filosofia 2º bimestre -1ª série - o conhecimento

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Page 1: Filosofia   2º bimestre -1ª série - o conhecimento

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1ª Série – 2º Bimestre - Eixo Temático: O Conhecimento

“Todos os homens têm, por natureza, o desejo de conhecer.” Aristóteles, Metafísica

Sujeito e objeto do conhecimento

O conhecimento é uma compreensão inteligível da realidade, que o

sujeito humano adquire através de sua confrontação com essa realidade. O

seja, a realidade exterior adquire, no interior do Sr humano, uma forma

abstrata pensada, que lhe permite saber e dizer o que essa realidade é. A realidade exterior se faz presente no interior do sujeito do pensamento. A

realidade, através do conhecimento deixa ser uma incógnita, uma coisa

opaca, para se tornar algo compreendido, translúcido. (LUCKESI, 1990)

Todo conhecimento pressupõe a relação entre dois elementos: o sujeito que quer conhecer e o

objeto a ser conhecido. O conhecimento é o ato, o processo pelo qual o sujeito se coloca no

mundo e, com ele, estabelece uma ligação. O mundo é o que torna possível o conhecimento ao se oferecer a um sujeito apto a conhecê-lo. Só há saber para o sujeito cognoscente se houver se

houver um mundo a conhecer, mundo este do qual ele é parte, uma vez que o próprio sujeito

pode ser objeto de conhecimento. Dá-se o nome de conhecimento ao saber acumulado pelo homem através das gerações. Nessa concepção o conhecimento é visto como produto da

relação sujeito-objeto, produto que pode ser transmitido. A relação de conhecimento implica

uma transformação tanto do sujeito quanto do objeto. O sujeito se transforma mediante o novo saber, e o objeto se transforma, pois o conhecimento lhe dá sentido.

Tipos de Conhecimento Humano

No processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar em todas as esferas do conhecimento: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de

conclusões sobre a sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência

cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se

questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente,

pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre

o que dele dizem os textos sagrados. Conhecer é uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto a ser

conhecido. No processo de conhecimento o sujeito cognoscente se apropria, de certo modo, do

objeto conhecido. Se a apropriação é física, sensível, como por exemplo, a representação de uma onda luminosa, o que acarreta uma modificação de um órgão corporal do sujeito

cognoscente, tem-se um conhecimento sensível. Se a representação não é sensível, o que ocorre

com realidades, tais como conceitos, verdades, princípios e leis, tem-se um conhecimento

intelectual.

Conhecimento Empírico:

Também chamado de vulgar ou de senso comum, é o conhecimento do povo, obtido ao acaso,

após ensaios e tentativas que resultam em erros e em acertos. É ametódico e assistemático. Cada

qual se serve da experiência do outro ora ensinado, ora aprendendo, em um intenso processo de interação humana e social. Pela vivência coletiva os conhecimentos são transmitidos de uma

pessoa à outra, de uma geração à outra.

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Conhecimento Científico:

O conhecimento científico vai além do empírico, procurando conhecer, além do fenômeno, suas

causas e leis. A ciência, até a Renascença, era como um sistema de proposições rigorosamente demonstradas, constantes e gerais que expressavam as relações existentes entre seres, fatos e

fenômenos da experiência. Nesta época o conhecimento científico tinha como características

ser: certo, geral, metódico e sistemático, objetividade, interesse intelectual e espírito crítico.

A ciência era o resultado da demonstração e da experimentação, só aceitando o que fosse provado. Hoje a concepção de ciência é outra. A ciência não é considerada como algo pronto e

acabado ou definitivo. Não é a posse de verdades imutáveis. É entendida como uma busca

constante de explicações e de soluções, de revisão e de reavaliação de seus processos, apesar de

sua falibilidade e de seus limites. Nessa busca sempre mais rigorosa, a ciência pretende aproximar-se cada vez mais da verdade através de métodos que propiciem controle,

sistematização, revisão e segurança maior do que possuem outras formas de saber não-

científicas. A Ciência é um processo em constante construção.

Conhecimento Filosófico:

O conhecimento filosófico distingue-se do conhecimento científico pelo objeto de investigação

e pelo método. O objeto das ciências são os dados próximos, imediatos, perceptíveis pelos

sentidos ou por instrumentos, pois sendo de ordem material e física, são por isso, suscetíveis de experimentação. O objeto da filosofia é constituído de realidades mediatas, imperceptíveis aos

sentidos e que, por serem de ordem supra-sensível, ultrapassam a experiência. O filosofar é um

interrogar é um contínuo questionar a si mesmo e à realidade. A filosofia não é algo feito,

acabado, é uma busca constante do sentido, de justificação, de possibilidades, de interpretações a respeito de tudo aquilo que envolve o ser humano e sobre o próprio ser em sua existência

concreta. A tarefa fundamental da filosofia resume-se na REFLEXÃO.

Conhecimento Teológico:

Duas são as atitudes que se podem tomar diante do mistério.

Penetrar nele com o esforço pessoal da inteligência, mediante a reflexão e o

auxílio de instrumento, procura-ser obter um procedimento que seja científico

ou filosófico.

Ou aceitar explicações de alguém que já tenha desvendado o mistério e implica sempre uma atitude de fé diante de um conhecimento revelado.

Esse conhecimento revelado ocorre quando há algo oculto ou um mistério, alguém que o

manifesta e alguém que pretende conhecê-lo. Aquele que manifesta o oculto é o revelador, pode

ser o próprio homem ou Deus.

Principais Teorias do Conhecimento

“Cogito, ergo sum.” (Penso, logo existo.) René Decartes

A necessidade de entendimento do processo de conhecimento humano não é recente. Os filósofos gregos tinham como objeto de suas especulações o significado e as condições

necessárias para a efetivação do ato de conhecer. No entanto, essas reflexões revestiram-se de

um caráter puramente ontológico: buscava-se a essência do ser.

A teoria do conhecimento propriamente dita teve início na Idade Moderna, no século XVII, com a revolução científica empreendida por Galileu e outros cientistas que, ao criarem um novo

modelo de investigação do mundo fenomenal e ao redefinirem o papel das ciências particulares,

despertaram nos filósofos uma preocupação com os fundamentos, as possibilidades, os limites e

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o alcance do conhecimento humano e uma certa reserva contra os argumentos de autoridade,

que prevaleceram durante a Idade Medieval.

Filósofos como Decartes, Bacon, Leibniz, Espinoza, Locke, Berkeley e Hume são autores da

revolução epistemológica, que tem origem na Idade Moderna, e responsáveis pelo surgimento de duas grandes correntes que traduzem o sentido dos novos tempos: o racionalismo e o

empirismo.

Para o racionalismo (do latim ratio, “razão”) a origem do conhecimento se encontra na razão,

instrumento único e exclusivo capaz de conhecer a verdade. Para o empirismo (do grego empeiria, “experiência”) a mente humana é uma folha de papel em branco preenchida

exclusivamente com dados provindos da experiência sensível, externa ou interna.

O racionalismo fundamenta a teoria do conhecimento na supervalorização da razão como o

único instrumento capaz de atingir a verdades universais, sobre as quais se assentam as bases de uma ciência pretensamente infalível.

Já o empirismo fundamenta a teoria do conhecimento na experiência, supervalorizando os

sentidos e relativizando as operações subsequentes da razão, na busca da verdade, cujo caráter

universal e absoluto é questionado. Os empiristas tem na realidade concreta e visível os subsídios para construção do verdadeiro conhecimento.

Iluminismo: A razão que tudo ilumina

A crença no poder ilimitado da razão, que marcou o pensamento moderno, atingiu o seu apogeu

com iluminismo, no século XVIII, também conhecido por Século das Luzes. Como próprio nome sugere somente as “luzes” da razão natural, seria capaz de indicar e “iluminar” o caminho

de acesso para se atingir a verdadeira sabedoria. O uso da razão era considerado indispensável

para o conhecimento e compreensão dos fenômenos naturais e sociais. Um dos principais represente do iluminismo foi Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão. Em três de suas

obras, Crítica da razão (1781), Crítica da prática (1788), Crítica da faculdade de julgar

(1790), submeteu a razão a um exame criterioso para verificar a possibilidade, o alcance e os limites da razão como instrumento de acesso ao conhecimento. Daí a sua filosofia ser conhecida

como “criticismo Kantiano”.

Positivismo: verificação e experimentação

A palavra positivismo possui um sentido amplo, podendo designar seja uma teoria que exclua

toda e qualquer negação, toda e qualquer contradição e afirme apenas o positivo, o idêntico seja

uma doutrina que considere como objeto positivo somente os dados dos sentidos. Em seu sentido mais estrito, a palavra designa a doutrina e a escola fundada por Agusto Comte, no

século XIX. Seu positivismo compreende não só uma teoria da ciência, mas também uma

determinada concepção da história e uma proposta de reforma da sociedade e da religião.

Fenomenologia: a experiência vivida

A fenomenologia é a ciência de essências (“eidética”), de fenômeno, entendido como aquilo que

aparece ou se manifesta em si mesmo, ou seja, como é em si, na sua essência, a uma consciência

que é intencional. Faz-se então necessária a redução eidética, que tem como finalidade purificar os fenômenos psicológicos de suas características reais ou empíricas, transformando-os em

essências.

A Fenomenologia coloca em evidência o sujeito reflexivo e a experiência vivida. Como filosofia

e método de investigação teve em Edmund Husserl (1859-1938) seu mais importante e expressivo representante.

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Estruturalismo: o todo é mais do que a soma das partes

O estruturalismo adota uma posição totalizada para o estudo dos fenômenos sociais: não é mais a parte (o indivíduo) que explica o todo, mas é o todo que deve explicar a parte. Segundo essa

postura epistemológica, os fatos sociais são realidades independentes de outros planos da

existência humana, são solidários e não podem ser estudados individualmente, como fenômenos isolados. Os fatos sociais devem ser analisados a partir de uma totalidade, como um sistema, e

devem ser vistos em suas relações uns com os outros. Seu principal representante foi Lévi-

Strauss.

Dialética: a superação da contradição

Do grego dia, que expressa a idéia de dualidade, troca, e lektikos, que significa “apto à palavra”,

“capaz de falar”. É a arte de discutir, de dialogar, que implica dualidade de razões, tensão entre

opostos. A dialética se fundamenta em duas proposições básicas: Identidade do real e racional: “o que é racional é real e o que real é racional”, na

medida em que todo real é justificado racionalmente, já que a razão é o

movimento, é pensamento que se concretiza numa sucessão de idéias, origem

da realidade e da história; A contradição como motor produtor do desenvolvimento do pensamento e da

história: „o ser e o nada são uma só e mesma coisa”, ou seja, o pensamento é

dinâmico e se processa através de contradições que são sistematicamente superadas e substituídas por novas contradições, resultado de um empate

permanente entre o ser e o não ser, presentes em cada coisa que existe no

mundo, entre idéias que se opõem, revelando o caráter processual da própria

realidade que se manifesta na história. Como representantes da Dialética podemos citar Marx, Engels e Japiassu.

O alcance do conhecimento

Um dos grandes desafios do mundo contemporâneo é, ao lado do chamado desenvolvimento sustentável, a transformação do conhecimento em riqueza, bem como estabelecer padrões de

produção e de consumo que atendam às demandas das populações crescentes em todos os cantos da Terra, preservando a qualidade de vida e o equilíbrio do meio ambiente no planeta? Esta é,

em resumo, a pergunta que nos põe o assim chamado desafio ecológico. Como transformar

conhecimento em valor econômico e social, ou como agregar valor ao conhecimento?

Responder a essa pergunta é aceitar o segundo desafio acima mencionado e que poderíamos chamar de desafio tecnológico. Para enfrentar essa tarefa, própria do que também se

convencionou chamar economia ou sociedade do conhecimento, deveríamos estar preparados,

entre outras coisas, para cumprir todo um ciclo de evoluções e de transformações do conhecimento. Ele vai da pesquisa básica, produzida nas universidades e nas instituições afins,

passa pela pesquisa aplicada e resulta em inovação tecnológica capaz de agregar valor

comercial, isto é, resulta em produto de mercado. Um dos pressupostos essenciais da chamada

sociedade ou economia do conhecimento é, pois, para muito além da capacidade de produção e de reprodução industriais, a capacidade de gerar conhecimento tecnológico e, por meio dele,

inovar constantemente para um mercado ávido de novidades e nervoso nas exigências de

consumo. Desse modo, aos desafios enunciados logo no início, é preciso acrescentar um outro, tão urgente de necessidade quanto os outros dois: o de que, no afã do utilitarismo prático de

tudo converter em valor econômico, tal qual um Rei Midas que na lenda tudo transformava em

ouro pelo simples toque, não percamos de vista os fundamentos éticos, estéticos e sociais sobre os quais se assenta a própria possibilidade do conhecimento e de seus avanços. Verdade, beleza

e bondade, no mínimo, dão ao homem a ilusão de que, por elas, ele escapa da própria escravidão

humana.

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Distorções do conhecimento

A validade de nossos conhecimentos é garantida pela correção do raciocínio. É correto o raciocínio cujas

proposições expressam juízos (afirmações ou negações) válidos, racionalmente fundamentados.

São dois os modos de raciocínio: o indutivo e o dedutivo. O raciocínio indutivo parte de casos

particulares para concluir uma verdade geral, ou universal.

Por exemplo: O ferro conduz eletricidade. O ouro conduz eletricidade. O cobre conduz eletricidade. A

prata conduz eletricidade. Logo, todos os metais conduzem eletricidade.

Observe-se que partiu-se de quatro proposições ou premissas particulares que levaram a uma conclusão

geral.

O raciocínio indutivo é amplamente utilizado pelas ciências experimentais. As leis científicas são

generali-zações feitas a partir da observação de casos particulares, visto ser impossível ao cientista realizar experiências concretas em todos os casos. Por essa razão, as leis das ciências são muito mais

probabilidades lógicas do que certezas empíricas. A certeza dada pelo raciocínio indutivo aumenta à

medida que o maior número possível de casos particulares seja empiricamente verificado.

O raciocínio dedutivo parte de uma lei universal, considerada válida para um determinado conjunto,

aplicando se aos casos particulares desse conjunto. O que é verdade para um determinado todo é

igualmente verdade para as partes que compõe esse todo.

Exemplo: Todos os homens são mortais. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é falível.

A verdade da conclusão do raciocínio dedutivo baseia-se na verdade contida nas proposições ou

premissas. Se as premissas forem verdadeiras, a conclusão será forçosamente verdadeira.

O raciocínio, indutivo ou dedutivo, torna-se válido ou ilegítimo quando a sua argumentação é capar de

persuadir pelo efeito psicológico que causa e não pela sua correção lógica. A esse tipo de raciocínio chama-mos de sofisma ou falácia.

As falácias, constituem-se em armadilhas intelectuais. Mesmo corretos em sua forma de expressão

(indutiva ou dedutiva), os dados utilizados nesse tipo de argumento são racionalmente duvidosos

A grandeza do conhecimento

“Feliz o homem que acha a sabedoria, e o homem que adquire

conhecimento, porque melhor é o lucro que ela dá do que o da prata, e

melhor a sua renda do que o ouro mais fino.” (Provérbios 3: 13-14)

O conhecimento transforma a vida do ser humano, levando-o à aprendizagem e à mudança. A valorização do saber cresce conforme se entende a sua relevância no desenvolvimento. Conhecemos, gostamos e

avançamos. Assim procedemos. Queremos sempre mais. A sociedade, por sua vez, envolvida por este

movimento da busca pelas informações e os seus benefícios, cobra com vigor, a permanente fidelidade

neste tipo de empreendimento. Percebe-se, no entanto, que a obsessão sobre o consumo do conhecimento

toma conta do que apenas deveria permanecer na saudável condição de hábito. Avança-se de forma

extremada numa direção que inevitavelmente nos reconduzirá ao equilíbrio.

O exagero faz parte do desenvolvimento humano, todavia ele deve encontrar o seu meio termo, a fim de

proporcionar o prazer causado pelo conhecimento, e não o pesar que tem imputado àqueles que se

empenham mais em acumulá-lo do que usufruí-lo.Nas palavras de Freud (1856-1939) “Sem

conhecimento não há poder”, entende-se a diferença entre ignorar e saber. Age com maior propriedade

aquele que tem mais informações e sabe manipulá-las. A experiência oferecida pela vida, variando na sua

qualidade, torna-se a prudência pela qual decidimos os constantes dilemas cotidianos.

Tudo se torna conhecimento, então, temos determinado poder sobre a vida conforme acessamos o saber.

Contudo, deve ser somado um novo elemento a este conjunto dinâmico dos acontecimentos humanos: a

humildade. Sem ela, perdemos o controle sobre o equilíbrio necessário de se adquirir e administrar o

conhecimento, além de provocar a decorrente soberba. Na tentativa de se sobrepor aos outros, através do saber, o homem se julga detentor de uma enorme porção daquilo que desconhece. Triste tentativa. O sábio

Sócrates (470-399 a.C.), com conhecimento acerca dos limites e da imperfeição humana, descreveu: “Só

sei que nada sei”.

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Conhecer é vital, eleger-se o seu detentor é ilusão. Conhecer a falta de conhecimento demonstra

sabedoria. Nos escritos de Carl Sandburg encontra-se: “O homem branco riscou na areia um círculo

pequeno e falou ao pele vermelha: Isto é o que os índios sabem. Depois, riscando um círculo maior em

torno do pequeno, acrescentou: E isto é o que o branco sabe. O selvagem tomou o bastão e traçou um

círculo ainda maior, abrangendo ambos os círculos, e disse: Isto é o que branco e vermelho não sabem”.

Sobre o pedestal do conhecimento, o homem formou a crença de que se encontra impedido de dizer o

simples “não sei” quando questionado acerca de coisas que de fato não sabe. O seu temor reside na idéia

de que será reduzido e perderá o prestígio social. Como se o atleta que tanto se exercita perdesse o seu

porte apenas por não participar de algum campeonato. Vários professores preferem discutir e até desviar do assunto que não lhes é sabido, no lugar de assumir que não sabem, provocando, assim, a desconfiança

entre os seus alunos, que, a seu turno, permanecessem calados, mesmo diante de tantas dúvidas durante

uma aula.

O ambiente influencia as atitudes. Em outra circunstância, pessoas que ocupam cargos de chefia nas

organizações tendem a manter-se na postura do mais alto saber, entendendo que este procedimento as

sustentará na sua privilegiada posição. Discussões entre colegas da mesma profissão podem resultar em

argumentações descabidas e causar ressentimento na relação. Falta humildade em reconhecer as próprias

limitações. Entender que o desconhecimento de muitas coisas é natural e expressar o não saber abre

espaço para a formação de novos saberes, além de estimular os outros a compartilhar de tal fato também.

A grandeza do conhecimento está na sua simplicidade: adquirir e transformar-se em sabedoria, para si

próprio e para os outros. Um monge, de nome Beda, descreveu três caminhos para a infelicidade ou o

fracasso: não ensinar o que sabe, não praticar o que ensina e não perguntar o que ignora. É preciso

primeiro aceitar que não sabemos, para em seguida, conquistar o conhecimento. Será que admitimos o

fato de que pouco conhecemos?

Autor

Armando Correa de Siqueira Neto

Nossa marca no mundo

Visando a satisfação da curiosidade racional, a segurança psicológica e a necessidade de transformar o

meio, as várias gerações de homens coletaram características e propriedades dos objetos que compõem

nossa realidade, deixando sua marca interpretativa do mundo. Foram técnicos, operários e artesãos que

ousaram improvisar e utilizar novas formas de colocar a realidade do universo a serviço do homem,

criando, testando e aperfeiçoando instrumentos que facilitam a vida da humanidade. Foram cientistas que

se debruçaram sobre a realidade para descobrir como ela funciona. Os cientistas nos ensinaram que a

possibilidade de conhecer e utilizar a realidade é concreta, requerendo esforço e métodos apropriados. Foram filósofos que tentaram ir além de nossa experiência imediata de mundo, para descobrir o que é, de

fato, a realidade e qual o sentido da existência do ser humano. Os filósofos nos ensinaram o poder do

conhecimento e das idéias e a importância do pensamento coerente e produtivo.

Como resultado dessa marca interpretativa, temos sociedades organizadas em diferentes

instituições, leis e normas morais estabelecidas, programas de ensino e produção já implantados,

religiões e credos estruturados. Enfim, um mundo pronto para uso e consumo. Mas será que isso nos

dispensa de pensar e conhecer, entendendo e transformando a realidade?

Não. Se apenas usamos o já pensado e definido, estamos aceitando um mundo de "segunda mão",

o mundo dos outros.

São inúmeras as pessoas que jamais se preocuparam com um fato terrível: suas vidas consistem na

aceitação passiva de explicações já prontas, ofertadas pelas várias ideologias do meio social. Se apenas

aceitamos as fórmulas prontas, estamos nos alienando e dando a outros o direito de pensar por nós. Ao nos acomodarmos e reproduzirmos o que nos mandam, estamos nos adaptando, admitindo o já pronto

como melhor possível e renunciando à nossa capacidade de transformação.

A indiferença perante o processo do mundo equivale à ignorância. Do ignorante e do indiferente,

os "senhores da verdade" esperam apenas que sejam como o porco, a hiena e o canguru: um come, bebe

e dorme; o outro sorri afavelmente na sociedade; e o terceiro junta as mãos em súplica...

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Quem julga que conhecemos tudo e que o conhecemos perfeitamente e que somos capazes de

comunicar tudo o que conhecemos, comete um exagero não menor e não menos falso que o dos

céticos.(filosofia do não ligar para a realidade – “To nem aí!”)

A verdade é que nas questões filosóficas nada é simples. Toda solução simples é uma solução falsa.

E em geral é uma solução preguiçosa – como é o ceticismo que nos livra de todo o dever de investigação

longa e árdua, porque para ele nada há para investigar.

A Realidade é terrivelmente complexa, e a verdade sobre ela também deve ser terrivelmente complexa.

Só por um trabalho longo e árduo pode o homem apropriar-se de uma parte dela, não muito, mas sempre

alguma coisa.” J. M. Bochenski

Texto do livro: “Para Filosofar” Conhecer ou não Conhecer, eis a diferença; págs. 34 e 35 Ed.

Scipione.

Exercício: 1- Qual é a importância do conhecimento para a sociedade?

2- Analise: a- “O que produzo demonstra o que conheço.”

b- Na sociedade atual o conhecimento se reduz mais às escolas e universidades.

3- Afinal de contas: Pra que estudar?

4- Avaliando como você estuda hoje, ou seja busca o conhecimento para ser alguém,

imagine como será a satisfação das pessoas que, daqui alguns anos, serão servidas por

você .. .

5- Que tipo de conhecimento você já domina, que te dá segurança em decidir em situações difíceis? A) Indique a situação. B) Demonstre como a resolve e que tipo de

conhecimento você precisa.

Estudo Errado - Gabriel O Pensador

Eu tô aqui Pra quê?

Será que é pra aprender?

Ou será que é pra aceitar, me acomodar e obedecer?

Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater!

Sem recreio, de saco cheio porque eu não fiz o dever.

A professora já tá de marcação porque sempre me pega Disfarçando, espiando, colando toda prova dos colegas

E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo.

E quando chega o boletim lá em casa eu me escondo

Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola de gude.

Mas meus pais só querem que eu "vá pra aula!" e "estude!"

Então dessa vez eu vou estudar até decorar, cumpádi

Pra me dar bem e minha mãe deixar ficar acordado até mais tarde

Ou quem sabe aumentar minha mesada

Pra eu comprar mais revistinha (do Cascão?)

Não. De mulher pelada

A diversão é limitada e o meu pai não tem tempo pra nada.

E a entrada no cinema é censurada (vai pra casa pirralhada!) A rua é perigosa então eu vejo televisão

(Tá lá mais um corpo estendido no chão)

Na hora do jornal eu desligo porque eu nem sei nem o que é inflação

- Ué não te ensinaram?

- Não. A maioria das matérias que eles dão eu acho inútil

Em vão, pouco interessantes, eu fico pu..

Tô cansado de estudar, de madrugar, que sacrilégio (Vai pro colégio!!)

Então eu fui relendo tudo até a prova começar, voltei louco pra contar:

Manhê! Tirei um dez na prova.

Me dei bem tirei um cem e eu quero ver quem me reprova!

Decorei toda lição, não errei nenhuma questão.

Não aprendi nada de bom

Mas tirei dez (boa filhão!)

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Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci

Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi

Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci

Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi

Decoreba: esse é o método de ensino

Eles me tratam como ameba e assim eu num raciocino,

Não aprendo as causas e conseqüências só decoro os fatos.

Desse jeito até história fica chato

Mas os velhos me disseram que o "porque" é o segredo.

Então quando eu num entendo nada, eu levanto o dedo

Porque eu quero usar a mente pra ficar inteligente. Eu sei que ainda num sou gente grande, mas eu já sou gente!

E sei que o estudo é uma coisa boa

O problema é que sem motivação a gente enjoa! O sistema bota um monte de abobrinha no programa

Mas pra aprender a ser um ingonorante (...)

Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da minha cama (Ah, deixa eu dormir)

Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre

Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste.

- O que é corrupção? Pra que serve um deputado?

Não me diga que o Brasil foi descoberto por acaso!

Ou que a minhoca é hermafrodita, ou sobre a tênia solitária.

Não me faça decorar as capitanias hereditárias!! (...)

Vamos fugir dessa jaula!

"Hoje eu tô feliz" (matou o presidente?) Não. A aula

Matei a aula porque num dava. Eu não agüentava mais!

E fui escutar o Pensador escondido dos meus pais

Mas se eles fossem da minha idade eles entenderiam (Esse num é o valor que um aluno merecia!)

Íííh... Sujô (Hein?) O inspetor! (Acabou a farra, já pra sala do coordenador!)

Achei que ia ser suspenso, mas era só pra conversar

E me disseram que a escola era meu segundo lar

E é verdade, eu aprendo muita coisa realmente

Faço amigos, conheço gente, mas não quero estudar pra sempre!

Então eu vou passar de ano. Não tenho outra saída.

Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida,

Discutindo e ensinando os problemas atuais. E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais,

Com matérias das quais eles não lembram mais nada

E quando eu tiro dez é sempre a mesma palhaçada

Encarem as crianças com mais seriedade,

Pois na escola é onde formamos nossa personalidade

Vocês tratam a educação como um negócio onde a ganância,

a exploração e a indiferença são sócios.

Quem devia lucrar só é prejudicado.

Assim cês vão criar uma geração de revoltados.

Tá tudo errado, e eu já tou de saco cheio!

Agora me dá minha bola e deixa eu ir embora pro recreio...

Referências

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ARANHA, M. L. A e MARTINS, M.H. P. Filosofando. Introdução à Filosofia. São Paulo: Ed. Moderna.

1993.

GAARDEN, Jostein. O Mundo de Sofia. São Paulo, Cia. das Letras, 4 ed., 1995. CHAUI, M. Convite ao Filosofar. São Paulo: Ed. Ática, 1997. GAARDER, Jostein. O que é Filosofia. In: O Mundo de Sofia. Companhia das Letras.

GILES, THOMAS. Introdução à filosofia. São Paulo: EPU/Edusp, 1979.