faculdade boa viagem devry brasil centro de pesquisa e...
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FACULDADE BOA VIAGEM – DeVry Brasil
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (CPPA)
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL (MPGE)
Carlo Martins Pacheco
O ESTADO DE PERNAMBUCO E A NOVA GLOBALIZAÇÃO DO SÉCULO XXI
UM ESTUDO SOBRE AS OPORTUNIDADES DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS
DIANTE DO FENÔMENO DO RESHORING
Recife, 2015
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Carlo Martins Pacheco
O ESTADO DE PERNAMBUCO E A NOVA GLOBALIZAÇÃO DO SÉCULO XXI
UM ESTUDO SOBRE AS OPORTUNIDADES DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS
DIANTE DO FENÔMENO DO RESHORING
Dissertação apresentada como requisito
complementar para obtenção do grau de Mestre
em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e
Pós-Graduação em Administração – CPPA da
Faculdade Boa Viagem - DeVry Brasil, sob a
orientação do Prof. Dr. Olímpio José de Arroxelas
Galvão.
Recife, 2015
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Catalogação na fonte - Biblioteca da Faculdade Boa Viagem – DeVry, Recife/PE
P116e Pacheco, Carlo Martins.
O estado de Pernambuco e a nova globalização do século XXI :
um estudo sobre as oportunidades de atração de investimentos
diante do fenômeno do Reshoring / Carlos Martins Pacheco –
Recife: FBV | DeVry, 2015.
70 f. : il.
Orientador(a): Olímpio José de Arroxelas Galvão
Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Faculdade
Boa Viagem | Devry.
1. Economia. 2. Reshoring. 3. Desenvolvimento. 4. Forças
e fraquezas. I. Título.
DISS 658 [15.2]
Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca da FBV | DeVry
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AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar ao meu Orientador prof. Olímpio Galvão, uma pessoa que ao longo
dos estudos, aulas e pesquisas, tangenciou com maestria a orientação desta dissertação,
conduzindo a um longo e contínuo processo em meio a infindáveis observações e críticas, com
a devida energia e motivações necessárias, coordenando as diversas etapas com punho de um
profissional gabaritado e de visão humana, como a de um pai frente às minhas limitações.
Grande responsável pelo empenho à construção deste projeto, com todas as articulações e
acessos indispensáveis, tanto na condução do tema, livros e artigos internacionais, quanto nas
indicações dos nomes de entrevistados de grande valor.
Agradeço também ao Sr. Jenner Guimarães do Rêgo, Diretor Presidente da Agência de
Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), pelo cordial recebimento para uma
das mais longas e imprescindíveis entrevistas acerca das condições presentes em Pernambuco
ante aos investimentos tema central desta dissertação, além das indicações para continuidade
desta obra, como no caso da Gerente de Inteligência da AD Diper, Sra. Camila Lopes e Sra.
Luiza Villela, Coordenadora de Desenvolvimento de Negócios de SUAPE, que contribuíram
sobremaneira no mapeamento das condições de Pernambuco, conforme o tema central.
Um agradecimento em especial à Ivone Malaquias, Gerente de Comércio Exterior da AD Diper,
pelas devidas orientações nas partes de pesquisa e de entrevistas, com expressiva contribuição
para as análises das informações, e à Cléia Amorim, responsável pelos agendamentos e
articulações para as entrevistas no âmbito da AD Diper e de SUAPE.
Dando continuidade às contribuições indispensáveis à conclusão deste projeto, reporto-me à
Sra. Angella Mochel, Secretária Executiva de Gestão Estratégica da Secretaria de Micro e
Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação (SEMPETQ), no tocante às condições de
qualificação da mão de obra ofertadas, ingrediente fundamental no processo de auxílio às
decisões dos investidores, tanto nacionais quanto internacionais, conforme seguem nesta
dissertação.
Agradeço ao Sr. Márcio Stefanni, Secretário da Fazenda de Pernambuco (Sefaz), cedente de
amplas informações acerca de Pernambuco, relacionando diversas atividades e setores do
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Estado, abordando os fatores já alcançados e aqueles que ainda iremos conquistar, conforme
suas descrições.
Ao senhor Sr. Prof. Dr. Jorge Jatobá, da Consultoria Econômica e Planejamento (CEPLAN),
com expressas avaliações na visão de pesquisador acadêmico quanto às questões políticas
quanto econômicas de Pernambuco.
Aos amigos professores que me apoiaram durante a caminhada do Mestrado, me guiando e
aconselhando nas diversas etapas deste processo de estudos, pesquisas e desenvolvimento desta
dissertação.
Meu agradecimento em especial à Ana Rosa, minha esposa de caminhada, por seus conselhos
e suporte nos momentos mais turbulentos, ofertando-me o equilíbrio necessário em meio às
adversidades do percurso.
E, por fim, a todos àqueles que contribuíram com suas vibrações para o êxito da presente
dissertação, alentos sempre bem-vindos nos momentos de tensão.
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RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise da atual conjuntura existente ante às
condições existentes para atração de possíveis investimentos, tanto nacionais quanto
internacionais em Pernambuco. Na fundamentação teórica foram abordados os seguintes
constructos: Pernambuco e o seu histórico econômico, o reerguimento da economia
pernambucana, o novo Nordeste industrial, a globalização e os padrões geográficos de
localização industrial, do desmembramento industrial ao fortalecimento da cadeia de valor
internacional - o que leva a uma firma a praticar outsourcing ou offshoring?, terceirizações
como ações coletivas (sinergias) e a nova cadeia de produção mundial – reshoring. Na parte
descritiva foi realizado um levantamento dos dados secundários e diversas entrevistas pessoais
com a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Coordenadora de
Desenvolvimento de Negócios de SUAPE, Secretaria de Micro e Pequena Empresa, Trabalho
e Qualificação (SEMPETQ), Secretaria da Fazendo de Pernambuco (Sefaz) e a Consultoria
Econômica e Planejamento (CEPLAN), Além da pesquisa bibliográfica ou de fonte secundária,
abrange a bibliografia publicada entre os anos de 2010 a 2015, devido ao tema de pesquisa ser
recente e que se encaixa neste recorte temporal, envolvendo: boletins nacionais e internacionais,
livros e pesquisa monográfica. O método de análise de dados obtidos conforme propósito,
ocorreu a padronizada, executada por meio de uma sequência pré-definida da modalidade
focalizada, havendo um roteiro pré-definido de tópicos relativos à problemática a ser estudada.
Palavras-chave: Reshoring. Análise conjuntural. Pernambuco. Indicadores econômicos e
sociais.
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ABSTRACT
This study aims to analyze the current situation existing at the conjuncture conditions to attract
possible investments, both national and international in Pernambuco. In theoretical foundations
were approached the following constructs: Pernambuco and its economic history, the uplifting
of Pernambuco economy, the new industrial Northeast, globalization and geographic patterns
of industrial location, industrial dismemberment strengthening the international value chain -
which leads to a firm to practice outsourcing or offshoring outsourcing?, as collective action
(synergies) and the new global production chain - reshoring. In the descriptive part was a survey
of secondary data and several personal interviews with the Agência de Desenvolvimento
Econômico de Pernambuco (AD Diper) Coordinator of Desenvolvimento de Negócios de
SUAPE, Secretaria de Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação (SEMPETQ),
Secretaria da Fazendo de Pernambuco (Sefaz) and the Consultoria Econômica e Planejamento
(CEPLAN) in addition to the literature or secondary source, covers the literature published
between the years 2010-2015, due to the research topic is recent and that fits this time frame,
involving: national and international newsletters, books and monographic research. The data
analysis method obtained as purpose, was standardized, performed by a pre-defined sequence
of focused mode, with a predefined script topics concerning the problems to be studied.
Keywords: Reshoring. The analysis conjuncture. Pernambuco. Economic and social indicators.
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico - 1: Investimentos atraídos de 2007 a 2013 ______________________________ 24
Gráfico - 2: Offshoring: oportunidades ao longo da cadeia de valor _________________ 31
Gráfico - 3: Roteiro da viabilização do investimento em Pernambuco _______________ 56
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LISTA DE TABELAS
Tabela - 1: Pesquisa no banco de dados dos periódicos da CAPES, SCIELO e CRUESP 14
Tabela - 2: Taxas mensais regionalizadas do volume de vendas do varejo ordenadas segundo
posicionamento (%) em relação à média nacional ______________________________ 23
Tabela - 3: Produção Industrial de Pernambuco entre 2010 a 2015 __________________ 27
Tabela - 4: Índice de Competitividade Global (ICG) de 2009 ______________________ 43
Tabela - 5: Atendimentos realizado a potenciais investidores - 2010 ________________ 48
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização .....................................................................................................................13
1.1.1 Gigantismo econômico .....................................................................................................15
1.1.2 O Fenômeno Reshoring ....................................................................................................17
1.2 PERGUNTA DE PESQUISA .........................................................................................................20
1.3 OBJETIVO GERAL .....................................................................................................................20
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..........................................................................................................20
1.5 JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA..................................................................................................20
1.5.1 Justificativas teóricas ........................................................................................................20
1.5.2 Justificativas práticas ........................................................................................................21
1.6 Estrutura da Dissertação..........................................................................................................22
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 24
2.1 Pernambuco e o seu histórico econômico................................................................................24
2.2 O reerguimento da economia pernambucana..........................................................................26
2.3 O Novo Nordeste Industrial .....................................................................................................32
2.4 A globalização e os padrões geográficos de localização industrial ............................................34
2.5 Do desmembramento industrial ao fortalecimento da cadeia de valor internacional - o que leva
a uma firma a praticar outsourcing ou offshoring? ........................................................................36
2.6 Terceirizações como ações coletivas (sinergias) .......................................................................38
2.7 A nova cadeia de produção mundial – reshoring ......................................................................40
3. METODOLOGIA E DADOS UTILIZADOS ................................................................... 42
3.1 Objetivo ..................................................................................................................................42
3.2 Metodologia aplicada ..............................................................................................................42
3.3 Lista das perguntas direcionadas aos entrevistados .................................................................43
3.4 Limitações ...............................................................................................................................44
4. ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................. 45
4.1 Atração de Investimento Nacional ...........................................................................................53
4.2 As Mudanças no Método e na Organização para Atração de Investimentos .............................55
4.3 As Ameaças a Atração de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em Pernambuco ...................66
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 70
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 74
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1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
Entre 2003 e 2008, a economia mundial experimentou uma dinâmica extraordinária de
crescimento. Nesse ciclo, a expansão do PIB mundial foi de 4,4% em médias anuais.
Verificou-se também uma ampliação da capacidade produtiva evidenciada pelo
crescimento da taxa de investimento da economia mundial que passou de 22,1% do PIB,
em 2003, para 24,5% do PIB, em 2008. Deve-se notar que o crescimento foi puxado
principalmente por países em desenvolvimento, com destaque para China e Índia (IPEA,
2014). Nesse período, a dinâmica da renda e do emprego internacional foi apoiada em um
conjunto de circuitos interligados, no total de três, pelas economias centrais (Estados
Unidos, Japão e União Europeia), asiáticas e produtoras de commodities.
O primeiro circuito provém da articulação entre a economia americana com a chinesa,
por meio da entrada de investimento estrangeiro direto (IED) americano no território
chinês e exportações de produtos manufaturados para os Estados Unidos, conformando o
espaço sino-americano (CASTRO, 2008). O movimento de outsourcing, em especial pela
configuração de empresas em rede – e/ou de migração de corporações americanas para a
China, transformada em centro global de montagem e produção de manufatura ou nova
“oficina do mundo”, resultou na formação de superávit comerciais crescentes com os
Estados Unidos (US$ 33,8 bilhões em 1995 e US$ 226,9 bilhões em 2009) (IPEA, 2014).
O segundo circuito se consolida na integração intra-asiática promovida pela expansão da
economia chinesa. E, por fim, o terceiro circuito se forma nas relações entre o segmento
asiático e os países produtores de commodities agrícolas, minerais, petróleo e gás. Dessa
forma, envolve os países latino-americanos e africanos, fornecedores de alimentos e
matérias-primas, e os exportadores de petróleo (Oriente Médio, África e Comunidade dos
Estados Independentes) (IPEA, 2014).
Tanto o Brasil quanto a China destacaram-se mundialmente como duas grandes potências
comerciais, mesmo com tantas diferenças em relação ao desenvolvimento econômico e
social, bem como às características políticas e culturais. As trajetórias desses países se
14
cruzam em um cenário altamente competitivo, entre processos de articulações com as
companhias multinacionais e de intercâmbios econômico, científico, tecnológico, etc.
Ambos os países atualmente procuram atrair a pouca liquidez restante no mercado
internacional, devido ao impacto econômico ocorrido por volta de 2008, que, ainda
presente na economia mundial, vem provocando um novo efeito de reordenação de parte
da cadeia de valor internacional (Supply Chain Value). Essa reordenação é identificada
como reshoring, marcada pela busca de novos parceiros que ofertem melhores condições
entre investimento, pesquisa e desenvolvimento, inovação tecnológica, redução de custos
diversos e proteção intelectual de seus bens de consumo em prol da maior competitividade
internacional.
A situação econômica da China foi construída ao longo de quase três décadas, entre 1979
e 2007, gerando poder de atração para as principais bases produtivas. Isso aconteceu como
consequência das grandes pressões mundiais na busca constante da redução de custos por
meio das terceirizações entre produção e serviços, ocorrendo o deslocamento de grande
parte das indústrias em direção ao solo chinês.
As primeiras migrações, de parte ou de toda cadeia produtiva em direção à China,
ocorreram por volta de meados da década de 1990, com o advento das práticas de
estratégia produtiva. Essas práticas surgiram tanto pelo melhoramento dos serviços
industriais quanto dos produtos desenvolvidos, possibilitando às indústrias globais uma
maior capacidade competitiva, nunca antes vista.
Graças ao perfil exportador e a sua importância no contexto global, a China se tornou
conhecida como a fábrica mundial, por causa de seu gigantismo nas questões de
importação e exportação a baixo custo.
O aumento das exportações chinesas ocorreu simultaneamente a grandes ciclos de
investimentos em infraestruturas urbana e residencial, apoiados na imensa capacidade de
criação de crédito do seu sistema financeiro público, colocando em marcha um enorme
circuito de emprego e renda. O PIB chinês saltou de US$ 728 bilhões em 1995 para US$
5 trilhões em 2009 (IPEA, 2014).
15
As transformações verificadas na estrutura industrial chinesa evidenciaram que o fator
determinante de sua estratégia de inserção internacional com base na política de going
global foi a política industrial do país, representando uma estratégia de integração de
cadeias, segundo relatório de 2008 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE).
Por meio de reorganização industrial (consolidação e eficiência), desenvolvimento
tecnológico e capacidade de oferta em qualidade, quantidade e preço, combinada a uma
política de atração de investimento, a China consolidou, em 2010, um tecido industrial
internacionalmente competitivo, capaz não apenas de atrair empresas estrangeiras para
produzir em seu país, mas de articulá-las com as empresas chinesas e, principalmente, de
dotá-las de capacidade de desenvolver tecnologias próprias na e a partir da China.
(MASIERO; COELHO, 2014)
O expressivo desenvolvimento e melhoria da economia chinesa conduziram, por
exemplo, ao avanço da educação profissional, em razão da maior especialização da mão
de obra no intuito de atração e manutenção de grandes indústrias para o país. Os
descendentes dos antigos operários chineses, com maior nível educacional, não se
submeteram às mesmas condições tanto salariais quanto laborais, exercendo pressão
governamental sobre os salários pagos. Dessa forma, observou-se aumento do custo de
produção, além de outros fatores que contribuíram positivamente para o agravamento de
riscos da permanência de grandes indústrias em território chinês (NONNEMBERG,
2010).
1.1.1 Gigantismo econômico
O forte desenvolvimento da economia chinesa se deu por oito fatores iniciados por volta
de 1979. Em primeiro lugar, ocorreu o processo de liberação do sistema de formação de
preço, criando um sistema duplo de precificação: um deles sendo fixado pelo Governo
Central, como cota de produção que cada comunidade deveria pagar (Township and
Village Enterprise); e o restante da produção, como segundo sistema de precificação,
possibilitava a negociação livre para o mercado. A partir dessa prática, os preços foram
sendo liberados gradativamente, provocando uma grande elevação na produtividade rural
chinesa. (NONNEMBERG, 2010).
16
Em segundo lugar, verificou-se a liberalização do comércio exterior, uma das primeiras
e mais importantes medidas tomadas após 1978, quando as exportações chinesas saltaram
de US$ 7,7 bilhões para US$ 1.4 trilhão, ao mesmo tempo em que as importações pularam
de US$ 7,9 bilhões para US$ 1.1 trilhão (NONNEMBERG, 2010). O desempenho foi
também favorecido pelas condições de infraestrutura, indicativo da aptidão do Estado em
prover bens públicos essenciais. A China se destaca por possuir alguns dos maiores portos
do mundo e pela capacidade de movimentar contêineres a baixos custos. (GUIMARÃES,
2012).
Em terceiro lugar, com a política de comércio exterior bem conduzida, por meio da
manutenção de uma taxa de câmbio desvalorizada, que favoreceu as exportações, as
Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) permitiram o acesso a recursos e à tecnologia
estrangeira. (GUIMARÃES, 2012).
Em quarto lugar, possibilitou-se um deslocamento para as cidades e, mantendo baixos os
salários que, mesmo com crescimento elevado da demanda por trabalho entre 1978 e
2006, fez com que o número de trabalhadores nas áreas urbanas saltasse de 95 milhões
para 283 milhões (NONNEMBERG, 2010). Esse viés urbano emergiu, ao menos
parcialmente, devido ao predomínio de uma poderosa elite urbano-industrial das regiões
costeiras do Sul: um segmento que germinou após a integração inicial da China na
economia global, que expandiu seus recursos financeiros e sua influência política com
o boom das exportações e que se tornou crescentemente adepto da prática de moldar a
política do governo central a seu favor (HO-FUNG, 2011).
Em quinto lugar, a maior participação no cenário do comércio global fez com que a
sociedade produtiva e consumidora da China recebesse maior compartilhamento de
técnicas e produtos por meio das cópias ilegais (pirataria), disseminando maior número
de produtos nos mercados globais. (NONNEMBERG, 2010). Assim, a China é um dos
países que mais produzem produtos piratas, e as pressões internacionais não têm sido
eficientes para diminuir essa produção. Sua comercialização pode ser feita sob a forma
de falsificação (cópia com intenção de imitar o material original), replicação de marca e
logotipo (sem cópia dos produtos propriamente), ou envio da réplica pela internet (no
caso de músicas, softwares, filmes etc.) (GIGLIO e RYNGELBLUM, 2009)
17
Em sexto lugar, ocorreu o favorecimento da existência de economias de escala na maior
parte das indústrias, com fortes impactos sobre o custo de produção: o crescimento dos
Investimentos Diretos Estrangeiro (IDEs), (NONNEMBERG, 2010). A economia
chinesa tem crescido a uma taxa média anual de 10% nas últimas três décadas. Esse
expressivo crescimento tem sido baseado fundamentalmente no dinamismo do setor
industrial, que cresceu 32 vezes entre 1978 e 2010, o que corresponde a uma taxa média
de crescimento de quase 12% ao ano (LIBÂNIO, 2012).
Em sétimo lugar, no período entre 1981 e 2007, o Investimento Direto Estrangeiro passou
de US$ 265 milhões para US$ 138 bilhões, e surgiram políticas de incentivo à inovação
e a transferência e geração de ciência e tecnologia. Desse modo, as empresas
multinacionais dirigiram-se quase que exclusivamente às ZEEs, onde receberam diversos
incentivos fiscais, terrenos e edificações, além de poderem contar com o benefício de
infraestrutura de energia e transporte e da localização ao lado de fornecedores e de outras
indústrias semelhantes, bem como de centros de pesquisa, incubadoras de empresas e
laboratórios de ponta. (NONNEMBERG, 2010).
Em oitavo e último lugar, as políticas de incentivo à inovação e a transferência e geração
de ciência e tecnologia estiveram intimamente ligadas aos incentivos a investidores
estrangeiros. Esse gigantismo econômico foi construído com altíssimos investimentos
provenientes do estrangeiro e do governo chinês. Dessa forma, juntos conseguiriam
transformar uma nação essencialmente agrária e de cultura de subsistência na segunda
mais expressiva economia mundial, tornando-a motor de produção para as principais
indústrias da atualidade (NONNEMBERG, 2010).
1.1.2 O Fenômeno Reshoring
Entre 2010 e 2011 amplos debates se faziam correntes em torno do tema reshoring como
tendência de retorno, aos seus países de origens, de parte da produção industrial norte-
americana sediada na China, com um número crescente de executivos que buscavam
repatriamento de suas indústrias. Por exemplo, a empresa Ford, que, em 2010, anunciou
planos de retorno de aproximadamente 2.200 partes de suas operações; a Caterpillar, com
investimento para os Estados Unidos de US$ 120 milhões em máquinas de escavação; a
18
General Eletric (GE), que anunciou 15 novas plantas industriais também para os Estados
Unidos, entre outras.
Em consequência dessa nova tendência de repatriamento industrial, foi desenvolvida e
aplicada uma pesquisa distribuída para os membros do MIT Forum for Supply Chain
Innovation1e do Supply Chain Digest Community2. No total, foram enviadas 354
pesquisas alcançando um percentual de 96% de respostas, e foram retornados 340
relatórios para a construção da análise quanto às práticas de reshoring.
Dentre as 354 pesquisas enviadas, 198 foram direcionadas às companhias ligadas à
produção manufatureira e 198, às companhias com suas sedes nos Estados Unidos. Os
três principais setores industriais que responderam à pesquisa foram as indústrias de
computadores e eletrônicos (19,2%), de alimentação e bebida (10,6%) e de produtos
químicos (8,1%).
Para as indústrias Norte-Americanas, os dados indicaram uma significativa disparidade
entre as companhias que consideram o reshoring uma realidade “possível”, representando
33,6% das pesquisadas, e os que entendem como uma tendência “definitiva”, 15,3%. Para
entender as razões de retorno de parte das operações de grandes indústrias para seu país
de origem, foram questionados os motivos que levaram as companhias a tomarem esta
decisão, sendo identificados seis tópicos centrais em graus de importância:
1 – Tempo de mercado (73,7%);
2 – Redução de custo (63,9%);
3 – Qualidade do produto (62,2%);
4 – Maior controle (56,8%);
5 – Custos ocultos presentes na cadeia de suprimento global (51,4%);
6 – Proteção da propriedade intelectual (48,5%).
1 O MIT (Massachusetts Institute of Technology) Forum for Supply Chain Innovation é uma comunidade
composta por acadêmicos e membros da indústria, localizada em Massachusetts Institute of Technology,
cujo apoio permite que os pesquisadores favoreçam soluções focadas no cliente, projetando e gerenciando
a nova cadeia de abastecimento.
2 A Supply Chain Digest Community representa uma das mais importantes publicações na área de gestão
da cadeia de suprimentos e logística industrial, veiculada por meio de boletins com periocidade semanal
on-line, sintetiza informações importantes para profissionais da cadeia de suprimentos e logística. Fonte:
http://www.scdigest.com/about.php
19
Ao final da pesquisa, foi inquerido às companhias sobre as ações governamentais que
aceleraram a prática de reshoring, trazendo de volta parte das bases de produção industrial
da China para os Estados Unidos. Conforme as respostas, os participantes identificaram
cinco fatores-chave em graus de importância:
1 – Redução de taxas industriais (68,3%);
2 – Créditos tributários (65,9%);
3 – Incentivos para pesquisa e desenvolvimento (60%);
4 – Melhorias da especialização e treinamento da mão de obra (43,8%);
5 – Melhorias de infraestrutura (38%).
O resultado final da pesquisa expôs um comportamento significativo da indústria global
por meio de uma transformação estratégica onde o foco está assentado nas diversas etapas
da cadeia produtiva que vai além do território chinês. Isso ocorre devido à produção
industrial, que, no cenário internacional, vem passando por um verdadeiro período de
transformação, impulsionada especialmente pelas mudanças descritas anteriormente.
Portanto, existem grandes oportunidades para a relocação de plantas industriais em
territórios mais atraentes, identificando o fenômeno do reshoring.
Para avaliar esses acontecimentos que deram origem ao fenômeno do reshoring, esta
dissertação centra-se nas relações de negócios e investimentos, entre 2010 e 2014, do
Estado de Pernambuco na tentativa de atrair essas grandes indústrias que estão se
reorganizando no cenário internacional em busca de novas oportunidades de negócios.
Ante o exposto, foi elaborada uma pergunta de pesquisa, que se apresenta a seguir,
juntamente com o objetivo geral e os objetivos específicos, procurando investigar os
efeitos causadores da prática do reshoring e as possiblidades de atração de parte deste
capital que se encontra em reorganização mundial em busca de melhores oportunidades
de negócios.
20
1.2 PERGUNTA DE PESQUISA
É provável ao Estado de Pernambuco receber parte dos investimentos que estão e
continuarão se realocando no desenho da nova economia internacional?
1.3 OBJETIVO GERAL
Avaliar o Estado de Pernambuco em relação ao efeito reshoring como possibilidades
trazidas pela nova economia internacional.
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 – Analisar as principais caraterísticas da nova globalização do Século XXI;
2 – Descrever os fenômenos do offshoring, outsoucing e reshoring;
3 – Avaliar o potencial de Pernambuco e a relocação industrial em curso.
1.5 JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA
1.5.1 Justificativas teóricas
A relevância deste trabalho advém da importância estratégica para Pernambuco, por meio
das condições existentes de atração e manutenção do Investimento Direto Estrangeiro
(IDE), objetivando responder, ao final desta dissertação, se Pernambuco tem condições
suficientes de atração e manutenção deste capital internacional proveniente da migração
de parte das indústrias sediadas na China devido as questões que impactam a
competitividade de tais firmas, efeito este denominado de reshoring.
Conforme pesquisas realizadas nas listas de periódicos dos portais CAPES, SCIELO e
CRUESPE, sendo este último um repositório de periódicos conectando toda a produção
realizada nas três universidades (USP, Unesp e Unicamp), representando cerca de 75%
da produção científica brasileira3, constatou-se expressivo volume sobre os termos:
outsourcing e offshoring, além da acanhada participação do termo reshoring,
3 USP, Unesp e Unicamp lançam repositório digital de produção científica. Disponível em:
http://www.usp.br/imprensa/?p=33893, Acesso em: 12 ago. 2015, 16:30:30
21
representando apenas 1,17% do total. Atesta-se, contudo, a não existência sobre as
oportunidades do efeito reshoring tanto quanto se direcionadas ao Estado de Pernambuco.
Tabela 1 – Pesquisa no banco de dados dos periódicos da CAPES, SCIELO e CRUESP
TERMOS PESQUISADOS CAPES SCIELO CRUESP TOTAIS
OUTSOURCING 23.785 220 74 24.079
Oportunidades do outsourcing 10 2 1 13
Oportunidades do outsourcing para o
Estado de Pernambuco 1 0 0 1
OFFSHORING 7.062 11 2 7.075
Oportunidades do offshoring 10 0 0 10
Oportunidades do offshoring para o
Estado de Pernambuco 0 0 0 0
RESHORING 368 0 0 368
Oportunidades do reshoring 0 0 0 0
Oportunidades do reshoring para o
Estado de Pernambuco 0 0 0 0
Fontes: base nos dados do CAPES, SCIELO e CRUESP Elaboração: própria
1.5.2 Justificativas práticas
No que se refere às justificativas práticas para a realização da presente pesquisa, tem-se,
entre outros:
1 - Contribuir, em primeiro lugar, para o aperfeiçoamento das metodologias aplicadas
pelo Governo de Pernambuco ante a atração e manutenção do capital estrangeiro;
2 - Possibilitar a análise e avaliação de segmentos industrias já instaladas em solo
pernambucano;
3 - Analisar quais os gargalos que tem Pernambuco para atração deste tipo de
Investimento;
22
4 - Identificar se o Estado de Pernambuco está realmente pronto para estes possíveis
fluxos internacionais de capital.
Considerando que esta pesquisa consiga promover a investigação e identificação por meio
de entrevistas e análises diversas das condições favoráveis e não favoráveis existentes em
Pernambuco para atração de investimentos diversos, ofertar-se-á, como consequência: o
mapeamento das práticas adotadas; análises dos investimentos presentes no Estado;
principais gargalos enfrentados; condições favoráveis ofertadas; possíveis melhorias
estratégicas para a sua infraestrutura contribuindo para o futuro do Estado, possível
reconhecimento nacional quanto internacional, conforme condições existentes, como
locus em desenvolvimento (aprimoramento) atrativo aos investidores estrangeiros, o
provável futuro do mercado estadual e o mais importante, se Pernambuco tem condições
de receber parte destes investimentos do estrangeiro.
1.6 Estrutura da Dissertação
A presente dissertação tem sua estrutura dividida em cinco capítulos descritos a seguir.
O capítulo 1, o da Introdução, faz-se uma contextualização da pesquisa, onde será feita a
apresentação do tema e expostos o problema de pesquisa, as justificativas e os objetivos,
geral e específico, da presente dissertação.
O capítulo 2 é composto pela fundamentação teórica, que é dividida em sete
constructos: Pernambuco e o seu histórico econômico; o reerguimento da economia
pernambucana; o novo Nordeste industrial; a globalização e os padrões geográficos de
localização industrial; do desmembramento industrial ao fortalecimento da cadeia de
valor internacional - o que leva a uma firma a praticar outsourcing ou offshoring?;
terceirizações como ações coletivas (sinergias) e a nova cadeia de produção mundial –
reshoring. Os objetivos destes constructos é a descrição de dois dos três objetivos
específicos, sendo eles: (1): Analisar as principais caraterísticas da nova globalização do
Século XXI e (2): Descrever os fenômenos do offshoring, outsoucing e reshoring;
No capítulo 3 está descrita a metodologia adotada para avaliar o desempenho do estado
de Pernambuco, detalhando o seu passado e presente, quanto à dinâmica de investimentos
23
nacionais e internacionais compondo o delineamento da pesquisa nos aspectos
qualitativos.
No capítulo 4 é feita pela análise e discussão dos dados. Este capítulo está dividido em
três etapas: (1): atração de investimento nacional, (2): as mudanças no método e na
organização para atração de investimentos e (3): as ameaças a atração de Investimento
Direto Estrangeiro (IDE) em Pernambuco.
Na primeira é realizada a análise descritiva da atração de investimentos, como era
desenvolvida esta prática. A segunda pela análise da mudança do método e organização
da atração de investimentos e por fim, a terceira as ameaças vivenciadas e vividas pelo
estado no decorrer de seu novo crescimento econômico.
Por fim, o capítulo 5, apresenta as conclusões obtidas através dos resultados das análises
dos dados coletados, com relação à capacidade atual do estado ante as ações do reshoring,
suas fraquezas e oportunidades e possibilidades de um futuro rumo às práticas do fluxo
do capital internacional.
24
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Pernambuco e o seu histórico econômico
A história econômica de Pernambuco vem sendo escrita em cima de uma sucessão de
booms e crises de suas principais lavouras de exportações provenientes das duas
principais culturas, a cana de açúcar e o algodão, gerando impactos ante ao seu
desenvolvimento social e econômico, conforme será descrito.
Quanto ao cenário nacional, conforme Galvão (2013), Pernambuco apresentou forte
atuação industrial em sua história desde a primeira metade do século passado. Foi a partir
dos anos de 1970, que o estado principiou o seu lento e prolongado processo mitigatório
de sua economia, colocando em cheque suas principais culturas do açúcar e de algodão.
A mudança no método produtivo fez com que os velhos engenhos (o nome dado a uma
unidade de transformação da cana-de-açúcar em açúcar ou em outros derivados, como o
melaço ou aguardente de cana), dessem lugar às novas e revolucionárias usinas, com
método mais rápido, barato e significativo de produção, fazendo com que Pernambuco,
ainda preso no antigo método produtivo, ingressasse no século XX com expressiva crise
nos setores de exportações, devido ao baixo preço pago pelos mercados importadores e
em quantidades cada vez menores.
A consequência desta mudança do cenário comercial de Pernambuco, como alternativa
para escoamento de produção, foi a procura pelos mercados locais (outras regiões do
país), buscando espaços para comercialização mesmo com preços abaixo dos praticados
para o mercado externo. O resultado foram a precarização de suas bases produtivas e a
subutilização devido à baixa produção, ocasionando o empobrecimento da maioria de sua
população. Essa mudança de cenário quanto ao escoamento de sua produção gerou forte
impacto na questão socioeconômica do estado, desencadeando uma série de problemas
escalonados, conforme serão descritos.
As dificuldades existentes no setor de transportes ligando os estados nordestinos aos
principais mercados consumidores, aliados ao potencial agrícola e industrial que outras
regiões ofereciam, conduziram ao aumento da produção de algodão e de açúcar como
oportunidade de negócios fora do Nordeste. Até final dos anos de 1930 o Nordeste, por
25
exemplo, respondia pela maior parcela da produção nacional dessa matéria prima,
direcionadas ao Rio de Janeiro e São Paulo para alimentar a indústria têxtil daquelas
regiões.
A exemplo do Sul e Sudeste que alcançavam a autossuficiência, naturalmente atendiam
os tradicionais mercados nacionais com esta mesma cultura, contribuindo negativamente
para a já minguada indústria de cotonicultura de Pernambuco.
A produção açucareira seguiu o mesmo curso, com diversas especulações acerca da
capacidade produtiva e altos custos de transportes de Pernambuco, a cultura foi expandida
para outras regiões, semelhante ocorrido com o algodão, aniquilando quase por inteira a
produção açucareira deste estado.
Desta forma, conforme Galvão (2013), pode-se enxergar que o percurso histórico da
economia de Pernambuco, a partir da segunda metade do Século XX, expõe um conjunto
de oito acontecimentos-chave, explicando o baixo crescimento da economia e o
empobrecimento da sua população:
1 - De 1940 a 1950 – perda dos mercados internos para os dois principais produtos de sua
pauta de exportações – algodão e açúcar.
2 – Final de 1940 a início de 1950 – O fim de seu relativo isolamento com às demais
regiões brasileiras, iniciando com a era rodoviária e abertura às demais regiões brasileiras.
3 - O desaparecimento da cafeicultura em decorrência da implantação do plano de
erradicação de cafezais promovida pelo Instituto Brasileiro do Café (IBC).
4 – De 1960 a 1980 – A quase aniquilação do parque têxtil do Estado, baseado no
beneficiamento do algodão.
5 – Em 1980 – A crise da cotonicultura de Pernambuco devido à praga do bicudo. E a
grave crise que quase vitimou o setor sucroalcooleiro Pernambucano.
26
6 - A falência da política de desenvolvimento regional, via incentivos fiscais, como o caso
do esvaziamento da SUDENE, tanto no aspecto político quanto no que se diz respeito às
suas funções de planejamento e de concessão de incentivos fiscais.
7 – De 1980 a 1990 – O desmantelamento do planejamento do Brasil, principalmente em
relação às políticas regionais.
8 – Entre 1980 a 2000 ocorreu a estagnação da economia do país e tanto o Nordeste quanto
Pernambuco foram impactados em maior ou menor grau.
Os fatores acima listados expõem tanto o desequilíbrio nacional, quanto às políticas
desenvolvimentistas, incorrendo nas questões de produção, escoamento e vendas das
principais culturas pernambucanas, representando um grande e complexo conjunto de
variáveis circunstanciais que impactaram, em diferentes intensidades, o processo de
deterioração da economia pernambucana.
2.2 O reerguimento da economia pernambucana
A despeito das condições contraproducentes listadas acima, a partir da década de 2000,
Pernambuco assistiu a sua rápida urbanização, o sucesso das políticas de estabilização da
moeda, os aumentos reais no salário mínimo quanto as aposentadorias rurais e urbanas
para não contribuintes da previdência, os programas de transferência de renda para a
população mais necessitada, aumento do crédito bancário entre outros fatores que
auxiliaram com impacto positivo sobre a redução da pobreza no país com um todo,
principalmente para a realidade nordestina (GALVÃO, 2013).
Ao decorrer destes novos aportes governamentais, Pernambuco iniciou novo fôlego rumo
ao seu crescimento e desenvolvimento social, ofertando melhores condições de qualidade
de vida com a redução da pobreza, além de melhorias significativas em sua infraestrutura.
Em janeiro de 2009, conforme será detalhado mais adiante, a Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) solicitou que a Agência de
Desenvolvimento de Pernambuco (AD Diper) organizasse uma agenda com investidores
estrangeiros aqui instalados, objetivando o conhecimento do “ambiente de negócios de
27
Pernambuco” sob a ótica desses investidores. Desta forma, foram iniciadas diversas
práticas para aprimoramento necessário que o estado necessitava ante os quesitos de
atração de investimento direto estrangeiro.
Demais consequência desta melhoria podem ser encontradas em jornais e revistas
especializadas quanto à capacidade de consumo da nossa Região. Diversas empresas,
muitas delas internacionais, iniciaram investimentos em Pernambuco pela busca de novos
consumidores em potencial, devido ao aumento de renda e melhoria da infraestrutura
rodoviária e portuária do estado. Além destes atrativos, são ofertados diversos incentivos
fiscais às empresas que pretendem investir na região, conforme será exposto mais adiante.
Esse redespertar da economia pernambucana em anos recentes, após atrair novos
investimentos nunca antes vistos, propiciou uma espécie de vocação econômica do
estado, conforme descrito mais adiante com os Sete Setores de Investimentos em
Pernambuco, conforme dados governamentais, gerando a expertise na produção,
entendimento e acompanhamento de tais grupos, inclusive com atração de investidores
internacionais, gerando os possíveis investimentos diretos estrangeiros.
Remontando ainda à última década, alguns fenômenos que impactaram as atividades
econômicas do estado, a exemplo do desenvolvimento tecnológico, novas captações de
investimentos para interiorização no estado e a própria globalização como fator-chave
nas questões de investimento direto estrangeiro, aproximaram Pernambuco da possível
realidade do efeito reshoring. A ação conjunta, destes fatores pode oferecer
possibilidades de maior desenvolvimento e consequentemente crescimento da economia
pernambucana desde que outras condições, como infraestruturas diversas e incentivos
fiscais, conforme descritos mais adiante, possam entrar em pauta no cenário que colocaria
o estado, entre os demais da federão, como alternativa viável aos investimentos diversos.
A melhoria que Pernambuco vem apresentando, no contexto de infraestrutura e comércio
além de incentivos fiscais e mão-de-obra, vem atraindo a atenção de investidores que
antes não tinham o Estado como alternativa de investimentos de curto, médio ou longo
prazos. As práticas (incentivos) oferecidos pelo governo estadual amplia ações de atração,
manutenção e instalação de plantas fabris. Estes estímulos foram suficientes para
fomentar e desenvolver Sete Áreas de Atuação Primária aqui no estado, dividas em:
28
automotivo, farmacoquímico, petróleo, gás, offshore e naval, tecnologia da informação e
comunicação (TIC) e economia criativa, alimentos e bebidas têxtil e confecções, energias
renováveis e metalmecânico.
Conforme informações oficiais no site Invest in Pernambuco4, são apresentados os sete
setores de investimentos em Pernambuco, destacando o setor automobilístico, marcada
pela chegada da Fiat no município de Goiana na Mata, ocupando uma área de 1.400
hectares, além de 40 a 50 empresas sistemistas, tem investimentos previstos na ordem de
R$ 4,5 bilhões, direcionados, a: implantação de uma montadora de automóveis, fábrica
de motores, centro de pesquisa e desenvolvimento e campo de provas.
O setor farmacoquímico, está presente em uma área de 287 hectares, às margens da BR-
101, no município de Goiana, em fase de implantação. O polo farmacoquímico de
Pernambuco, o único no Brasil a concentrar todos os requisitos internacionais para
receber indústrias de medicamentos e biotecnologia, setor que vem se mostrando cada
vez mais inovador e rentável.
O setor de petróleo e gás no Complexo Industrial e Portuário de Suape no litoral Sul de
Pernambuco, congrega mais de cem empresas dos mais diversos segmentos em plena
operação, o Complexo, nos últimos anos, vem recebendo investimentos em petróleo, gás,
offshore e naval.
O setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e a economia criativa fizeram
de Pernambuco um lugar ideal para o desenvolvimento da Economia Criativa. O Porto
Digital, um dos mais importantes parques tecnológicos nacionais, e o Centro Cultural e
Museu Cais do Sertão, são símbolos da nova economia no Estado.
O setor de têxtil e confecções em Pernambuco, destaca-se pela criatividade e inovação.
Os municípios de Toritama, Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Taquaritinga do Norte
são referência na produção de confecções.
4 Setores Prioritários. Disponível em:
http://www.investinpernambuco.pe.gov.br/web/invest/exibir_noticia?groupId=8197842&articleId=81983
50&templateId=9190006, Acesso em: 14 ago. 2015, 16:30:30
29
O setor de energias renováveis com a presença de quatro empresas do setor em operação:
Impsa Wind, montadora de geradores eólicos, LM Wind Power, fábrica de pás, a
Gestamp, fabricante de torres eólicas, e a Iraeta, fábrica de flanges eólicas. Junta, essas
empresas representam investimentos de R$ 710 milhões
E por fim, o setor metalmecânico é um dos que mais se ampliaram no Estado. São mais
de 100 indústrias do setor em operação em Pernambuco. A chegada da Companhia
Siderúrgica Suape consolida um novo polo Siderúrgico e Metalmecânico em
Pernambuco.
De uma forma geral, a estrutura industrial contemporânea de Pernambuco permanece em
grande parte voltada para a indústria de alimentos, têxtil e outros bens associados ao
consumo geral da população (CEPLAN, 2013). O setor industrial de Pernambuco, que
abrange a indústria extrativa mineral, a indústria de transformação, a construção civil e
os serviços industriais de utilidade pública, manteve uma participação em torno de 22%
do PIB estadual de 2000 a 2010. Essa participação relativa na indústria repete-se, em
linhas gerais, quando se leva em conta cada um dos quatro subsetores que integram a
indústria (FIEPE, 2013).
O setor varejista do estado, de 2010 a 2015, conforme os relatórios das Pesquisas Mensais
de Comércio – IBGE5, apresenta a movimentação das taxas mensais regionalizadas do
volume de vendas do varejo, conforme Tabela 2, ordenadas segundo posicionamento em
relação à média nacional. Pernambuco alcançou a melhor posição do período no ano de
2013. Fazendo um paralelo com o Relatório Anual do BACEN de arrecadação do ICMS
entre 2010 a 2013, a colocação do estado permaneceu inalterada, situando-se na 9ª
posição de maior arrecadação nacional6.
Porém, existem muitos desafios nesta retomada do crescimento pernambucano, e parte
destes desafios podemos ser enxergados na Imagem 1, retratando os diversos
5 Pesquisa Mensal de Comércio (IBGE). Disponível em:
ftp://ftp.ibge.gov.br/Comercio_e_Servicos/Pesquisa_Mensal_de_Comercio/Comentarios, Acesso em: 13
ago. 2015, 16:30:30
6 Nota explicativa: Por indisponibilidade do Relatório Anual de 2014 no site oficial do BACEN
(https://www.bcb.gov.br/?BOLETIMANO), ficam inviabilizadas as análises de arrecadação do ICMS.
Segundo o site oficial, os Relatório Anuais parte de 1996 a 2013 – até a presente data desta dissertação.
30
investimentos direcionados ao estado e a geração de empregos, entre os anos de 2007 a
2013, dados provenientes da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco
(AD Diper).
Entre as 12 regiões pernambucanas, há um forte desequilíbrio entre os investimentos e
empregos gerados, provocando tendência de concentração, enviesando os investimentos
em 6 das 12 regiões. Este tipo de congestionamento influencia os custos sociais das
regiões que apresentam esta concentração e reduz o desenvolvimento, tanto quanto a
qualidade de vida das demais regiões do estado.
A preocupação do estado quanto à situação atual é denotada na ampliação dos atrativos
fiscais ofertados para a interiorização das empresas que pretendem investir em
Pernambuco, conforme será descrito mais adiante.
Tabela 2 – Taxas mensais regionalizadas do volume de vendas do varejo ordenadas
segundo posicionamento (%) em relação à média nacional
Fonte: Pesquisa Mensal de Comércio (IBGE), de 2010 a 2015 Elaboração: própria
31
Gráfico 1 – Investimento atraídos de 2007 a 2013
Fonte: AD Diper, Investimento de 2007 a 2013. Elaboração: própria
32
2.3 O Novo Nordeste Industrial
A dinâmica econômica brasileira a partir do século XXI apresentou, devido ao
crescimento da demanda interna apontada pela força de trabalho e pelos investimentos
tanto nacionais quanto internacionais, espaço para uma nova política industrial. Tal
política não teria como foco apenas as oportunidades presentes na economia nacional,
mas também nas questões de competitividade com foco no mercado externo.
Ao final de 2008 com início da crise internacional precipitada pela quebra do banco
Lehman Brothers, o favorável contexto do crescimento da economia brasileira sofreu uma
brusca interrupção, gerando impactos negativos na economia mundial devido a retração
dos mercados e principalmente com impactos na produção industrial brasileira.
Dessa forma, a concorrência global se intensificou causando um aumento do nível de
competitividade mundial, fazendo com que as economias industrializadas, tanto quanto
as emergentes, sondassem diversas saídas para se livrar de tal situação e o Brasil acabou
se tornando uma opção de possíveis investimentos em busca de melhores condições
(devido à taxa interna de juros).
Porém com a percepção da incerteza quanto a sustentabilidade da economia brasileira por
estar lastreada em uma indústria de baixa produtividade, os investidores se retraíram
quanto a possível situação que poderia levar a desindustrialização do país.
Conforme relatório de 2013 publicado pela FIEPE sobre a Política Industrial de
Pernambuco7, percebe-se que os debates envolvendo uma política industrial para o Estado
se relacionam em dois pontos a saber: primeiro – ela é motivada pelo reconhecimento de
que o ciclo recente de investimentos em novas atividades na indústria do estado cria
oportunidades no presente e, ao mesmo tempo, grandes desafios no futuro. Segundo –
pelo porte dos empreendimentos e pelo foco no mercado externo, eles são grandes
demandantes de serviços e materiais e requerem escala mínima de oferta, preços e
qualidade dos produtos de potenciais fornecedores, além de um padrão de qualificação da
7 Política Industrial de Pernambuco. Disponível em:
http://www1.fiepe.org.br/fiepe/arquivos/politica_industrial_FIEPE.pdf, Acesso em, 20 ago. 2015.
33
mão de obra compatível com os processos produtivos, comerciais e logísticos que lhes
são inerentes.
Atualmente o setor industrial de Pernambuco abrange a indústria extrativa mineral, a
indústria de transformação, a construção civil e os serviços industriais de utilidade
pública.
Conforme o Boletim Regional do Banco Central Brasileiro de 20158, a produtividade do
trabalho industrial cresceu em sete das dez unidades federativas pesquisadas pelo IBGE,
destacando-se os aumentos na Bahia (9,7%), Rio Grande do Sul (9,6%), e Pernambuco
(8,2%), e os recuos no Espírito Santo (2,3%), Rio de Janeiro (1,7%) e Minas Gerais
(0,9%).
Em 2015 a produção industrial nordestina decresceu 0,9% no trimestre finalizado em
agosto, em relação ao encerrado em maio, quando crescera 2,7%, no mesmo tipo de
comparação, considerados dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal –
Produção Física (PIM-PF) do IBGE. Destacam-se os recuos nas atividades artigos do
vestuário e acessórios (11,2%) e produtos têxteis (10,5%).
Considerados intervalos de doze meses, a produção industrial da região recuou 2,4% em
agosto (-3,2% em maio), em relação a igual período de 2014. Ocorreram retrações de
6,0% na indústria extrativa e de 2,0% na de transformação (produtos de metal, exceto
máquinas e equipamentos, -18,6%; metalurgia, -16,5%).
No Gráfico 1, encontra-se a produção industrial ao longo dos últimos seis anos,
evidenciando as três melhores produções, indústria química, de borracha e plástico e
metalurgia básica.
8 Boletim Regional do Banco Central Brasileiro de 2015. Disponível em:
http://www.bcb.gov.br/pec/boletimregional/port/2015/10/br201510c2p.pdf, Acesso em: 12 ago. 2015,
16:30:30
34
Tabela 3 – Produção Industrial de Pernambuco entre 2010 a 2015
Produção Industrial em (%) 2010 2011 2012 2013 2014 2015 ACUMULADO
Indústria geral 10,9 -0,7 3,8 -0,6 1,2 1,5 16,1
Alimentação e bebidas 6,5 -4,3 -0,2 -1,7 4,3 13 17,6
Química 19,3 3,6 4,6 0,4 - - 27,9
Materiais não-metálicos 14,1 5,2 6,1 -1,7 -5,5 -9,2 9
Borracha e plástico 13,4 - 1,1 7,3 - - 21,8
Produtos de metal 9 - 11,1 -1 1,5 -1,2 19,4
Metalurgia básica 17,8 -10,8 14,3 -0,5 - - 20,8
Fonte: Boletim Regional do Banco Central Brasileiro de 2010 a 2015 (BACEN) Autoria:
própria
2.4 A globalização e os padrões geográficos de localização industrial
No estágio atual da globalização, a cadeia global de valor representa um dos fatores de
maior importância para as tomadas de decisões de grandes investidores, representando o
custo que percorre ao longo da cadeia. Essa cadeia, expressão da própria globalização
como propagação das atividades econômicas, conduz as mais diversas economias. Essa
condução ocorre conforme as condições político-sociais de cada nação, na direção de
investidores vorazes por condições que majorem seus caixas, além da sustentabilidade
para que seus investimentos possam estar em maior tempo em solo estrangeiro.
Vale ressaltar que o termo globalização nunca esteve tão presente às mesas de discussões
e avaliações estratégicas entre grandes empresas e governos desde o seu nascimento. Há
150 anos, com a diminuição dos custos das comunicações e dos transportes teve início o
processo de globalização. Até então, a maior parte do comércio era local. Foram as
mudanças do século XX que levaram à formação das economias transnacionais.
(STIGLITZ, 2006).
O potencial impacto da globalização no século XXI volta-se sobre a cadeia global de
valor principalmente dos países em desenvolvimento econômico, ancorado em dois
fatores-chave: (1) o perfil da nação para receber tais investimentos representa maior
aprendizagem e adaptação à capacidade de gerir estes investimentos, aumentando a
produção e habilidades diversas; e (2) o desenvolvimento e a inovação tecnológica com
capacidade de captar maiores oportunidades de mercados (RELATÓRIO DE
INVESTIMENTO SOCIAL DAS NAÇÕES UNIDAS, 2013).
35
Conforme Bes e Kotler (2001) a criatividade é a força motora da inovação e a decisão de
colocar nas mãos de alguém de fora uma das principais atividades relacionadas à
sobrevivência e ao crescimento da empresa não deve ser tomada levianamente. Os autores
relatam as bases para que uma organização pratique inovação de forma contínua por meio
de terceirizações, a partir de algumas perguntas: Que empresas devemos escolher? Que
nível de confidencialidade devemos exigir? Queremos um contrato simples de
terceirização ou devemos pensar em um acordo de longo prazo? A terceirização pode ser
realizada de modo colaborativo, estabelecendo uma rede de agentes externos para a
contínua geração de ideias?
O avanço da tecnologia, as mudanças econômicas, a competitividade global e a busca da
qualidade e redução de custos ao logo da cadeia de valor da empresa fizeram surgir um
tipo de demanda por trabalhadores cada vez mais especializados e com disponibilidade
em diversos locais onde fossem necessários. Essa união entre conhecimento,
trabalhadores e disponibilidade deu início a um tipo de desmembramento empresarial
caracterizado pela decomposição de uma empresa, sediada em um determinado país, em
diversas unidades para instalação em outros países. Assim, a empresa deixa de ser um
único organismo produtor para se tornar diversas células produtoras por meio de parceiros
(fornecedores) ao redor do globo.
Essas células de produção, que representam equipes geograficamente inseridas em
diversas culturas, identificadas como Equipes Globalmente Distribuídas (Globally
Distributed Team - GDT), caracterizavam-se por grupos de indivíduos que: (1) pertencem
a uma ou mais organizações; (2) são interdependentemente e conduzidos por propósitos
comuns; (3) utilizam a comunicação empresarial com maior concentração de recursos
tecnológicos do que a comunicação pessoal (face a face); e (4) sediados em diferentes
países e não mais em uma só nação (CONTRACTOR, 2011).
A busca por fornecedores locais foi identificada pela expressão outsourcing, enquanto o
efeito offshoring representava a procura por empresas fornecedoras situadas em outros
países, em decorrência da necessidade de levar parte ou toda a base industrial para onde
se localizavam os novos parceiros internacionais.
36
2.5 Do desmembramento industrial ao fortalecimento da cadeia de valor
internacional - o que leva a uma firma a praticar outsourcing ou offshoring?
As atividades industriais podem ser separadas em um amplo número de etapas ao longo
da cadeia de valor, desde pesquisa e desenvolvimento (P&D) até questões de design do
produto, marketing e distribuição, operações em séries e serviços ofertados aos clientes
em todo o mundo. Essa separação ou desmembramento das etapas produtivas, com suas
subdivisões ainda em partes ou etapas menores, auxilia a atividade central da empresa
(core business).
Atualmente, as competências centrais (core competence), desmembradas da atividade
central da empresa, correspondem a toda etapa que corre ao longo da cadeia de valor,
com representação vital para a sua estratégia. Esse novo aspecto das competências
centrais representa a capacidade de coordenação das funções de outsourcing/offshoring e
da cooperação otimizada entre as relações presentes nas redes de negócios.
O outro efeito que representa o outsoursing, parte do conjunto de produtos e serviços
utilizados por uma empresa sendo produzida por outra empresa externa, num
relacionamento colaborativo e interdependente. A empresa fornecedora se especializa e
se desenvolve continuamente enquanto a outra empresa, cliente, empenha-se nas suas
atividades principais. Portanto, outsoucing significa, essencialmente, a opção por uma
relação de parceria e cumplicidade com um ou mais fornecedores ao longo da cadeia
produtiva, numa decisão tipicamente estratégica, abrangente e de difícil reversão,
conforme (PIRES, 2000 e ANDERSON et al., 1997)
Em função de motivos semelhantes, porém não idênticos, aos motivos apresentados para
a adoção de práticas de terceirização, algumas empresas praticam o offshoring
(expatriação) transferindo postos de trabalhos de países desenvolvidos para países que
apresentam menores custos, em busca de maior eficiência. Em alguns casos, a
transferência de operações chega a reduzir em mais da metade os custos da operação nos
moldes originais (AGRAWAL & FARRELL, 2003).
Decompor as atividades ou processos de uma firma em micro atividades, por exemplo, e
depois redirecionar essas micro atividades ao longo da cadeia de valor, pode oferecer
37
maior competitividade, conforme já descrito anteriormente. Mas, até que ponto pode ser
saudável, ou aplicável, dividir as atividades de uma companhia? Como identificar o
momento adequado para este desmembramento ao logo da cadeia de valor de uma firma?
Conforme o Gráfico 02, há uma relação entre essas micro atividades ao longo da cadeia
de valor, desde Ambiente Doméstico (mercado local), Contatos com o Cliente, Atividades
Cooperativas Comuns, Serviços Especializados e Tomadas de Decisões até a Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D), dependendo da complexidade exigida.
A complexidade nas operações representa o aumento das atividades que uma empresa
desenvolve ao longo de sua cadeia de valor, a exemplo do aumento do número de clientes,
colaboradores, busca pela qualidade e novas oportunidades de negócios, tanto no mercado
doméstico quanto no mercado externo. Essa complexidade exige maior capacidade
operacional e estratégica, tanto quanto o pleno controle de custos existentes.
Por fim, a exigência de mão de obra altamente qualificada faz romper as barreiras do
mercado doméstico rumo aos mercados que ofereçam melhores condições frente as
operações das firmas, nesse caso, a especialização na manufatura de suas partes
intercambiáveis. Saber identificar o momento de ruptura, ou seja, o momento ideal para
a busca de novas oportunidades de mercados poderá representar a diferença entre o
crescimento sustentável e o fantasma da estagnação ou mesmo da moratória da firma.
38
Gráfico 2 – Offshoring: oportunidades ao longo da cadeia de valor
Fonte: autoria própria com base no livro: Global Outsourcing and Offshoring: an integrated approach to theory and corporate strategy, United Kingdom: Cambridge University Press, 2011.
2.6 Terceirizações como ações coletivas (sinergias)
O setor industrial detém expressivo grau de complexidade em suas operações, tornando-
se impossível gerenciar isoladamente seus recursos humanos e tecnológicos em razão do
largo encadeamento das operações, muitas vezes compartilhadas em mais de um país.
Tome-se como exemplo da indústria automobilística, com mais de 12 mil partes
individuais em sua escala produtiva, além das atividades de apoio como a gestão de
arquivos, documentos e serviços aos clientes, ao longo das cadeias produtivas, sendo
necessário buscar de parceiros em sua rede de negócios (outsourcing/offshoring) e dividir
as atividades, em certa medida, entre produtos e serviços.
Devido a essa desconstrução de atividades por meio das terceirizações, as indústrias
mobilizaram um agir coletivo, combinando forças (sinergias) e, consequentemente,
articulando atividades de produção (outsourcing) e atividades burocráticas, no caso dos
processos e serviços de seus subsistemas, com as empresas parceiras, conhecidas, em
alguns casos, como empresas sistemistas, que acompanham a movimentação das
indústrias, ocupando praticamente o mesmo espaço físico da empresa mãe, redesenhando,
assim, uma nova cadeia de valor no cenário global.
Atualmente, o número de companhias que tem mais de 50% de suas vendas externas fora
de seus países de origem cresce a cada ano, com a inserção em novos mercados no exterior
39
e com o incremento do comércio eletrônico. A importância do mercado local é um dos
quatro critérios principais utilizados pelas indústrias para escolher suas localizações para
terceirização de serviços.
A importância de um mercado estrangeiro pode ser avaliada assim: (1) análise do tamanho
e (2) análise do potencial, tendo em conta a capacidade de absorção dos mercados locais
(consumo local), que representam alternativa viável no caso de as indústrias
comercializarem seus produtos para os mercados interno e externo; (3) possibilidade de
ser um nó ou hub na cadeia de abastecimento global e (4) fonte de inovação,
representando diferenciais no âmbito geográfico quando o mercado local pertence a rotas
comerciais no fluxo da logística global e, no campo competitivo, facilitando acessos a
mercados-chave (CONTRACTOR et al 2011).
Das terceirizações, operando em determinados segmentos, surgem necessidades de
compartilhar conhecimentos o que conduz a transferência de parte da tecnologia
envolvida nos processos e gera uma aliança mútua que leva as empresas prestadoras de
serviços a melhores práticas. Esses métodos de produção promovem melhorias no
surgimento e adaptações de produtos e processos, a exemplo de pesquisa e
desenvolvimento em novas fórmulas e procedimentos, consumo energético industrial,
entre outros, por intermédio de contratações de doutores (pesquisadores). Essa parceria
estratégica, dependendo das alianças previamente estabelecidas, contribui para a
inovação tecnológica da companhia. Em 2007, por exemplo, a IBM mantinha, nos
Estados Unidos, um total de 125.000 funcionários e, no mundo, 375.000. Em outras
palavras, 75% dos seus colaboradores localizavam-se fora de seu país sede
(CONTRACTOR et al 2011).
Quanto aos ganhos obtidos pelas alianças estratégicas, esses podem ser representados
pelos seguintes fatores: redução de custos – relacionando os métodos utilizados pelas
terceirizadas por meio da transferência tecnológica para novas utilizações, métodos e
procedimentos diversos; redução de riscos – provocada pela amplitude de visão
mercadológica por meio de pesquisa e desenvolvimento em ambos os lados (indústrias e
terceirizadas); objetivos de aprendizagem – referente ao objetivo estratégico dominante
entre os lados; pesquisa e desenvolvimento e diversificação de produtos – relativos às
alianças, pesquisas e aplicações de melhorias provenientes das percepções de cada
40
mercado alvo da empresa, aumentando o diferencial competitivo (CONTRACTOR et al
2011).
As terceirizações entre atividades de produção e processos internos
(outsourcing/offshoring) foram reconhecidas como tendência das grandes corporações,
oferecendo produtos com maior tecnologia agregada graças às atualizações e novos
lançamentos em períodos cada vez mais curtos de tempo, refletindo diretamente na
manutenção de custos e sustentabilidade de suas atividades fins por meio de
acompanhamento, atualização e suporte, conduzindo as marcas industriais a patamares
de maior competitividade e respeitabilidade no cenário mundial. (CONTRACTOR et al
2011).
2.7 A nova cadeia de produção mundial – reshoring
Até a segunda década deste século, os reflexos da crise internacional ocorrida por volta
de 2008, provenientes do setor imobiliário nos EUA, continuam a impactar a economia
global e, por consequência, elevam os custos de produção e operações diversas das
grandes indústrias situadas na China, em razão do esfriamento do consumo mundial e do
encarecimento dos recursos energéticos para produção.
Esse esfriamento comercial, surgido por volta de 2011, representado pela redução do
consumo e por outros fatores expressos por índices que impactam diretamente o setor
industrial, devido à crise, constitui um novo efeito observado pela economia
internacional, na forma de reordenação de parte ou de toda a cadeia produtiva industrial
situada na China. Esse fenômeno vem ocasionando movimentos de retorno industrial para
seus países de origens, em grande parte para os EUA, em busca de melhores condições
de operação.
Na China atual, os custos provenientes de mão de obra especializada encontram-se em
ascensão, por causa do acesso das classes daquele país à educação técnica e superior,
resultando numa maior valorização dos salários dos trabalhadores asiáticos (China, Índia
e Coréia do Sul), mais especializados, que representavam, em 2011, 53% dos estrangeiros
matriculados em todo o mundo. Com essa especialização da mão de obra asiática, há uma
41
maior pressão por condições laborais mais adequadas do que a geração anterior,
aumentando diretamente os custos na cadeia produtiva (Education at a Glance – OECD
Indicators, 2013).
Os gastos ocultos na cadeia logística, caracterizada pela atuação na cadeia global de
valores, em que os bens e serviços produzidos são fragmentados e comercializados
internacionalmente, têm, em sua performance, grandes empresas que juntas representam
até 80% do comércio global. Isso denota uma extensa área de análises de custos de
produção diretamente ligada ao percurso que vai desde a produção industrial até os
destinos comerciais em todo o mundo. Dessa forma, há uma relação direta entre centros
de produção e centros de consumo, ou seja, quanto maior o caminho a percorrer entre a
indústria e os centros mercadológicos, maiores serão os gastos que se diluem na extensa
logística da cadeia global, incorrendo em riscos de competitividade das indústrias
multinacionais (UNCTAD/UNO, 2013).
As condições atuais dos fatores de produção encontrados na China da segunda década do
século XXI representam um aumento dos custos de produção por diversos aspectos, que
ainda serão aqui tratados, implicando esse novo efeito de retorno industrial, conhecido
como reshoring, que representa a reversão das tendências conhecidas como outsourcing
e offshoring, iniciadas em meados da década de 1990.
É certo que as dimensões industriais podem ser separadas em um amplo número de etapas
ao longo da cadeia de valor, devido à alta complexidade existente no universo de suas
competências centrais, representando a capacidade de coordenação das funções de
outsourcing/offshoring, conforme explica o texto.
Quão maior a especialização da mão de obra de seus colaboradores, melhor será a
percepção da qualidade, a questão é: onde encontrar mão de obra especializada? Esta
resposta pode advir de parcerias ao redor do mundo, próximo a mercados-chave, o que
contribui para melhoria da produtividade industrial, uma vez que este setor detém
expressivo grau de complexidade em suas operações.
42
3. METODOLOGIA E DADOS UTILIZADOS
3.1 Objetivo
O objetivo deste capítulo é apresentar a metodologia utilizada neste trabalho com intuito
a identificar e analisar a capacidade de atração de investimento direto estrangeiro (IDE)
por parte dos Agentes Governamentais de Pernambuco, descrevendo as oportunidades e
ameaças existentes além do cenário futuro de possíveis investimentos no Estado.
3.2 Metodologia aplicada
Este trabalho classifica-se como um estudo de caso, e como tal, propõe-se a conhecer os
problemas que interferem na competitividade do Estado de Pernambuco quanto à atração
de investimentos estrangeiros e nos diferenciais que contribuem para esta captação. E
para tanto, foram utilizadas técnicas para mapear, identificar e alcançar este objetivo.
Assim, esta investigação está composta por meio de duas técnicas de pesquisa: sendo a
bibliográfica e pesquisa de campo.
A pesquisa bibliográfica ou de fonte secundária, abrange a bibliografia publicada entre
os anos de 2010 a 2015, devido ao tema de pesquisa ser recente e que se encaixa neste
recorte temporal, envolvendo: boletins nacionais e internacionais, livros e pesquisa
monográfica. Tem por objetivo a familiaridade por parte do pesquisador sobre a situação
econômica e social do Estado de Pernambuco que pode influenciar a atração do
investimento estrangeiro.
As técnicas utilizadas na pesquisa de campo para coletar dados foram o uso de entrevistas
gravadas com o Diretor Presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de
Pernambuco (AD Diper), Sr. Jenner Guimarães do Rêgo, a Gerente de Inteligência da AD
Diper, Sra. Camila Lopes, a Coordenadora de Desenvolvimento de Negócios de SUAPE,
a Sra. Luiza Villela, a Secretaria Executiva de Gestão Estratégica da Secretaria de Micro
e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação (SEMPETQ), a Sra. Angella Mochel, a
Consultoria Econômica e Planejamento (CEPLAN) por intermédio do Sr. Jorge Jatobá, a
Secretaria da Fazendo de Pernambuco (Sefaz), por intermédio do Sr. Márcio Stefanni.
43
Quanto ao tipo de entrevista, conforme propósito, ocorreu a padronizada, executada por
meio de uma sequência pré-definida da modalidade focalizada, havendo um roteiro pré-
definido de tópicos relativos à problemática a ser estudada. (LAKATOS, 2007).
O número de entrevistas foi definido no transcorrer da pesquisa de campo, mediante a
percepção da chegada ao nível de saturação das respostas. Este nível de saturação se
caracterizou pela repetição além da falta de novas informações.
3.3 Lista das perguntas direcionadas aos entrevistados
As perguntas foram elaboradas conforme o objetivo esperado: considerando as forças e
fraques do estado em relação à captação de investimento, tanto nacional quanto
internacional para a condução de Pernambuco rumo ao futuro, conforme segue:
Pergunta (1): Em termos de fraquezas, ou seja, dos entraves de Pernambuco, quais
seriam os pontos para captação de novos investimentos? Esta primeira questão traz a
situação atual do estado quanto às suas fraquezas, sendo elas legais, estruturais ou de
recursos humanos (mão de obra qualificada e a qualificar). Pergunta (2): Como são,
atualmente tratadas, as fraquezas e como corrigi-las ou minimizá-las? Após o
levantamento da situação atual do estado – quanto às suas fraquezas, quais os mecanismos
que Pernambuco utiliza para se distanciar dos seus pontos fracos e como mantém
controle. Pergunta (3): Como o Estado se prepara para as oportunidades, especialmente
num cenário de crise como o atual? Em termo de crise que assola a economia do Brasil,
quais os procedimentos adotados para que o estado se mantenha no menor impacto
possível ante aos olhos de investidores. Pergunta (4): Quais são os grandes trunfos que
o Estado tem a seu favor? O que temos como alternativas de melhorias ou de
diferenciação em relação aos demais estados da Federação, tanto por aspectos naturais
quanto artificiais – de infraestrutura. Pergunta (5): Pernambuco está pronto para receber
parte deste capital internacional proveniente das ações de reshoring? Esta representa a
pergunta final, reavaliando todas as demais em busca das possibilidades entre os pontos
fracos e fortes do estado para que as ações de reshoring possam se tornar uma realidade
à economia de Pernambuco.
44
3.4 Limitações
Conforme Lakatos, a existência de dificuldade na coleta de dados representa, em certo
grau, as limitações da pesquisa, podendo se relacionar, a: tipos de expressões e termos
técnicos conduzindo a uma falsa intepretação, ideias e opiniões acerca de temas
específicos, indisponibilidade da entrevista por motivos diversos, retenção de dados
cruciais para a construção de análises mais acuradas além de outros fatores que não
contribuem para a devida efetivação. (LAKATOS, 2007)
O aspecto central desta dissertação é o econômico e uma vez alicerçada nesta base,
diversos aspectos macro ambientais, como governos, variações cambiais, mercado
consumidor, infraestrutura, aspectos legais, políticos etc., representam variáveis que
podem interferir na condução deste trabalho, além de possíveis ideias e opiniões pré-
concebidas.
A metodologia utilizada auxiliou na identificação dos gargalos e nos diferenciais da
captação de recursos estrangeiros para Pernambuco, além da situação atual e um possível
cenário para o Estado, uma vez que por meio do método usado, abriu campo de análise
por meio dos atores envolvidos no desenvolvimento econômico de Pernambuco.
Outro ponto de expressiva atenção, quanto à limitação, é a centralização das informações
contidas nas cinco perguntas estratégicas, capturando a visão e prática que o estado vem
tomando ao caminhar dos últimos anos para melhoria dos padrões de atração de
investimentos, gerando uma limitação de possíveis entrevistas de representantes de
órgãos estaduais e empresas ligadas ao setor socioeconômico de Pernambuco,
centralizando apenas em órgãos que lidam diretamente com os processos de estudos,
atração, manutenção, instalação e acompanhamento após execução de tais
empreendimentos, tanto nacionais quanto internacionais.
45
4. ANÁLISE DOS DADOS
Este capítulo apresenta as análises dos resultados com relação ao terceiro objetivo
específico da pesquisa: Avaliar o potencial de Pernambuco e a relocação industrial em
curso. Descrevendo as estruturas operacionais e de gestão na atração de investimentos
praticados pelo estado, passando pela situação anterior (antes das adaptações de mudança)
até a execução das técnicas, conforme relatos provenientes das entrevistas.
Atualmente Pernambuco não diferencia o tipo de investimento quanto a sua origem, ou
seja, tanto pode ser um investidor nacional quanto internacional que o estado oferece as
mesmas condições na possiblidade de atraí-lo para solo pernambucano. Isto se relaciona,
além de outros fatores que serão tratados mais adiante, quanto a instabilidade do estado
perante a atual recessão econômica que vem passando o Brasil, gerando reduções de
aportes do Governo Federal, comprometendo o desenvolvimento e consequentemente a
atratividade de investimentos diversos.
Segundo comentário do Diretor Presidente da AD Diper, Sr. Jenner Guimarães do Rêgo,
sobre a situação de Pernambuco e sua capacidade de atração e desenvolvimento de
projetos mais representativos, tanto nacional quanto internacional, incorrendo nas
mudanças significativas em sua gestão para novos projetos de atração de investidores,
conforme a situação do estado até o ano de 2009, onde ressalta:
Até o início de 2009 não havia investimentos
expressivos e nem preparo adequado para que
Pernambuco viesse a se tornar uma opção rentável
de investimento direto estrangeiro para o território
brasileiro nem mesmo para investimentos
nacionais. Os Agentes Governamentais, a exemplo
da Secretaria de Turismo (setor de hotelaria);
Secretaria de Ciência e Tecnologia/Porto Digital
(setor de TI); Porto de Suape (com o Projeto Suape
Global está direcionando suas ações para os
setores de petróleo, gás e offshore naval);
Secretaria de Desenvolvimento Econômico de
46
Pernambuco e Governo do Estado (indústrias de
setores estratégicos), atuavam localmente com
baixo nível de suporte às empresas que já se
encontravam no Estado, sem vislumbrar com
maior profundidade estudos mais detalhados de
possíveis investidores estrangeiros para solo
pernambucano,
Estes Agentes Governamentais operavam de forma empírica e desarticulada, ainda com
ações proativas pontuais (participação em feiras e/ou organização de eventos), porém,
sem registro sistêmico de informações sobre os investimentos recebidos, nem mesmo para
os de origem estrangeira. Também não se tinham informações sobre os motivos que
levavam os investidores a desistirem de se instalarem em Pernambuco.
A AD Diper apresentava forte desestruturação ante a atração de investimento tanto local
quanto internacional. Havia poucos distritos industriais presentes na Região
Metropolitana de Recife (RMR) totalizando 8 distritos, além de 1 em Garanhuns, 1 em
Petrolina e 1 em Araripina, totalizando 11.
Além da fraca atuação frente aos investimentos externos, não havia uma fonte de receita
estável para a AD Diper, sendo esta dependente de recursos (repasses) do Governo
Estadual.
A baixa capacidade de operação e planejamento além da escassez de ações proativas
fizeram com que Pernambuco mantivesse aquém do desenvolvimento socioeconômico
em comparação com outros Estados, ocasionando o distanciando do circuito nacional e
internacional de possíveis investidores.
Conforme relatos da Sra. Camila Lopes, Gerente de Inteligência da AD Diper:
Até o ano de 2009 os possíveis investidores que
buscavam o Brasil com intuito de parcerias,
recebiam pouco ou nenhum apoio em seu processo
de conhecimento e instalação no país, devido à
47
escassez no preparo de instituições para fornecer
tanto em nível federal quanto estadual, o auxilio
normalmente requerido nos demais países.
Foi a partir da publicação do Relatório Global de Economia em 2009, do Banco Mundial
que o Brasil se mostrou longe do trânsito de investimento direto estrangeiro (IDE). A
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) juntamente com
uma consultoria do Banco Mundial iniciou, em 2009, um treinamento com duração de
dois anos para aprimoramento e capacitação de atração de investidores e desenvolvimento
local após a efetivação de seus projetos.
A situação do Brasil quanto a capacidade de atração deste tipo de investimento, foi
exposto no Relatório Global de Economia em 2009, do Banco Mundial. Este relatório
apontou os principais Índices de Competitividade Global (ICG), apoiados em doze pilares
essenciais à competitividade com objetivo de análises e reflexões quanto ao crescimento
econômico sustentável.
Esta análise avaliou, na época, 133 países que enfrentavam a crise iniciada nos Estados
Unidos da América, que rapidamente impactou o PIB global, contribuindo para a retração
mundial, em 2009, à taxa de 2,5%. Com a crise iniciada, foram identificados: declínios
da demanda do consumidor, aumento do desemprego, reduções nas exportações, queda
dos preços das matérias-primas e reduções significativas de investimento estrangeiro,
desencadeando práticas protecionistas no mundo inteiro somadas a baixa liquidez (World
Economic Forum, 2009)
O Relatório Global de Economia proveniente do Fórum de Economia Internacional do
Banco Mundial, examinou os diversos fatores que permitiam às economias a
possibilidade de alcançarem crescimento econômico sustentável, oferecendo aos líderes
mundiais as formulações de políticas públicas capazes de identificar os obstáculos à
melhoria da competitividade econômica além de estimular discussões sobre as diversas
estratégias de manutenção e sustentabilidade da economia mundial, tudo gerado por meio
dos encontros que buscavam o fornecimento de ferramentas de comparações
(benchmarking) obtidas por meio das atividades desenvolvidas pelos governos, elencando
a formulação de políticas para identificar obstáculos à melhoria da competitividade,
48
estimulando a discussão sobre as estratégias e métodos para superá-los. (World Economic
Forum, 2009)
O Fórum Econômico Mundial utilizou, como base na análise global, 12 pilares essenciais
à competitividade, sendo eles (World Economic Forum, 2009):
(1) Ambiente institucional: representando o quadro jurídico e administrativo em que
indivíduos, empresas e governos interagem para gerar renda e riqueza na economia.
(2) Infraestrutura: representando um motor essencial de competitividade. É fundamental
para assegurar a eficácia do funcionamento econômico, reduzindo o efeito da distância
entre as regiões, por meio do resultado de integração entre mercado nacional e
internacional.
(3) Estabilidade macroeconômica: representando importância para os negócios de um
país, além de oferecer maior competitividade global.
(4) Saúde e educação primária: representando a saúde da força de trabalho, sendo vital
para a competitividade e produtividade de um país.
(5) Educação e formação superior: representando a qualidade do ensino superior para
economias que queiram subir na cadeia de valor.
(6) Eficiência de produção: representando a melhoria desde a produção ao suprimento de
produtos aos mercados.
(7) Eficiência do mercado de trabalho: representando o grau de alocação mão de obra no
mercado de trabalho.
(8) Sofisticação do mercado financeiro: representando a possível atração de investidores
pela busca por novos recursos e garantias de retornos.
(9) Tecnologia: representando a agilidade com que uma economia adota tecnologias
existentes para melhorar a produtividade de suas indústrias
(10) Dimensão de mercado: representando o grau de atração de novos investidores devido
ao grau da capacidade produtiva local e retornos esperados.
(11) Sofisticação empresarial: representando maior eficiência na produção de bens e
serviços.
(12) Inovação: representando a projeção que as empresas conseguem nos processos e na
capacidade produtiva em prol da vantagem competitiva.
49
A Tabela 8 de Índice de Competitividade Global (ICG) concernente ao Brasil, analisou
os 12 pilares de essenciais à nossa competitividade, conforme segue:
Tabela 4 – Índice de Competitividade Global (ICG) de 2009
Rank: 133 países Pontuação: de 1 a 7
ICG 2009 – 2010 Nº 56 4,2
ICG 2008 – 2009 Nº 64 4,1
ICG 2007 – 2008 Nº 72 4,0
Requisitos Básicos: Nº 91 4,0
1º Pilar: Ambiente Institucional Nº 93 3,5
2º Pilar: Infraestrutura Nº 74 3,5
3º Pilar: Estabilidade Macroeconômica Nº 109 3,9
4º Pilar: Saúde e Educação Primária Nº 79 5,2
Aumento da Eficiência Nº 42 4,4
5º Pilar: Educação e Formação Superior Nº 58 4,1
6º Pilar: Eficiência de Produção Nº 99 3,9
7º Pilar: Eficiência do Mercado de Trabalho Nº 80 4,3
8º Pilar: Sofisticação do Mercado Financeiro Nº 51 4,5
9º Pilar: Tecnologia Nº 46 4,1
10º Pilar: Dimensão do Mercado Nº 10 5,6
Fatores de Inovação e Sofisticação Nº 38 4,1
11º Pilar: Sofisticação Empresarial Nº 32 4,6
12º Pilar: Inovação Nº 43 3,5
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Fórum de Economia Mundial de 2009
Além dos pilares anteriormente citadas na a avaliação do Relatório de 2009, outros 15
fatores que influenciavam negativamente a prática de negociação internacional com os
133 países, assim como no Brasil, foram aludidos. Estes indicadores resumiam os fatores
vistos pelos executivos como os mais problemáticos para se fazer negócios com o Brasil.
De uma lista de 15 indicadores, os entrevistados foram convidados a escolher os cinco
mais problemáticos (World Economic Forum, 2009).
Os 15 indicadores utilizados para avaliação que influenciavam negativamente as práticas
de negociação, foram: acesso ao financiamento, corrupção, crime e roubo, ética de
trabalho, governo instável (possibilidades de golpes políticos), inadequação da força de
trabalho, ineficiência da burocracia do governo, inflação, instabilidade política, oferta
insuficiente em infraestrutura, precariedade da saúde pública, regulamentações
50
trabalhistas restritivas, regulamentos em moeda estrangeira, regulamentos fiscais, taxas
de impostos (World Economic Forum, 2009).
Os resultados foram então tabulados e ponderados de acordo com a classificação atribuída
pelos entrevistados, conforme segue (World Economic Forum, 2009):
1. Regulamentos fiscais = 19% dos respondentes
2. Taxas de impostos = 18,5% dos respondentes
3. Regulamentações trabalhistas restritivos = 14% dos respondentes
4. Ineficiência da burocracia do governo = 11% dos respondentes
5. Acesso ao financiamento = 10,4% dos respondentes
A partir destes indicadores que mantinham Brasil afastado do fluxo internacional de
investimentos, foi iniciado um programa capitaneado pela Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) procurando reverter esse cenário
desfavorável por meio do “Programa de Coordenação Nacional para a Atração de
Investimento Estrangeiro Direto”, assessorando os Estados na organização dos processos
na incorporação das melhores práticas mundiais, através da contratação da consultoria do
Investment Climate Advisory Services (ICAS), do Banco Mundial.
Conforme relato da Sra. Camila Lopes em relação ao passo inicial para que a Apex
entendesse a situação do estado, iniciou:
Em janeiro de 2009, quando a Apex solicitou que
a AD Diper que organizasse, para os Consultores
do ICAS, uma agenda com investidores
estrangeiros aqui instalados, objetivando o
conhecimento do “ambiente de negócios de
Pernambuco” sob a ótica desses investidores.
Em julho de 2009, foi realizado o Seminário Promoção Eficaz de Investimentos,
ministrado pelos Consultores do ICAS, com a participação de técnicos da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, AD Diper, Suape, Secretaria de Turismo e FIEPE. Esse
Seminário abordou cinco itens estratégicos e conceituais quanto à prática de atração de
investimentos, sendo:
51
(1) A parte conceitual da atração de investimentos;
(2) O investimento estrangeiro como uma componente importante na estratégia de
crescimento de um país;
(3) A importância de haver uma agência de atração de investimentos estrangeiros, focada
na capacitada de atração e manutenção desses investidores;
(4) A experiência dos países que desenvolveram as melhores práticas nesse tema e
(5) A crescente e acirrada competição dos países para a atração de novos investimentos.
Após este Seminário, Pernambuco foi convidado para ser um Estado-piloto, além do Pará
e Bahia. Assim, o Governo Estadual firmou o Convênio de Cooperação Técnica com a
Apex para o desenvolvimento de ações conjuntas para a construção e operacionalização
do Programa “Coordenação Nacional para a Atração de Investimento Estrangeiro Direto”
em Pernambuco, procurando tornar mais eficaz os esforços desenvolvidos na atração de
investimentos estrangeiros e, assim, incrementando o volume e a qualidade do fluxo
desses investimentos.
A execução desse Programa requereu dotar o Estado de uma estrutura operacional
centralizada e especializada para promover de forma ativa e eficaz a atração de
investimentos produtivos. A AD Diper, como a agência de desenvolvimento econômico
do Estado e cujo objeto social contempla também a atração de investimentos, foi nomeada
como Ponto Focal para a atração de IDE do Estado, Conforme o Art. 5º do seu Estatuto
Social, a AD Diper tem por objeto social precípuo, apoiar o desenvolvimento econômico
e social do Estado de Pernambuco e ainda: I. Promover o desenvolvimento do Estado de
Pernambuco por meio de ações indutoras e apoio aos setores industrial, agroindustrial,
comercial, de serviços, florestal, mineral e do artesanato, nos termos da legislação
vigente, bem como articular a atração de novos investimentos.
Desta forma, foi constituído um grupo de trabalho com a responsabilidade, coordenação
e capacitação dos consultores do ICAS e técnicos da Apex, para implantar na AD Diper
as melhores práticas mundiais para a atração de Investimento Direto Estrangeiro (IDE).
Esse novo conceito de trabalhar a atração de investimentos estrangeiros foi denominado
“Invest in Pernambuco” e tem como estrutura organizacional a Gerência de Atração de
52
Investimentos, subordinada à Diretoria de Atração de Investimentos e de Comércio
Exterior.
A cooperação técnica entre a APEX e o Banco Mundial teve duração de dois anos, sendo
dividida em três etapas, conforme seguem:
Etapa I: facilitação para a atração de investimentos estrangeiros
1. Elaboração do Sistema de Informações ao Investidor.
Consistiu no levantamento, organização, sistematização e registro de informações
política, social, geográfica, econômica, cultural, educacional, de incentivos fiscais,
prestadores de serviços e outros atrativos que Pernambuco oferece. Permitindo responder
rapidamente aos pedidos de informações mais genéricas feitas pelo potencial investidor.
2. Elaboração do fluxograma de atendimento ao investidor
Consistiu na sistematização de todo o processo de atendimento ao investidor, desde a sua
demanda inicial até a sua implantação no Estado.
3. Registro do atendimento
Registro e acompanhamento de todos os eventos referentes a um investidor, inclusive o
motivo de sua desistência por Pernambuco
4. Elaboração do site “Invest in Pernambuco”
As pesquisas realizadas provaram que a primeira busca por informação sobre “onde
investir” é realizada através de site. O site tem que ser atrativo para motivar o investidor
a fazer o contato pessoal. O conteúdo foi desenvolvido considerando os setores escolhidos
como prioritários para complementar nossa base industrial: Farmoquímico; Petróleo, Gás
e Indústria Naval; Tecnologia da Informação e Comunicação; Mercado
Imobiliário/Turismo.
53
4.1 Atração de Investimento Nacional
Etapa II: Aftercare
É o acompanhamento das empresas já instaladas para identificar as dificuldades que elas
vêm encontrando para tocar o seu negócio de forma competitiva e satisfatória. A AD
Diper se coloca como uma facilitadora entre o investidor e o órgão/instituição que pode
resolver o problema.
O objetivo desse serviço é promover melhoria contínua no ambiente de negócios para
manter e/ou expandir os investimentos das empresas já instaladas e facilitar a atração de
novos investidores.
A primeira providência foi, ainda em 2009, buscar mapear todas as empresas estrangeiras
aqui instaladas (por origem de capital, setor e município). As informações obtidas
apontam a presença de capital alemão, argentino, belga, canadense, coreano, espanhol,
filipino, finlandês, francês, inglês, italiano, japonês, mexicano, norte-americano,
português e uruguaio em investimentos feitos em Pernambuco. São negócios
desenvolvidos nos municípios de Abreu e Lima, Cabo de Santo Agostinho, Escada,
Garanhuns, Igarassu, Ipojuca, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Petrolina e
Recife.
Em 2010, o progresso no trabalho fez com que ficasse pronto o site “Invest in
Pernambuco” (www.investinpernambuco.com), que reúne uma série de informações
estratégicas para potenciais investidores conhecerem um pouco mais do estado através de
uma navegação em sintonia com o que as melhores agências de atração IDE do mundo
fazem, em termos de tópicos, estrutura e recursos. O conteúdo foi desenvolvido
considerando os setores escolhidos como prioritários para complementar nossa base
industrial:
1. Farmoquímico;
2. Petróleo e Gás;
3. Indústria Naval;
4. Tecnologia da Informação e Comunicação;
54
5. Mercado Imobiliário/Turismo.
Além disso, foram recebidas diretamente 11 demandas de pretensos investidores,
relacionadas na tabela a seguir, por setor e origem do capital.
Tabela 5 – Atendimentos realizado a potenciais investidores - 2010
SETOR ORIGEM DO
CAPITAL INFORMAÇÕES DEMANDADAS
Petróleo / offshore Dinamarca Terrenos disponíveis, incentivos e benefícios
Petróleo e gás Holanda Informações básicas sobre o estado
TI
(semicondutores) Inglaterra Panorama do setor de TI em Pernambuco
Turismo N/I Informações gerais sobre o setor hoteleiro
Embalagens Índia Terrenos disponíveis, acesso a gás, energia,
água.
TI
(semicondutores) Estados Unidos Incentivos fiscais para o setor
Turismo Estados Unidos Informações econômicas e novos
empreendimentos em instalação no estado
Fármaco Brasil Mão de obra e educação
Fármaco Estados Unidos Informações detalhadas
Energia eólica Argentina e Coréia do Sul Incentivos fiscais e terrenos
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da AD Diper
Etapa III: Prospecção Seletiva de Investidores Internacionais
Nesta última etapa os Gerentes de Investimentos mapeiam toda as importações das
indústrias instaladas em Pernambuco com intuito de buscar quais produtos retornam ao
Estado após beneficiamento. Quando uma determinada linha de produtos retorna, por
meio de importações para o Estado, os Gerentes de Investimentos visitam a empresa no
exterior em busca de parceria para trazê-la ao Estado e iniciar a produção de forma local,
conforme relato do Diretor Presidente da AD Diper.
Além deste mapeamento, a AD Diper procura por novos investidores internacionais com
base na produção industrial pernambucana e no mercado consumidor tanto local, quanto
nacional e internacional.
55
4.2 As Mudanças no Método e na Organização para Atração de Investimentos
Atualmente existem duas “portas” ou entradas oficiais de investimento estrangeiro direto
em solo Pernambuco, separando todo o Estado em duas áreas, Região Metropoliana do
Recife (RMR) e interiores – responsabilidade da Agência de Desenvolvimento de
Pernambuco (AD Diper) e as áreas de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho –
responsabilidades de SUAPE.
Tanto a AD Diper quanto SUAPE participaram do mesmo treinamento de capacitação
dos consultores do ICAS para as melhores práticas mundiais de atração de Investimento
Direto Estrangeiro (IDE), formando a mesma equipe que atua nos dois Agentes
Governamentais.
No governo de Eduardo Campos, por meio do Fernando Bezerra Coelho, Secretário de
Desenvolvimento Econômico e Presidente do Complexo Industrial Portuário Governador
Eraudo Gueiros - SUAPE, desenvolveu um ordenamento por meio de um Plano Diretor
em SUAPE, definindo: retroárea, área de porto, áreas das indústrias, bebidas, alimentos
etc.
Conforme explicação da Sra. Luiza Villela quanto a organização do Plano Diretor de
SUAPE:
A AD Diper ficou com a incumbência de
promover a interiorização dos Investimentos,
retirando a grande oferta da Região de SUAPE,
isso devido a alguns setores industriais não
conseguirem se manter por lá, como o caso da
indústria metalomecânica, devido as condições
laborais serem melhores do que as indústrias já
instaladas, como a exemplo das indústrias de
bebidas, alimentos etc. Atualmente, por exemplo,
Vitória de Santo Antão congrega, por exemplo,
boa parte das indústrias de alimentos.
Outro objetivo desta separação por Polos ao decorrer do Estado foi a geração de
entendimentos específicos que demandavam estas indústrias, além da melhor capacidade
56
de abrigar, quanto aos municípios, estes investimentos. As estratégias utilizadas pela AD
Diper par o desmembramento das indústrias na região de SUAPE, foi a oferta crescentes
de descontos do ICMS na direção dos interiores do Estado, sendo de 75% a 95% de
descontos. Em outras palavras, a indústria se apropria de parte do imposto, conforme
entrevista com o Diretor Presidente da AD Diper.
Em 2015 foi criado o Setor de Inteligência da AD Diper, atuando desde a atração de
capital internacional tanto quanto na monitoração e apoio aos investidores que desejam
avaliar, com maior segurança, as possibilidades ofertadas pelo Estado.
Conforme entrevista realizada com a Sra. Camila Lopes, Gerente de Inteligência da AD
Diper:
O Estado de Pernambuco tem um novo e eficiente
modelo de negócios para investidores
internacionais, com ampla oferta de benefícios e
apoio necessário para a efetivação deste tipo
investimento.
Os benefícios para atração de capital passam desde as concessões de terrenos municipais,
privados ou governamentais para instalação de plantas industrias, expressivos incentivos
fiscais entre as esferas federal, estadual e municipal, sendo: municipal (redução do INSS,
IPTU etc.), estadual (Redução de 75% a 95% do ICMS), qualificação de mão de obra, até
facilidades de infraestrutura física e energética, etc., conforme o porte e necessidade do
tipo de investimento.
Existem ainda uma oferta para atração destes investimentos principalmente para os
interiores do Estado com expressivas reduções na arrecadação ICMS, conhecido como
“interiorização do investimento”, dividindo Pernambuco em 12 áreas com 184
municípios, sendo elas:
Região Metropolitana (14 municípios) = 75% de crédito presumido de ICMS
Mata Norte (19 municípios) = 85% de crédito presumido de ICMS
Mata Sul (24 municípios) = 85% de crédito presumido de ICMS
Agreste Setentrional (19 municípios) = 90% de crédito presumido de ICMS
57
Agreste Meridional (26 municípios) = 90% de crédito presumido de ICMS
Agreste Central (26 municípios) = 90% de crédito presumido de ICMS
Sertão do Moxotó (7 municípios) = 95% de crédito presumido de ICMS
Sertão do Pajeú (17 municípios) = 95% de crédito presumido de ICMS
Sertão de Itaparica (7 municípios) = 95% de crédito presumido de ICMS
Sertão Central (8 municípios) = 95% de crédito presumido de ICMS
Sertão do São Francisco (7 municípios) = 95% de crédito presumido de ICMS
Sertão do Araripe (10 municípios) = 95% de crédito presumido de ICMS
Atualmente o Estado vem se mostrando com perfil mais agressivo quanto a atração de
possíveis investidores estrangeiros, conforme explicou a Gerente de Investimentos,
devido a constância da disputa comercial entre os demais Estados da Federação e até
outros países, sendo necessário se destacar e se posicionar como local atrativo para esta
modalidade de investimento. Desta forma, os diversos incentivos fiscais ofertados pelo
Governo Federal e Pernambuco, segundo o site Invest in Pernambuco9, estão descritos
abaixo:
FEDERAIS
» Redução de 75% do Imposto de Renda Pessoa;
» Jurídica (IRPJ), sobre o valor a pagar por dez anos;
» Reinvestimento de 30% do saldo do IRPJ devido;
» Isenção do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM);
» Depreciação acelerada de bens adquiridos, para efeito de cálculo do IRPJ, e com
desconto dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Confins.
9 Disponível em: <
http://www.investinpernambuco.pe.gov.br/web/invest/exibir_noticia?groupId=8197842
&articleId=8391535&templateId=9190006>, Acesso em: 10 de mar. 2015
58
ESTADUAIS
Prodepe - Programa de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco
O Prodepe contempla benefícios fiscais para atividades industriais e centrais
de distribuição, implantação ou ampliação de investimentos em diversos segmentos
econômicos, durante um período de 12 anos renováveis por igual período.
Prodinpe - Programa de Desenvolvimento da Indústria Naval de Pernambuco
Abrange incentivos para as indústrias produtoras de navios e plataformas de petróleo,
como também para toda a cadeia de fornecedores envolvida neste segmento.
Prodeauto - Programa de Desenvolvimento do Setor Automotivo
Concede incentivos a fabricantes de veículos automotores (automóveis, motos,
caminhões, ônibus, tratores, dentre outros), bem como para toda a cadeia de fornecedores
destas indústrias.
Programa de Incentivos para Energias Renováveis
Prevê benefícios fiscais do ICMS para fabricantes de equipamentos para geração de
energia eólica (turbinas, torres, pás) e solar (painéis solares), bem como para os
fornecedores de peças e componentes para estas cadeias.
MUNICIPAIS
Na área municipal, os empreendimentos podem ter reduções do IPTU (Imposto sobre a
Propriedade Territorial Urbana), do ISS (Imposto sobre Serviços) e das taxas e alvarás de
funcionamento necessários para a operação. Em todos os casos, as reduções são
negociadas com prefeituras, com a intermediação do Governo do Estado, em função do
tipo do empreendimento, do valor do investimento e da geração de empregos diretos e
indiretos gerados na operação do mesmo.
Quanto às práticas de destaques que colocam Pernambuco no fluxo do capital
internacional, por exemplo, foi a preparação e formação técnica de uma equipe
59
responsável pela manutenção, recepção e monitoramento de possíveis investidores para
Pernambuco, denominada de Gerentes de Investimentos. Objetivando a articulação entre
as necessidades de cada tipo de investidor e as oportunidades (ofertas) existentes – um
exemplo desta articulação ocorreu em março deste ano, quando a Sra. Camila Lopes
representou Pernambuco no Seminário “Brasil-Japão” realizado pelo Banco de Tokyo,
nas cidades de Osaka, Nagoya e Tóquio. Camila ainda participou de reuniões com 800
empresários interessados em conhecer as potencialidades pernambucanas e da assinatura
de um Acordo de Cooperação entre empresas japonesas e o Estado de Pernambuco. O
documento visa ao estreitamento de relações comerciais.
Atualmente as apresentações que expõem o Estado aos possíveis investidores, são
apresentadas em cinco idiomas, sendo: Português, espanhol, francês, italiano e o
mandarim.
Outras formas de destaques, são: site do “Invest in Pernambuco” apresentando os
diferenciais, setores prioritários e não prioritários para investimento; participação de
feiras internacionais, como no caso do Panamá; feira intermodal em outros países etc.,
além da oferta de fontes de energia renováveis, caso da eólica, posição estratégica entre
o continente Europeu e a América do Norte, porto estruturado para recebimentos de todas
as modalidades de navios internacionais etc.
O tratamento oferecido pela AD Diper quanto ao volume e tipo de investimento, não é
diferenciado, conforme afirmação do Sr. Jenner Guimarães:
Uma vez que qualquer investidor tenha interesse
em conhecer Pernambuco, independentemente de
seu porte, o mesmo será recebido com um “tapete
vermelho”, isso porque para um pequeno
município, no caso de direcionamento do
investimento, haverá impactos positivos na atração
e instalação da indústria, auxiliando o
desenvolvimento local e melhorias estruturais para
o município e os entornos.
60
Quanto aos investimentos que são direcionados à região de SUAPE, conforme entrevista
realizada com a Sra. Luiza Villlela, Coordenadora de Desenvolvimento de Negócios:
Por se tratar do conceito de porto-indústria são
oferecidas condições ideais para a instalação de
empreendimentos nos mais diversos segmentos.
Suape conta com uma infraestrutura terrestre
própria, em permanente desenvolvimento e
modernização, com ferrovias e rodovias. O porto
interno, recentemente, ganhou novos berços e,
além disso, o Complexo ainda conta com
fornecimento de gás natural, energia elétrica, água
bruta e água tratada. Situado na Região
Metropolitana do Recife, possui área de 13.500
hectares, distribuída em zonas portuária,
industrial, administrativa e serviços, de
preservação ecológica e de preservação cultural.
Já são mais de 100 empresas em operação, responsáveis por mais de 25 mil empregos
diretos, e outras 50 em implantação. Entre elas, indústrias de produtos químicos, metal-
mecânica, naval e logística, que vão fortalecer os polos de geração de energia, graneis
líquidos e gases, alimentos e energia eólica, além de abrir espaços em outros segmentos
como metal-mecânico, grãos e logística
Os diferenciais que SUAPE oferece na atração de investimento direto estrangeiro, de
acordo com a Coordenadora de Desenvolvimento de Negócios, a Sra. Luiz Villela:
Inicia-se com a sua proximidade com o Porto,
ampla área para instalação de novos
empreendimentos, todo o suporte governamental e
burocrático no mesmo lugar, boa parte do
investimento em energia renovável, no caso da
eólica. Quanto aos procedimentos de atracação de
navios é todo automatizado, reduzindo o tempo de
61
taxiamento das embarcações, ainda oferece espaço
suficientes para containers, graneis, líquidos etc.
Além destes diferenciais, a região encontra-se situada na extremidade oriental da costa da
América do Sul, o porto destaca-se pela curta distância, de apenas 8 dias, da costa norte-
americana e do Leste Europeu. Com perfil concentrador de cargas (hub port10), está
interligado a mais de 160 portos em todos os continentes.
As condições naturais de SUAPE, caracterizadas por canais e berços de alto calado
(profundidade), aliado a uma grande disponibilidade de áreas em seu entorno, criam
condições potenciais para a atração e formação de centro industrial.
Em seu Complexo Industrial, a existência de polos industriais segmentados, programas
de capacitação da mão de obra local e as licenças ambientais das áreas pré-aprovadas
além dos benefícios fiscais também são fortes atrativos. Reduções de 75% nos impostos
federais (Sudene), de até 50% nos municipais e programas estaduais, como o Programa
de Desenvolvimento da Indústria Naval e de Mecânica Pesada Associada do Estado de
Pernambuco (Prodinpe) e o Programa de Desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe),
objetivam o estímulo à geração de empregos e o incremento da economia regional.
Conforme explicou a Sra. Luiza Villela:
Pernambuco está acordando ainda para esta
realidade, conforme mencionou a quando a
Volkswagen, em 2011, iniciou uma pesquisa para
ampliação de sua base industrial e elencou
Pernambuco como possível Estado para
investimento, fez com que toda a estrutura
governamental que se relacionava, ao
investimento e infraestrutura viesse a “acordar” e
começar a trabalhar os pontos fortes e fracos de
10 Hub port consiste em um porto concentrador de cargas e de linhas de navegação. O termo decorre das estratégias de
aumentar o tamanho dos navios, concentrar rotas e reduzir o número de escalas adotadas pelas principais companhias marítimas, notadamente a partir dos anos noventa. Fonte: <https://portogente.com.br/portopedia/hub-port-porto-
concentrador-73181> Acesso em 22 de jul de 2015
62
Pernambuco. Depois com a FIAT, Bung entre
outros, o Estado se mostrou um competidor
agressivo para estes investimentos. Mas ainda
estamos no início desta jornada, comenta.
Para Márcio Stefanni, Secretário da Fazenda (Sefaz):
O investimento estadual no provimento de
infraestrutura sócio-econômica foi notável nos
últimos anos, chegando a patamares de R$ 3,0 a
R$ 4,0 bilhões. Em 2015 naturalmente esse
número caiu com a crise, mas deverá fechar num
montante em torno de R$ 1 bilhão, garantindo,
num grande esforço de priorização e economia dos
gastos com o custeio da máquina pública, a
preservação de uma mínima capacidade de
perseguição da correção dos déficits de
infraestrutura sócio-econômica.
Continuando quanto aos trunfos detentores do estado, o Secretário da Fazenda,
argumenta:
Não há dúvida de que o maior trunfo de
Pernambuco é sua vocação logística regional, dada
a localização e as infraestruturas aeroportuárias,
com especial destaque para o Complexo
Industrial-Portuário de Suape, uma das principais
âncoras do crescimento econômico experimentado
na última década. Essa vocação de centro logístico
regional não se limita à Região Metropolitana do
Recife, mas se estende ao interior do Estado, que
avança com a melhoria da infraestrutura rodoviária
e com a futura operação da Ferrovia
Transnordestina. Indústrias de bens de consumo
não duráveis, como a de alimentos, a de bebidas e
a de higiene e limpeza, encontraram no Estado sua
63
base natural de localização para a produção
regional, sendo que algumas delas avançaram
como centro de produção nacional. Aproveitando
Suape, algumas grandes empresas estão também
fazendo de Pernambuco uma base de exportação.
Ao lado das indústrias, centrais de distribuição,
armazéns alfandegados e outras estruturas
logísticas continuam a adensar o entorno de Suape
e Recife.
Atualmente o investidor, tanto nacional quanto internacional segue um roteiro para que o
investimento possa ser mensurado de acordo com as atuais condições ofertadas por
Pernambuco, conforme segue no Gráfico 3.
Gráfico 3 – Roteiro da viabilização do investimento em Pernambuco
Fonte: Elaboração própria a partir das entrevistas com o Diretor Presidente da AD Diper
O primeiro contato com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco,
ocorre de duas maneiras, ou o investidor procura pela AD Diper ou os Gerentes de
64
Investimentos vão em busca destes investidores, podendo ser de origem nacional ou
internacional.
Após esta identificação e atração do investidor, a AD Diper inicia o processo de
preenchimento do Formulário de Demandas Primárias por parte do investidor.
Após esta fase, os Gerentes de Investimentos juntamente com o investidor, negociam com
as parcerias de acordo com as demandas necessárias, entre: incentivos fiscais (AD Diper),
saneamento (Compesa), gás natural ou bruto (Copergás), mão de obra especializada,
(STQE) e energia elétrica (Celpe).
Abaixo seguem as atribuições de cada uma das parceiras no processo de negociação:
Secretaria de Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação – STQE: Tem como
objetivo ampliar o acesso da população ao mercado de trabalho, preparando os cidadãos
para ocuparem as vagas de emprego ou para se aperfeiçoarem como empreendedores
autônomos, microempreendedores individuais, micro e pequenos empresários.
(SECRETARIA DE MICRO E PEQUENA EMPRESA, TRABALHO E
QUALIFICAÇÃO, 2015).
Entre as atribuições da secretaria está a intermediação de mão de obra para vagas do
Sistema Nacional de Emprego (Sine), realizada, em Pernambuco, através da Agência do
Trabalho; Elaboração de programas de qualificação e formação profissional, como o
Novos Talentos, concretizado a partir de parceria com o Sistema S; Incentivo ao
empreendedorismo, através da Agência de Empreendedorismo Individual e Autônomo;
Estímulo ao associativismo, por meio de ações de Economia Solidária, e apoio ao
desenvolvimento das micro e pequenas empresas. (SECRETARIA DE MICRO E
PEQUENA EMPRESA, TRABALHO E QUALIFICAÇÃO, 2015).
Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco – AD DIPER: A AD Diper é
uma entidade vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico,
desenvolvendo suas atividades de forma articulada com órgãos do setor público e da
iniciativa privada, sendo disciplinada pela Lei Federal nº 6.404/76 (Lei das Sociedades
por Ações) (AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE
PERNAMBUCO, 2015).
65
A AD Diper tem por objeto social precípuo apoiar o desenvolvimento econômico e social
de Pernambuco e ainda, por exemplo, promover o desenvolvimento do estado por meio
de ações indutoras e de apoio aos setores industrial, agroindustrial, comercial, de serviços
e do artesanato, nos termos da legislação vigente, bem como articular a atração de novos
investimentos. (AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE
PERNAMBUCO, 2015).
Companhia Energética de Pernambuco – CELPE: Com mais de 3,2 milhões de clientes,
a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) leva energia elétrica a 184 municípios,
ao distrito de Fernando de Noronha e à cidade de Pedras do Fogo, na Paraíba. A empresa
investe fortemente para fornecer energia de forma segura e com qualidade
(COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO, 2015).
A Celpe trabalha constantemente para melhorar cada vez mais os indicadores de
qualidade e continuidade do fornecimento de energia em sua área de concessão. A
distribuidora atende a todo perímetro urbano do Estado e, desde 2009, concluiu o processo
de universalização de energia na zona rural, assegurando aos clientes o direito à cidadania
por meio do acesso a melhores condições de saúde, segurança e trabalho, acesso à
informação, cultura e lazer e muitos outros benefícios (COMPANHIA ENERGÉTICA
DE PERNAMBUCO, 2015).
Companhia Pernambucana de Gás – COPERGÁS: A Copergás odoriza, canaliza e
distribui o gás natural em Pernambuco, atendendo aos mercados industrial, automotivo,
residencial, comercial, termelétrico e de cogeração de energia (COMPANHIA
PERNAMBUCANA DE GÁS, 2015).
É uma empresa de economia mista, que tem como sócios o Governo do Estado de
Pernambuco, a Petrobras Gás S.A – Gaspetro e a Mitsui Gás e Energia do Brasil. A
Copergás detém a segunda maior rede de distribuição do Nordeste, com cerca de 600km
de extensão. Atualmente, comercializa um volume superior a 1,1 milhão de metros
cúbicos/dia de gás natural para o mercado não-termelétrico (COMPANHIA
PERNAMBUCANA DE GÁS, 2015).
66
Companhia Pernambucana de Saneamento – COMPESA: Sociedade anônima de
economia mista, com fins de utilidade pública, a Compesa está vinculada ao Governo do
Estado de Pernambuco por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. É uma
organização dotada de personalidade jurídica de direito privado, tendo o Estado como seu
maior acionista (COMPANHIA PERNAMBUCANA DE SANEAMENTO, 2015).
Após as conversar com as parcerias, caso o acordo não sendo fechado, ocorre ou a
desistência do mesmo ou a suspensão, podendo ser reativos a posteriori.
Quando toda a conjuntura, entre benefícios e parcerias, é aprovada, ou seja, o acordo é
fechado, a etapa seguinte pode ser a assinatura do Protocolo de Intenções, caso a indústria
receba um ou mais terrenos para a sua efetivação ou incentivos fiscais, por exemplo.
Assim, um novo ciclo de atendimento é iniciado com finalidade de não deixar as
indústrias por conta própria, comenta o Diretor Presidente da AD Diper. Nesta etapa,
oferecemos o aftercare, ou seja, um monitoramento dos Gerentes de Investimento para
novas ampliações de estrutura quanto diversificação de seus produtos, conforme
treinamento da APEX e o Banco Mundial.
4.3 As Ameaças a Atração de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em
Pernambuco
Quantos às fraquezas existentes nas relações entre o Estado de Pernambuco e os possíveis
investidores estrangeiros, não há ainda o reconhecimento, por parte do investidor, das
oportunidades ofertadas pelo Estado, que de modo geral, são conhecidos apenas os
Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais como alternativas viáveis.
O Estado carece, em grande parte conforme a entrevista, de mão de obra qualificada, com
uma estrutura rodoviária precária além da pouca extensão da rede ferroviária
principalmente quando se pretende alcançar os interiores do Estado.
Conforme argumentações do Sr. Jenner Guimarães:
A política de exportação apresenta fragilidade;
falta de uma política de desenvolvimento regional
67
(falta de priorização de regiões carentes, a
exemplo: extremo sul do Rio Grande do Sul, oeste
de Santa Catarina, centro do Paraná, Vale do
Ribeira em SP, norte de Minas Gerais etc.), baixa
infraestrutura educacional além da Região
Nordeste não ter nenhum órgão de
desenvolvimento próprio – Ex.: Bando do
Nordeste, Sudene (Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste), Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas – (DNOCS),
Cooperação da Companhia de Desenvolvimento
dos Vales do São Francisco (CODEVASF) etc.,
são órgãos federais e como tal, o Governo Federal
é quem define as prioridades de cada um,
argumenta o Diretor Presidente da AD Diper.
Conforme a Sra. Angella Mochel, Secretaria Executiva de Gestão Estratégica da
Secretaria de Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação (SEMPETQ), quanto
ao processo de educação profissional para que Pernambuco possa ofertar melhores
condições aos diversos tipos de investimentos (nacional e/ou internacional) como
possível solução de mão de obra especializada, a mesma informa que este gap, representa:
Uma das maiores dificuldades seria a mão de obra,
novos profissionais, tanto para novos
investimentos no território interno como de origem
externa.
A Educação não foi prioridade nas últimas
décadas, em nosso pais de modo geral, então a
baixa escolaridade ou mesmo a baixa qualidade e
quantidade de formação profissional, dificultou
acesso do profissional qualificado aos investidores
presentes no estado.
68
Atualmente o Estado não tem condições de receber um investimento estrangeiro de largas
proporções estruturais, conforme descrito no prolongar das entrevistas, devido às
questões discutidas anteriormente, forçando o mesmo a tangenciar cada tipo de
investimento com a devida atenção um a um.
Conforme explicação do Sr. Jenner Guimarães (AD Diper):
Não há, atualmente, estabelecido de quaisquer
programas que dê atenção ao tipo de investimento
nem pela atração ou origem dos investidores,
como no caso de indústrias provenientes da China.
Assim, não há qualquer ação desenvolvida com
foco nas práticas de reshoring. O Estado não
distingue, necessariamente, as origens dos
investimentos.
Quanto aos entraves na captação de investimento estrangeiro para a região de SUAPE,
conforme explicações da Sra. Luiza Villela:
A mão de obra qualificada, baixos salários,
mobilidade para acesso à SUAPE, apesar da
duplicação de algumas vias, não oferece a
acessibilidade necessária à região, e o atraso no
desembaraço alfandegário expõem a necessidade
de melhorias a serem conquistadas.
Realmente o estado tem um longo caminho a percorrer em busca da sustentabilidade de
suas práticas para atrair novos investimentos, oferecendo condições competitivas em
relação aos demais estados da Nação. Este caminho requer, conforme as entrevistas, logo
planejamento, maior atuação do governo local quanto as condições de infraestrutura e
demais aspectos que possam estabelecer uma linha de atuação mais cada vez mais
eficiente.
69
Conforme entrevista com o Sr. Márcio Stefanni, Secretário da Fazenda (Sefaz):
Quanto aos entraves particulares do Estado, há
gargalos importantes para a circulação de cargas e
pessoas na Região Metropolitana do Recife,
déficits hídricos, sobretudo no Agreste e Sertão,
déficit de escolaridade ainda mais acentuado do
que em estados das regiões sul e sudeste do país,
deficiência de infraestruturas importantes de
comunicação e de oferta adequada de insumos
energéticos (energia elétrica e gás natural) em
diversas regiões do Estado.
Relacionando-se às fraquezas quanto ao tratamento da mão de obra especializada e as
possíveis correções, conforme a Sra. Angella Mochel (SEMPETQ), destaca, que:
O maior desafio hoje é localizar e identificar uma
fraqueza nas políticas públicas. Ainda ficam mais
limitadas a uma localização/identificação, até
porque vem sendo tratadas primeiro como
problema, e não como fraquezas, então temos
dificuldade de planejar ou organizar as fraquezas.
Conforme entrevista realizada com o Sr. Jorge Jatobá, PhD em economia do trabalho e
relações industriais pela Universidade de Winsconsin-Madison e sócio-diretor da
Consultoria e Planeamento Econômico (CEPLAN), ressaltou algumas fraquezas, como:
a baixa competitividade da indústria pernambucana, o sistema tributário, além de
questões sistêmicas, no caso do câmbio, da baixa capacidade de inovação além de um
perfil tipicamente importador, quando relacionado ao comércio exterior mantém o estado
distante de aportes estrangeiros.
70
5. CONCLUSÃO
Sim, é possível argumentar que Pernambuco começou a iniciar um novo ciclo na sua
história econômica tanto em âmbito nacional quanto internacional, mais promissor e
capaz de promover uma inflexão nos cenários futuros de seu porvir, principalmente com
a atração de investimentos para o estado, distanciando sua economia, de modo geral, das
culturas de algodão e do açúcar, conforme explicitado anteriormente, em seu passado
econômico, aproximando-o de uma realidade mais industrializada e consequentemente,
com maior valor agregado.
Conforme o decorrer de todas as entrevistas realizadas, abordando as fraquezas e
oportunidades existentes em Pernambuco ante a atração de investimentos diversos,
principalmente pela ação do reshoring, os entrevistados responderam sobre as fraquezas,
muitas vezes endêmicas e as oportunidades, como possibilidades reais de crescimento e
desenvolvimento local para a atração e manutenção de investimentos diversos,
diferenciando este cenário atual da sua escalada histórica, de um estado carente pelos
repasses do Governo Federal, recorrência da sua fraca estrutura social e econômica
daquela época.
Conforme entrevista com o Sr. Jorge Jatobá, Pernambuco precisa urgentemente adensar
suas cadeias produtivas, a exemplo da naval, automotiva, petróleo e gás etc., além da
busca de novos sítios de investimentos preenchendo os elos entre estas cadeias com as
áreas acadêmicas do estado, a exemplo das engenharias e das ciências de modo geral,
objetivando a atração de novos investimentos industriais, tudo isso integrado ao Sistema
S para viabilização de uma educação técnica (mão de obra) de qualidade, comenta. Assim,
poderemos vislumbrar cenários promissores com a abertura de um estado em mudanças
rumo às possibilidades do cenário internacional.
Quanto as perspectivas futuras, conforme suas fraquezas vigentes, Pernambuco ainda não
tem um cenário promissor, devido a atual gama de contraposições que dificultam o seu
desenvolvimento, como a questão da retirada de Pernambuco a autonomia do Porto de
Suape; a falta de uma política de desenvolvimento regional, impondo a política regional
setorizada, ou seja, o Governo Federal enxerga apenas os setores, como por exemplo o
industrial, liberando verbas para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
71
Social (BNDES). Isto sem olhar as peculiaridades estaduais, gerando um desequilíbrio
entre as oportunidades existentes, deixando de melhorar (atender) determinadas
atividades-chave existentes, por exemplo.
Pernambuco precisaria crescer de 2,5% a 3,0% acima do PIB Brasil por pelo menos 20
anos para tentar alcançar a marca de 70% a 75% da média do PIB Brasil, assim o Estado
teria condições de acelerar seu desenvolvimento, sem a excessiva dependência do
Governo Federal, tanto na atração nacional quanto internacional de investimentos.
Antes da consultoria proveniente do ICAS, conforme mencionado, não havia
conhecimentos de atração, busca de novas parcerias e monitoramento local, nacional e
internacional quanto às possiblidades de atração de investimentos, ou seja, o estado não
praticava a devida assistência ao investidor nacional quanto internacional.
Os resultados obtidos demonstraram ainda a existência de melhorias, após a efetivação
da consultoria que decorreu em dois anos de execução, ante a um cenário sem quaisquer
perspectivas de atratividade de investimentos para o estado de Pernambuco tanto nacional
quanto internacional, até o início de 2009.
Além destas melhorias operacionais, existem as questões referentes às limitações da
educação profissional do estado, conforme entrevista a Sra. Angella Mochel (SEMPETQ)
explicou que o estado tem iniciado pequenas melhorias ao passo que, por meio de
programas de monitoramento educacional executados pelo governo, objetivando a
criação de um mapa estratégico de educação, foi possível identificar as fraquezas antes
mesmos de determinados problemas e assim, poder atuar proativamente nestas questões.
Continuando com explicação da Sra. Angella Mochel (SEMPETQ) quanto a educação
profissional de Pernambuco, tem pela ação: manter o controle de forma mais agressiva e
ampla agindo de forma pontual, diretamente nos custos e recursos (orçamentário e
financeiro), assim como, agir e monitorar de forma direta por meio da Controladoria e
da Secretaria da Fazenda, atuando intensamente em alguns pontos, além de realizar a
devida manutenção de suas ações, tomando por decisão da continuidade ou paralisação de
seus programas, representando uma forma de manter a operação das estratégias,
72
aumentando o controle, e assim quando ocorrem as oportunidades, obter maior clareza e
confiança das ações desenvolvidas.
As condições existentes em Pernambuco para receber parte dos investimentos que estão
e continuarão se realocando no desenho da nova economia internacional (reshoring),
atualmente dispõe de metodologia própria e organização suficiente para, uma vez
decidido um montante de investimento a ser trabalhado, o governo utiliza os valores
provenientes de antecipação da arrecadação de impostos, no caso do ICMS, para que a
indústria possa reinvestir em infraestrutura local. Com este beneficiamento tanto a
indústria quanto o governo ganham com o aumento da produtividade e arrecadações
outras, a exemplo da empregabilidade, consumo local, de regiões vizinhas etc.
Assim, o Estado vem conseguido atrair modestamente a atenção de novos investidores.
Fato este que, atualmente são contabilizados 27 distritos industriais, com 2 distritos na
RMR de Recife e os 25 nos interiores, contra os 11 distritos existentes antes da nova
implementação dos treinamentos (consultorias) até o período de 2009.
Conforme explicou em entrevista, o Sr. Márcio Stefanni, sobre os diferenciais de
Pernambuco na visão da Secretaria da Fazenda (Sefaz), o estado representa lócus para
retomada da indústria naval nacional, conseguindo atrair investimentos importantes na
indústria de equipamentos de energia eólica em Suape, além do mais moderno polo
automobilístico do país, em Goiana. Essas novas indústrias, para Pernambuco, ainda têm
uma capacidade importante de estruturação de novas cadeias de fornecimento de bens e
serviços em seu entorno, conforme explicou. No caso da indústria automobilística, não
foi só a atividade fabril que foi conquistada, mas a montadora âncora desse polo também
decidiu instalar no Estado seu quarto centro mundial de Pesquisa & Desenvolvimento
(P&D), o que não só corrobora a base importante de formação que se tem em Recife, mas
desponta como uma segunda referência internacional na economia do conhecimento.
Continuando as explicações dos diferenciais de Pernambuco, conforme argumento do Sr.
Márcio Stefanni, se no continente a vocação de polo regional é evidente quando se olha
o mapa, a posição e a estrutura de Suape e do aeroporto de Recife vocacionam o Estado
também como um hub internacional, por declaração dos próprios operadores logísticos
que atuam no local. É claro que há uma série de fatores competitivos que são de
73
deliberação federal, mas se o Brasil oferecer um cardápio de políticas mais competitivo,
não há dúvida de que Pernambuco será um destaque nesse processo. Ainda assim, as
diversas instituições, além do Governo do Estado, também têm uma forte sinergia, o que
favorece uma proposta de valor ampla e significativa para o investidor, comenta.
Há nas entrevistas, principalmente com o Sr. Márcio Stefanni, um adensamento de
grandes investimentos na capital do estado, agravando mais a situação de Pernambuco
quanto a interiorização de investimentos, conforme exposto no Gráfico 1 que retrata os
investimentos entre 2007 a 2013, conforme dados cedidos pela AD Diper.
Conforme decorreram as entrevistas quanto a vitalidade de Pernambuco em relação a
possiblidade de desenvolvimento por parte de grandes investidores, é visível que o Estado
ainda se encontra em terreno instável economicamente falando, precisando se distanciar
dos aportes do Governo Federal criando novas receitas para que possam ser reinvestidas
conforme as necessidades vigentes.
Todas as análises e descrições presentes nesta dissertação foram respaldados em dados
consistentes, em parte considerando o desenvolvimento da economia pernambucana em
seu passado mais próximo até os dias atuais, reconhecendo que a economia do estado está
passando por profundas transformações em sua estrutura produtiva, em virtude dos vários
projetos de investimentos estruturadores em curso.
Podemos sim esperar um novo Pernambuco, um Pernambuco para um futuro de novas
possibilidades com aumento real de sua força produtiva, fazendo-se conhecer, pouco a
pouco, aos olhos de investidores nacionais e internacionais, como um parceiro estratégico
de negócios, ora por sua localização, ora por sua infraestrutura ou mesmo devido ao seu
passado, remontando à sua história de um estado que vivenciou booms e quedas
econômicas, com experiência entre erros e acertos no patamar econômico e social
brasileiro, vem se mostrando um competidor de peso em um cenário mais industrializado,
cada vez mais integrado ao fluxo do capital internacional, consequência natural da
globalização.
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