu no período de março de 2015.

5) Resultados

Percebeu-se que a empresa realiza uma boa gestão de seus resíduos sólidos, visto que

atingiu um alto nível de avaliação, como pode ser observado na figura a seguir, com notas 4 e

5 em praticamente todos os quesitos aplicáveis à empresa, segundo os indicadores propostos

pelo questionário. Além disso, o hospital PAPI atua em consonância com a Resolução da

Diretoria Colegiada - RDC nº 306/2004 proposta pela Anvisa (Agência Nacional de

Vigilância sanitária) corroborando com a legalidade e segurança relacionadas aos processos

que envolvem os resíduos de serviços de saúde. Os resultados coletados podem ser

visualizados no Quadro a seguir.

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Quadro 2 - Práticas de Gestão de resíduos privilegiadas pelo Hospital PAPI

Itens

Aspecto avaliado Avaliação atribuída

1 Elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos 5

2 Estabelecimento de metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com

vistas a reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para disposição final ambientalmente

adequada

5

3 Identificação dos impactos ambientais relacionados aos resíduos sólidos 5

4 Defi i o s et s o er o est o e res uos i os 4

5 Desenvolvimento de um plano de emergência para acidentes ambientais; 4

6 Estímulo e valorização das atividades de 4

7 Capacitação técnica e de educação ambiental voltados à gestão de resíduos e a promoção da não-

geração, a redução, a reutilização e a reciclagem de resíduos sólidos 4

8 Realização de reuniões voltadas à avaliação da gestão de resíduos 4

9 Campanhas com Panfletos/Cartazes/Folders/Comunicações Internas 3

10 C re e rote o e ssist i s e f si e e t o

trabalhador envolvido na opera o os servi os e i e

4

11 Manejo correto dos resíduos, no âmbito interno do estabelecimento 5

12 Disposição correta dos resíduos conforme o tipo no recipiente adequado 5

13 Atendimento a critérios técnicos que conduzam à minimização do risco à saúde e à qualidade do

meio ambiente

5

14 Desenvolvimento de ações preventivas e corretivas a serem praticadas na gestão de resíduos 4

15 Bus e re u ir u ti e o t i o e o ivi e os res uos s i os 5

16 Manutenção dos re i ie tes r o i io e to os res uos s i os 4

17 Combate a derramamentos e vazamentos 5

18 Adequado acondicionamento dos resíduos 5

19 Triagem e segregação dos resíduos 5

20 Criação de instalações, processos e procedimentos que visam a destinação ambientalmente

adequada dos resíduos em consonância com as exigências ambientais 5

21 Disposição interna dos resíduos de acordo com as características e classificação 5

22 Realização do tratamento interno dos resíduos -

23 Estabelecimento de regras para o transporte e outras etapas do gerenciamento de resíduos sólidos 5

24 Desenvolvimento de um plano de transporte de resíduos 5

25 Garantia da organizações que realizam o transporte de resíduos realizaram uma destinação correta 5

26 Disposição final dos resíduos de acordo com as características e classificação 5

27 Contrato com organizações especializadas e serviços para realizar a destinação correta dos resíduos 5

Comentários e análises dos dados coletados são apresentados nos subtópicos

seguintes.

5.1) Gestão e manejo dos resíduos no âmbito interno do estabelecimento

A partir da aplicação do questionário no hospital PAPI, constatou-se que a instituição

segue corretamente um plano detalhado de gerenciamento dos resíduos hospitalares. É

coordenado pela gestora ambiental Silvana Costa, o hospital tem a constate preocupação com

a gestão, manipulação, armazenamento e destinação correta aos RSS.

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Ocorre ainda o estímulo e valorização das atividades de coleta de resíduos sólidos

reutilizáveis e recicláveis.

5.2) Sensibilização para gestão de resíduos

Nesse aspecto o hospital é um pouco deficiente em alguns pontos, visto todas as etapas,

desde o recolhimento, armazenamento e destinação final. Tudo foi muito bem planejado,

obedecendo as normas. Porém peca em relação as campanhas de sensibilização nos pacientes,

principalmente junto aos acompanhantes, que muitas vezes descartam lixos inadequadamente

e com isso contribuem para a proliferação de insetos.

Toda a equipe do hospital, principalmente os que estão diretamente responsáveis pela

limpeza e pelos descartes dos resíduos, tem treinamentos constantes, reuniões mensais e

orientações diárias. Isso acontece porque o hospital preza pela limpeza e em seguir as normas,

fazendo com que os pacientes não percebam o transporte desses resíduos e que não fique

nenhum resquício os u rtos e fer ri s UTI’s e e is dependências do hospital.

5.3) Execução da gestão de resíduos

O plano de Gestão de resíduos hospitalares é seguido corretamente dentro da empresa.

O hospital pode ser considerado referencia no estado do Rio Grande do Norte, uma vez que

segue as conformidades exigidas. Em visita técnica ao ambiente estudado verificou-se que

existem todos os recipientes adequados para manipulação e armazenamento dos resíduos que

são exigidos pela ANVISA, seguindo a lei 12.305.2010. De acordo com a classificação dos

RSS, se faz necessário a seguinte classificação:

-Grupo A: Resíduos potencialmente infectante,

-Grupo B: Resíduos químicos,

-Grupo C: Resíduos radioativos,

-Grupo D: Resíduos comuns,

-Grupo E: Resíduos perfuro-cortantes.

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O manejo correto dos resíduos hospitalares garantem segurança e saúde aos

colaboradores, pacientes uma vez que são minimizados possíveis riscos de contaminação e a

má manipulação desse resíduo que é considerado altamente perigoso.

5.4) Tratamento de resíduos

No quesito tratamento de resíduos, a empresa alcançou nota máxima em todos os

quesitos aplicáveis, o que mostra que esse é um assunto bastante importante e privilegiado

pela empresa.

O hospital produz resíduos infectantes, químicos, recicláveis/comuns e perfuro-

cortantes.

Como destacado anteriormente, o hospital segue a RDC - 306, além de possuírem um

Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde completo e atualizado segundo

as necessidades do setor, prezando pela segurança e correto descarte dos resíduos produzidos

na empresa.

Dessa forma, os resíduos perfuro-cortantes são descartados primeiramente em caixas

apropriadas que posteriormente são ensacadas em sacolas adequadas (de cor branca), assim

como os resíduos infectantes e químicos que também são despejados nas sacolas brancas e

devidamente identificados. Em todos os andares do hospital há uma sala isolada para expurgo,

onde esses resíduos de maior periculosidade e potencial de contaminação são,

temporariamente, armazenados em bombonas até o momento da coleta. Após a coleta, os

resíduos do expurgo são armazenados em uma sala, separados do lixo comum, nos fundos do

hospital, onde a empresa terceirizada faz o recolhimento diariamente.

Já os resíduos comuns e recicláveis são descartados em sacolas pretas, também

devidamente identificadas, armazenados em containers e recolhidos de segunda a sábado por

uma outra empresa também terceirizada.

Devido à terceirização do serviço de coleta, não há a realização de um tratamento

interno de resíduos e então esse quesito não foi aplicável.

5.5) Transporte de resíduos

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O Transporte é feito diariamente, pela empresa Serquip, sendo no caso dos resíduos

infectantes, armazenados em bombonas por se tratar de um risco e no caso dos resíduos

comuns, o transporte é feito pela empresa Moloque, que se difere por ser de segunda à sábado,

visto que o aterro sanitário são funciona no domingo.

O Papi segue rigorosamente as regras ditadas pelo NBR. Por exemplo, o transporte é

feito por meio de equipamento adequado, o transporte é protegido de intempéries e sempre

esta devidamente acondicionado para evitar o seu espalhamento na via pública ou via férrea.

Com relação aos transportes de resíduos infectantes, são bem etiquetados e

visualmente identificados, sendo visível a sua origem, destino, estado físico (pastoso, liquido,

sólido e pó).

5.6) Disposição de resíduos

Os resíduos são dispostos de acordo com as normas exigidas e citadas anteriormente,

seguindo rigorosamente os procedimentos de classificação, separação, identificação e

acondicionamento exigidos para cada resíduo.

Além disso, o hospital possui contrato com empresas especializadas na destinação

adequada desses resíduos, assegurando-se que sua destinação final será feita de forma

estritamente legal, em consonância com as normas vigentes e, principalmente, de forma

segura para a população e o meio ambiente.

5.7) Oportunidades na gestão de resíduos

Por se tratar de uma empresa que produz resíduos de sistema de saúde, esse tópico não

foi aplicável ao hospital, pois, além de serem produzidos resíduos com alto poder de

contaminação biológica, que trazem muitos riscos para a sociedade e meio ambiente exigindo

uma tratamento muito específico e cuidadoso, a coleta dos resíduos da empresa é terceirizada.

Dessa forma, não se faz possível o reuso dos resíduos como matéria-prima, o tratamento

desses resíduos e nem a valorização dos mesmos como mecanismos de criação de negócios,

empregos e renda.

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6) Considerações finais

No tocante aos resíduos considerados comuns pela NBR, o hospital segue a legislação.

Conforme foi mencionado anteriormente, houve um estudo detalhado de cada setor, no que se

refere a produção de resíduos, descartes, armazenamento, limpeza, discrição, transporte, tudo

isso sem atrapalhar os atendimentos do Papi. É interessante que se fale, que todas as metas

estabelecidas focam alcançadas e agora estão sendo mantidas.

Não foi encontrado nenhum aspecto que chamou nossa atenção no que se refere as

melhorias, porque tudo foi planejado e é muito bem executado, desde o recolhimento dos

resíduos, até o transporte final.

Sugere-se a conscientização dos pacientes com relação a limpeza dos quartos, visto que a

falta de higiene é porta de entrada para proliferação de insetos, porque atualmente o hospital

tem uma logística de combate aos insetos, mas é deficiente na sensibilização, principalmente

nos acompanhantes dos pacientes.

Outra sugestão é promover a divulgação interna das ações em andamento, mostrando aos

pacientes e funcionários que ali é um ambiente limpo e seguro de qualquer acidente químico

ocasionado pelo manejo dos resíduos.

Referências

ABNT. NBR 10004: Resíduos Sólidos - Classificação. Rio de Janeiro: ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT 2004.

ANVISA. RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 306.AGENCIA

NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA 2004.

ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2013. Disponível em:

<http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2013.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2015.

ANVISA. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br>. Acesso em 7 abril 2015

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BRASIL, Jornal do. A importância da gestão de resíduos nos empreendimentos.

Disponível em: <http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2014/04/18/a-importancia-

da-gestao-de-residuos-nos-empreendimentos/>. Acesso em: 02 abr. 2015.

PAPI. Disponível em: <http://www.hospitalpapi.com.br>. Acesso em 7 abril 2015.

OLIVEIRA, J. M. D. Análise do gerenciamento de resíduos de serviços de saúde nos

hospitais de Porto Alegre. NASCIMENTO, L. F. M. D. 2007.

PAPI. Hospital PAPI. Disponível em: <http://www.hospitalpapi.com.br/>. Acesso em 7 abril

2015.)

REZENDE, Julio Francisco Dantas de. Sustentabilidade das empresas associadas à

REDEPETRO-RN. Natal: PGGA/UFRN, 2012 (Tese de doutorado).