1ª unidade de filosofia

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Abordagem Introdutória à Filosofia e ao Filosofar

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Page 1: 1ª unidade de Filosofia

Abordagem Introdutória à Filosofia e ao Filosofar

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Breve enquadramento da Filosofia no Ensino Secundário

A UNESCO sugere a todos os Estadosa introdução ou o alargamento daformação filosófica a toda aeducação secundária, considerandoevidente o vínculo entre Filosofia eDemocracia, entre Filosofia eCidadania.

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A aprendizagem desta disciplina centra-se essencialmente no aperfeiçoamentocognitivo e ético, contribuindo, assim,directamente, para a procura doconhecimento, para desenvolver o juízocrítico e promover a participação na vidacomunitária.

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A Filosofia tem três funções essenciais:

• “Permitir a cada um aperfeiçoar a análise das convicções pessoais";

• “Aperceber-se da diversidade dos argumentos e das problemáticas dos outros";

• “Aperceber-se do carácter limitado dos nossos saberes, mesmo dos mais assegurados".

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Observe o quadro com atenção

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Magritte – Surrealista

• Pintor de imagens insólitas, às quais deutratamento rigorosamente realista, utilizou-se deprocessos ilusionistas, sempre à procura docontraste entre o tratamento realista dosobjectos e a atmosfera irreal dos conjuntos.

• Suas obras são metáforas que se apresentamcomo representações realistas, através dajustaposição de objectos comuns, e símbolosrecorrentes em sua obra, porém de um modoimpossível de ser encontrado na vida real.

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Mensagem da obra de Magritte

• Manifesta a experiência de exterioridade, de fragmentação, de ignorância. Exterioridade porque nos dá a imagem do objecto e nunca o próprio objecto. Fragmentação porque pode justapor vários sentidos e até sentidos incompatíveis. Ignorância porque há sempre uma espécie de “analfabetismo” quando tentamos explicitar o sentido de uma obra de arte.

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Origem etimológica do termo “filosofia”

Deriva das palavras gregas:

philo (amor) e

Sophia –(Sabedoria)

“Amor à sabedoria”

A análise do termo dá-nos três elementos que são constitutivos da atitude filosófica

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“Amor à sabedoria”

A análise do termo dá-nos três elementos que são constitutivos da atitude filosófica:

Humildade intelectual - Não considera que sabe

Desejo de saber -Procura constante do saber

Intenção crítica – Não se satisfaz com respostas

imediatas

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Problemas Filosóficos

• São relativos às nossas crenças básicas fundamentais;

• Não podem ser resolvidos pelos métodos das ciências.

• As questões filosóficas estão na origem de todo o filosofar, sem os problemas não haveria filosofia, o ser humano não teria dúvidas.

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Objecto, objectivo e o método da Filosofia

Objecto – Todo o real, tudo o que existe pode torna-se objecto de reflexão filosófica, dependendo da perspectiva em que é encarado e dos processos utilizados.

Objectivo – Compreender melhor o mundo e a vida, elucidar conceitos, levantar questões,

perceber razões e encontrar sentidos.

Método – Empreendimento racional, quer compreender através da razão.

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A especificidade da Filosofia

Autonomia - na medida em que os filósofos fazem uso da razão, independentemente de preconceitos e ideias feitas.

Radicalidade - na medida em que procura os fundamentos, a raiz, o fim último das coisas.

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Historicidade – embora os filósofos desenvolvam uma reflexão pessoal respondem a problemas marcantes da sua época.

Universalidade – apesar da historicidade os filósofos abordam problemas que dizem respeito a toda a humanidade

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Caracterização da Filosofia

• Actividade intelectual -de procura de conhecimento - atitude de curiosidade e desejo de conhecer e problematizar o mundo.

• Reflexão crítica – sobre o conhecimento e o mundo, isto é, o conjunto de respostas que se foram constituindo.

• Atitude prática de procura de sabedoria -

visa encontrar novas maneiras de conceber o mundo, definir o nosso projecto de vida

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Áreas da Filosofia

• Acção: Estudo da intenção das nossas acções.• Axiologia: Estudo da natureza dos valores• Religião: Estudo da natureza e do objecto da fé religiosa.• Moral: Estudo dos princípios que orientam a acção humana.• Estética: Estudo dos princípio que sustentam a nossa avaliação da

obra de arte.• Direito: Estudo da natureza e princípios que legitimam a aplicação

do Direito.• Política. Estudo dos princípios fundamentais do estado.• Epistemologia: Estudo da origem, natureza e extensão do

conhecimento.• Ontologia e Metafísica: Estudo das questões fundamentais acerca

da natureza e da realidade.

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A Filosofia tem origem na Grécia. Porquê?

Regime democrático. Em Atenas desenvolvia-se progressivamente uma democracia com assembleias populares e tribunais eleitos pelos cidadãos.

O aparecimento da Polis, Cidade-Estado Grega permite uma autonomização da vida económica, social cultural;

A partir do século V a. C. Atenas tornou-se o centro cultural da Grécia;

Promove o debate público na Ágora dos assuntos da cidade;

Contacto privilegiado com outras culturas, devido à localização geográfica;

Tem a tradição de explicar racionalmente os fenómenos naturais e humanos;

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• O desenvolvimento da democracia exigia que os homens recebessem instruções suficientes para poderem participar na vida politica. Entre os atenienses isso significava sobretudo dominar a retórica (arte de bem falar)

• Vindos das colónias gregas, um grupo de professores itinerantes (SOFISTAS – sábios eruditos) e de filósofos afluiu a Atenas. Os sofistas ganhavam o seu sustento ensinando os cidadãos, criaram grande rivalidade com os filósofos que seguiam uma metodologia diferente: procuravam a verdade e a essência das coisas, incutindo nas populações o gosto pelo saber e espírito critico.

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Os Filósofos da Natureza

• Investigadores que se interessavam sobretudo pela natureza e pelos processos físicos.

• Os filósofos viam com os seus próprios olhos que havia na natureza transformações constantes. Era comum entre os primeiros filósofos acreditarem que havia um elemento primordial responsável por essas transformações. – Procurar esse elemento era a grande tarefa destes filósofos.

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Sócrates- Filósofo grego (470-399 a.C)

• O filósofo que melhor ilustrou a atitude filosófica. Questionava as pessoas sobre os problemas mais comuns e levava-as a reconhecer a própria ignorância e a abandonar o dogmatismo - fase da ironia

• Em seguida, iniciava o processo de investigação e clarificação dos conceitos – fase da maiêutica –através de um questionamento dirigido, Sócrates denunciava as insuficiências de tal definição

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Senso comum Ciência/ FilosofiaParticular e concreto;Empírico;Comum sem ser universal;Incompleto e superficial;Subjectivo;Não aspira ao conhecimento universalmente válido;Não visa uma comunicação exaustiva;Usa uma linguagem ambíguaNão é metódico;É acrítico;Dogmático;É essencialmente prático e funcional.

Procuram a universalidade;Ultrapassam o nível da experiência sensível;Observam de forma consciente e interrogativa;Procuram rigor e clareza;São mais abstractas;Requerem a utilização de um método; Utilizam uma linguagem mais cuidada, como tal menos ambígua;Interrogam continuamente;Procuram solucionar problemas;

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SemelhançasFilosofia/ciência

DiferençasFilosofia /Ciência

Exigem ambas uma metodologia adequada, justificação e rigor de conceitos;Ultrapassam o nível da experiência sensível;São mais abstractas;Procuram uma objectividade crescente;Nenhuma teoria, científica ou filosófica, pode ser considerada como solução definitiva e completa para um problema, exigem revisão e correcção.

As teorias filosóficas não exigem reconhecimento e aceitação universais, as científicas exigem o reconhecimento da comunidade científica.A validação do conhecimento filosófico depende da qualidade da argumentação , exigindo o uso de conceitos rigorosamente definidos e de argumentos válidos, a validação do conhecimento científico exige demonstração experimental.

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Modelo a aplicar na leitura filosófica1-Tema – Assunto tratado no texto (muitas vezes

identificado no titulo).

2- Identificação do problema: criação de interrogações acerca do tema, o que precisa de ser pensado e discutido.

3- Tese: é a posição defendida pelo autor

4- Argumentos: razões que sustentam a tese;

5- Conceitos estruturantes: conceitos chave organizadores do discurso. A partir de relações entre conceitos constroem-se proposições;

6-Discutir e tomar posição sobre o problema – apresentar razões para uma opção

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Acesso aos cuidados de saúde“Ter informação e dinheiro são meios

fundamentais para ter saúde. Porém se não existisse o serviço Nacional de Saúde os pobres não teriam acesso aos cuidados médicos, pois enquanto que os ricos podem aceder, através da medicina privada, aos tratamentos tecnológicos mais avançados ou aos novos medicamentos, aos pobres só restam os cuidados do Estado. Assim, quando formos velhinhos, haverá genética para os ricos e genéricos para os pobres.”

Jornal expresso, 2009/10/10

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1-Tema – Acesso aos cuidados de saúde

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2- Identificação do problema: Por que é que há desigualdade no acesso aos cuidados de Saúde?

O que origina esta desigualdade?

Esta desigualdade é legitima?

A responsabilidade do Estado deve ser apenas cívica?

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3- Tese: Há desigualdade no acesso aos cuidados de saúde conforme se é rico ou pobre.

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4- Argumentos:” Os ricos têm acesso à informação e dinheiro para recorrer à medicina privada e pagar os tratamentos tecnológicos mais avançados”;

“os pobres só podem utilizar os cuidados mais baratos oferecidos pelo Estado que, por razões económicas, usa os genéricos”;

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5- Conceitos estruturantes:saúde/doença

informação/ignorância

Ricos / pobres

Medicina privada/SNS Genética/genéricos

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6-Discutir e tomar posição sobre o problema – Assumir uma posição, apresentar o nosso ponto de vista

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Alegoria da caverna

• Uma alegoria é uma técnica literária que permite apresentar uma reflexão filosófica.. sobre a realidade como se tratasse de uma simples história para entreter. Uma representação figurativa, quase sempre sob a forma humana, de uma proeza, de uma virtude, de uma ideia ou ser abstracto, que nos é apresentada como uma ficção, com o objectivo de tornar mais acessível a mensagem.

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Qual o objectivo do autor?

• Procura veicular uma mensagem cujo conteúdo é simultaneamente ontológico e político.

• Platão mostra-nos como os seres humanos viviam e como deveriam viver.

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1-Tema: A condição humana, a natureza humana e o modo como se desenrola a sua existência.

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2- Identificação dos problemas• O que é o conhecimento? -Qual o valor do

conhecimento que possuímos? - Problemas epistemológicos

• O que é a realidade? - Será que confundimos aparência com a realidade? – Problemas ontológicos

• O que é o ser humano? – Será que nos conhecemos verdadeiramente? – Problemas antropológicos

• Porque valores devemos orientar a nossa vida? –O que é a liberdade? – São os seres humanos livres? problemas axiológicos

• Qual o sentido da existência – Problemas metafísicos

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3-Tese: O autor apresenta-nos um quadro da condição humana caracterizado pela ignorância, pela ilusão e pela inconsciência, sugerindo-nos que é possível ultrapassar esse quadro.

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4-Argumentos• Porque vivemos acorrentados na escuridão, não temos

experiência de outros modos de ver a nossa existência, não temos consciência da nossa ignorância;

• Para operar a mudança devemos recorrer a alguém esclarecido que já tenha experimentado a mesma situação e tenha conseguido libertar-se.

• Aprender a ver é difícil, a busca da liberdade através do conhecimento implica sacrifício;

• Esta luta envolve perigos; é uma luta de vida ou morte, metaforicamente a ignorância é sinónimo de morte. O ignorante não quer ser incomodado, é capaz de matar os que o incomodam.

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5 -CONCEITOS ESTRUTURANTES

IGNORÂNCIA TREVASILUSÃORESISTÊNCIAPRISÃOIMOBILISMOISOLAMENTO

CONHECIMENTOLUZREALIDADEFLEXIBILIDADELIBERDADECAMINHADAPARTILHA

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Conceitos estruturantes

1º Momento – Descrição da situaçãoImagens Conceitos

Os prisioneiros da cavernaTrevasConfusão sombras/objectos

Condição humanaIgnorânciaDificuldade de distinguiraparência/realidade

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2º Momento – Problematização da situação

Imagens Conceitos-Dificuldade de olhar a luz e os objectos-Dificuldade de despertar e --resistência dos prisioneiros-Etapas da ascensão até ao mundo exterior-Perturbação do prisioneiro ao descobrir o mundo exterior

-Força dos hábito

-Conformismo-Progressiva eliminação de preconceitos

-Espanto, curiosidade.

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3º Momento - RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS SUGERIDOS PELA SITUAÇÃO

Imagens Conceitos

-Contemplação da luz do sol-Comparação do mundo exterior com a vida na caverna-Compreensão da situação vivida na caverna-O regresso do filósofo à caverna( o partilhar da descoberta-Perigosidade de falar a verdadeDificuldade de viver de novo nas trevas

-Conhecimento da verdadeira realidade-Trabalho de análise.

-Tomada de consciência/mutação do modo de ser-Amor/dever do sábio

-Risco do filósofo-O sofrimento voluntário do sábio

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IGNORÂNCIA TREVASILUSÃORESISTÊNCIAPRISÃOIMOBILISMOAPARÊNCIARESISTENTEISOLAMENTO

CONHECIMENTOLUZREALIDADEFLEXIBILIDADELIBERDADECAMINHADAREALIDADEDISPONIVELPARTILHA

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6- Sentido e utilidade da tese para a nossa vida

• A descoberta do eu;

• A procura do sentido da vida;

• A formação da personalidade;

• O valor do conhecimento;

• A procura do conhecimento é uma actividade difícil;

• O desenvolvimento do pensamento.

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Instrumentos lógicos do pensamento e do discurso

1-Conceito – é uma abstracção elaborada pela razão, a partir dos dados obtidos na experiência, e que serve para designar uma classe de objectos ou seres.

Ex: Quando falamos de um gato, estamos a referir-nos a um determinado animal de que temos uma imagem. Mas o conceito de gato refere-se a todos os indivíduos que constituem a classe dos animais domésticos, que miam, pertencem à classe dos felinos e à classe dos mamíferos

Termo – expressão verbal do conceito

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2-Juízo – é uma relação que se estabelece entre dois termos /conceitos (sujeito e predicado), um dos quais se afirma ou nega em relação ao outro, unidos por um verbo que se chama cópula.

Ex: A Filosofia é um desafio (o predicado desafio é afirmado em relação ao sujeito Filosofia).

Proposição -Expressão verbal

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• Raciocínio – operação mental ,mediante a qual, com base em certas regras, partindo de certos juízos, se chega a uma conclusão que deles decorre. Trata-se de um encadeamento de proposições conhecidas nos permite chegar a uma nova proposição, a conclusão.

Ex: Todos os homens são seres vivos

Sócrates é homem

Sócrates é ser vivo