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SOCIOLINGUÍSTICA 2019 2ª Edição Prof. a Luana Ewald Prof. a Danielle Vanessa Costa Sousa GABARITO DAS AUTOATIVIDADES

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Page 1: GABARITO DAS AUTOATIVIDADES - UNIASSELVI

SOCIOLINGUÍSTICA

2019

2ª Edição

Prof.a Luana EwaldProf.a Danielle Vanessa Costa Sousa

GABARITO DAS AUTOATIVIDADES

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SOCIOLINGUÍSTICA

UNIDADE 1

1 A partir de suas leituras sobre a sociolinguística, você deve ter percebido que ela se constitui como um campo científico do estudo da língua, associado à própria linguística. Para auxiliar na sua apropriação de conhecimento acerca dessa disciplina, montamos para você um roteiro de leitura, com o qual você poderá registrar suas inferências a partir das seguintes perguntas:

a) Por que houve a necessidade de iniciar uma nova escola de pensamento para os estudos linguísticos se o estruturalismo já marcava a linguística como ciência?

Resposta: A linguística é a ciência responsável pelo estudo da linguagem humana. Seu reconhecimento como campo científico inicia, especialmente, com a publicação do livro “Curso de Linguística Geral”, em 1916, o qual aborda os principais pressupostos do estruturalismo fundado por Saussure. Saussure analisava exclusivamente os fatores internos da língua, como sua sintaxe e fonologia.Logo após essa publicação, Meillet, que já tinha sido aluno de Saussure, inicia, de modo independente, uma nova forma de pensar a língua, agora procurando incluir as influências sociais que levam a mudanças nos fatores internos da língua. Nesse sentido, houve a necessidade de iniciar uma nova escola de pensamento, que se concretizou como sociolinguística anos mais tarde, para a oposição às concepções sistêmicas e formalistas, nas quais se acreditava ser possível explicar a língua apenas pela sua estrutura, sem considerar os fatores externos que levam à variação e mudança linguística.

b) Quando e onde passamos a chamar os estudos que relacionam a sociedade e a linguística como sociolinguística?

Resposta: A sociolinguística alavancou com a sociolinguística norte-americana, a partir de um seminário organizado em 1964 em Los Angeles, no qual podemos destacar a participação de William Labov.

c) Qual é o pressuposto básico da sociolinguística?

Resposta: A sociolinguística parte do pressuposto de que a língua é heterogênea, e não homogênea. Isto significa considerar que não podemos pensar na língua como unidade, mas sim como variedade.

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SOCIOLINGUÍSTICA

d) Qual o objeto de estudos da sociolinguística?

Resposta: O objeto de estudo da sociolinguística é a língua e sua relação com a sociedade. Em outras palavras, podemos dizer que a sociolinguística se preocupa em analisar a estrutura da língua levando sempre em consideração os fatores externos a ela, como, por exemplo, grupo social, escolaridade, idade e gênero dos falantes.

e) Quem é reconhecido como o principal fundador da sociolinguística variacionista?

Resposta: William Labov é reconhecido como o principal fundador da sociolinguística variacionista. Ele se destacou com o estudo da fala dos negros americanos, norteando uma metodologia própria para essa área de pesquisa.

f) O que você entende por heterogeneidade e variação linguística?

Resposta: A variação linguística se refere ao conjunto de realizações possíveis de uma língua. Dizer que uma língua varia implica considerá-la heterogênea. A heterogeneidade é o oposto de homogeneidade. Uma língua heterogênea, assim, é uma língua que apresenta diferenças em usos, que é diversificada.

2 Ao longo deste tópico você viu que a sociolinguística é uma escola de pensamento da linguística. A sociolinguística surgiu, assim, para dar conta do aspecto social que constitui o uso da língua. Nesse sentido, essa disciplina procura responder às perguntas sobre a língua que outras correntes de estudo (como o estruturalismo e o gerativismo) não pretenderam responder. Tendo isso em vista, assinale V para a(s) sentença(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s):

( ) O estruturalismo, assim como a sociolinguística, entende que a língua é uma instituição social e, por isso, a estuda inserida em um contexto de uso.

( ) A sociolinguística procura explicar fenômenos de variação e mudança linguísticas a partir de estudos situados com falantes da língua, já que eles a influenciam cultural e historicamente.

( ) A sociolinguística tem caráter interdisciplinar, tendo em vista que dialoga com a linguística geral para explicar fenômenos morfológicos, sintáticos, semânticos e fonéticos acerca da variação linguística.

( ) Por meio dos estudos sociolinguísticos, podemos justificar o porquê de algumas pessoas tenderem a falar mais corretamente que outras, como é o caso da fala de professores com relação a de seus alunos.

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SOCIOLINGUÍSTICA

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:a) (X) F – V – V – F.b) ( ) V – V – F – V.c) ( ) V – V – V – F.d) ( ) F – V – V – V.e) ( ) V – F – V – F.

3 Leia o fragmento do texto a seguir a respeito da linguística moderna saussuriana:

A Linguística, iniciada a partir do Curso, leva em conta os princípios saussurianos de que a língua “é um sistema que conhece apenas sua própria ordem” (cl g: 31); “é um sistema do qual todas as partes podem e devem ser consideradas em sua solidariedade sincrônica” (cl g: 102); “é uma forma e não uma substância” (cl g: 141) e de que a Linguística “tem por único e verdadeiro objeto a língua considerada em si mesma e por si mesma” (cl g: 271).

FONTE: FIORIN, José Luiz; FLORES, Valdir do Nascimento e BARBISAN, Leci Borges. (Orgs.). Saussure: a invenção da Linguística. São Paulo: Contexto, 2013.174 p.

Assinale a alternativa CORRETA com relação às ideias apresentadas no fragmento do texto e à concepção de estudos sociolinguísticos apresentados neste tópico:a) ( ) Saussure foi o primeiro linguista a valorizar os estudos sociolinguísticos

ao reconhecer a língua como fato social.b) ( ) O objeto de estudo da linguística estruturalista centrou-se na

estrutura da língua a partir dos fatores externos a ela.c) (X) O estruturalismo estuda a língua em si mesma e por si mesma,

o que é fortemente criticado pelos sociolinguistas.d) ( ) Os estudos sociolinguísticos priorizam o estudo do sistema linguístico

fechado em si mesmo.e) ( ) Os estudos saussurianos ainda carecem de cientificidade porque

deixaram de contemplar a dimensão social da linguagem.

4 Para os sociolinguistas, os modelos estruturalistas e gerativistas de estudo são problemáticos porque desconsideram as influências externas à língua, como questões históricas, culturais, sociais, ideológicas, entre outras. Escreva um parágrafo crítico a respeito dos modelos problematizados pela sociolinguística, defendendo a necessidade de relacionar a língua com questões históricas, culturais, sociais, ideológicas dos seus falantes.

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SOCIOLINGUÍSTICA

Resposta: Esta questão é aberta, mas esperamos que o acadêmico discorra sobre a oposição da sociolinguística à perspectiva homogênea da língua, concebendo-a como heterogênea. Reconhecer esse fenômeno permite compreender que é perfeitamente comum que a língua varie. O que não é natural é insistir na unidade linguística, nos modelos idealizados de língua que são impostos a todos os seus falantes.

5 Neste tópico, você viu que Meillet foi um dos primeiros linguistas a se contrapor à corrente estruturalista, embora tenham sido os estudiosos estadunidenses, apenas na década de 1960, que receberam maior destaque para formulação da nova escola de pensamento denominada sociolinguística. Sobre os principais pressupostos da sociolinguística, analise as proposições a seguir:

I- Os fatores internos (estrutura) e fatores externos (história e mudanças sociais) da língua são levados em consideração para explicação da variação e mudança linguísticas.

II- São exemplos de condições externas à língua a classe social do falante, o grupo social ao qual pertence, a situação comunicativa, a idade, o gênero.

III- Assim como Saussure, Meillet aborda a língua sincrônica e diacronicamente, a fim de contemplar as influências históricas e atuais na sua estrutura.

É CORRETO o que se afirma em:a) (X) I e II.b) ( ) I, II e III.c) ( ) II, apenas.d) ( ) II e III.e) ( ) I e III.

6 Ao longo deste tópico, você se deparou, principalmente, com a reflexão de três estudiosos da língua: Saussure, Meillet e Labov. Disserte, sucintamente, o que aprendeu sobre eles.

Resposta: Esta é uma resposta aberta, mas se espera que o acadêmico discorra minimamente sobre Saussure como um dos fundadores da linguística moderna como ciência, enquanto Meillet, seu aluno no passado, um opositor às ideias estruturalistas dessa ciência. Labov, por sua vez, é tratado como um pai para a sociolinguística variacionista, inspirando-se em reflexões iniciadas por Meillet.

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SOCIOLINGUÍSTICA

TÓPICO 2

1 Assinale a alternativa que melhor defina comunidade de fala para os estudos sociolinguísticos:

a) ( ) Grupo de pessoas cuja fala seja homogênea entre si, a fim de caracterizar a variedade linguística em comum.

b) ( ) Grupo de pessoas que vive em uma comunidade e fala a mesma língua, sem variação.

c) (X) Grupo de pessoas que fala a língua fazendo uso de normas em comum.

d) ( ) Grupo de pessoas que apresenta a variante padrão da língua compartilhada entre si.

2 Veja a tabela a seguir e procure identificar as comunidades linguísticas estudadas. Em seguida, conceitue comunidade de fala com suas palavras:

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Localidades

Contextos linguísticos[ey] + flap(dinheiro)

[ey] e [ay] + fricativa palato-alveolar (beijo, caixa)

Percentual PR Percentual PR

Florianópolis/SC 96% 0,32 48% 0,62

Porto Alegre/RS 99% 0,35 98% 0,46

Curitiba/PR 97% 0,79 94% 0,22

Região Sul 98% 66%

FONTE: Görski e Coelho, (2012, p. 135)

Resposta: A comunidade de fala consiste de um grupo de falantes que compartilha normas em relação ao uso da língua. É possível que tenhamos três comunidades de fala identificadas a partir das três localidades indicadas na primeira coluna à esquerda: falantes da capital de Santa Catarina, Florianópolis; falantes da capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; falantes da capital do Paraná, Curitiba. Outra possibilidade, seria identificar, na tabela, uma comunidade de fala mais geral, que agrupe a variedade linguística compartilhada pelos falantes das três capitais da Região Sul do país.

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3 (ENADE, 2017)

FIGURA - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

FONTE: ENADE (2017)

Eu mandei ver!

Demorô!

Tô bolado...

Pô, Vô! Tu não saca nada!

E foram?

É que a condução atrasou

O quê? Levou uma bolada?

É, hoje em dia não saco nada mesmo. Mas, quando eu era jovem, sacava muito bem no

vôlei. E no tênis também!

A Verinha é uma gata!De que raça?

O texto exemplifica a variedade linguística:a) ( ) Diatópica (geográfica).b) ( ) Diacrônica (de tempo).c) ( ) Diafásica (forma/informal).d) ( ) Diamésica (modalidade oral/escrita).e) (X) Diastrática (camada social/profissional).

4 No quadro a seguir, você verá a comparação de fenômenos comuns à modalidade escrita da língua e à modalidade oral.

ORALIDADE E ESCRITA

Oralidade EscritaO momento de produção e o de recepção do texto são simultâneos.

Há defasagem entre o momento de produção e o de recepção.

É possível negociar o sentido com o interlocutor e, também, corrigir-se.

O autor deve antecipar possíveis dúvidas do leitor e tratar de esclarecê-las ainda no momento de produção.

O texto é coconstruído: para comunicar-se melhor, os interlocutores interagem o tempo todo, usando tanto a linguagem verbal quanto a não verbal.

O autor produz o texto solidariamente e, depois, o leitor deve reconstruir seus significados também sozinho.

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SOCIOLINGUÍSTICA

FONTE: Adaptado por Juarez Firmino da obra de GUIMARÃES, Thelma de Carvalho. Comunicação e linguagem. São Paulo: Pearson, 2012. Disponível em:

<https://juarezfrmno2008sp.blogspot.com/2012/07/variacao-diamesica.html>. Acesso em: 2 maio 2019.

É impossível “voltar atrás” no que foi dito. É possível revisar o texto quantas vezes for necessário.

O processo de produção é transparente: o interlocutor “vê” seus erros e correções.

O processo de produção fica oculto: o leitor tem acesso apenas ao texto final.

É impossível consultar outras fontes durante a produção.

É possível consultar outras fontes e checar as informações.

O planejamento é local: enquanto está falando uma frase, a pessoa pensa na próxima.

O planejamento é global: a pessoa planeja o texto como um todo e, caso se desvie do plano inicial, pode aceitar a nova ordem ou voltar atrás.

Tende a haver maior tolerância a erros e, portanto, mais informalidade.

Tende a haver maior cobrança e, portanto, mais formalidade.

A obediência à norma padrão costuma ser menos rígida. Por exemplo: as marcas do plural às vezes desaparecem.

A norma padrão costuma ser seguida com mais rigor, até porque é possível revisar o texto.

Predomínio de frases curtas e simples: “Bom dia, pessoal! Hoje a gente vai dar uma recordada na equação de segundo grau. Vamos abrir o livro na página 10 que eu já explico”.

Predomínio de frases longas e complexas: “Para a primeira aula, está prevista uma revisão dos fundamentos de cálculo, a começar pela equação de segundo grau. Os alunos resolverão uma série de problemas em sala, sob a supervisão do professor”.

Predomínio da voz ativa e da ordem direta: “Vamos revisar os fundamentos de cálculo”.

Uso frequente da voz passiva e da ordem indireta: “Serão revisados os fundamentos de cálculo”.

Abundância de “frases quebradas” (anacolutos): “Essas optativas, precisa fazer o pré-requisito primeiro”.

Maior linearidade na composição das frases: “Para inscrever-se nas disciplinas optativas, é preciso ter cumprido os pré-requisitos”.

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Esse quadro exemplifica a variedade linguística:a) ( ) Diatópica (geográfica).b) ( ) Diacrônica (de tempo).c) ( ) Diafásica (forma/informal).d) (X) Diamésica (modalidade oral/escrita).e) ( ) Diastrática (camada social/profissional).

5 A variação diastrática é a que observa os modos de falar de diferentes grupos sociais, normalmente identificados por: a) classe social; b) idade; c) gênero; d) situação ou contexto social. Na situação de sala de aula, em que você estiver exercendo seu papel social de professora ou professor, na sua fala, haverá variação linguística? Explique e argumente com a discussão realizada ao longo deste tópico.

Resposta: Na sala de aula, encontraremos grande variação no uso da língua, como em qualquer outro contexto social. A professora ou o professor de língua portuguesa, mesmo que desempenhe papel socialmente reconhecido para o ensino da norma-padrão (visto que não é ensinada em casa, no contexto familiar), sempre utiliza a língua dentro de uma variedade. A variação, pois, é inerente à própria comunidade de fala, e estamos sempre inseridos em alguma comunidade. Diante disso, no uso da linguagem de qualquer professora ou professor há variação linguística, seja de sua comunidade de fala, seja a norma padrão ensinada na escola.

6 A divisão da língua em certo e errado NÃO é utilizada pela sociolinguística, mas sim os usos adequados e inadequados da língua para determinados contextos comunicacionais. Tendo isto em vista, assinale V para a(s) sentença(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s):

(F) Para desenvolver a habilidade de adequar a linguagem para cada situação de uso, o faltante possui a competência de aprender a falar conforme os postulados da gramática normativa.

(F) A competência comunicativa e sociolinguística permite que o falante aprenda que todo texto escrito será produzido conforme a norma-padrão, embora na fala possa admitir erros.

(V) Aprender a transitar entre diferentes modos de falar, conforme sua necessidade social, corresponde ao seu desempenho adequado, que parte da competência comunicativa e sociolinguística.

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7 Leia o fragmento do texto a seguir:

Se por gramática entendermos o estudo sem preconceitos do funcionamento da língua, do modo como todo ser humano é capaz de produzir linguagem e interagir socialmente através dela, por meio de textos falados e escritos, portadores de um discurso, então, definitivamente é para ensinar gramática, sim. Na verdade, mais do que ensinar, é nossa tarefa construir o conhecimento gramatical dos nossos alunos, fazer com que eles descubram o quanto já sabem da gramática da língua e como é importante se conscientizar desse saber para a produção de textos falados e escritos coesos, coerente, criativos, relevantes etc. (BAGNO, 2007, p. 70).

Agora, analise a relação entre as seguintes proposições e assinale a alternativa CORRETA:

I- Com fundamento na sociolinguística, defendemos que a gramática normativa se constitui como objeto de ensino da disciplina língua portuguesa

PORQUE

II- Ela explica os padrões linguísticos utilizados pelos falantes.

a) ( ) As duas proposições são verdadeiras, e a segunda é justificativa da primeira.

b) (X) As duas proposições são falsas.c) ( ) A primeira proposição é falsa e a segunda é verdadeira.d) ( ) As duas proposições são verdadeiras, mas a segunda não é

justificativa da primeira.

8 Como você está começando a ter contato com uma linguagem científica bastante específica da área da sociolinguística, sugerimos que inicie a produção de um glossário. Toda vez que se deparar com uma nova palavra, escreva-a em seu glossário para futuras consultas ao longo dos seus estudos. Que tal iniciar este glossário com as seguintes palavras: variação, variedade, variável, variante? Para isto, construa um quadro que contenha uma coluna para a explicação de cada um desses termos e uma para seus respectivos exemplos.

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SOCIOLINGUÍSTICA

Resposta:

Termo Explicação Exemplo

Variação

A variação linguística corresponde ao processo pelo qual diferentes formas da língua podem ocorrer no mesmo contexto linguístico com o mesmo valor referencial, ou com o mesmo valor de verdade.

Em tempos passados (e ainda na gramática normativa) costuma-se encontrar construções como: Vós sois. Hoje, há uma nova forma que compete com a anterior: Vocês são. O processo de optar por uma ou outra forma, tendo em vista que significam o mesmo, chamamos de variação.

VariedadeA variedade representa o modo como uma comunidade fala (é o seu dialeto).

Existe o dialeto (ou melhor, a variedade) do interior de São Paulo, de Minas Gerais, do Carioca, entre outros.

Variável

A variável linguística consiste no lugar da gramática onde localizamos a variação.

A variável extralinguística implica o fenômeno de variação a partir do grupo social.

Variável linguística: no exemplo de Vós e Vocês dado em variação linguística, o lugar na gramática diz respeito ao “pronome de segunda pessoa do plural”. Logo, a variável é o pronome.

Variável extralinguística: temos a variável gênero, a variável idade, a variável escolaridade etc.

Variante

A variante de uma variável corresponde às formas individuais que “disputam” pela expressão da variável.

A forma vocês disputa com a forma vós (ambas são, portanto, variantes).

TÓPICO 3

1 A sociolinguística apresenta contribuições significativas para o ensino de língua portuguesa em contexto de educação básica. Seus subsídios acerca da diversidade linguística nos fazem pensar a urgência de uma pedagogia culturalmente sensível com os saberes dos educandos. A partir dessas considerações, analise as assertivas a seguir e selecione a que esteja ancorada em uma prática pedagógica culturalmente sensível:

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I- A compreensão da troca ortográfica de “mais” no lugar de “mas” na escrita do aluno a partir de seu modo de falar permite um trabalho de identificação da variação linguística, bem como a posterior conscientização da diferença entre forma escrita e falada, ao invés da mera correção ortográfica.

II- O trabalho de conscientização em sala de aula deve sempre levar o aluno a substituir sua variedade linguística, quando estiver errada, para passar a falar conforme a norma-padrão.

III- O reconhecimento da heterogeneidade que já existe na sala de aula é um aspecto importante do trabalho com ensino de língua portuguesa (da conscientização da língua padrão, dos usos em diferentes situações comunicativas, etc.).

Estão CORRETAS apenas a(s) sentença(s):a) (X) ( x ) I e III.b) ( ) III.c) ( ) II e III.d) ( ) I, II e III.e) ( ) I e II.

2 Leia o trecho de Carmo Bernardes (1969) utilizado por Bortoni-Ricardo (2004, p. 13) para iniciar a conversa sobre língua portuguesa como língua materna: “Custei a danar a aprender a linguagem deles e aqueles trancas não quiseram aprender a minha” Essa fala caracteriza a tentativa de Carmo Bernardes a aprender a língua da comunidade escolar urbanizada, quando saiu de um contexto interiorano. Com base no fundamento teórico discutido ao longo desta Unidade e no próprio livro de Bortoni-Ricardo (2004), comente a afirmação de Carmo Bernardes buscando refletir a diversidade linguística que pode ser explorada em sala de aula e a prática pedagógica que pode auxiliar o professor em tal tarefa.

Resposta: A citação apresenta o conflito vivenciado pela personagem em contato com variedades linguísticas (dentre elas uma que é mais prestigiada) impostas à sua própria variedade (inferiorizada, pois é excluída do contexto escolar). Bortoni-Ricardo (2004) aconselha ao professor trabalhar com diferentes estilos de linguagem e variedades a fim de dar ao aluno a oportunidade de interagir na aula, usar uma linguagem mais espontânea em momentos de oralidade, mas em eventos de letramento envolvendo gêneros secundários (que exigem a língua padrão ou culta/prestigiada) o professor volta para um grau de monitoramento mais cuidado.

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3 Considerando o contexto brasileiro, é possível afirmar que a língua portuguesa falada pelas camadas sociais mais populares é inferior à norma-padrão ao trazer marcas linguísticas que se distanciam das prescrições gramaticais? Discuta.

Resposta: A língua portuguesa falada por qualquer comunidade de fala não pode ser considerada inferior às outras variedades, inclusive em comparação à norma-padrão. Cada variedade é instrumento identitário, logo, relaciona-se a questões de quem detém poder político e econômico na sociedade (não quer dizer que uma forma de falar seja melhor que outra – apenas que um grupo detém maior poder socioeconômico e político que outro). Esses juízos de valor são ideologicamente motivados e geram preconceitos.

4 Por que a escola deve levar os alunos a se apoderarem de regras linguísticas que gozam de prestígio, entre outras?

Resposta: A escola tem função de ensinar as regras prestigiadas da sociedade justamente pela função que desempenham perante práticas escritas e orais fundamentais para os usos sociais da linguagem do aluno. As regras linguísticas prestigiadas exercem um papel de integração entre seus falantes e, infelizmente, de reclusão com outras variantes. O trabalho da escola consiste em ensinar essas regras prestigiadas, levando em conta a realidade da língua. A sociedade exige um padrão.

5 O professor deve intervir na forma em que os alunos utilizam a linguagem no domínio escolar? Responda considerando as diferenças entre a cultura da oralidade, predominante na variedade usada no domínio do lar, e a cultura de letramento, como a que é cultivada na escola.

Resposta: O professor deve intervir fornecendo a norma-padrão como uma adição de conhecimento, não exclusão ou ridicularizarão da variedade do aluno. Nos eventos de letramento escolares, o professor ensina, então, a norma-padrão como uma forma da língua necessária para determinados contextos comunicacionais. Contudo, o ensino da norma-padrão não deve tomar um caráter corretivo. O papel do professor é, pois, de conscientizar estudantes sobre as diferenças sociolinguísticas e fornecer a variante adequada aos estilos monitorados orais e à língua escrita.

6 Ao longo deste tópico você viu alguns conceitos importantes para tratarmos os diferentes modos de se utilizar a língua, seja na modalidade escrita ou oral. Assinale a alternativa que apresenta a melhor definição para norma culta:

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(1) Variação fonético-fonológica.

(2) Variação morfológica.

(3) Variação sintática.

(4) Variação semântica.

(5) Variação lexical.

(6) Variação estilístico-pragmática.

(4) Camisola, em Portugal, é uma roupa que se usa em vez da camisa. Ex.: As camisolas dos jogadores de futebol. / No Brasil, camisola é uma peça de vestuário feminino usada para dormir.

(6) Informal: E aí, cê tá bem? / Formal: Como a senhora está?

(1) [dʒ]ia / [d]ia.

(3) Eu nem num sei / Sei não.

(2) Maluquês / Maluquice.

(5) Aipim / Mandioca.

(2) Tô bem / Estou bem..

8 (ENADE, 2017) As variantes linguísticas são diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade. A um conjunto de variantes dá-se o nome de variável linguística.

FONTE: TARALLO, F. A Pesquisa Sociolinguística. São Paulo: Ática, 1986 (adaptado).

a) (X) Forma falada pelos grupos sociais de maior prestígio, também conhecida como variedades de prestígio.

b) ( ) Conjunto de normas prescritas pela gramática normativa e, por isso mesmo, não pertencente à comunidade de fala alguma.

c) ( ) É sinônimo de norma-padrão e amplamente utilizada nos manuais didáticos de língua portuguesa.

d) ( ) É oposição da norma inculta, falada pelas pessoas mais ignorantes do país.

e) ( ) Conjunto de normas ensinadas nos livros didáticos para a escrita correta das palavras.

7 A variação linguística ocorre em todos os níveis da língua: a variação pode ser fonético-fonológica; morfológica; sintática; semântica; lexical; estilístico-pragmática. Diante disto, relacione as colunas, identificando em cada variação o nível em que ocorre:

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SOCIOLINGUÍSTICA

Assinale a opção que apresenta dois pares linguísticos legítimos de variação linguística.a) ( ) m[u]rcego – m[o]rcego, [p]ata – [l]ata.b) ( ) [b]ote – [p]ote, d[e]dal – d[ɛ]dal.c) (X) f[i]liz – f[ɛ]liz, p[u]mada – p[o]mada.d) ( ) [d]oca – [t]oca, lei[t]e – lei[tʃ]e.e) ( ) [t]ime - [tʃ]ime, [d]ata – [m]ata.

9 Ouça a leitura do texto “Só de sacanagem”, com a interpretação da cantora Ana Carolina, e preste muita atenção nas palavras destacadas:

Só de sacanagemElisa Lucinda - interpretado por Ana Carolina

[...]Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.Só de sacanagem!Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meuirmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo aquem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal".Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.Eu repito, ouviram? IMORTAL!Sei que não dá para mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dá para mudar o final!(Link para ouvir a leitura acesse: https://www.youtube.com/watch?v= cE1VuxpOshI)

a) Faça a transcrição fonética das sílabas destacadas nas palavras, de acordo com a variante da intérprete.

Palavra Transcrição fonéticaComigo [ku]mi[gu]Rouba [xow]baFreguês Fre[geys]Desde Des[dʒi]

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SOCIOLINGUÍSTICA

b) Sobre as variantes utilizadas por Ana Carolina, identifique apronúncia de “o” não tônico, de “r” em início de palavra, de “s” emfinal de sílaba, e de “d” quando precede o som de “i” (como quando acantora pronunciou “desde”). Compare esses sons com a forma quevocê os pronunciaria nessas palavras e descreva as semelhanças e/ou diferenças da variação em nível fonético e fonológico.

Resposta: A resposta é aberta. Dependendo da região do falante, podemos verificar diferentes produções do “r” - [h], [x], [ɹ], [r̆], [ɾ]. O “o” e o “e”, quando atônicos, podem ser plenamente pronunciados (como em algumas cidades do Sul do Brasil, onde viralizou o vídeo de uma menina pronunciando palavras como empolgante, louco, com as vogais [e] e [o] – Confira o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=gN4skkn1_9g). O “s”, dependendo da origem geográfica do(a) acadêmico(a), pode ser mais chiado ou não – [ʃ] e [s]; o som de “d”, ao preceder o som de “i”, pode ser pronunciado como [dʒ] ou [d], contudo, se a pronúncia de “desde” ocorrer com a vogal [e] e não [i], obrigatoriamente será pronunciado com [d].

10 No vídeo a seguir você deverá assistir à entrevista de Cacau Menezes, colunista de jornais da cidade de Florianópolis, SC, com Ney Matogrosso, artista brasileiro natural do Mato Grosso do Sul, embora tenha vivido em São Paulo e Rio de Janeiro grande parte de sua vida.

FONTE: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/jornal-do-almoco/videos/t/edicoes/v/cacau-menezes-entrevista-ney-matogrosso/7368434/?mais_vistos=1.

Acesso em: 27 ago. 2019.

a) A partir do vídeo, represente foneticamente os sons destacados naspalavras a seguir:

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SOCIOLINGUÍSTICA

Fala de Cacau MenezesPalavras Transcrição Fonética

Os teatros O[ʃ] teatro[ʃ]Florianópolis Florianópoli[ʃ]Rio de Janeiro [ ]io de Janeiro

Fala de Ney Mato GrossoPalavras Transcrição Fonética

Rua [x]uaRoupagem [x]oupagem

Horas Hora[ʃ]

b) Com base na transcrição fonética de alguns sons produzidos por Ney Mato Grosso e por Cacau Menezes, responda: As palavras indicadas para observação das variáveis linguísticas sinalizam para semelhanças ou diferenças entre a fala do entrevistador e do entrevistado? Explique sua resposta.

Resposta: Há semelhanças para a produção do [ʃ] em final de sílaba. O “r” em início de palavra também é produzido da mesma forma por ambos os falantes como [x]. Essas variantes podem ser reflexo da cidade de residência dos falantes (Florianópolis e Rio de Janeiro) que, embora localizem-se em diferentes estados brasileiros, são litorâneas e possuem marcas mais acentuadas da colonização portuguesa.

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SOCIOLINGUÍSTICA

UNIDADE 2

TÓPICO 1

1 A sociolinguística é uma área da linguística preocupada com os estudos da linguagem sob um aspecto social. Ela pode ser dividida em duas perspectivas diferentes de estudo: a macrossociolinguística e a microssociolinguística. Assinale a alternativa CORRETA que caracteriza um estudo da microssociolinguística:

a) ( ) Sociologia da linguagem.b) ( ) Alternância de código.c) (X) Sociolinguística variacionista.d) ( ) Política linguística.e) ( ) Multilinguismo.

2 A mudança linguística ocorre em três estágios: na origem (quando inicia dado fenômeno variável), na propagação (como a nova variante é introduzida a diferentes contextos sociais e comunidades) e no término (quando a mudança linguística é completada). Considerando o exposto, analise a tabela a seguir, que apresenta dois fenômenos variáveis para duas localidades da região Sul do Brasil:

USO DE TU VS. VOCÊ E CONCORDÂNCIA VERBAL COM TU (ADAPTADA DE LOREGIAN-PENKAL, 2004, p. 133; 167)

Localidades Uso de tu vs. você Concordância verbal com o pronome tu

Percentual Peso Relativo Percentual Peso Relativo

Florianópolis/SC 76% 0,32 43% 0,85Ribeirão da Ilha/SC 96% 0,78 60% 0,91

Porto Alegre/RS 93% 0,61 7% 0,35Região Sul

(sem Curitiba) 87% 40%

FONTE: Görski e Coelho (2012, p. 146)

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SOCIOLINGUÍSTICA

Agora, a partir da análise feita e dos estudos realizados, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

(F) O pronome de segunda pessoa do singular é um fenômeno variável que se realiza por meio de duas variantes (tu e você), o que revela o término de uma mudança linguística.

(V) A variante TU está encaixada na Região Sul (Florianópolis, Ribeirão da Ilha/SC e Porto Alegre /RS), sendo a mais usada para expressar segunda pessoa do singular, embora haja variação para VOCÊ em 13% das ocorrências.

(V) A variável de concordância verbal com o pronome TU tem como variantes a presença de marca de concordância (tu vais, tu foste...) e ausência de marca de concordância (ex.: tu vai, tu foi).

(F) A Região Sul (Florianópolis, Ribeirão da Ilha/SC e Porto Alegre /RS) parece avaliar negativamente a ausência de marca de concordância verbal com o pronome TU, impedindo uma mudança linguística de se completar.

3 Explique e exemplifique a afirmação “toda mudança linguística implica variação, mas nem toda variação resulta em uma mudança linguística”.

Resposta: Para que ocorra uma mudança linguística, é necessário que alguma forma inovadora seja introduzida em uma língua, resultando em fenômeno variável. Exemplo: para a segunda pessoa do plural, passou-se a utilizar duas variantes (vocês vs vós). A variante vós caiu em desuso, prevalecendo a variante vocês. A variação linguística, neste caso, resultou em uma mudança. No entanto, com o fenômeno variável de segunda pessoa do singular, as variantes tu e você continuam co-ocorrendo no português brasileiro, revelando que, embora haja a variação, não há, necessariamente, um caso de mudança linguística.

4 Ao longo deste tópico, você conheceu os cinco problemas e princípios empíricos para uma teoria da variação e mudança linguística: I. Fatores condicionantes; II. Encaixamento da variação; III. Avaliação das mudanças; IV. Transição; V. Implementação. Relacione as colunas, indicando cada problema com sua devida explicação:

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SOCIOLINGUÍSTICA

I- Fatores condicionantes

II- Encaixamento da variação

III- Avaliação das mudanças

IV- Transição

V- Implementação

(III) Estuda a atitude social quanto à variante para a determinação de uma mudança linguística.

( I ) Busca identificar os fatores linguísticos e sociais como condicionantes para a variação e mudança linguística.

(V) Analisa por que uma mudança linguística em certa estrutura ocorre em dado momento, mas em outra língua não.

(II) A partir dos condicionantes, descreve a variação e a mudança linguística em uma comunidade de fala.

(IV) Observa e descreve uma mudança linguística em curso.

5 A metodologia de pesquisa na sociolinguística variacionista parte da necessidade de utilizar como corpus de análise de dados de fala reais, tratados qualitativa e quantitativamente. Nesta questão, gostaríamos de propor a você a elaboração de quatro etapas de pesquisa, que você poderá desenvolver com o acompanhamento de seu professor. Defina:

I- Seleção de um fenômeno linguístico variável.

Resposta aberta (segue uma exemplificação): variação de pronome de segunda pessoa do singular e concordância de verbo para o pronome TU.

II- Delimitação da comunidade de fala.

Resposta aberta (segue uma exemplificação): Porto Alegre/RS.

III- Reconhecimento de todas as possibilidades de produção que estão em variação.

Resposta aberta (segue uma exemplificação): para a segunda pessoa do singular podem ocorrer os pronomes TU e VOCÊ; pode ocorrer ou não a marca de concordância de verbo para o pronome TU.

IV- Levantamento de hipóteses sobre as variáveis condicionadoras (linguísticas e sociais).

Resposta aberta (segue uma exemplificação): a idade e a escolaridade podem ser os principais fatores sociais, além da situação comunicativa.

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SOCIOLINGUÍSTICA

6 A avaliação das variantes linguísticas é social e tem sido observada a partir dos traços linguísticos graduais e descontínuos. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta um grupo de traços descontínuos:

a) ( ) Praca (placa); Escrevê (escrever).b) ( ) Pexe (peixe); pobrema (problema).c) ( ) Home (homem); Deiz (dez).d) (X) Arvre (árvore); Têia (telha).e) ( ) Os Menino (os meninos); Oro (ouro).

7 (ENADE, 2014) Leia o texto a seguir.

Restos Minha Nossa Senhora do Bom Parto! O caminhão do lixo já deve ter passado! Eu juro, seu poliça, foi nessa lixeira aqui! Nessa mesminha! Eu vim catar verdura, sempre acho umas tomate, umas cenoura, uns pimentão por aqui. Tudo bonzinho, é só lavar e cortar os pedaço podre, que dá pra comer… Aí quando eu puxei umas folha de alface, levei o maior susto. Quase desmaiei, até. Eu, uma mulher assim fornida que nem o seu poliça tá vendo, imagina: fiquei de pernas bamba. Me deu até tontura. Acho que também por causa do fedor… Uma carniça que só o senhor cheirando pra saber. Mas eu juro por tudo que é mais sagrado! Tinha sim um anjinho morto nessa lixeira! Nessa aqui! Coitadinho… Deve ter se esgoelado de tanto chorar. A gente via pela sua carinha de sofrimento. Ele tava com a boquinha aberta, cheinha de tapuru. Eu nem reparei se era menino ou menina, porque eu fiquei morrendo de pena… E de medo, também… Os olho… É do que mais me alembro… Esbugalhado, mas com a bola preta virada pra dentro, sabe? Ai! Soltei um berro e saí correndo.”

FONTE: SERAFIM, L. Restos. In: SOUTO, A. Variação linguística e texto literário: perspectivas para o ensino. Cadernos do CNLF, v. XIV, n. 4, t. 4, 2010, p. 3310 (com adaptações).

Considerando a variedade linguística utilizada pela personagem do texto, analise as afirmativas a seguir:

I- A redução do verbo “estar”, como em “tá” e “tava”, é uma característica evidenciada na fala de sujeitos escolarizados e não escolarizados.

II- A eliminação da marca de plural, como em “os pedaço” e “pernas bamba”, é um traço das variedades linguísticas populares faladas e escritas.

III- A prótese do fonema /a/ em “alembro” é uma característica associada à história da língua portuguesa.

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SOCIOLINGUÍSTICA

É CORRETO o que se afirma em:

a) ( ) I, apenas.b) ( ) III, apenas.c) ( ) I e II, apenas.d) ( ) II e III, apenas.e) (X) I, II e III.

8 (ENADE, 2011)

'Praca cronada'Ladrão de carros derrapa no Português e é preso pela polícia por causa de uma placa clonada

Disponível em: <http://www.xapeco.com.br/praca-cronada/> Acesso em: 19. ago. esp. 2011.

O caso é caracterizado na língua como rotacismo, ou seja, um processo de mudança em que se emprega o /r/ no lugar de /l/ nos vocábulos. Embora seja inadequado à norma padrão da língua, esse processo é bastante frequente em variedades de menor prestígio social. Acerca desse tema, avalie as informações a seguir:

I- As diferenças entre variedades da língua, como a exemplificada pelo rotacismo, não devem ser consideradas mero fator de preconceito linguístico; dado que este é um dos fatores que favorecem a unidade linguística de uma comunidade.

II- O rotacismo é bem aceito por todos os falantes e é empregado de forma ampla nos diversos grupos sociais, sendo uma das mudanças que se está generalizando no português brasileiro.

III- O processo de rotacismo é decorrente de diferenças sociais recentes, que estão permitindo o surgimento de dialetos paralelos ao português padrão e utilizados por falantes em ascensão social.

IV- O processo de rotacismo não é novo na língua e já ocorria no período de passagem do latim vulgar para o português, como no caso de /plicare/ > /pregar/.

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É CORRETO o que se afirma apenas em:a) ( ) I e II. b) (X) I e IV. c) ( ) II e III. d) ( ) I, III e IV. e) ( ) II, III e IV.

9 (ENADE, 2008)

CançãoNunca eu tivera queridoDizer palavra tão louca:bateu-me o vento na bocae depois no teu ouvido Levou somente a palavraDeixou ficar o sentido O sentido está guardadono rosto com que te mironeste perdido suspiroque te segue alucinadono meu sorriso suspensocomo um beijo malogrado Nunca ninguém viu ninguémque o amor pusesse tão tristeEssa tristeza não vistee eu sei que ela se vê bem...Só se aquele mesmo ventofechou teus olhos, também. FONTE: MEIRELES, C. Poesias completas. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1993, p. 118. Em qual das opções a seguir as duas palavras do texto estão sujeitas à redução do ditongo, fenômeno frequente no português falado no Brasil?

a) ( ) “eu” e “bateu-me”. b) ( ) “guardado” e “viu”. c) (X) “louca” e “beijo”. d) ( ) “depois” e “sei”. e) ( ) “ninguém” e “bem”.

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10 (ENADE, 2008)Com relação aos estigmas linguísticos, vários estudiosos contemporâneos julgam que a forma como olhamos o "erro" traz implicações para o ensino de língua. A esse respeito, leia a seguinte passagem, adaptada da fala de uma alfabetizadora de adultos, da zona rural, publicada no texto Lé com Lé, Cré com Cré, da obra O Professor Escreve sua História, de Maria Cristina de Campos. "Apresentei-lhes a família do ti. Ta, te, ti, to, tu. De posse desses fragmentos, pedi-lhes que formassem palavras, combinando-os de forma a encontrar nomes de pessoas ou objetos com significação conhecida. Lá vieram Totó, Tito, tatu e, claro, em meio à grande alegria de pela primeira vez escrever algo, uma das mulheres me exibiu triunfante a palavra teto. Emocionei-me e aplaudi sua conquista e convidei-a a ler para todos. Sem nenhum constrangimento, vitoriosa, anunciou em alto e bom som: “teto é aquela doença ruim que dá quando a gente tem um machucado e não cuida direito”.

O fenômeno sociolinguístico constituído pela passagem da proparoxítona “tétano” para a paroxítona “teto”, na variedade apresentada, é observado também no emprego de:

a) (X) “figo” em lugar de fígado, e “arvre” em vez de árvore.b) ( ) “paia” em lugar de palha, e “fio” em lugar de filho.c) ( ) “mortandela” em lugar de mortadela, e “cunzinha” em vez de cozinha.d) ( ) “bandeija” em lugar de bandeja, e “naiscer” em lugar de nascer.e) ( ) “vende” em lugar de vender, e “cantá” em vez de cantar.

TÓPICO 2

1 A partir do texto apresentado, você pôde conhecer alguns temas relacionados à área de ensino de línguas e seus usos. Para auxiliar sua aprendizagem nessa disciplina, montamos para você um roteiro de leitura, com o qual você poderá registrar suas inferências a partir das seguintes perguntas:

a) O que você compreendeu sobre alternância de línguas e quais as razões que conduzem os falantes a esse fenômeno?

Resposta: De acordo com Grosjean (1982, p. 145) a alternância de línguas diz respeito ao “uso alternado de duas ou mais línguas no mesmo enunciado ou interação”. Segundo o autor, uma única palavra, uma sentença ou mesmo várias

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SOCIOLINGUÍSTICA

sentenças podem ser alternadas durante uma mesma interação conversacional.Segundo o autor, a alternância de línguas tem sido descrita pelos pesquisadores como algo natural e inerente à condição de falante de mais de uma língua. Durante a conversação, os falantes bilíngues fazem escolhas linguísticas, observando as vantagens e as desvantagens de usar uma ou outra língua.Algumas das razões expostas no texto foram: preenchimento lexical, citar alguém ou especificar o interlocutor; qualificar a mensagem, com o intuito de torná-la mais ampla ou com mais ênfase; personalizar a mensagem, destacando o envolvimento do falante; transmitir intimidade, aborrecimento, bem como marcar a identidade com o grupo; excluir alguém da conversa; incluir alguém na conversa; modificar o papel do falante; citações; especificação do interlocutor; interjeições; qualificação da mensagem.

b) De acordo com o que estudamos nesse tópico, descreva uma situação de alternância de línguas que você poderia presenciar na escola.

Resposta pessoal. Uma situação de alternância de línguas pode acontecer numa prova ou aula de inglês, em que os alunos alternam algum termo na frase. Exemplo: Everybody vai fazer o trabalho em grupo.

c) De acordo com Fishman (1965), em situações bilíngues, os falantes podem variar o uso da alternância de línguas de acordo com três variáveis. Quais são essas variáveis?

Resposta: As três variáveis citadas pelo autor são: o pertencimento do sujeito ao grupo, que envolve critérios, como idade, sexo e religião; a segunda variável refere-se à relevância da situação, no tocante aos interlocutores, ao ambiente físico e aos estilos do discurso dos participantes; e, por último, a variável relacionada com o tópico, pois dependendo do assunto, os falantes podem variar na escolha das línguas.

d) Qual o conceito de bilíngue apresentado no texto, de acordo com García (2009)?

Resposta: De acordo com García (2009), o bilíngue é alguém que possui um repertório de diferentes línguas e tem experiências diversas em cada uma delas. Para a autora, os falantes bilíngues não têm simplesmente dois recipientes externos com duas línguas, mas um repertório linguístico maior, um sistema de linguagem com características que interagem entre si para impulsionar os desempenhos linguístico e cognitivo.

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SOCIOLINGUÍSTICA

e) Qual a diferença entre translinguagem e alternância de línguas?

Resposta: Translinguagem se refere às construções linguísticas criativas, recursos linguísticos, por parte dos falantes bilíngues na produção e negociação de sentido para atingir seus propósitos comunicativos, sem a preocupação de possuir uma competência “perfeita” no uso da língua. A alternância de línguas é compreendida como uma estratégia de adaptação comunicativa, empregada de forma criativa pelos falantes bilíngues, por meio do uso de uma ou de outra língua, de acordo com os elementos particulares de cada situação comunicativa.

TÓPICO 3

1 Na sua opinião, o contexto acadêmico tem sido um espaço de discussões e reflexões sobre preconceito linguístico? Descreva.

Resposta: O acadêmico deve citar, caso tenha acontecido, situações de preconceito linguístico vivenciadas dentro do espaço acadêmico e quais reflexões ele e a comunidade acadêmica fizeram a respeito do assunto. Se a academia tem realizado palestras, encontros e seminários para abordar o assunto.

2 O que você entendeu sobre ideologias linguísticas? Explique apresentando exemplos.

Resposta pessoal. Ideologias linguísticas podem ser definidas como “crenças, ou sentimentos sobre as línguas como são usadas em seus mundos sociais” (KROSKRITY, 2004 apud LOPES, 2013), bem como “quaisquer conjuntos de crenças sobre a língua articulados pelos usuários como uma racionalização ou justificação de estrutura e uso linguístico percebidos” (SILVERSTEIN, 1979, p. 193).

3 Diante da concepção de língua como prática social, explique por que a ideologia monolíngue não se sustenta. Traga exemplos que deem sustentação a sua resposta.

Resposta pessoal.A ideologia monolíngue não se sustenta porque a visão desta ideologia é pautada numa ideia homogênea, fixa e imutável de língua, enquanto que a concepção de língua como prática local considera a língua heterogênea, social e diversa.

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SOCIOLINGUÍSTICA

UNIDADE 3

TÓPICO 1

1 (ADAPTADO DO ENADE, 2011)No excerto a seguir, encontram-se algumas atividades propostas em livro didático de língua portuguesa:Atividades com trecho do poema O operário em construção, de Vinícius de Moraes. Proposta: [...] 2- Aponte todos os substantivos presentes no texto. 3- Aponte um substantivo abstrato presente no texto. 4- Aponte um substantivo concreto presente no texto. 5- Qual é o único substantivo presente no texto que admite uma forma

para o masculino e outra para o feminino? 6- Há, no texto, algum substantivo próprio? Em caso afirmativo,

aponte-o.

AZEVEDO, D. G. Palavra e criação: língua portuguesa. São Paulo: FTD, 1996. v. 8, p. 102 (com adaptações).

Sobre as atividades, assinale V para a(s) sentença(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s):

( ) As atividades revelam um contexto de aprendizagem acerca das regras gramaticais da norma padrão da língua portuguesa.

( ) As atividades usam o poema como recurso e pretexto para trabalhar com os alunos tópicos de gramática, ignorando aspectos mais relevantes.

( ) A proposta apoia-se em atividades que representam uma confusão sobre o conhecimento da nomenclatura gramatical com o aprendizado da língua e suas regras gramaticais.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:a) ( ) V – V – F.b) ( ) V – V – V.c) (X) F – V – V.d) ( ) F – F – V.

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2 Todos os usos da língua são submetidos à aplicação de regras, sejam eles pertencentes à norma padrão ou às diversas variedades linguísticas faladas por distintas comunidades. No entanto, existem regras gramaticais que pertencem a componentes mais fixos e outras a mais flexíveis. Diante dessas considerações, leia as sentenças a seguir:

I- A mesa é branca.II- A gente comprou uma mesa branca.

Explique o componente fixo destacado na sentença I e o componente flexível destacado na sentença II.

Resposta esperada:Sentença I: A posição do artigo definido “a” antes do substantivo “mesa” é um componente fixo, uma vez que na língua portuguesa o artigo jamais assumirá posição posterior ao substantivo dentro do sintagma. Em outras palavras, dizemos sempre “a mesa”, mas nunca “mesa a”.Sentença II: O termo “a gente” é variável, uma vez que, em seu lugar, o falante pode utilizar “nós” com o mesmo valor de verdade. Nesse sentido, entendemos haver um componente flexível onde pode ocorrer variação.

3 O ensino de gramática faz parte do ensino da língua, mas não deve se restringir à abordagem normativa-prescritiva, já que ao estudante deve ser oportunizado estudar a língua em uso. Diante disso, analise as sentenças a seguir:

I- O estudo de regras gramaticais significa priorizar a norma padrão na escola.II- As atividades de identificação da nomenclatura gramatical explicam as

regras da norma padrão da língua e outras variedades.III- As regras gramaticais evidenciam que há componentes fixos e flexíveis

na língua.

Assinale a alternativa CORRETA:a) (X) Apenas a sentença III está correta.b) ( ) Todas as sentenças estão corretas.c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.d) ( ) As sentenças II e III estão corretas.

4 Você viu que o estudo das regras gramaticais faz parte do estudo da língua. Por isso, não pode ser ignorado na escola. No entanto, também deve-se ter cuidado para não se confundir estudo das regras gramaticais e estudo das nomenclaturas gramaticais. Explique a diferença entre regras e nomenclaturas gramaticais.

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Resposta esperada: As nomenclaturas gramaticais consistem nos rótulos, nomes dados às unidades da gramática, como substantivo, verbo, preposição, os tipos de orações, entre outros. As regras gramaticais, por sua vez, são as realizações regulares da língua (ex.: flexionar o verbo em primeira pessoa se o sujeito for “eu”).

5 Dentro da abordagem descritiva da língua, é possível realizarmos a descrição de qualquer variedade linguística, reconhecendo suas regras gramaticais. Nesse sentido, explique a afirmação: todos os usos da língua são submetidos à aplicação de regras.

Resposta esperada: Todos os usos da língua são submetidos à aplicação de regras, independentemente de serem pertencentes à norma padrão ou às diversas variedades linguísticas faladas por distintas comunidades. Considerando que a variação linguística ocorre em diferentes níveis (fonético-fonológico, morfológico e suas interfaces, sintático, semântico, pragmático), em diferentes situações, espaços geográficos, contexto histórico, grupo social, há sempre um fator linguístico e social que regula o uso da língua. 6 O tratamento da variação linguística nos livros didáticos tem se

manifestado cada vez mais, embora necessite de aprofundamento. Leia o texto a seguir e marque V para a(s) sentença(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s), considerando os estudos realizados até o momento nesta disciplina:

Coisas do Meu Sertão

Patativa do Assaré

Seu dotô, que é da cidade Tem diproma e posição E estudou derne minino Sem perdê uma lição,

Conhece o nome dos rios, Que corre inriba do chão, Sabe o nome de estrela Que forma constelação, Conhece todas as coisa Da história da criação E agora qué i na Lua

Causando admiração, Vou fazê uma pergunta, Me preste bem atenção:

Pruque não quis aprendê As coisa do meu sertão?

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SOCIOLINGUÍSTICA

( ) O texto é uma boa representação de variação linguística para atividades de identificação e conscientização, uma vez que permite reescrita para a norma culta.

( ) A omissão do R em “fazê” pode ser discutida nas aulas de língua portuguesa como marca de variação linguística urbana.

( ) O uso do texto literário para o estudo de variação linguística constitui em uma prática pedagógica recomendável, uma vez que permite exemplificar a realidade da língua portuguesa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:a) ( ) V – F – V.b) (X) F – V – F.c) ( ) V – F – F.d) ( ) V – V – F.

TÓPICO 2

1 A sociolinguística (e/ou sociologia da linguagem) e a linguística aplicada desvelam o multilinguismo no Brasil, apesar da existência do mito de que aqui só se fala português. O multilinguismo reflete diretamente as realidades de contato linguístico que existem em nosso país. Diante desse contexto, analise as sentenças a seguir:

I- O multilinguismo brasileiro só existe porque os falantes necessitam constantemente das línguas veiculares para comunicação com estrangeiros.

II- Sabirs e pidgins correspondem ao vernáculo do português popular brasileiro, que é heterogêneo.

III- No Brasil, a diglossia representa situação conflituosa, uma vez que o uso e as atitudes diante das variedades linguísticas e de diferentes línguas estão longe de serem estáveis.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:a) ( ) Apenas a sentença I está correta.b) ( ) As sentenças I e III estão corretas.c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.d) (X) Apenas a sentença III está correta.

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SOCIOLINGUÍSTICA

2 O estudo sobre contato linguístico implica a necessidade de utilizarmos alguns conceitos da sociolinguística, tais como: língua veicular, sabir, pidgin, língua crioula, diglossia. Assinale a alternativa CORRETA que melhor pode conceituar uma língua crioula:

a) ( ) Idioma de um país terceiro utilizada em situação de contato entre os falantes que mutuamente desconhecem a língua um do outro.

b) ( ) Língua aproximativa, cujo sistema é extremamente restrito: algumas estruturas sintáticas e um vocabulário limitado às necessidades de comunicação imediata.

c) (X) Pidgin que se tornou a língua primeira de uma comunidade, cujo vocabulário é emprestado de uma língua dominante e cuja sintaxe é fundada sobre a sintaxe das línguas africanas.

d) ( ) Língua aproximativa inventada para que os interlocutores, que desconhecem suas línguas mutuamente, possam estabelecer comunicação, sem que seja ensinada às próximas gerações de falantes.

3 A diglossia é gerada em situação de contato linguístico, como resultado de um contexto sociolinguisticamente complexo, onde podem haver diferentes línguas e variedades dessas línguas. Explique por que não podemos tratar de estabilidade linguística em situação de diglossia.

Resposta: A noção de estabilidade da variedade alta e da baixa, proposta por Fergunson e ampliada por Fishman, é tida como frágil. As línguas e/ou as variedades linguísticas sempre disputam alguma legitimidade nos espaços geográficos, o que gera novas mudanças linguísticas ou a permanência de variações, o uso de diferentes línguas ou o desaparecimento desses usos. Diante desse contexto, os falantes agem frente às línguas e suas variações e, assim, fazem avaliações positivas ou negativas, o que gera, constantemente, conflitos no contato linguístico.

4 As variedades linguísticas podem ser classificadas por tipos: dialeto (tipicamente visto como variedade regional, embora o uso do termo tenha sido ampliado), socioleto (variedade social), etnoleto (variedade dos grupos étnicos), cronoleto (variedade de geração), idioleto (modo particular de cada um falar). Assinale a alternativa CORRETA que apresenta um exemplo de cronoleto:

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a) (X) Um grupo de idosos entre 70 e 80 anos fala “Nós comemos”, enquanto um grupo de jovens entre 18 e 28 anos fala “A gente come”.

b) ( ) Em uma comunidade de surfistas, o léxico “ixi”, para indicar uma interjeição de surpresa, faz parte da variedade de apenas um falante.

c) ( ) O inglês vernacular negro estudado por Labov. d) ( ) O linguajar típico da região Sudeste do Brasil.

5 O sociolinguista Max Weinreich (1894-1969) popularizou a frase: “uma língua é um dialeto com um exército ou marinha”. Escreva um parágrafo crítico acerca dessa afirmação.

Resposta: A língua é um dialeto que desfruta prestígio social, podendo assumir legitimação para língua padrão; o dialeto, no senso comum, é uma língua sem prestígio, desassociado de um padrão. Para a sociolinguística, toda língua é realizada em dialetos/variedades, o que implica no mesmo tratamento científico para descrição.

6 (ENADE, 2017)

Texto 1

O apelido foi instantâneo. No primeiro dia de aula, o aluno novo já estava sendo chamado de "Gaúcho". Porque era gaúcho. Recém-chegado do Rio Grande do Sul, com um sotaque carregado.— Aí, Gaúcho!— Fala, Gaúcho!Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente. A professora explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão grandes assim. Afinal, todos falavam português. Variava a pronúncia, mas a língua era uma só. E os alunos não achavam formidável que num país do tamanho do Brasil todos falassem a mesma língua, só com pequenas variações?

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SOCIOLINGUÍSTICA

— Mas o Gaúcho fala "tu"! — disse o gordo Jorge, que era quem mais implicava com o novato.— E fala certo — disse a professora. — Pode-se dizer "tu" e pode-se dizer "você". Os dois estão certos. Os dois são português.O gordo Jorge fez cara de quem não se entregara.Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou para a professora o que acontecera.— O pai atravessou a sinaleira e pechou.— O que?— O pai. Atravessou a sinaleira e pechou.A professora sorriu. Depois achou que não era caso para sorrir. Afinal, o pai do menino atravessara uma sinaleira e pechara. Podia estar, naquele momento, em algum hospital. Gravemente pechado. Com pedaços de sinaleira sendo retirados do seu corpo.— O que foi que ele disse, tia? — quis saber o gordo Jorge.— Que o pai dele atravessou uma sinaleira e pechou.— E o que é isso?— Gaúcho... Quer dizer, Rodrigo: explique para a classe o que aconteceu.— Nós vinha...— Nós vínhamos.— Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira fechada, passou no vermelho e deu uma pechada noutro auto.A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera? Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia admitir que não o entendera. Não com o gordo Jorge rindo daquele jeito. "Sinaleira", obviamente, era sinal, semáforo. "Auto" era automóvel, carro. Mas "pechar" o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra? Só muitos dias depois a professora descobriu que "pechar" vinha do espanhol e queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o gordo Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro apelido: Pechada.— Aí, Pechada!— Fala, Pechada!

FONTE: VERÍSSIMO, L. Pechada. Revista Nova Escola, maio 2014. Disponível em: https://novaescola.org.br. Acesso em: 9 jul. 2017.

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Texto 2

Todos sabem que existe um grande número de variedades linguísticas, mas, ao mesmo tempo em que se reconhece a variação linguística como um fato, observa-se que a nossa sociedade tem uma longa tradição em considerar a variação em uma escala valorativa, às vezes até moral, que leva a tachar os usos característicos de cada variedade como certo ou errado, aceitáveis ou inaceitáveis, pitorescos, cômicos etc.

FONTE: TRAVAGLIA, L. C. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez, 2009.

Considerando a imagem apresentada, os sentidos estabelecidos pelo texto 1 e a reflexão provocada pelo texto 2, conclui-se que a professora:

a) ( ) Identifica “pechada” como um caso de estrangeirismo na fala de seu aluno, incorporado à língua portuguesa como empréstimo aceitável da língua espanhola.

b) ( ) Identifica o fenômeno de variação diafásica em nível lexical, ao compreender o contexto de uso dos vocábulos “sinaleira” e “auto”.

c) (X) Ignora a possibilidade de discutir o tema do preconceito linguístico com relação ao uso de variações linguísticas diatópicas.

d) ( ) Evita, ao abordar as variedades linguísticas do português brasileiro, que o estudante Rodrigo sofra preconceito linguístico.

e) ( ) Explica os diferentes modos de falar de seus alunos conforme a ocorrência de variações morfológicas e sintáticas na fala de Rodrigo.

TÓPICO 3

1 De acordo com a discussão feita no Tópico 3, defina a gestão do plurilinguismo.

Resposta: A gestão do plurilinguismo pode ser definida como uma gestão da diversidade linguística, que trata da pluralidade e variação das línguas em contato presentes em contextos diversos. Essa gestão relaciona-se com o modo como instituições, indivíduos e grupos lidam e agem com o plurilinguismo, ou seja, como administram as situações de uso das línguas. Isso envolve políticas linguísticas provenientes do Estado, de órgãos relacionados ao governo e de pessoas ou comunidades que dispõem de recursos, estratégias e autoridade para concretizar as políticas e gestão das línguas, mobilizadas pelos seus aspectos ideológicos, políticos e sociais.

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2 Cite algumas políticas, mencionadas no texto, de proteção e de reconhecimento da diversidade linguística no Brasil.

Resposta: A Constituição Federal de 1988; o Inventário Nacional da Diversidade Linguística do Brasil (INDL), instituído pelo Decreto nº 7.387/2010; a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada pelo Decreto nº 5.626 de 2005, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão da comunidade surda brasileira.

3 Quais são os conceitos de política e planejamento linguísticos apresentados no Tópico 3?

Resposta: De acordo com Calvet (2007), as políticas linguísticas implicam relações de poder, que envolvem diversas atividades de cunho político, tais como a organização de leis, portarias, regimentos, de modo que o planejamento representa a passagem à ação, ou seja, a implementação do que a política orienta. Embora o autor apresente esses dois conceitos como distintos, Calvet (2007) destaca que política e planejamento caminham juntos, são como um binômio inseparável, não há política sem implementação e vice-versa.

4 Conforme o texto, quais são os tipos de políticas e planejamentos linguísticos?

Resposta: Os tipos de políticas e planejamentos linguísticos são: (i) políticas linguísticas de corpus; (ii) políticas linguísticas de status; e (iii) políticas de aquisição. As políticas linguísticas de corpus tratam literalmente sobre o corpo da língua. As políticas linguísticas de status englobam as funções das línguas nos seus contextos de uso. As políticas linguísticas de aquisição tratam do ensino de línguas.

5 (ENADE, 2015)

Texto 1

Se empreendermos uma grande viagem pelo Brasil, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, recolhendo os modos de falar das pessoas de todas as regiões, de todos os estados, das principais cidades, da zona rural etc., vamos perceber que existem diferenças nesses modos de falar, diferenças que podem ser fonéticas, sintáticas, morfológicas, lexicais, semânticas, pragmáticas. Há muita semelhança, também, mas são as diferenças que chamam mais a atenção e que permitem classificar esses variados modos de falar a língua. Quando você consegue identificar os traços característicos de determinado modo de falar uma língua, você

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pode chamá-lo de variedade. A Sociolinguística veio mostrar que toda língua muda e varia, isto é, muda com o tempo e varia no espaço, além de variar também de acordo com a situação social do falante.

FONTE: BAGNO, M. Português ou Brasileiro? Um convite à pesquisa. São Paulo: Parábola Editoria, 2004.

Texto 2 “Olha; essa é pra quem tá arretado para conhecer um pouco mais sobre Pernambuco”. – Cabeça do VT chamada por apresentadora.“Então se aprochegue. A repórter Mônica Silveira mostra essa maneira encantadora de falar”. – Cabeça do VT chamada por apresentador.“É o mesmo Brasil, mas no meio de um bate-papo descontraído, esse parece um país à parte” – Texto do off que abre o VT.Na companhia da citada repórter, o poeta Jessier Quirino percorre um mercado popular perguntando às pessoas o significado de determinadas palavras e expressões, em ritmo de poesia falada. Dessa conversa, surgem os sentidos atribuídos por nordestinos “Pedir pinico” (solicitar ajuda), “Assustado” (festa surpresa), “Com a gota” (com raiva), “cocorote” (cascudo) e “pirangueiro” (avarento). VT produzido pela TV Globo Nordeste/Recife, veiculado no Bom Dia Brasil em outubro de 2013. Tempo: 3''20'.

Considerando os excertos, avalie as afirmações a seguir:

I- Ao veicular uma reportagem destacando algumas formas variantes do “nordestinês”, telejornais de abrangência nacional, notadamente em TV aberta, contribuem para a divulgação das heterogeneidades da Língua Portuguesa.

II- Em telejornais de veiculação nacional, o texto jornalístico deveria recorrer apenas à norma culta da Língua Portuguesa para possibilitar o entendimento da reportagem pelo conjunto dos telespectadores, independentemente do seu lugar de origem.

III- A abordagem de traços de variedades ou variantes sociolinguísticas de determinadas regiões em uma edição de telejornal de âmbito nacional possibilita aos telespectadores das demais regiões o conhecimento e a valorização de entidades linguísticas diferentes da sua.

É CORRETO o que se afirma em:a) ( ) I, apenas.b) ( ) II, apenas.c) (X) I e III.d) ( ) II e III.

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