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Faculdade Boa Viagem / DeVry Brasil Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE Thays Daniely Lages Isídio Educação corporativa a distância: desafios, possibilidades e proposições. Recife, 2018

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Faculdade Boa Viagem / DeVry Brasil

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE

Thays Daniely Lages Isídio

Educação corporativa a distância: desafios, possibilidades e proposições.

Recife, 2018

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Thays Daniely Lages Isídio

Educação Corporativa a Distância: desafios, possibilidades e proposições.

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre

em Gestão Empresarial do Centro Universitário

Faculdade Boa Viagem / DeVry Brasil, sob

orientação da Prof.ª Dr.ª Hajnalka Halász Gati.

Recife, 2018

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Catalogação na fonte -

Biblioteca do Centro Universitário UniFBV | Wyden, Recife/PE

I77e Isídio, Thays Daniely Lages. Educação corporativa a distância: desafios, possibilidades e

proposições / Thays Daniely Lages Isídio. – Recife : UniFBV |

Wyden 2017.

184 f. : il.

Orientador(a): Hajnalka Halász Gati.

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Faculdade

Boa Viagem - DeVry.

1. Educação corporativa. 2. Educação a distância. 3.

Percepções. I. Título. DISS

658[17.2]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.

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Aos meus pais, Edilza e Daniel,

e ao meu esposo Eliel,

com toda emoção, DEDICO.

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AGRADECIMENTOS

Minha gratidão a Deus que, mesmo sendo dono de todo conhecimento, decidiu dividi-lo com a

humanidade.

Aos meus pais, meus educadores particulares e maiores incentivadores. Mainha e painho, vocês

são responsáveis por mais esta conquista.

Ao meu esposo pelo encorajamento e envolvimento constantes em mais um projeto.

Aos meus familiares sogro, sogra, tios, tias, irmã e primos por compreenderem minhas

ausências e, principalmente, às primas Eteila (Tel), “revisora particular”, Íris, “tradutora

pessoal” e Karol “companheira permanente”.

Meus reconhecimentos ao Banco do Brasil, pela colaboração e apoio. À administração da minha

dependência, Maureci Honório (in memoriam) e Gilson Aguiar, a todos os colegas e amigos da

Agência Água Preta pelo ânimo, pelo suporte e por compreenderem meus afastamentos, em

especial a Silvio, pela colaboração e prestimosidade a todos os meus pedidos (aperreios). A

cada um dos funcionários pernambucanos entrevistados e aos funcionários alagoanos

respondentes do pré-teste.

Meus agradecimentos, estendem-se ainda, à Faculdade Boa Viagem, especialmente à minha

querida orientadora Haj (mãe), aos estimados professores Diogo, coordenador do mestrado, e

Maria Auxiliadora, que compartilha a banca juntamente com a professora Lúcia, foi um deleite

vê-los e ouvi-los.

Aos colegas da turma 12, em particular aos amigos do Bha-foi (Edvânia, Leandro, Mari, Anne,

Cris, Wilson, Patrícia e Dani), foi um prazer compartilhar experiências, sofrimentos e alegrias,

e à querida amiga Jéssica, pelo companheirismo, convivência e aprendizado.

À prezada Jully Karolinne, fisioterapeuta e incentivadora, por me ajudar a superar a dor em

meio à produção.

Para finalizar, sou grata à Banda Libertação por entender meu distanciamento, principalmente

a Anderson Lucas pela disponibilidade e auxílio.

A todos meu muito obrigada!

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“A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria,

emprega tudo o que possuis na aquisição de entendimento.”

(Bíblia Sagrada: Provérbios 4.7)

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RESUMO

Concernente aos objetivos, avaliou-se as percepções de funcionários de uma instituição

financeira nacional a respeito do construto educação corporativa a distância sob a forma de um

estudo qualitativo-descritivo. A pesquisa apresenta um panorama de convergência entre a

educação corporativa e a educação a distância, assim, buscou-se indicar elementos teóricos e

práticos que evidenciem a harmonia entre as temáticas identificadas. Na sequência, é

apresentada uma estrutura formada a partir do desmembramento da educação corporativa a

distância em discussões de proposta (orientações de proposição teórica), prática (ações

caracterizadoras identificadas) e percepção (norteadores de perspectivas e posicionamentos

individuais), com a finalidade de promover uma compreensão sistêmica do construto. O estudo

desenvolveu-se sobre os procedimentos metodológicos de análise documental e análise de

conteúdo. Sobre os documentos internos da organização investigou-se aspectos da proposta

(Proposta Político Pedagógica) e prática (Relatório 2016 – Educação Corporativa)

organizacionais em educação corporativa a distância. Na sequência, foram analisadas 18

entrevistas com funcionários de unidades de negócios localizadas em Pernambuco sob as

técnicas da análise de conteúdo, com o objetivo de examinar a percepção estabelecida pelo

corpo funcional sobre a educação corporativa a distância. Os resultados indicam um esforço de

formalização e categorização com amparo teórico para a proposta e uma calendarização no

registro da prática de educação corporativa a distância na instituição objeto da investigação.

Quanto à variedade de percepções sobre educação corporativa a distância na organização

investigada, destacam-se os posicionamentos dicotômicos dos indivíduos e prevalece o

estabelecimento de visões antagônicas quanto à proposta e múltiplas visões em relação à

prática. Registra-se, também, o fortalecimento da educação empresarial e do emprego de novas

tecnologias à educação a distância como direcionadores para a temática. Desafios,

possibilidades e proposições formam o desfecho. Ressalta-se, ao final, a relevância de estudos

empíricos aplicados ao tema, seguidos de recomendações, tendências e novos caminhos para

futuras pesquisas na área.

Palavras-chave: Educação corporativa. Educação a distância. Percepções.

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ABSTRACT

Concerning the objectives, we evaluated the perceptions of employees of a national financial

institution regarding the construct distance corporate education in the form of a qualitative-

descriptive study. The search demonstrates a initial effort at presenting a convergence outlook

between corporative education and distance education. So it was sought to indicate some

theoretical and practical elements that shows the harmony between the identified themes. In

sequence, it is presented a structure formed from the disruption of distance corporative

education in a discussion of proposition (theoretical proposition guidelines), practicing

(identified characterizing actions) and perception (guiding of individual perspectives and

positions), for the purpose to promote a systemic understanding of the construct, in the way that

it ground the pursued perceptions. The research was developed over the methodological

proceedings of documental and content reviews. About the organization's internal documents,

aspects of the proposal (Political Pedagogical Proposal) and practice (Report 2016 - Corporate

Education) in distance corporate education were investigated. Afterwards, 18 interviews with

employees of business units located in Pernambuco were analyzed under the techniques of

content analysis, with the objective of examining the perception established by the functional

body over distance corporate education. Following the specific objective 3 (perception), we

analyzed 18 interviews with employees of business plants located in Pernambuco under the

techniques of content analysis. The results indicate an effort of formalization and categorization

with theoretical support for the proposal and a timetable in the registration of the practice of

corporate distance education in the research institution. Regarding the variety of perceptions

about corporate distance education in the investigated organization, the dichotomous positions

of the individuals stand out and prevail the establishment of divergent visions about de proposal

and multiples about the practicing. It is also recorded the fortification business education and

the insert of new technologies in the distance education as the guide to the theme.

Keywords: Corporate education. Distance education. Perceptions.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – O cenário: tecnologias, conhecimento e organizações..............................................27

Figura 2 – Projeto político pedagógico: a proposta....................................................................42

Figura 3 – Recursos tecnológicos: tecnologias de informação, comunicação e conexão...........45

Figura 4 – Formatos...................................................................................................................47

Figura 5 – Dinâmica da resistência em educação corporativa a distância...................................58

Figura 6 – Dinâmica dos valores em educação corporativa a distância......................................61

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Banco de dados eletrônicos pesquisados.................................................................18

Quadro 2 – Educação corporativa a distância: convergência prática..........................................29

Quadro 3 – Educação corporativa: conceituando.......................................................................32

Quadro 4 – Educação a distância: conceituando........................................................................34

Quadro 5 – Perfil individual dos entrevistados..........................................................................74

Quadro 6 – Progressão de categorias.........................................................................................85

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Característica: idade.................................................................................................71

Tabela 2 – Característica: gênero...............................................................................................71

Tabela 3 – Característica: empresas em que trabalhou...............................................................72

Tabela 4 – Característica: tempo de instituição..........................................................................73

Tabela 5 – Característica: função...............................................................................................73

Tabela 6 – Característica: formação...........................................................................................74

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABTD Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

CLN Corporate Learning Networking

EaD Educação a Distância

EaDI Educação a Distância via Internet

EC Educação Corporativa

ECaD Educação Corporativa a Distância

FIA Fundação Instituto de Administração

IP Protocolo de Internet (Internet Protocol)

IQPC International Quality and Productivity Center

MEC Ministério da Educação

PNEC Pesquisa Nacional de Educação Corporativa

PPP Proposta Político-Pedagógica

SGA Sistema de Gestão de Aprendizagem

SMS Serviço de Mensagens Curtas (Short Menssage Servisse)

TST Tribunal Superior do Trabalho

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

UTAUT Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................15

1.1 Contextualização...............................................................................................................15

1.2 Objetivos............................................................................................................................20

1.2.1 Objetivo geral..................................................................................................................20

1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................................20

1.3 Justificativas......................................................................................................................20

1.3.1 Justificativa teórica.........................................................................................................20

1.3.2 Justificativa prática........................................................................................................23

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................................27

2.1 Educação Corporativa a Distância: a convergência........................................................27

2.1.1 Cenário da convergência................................................................................................27

2.1.2 Convergência prática.....................................................................................................30

2.1.3 Convergência teórica......................................................................................................34

2.2 Educação Corporativa a Distância: proposta, prática e percepção...............................38

2.2.1 Proposta...........................................................................................................................38

2.2.2 Prática.............................................................................................................................45

2.2.3 Percepção........................................................................................................................64

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................................68

3.1 Delineamento da pesquisa.................................................................................................68

3.2 Locus...................................................................................................................................69

3.3 Sujeitos da pesquisa...........................................................................................................71

3.4 Instrumento de coleta dos dados.......................................................................................78

3.5 Tratamento e análise dos dados........................................................................................84

3.6 Limites da pesquisa............................................................................................................89

3.7 Limitadores da pesquisa....................................................................................................90

4 ANÁLISE DOS DADOS......................................................................................................92

4.1 Objetivo específico 1..........................................................................................................92

4.1.1 PPP: a descrição..............................................................................................................92

4.1.2 PPP: a pedagogia.............................................................................................................96

4.1.3 PPP: a proposta...............................................................................................................97

4.1.4 PPP: as referências..........................................................................................................99

4.2 Objetivo específico 2........................................................................................................100

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4.2.1 Relatório anual: a descrição.........................................................................................101

4.2.2 Relatório anual: a prática.............................................................................................102

4.2.3 Relatório anual: o fechamento.....................................................................................109

4.3 Objetivo específico 3........................................................................................................111

4.3.1 Percepção: proposta.....................................................................................................111

4.3.2 Percepção: prática........................................................................................................131

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................160

5.1 Recomendações para a empresa investigada.................................................................160

5.2 Recomendações gerais.....................................................................................................165

5.3 Sugestões para estudos futuros.......................................................................................167

REFERÊNCIAS....................................................................................................................169

APÊNDICE A –Roteiro de pesquisa documental: objetivo específico 1 – proposta.........180

APÊNDICE B – Roteiro de pesquisa documental: objetivo específico 2 – prática............181

APÊNDICE C – Roteiro de entrevista: objetivo específico 3 – percepção.........................182

APÊNDICE D – Termo de ciência e concordância...............................................................184

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1 INTRODUÇÃO

A seção de abertura, que se propõe a apresentar a temática, é composta por três itens: o inicial

tem o objetivo de discutir as circunstâncias que formam o contexto no qual o objeto do estudo

se insere, bem como seu questionamento principal; na sequência, são apresentados os

propósitos da pesquisa por meio de seus objetivos e, finalizando, são expostos argumentos de

relevância motivadores da pesquisa.

1.1 Contextualização

Educação é um tema que tem se mantido em evidência ao longo do tempo. Educar é uma

preocupação global que vem assumindo relevância no debate sobre transformação social.

Compreendida como “a influência intencional e sistemática sobre o ser humano, com o

propósito de formá-lo e desenvolvê-lo em uma sociedade, a fim de conservar e transmitir a

existência coletiva” (EBOLI, 2004, p. 32), a educação representa a busca pelo progresso social

humano.

Mundialmente, a discussão é conduzida pela Organização das Nações Unidas para a Educação,

a Ciência e a Cultura – UNESCO. Sob o ícone “educação”, utiliza-se de encontros, fóruns e

acordos para fomentar o desenvolvimento humano e econômico, ampliando oportunidades e

integrando a sociedade civil ao processo de transformação social (UNESCO, 2007; 2010;

2015).

No Brasil, o Ministério da Educação – MEC é responsável pelas ações voltadas para a educação

no país, sua atuação se dá pela elaboração de relatórios, consultas públicas e implementação de

políticas públicas. No Estado brasileiro, a educação é “direito de todos e dever do Estado e da

família” (BRASIL, 2015, p. 194). Sob essa matéria, o Brasil figura entre os países empenhados

em fortalecer a educação como forma de desenvolvimento do cidadão com foco no trabalho

(BRASIL, 2014; 2015).

Dentre as muitas ramificações da educação, a educação para o trabalho tem recebido uma

considerável atenção legal e audiência nos debates sociais nacionais (BRASIL, 2014; 2015). A

denominada Educação Corporativa – EC despertou, nas últimas décadas, o interesse dos

acadêmicos nacionais (BARBOSA, 2002; EBOLI, 2002; 2004; BIANCHI, 2008; VIEIRA;

FRANCISCO, 2012; EBOLI, 2012; 2014; 2016) e sua prática reflete a valorização da educação

na implementação dos resultados organizacionais (LACERDA; ABBAD, 2003; EBOLI, 2004;

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RICARDO, 2007; STAREC, 2012; BRANT, 2013; MORAES, 2014; MAGALHÃES NETO,

2014; LAGES, 2016).

Além da notoriedade nas esferas pública e acadêmica, a educação tem alcançado cada vez mais

espaço junto às organizações, pois o retorno financeiro proporcionado pelo conhecimento

empresarial tem desafiado a capacidade de “educar” demonstrada pelas organizações (EBOLI,

2004; RICARDO, 2005; MORAES, 2014; VELOSO et al., 2015). Indicações preliminares de

Eboli (2004, p. 29) reforçam: “educação é um tema que interessa a todos os setores da

sociedade, inclusive o corporativo, e está na agenda de todas as empresas empenhadas em

aumentar sua competitividade”.

Altos investimentos acompanham a implementação da educação nas empresas indicando uma

tendência de valorização da capacitação dos trabalhadores (GOMES; STAREC, 2007;

RICARDO, 2012; EBOLI, 2016). Corroboram com essa perspectiva os montantes aplicados à

Educação Corporativa registrados: em 2015, foram movimentados cerca de US$ 160 bilhões só

nos Estados Unidos da América – EUA e mais de US$ 350 bilhões no mundo (BEER;

FINNSTROM; SCHRADER, 2016). No Brasil, dados da pesquisa “O panorama do treinamento

no Brasil” identificam o crescimento de 20% no valor médio gasto por colaborador (2015-R$

518,00; 2016-R$ 624,00), aumento de 32,5% das horas de treinamento por trabalhador ao ano

(2015-16,6 h/a; 2016-22 h/a) e a estabilidade do percentual de representatividade do total

investido sobre a folha de pagamento (2015; 2016-11%). Esse conjunto indica maturidade e

relevância do tema para as organizações no Brasil e reafirma o momento de valorização da

educação para as corporações nacionais (ABTD, 2015; 2016).

Simultaneamente a maiores aplicações de recursos organizacionais, observa-se um processo de

inclusão da tecnologia nos processos educativos, tendência na educação empresarial (MORAN,

2005; BELLONI, 2012; PORTUGAL et. al., 2013; FLEURY; DAHMER, 2014; MORAIS,

2017). A intitulada Educação Corporativa a Distância – ECaD tem recebido destaque e ampla

adesão nas práticas empresariais. As diversas modalidades educacionais mediadas por

tecnologias representam o esforço das empresas em suprir as necessidades de capacitação e

conhecimento dos seus trabalhadores através de soluções rápidas, abrangentes e interessantes,

combinando a execução de conceitos de educação ativa, contínua, permanente, interativa e

ubíqua (GHEDINE; FREITAS, 2004; MAIA, 2005; MARTINS, 2007; RICARDO, 2008;

DAHMER; FLEURY, 2010; VALENTE, 2011; LIMA, 2016).

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O atual panorama de elevado crescimento em inovações tecnológicas forma um cenário global

que favorece a expansão da ECaD e desafia as instituições a se adaptarem a um novo modelo

de educação corporativa (SOELTL, 2002; MORAN, 2005; ALBERTIN; BRAUER, 2012;

LIMA, 2016). Conforme Pesquisa Nacional de Educação Corporativa – PNEC, que apresenta

tendências para o mundo da educação organizacional no Brasil, 80% das empresas investigadas

utilizam métodos ECaD e mais de 50% destas fazem uso de avançados recursos tecnológicos

em suas práticas (EBOLI, 2016). Os dados da investigação corroboram com a propagação de

métodos de Educação a Distância – EaD no meio corporativo, igualmente indicam uma maior

inserção de tecnologias para mediar o processo educativo como formas de manifestação do

amadurecimento da educação do trabalhador no Brasil.

Inicialmente, ainda no século passado, o setor industrial foi responsável pelas fundações da

educação corporativa nacional. Contudo, nas últimas décadas, a educação no setor de serviços

vem apresentando crescimento mais acelerado do que nos demais setores econômicos, com

destaque para os prestadores de serviços financeiros do setor bancário (SOELTL, 2002;

RICARDO, 2012; MORAES, 2014; GIL, 2016).

A academia reconhece a vanguarda do setor bancário nacional e aponta maturidade em seu

processo educativo. A robusta educação no setor é formada por um conjunto de empresas que

são denominadas de “Escolas do Crédito”, devido à solidez da educação empresarial (SOELTL,

2002; RICARDO, 2012; MORAES, 2014; GIL, 2016). O setor econômico bancário possui

demandas de conhecimento bastante específicas, as instituições financeiras, por sua vez,

identificam e investem na dinâmica de capacitação dos trabalhadores como meio de

potencializar resultados (JURDI, 2014; MELO, 2016).

O Banco B (denominação aplicada para efeitos da pesquisa), instituição financeira nacional e

caso investigado nesta pesquisa, destaca-se historicamente pela valorização da educação

empresarial. Para 2017, foram previstos cerca R$ 121,7 milhões de reais a serem investidos na

educação corporativa de colaboradores. Desde a década de 60, promove ações de treinamento

e desenvolvimento, e desde o início dos anos 2000, estabeleceu um marco ao criar a própria

universidade corporativa. Atualmente, robusta e renomada, acumula premiações e

reconhecimentos nacionais e internacionais, assim configura-se referência em educação

empresarial de um dos setores mais competitivos do mundo (XAVIER, 2015; PATI, 2016;

EXAME, 2016; PEREZ, 2016; UNIBB, 2016).

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A Universidade Corporativa B (denominação aplicada para efeitos da pesquisa) oferece cerca

de 690 soluções de capacitação, das quais a maior parte corresponde à modalidade a distância,

através do seu Portal B (denominação aplicada para efeitos da pesquisa), Ambiente Virtual de

Aprendizagem – AVA exclusivo, em operação desde 2013. Especializada no uso de tecnologias

para promover a educação empresarial, exibe o Portal B personalizado com versões em

português, inglês e espanhol, bem como uma versão para cegos, além do recente lançamento

da versão mobile. Em 2016, foram contabilizados, em todo o país, 5.747.867 acessos e

2.219.548 cursos concluídos, uma média de 20,68 cursos por funcionário e 60,86 horas de

treinamento por funcionário. Ademais, é pioneira na implantação de novas tecnologias como

simuladores de realidade virtual e jogos em suas práticas educativas corporativas (UNIBB,

2016).

Apesar de toda estrutura educacional, a empresa ainda se defronta com diversos desafios

comuns ao processo educativo a distância: questões tecnológicas, técnicas e de operações de

sistemas, questões metodológicas e de formatos EaD, demanda de cobertura à vasta amplitude

territorial e de pessoal e carência de formas de acompanhamento a distância (ALBERTIN;

BRAUER, 2010; 2012; BELLONI, 2012; LIMA, 2016).

Além do conteúdo mais universal do processo, a organização em pauta enfrenta questões

específicas à sua própria realidade, voltadas para temas internos que discutem os moldes da

ECaD: no encarreiramento, como ocorre a participação da educação a distância no

desenvolvimento e ascensão dos funcionários, na liderança, como se encaminha na gestão a

função de “educadora” no processo virtual, na execução, como se traduz a participação em

metas e pontuadores periódicos, no perfil, como a educação a distância participa na construção

da formação do trabalhador.

Todas as atividades educacionais são disponibilizadas por meio de acessos equivalentes,

contudo, são privilegiadas as que tratam de temas estratégicos ou de adequação da instituição a

normas e legislações, por meio de uma “imposição” institucional hierárquica que talha as

diversas possibilidades oferecidas. Devido à “restrição” às escolhas, a demanda por cursos

práticos é baixa, bem como são relegados os que tratam de processos, além da carência de

cursos menos teóricos e com maior aplicabilidade, esse cenário específico parece contribuir

para uma “rejeição” dos padrões de “opções” estabelecidos.

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Ainda, o corpo funcional é diariamente desafiado a administrar a compatibilização entre

ambiente de trabalho e ambiente de educação, nem sempre tão harmoniosos na organização. A

participação no processo educativo ocorre simultaneamente a outras atividades inerentes ao

trabalho, como o cumprimento de formalidades, processos e metas, além do atendimento aos

clientes internos e externos, diminuindo a qualidade do tempo, já escasso, de dedicação à

educação do trabalhador e dirimindo as oportunidades vinculadas à educação a distância na

organização.

Apesar da educação ser um processo aceito, o sobrecarregado ambiente de trabalho e a alta

demanda vinculada ao serviço bancário dificultam a participação do trabalhador no processo

educacional durante a jornada de trabalho. A educação é suprimida do ambiente organizacional,

reconhecidamente local de desenvolvimento e difusão de conhecimentos corporativos, assim

caminhos de rejeição apresentam-se como opção.

Uma outra alternativa encontrada para satisfazer a necessidade de rápidas respostas

educacionais é a dispensa de exclusividade do horário de trabalho por parte dos aprendentes

através dos mecanismos da ECaD. Contudo, questões trabalhistas focadas na obrigatoriedade

ou não do pagamento de horas-extras para processos educacionais corporativos realizados fora

do local e/ou da jornada de trabalho tem sido recentemente levantadas. A educação empresarial

fora do ambiente de trabalho não é claramente regulamentada pela legislação brasileira. Impera

como jurisprudência a compreensão da obrigatoriedade ou da obrigatoriedade implícita, ou seja,

o fator determinante de equiparação do processo educacional ao trabalho é a exigência ou a

imposição, ainda que tácita, da participação do funcionário (TST, 2014).

O conjunto de fatores previamente exposto sugere um ambiente de trabalho e educação em

desarmonia. Cercado de dubiedade e desconfiança, poderá gerar um efeito oposto ao

pretendido, a desvalorização da educação. Desmotivação, frustração, indiferença, rejeição...,

evasão do processo entendido como pouco relevante na atuação profissional e não instigante ao

engajamento (BRAUER; ALBERTIN, 2010; ALBERTIN; BRAUER, 2012; WOOD JR.,

2014). Forma-se, portanto, um desafiador complexo para empresa e funcionários exercerem

concomitantemente seus papéis: aprendente / trabalhador e empresa / educadora.

Assim, considerando a associação que resulta na Educação Corporativa a Distância e a seleção

de uma instituição financeira de referência em Educação a Distância do setor bancário nacional,

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questiona-se: Como funcionários avaliam a proposta e a prática de Educação Corporativa

a Distância de uma instituição financeira nacional?

1.2 Objetivos

Concernente à pergunta de pesquisa, estabeleceu-se objetivos para orientar a condução da

investigação e promover a discussão proposta. O estudo em tela apresenta um objetivo geral e

três específicos.

1.2.1 Objetivo geral

Investigar como funcionários avaliam a proposta e a prática de Educação Corporativa a

Distância de uma instituição financeira nacional.

1.2.2 Objetivos específicos

Identificar as propostas de Educação Corporativa a Distância elaboradas pela instituição

financeira nacional;

Identificar as práticas organizacionais de Educação Corporativa a Distância efetivadas

pela instituição financeira nacional;

Identificar a percepção dos funcionários sobre a Educação Corporativa a Distância.

1.3 Justificativas

A escolha do tema, do constructo e da empresa foco do estudo são efetivados conforme a

interdependência e correlação identificadas entre eles. A relevância da escolha desta pesquisa

em detrimento do universo de todos os outros possíveis aprofundamentos científicos é

apresentada em dois pontos: justificativa teórica e justificativa prática.

1.3.1 Justificativa teórica

O tema Educação Corporativa obteve relevância acadêmica internacional no final do Século

XX. Até os dias de hoje, a academia imprime esforços para melhor compreender o fenômeno.

No Brasil, o assunto demorou cerca de uma década para inquietar os pesquisadores. Os estudos

nacionais desenvolveram-se a partir de conceitos internacionais de Educação Corporativa, 46%

das obras usadas como referência de trabalhos nacionais sobre o tema são em inglês. Autores

estadunidenses destacam-se nas pesquisas brasileiras que seguem a tendência norte-americana

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de valorização da temática. O crescimento do interesse ao tema não ocorreu de forma linear,

contudo, no Brasil, nunca deixou de ser recorrente (MEISTER, 1999; EBOLI, 2004; LAGES,

2016).

Considera-se que o atual estágio das pesquisas está entre maturidade e evolução, e a

convivência com a interdisciplinaridade, comum a temas em desenvolvimento, é característica

facilmente encontrada nas investigações acadêmicas sobre o tema (EBOLI, 2016). Os estudos

sobre Educação Corporativa despertam o interesse nas mais distintas ciências. A sua

importância é compartilhada por pesquisadores de ramos de conhecimento afins à

Administração. Economia, Educação, Psicologia, Sociologia contribuem teoricamente, como

Ciências Sociais Aplicadas, com as especificidades de sua área de pesquisa, promovendo assim

a interdisciplinaridade científica e um incremento na visão sistêmica sobre o assunto (EBOLI,

2005; BIANCHI, 2008; CRUZ, 2010; MORE et al., 2010; BRANT, 2013; MAGALHÃES

NETO, 2014; FRANCO et al., 2015; LIMA, 2016; LAGES, 2016; EBOLI, 2016; MORAIS,

2017).

A relevância da união de conhecimentos distintos origina a temática desta pesquisa. As

investigações sobre o uso de tecnologias aparecem com frequência expressiva nos estudos da

educação de trabalhadores (GHEDINE; FREITAS, 2004; FONSECA, 2005; RICARDO, 2008;

DAHMER; FLEURY, 2010; ALBERTIN; BRAUER, 2012; EBOLI, 2012; FLEURY;

DAHMER, 2014; EBOLI, 2014; 2016; LAGES, 2016). A modalidade de educação a distância,

tradicionalmente implantada no ensino formal, vem sendo amplamente aplicada na educação

corporativa, sendo considerada como ramificação e tendência na aprendizagem empresarial,

neste estudo são compreendidas como um só construto (RICARDO, 2012; EBOLI, 2016).

O prestígio do tema na academia orienta a formação de uma fundamentação mais robusta de

quadros conceituais e de fontes de pesquisas para o tema, conforme segue:

Quadro 1 – Banco de dados eletrônicos pesquisados

Fonte: Elaboração própria (12/1/2018).

TERMO / BASE DE DADOS Spell Capes BDTD Ebsco NDLTD

Educação a Distância 29 200 219 73 97

Educação Corporativa 8 20 19 17 4

Educação Corporativa a Distância 0 0 0 0 0

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O conjunto dos bancos de dados eletrônicos pesquisados é formado, em sua totalidade, por

cinco sistemas de gerenciamento de informação, dos quais, três compilam estudos na forma de

artigos, dois nacionais e um internacional, e dois que armazenam estudos na forma de teses e

dissertações, um nacional e um internacional. Todos os bancos de dados eletrônicos que

formam o Quadro 1, atualizado pela última vez em 12/1/2018, são de conteúdo público e acesso

gratuito.

A busca baseou-se nos termos “educação a distância”, “educação corporativa” e “educação

corporativa a distância” com o objetivo de identificar, quantitativamente, estudos com a

aplicação dos conceitos de forma isolada e os que compreendem a aplicação do ensino a

distância nas organizações. Não foram utilizados termos que se referem a métodos e/ou

formatos específicos de EaD por entender que ambos, além de encontrar-se inseridos no

constructo, não fazem parte do propósito da busca.

De acordo com o tipo do banco de dados, quer de artigos, quer de teses e dissertações, foi

aplicado o filtro de ‘título’ de acordo com a orientação de cada sítio eletrônico e entre aspas

para preservar o sentido e o significado do tema buscado, assim os resultados são formados por

trabalhos nos quais o assunto foi tão relevante que obteve destaque no título da obra.

Para o filtro relacionado à data das publicações, foi considerado o período compreendido entre

janeiro de 2013 a janeiro de 2018. Esta seleção deu-se por reconhecer a dinamicidade das

produções acadêmicas, portanto, procurou-se materiais que, além de oferecer destaque ao tema,

fossem compreendidos como estudos recentes. Assim, obteve-se o total da disponibilidade das

obras atualizadas existentes nos bancos de dados para cada temática.

Por fim, quanto à escolha dos bancos de dados, buscou-se sistemas de dados de relevância

nacional ou internacional e específicos de teses e dissertações ou artigos. Assim, observa-se a

comparação entre o que se produz no Brasil e no exterior, tanto nos formatos científicos mais

populares, como nos mais altos níveis acadêmicos.

A investigação revela, por meio do grande número de produções, uma forte preocupação da

academia com o tema “Educação a Distância”, já para a temática “Educação Corporativa” não

são empregados os mesmos esforços. A união de ambas já é considerada como um único

constructo pela literatura (RICARDO, 2005; SANTOS, 2007; RICARDO, 2012; MORAIS,

2017), contudo, não foram identificados estímulos teóricos recentes quanto à compreensão do

processo da aplicação das tecnologias à prática educacional nas organizações.

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O emprego de tecnologias educacionais no meio empresarial apresenta-se como realidade com

tendência de crescimento (GHEDINE; FREITAS, 2004; BIANCHI, 2008; DAHMER;

FLEURY, 2010; EBOLI, 2016), academicamente, representa a união dos conceitos de EaD e

EC, compreendida nesta pesquisa como o construto “Educação Corporativa a Distância”. No

Quadro 1, identificam-se como escassos os estudos sobre ECaD, indicando então, a existência

de lacuna teórica que se fundamenta no reconhecimento da existência de práticas específicas

pouco investigadas pelo método científico. Assim, observa-se dificuldades em delimitação,

conceituação e posicionamentos sobre o tema.

A associação prática recorrente entre os temas Educação Corporativa e Educação a Distância

provoca um enfoque científico baseado num constructo único. Essa contribuição científica

poderá representar um avanço na compreensão dos temas e iniciar um enfoque específico sobre

o assunto em outras pesquisas, indicando uma distinta orientação para o ramo da educação nas

organizações.

A janela teórica anteriormente apresentada é o objeto de estudo nesta investigação. Assim, a

pesquisa em tela buscará auxiliar na compreensão da percepção da Educação Corporativa à

Distância, contribuindo com o corpo teórico existente e empenhando-se em minimizar a lacuna

previamente descrita, ao passo que propõe identificação, definição e percepção do constructo

e, ainda, sugere aprofundamentos futuros.

1.3.2 Justificativa prática

Educação, do latim educere (conduzir para fora), é um processo que transita entre o empírico e

o científico. Sua versatilidade traduz-se em ação: ato ou efeito de educar. O tema obteve

prestígio despertando o interesse dos mais diversos setores da sociedade moderna, dentre os

quais destaca-se o corporativo, no qual figura com função de ressalto na moderna gestão de

pessoas (EBOLI, 2004; 2010; DUTRA; COMINI, 2010).

Mudanças decorrentes de novas tecnologias incorporadas à educação e aplicadas às

organizações sugerem ampliação da importância da ECaD. Como desperta o interesse em

campos e intensidade distintos, a esfera de relevância prática, neste contexto, terá sua amplitude

compreendida sob 5 aspectos: político, educacional, econômico-financeiro, humano, e social.

A legislação brasileira considera a educação, bem como a subdivisão da educação para o

trabalho, como responsabilidade do Estado. Por meio de políticas públicas educacionais, o

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governo se posiciona quanto a medidas e procedimentos relacionados aos seus interesses na

educação nacional. Sabe-se que no Brasil é dada maior atenção à educação básica escolar,

contudo, não são ignoradas as questões voltadas para educação e trabalho e educação a distância

(BRASIL, 2005; 2014; 2015). Assim, não só esta, mas qualquer outra pesquisa que tenha a

educação, em âmbito nacional, como objeto de estudo torna-se interesse do Estado e das

autoridades brasileiras. Logo, quaisquer discussões sobre educação, independente do foco,

sugere relevância para os aspectos políticos da nação.

Historicamente, a educação acadêmica iniciou as primeiras aplicações de tecnologia ao

processo educacional. A partir delas, iniciou-se o diálogo entre educação e tecnologia com o

objetivo de potencializar o processo educativo. As principais pesquisas em EaD andragógica,

no Brasil, advém de reflexões a partir de estudos de caso aplicados no ensino superior

(VERGARA, 2007; MORE et al., 2010; VALENTE, 2011; SIMONSON, 2011; BARROS;

SOUZA, 2012; MACHADO; BELLINI; LEITE, 2012; BELLONI, 2012; TOLENTINO et al.,

2013; TAXA et al., 2016; LIMA, 2016). Com o passar do tempo, desenvolveu-se,

nacionalmente, uma rígida legislação em relação a aplicação de cursos EaD e/ou híbridos,

deixando o ambiente educativo engessado em relação a inovações (BRASIL, 2006; 2007). O

cumprimento de leis e a observação de normas limitaram os formatos e a execução da EaD,

contudo, sobre a educação corporativa não se aplica tais normatizações. Dispensadas de

registro, autorização e burocracia, as universidades corporativas tornam-se palco para a

aplicação de inovações tecnológicas na educação. Assim, estima-se que as tendências em EaD

no Brasil advenham das práticas educacionais organizacionais. Favorecidas por um ambiente

flexível, aberto e propenso a rápidos resultados, sugere-se como contribuição a existência de

estudos que tratam da Educação Corporativa a Distância e do debate sobre implementação de

práticas inovadoras para o campo educacional como um todo.

As organizações apresentam justificativas, para a opção da EaD, que vão desde a redução de

custos logísticos, e com deslocamento de pessoal, passa pela diminuição do afastamento dos

postos de trabalho, reduzindo o impacto às atividades diárias, além do aumento de acesso à

educação corporativa e da ampliação da base geográfica e do público atendidos, chegando até

a adequação do processo educativo às expectativas das novas gerações (EBOLI, 2009; 2016).

Todas essas possibilidades da EaD são preferidas pelas organizações por afetarem diretamente

o resultado financeiro, reduzindo significativamente o desembolso e tornando-o mais assertivo.

A economicidade é perseguida pelas organizações, assim a investigação sobre novas

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tecnologias aplicadas à educação empresarial pode despertar o interesse no assunto aplicando-

lhe relevância econômico-financeira.

Recentemente, identificou-se nas organizações uma preocupação com a associação do

desenvolvimento dos trabalhadores ao desenvolvimento organizacional. A Educação

Corporativa tem sido uma das formas para as empresas instigarem o protagonismo de seus

talentos nos contextos pessoal e profissional. As empresas, na condição de co-participante,

desenvolvem as pessoas e promovem o próprio auto-desenvolvimento (EBOLI, 2004; DUTRA;

COMINI, 2010; STAREC, 2012; LAURINDO, 2013). Discussões sobre educação de

trabalhadores envolve a relevância do capital humano. Através das metodologias EaD, é

possível alinhar pessoas e organização, favorecer a atuação pessoal e instigar maturidade e

autoconhecimento, tornando a educação nas organizações um estado de fortalecimento e

crescimento dos indivíduos. Assim, sugere-se ao estudo direcionamento importante sobre o

fator humano das organizações.

Ao promover o desenvolvimento humano, as organizações inevitavelmente afetam a sociedade.

As empresas, como células sociais, promovem interações entre ambientes internos e externos,

quer por meios físicos ou virtuais. (EBOLI, 2004; SANTOS, 2007; RICARDO, 2012). O

crescimento e o desenvolvimento de cada colaborador é o desenvolvimento da própria

sociedade na qual este se insere, assim qualquer discussão que envolva a educação de

trabalhadores, compreende também um processo educacional coletivo que beneficia a

sociedade como um todo. Logo, discussões dessa natureza sugerem relevância social.

Ademais, qualquer empresa que reconheça o valor da educação e as vantagens que a tecnologia

proporciona poderá beneficiar-se indiretamente através desta pesquisa, bem como seus

funcionários.

De forma direta, a instituição pesquisada, a sua área de gestão de pessoas e mais notadamente

o setor de educação corporativa poderá aprofundar-se em questões particulares relacionadas ao

constructo através do próprio fenômeno.

Para os funcionários, poderá contribuir no compartilhamento de suas experiências pessoais e

no conhecimento das experiências de colegas, ao fomentar a compreensão do processo

educacional para que efetivamente se tornem parte nele.

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Para a pesquisadora, a satisfação e o prazer de compreender de forma sistêmica o processo

educacional corporativo, aprofundar esse entendimento sobre uma determinada extensão

territorial na qual a empresa se insere e divulgar os resultados obtidos para a sociedade,

academia e para a empresa, da qual é parte.

Por fim, limitar os interessados é um risco, assim, a todos quantos percebam na educação um

potencial transformador, quer leitores, pesquisadores, acadêmicos, estudantes, profissionais,

corporações, estado, clientes, curiosos, fornecedores, este estudo lhes sugere uma leitura

proveitosa.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Em conformidade com os objetivos do estudo, a base teórica da pesquisa se vale do constructo

Educação Corporativa a Distância. Com a finalidade de estabelecer relação teórico-científica

com a investigação proposta, este capítulo está dividido em duas secções: 2.1 Educação

Corporativa a Distância: a convergência e 2.2 Educação Corporativa a Distância: proposta,

prática e percepção, que descrevem, respectivamente, os elementos de união teórica e prática e

as subdivisões estabelecidas para a educação corporativa a distância. Convém ressaltar,

entretanto, que esta pesquisa não tem a pretensão de esgotar tais características, mas sim

promover a compreensão sistêmica do construto de forma que fundamente as percepções

buscadas.

2.1 Educação Corporativa a Distância: a convergência

Nesta seção inicial, se apresenta uma perspectiva de convergência entre Educação Corporativa

e Educação a Distância. Busca-se, portanto, estabelecer discussão sobre a combinação das duas

construções prático-teóricas.

Para tanto, o caminho trilhado compreende três etapas: 2.1.1 cenários de convergência, 2.1.2

convergência prática e 2.1.3 convergência teórica, cujos objetivos baseiam-se, respectivamente,

em aprofundar discussão sobre a formação do cenário do qual emerge a educação corporativa

a distância, elementos de aplicação prática e adoção de conceitos teóricos que estabeleçam

convergência da Educação Corporativa e a Educação a Distância para a formação do construto

investigado.

2.1.1 Cenário de convergência

Em meio a drásticas transformações sociais, econômicas, tecnológicas e culturais erguem-se

paradigmas. A recente história humana foi palco da materialização de conceitos cuja concepção

anterior permeava a subjetividade, dada a conotação atribuída atualmente. Passado... futuro...

agora? Presente... ausente... distante? A percepção sobre tempo e espaço é alterada, e a

humanidade recebe com boas-vindas a Revolução Digital.

O conjunto de descobertas e invenções de sistemas, dispositivos ou processos de Tecnologia da

Informação e Comunicação – TIC, vem acompanhado de transformações radicais e profundas

que afetam, ampla e generalizadamente, os costumes e práticas cotidianos de ordem social,

econômica e cultural.

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O processo está em transição. A sociedade da informação, com economia internacional

propiciada pela Revolução Tecnológica, está sendo substituída pela sociedade do

conhecimento, por sua vez, com economia global através da Revolução Digital.

A comunicação instantânea e interativa, o acesso público e rápido ao conhecimento, a

popularização da internet e a valorização da pesquisa e educação integram a construção do

período denominado Era do Conhecimento, ainda que todas as suas características não ocorram

de forma simultânea em todo o mundo, constitui-se em um movimento concreto na busca da

garantia do bem-estar social para a sociedade do conhecimento (RICCIARDI, 2009).

Um novo ambiente competitivo, mercados abertos e economia global são tendências

desafiadoras às organizações. Mudanças nos ambientes corporativos ocorrem em ritmo cada

vez mais acelerado, causando impactos nos resultados e nas estratégias das empresas (SOUZA,

2002; ALBUQUERQUE 2002; FLEURY; OLIVEIRA JR., 2002; MARTINS, 2007;

TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008; OLIVEIRA JR., 2011; EBOLI, 2016; MORAIS, 2017).

O panorama formado pelo rápido processo de globalização, oriundo das transformações social,

política, financeira, cultural, comportamental e educacional, mudou o modelo de

reconhecimento e interação das empresas com o conhecimento (ALBUQUERQUE, 2002;

MARTINS, 2007; RICCIARDI, 2009; GIL, 2016). Não que o tratamento corporativo do

conhecimento seja uma novidade, pois este já possui o seu reconhecimento, mas porque nunca

antes as relações de trabalho sofreram tanta influência da tecnologia e dos meios de

comunicação (SOUZA, 2002; RICCIARDI, 2009).

A ‘economia global do conhecimento’, por conseguinte, alterou o conceito de ‘valor’. O

conhecimento passa a ser reconhecido como um fator de resultado. As organizações percebem

que o conhecimento não apenas tem valor, mas que é um agregador de valor em cadeia, assim,

para se destacar na atual conjuntura econômico-financeira, as empresas devem ser capazes de

desenvolver novos conhecimentos (FLEURY; OLIVEIRA JR., 2002; OLIVEIRA JR., 2011).

A teoria sobre o assunto revela seus propósitos corporativo-financeiros. Qualificado, como

‘bem’ (SPENDER, 2011), ‘recurso estratégico’ (OLIVEIRA JR., 2011), ‘ativo organizacional’

(SPENDER, 2011), ‘ativo intelectual’ (LAURINDO, 2013), ‘ativo estratégico’ (FLEURY;

OLIVEIRA JR., 2002; FISCHER, 2002; LAURINDO, 2013) e ‘principal ativo intangível’

(FLEURY; OLIVEIRA JR., 2002; LAURINDO, 2013), equipara-se a grandezas mensuráveis

de patrimônio e capital.

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29

Complementar à visão do valor do conhecimento, ressalta-se na literatura a existência de

discussão acerca da ‘validade do conhecimento’. O termo refere-se ao período de tempo dentro

do qual um conhecimento será capaz de proporcionar desempenho superior, frente à

concorrência e aos resultados organizacionais (MEISTER, 1999; GOMES; STAREC, 2007;

OLIVEIRA JR., 2011). Há cerca de uma década estimava-se que a quantidade de conhecimento

gerado nos 50 anos anteriores foi a mesma que dos últimos 5.000. Posteriormente, constatou-

se que, a cada 9 meses, ele é duplicado (GOMES; STAREC, 2007; OLIVEIRA JR., 2011).

Diante da contemporânea tendência de crescimento exponencial do conhecimento e da redução

do seu prazo de validade, impõe-se a necessidade de atualização constante. Contudo, a

academia não consegue efetivar o progresso na mesma velocidade demandada, assim este

fundamental papel é assumido pelas organizações.

Dada a relevância econômica do conhecimento, as empresas envidam esforços para sistematizar

o processo de identificação e incorporação do conhecimento possibilitando a sua conversão em

resultados para a organização (LAURINDO, 2013). Nesse cenário, surge a aprendizagem

corporativa como ‘palavra de ordem’ para as empresas que querem manter-se competitivas. O

desafio delas, entretanto, é aprimorar o desempenho organizacional atuando como ‘agente

organizador do conhecimento’ tornando o seu processo superior em comparação com a

concorrência (FLEURY; OLIVEIRA JR., 2002; OLIVEIRA JR., 2011).

Considerando a valorização do conhecimento como a força motriz que leva a atual sociedade a

impelir as organizações a investirem fortemente na educação de trabalhadores e que esse

‘domínio em plena expansão’ evoluiu o conceito do termo para uma tendência organizacional

que se associa à estratégia, desempenho e resultados corporativos (RICCIARDI, 2009;

OLIVEIRA JR., 2011; LAURINDO, 2013), constata-se a necessidade de soluções e respostas

rápidas, eficientes e com baixa oneração.

Neste contexto, a Educação Corporativa é a principal ferramenta estratégica direcionada para a

solução de problemas do trabalho (MEISTER, 1999; EBOLI, 2004; RICARDO, 2012), bem

como a Educação a Distância é solução mais adequada à inserção de agilidade, flexibilidade e

atemporalidade ao processo (SOELTL, 2002; BARBOSA, 2002; POMI, 2002; EBOLI, 2002).

Portanto, o cenário, descrito entre necessidade de atualização constante e rápidas respostas

organizacionais, constitui-se um ambiente propício ao desenvolvimento confluente da

Educação Corporativa e da Educação à Distância como pilar de geração e compartilhamento de

conhecimento corporativo.

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Assim, a preparação das pessoas associada às novas tecnologias e ferramentas de comunicação

é a proposta apresentada pela união de práticas e conceitos que resulta da Educação Corporativa

a Distância.

A síntese da argumentação deste tópico é apresentada conforme Figura 1 e contempla a

formação do cenário social-econômico-empresarial que projetou a Educação Corporativa a

Distância como alternativa eficiente às lacunas da educação empresarial.

Figura 1 – O cenário: tecnologias, conhecimento e organizações

Fonte: Elaboração própria.

A seguir, nas próximas seções, são apresentados os agumentos que unem a Educação

Corporativa à Educação a Distância sob o propósito de tornar ao processo educacional

corporativo mais efetivo. Esta convergência é composta por dois planos: prático e teórico.

2.1.2 Convergência prática

Recentemente, a humanidade tem acompanhado uma intensa expansão tecnológica. Dinâmica

e vertiginosa, a chamada Revolução Digital atua em todas as áreas do conhecimento. Em

consonância com a tendência mundial, as ciências sociais exploram os conhecimentos técnicos

e científicos produzidos pela tecnologia da informação. O processo de informatização

impulsiona e acelera a ampliação do conhecimento científico (PORTUGAL et al., 2013).

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Nesse contexto, a educação mundial passa por uma evolução na qual os recursos tecnológicos

passam a ser absorvidos no processo ensino/aprendizagem. A computação revela-se como

importante ferramenta de apoio ao aprendizado e ao desenvolvimento de novas competências

nos indivíduos (ABBAD, 2007; TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008; OLIVEIRA JR., 2011;

BRANDÃO, 2014; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015; LIMA, 2016, MORAIS, 2017).

No mundo corporativo, a elaboração de soluções educacionais tomou relevância internacional

nas práticas empresariais no fim do século XX, nos anos 80 (MEISTER, 1999), contudo, foi na

década seguinte, anos 90, que o Brasil vivenciou a propagação desse fenômeno (EBOLI, 2004).

Desde esse período, a Educação Corporativa figura-se, nas funções da Gestão de Pessoas, como

uma das que tem recebido maior expectativa e cobrança de resultados (FERRAZ, 2002; EBOLI,

2004; GOMES; STAREC, 2007; RICARDO, 2012; VIEIRA; FRANCISCO; 2012). Por ser

muito volátil, o atual cenário competitivo exige um alto nível de aprendizado, e,

consequentemente, é palco de ações empresariais que envolvem o conhecimento corporativo e

as atividades educacionais ligados à estratégia empresarial.

A educação dos funcionários tomou papel central nas discussões de empresas que têm intenção

de manter e ampliar seus mercados, de forma continuada e permanente, se dá através da cultura

de valorização do aprimoramento. O conceito de ‘treinar para o trabalho’ desloca-se para o

conceito de ‘educar para o trabalho’, assim como, o conceito de ‘saber’ pelo conceito de

‘aprender a aprender’ (RICCA; MACHADO, 2002; FERRAZ, 2002; UNESCO, 2010).

Na busca por resultados que sejam mais efetivos, as empresas são desafiadas pelo processo

educacional do trabalhador a atenderem todos os propósitos pedagógicos e ainda associar a este,

rapidez, flexibilidade, qualidade, prazer e comodidade. Assim, chega-se ao estágio no qual a

união Educação Corporativa e Educação a Distância tornou-se inevitável no contexto prático

organizacional.

As práticas do ensino a distância que, inicialmente, desenvolveram-se na educação formal,

técnica, profissional e acadêmica, são recebidas de portas abertas nas corporações para a

implantação de novos métodos e práticas que equilibram os fins da educação e as estratégias

organizacionais.

Na identificação dessas ações conjuntas, verifica-se um esforço científico-investigativo em

sistematizar e catalogar as práticas de Educação Corporativa. Nacionalmente, destaca-se a

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iniciativa da Fundação Instituto de Administração – FIA. Sob a organização e liderança da

Prof.ª Marisa Éboli, referência em Educação Corporativa no Brasil e pesquisadora do tema há

mais de 20 anos, busca evidenciar desafios e tendência para a educação organizacional

oferecendo distinção à modalidade a distância.

Os resultados obtidos nas suas três últimas edições, respectivamente, 2009, 2012 e 2015, foram

divulgados através de publicações científicas de autoria ou coautoria da pesquisadora. Nesse

exercício interpretativo são estabelecidas comparações e apresentados os destaques dos

resultados específicos para a Educação Corporativa a Distância.

A anteriormente denominada Pesquisa Nacional: práticas e resultados da Educação

Corporativa, em 2009, posteriormente assume a atual nomenclatura: Pesquisa Nacional de

Educação Corporativa – PNEC, em 2012 e 2015, apresenta o panorama geral da Educação

Corporativa nacional. Os objetivos do aprofundamento das práticas que unem a Educação a

Distância à Educação Corporativa perpassam desde a investigação da utilização das tecnologias

para promover solução em educação até a análise da evolução trienal do nível de maturidade

dos programas educacionais a distância das organizações (EBOLI, 2012; EBOLI;

HOURNEAUX JR., 2014; EBOLI, 2014; FLEURY. DAHMER, 2014; EBOLI, 2016). Na

sequência, o Quadro 2 apresenta a síntese dos resultados obtidos:

Quadro 2 – Educação Corporativa a Distância: convergência prática

Fonte: Elaboração própria.

2009 2012 2015

Utilização 30%

EaD/Misto

28%

EaD/Misto

80%

EaD/Misto

Público-alvo 85,7%

Funcional

76%

Funcional

41%

Funcional

Motivações - Ganho em escala

- Ampliação geográfica

- Aumento de flexibilidade

- Melhorar desempenho

- Aumentar acesso

- Redução de custos

- Aumentar público-alvo

- Ampliar base geográfica

- Aumentar flexibilidade

- Redução de custos

- Ampliar base geográfica

- Expansão de programas

Tecnologias - Intranet

- Internet

- Forum

- Dvd

- Ambiente virtual de

aprendizagem

- Intranet

- Material impresso

- Ferramenta de autoria

- Video aula

- Video conferencia

- Intranet

- Fórum

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A exibição do Quadro 2 baseou-se em quatro subgrupos de fatores verificados em todas as

edições da pesquisa, a saber: utilização, público-alvo, motivadores e tecnologia. Este formato

tem a finalidade de ressaltar a relevância destes aspectos, julgados como dignos de atenção em

todo o processo investigativo apresentado, sobre os quais é apresentada uma perspectiva de

comparação cronológica longitudinal.

Indicativo de crescimento de utilização da EaD: nas edições anteriores, o percentual de

utilização de EaD permaneceu quase inalterado (2009, 30%; 2012, 28%), já em 2015

(80%), o percentual de programas que utilizam o ensino a distância praticamente

triplicou, manifestando distribuição oposta para modelos exclusivamente presenciais.

Para as próximas edições, estima-se ratificação desse fato como tendência.

Distribuição da EaD entre o público-alvo: em caminho oposto, observa-se a

desconcentração de projetos EaD para o público funcional, este ainda continua sendo o

mais assistido por esta modalidade, porém é notória a queda percentual de participação,

não porque este grupo deixou de ser atendido, mas sim porque houve inclusão de outras

audiências, como os níveis gerencial e administrativo.

Bipartição de motivadores: foram elencados os quatro fatores motivacionais de maior

peso para a adesão da EaD. Não foram identificadas unanimidades, porém as

justificativas dividem-se em dois grupos: organizacionais (gastos, desempenho, ganhos)

e educacionais (flexibilidade, acesso, programas).

Multiplicidade de tecnologias: em harmonização ao item anterior, estão listadas, em

ordem de preferência, as quatro tecnologias apontadas como as mais usadas em cada

período. A ausência de uniformidade demonstra a pluralidade de possibilidades e a

popularização de novas tecnologias. Destaca-se, entretanto, que a intranet foi a única

tecnologia que figurou entre as mais utilizadas em todos os períodos da pesquisa.

Antes de tratar sobre o conjunto de resultados, vale a pena ressaltar que este tipo de pesquisa

tem o caráter gerencial, ou seja, busca o olhar da gestão sobre o processo (EBOLI, 2012), assim

os resultados obtidos retratam a forma como as empresas compreendem a Educação

Corporativa a Distância.

Sobre a análise dos fatores utilização, tecnologias, público-alvo e motivadores, infere-se a

existência de um processo de disseminação da Educação a Distância como prática de Educação

Corporativa através da intensificação do uso de novas tecnologias e da diversificação da

audiência. Reconhecida como tendência, reafirma o alinhamento entre as soluções de

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aprendizagem e a estratégia corporativa, somando-se a este a capacidade de superar os fatores

tempo e espaço. (EBOLI, 2012; EBOLI; HOURNEAUX JR., 2014; EBOLI, 2014; FLEURY.

DAHMER, 2014; EBOLI, 2016).

A literatura corrobora com os achados. Albertin e Brauer (2012) constatam a incorporação da

EaD na educação organizacional; Ricardo (2012) percebe a associação entre o ensino a

distância e a educação empresarial como uma proposta educacional proativa e estratégica;

Portugal et al. (2013) reconhecem, no Brasil, o crescente número de adesões da educação

corporativa na modalidade a distância; e Morais (2017) compreende essa união prática como

fomentadora das estratégias organizacionais.

O reconhecimento da Educação Corporativa, no entanto, como um ‘ambiente de descoberta’

para a Educação a Distância (RICARDO, 2005) e da EaD como um campo a ser consolidado

nas organizações (FLEURY, DAHMMER, 2014), é coerente com o entendimento de que essa

parceria está em processo de desenvolvimento e aprimoramento.

Por fim, o desfecho virá das considerações de uma das maiores referências nacionais em

Educação Corporativa, Marisa Eboli (2012, p.196):

Penso que essas reflexões, além de constituírem uma contribuição para o

entendimento sobre os desafios e as perspectivas que se colocam para uma

qualificação estratégica para as organizações, também evidenciam a urgência

de se relacionar sistemas de educação e aprendizagem nas empresas com

competentes práticas de EaD.

O posicionamento da autora indica que a associação entre Educação Corporativa e Educação a

Distância para a qualificação de trabalhadores é estratégica para as organizações. Portanto, a

convergência prática torna-se uma realidade sem retorno para superar os desafios propostos

pelo cenário de capacitação funcional estabelecido.

2.1.3 Convergência teórica

A significação de termos é essencial para o aprimoramento das pesquisas científicas. A

evolução convergente dos conceitos da Educação Corporativa e Educação à Distância indica

que as percepções dos principais significantes de ambas as ramificações coexistem e convivem

em harmonia, sem concorrência ou competição, cuja aproximação teórica revela o esforço em

apresentar solução aos diversos problemas de capacitação e atualização das organizações.

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A literatura apresenta discussão não tão aberta sobre o conceito de Educação Corporativa a

Distância, perspectivas novas surgem à medida que as investigações sobre a temática avançam.

A seguir, o texto estabelece uma proposta de discussão teórica de forma inicialmente isolada

para a Educação Corporativa e a Educação a Distância, para posteriormente estabelecer a

formação de um conceito para o termo.

A capacitação profissional é um tema recorrente em estudos de gestão de pessoas focados em

departamentos de Treinamento e Desenvolvimento. Já o fenômeno Educação Corporativa é

relativamente novo para uma encorpada literatura. As primeiras inquietações sobre o tema

ocorreram, há aproximadamente 30 anos, quase que simultaneamente aos estudos iniciais sobre

Universidades Corporativas que, em algumas obras seminais, são tratados como sinônimos

(MEISTER, 1999; ALLEN, 2010; EBOLI, 2002; 2004; RICARDO, 2007; MAGALHÃES

NETO, 2014).

No Brasil, o tema encontra-se em pleno desenvolvimento e consolidação acadêmica. Para esta

construção, optou-se por definições em estado avançado, de recente período temporal, pois

denotam estudos com mais maturidade.

Quadro 3 – Educação Corporativa: conceituando

Fonte: Elaboração própria

Na construção de um conceito, o Quadro 3 demonstra que o esforço inicial dos autores se

concentra na escolha da primeira expressão a ser empregada. Como termo condutor da

compreensão da Educação Corporativa destacaram-se os vocábulos “sistema” (GOMES;

STAREC, 2007; CRUZ, 2010), “ferramenta” (VIEIRA; FRANCISCO, 2012) e “estratégias”

AUTOR CONCEITO

Gomes e Starec

(2007, p. 15-16)

é um sistema de desenvolvimento de pessoas, focado na gestão de pessoas

por competências, que tem o objetivo de promover a cultura e os valores da

empresa e de capacitar os funcionários de acordo com as necessidades

especificas de cada setor.

Cruz

(2010 p. 344)

sistema de desenvolvimento de pessoas, pautado pela gestão por

competências, cujo papel é o de servir de ponte entre o aprimoramento

pessoal e a estratégia de atuação da instituição.

Vieira e Francisco

(2012, p. 297)

ferramenta eficaz para o alinhamento e desenvolvimento de talentos

humanos, de acordo com as estratégias organizacionais.

Moscardini e Klein

(2015, p. 87)

conjunto de estratégias educacionais contínuas que a organização promove,

fundamentada em metas futuras, nas estratégias e na cultura organizacional,

com o objetivo de desenvolver as competências críticas para o negócio,

envolvendo o público interno e externo à empresa.

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(MOSCARDINI; KLEIN, 2015) que demonstram o entendimento voltado para a ação e

execução, as palavras escolhidas denotam um contexto dinâmico voltado para o emprego e

aplicação do objeto investigado.

O “desenvolvimento” associado às pessoas da organização é o primeiro ponto de convergência

das opiniões. Todos os autores identificam ‘desenvolver talentos’ como característica da

Educação Corporativa. A frequência do reconhecimento do “alinhamento estratégico” como

fomentador da educação empresarial é quase a mesma, apenas Gomes e Starec (2007) não o

mencionam em sua definição.

Algumas outras características são apresentadas sem tanta unanimidade, mas são reconhecidas

em mais de uma definição. Voltadas para aplicabilidade e áreas de resultados, são colocados

em discussão teórica como campos de estudos e práticas inter-relacionados à Educação

Corporativa: “competências” (GOMES; STAREC, 2007; CRUZ, 2010; MORCARDINI;

KLEIN, 2015), “aprendizado organizacional” (CRUZ, 2010; MORCARDINI; KLEIN, 2015) e

“cultura organizacional” (GOMES; STAREC, 2007; MOSCARDINI; KLEIN, 2015).

Assim, com base nas discussões propostas e para efeitos deste estudo, define-se a Educação

Corporativa como um sistema de gestão de pessoas que se propõe a desenvolver colaboradores

e a organização, por meio de ações que promovam adequação e competitividade ao ambiente

empresarial através do conhecimento corporativo.

Desenvolvida a primeira compreensão, identifica-se que a discussão teórica sobre educação

mediada por tecnologias não é novidade na academia, contudo, é muito forte a corrente teórica

de conceituação com a presença central do “professor” e voltada para o ensino formal básico e

superior, com aplicação quase que excludente à Educação Corporativa (GHEDINE; FREITAS,

2004; BRASIL, 2005; VERGARA, 2007; ALBERTIN; BRAUER, 2012; TOLENTINO et al.,

2013).

Avançado esse estágio, foram selecionados conceitos que tratam a aplicação da EaD para além

da educação formal e da sala de aula, ainda que virtual. Compreendem o esforço acadêmico em

sistematizar a construção do conhecimento por intermédio de diversas tecnologias e que adequa

sua proposta ao aprimoramento autônomo, contínuo e permanente das organizações, conforme

apresenta, na sequência, o Quadro 4.

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Quadro 4 – Educação a distância: conceituando

Fonte: Elaboração própria

O primeiro item a ser destacado é o vocábulo utilizado para estabelecer o conceito. Os termos

“modalidade” (SANTOS, 2007; MORAIS, 2017) e “formas” (BELLONI, 2012) são

representativos da característica modal do ensino a distância, pois está intrínseco a maneira ou

método de educação. É relevante, também, destacar a presença de termos que remetem ao

processo de ensino e/ou aprendizagem em todas as concepções apresentadas, o que denota

aproximação do objetivo da educação a distância com qualquer outro formato de educação.

Na sequência observa-se a repetição de dois fatores unânimes em todas as definições: espaço e

tempo. Terminologias como “separação física”, “distância física” e “não compartilhamento de

espaços” evidenciam o distanciamento físico-geográfico entre os sujeitos atuantes no processo.

Já termos como “tempos”, reforçam que o momento de interação para o aprendizado não é,

necessariamente, o mesmo para os agentes do processo, podendo perfeitamente ocorrer em

períodos diferentes.

Por fim, pode-se afirmar que a “tecnologia” ou “recursos tecnológicos” são termos recorrentes

nos conceitos apresentados, que fazem referência ao mesmo processo de utilização das ciências,

informática ou algum tipo de ferramenta tecnológica a favor do processo educacional.

Assim, a educação a distância pode ser definida como um processo educacional sistemático

mediado por ferramentas tecnológicas a fim de promover a educação para sujeitos-alvo quer

estejam ou não em espaço e/ou tempo diferentes.

Autores Conceitos

Santos

(2007, p. 163)

modalidade de educação que promove situações de aprendizagem em

que sujeitos do processo, muitas vezes, não compartilham os mesmos

espaços e tempos curriculares, comuns nas situações de aprendizagem

presencial. Para tanto, é necessária a utilização de uma multiplicidade

de recursos tecnológicos que ajam como interfaces mediadoras na

relação entre os aprendizes, as informações e o próprio conhecimento

Belloni

(2012, p. 2)

Formas de aprendizagem organizada, baseadas na separação física entre

os aprendentes e os que estão envolvidos na organização de sua

aprendizagem.

Morais

(2017, p. 42)

modalidade de ensino em que a distância física não interfere na

construção do conhecimento, com a utilização de tecnologia para

promover o ensino e a interatividade, com a possibilidade de cada aluno

administrar o tempo a ser dedicado à aprendizagem

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Finalmente, após discussões e análises sobre rico acervo teórico, apresenta-se a convergência

teórica a Educação Corporativa a Distância, entendida, neste estudo, como sistema de gestão

de pessoas que se propõe a desenvolver colaboradores e a organização, através do conhecimento

corporativo e por meio uso sistemático de ferramentas tecnológicas a fim de promover a

educação para sujeitos-alvo quer estejam ou não em espaço e/ou tempo diferentes.

2.2 Educação Corporativa a Distância: proposta, prática e percepção

Neste segundo esforço, é apresentada a estrutura da Educação Corporativa a Distância a partir

de seus aspectos teóricos e práticos. Para fins específicos desta pesquisa, considerou-se, nesta

seção, o desmembramento em 2.2.1 proposta, 2.2.2 prática e 2.2.3 percepção, que se referem,

respectivamente, aos elementos de proposição teorista, aos elementos de prática e a integração

de impressões pessoais.

2.2.1 Proposta

Para efeitos desta investigação, compreende-se como proposta o conjunto de premissas teóricas

norteadoras do processo educacional corporativo. A literatura orienta que as práticas educativas

nas empresas tenham firmeza teórica e recomenda que essas proposições sejam objeto de

registro formal (MAIA, 2005; MORAN, 2005; GOULART, 2005; GOMES; STAREC, 2007;

RICARDO, 2008; STAREC, 2012; MORAES, 2014; WOOD JR., 2014).

A didática educacional corporativa, pouco aprofundada no âmbito acadêmico da

Administração, mais profundamente discutida na área da Educação, ainda que com

nomenclaturas distintas, representa o empenho da academia em aplicar os conceitos em

ambientes empresariais.

Atualmente, identifica-se a direção cíclica e sistêmica da construção do processo. Cíclica, à

medida que necessita de reavaliação, reformulação e alinhamento (RICARDO, 2012) e

sistêmica ao passo que incorpora diversas contribuições científicas do processo educacional

(GIL, 2016), formando assim um complexo sistema educativo empresarial. A formalização da

educação nas organizações é percebida, ainda, como um processo dinâmico em construção,

sobre o qual verificam-se lacunas teóricas quanto a sua denominação (MAIA, 2005;

GOULART, 2005; BIANCHI, 2008; OLIVEIRA; GRZYBOVSKI; PEREIRA, 2009;

RIBEIRO, 2010; RICARDO, 2012).

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Não existe uniformidade no termo escolhido para designar as propostas de Educação

Corporativa a Distância, contudo, a literatura indica uma concordância na existência de um

sistema responsável por indicar diretrizes na sua execução. Dentre as nomenclaturas

identificadas destacam-se os termos: “sistemas de educação” (EBOLI, 2004), “pedagogia

empresarial” (GOMES; STAREC, 2007; RIBEIRO, 2010; OLIVEIRA; GRZYBOVSKI;

PEREIRA, 2009), “projeto político pedagógico” (RICARDO, 2012) e “modelo educacional”

(MORAES, 2014).

Nesta pesquisa, foi selecionada a denominação “projeto político pedagógico” por entender a

educação organizacional como um processo sobre o qual pode-se aplicar modelos didático-

educativos e, assim, oferecer uma proposta educacional direcionada à solução de problemas,

com aplicabilidade no ambiente de trabalho através das mais diversas tecnologias (MORAN,

2005; BELLONI, 2012; RICARDO, 2012; FRANCO et al., 2015).

Apesar da denominação apresentada como compreensão para a investigação, registra-se a

dubiedade do dilema teórico existente na própria academia. Os teóricos mais positivos

argumentam o uso do termo “andragógico” em substituição ao termo “pedagógico”, visto que,

a pedagogia refere-se à educação infanto-juvenil e a andragogia refere-se à educação de adultos,

assim mais aplicável à Educação Corporativa (BELLONI, 2012; BRANDÃO, 2014;

SHINODA et al., 2014; FRANCO et al., 2015; MACIEL; VIEIRA, 2015).

Wood Jr. (2014) aponta em seu artigo 7 principais problemas que podem comprometer a

eficácia dos sistemas educacionais corporativos, por último, mas não menos importante é citada

a pedagogia-andragogia inapropriada como elemento de desequilíbrio entre conteúdo e forma

das propostas educacionais.

Existe bastante discussão a respeito da validade e aplicações de conceitos pedagógicos e

andragógicos, nesta pesquisa reconheceu-se que adultos possuem necessidades educacionais

distintas das crianças e jovens, destaca-se, contudo, que não são aplicados significados

excludentes, a pedagogia e a andragogia são apenas “opostas de um contínuo”, cujo fim é a

busca pela abordagem mais apropriada ao segmento de educação empresarial (SHINODA et

al., 2014; MACIEL; VIEIRA, 2015).

Ressalta-se, portanto, que são reconhecidos como mais adequados à educação de adultos os

princípios andragógico, contudo, evidencia-se a necessidade de considerar o processo como um

contíguo pedagógico-andragógico, assim estabelecer a nomenclatura “projeto político

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pedagógico” não exclui a observação de conceitos andragógicos para o estudo em tela

(BRANDÃO, 2014; FRANCO et al., 2015)

Ademais, a evolução do pensamento corporativo-educacional reconhece as peculiaridades da

realidade brasileira e a inexistência de “regras” a serem seguidas. Cada projeto é um processo

único, adaptável à realidade de cada empresa (HOURNEAUX JR.; EBOLI; MARTINS, 2007;

VIEIRA; FRANCISCO, 2012), bem como caracteriza as particularidades dos diversos perfis

de aprendentes e das dificuldades de personalização de propostas pedagógico-andragógicas

(MORAN, 2005).

Assim, estabelecer uma “pedagogia-andragogia empresarial” não se constitui tarefa simples,

ainda mais quando trata de um projeto específico para a Educação Corporativa a Distância,

contudo, Moran (2005, p. 23) incentiva as empresas a aderirem ao desafio:

Vale a pena inovar, testar, experimentar, porque avançaremos mais

rapidamente e com segurança na busca desses novos modelos que estejam de

acordo com as mudanças rápidas que experimentamos em todos os campos

com a necessidade de aprender continuamente.

Alguns aspectos são indicados como fundamentos essenciais à promoção da pedagogia-

andragogia empresarial. A academia indica a observação teórica de particularidades que podem

influenciar um projeto educacional. Nesse sentido, são apresentados 5 fundamentos teóricos de

abordagens educativas, a saber: protagonismo do aprendente, diálogo, problematização da

realidade, interdisciplinaridade e aprender.

Protagonismo do aprendente

O fundamento de abertura é entendido como um processo no qual o aprendente assume a função

de sujeito, com uma postura voltada para apropriar-se do papel principal no próprio progresso

educacional, se despendendo da necessidade de controle por terceiros (FREIRE, 1996;

SANTOS, 2007; BELLONI, 2012; BRANDÃO 2014; PORTUGAL et al., 2013; MACIEL;

VIEIRA, 2015; FREIRE, 2015; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015).

Juntamente à definição, a literatura propõe a associação de termos que auxiliam na descrição

do protagonismo do aprendente. Derivados do entendimento de autonomia: autodireção,

autoorientação, autodirecionamento, autodesenvolvimento, autodidática, autoaprendizagem,

autoestudo, autogestão, compreendem o direcionamento do próprio aprendiz como indivíduo

dotado de autarcia que empreende esforços para localizar os recursos necessários para a sua

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aprendizagem assumindo um papel ativo nas experiências que possam contribuir para o seu

desenvolvimento, assim como no diagnóstico e avaliação do processo (EBOLI, 2004;

SANTOS, 2007; MARTINS, 2007; DUTRA; COMINI, 2010; BELLONI, 2012; SHINODA et

al., 2014; BRANDÃO, 2014; PORTUGAL et al., 2014).

O sujeito protagonista é compreendido como um indivíduo agente ativo, capaz de reflexão

crítica, integrante de um processo educacional flexível e centrado no aprendente, titular de um

processo adaptável ao próprio perfil individual e apto a considerar seus limites, recursos,

disponibilidades, necessidades, interesses, tempo e ritmo (EBOLI, 2004; RICARDO, 2005;

SANTOS, 2007; MARTINS, 2007; BELLONI, 2012; SHINODA et al., 2014; BRANDÃO,

2014; FRANCO et al., 2015; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015).

As diversas oportunidades de escolha recebem atenção preventiva da literatura para não tornar

esse composto de escolhas em uma farsa denominada por Freire (2015) como

“pseudoparticipação”, assim a personalização adaptada aos diversos perfis inspira cuidados por

reconhecer a responsabilidade que o aprendente-agente assume no processo que almeja

protagonizar (MAIA, 2005; GOULART, 2005; MORAN, 2005; RIBEIRO, 2010; BRANDÃO,

2014).

Assim, a pedagogia-andragogia empresarial deve favorecer uma formação impregnada de

personalidade, contudo o indivíduo-aprendente deve apresentar maturidade, equilíbrio e

responsabilidade sobre o próprio desenvolvimento. Portanto, o dilema resume-se a criação de

um contexto educacional com maior autonomia sem desprezar os deveres e obrigações dos

sujeitos-aprendizes (EBOLI, 2004; RIBEIRO, 2010).

Diálogo

A segunda abordagem investigada é definida como um modelo educacional cujo pressuposto

para a geração de conhecimento é o diálogo, este é considerado componente básico para a

formação de um contexto educacional no qual todos sejam co-autores e agentes da construção

do conhecimento (TOLENTINO et al., 2013; FRANCO et al., 2015; FREIRE, 2015).

A valorização da dialogicidade e da consciência da condição do ser humano como sujeito

inacabado representam respeito às percepções do aprendentes, por meio de reflexões críticas

busca-se motivação e transformação do espaço educacional corporativo (FREIRE, 1996;

STAREC, 2012; RICARDO, 2012; FREIRE, 2015).

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A academia apresenta indicativos de problemas na Educação Corporativa vindos da ausência

da manutenção do diálogo. A verticalidade e os instrumento de “domesticação” do processo

educacional são opositores ao diálogo e devem ser cuidadosamente prevenidos, assim como

práticas de substituir a comunicação pelo comunicado devem ser negadas (MORAN, 2005;

FREIRE, 2015).

Um dos maiores desafios verificados é o desenvolvimento de ambientes nos quais formadores

e aprendentes possam dialogar, romper com modelos, formatos, dinâmicas e lógicas lineares e

piramidais.

Faz-se necessário reconhecer, também, que a maturidade intelectual e emocional dos sujeitos,

bem como sua singularidade e individualidade devem ser considerados na construção dessa

abordagem pedagógico-andragógica de Educação Corporativa (MORAN, 2005; SANTOS;

SILVA, 2005; RICARDO, 2008).

O nobre mestre, Paulo Freire (2015, p. 115), patrono da educação brasileira e um dos maiores

incentivadores da educação dialógica, reconhece:

Somente o diálogo, que implica um pensar crítico, é capaz, também, de gerá-

lo. ... sem ele não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação.

Portanto, o diálogo é a presentado como um processo cíclico e autossustentável por meio do

qual a educação se estabelece, assim, é apresentado como determinante na construção da

comunicação e está exclusiva ao processo educacional.

Problematização da realidade

Em prosseguimento, apresenta-se a abordagem que trata a educação como um processo

vivencial, no qual são valorizadas as trocas de experiências e as visões de mundo dos

aprendentes. Baseia-se em situações reais e rotineiras, sistematizada na resolução de problemas

utiliza-se de exercícios de simulação, estudos de caso e métodos que envolvam experiências

práticas, sem perder, contudo, a reflexão teórica. É um método experiencial cuja proposta é

vivenciar situações, tomar decisões e perceber resultados (MAIA, 2005; TAVARES-SILVA;

ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; RICARDO, 2012; BRANDÃO, 2014; SHINODA et

al., 2014; MACIEL; VIEIRA, 2015; BUTZKE; ALBERTON, 2017).

Considerando esses princípios, é relevante ponderar que o aprendente é, também, o profissional,

assim não devem ser desprezados conhecimentos e habilidades prévios, nem ignorada a

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experiência prática de cada um. Abre-se, assim, amplitude para que sejam implantados projetos

que despertem individualidades e confiram maior significado para a educação que trata do que

é “real” (MAIA, 2005).

Neste cenário, delineamentos sobre projetos de uso de jogos de empresas com simuladores de

realidade aparecem em discussão. Por fomentar a participação, oportunizam a formação para a

tomada de decisão, estimulando a interação e promovendo a aproximação do ambiente de

educação à realidade organizacional (BUTZKE; ALBERTON, 2017).

Portanto, faz-se necessário construir uma rede na qual problematizar seja possível na educação

empresarial, pois questões e desafios, baseados em situações concretas, poderão ser

desenvolvidos a compreensão da realidade, a capacidade crítica individual, o levantamento de

hipóteses e a busca por soluções, habilidades necessárias ao atual cenário corporativo

(SANTOS; SILVA, 2005).

Interdisciplinaridade

Para esta penúltima abordagem, a conceituação está relacionada a capacidade de estabelecer

relações entre duas ou mais áreas do conhecimento na construção do processo educacional, este

deverá estar voltado para mais que simples conteúdos, com tratamento de matérias que, além

do próprio conhecimento, instigue a criticidade.

O sistema educacional deve fomentar a dinamicidade potencializando uma formação

rizomática, com enfoque sistêmico e proveniente de diferentes perspectivas. O conhecimento

gerado nesse processo híbrido é formado por métodos dinâmicos, nos quais a organização se

torna um espaço, mais que formativo, torna-se multirreferencial (FREIRE, 1996; SANTOS;

SILVA, 2005; MORAES, 2014).

Wood Jr. (2014) aponta a ausência de integração na Educação Corporativa como um fator-

problema que desarticula e segmenta a formação corporativa. A desfavor de outras abordagens,

a literatura recomenda a não fragmentação do processo educacional e que os conteúdos não

sejam apresentados como “retalhos” da realidade, desconectados da totalidade e cuja visão não

imprime significação. A interdisciplinaridade, contrariamente, possibilita reflexões e

sistematizações, atuando no desenvolvimento e realização do potencial intelectual existente em

cada indivíduo (MORAES, 2014; FREIRE, 2015).

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O tratamento holístico da educação, que é um desafio que se apresenta para as organizações,

torná-la sistêmica, integrada e contextualizada, é uma provocação da literatura existente. Infere-

se não só a presença de um padrão, mas que exista a integração de padrões educacionais como

fonte formativa do processo corporativo de educação (FREIRE, 1996; RICARDO, 2005;

FREIRE, 2015).

Aprender

A última abordagem refere-se ao estímulo a aquisição de conhecimentos e habilidades de forma

permanente e contínua, é tornar o processo educacional uma necessidade infindável no

indivíduo. É despertar no aprendente a prontidão para o “aprender” e fazê-lo enxergar cada

momento como uma oportunidade de desenvolver-se. É transcender o repasse de

conhecimentos, é gerar a definitiva capacidade de aprender sempre (EBOLI, 2004; RICARDO,

2005; MORAN, 2005; GOMES; STAREC, 2007; SANTOS, 2007; STAREC, 2012; FLEURY,

DAHMMER, 2014; BRANDÃO, 2014).

Esta abordagem recebeu destaque no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional

sobre Educação para o século XXI. Denominada de “educação ao longo da vida”, a educação

permanente, é largamente defendida como um imperativo para governos, sociedade, empresas

e pessoas, assim impele que cada indivíduo aprenda a aprender na intitulada “sociedade

educativa”, na qual toda oportunidade deve ser considerada uma possibilidade de aprender

(UNESCO, 2010).

Atualmente, é notória a necessidade das organizações adquirirem conhecimentos, o futuro

empresarial depende da capacidade de aprender por elas desenvolvida. Contudo, o maior

desafio da educação organizacional é tornar essa percepção comum entre seus colaboradores,

os indivíduos precisam enxergar ganho no processo de aprendizagem para nele imergir. A

percepção dos funcionários sobre o “aprender” refletirá no desenvolvimento de habilidades

indispensáveis aos resultados do negócio, assim as empresas devem implementar os

fundamentos desta abordagem para obterem a vantagem do “aprender a aprender” (RICARDO,

2012; SHINODA et al., 2014; MORAIS, 2017).

A proposta, descrita nessa seção, é, conforme ilustra a Figura 2 que segue, um “Projeto Político

Pedagógico”, proposto sob 5 pilares denominados de abordagens, anteriormente descritos. O

resultado final da proposta deverá contemplar e harmonizar os fundamentos apresentados em

cada uma das discussões teóricas, conforme representa a Figura 2:

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Figura 2 – Projeto Político Pedagógico: a proposta

Fonte: Elaboração própria.

É evidente a pertinência da discussão sobre novas formas de educação na formação empresarial,

é notório também, repensar o novo papel das corporações no processo formativo dos

trabalhadores. Não é objetivo dessa pesquisa esgotar a infinidade de abordagens existentes, no

entanto, não se inibe em descrever os fundamentos das que tem recebido ampla discussão na

academia nacional, com a finalidade de formar um contexto no qual a amalgamação das

discussões teóricas possa indicar uma proposta teoricamente robusta e cientificamente madura

para discussões e aplicações.

2.2.2 Prática

Considera-se como prática, para efeitos desta investigação, o conjunto de ações, realizações e

execuções voltadas para a aplicação das propostas educacionais e viabilização da prática dos

fundamentos teóricos no processo educativo das organizações. A compreensão não é

claramente difundida no meio acadêmico, comumente estudos aprofundam alguns aspectos

específicos, sem apresentar a compreensão sistêmica do processo. Assim, a significação e a

codificação das abordagens teóricas se dão através das diversas mídias disponíveis

(BELLLONI, 2012; RICARDO, 2012; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; TOLENTINO et

al., 2013; BRANDÃO, 2014)

Entretanto, existe um encorajamento da academia em demonstrar a compressão global do

sistema. Mais profundamente, existe uma ênfase em demonstrar o reconhecimento de cada

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componente, oferecendo não simplesmente uma visão geral, mas também individual e integral

dos aspectos necessários ao efetivo andamento da educação (BELLONI, 2012; MACHADO;

BELLINI; LEITE, 2012; BRANDÃO, 2014; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015).

Especialistas em Educação Corporativa preconizaram a absorção dos serviços de educação

profissional pelas empresas, estas foram apontadas como futuro termômetro para atividades

educacionais, com papel proativo no desenvolvimento de formas e modelos (MEISTER, 1999;

EBOLI, 2004).

As atividades de Educação a Distância, posicionando-se como a modalidade que mais se

destacou no desenvolvimento educacional corporativo, devem receber maior atenção

possibilitando, assim, a proposição de métodos e tecnologias para a formação de pessoas que

permitam a construção de respostas efetivas e que se materializem no maior e melhor

desempenho individual e coletivo do trabalhador (GOULAR, 2005; RICARDO, 2012;

BRANDÃO, 2014).

Atualmente, nas práticas educacionais a distância, recomenda-se considerar, além da didática

pedagógica-andragógica, objeto debate no item anterior, questões tecnológicas, de mídias, de

orientação e apoio e de ambiente, para estabelecer métodos práticos e compatíveis com os

objetivos educacionais. Dentre os aspectos apresentados, receberão destaque nesta pesquisa:

recursos tecnológicos, formatos, acompanhamento e contexto (BELLONI, 2012). A seguir, são

tratados sob seus principais significantes e tipificações.

Recursos tecnológicos

A educação é um dos setores que muito tem se valido da aplicação de diversas tecnologias para

promover a acessibilidade e utilização de múltiplos mecanismos que favoreçam a aquisição de

conhecimento. De forma geral e com aplicação nesta pesquisa, entende-se como recursos

tecnológicos a totalidade dos meios utilizados na difusão de informações e na mediação de

comunicação corporativas com foco na educação dos trabalhadores. Considera-se, portanto,

como sendo o conjunto formado pela infraestrutura tecnológica, os instrumentos e os

equipamentos que, baseados em abordagens educacionais, auxiliam o processo educacional

(CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; BRANDÃO, 2014; TEIXEIRA; STEFANO;

CAMPOS, 2015).

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Anteriormente, o único modelo de educação conhecido era a educação familiar. Surgiram as

escolas, e aulas tradicionais foram implantadas, mas em ambos os casos o único formato

conhecido era o presencial. Nesse nível desenvolveu-se a educação formal. Algum tempo

depois, o aprendizado presencial passou a ser auxiliado por livros, de onde se expandiu o

conceito de aprendizagem sem a presença. A educação não presencial iniciou-se com cursos de

aperfeiçoamento, mas foi com cursos profissionalizantes que se estabeleceu. Por meio de

cartilhas e avaliações era possível obter conhecimento e certificado. A passagem para vídeo-

aulas em VHS desvinculou a presença da aprendizagem, e evoluiu para o conceito do que

conhecido atualmente como educação a distância, evidentemente se popularizou com aplicação

de novas tecnologias como CD-ROM, DVD até chegar à moderna educação on-line que utiliza

ferramentas da internet e da WEB (VERGARA, 2007; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012;

TOLENTINO et al., 2013; BRANDÃO, 2014; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015).

A intensidade e a diversidade tecnológicas adentraram o mundo contemporâneo de forma que

a educação empresarial não se sustenta sob formas mais rudimentares, observa-se uma

crescente busca por novas ferramentas que reflitam constantes avanços (RICARDO, 2005;

CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; BRANDÃO, 2014).

O conceito espaciotemporal é alterado a partir das recentes tecnologias. Novas estruturas e

mudanças nas condições do mercado de trabalho internacional exigem novas posturas

educacionais e o modelo a distância apresenta-se como alternativa viável para ser a mais

popular solução em educação profissional, especialmente, num país com condições geográficas

como as do Brasil.

Com as modernas estruturas, essa modalidade possibilita a transmissão de conhecimento de

forma interativa, através de meios que dispensam relação presencial, também atua como

facilitadora de registros e respostas de feedbacks e dúvidas, além de promover a interação entre

os sujeitos do processo de aprendizagem (SANTOS, SILVA, 2005; TAVARES-SILVA;

ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; SANTOS, 2007; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012;

BRANDÃO, 2014).

O progresso das mídias de Tecnologia da Informação e Comunicação – TICs tem impulsionado

a evolução das práticas educacionais a distância. Novos paradigmas educacionais associados a

modernos projetos tecnológicos são temas recorrentes em investigações acadêmicas, bem como

suas consequentes redefinições de arranjos educacionais (SOELTL, 2002; TAVARES-SILVA;

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ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; RICARDO, 2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI;

RESENDE, 2005; SANTOS, 2007; BELLONI, 2012).

Não desprezando os recursos tradicionais como tecnologias válidas para o processo de

aprendizagem, mas reconhecendo a relevância que as recentes mídias e dispositivos tem no

atual e futuro cenário educacional global, é promovida uma apresentação fundamentada nos

recursos tecnológicos provenientes da denomina Era Digital. Não por descartar as tecnologias

anteriores, mas em atenção a maior utilização e amplitude dos recentes recursos.

A vasta literatura apresenta a recorrência de termos distintos que se referem ao mesmo grupo

de recursos tecnológicos aplicados, assim, os recursos foram dispostos em tecnologias de

informação, comunicação e conexão, que se referem aos tipos ferramentas que são utilizadas

como recursos-meio e recursos-conexão na educação a distância que obtiveram maior atenção

da academia. Ressalta-se que a investigação não pretende se ater a explicar e se aprofundar nos

tipos de instrumentos, mas sim, elencar os que são apontados pela teoria como os mais

aplicáveis as técnicas de EaD no universo corporativo.

Conforme segue na Figura 3, são apresentados os principais dispositivos que tem recebido

destaque no estudo da EaD:

Figura 3 – Recursos tecnológicos: tecnologias de informação, comunicação e conexão

Fonte: Elaboração própria.

Sobre os recursos tecnológicos, destaca-se como resultados e indicações das pesquisas:

O computador é a ferramenta mais frequente;

Os dispositivos móveis, não raramente, são apresentados como tendência;

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Vários entraves são apontados no uso da televisão como recurso educacional;

Coexistência no uso de equipamentos de categorias distintas;

Indicação de harmonia entre o uso de computadores e dispositivos móveis;

Tendência de aprimoramento dos recursos existentes;

Uso exclusivo de conexão sem fio;

Aperfeiçoamento das tecnologias de comunicação;

Combinação de recursos-meio e recursos-conexão;

Orientação para a popularização de tecnologias 3D.

(SOELTL, 2002; MAIA, 2005; LHANES, 2005; GUEDINE; TESTA; FREITAS, 2008;

BELLONI, 2012; TOLENTINO et al., 2013; PORTUGAL et al., 2013; UNESCO, 2014;

TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015; LIMA, 2016; TAXA et al., 2016).

São notórios os impactos das novas tecnologias sobre as práticas de educação corporativa, cuja

aplicação permite compartilhar o universo do conhecimento empresarial a todos os membros

da organização, mas também exige repensar a sua aplicação no processo de descobrir e

conquistar novos caminhos (AZEVEDO; BIAGIOTTI; RESENDE, 2005; TOLENTINO, 2013;

EBOLI, 2016).

É manifesto que a EaD recebeu um forte impulso com o surgimento de novas tecnologias. Os

novos instrumentos são reconhecidamente importantes para um inexplorado processo, contudo,

unicamente a implementação da tecnologia não oferece garantias. As organizações devem

dispensar cuidados não exclusivos aos recursos tecnológicos, estes não devem ser descuidados,

porém não são os únicos fatores que merecem atenção. As investigações indicam que um

projeto que apresente recursos tecnológicos inadequados diminui significativamente suas

chances de sucesso, mas o êxito apresenta baixa associação com a tecnologia aplicada. Sendo

assim, ressalta-se a relevância da infraestrutura tecnológica como aspecto de fundamento, mas

não único, no processo educacional a distância (CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012;

BELLONI, 2012; BRANDÃO, 2014; UNESCO, 2014; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS,

2015; LIMA, 2016).

Formatos

Atualmente, associada à implantação de recentes tipos e categorias de recursos tecnológicos,

promoveu-se a expansão de diversos métodos com adaptações às mais distintas particularidades

dos cenários empresariais, desse modo, foi percorrida uma trilha de evoluções através das

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possíveis formas de apresentação da EaD, denominada formatos. Compreende-se por formatos

a diversidade de configuração, apresentação e instrumentalização do ambiente digital utilizado

em processos educacionais a distância, adaptados tanto a propostas didáticas, quanto à realidade

e preferências dos usuários (BRANDÃO, 2014).

A literatura reconhece a existência de diversos formatos, contudo, nesta investigação, é dado

destaque para as modalidades que se vinculam aos mais recentes avanços tecnológicos.

Formatos como vídeo aulas, áudio aulas, broadcast, podcast, teleconferência,

videoconferências, web conferência, serviço telefônico, short menssage servisse – SMS, chats,

e-mail, e-book, fóruns, comunidades, hipermídia, hipertexto, telemática e tutorial, figuram

grande parte das práticas em educação a distância. Além dessas, observa-se o incremento em

formato de games, realidade virtual, hiper-realismo, simuladores e webinars, ainda que em

menor escala (MAIA, 2005; MORAN, 2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI; RESENDE, 2005;

GOULART, 2005; TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; RICARDO,

2008; GUEDINE; TESTA; FREITAS, 2008; BRANDÃO, 2014; UNESCO, 2014; LIMA,

2016; EBOLI, 2016; TAXA et al., 2016).

A diversidade não obriga escolhas, cada aprendente deve optar por formatos conforme

preferencias pessoais. Os formatos também não são excludentes, recomenda-se que exista a

diversidade de formas na estruturação de processos educacionais a distância.

Figura 4 – Formatos

Fonte: Elaboração própria.

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A Figura 4, ilustra como distintos formados podem ser associados num único processo de

geração de conhecimentos. Observa-se padrões sincrônicos e assincrônicos nos formatos

ilustrados, que se referem ao processo que ocorre, respectivamente, ao mesmo tempo para

os sujeitos do processo educacional e ao que ocorre em espaços temporais distintos para os

mesmos sujeitos, ambos concorrem conforme opção do aprendente (RICARDO, 2005;

VERGARA, 2007; GUEDINE; TESTA; FREITAS, 2008; WROBEL et al., 2010; PORTUGAL

et al., 2013; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015; GIL, 2016).

Do mesmo modo, as formas verbais, gráficas, textuais, audiovisuais são modos que oferecem

dinamismo, interatividade e entretenimento ao processo educacional sem necessariamente

invalidarem-se mutuamente, podem ser distintas e de inúmeras combinações possíveis,

conforme a representação (LHANES, 2005).

Em razão da grande variedade de formatos e combinações de formatos disponíveis, surge a

implantação de espaços de aprendizagem para sistematizar as ofertas, que se distribuem desde

as conhecidas redes de aprendizagem, passando pelas telesalas e ciberespaços, até chegar ao

Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA e Sistema de Gestão de Aprendizagem – SGA.

Estes ambientes oferecem organização e orientação na utilização dessa gama de possibilidades,

servem, ainda, como apoio ao processo educativo. Com acesso individual e identificado,

permite e fomenta a interação, alguns são abertos e gratuitos outros são fechados, mas a

característica comum é que estão baseados em práticas de filosofia educacional (LHANES,

2005; GOULART, 2005; MAIA, 2005; TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE,

2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI; RESENDE, 2005; SANTOS, 2007; CASSUNDÉ;

CASSUNDÉ JR., 2012; BELLONI, 2012; MACHADO; BELLINI; LEITE, 2012).

Em se tratando de EaD, existe uma ampla diversidade nas nomenclaturas de referência

aplicáveis, em muitos casos se referem a formatos equivalentes, que se distinguem por

características específicas. Uma nova ferramenta, método ou técnica educacional não anula os

anteriores, modalidades distintas, não obrigatoriamente são excludentes, não figuram ameaça

umas às outras podendo obviamente coexistir e complementar-se (VERGARA, 2007; LIMA,

2016).

Os principais fundamentos e técnicas EaD estabeleceram-se nos países desenvolvidos, assim

os termos e nomenclaturas tem predominância da língua inglesa. Uma denominação comum é

feita através de prefixos ligados ao termo “learning”, relacionado no português à

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“aprendizagem” ou “educação”, que se agrupam em formatos conforme características comuns

apresentadas. Neste contexto, observa-se o esforço em classificar os formatos conforme

semelhanças, na sequencia apresenta-se a síntese da classificação apresentada na literatura.

o e-learning (electronic learning / educação ou aprendizagem eletrônica)

O prefixo “e-” popularizou-se no fim da década de 90, refere-se a substantivos que tenham a

característica de ser “electronic”, no português eletrônico, virtual, digital. A exemplo de e-mail,

e-book e e-commerce, o e-learning é definido como a educação apoiada por meios eletrônicos,

assim constituiu-se paradigma dominante entre as formas de EaD, inclusive entre as

corporações (LIMA, 2016).

Atualmente, a aprendizagem eletrônica está em expansão e já é considerada tendência no meio

educacional. Sua principal característica é a interação via web através do computador mediada

por distintos ambientes e interfaces, pelos quais se observa a possibilidade de separação

espaciotemporal entre os sujeitos, além de conferir flexibilidade, interatividade, adaptabilidade

e velocidade ao processo. Assim, as organizações começam a perceber que o e-learning é um

grande aliado aos objetivos estratégicos de capacitação organizacional (SANTOS; MEDINA,

2005; GUEDINE; TESTA; FREITAS, 2008; BRANÃO, 2014; TEIXEIRA; STEFANO;

CAMPOS, 2015; LIMA, 2016)

A literatura apresenta distintas nomenclaturas para formatos análogos ao e-learning: educação

on-line, educação a distância via internet – EADI, educação virtual, computer-based learning,

web-based learning, virtual classroom e virtual learning environments, dentre outros, porém o

e-learning é o mais conhecido e reconhecido na teoria (GUEDINE; TESTA; FREITAS, 2008;

PORTUGAL et al., 2013; LIMA, 2016).

o b-learning (blended-learning / educação ou aprendizagem híbrida)

Paralelamente, Vergara (2007) identifica um novo movimento educacional ao evidenciar o uso

complementar da educação a distância na educação presencial e vice-versa, em um modelo

misto. A mesma interpretação é reconhecida por Abbad (2007), mas atribuindo nomenclatura

diferente: “modalidades educacionais híbridas”. Ambas concepções reforçam a constatação da

origem de um “novo” formato a partir da união de outros a ele anteriores.

O b-learning é uma alternativa de conciliar múltiplas abordagens através de utilização híbrida

dos formatos, por meio de processos de formação combinados, procura conjugar vantagens de

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métodos presenciais com a utilização de recursos tecnológicos. Como um híbrido entre o

presencial e o a distância, o b-learning confronta a academia com uma mescla da educação

online e da presencial com o objetivo de extrair o melhor de cada método (TEIXEIRA;

STEFANO; CAMPOS, 2015; LIMA, 2016).

o t-learning (television learning / educação ou aprendizagem televisiva)

O t-learning é um subconjunto do e-learning, o acesso a construção do conhecimento ocorre

on-line pela internet, através da TV ou da sua integração com outros dispositivos que

personalize ou potencialize as vantagens de experiências de entretenimento em aprendizagem

(LIMA, 2016).

As denominadas TVs digitais, Smart TV ou TVs Inteligentes utilizam-se de recursos como IP

Based, IPTV e Web TV para transformar o telespectador em aprendente através de receptores

digitais possibilitando videoconferências, downloads e uploads de informações, além de

serviços como navegação e comunicação através de plataformas de ensino (GOMES; LIMA,

2005; LIMA, 2016).

Apesar da infinidade de possibilidades, alguns problemas são apontados como dificultadores

para a propagação desse formato. As dificuldades vão desde a falta de popularidade das Smart

Tvs, passam pela transição de comportamento do usuário telespectador que resiste em tornar-

se aprendente e chegam até a complexa navegação via controle remoto que tem sido

considerada como não intuitiva pelos usuários, algumas alternativas de soluções foram

apresentadas, como joysticks, teclados, comando de voz, mas não foram bem recebidas pelos

potenciais aprendentes telespectadores (GOMES; GALVANI, 2014; LIMA, 2016).

o m-learning (mobile learning / educação ou aprendizagem móvel)

O m-learning e o e-learning são bem próximos, todavia o que os diferencia é o uso de redes e

dispositivos móveis para as conexões e interações, normalmente mais flexíveis, cômodas e

pessoais. As tecnologias móveis foram inicialmente comercializadas como dispositivos de

comunicação e entretenimento que evoluiu para uma integração mais sistemática com a

educação (UNESCO, 2014; LIMA, 2016).

Atualmente, o mundo assume um contexto de maiores possibilidades de portabilidade

acessíveis ao maior número de indivíduos. Os dispositivos móveis têm potencial de superar

exclusão digital, pois a cultural móvel já é uma realidade com ampla popularidade. As

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tecnologias e dispositivos móveis vieram contribuir de forma particular para um novo

paradigma de educação baseado na mobilidade das telecomunicações (LIMA, 2016).

Assim, compreende-se m-learning como modalidade educacional que engloba atividades que

possibilitem aos sujeitos a construção do conhecimento através de dispositivos móveis, de

formas e tamanhos variáveis, e conexão à internet, numa configuração que lhe permita ampla

mobilidade (UNESCO, 2014; LIMA, 2016;).

A presença maciça de dispositivos móveis na vida contemporânea é uma realidade, ao longo

do tempo tornaram-se mais potentes, baratos e funcionais. Assim a educação móvel é

apresentada como a tendência para ser a principal forma de educação a distância num futuro

próximo (UNESCO, 2014; TAXA et al., 2016; LIMA, 2016).

Ademais, é discutido em associação a todos os formatos anteriormente apresentados o conceito

de u-learning (ubiquitous learning / educação ou aprendizagem ubíqua), esse refere-se a

caraterística de ubiquidade dos novos formatos em EaD associados a internet. A onipresença

da educação e a combinação de ambientes virtuais e espaços físicos, permite a incorporação de

atividades de educação na vida cotidiana, assim a educação passa a ser um processo tão comum

que se confundirá com a própria vida do aprendente (TOLENTINO et al., 2013; TEIXEIRA;

STEFANO; CAMPOS, 2015; LIMA, 2016).

Para finalizar a discussão sobre formatos, indica-se os caminhos projetados para o futuro da

EaD. Diversas tendências apontadas pela UNESCO (2014) através do documento “O futuro da

aprendizagem móvel: implicações para planejadores e gestores de políticas” destacam-se:

Inclusão de interfaces de interatividade e multimídia em formatos de leitura (e-book);

Popularização de tecnologias mais baratas, funcionais e acessíveis;

Democratização de sistemas com maiores capacidades de coleta, análise e sintetização;

Modernização de dispositivos (display flexível; projetor; óculos de realidade virtual);

Incorporação da aprendizagem de experiências (localização; reconhecimento);

Inserção da aprendizagem personalizada através de inteligência artificial.

É difícil mapear os horizontes e antever práticas, entretanto, sabe-se que haverá um aumento na

demanda por projetos de Educação Corporativa a Distância, bem como da sua customização e

personalização. A educação será “onipresente” através da integração das tecnologias, contudo

a oportunidade de aprendizagem a qualquer hora e lugar se dará através da multiplicidade de

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formatos e recursos tecnológicos, já conhecidos ou não (MORAN, 2005; SANTOS, 2007;

CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; FLEURY, DAHMMER, 2014; BRANDÃO, 2014;

UNESCO, 2014).

Acompanhamento

Dentre as inúmeras possibilidades que o aprendizado a distância proporciona, a comodidade, a

atemporalidade e autonomia dos aprendentes são das que mais causam euforia. Juntamente com

todas as benesses, existe também uma preocupação acadêmica pertinente quanto ao

desenvolvimento de um ambiente não só eficiente, interativo e conectado, mas também um

espaço afetivo no qual as pessoas não ocupem apenas a posição central do processo de

aprendizagem, mas que efetivamente sejam o centro (MORAN, 2005).

Nesse contexto, desenvolve-se o acompanhamento, nesta pesquisa, compreendido como o

conjunto de técnicas didáticas que permitem complementar, direcionar, conduzir e auxiliar os

indivíduos na caminhada de construção do conhecimento, ou seja, é estabelecer relacionamento

didático entre os sujeitos do processo de aprendizagem. Mesmo sem compartilhar da mesma

nomenclatura, Moran (2005, p.22) descreve características do acompanhamento:

Um dos grandes desafios hoje, é desenvolver um ambiente afetivo nos cursos

on-line. As mudanças na educação dependem, mais do que das novas

tecnologias, de termos educadores, gestores e alunos maduros intelectual e

emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas que saibam

motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato,

porque dele saímos enriquecidos.

Dada a relevância e os desafios da integração das pessoas no “aprender”, ressalta-se que, em

meio à onda de tecnologias e ao acesso rápido e ilimitado à informação e ao conhecimento, a

interação entre os seres humanos, ainda, é reconhecida como o auge da aprendizagem.

A seguir, nesta investigação são apresentadas as abordagens de interação, com fins de

acompanhamento, associadas à educação corporativa a distância, realizadas por líderes e por

não líderes.

o Líderes

O envolvimento dos líderes na promoção de ações educacionais tem sido objeto de parte dos

estudos sobre a temática. À liderança tem-se atribuído fator decisivo de consecução de

resultados específicos na Educação Corporativa a Distância (FONSECA, 2005).

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Considerado como diferencial de sucesso, o envolvimento e acompanhamento das lideranças

empresariais é crucial e vital a toda a cadeia educativa, já que é agente de consolidação e

transformação organizacionais, porém torna-se mais relevante ainda, entre os líderes diretos de

áreas negociais (EBOLI, 2005). Assim, o gestor passa a ser reconhecido como educador e esta

função torna-se concomitante e obrigatória às demais (TRISTÃO; ROGEL, 2012; GIL, 2016).

Pesquisas indicam que os líderes têm grande influência no processo de aprendizagem dos seus

liderados (HOURNEAUX JR.; EBOLI; MARTINS, 2007; TRISTÃO; ROGEL, 2012;

MOSCARDINI; KLEIN, 2015), e que através da atuação deles, como educadores, formadores

e orientadores no cotidiano do trabalho, fomenta-se uma cultura de valorização da educação

empresarial. Contudo, criar um ambiente que favoreça a formação e atuação das lideranças de

forma educadora é uma responsabilidade das organizações. Na prática, esse encargo se

materializa através de desenhos e programas pedagógicos que prevejam ações especificamente

voltadas para estimular esta classe específica (EBOLI, 2004; EBOLI, 2005; GIL, 2016).

Em um breve apanhado empírico destacam-se três classificações de liderança: alta liderança

(HOURNEAUX JR.; EBOLI; MARTINS, 2007), liderança média (TRISTÃO; ROGEL, 2012)

e a liderança informal (MOSCARDINI; KLEIN, 2015). Dentro das limitações de cada estudo,

buscou-se de forma geral compreender a influência da liderança educadora no processo de

educação organizacional.

Hourneaux Jr., Eboli e Martins (2007), em um estudo multicasos com empresas de diversos

setores da economia nacional em comparação com pesquisa americana similar, buscaram

levantar questões sobre o papel e a influência da alta liderança nos processos educativos das

empresas. Os resultados indicam que, neste público específico, o tema terá que progredir de

forma sistêmica antes de poder consolidar-se.

Já Tristão e Rogel (2012) procuraram compreender o papel dos líderes no processo de

aprendizagem organizacional através de estudo de caso. A liderança pesquisada é caracterizada

por não fazer parte da alta cúpula empresarial, porém são detentores de função formal de

liderança, ou seja, formam a famosa gerência média. Como conclusão foi identificada a

relevância da participação do líder na motivação e na disponibilização do tempo dedicado à

educação nas empresas, porém a participação dos envolvidos deixa a desejar, fato que é

apontado como corresponsabilidade da própria organização. Constata-se ainda que os líderes

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são carentes de desenvolver-se no papel de educadores, já que, na prática, não se constituem

agentes influenciadores do processo.

Por fim, Moscardini e Klein (2015) compreendem a liderança como um processo coletivo, para

além do nível hierárquico do indivíduo, consequentemente independe de papéis formais ou da

estrutura hierárquica corporativa, pois é reconhecida como fruto de interações sociais. Pela

liderança informal, buscou-se identificar estratégias (modelos educacionais) na Educação

Corporativa a Distância através de um estudo multicasos. Os resultados apontam para a

existência de liderança que valida um processo social aplicado em formato não presencial,

desenvolvido internamente através de mídias e tecnologias para estabelecer relação social, sob

percepção positiva em relação à influência da liderança nas empresas pesquisadas.

Conforme descrição das pesquisas apresentadas sob os diversos aspectos da atuação liderança

como ferramenta de acompanhamento didático, evidencia-se a relevância da participação da

classe “líderes” para o sucesso do processo educacional corporativo. Destaca-se ainda que a

formalidade da “gestão” não se constitui fator determinante para a prática da liderança em

quaisquer dos níveis de liderança investigados.

O “gestor educador” é um perfil de liderança que se compromete com a perenidade do processo

corporativo-educacional, assim a participação dos “líderes” caracteriza-se como ferramenta de

valor na educação empresarial.

o Não líderes

O acompanhamento por não líderes tem um tratamento específico pela literatura. Intitulado de

“estar junto virtual” é considerado como o ápice da interatividade e não se limita apenas a troca

com os facilitadores do processo, estende-se, também, a contatos entre os próprios aprendentes

(TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; RICARDO, 2008; VALENTE,

2011; BELLONI, 2012).

No “estar junto virtual”, promove-se o engajamento, compartilhamento e a produção de

resultados através da interação e participação de distintos interlocutores (VALENTE, 2011).

Nessa busca por fundamentar a educação a partir das relações humanas, ainda que através de

recursos tecnológicos, constata-se a tendência em aplicar intensamente “monitores”,

“multiplicadores”, “orientadores”, “facilitadores”, “mentores”, “tutores” e “motivadores” em

ambientes de educação a distância, estendendo-se aos espaços corporativos (TAVARES-

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SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI; RESENDE, 2005;

MAIA, 2005; MORE et al., 2010; BARROS; SOUZA, 2012; GIL, 2016).

Essas figuras são aplicadas conjunta ou separadamente, a depender da robustez da estrutura

educacional a distância. No caso de ser adotada a aplicação de mais de uma, é relevante

estabelecer harmonia entre os formatos escolhidos.

Para finalizar a discussão dos modelos de acompanhamento, são descritas duas experiências em

ambiente acadêmico de ensino a distância, uma em tutoria (MORE et al., 2010) e a outra em

mentoria (BARROS; SOUZA, 2012).

Antes do aprofundamento das pesquisas, vale a pena definir as funções investigadas. A tutoria

é uma interação cujo objetivo é atribuir significado à educação, nivelar a linguagem, estabelecer

sinergia entre teoria e prática, não sendo necessariamente obrigatório o domínio sobre os

conteúdos por parte do tutor. Evidentemente, que é necessário um conhecimento mínimo para

permitir o diálogo com os aprendentes, mas o tutor não precisa ser especialista no tema, objeto

do aprendizado (TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; AZEVEDO;

BIAGIOTTI; RESENDE, 2005; MORE et al., 2010).

Já a mentoria está classificada como uma ferramenta de desenvolvimento que consiste em

alguém mais experiente acompanhando e auxiliando outro com menos experiência, assim torna-

se facilitador de um processo semelhante à sua própria vivência. Neste caso, o conhecimento

sobre a temática do aprendizado está intrínseco ao processo, já que o mentor, em tese, é detentor

do conhecimento e da prática, perfeitamente aplicado a conteúdos mais técnicos (MORE et al.,

2010).

Destaca-se, ainda, lacuna teórica no desenvolvimento de pesquisas sobre as temáticas nos

contextos aplicados às corporações. Quer seja na orientação e conselho, coletivos e

individualizados (tutoria), quer seja na dedicação ao acompanhamento prático (mentoria),

constituem-se assuntos pouco explorado no Brasil, embora a academia reconheça a

contribuição de ambos para o desenvolvimento de pessoas tanto profissional quanto

pessoalmente (MORE et al., 2010; BARROS; SOUZA, 2012)

A tutoria tem suas características apresentadas e discutidas, porém não se constitui objeto

central no estudo de More et al. (2010). Já a mentoria recebe destaque na pesquisa de Barros e

Souza (2012). O e-mentoring recebe distinção por ser investigado em todo o mundo com

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aplicações específicas ao ambiente de trabalho. No Brasil, é pouco explorado pela academia e

pouco utilizado formalmente pelas empresas, principalmente quando associado a Educação

Corporativa a Distância (BARROS; SOUZA, 2012).

Dados os devidos esclarecimentos, é retomada a apresentação dos resultados das pesquisas.

Com o objetivo demonstrar uma análise dos principais agentes em um processo de EaD, no

qual o tutor é reconhecido com papel fundamental no desenvolvimento da aprendizagem, More

et al. (2010) identificam a migração do modelo proposto a partir de contatos pessoais para o

modelo de tutoria a distância, mediado por diversos recursos tecnológicos.

São apontados como resultados: interações virtuais que se convertem em êxito na

aprendizagem, criação de tratamento personalizado que gera pertencimento e implantação de

diálogo personalizado e permanente que se utiliza da comunicação como fator de

relacionamento e motivação. Este conjunto de intervenções por intermédio da tutoria, são

indicadores positivos de consecução dos objetivos didáticos-pedagógicos (MORE et al., 2010).

A pesquisa de Barros e Souza (2012) teve como objetivo a investigação da relação mentor-

mentorado na mentoria eletrônica (virtual) e identificou o e-mentoring. como um diferencial

para a aprendizagem a distância, utilizando-se de meios tecnológicos para promover a relação

com foco no aprendizado.

Os resultados obtidos indicam a expansão acadêmica do tema, a obtenção de apoio na carreira

profissional a curto prazo e a melhoria na qualidade do processo de interação entre os sujeitos,

com benefícios não só para o mentorado, mas também para o mentor (BARROS; SOUZA,

2012).

Finalmente, este resumido panorama apresenta resultados obtidos com a aplicação da mentoria

e tutoria virtuais como acompanhamento. Indicações de melhorias que podem e devem ser

aplicadas em ambientes empresariais, inclusive sob o aspecto da combinação de técnicas no

caso de aplicações de sistemas bimodal (originado da combinação de dois formatos de

acompanhamento) ou multimodal (originado da combinação de três ou mais formatos de

acompanhamento). Em suma, não se trata apenas de oferecer meios para a educação, mas

também oferecer apoio e suporte através da presença de instrumentos que permitam o

acompanhamento do processo (CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012).

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Contexto

Para efeitos desta pesquisa, considera-se contexto como a totalidade e a diversidade das

circunstâncias que formam o ambiente no qual o processo educacional se insere e que

influenciam ou interferem no posicionamento individual do aprendente. Sob este enfoque

destacam-se estudos de resistência e valores aplicados à educação empresarial.

o Resistencia

Ao abordar o futuro da educação a distância, Moran (2005) prenuncia que em algum tempo será

raridade um curso por meio exclusivamente presencial. Atualmente, encontra-se frustrações dos

participantes, desencontro na comunicação e rejeição da EaD, no entanto, o amanhã reserva a

remodelação drástica do padrão presencial (BRAUER; ALBERTIN, 2010; ALBERTIN;

BRAUER, 2012; MORAES, 2014).

Compreende-se resistência, nesta pesquisa, como o fator de oposição a legitimação funcional

de um processo de Educação Corporativa a Distância. A resistência estaria ligada às “intenções

de comportamentos dos empregados visando a manutenção dos treinamentos no formato

tradicional” (BRAUER; ALBERTIN, 2010, p. 146), ou seja, a manutenção do paradigma

presencial em detrimento do modelo a distância.

A resistência é apontada como problema para as organizações e suas formas de educação, no

entanto, não são tão frequentes os estudos sobre a temática. A incorporação de tecnologias causa

um “choque” de posicionamentos opostos, pois representa a alteração do modelo já legitimado,

contudo, a parceria entre tecnologia e educação encontra-se num estágio sem volta

(ALBERTIN; BRAUER, 2012).

Os trabalhos de Brauer e Albertin (2010), estudo bibliográfico, e Albertin e Brauer (2012),

estudo empírico, representam o esforço em melhor compreender a dinâmica da resistência da

EaD na Educação Corporativa. Nessa busca, foi apresentado um modelo validado que

compreende e explica as principais causas da resistência. Pela compreensão da Teoria Unificada

de Aceitação de Uso da Tecnologia – UTAUT, estão subdivididas em oito categorias

representadas pela Figura 5.

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Figura 5 – Dinâmica da resistência em Educação Corporativa a Distância

Fonte: Adaptado de Albertin e Brauer (2012)

As oito espécies do modelo apresentam características investigativas sistematizadas a partir de

diversas teorias. São apresentadas para cada classificação uma definição geral e características

que facilitam a identificação de funcionários com o perfil descrito. Reforça-se ainda que um só

indivíduo poderá apresentar uma combinação de fatores e níveis de resistência. O modelo,

voltado para o sujeito e estruturado para ser aplicável independente da organização, aborda

temáticas como autodidática, utilidade pessoal, experiência, interação e aprovação.

Nos resultados, foi indicada a relevância de incentivar e apoiar os empregados na adesão do

modelo a distância, porém evidenciou-se que tão importante quanto o incentivo é que os

funcionários identifiquem utilidade pessoal na aceitação ao paradigma. A identificação dos

perfis de sujeitos também foi uma vantagem do estudo, por meio destes as organizações poderão

traçar e implementar ações estratégicas que aumentem a eficiência dos programas EaD, a partir

dos resultados obtidos. No contexto no qual as empresas têm a missão de lidar com as questões

da resistência que tenham também uma ferramenta que permita utilizar-se da ciência para

eliminar ou reduzir seus efeitos (ALBERTIN; BRAUER, 2012).

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o Valores

Mesmo em cenários mais estáveis, Moran (2005, p.20) aponta uma lista de “problemas” que

acometem alguns modelos educacionais a distância:

Crença que um bom conteúdo resolve tudo; vídeos sonolentos; palestras

power point; produzidos internacionalmente, são traduzidos, mas não

adaptados; cursos longos; desmotivação no longo prazo; aprendizagem

exclusivamente teórica; insuficiência da relação teoria/pratica; manutenção do

diálogo; adaptação de estratégias pedagógicas; acompanhamento do

treinando; criar propostas inovadoras; desenvolver ambiente afetivo nos

ambientes virtuais; gerenciar indivíduos e grupos, a distância.

Atribui-se esse elencado de obstáculos a projetos educacionais fundamentados excessivamente

em elementos objetivos, não que devam ser desmerecidos, mas que a partir da união destes com

elementos subjetivos, próprios do ser humano que é o foco da educação a distância, sejam

estruturados contextos favoráveis à construção do conhecimento.

Bases teóricas alertam que as empresas devem considerar os aspectos psicossociais,

sociodemográficos, motivacionais e cognitivo-comportamentais dos indivíduos e, assim,

ajustar os conceitos interpessoais e de integração organizacional aos modelos de educação

empresarial. Como ciência social, a educação deve atentar para necessidades e aspirações do

indivíduo, motivações e dificuldades, para que todo um projeto corporativo-educacional não

seja comprometido por considerar apenas a objetividade da Educação Corporativa a Distância

(GUEDINE; TESTA; FREITAS, 2008; BRANDÃO, 2014; GIL, 2016).

A subjetividade humana, compreendida neste estudo como valores, são crenças duradouras e

que representam traços centrais da personalidade humana. Portugal et al. (2013, p. 96) define

valores como:

Conjunto de princípios ou crenças que representam objetivos ou estados finais

desejados, que transcendem circunstâncias específicas, orientam a escolha ou

avaliação de comportamentos ou eventos, e podem ser ordenados por

importância relativa, refletindo, assim, tanto interesses individuais quanto

coletivos.

Complementar aos aspectos conceituais, Moraes (2014) aprofunda a discussão científica

baseada na Teoria de Valores Pessoais e sua associação com a educação corporativa. Os valores

são características de significação das coisas e pessoas intrínsecos ao ser humano, manifestados

em qualquer fenômeno social. Como as organizações são fenômenos sociais, valores pessoais

e organizacionais, inclusive os de natureza educacional, ajudam a compor o contexto

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institucional no qual se desenvolvem (TOLENTINO et al., 2013; PORTUGAL et al., 2013;

MORAES, 2014; BUTZKE; ALBERTON, 2017).

É ressaltado ainda a diferenciação entre os valores declarados e os valores vivenciados, o

discurso organizacional não pode ser distinto da realidade da organização. O significado para

as pessoas é motivador, valores compartilhados entre pessoas e funcionários guiam o

comportamento, fortalecem o engajamento e influenciam os resultados (MORAES, 2014).

A academia defende a não fragmentação da educação. Pela observação de componentes

afetivos, cognitivos e de conduta nas relações educacionais corporativas o sistema deverá

desenvolver o ser humano em todos os seus aspectos físico, espiritual e afetivo. Assim, se

estabelecerá uma “escola de valores” que vai além de conteúdos técnicos e comportamentais e

chega até a formação de uma cultura de fortalecimento contra as possíveis dificuldades e

resistência ao modelo EaD. Para tanto, a literatura recomenda que sejam considerados cultura,

status social, personalidade, emoções, percepções e motivações (FONSECA, 2005;

CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; MORAES, 2014; BRANDÃO, 2014).

O comprometimento das organizações é refletido no comprometimento do coletivo, bem como

na educação e desenvolvimento dos seus colaboradores. Santos e Medina (2005, p. 130)

argumentam que “o comprometimento do indivíduo está diretamente associado ao seu nível

motivacional, à sua satisfação com o trabalho que realiza e à sua realização laboral como um

todo”. Assim, a percepção dos funcionários poderá ser o guia das escolhas e desenvolvimento

necessário aos resultados do negócio, aumentando o desempenho individual e inspirando o

coletivo (MORAES, 2014).

Os valores pessoais do indivíduo são determinados com base em seus desejos e sob influência

dos valores organizacionais, esse conjunto, em intensidades distintas, formam a visão e o

posicionamento do sujeito em relação a educação. A síntese da argumentação sobre valores é

representada na Figura 6, conforme segue:

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Figura 6 – Dinâmica dos valores em Educação Corporativa a Distância

Fonte: Elaboração própria.

Finalmente, reconhecendo a educação como a influência intencional e sistemática sobre o ser

humano e que os valores e as crenças, quer individuais, quer coletivas, são componentes

fundamentais do processo educativo corporativo, Moraes (2014, p. 205) aponta:

Um desafio para os especialistas em educação corporativa é a descoberta de

formas inovadoras de produção e disseminação de valores nos seus conteúdos

educacionais, e que, além disso, também causem engajamento nos diversos

públicos envolvidos.

Assim, os conteúdos, métodos e tecnologias educacionais além de oferecer o conhecimento

necessário aos objetivos organizacionais, devem produzir e disseminar valores, para que o

processo de aprendizagem supere o simples compartilhamento de conceitos e chegue até o

empenho e engajamento dos sujeitos. A defesa compartilhada por Moraes (2014, p. 205)

consistem em “criar uma escola de valores na estrutura da educação corporativa”, argumento

este, responsável pela implantação de um contexto favorável ao processo educativo.

2.2.3 Percepção

Existe um desenvolvimento crescente nos estudos sobre a promoção da participação dos

funcionários na construção do plano pedagógico corporativo. A academia constata a

necessidade de práticas didáticas que envolvam todos os funcionários da organização, através

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de formatos menos centralizados, mais flexíveis, integrados e que defendam a interatividade e

o compartilhamento (MORAN, 2005; STAREC, 2012; LIMA, 2016).

Essa participação funcional ativa advém da percepção individual de cada funcionário-

aprendente. Percepção é o conjunto de preferências quanto a forma de receber, processar,

armazenar e utilizar uma nova informação. É o modo único e habitual que o aprendente adquire

conhecimentos, e está comumente associado a características internas, como o processo

cognitivo, assim expressa facilidades e limitações individuais (BRANDÃO, 2014).

A construção teórica iniciou-se com base na Teoria da Clientela com o direcionamento do foco

para o aprendente, cliente do processo educativo nas organizações. A Teoria da Clientela,

compreensão das ciências da gestão, consiste em ouvir o cliente para compreender suas

necessidades e atendê-las com maior eficiência. O foco no aprendente é uma evolução da

ciência da educação, que representa o deslocamento para a ênfase no aprendente (MORAES,

2014).

Como ‘cliente’, o colaborador é consultado sobre questões educacionais, também poderá expor

anseios, preocupações e sentimentos (individualidade humana, fator de resultado) que poderão

ser considerados na elaboração de um projeto participativo de educação corporativa e nas suas

práticas (TOLENTINO et al., 2013; PORTUGAL et al., 2013; MORAES, 2014).

Belloni (2012) destaca a necessidade de conhecer expectativas e necessidades dos aprendentes,

apontando como fator negativo no processo o seu desconhecimento, enquanto Ricardo (2008)

evidencia que os programas educacionais devem ser consolidados após consultar os

colaboradores. O foco nos funcionários, que são os clientes dos serviços educacionais prestados

pelas organizações, é defendido a partir da concepção ativa no processo, ou seja, da sua efetiva

participação a começar dos projetos e estratégias educativas.

Sob esta percepção constroem-se estratégias “democráticas” de aprendizagem, nas quais os

clientes são o foco da aprendizagem. O procedimento denominado de “Gestão Educacional

Democrática” (STAREC, 2012), termo ainda pouco conhecido, mesmo entre os estudiosos da

educação organizacional, representa a reflexão sobre a participação dos trabalhadores na

construção da didática e da prática da educação empresarial (GOULART, 2005; FONSECA,

2005; SANTOS; SILVA, 2005; RICARDO, 2012).

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O processo de “democratização” do projeto político pedagógico permite novas formas de

conduzir a educação em ambiente corporativo, desde conversas norteadoras da didática

empresarial, a transformação dos espaços de aprendizagem pelos próprios colaboradores, a

implantação de processos dinâmicos, até a desburocratização dos currículos e conteúdos

(GOULART, 2005; SANTOS; SILVA, 2005; FONSECA, 2005; STAREC, 2012; RICARDO,

2012).

Não obstante, soluções de aprendizado são definidas com a postura passiva dos aprendentes,

no entanto, a proposta participativa estimula a postura ativa de criticar e até modificar o cenário

da educação organizacional e incentiva atuação do aprendente como coautor das práticas

educacionais corporativas (FONSECA, 2005).

Na Educação Corporativa a Distância é formada uma zona híbrida entre colaboradores e a

própria organização. Novos espaços virtuais e digitais de aprendizagem também se constituem

locais promovedores de soluções didáticas. Assim, é pertinente estabelecer discussão sobre

novas formas de aprender corporativamente, bem como, faz-se necessário repensar o papel das

organizações enquanto espaços para fortalecimento da comunicação entre formadores e

aprendentes (SANTOS; SILVA, 2005; MORAN, 2005).

O contexto da “participação” dos aprendentes não deve se resumir a escolha de alternativas,

que exista a negociação, que se estabeleça o consenso, que a mensagem seja ouvida,

compreendida e considerada. Se existem novas formas de aprendizado, então que a prática seja

novidade também, que seja participativa (SANTOS; SILVA, 2005; RICARDO, 2012). Então

(EBOLI, 2004, p. 55) argumenta que:

Prática realmente de sucesso será valorização do que existe de mais simples e

profundo do ser humano: sonhos, valores e princípios motivadores do

comportamento, ou seja, explorar a natureza humana, para posteriormente ser

concretizados em ações e resultados visíveis.

Promover a participação nas organizações não se traduz tarefa simples, o campo prático exige

atenção quanto ao grau de empoderamento dado a pessoas, equipes ou projetos. A autonomia

proporcionada pelo modelo participativo poderá ter efeito contrário a depender da condução do

processo (MORAES, 2014). Contudo, os fatores desafiadores não se constituem inibidores da

proposta, e para os que se indagam a respeito de um projeto participativo, quando a custos,

viabilidade e dificuldades técnicas, ou até quanto a qualidade da participação, Moraes (2014, p.

205) instiga:

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Tristes dos sistemas que não estão abertos para o contraditório, por mais

trabalho que isso possa dar. Contudo, alinhar valores e expectativas é preciso,

porque o tempo e os recursos são escassos em todas as organizações e a

Educação Corporativa precisa balancear a busca por resultados imediatos e a

construção no futuro daquele ambiente corporativo. É desafiador, mas se não

fosse assim, não seria educação.

Finalmente, são reconhecidos desafios a serem enfrentados, o que não se constitui impedimento

ao progresso da educação corporativa. A missão é composta por ciclos de constantes revisão e

atualização, o que não deve ser percebido com indiferença, mas sim como uma possibilidade

de abertura ao novo. A partir de novidades em propostas, práticas e percepções, desenvolver

pessoas segundo objetivos estabelecidos, esse é o encanto da educação.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A ciência é um estágio do conhecimento humano, é a união aprofundada e sistematizada de

estudos sobre fenômenos, explicados racionalmente e executados via rigorosos procedimentos

científicos. Esse conhecimento profundo é compreendido como “um sistema de produção de

informações, em particular na forma de publicações” (SEMPREBOM; TAKAHASHI, 2013, p.

74).

A ciência está intrínseca ao método científico. A precisão exigida pela ciência e a qualidade

dos resultados das pesquisas dependem da correta aplicação do método. Apresentado por

Richardson et al. (2015) como o conjunto de procedimentos ou a maneira ou, ainda, o caminho

para chegar a um fim, é responsável pelo ordenamento dos processos para o alcance dos

objetivos da pesquisa.

Considerando o presente estudo proposto como “forma de publicação” de ciência e com base

no problema formulado, determina-se o método aplicado. Fundamentado em reflexão

bibliográfica e no questionamento da pesquisa, esta seção é responsável por caracterizar o

procedimento para o alcance dos objetivos propostos no estudo. Assim, o capítulo está

estruturado, respectivamente, em sete subdivisões, a saber: 3.1 delineamento da pesquisa; 3.2

locus; 3.3 sujeitos da pesquisa; 3.4 instrumentos de coleta de dados; 3.5 tratamento e análise de

dados; 3.6 limites da pesquisa; 3.7 limitações da pesquisa.

3.1 Delineamento da pesquisa

O delineamento da pesquisa, como parte de um procedimento metodológico, é norteador na

busca por respostas e consolidador da validade do estudo. Nesta pesquisa, conforme orientações

de Richardson et al. (2015) e Yin (2016), é aplicado o método descritivo por se dedicar a

identificar, descrever e significar a educação corporativa na modalidade educação à distância

numa instituição financeira nacional. Para tanto, se propõe a registrar e comparar os dados,

analisando e classificando os aspectos educacionais corporativos a distância sob a compreensão

e interpretação dos funcionários.

Por comprometer-se em verificar a interação entre significantes e significados, o estudo em tela

classifica-se como qualitativo, método que tem recebido crescente expressão na produção

científica nacional. Dado o objetivo da pesquisa, não se pretende numerar, medir ou quantificar,

seu fim é a qualificação, para tanto, não é necessário empregar instrumentos estatísticos. O

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problema é entendido como um fenômeno e a finalidade da investigação não é contar opiniões,

mas explorar as diferentes interpretações sobre o assunto. O procedimento qualitativo permite

perseguir visões e compreensões entre os atores e a situação, e investigar a ligação das crenças,

valores e motivações em relação aos comportamentos das pessoas em contextos sociais

específicos. Assim, buscar sua natureza, entender suas particularidades, imergir na realidade e

descobrir dificuldades e incertezas são orientações de interesse qualitativo de pesquisa

(CORAIOLA et al., 2013; TAKAHASHI; SEMPREBOM, 2013; CRESWELL, 2014;

RICHARDSON et al., 2015; BAUER; AARTS, 2015; YIN, 2016).

Por fim, ao buscar compreender a percepção dos funcionários sobre o processo de Educação

Corporativa a Distância de uma instituição financeira nacional, identifica-se o alinhamento,

bem como o amadurecimento, da escolha procedimental aplicada. Assim, o delineamento deste

estudo, que consiste em sistematizar as escolhas metodológicas em conformidade com os

objetivos, é estruturado sob a forma de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa.

3.2 Locus

O locus de uma pesquisa qualitativa pode ser uma pessoa, um grupo, uma empresa ou parte

dela, contudo deverá estar alinhado aos objetivos do estudo. A escolha de um adequado locus

de pesquisa é aspecto fundamental no método qualitativo, e deve ser fruto de um processo

investigativo, seguido de um metódico processo decisório. Nesta pesquisa, conforme indica

Richardson et al. (2015), foram observados 2 itens para a seleção do locus da pesquisa:

representatividade para a temática da pesquisa e acesso aos participantes da pesquisa.

Representatividade para a temática da pesquisa

A educação corporativa a distância na instituição financeira investigada constitui-se locus da

pesquisa. Historicamente, a organização tem como marco a vanguarda nacional em capacitação

funcional. Regularmente, existia a preocupação com a preparação de funcionários, porém, na

década de 1960, se destacou como percussora nacional em formação e seleção de pessoal ao

institucionalizar práticas educativas através da implantação de um centro especializado de

qualificação de pessoal, dando início à história formal da educação na empresa (XAVIER,

2015).

Recentemente, em 2002, continuou inovando com a criação da própria Universidade

Corporativa, tendência americana que se desenvolveu no Brasil no início dos anos 2000. Por

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ela, foram fortalecidas e modernizadas as ações de aprendizagem organizacional, levando a

empresa a obter um alto nível no patamar de reconhecimento nacional e internacional.

(XAVIER, 2015; UNIBB, 2016).

Atualmente, a sua Universidade Corporativa é referência e modelo de sucesso nacional com

forte representatividade internacional em Educação Corporativa a Distância. Desde 2013, foi

criado um Portal específico para a educação dos trabalhadores. Voltado para a aprendizagem

organizacional, evolui uma vez mais e, ao adicionar o uso de novas tecnologias, lançou em

2014 a versão Mobile do portal, fomentando o posicionamento da aprendizagem ubíqua

(UNIBB, 2016).

Em 2017, apontado entre os maiores bancos da América Latina e com cerca de 100.622

empregados espalhados por todo o território nacional prevê o investimento de cerca de R$ 121,7

milhões em educação empresarial. Hoje em dia, é pioneiro na implantação do uso de

simuladores de realidade virtual e na associação de recursos tecnológicos à educação de

trabalhadores (UNIBB, 2016).

A caracterização histórica da organização, em síntese, retrata uma instituição referência

nacional e internacional em Educação Corporativa, que investe expressivamente na capacitação

de seus colaboradores e que se destaca na implantação de novas tecnologias aplicadas à

Educação a Distância, num setor de extrema competitividade. Assim, a escolha dessa empresa

baseou-se na representatividade do fenômeno estudado nas práticas organizacionais, sendo este

caso específico peculiar para o estudo da temática proposta e para os objetivos da pesquisa,

considerando o contexto nacional ao qual se aplica.

Acesso aos participantes da pesquisa

Estruturalmente, a organização está dividida em unidades estratégicas, táticas e operacionais.

Esta última é responsável por grande parte dos desafios logísticos da educação empresarial,

pois corresponde às unidades de localização mais pulverizada. Para a vasta cobertura territorial

de um país continental, como o Brasil, a instituição está se utilizando da Educação Corporativa

a Distância para suprir as demandas educacionais dos trabalhadores.

Por reconhecer a inviabilidade de estender a pesquisa para a esfera nacional, foi eleita a

totalidade das unidades de negócios localizadas no estado de Pernambuco como elemento

limitador da pesquisa. As unidades de negócios, subdivisão das unidades operacionais, são as

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dependências que registram maior desconcentração e afastamento territorial, além de possuírem

representatividade numérica e alto percentual de funcionários nelas lotados. Em Pernambuco,

o conjunto das unidades de negócios é formado por 148 agências e 28 postos de atendimentos,

perfazendo um total de 176 dependências, com 2077 funcionários lotados (dados atualizados

em 10/01/2018).

Essa escolha permitiu a construção sistemática das percepções sobre o construto dentro de uma

delimitação territorial compatível com uma unidade da federação e em divisão departamental

homogênea. Assim, o cenário de investigação escolhido decorreu das diversas demandas

educativas por parte das unidades de negócios e de rápido tempo de resposta necessário ao atual

cenário da educação corporativa. Foi levado em consideração, também, o critério da

acessibilidade, por ser a pesquisadora funcionária lotada nesse estado e parte do processo

educacional local da empresa.

3.3 Sujeitos da pesquisa

Intrínseco ao locus estão os sujeitos da pesquisa, estes são os indivíduos escolhidos mediante

definição de critérios específicos que viabilizem o alcance dos objetivos do estudo. Escolher os

participantes da pesquisa é a primeira etapa do processo empírico da pesquisa científica. A

definição dos sujeitos da pesquisa refere-se à limitação de todos os possíveis respondentes, a

partir destes foram selecionados os efetivos participantes da pesquisa. O resultado da

investigação representa a totalidade dos sujeitos, através dos dados fornecidos pelos seus

respondentes (CRESWELL, 2014).

Bauer e Aarts (2015) denominam essa escolha de “construção do corpus” da pesquisa e

orientam a seleção de indivíduos-respondentes através de técnicas e critérios. Os respondentes

foram selecionados a partir dos funcionários lotados nas unidades negociais de Pernambuco,

conforme limitação do locus no item 3.2. Os critérios estabelecidos previamente baseiam-se na

seleção de respondentes que são público alvo das metodologias EaD da instituição. Dentre

esses, ainda se aplicam dois filtros: a seleção de indivíduos que ofereçam dados adequados aos

objetivos da pesquisa e que, simultaneamente, estejam acessíveis à pesquisadora (CRESWELL,

2014).

Conforme Cresweel (2014), é possível utilizar mais de uma estratégia de seleção de sujeitos

num mesmo estudo com o objetivo de obter participantes diversificados e com máxima

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variação, o que para esta pesquisa é de extrema relevância, pois confere múltiplas perspectivas

sobre o fenômeno estudado.

Inicialmente, adotou-se a estratégia de seleção intencional associada à seleção por

conveniência, que, respectivamente, consistem em escolher indivíduos que propositalmente

exemplifiquem os sujeitos da pesquisa e que sejam voluntários na investigação (CRESWELL,

2014; YIN, 2016). Assim, foram considerados todos os sujeitos dos quais se tinha conhecimento

prévio de suas experiências com o fenômeno estudado e que estavam disponíveis à pesquisa,

por julgar que a temática é interessante para o seu contexto. Na sequência, o público foi

estendido através da seleção em bola de neve, que consiste em buscar novos participantes

através de indicações dos já existentes (BAUER; AARTS, 2015; YIN, 2016). Essa técnica foi

aplicada em 2 níveis de indicações, com o objetivo de evitar a tendenciosidade na investigação

e oferecer visões mais diversas.

Ainda sobre a seleção dos sujeitos, destaca-se a acessibilidade à instituição, aos sujeitos e aos

participantes por ser a pesquisadora funcionária da organização. Nesse ponto, ressalta-se que

foram observados critérios e método mais rigorosos: a pesquisa no próprio ambiente de trabalho

é conveniente porque reduz significativamente os obstáculos e proporciona abertura e acessos

que seriam impedidos para um pesquisador não funcionário, contudo, Cresweel (2014)

recomenda que pesquisadores que estudam o caso da própria organização devem ter alguns

cuidados diferenciados com objetivo de minimizar riscos à empresa e à pesquisa.

Por recomendar-se cautela ao estudar a própria empresa, nesta pesquisa, não foi empregado

como participante nenhum funcionário lotado na mesma dependência da pesquisadora, bem

como, por indicar-se a adoção de estratégias de validação, foram aplicados pré-testes para

aprimoramento do instrumento de coleta e correção de possíveis vieses da pesquisa. Por fim,

para dirimir questionamentos sobre os dados obtidos, quer pela academia, quer pela instituição,

salienta-se que o projeto de pesquisa foi analisado e autorizado pela diretoria de pessoas da

empresa, juntamente com o fornecimento de informações aplicadas à investigação e que o

emprego da pesquisa na própria instituição é uma condição aceita pela pesquisadora ao

ingressar no programa de bolsas da instituição.

Caracterização dos respondentes

Conforme a literatura, pouco pode ser dito sobre a quantidade de respondentes. Os autores não

apresentam consenso sobre a quantidade de participantes em investigações qualitativas,

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contudo, indicações de tempo de coleta e análise, possibilidades de generalizações e quantidade

de pesquisadores envolvidos podem ser considerados como restrição para o tamanho do corpus.

Nesta pesquisa, foram observadas, ainda, indicações que apontam o número de referência de

participantes entre 15 e 25, obedecendo o critério de saturação (CRESWELL, 2014;

RICHARDSON et al., 2015; BAUER; AARTS, 2015; YIN, 2016). Assim, obteve-se, nesta

pesquisa, um total de 18 indivíduos. A saturação foi identificada por volta do décimo quinto

participante, mas por indicação da teoria ainda foram realizadas mais 3 entrevistas para

confirmá-la. Após ratificação, foi suspenso o ciclo da seleção por bola de neve.

Considerando que a história pessoal, o ambiente profissional, o tempo e as experiências do

indivíduo são fatores imateriais que o transformam constantemente, os seres humanos são

produto do meio e de suas próprias reflexões (FREIRE, 1996; RIBEIRO, 2010; FREIRE, 2015).

Em busca de pontos de vista, entendimentos e compreensões, a apresentação dos respondentes

revela-se como elemento inicial de percepção a identificação. É o esforço em examinar as

características dos participantes que revelem a essência de seus posicionamentos e ponderações,

é vislumbrar sentido em cada característica do sujeito.

Conforme informações obtidas pelo Roteiro de entrevista (Apêndice C), através do item

“Participante: perfil e caracterização”, são descritas as características gerais e individuais dos

sujeitos entrevistados, a saber: idade, gênero, empresas em que trabalhou, tempo de instituição,

função e formação.

Idade

Considera-se idade como uma unidade de medida para um intervalo de tempo aplicado à vida

dos seres humanos. Associados à idade estão distintos papéis sociais, rotinas pessoais e

obrigações que condicionam a compreensão do sujeito. A idade pode influenciar no

posicionamento do indivíduo nas mais diversas áreas de sua vida, incluindo a vida corporativa.

Atrelados à idade vinculam-se distintos níveis de experiência e maturidade. Para efeitos desta

investigação, foram aplicadas 4 faixas etárias para os respondentes conforme Tabela 1:

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Tabela 1 – Característica: idade

FAIXA ETÁRIA QNT.

Até 30 anos 4

De 31 a 40 anos 11

De 41 a 50 anos 2

Acima de 50 anos 2

TOTAL 18

Fonte: Elaboração própria.

Mais da metade dos respondentes encontra-se na faixa etária de 31 a 40 anos. Somados ao

público de 41 a 50 anos e os acima de 50, obtém-se um grupo amadurecido de respondentes.

Pessoas nesse intervalo de idade revelam uma certa maturidade profissional, com

posicionamentos mais equilibrados e carreiras definidas, bem como estabilidade emocional e

maior senso corporativo. Assim, destaca-se, então, a individualidade de entrevistados

potencialmente experientes e com capacidade perceptiva apurada.

Gênero

O gênero, comumente, é associado à diferença constituída socialmente que é orientadora de

papéis e rotinas sociais. Nesta pesquisa qualitativa, por resposta aberta, cada entrevistado

caracterizou-se entre os gêneros masculino e feminino conforme Tabela 2, a seguir:

Tabela 2 – Característica: gênero

GÊNEROS QNT.

Masculino 11

Feminino 7

TOTAL 18

Fonte: Elaboração própria.

Dos 18 respondentes, 11 identificaram-se como pertencentes ao gênero masculino e 7 ao

feminino. A representatividade maior de homens entre os entrevistados é também uma realidade

na organização investigada, e vai ao encontro dos papéis socialmente propostos, associando as

funções de provedor e voltadas para o trabalho e o sustento, à figura masculina. Nesta

investigação buscou-se ambas as percepções, contudo, numericamente os respondentes se

sobrepuseram às respondentes, fato não tão incomum, corporativamente falando.

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Empresas em que trabalhou

Para investigações corporativas, é proveitoso identificar o grau de interação dos participantes

com o mercado. Funcionários com vivência em distintas empresas poderão desenvolver visão

holística com perfil sistêmico e multifacetado, enquanto que funcionários de uma empresa só

tendem a ser mais especialistas com enfoques rígidos e limitados, no setor, nos produtos ou nos

processos. Deve-se, contudo, destinar certo cuidado à multidiversidade organizacional, pois

poderá gerar visões múltiplas e desfocadas.

Conforme Tabela 3, a seguir, apresenta-se a síntese da vivência corporativa dos entrevistados

em 3 faixas, segundo a quantidade de experiências organizacionais dos respondentes:

Tabela 3 – Característica: empresas em que trabalhou

EMPRESAS QNT.

Até 1 empresa 5

De 2 a 5 empresas 11

Acima de 5 empresas 2

TOTAL 18

Fonte: Elaboração própria.

A maioria dos respondentes enquadrou-se na faixa de 2 a 5 empresas, associado aos de acima

de 5 empresas (Entrevistado 5: 6 empresas; Entrevistado 11: 7 empresas), compõe um público

com alto grau de comparabilidade com o mercado e com diversidade de visão organizacional.

Compartilhado ao perfil dominante de entrevistados detentores de distintas experiências

empresariais, foram incluídas as visões apresentadas pelos funcionários com experiências

exclusivas na organização pesquisada. Assim, a investigação proporciona a verificação de

distintos ângulos a partir das vivências de cada entrevistado.

Tempo de instituição

O tempo de casa, juntamente a outros fatores, pode refletir no grau de conhecimento e

envolvimento do trabalhador com a organização investigada. O tempo é um fator dúbio: poderá

indicar satisfação e motivação num extremo e acomodação e inércia no outro. Questões como

auto-identificação, seguidas de reconhecimento, atribuem perenidade e encarreiramento ao

processo de permanência do funcionário na empresa; já a falta de contentamento pode refletir

comodismo e conformismo. Apresenta-se, ainda, o ambíguo de indefinição ou euforia presente

nos recém-chegados, percepções pautadas no baixo nível de conhecimento organizacional

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inspiram cuidados. A seguir, a Tabela 4 apresenta 5 faixas de tempo de permanência dos

entrevistados na organização investigada:

Tabela 4– Característica: tempo de instituição

ANOS QNT.

Até 1 ano 0

De 2 a 10 anos 11

De 11 a 20 anos 5

De 21 a 30 anos 1

Acima de 30 anos 1

TOTAL 18

Fonte: Elaboração própria.

Dentre os entrevistados, nenhum foi encontrado na faixa de até 1 ano, característica que

minimiza os riscos de vieses e percepções viciadas. A faixa com maior concentração é a de 2 a

10 anos, combinada às outras 3 faixas, indicam a participação de entrevistados com adequado

nível de informação e experiência organizacional, fatores que refinam as percepções expostas.

Função

O cargo está relacionado à posição que um trabalhador ocupa na organização, a função

representa o conjunto de atividades desempenhadas pelo ocupante de um cargo. O ‘posto’

preenchido poderá indicar o grau de envolvimento, desenvolvimento, responsabilidades e

conhecimentos organizacionais. Nesta pesquisa, obteve-se percepções distribuídas entre os

mais comuns níveis hierárquicos presentes nas unidades de negócios, ainda que este resultado

se apresente como não proposital, um total de 6 cargos distintos foram apontados entre os

respondentes, conforme Tabela 5:

Tabela 5 – Característica: função

CARGOS QNT.

Escriturário 7

Caixa 2

Assistente de negócios 1

Gerente de serviços 2

Gerente de relacionamento 5

Gerente geral 1

TOTAL 18

Fonte: Elaboração própria.

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Destaca-se que a disposição e ordem dos cargos refletem a hierarquia organizacional e que

integram esta investigação impressões que vão desde Escriturários, cargo com menor hierarquia

na organização, até níveis gerencias, ressaltando a presença de 1 respondente ocupante do cargo

de Gerente Geral, maior nível hierárquico das unidades de negócios. Dentre os 18 entrevistados,

10 são ocupantes de cargos operacionais (Escriturário; Caixa; Assistente de negócios) e os

outros 8 são de cargos gerenciais (Gerente de serviço; Gerente de relacionamento; Gerente

geral), composição que potencializa a diversidade de percepções e promove visões a partir de

distintos ângulos.

Formação

A formação é compreendida como o grau de ensino formal obtido, segundo classificação do

Ministério da Educação – MEC, para os brasileiros. O nível acadêmico influencia na dinâmica

do comportamento e das percepções individuais, possibilita a inferência de habilidades e

competências diferenciadas para sujeitos de formações distintas. Ademais, revela a propensão

para estudos e busca por conhecimentos, relevantes, principalmente, por se tratar de uma

investigação no âmbito da educação. Considerando que um dos pré-requisitos para o ingresso

na organização investigada é o nível médio e que, acima deste, o MEC considera unicamente o

nível superior. A apresentação da classificação em 3 faixas de formação constitui-se a partir da

subdivisão do nível superior em 2 faixas, conforme demonstrado no Tabela 6:

Tabela 6 – Característica: formação

FORMAÇÃO QNT.

Ensino médio 5

Ensino superior 6

Ensino superior – pós-graduação 7

TOTAL 18

Fonte: Elaboração própria.

Dos 18 entrevistados, 13 são detentores de formação em nível superior; destes, mais da metade

encontra-se em grau de pós-graduação. Infere-se, aqui, a preocupação com a continuidade na

formação, ainda que não exigida para o desempenho de certas funções, mas consideradas

relevantes para o desenvolvimento de habilidades e competências que amadurecem o

conhecimento científico, afinam teoria e prática organizacionais e refinam a percepção.

Concluída a apresentação do panorama mais amplo, formado pelas características gerais dos

respondentes, bem como a sua numérica representatividade, exibe-se, na sequência, o panorama

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individual dos respondentes. O perfil individual dos entrevistados, formado pela junção de

todas as características previamente apresentadas e discutidas, compõe-se obedecendo a ordem

que as entrevistas foram realizadas, conforme Quadro 5.

Quadro 5 – Perfil individual dos entrevistados

Fonte: Elaboração própria.

A prévia caracterização dos respondentes permite a compreensão, discussão, análises e

inferências para além do que é dito, permite entender quem é o sujeito por traz das respostas.

Conhecer o perfil do interlocutor oferece clareza na busca por sentidos e significados, assim

todas as referências a trechos, expressões ou palavras empregadas durante as entrevistas foram

identificadas nas análises pela abreviação da palavra “Entrevistado” substituída apenas pela

letra “E” seguida do número de ordem das entrevistas conforme caracterização do Quadro 5,

por exemplo, onde no texto se encontrar o código “E1” leia-se “Entrevistado 1”.

3.4 Instrumentos de coleta de dados

Como em outras fases do processo metodológico, os instrumentos de pesquisa também auxiliam

no alcance dos objetivos propostos pela pesquisa. Dos adequados mecanismos de coleta

depende a fidedignidade dos dados obtidos para a futura análise (CRESWELL, 2014).

Nesta pesquisa, os instrumentos de coleta foram definidos de acordo com o objetivo específico

a que se relaciona e selecionados conforme a finalidade do objeto analisado, em dois tipos,

Entrevistado 1 Entrevistado 2 Entrevistado 3 Entrevistado 4 Entrevistado 5 Entrevistado 6

Mulher Homem Homem Homem Homem Homem

26 anos 34 anos 33 anos 27 anos 53 anos 34 anos

Escriturária GRelacionamento GRelacionamento GRelacionamento A.Negócios G.Serviços

Ensino médio Pós-graduação Ensino superior Ensino superior Pós-graduação Ensino médio

3 anos de casa 5 anos de casa 6 anos de casa 6 anos de casa 12 anos de casa 12 anos de casa

2ª empresa 3ª empresa 3ª empresa 2ª empresa 7ª empresa 2ª empresa

Entrevistado 7 Entrevistado 8 Entrevistado 9 Entrevistado 10 Entrevistado 11 Entrevistado 12

Homem Mulher Mulher Mulher Homem Mulher

35 anos 52 anos 32 anos 33 anos 39 anos 33 anos

G.Serviços Escriturária G.Relacionamento G.Serviços Escriturário Caixa

Pós-graduação Ensino superior Pós-graduação Pós-graduação Ensino superior Ensino superior

14 anos de casa 24 anos de casa 9 anos de casa 6 anos de casa 2 anos de casa 10 anos de casa

1ª empresa 3ª empresa 1ª empresa 2ª empresa 6ª empresa 2ª empresa

Entrevistado 13 Entrevistado 14 Entrevistado 15 Entrevistado 16 Entrevistado 17 Entrevistado 18

Mulher Homem Homem Homem Mulher Homem

38 anos 48 anos 39 anos 45 anos 29 anos 26 anos

G.Relacionamento Escriturário G.Geral Escriturário Escriturária Escriturário

Ensino superior Ensino médio Pós-graduação Pós-graduação Ensino médio Ensino médio

14 anos de casa 34 anos de casa 20 anos de casa 3 anos de casa 3 anos de casa 3 anos de casa

2ª empresa 1ª empresa 1ª empresa 4ª empresa 4ª empresa 3ª empresa

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roteiros (objetivos específicos 1 e 2), para a análise documental, e entrevista (objetivo

específico 3), para a análise de conteúdo.

Coraiola et al. (2013) identificaram o uso das entrevistas e a pesquisa documental como

ferramentas de coleta de dados mais verificadas entres os estudos nacionais no ramo da

Administração, portanto, esta pesquisa enquadra-se dentro das previsões e tendências da

academia. Conforme orientam Bauer e Aarts (2015) apresenta-se, na sequência, a aplicação dos

modus de cada instrumento, conservando a coerência com o propósito da pesquisa e a

correspondência com o objetivo específico que orientou a opção.

Roteiro de pesquisa documental

De acordo com a proposta de Benedetti e Anache (2014), também recomendada por Yin (2016),

é empregada nesta investigação a pesquisa documental, técnica que se empenha em obter dados

a partir de documentos sem tratamento científico, previamente selecionados, que contenham

informações sobre o fenômeno, que se tornam dados para o estudo. Nesta pesquisa, a

investigação documental foi o ponto de partida para realização da pesquisa bibliográfica e para

a categorização das entrevistas (GARCIA et al., 2016).

Na busca por posicionamentos institucionais, os documentos, base material de conhecimento

suscetível de estudos científicos, foram utilizados para revelar fundamentos filosóficos e

epistemológicos, e a sistematização de opiniões da organização investigada sobre as questões

objeto do estudo (BENEDETTI; ANACHE, 2014; GARCIA et al., 2016).

O objetivo específico 1 busca identificar as propostas de educação a distância, em um exame

mais detalhado verificou-se a existência do documento intitulado “Proposta Político-

Pedagógica: para atuação em gestão de pessoas”, publicado em julho de 2008, de autoria da

própria organização pesquisada. Esse documento é responsável por explicitar a reflexão e as

concepções teóricas escolhidas para embasarem as diretrizes e os métodos recomendados para

as ações de educação na empresa, ou seja, é o conjunto formalizado e público das “propostas”

educacionais da empresa.

A partir da leitura flutuante inicial do texto, foram selecionados apenas os itens que se

enquadraram na modalidade buscada pela investigação, conforme seu objetivo. Como a

“proposta” é para atuação em gestão de pessoas, a organização trata de alguns outros temas que,

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mesmo sendo relevantes para o contexto do documento, não fazem parte do direcionamento do

objetivo específico 1. Assim esses tópicos foram desconsiderados para efeito da análise.

Posteriormente, foi realizada uma leitura mais profunda com a finalidade de examinar a

estrutura e o conteúdo de interesse da pesquisa. Com base no referencial teórico investigado e

na segunda leitura foi elaborado o “Roteiro de pesquisa documental: objetivo específico 1 –

propostas”, conforme Apêndice A. O roteiro em questão serviu de guia para organizar e tabular

os dados que foram utilizados na análise. A padronização do roteiro permitiu a divisão do

documento sob análise em 4 aspectos: a descrição, a pedagogia, a proposta e as referências, que

possibilitou a identificação das propostas para EaD na organização.

O projeto pedagógico é um documento descritivo de caráter institucional, obtido por meio

eletrônico, através de pesquisa em site oficial no portal da universidade corporativa, com acesso

público e gratuito. Assim, mesmo com a finalidade de orientar a formação e o desenvolvimento

de seus funcionários, ao tornar as diretrizes educacionais disponíveis em rede, a empresa

expressa uma mensagem de engajamento com a aprendizagem não só aos funcionários, mas

aos concorrentes, fornecedores, clientes e mercados. O tema toma dada relevância, que a

sociedade como um todo é alvo da publicidade dada às “propostas” de educação da instituição.

Quanto ao objetivo específico 2, que busca identificar as práticas de educação a distância

efetivadas, no mesmo esforço anterior, verificou-se a existência do documento intitulado

“Relatório 2016: gestão de pessoas – educação corporativa”, também de autoria da própria

organização pesquisada. Esse documento é responsável por divulgar as ações implementadas

no período correspondente ao ano do documento, em maior grau, é a formalização e a síntese

das práticas educacionais da empresa.

Por considerar que o relatório 2017 ainda não se encontrava disponível na data do fechamento

da pesquisa e para suprir a lacuna temporal do documento, foi associada à análise de 14

informativos do jornal corporativo, publicados ao longo de 2017 com atualizações das ações

corporativas voltadas para a educação corporativa a distância. Sobre as notícias foi aplicada,

ainda, a ordenação cronológica e temática dos informativos. A união das informações

sistematizadas no relatório com as atualizações presentes nos informativos, ofereceram dados

suficientemente atualizados para as posteriores inferências e análises.

A mesma leitura flutuante inicial, empregada no objetivo específico 1, foi aplicada aos dois

tipos de texto utilizados na investigação do objetivo específico 2. A seletividade pelos itens que

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se enquadraram na modalidade buscada pela investigação, conforme seu objetivo, também foi

repetida. Dentro do tema educação, objeto do relatório, existem diversas modalidades

associadas que são praticadas pela organização, contudo, nesta investigação são consideradas

apenas as ações que tratam do padrão EaD, descartando, para efeito da análise, todas as outras

que não fazem parte do direcionamento do objetivo específico 2.

Posteriormente, foi realizada uma leitura mais profunda com a finalidade de examinar a

estrutura e o conteúdo de interesse da pesquisa. Com base no referencial teórico investigado e

na segunda leitura foi elaborado o “Roteiro de pesquisa documental: objetivo específico 2 –

práticas”, conforme Apêndice B. O roteiro em questão serviu de guia para organizar e tabular

os dados que foram utilizados na análise. A padronização do roteiro permitiu a divisão do

documento sob análise em 3 aspectos: a descrição, a prática e o fechamento, que possibilitou a

identificação das práticas para EaD na organização.

O relatório é um documento oficial, de caráter institucional, obtido por meio eletrônico, através

de pesquisa em site oficial no portal da universidade corporativa, com acesso público e gratuito.

Já os 14 informativos são documentos de divulgação periódica interna, também oficiais, porém

de natureza direcionada. O acesso é fechado e exclusivo para funcionários da organização,

mediante identificação funcional via login e senha. Existe na plataforma de consulta interna a

aplicação de filtros, assim, o crivo foi aplicado para a consulta de matérias que tratassem sobre

educação corporativa a distância no período entre 2016 e 2017. Dessa diversidade de

documentos, obteve-se os dados sobre as práticas de educação a distância na instituição

investigada.

A publicidade de suas práticas em educação a distância ao mercado é do interesse da

organização, contudo, revela-se o cuidado na exposição das informações. Elas são

sistematizadas e organizadas periodicamente com esta finalidade. As constantes atualizações

das práticas são objeto apenas da mídia interna.

Quanto à pesquisa documental, a literatura orienta certos cuidados por se tratar de papéis que

não receberam tratamento científico, principalmente os que forem armazenados

eletronicamente, além da possibilidade da pesquisa direcionar a aplicação de um método

complementar (SOARES; CAMARGO, 2015; GARCIA et al., 2016). Nesta investigação, os

cuidados sobre os documentos basearam-se na confirmação da identificação da autoria e do

local de acesso para confirmação da autenticidade dos documentos e, mesmo sem o denominado

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“tratamento científico”, é observado o rigor institucional sobre toda informação veiculada por

eles. A respeito da aplicação de método complementar, entende-se que, neste estudo, a pesquisa

documental é o método complementar, porém indispensável para consecução do objetivo geral.

Roteiro de entrevista

Na busca por obter percepções, foi aplicada, nesta investigação, por orientações de Cresweel

(2014) e Yin (2016), a entrevista, como forma útil à investigação científica para obtenção de

dados através da interação entrevistado e entrevistador.

Dentre os mais diversos tipos de entrevistas, desde a face a face até a realizada por

videoconferência, Yin (2016) recomenda a entrevista telefônica como alternativa a

investigações que demandem cobertura de ampla extensão territorial. Nesta pesquisa foi

adotada a entrevista telefônica, pois é uma possibilidade de solução, em entrevista qualitativa,

para longas distâncias existentes entre participantes e pesquisador. Considerando que as

entrevistas foram realizadas com funcionários de todo o estado de Pernambuco, o afastamento

entre entrevistadora e entrevistados variou de 8 a 567 km, o que impossibilitaria o acesso direto

aos respondentes (CRESWELL, 2014; RICHARDSON et al., 2015).

O formato selecionado ofereceu uma ampla rede de informação e, apesar de não ser possível

observar a comunicação informal, pelo tom de voz, pausas, cacoetes e disfemia, foi possível

realizar análises e inferências. Quanto aos custos com despesas telefônicas, ressalta-se que,

mesmo reconhecidos, foram significativamente inferiores se comparado ao que teria sido gasto

com deslocamento.

Yin (2016) orienta que a entrevista deverá ser materializada através de um instrumento formal

de coleta rigorosamente definido. Para esse fim, foi elaborado o “Roteiro de entrevista: objetivo

específico 3 – percepção”, conforme apêndice C, a partir das análises documentais e vasto

referencial teórico dos objetivos específicos anteriores. Assim, foram contemplados nove

tópicos, cinco que tratam das propostas (objetivo específico 1) e quatro que tratam das práticas

(objetivo específico 2).

A estrutura definida para o roteiro segue as orientações da entrevista denominada “qualitativa”,

também conhecida como entrevista não estruturada, guiada e não diretiva. Nesse padrão de

entrevista, a relação entre entrevistador e entrevistado não segue roteiro rígido, pois visa obter

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do entrevistado o que ele considera como aspectos mais relevantes de determinado problema,

estes são os considerados dados para futuras análises (RICHARDSON et al., 2015; YIN, 2016).

Nesta investigação foi aplicado o roteiro como guia de temas a serem explorados durante o

transcurso da entrevista. Não foram aplicadas perguntas pré-formuladas, estas surgiram do

diálogo durante o processo e ordem dos temas. Esta técnica foi consideravelmente satisfatória

para detectar atitudes, motivações e opiniões dos entrevistados, afinal a percepção é o fim do

objetivo especifico 3, contudo, para além, permitiu o surgimento de assuntos e questões não

previstos pela pesquisadora

De acordo com orientações de Creswell (2014), para as entrevistas individuais telefônicas, a

melhor forma de procedimentos de registro é a gravação em áudio. Todas as entrevistas desta

pesquisa foram originadas do telefone pessoal da pesquisadora. Nele foi instalado um aplicativo

específico para gravação de chamadas com duplo registro, no próprio aparelho e com backup

nas nuvens do correio eletrônico pessoal da entrevistadora. Assim, todos os áudios das

entrevistas foram salvos e registrados automaticamente por data e hora da realização das

entrevistas, com a identificação do entrevistado. Ainda foi aplicado um protocolo gravado em

áudio, conforme Apêndice C no item ‘protocolo de entrevista’, antes do início de cada entrevista

contendo dia da semana, data, mês e ano, numeração do entrevistado, nome, matrícula e tempo

de entrevista em minutos, para o caso de algum registro automático falhar.

Por orientação da literatura, foram aplicados pré-testes, com o objetivo de refinar as perguntas

e os procedimentos. Denominado também de teste piloto, direciona os instrumentos de pesquisa

para aperfeiçoar a coleta de dados (CRESWELL, 2014). Na seleção do público para o pré-teste,

foram considerados respondentes com características semelhantes aos da pesquisa, o acesso e

a proximidade geográfica, assim foram selecionados funcionários da instituição pesquisada da

rede de unidades de negócios do estado de Alagoas.

O experimento foi aplicado com 4 funcionários lotados em dependências alagoanas no período

compreendido entre os dias 28 de dezembro de 2017 e 03 de janeiro de 2018. Após o retorno

dos pré-respondentes, foram realizados ajustes na estrutura e no método conforme sugestões,

bem como adaptações a gostos e preferências dos participantes.

Ainda sob orientação de Creswell (2014), foi elaborado o “Termo de ciência e concordância”,

conforme Apêndice D. Nesse, o participante autoriza a gravação em áudio da entrevista,

confirma sua voluntariedade na pesquisa e é notificado sobre questões de confidencialidade dos

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respondentes. Os objetivos da investigação e os agradecimentos formais também foram

registrados, os participantes receberam, através de correio eletrônico corporativo, uma versão

digital do termo, que foi por eles impressa, assinada e reenviada para a pesquisadora.

Conforme critérios pré-estabelecidos os respondentes devem ser selecionados para a entrevista

qualitativa (RICHARDSON et al., 2015; BAUER; AARTS, 2015). A seleção dos participantes

iniciou-se a partir de uma pré-lista elaborada pela pesquisadora contendo a identificação de

sujeitos que pertenciam ao público-alvo da pesquisa. Foram realizados os primeiros contatos e

coletadas as primeiras entrevistas, a partir daí foram realizadas indicações dos respondentes

para que outros sujeitos se tornassem participantes. A técnica denominada bola de neve, é

aplicada aos próprios participantes, que se tornam a base de conhecimento para novos

respondentes. Essa prática foi finalizada após 2 ciclos de indicações.

O critério para finalização dos ciclos foi a saturação, como recomenda a literatura, com o

objetivo de limitar a quantidade de entrevistas (RICHARDSON et al., 2015; BAUER; AARTS,

2015). Identificou-se que respostas semelhantes e sem novidade de conteúdos começaram a

surgir por volta da décima quinta entrevista, ainda, buscou-se a confirmação da saturação

confirmada em mais três entrevistas.

Assim, a pesquisa registra um total de 18 entrevistas realizadas entre os dias 10 e 19 de janeiro

de 2018, protocoladas, registradas em arquivos de áudio e transcritas para posterior análise dos

dados. O conjunto de fatos e ações descritos foram aplicados, conforme o rigor científico, para

conferir validade e confiabilidade aos futuros resultados obtidos (CRESWELL, 2014).

Com o objetivo de identificar percepções sobre educação corporativa a distância, para além da

reflexão e resposta, buscou-se conhecer a opinião, crença, sentimentos e expectativas dos

entrevistados. Acrescentou-se, então, a abertura para variáveis ainda não identificadas pela

pesquisadora, através do incentivo à exposição de pontos de vista para melhor compreensão

dos fenômenos educacionais corporativos. Assim, a pesquisadora tomou a postura, não de

estudar as pessoas, mas de aprender com elas (YIN, 2016).

3.5 Tratamento e análise dos dados

O tratamento e análise dos dados é responsável por classificar os dados conferindo-lhes ordem,

em maior profundidade, é categorizar, para facilitar a interpretação face aos objetivos da

pesquisa. Na busca por sentido, organiza-se sistematicamente os dados de forma que

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possibilitem o fornecimento de respostas para a investigação. Ao agrupar o resultado de forma

a explicitar regularidades ou padrões, é possível subclassificar os elementos com determinadas

características comuns, interpretando textos ou informações a ele relacionados (CRESWELL,

2014).

Do mesmo modo como foi conduzido todo o método, o tratamento dos dados constituiu-se

sobre os objetivos. Seguindo a mesma argumentação do item 3.4, para os objetivos específicos

1 e 2 foi aplicada a análise documental e para o objetivo específico 3 foi empregada a análise

de conteúdo.

Análise documental

A análise do documento Proposta Político-Pedagógica, realizada através da aplicação do

“Roteiro de pesquisa documental: objetivo específico 1 – propostas” (Apêndice A), gerou uma

tabulação editada no programa Excel. Composta por categorias e subcategorias, subsidiou a

identificação das propostas em educação a distância na organização investigada.

O roteiro, subdividido em 4 seções, trata da descrição, pedagogia, propostas e referências do

documento em análise. O exame mais aprofundado em cada categoria, associado à reanálise de

literatura, permitiu a exploração de aspectos mais particulares e intrínsecos a cada subcategoria.

O conjunto de análises e inferências obtidos foram elencados na produção do relatório de

análise documental no item 4.1, considerando as seguintes atividades:

o Descrição: denominação, definição, caracterização, uso e aplicação do

documento; finalidade e função para a organização; motivações, publicidade e

divulgação; e discussões, debates e tendências.

o Pedagogia: apresentação da estrutura-síntese, composição e informações

básicas; delineamento de temas associados ao objetivo da pesquisa.

o Proposta: apresentação, descrição, conceituação e análise dos 5 princípios

educacionais propostos.

o Referências: descrição; quantificação; qualificação; contextualização;

discussão e análise das obras que serviram de fundamento teórico para as

propostas apresentadas.

A análise do documento Relatório 2016: gestão de pessoas – educação corporativa e dos 14

informativos, a exemplo do primeiro objetivo, realizada através da aplicação do “Roteiro de

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pesquisa documental: objetivo específico 2 – práticas” (Apêndice B), gerou uma tabulação

editada, sob os mesmos parâmetros, no programa Excel. A composição em categorias e

subcategorias, também foi repetida, para subsidiar a identificação das práticas em educação a

distância na organização investigada.

Nesta segunda análise, o roteiro foi subdividido em 3 seções, a saber: descrição, práticas e

fechamento do documento em análise. A repetida observação do exame mais aprofundado em

cada categoria, associado à reanálise de literatura, contribuiu para a investigação de aspectos

mais particulares e intrínsecos a cada subcategoria. O conjunto de análises e inferências obtidos

foram elencados na produção do relatório de análise documental no item 4.2, considerando as

seguintes atividades:

o Descrição: denominação, definição, caracterização, uso e aplicação do

documento; apresentação da estrutura, composição e informações básicas;

comparação finalidade e função para a organização; e quantificação geral da

educação na empresa.

o Prática: descrição, caracterização, sistematização, quantificação, qualificação e

ordenação de relevâncias das práticas em educação a distância na organização;

e motivações, discussões, debates e tendências.

o Fechamento: descrição, qualificação e contextualização do tratamento dado às

práticas de educação a distância; e posicionamento organizacional quanto às

práticas investigadas.

Conforme Creswell (2014), tabular os dados, sistematizar conceitos e identificar relações são

funções realizadas no tratamento dos dados. Em ambos os documentos investigados, destaca-

se que na tabulação foram identificados categorias, subcategorias e trechos dos textos que

corroboraram com a classificação, organizados como fragmentos de referência contribuíram

para a categorização, discussão e associações realizadas.

No remate, ainda se acrescenta que o material analisado, apesar de relevante e completo, não

representa a totalidade do conhecimento sobre o objeto do estudo, é simplesmente a

representação de um processo sobre constantes mudanças e, apesar de ser a ferramenta que

melhor sintetiza o horizonte de tratamento do tema na organização investigada, não passa de

um corte transversal e temporal em um sistema complexo e longilíneo como a educação

corporativa a distância.

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Análise de conteúdo

A análise de conteúdo, técnica de tratamento e interpretação de dados aplicada comumente à

pesquisa qualitativa em investigações sociais, é um método científico que privilegia a

subjetividade individual e grupal. É uma abordagem clássica para conteúdo textual,

recomendada para investigações empíricas e configura-se como técnica de grande potencial

para o avanço das pesquisas em administração (MOZZATO; GRZYBOVSKI, 2011; SILVA;

FOSSÁ, 2013; CAMARA, 2013; TAKAHASHI; SEMPREBOM, 2013; CARLOMAGNO;

ROCHA, 2016; BARDIN, 2016).

Ao buscar percepções, sob orientação do objetivo específico 3 desta pesquisa, investigou-se as

especificidades e subjetividades sobre as propostas e práticas de educação corporativa a

distância, na instituição objeto deste estudo. Assim, buscou-se entender as características e

estruturas que estão por trás dos fragmentos das mensagens, registradas por meio das

entrevistas.

Inicialmente, foi estruturada a caracterização dos respondentes com base em dados informados

pelos entrevistados: idade, gênero, empresas em que trabalhou, tempo de instituição, função e

formação. O perfil individual dos entrevistados, ajuda a compreender, não apenas o que é dito,

mas também, quem é o sujeito que o diz.

Feita a transcrição das entrevistas, foi iniciada a categorização que se destina a classificar

qualquer tipo de conteúdo, agrupando características a elementos-chave, de modo que permita

a comparação e inferências a uma diversidade de categorias. Esse processo, denominado de

análise categorial, permite a subdivisão em categorias temáticas sob 2 delineamentos: a priori

e a posteriori (CAMARA, 2013; SOARES; CAMARGO, 2015; CARLOMAGNO; ROCHA,

2016; BARDIN, 2016).

Neste estudo foi aplicada a categorização a posteriori. Essa técnica permite melhorar a

qualidade da interpretação, ampliar o entendimento sobre o objeto de estudo, destacar nuances

de percepção dos entrevistados, amplificar a realidade vivida pelos respondentes e aprofundar

questões de como as pessoas percebem os fenômenos estudados, sem estarem pré-definidos

pela investigação, oferecendo abertura para o surgimento de novas percepções.

Conforme recomendam Camara (2013), Silva e Fossá (2013), Carlomagno e Rocha (2016) e

Bardin (2016), a categorização foi realiza em 3 etapas: pré-análise, exploração do material e

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tratamento dos dados. Contudo, a aplicação, que é um processo único em cada investigação, é

descrita na ordem específica aplicada neste estudo.

Concluídas as transcrições e iniciada a pré-análise, foi realizada a leitura flutuante de todas as

respostas em busca de conteúdos e estruturas, significantes e significados. Foram dados

tratamentos categorial, descritivo, tabular e de frequência aos dados na busca por detectar

aproximações e afastamentos nas percepções apresentadas.

Na sequência, definidas as categorias, foram distribuídas entre as classes: inicial, intermediária

e final. Cada resposta, trecho, expressão ou segmento, foi classificado em apenas uma categoria

conforme critérios de codificação, classificação e categoria-síntese, associados ao referencial

teórico balizador (CAMARA, 2013; BARDIN, 2016).

Com respaldo do referencial teórico, tanto para a nomenclatura adotada quanto para a

determinação numérica de categorias, foi elaborada a progressão de categorias que resultaram

do processo de codificação das entrevistas transcritas (SILVA; FOSSÁ, 2013; BARDIN, 2016).

Ao todo, foram subdivididas em 24 iniciais, 9 intermediárias e 2 finais, conforme o Quadro 6:

Quadro 6 – Progressão de categorias

Fonte: Elaboração própria.

Iniciais Intermediárias Finais

Protagonista

Protagonismo do funcionário

Proposta

Coadjuvante

Diálogo

Diálogo Monólogo

Equilíbrio entre teoria e prática

Problematização da realidade Desequilíbrio entre teoria e prática

Multidisciplinar

Interdisciplinaridade Monodisciplinar

Iniciativa pessoal

Aprender Iniciativa organizacional

Indiferença

Equipamentos

Recursos tecnológicos

Prática

Tecnologia

Organização e direcionamento

Formatos

Objetividade e clareza

Dinamicidade e interatividade

Acessibilidade e compartilhamento

Distorção e deformidade

Automatizado

Acompanhamento Direto

Indireto

Desnecessário

Rotina pessoal

Contexto Rotina profissional

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Finalmente, foi atribuída significação através de inferências baseadas na literatura registrada

associado a um processo reflexivo para tornar os dados significativos e válidos, para além do

conteúdo latente. Conforme orientam Camara (2013) e Bardin (2016) foram aplicadas

inferências, na busca de compreender causas e efeitos, interpretações, para atribuir sentido e

significado às mensagens, e proposições, para oferecer feedbacks, baseados em dados e na

teoria.

Assim, buscou-se, pelas repostas das entrevistas, ir além da leitura “da letra” e compreender a

mensagem oculta dentro da mensagem principal. Perseguir o objetivo da fala, o aspecto

individual da linguagem e o que está por trás das palavras e silêncios, possibilita a descoberta

de novos conhecimentos embasados na teoria, comparando e confrontando dados a fim de

confirmar ou rejeitar dados e provas (CAMARA, 2013; SILVA; FOSSÁ, 2013; BARDIN,

2016).

3.6 Limites da pesquisa

Creswell (2014) reconhece a relevância dos limites da pesquisa ao compreender a necessidade

do tema ser problematizado e do problema estar fixo em um local. Ainda segundo o autor, a

localização determina as implicações e o alcance do problema. Parece elementar, mas a escolha

dos limites pode desprezar elementos e informações que poderão causar nuances no resultado

final da pesquisa.

No caso, a empresa estudada é um dos limites da pesquisa. Por se tratar de instituição financeira

com mais de 100 mil funcionários, foram selecionados os pertencentes às unidades de negócios

de Pernambuco, segundo critérios do item 3.3.

Nesse contexto, a pesquisa se propõe a verificar elementos da educação a distância para

obtenção da percepção funcional, estando excluídos dos objetivos e seus desdobramentos para

quaisquer outras modalidades educativas. Reafirma-se que não são desprezadas as outras

modalidades de educação corporativa, mas sim, que o padrão a distância é estabelecido como

um limite da pesquisa.

Também não se constitui objeto da investigação a percepção da empresa, do setor de pessoas

ou do alto escalão institucional. A finalidade da investigação é identificar a percepção dos

funcionários que estão na ponta da organização. A valorização do ponto de vista operacional

constitui-se um outro fator limitador da investigação.

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A inexistência de contato físico se apresenta como mais um limite. Por ser uma pesquisa com

a coleta de dados através do contato telefônico, não existiu a interação presencial. Contudo, os

recursos tecnológicos aplicados apresentam um leque de possibilidades à pesquisa. Na

comparação entre o “pessoal” e o “a distância”, observa-se apenas perspectivas distintas, nem

superiores, nem inferiores, apenas diferentes.

As escolhas basearam-se na numerosidade de dados potencialmente fornecidos pelos

documentos e sujeitos, e pela relação custo-benefício da investigação para a pesquisadora e para

a pesquisa. A restrição de tempo e espaço foi considerada para conclusão dos objetivos

propostos em tempo hábil.

E, por fim, considerando a impossibilidade de obter informações sobre todos os elementos ou

indivíduos envolvidos no processo educacional, considera-se também a acessibilidade aos

dados que, no caso, foi autorizada e instrumentalizada pela empresa pesquisada e co-

financiadora do estudo, e aos sujeitos da investigação, como a última limitação proposta.

3.7 Limitações da pesquisa

Nesta seção são descritas as dificuldades encontradas para a construção da pesquisa. Apesar de

reconhecidos, os limitadores existentes foram insuficientes para comprometer minimamente a

qualidade do trabalho, em oposto, para cada desafio foi empregado um esforço reflexivo e

estratégico na geração de alternativas para superá-lo. Na sequência, são descritos

individualmente:

o Adaptações pós pré-teste: a demanda em tempo que foi exigida no pré-teste

para atendimento das sugestões, alterações e correções solicitadas pelos pré-

respondentes dilatou o prazo para iniciar a fase de coleta dos dados. Em cadeia,

diminuiu o prazo dedicado à análise dos dados e conclusão da investigação;

o Dados autorizados e não disponibilizados: a empresa não dispunha de todos

os dados autorizados para divulgação na pesquisa, como a distribuição funcional

no estado de Pernambuco por categorias (gênero; faixa etária; tempo de

empresa; função; nível de formação), estas informações têm manutenção

periódica em nível nacional, não disponibilizados no contexto dos estados;

o Entrevista telefônica: o contato telefônico, possivelmente a maior dificuldade

nesta investigação, enfrentou um problema na rede móvel local da operadora

usada na investigação. Algumas entrevistas, interrompidas por queda no sinal,

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foram divididas em partes, contudo, nenhuma informação foi perdida. Todas as

entrevistas foram retomadas imediatamente após a queda na conexão e o fato de

religar para o entrevistado para retomar o assunto fez, em alguns casos, brotar

novas perspectivas e nuances, o que acabou impactando positivamente a

pesquisa.

o Transcrição de entrevistas: durante o processo de transcrição das falas dos

participantes, alguns termos das falas foram prejudicados, quer por ruídos

externos, quer por dificuldades técnicas dos aparelhos, quer por interferência da

rede de telefonia, não permitindo assim, a compreensão completa de todas as

palavras faladas no áudio. Contudo, após a aplicação de limpeza ao áudio e re-

escutas, a compreensão do sentido e da significação das intenções dos

entrevistados foram preservadas.

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4 ANÁLISE DOS DADOS

Antes do início da efetiva análise dos dados, é retomado o objetivo geral desta investigação

como direcionador do andamento de cada etapa deste estudo: Investigar como funcionários

avaliam a proposta e a prática de Educação Corporativa a Distância de uma instituição

financeira nacional.

Para este fim, a apresentação e composição do capítulo-reposta estrutura-se de acordo com a

ordem estabelecida para os objetivos específicos propostos na investigação, distribuídos

sequencialmente em 3 subdivisões: 4.1 objetivo específico 1, 4.2 objetivo específico 2 e 4.3

objetivos específico 3.

4.1 Objetivo específico 1

Com a finalidade de identificar, teoricamente, a proposta de Educação Corporativa a Distância,

foi realizada a análise documental da Proposta Político Pedagógica para atendimento do

objetivo específico 1. Para obtenção de maior clareza, a seção foi estruturada em 4 partes: 4.1.1

PPP: a descrição, 4.1.2 PPP: a pedagogia, 4.1.3 PPP: a proposta e 4.1.4 PPP: as referências.

4.1.1 PPP: a descrição

A denominada Proposta Político Pedagógica para atuação em gestão de pessoas – PPP é um

registro eletrônico de orientações e recomendações elaborada pela organização pesquisada que

compreende os fundamentos das diretrizes institucionais para os temas relacionados à gerência

de pessoas.

O documento é uma declaração pública do entendimento e posicionamento da organização em

relação ao próprio processo educativo. Organizado em 32 páginas, em configuração virtual na

forma de e-book, em formato .pdf, de acesso público e gratuito através do site oficial da

universidade corporativa da organização.

Em consonância com o que foi identificado pela literatura, o destaque que o assunto “educação”

tem recebido nas organizações ao longo do tempo, torando-se matéria central no desempenho

das funções da gerência de pessoas (FERRAZ, 2002; EBOLI, 2004; GOMES; STAREC, 2007;

RICARDO, 2012; VIEIRA; FRANCISCO; 2012), é confirmado no caso em estudo. A simples

existência de um documento específico que trate da temática Educação Corporativa em gestão

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de pessoas reflete a relevância que o tema “pedagogia empresarial” tem para a organização e

corrobora com a constatação da academia.

Conforme referencial teórico, a educação de trabalhadores conquistou força estratégica nas

organizações e caracteriza-se pela atenção recebida na alta cúpula das empresas. (EBOLI, 2002;

2004; RICARDO, 2005; 2012; STAREC, 2012; VIEIRA; FRANCISCO, 2012; EBOLI;

HOURNEAUX JR., 2014; WOOD JR., 2014; MORAES, 2014; MAGALHÃES NT., 2014;

MOSCARDINI; KLEIN, 2015; BEER; FINNSTROM; SCHRADER, 2016). Na contra-capa da

PPP, foram identificadas as responsabilidades pelo documento, a descrição é apresentada em

ordem hierárquica e com a identificação do setor, do cargo e de seus ocupantes. São indicadas

responsabilidades à Presidência, à Vice-presidência e à Diretoria de Pessoas. Assim, infere-se

que o debate e construção da pedagogia empresarial ocorre, conforme indicações da teoria, nas

mais altas instâncias institucionais, o que confere maior relevância ao tema na organização,

além de ser uma responsabilidade pessoal de cada titular identificado na função.

Em continuidade, a discussão acadêmica da estratégia em educação empresarial indica que,

mesmo tendo início entre os dirigentes, deverá ser conduzida para a totalidade dos funcionários

da organização (EBOLI, 2004; FONSECA, 2005; RIBEIRO, 2010; STAREC, 2012). O foco

exclusivo no estratégico é apresentado por Wood Jr. (2014) como dificuldades ou barreiras à

educação corporativa. Essa reflexão gera atenção para a distribuição deste debate para os setores

táticos e operacionais da instituição. No âmbito estratégico, observa-se o destaque ao tema, mas

deve existir, estrategicamente também, a preocupação em como esse debate e relevância são

distribuídos pela cadeia de funcionários, para que a organização fomente uma cultura prática

de valorização de sua própria educação, desde os mais altos aos mais baixos níveis hierárquicos.

A educação deve ser a ‘liga’ que une e dá forma, assim, de uma organização faz-se um

organismo.

Ricardo (2012) apresenta como tendência o desenvolvimento de projetos pedagógicos em

educação corporativa pelas próprias organizações, assim, mais uma vez, a empresa investigada

vai ao encontro da teoria, não só na atenção ao tema, mas também na orientação de tornar a

valorização da educação empresarial um processo formal, materializado no documento

intitulado Projeto Político Pedagógico.

Pelo fato da educação ser um tema de interesse universal (pessoas, academia, sociedade,

governos), as empresas a reconhecem como um processo cada vez mais complexo, e por serem

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as próprias organizações os espaços de seu maior desenvolvimento, é notória a preocupação em

exteriorizar as orientações educacionais corporativas (EBOLI, 2004; MORAN, 2005;

RICARDO, 2005). A forma de disponibilização e acesso à PPP sugere que a empresa deseja

dar ampla publicidade ao documento e que as informações nele veiculadas estejam disponíveis

a funcionários, clientes, parceiros, fornecedores e concorrentes, bem como à sociedade nacional

e internacional. Infere-se o esforço em divulgar a atenção dada pela organização aos assuntos

educacionais, visto que a internet, o canal escolhido para a publicação, não tem limites de

fronteiras e acessos.

A elaboração de uma proposta corporativa de pedagogia é considerada um ato crítico e

reflexivo, que fará dos projetos pedagógicos, programas que cumpram o papel estabelecido

(MAIA, 2005; GOMES; STAREC, 2007; SANTOS, 2007; RICARDO, 2012; WOOD JR.,

2014; LIMA, 2016). A PPP é compreendida pela organização em estudo como um processo

formal de reflexão da teoria usada nas ações de educação corporativa, e cumpre também o papel

de segmentar e definir as palavras que dão nome ao documento: Proposta, por se tratar de

diretrizes para ações em educação; Político, por ser uma forma de garantir o direito à formação

interna e permanente na instituição; e Pedagógica, pois sistematiza conexão entre a teoria do

processo educacional e as práticas didáticas. Assim, é possível inferir que o conceito aplicado

para a PPP, na organização, é de um conjunto de diretrizes em ações de educação que conecta

teoria e práticas educacionais corporativas e garantem o direito a formação permanente na

instituição.

Ribeiro (2010) argumenta sobre a existência de expectativa que, sobre os objetivos, seja

formalizada a construção teórico-material da educação organizacional, para que se tornem mais

efetivos os direcionamentos dos investimentos em educação corporativa e que se tenha uma

prática pedagógica mais positiva que busca melhores métodos para o desenvolvimento das

pessoas e das estratégias organizacionais. No projeto, os objetivos são estruturados em 6 tópicos

sequenciais com breves descrições que, conjuntamente, se resumem ao estabelecimento dos

conceitos que embasam as ações em educação corporativa para a organização, desde a baixa e

média gestões, passando pela gerencia de pessoas e até à diretoria de pessoas, com soluções

educacionais focadas no desenvolvimento humano dos funcionários.

A PPP em questão data de julho de 2008, conforme informações publicadas no próprio

documento. As discussões teóricas indicam que a educação corporativa deve receber atenção

específica para melhoramentos. Se o mercado muda, o contexto muda, os projetos educacionais

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devem conter atualizações constantes, as escolhas pedagógicas devem manter um processo

cíclico de reavaliação, reformulação e realinhamento para melhoria nos programas

educacionais (MAIA, 2005; OLIVEIRA; GRZYBOVSKI; PEREIRA, 2009; RICARDO, 2012;

WOOD JR., 2014).

A própria instituição reconhece o caráter temporal da PPP, e se compromete com a sua

atualização, denominando-a de “contínua” e “inacabável”, retrata a natureza da proposta como

“pronta” e “provisória”. Apesar de autores como Ricardo (2012) e Wood Jr. (2014) indicarem

a necessidade de atualização constante, não foi identificada recomendação teórica a respeito do

intervalo temporal das revisões, porém a atual situação inspira cuidados, pois já data de quase10

anos passados. Nesse caso, deve-se observar o caráter indispensável da atualização, visto que a

instituição, referência em educação corporativa nacional e internacional, tem uma PPP que não

é revista há quase uma década. Nesse período, as modernizações foram constantes e diversas

inovações educacionais ocorreram tão rápido quanto o avanço da tecnologia, principalmente na

educação a distância (ALBUQUERQUE, 2002; RICARDO, 2005; ABBAD, 2007; TEIXEIRA;

ZACCARELLI, 2008; RICCIARDI, 2009; BELLONI, 2012; GIL, 2016).

Após os dados editoriais, de identificação e classificação da obra, é destacada uma citação do

prof. Moacir Gadotti, renomado educador brasileiro e diretor presidente de honra do Instituto

Paulo Freire, o pedagogo e filósofo discute temas como educação humanizadora e

transformadora, com marcas no diálogo e liberdade. A referência indica que o autor recomenda

a elaboração de um “caminho”, um “projeto”, um “sonho”, uma “utopia” para a educação. O

destaque atribuído ao posicionamento apresentado por Gadotti é compartilhado pela literatura

(MAIA, 2005; MORAN, 2005; RICARDO, 2008; BIANCHI, 2008; OLIVEIRA;

GRZYBOVSKI; PEREIRA, 2009; RIBEIRO, 2010; STAREC, 2012; RICARDO, 2012; GIL,

2016), assim, infere-se que as palavras do acadêmico aplicada a PPP representa o sentido

organizacional atribuído ao documento que, corroborando com a teoria, responsabiliza-se pelo

direcionamento formal da educação na instituição.

A proposta é finalizada, com reconhecimentos e agradecimentos, como um esforço coletivo de

distintos profissionais da área de educação da organização, característica discutida por Ribeiro

(2010), que representa o impulso coletivo necessário à elaboração da pedagogia empresarial. O

seu pioneirismo é apresentado como fator promotor de debates, porém tanto o processo de

construção, bem como, o processo de discussão não são descritos ou explicados, contudo é

pouco dubitável a relevância da sua existência.

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4.1.2 PPP: a pedagogia

A estrutura da PPP consiste numa apresentação-síntese, contendo informações básicas e

necessárias à compreensão do conteúdo da estrutura da obra, denominada sumário. Por meio

dele, foi possível uma melhor compreensão da ordenação proposta pelo texto da PPP, bem

como, do rápido enquadramento dos tópicos tratados ao objetivo da pesquisa. Assim, a

disposição facilita a busca por temas específicos tratados na PPP pelo leitor comum e a

delimitação de interesse da temática tratada nesta pesquisa.

Resumidamente, a estrutura é composta pelos propósitos gerais, seguidos pelos históricos e

pelas propostas detalhadas divididas em 5 áreas de aplicação à Gestão de Pessoas, por fim,

apresenta-se o fechamento e a bibliografia.

Dentre as diversas áreas temáticas tratadas nas áreas de gestão de pessoas, registra-se temas que

não foram contemplados na análise documental, pois formam um conjunto de temas e outras

discussões relevantes para a organização no contexto do documento investigado, contudo, não

direcionados pela questão de pesquisa. Assim, não são aprofundadas as questões sobre

identificação e seleção de profissionais, avaliação de desempenho, diretrizes para atuação em

gestão de pessoas e colaboradores, mesmo presentes no documento, porque não contribuem

para responder à pergunta da investigação. Portanto, destaca-se, para os fins desta pesquisa,

unicamente o item “Pedagogia”, não desmerecendo os demais pontos tratados pelo documento,

mas por reconhecer o alinhamento deste tópico com os objetivos da investigação.

Corroborando com indicações teóricas (BARBOSA, 2002; EBOLI, 2002; 2004; MORAN,

2005; RICARDO, 2008; BIANCHI, 2008; RIBEIRO, 2010; RICARDO, 2012; VIEIRA;

FRANCISCO, 2012; EBOLI, 2012; 2014; 2016; GIL, 2016), a organização reconhece a relação

intrínseca entre pedagogia e trabalho sob a nomenclatura definida no texto como “Pedagogia

Empresarial”, a instituição se percebe e se autodenomina como uma “organização pedagógico-

formadora”. Através do entendimento corporativo de como a educação no trabalho abrange o

desenvolvimento humano e profissional, a empresa investigada reconhece a centralidade do

trabalho no processo educativo, bem como do caráter antropológico, humanizador e

emancipador da educação, contudo, sem perder o foco estratégico do negócio, conforme indica

literatura (FREIRE, 1996; MEISTER, 1999; EBOLI, 2002; 2004; UNESCO, 2010; RICARDO,

2012; BRANT, 2013; MORAES, 2014; MAGALHÃES NETO, 2014; FRANCO et al., 2015;

FREIRE, 2015).

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4.1.3 PPP: a proposta

A PPP apresenta um tópico específico intitulado Princípios Educacionais. Infere-se que o

debate nele inserido representa o esforço da organização em realizar uma declaração formal dos

fundamentos teóricos que a posicionam em seu processo educacional. O parágrafo que o

antecede declara “princípios que norteiam a formação”, assim, compreende-se que se trata do

repertório das bases científicas seguidas na educação empresarial na empresa, e, por

conseguinte, também aplicadas à EaD.

São apresentados 5 princípios, dispostos estruturalmente em lista, seguidos individualmente de

uma breve descrição da compreensão da temática e de sua aplicação para a organização. Na

sequência, e em síntese, identificam-se os pilares da educação corporativa na organização

investigada.

O primeiro a ser a apresentado, “o aluno como sujeito da aprendizagem”, refere-se à abertura

dada a todo processo educacional que posicione o aprendente como sujeito da própria educação.

Infere-se que a organização pretende apoiar-se no protagonismo de seus funcionários,

partilhando as responsabilidades do desenvolvimento pessoal e profissional de cada sujeito,

conforme indicações de autores como Belloni (2012), Brandão (2014), Maciel e Vieira (2015)

e Freire (2015).

Seguindo, é apresentado o tópico “diálogo e conscientização”, que relaciona a construção do

saber ao processo de comunicação e materializa a renomada dialogicidade, veementemente

defendida por Freire (1996; 2015), na educação tradicional, e objeto do esforço reflexivo de

Ricardo (2008; 2012) e Starec (2012) para sua aplicação à educação corporativa. Sugere que

organização oferece abertura aos seus colaboradores para interferirem na realidade educacional,

para que, através de posicionamentos maduros, ofereçam críticas e sugestões, e recebam

feedbacks, fortalecendo e refinando o processo educativo institucional.

No ápice dos fundamentos encontra-se a “problematização da realidade”, que resulta do

conceito de equilíbrio na discussão entre teoria e prática do processo educativo, amparado por

situações reais, rotineiras e simulações e debatido sob argumentos de educação vivencial e

experimental, representa o vislumbre teórico academicamente aceito (MAIA, 2005;

TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; RICARDO, 2012; BRANDÃO,

2014; SHINODA et al., 2014; MACIEL; VIEIRA, 2015; BUTZKE; ALBERTON, 2017).

Portanto, a proposta, pelo respaldo teórico, define a realidade organizacional como o crivo do

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desenvolvimento da capacidade crítica dos aprendentes, para que estes desenvolvam habilidade

para modificá-lo.

“Abordagem complexa e visão multirreferencial” apresenta-se sob a forma da inter ou

multidisciplinaridade, defendida por Ricardo (2005; 2012) e Freire (1996; 2015) como

fundamento estabelecedor de relação entre duas ou mais temáticas, tem com objetivo de instigar

a criticidade dos aprendentes (SANTOS; SILVA, 2005; MORAES, 2014). Identifica-se, assim,

o comprometimento organizacional, corroborando com a literatura, em elevar o debate

educacional à esfera sistêmica a partir da conjugação de distintos conhecimentos.

E por fim, o “aprender a aprender” vai para além da construção do conhecimento, refere-se ao

processo de educação constante e permanente. Fundamentado internacionalmente pela

UNESCO (2010), no Brasil, tem sido valorizado na educação formal e tradicional, bem como

tem seus conceitos aplicados na educação para o trabalho (UNESCO, 2015). Reconhece a

aquisição de conhecimento como uma necessidade individual vinculada a capacidade de

aprender sempre do sujeito (EBOLI, 2004; RICARDO, 2005; MORAN, 2005; GOMES;

STAREC, 2007; SANTOS, 2007; STAREC, 2012; FLEURY, DAHMMER, 2014;

BRANDÃO, 2014). A empresa aprecia a compreensão da educação como um sistema cíclico e

ilimitado e valoriza a atualização e a continuidade na busca por conhecimento, conforme

Shinoda et al. (2014) e Morais (2017), a organização se propõe em desenvolver o “aprender”

intrínseco ao processo educacional corporativo.

A compreensão geral desenvolve-se sob a organização apresentar-se como mediadora e

reguladora do processo de aprendizagem, contudo, não se autoresponsabiliza na sua totalidade.

Ambiciona oferecer uma aprendizagem com um alto nível de aplicabilidade, sem perder a

compreensão sistêmica e o encadeamento com a valorização do diálogo em todos os níveis.

Atualizada a partir dos principais fundamentos e discussões em educação da academia

brasileira, sugere-se a valorização de pesquisas científicas para o contexto proposto em

conformidade com a firmeza teórica recomendada pela literatura (MAIA, 2005; MORAN,

2005; GOULART, 2005; GOMES; STAREC, 2007; RICARDO, 2008; STAREC, 2012;

MORAES, 2014;). Infere-se, ainda, sobre o conjunto de princípios formadores da proposta

pedagógica organizacional, a estruturação de uma declaração de valores educacionais e, em

maior profundidade, a empresa, por meio do documento investigado, formaliza um

compromisso em aplicá-los conjuntamente em seu processo educativo.

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4.1.4 PPP: as referências

Quanto à última seção da PPP, denominada “bibliografia” pode-se afirmar que se constitui da

lista de obras utilizadas na elaboração do texto sob análise. Comumente, encontra-se ao fim de

documentos as obras que embasaram a sua elaboração, dispostas em ordem alfabética pelo

nome autor e com descrições de outros dados do exemplar ou da publicação como, por exemplo,

título, data de publicação e editora.

A quantidade de obras que compõem uma bibliografia indica o quão teoricamente

fundamentado é o texto. Foi utilizado um total de 23 referências no documento, desde conteúdos

gerados pela própria instituição até clássicos de educação nacional, no formato de livros e de

autores nacionais, em sua maioria. Assim, infere-se que, além de basear-se em significativo

montante de obras, a instituição valoriza e aplica conceitos que foram estudados, desenvolvidos

e fundamentados na realidade brasileira, inclusive com a própria participação, bem como que

apresenta preferência pelos modelos científicos de publicação mais tradicionais, os livros.

Ressalta-se, contudo, que a construção de um referencial se constitui de um conjunto de

escolhas, e que nem sempre os livros são os únicos e melhores representantes em discussões

teóricas. O alerta inicial surge da ausência de artigos científicos, formato de debate teórico mais

dinâmico e inovador, tem a característica de apresentar novos direcionamentos e paradigmas à

academia. Inspira cautela, também, a ausência de bibliografia internacional, no atual cenário de

globalização é plausível a observância e possíveis adaptações proporcionadas pelo

aprofundamento de teorias desenvolvidas no exterior.

Das 23 obras totais de referências, 17 tratam do tema educação, demonstrando que esse foi o

tema de maior destaque e relevância, apesar do contexto do documento tratar de assuntos afins.

A composição das 17 obras é formada por 2 obras de autoria da própria instituição pesquisada,

demonstrando que, mesmo a proposta apresentando a característica do pioneirismo, a temática

já era discutida anteriormente (1996 e 2006) e recorrente na organização há décadas.

As outras 15 obras pertencem a autores diversos e datam desde 1970 até 2007. Considerando

que a PPP data de 2008, foram utilizadas obras desde a década de 70 até discursos que

permearam a primeira década dos anos 2000. Nos quase 40 anos de estudos sobre educação

nacional, a instituição valeu-se daqueles conteúdos publicados que obtiveram perenidade ao

longo do tempo. Infere-se que a busca por fundamentos sólidos para a própria educação parece

ser um dos objetivos da proposta investigada.

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Também é relevante destacar que são utilizados obras e autores clássicos de estudos em

educação no Brasil. Observa-se que a influência didático-pedagógica na educação da

organização advém do desenvolvimento acadêmico da teoria nacional. Sugere-se a preocupação

da adequação da teoria investigada ao contexto no qual a instituição se insere, pois, trata-se de

uma gigante pulverizada em território nacional.

Ademais, pela qualidade das obras, e não apenas pela quantidade, a proposta de educação

organizacional em questão contou com autores como Lauro de Oliveira Lima, Jean Piaget e

Álvaro Vieira Pinto. Além desses, todos os autores com mais de uma obra citada são de estudos

em educação, no total 4 autores com 2 citações obras cada, a saber: Rubem Azevedo, Miguel

Arroyo, Pierre Furter e a própria instituição. O único autor com 3 obras citadas é o ícone da

educação nacional Paulo Freire, respeitado internacionalmente por seus estudos e patrono da

educação no Brasil. As temáticas centrais dessa reunião de autores vão desde a antropologia da

educação e educação humanizadora, passando pela educação permanente e educação centrada

no educando, até o estabelecimento da dialogicidade, todas presentes na proposta institucional,

formalidade teórica recomendada pela literatura (FREIRE, 1996; MAIA, 2005; MORAN, 2005;

GOULART, 2005; GOMES; STAREC, 2007; RICARDO, 2008; STAREC, 2012; MORAES,

2014; FREIRE, 2015).

O conjunto de elementos apresentados, desde autores, obras e temas, contribuíram

decisivamente para a orientação pedagógica da instituição pesquisada. Neste documento-

declaração é proposto, além do escrito, o registro para além de uma aspiração: “Um amálgama

de pensadores – cujas teorias deram base às técnicas didáticas”. Essa frase é exibida como uma

conquista da proposta pedagógica e representa o esforço da instituição em incluir estrutura

acadêmico-teórica na proposta educacional. Reflete o empenho superior ao simples

comprometimento com fundamentos de educação corporativa, é trazer as riquezas da ciência

para o projeto.

4.2 Objetivo específico 2

Com o propósito de identificar as práticas de Educação Corporativa a Distância efetivadas, foi

realizada a análise documental do Relatório Anual 2016: gestão de pessoas – educação

corporativa e de 14 informativos do jornal corporativo para cumprimento do objetivo específico

2. Pretendendo uma melhor sistematização, o tópico foi constituído em 3 partes: 4.2.1 Relatório

anual: a descrição, 4.2.2 Relatório anual: a prática, 4.2.3 Relatório anual: o fechamento.

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4.2.1 Relatório anual: a descrição

O Relatório 2016: gestão de pessoas – educação corporativa é um instrumento utilizado pela

organização investigada para descrever as iniciativas, ações e práticas, bem como, divulgar os

principais avanços e conquistas na área de educação ocorridos a cada ano.

O documento não apresenta estrutura prévia resumida e/ou estruturada, é constituído apenas

por tópicos, assim a identificação das informações relacionadas às práticas de educação a

distância, objetivo da pesquisa, foram extraídas do próprio corpo do texto. Para efeitos desta

investigação, foram considerados apenas os itens que abordam as práticas em educação de

forma mais conceitual e genérica, e todos os pontos específicos que tratam da EaD.

Ainda na capa do relatório, registrada no rodapé da página, consta a frase “o Banco B é mais

que uma empresa, ele é feito por pessoas”, de autoria de uma funcionária da organização. Como

reconhecimento inicial, infere-se que a organização deseja evidenciar a participação funcional

nas suas práticas, pois, tanto no conteúdo como na autoria da citação ressalta-se a presença de

“pessoas”. Essa combinação de elementos parece corroborar com o exercício do diálogo entre

organização e funcionários validado teoricamente (FREIRE, 1996; RICARDO, 2008; 2012;

STAREC, 2012; FREIRE, 2015) e defendidos na proposta educacional (item 4.1.3).

Na primeira parte do documento–relatório é feita uma apresentação geral da Universidade

Corporativa B e suas ações, associando-as a termos como “visão de futuro”, “objetivos

estratégicos”, “crenças e valores”. A entidade educacional se reconhece como “o setor de

convergência e disseminação de saberes”, cujo objetivo está voltado para a capacidade de

trabalho e o desempenho organizacional. Nessa auto-apresentação, infere-se que o alinhamento

das práticas organizacionais com as estratégias corporativas na educação empresarial, além de

indicado pela teoria (MEISTER, 1999; EBOLI, 2002; 2004; RICARDO, 2005; BIANCHI,

2008; RICARDO, 2012; STAREC, 2012; EBOLI; HOURNEAUX JR., 2014; WOOD JR.,

2014; MORAES, 2014; MAGALHÃES NT., 2014; MOSCARDINI; KLEIN, 2015), é

ratificado pelas práticas organizacionais da instituição investigada.

Em síntese, o relatório é o resumo das ações realizadas pela organização e das práticas

reconhecidas nacional e internacionalmente ao longo do ano de 2016, integrado aos mais de 50

anos de história da educação na organização.

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Na sequência, para possibilitar uma comparação com outras organizações, são apresentados os

grandes números da educação corporativa na organização investigada, em dados nacionais

referentes ao ano de 2016:

o Modalidades distintas de soluções de capacitação: mais de 690;

o Horas de capacitação total: 7.039.770;

o Média de horas de capacitação por funcionário: 73,05.

A Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABTD, 2016) publica, também anualmente, a

pesquisa “O panorama do treinamento no Brasil: fatos, indicadores, tendências e análises”, que

compara resultados em educação corporativa no Brasil e nos Estados Unidos. Em sua 11ª

edição, em 2016, divulgou que o volume médio de treinamento anual realizado por funcionário

é de 22 h, para os brasileiros, e 32 h, para os americanos.

A média da organização investigada, de pouco mais que 73 h, encontra-se bem acima da média

nacional, mais de 51 h, e da americana, mais de 41 h. Assim, infere-se que o desejo de otimizar

processos e negócios corporativos é norteado pela educação, a importância por ela recebida

revela-se pela dedicação do tempo empregado ao processo educativo. O fator ‘tempo’ associado

a ampla variedade de cursos oferece um alto nível de registros educacionais, que, na prática,

reforçam a relevância ao tema.

4.2.2 Relatório anual: a prática

Retomando a questão do volume em horas dedicado à capacitação funcional, ressalta-se a

expressiva participação que a modalidade a distância tem nesse montante. Através de cursos

auto instrucionais oferecidos em duas modalidades, mídia impressa e mídia digital, concentram

a maior parte do processo educacional da organização.

Na sequência, com objetivo de favorecer a análise, são apresentados os grandes números em

educação corporativa a distância na organização investigada, em dados nacionais, também,

referentes ao ano de 2016:

o Soluções de capacitação em mídia digital: 587;

o Horas de capacitação a distância: 6.123.624;

o Média de horas de capacitação por funcionário a distância: 60,68.

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Com base nos dados previamente descritos, estima-se que para as unidades de negócio do

estado de Pernambuco em 2016, são registrados como grandes números para a educação:

o Soluções de capacitação em mídia digital: 587;

o Horas de capacitação total: 151.725;

o Horas de capacitação a distância: 126.032.

Os funcionários lotados em unidades de negócios de Pernambuco correspondem a pouco mais

de 20% do quadro funcional total. Por média, calcula-se a participação do grupo investigado

nesta pesquisa considerando a representatividade proporcional ao percentual identificado.

Assim, os dados disponibilizados, nacionalmente, são adaptados proporcionalmente à realidade

investigada.

A educação a distância representa 83,31% das práticas educacionais na organização

investigada, tanto no Brasil como nas unidades de negócios em Pernambuco. As modalidades

presencial e em serviço, juntas, somam 12,19 h média de treinamento por trabalhador, ambas

correspondem aos outros 16,69% do total do tempo dedicado à educação na empresa.

Dada a significativa representatividade da educação a distância para a educação corporativa da

organização, são debatidas as práticas em educação corporativa a distância sob 4 aspectos, a

saber: recursos tecnológicos, formatos, acompanhamento e contexto.

Quanto aos recursos tecnológicos, a primeira prática de destaque é a diversidade de escolhas

no uso de equipamentos para capacitação, sob orientação da teoria, oferece variedade de

interações na busca por conhecimento corporativo (RICARDO, 2005; VERGARA, 2007;

GUEDINE; TESTA; FREITAS, 2008; WROBEL et al., 2010; PORTUGAL et al., 2013;

TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015). Além dos próprios equipamentos da organização,

como a estação de trabalho individual do funcionário, uma prática amplamente difundida na

organização, é a utilização de computadores, notebooks, smartphones, tablets e televisores

pessoais dos funcionários como formas de acesso à educação corporativa, essa experiência tem

recebido destaque em discussões com forte apelo teórico (BELLLONI, 2012; RICARDO, 2012;

CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; TOLENTINO et al., 2013; BRANDÃO, 2014).

A internet é a base da conexão na prática organizacional de capacitação, corroborando com

indicações dos estudos de Brandão (2014) e Lima (2016), contudo, a instituição disponibiliza,

mesmo que em menor número, tecnologias off-line, o que permite baixar, armazenar e acessar

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determinado tipo de conteúdo no dispositivo escolhido e continuar o processo educativo,

mesmo fora de cobertura de internet. Para tecnologias off-line, não foram identificadas

discussões acadêmicas sobre aplicação e qualidade, apenas a identificação e tipificação da

existência e aplicação às atividades educacionais (BELLLONI, 2012; RICARDO, 2012;

CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; TOLENTINO et al., 2013; PORTUGAL et al., 2013;

BRANDÃO, 2014; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015; LIMA, 2016; TAXA et al.,

2016).

Outras tecnologias mais específicas estão sendo gradualmente implantadas. Uma prática já

identificada é o uso de óculos 360º, ainda que de forma experimental, em algumas dependências

sob a forma de teste piloto. Registra-se, também, tecnologia de geolocalização, que permite aos

funcionários a identificação de ofertas e oportunidade na área de educação juntamente às mais

de 1.500 empresas conveniadas ao clube de associados que oferece descontos em cursos de

idiomas, graduação e pós-graduação (presenciais e a distância). Destaca-se, ainda, a

disponibilização de streaming de vídeos na TV, uma recente funcionalidade que se utiliza de

dispositivos, como aparelhos celular, para transmitir vídeos e realizar outras interações em

aparelhos de TV.

No cenário apresentado, a instituição apresenta um posicionamento de pioneirismo em soluções

inovadoras e de excelência no campo da educação corporativa a distância. Essa diversidade

tecnológica corrobora com literatura existente (BELLONI, 2012; TOLENTINO et al., 2013;

PORTUGAL et al., 2013; UNESCO, 2014; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015; LIMA,

2016; TAXA et al., 2016) e permite envolver o maior número de participantes através de suas

opções pessoais quanto ao local, tempo e as ferramentas empregadas ou combinadas no

processo educativo. Ainda mais inovações estão prometidas, o futuro da educação corporativa

parece caminhar paralelamente às evoluções tecnológicas. As organizações o perceberam,

agora a aplicação de tecnologia de ponta na capacitação funcional é uma mera consequência.

No que se refere aos formatos, as práticas são guiadas por uma infinidade de métodos, cursos

online, animações flash, vídeo aulas, infográficos, games educacionais, realidade virtual, e-

books, áudio aulas, dentre outros. Para prevenir uma possível desordem que os diversos

modelos possam trazer, a academia recomenda a implantação de plataformas de Ambientes

Virtuais de Aprendizagem (MAIA, 2005; MORAN, 2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI;

RESENDE, 2005; GOULART, 2005; TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE,

2005; RICARDO, 2008; GUEDINE; TESTA; FREITAS, 2008; BRANDÃO, 2014; UNESCO,

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105

2014; LIMA, 2016; EBOLI, 2016; TAXA et al., 2016), em harmonia com o entendimento

sistematizado, a instituição oferece um portal (AVA) organizado em trilhas de aprendizagem

voltadas para o desenvolvimento de competências específicas e para o direcionamento do

conteúdo.

O portal é o ambiente de referência na educação a distância da organização. Lançado em 2013,

é uma poderosa ferramenta a serviço da organização e do aprimoramento dos funcionários.

Reúne em um único espaço cursos, informações, conteúdos e materiais de apoio. Além da

versão em português, existe uma versão específica para cegos. Registra-se, ainda a existência

de outras duas plataformas em dois idiomas (inglês e português) voltadas para funcionários em

um dos 24 países nos quais a instituição atua, podendo, ainda, ser utilizado por funcionários no

Brasil que desejem treinar ou aperfeiçoar um outro idioma.

Em 2016, foi lançada a nova versão do portal, mais simples e funcional, pretende estimular,

agilizar e facilitar o processo de desenvolvimento educacional dos funcionários. Na mesma

ocasião, foram implementadas novas funções e melhorias no sistema de navegação através de

categorização.

Na sequência, são apresentados os grandes números em educação a distância via portal, em

dados nacionais e referentes ao ano de 2016:

o Usuários credenciados: mais de 100.000

o Acessos ao portal: 5.747.867;

o Média de acessos diários: 20.000;

o Trilhas de aprendizagem: 143;

o Soluções de capacitação em mídia digital: 430;

o Quantidade de cursos concluídos: 2.219.548;

o Média de cursos concluídos por funcionário: 20,62;

o Índice de satisfação dos usuários: 94%;

o Registros de atividades colaborativas: 83.553;

o Arquivos na biblioteca digital: 362.

Cumprindo o proposto anteriormente, para a adequação ao público investigado, na sequência,

são apresentados, proporcionalmente, os grandes números em educação corporativa a distância

via portal nas unidades de negócios em Pernambuco, com relação a 2016:

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o Usuários credenciados: mais de 2.000;

o Acessos ao portal: 1.186.360

o Quantidade total de cursos concluídos: 458.115.

Ressalta-se, ainda, que dentre os cursos mais realizados destacam-se os referentes a temas

estratégicos para a organização em 2016. Estima-se que cursos intrínsecos ao foco negocial e

em harmonia com as estratégias corporativas representem o esforço da organização em

equilibrar a aprendizagem para os resultados corporativos. Assim, o atendimento das

necessidades de formação da instituição em suas frentes de negócios é identificado como o

objetivo do portal, corroborando com indicações da teoria em parametrizar os aspectos

educacionais, negociais e estratégicos na organização (EBOLI, 2002; 2004; RICARDO, 2012;

STAREC, 2012; VIEIRA; FRANCISCO, 2012; EBOLI; HOURNEAUX JR., 2014; WOOD

JR., 2014; MORAES, 2014; MAGALHÃES NT., 2014; MOSCARDINI; KLEIN, 2015).

Para um futuro próximo, a organização reserva a adequação das trilhas de aprendizagem por

cargos e temas estratégicos, além da utilização de ambientes colaborativos e redes sociais para

a disseminação do conhecimento organizacional.

O formato mobile é uma alternativa à apresentação de conteúdos de forma mais dinâmica, ágil

e de fácil compreensão, a portabilidade do celular permite que os aprendentes consultem e

revisem informações sempre que desejarem independentemente do local em que se encontrem.

É um modelo apontado, pela UNESCO (2014), como tendência para futuras práticas

educacionais, inclusive no setor corporativo. A adesão ao instrumento representa o esforço em

tratar, com uma abordagem mais leve, temas relevantes tanto para os funcionários quanto para

a organização investigada, cenário que corrobora com a própria Unesco (2014) e com as

indicações de Taxa et al. (2016) e Lima (2016).

Na sequência, são apresentados os grandes números em educação a distância via mobile, em

dados nacionais, referentes a 2016.

o Usuários ativos: 26.676;

o Quantidade de logins: 307.710;

o Soluções de capacitação na mídia: 157;

o Cursos concluídos: 56.956;

o Total de downloads realizados: 52.000;

o Visualizações de infográficos: 1.200.

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Em continuidade, na sequência, são apresentados, pelo critério de proporcionalidade, os

grandes números em educação corporativa a distância via mobile nas unidades de negócios em

Pernambuco, para o ano de 2016:

o Quantidade de logins: 63.511;

o Cursos concluídos: 11.756;

o Total de downloads realizados: 10.733.

Em 2016, foram lançados 6 novos infográficos específicos para o mobile, considerando temas

como negócios e segurança. A constante atualização sugere que este é um formato de interesse

para a organização, apesar de não ter os mesmos padrões de uso do portal, está entre as

prioridades de implementação da organização.

Além dos dois principais ambientes, destaca-se como tendência na organização a gameficação.

O uso mais popular entre os jogos, é uma solução educacional no formato de perguntas e

respostas sobre os temas da certificação interna. É um mecanismo utilizado para preparação de

uma certificação interna pois, assim como a avaliação, o game é estruturado em questões de

múltipla escolha elaboradas com base no conteúdo programático de cada área. Em 2016, foram

42,5 acessos individuais médios por funcionário, considerando os 13 temas.

Recentemente, o game, que tem recebido ampla divulgação, é baseado na estrutura de fases e

pontos. Cada etapa aborda uma temática, a partir de situações práticas que o participante deverá

responder, posicionando-se. De acordo com as respostas, os jogadores vão acumulando pontos

e passando as fases. O objetivo central do game é o desenvolvimento dos funcionários público-

alvo do jogo, formado pelos cargos de entrada na empresa. Registra-se amplo reconhecimento

para os participantes mais ativos, melhores classificados e melhores pontuadores, como a

participação em eventos de mentoria, mobilização e engajamento custeados pela empresa e a

abertura de 1.000 vagas exclusivas para os participantes do game em MBA financiado pela

instituição. Assim, a organização busca implementar as participações e torná-las mais atraentes

aos objetivos corporativos.

Sobre acompanhamento, a forma mais simples e automatizada que a organização tem praticado

é o envio sistemático de mensagens a partir de distintos aplicativos que podem ser visualizados

através do e-mail corporativo, tanto no smartphone quanto no computador. O objetivo é deixar

o funcionário sempre atualizado sobre as novidades da educação na empresa e, assim, engajá-

lo na realização das atividades educacionais propostas. Essa modalidade de acompanhamento,

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apesar de identificada na literatura (MAIA, 2005; MORAN, 2005; LIMA, 2016) e na

organização pesquisada, não é reconhecidamente aprofundada em estudos teóricos e/ou

empíricos, restringindo-se apenas a caracterização de sua existência.

Desde 2015, foram implantados ciclos do programa híbrido de mentoria gerencial. O objetivo

da orientação é aprimorar competências gerenciais pelo diálogo, relações interpessoais e troca

de conhecimentos e experiências, esses são de exclusiva participação de funcionários em nível

gerencial. Atualmente, o programa, que obteve índice de satisfação de 90%, encontra-se no 4º

ciclo, e apresenta contribuição para o processo sucessório entre gerentes da rede varejo na

instituição.

Em 2017, associado ao game com público-alvo direcionado para funções de base, iniciou-se

um processo de mentoria mais amplo. Foi implantado um banco de mentores com acesso livre

para habilitação de funcionários mentores ou mentorados, existe um hotsite que centraliza e

facilita o acesso e o encontro de mentoria virtual. O processo de mentoria na instituição deixa

de ser exclusivo para administradores, uma vez que, nessa nova fase o objetivo é o apoio na

gestão da carreira.

Ambos os programas coexistem, com públicos-alvo e objetivos distintos, e formam o mais

recente conjunto de medidas para assistência e orientação à educação no ambiente empresarial.

A crescente preocupação organizacional em incluir mecanismos de interação pessoal indica o

reconhecimento do processo educacional como um sistema compartilhado, o que resulta na

valorização da associação de pessoas para potencializar a geração e divulgação de

conhecimentos.

A universidade corporativa ainda é uma debutante, com apenas 15 anos: registra-se entre as

pioneiras do país e com um expressivo orçamento. Em 2016, foram gastos em torno de R$ 100

milhões; para 2017, a previsão foi de R$ 121,7 milhões. Nos últimos 5 anos, dedicou-se a ações

consistentes em EaD como novo paradigma educacional. Atualmente, atende seus mais de 100

mil funcionários-aprendentes, contabiliza seus 9 milhões de cursos online, concluídos com

índice de satisfação superior a 90%.

O ambiente de inserção da educação nas organizações é preponderantemente social,

necessidades e aspirações dos indivíduos, motivações e dificuldades, valores pessoais e

organizacionais, formam a subjetividade educacional corporativa (GUEDINE; TESTA;

FREITAS, 2008; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; TOLENTINO et al., 2013;

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PORTUGAL et al., 2013; MORAES, 2014; BRANDÃO, 2014; GIL, 2016; BUTZKE;

ALBERTON, 2017). O esforço em considerar a cultura, status social, personalidade, emoções,

percepções e posicionamentos compõe o contexto da educação corporativa da organização

investigada.

Sabe-se que a educação não é um processo estático e que ainda existe muito para evoluir, mas

é diante de novos desafios que as práticas educacionais emergem. Em educação, os modelos

devem ser usados como padrões para reinvenções, uma vez que a constante atualização é uma

prerrogativa para a organização investigada. Remodelações de padrões educacionais são

indicados pela academia (BRAUER; ALBERTIN, 2010; ALBERTIN; BRAUER, 2012;

MORAES, 2014), novidades e reformulações em formatos, tecnologias e interações formam o

contexto interno, com o objetivo de tornar o “educar” mais que um simples discurso, é fazê-lo

a vivência prática organizacional em sua essência.

4.2.3 Relatório anual: o fechamento

A conclusão do documento é o conjunto do tratamento dado às práticas educacionais em

ambiente externo. A organização sistematizou as interações das realizações em educação da

empresa, no ano de 2016, em 5 grupos, exibidos conforme a sequência: premiações e

reconhecimentos, mídias espontâneas, publicidade, benchmarking e participação em

congressos e feiras.

Inicialmente, são apresentadas as premiações e reconhecimentos que a educação corporativa da

organização recebeu durante o ano de 2016. A empresa foi destaque e vencedora em prêmios

nacionais e internacionais, mesmo concorrendo com os melhores cases de outras grandes

empresas. Entidades, como a Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento –

ABTD, International Quality and Productivity Center – IQPC e Corporate Learning

Networking – CLN, reforçam a sua posição de referência em educação corporativa no mercado.

A postura da empresa em divulgar e fazer notório o reconhecimento que é dado ao próprio

processo educacional, sugere a abertura para esse segmento competitivo, bem como,

compreende intenções negociais a ele vinculadas.

Na sequência, consta um elencado de publicações espontâneas em jornais e revistas, físicos ou

eletrônicos, normalmente especializado em educação corporativa e negócios, com matérias

específicas sobre a educação corporativa da instituição financeira. Infere-se que a organização

valoriza a publicação e divulgação de suas práticas educacionais em cenário nacional, pois ao

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tratar-se de comunicação voluntária, atribui imparcialidade e independência às informações

veiculadas.

Também são registradas iniciativas de publicidade própria em revistas direcionadas a empresas

e profissionais de gestão de pessoas. É possível deduzir que a difusão das práticas em educação

corporativa é uma ferramenta de fortalecimento da imagem institucional com tamanho alcance

que faz jus à aplicação de valores financeiros para consegui-la, contudo deve, também, ser

fortalecida junto ao público interno.

A literatura indica que toda ação organizacional em educação deve ser estrategicamente

planejada (MEISTER, 1999; EBOLI, 2002; 2004; RICARDO, 2005; 2012; STAREC, 2012;

EBOLI; HOURNEAUX JR., 2014; MORAES, 2014; MAGALHÃES NT., 2014), atividades

de divulgação e publicidade de práticas educacionais, quer espontâneas, quer provocadas,

devem vir precedidas de delineamentos de interesses organizacionais.

Além da educação ser um tema de interesse abrangente, a exteriorização de práticas

organizacionais é notória nos ambientes educacionais corporativas como forma de

autopromoção (EBOLI, 2004; MORAN, 2005; RICARDO, 2005). Seja pela competição, pelo

reconhecimento, pela valorização da marca ou mesmo pelo próprio endomarketing, dar-se a

conhecer, enquanto entidade educacional, relaciona-se intrinsecamente à estratégia corporativa

adotada.

Ademais, durante o ano de 2016, foram realizadas parcerias com diversas empresas de distintos

portes e setores econômicos, gigantes nacionais, multinacionais e órgãos do setor público, para

compartilhar experiências e conhecer boas práticas em reciprocidade. As trocas de experiências

e visões são recomendações da teoria (MAIA, 2005; TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO;

VALENTE, 2005; RICARDO, 2012; BRANDÃO, 2014; SHINODA et al., 2014; MACIEL;

VIEIRA, 2015; BUTZKE; ALBERTON, 2017), as práticas da instituição investigada

corroboram com a literatura ao atuar de forma aberta para permutas de modelos, ações e

conhecimentos. As parcerias descritas, no sentido mais particular do termo, sugerem que a

organização não trata a sua educação como uma “receita secreta”, mas entende que, a partir da

troca, novos e melhores conhecimentos são gerados.

Por fim, a organização divulga sua presença constante em feiras e encontros específicos da área

de recursos humanos, em decorrência da notoriedade de suas práticas. As participações

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fortalecem a imagem institucional e posicionam a instituição no mercado como organização

que adota modernas práticas de gestão de pessoas e educação corporativa.

O desfecho do documento é, na verdade, uma declaração de autopromoção, em que as ações

parecem não tão relevantes se não forem difundidas. A própria organização não assume a

divulgação como competência integral, em função do reconhecimento externo de que as

práticas são internas, contudo, validadas externamente.

4.3 Objetivo específico 3

Como último objetivo, figura o propósito de identificar a percepção dos funcionários sobre a

Educação Corporativa a Distância. Para atendimento do objetivo específico 3, foi realizada a

análise de conteúdo das entrevistas com funcionários de unidades de negócio em Pernambuco.

Conforme categorização, essa seção estrutura-se em 2 subdivisões: 4.3.1 percepção: proposta e

4.3.2 percepção: prática.

4.3.1 Percepção: proposta

Conforme item 4.1, que identifica por meio de análise documental a proposta para a educação

a distância na instituição investigada através do documento intitulado Proposta Político

Pedagógica para atuação em gestão de pessoas, a organização, caso deste estudo, declara

formalmente 5 Princípios Educacionais (item 4.1.3) básicos que estruturam os fundamentos

teóricos do próprio processo educacional.

Elencados na mesma ordem expressa no documento em questão, e com nomenclatura adaptada

à pesquisa, classifica-se como princípios organizacionais de educação: protagonismo do

funcionário, diálogo, problematização da realidade, interdisciplinaridade e aprender. A seguir,

individualmente por princípio, são apresentadas as percepções dos entrevistados que, ao

externar pontos de vista sobre os 5 fundamentos isoladamente, formam ao final uma percepção

geral sobre a proposta para a educação a distância da organização, ainda que não tenham

completa ciência do documento ou de seu conteúdo.

Protagonismo do funcionário

A compreensão de protagonismo aplicada à educação, com réplica na educação corporativa e,

consequentemente, na educação corporativa a distância, baseia-se no processo pelo qual o

aprendente assume a função de sujeito ativo do próprio processo educacional, se desprendendo

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do controle de terceiros e apropriando-se do papel principal no palco de sua educação (FREIRE,

1996; EBOLI, 2004; RICARDO, 2005; SANTOS, 2007; MARTINS, 2007; BELLONI, 2012;

BRANDÃO 2014; PORTUGAL et al., 2013; MACIEL; SHINODA et al., 2014; BRANDÃO,

2014; FRANCO et al., 2015; VIEIRA, 2015; FREIRE, 2015; TEIXEIRA; STEFANO;

CAMPOS, 2015).

Segundo as percepções dos entrevistados, foram estabelecidas 2 categorias investigativas

(protagonista; coadjuvante) para a proposta do protagonismo entre os funcionários. Os

posicionamentos dividem-se antagonicamente: uma parte dos respondentes compreende o

processo do protagonismo como objeto de autonomia sob responsabilidade do trabalhador-

aprendente, já em oposição são apresentadas posições que o colocam como coadjuvante. Assim,

sobre este contraste dividiram-se percepções, conforme segue:

o Protagonista

Dentre as percepções voltadas para o posicionamento protagonista, destacam-se as justificativas

de iniciativa, determinação, auto-responsabilização e autonomia do aprendente, características

essas que vão ao encontro da literatura e são reforçadas pelos posicionamentos dos respondentes

(FREIRE, 1996; EBOLI, 2004; SANTOS, 2007; MARTINS, 2007; DUTRA; COMINI, 2010;

BELLONI, 2012; PORTUGAL et al., 2013; BRANDÃO 2014; SHINODA et al., 2014;

MACIEL; VIEIRA, 2015; FREIRE, 2015; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015):

“...Mesmo que o Banco crie uma trilha, oriente que tem que ser feita aquela

trilha, mas cabe ao funcionário adequar os seus horários, querer fazer e

também querer fazer bem feito!” (E2)

“Se o funcionário não for determinado a se educar, não quiser crescer, não

fizer o uso das ferramentas que o Banco disponibiliza, de nada adianta o

investimento que é realizado! Então o funcionário é peça-chave nessa

educação a distância, nessa educação corporativa. Ele tem papel

importantíssimo!” (E15)

“Eu percebo que tem. Acredito que sim. É bem interessante isso, porque, na

outra empresa em que eu trabalhava não tinha isso. E na Universidade

Corporativa B a gente vê que tem esse direcionamento para o protagonismo.”

(E18)

As falas dos respondentes são muito claras quanto à figura do funcionário como a pessoa que

assume a responsabilidade de sua educação. O esforço da organização é percebido como

irrelevante para os casos em que não haja o posicionamento ativo do aprendente: “de nada

adianta o investimento que é realizado!” (E15). A “peça-chave” (E15) deve “querer fazer e

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também querer fazer bem feito” (E2), bem como,- deve valorizar o esforço da organização de

“direcionamento para o protagonismo” (E18).

Um dos entrevistados (E18) destaca o protagonismo como uma vantagem em relação a uma

experiência profissional anterior. Apesar de relativamente novo na organização, 3 anos de casa,

é demonstrada uma perspectiva favorável à organização investigada, em detrimento de uma

outra empresa, basicamente pela percepção ativa com a qual ele se reconhece.

O direcionamento para a valorização do protagonismo é uma percepção compartilhada, ainda

que não pelo critério da comparação de empresas, mas em relação a possíveis vantagens obtidas

através do processo educacional a distância na empresa:

“Assim, fica facultativo, do interesse de cada funcionário, por conta própria,

estudar fora do banco. E eu acho que foi nisso que eu consegui evoluir rápido

na minha carreira. Porque eu sempre destinei um tempozinho à noite, ou um

tempozinho no final de semana pra fazer curso.” (E2)

“Acho que a questão do protagonismo tem tudo a ver com a atitude: ‘Ah, tem

um curso lá e eu vou!’ ‘E você?’ ‘Ah, eu vou fazer!’. Eu vejo muito isso no

Banco para ter uma oportunidade. Você correr atrás daquela oportunidade,

sem ninguém tá ali: ‘olha você tem que fazer o curso...!’” (E6)

Ambos os entrevistados exemplificam atitudes de protagonismo associadas ao desenvolvimento

profissional materializado em encarreiramento e promoção. A “oportunidade” (E6) na

“carreira” (E2) e atitudes proativas na área educacional são percebidas como um

aparceiramento institucional para a progressão profissional na organização. O ato de “correr

atrás” (E6) ou “destinar um tempozinho” (E2) está associado a própria ascensão, segundo

respondentes ocupantes de funções gerenciais.

Moscardini e Klein (2015), em uma investigação sobre desenvolvimento de lideranças e

educação corporativa, indicam, em estudo empírico, na percepção de funcionários de 12

empresas multisites da região metropolitana de Porto Alegre/RS, o reconhecimento da

associação entre o progresso na carreira e a disseminação de conhecimento organizacional.

Apesar de reconhecidos desafios e necessidades de aprimoramento ao processo, a cultura

organizacional e a educação corporativa são apresentadas como fatores decisivos ao

encarreiramento nas empresas investigadas.

Em paralelo, ao investigar uma instituição do setor bancário, obtém-se resultado semelhante ao

apresentado, portanto, infere-se que associação entre a carreira e a educação nas empresas em

cenário nacional constitui-se um fenômeno perceptivo compartilhado entre os funcionários das

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organizações investigadas, descartando a possibilidade desse evento ser exclusivo de

determinado setor econômico. Assim, sugere-se que, na instituição, a perspectiva intrínseca

entre o processo educacional e as possibilidades de evolução profissional corroboram com a

literatura existente.

Para além, destaca-se, não só o posicionamento, mas o discurso fervoroso de empoderamento

e autoresponsabilização dos funcionários-aprendentes pela própria educação:

“Ele [o funcionário] tem que entender, que ele é o primeiro que tem que se

preocupar com a capacitação, o desenvolvimento e a profissionalização dele.

Mas, ele ainda fica muito passivo, esperando ser incomodado por algum

motivo para correr lá e fazer alguma coisa...” (E9)

Os argumentos apresentados formam um chamamento, um convite à saída da zona de conforto,

uma intimação à autogestão e ao autodirecionamento do aprendente. São o eco da literatura que

propõe o convencimento à formação do indivíduo como um ser dotado de autonomia sobre o

processo educacional do qual é parte (SANTOS, 2007; MARTINS, 2007; BELLONI, 2012;

SHINODA et al., 2014; BRANDÃO, 2014; PORTUGAL et al., 2014).

Contudo, apesar do posicionamento ativo defendido nas descrições apresentadas por uns e das

possibilidades e vantagens percebidas por outros, registra-se uma bipartição. É reconhecida a

existência de um público interno reativo ao processo educacional, não homogêneo e não

unânime, mas existente em meio à educação corporativa da empresa.

o Coadjuvante

Entre os que se reconhecem como coadjuvantes o conjunto comum de argumentos versa sobre

questões que envolvem a orientação da organização para questões como carga horária,

conteúdo, formatos e prazos para obtenção de determinados conhecimentos de interesse

institucional:

“Nem sempre a gente tem opção de escolha. Como eu falei, muitas vezes, a

gente faz os cursos que o Banco indica, porque precisa de tantos funcionários

treinados naquela área específica. Então, a gente geralmente não tem escolha.

Ah, eu vou fazer tal curso porque eu acho interessante, porque eu acho que

vou utilizar. Eu mesmo vejo assim, a gente não tem muito... não é que não

possa, mas na prática não funciona basicamente assim, dessa forma, a gente

não escolhe o que vai fazer.” (E12)

“Também tem cursos que realmente são da grade, aí você tem que fazer esses

cursos, é... vamos dizer assim, por uma certa imposição! E o Banco diz assim:

‘tem que ter X horas de curso, enfim...” (E6)

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“Tem às vezes demanda que vem de instancias superiores, alguns

treinamentos que são obrigatórios para a gente fazer.” (E7)

Para além das argumentações que representam a força hierárquica que a organização exerce

sobre a educação e sobre determinadas restrições fixadas, não são incomuns nas falas dos

entrevistados termos como “forçadas” (E16), “obrigatório” (E7; E16) e “imposição” (E6)

associados ao processo, o que reflete um baixo nível de abertura para o protagonismo do

funcionário, assumindo a própria empresa esse papel e colocando-o como coadjuvante.

Destacam-se, também, expressões como “nem sempre a gente tem opção de escolha” (E12),

“não tem escolha” (E12) e “as escolhas... não são minhas!” (E8) associadas à noção oposta de

protagonismo, contudo, evidencia-se que essa circunstância não é, por todos, compreendida

negativamente:

As escolhas... não são minhas, mas eu acho que são as melhores, por conta do

tempo. As escolhas são em função, primeiro, dos cursos que a gente não tem,

segundo, em função da praticidade da coisa. (...) Então, eu acho que, tudo bem,

não sou eu que escolho, mas eu acho que é a coisa certa, é a escolha certa,

digamos assim. Mas eu sei que eu posso escolher também, entendeu? Mas

assim, como no final já vem assim, tudo, não é imposto, mas já vem uma dica,

digamos assim: ‘olha esse curso tal...’ entendeu? É melhor!” (E8)

“Existem algumas coisas que, de certa forma, são meio forçadas, meio

obrigatório, mas é justo também... tem algumas trilhas que são padrão, acho

que, também, é justo isso.” (E16)

Salienta-se que o fato da percepção estar baseada na função de coadjuvante, exercida pelo

funcionário no processo educacional, não é sempre seguido de opiniões desfavoráveis ou

contrárias. Quer seja pela inferência de facilidade, comodidade ou pelo julgamento do ‘justo’

(E16), reforça-se que nem todos são contra essa percepção, que poderá apresentar-se como a

mais confortável, pois, para assumir o protagonismo, o aprendente deverá apresentar certos

níveis de maturidade, autonomia e iniciativa (EBOLI, 2004; MARTINS, 2007; BELLONI,

2012; BRANDÃO, 2014; FRANCO et al., 2015; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015).

A literatura alerta para falhas no protagonismo denominadas de “pseudoparticipação”, na qual

vivencia-se uma farsa à participação ativa do sujeito e orienta atenção ao processo que mascare

a participação e a responsabilização do aprendente sobre a própria educação (MAIA, 2005;

GOULART, 2005; MORAN, 2005; RIBEIRO, 2010; BRANDÃO, 2014; FREIRE, 2015).

Empresa e aprendente formam uma parceira gem para tornar o processo educacional em um

‘faz de conta’: “eu sei que posso escolher..., mas no final já vem uma dica” (E8).

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Nesse cenário, a função de coadjuvante poderá, inclusive, estar sendo involuntariamente

incentivada pela instituição, ao abonar o aprendente de certas responsabilidades e isentá-lo de

determinados deveres, características que são opostas à proposta organizacional e ao primeiro

princípio apresentado que é o protagonismo.

O desfecho desta seção revela a duplicidade, em extremos, de percepções para o protagonismo

do funcionário na organização investigada. Contudo, tanto os protagonistas assumidos quantos

os reativos, juntos, formam o público-alvo educacional da empresa. Essa deverá empreender

esforços para homogeneizar percepções conforme sua declaração formal de proposta para a

própria educação corporativa a distância.

Eboli (2004) e Ribeiro (2010) argumentam que a responsabilidade por esclarecer possíveis

visões distorcidas é da própria organização, bem como, o dever de fomentar, entre os

aprendentes, uma cultura de autonomia, autoresponsabilização e autoestudo. Assim, a

implantação de um ambiente mais autônomo e com mais envolvimento dos sujeitos-

aprendentes, posicionando-se a organização na função de co-participante e ocupando ela o

papel de coadjuvante, é o desafio empresarial que se apresenta latente entre as percepções

apresentadas sobre protagonismo.

Diálogo

O diálogo, interpretado como a interação baseada na troca de ideias entre duas partes,

compreendido pela academia como o processo aplicado à educação pelo qual se estabelece a

construção do conhecimento através da comunicação (FREIRE, 1996; STAREC, 2012;

RICARDO, 2012; TOLENTINO et al., 2013; FRANCO et al., 2015; FREIRE, 2015), foi,

conforme descrições e pontos de vistas tratados nas entrevistas, subdividido em 2 categorias

(Diálogo; Monólogo) para a apresentação da proposta na organização investigada.

o Diálogo

Dentre as percepções que se mostraram concordes à existência do processo de diálogo na

organização foram unânimes as descrições de experiências:

“Eu entrei em contato com o pessoal do técnico, eles reformularam o curso

todinho. Além de ter melhorado a estrutura em si, ficou muito mais fácil,

porque libras requer uma visualização maior e agora eles fizeram com vídeos,

então tá bem melhor... Eles reformularam, mas pelo que eu vi muita gente

criticou também, porque eles falaram que eu não era a primeira a tá falando.”

(E1)

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“Já teve cursos que, durante o andamento, não avança, por um motivo ou

outro, e eu já abri várias vezes... e fui prontamente atendido pela Universidade

Corporativa B, pelo suporte.” (E15)

“O diálogo também é bacana, não tenho nenhuma questão a reclamar do

diálogo não. No suporte técnico eles são... assim, sempre respondem com

presteza. Então eu acho que o diálogo é interessante!” (E17)

Observa-se que, pelos depoimentos, o processo de diálogo elogiado e reconhecido pelos

entrevistados, trata-se do diálogo originário do suporte técnico, que é um serviço auxiliar à

educação, é por tanto uma atividade secundária. Por meio dele, presta-se assistência para

formatos, equipamentos, conexões, dúvidas e dificuldades, entre outros, e constitui-se recurso

objeto de recomendações pela academia para a educação a distância (MORAN, 2005;

BELLONI, 2012; LIMA, 2016), contudo, não representa a essência do diálogo voltado para a

construção do conhecimento e fortalecimento da educação (FREIRE, 1996; STAREC, 2012;

RICARDO, 2012; ALBERTIN; BRAUER, 2012; FREIRE, 2015).

É recomendável que o diálogo ocorra nas mais diversas etapas do processo educacional, e que

seja aperfeiçoado inclusive nos setores nos quais já são bem avaliados, entretanto, observa-se,

nesse caso específico, que além da dialogicidade ter sido percebida em setor específico, foi

identificada em atividade acessória e não na principal.

A construção do conhecimento é o foco da dialogicidade, Ricardo (2012) e Freire (2015)

ressaltam sua relevância para o desenvolvimento do sujeito. A literatura recomenda que

quaisquer outras atividades anexas e com direcionamento educacional, assim como o exemplo

da assistência técnica, também devem ser conduzidas através do diálogo (MORAN, 2005;

BELLONI, 2012; ALBERTIN; BRAUER, 2012; LIMA, 2016), contudo, a essência e o foco na

educação não devem ser desmerecidos.

O diálogo para resolução de problemas específicos, como os técnicos e de formato, deve ser

observado e melhorado, desde que seja consequência do diálogo inicial com direcionamento

para a educação empresarial. De acordo com a declaração institucional, em conformidade com

o referencial teórico em discussão (FREIRE, 1996; MORAN, 2005; STAREC, 2012;

BELLONI, 2012; RICARDO, 2012; TOLENTINO et al., 2013; FRANCO et al., 2015;

FREIRE, 2015; LIMA, 2016), o diálogo, na instituição em questão, configura-se sob a

elaboração conjunta do saber.

Assim, destaca-se, por fim, não o fator ‘positivo’ percebido pelos respondentes, mas sim a

lacuna por eles deixada, não por desprezar a boa avaliação recebida pelo suporte técnico da

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Universidade Corporativa B, tão relevante na educação a distância, mas por reconhecer a

ausência de percepções do diálogo na construção mais relevante e central do processo, na

educação.

o Monólogo

Para os que não percebem o diálogo na modalidade a distância, identificam-se 2 grupos: o

primeiro, que não valoriza ou não se interessa pelo diálogo e, o outro, que tentou a interação e

não conseguiu feedback. Inicialmente, para os mais reservados, destacam-se posicionamentos

paralelos:

“Eu não... eu não sou de ficar tentando. Pronto! O Banco todo final de curso,

ele pede esse feedback sobre os cursos... aí é onde eu tento ser mais honesta,

agora eu não chego a dar sugestão.” (E1)

“Eu não escrevo nada, só boto muito bom, porque assim... eu não vou... não

procuro conversar muito não sabe? (risos) eu sou mais curto! (risos)” (E14)

Ambos os entrevistados representam percepções de indiferença à tentativa de diálogo no

processo educativo. Por mais que a organização se esforce, o diálogo é um contínuo de duas

partes, não existe diálogo de participante único. Assim, deve ser dada atenção devida a essa

classe de monólogo, pois ela carece da interação do diálogo, tanto quanto as outras, ainda que

neguem ou se fechem ao processo.

Moran (2005) e Freire (2015) defendem a manutenção do diálogo na educação como forma de

prevenir disfunções sistêmicas no processo. Um dos desafios que se apresenta para a

organização, consiste em desconstruir o posicionamento inerte e indiferente ao diálogo. A

implantação de experiências positivas de dialogicidade, abre possibilidades de fomentar uma

percepção de valorização do diálogo, tornando-o, não apenas relevante, mas indispensável ao

processo educacional corporativo a distância.

Para os que se encaixam no outro grupo, o caso inspira mais cuidados ainda, pois trata-se de

sujeitos que reconhecem a importância da interação, posicionaram-se abertamente ao diálogo,

tentaram o contato e, por motivos distintos, não conseguem completar o processo na educação

a distância. Para esses, as experiências revelam frustrações:

A Universidade Corporativa B dá esse espaço, mas eu não vi, na prática,

ninguém dando esse feedback, até hoje, na minha agência.” (E10)

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“Mas só que muitas vezes, você dá sua opinião e não tem um retorno. Você

faz um curso, dá lá a sua opinião, o que foi que gostou e o que não gostou,

mas não recebe retorno. Pelo menos, eu senti isso às vezes que botei lá o

comentário. Eu achava que devia ter o retorno. Assim, o diálogo não se faz

uma mão só, então a gente só falando e não recebe nada de retorno. Não tem

o diálogo, né?” (E5)

“Não! Isso eu já acho que não acontece muito, pelo menos eu não vejo muito

espaço para... no máximo, eles colocam no final para a gente fazer um

comentário naquela avaliação de reação, mas é unilateral. Eu não,

particularmente, nunca recebi, um feedback direto da Universidade

Corporativa B. Já tentei fazer sugestões, mas nunca recebi um feedback não,

eu não acho que tenha muito espaço para isso não.” (E16)

As argumentações revelam a recorrência na ausência de retorno e feedback nas percepções

sobre o diálogo. Associados a esse entendimento ainda são aplicados termos como

“informação” (E11), “comentário” (E5; E16), e “unilateral” (E16), quando, na verdade, a

proposta organizacional é para que fossem opostamente associadas a palavras como

“conhecimento”, “conversa” e “bilateral”. Já para classificar a estrutura do processo do diálogo

são aplicados termos como “mecânico” (E6), “repetição” (E8) e “automatizado” (E9; E15) que

traduzem a baixa interatividade e a impessoalidade verificadas no processo.

Wood Jr. (2014) alerta a necessidade de comunicação à manutenção dos sistemas educacionais

corporativos. O desenvolvimento de uma ‘relação’ entre funcionários-aprendentes e a educação

corporativa, torna-se oposta a estruturação mecânica e automatizada percebida como realidade

para o saber organizacional. A construção do conhecimento deve ocorrer de forma consistente,

e a organização é responsável pelo fortalecimento do diálogo, bem como pela continuidade e

resultados de feedbcks.

Ademais, a instituição tem o desafio de atender diversas expectativas intrínsecas à percepção

pessoal e equilibrá-las com as diversas mídias de interação EaD. O padrão de diálogo mais

reconhecido entre os entrevistados como largamente aplicado na organização foi a avaliação de

reação, recorrente ao final dos cursos. Ainda assim, vários alertas foram indicados: “a questão

da avaliação é que ela é muito extensa” (E6) e “devia ser uma forma mais resumida” (E3).

Registra-se, em outras sentenças, termos carregados de frustração e insatisfação: “inúteis, não,

nunca escrevo nada naquela partezinha” (E17) ou “eu acho que isso não tem utilidade nenhuma”

(E12), além de indicações de um processo entediante: “eu acho muito mecânico” (E6) ou “eu

acho que é uma repetição” (E8) e fácil de burlar: “aí você pode sair colocando alí, coisa... só

pra finalizar mesmo” (E6).

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Esse conjunto de fatores indica um processo deturpado de diálogo na educação a distância da

empresa que, por ser repetitivo e gerador de descontentamento, dificilmente será efetivo. Os

desafios dialógicos que se apresentam à organização não são inéditos, a academia, previamente,

reconhece problemas na educação corporativa advindos da ausência da gestão e manutenção do

diálogo (MORAN, 2005; FREIRE, 2015). Entretanto, a identificação do desafio não desobriga

uma posição ativa da organização, pelo contrário, exige atitudes que promovam mudanças, para

que essas mudanças tragam a perdida legitimação ao processo dialógico.

São verificadas, também, características intrínsecas aos sujeitos para a construção e gestão do

diálogo que devem ser consideradas, ao oposto extremo de dificultar ou inviabilizar a

dialogicidade educacional corporativa (MORAN, 2005; SANTOS; SILVA, 2005; RICARDO,

2008). Para esse perfil específico do monólogo por frustração, observa-se que questões

particulares de cada indivíduo não interferiram nos posicionamentos. Entrevistados de distintas

idades, gêneros e níveis hierárquicos compartilham de experiências semelhantes e percepções

de frustração à tentativa do diálogo. Assim, infere-se a existência de ponto de vista generalizado

e indiferente a particularidades individuais, as tentativas dialógicas frustradas são percebidas

como integrantes de um complexo recorrente e global na organização.

O cenário apresentado orienta intervenção imediata. Possibilidades são apresentadas pelos

próprios respondentes, modelos de ações que podem ser adequados, aprimorados e aplicados à

educação corporativa a distância precisam ser objeto de diálogo:

“Por exemplo, eu tenho vários cursos e eu nunca tive, por exemplo, por

amostragem, uma solicitação do sistema de ensino, como acontece com a parte

de operações, poderia ter esse sistema de mensuração, de forma aleatória

óbvio, de forma é... estatisticamente falando, por amostragem. Nunca passei

por essa experiência, se tem, nunca, nunca fui contatada.” (E13)

“E uma das grandes possibilidades que eu acho que vai chegar, para um futuro

muito próximo, dentro do Banco é a videoconferência. A possibilidade de

você acessar alguém diretamente, e você receber uma visita virtual, ou seja,

conversar com alguém da Universidade Corporativa B, com monitores, com

instrutores de determinados assuntos, e bater papo sobre determinados

assuntos específicos, tirar dúvidas, e receber sugestões e vice-versa. Então,

assim, na minha opinião, o que eu faria, o que eu pediria à Universidade

Corporativa B, certo, que ela montasse, não um Call Center, mas um espaço

que tivesse vários instrutores e monitores que pudessem atender chamados e

videoconferência, até para facilitar a maior interação dos funcionários.” (E16)

Desde o diálogo mais específico e individualmente direcionado por amostragem até o diálogo

com realidade futurista, os aprendentes apresentam plena capacidade de propor melhorias,

possibilidades que não devem ser desprezadas pela instituição. Possivelmente, o ouvir poderá

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ser precursor da implantação de sistemas dialógicos mais motivadores e prazerosos, para que,

assim, sejam aceitos e valorizados (MORAN, 2005),

Ressalta-se, ainda, que seres diferentes comunicam-se de maneiras diferentes. Assim, a

instituição poderá, não apenas implementar novos modelos dialógicos, mas sim, manter

diversos canais de comunicação coexistentes, desde avaliações de reação “mais enxutas e

elaboradas” (E6) e “de uma forma mais resumida” (E3), passando por avaliações mais

profundas “por amostragem” (E13), até avaliações interativas por “videoconferência” (E16), e

este é apenas um dos inúmeros cenários possíveis para a dialogicidade educacional corporativa

a distância.

No encerramento desta seção, são registradas provocações para a organização investigada

detentora de um processo de diálogo percebido: exclusivamente como assistência técnica ou

como monólogo por opção individual e monólogo por frustração, ao passo que na própria

declaração formal-documental, a dialogicidade, base para a construção de conhecimento, é um

princípio de sua educação corporativa.

Problematização da realidade

A problematização da realidade é um processo educacional vivencial e experimental baseado

em situações reais e rotineiras e sistematizado na simulação e resolução de problemas.

Fundamentado na realidade de cada aprendente, caracteriza-se por atribuir a natureza de

“problemas” a situações vivenciadas no dia-a-dia dos sujeitos (MAIA, 2005; TAVARES-

SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; RICARDO, 2012; BRANDÃO, 2014;

SHINODA et al., 2014; MACIEL; VIEIRA, 2015; BUTZKE; ALBERTON, 2017).

Esta é mais uma seção de opostos com 2 categorias de investigação (equilíbrio entre teoria e

prática; desequilíbrio entre teoria e prática) antagônicas entre si, conforme percepções dos

participantes.

o Equilíbrio entre teoria e prática

A primeira classe de percepções reconhece como válida a proposta de “problematizar” adotada

pela instituição na construção do processo educacional corporativo:

“Então, assim, eu tenho uma percepção muito ótima disso, de que os cursos,

eles realmente são voltados para o que ocorre no dia-a-dia.” (E2)

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“É bem interessante! Porque ele aborda questões de cotidiano das agências

de uma forma bem ilustrativa. (...) É bem interessante, para deixar você

desenvolvido, no processo de aprender.” (E6)

“Existe... na grande maioria, eles estão ligados ao que acontece no dia-a-dia

das agências.” (E15)

Na minha função principalmente, assim, foi bem condizente com o que eu

faço no meu dia-a-dia, (...) a trilha tá de acordo com o que eu desempenho na

minha função.” (E3)

Para a perspectiva voltada para o reconhecimento do equilíbrio entre teoria e prática na

problematização da realidade são apresentados pontos de vista que relacionam a educação a

distância com fatos do “dia-a-dia” (E2; E3; E15; E18) ou “cotidiano” (E6), em outros

posicionamentos são associados, ainda, a “situações” (E7; E18) e “realidade” (E9; E18)

vivenciadas na rotina de trabalho, ou seja, aos “problemas reais” dos aprendentes.

Conforme a teoria (MAIA, 2005; TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005;

MACIEL; VIEIRA, 2015; BUTZKE; ALBERTON, 2017), a educação apresenta-se sob a

forma de uma experiencia baseada em situações reais, e indica ainda, que a construção do

conhecimento é originária do equilíbrio entre teoria e prática. Corroborando com a literatura,

esse paradigma de harmonia e equiparação, é reconhecido e valorizado pelos funcionários

investigados tanto pela aplicabilidade: “traz uns exemplos e consegue trazer você para a

realidade” (E9), quanto pela agilidade: “e a gente tem a vida tão corrida, que a gente precisa da

prática” (E8) propiciadas ao processo educacional.

Ressalta-se, entretanto, que não é unânime a percepção para os que compreendem o equilíbrio

entre teoria e prática na educação corporativa a distância na organização investigada.

o Desequilíbrio entre teoria e prática

Para os que compreendem a dimensão teórica e prática como um sistema desconforme, as

situações colocadas de desequilíbrio resumem-se à ausência ou à baixa aplicabilidade dos

conteúdos empregados:

“Muitas coisas que a gente vê não se aplicam no dia-a-dia. Têm cursos que

são bem complexos que, no dia-a-dia a gente nunca utiliza nem metade. E às

vezes é o inverso, tem coisas que a gente vê no dia a dia, e lá no curso não diz

que tem tal coisa.” (E12)

“A grande maioria do conteúdo prevê situações hipotéticas que, na verdade,

não se concretiza, não está presente no nosso dia-a-dia.” (E13)

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“Tem muito de uma teoria e na prática a gente não consegue utilizar muito

bem.” (E17)

Quer seja pela inadequada seleção de matérias (E12), ou pela abstração da realidade (E13), ou,

ainda, pela densidade teórica do conteúdo (E17), a relevância da aplicabilidade do “estudar”

em ambiente corporativo é, essencialmente, associada à execução. Quando essa combinação

não é percebida, os funcionários-aprendentes tendem a não compreender o valor e sentido da

educação empresarial.

Maia (2005) defende que a capacidade perceptiva do profissional-aprendente deve ser

considerada como parâmetro, por ser esse o sujeito com maior interação com a realidade

profissional. Sendo assim, conhecedor da dinâmica interna, poderá opinar para que esta ocorra

de forma mais assertiva.

Dentre os pedidos registrados entre os entrevistados, destaca-se a “interação” (E1; E7; E16)

como condição indispensável a um processo teórico-prático harmonioso. Ressalta-se, ainda, a

sugestão de implantação de cadeias de conteúdos classificados e disponibilizados “pela

regionalização..., pelo tipo de público..., pelo perfil de clientes..., pelo tipo de agência...” (E11),

ou seja, uma só matéria se apresentar diversificadamente de acordo com critérios que possam

deixar a abordagem do assunto mais próxima da realidade vivenciada pelos aprendentes.

“Poderia ser um curso, digamos, geral, que teria a matéria geral, que todo

mundo devia assistir, aí ter as ramificações, digamos assim, direcionado para

determinado tipo de público ou determinado tipo de agência...” (E11)

Registra-se, por fim, a solicitação para inclusão de ambientes de simulação: “precisaria

realmente de... uma ferramenta mais técnica de ensino” (E17), “e outra questão seria,

justamente, a questão de haver simuladores para determinados cursos”. Para esse cenário, a

literatura não só prevê, mas indica atenção e consideração ao posicionamento dos aprendentes

(LIMA, 2016; BUTZKE; ALBERTON, 2017).

Jogos de projetos, jogos de empresas, simuladores e ferramentas de comunicação que

favorecem a gameficação são amplamente apresentados pela teoria como tendências na

educação a distância (MAIA, 2005; MORAN, 2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI; RESENDE,

2005; GOULART, 2005; TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005;

RICARDO, 2008; GUEDINE; TESTA; FREITAS, 2008; BELLONI, 2012; BRANDÃO, 2014;

UNESCO, 2014; LIMA, 2016; EBOLI, 2016; TAXA et al., 2016). Em complemento, a

percepção de desequilíbrio entre teoria e prática, categoria da problematização da realidade na

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organização investigada, poderá ser combatida, conforme respondentes, em aspectos triplos:

estimular a interação (primeiro: pedido) defendida por Maia (2005), Moran (2005) e Belloni

(2012), promover a aproximação de teoria e prática (segundo: sugestão) incentivada por

Ricardo (2012), Wood Jr. (2014) e a Unesco (2014) e incluir ferramentas-simuladores no

ambiente de educação corporativa (terceiro: solicitação) orientada pela Unesco (2014), Lima

(2016) e Taxa et al. (2016).

Assim, resume-se a percepção dos respondentes e os principais eixos de intervenção sob os

pilares teóricos de debates previamente apresentados. Portanto, torna-se um desafio para a

organização a criação de uma rede que, conforme Wood Jr. (2014), busque soluções

equilibradas entre teoria e prática em cenários educacionais corporativos. Como pré-requisito

formal nesse contexto organizacional específico, problematizar como fundamento da educação

corporativa a distância torna-se um imperativo.

Interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade é a qualidade que se relaciona com a capacidade de efetivar relações

entre dois ou mais conteúdos, com o objetivo de melhorar o processo educacional. Através de

procedimentos sistêmicos e dinâmicos, fortalece uma formação rizomática e multirreferencial

(FREIRE, 1996; SANTOS; SILVA, 2005; MORAES, 2014).

Para esta proposta, foram categorizadas 2 classes de percepções (multidisciplinar;

monodisciplinar), entretanto, para a última tipificação foi registrada a visão única e isolada de

um entrevistado em oposição aos demais.

o Multidisciplinar

Para a ampla maioria, que se reconhece num processo interdisciplinar, é comum a associação

do conceito a termos que denotem a harmonia e ligação entre assuntos distintos:

“Interessante! Porque dá para a gente ir agregando outras visões...” (E1)

“Eu percebo isso, que a maioria envolve vários temas.” (E7)

“Geralmente os cursos estão interligados, isso é importante pra você

compreender o todo.” (E9)

“Consigo ver essa preocupação do Banco e sempre fazer um link.” (E13)

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Quer seja pela associação (E1), ou pela composição (E7), ou pela sistematização (E9), ou,

ainda, pelo compromisso institucional (E13), identifica-se uma percepção favorável à

interdisciplinaridade revelada em termos como: “inter-relacionados” (E6), “diversidade” (E7;

E14), “interligados” (E9), “link” (E13), multidisciplinaridade (E15). Infere-se que a

compreensão sobre a interdisciplinaridade está ligada a capacidade dos conteúdos serem

diferentes e conectados.

“Eu acho que é o diferencial da Universidade Corporativa B. (...) Apesar dela

ter um direcionamento, mas ela não é seca, assim, só pancada numa coisa,

não! Ela traz dentro daquele contexto vários conhecimentos.” (E18)

O tratamento equilibrado de “vários conhecimentos” (E18) dentro dos mais distintos contextos

educacionais é o ápice da recomendação teórica (SANTOS; SILVA, 2005; RICARDO, 2005;

MORAES, 2014; FREIRE, 2015). Assim, a percepção geral formada pelos participantes ratifica

a literatura, ao retratar um processo interdisciplinar em sua sistematização e composição, desde

a apresentação dos conteúdos até a participação da organização, o “direcionamento” (E18), por

ela sugerido, não invalida o posicionamento favorável à interdisciplinaridade.

o Monodisciplinar

Para o contexto monodisciplinar, que integra a unidade de disciplina ou área do conhecimento,

foi identificada a percepção isolada de apenas um respondente:

“Sinceramente, eu não consigo visualizar assim, não sei se eu posso estar

enxergando de forma equivocada, mas eu não vejo. Os cursos, pelo menos que

eu faço aqui, não é interdisciplinar não! São cursos direcionados para áreas

específicas e só.” (E11)

A literatura aponta a ausência da integração de conteúdos como um problema associado à

educação corporativa, que deve apresentar-se como um processo sistêmico. Assim, o

tratamento holístico da educação constitui-se um desafio constante às organizações

(RICARDO, 2005; WOOD JR., 2014; MORAES, 2014; FREIRE, 2015).

Neste caso, entende-se que a percepção monodisciplinar isolada, ainda, não se constitui sinal

de alerta para a instituição investigada, porém não pode ser desprezada. A educação é um

processo cíclico e que não pode ser negligenciado, sob pena de inutilizar conquistas anteriores.

Assim, organização deve considerar essa percepção como um indicativo de constante melhora

e de busca da excelência para a interdisciplinaridade, item proposto formalmente como

princípio de educação corporativa a distância.

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Aprender

O aprender, objeto de interesse da UNESCO (2010), é considerado a energia da educação e

relaciona-se a capacidade de obtenção de conhecimentos de forma permanente e contínua

(EBOLI, 2004; RICARDO, 2005; MORAN, 2005; GOMES; STAREC, 2007; SANTOS, 2007;

STAREC, 2012; FLEURY, DAHMMER, 2014; BRANDÃO, 2014).

Nesta investigação, as percepções sobre o aprender apresentam-se um pouco mais plurais em

relação às percepções dicotômicas registradas para os quatro princípios anteriores. Nesta seção

foram identificadas 3 categorias (iniciativa pessoal; iniciativa organizacional; indiferença) para

classificar os entendimentos apresentados.

o Iniciativa pessoal

O conjunto de visões dessa categoria são voltados para a autonecessidade de aprender, ele é

fruto da determinação e das atitudes do próprio sujeito frente os desafios impostos pela

educação contínua e permanente:

“Acho que é mais o estímulo pessoal, ver se isso... vai refletir positivamente

para mim. (...) Olha, eu acho que isso depende mais de mim do que de

qualquer outra coisa, eu acho que da minha disciplina, daquilo que eu aprendi

com o curso.” (E1)

“Pronto, aí nessa percepção, eu acho que vai do interesse de cada funcionário

do Banco. A gente tem que (...) buscar se aperfeiçoar. Aí eu acho também que

vai de cada um.” (E2)

“Na verdade, eu acho que isso é muito a postura do aluno!” (E13)

Registra-se a presença de expressões como: “depende mais de mim” (E1), “vai de cada um”

(E2) e “é a postura do aluno” (E13), para descrever a iniciativa pessoal de cada aprendente

sobre sua própria educação. As expressões “pra mim’, “minha disciplina” e “eu aprendi” (E1)

refletem, respectivamente, o completar do sentido no sujeito, a apropriação do processo e a

força do ‘eu’ para o aprendizado. A relevância do posicionamento pessoal é considerada, pela

teoria, como essencial para a construção do ‘aprender’ (FREIRE, 1996; EBOLI, 2004;

SANTOS, 2007; MARTINS, 2007; DUTRA; COMINI, 2010; BELLONI, 2012; BRANDÃO

2014; PORTUGAL et al., 2013; MACIEL; VIEIRA, 2015; FREIRE, 2015; TEIXEIRA;

STEFANO; CAMPOS, 2015). Não delegar, esse é o imperativo. Cada aprendente deve ser

responsabilizado pelo seu autodesenvolvimento, na investigação em tela, é valorizado o papel

ativo do aprendente sobre o próprio processo educacional.

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Em associação à iniciativa pessoal, evidencia-se, também, a busca ou o prazer pelo

conhecimento como a principal força motivadora para o aprender:

“Não só por fazer os cursos, mas pelo próprio conhecimento, eu diria. A

grande parte dos cursos que eu tento fazer é para esclarecer, é para me

aprofundar mais, e... eu acho que tá da maneira correta.” (E2)

Todo conteúdo é sempre proveitoso, depende muito de quem tá absorvendo

ele. Eu acho que todo curso é sempre muito bom, é sempre uma oportunidade

de aprender ou reaprender.” (15)

“E que ao funcionário fazer em casa, como eu faço, por exemplo, porque eu

(...) preciso de conhecimento.” (E13)

“Eu faço muitos cursos pelo conhecimento! (...) A partir do momento que você

liga aquele senhorzinho do conhecimento, (...) eu acho que um curso te leva a

querer fazer outro.” (E10)

A busca pelo conhecimento recebe destaque como principal elemento de iniciativa pessoal para

o aprender. O saber é reconhecido como uma necessidade pessoal “preciso de conhecimento”

(E13), como uma “oportunidade” (E15) individual e como a finalidade “pelo conhecimento”

(E2; E10). A busca pela gnose verifica-se pelo reconhecimento da relevância do aprender para

e pelo sujeito.

Infere-se que todos os respondentes que compartilham da percepção da iniciativa pessoal,

compreendem o conhecimento como fator de desenvolvimento pessoal, que torna o indivíduo

um sujeito melhor, não apenas para o trabalho, mas para si mesmo e para os outros.

o Iniciativa organizacional

Dentre os despertamentos advindos de inciativas organizacionais para incentivo ao aprender,

destacam-se os que tratam diretamente de conteúdos abordados, ou seja, da apresentação e

discussão de forma que incentive a busca por conhecimentos:

“É difícil eu fazer um curso que eu diga assim: ‘esse curso não tá legal!’, e

acabar desistindo. É... geralmente eu gosto das dinâmicas dos cursos, da forma

que eles abordam os assuntos, e é tanto que eu sempre estou fazendo.” (E9)

“Alguns incentivam, alguns específicos da sua área de atuação conseguem

incentivar o aluno a aprender, querer aprender!” (E14)

Os trechos demonstram a existência de uma percepção positiva voltada para a ação da empresa

na construção da educação e, consequentemente, no incentivo ao aprender. Apesar de ser uma

postura reativa, sob perspectiva do aprendente, não recomendada pela academia, se, por

iniciativa organizacional, for possível gerar a definitiva capacidade individual de aprender

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sempre, terá a organização cumprido seu papel de corresponsável pela educação e agregado

valor sobre o processo (EBOLI, 2004; RICARDO, 2005; MORAN, 2005; GOMES; STAREC,

2007; SANTOS, 2007; STAREC, 2012; FLEURY, DAHMMER, 2014; BRANDÃO, 2014).

Para que o aprender como fundamento seja valorizado, é necessário tornar comum a

compreensão do ganho individual e coletivo do processo educacional. A imersão no processo

deverá refletir o desenvolvimento de habilidades e competências úteis à obtenção de resultados

para o funcionário e para a empresa.

Mesmo com todo esforço organizacional pelo encantamento e convencimento ao aprender,

registra-se como estratégia mais efetiva, segundo posicionamentos dos entrevistados, a

computação de pontos e o lançamento de atividades educacionais no currículo funcional do

trabalhador:

“Entrei uma vez, mas a maioria dos cursos que pontuam para gente mesmo,

no nosso currículo, quanto os que auxiliam na nossa agência... assim, para não

pontuar para mim e nem para a agência não tava adiantando muito...” (E1)

“Para mim... tem a questão de pontuação! Caso a gente queira para os cursos,

para melhorar nosso currículo e tal, pra quem pensa em concorrer e coisas do

tipo. É... hoje os cursos estão disponíveis com um dia! A gente faz, com um

dia tá no currículo, e é um incentivo.” (E3)

“... Principalmente quem tem interesse em crescer no Banco, o pessoal tem

bastante interesse em fazer cursos.” (E8)

“E que ao funcionário fazer em casa, como eu faço, por exemplo, porque eu

preciso melhorar o currículo...” (E13)

Verifica-se, na organização, a existência de um sistema de registro que contabiliza pontuações

para concorrências, promoções, transferências e nomeações em seleções internas, serve ainda

como um dos parâmetros na diversa avaliação individual na empresa, além de ser objeto de

avaliação coletiva das dependências e dos gestores do público-aprendente.

Conforme os tipos, o conteúdo e a carga horária, as atividades educacionais possuem valores

distintos. Esse “jogo” do aprender fomenta, ainda, concorrência saudável pela busca de

conhecimento entre os funcionários. Assim, o “placar” educacional de cada funcionário,

direcionado pelo caminho que ele deseja para o próprio futuro na organização, o classifica para

ações de desenvolvimento profissional.

Essa parametrização é percebida positivamente por parte dos entrevistados, quer seja pela

simples pontuação: “para não pontuar... não tava adiantando” (E1) ou por intenções de

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encarreiramento: “quem pensa em concorrer” (E3) e “quem tem interesse em crescer” (E8) ou

mesmo por necessidade curricular: “preciso melhorar o currículo” (E13).

A frequência da menção à pontuação ou ao currículo reforça o posicionamento assertivo da

organização com relação configuração proposta. Ressalta-se, ao final, que o público de

aprendentes que compartilham dessa percepção é bastante diverso. Foram observadas

características desde o gênero, faixa etária, grau de escolaridade e cargo que ocupa, porém, não

foram identificados posicionamentos que tivessem relação com as individualidades

previamente caracterizadas dos respondentes.

Por fim, volta-se mais uma vez à relação entre educação e encarreiramento na empresa

investigada. Infere-se que ao vincular a aprendizagem aos desejos profissionais intrínsecos dos

aprendentes abrem-se distintas possibilidades. Positivamente, poderá provocar resultados de

engajamento, competitividade e desenvolvimento satisfatórios à educação organizacional,

contudo, negativamente, poderá, também, criar “vícios” de reciprocidade nos aprendentes, que

os tornará reféns de um processo de troca, descaracterizando o crescimento e/ou

desenvolvimento profissional (TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005;

MAIA, 2005; RICARDO, 2008; MORE et al., 2010; VALENTE, 2011; BRAUER;

ALBERTIN, 2010; ALBERTIN; BRAUER, 2012; RICARDO, 2012; BARROS; SOUZA,

2012; MORAES, 2014; MOSCARDINI; KLEIN, 2015).

Em último caso, poderão ser desconsiderados os princípios formais propostos, desfazendo o

propósito mor da educação corporativa a distância na organização em estudo. Assim, a

pontuação no currículo funcional tem caráter dubio, portanto, devem ser dispensados, no

mínimo, atenção e cautela, bem como revisões e adequações periódicas.

o Indiferença

Dentre os investigados, registra-se a única percepção indiferente. Nesse grupo classifica-se a

percepção que, simultaneamente, não advém de iniciativa pessoal, bem como, não reage à

iniciativa organizacional para o aprender na educação corporativa:

“Assim... a continuar o processo de aprendizagem acho que não. (...) quando

me veio, nunca que eu abri para me aprofundar em nenhum tema dos cursos

que eu vi, o que eu fiz naquele momento foi o necessário para eu ser aprovado.

(...) pra mim não, não me desperta a vontade de me aprofundar naquele tema

não.” (E7)

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Constata-se que o fundamento da alegação se divide em duas partes: intrínseca ao sujeito:

“nunca que eu abri pra me aprofundar” (E7), demonstrando indiferença à iniciativa pessoal; e

ii) extrínseca ao sujeito: “quando me veio” (E7), expressando indiferença à iniciativa

organizacional. Assim, esse sujeito, mesmo sendo único em sua percepção, inspira cuidados à

organização. Esse perfil não deve ser fomentado, favorecido ou ignorado, poderá inclusive, não

ser único na organização como um todo. Infere-se a necessidade de uma aculturação

institucional que poderá ser iniciada e desenvolvida através da educação corporativa a distância

conforme referencial teórico (EBOLI, 2004; RICARDO, 2005; 2012; VIEIRA; FRANCISCO,

2012; STAREC, 2012; MOSCARDINI; KLEIN, 2015).

Registra-se, ainda, sugestões dadas pelos próprios funcionários para que a empresa interfira

positivamente em todas as categorias de percepções apresentadas.

“O Banco traz só o que é mais voltado para os gerentes, ou para um outro

público-alvo que é interessante para eles. Mas se eles querem que nós

escriturários, é... galguemos alguma outra posição no Banco, talvez fosse

interessante essa troca também.” (E1)

“Não existe no Banco esse tipo de recompensa, vamos falar assim. E eu não

estou falando de recompensa pecuniária não, qualquer outro tipo de

recompensa, não existe essa parte de incentivo! (...) poderia existir uma forma

de encorajamento, de reconhecimento, volto a dizer eu não estou falando de

dinheiro (...) eu tô falando de um outro tipo de reconhecimento que não seja

só pontuação em currículo, em cadastro no sentido de concorrência, mas numa

outra forma de você visualizar isso aí, não existe.” (E13)

O resumo das sugestões apresentadas baseia-se em dois pilares: ingresso homogeneizado,

independente do cargo, às atividades educacionais na empresa; e reconhecimento, ainda que

não pecuniário, aos destaques nessas mesmas atividades educacionais, percepção esta reforçada

por outro respondente: “Eu acho... é mais reconhecimento!” (E18). Cabe à organização,

conforme orientações da teoria, a análise e adequação do aprender na proposta organizacional,

o acesso à oportunidades e abertura para recompensas (MAIA, 2005; MORAN, 2005;

GOULART, 2005; GOMES; STAREC, 2007; RICARDO, 2008; STAREC, 2012; BELLONI,

2012; RICARDO, 2012; MORAES, 2014; WOOD JR., 2014; BRANDÃO, 2014; SHINODA

et al., 2014; FRANCO et al., 2015; MACIEL; VIEIRA, 2015).

As percepções apresentadas retratam 3 classes de interesses ao aprender: os que percebem a

educação como um diferencial pessoal e organizacional, para estes, o alcance do conhecimento

são degraus para o alcance dos objetivos; os que não reconhecem na educação uma fonte de

crescimento pessoal e corporativo, para estes, a organização poderá desenvolver ações de

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reconhecimento, ainda que não exclusivamente financeiras, conforme sugestões; já os que

compreendem o conhecimento como moeda de troca, a dependência da reciprocidade na

educação pode tornar-se um problema, ou seja, o indivíduo não reconhece a educação como

benéfica para si, ela é simplesmente um caminho que ele tem que percorrer para obter algum

tipo de ganho.

Não desmerecendo todo o conjunto de esforços e estratégias organizacionais para a promoção

do aprender, e não o caracterizando como uma tática ilegítima, mas, a atenção da empresa

deverá ser permanente para evitar que os funcionários assumam posições “viciadas” para

aprender única e exclusivamente se obtiverem algum tipo de “vantagem”. Que o aprender seja

pelo reconhecimento da importância do conhecimento para equilíbrio de suas vivências pessoal

e corporativa, objetivo do fundamento das propostas corporativas para a educação a distância.

4.3.2 Percepção: prática

Conforme item 4.2, que identifica por meio de análise documental a prática para a educação a

distância na instituição investigada, através do documento intitulado Relatório 2016: gestão de

pessoas – educação corporativa e 14 Informativos Empresariais 2016/2017, e baseada em

revisão de literatura, a estrutura prática do processo educacional fundamenta-se em 4 pilares

(4.2.2) na organização em estudo.

Elencados na mesma ordem em que é efetivada a discussão na análise documental, e com

nomenclatura adaptada pela literatura à pesquisa, figura-se como subdivisões da prática

organizacional em educação a distância: recursos tecnológicos, formatos, acompanhamento e

contexto. Na sequência, individualmente por segmento prático, são apresentadas as percepções

dos entrevistados que, ao externar pontos de vista sobre as práticas segmentadas, formam ao

final uma percepção geral sobre a prática para a educação a distância da organização, ainda que

não tenham completa ciência da ordenação das informações constantes no documento principal

ou nos informativos.

Recursos tecnológicos

Para efeitos desta pesquisa, retoma-se a compressão de recursos tecnológicos. Essa classe

constitui-se do total dos múltiplos instrumentos utilizados para promover a educação de

trabalhadores, quer seja infraestrutura, tecnologia, equipamentos e estruturas físicas ou lógicas

que atuem na difusão e mediação de conhecimentos organizacionais, através dos parâmetros da

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educação a distância (RICARDO, 2005; SANTOS, SILVA, 2005; TAVARES-SILVA;

ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; SANTOS, 2007; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012;

BRANDÃO, 2014; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015).

De acordo com as percepções dos entrevistados, foram estabelecidas 2 categorias

(equipamentos; tecnologias) para classificar os pontos de vista sobre os recursos tecnológicos

disponibilizados para a prática da educação a distância na organização investigada.

o Equipamentos

Nesta seção são abordadas as percepções dos aprendentes quanto aos equipamentos

disponibilizados pela organização para as atividades educacionais. Entende-se como

equipamentos todos os instrumentos físico-estruturais potencialmente utilizáveis no processo

educacional da empresa.

Inicialmente, apresenta-se, entre os respondentes, uma avaliação bem positiva em relação aos

equipamentos:

“E... assim, o que facilita é que os equipamentos são bons.” (E5)

“Quanto aos equipamentos não, porque a gente tem equipamento sobrando, a

gente tem bastante computador.” (E11)

“Eu avalio de maneira positiva. O Banco realmente disponibiliza para os

funcionários várias formas de acesso, eu acho que nesse ponto a Universidade

Corporativa B é bem positiva. Então a gente tem muitos canais para fazer os

treinamentos.” (E6)

“São relativamente bons, o que eles vêm, ao longo dos anos, aí, investindo,

computadores melhores e redes para net melhor. A tendência é que isso aí

melhore ao longo do tempo.” (E6)

Nos trechos, são considerados aspectos julgados relevantes pelos respondentes. Desde

avaliações de qualidade (E5), passando pela quantidade disponível (E11) e a diversidade de

acesso (E6), até e a melhoria e renovação dos equipamentos (E6), são apresentadas percepções

favoráveis pelos entrevistados. Termos como “bons” (E5; E6) e “positiva” (E11), são

relacionados aos instrumentos utilizados na educação corporativa a distância da organização.

Prevalece na avaliação geral dos equipamentos uma percepção que remete a uma boa

apreciação, que são considerados adequados, atualizados e diversificados. Orienta, ainda, para

o entendimento de um cenário educacional no qual a organização preocupa-se com os

instrumentos disponibilizados ao público-aprendente e, através de investimentos, promove a

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renovação da infraestrutura de instrumentos, perceptíveis ao corpo funcional que prevê

prognósticos de melhorias.

Em uma investigação sobre resistência à educação a distância na educação corporativa, Albertin

e Brauer (2012) indicam que um dos obstáculos à referida modalidade está na aceitação de

determinadas tecnologias e, por consequência, dos equipamentos a elas relacionados. Dentre os

elementos que causam resistência, apontados pelos investigadores, destacam-se o grau de

conhecimento, experiência e habilidade e o grau de facilidade associada ao uso do sistema,

juntos, formam o conjunto das atitudes de um funcionário frente aos gostos, afinidades e

preferencias individuais.

Como na pesquisa em tela o posicionamento dos respondentes foi majoritariamente favorável

aos equipamentos disponibilizados, não sendo apresentadas queixas ou reclamações, infere-se

que os funcionários da organização investigada possuem conhecimento e habilidade

compatíveis para o manejo dos equipamentos, bem como, possuem predileção e adaptabilidade

aos recursos tecnológicos aplicados ao cotidiano da educação a distância na instituição em tela.

Sem dificuldades descritas, compreende-se pela aceitação aos equipamentos disponíveis no

processo educacional a distância (BRAUER; ALBERTIN, 2010; ALBERTIN; BRAUER,

2012; MORAES, 2014).

Entretanto, no quesito equipamentos, apenas uma ressalva é registrada na percepção de 2

respondentes:

“Só que, por exemplo, aqueles cursos de vídeo, mesmo, nem todas as estações

de trabalho da gente possui o dispositivo de áudio. Então, você vê aquilo pela

legenda, muitas vezes desestimula um pouco.” (E1)

“Porém o computador do Banco, pelo menos em todas as agências que eu fui

aqui, não tem suporte de áudio, então, basicamente, você fica acompanhando

pela legenda, você não consegue acompanhar todo o benefício do áudio.”

(E16)

Em síntese, são apontados 2 aspectos do mesmo problema: a ausência de dispositivo de áudio.

O primeiro é a desmotivação: “muitas vezes desestimula um pouco” (E1) e o outro é a

diminuição de qualidade: “não consegue acompanhar todo o benefício do áudio” (E16). Fica

claro, também, que, em nenhum dos casos a ausência do equipamento, apesar de prejudicar,

não inviabiliza o processo educacional a distância.

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A questão do dispositivo de áudio aparenta ser recorrente e isolada. Recorrente por ocorrer em

diversas dependências e isolada por ser a única objeção feita aos recursos tecnológicos

aplicados às atividades educacionais corporativa. Assim, a instituição investigada apresenta-se

em conformidade na percepção geral de seu público-alvo, devendo apenas observar a

distribuição dos dispositivos de áudio entre as dependências.

o Tecnologia

Em continuidade, são discutidas, nesta seção, as percepções dos aprendentes quanto às

tecnologias aplicadas pela organização para as atividades educacionais. Para efeitos desta

investigação, compreende-se como tecnologia toda a estruturas lógica empregadas no processo

educacional a distância da empresa.

Para a tecnologia, registra-se apenas avaliações negativas, que prejudicam as atividades

educacionais a distância, quando a dependência se localiza em cidades do interior nas quais os

sinais de internet apresentam recorrentes problemas nos diversos segmentos de conexão local:

“Tem essa questão da comunicação: aqui no interior a internet é muito ruim,

tá melhorando agora... Mesmo assim, quando tem vídeo, o vídeo pára, aí volta

para o começo. (...) o vídeo começou várias vezes, aí a paciência tem que ser...

tem que ter muita.” (E14)

“Às vezes são muito carregados, demora muito abrir.” (E15)

“Na minha agência, por exemplo, é muito ruim e a internet que foi instalada

lá é muito lenta, muito mesmo.” (E11)

“Às vezes, também, o lado ruim do curso ser mais elaborado, é que às vezes a

internet fica travando, porque ele é um pouco mais pesado.” (E9)

“Eu acho que o banco deveria, assim, poderia tentar uma maneira de isso ser

mais funcional. Eu acho que deve funcionar para maioria das agências, com

sistema veloz, rápido, mas assim, no caso das agências pequenas, do interior,

que a internet é muito mais lenta, eu acho que ainda poderia melhorar. Assim

no momento, o único ponto negativo que eu tenho é esse mesmo, no demais

são positivos.” (E7)

As percepções que retratam problemas de conexão são exclusivas de respondentes lotados em

dependências localizadas no interior do estado, no qual já existe a situação extra Banco. Tratam-

se de dilemas locais que acabam embarreirando as atividades educacionais na organização.

A literatura indica que os progressos em novas mídias têm fomentado novos paradigmas na

educação a distância, novas ferramentas tecnológicas e novos arranjos educacionais poderão

indicar uma alternativa de tecnologias para que essa deficiência, ainda que setorizada, seja

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minimizada ou eliminada (SOELTL, 2002; TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO;

VALENTE, 2005; RICARDO, 2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI; RESENDE, 2005; SANTOS,

2007; BELLONI, 2012), já que a instituição tem uma estrutura organizacional

irremediavelmente fragmentada e descentralizada em toda extensão territorial no estado.

Para finalizar, ressalta-se que o oposto, não é registrado, por exemplo: funcionários de uma

dependência que não apresenta problemas de conexão manifestarem-se positivamente ao fato.

Infere-se, nas ausências, que as tecnologias de conexão são tão fundamentais ao processo

educacional a distância, que o seu correto funcionamento nada mais é do que o cumprimento

de uma obrigação, não sendo aplicada percepção positiva. Enquanto que o oposto, o caso do

mau funcionamento, é alvo de duras críticas.

Formatos

Compreende-se formatos, neste estudo, como o conjunto da multiplicidade de modelos e

configurações em ambientes digitais aplicados às atividades educacionais a distância,

subdivididos em padrões e adaptáveis a instrumentalização e projetos (MAIA, 2005; MORAN,

2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI; RESENDE, 2005; GOULART, 2005; TAVARES-SILVA;

ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; LHANES, 2005; SANTOS, 2007; RICARDO, 2008;

GUEDINE; TESTA; FREITAS, 2008; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; BELLONI,

2012; MACHADO; BELLINI; LEITE, 2012; BRANDÃO, 2014; UNESCO, 2014;

BRANDÃO, 2014; LIMA, 2016; EBOLI, 2016; TAXA et al., 2016).

Assim como múltiplos são os formatos, múltiplas são as categorias desta seção. Registra-se

como a que concentra mais classificações de toda a investigação, 5 ao todo (organização e

direcionamento; objetividade e clareza; dinamicidade e interatividade; acessibilidade e

compartilhamento; distorção e deformidade), por meio das quais são discutidos os dados e

percepções obtidos por meio das entrevistas. Todas as subdivisões trataram das diversas visões

que são atribuídas aos formatos aplicados na prática da educação a distância da instituição

investigada.

o Organização e direcionamento

Esta seção compila o conjunto das percepções que atribuem valor aos formatos das atividades

educacionais a distância da organização investigada associando-as a questões voltadas para

orientação, encaminhamento, disposição e ordenamento:

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“É bom porque, assim, você acaba se direcionando para aquilo que te interessa

mais.” (E1)

“Ajuda na formação, ajuda a gente a manter o foco, saber se é isso mesmo que

a gente tá querendo.” (E15)

“Você traça um... vamos dizer assim, um norte para onde você quer chegar.

Traça um caminho.” (E6)

“Eu acho bacana, acho que é um direcionador, acho que ele oferece de fato o

que o nome diz, uma trilha.” (E13)

“Naquele universo de cursos que a Universidade Corporativa B tem, pode ser

um direcionador, um balizador para quem quer se especializar uma função

específica. (...) Eu acho que essa indução, utilizando certo, pode deixar o

funcionário mais especialista, isso é uma coisa benéfica.” (E4)

Termos como: “é bom” (E1), “ajudam” (E15), “bacana” (E13) e “coisa benéfica” (E4),

aplicados pelos respondentes em suas percepções, atribuem uma característica positiva aos

formatos que descrevem. Bem como, a associação das palavras: “direcionar” (E1; E4; E13),

“foco” (E15), “norte” (E6) e “balizador” (E4) atribuem a função condutora e encaminhadora

que é destacada como proveitosa.

Apesar do elemento não ser percebido por todos os entrevistados, todos os que o mencionam

apresentam posicionamentos unânimes e favoráveis a visão do ordenamento dos formatos.

Ressalta-se que não existe perfil comum entre os respondentes que indicaram essa categoria, e

que é formada por sujeitos de diversas faixas etárias, ocupantes de distintas funções, de ambos

os sexos, com diferentes graus de escolaridade e distintas experiencias profissionais. Portanto,

compreende-se a não interferência dos fatores individuais previamente descritos como variantes

de percepção.

Em síntese, as visões são favoráveis à organização e direcionamento nos formatos da educação

a distância em questão, esses auxiliam positivamente na formação corporativa e de acordo com

os interesses e preferências do aprendente (LHANES, 2005; GOULART, 2005; MAIA, 2005;

TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI;

RESENDE, 2005; SANTOS, 2007; VALENTE, 2011; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012;

BELLONI, 2012; MACHADO; BELLINI; LEITE, 2012; ALBERTIN; BRAUER, 2012;

RICARDO, 2012; BARROS; SOUZA, 2012; MORAES, 2014; MOSCARDINI; KLEIN,

2015). Assim, infere-se que, apesar de múltiplos, não são desorganizados ou desorientadores,

os formatos auxiliam a prática do processo educacional corporativo a distância atribuindo-lhe

ordem e sentido.

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o Objetividade e clareza

Neste item é tratada a única percepção que ressaltam as características de objetividade e clareza

aos formatos aplicados no processo educacional a distância da investigação, por conseguinte,

inteligibilidade e assertividade são funções de destaque a eles associados:

“Aquele formato mais básico, mais limpo ele me ajuda porque eu consigo

captar bastante coisa num curto espaço de tempo, e... assim, eu acho ele um

pouco mais objetivo. (...) Se for pra falar de ambiente (...) eu acho o desktop

bem... o portal da Universidade Corporativa B é bem intuitivo (...) o formato

dele é bem acessível, você vai saber o que vai procurar, eu me ambientei bem

com eles. Eu gosto bastante de usar porque ele é mais objetivo e tem as

informações mais claras.” (E4)

Segundo aponta o solitário respondente, homem, 27 anos, gerente de relacionamento e 6 anos

de casa, os formatos aplicados à educação a distância na instituição investigada são dotados de

leveza e intuitividade. Adjetivos como “básico, limpo, objetivo e claro” (E4) refletem o

posicionamento favorável aos formatos que agregam essas características. Apesar de não ter

sido uma função com expressiva frequência na investigação, não poderia ser ocultada, já que

paradigmas de formatos que apresentam essas características foram associados a percepções

academicamente valorizadas (GUEDINE; TESTA; FREITAS, 2008; BRANDÃO, 2014; GIL,

2016).

o Dinamicidade e interatividade

Relacionadas aos formatos serem mecanismos com capacidade de possibilitar a interação e

participação no processo educacional a distância na empresa estudada, a dinamicidade e

interatividade são tratadas neste tópico como a razão pela qual os sistemas educacionais

apresentam-se ativos e em constante evolução:

“Achei muito bacana, você tem uma troca de ideias muito rápida, dinâmica.

Você tem vários pontos de vista acerca de um mesmo assunto, então eu acho

que isso é muito enriquecedor, tanto na parte do aprendizado e da troca de

experiências mesmo. Acho muito bom. E demanda muito tempo, mas acho

muito bom. Na verdade, muito tempo não, muita dedicação para você tá o

tempo todo acompanhando.” (E13)

“Eu acho que eles conseguem trazer um conteúdo atualizado e dinâmico. (...)

O que ajuda é como eu disse, o formato do curso, por ele ser dinâmico, por

geralmente trazer atividades no meio do curso, o curso mesmo que conversa

com você, esse formato ajuda!” (E9)

“Eu gosto da estrutura da maioria dos cursos, eles são dinâmicos, eles

despertam o interesse!” (E1)

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“Eu sou satisfeito com eles sim... é... eu acho que eles têm a dinâmica boa”

(E4)

“Uma modalidade de curso ou de treinamento que são bem interativos, isso

eu acho interessante. Tem uns modelos... que são legais também, bem intuitivo

e que desperta realmente o prazer em você tá fazendo um curso,

diferentemente de algo que fosse só uma leitura, bem básica e depois

responder um questionário.” (E3)

Nas percepções apresentadas, o reconhecimento de estruturas interativas e com alto nível

participação vem do uso dos termos: “dinâmico” (E1; E4; E9; E13), “atualizado” (E9) e

“interativos” (E3), associados a expressões como: “eu gosto” (E1), “eu estou satisfeito” (E4),

“achei muito bacana” (E13), demonstram a percepção de práticas proveitosas que estão

alinhadas às percepções dos aprendentes e orientam a formação de um cenário no qual a

organização tem disponibilizado, conforme orienta a academia, formatos alinhados aos novos

paradigmas da EaD (GOULART, 2005; SANTOS; SILVA, 2005; FONSECA, 2005; STAREC,

2012; RICARDO, 2012).

Ressalta-se que dentre as percepções apresentadas, algumas tratam da educação a distância de

forma geral, outras referem-se a modelos e formatos específicos, que receberam destaque em

seus posicionamentos. Assim, obtém-se pontos de vista sobre o mesmo processo, EaD

corporativa, porém registrados a partir de distintos ângulos, os tipos de formatos.

Opostamente, três respondentes posicionam-se seguindo o mesmo padrão de posicionamentos

gerais e específicos:

“Apesar dos palestrantes serem muito bons, mas assim, eu acho que essa não

é a melhor forma de você aprender sobre um conteúdo, justamente por não ter

interação com o aluno...” (E7)

“Eu acho que poderia melhorar alguns itens... é... em relação ao dinamismo

dos cursos, principalmente a questão de muito texto e muita leitura.” (E11)

“A maioria dos cursos, são bons, só que eles perdem na interatividade. É muito

fácil você perder o foco, porque o curso não é muito interativo.” (E17)

Ressalta-se que, pela postura dos respondentes, não são bem vistos os formatos que

embarreiram a interação e que, apesar da qualidade dos conteúdos e dos discursadores, o

formato rígido, prejudica a busca por conhecimentos corporativos.

A percepção apresentada é delimitada a visões universais dos formatos. Pela limitação de

avaliar o nível de interação proporcionado isoladamente por cada formato, apresenta-se uma

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percepção geral dicotômica e dividida entre a interatividade e a monotonia nos formatos da

educação a distância na organização investigada.

A inexistência de posicionamento único ou de maioria indica que a multiplicidade de formatos

poderá trazer benefícios pela ampla cobertura de aprendentes, contudo, a organização deve

direcionar um encaminhamento para que a diversidade não seja inibidora da interação conforme

orienta ampla literatura (EBOLI, 20014; GHEDINE; FREITAS, 2004; SANTOS, SILVA,

2005; LHANES, 2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI; RESENDE, 2005; TAVARES-SILVA;

ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; MAIA, 2005; MARTINS, 2007; SANTOS, 2007;

RICARDO, 2008; DAHMER; FLEURY, 2010; VALENTE, 2011; RICARDO, 2012;

BELLONI, 2012; MACHADO; BELLINI; LEITE, 2012; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR.,

2012; BRANDÃO, 2014; LIMA, 2016; BUTZKE; ALBERTON, 2017; MORAIS, 2017).

Apesar de sujeita a todo amparo teórico, a organização, também, poderá consultar seus

funcionários-aprendentes quanto aos posicionamentos que melhorem a interatividade dos

formatos no processo educativo (GOULART, 2005; FONSECA, 2005; SANTOS; SILVA,

2005; RICARDO, 2012; STAREC, 2012).

“Mas a maioria dos casos são aquelas entrevistas. Tem um convidado que vai

falar para uma plateia sobre um determinado tema e responde algumas

perguntas... eu acho uma maneira interessante. Poderia melhorar se fosse

aberto para perguntas do púbico.” (E7)

Abordando um formato específico de interação dentre os muitos que a organização dispõe como

ferramenta de construção de conhecimento, a sugestão potencializa e democratiza a

interatividade na educação corporativa a distância. O pedido apresenta-se como uma das

inúmeras possibilidades de adaptação aos formatos já aplicados, indicando que nem sempre é

necessário implantar novos formatos, é possível fomentar a interatividade adaptando modelos

existentes.

O formato descrito pelo respondente é baseado na discussão sobre temas organizacionais

relevantes. Existe a presença de um convidado especialista no assunto e alguns funcionários

que são convidados para participar do debate através da formulação de questionamentos. A

sugestão do respondente consiste em ampliar essa interação para toda a organização, ainda que

existam os ‘convidados físicos’, mas a possível interação virtual de todos é apresentada como

uma possibilidade para a organização. A instituição já dispõe de meios e tecnologia que

permitam transmissão online e participação por meio de redes sociais corporativas. Assim, a

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interação constitui-se um desafio, porém a criatividade do corpo funcional, aplicada com o

auxílio diálogo, poderá transformar ferramentas já existentes em novas formas de construção

de conhecimento.

o Acessibilidade e compartilhamento

As percepções classificadas na categoria acessibilidade e compartilhamento baseiam-se nos

posicionamentos relacionados ao alcance, aceitação e a comunicabilidade dos formatos EaD da

investigação:

“Boa parte dos cursos que o Banco lança, e principalmente, os que estão na

grade, que tem que ser cumprido... quase todos tem que fazer com os

computadores. Não dá para fazer via celular! É uma pequena parte dos cursos

da Universidade Corporativa B que estão disponíveis, no celular.” (E2)

“Eu tentei fazer uma vez, mas foi tão estranho que eu nem... porque é... aqueles

cursos (...) a maioria não pega no celular.” (E1)

“Foi no tablete que eu usei, (...) eu gostei, agora tem poucos cursos. Eu lembro

que a última vez que eu usei era bem mais limitado.” (E18)

“É... celular eu vi algumas coisas, mas não tem muito assim, não tem os cursos

que eu pretendo fazer, não tem ainda...” (E14)

“O aplicativo, aquele App da Universidade Corporativa B... mas, eu achei o

conteúdo meio restrito lá, sabe? O conteúdo pequeno, eu prefiro fazer pela

internet mesmo, pelo site da internet.” (E7)

Por unanimidade, todas as percepções expostas apresentam críticas de acesso a formatos

específicos. Basicamente, o exposto é uma oposição entre os formatos acessados pelo

computador (portal) e os formatos acessados pelas tecnologias mobile, celular e tablet (app). O

uso na organização de ferramentas de aprendizagem portátil (2014) é mais recente quando se

compara à utilização do portal (2013), porém, o intervalo temporal é de apenas um ano.

Corroborando com indicações da teoria, as práticas educacionais corporativas apresentam-se

alinhadas à percepção de privilégios ao computador como ferramenta mais frequente, à

apresentação dos dispositivos móveis como tendência e a coexistência e harmonia dos distintos

formatos (SOELTL, 2002; MAIA, 2005; LHANES, 2005; GUEDINE; TESTA; FREITAS,

2008; BELLONI, 2012; TOLENTINO et al., 2013; PORTUGAL et al., 2013; UNESCO, 2014;

TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015; LIMA, 2016; TAXA et al., 2016).

No item 4.2.2, conforme critérios de proporcionalidade aplicados ao Relatório Anual 2016,

foram apresentados os grandes números do portal e do mobile para as unidades de negócios em

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Pernambuco. Apesar da instituição apresentar interesse ao formato App, divulgando que realiza

constantes atualizações e que lançou, em 2016, 6 novos cursos, verifica-se que cada acesso no

ambiente mobile corresponde a mais de 18 acessos no ambiente do portal. A popularidade

numérica do formato que se utiliza do computador (1.186.360 acessos) é muito superior ao

formato que se utiliza de celular ou tablet (63.511 acessos). Essa tendência é corroborada pelas

percepções apresentadas, que indicam justificativas para tal.

A restrição na disponibilização de cursos entre os formatos acaba projetando um em detrimento

de outros: “tem que fazer com os computadores” (E2), “a maioria não pega no celular” (E1),

“era bem mais limitado” (E18), “não tem os cursos... ainda” (E14) e “o conteúdo meio restrito”

(E7). Esse cenário apresentado pelos respondentes indica motivos para a preferência pelo portal,

as percepções constroem um panorama no formato mobile que é restrito, limitado e que induz

o aprendente a buscar outra alternativa educacional.

Ademais, é notória a questão da ‘hierarquização’ de cursos. Foi tratada, anteriormente no item

iniciativa organizacional da proposta do aprender, a existência um sistema de pontuação

curricular, conforme critérios como quantidade e conteúdos. Desde a discussão anterior, ficou

claro que os cursos que pontuam são privilegiados pelos aprendentes: “principalmente, os que

estão na grade, que tem que ser cumprido... quase todos tem que fazer com os computadores”

(E2), entenda-se “os que estão na grade” (E2) como ‘os que são pontuadores’, e assim, obtém-

se mais um fator que privilegia o portal, a contabilização de pontos através do computador.

O formato que disponibiliza o acesso a determinados conteúdos mais valorizados é

‘superiorizado’ e ‘privilegiado’ em prejuízo dos demais. Entenda-se, aqui, conteúdos ‘mais

valorizados’ como os que são os maiores pontuadores curricular. Assim, o formato do portal

que dispõe dos cursos que diferenciam o placar do aprendente, pontuando seu currículo, é o

escolhido: “para não pontuar para mim e nem para a agência não estava adiantando muito...”

(E1).

Ainda assim, são descritas, nas falas dos entrevistados, tentativas de interação com o formato

de categoria ‘inferior’: “eu tentei uma vez” (E1), “foi no tablet que eu usei” (E18) e “é... celular,

eu vi algumas coisas” (E14), porém, por consequência da restrição do acesso e pela falta do

incentivo da pontuação, “vício” previamente descrito, os respondentes indicam abandono ou

subutilização dos formatos que não disponibilizam os materiais para estudo na integra ou cujos

conteúdos não ofereçam vantagem curricular.

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142

A teoria aponta diversos pontos de cautela para equilibrar as diversas possibilidades de formatos

em ambientes e acesso para desenvolvimento ou apoio à educação corporativa a distância. Os

espaços de aprendizagem, sejam tele salas, ciberespaços, Ambientes Virtuais de Aprendizagem

ou Sistemas de Gestão de Aprendizagem, são implantados com objetivo de sistematizar a oferta

educacional, bem como, o fomento de redes de aprendizagem. A máxima, entretanto, é que

sejam abertos, ou seja, com acesso direto e livre ao diálogo e baseados em práticas de filosofia

educacional com ampla discussão teórica (LHANES, 2005; GOULART, 2005; MAIA, 2005;

TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI;

RESENDE, 2005; SANTOS, 2007; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; BELLONI, 2012;

MACHADO; BELLINI; LEITE, 2012; EBOLI, 2012; EBOLI; HOURNEAUX JR., 2014;

EBOLI, 2014; FLEURY. DAHMER, 2014; EBOLI, 2016).

Ainda sobre a questão do equilíbrio entre formatos, acessos e conteúdos, uma possibilidade é

indicada:

“Tem a vantagem de estar sempre à sua mão, você salva ele, e qualquer coisa,

você vai lá e recorre, e sem precisar, por exemplo, de um acesso à internet.”

(E13)

Referindo-se ao formato mobile existente e disponibilizado na EaD corporativa, é descrita uma

alternativa à conexão online. O acesso Off-line, caracterizado pela conexão contínua mesmo

com a ausência de cobertura, é valorizado pelo entrevistado e apresenta-se como uma opção

para a materialização da educação ubíqua (GHEDINE; FREITAS, 2004; MAIA, 2005;

MARTINS, 2007; RICARDO, 2008; DAHMER; FLEURY, 2010; VALENTE, 2011;

TOLENTINO et al., 2013; TEIXEIRA; STEFANO; CAMPOS, 2015; LIMA, 2016) e

fomentação da educação permanente e ininterrupta (MEISTER, 1999; RICCA; MACHADO,

2002; FERRAZ, 2002; EBOLI, 2004; RICARDO, 2005; MORAN, 2005; GOMES; STAREC,

2007; SANTOS, 2007; MORE et al., 2010; STAREC, 2012; FLEURY, DAHMMER, 2014;

BRANDÃO, 2014).

Assim, apresentam-se distintos desafios de acessibilidade à educação empresarial em estudo.

Desde a construção de formatos que sejam compatíveis, tanto na distribuição de conteúdos

quanto nas possibilidades de conexões, até a disponibilização de formatos pelos quais seja

possível o compartilhamento e a distribuição de conhecimento, além de equilibrar o “jogo” de

pontuações do conhecimento corporativo entre os diversos formatos.

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o Distorção e deformidade

A classe distorção e deformidade forma a categoria que corresponde às percepções sobre as

fragilidades dos formatos, no sentido de mascarar a realização e conclusão das atividades

educacionais:

“Assistindo vídeo só, e como ele não tem muita interação com a gente, abre a

possibilidade da gente simplesmente esquecer lá na aba e não absorver o que

o vídeo tá propondo.” (E4)

“Só quando está fechando o semestre que o funcionário tem que ter tantas

horas de curso, que aí ele diz: ‘abre aqui, vamos fazendo, vamos deixando

rolar aí, as vídeo-aulas’, e pronto.” (E17)

“Eu já vi, presenciei caso de chegar e dizer: ‘ô, coloca o curso aí para rodar!’.

Principalmente quando é vídeo-aula, ‘coloca o curso para rodar aí, e cumpre

o que tá lá no ‘sistema de pontuação’!’ E... sem o aluno está fazendo o curso,

está passando ali na outra tela e ele tá fazendo outras coisas (risos), do

trabalho, né!” (E14)

“Eu acredito que são os vídeos e na prática não tem como a gente assiste tudo,

(...) então, muitas vezes a gente vai só passando o vídeo, só para cumprir o

treinamento e acaba não prestando atenção, de fato, no que tá vendo, no que

tá treinando, na verdade.” (E12)

Observa-se nas descrições dos entrevistados a prática de simular e forjar o processo educacional

na organização investigada. Verifica-se ainda que o fato é vinculado a um formato específico

(vídeo) e pode acontecer por “esquecer” (E4) ou “deixando rolar” (E17) ou por “ir só passando”

(E12), tanto quanto, como pode ser uma prática difundida, incentivada e orientada (E14; E17),

inclusive por superiores hierárquicos.

Reforça-se o caráter fraudulento do composto revelado, rejeita-se as atividades educacionais

mascaradas e manipuladas e, por fim, contesta-se o usufruto de quaisquer formatos que

permitam ao aprendente, por iniciativa própria ou de terceiros, maquiar, manobrar ou adulterar,

perante si mesmo e diante da organização, o processo educacional corporativo.

Assim, o sistema de “faz de conta” deve ser, não apenas reconhecido, mas combatido através

de novos recursos e tecnologias que inibam falsificações (SOELTL, 2002; MORAN, 2005;

GHEDINE; FREITAS, 2004; BIANCHI, 2008; DAHMER; FLEURY, 2010; ALBERTIN;

BRAUER, 2012; BELLONI, 2012; LIMA, 2016; EBOLI, 2016), bem como, por meio do

fortalecimento de uma cultura de valorização da construção do conhecimento (EBOLI, 2004;

RICARDO, 2005; VIEIRA; FRANCISCO, 2012; STAREC, 2012; MORAES, 2014;

MOSCARDINI; KLEIN, 2015).

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Verificações, no sentido de distorcer ou deformar a educação corporativa, devem ser objeto de

constantes sondagens, sob pena do resultado educacional apresentar-se em descompasso com

os resultados organizacionais. E em caso de confirmação, devem ser duramente reprimidas, por

meio de um sistema de punições institucionais, que leve em consideração o desconto da

pontuação obtida, por exemplo.

Para finalizar a questão dos formatos, indica-se a elaboração de uma pesquisa periódica

realizada com os funcionários que possibilite a compreensão dos posicionamentos frente aos

modelos instalados no processo educacional a distância, para assim, atualizar e intervir com

melhorias:

“E o formato dos cursos, esses também eu acho que deveria ter uma pesquisa

com os funcionários, o que é que os funcionários estão achando, precisa

melhorar isso, precisa melhorar aquilo, quais são os cursos mais utilizados,

tem uns que não servem, outros servem mais, como querem fazer curso,

vamos estipular o tipo, quantas horas no mês, ou na semana não sei, pra fazer

curso, tanto os da grade como os que vocês quiserem, o curso que escolher.

Eu acho que deveria ter mais, assim, interação entre os funcionários e o Banco

no caso, para elaborar um ambiente que fosse de comum acordo, para que todo

mundo tivesse satisfeito e que não tivesse que fazer os cursos que são

mandados, no caso.” (E12)

Em síntese, o que o respondente coloca, é que não adianta apenas alterar configurações dos

formatos para reprimir as práticas espúrias, mas que deve-se, além disso, tornar as práticas em

educação a distância objeto de constate discussão organizacional, equilibrando interesses

organizacionais e funcionais, para que de “comum acordo” (E12) sejam implantados formatos

que atendam às necessidades tanto da empresa quanto de seus trabalhadores (MORAN, 2005;

RICARDO, 2012; STAREC, 2012; TOLENTINO et al., 2013; FRANCO et al., 2015; FREIRE,

2015).

Uma alternativa é a implantação de uma consulta periódica aos funcionários, entender como os

formatos são percebidos e, a partir de então, traçar, através do equilíbrio de interesses, um plano

de intervenção e adequação ao processo educacional a distância, conforme defende Ricardo

(2012) e Starec (2012).

Portanto, ao verificar práticas, segundo quem as vivencia, permite a intensificação das que são

valorizadas (dinamismo; objetividade; interatividade) e a reparação ou ajustes às que são

desvirtuadas (acessibilidade; distorção). Assim, poderão ser exploradas todas potencialidades

dos múltiplos formatos presentes na educação corporativa a distância da organização em estudo.

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Acompanhamento

Entende-se por acompanhamento o processo prático que envolve apoio, auxílio, orientação e

supervisão das atividades educacionais corporativas a distância, com fins de facilitar, dar

suporte e apoio através de instrumentos assistenciais (EBOLI, 2005; MORAN, 2005;

TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; RICARDO, 2008; MORE et al.,

2010; VALENTE, 2011; BELLONI, 2012; BARROS; SOUZA, 2012; GIL, 2016).

Conforme as percepções apresentadas pelos respondentes, esta seção foi subdivida em 4

categorias (automatizado; direto; indireto; desnecessário). Essas classes servirão de guia para o

debate prático do acompanhamento na organização investigada.

o Automatizado

O acompanhamento automatizado corresponde a toda forma de auxílio ou apoio desempenhada

por uma unidade lógica previamente programada, ou seja, essa categoria compreende toda

interferência autômata, sem o manejo de pessoas, à prática do acompanhamento, conforme

demonstram as percepções:

“Tem uma ferramenta, na tela principal, que mostra assim, os [cursos] que

estão em andamento, os que estão disponíveis... numa série, com cores

diferentes, para você saber o que é que você tem para fazer, o que é que você

começou a fazer e não terminou, e o que você fez, uma coisa desse tipo.” (E6)

“Eu acho que ele é muito solto, não é um acompanhamento bem direcionado,

é... por exemplo, as mensagens que a gente recebe são mensagens para todos

os funcionários, (...) Eu acho muito genérico, é... não é direcionada, é uma

mensagem para todos!” (E14)

Eu acho que é muito automatizado, você apenas faz o curso, chega a

informação que você concluiu, pede para o gestor, acho que agora já estou

também tá recebendo esse e-mail, pronto! Bota lá a sua carga horária e pronto,

mas não é uma coisa assim, que incentive ou que tenha realmente esse

acompanhamento.” (E9)

Nas percepções, são registradas ocorrências automáticas e sistematizadas de acompanhamento,

contudo, observa-se que esse não é reconhecido como modelo mais adequado entre os

respondentes: “eu acho muito genérico” (E14), “eu acho que é muito automatizado” (E9) e “ele

é muito solto” (E14). Esse paradigma deixa lacunas quanto ao que deveria ser “realmente” (E9)

uma prática de acompanhamento.

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Segundo o posicionamento dos entrevistados, o acompanhamento automatizado é

compreendido como ferramenta de sistematização de tarefas (E6), serviço de mensagens

educacionais e comunicados via e-mail (E14; E9) e como registrador de carga horária de

atividades educacionais (E9), mas não como um processo de acompanhamento com fins

educacionais. Infere-se que o reconhecimento desta atividade, como tarefa de apoio, não deve

ser desconsiderado, porém, se, na utilização, o objetivo for o acompanhamento, a organização

deverá submetê-la a uma repaginação e adequação aos objetivos corporativos da educação a

distância.

Ferramentas de auxílio, registro, controle e comunicação são excelentes colaboradores do

processo educacional tradicional e corporativo com ampla recomendação da academia

(LHANES, 2005; GOULART, 2005; MAIA, 2005; TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO;

VALENTE, 2005; AZEVEDO; BIAGIOTTI; RESENDE, 2005; SANTOS, 2007; ABBAD,

2007; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; BELLONI, 2012; MACHADO; BELLINI;

LEITE, 2012; LIMA, 2016; TAXA et al., 2016), contudo, infere-se que a organização

investigada deve orientar-se quanto à mensagem oposta de não acompanhamento, presente

nessa modalidade, para que não sejam comprometidas as percepções desta prática.

o Direto

Classifica-se como direto todo o acompanhamento que é realizado em ambiente de trabalho

próprio, ou seja, aquele em que o aprendente atua e é promovido pela liderança ou não liderança

que atue no local onde as tarefas são desempenhadas. Na sequência, apresenta-se o conjunto de

percepções sobre o acompanhamento direto:

“Bom, eu acho assim, que os gestores não acompanham, só, assim, a carga

horária, mas não tem aquele acompanhamento direto não! Só o que interessa

para eles é as horas de curso, mas na realidade eu acho que não acompanham,

não.” (E5)

“Geralmente, na verdade, os gestores só chegam para gente, pelo menos os

que eu trabalhei até agora para dizer: ‘olha você precisa fazer tal curso!’, na

verdade, quando é para cumprir, o horário, a carga horária que a agência

precisa, ou o próprio quadro dos cursos, ter tantos funcionários treinados em

tantos cursos. Tipo, não vejo incentivarem sem ser nessa situação: ‘não, faça!

treine!’. Mesmo que não precise, mas, faça tal coisa, faça isso, faça aquilo. Só

vejo eles dizer que é para fazer, quando é para cumprir a tabela.” (E12)

“Pelo menos eu nunca participei de um processo que fui acompanhada e não

tive nenhum administrador que, embora, a maioria deles ali, me encorajasse,

mas acompanhar não.” (E13)

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Face aos argumentos, quanto ao acompanhamento direto, constrói-se, entre os respondentes,

uma má percepção sobre questões de assistência diretamente no local de trabalho exercida pela

liderança. O processo é compreendido como exclusivo para cumprimento de metas de “horas

de curso” (E5) e “carga horária” (E12), desconsiderando o processo educacional.

Como a educação corporativa serve, na organização, como um dos itens pontuadores para a

dependência e para os gestores diretos, os entrevistados alertam que a atenção a ela despendida,

por este público, é exclusivamente para este fim. Salienta-se que essa percepção não é particular

das funções operacionais, mesmo sendo nelas recorrentes, é também compartilhada por

entrevistados ocupantes de função gerencial na organização (E13).

Formado por percepções que negam ou minoram os procedimentos de acompanhamento direto:

“mas acompanhar não!” (E13) e “os gestores não acompanham” (E5), tão relevante, segundo a

academia, indica-se a formalização de um ambiente propício ao real acompanhamento

educacional, não simples cumprimentos de metas (EBOLI, 2005; MORAN, 2005; FONSECA,

2005; HOURNEAUX JR.; EBOLI; MARTINS, 2007; TRISTÃO; ROGEL, 2012;

MOSCARDINI; KLEIN, 2015; GIL, 2016).

Ainda sobre liderança, foram identificados 3 respondentes que participam de um processo de

mentoria online específico e voluntário na organização, 2 como mentorados, “eu escolhi da

minha agência mesmo” (E18), “essa pessoa que eu escolhi como meu mentor, de certa forma

já era meu mentor porque ele é da minha agência” (E16), e 1 como mentor “eu sou mentor dos

meninos aqui da agência” (E15). O diferencial é que, dentre o universo de possibilidades (não

existem limites geográficos e locais), a interação de mentoria selecionada, entre os três, foi com

um parceiro de sua própria dependência.

Assim, infere-se que, por tratar-se de auxílio e assistência vindos de sujeitos que compartilham

do mesmo ambiente de trabalho trata-se de acompanhamento direto, neste caso formalizado

pela própria instituição. E mais, por materializar-se em um processo de escolha, se a opção ou

a aceitação foi por alguém com o qual se divide o local da labuta diária, é porque, muito

provavelmente, esse processo já era efetivo antes mesmo de ser formalizado, como indica um

dos respondentes: “de certa forma já era o meu mentor” (E16). O que se distancia e se opõe às

percepções apresentadas inicialmente nesta seção, indicando que ambas coexistem

institucionalmente no mesmo processo de acompanhamento, diferenciadas pelos sujeitos que

as conduzem.

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Para finalizar, destaca-se, que para o acompanhamento direto entre os não líderes, não foi

expressa nenhuma percepção na pesquisa. Apesar de ser uma temática largamente difundida

entre os pesquisadores de educação corporativa, não foi objeto de manifestação por parte dos

respondentes (TAVARES-SILVA; ZAHED-COELHO; VALENTE, 2005; AZEVEDO;

BIAGIOTTI; RESENDE, 2005; MAIA, 2005; MORE et al., 2010; VALENTE, 2011;

BARROS; SOUZA, 2012; BELLONI, 2012; GIL, 2016).

Frente a relevância de ausências, infere-se que essa modalidade de acompanhamento direto,

conduzida por não líderes, mesmo sendo praticamente possível, ou é inexistente ou não é válida

nesse cenário organizacional específico, já que nenhum respondente se manifestou positiva ou

negativamente frente a essa nuance.

o Indireto

Enquadra-se como indireto todo acompanhamento que é realizado fora do ambiente de trabalho

próprio do indivíduo, ou seja, é aquele promovido em unidade interna à organização, mas

distinta do local em que o sujeito desempenha suas atividades. Na sequência, apresenta-se o

conjunto de percepções sobre o acompanhamento indireto:

“Eu não sei se o departamento de gestão de pessoas de alguma maneira faz

esse controle, entendeu? Eu não sei se tem algum correio ou algo assim...”

(E1)

“Acompanhamento do departamento de gestão de pessoas... eu recebo assim,

oferta de cursos, mas acompanhamento eu nem sabia nem que tinha, viu!”

(E7)

“Agora, o departamento de gestão de pessoas é bacana, porque, às vezes a

gente fica induzido em outras tarefas, outras atribuições e você começa o

curso, deixa lá pelo meio, vamos dizer, esquece lá, não tava mais nem

lembrando, de repente o pessoal está cobrando lá.” (E6)

“Eu acho que ajuda a agência, porque a gente perde pontos se a gente não

cumprir isso aí. Então, quando vai dizendo onde é que a gente tá devendo,

onde é que está avançando, nos ajuda.” (E15)

Dentre os posicionamentos, destacam-se 2 classes de respondentes: os que percebem o

acompanhamento indireto (E6; E15); e os que não percebem o acompanhamento indireto (E1;

E7). Para o primeiro grupo, formado por ocupantes de cargos gerenciais, a percepção é positiva

e favorável ao auxílio externo, “é bacana isso aí” (E6) e “nos ajuda” (E15). Já para o segundo

grupo, formado por cargos operacionais, o acompanhamento do setor de pessoas é um mero

desconhecido “eu não sei” (E1) e “eu não sabia nem que tinha” (E7).

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Infere-se que, na organização, o acompanhamento do setor responsável pelas atividades de

educação deve estar vinculado ao nível hierárquico que os aprendentes ocupam na organização.

A literatura recomenda que as fases do processo educacional ultrapassem os rígidos níveis

hierárquicos (RICARDO, 2012; MOSCARDINI; KLEIN, 2015), mas não impõe ou indica

como fator determinante de fracasso ou sucesso. A organização, objeto da investigação em tela,

deve adaptar, conforme percepções, a realidade existente às práticas recomendadas pela teoria

e, assim, desencadear um processo de acompanhamento indireto mais homogêneo entre as

distintas funções desempenhadas na empresa.

o Desnecessário

Este último enquadramento contempla a totalidade das percepções que não reconhecem ou

desconhecem a presença de qualquer tipo de acompanhamento na organização investigada:

“Não existe um processo de acompanhamento, pelo menos assim, em todos

os que eu participei não existe!” (E13)

“Eu nunca precisei. Por incrível que pareça isso! Eu nunca necessitei ou, que

lembre agora, nunca precisei não deles.” (E3)

“É porque eu não procurei mesmo. Eu achei que, sinceramente, nesse

momento, eu achei que não precisava.” (E11)

Diante dos posicionamentos, apresentam 2 tipos de respondentes: o que não reconhece a

existência de um processo de acompanhamento, “não existe” (E13); e os que reconhecem a

existência do processo, porém desconhecem a necessidade pessoal de integrá-lo, “eu nunca

precisei” (E3) e “achei que não precisava” (E11).

Ressalta-se que essa classificação detém as percepções que inspiram maiores cuidados à

organização. Pessoas que não reconheçam a existência de um processo de acompanhamento

num ambiente educacional poderão comprometê-lo e as que não reconhecem a necessidade de

ser parte dele poderão desalinhá-lo. Ambas as projeções não se apresentam favoráveis à

educação na empresa. Assim, essa como corresponsável no processo, deverá contribuir, por

meio de práticas mais efetivas de acompanhamento, para que sejam não apenas perceptíveis,

mas também, relevantes ao olhar do aprendente e instigantes ao seu engajamento.

“Eu acho assim, poderia ser mais setorizado. Qual o seu plano de carreira? O

que você quer? Dentro disso dá um direcionamento para gente fazer os cursos,

para a gente se aprimorar dentro daquilo que a gente quer dentro do Banco.”

(E11)

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Como já apresentado nesse debate, a carreira e a educação são paralelas na organização

investigada. A proposição de um programa de acompanhamento que equilibre objetivos

organizacionais e individuais foi identificado no item distorção e deformidade nos formatos,

conforme orientação de Moraes (2014).

A proposição para o acompanhamento encontra-se, complementarmente, em harmonia com

ambas discussões anteriores. A proposta, predominante entre os respondentes, é a utilização da

educação, parceira do encarreiramento, como meio de alcance dos objetivos pessoais dos

aprendentes: “para a gente se aprimorar dentro daquilo que a gente quer dentro do Banco”

(E11). Desse modo, as atividades educacionais seriam, não apenas geradoras e difusoras de

conhecimento, mas também, promotoras do desenvolvimento pessoal e profissional do

trabalhador-aprendente (BARROS; SOUZA, 2012).

Finalmente, com atuação direta no encarreiramento, a educação, através da escuta ativa: “qual

o seu plano de carreira? O que você quer?” (E11), poderá auxiliar a organização na elaboração

do modelo de acompanhamento mais adequado ao perfil institucional e aos diversos perfis

funcionais, como forma de apoio ao desenvolvimento individual e à carreira profissional,

obtendo benefícios para o aprendente e para a própria organização (ALBERTIN; BRAUER,

2012; RICARDO, 2012; BARROS; SOUZA, 2012; MORAES, 2014; MOSCARDINI; KLEIN,

2015).

Contexto

Compreende-se contexto, nessa investigação, com a conjuntura formada por circunstâncias que

mantém relação de dependência entre as distintas situações que formam os diversos ambientes,

nos quais se desenvolvem as atividades corporativa de educação a distância (MORAN, 2005;

GOULART, 2005; SANTOS; SILVA, 2005; FONSECA, 2005; BELLONI, 2012;

TOLENTINO et al., 2013; PORTUGAL et al., 2013; MORAES, 2014; BUTZKE;

ALBERTON, 2017).

Esta seção, a divisão final da discussão da prática educacional, foi subdivida em 2 categorias

(rotina pessoal; rotina profissional), por meio das quais são debatidas as questões apontadas no

referencial teórico sobre resistência (MORAN, 2005; BRAUER; ALBERTIN, 2010;

ALBERTIN; BRAUER, 2012; MORAES, 2014) e valores (FONSECA, 2005; MORAN, 2005;

CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; PORTUGAL et al., 2013; TOLENTINO et al., 2013;

MORAES, 2014; BRANDÃO, 2014; BUTZKE; ALBERTON, 2017).

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o Rotina pessoal

Para esta subdivisão enquadram-se as percepções voltadas para natureza individual e particular

da realidade de cada respondente, ou seja, como a interferência da educação corporativa a

distância é percebida na rotina pessoal dos entrevistados. A seguir, são apresentadas percepções

que exemplificam situações cotidianas da vida dos aprendentes, denominadas de rotinas, e em

como elas interferem nas práticas de educação corporativa a distância na organização

investigada:

Rotina 1 – a estudante: mulher, 26 anos, solteira, sem filhos, escriturária, 3 anos de casa, nível

superior em andamento:

“Quando eu tô na época da faculdade, eu acabo me dedicando mais à

faculdade do que aos estudos do Banco, então, agora em janeiro que eu tô de

férias, o tempo que eu tenho é pra estudar pra o Banco. (...) Para mim, o

interesse maior é se isso pode refletir não só pra mim no Banco quanto pra o

meu curso de Direito, por exemplo. Eu tenho muito interesse nos cursos que

tem na Universidade Corporativa B da área jurídica, então quanto mais cursos

tiver desses, mais eu me benefício sabe? Mais eu me interesso.” (E1)

Para a E1 a questão educacional como um todo é muito valorizada, ocupando espaço central

em suas atividades corriqueiras. Mais especificamente, a educação corporativa ocupa uma

posição secundária: “quando eu tô na época da faculdade acabo me dedicando mais a

faculdade”, e complementar, “pode refletir... pra o meu curso de direito”, em seus estudos

pessoais. Existe, por parte da respondente a dedicação, a valorização e atitudes educacionais

corporativas que são, na verdade, consequência do “interesse” original: “o meu curso de

direito”. A atividade educacional se origina em fatores externos: “tenho muito interesse nos

cursos da área jurídica”. Atualmente, o perfil apresentado não é tão incomum, mulheres jovens,

que privilegiam a carreira, a capacitação e a formação.

Assim, para esta situação específica, identifica-se como valores a formação externa ao Banco e

a construção de uma carreira, o que, em oposto à resistência, desenvolve aceitação a todo

conteúdo corporativo adicional na direção educacional traçada (MORAN, 2005; CASSUNDÉ;

CASSUNDÉ JR., 2012; BRAUER; ALBERTIN, 2010; ALBERTIN; BRAUER, 2012;

PORTUGAL et al., 2013; TOLENTINO et al., 2013; MORAES, 2014; BRANDÃO, 2014;

BUTZKE; ALBERTON, 2017). Infere-se ainda, intrínseca a rotina 1, um posicionamento

favorável ao processo educacional como um todo e que valoriza o desenvolvimento pessoal e

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profissional a partir de crenças na educação como forma de obter progresso na carreira

(MORAES, 2014).

Rotina 2 – o cara de família: homem, 34 anos, casado, filhos, gerente de serviços, 12 anos de

casa, pós-graduação em andamento:

“Em casa, a gente tem aquele horário reservado para família e tudo, aí para

você se dedicar, às vezes, assim, para uma coisa em casa... eu acho mais

dificultoso, tem sempre uma coisa para atrapalhar ou outra... que acaba não

dando a devida atenção.” (E6)

Em continuidade, para o E6, a educação corporativa demonstra-se conflitante com o ambiente

familiar: “tem sempre uma coisa pra atrapalhar”, e por consequência: “acaba não dando a

devida atenção”. O contexto pessoal do respondente não é compatível com o processo

educacional a distância, o acumulo de distintas funções, pai, esposo, estudante e trabalhador,

sobrecarregam a rotina deste aprendende, tornando o equilíbrio de diferentes papéis o seu

desafio diário. Este perfil é bem comum nos dias de hoje, uma pessoa, múltiplas funções, são

as dádivas da vida moderna.

Ademais, o valor expresso em “horário reservado para a família” associado ao local “casa”,

apresenta-se como o mais relevante objeto de sua dedicação (FONSECA, 2005; MORAN,

2005; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; PORTUGAL et al., 2013; TOLENTINO et al.,

2013; MORAES, 2014; BRANDÃO, 2014; BUTZKE; ALBERTON, 2017). A atenção à

atividade familiar, em casa, apresenta-se superior a qualquer outra função que ele desenvolva,

assim, quaisquer outros fatores, sofrem resistência, tornam-se secundários, inclusive a educação

corporativa (MORAN, 2005; BRAUER; ALBERTIN, 2010; ALBERTIN; BRAUER, 2012;

MORAES, 2014). Infere-se que o respondente delimite os distintos papéis que desempenha de

acordo com o local de atuação, sendo a ‘casa’ o local ‘reservado’ para a ‘família’.

Rotina 3 – a delimitadora: mulher, 52 anos, casada, escriturária, 24 anos de casa, formação

superior:

“Agora, você se comprometer de fazer em casa também é mais complicado

ainda, porque você tá fora do ambiente de trabalho, aí você vai fazer uma coisa

do Banco, tá entendendo?” (E8)

Já, para a E8, o local de aperfeiçoamento e dedicação à educação corporativa é no trabalho:

“fora do ambiente de trabalho... vai fazer uma coisa do Banco...?”. O compromisso de realizar

uma atividade do trabalho fora do ambiente da empresa é questionável, segundo percepção da

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respondente. Para a participante, cada função deve ser delimitada e executada em ambiente

compatível, adequado e pré-definido.

Nessa percepção, o valor que reconhece o ambiente de ‘casa’ como oposto ao ambiente de

‘trabalho’ gera resistência para a respondente “se comprometer em fazer em casa”. Portanto, o

processo educacional corporativo a distância é percebido como restrito ao ambiente laboral e

associado a crença de aplicação exclusiva, ou seja, privativo ao local de trabalho (FONSECA,

2005; MORAN, 2005; BRAUER; ALBERTIN, 2010; ALBERTIN; BRAUER, 2012;

CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; PORTUGAL et al., 2013; TOLENTINO et al., 2013;

MORAES, 2014; BRANDÃO, 2014; BUTZKE; ALBERTON, 2017). Assim, infere-se que,

para essa respondente, o trabalho é o único ambiente recomendado e adequado para se dedicar

à educação empresarial, restringindo-se a sua expansão para todos os outros.

Rotina 4 – a mãe: mulher, 32 anos, casada, filhos, gerente de relacionamento, 9 anos de casa,

pós-graduada:

“Em casa tem as crianças (risos) que ficam me chamando.” (E9)

Rotina 5 – o pai: homem, 45 anos, casado, filhos, escriturário, 3 anos de casa, pós-graduado:

“Aí eu vou para casa, e eu tenho dois filhos pequenos, aí, daqui para que eu

consiga colocar os dois para dormir para conseguir fazer um curso, aí eu não

consigo fazer muita coisa.” (E16)

Para ambos os entrevistados das Rotina 4 e 5, o fator casa está associado a mais trabalho do que

o existente em ambiente organizacional, para um, com as “crianças” (E9), para o outro, com os

“dois filhos pequenos” (E16). O valor atribuído ao desempenho das funções de pai e mãe, em

atenção aos filhos, é superior a quaisquer outros, ainda que reconhecidos como necessários,

aplicando-se, em extensão, a educação corporativa (FONSECA, 2005; MORAN, 2005;

CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR., 2012; PORTUGAL et al., 2013; TOLENTINO et al., 2013;

MORAES, 2014; BRANDÃO, 2014; BUTZKE; ALBERTON, 2017). A valorização da figura

dos filhos não é um perfil incomum, comumente, pais renunciam certas posturas e desejos

pessoais em favor de seus herdeiros.

Assim, por consequência, a “casa” é local em que “ficam me chamando” (E9) ou de “colocar

os dois pra dormir” (E16), não de aplicar-se a outras atividades, como as educacionais, ainda

que reconhecidamente relevantes. Portanto, a educação corporativa, sofre resistência, mesmo

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inconscientemente, pois atrapalha a rotina de dedicação e cuidado aos filhos (MORAN, 2005;

BRAUER; ALBERTIN, 2010; ALBERTIN; BRAUER, 2012; MORAES, 2014).

Dentre as diversas situações apresentadas, desde os estudos para uma formação, passando por

questões do lar, até chegar ao tema filhos, o contexto da rotina pessoal dos funcionários não é

favorável a dedicação à educação corporativa a distância. Todas as benesses adquiridas pela

EaD não estar vinculada a tempo e lugar são minimizadas se os aprendentes não dispõem deste

“tempo” e deste “lugar”. Assim, o contexto pessoal de cada funcionário-aprendente é um

desafio para ser superado dia a dia, equilibrando-o com todas as demais atividades pessoais nas

quais está envolvido, sem desprestigiar o próprio processo educacional corporativo.

o Rotina profissional

Para esta subdivisão, enquadram-se as percepções voltadas para natureza coletiva e corporativa

da realidade de cada respondente, ou seja, como a interferência da educação corporativa a

distância é percebida na rotina profissional dos entrevistados. Na sequência, são apresentadas

percepções que exemplificam situações corporativas e cotidianas que envolvem os aprendentes

e em como elas interferem nas práticas de educação corporativa a distância, separados em 2

esferas (ambiente; demanda de trabalho).

A respeito do ambiente, que é o lugar destinado à realização dos cursos durante a jornada de

trabalho, posicionam-se:

“O que ajuda, a praticidade de você ter na mesma estação de trabalho, o portal

e com material que você precisa.” (E4)

“O que ajuda é que a gente tem a opção, tem os equipamentos de qualidade na

agência, o ambiente climatizado, sabe? E tudo isso ajuda.” (E15)

“Eu avalio de maneira boa. Não tem como avaliar de maneira excelente

porque às vezes falta um pouco mais de conforto, principalmente na agência,

né? Uma questão de alguns recursos, uma cadeira mais confortável, né?

Enfim, mas de maneira geral eu analiso bem, os recursos disponíveis para

fazer os cursos.” (E2)

O conjunto das avaliações dos respondentes indica concordância entre as percepções. Elas

apontam para o reconhecimento de um contexto formado pelo ambiente laboral (estrutura,

equipamentos, material, recursos) que privilegia o processo educacional no local de trabalho.

Posicionamentos favoráveis ao contexto formado: “o que ajuda” (E4), “tudo isso ajuda” (E15)

e “eu analiso bem” (E2), indicam uma percepção de qualidade do local corporativo destinado à

educação a distância na organização.

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Assim, infere-se que os trabalhadores-aprendentes reconhecem como valor o esforço

organizacional em compor um espaço adequado às atividades educacionais a distância e, em

oposição à resistência, obtém aceitação ao processo proposto (FONSECA, 2005; MORAN,

2005; BRAUER; ALBERTIN, 2010; ALBERTIN; BRAUER, 2012; CASSUNDÉ;

CASSUNDÉ JR., 2012; PORTUGAL et al., 2013; TOLENTINO et al., 2013; MORAES, 2014;

BRANDÃO, 2014; BUTZKE; ALBERTON, 2017).

Registra-se ainda, a ausência de posicionamentos resistentes em conformidade com os critérios,

sistematizados por Brauer e Albertin (2010; 2012), da UTAUT relacionados ao ambiente. Três

construtos são classificados nos estudos supracitados que remetem ao contexto da rotina

profissional: condições facilitadoras, relaciona-se ao grau em que o aprendente acredita que

existe um ambiente organizacional propício para a educação a distância; interatividade,

correlaciona-se ao grau de interação percebida entre o aprendente e demais atores do processo

educacional; e influencia social, associa-se ao grau de percepção externa das atividades

educacionais individuais.

Destaca-se, neste contexto organizacional específico, a ausência de percepções que apresentem

os reflexos práticos das discussões teóricas de resistência à educação a distância na educação

corporativa por questões exclusivamente ambientais. O cenário apresentado sugere que os

elementos identificados como opositores ao desenvolvimento da ECaD não interferem no

cenário em estudo, mesmo previstos em literatura (BRAUER; ALBERTIN, 2010; ALBERTIN;

BRAUER, 2012).

Ainda sobre a UTAUT, ressalta-se, nas mesmas investigações (BRAUER; ALBERTIN, 2010;

ALBERTIN; BRAUER, 2012), construtos que tratam de questões de grau de experiencia em

relação a TI e de grau de facilidade associada ao uso do sistema, relacionadas, nessa

argumentação, com a aptidão e domínio dos sistemas educacionais apresentados pelos

aprendentes. Semelhantemente à dinâmica aplicada aos construtos relacionados ao ambiente,

os construtos relativos a competências em tecnologias da informação não têm reflexos práticos

identificados, ou seja, não são manifestos posicionamentos que sustentem a resistência à

educação a distância.

Assim, infere-se que, pelo tipo do trabalho desempenhado, as possíveis dificuldades em relação

ao ambiente virtual são automaticamente superadas. O contexto profissional cotidiano da

organização é formado por diversas plataformas específicas (atendimento ao cliente; operações;

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arquivo digital; serviços jurídicos; gestão; aferição de resultado; verificação e conformidade),

sendo a plataforma de educação a distância mais uma relacionada à atividade laboral. Se o

funcionário não for habilitado para o processo educacional a distância, não estaria, também,

apto ao trabalho em si, assim, o oposto é plausível, ao habilitar-se ao trabalho, o funcionário

torna-se apto à utilização dos sistemas educacionais da organização.

Com relação à demanda de trabalho, que é o conjunto das necessidades e exigências resultantes

do desempenho das funções vinculadas ao trabalho do aprendente durante a jornada de trabalho,

opinam os respondentes:

“É uma reclamação de todos... que o Banco não conseguiu adequar a questão

da carga de trabalho paralelamente aos cursos. A Universidade Corporativa B

tem feito a parte dela, dos cursos, mas o Banco ao mesmo tempo não tem

conseguido conciliar, né? Curso e trabalho!” (E2)

“Que atrapalha na verdade, é porque faz no horário de trabalho. Não tem como

você se concentrar, você nem presta atenção, você vai passando e depois se

tiver prova, arrisca, no chute...” (E12)

“Eu raramente faço no Banco porque, na verdade, lá só tem atrapalho. Lá tem

o cliente, lá tem ligação, lá tem pedido de colega, de confirmação e de

transações, tem áudio conferência, tem e-mail, tem uma série de coisas, então

assim as possibilidades de distração, não distração no sentido mais de distrair

sem um objetivo, mas no sentido de... volume de trabalho não permite. Esse

para mim é o meu principal dificultador da parte dos cursos. E assim... É

humanamente impossível, a gente que é da rede de agência, (...) não tem

como! Ou você trabalha e atende o público ou você estuda! Não existe como

você ter as duas faces dessa moeda! (...) Então, enfim, existem alguns entraves

que desencorajam.” (E13)

“Bom... o que atrapalha é porque como a gente é administrador, a todo tempo

a gente tá sendo demandado. Tudo que os funcionários fazem a gente precisa

tá confirmando, a autonomia é muito pequena da equipe, especialmente nas

agências menores, onde a grande maioria é caixa e escriturário. Ou seja, a

gente só pode parar mesmo definitivamente para fazer um curso quando a

jornada deles já encerrou e eles foram embora, do contrário, se for fazer

durante a jornada, a todo momento é interrompido...” (E15)

As descrições demonstram incompatibilidade da rotina profissional com as atividades

educacionais na organização, o contexto formado por “carga de trabalho” (E2), “volume de

trabalho” (E13) e “demanda” (E15) tornam o equilíbrio entre as atividades laborais e as

atividades educativas “humanamente impossível” (E13) para a “rede de agências” (E13). A

demanda de trabalho é percebida como um sério “dificultador” (E13) da educação corporativa,

num ponto de vista unânime: “é uma reclamação de todos” (E2). Ademais são consideradas

como opostos excludentes: “ou você trabalha e atende o público ou você estuda! não existe

como você ter as duas faces dessa moeda!” e “não tem como conciliar... curso e trabalho” (E2).

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Esse conjunto de interpretações gera valores negativos, “entraves que desencorajam” (E13),

que esboçam percepções conflitantes e antagônicas no acúmulo das funções de aprendente e

trabalhador. Por consequência, formam-se barreiras e resistência ao contexto proposto para a

educação corporativa a distância na instituição investigada (FONSECA, 2005; MORAN, 2005;

BRAUER; ALBERTIN, 2010; ALBERTIN; BRAUER, 2012; CASSUNDÉ; CASSUNDÉ JR.,

2012; PORTUGAL et al., 2013; TOLENTINO et al., 2013; MORAES, 2014; BRANDÃO,

2014; BUTZKE; ALBERTON, 2017).

Para finalizar, ainda dentro da esfera de demanda de trabalho, destaca-se a associação

inversamente proporcional do volume de atividades ao tempo dedicado à educação corporativa

a distância:

“A gente não tem tempo!” (E11)

“Porque no banco não dá tempo.” (E15)

“Porque no trabalho não dá tempo” (E9)

“A gente basicamente não tem tempo.” (E16)

“Porque não há tempo hábil para fazer o curso.” (E17)

“A gente não consegue ter um tempo dedicado a isso!” (E1)

“O que atrapalha, assim, é que não tem tempo (...) para fazer o curso...” (E5)

“Agora, que se a gente tivesse um tempo mesmo reservado para isso...” (E8)

“Eu acho que o que atrapalha é justamente a questão da falta de tempo.” (E18)

“O que atrapalha é justamente o contrário, é você não ter tempo de fazer o

curso.” (E6)

“Se a gente tivesse tempo para fazer tudo o que o banco diz... dava certo!

(risos)” (E10)

É unânime entre todos os respondentes a percepção negativa quanto à disponibilização de

tempo para execução de atividades educacionais. Ressalta-se que, durante as entrevistas,

diversos argumentos são apresentados, todos ligados à alta demanda de trabalho da rotina

profissional, que impedem a dedicação necessária à educação corporativa a distância na

empresa.

O termo “tempo” foi repetido nas argumentações dos entrevistados cerca de 87 vezes, as

variantes do verbo ‘atrapalhar’ foram as mais associados a ele, cerca de 11, nenhum respondente

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ficou sem mencioná-lo e, dentre todos os critérios da investigação, o tempo foi concorde em

todas as percepções apresentadas.

Existe um clamor generalizado por melhores condições educacionais no ambiente de trabalho,

a percepção de que é “impossível” conciliar a rotina profissional com as atividades educacionais

na empresa é generalizada. São indicados modelos que se utilizam do equilíbrio entre demanda

de trabalho e demanda educacional dentro do contexto da rotina profissional na organização

investigada (STAREC, 2012; RICARDO, 2012; GIL, 2016).

Ainda sobre a questão do tempo, nas discussões dos itens 4.2.1 e 4.2.2, os grandes números

divulgados pela organização apresentam-se sobre o formato de horas. Essa classificação é

verificada como tendência em estudos e relatórios sobre educação corporativa, no Brasil

(ABTD 2015; 2016) e no exterior (ABTD, 2015; 2016; BEER; FINNSTROM; SCHRADER,

2016), que apresentam resultados educacionais corporativos nacionais e internacionais

registrados e comparados em horas dedicadas às atividades educacionais. Como consequência,

o fator ‘horas’ é utilizado como um indicador de valorização da educação empresarial. Assim

sendo, aplica-se amplamente uma unidade de tempo como unidade de medida para avaliação

da educação corporativa e, essa mesma unidade de medida é o maior alvo de insatisfação da

presente nessa investigação.

Infere-se a intervenção imediata da organização nesse aspecto. Como foi observado, não é

simples a inclusão de uma rotina educacional na rotina pessoal de cada trabalhador, assim

sendo, a educação corporativa poderá ser desenvolvida dentro do ambiente de trabalho

ajustando-se, assim, a rotina profissional do trabalhador, que é responsabilidade da própria

organização.

Para finalizar, esclarece-se que, dentre todas as possibilidades de percepções para a proposta e

a prática da educação a distância na corporação, objeto do estudo, não se aplicam

generalizações, apenas compõe-se uma percepção geral, ou uma percepção de maioria aplicada

à organização investigada. Apesar de não unânime e das ressalvas às características básicas de

alguns padrões, a percepção global apresenta um posicionamento receptivo às propostas e

práticas em educação a distância.

O fato de nem todas as características mencionadas serem percebidas, na integra, por todos os

respondentes, algumas delas não foram citadas por mais que um entrevistado, não deve

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desmerecer o argumento apresentado, a percepção unitária, poderá abrir caminhos para novas

e diversas pesquisas.

Infere-se, aqui, a existência de desafios, possibilidades e proposições, todos provenientes da

mesma fonte: a percepção dos aprendentes. O elogio e o protesto, o reconhecimento e a queixa,

a concordância e a incompatibilidade, opostos usados para contribuir com uma educação

corporativa a distância cada vez melhor.

Face às sugestões, registra-se, ao término deste capítulo que, apesar de provocações e

contestações, a percepção magna sobre o processo de educação corporativa a distância é de

reconhecimento:

“É... a Universidade Corporativa B, não é à toa que ela foi considerada a maior

universidade do mundo! Então... a gente tá numa empresa fera né...” (E10)

“Comparando com as empresas que eu já passei, nunca vi algo desse tipo aí,

que a gente pudesse é... ter um aprimoramento profissional ou de forma online,

tão prática, tão fácil assim, também posso dizer... uma variedade de cursos, o

tamanho que se tem. (...) Eu vejo como um grande atributo do Banco aí, essa

a Universidade Corporativa B.” (E3)

“Para mim, a Universidade Corporativa B é sim, uma forma de aprendizagem

muito boa, e que é uma boa ferramenta para o funcionário. A empresa

realmente está de parabéns!” (E17)

“Para fechar, a percepção que eu tenho da educação corporativa do Banco é

muito boa. (...) O papel da Universidade Corporativa B é perfeito para o banco,

tanto é que ela é... bastante reconhecida no Brasil e internacionalmente, ela

ganha sempre vários prêmios e títulos, por isso.” (E2)

Qualifica-se como último registro, o fato de que a Universidade Corporativa é objeto da

admiração de seus aprendentes, por consequência, a organização detém o reconhecimento de

seus funcionários. Ambos, admiração e reconhecimento, poderão ser usados como fundamentos

sobre os quais serão enfrentados os desafios, identificadas as possibilidades e implementadas

as proposições.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalmente, o desfecho deste estudo resulta do esforço reflexivo sobre a investigação em tela.

Como consequência, estrutura-se o capítulo final em 3 subdivisões: 5.1 recomendações para a

empresa investigada, 5.2 recomendações gerais e 5.3 sugestões para estudos futuros.

5.1 Recomendações para a empresa investigada

Esta seção tem a finalidade de apresentar os resultados encontrados e indicar orientações

específicas à organização investigada. Para iniciar a construção da reflexão de remate, evoca-

se novamente o objetivo desta investigação: Investigar como funcionários avaliam a proposta

e a prática de Educação Corporativa a Distância de uma instituição financeira nacional, como

norteador de todo o processo investigativo, bem como o seu desdobramento em objetivos

específicos.

Na intenção de identificar as propostas de educação corporativa a distância, analisou-se a

Proposta Político Pedagógica para atuação em gestão de pessoas. A documentação examinada

permitiu estabelecer uma visão geral da proposta educacional da organização para a própria

educação corporativa a distância. Questões contextuais foram apresentadas, numa perspectiva

institucional, assim, identificou-se a existência de uma preocupação organizacional em

formalizar um modelo para a educação denominando-o “proposta”. Verificou-se que o

documento-proposta caracteriza:

Relevância da educação corporativa a distância para a organização investigada;

Destaque à educação sobre as demais funções de gestão de pessoas na organização;

Importância estratégica da educação corporativa;

Formalização do processo educacional;

Posicionamento institucional favorável a valores educacionais;

Comprometimento organizacional de regulação das atividades educacionais;

Estabelecimento de 5 princípios educacionais:

o O aluno como sujeito da aprendizagem;

o Diálogo e conscientização;

o Problematização da realidade;

o Abordagem complexa e multirreferencial;

o Aprender a aprender.

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Confrontando os dados obtidos com a teoria investigada estabeleceram-se sugestões:

Distribuição do debate sobre educação do estratégico para os níveis tático e operacional;

Apesar do tema educação já ser reconhecidamente expressivo em âmbito estratégico na

organização investigada, orienta-se que deve existir, estrategicamente também, a preocupação

com a distribuição de sua relevância por toda a cadeia de funcionários, de forma que a

valorização da educação esteja arraigada à cultura organizacional. A responsabilidade da

construção de um processo corporativo educacional deve ser compartilhada com todo o quadro

funcional através de consultas para divulgação e validação das propostas adotadas na

organização, e assim, legitimadas pela coletividade, as atividades educativas poderão

potencializar os resultados esperados.

Revisão e/ou atualização da proposta periodicamente;

No mesmo esforço de divulgação e legitimação da proposta educacional corporativa, a empresa

deve, pelos mesmos critérios da participação e compartilhamento das responsabilidades sobre

o processo educacional, estabelecer o diálogo com os funcionários para promover melhorias no

sistema educacional existente, com o objetivo de evitar a atual situação: a instituição apresenta

uma proposta de educação corporativa com quase uma década de defasagem.

Verificação formal e periódica da educação corporativa a distância.

Como os itens anteriores destacam, respectivamente, a divulgação e a atualização da proposta

educacional, através da participação funcional, orienta-se que a execução acumule as

características de formalidade e periodicidade. Formal, por adquirir condicionalidade da forma,

podendo ser uma pesquisa interna, e periódica, por ser compatível com ciclos temporais,

podendo ser anual. Assim, indica-se que o conjunto de divulgações, verificações e legitimações

das propostas em educação corporativa a distância na organização investigada ocorra através

de pesquisa interna anual.

Na sequência, para identificar as práticas de educação corporativa a distância efetivadas,

analisou-se a Relatório Anual, 2016 e 14 Informativos Empresariais, 2016/2017. A

documentação investigada permitiu estabelecer uma visão geral da prática da educação

corporativa a distância da organização para o biênio 2016-2017. Questões práticas no contexto

corporativo, apresentadas numa perspectiva institucional, demonstram o interesse

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organizacional em sistematizar e divulgar a execução do que foi proposto. Esse esforço

formaliza a “prática” organizacional de educação corporativa a distância. Verificou-se que o

documento-prática indica:

Preocupação em divulgar as realizações em educação corporativa;

Relevância da educação corporativa caracterizada a partir altos investimentos;

Associação de otimização de processos e alcance de resultados às práticas de educação;

Posicionamento de referência nacional e internacional em educação corporativa;

Publicidade de práticas em educação corporativa a distância;

Sistematização das ações educacionais em dados numéricos;

Representatividade da educação a distância na educação corporativa;

Valorização da dedicação do tempo no processo educacional a distância;

Aplicação do tempo como unidade de medida para educação à distância;

Distribuição das práticas sob 4 aspectos:

o Recursos tecnológicos;

o Formatos;

o Acompanhamento;

o Contexto.

Ao associar a prática organizacional às bases do referencial teórico estabelecido, propôs-se:

Fortalecimento do endomarketing educacional;

Refere-se a implantação da participação funcional na divulgação interna da educação

empresarial, incluir os funcionários na autopublicidade poderá fortalecer a cultura de

valorização da educação para que seja amplamente replicada em ambiente corporativo através

da vivência de cada colaborador. Através dos mecanismos de comunicação interna como: chats,

e-mail corporativo e jornal eletrônico interno, experiências educacionais podem ser divulgadas

e atitudes coerentes com as propostas educacionais incentivadas.

Acompanhamento formal das práticas em cadeia;

Apesar das práticas organizacionais em educação corporativa a distância serem objeto de

acompanhamento formal e periódico na instituição investigada, orienta-se que deve existir, de

igual forma, o encadeamento dos dados divulgados, ou seja, que os dados das ações

educacionais tenham, não apenas a publicidade total, mas que seja possível o acompanhamento

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através de filtros como estado, dependência e até individual, por funcionário. Poderão ser

implementados parâmetros de comparação, com dados nacionais, regionais e pessoais, através

de classificação, prática já existente em outros setores da organização.

Aperfeiçoamento de sistemas de reconhecimentos para aprendentes ativos.

Em continuidade da argumentação do item anterior, a partir da classificação dos resultados

educacionais em distintos níveis (nacional, regional, pessoal) poderá ser implementado um

formato de reconhecimento para os funcionários mais dedicados à educação na empresa ou nas

unidades. Para os melhores resultados, poderão ser estabelecidos critérios de recompensas

(reconhecimentos, homenagens, premiações, participação em endomarketing, bolsas de

estudos) com regras específicas para incentivar a aplicação dos trabalhadores nas ações

educacionais corporativas a distância na empresa.

Para finalizar, o terceiro e último objetivo específico: identificar a percepção dos funcionários

sobre a educação corporativa a distância, analisou-se 18 entrevistas realizadas com funcionários

de unidades de negócios do estado de Pernambuco. Os posicionamentos e pontos de vista dos

respondentes permitiu estabelecer uma visão geral da percepção da educação corporativa a

distância para organização investigada. Direcionadores baseados nos contextos de proposta e

prática da educação organizacional a distância, sob perspectiva institucional específica, formam

um panorama estruturado por diversos ângulos de visão sobre o processo educacional em

questão. Esse estímulo impulsionou a formação da “percepção” sobre a educação corporativa a

distância na organização investigada. Verificou-se que as perspectivas demonstram:

Dicotomia de esforços práticos entre indivíduo e organização;

Predominância do antagonismo ao modelo de proposta organizacional;

Existência de atividades educacionais manipuláveis;

Carência na equalização das redes de conexão;

Valorização dos equipamentos utilizados na educação corporativa a distância;

Incremento dos recursos tecnológicos;

Diversidade de formatos;

Homogeneidade nos posicionamentos quanto ao contexto da prática;

Aplicação de metas e pontuadores como norteador da educação a distância;

Solitude na indiferença ao aprender;

Unicidade sobre objetividade nos formatos;

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Unanimidade na carência de tempo para o processo educativo;

Ausência de acompanhamento por não líderes;

Vinculação do processo educacional ao cumprimento de carga horária;

Insuficiência nas diversas formas de acompanhamento;

Posicionamento discorde à aplicação do tempo;

Reconhecimento e admiração à Universidade Corporativa.

Ao submeter as percepções à literatura sistematizada, recomendou-se:

Homogeneização das percepções sobre proposta e prática em educação corporativa;

Expansão do diálogo;

Atendimento à diversas expectativas práticas das atividades educacionais;

Implantação de distintos canais de comunicação;

Desenvolvimento de atividades educacionais que considerem o pré-conhecimento;

Incremento da gameficação;

Vinculação da educação corporativa aos desejos profissionais dos aprendentes;

Prevenção de reciprocidade “viciada”;

Acolhimento de sugestões dos aprendentes;

Implementação de melhorias nas tecnologias de redes de conexão;

Promoção do acesso equilibrado entre os formatos;

Aperfeiçoamento de tecnologias off-line;

Inibição de manipulações ao processo educacional;

Melhoramento do acompanhamento geral;

Adequações à pontuação no currículo funcional;

Repaginação do processo de automação;

Inclusão de ferramentas de simulação no ambiente educacional;

Avaliação individual entre formatos;

Aculturação institucional através da educação corporativa a distância;

Compatibilização da demanda de trabalho com a demanda educacional.

Os dados apresentados possibilitaram a compreensão do fenômeno educação corporativa a

distância nas dimensões, proposta, prática e percepção, em atendimento aos objetivos da

pesquisa, e demonstram a importância da temática para a instituição investigada.

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Finalmente, a avaliação da Educação Corporativa à Distância, conforme percepção dos

funcionários de uma instituição financeira nacional, revela um contexto de perspectivas

diversas que podem variar de acordo com características individuais dos sujeitos do processo

educacional ou da interação entre eles. Sendo a organização corresponsável pela educação

corporativa, é encarregada do planejamento e ações institucionais que refletirão na percepção

sobre propostas e práticas organizacionais e, por consequência, no sistema de educação

corporativa a distância como um todo.

5.2 Recomendações gerais

Na seção que se segue, são retomadas as questões de ordem prática na pesquisa.

Consequentemente, por não limitar a aplicação da investigação sobre as percepções funcionais

à organização em estudo, apresenta-se a amplitude das potencialidades da educação corporativa

a distância sob 5 aspectos: político, educacional, econômico-financeiro, humano e social.

Sobre o primeiro aspecto, resgata-se a relevância formal que existe entre a educação e o estado

brasileiro, por consequência, entre o mesmo e a subdivisão da educação para o trabalho. No

Brasil é comum o estado participar do fomento da educação formal básica e superior

estabelecendo parcerias, convênios e financiamentos. Assim como a educação tradicional, a

educação para o trabalho também é responsabilidade do governo brasileiro, assim, em assunção

a responsabilidade manifesta, sugere-se:

Aparceiramento entre Estado (representado por unidades educacionais públicas) e

universidades corporativas;

Estabelecimento de convênios para estágios voluntários e obrigatórios em ambientes

corporativos sob supervisão das universidades corporativas;

Potencialização da qualidade da formação para o trabalho (cursos técnicos e superiores)

para a rede pública através do contexto prático oferecido pelas organizações;

Cofinanciamento, através dos bancos públicos, para expansão e abertura das

universidades corporativas atuarem no novo ambiente (condições negociais

diferenciadas).

A respeito do aspecto seguinte, o elemento educação é constantemente objeto de estudo em

diversos ramos do conhecimento científico. Em reconhecimento à ciência como o palco sobre

o qual a educação corporativa a distância se desenvolve, recomenda-se:

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Promoção do debate científico e aberto sobre educação corporativa a distância, através

mesas-redondas específicas em feiras, congressos e encontros acadêmicos;

Aprofundamento de pesquisas científicas através de parcerias com formato de

consultoria acadêmica;

Criação de publicação eletrônica exclusiva para discussão do tema;

Apadrinhamento acadêmico de universidades corporativas iniciantes, como práticas de

pesquisa e extensão.

Para o terceiro aspecto, voltado para otimização de recursos e redução de custos, objeto de

perseguição organizacional comum, orienta-se:

Produção de ganhos próprios e independentes (oferecimento de serviços externos);

Aparceiramento remunerado (estágios, treinamentos técnicos, serviços educacionais

conveniados e circunstanciais);

Auto-sustentabilidade financeira das universidades corporativas (através da prestação

dos serviços externos remunerados);

Sob o aspecto humano, comum a temáticas de estudos em ciências sociais aplicadas, verificado

na educação corporativa a distância, direciona-se:

Orientação da educação para carreira (associar desenvolvimento profissional à

dedicação a atividades educacionais);

Alinhamento entre pessoas e organizações (diálogo e participação);

Implantação da educação corporativa participativa (modelo democrático);

Legitimação funcional do processo educacional (pesquisa interna periódica).

No tocante ao último aspecto, em uma perspectiva social na qual a célula empresarial está

inserida, propõe-se:

Oferecimento de melhores condições de formação profissional à sociedade

(profissionais formados com forte esteio prático);

Apresentação de serviços educacionais abertos ao público externo (os aprendentes são

treinados enquanto a sociedade recebe o serviço gratuitamente);

Encadeamento de práticas e modelos profissionais (aproximação teoria-prática);

Disseminação de valores éticos e morais.

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Esse composto revela quão vasto e abundante é o terreno da aplicação da educação corporativa

a distância, podendo ultrapassar, até mesmo, os limites organizacionais. Ressalta-se, entretanto,

que esse breve conjunto de aspectos não contém todos os elementos associáveis ao objeto da

investigação, nem é a finalidade da seção, mas sim, estabelecer relação entre o construto e

algumas das diversas possibilidades de perspectivas de associação possíveis, que são relevantes

para o objetivo da investigação.

5.3 Sugestões para estudos futuros

Finalmente, pela dinâmica que é própria da educação corporativa a distância, estimula-se novas

investigações, bem como o aprofundamento e expansão em novos limites e métodos de

investigação através de distintos direcionamentos para possíveis futuras pesquisas na área.

Para os desafios, possibilidades e proposições da Educação Corporativa a Distância, seguem

algumas das possíveis sugestões:

Expandir a pesquisa com limites em outros estados, regiões e países na organização;

Expandir a pesquisa com limites em unidades táticas e estratégicas da organização;

Investigar percepções sobre a educação corporativa a distância nos outros 2 idiomas

(inglês; espanhol) que a organização dispõe;

Investigar percepções sobre a educação corporativa a distância para a versão para cegos

que a organização dispõe;

Avaliar a percepção da rede externa, formada por dependências localizadas no exterior;

Estabelecer uma comparação entre as percepções internas (Brasil) e externas (exterior);

Examinar percepções aplicadas à educação corporativa a distância oferecida a

aposentados da organização;

Examinar percepções aplicadas à educação corporativa a distância oferecida aos

familiares de funcionários;

Examinar percepções aplicadas à educação corporativa a distância oferecida ao setor

público que mantém convênio com a instituição financeira;

Aplicar a proposição desta pesquisa em uma organização de um segmento diferente;

Aplicar a proposição desta pesquisa a um multicaso;

Validar uma escala de percepções e adaptar um estudo de método misto;

Aprofundar percepções sobre uma das categorias iniciais, intermediárias ou finais.

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Diante da infinidade de direções e caminhos, e reconhecendo o esforço empregado nesta

investigação, percebe-se, ao final, como uma gotícula de chuva, assim sendo, que seja aquela

que fará florescer o jardim científico denominado Educação Corporativa a Distância.

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180

APÊNDICE A – Roteiro de pesquisa documental: objetivo específico 1 – propostas

Documento: Proposta Político Pedagógica

DESCRIÇÃO

Denominação, definição, caracterização, uso e aplicação Documento

Finalidade e função Organização

Discussões, debates e tendências

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

PEDAGOGIA

Apresentação da estrutura-síntese, composição e informações

Delineamento de temas Pesquisa

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

PROPOSTA

Apresentação, descrição, conceituação

Análise dos 5 princípios educacionais propostos

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

REFERÊNCIAS

Descrição; quantificação; qualificação; contextualização

Contextualização; discussão e análise

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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181

APÊNDICE B – Roteiro de pesquisa documental: objetivo específico 2 – prática

Documento: Relatório 2016: gestão de pessoas – educação corporativa + 14 informativos

DESCRIÇÃO

Denominação, definição, caracterização, uso e aplicação Documento

Apresentação da estrutura, composição e informações Documento

Finalidade e função Documento

Quantificação geral da educação Empresa

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

PRÁTICA

descrição, caracterização, sistematização, quantificação,

qualificação e ordenação de relevâncias

Organização

Motivações, discussões, debates e tendências

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

FECHAMENTO

Descrição, qualificação e contextualização Práticas

Posicionamento organizacional Práticas

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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182

APÊNDICE C – Roteiro de entrevista: objetivo específico 3 – percepção

Educação Corporativa a Distância: desafios, possibilidade e proposições Roteiro da entrevista por telefone

Pesquisa Educação Corporativa a Distância no Banco B: percepção.

Objetivo da Pesquisa Avaliar a Educação Corporativa a Distância do Banco B através da percepção dos funcionários

da rede de agências do estado de Pernambuco.

Tempo Estimado em 20 minutos.

Informações Termo de ciência e concordância; Caráter sigiloso das respostas e dos respondentes; Autorização para gravação do áudio via aplicativo de smartphone. Protocolo de entrevista Dia da semana, data de mês de ano. Entrevistado número, nome, matrícula números, tempo da entrevista min. Participantes: perfil e caracterização Idade: Gênero: Empresas em que trabalhou: Tempo de instituição: Função: Tempo de função: Formação:

Fale um pouco sobre o seu interesse na ECaD do Banco B?

(pergunta alternativa de abertura para o diálogo - ) Como você avalia? Recursos tecnológicos: Equipamentos físicos (estação de trabalho/smartphone/tablet/computador pessoal/óculos 3D/App tv)

Metodologia dos formatos: Estrutura (online/trilha/vídeo aula/áudio aula/infográfico/e-book/game/fóruns/comunidade/chat/realidade virtual)

Acompanhamento: Assistência e orientação (mentoria online/gestores/fóruns/comunidades/Gepes)

Contexto: Fatores interferentes (ambiente/local/iluminação/equipamentos/tempo/conexão)

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183

Como você percebe? Protagonismo do funcionário/aprendente: Funcionário como sujeito ativo da ECaD (relevância/abertura/inciativa/reconhecimento/resultados)

Diálogo: Formas de comunicação na ECaD (existência/abertura/formalidade/experiências/tentativa)

Problematização da realidade: Aproximação entre teoria e prática ECaD (problemas práticos/resolução de casos/exemplos)

Interdisciplinaridade: Relação entre conhecimentos na ECaD (visão multirreferencial/enfoque sistêmico/aproximação de conteúdos)

Aprender: Desenvolvimento da capacidade de aprender (domínio do conteúdo/aplicação real/habilidade de atualização) Percepção e sugestões: (abertura para livre posicionamento do entrevistado)

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184

APÊNDICE D - Termo de ciência e concordância

Pesquisa: Educação Corporativa a Distância no Banco B: percepção.

Dissertação: Educação Corporativa a Distância: desafios, possibilidade e proposições.

Prezado participante,

Antecipadamente, são expressos os agradecimentos pela sua participação nesta pesquisa que

tem como objetivo avaliar a Educação Corporativa a Distância (ECaD) no Banco B através da

percepção dos funcionários da rede de agência do estado de Pernambuco.

Salienta-se o caráter sigiloso das respostas e dos respondentes, conforme orientações do Banco

e do Código de Ética Nacional da Pesquisa Científica. Assim, todas as respostas,

posicionamentos, colocações e interpretações têm finalidade exclusivamente acadêmica, sem

quaisquer divulgações individuais para a empresa, outros participantes ou terceiros.

A sua participação se dará por meio de uma entrevista telefônica com duração média de 20 min,

gravada através do celular da entrevistadora, que servirá de base de dados para a elaboração da

pesquisa.

O resultado final será divulgado por meio da Dissertação de Mestrado anteriormente

identificada através do Portal B.

Obrigada por contribuir com a construção de uma Educação Corporativa a Distância cada vez

melhor!

Por favor, assine o documento dando amplo conhecimento da natureza e propósito do estudo.

Nome: _________________________________________

Matrícula: ______________________________________

Data: __________________________________________