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Faculdade Boa Viagem
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial – MPGE
Geraldo Luiz Valle dos Santos
A inclusão organizacional da pessoa com deficiência: um estudo do Programa SENAI de Ações Inclusivas em Maceió - Alagoas
Recife, 2015
Geraldo Luiz Valle dos Santos
A inclusão organizacional da pessoa com deficiência: um estudo do Programa SENAI de Ações Inclusivas em Maceió - Alagoas
Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA da Faculdade Boa Viagem – Devry Brasil, sob orientação da Prof.ª Lúcia Maria Barbosa de Oliveira, Ph.D.
Recife, 2015
Catalogação na fonte - Biblioteca da Faculdade Boa Viagem, Recife/PE
S237iS237iS237iS237i Santos, Geraldo Luiz Valle dos. A inclusão organizacional da pessoa com deficiência: um estudo do Programa Senai de ações inclusivas em Maceió - Alagoas / Geraldo Luiz Valle dos Santos. – Recife: FBV | DeVry, 2015. 153 f.: il.
Orientador(a) : Lúcia Maria Barbosa de Oliveira. Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Faculdade Boa Viagem - Devry.
Inclui anexo e apêndice.
1. Deficiência. 2. Inclusão. 3. Programa de inclusão. 4. Mercado de trabalho. I. Título.
DISS 658[15.1]658[15.1]658[15.1]658[15.1]
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367
Dedico esta dissertação
Às três grandes mulheres da minha vida; a minha esposa, companheira e amiga e mãe de duas outras grandes
riquezas que tenho, Aninha minha primeira filha que, há 10 anos, faz meu dia ser cada vez mais especial e a
Livinha que, há 6 anos, tem somado para que o meu dia seja mais infinito.
E aos meus pais, por acreditaram em mim e que são o meu espelho. Tudo que sou hoje devo a eles.
Agradecimentos Agradeço, em primeiro lugar, a DEUS por ter me dado a oportunidade de estar aqui e por estar presente sempre e especialmente durante as idas e vindas entre Maceió-Recife-Maceió. À minha esposa Julian e minhas filhas Ana Lícia e Lívia Maria pela força, compreensão, apoio, e por ter superado os momentos difíceis e estressantes vividos ao longo desses dois anos, pois sem vocês seria muito complicado ter chegado onde estamos. Aos meus pais, Sérgio Luiz e Lícia, apesar de estarem a mais de 1.000 km estiveram presentes dia a dia em pensamento e espírito e sempre com palavras estimuladoras. À minha irmã, Liana Maria, pela ajuda inestimável e por fazer parte de minha história. À minha orientadora Profª Lúcia Maria Barbosa de Oliveira, Ph. D, pela persistência e por acreditar em mim. Muito obrigado! Aos professores(as) por terem compartilhado seus conhecimentos. Ao meu companheiro e amigo de todas sextas-feiras e sábados, com quem aprendi muito nas longas horas de viagem. Ao longo desses dois anos, muitas histórias, risos, bobagens, pneu furado, aventura pelo mato e engarrafamentos. Dava para escrever um livro. Valeu, Cleber! Aos colegas da turma 9, pela companhia e pelo compartilhamento de conhecimento. Algumas pessoas inesquecíveis como Brandão, com suas palavras sábias; Miguel, com seu humor diferenciado; Reginaldo, com sua paciência e paz; Tainá, por sua leveza e sempre prestativ; Kilma, por sua tranquilidade e inteligência, sempre justa e parceira. Em especial a Bartos, pessoa da mais alta qualidade, ingênuo, humilde e acima de tudo um irmão. Marcelino, também uma pessoa diferenciada, amiga e com um grande coração. Não poderia deixar de fora Lucieno, pessoa desprovida de valores materiais e com um coração enorme. Quando for a Recife, quero ficar no apartamento. Saudades. À professora Nívea Maria Carvalho de Andrade pelo apoio e pela oportunidade de poder realizar esta pesquisa e a todos que fazem o SENAI-Alagoas.
Muito Obrigado!
RESUMO Este trabalho propõe um estudo sobre o programa de formação e qualificação voltado para
inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. O Programa SENAI de Ações
Inclusivas – PSAI. Apresenta depoimentos de pessoas envolvidas diretamente com o fazer e
acontecer no processo de inclusão. Processo este que, a cada dia, ganha espaço no mundo do
trabalho, devido a Leis e Decretos, definidos como ações afirmativas, principalmente a Lei de
Cotas (8.213/1991) e pela implantação nas organizações de novos modelos de gestão. Dentre
os novos modelos, têm-se a Responsabilidade Social Empresarial, sendo este adotado pela
empresa pesquisada neste estudo. Apesar do movimento a favor da inclusão, percebe-se ainda
algumas resistências por parte da sociedade empresarial, especificamente em relação à falta de
qualificação profissional das pessoas com deficiência. Em decorrência desse motivo, a
presente pesquisa teve por objetivo, analisar a percepção dos gestores, profissionais de
recursos humanos e a pessoa com deficiência a respeito do PSAI no processo de inclusão
organizacional da pessoa com deficiência. Para construção do estudo, utilizou-se da
metodologia qualitativa, a fim de proporcionar o aprofundamento, entendimento e
informações frente à questão estabelecida para o presente estudo. Para a coleta de dados,
foram realizadas entrevistas semiestruturadas por pauta com os gestores que têm sob sua
liderança pessoas com deficiência, profissionais da área de recursos humanos que lidam com
o recrutamento e seleção e do treinamento e desenvolvimento e a pessoa com deficiência de
três unidades do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial na cidade de Maceió -
Alagoas. Foram entrevistados 16 funcionários, sendo 6 (seis) gestores, 4 (quatro) profissionais
de recursos humanos e 6 (seis) pessoas com deficiência. Os tipos deficiência envolvidas
foram física, auditiva e visual “leve”. Procedendo à análise do conteúdo, foi utilizado o
método de Bardin, permitindo a estruturação de três categorias: contextualização dos termos
deficiência e inclusão, a contribuição do PSAI como processo inclusivo e Políticas de RH. Os
principais resultados, todos participantes percebem a deficiência como uma limitação e que
estão aptos ao exercício profissional. Quanto ao processo de inclusão, tiveram inicialmente
algumas dificuldades, mas, com o trabalho de conscientização, palestras, treinamentos e
mudanças estruturais, conseguiram perceber o diferencial alcançado, principalmente na
ambiência interna. Em relação ao PSAI, foi a mola propulsora das mudanças promovidas nas
políticas e práticas de recursos humanos no SENAI e vem favorecendo a inclusão da pessoa
com deficiência no mercado de trabalho.
Palavras-chave: Deficiência. Inclusão. Programa de inclusão. Mercado de trabalho.
ABSTRACT
This paper proposes a study on the training and qualification program focused in the inclusion
of people with disabilities in the labor market, the SENAI Inclusive Actions Program - SIAP.
It features interviews with people directly involved in making the inclusion happen, a process
that is gaining space day by day in the labor market due to Acts and Decrees, defined as
affirmative action, especially the Brazilian Quota Law (8.213/1991) and by the deployment of
new models of organizations managements. New management models, including the
company studied here, adopted the "Corporate Social Responsibility".
Although, despite the favors of the inclusion movement, some resistance from the business
society is noticed, specifically in relation to the lack of professional qualification of persons
with disabilities. Due to this reason, the present study aimed to analyze the perception of
managers, human resource professionals and the person with disabilities about the SIAP at the
organizational inclusion process of people with disabilities. For the construction of the work,
the qualitative methodology was used to provide the depth, understanding and information to
the question of concern in this study.
To collect data, semi-structured interviews were conducted by agenda with managers who
have under their leadership: the disabled people, human resources professionals who deal with
the recruitment and selection and training and development, and disabled people from three
units of the National Service of Industrial Education in the city of Maceió - Alagoas. Sixteen
(16) employees were interviewed, of which six (6) were officers, four (4) were human
resource professionals and six (6) were people with disabilities. The types involved were
"light" physical, hearing and visual disabilities.
Proceeding analysis of the content, Bardin method was used, allowing the structuring of three
categories: contextualization of the terms disability and inclusion, SIAP contribution as an
inclusive process and Human Resources policies.
The results, it follows that all participants perceive disability as a limitation and that they are
able to exercise a profession. The inclusion process initially had some difficulties, but with
the awareness work, lectures, training and structural changes, they were able to see the
difference achieved, especially in the internal ambience. The SAIP was identified as the
driving force behind the changes promoted in the policies and practices of human resources,
to SENAI and has favored the inclusion of people with disabilities in the labor market.
Keywords: Disability. Inclusion. Inclusion program. The labor market.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Comparativo de registros dos termos nos portais de periódicos 19
Quadro 2 - Evolução da legislação em relação as pessoas com deficiência 25
Quadro 3 - Comparativo entre a avaliação técnico/operacional e de desenvolvimento /
Aprendizagem 47
Quadro 4 - Distribuição do tipo de deficiência, por unidade organizacional e por cargo 54
Quadro 5 - Distribuição do tipo de deficiência, por unidade organizacional e por cargo 55
Quadro 6 - Distribuição do tipo de deficiência por estado civil e idade 55
Quadro 7 - Distribuição do tipo de deficiência por sexo, raça e ano de admissão 56
Quadro 8 - Distribuição do tipo de deficiência por escolaridade 57
Quadro 9 - Quadro resumo das categorias e subcategorias 63
Quadro 10 - Etapas da metodologia do Programa SENAI de Ações Inclusivas 71
Quadro 11 - Características dos entrevistados na pesquisa 73
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Acessibilidade Arquitetônica 27
Figura 2 – Acessibilidade Comunicacional 27
Figura 3 – Acessibilidade Metodológica 27
Figura 4 – Acessibilidade Atitudinal 28
Figura 5 – Acessibilidade Instrumental 28
Figura 6 – Fatores determinantes na concepção da gestão da diversidade cultural 39
Figura 7 – Modelos de sistemas de treinamento 43
Figura 8 – Desenho da pesquisa 52
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
AD Avaliação de Desempenho
BPC Benefício de Prestação Continuada
CEP Centro de Educação Profissional
CEF Centro de Formação Profissional
CNI Confederação Nacional da Indústria
CORDE Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
EBEP Centro Integrado SESI/SENAI de Educação básica e Educação Profissional
FIEA Federação das Indústrias do Estado de Alagoas
GP Gustavo Paiva
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEL Instituto Euvaldo Lodi
LIBRAS Língua Brasileira de Sinais
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
NB Napoleão Barbosa
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial da Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
PcD Pessoa com Deficiência
PEA População Economicamente Ativa
PSAI Programa SENAI de Ações Inclusivas
RAIS Relação Anual Informação Social
RH Recursos Humanos
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESI Serviço Social da Indústria
SUMÁRIO 1 Introdução 14 1.1 Objetivo geral 18 1.2 Objetivos específicos 18 1.3 Justificativa teórica 18 1.4 Justificativa prática 20 2 Fundamentação teórica 21 2.1 Deficiência – conceitos, cenários e os modelos de inclusão 21 2.1.1 Pessoas com Deficiência – conceitos e categorias 21 2.1.2 Cenário da inclusão 23 2.1.3 Os Modelos de Inclusão: da integração à inclusão 31 2.1.4 Inclusão no mercado de trabalho: a empresa inclusivista 35 2.2 Políticas e práticas de Recursos Humanos (RH) 37 2.2.1 Recrutamento e Seleção 40 2.2.2 Treinamento e Desenvolvimento 42 2.2.3 Remuneração 44 2.2.4 Avaliação de desempenho 45 3 Metodologia da pesquisa 49 3.1 Caracterização da pesquisa 49 3.2 Desenho metodológico da pesquisa 50 3.3 Locus de investigação 52 3.4 Sujeitos da pesquisa 54 3.5 Técnicas de coleta de dados 58 3.5.1 Procedimentos de coleta de dados 59 3.6 Técnicas de análise de dados 61 3.7 Limites e limitações da pesquisa 64 3.7.1 Limites da pesquisa 64 3.7.2 Limitações da pesquisa 64 4 Análise dos dados 65 4.1 Programa SENAI de Ações Inclusivas – PSAI 65 4.1.1 Um breve histórico 65 4.1.2 A Metodologia SENAI de Educação Profissional 68 4.2 Perfil dos entrevistados 72 4.3 Análise dos objetivos específicos 74 4.3.1 Identificar as concepções de deficiência e inclusão, dos gestores, dos
profissionais de recursos humanos e da pessoa com deficiência 74 4.3.2 Verificar a percepção dos gestores, dos profissionais de recursos humanos e
da pessoa com deficiência em relação ao Programa SENAI de ações inclusiva 79 4.3.3 Verificar a percepção dos gestores, dos profissionais de recursos humanos
e da pessoa com deficiência no processo de inclusão na organização em relação as políticas e práticas da gestão de pessoas: benefícios, relacionamento interpessoal, diferenças de produtividade, discriminação 87
5 Conclusão e Recomendações 100 5.1 Conclusão 100 5.2 Recomendações para estudos futuros 105 5.3 Recomendações para empresa 105
REFERÊNCIAS 108 APÊNDICES 117
APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido 118 APÊNDICE B - Roteiro de entrevista 119
APÊNDICE C - Quadro geral de significados extraídos das entrevistas 122 APÊNDICE D - Quadro dos significados com maior repetição 129 APÊNDICE E - Quadro geral da categoria 130 APÊNDICE F - Coleta de dados – documental 145 ANEXO 147 ANEXO A – Conhecendo mais sobre o SENAI 148
14
1 Introdução
A inclusão tem sido um dos temas relevantes no cenário nacional, principalmente em relação
às pessoas com deficiência que, junto à sociedade, têm conseguido uma maior visibilidade e
respeito, conquistando, hoje, espaços improváveis devido a um comportamento dos
antepassados puramente exclusivistas.
Percebe-se a mudança de tratamento, a partir das diversas ações promovidas por organizações
internacionais, nacionais e governamentais em prol de alterar o cenário que até pouco tempo
era de exclusão e segregação, (Mourão, Sampaio e Duarte, 2012), para um cenário onde a
sociedade passa a perceber a inclusão como um processo de igualdade de condições com os
demais.
Nesta perspectiva, o que se vê é um movimento em favor da acessibilidade para todos na
educação, no lazer, na mobilidade física, ao mercado de trabalho, mesmo que por força de lei.
Este tem sido o caminho encontrado para minimizar o tempo em que a visão preponderante a
respeito da pessoa com deficiência debruçava-se na prerrogativa de serem pessoas
improdutivas ou incapazes e por isso foram, e em partes ainda são, renegadas ao ostracismo
devido à discriminação pelo fato de não atenderem aos padrões sociais quanto aos aspectos
físicos, econômicos, de educação, da região/localidade dentre outros (RISS, 2010).
Para Shimono (2008), um novo fenômeno desponta na sociedade: o da mudança no
comportamento, visto como segregacionista, para um modelo que rompe com diversos
conceitos e passa a criar parcerias com instituições públicas e privadas no sentido de conduzir
com maior efetividade o processo de inclusão da Pessoa com Deficiência.
Além da iniciativa da sociedade em lutar pelos direitos de igualdade, deve-se destacar o
esforço do governo na promoção de ações afirmativas com a criação de leis no intuito de
proteger, como por exemplo, o Benefício de Prestação Continuada – BPC e de incentivar a
inclusão no mercado de trabalho, Lei 8213/91, denominada de Lei de Cotas, a qual estabelece
uma reserva legal de cargos para as PcD. As empresas com 100 ou mais colaboradores ficam
sujeitas a terem que contratar de 2% a 5% com beneficiários reabilitados ou pessoas com
deficiência (habilitadas), respeitando a seguinte proporcionalidade: de 100 a 200 empregados,
2%; de 201 a 500, 3%; de 501 a 1.000, 4% e de 1.001 em diante, 5%.
Pode-se observar, perante os dados acima, que apesar do esforço governamental em criar
incentivos para inclusão da PcD, os números são incipientes dentre o universo de postos de
trabalhos existentes. Essas iniciativas, segundo Ribeiro e Carneiro (2009), estão contribuindo
15
para mudança no ambiente organizacional, mas não refletem o esperado e o que se nota é
ainda uma resistência do mercado de trabalho.
No que tange à resistência na contratação da PcD no âmbito organizacional, autores como
Ribeiro e Carneiro (2009), Simonelle e Camarotto (2011), e Serrano e Brunstein (2011),
identificam os custos, a cultura discriminatória, a falta de qualificação profissional, a
inflexibilidade da Lei de Cotas, a falta de acesso a serviços de reabilitação, na ausência de
uma estrutura física e na formação de seus profissionais para receber, desenvolver e
reconhecer as competências e habilidades das PcDs.
Dentre as resistências apontadas, a falta de qualificação é um dos fatores prioritários, como
fica evidente no estudo do Instituto Ethos (2010). Neste estudo, segundo ponto de vista de 73
% (setenta e três) dos presidentes das organizações pesquisadas, este foi o maior motivo da
resposta do porque a pessoa com deficiência não ocupa cargos mais expressivos na
organização. “Os gestores que consideram baixa a participação das pessoas com deficiência
apontam, em grande proporção, a falta de qualificação como principal causa de taxas tão
exíguas” (ETHOS, 2010, p.17).
A pesquisa também aponta para a desproporcionalidade em relação às ocupações em níveis
hierárquicos pelas PcD. No universo de 614.462 colaboradores, apenas 1,5 % das pessoas
com deficiências estão alocadas nos níveis hierárquicos mais altos.
Além do Instituto Ethos que menciona a baixa qualificação, autores como (Almeida;
Carvalho-Freitas; Marques (2008ª); Hanashiro; Godoy (2004); Ribeiro; Ribeiro (2008);
Bahia; Santos (2008); Carneiro; Ribeiro (2008); Pereira (2008); Pereira; Hanashiro (2008);
Carvalho-Freitas et al. (2009); Martinez; França (2009)), vêm pesquisando temas que vão
desde a dificuldade das PcDs em ingressar e se manter no mercado de trabalho; a percepção
das PcDs inseridas no mercado de trabalho; as práticas organizacionais; constrangimentos a
que são submetidas; estratégias para burlar a contratação da PcD; preconceitos em relação a
eles; percepção de justiça diante da diversidade; socialização de pessoas com deficiência,
entre outros.
Em todas essas pesquisas, há um consenso, que as organizações, em sua maioria, precisam
melhorar ou implantar práticas de gestão para melhor acolher a PcD, bem como preparar os
gestores, profissionais especializados e seus pares quanto à importância de perceberem a
pessoa com deficiência, não como diferente, mas sim como diferença na agregação de valor
para todo o ambiente organizacional.
16
Esta discussão remete à questão da necessidade de buscar entender os problemas no ambiente
interno que estão provocando esse isolamento e o que poderia ser feito para favorecer o
processo de inclusão nas organizações.
Nesta perspectiva de se promover e facilitar a percepção das pessoas que atuam nas
organizações no que diz respeito à inclusão da PcD e de ajudar o mercado de
trabalho/organizações em captar pessoas qualificadas para o exercício profissional, entende-se
que o caminho a percorrer para atender as demandas organizacionais e das próprias PcD seria
promover a articulação dos diversos atores sociais, ou seja, governo, entidades de classes,
organizações não governamentais, associações, dentre outras que tenham o conhecimento e
estão interessados nesta causa.
Dentre os atores, pode-se relacionar as entidades voltadas para qualificação profissional, as
quais têm como papel fundamental o de impulsionar o favorecimento da acessibilidade e
empregabilidade (BAHIA e SCHOMMER, 2010).
Pelo panorama apresentado, o qual revela a necessidade das organizações em cumprir a
legislação, a falta de qualificação desses profissionais para desempenhar as funções
disponibilizadas, pela ausência de processos de acessibilidade interna e externa, por haver
gestores e demais funcionários não qualificados para receber a PcD no ambiente
organizacional, faz-se necessário compreender a real razão do porquê de tanta resistência no
processo de empregá-la.
De forma a ratificar esse panorama, tem-se a pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, censo de 2010, que aponta a população economicamente ativa
– PEA com pelo menos uma deficiência, os resultados demonstram que a população ocupada
representava 23,6% (20,3 milhões) do total ocupado (86,3 milhões) no país. Mas, em
complementação, os dados revelam também que mais da metade (53,8%) dos 44 milhões de
pessoas com deficiência em idade ativa (10 a 64 anos), idade de se inserir no mercado de
trabalho, estavam desocupadas ou não eram economicamente ativa, além de quase 40% sem
instrução.
Comparativamente ao censo de 2000, o quantitativo de PcD vem crescendo. Em 2000, havia
14,5%, ou seja, 24.600.256, agora, esta população é de 24%, ou seja, tem-se um aumento de
aproximadamente 10 (dez) pontos percentuais.
Diante deste cenário, o desafio da inclusão da pessoa com deficiência na sociedade e nas
organizações requer a adoção de procedimentos inovadores direcionados à igualdade de
oportunidades e qualificação para a vida, como também motiva ações governamentais.
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O tipo de deficiência apresentada – intelectual, física, visual ou auditiva -, não pode colocar à
margem do processo produtivo, nem tampouco discriminá-la ou incluí-la com base em ações
puramente assistencialistas.
Esse desafio, para Miranda (2000), passa pelo desenvolvimento de programas que
possibilitem a inclusão dessas pessoas no processo produtivo. As ações de educação
profissional devem contemplar medidas conforme a especificidade demandada para os
trabalhadores com deficiência adequando os cursos oferecidos normalmente na comunidade.
“Assim, devem ser adotados procedimentos complementares que apoiem a inclusão efetiva
dessas pessoas em cursos regulares da comunidade (material em braile, intérprete da língua de
sinais, rampas de acesso, por exemplo)” (MIRANDA, 2000, p. 2).
Pelo exposto, a presente pesquisa tem por objetivo estudar a inclusão organizacional da
pessoa com deficiência sob a ótica dos gestores, dos profissionais de recursos humanos e das
PcD, em relação ao programa de qualificação criado pelo Departamento Nacional do Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial e implantado pelas unidades do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial - SENAI.
O programa recebeu o nome de Programa SENAI de Ações Inclusivas – PSAI.
O PSAI tem por finalidade promover a inclusão de todos que pertencem ao chamando grupo
de minoria, desenvolvendo programas de capacitação de forma a ampliar as possibilidades de
inserção e permanência no mercado de trabalho.
Perante o seu principal objetivo, inserção e permanência no mercado de trabalho, faz com que
desperte a necessidade em analisar esse programa no tocante às ações implementadas para o
atingimento do objetivo proposto pelo SENAI, pois, como apresentado acima, o mercado tem
questionado a não contratação de PcD por falta de qualificação.
Nesta perspectiva, falta de qualificação, inclusão da PcD, programa de formação e mercado
de trabalho, essas temáticas remetem-se ao interesse de serem estudadas, especificamente pelo
enfoque da qualificação. Isso posto, faz-se necessário conhecer o programa idealizado cuja
finalidade é capacitar a PcD para o mundo organizacional.
Diante os fatos apresentados, a presente pesquisa, pretenderá responder ao seguinte
questionamento: Como o Programa SENAI de Ações Inclusivas é percebido pelos gestores,
profissionais de recursos humanos e as pessoas com deficiência do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial, nas unidades na cidade de Maceió – Alagoas no processo de
inclusão organizacional da pessoa com deficiência?
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1.1 Objetivo geral
Analisar como o Programa SENAI de Ações Inclusivas é percebido pelos gestores,
profissionais de recursos humanos e as pessoas com deficiência do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial, nas unidades na cidade de Maceió – Alagoas no processo de
inclusão organizacional da pessoa com deficiência.
1.2 Objetivos específicos
A) Identificar as concepções de deficiência e inclusão, dos gestores, dos profissionais de
recursos humanos e da pessoa com deficiência;
B) Verificar a percepção, dos gestores, dos profissionais de recursos humanos e da pessoa
com deficiência em relação ao Programa SENAI de Ações Inclusivas;
C) Verificar a percepção dos gestores, dos profissionais de recursos humanos e da pessoa
com deficiência no processo de inclusão na organização em relação às políticas e práticas
da gestão de pessoas: benefícios, relacionamento interpessoal, diferenças de
produtividade, discriminação.
1.3 Justificativa teórica
Atualmente, as políticas de inclusão da pessoa com deficiência têm sido discutidas em todos
os níveis da sociedade, principalmente em relação à inclusão no mercado de trabalho.
Políticas públicas vêm contribuindo para diminuir a desigualdade, mas ainda não atendem por
completo as demandas e, dentre as razões para que não sejam contempladas em sua
totalidade, está a falta de qualificação da PcD.
Esse argumento, e mais as práticas organizacionais, socialização de pessoas com deficiência,
dentre outras, têm sido posto em diversas pesquisas por autores como Carvalho-Freitas e
Marques (2010), Bahia e Schommer (2010), Beltrão e Brunstein (2012), do Instituto Ethos
(2010), Resende (2012), Sassaki (2009), Simonelli e Camarotto (2011).
Nesta perspectiva, é importante relacionar o tempo e as evoluções conceituais a respeito deste
processo de inclusão, pois o engajamento das pessoas em prol de uma sociedade inclusiva
deve ser analisado conforme a época, pois “embora a deficiência traga elementos que
mobilizam as pessoas e façam com que as PcDs sejam vistas de forma diferenciada, a maneira
19
de concebê-la e lidar com ela se modifica através do tempo e em culturas” (CARVALHO-
FREITAS E MARQUES, 2010, p.105).
Não obstante ao número de autores preocupados em pesquisar sobre a inclusão da PcD no
mercado de trabalho, como também a respeito da percepção dos atores envolvidos no
processo, busca-se, neste trabalho, a compreensão de um programa voltado para
formação/capacitação da PcD.
Conforme quadro 1, de produções acadêmicas registradas nos portais CAPES e SCIELO,
observa-se um quantitativo baixo de publicações a respeito de programas institucionais
voltados para capacitação da PcD para o mercado de trabalho.
Quadro 1 – Comparativo de registros dos termos nos portais de periódicos
Termo pesquisado SCIELO CAPES*
Deficiência 805 9116
Pessoas com deficiência 8 372
Inclusão 300 7575
Mercado de trabalho 158 1304
Inclusão no mercado de trabalho 1 5
Programa de inclusão 1 8
Programa de inclusão no mercado de trabalho 0 0
Programa de capacitação para pessoa com deficiência 0 0
Fonte: Elaborado pelo autor em 23/04/2014 *Ao pesquisar no Portal de Periódicos da CAPES, os termos procurados devem ser colocados entre aspas, caso contrário, os resultados não serão os procurados.
De acordo com o quadro 1, percebe-se um grande interesse sobre a temática inclusão,
mercado de trabalho e deficiência. Em relação ao tema deficiência, observa-se um enfoque
predominante na área de ciências médicas e com poucos estudos pelas ciências humanas e
sociais aplicadas.
Os termos pesquisados, inclusão e mercado de trabalho, são direcionados em maior número
para pesquisas pelas ciências humanas e sociais aplicadas.
Quanto ao tema, programa, não tem grande quantitativo de pesquisas públicas. Desse modo,
percebe-se ser necessário delinear algumas características desse campo, visando
contextualizar o enfoque aqui proposto sobre qualificação, inclusão e mercado de trabalho, de
maneira a poder contribuir na construção de novos conhecimentos.
20
1.4 Justificativa prática
Com a obrigatoriedade de contratar PcD, e por existir algumas resistências na efetivação
desse processo, dentre elas o estigma de não ter condições de trabalho, seja ela por seu
estereótipo ou por falta de qualificação, estimula e instiga o autor da presente pesquisa, a
trazer a público questões relacionadas ao processo de inclusão e de qualificação profissional.
Justifica-se o presente trabalho, pelo fato de buscar, investigar a percepção dos gestores,
profissionais de recursos humanos e a pessoa com deficiência a respeito do processo de
inclusão baseado no programa de qualificação profissional.
Diante a análise das falas dos sujeitos da pesquisa, espera-se poder colaborar para que a
empresa pesquisada possa perante os aspectos discutidos, ter subsídios para futuras ações na
condução do processo de inclusão.
Considerando a relevância prática, este trabalho se justifica, ainda, por poder proporcionar à
sociedade como um todo e, especificamente as organizações e profissionais que atuam nesta
área do conhecimento, verificar de que forma um programa pensado e estruturado para
qualificação profissional, pode contribuir para criar novas oportunidades às pessoas com
deficiência junto do ambiente organizacional.
Portanto, com este estudo, pretende-se colaborar na discussão sobre o tema e quiçá,
possibilitar novas reflexões e práticas no processo de inclusão das pessoas com deficiência no
mercado de trabalho.
No próximo capítulo, seguem às bases teóricas que nortearam este trabalho.
21
2 Fundamentação teórica
Neste capítulo são apresentadas as bases teóricas escolhidas que irão nortear e sustentar a pesquisa. Em primeiro lugar, serão expostos os conceitos, cenários e os modelos de inclusão, seguido de um breve histórico do programa SENAI de ações inclusivas e na última seção, as políticas e práticas de recursos humanos em relação à pessoa com deficiência.
2.1 Deficiência – conceitos, cenários e os modelos de inclusão
2.1.1 Pessoas com Deficiência – conceitos e categorias
O conceito de Pessoa com Deficiência de acordo com a Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência em seu artigo 1º define que:
São aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (Artigo 1º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência –Dec. Nº 6.949/2009).
Atualmente, as pessoas com deficiência têm conseguido uma maior visibilidade e respeito. A
sociedade já as reconhece como cidadãs e como qualquer outra que desfruta os seus direitos à
livre escolha e de gozar todas as oportunidades colocadas na sociedade (BEZERRA e
VIEIRA, 2012).
De acordo com o Relatório Mundial sobre a Deficiência, publicado pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) no ano de 2011, estima-se que um bilhão de pessoas vive com algum tipo de
deficiência, o correspondente a 15,0% da população mundial. Desse contingente, cerca de 200
milhões apresentam sérias dificuldades em realizar atividades básicas para a sobrevivência
(OIT, 2012).
No Brasil, o último Censo Demográfico de 2010 divulgado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE atualizou as informações sobre as condições e realidades das
pessoas com deficiência nas unidades federativas e fornece relevantes inputs para auxiliar as
políticas públicas de inclusão social e de promoção do “Trabalho Decente” em relação a esse
grupo da população considerada dentre as chamadas minorias.
Conforme o censo de 2010 foi identificado um quantitativo de 45,6 milhões de pessoas com
pelo menos umas das deficiências investigadas (visual, auditiva, motora e mental/intelectual),
o correspondente a 23,9% da população brasileira.
22
Dos 23,9 % da população brasileira que declarou ter pelo menos uma das deficiências,
segundo o censo de 2010 realizado pelo IBGE, mostra que a deficiência visual apresentou
18,8 %, maior índice entre as deficiências estudadas, a deficiência motora com 7%, a auditiva
com 5,1 % e a mental/intelectual com 1,4% do total da população brasileira.
A maior concentração está na região nordeste, com cerca de 26,6 % da população. No Sul e
no Centro-Oeste foi registrado o menor percentual (22,5% em cada).
A distribuição por tipo de deficiência na região nordeste, segundo o IBGE (2010) 21,2% da
população tem deficiência visual; 5,8%, deficiência auditiva; 7,8% têm deficiência motora e
1,6% tem deficiência mental ou intelectual.
Ainda com base no estudo realizado pelo IBGE, os Estados nordestinos com maior índice
percentual de deficiência são: Ceará, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte , Paraíba e
Pernambuco. Todos acima da média nacional. Em Alagoas tem 759.515 PcD.
O conceito de cada tipo/categoria de deficiência (visual, auditiva, motora e mental/intelectual
e múltipla) adotadas neste trabalho baseia-se no do Decreto 3.298 de 1999 que regulamentou
a Lei 7.853 de 1989.
O art. 3º faz uma distinção sobre deficiência, deficiência permanente e incapacidade. A
deficiência – “toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica
ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão
considerado normal para o ser humano”. Já a deficiência permanente como sendo “aquela que
ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir
recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos”, e a
incapacidade como “uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com
necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa
portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar
pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida”.
E no art.4º as categorias são classificadas em:
I – deficiência física – alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo
humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de
paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia,
triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia
cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as
deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de
funções (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004);
23
II – deficiência auditiva – perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou
mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e
3.000Hz (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004);
III – deficiência visual – cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no
melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre
0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da
medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência
simultânea de quaisquer das condições anteriores (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de
2004);
IV – deficiência mental – funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com
manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de
habilidades adaptativas, tais como:
a) comunicação;
b) cuidado pessoal;
c) habilidades sociais;
d) utilização dos recursos da comunidade (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004);
e) saúde e segurança;
f) habilidades acadêmicas;
g) lazer; e
h) trabalho;
V – deficiência múltipla – associação de duas ou mais deficiências.
Após apresentar os conceitos e categorias sobre a deficiência, a seguir, será abordado a
evolução do processo de inclusão da PcD, contextualizando as principais influências legais na
construção das condições contemporâneas a respeito da inclusão da PcD no mercado de
trabalho.
2.1.2 Cenário da inclusão
Inicialmente, os estudos sobre inclusão no mercado de trabalho ganharam força no final dos
anos 80 nos Estados Unidos, sob o termo diversidade da força de trabalho, por consequência
da globalização.
Em decorrência do processo da globalização, as organizações passaram a ter que lidar com
um mix de culturas e com outros fatores que vieram a mexer diretamente no comportamento
24
organizacional. Segundo Hanashiro (2008), os fatores são o envelhecimento da população, a
mulher se inserindo no mercado de trabalho em maior número, as questões étnicas e de
diversas nacionalidades.
As primeiras ações de fomento da inclusão foram denominadas de ações afirmativas
promovidas pelo Governo e associações não governamentais.
No Brasil, o movimento de inclusão teve maior visibilidade pela Constituição Federal de 1988
na qual enfatiza os direitos iguais para todos independente de sexo, raça, etnia, idade e
deficiência.
Antes da Constituição de 1988, destaca-se como marco precursor de todo movimento a favor
de se respeitar todos os seres humanos independente de sua etnia, sexo, idade, cor, dentre
outras diversidades a Declaração Universal dos Direitos Humanos1, proclamada em 1948,
pós-segunda guerra mundial, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, na qual expressa o
ideário de Paz e Justiça e que tem a Educação como ação central.
A Declaração é um dos principais – se não o principal – marco referencial desde então, pois
garantiu vez e voz a todo ser humano (PSAI, 2013) e, provocou severas e permanentes
influências sobre todos os movimentos sociais, de forma eterna.
Com a abertura do mercado brasileiro e o advento da Constituição, o Brasil passa a vivenciar
o processo da diversidade e começa a tratar da diversidade no âmbito organizacional devido à
influência das empresas americanas instaladas em nosso território e, por já adotarem o
conceito de diversidade, passou-se a adotar este conceito (FLEURY, 2000).
As primeiras ações desenvolvidas em favor da diversidade no Brasil aparecem com as ações
inclusivas, promovidas pela Constituição de 1988 que dá origem a decretos e leis no sentido
de favorecer a um grupo marginalizado e fora da sociedade.
Com as leis, dá-se, mesmo que de forma incipiente, o processo de inclusão da minoria no
mercado de trabalho, educação, acessibilidade e lazer (SASSAKI, 2010).
Neste trabalho foi dado enfoque nas políticas e práticas de inclusão da pessoa com deficiência
no mercado de trabalho.
1 A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. (Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948)
25
O quadro 2 fornece informações a respeito da história das ações afirmativas no Brasil quanto
a pessoas com deficiência. Observa-se a preocupação na construção de um marco legal pela
inclusão social da pessoa com deficiência.
Quadro 2 - Evolução da legislação em relação as pessoas com deficiência
ANO LEGISLAÇÃO FINALIDADE 1960 até 1988
“Constituição Cidadã”
1978
Emenda n° 12, “Emenda Thales Ramalho” - 17/10/1978
Assegura aos Deficientes a melhoria de sua condição social e econômica
1989 Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989
Apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sob a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências
1990 Lei nº 8.112 de 11 de dezembro de 1990 Reserva de vaga em concurso público de 20%
1991 Lei nª 8.213, 24 de julho de 1991 Surge o sistema de cotas para as empresas
1999 Decreto 3.298/99 Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.
2000 Lei Federal nº 10.097 de 19 de dezembro de 2000
Define o Contrato de Aprendizagem, possibilitando que entidades sem fins lucrativos ofereçam programas de aprendizagem profissional, em caráter subsidiário ao denominado sistema “S” (SENAI, SESI, SENAC e SESC). Regulamentado pelo decreto 5598/2005
2000 Lei nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece meios de acessibilidade e mobilidade em vias públicas
2002 Decreto nº 4.228, de 13 de maio de 2002
Institui, no âmbito da Administração Pública Federal, o Programa Nacional de Ações Afirmativas
2004 Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004 Acessibilidade. Consequência alteração ABNT/ NBR 9050
2008 Decreto Presidencial nº 6949 de 25 de agosto de 2009
Aprovado o texto da convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência e de seu protocolo facultativo
2011 Lei nº 12.513, de 26 de outubro de 2011
Pronatec. § 2º Será estimulada a participação das pessoas com deficiência nas ações de educação profissional e tecnológica Desenvolvidas no âmbito do Pronatec, observadas as condições de acessibilidade e participação plena no ambiente educacional.
2011 Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de 2011
Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Plano Viver sem Limite
Fonte: Brasil - Elaborado pelo autor (2014)
26
O quadro 2 nos remete a uma reflexão das principais orientações legais junto ao processo de
inclusão, pois diante delas tornou-se possível construir novas perspectivas para este grupo de
minoria, as pessoas com deficiência.
Dentro deste contexto destaca-se como marco inicial a Constituição Federal de 1988, a Lei
7.853/89 (CORDE), a Lei 8.213/91 (Lei de Cotas) e, a Lei 10.098/00 (acessibilidade).
Estas Leis proporcionaram diversas ações junto a sociedade, com a introdução das Leis
voltadas em promover a inclusão, com destaque para Constituição Cidadã, a qual possibilitou
a todas as pessoas pertencentes ao grupo de minorias, melhores condições para terem acesso
aos seus direitos de cidadão. Como demonstrado no quadro 2, o enfoque está na PcD e
percebe-se o grande avanço nas políticas de ações afirmativas desde a criação do
Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE, órgão
incumbido de assegurar as PcD:
O pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico (BRASIL, 1989).
Pode-se enfatizar outra Lei de grande expressão, a chamada Lei de Cotas, tendo como
finalidade a obrigatoriedade das organizações contratarem PcD.
Outro ponto de destaque está na preocupação com a acessibilidade. Nas figuras 1,2,3,4 e 5
pode-se visualizar e identificar os tipos de acessibilidade a serem implementadas na sociedade
e que vêm a favorecer a PcD a encarar os obstáculos e participar mais efetivamente da vida
social. Ressalta-se que acessibilidade não está só vinculada à mobilidade, como enfatiza
Sassaki (2009), que define outros tipos, sendo eles a acessibilidade programática (normas,
regulamentos, políticas públicas), a comunicacional (comunicação interpessoal, escrita e
virtual); metodológica (métodos e técnicas de estudo, trabalho); atitudinal (considerada a mais
complexa, pois envolvem preconceitos, discriminações, estereótipos, estigmas); e
instrumental (ferramentas, instrumentos, equipamentos e utensílios).
Seguem ilustrações nas figuras 1,2,3,4 e 5 as dimensões da acessibilidade:
27
Figura 1 – Acessibilidade Arquitetônica - políticas públicas
Fonte: elisaprado.com.br/blog/tag/chile/ Figura 2 – Acessibilidade Comunicacional
Fonte: turismoparadeficientes.zip.net
Figura 3 – Acessibilidade Metodológica
Fonte: www.mariaclaro.org.br
28
Figura 4 – Acessibilidade Atitudinal
Fonte: egalite.com.br Figura 5 – Acessibilidade Instrumental
Fonte: www.SENAI.br/psai/paraolimpiadas.asp
O fator acesso, mobilidade, dentre os tipos de acessibilidade é o mais sentido e discutido pela
sociedade, pois as inadequadas instalações arquitetônicas, sinalizações, portas, degraus,
tornam-se uma grande barreira para o processo de inclusão. Em pesquisa realizada pela
Organização Mundial de Saúde – OMS (2012), em 41 cidades brasileiras sobre as barreiras
arquitetônicas nas unidades de assistência básica à saúde, concluiu-se que cerca de 60% delas
não permitem o acesso adequado.
O Decreto nº 5.296 (BRASIL, 2004), também conhecido como Decreto da Acessibilidade, fez
com que a sociedade percebesse a importância para a PcD de respeitar os direitos de todos e
pelas medidas impostas pelo Decreto levaram as pessoas com deficiência a encararem os
obstáculos e participarem mais efetivamente da vida social.
As Leis trouxeram forte apelo junto à sociedade e colocaram nas “ruas” uma discussão sobre
as diferenças.
29
Corroborando com a posição do Governo em tratar as diferenças, Jabbour et al. (2011)
realizou uma pesquisa junto a 15 organizações brasileiras sobre diversidade. Dentre as
questões analisadas, estavam os princípios étnicos, culturais e sobre deficiência. Destaca-se
nessa pesquisa alguns pontos relevantes em relação à pessoa com deficiência. Como: algumas
são oriundas de famílias humildes, não tiveram acesso à educação, principalmente por falta de
estrutura das escolas, físicas e de profissionais, dificuldade de acessibilidade – transporte
público-, falta de desenvolvimento de carreira.
Os resultados comprovam a necessidade de ações diretas a favorecer esse grupo de minorias.
Nesta perspectiva, a Lei nº 8.213/91, denominada Lei de Cotas, estabelece uma reserva legal
de cargos para as PcD. As empresas com 100 ou mais colaboradores ficam sujeitas a terem
que contratar de 2% a 5% com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência
(habilitadas), respeitando a seguinte proporcionalidade: de 100 a 200 empregados, 2%; de 201
a 500, 3%; de 501 a 1.000, 4% e de 1.001 em diante, 5%.
Apesar dos mecanismos legais estabelecidos no sentido de favorecer aos grupos de minoria,
nada será suficiente, se não houver, por parte das organizações, uma mudança de
comportamento, principalmente na sua cultura.
Em pesquisa sobre a expansão do emprego no Brasil e aqui destaca-se a expansão do emprego
para PcD, realizada pela Organização Internacional do Trabalho – OIT (2012), das 27
unidades federativas 15 apresentaram uma melhora.
Ao comparar os anos de 2007 a 2010, com destaque para as Regiões Norte e Nordeste,
observa-se um incremento na participação em atividades laborais, Rio Grande do Norte
(+60,1%), Maranhão (43,9%), Piauí (+43,5% e Alagoas (+37,1%) (OIT, 2012).
Apesar de todo esse incremento, a realidade é ainda muito frustrante, pois, do total do
emprego formal, o percentual correspondente à PcD não representa nem 1% (no ano de 2010)
de vínculos empregatícios (OIT, 2012).
Conforme os resultados do comportamento do emprego formal e da remuneração média, no
ano de 2012, a partir dos dados da Relação Anual Informação Social - RAIS, demonstrados na
Tabela 1, este aumento vem se consolidando, aponta uma expansão na quantidade de
empregos formais, mas a variação percentual fica estável em comparação ao ano de 2011 para
as pessoas com deficiência.
30
Tabela 1 – Total de empregos em 31/12/2012 por tipo de deficiência e gênero
Fonte: RAIS /2012 – MTE – CGET/DES/SPPE/TEM
Em 2012, de acordo com a RAIS, verificou-se um aumento de 1,54 % no número de pessoas
declaradas como deficientes-PcD, representando um acréscimo de cinco mil empregos. Com
esse resultado, soma-se 330,3 mil vínculos declarados como PcD, o que corresponde a 0,70%
do total dos vínculos empregatícios, sinalizando uma relativa estabilidade, quando comparado
com o resultado registrado em 2011 (0,70%). Do total de 330,3 mil, 214,7 mil eram do gênero
masculino e 115,6 mil do feminino, o que indica uma proporção de 65,00% do total de
deficientes para o Homem e de 35,00% para a Mulher, apontando uma ligeira queda da
participação dos Homens PcD, quando comparado com os resultados de 2011 ( 65,74%).
Uma das razões deste crescimento pode-se atribuir a mudança quanto ao Benefício de
Prestação Continuada – BPC, pois desde 2011 a PcD que ingressar no mercado de trabalho
tem o benefício suspenso e caso venha perder o emprego, o benefício é restabelecido
(BRASIL,2011).
Outros fatores, quanto à inclusão da PcD no mercado de trabalho, também podem estar
vinculados a cultura e estigmas sociais, pois as atitudes da sociedade têm mudado, tem
permitido ter uma visão diferenciada de como eram vistos desde o império a até pouco tempo.
Eram tratados de forma excludentes, preconceituosa e negando à pessoa com deficiência o
direito de uma vida digna (PSAI, 2013).
Pelo exposto, com as legislações a favor e a sociedade disposta a construir uma estrutura mais
inclusiva, ainda não é suficiente para o completo processo de inclusão, pois muitas
organizações subutilizam a mão de obra PcD alocando-as em cargos de níveis operacionais ou
sem atividades pré-estabelecidas para cumprir a cota, já que, pela falta de educação e uma
concepção preconceituosa sobre suas competências e habilidades não são destinadas a cargos
de níveis organizacionais mais relevantes (JABBOUR et al., 2011).
Brasil - Total de emprego em 31/12 e variação absoluta e relativa de deficiênica e gênero
Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total
Física 114.208 59.999 174.207 110.224 60.244 170.468 -3.984 245 -3.739 -2,29 0,41 -2,15
Auditiva 48.171 25.408 73.579 47.520 26.865 74.385 -651 1.457 806 -0,88 5,73 1,10
Visual 14.078 7.769 21.847 16.745 9.374 26.119 2.667 1.605 4.272 12,21 20,66 19,55
Intelectual (MENTAL) 13.398 5.412 18.810 15.141 6.176 21.317 1.743 764 2.507 9,27 14,12 13,33
Múltipla 2.724 1.420 4.144 3.047 1.649 4.696 323 229 552 7,79 16,13 13,32
Reabilitado 21.268 11.436 32.704 22.017 11.294 33.311 749 -142 607 2,29 -1,24 1,86
Total de deficientes 213.847 111.444 325.291 214.694 115.602 330.296 847 4.158 5.005 0,26 3,73 1,54
não Deficientes 26.694.512 19.290.828 45.985.340 27.087.486 20.040.930 47.128.416 392.974 750.102 1.143.076 0,85 3,89 2,19
Total 26.908.359 19.402.272 46.310.631 27.302.180 20.156.532 47.458.712 393.821 754.260 1.148.081 0,85 3,89 2,48
Tipo de DeficiênciaRAIS/2011 RAIS/2012 Variação Absoluta Variação Relativa
31
Espera-se das organizações um novo comportamento e que as diferenças sejam superadas
pelo engajamento de todos em prol de um ambiente sem discriminação e voltado para a
inclusão.
O que se espera da sociedade civil e corporativa é o respeito de todos e não somente agir pela
Lei, simplesmente como uma obrigação legal, mas como uma sociedade inclusiva e
promotora do processo de inclusão social.
Apesar de ações afirmativas promovidas pelo governo e associações não governamentais com
foco para inclusão de pessoas com deficiência na sociedade como um todo, não tem surtido os
efeitos esperados, pois a sociedade ainda vê os diferentes com diferença o que torna o
processo árduo.
Diante desse quadro, no próximo item serão apresentados os modelos de inclusão,
perpassando pelo modelo médico ao modelo social inclusivista.
2.1.3 Os Modelos de Inclusão: da integração à inclusão
A preocupação em reverter o quadro de exclusão para o de inclusão tem prosperado e
mudanças vêm ocorrendo por iniciativa da sociedade civil e da esfera governamental que em
conjunto, têm pleiteado e lutado por seus direitos e, enfatizando a importância de integrar
todos, independente de gênero, etnia, religião, faixa etária, opção sexual e do tipo de
deficiência.
Dentre as pessoas que têm estudado e contribuído para esta mudança, tem Sassaki (2010) no
qual afirma:
A sociedade, em todas as culturas, atravessou diversas fases no que se refere às práticas sociais. Ela começou praticando a exclusão social de pessoas que – por causa das condições atípicas – não lhe pareciam pertencer à maioria da população. Em seguida, desenvolveu o atendimento segregado dentro de instituições, passou para a prática da integração social e recentemente adotou a filosofia da inclusão social para modificar os sistemas sociais gerais (SASSAKI, 2010, p.16) (grifos do autor).
Segundo Sassaki (2010), o movimento pela inclusão social tem como filosofia a construção
de uma sociedade que esteja voltada para todas as pessoas e com este viés apresenta novos
princípios: celebração das diferenças; direito de pertencer; valorização da diversidade
humanitária; igual importância das minorias e, cidadania com qualidade de vida.
Pode-se observar que as primeiras ações já eram notadas na transição da fase de integração
social para o surgimento da inclusão (SASSAKI, 2010) e ganham destaques em função do
crescimento econômico e mudança cultural.
32
Para melhor entender a transição do processo de inclusão social, destacam-se dois conceitos
que, segundo Sassaki (2010), são apresentados como pré-inclusivistas e inclusivista.
O período pré-inclusivista tem nos discursos de Stil (1990), Fletcher (1996), na Declaração
dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU, 1978) que a pessoa com deficiência é dependente
e precisa de cuidados de outras pessoas (tratamento médico) e que ele teria que se adaptar à
sociedade ou ser reabilitado para ser reintegrado à sociedade.
Surge o Modelo Médico da deficiência que, segundo Sassaki (2010), fez com que a sociedade
criasse uma resistência no processo de inclusão, não mudando suas “estruturas e atitudes” de
forma a permitir “as pessoas com deficiência e/ou com outras condições atípicas para que
estas possam, aí sim, buscar o seu desenvolvimento pessoal, social, educacional e
profissional” (SASSAKI, 2010. p. 29).
Esse modelo tem como princípio básico a medicina que, graças ao seu avanço, surge o
processo de reabilitação que vem favorecer a inclusão de pessoas em outras atividades
laborais motivadas pela perda da capacidade produtiva causada por doenças como
poliomielite e acidentes (PSAI, 2013).
O processo de reabilitação implementado por entidades da sociedade civil, e posteriormente
pelo Governo, foi o precursor para o primeiro modelo pensado para inclusão, o modelo
médico.
O modelo médico permitiu à sociedade mudar sua postura em relação às PcD, que outrora
eram de exclusão, de segregação ou discriminação, mas que ainda são vistas, em parte, como
uma doença contagiosa que é transmissível (PSAI, 2013).
A consequência desse movimento traz à tona a ideia de integração que, a partir dos anos 60,
com a incorporação dos princípios dos Direitos Humanos, a conscientização do respeito ao
homem, do acesso aos recursos de reabilitação fez com que a PcD estivesse mais presente e
com mais visibilidade (PSAI, 2013).
O conceito de integração foi mais um avanço no processo de fazer com que a PcD faça parte
realmente da sociedade, mas ainda não era suficiente para considerar como um processo
inclusivo, haja visto que a sociedade só considerava aquelas pessoas ditas “preparadas”
(SASSAKI, 2010).
No entender da expressão “preparadas”, tem-se que “o aluno com algum tipo de deficiência
“acompanhasse” a classe. O mesmo acontecia nos locais de trabalho, nos transportes, em
atividades de lazer: cabia à PcD se adaptar ao que existia” (PSAI, 2013, p. 37).
33
A integração social teve e tem seus méritos, pois a partir de seus conceitos conseguiu inserir a
PcD na sociedade, apesar da restrição quanto a sua “capacidade de superar as barreiras físicas,
programáticas e atitudinais nela existente” (SASSAKI, 2010, p. 33).
Na percepção de Sassaki (2010), a integração se deu e se dá de três formas:
1. Pela inserção pura e simples da PcD por méritos pessoais e profissionais próprios, usando
os espaços sem qualquer modificação promovida pela sociedade (escola, empresa, clube, etc)
2. Pela inserção das PcD que apresentavam necessidades de adaptações especiais no espaço
físico ou no procedimento de atividades comuns, a fim de poderem estudar, trabalhar, ter
lazer.
3. Pela inserção em ambientes separados como escolas especiais, classes especiais na escola
comum, setor dentro da empresa, horários exclusivos. “Esta forma de integração, mesmo com
todos os méritos, não deixa de ser segregativa” (SASSAKI, 2010, p.34).
Após o movimento pela integração, com base no modelo médico, o Brasil começou a
vivenciar, no final da década de 70 e com a promulgação da Constituição cidadã e pelas
conquistas sociais das PcD, uma nova realidade, cujas premissas estavam pautadas em quatro
fases: a da autonomia, independência, emponderamento e equiparação de oportunidades.
Essas quatro fases tratam do processo de transição de integração para o de inclusão social,
pois nesta transição as PcD “sinalizam o momento em que este grupo social passa a ter voz e
vez, a se organizar e a assumir o controle de suas vidas” (PSAI, 2013, p. 43).
Para Mantoan (1997, p. 147), “a autonomia é a condição de domínio no ambiente físico e
social, preservando ao máximo a privacidade e a dignidade da pessoa que exerce.”
Para Sassaki (2010, p.35), “a independência é a faculdade de decidir sem depender de outras
pessoas, tais como: membros da família, profissionais especializados ou professores.”
Ainda Sassaki (2010, p. 36-37), define emponderamento como “o processo pelo qual uma
pessoa, ou grupo de pessoas, usa o seu poder pessoal inerente à sua condição [...] para fazer
escolhas e tomar decisões, assumindo assim o controle da sua vida.”
A Disabled Peoples International (1987), define equiparação de oportunidades como:
O processo mediante o qual os sistemas gerais da sociedade, tais como o meio físico, a habitação e o transporte, os serviços sociais e de saúde, as oportunidades de educação e trabalho, e a vida cultural e social, incluídas as instalações esportivas e de recreação, são feitos acessíveis para todos. Isto inclui a remoção das barreiras que impedem a plena participação das pessoas deficientes em todas estas áreas, permitindo-lhes assim alcançar uma qualidade de vida igual à de outras pessoas (DRIEGDER E ENNS, 1987, p. 2-3).
34
A partir dessas concepções, a PcD passa a estar mais presente na sociedade. As organizações
começam a perceber a necessidade de mudanças e, consequentemente, tornar uma sociedade
menos paternalista e que venham a favorecer a concretização de seus ideais de autonomia,
participação plena e de igualdade de oportunidade e direitos. Assim tem-se a inclusão social
(PSAI, 2013).
Segundo Bulgarelli (2010), a inclusão deve ter por base a troca, o diálogo e ser recíproco.
Incluir é movimento de mão-dupla: na direção do outro e de abertura para que o outro se achegue. [...] Incluir é gesto que exige a disposição de todos os envolvidos para o encontro, o diálogo, a troca, o enriquecimento mútuo, algo que acontece no processo de considerar e acolher outras possibilidades de ser, de saber, de fazer, de exercer o poder (todos têm poder!). (BULGARELLI, 2010)
Com esse novo paradigma sobre inclusão como sendo “o processo pela qual a sociedade se
adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, PcD (além de outras) e,
simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade” (Sassaki, 2010, p.
39) serve de parâmetro para o modelo social da deficiência, o qual adota um novo olhar sobre
a PcD. Os olhares vãos além do indivíduo e consideram o meio social onde ele vive e as
condições que esse meio oferece a ele – foi considerada por muitos como um “conceito
revolucionário”, tal a sua importância (PSAI, 2013).
Conforme Clemente Filho (1996):
Os praticantes da inclusão se baseiam-se no modelo da deficiência para incluir as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir do entendimento de que ela é que precisa ser capaz de atender as necessidades de seus membros. O desenvolvimento (por meio da educação, reabilitação, qualificação profissional etc.) das pessoas com deficiência deve ocorrer dentro do processo de inclusão e não como um pré-requisito para estas pessoas poderem fazer parte da sociedade, como se elas “precisassem pagar ‘ingressos’ para integrar a comunidade” (CLEMENTE FILHO, 1996, p. 4).
A propósito, Fletcher (1996), destaca que as barreiras são produzidas pela sociedade e não
pelas pessoas com deficiência e que este modelo passa a ser aceito por todos, pessoas com
deficiência ou não, pois o modelo enfatiza os direitos humanos e a equiparação de
oportunidades.
Sassaki (2010) afirma que, com o modelo social de inclusão, a sociedade é convocada a
refletir que ela é agente de problema para as pessoas com deficiência, causando-lhes
incapacidade (ou desvantagem) na atuação de papéis sociais em virtude de:
1 – seus ambientes restritos;
35
2 – suas políticas discriminatórias e suas atitudes preconceituosas que rejeitam a minoria e
todas as formas de diferenças;
3 – seus discutíveis padrões de normalidade;
4 – seus objetivos e outros bens inacessíveis do ponto de vista físico;
5 – seus pré-requisitos atingíveis apenas pela maioria supostamente homogênea;
6 – sua quase total desinformação sobre deficiências e sobre direitos das pessoas que têm
essas deficiências;
7 – suas práticas discriminatórias em muitos setores da atividade humana.
Para que a sociedade vivencie a inclusão social de forma plena, faz-se necessário reverter às
práticas acima, pois só assim poderá ser considerada como uma sociedade inclusivista.
Assim, com a definição dos modelos, faz-se necessário apresentar alguns diferenças entre
adaptar a empresa e adaptar a PcD para o trabalho.
2.1.4 Inclusão no mercado de trabalho: a empresa inclusivista
Historicamente o mercado de trabalho era um lugar impróprio para a PcD. Segundo Sassaki
(2010), a sociedade considerava uma crueldade a PcD trabalhar, via como uma exploração e
as pessoas com deficiências eram excluídas do mercado de trabalho.
Ainda hoje, as PcDs enfrentam processos de exclusão, por diversos motivos, para serem
aceitas no mercado de trabalho. Dentre os motivos encontram-se: “falta de reabilitação física
e profissional, falta de escolaridade, falta de meios de transporte, falta de apoio das próprias
famílias e falta de qualificação para o trabalho” (SASSAKI, 2010. p. 58).
No transcorrer do processo de inclusão da PcD no mercado de trabalho, ainda observa-se,
segundo Amaral (1993), a prática por empregar as PcDs no interior das instituições
filantrópicas e na própria residência. O reflexo dessa prática tinha característica paternalista e
de certa forma de se obter o lucro fácil. Esta fase é considerada como a fase da segregação.
Para Correia (1990), a procura por essa oferta de trabalho deve-se pela dependência
econômica e pelo subemprego e a estagnação profissional.
Sassaki (2010) ainda considera mais duas fases: a fase de integração é caracterizada pela
contratação da PcD que possui qualificação profissional, mas que deve se adaptar ao espaço
físico existente, sem a preocupação da empresa em promover qualquer mudança; após
seleção, são colocados em empresas que aceitam fazer alguma alteração por conveniência e
36
não por serem adeptas à causa, e, por último, são alocadas em setores exclusivos, sem
qualquer alteração e preferencialmente longe do contato com o público.
O autor ainda ressalta que as organizações, ao compartilharem da visão desta fase,
dificilmente estenderam as PcDs oportunidades de participar de programas de
desenvolvimento e de promoções internas.
A outra fase é a da inclusão e nessa fase a proposta predominante, mas não totalmente
implantada pelas organizações, é de unir esforços para juntos enfrentarem o “desafio da
produtividade e competitividade” (SASSAKI, 2010 p. 62).
Nessa perspectiva, surge a figura da empresa inclusiva que, na visão de Sassaki (2010):
é aquela que acredita no valor da diversidade humana, comtempla as diferenças individuais, efetua mudanças fundamentais nas práticas administrativas, implementa adequações no ambiente físico, adéqua procedimentos e instrumentos de trabalho, treina todos os recursos humanos na questão da inclusão etc (SASSAKI, 2010, p. 63).
Para Bahia (2006), a questão da diversidade vai muito mais além do que só contratar PcD. Ela
defende a necessidade de oportunizar a essas pessoas condições de demonstrarem seu
potencial e sua capacidade que os valorize para permanecerem na organização.
A autora ainda defende que para uma organização se tornar inclusiva, não se restrinja à Lei de
Cotas e, sim, fortaleça a filosofia de contratação da PcD com a finalidade de atender não só às
necessidades dessas pessoas com a de todos, inclusive da própria empresa.
Desta feita, quando a sociedade começa a se mobilizar, mesmo por iniciativas
governamentais, tem-se um processo de mudança o qual abre uma discussão sobre novos
paradigmas a respeito da inclusão social.
Segundo Werneck (2003), uma sociedade é considerada inclusiva quando contempla todas as
“condições humanas” e estabeleça meios para que todas as pessoas, independente de situação
econômica, social, educacional ou física, possa praticar seu papel de cidadão colaborando
com o sua melhor habilidade para o bem comum.
Com esse paradigma, todos passam a valorizar a diversidade e as organizações, como parte
integrante desta sociedade, passam a entender e perceber a importância de criar políticas
voltadas para gestão da diversidade.
Para Alves e Galeão-Silva,
em geral, a gestão da diversidade tem sido defendida com base em dois pontos. Primeiro programas internos de empresas voltados à diversidade seriam socialmente mais justos do que políticas de ação afirmativa – imposta por uma legislação que remonta às lutas por direitos civis nos Estados Unidos durante as décadas de 1960 e 1970 –, uma vez que se baseiam na
37
meritocracia e não no favorecimento. Segundo, um bom gerenciamento da diversidade de pessoas nas organizações conduziria à criação de vantagem competitiva, o que, em tese, elevaria o desempenho da organização no mercado, tendo em vista a influência positiva de um ambiente interno multicultural, com membros de distintas experiências e habilidades (ALVES E GALEÃO-SILVA, 2004, p. 21).
Nesta perspectiva e mediante as características atuais, as quais estão sujeitas quase que
diariamente em função da globalização, das mudanças contínuas e voláteis, tem-se observado
um novo comportamento organizacional, principalmente na busca de diferenciais
competitivos e dentre esse novo comportamento está o desafio em gerir a diversidade com
responsabilidade.
De modo a tornar isto realidade, a organização passa a ter um grande desafio em suas mãos, a
de implementar políticas voltadas para a inclusão.
Mediante isso, trataremos no próximo item, das políticas e práticas de recursos humanos para
o recrutamento e seleção, desenvolvimento pessoal e profissional.
2.2 Políticas e práticas de Recursos Humanos (RH)
As empresas atualmente vivem um período de grande influência da globalização. Esse
fenômeno interfere na cultura organizacional, e aflora a necessidade de promover um diálogo
a respeito da diversidade e, este novo cenário tem instigado as organizações a reverem suas
práticas na gestão dos recursos humanos (BAPTISTA, 2012).
No dizer de Robbins, o maior problema para as organizações é conseguir promover a
mudança cultural e comportamental das pessoas, principalmente em relação “a adaptação às
diferenças entre as pessoas” (ROBBINS, 2005, p.13).
Ratificando o pensamento citado acima, Ivancevich enfatiza que:
a diversidade da mão-de-obra é uma realidade que influencia cada área e tópico da gestão de RH, desde o planejamento estratégico à contratação, ao treinamento e à saúde. Há firmes e crescentes evidências empíricas que mostram que a gestão da diversidade está se tornando parte necessária das responsabilidades do gestor. Não existe melhor maneira ou a melhor fórmula para gerir a crescente diversidade da força de trabalho. No entanto, há tendência de demanda crescente para encontrar formas justas, éticas e imediatas de gestão da diversidade (IVANCEVICH, 2008, p.53).
Dentro desta linha, Serrano e Brunstein (2011), também destacam os gestores como atores
relevantes desse processo, pois devem apresentar competências para promover de forma
satisfatória a inclusão da PcD, tendo em vista que o desafio é grande e, não há manual ou
38
normas institucionais para substituir ou normatizar o comportamento das pessoas nas relações
interpessoais de forma a alcançar os níveis de sucesso desejados.
Os autores também ressaltam:
dado que diversidade se refere à busca de oportunidades iguais e respeito à dignidade de todos, princípio de cidadania, tem-se que as organizações e, mais especificamente, os gestores, tem de assegurar às PcDs, condições para desenvolverem plenamente seus talentos e potencialidades (SERRANO E BRUNSTEIN, 2011, p. 360-361).
Para assegurar o sucesso na gestão da diversidade, as organizações precisam fortalecer as suas
competências e ter profissionais na área de RH que desempenhem novos papéis, que tenham
novas mentalidades e sejam parceiros dos gerentes de linha, de forma a favorecer ao alcance
dos resultados propostos pela organização.
Desta forma, a área de RH passa a exercer além do papel operacional o papel estratégico.
Segundo Ulrich (1998, p.40), os profissionais de RH “precisam ser ao mesmo tempo polícia e
parceiros. Assumir a responsabilidade tanto por metas qualitativas quanto quantitativas no
curto e no longo prazo”.
A partir deste cenário, a diversidade torna-se um tema presente em todo planejamento
organizacional, de forma a conduzir os objetivos estratégicos e se manter sustentável perante
as mudanças imposta pelo mercado quanto a legislação, demandas pela competitividade e
novos conceitos sobre inclusão e, principalmente com foco nas pessoas com deficiência.
É interessante citar ainda o entendimento posto por Bahia,
o desafio é considerar a diversidade no ambiente de trabalho como algo que implica a conjugar oportunidades para as empresas com expectativas sociais, o que requer, ao mesmo tempo, preparo e monitoramento durante o processo de aprendizagem e implementação de programas com esse escopo (BAHIA, 2006, p. 8).
Neste sentido, Carvalho-Freitas (2009), destaca três dificuldades na gestão da diversidade
quando o foco é inserir e gerir o trabalho da PcD: as formas como os gestores veem a
deficiência, a adequação das condições e práticas de trabalho por parte das empresas e a
necessidade de avaliar a satisfação das pessoas com deficiência inseridas no mercado.
Para minimizar essas dificuldades, Hanashiro (2008) apresenta, figura 6, alguns fatores que
devem ser considerados na gestão da diversidade para favorecer no processo de alinhamento
das políticas e práticas de recursos humanos, no direcionamento estratégico e na concepção de
diversidade.
39
Figura 6 – Fatores determinantes na concepção da gestão da diversidade cultural
Fonte: Hanashiro (2010, p. 68)
Ao considerar esses fatores, a organização poderá estabelecer junto aos stakeholders ações e
políticas que agreguem valor ao negócio e construa um ambiente pautado no conceito de
organização inclusiva2.
Dentre os fatores apresentados, dar-se-á ênfase nas políticas e práticas de RH.
Para Baptista (2012), a gestão de RH vem alcançando novos patamares na estratégia dos
negócios, pois ela tem assumido um papel relevante em todos os processos estratégicos
desenvolvidos pelas organizações. Com essa nova postura, a gestão do RH deverá alinhar as
políticas e práticas de RH de forma a facilitar o desenvolvimento das competências
organizacionais.
A autora ainda enfatiza a importância da valorização das pessoas, tendo em vista que para se
atingir os objetivos em longo prazo e sustentável, faz-se necessário a participação das pessoas.
De tal sorte e para que haja o engajamento das pessoas é preciso fazer com que elas entendam
“claramente os objetivos do trabalho, e quanto mais coerente forem às práticas de RH, tanto
mais fácil será esse processo de compreensão e ajuste do novo empregado” (ZACARELLI E
TEIXEIRA, 2008, p.118).
Para Baptista (2012), a gestão de RH deve focar em práticas que diminuam dúvidas
relacionadas ao comportamento humano.
2 É aquela que acredita no valor da diversidade humana, contempla as diferenças individuais, efetua mudanças fundamentais nas práticas administrativas, implementa adequações no ambiente físico, adéqua procedimentos e instrumentos de trabalho, treina todos os recursos humanos na questão de inclusão etc. (SASSAKI, 2010, p. 63)
Conceito de Diversidade
Cultura Organizacional
Estratégia de Negócio
Gestão da Diversidade Cultural
Políticas e Práticas de RH
Ambiente Externo
40
Sob essa perspectiva, pretende-se discutir as políticas e práticas da gestão de RH em relação a
PcD, e em particular sobre recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento,
remuneração e avaliação de desempenho.
Incialmente pretende-se abordar os conceitos referentes às práticas de RH citadas acima e,
posteriormente analisar os procedimentos desenvolvidos na empresa em estudo.
Dando continuidade a pesquisa, nos próximos itens serão descritas as práticas de RH e a suas
integrações para efetividade do processo de inclusão da PcD.
2.2.1 Recrutamento e Seleção
Antes de apresentar o conceito, vale ressaltar que as políticas e práticas na gestão de RH
devem estar alinhadas as estratégias organizacionais, pois é a partir do conhecimento do
negócio corporativo que o RH vai se estruturar e aplicar as políticas pertinentes em função
dos propósitos e objetivos organizacionais.
Na opinião de Junqueira (2005), o papel do RH não deve ser considerado como um mero
adaptador da missão, da visão e dos valores corporativos, mas sim, avaliar a real atuação e
perspectiva de cada área, os objetivos específicos, as competências organizacionais, para a
partir desse diagnóstico definir as estratégias e ações junto a organização, de forma a
favorecer o alcance dos resultados esperados.
Dentro dessa perspectiva, para favorecer o alcance dos resultados, a organização tem que
considerar como premissa a transparência e a comunicação dos objetivos a todas as pessoas,
principalmente aos profissionais da área de recursos humanos engajados no processo de
recrutamento, pois, segundo Daft (2010, p. 449) “um importante passo do recrutamento é ter
um quadro claro de que tipos de pessoas a organização necessita”.
Possivelmente as empresas ficam se perguntando, onde localizar a PcD! Em trabalho
divulgado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos (2003) direcionado aos
profissionais de RH, a preocupação era identificar diversas perguntas e respostas para auxiliar
nos diversos processos junto a PcD, dentre os diversos itens, tem um que orienta sobre as
fontes de recrutamento e estão vigentes até a presente data.
Onde encontrar pessoas portadoras de deficiência? • No Sistema Público de Emprego: em todos os estados, a busca poderá ser feita em um dos Postos de Atendimento do SINE - Sistema Nacional de Emprego; • Organizações não governamentais; • Sites; • Agências de Emprego.
41
• Núcleos Regionais de Informações sobre deficiência do Sistema Nacional de informações sobre deficiência (NAMBU, 2003 p.31-32).
Não basta só encontrar a PcD, Bahia (2006) destaca a importância do profissional de RH no
processo, pois deverão ser observadas as competências deste profissional no sentido de que
haja eficácia no exercício das atividades propostas.
A partir do momento em que a decisão de contratar uma PcD passa a fazer parte da política de
recrutamento, toda instituição deverá estar preparada para recebê-la, e para tal, terá que estar
adaptada aos processos de acessibilidade (barreiras físicas, programáticas, atitudinais e de
comunicação) (BAHIA, 2006).
Aranha (2003) complementa, para a efetividade do processo de recrutamento da PcD, deve-se
também identificar e analisar as funções existentes, os critérios e os requisitos necessários
para o desempenho na função designada.
Esse pensamento não é defendido por todas as pessoas que estudam esse tema, como pode ser
observado na opinião de Carreira (1997), que no processo de recrutamento e seleção da PcD,
“as empresas utilizem os mesmos testes aplicados nas pessoas não portadoras de deficiência,
pois o objetivo é que aquelas concorram nas mesmas condições de igualdade.” (Carreira,
1997, p. 19)
No sentido de dirimir qualquer dúvida a respeito do recrutamento da PcD, o Ministério do
Trabalho e Emprego – MTE (2007), editou uma cartilha “A Inclusão das Pessoas com
Deficiência no Mercado de Trabalho” onde as empresas só devem estabelecer exigências nos
casos peculiares e que estejam adequadas as PcD, pois caso não seja respeitada pelas
empresas essas adequações, o propósito de promover a inclusão da PcD pode acabar
inviabilizado.
Para o MTE ações contrárias a esta orientação:
pode configurar uma espécie de fraude contra a Lei de Cotas, que foi criada justamente para abrir o mercado de trabalho para um segmento que não consegue competir em igualdade de condições com as demais pessoas (art. 36, alínea “c”, da Recomendação nº 168 da OIT, c/c item 4 do Repertório de Recomendações Práticas da OIT: Gestão de questões relativas à deficiência no local de trabalho) (MTE, 2007 p. 27).
Definido os critérios, os requisitos referentes à função, tem-se a nova fase, a seleção.
Para Robbins (2005), a seleção é um processo de adequação das características pessoais
identificada com as capacidades e competências necessárias para desempenhar a vaga
ofertada.
42
É a partir dessa premissa que se tem a seleção como o processo em que “os empregadores
avaliam as características na tentativa de determinar o “ajuste” entre o cargo e as
características dos candidatos” (DAFT, 2010, p. 454).
Nessa fase, como no recrutamento, o profissional de RH deve apresentar habilidades e os
processos de seleção adequados a realidade e a função para qual está sendo selecionado.
Com relação a PcD, segundo Nambu (2003) os processos de seleção devem respeitar o tipo de
deficiência, não se deve aplicar teste psicológicos para pessoas com paralisia cerebral em
avaliação por traços gráficos, para os deficientes auditivos o cuidado na forma de apresentar
as instruções e os visuais, o mais adequado é a entrevista.
Ainda Nambu (2003) ressalta que em todo processo de seleção, a questão da deficiência deve
ser tratada com naturalidade. Quanto a dinâmica deve ser realizada em grupo conforme
preceitua o modelo inclusivo.
Após ser selecionada, segundo Daft (2010) a gestão de RH deverá se preocupar em
transformar o colaborador em uma força de trabalho efetiva e para alcançar este objetivo a
próxima fase é capacitar via treinamento.
2.2.2 Treinamento e Desenvolvimento
O processo de treinamento e desenvolvimento tem por objetivo, fazer com que os
colaboradores aprimorem seus conhecimentos, habilidades e atitudes – CHA e “é uma forma
de a empresa reconhecer o valor das pessoas, na medida em que demonstra interesse em
investir nelas” (PEARSON EDUCATION DO BRASIL, 2010, p.148).
Para Daft (2010) esse processo é um esforço planejado das organizações em favorecer aos
colaboradores novas habilidades e comportamentos de maneira que as metas organizacionais
sejam mais facilmente atingidas.
Dessa forma, os profissionais de RH devem cada vez mais elaborar estratégias visando o todo
e para que tenha controle dos resultados proveniente dos investimentos em treinamento e
desenvolvimento, faz-se necessário utilizar a abordagem sistêmica de treinamento.
Esta abordagem é defendida por Snell e Bohlander (2011) e as premissas estão pautadas em 4
(quatro) fases: levantamento de necessidades; projeto do programa; implementação; e
avaliação.
Essas fases são subdivididas conforme é apresentado na figura 7 abaixo:
43
Figura 7 – Modelo de sistema de treinamento
Fonte: Snell e Bohlander (2011, p. 252)
Esse modelo visa identificar e avaliar a real necessidade de treinamentos e, assim manter uma
relação direta entre os gestores de linha e os profissionais de RH, tendo em vista que as
análises devem estar integradas com as metas organizacionais.
Ainda, os autores enumeram os métodos de treinamentos mais usuais:
1 – Treinamento de integração (orientação)
2 – Treinamento de habilidades básicas (leitura, escrita, computação, etc)
3 – Treinamento de equipes (processos e comportamento)
4 – Treinamento multitarefa (capacitar os colaboradores para realizarem diversas funções na
organização)
5 – Treinamento relacionado à diversidade (resultante da reunião de diferentes pessoas em
prol de um objetivo comum)
Quanto ao treinamento em diversidade, Batman e Snell (2012) destacam a importância de
capacitar os colaboradores em relação às habilidades necessárias para lidar com as diferenças.
Nesta perspectiva, Nambu (2003) enfatiza que:
o ideal é que os candidatos portadores de deficiência possam conviver desde o início com todos os outros funcionários; No caso das pessoas surdas, é necessário fazer uso de material impresso ilustrativo, de recursos visuais, de exemplos concretos, e mesmo da comunicação através da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, providenciando, para isso, a presença de um intérprete, no processo de treinamento (NAMBU, 2003, p. 38).
Nesse sentido, a participação efetiva da PcD mediante a inclusão nos treinamentos, só faz
valorizar cada um e desmistificar a falta de qualificação.
Fase 1: Levantamento
de Necessidades
• Análise da empresa•Análise da tarefa•Análise da pessoa
Fase 2: Projeto
• Objetivos institucionais•Prontidão do treinador•Princípios de aprendizagem
Fase 3: Implementação
•Métodos no local de trabalho•Métodos fora do local de trabalho•Desenvolvimento gerencial
Fase 4: Avaliação
•Reações•Aprendizado•Comportamento (transferência)•Resultados
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Como o processo de treinamento e desenvolvimento permite, ao colaborador, desempenhar
com mais eficácia suas funções, daí recaí em outra prática, a remuneração. Prática esta que
será discutida a seguir.
2.2.3 Remuneração
A remuneração está dentre as variáveis que podem levar à satisfação no emprego, para Gheno
e Berlitz (2011), há outros fatores que são considerados pelos funcionários e somados a
remuneração, proporcionam um maior comprometimento e elevam sua motivação são: tarefas
interessantes, supervisão competente, qualidade de vida, pacotes de benefícios e carreiras
compensadoras.
Os autores Snell e Bohlander (2011), enfatizam o poder da remuneração com a seguinte
colocação: “não se sabe, no entanto, se muitos funcionários continuariam trabalhando se não
fosse pelo salário que recebem. Os funcionários desejam sistemas de remuneração que
considerem justos e à altura de suas capacidades e expectativas” (SNELL E BOHLANDER,
2011, p.340).
Diante desse contexto, as organizações vêm adotando novas estratégias de como tratar a
remuneração. Para Hanashiro (2008), a remuneração era baseada essencialmente no salário-
base e cargo, e os resultados do esforço dos empregados eram revertidos aos proprietários dos
negócios.
Esse modelo foi denominado de tradicional e baseava-se em uma remuneração fixa.
Atualmente, o modelo que vem ganhando espaço nas organizações é o modelo de
remuneração baseado em incentivos, e nessa nova ótica, o empregado passa a ter maior
participação nos resultados financeiros da organização e consequentemente, um maior
reconhecimento por seu desempenho (HANASHIRO, 2008).
A partir do momento que as organizações passarem a adotar este modelo, a tendência é ter um
ambiente organizacional mais dinâmico e como consequência, tem-se uma nova cultura para a
prática de remuneração baseada na recompensa do empregado “considerando as competências
individuais ou a contribuição do seu trabalho para o sucesso da organização” (BOHLANDER
e SNELL, 2011, p. 341).
Conforme ressalta Hanashiro (2008), o poder da remuneração contribui para competitividade
da organização, pois com um desenho apropriado para cada organização, a remuneração pode
favorecer para “elevação da produtividade, melhoria da qualidade dos produtos, redução de
45
custos, inovação de processos e produtos, flexibilidade organizacional e apoio à mudança
organizacional” (HANASHIRO, 2008, p. 178).
Marquart; Lunkes; Rosa (2012) afirmam que o sistema de remuneração estratégica pode ser
definido como:
uma combinação equilibrada de diferentes formas de remuneração, visando alinhar a remuneração à estratégia da organização, harmonizando interesses, ajudando a gerar consensos e atuando como meio de atingir os resultados esperados. Para alinhar a estratégia organizacional à remuneração, deve-se vincular o resultado da empresa ao recebimento de determinados valores ou benefícios pelos empregadores (MARQUART; LUNKES; ROSA, 2012, p.9).
Conforme o exposto, e utilizando-se do modelo de remuneração estratégica, há possibilidades
de trazer vários benefícios à organização, e a pessoa com deficiência também deve ser
contemplada, pois havendo uma política transparente e de oportunidades, respeitando-se a
equidade salarial, ela poderá ter esse modelo como grande estimulador no processo de
inclusão e crescimento profissional.
Como foi demonstrado, a importância de apresentar um bom desempenho faz parte de um
conjunto de atividades e, para que não fique na subjetividade a avaliação dos gestores em
relação a promoção e reajustes salariais, é necessário criar indicadores de avaliação.
Sendo assim, trataremos a seguir sobre avaliação de desempenho.
2.2.4 Avaliação de Desempenho
A avaliação de desempenho profissional e pessoal é o hoje um instrumento de grande valia
para os processos da administração de recursos humanos, principalmente no que se refere à
condução das políticas e práticas na gestão de pessoas direcionadas a sua carreira,
remuneração, treinamento e desenvolvimento.
No atual contexto do mundo globalizado, a avaliação de desempenho passou a ser
indispensável para sustentabilidade organizacional, pois com um mercado altamente
competitivo, a avaliação de desempenho (AD) deve ser utilizada na sua plenitude, de forma a
gerar vantagem competitiva.
Os autores Moreira e Tose (2012), afirmam que a AD tem por finalidade propor melhorias
para a organização e para as pessoas, possibilitando também saber se os objetivos
profissionais e pessoais estão alinhados com as estratégias organizacionais em favorecer o
atingimento das expectativas da organização.
46
Essa visão do que é a AD, está distante do que se pregava nas décadas de 80 e 90, segundo
Moreira e Tose (2012), os modelos de AD adotados à época tinham como premissa a parte
financeira, como premiação aos empregados que atingissem as metas estabelecidas pela
empresa.
Diante dessa perspectiva, nota-se o emprego da AD “totalmente descomprometido com o
desenvolvimento de perfil ou de pessoas, que levassem os colaboradores às melhores práticas,
potencializando seus resultados” (MOREIRA e TOSE, 2012).
Em sentido oposto ao que se propagava na década de 80 e início de 90, Pontes (2002) ressalta
a importância da AD como instrumento norteador do planejamento estratégico, pois entende
que “a avaliação de desempenho é “o sopro de vida” da organização, e sem a sua existência o
planejamento e as estratégias organizacionais não farão o menor sentido”. (PONTES, 2002,
p.24).
Para corroborar com essa visão, Marras (2009, p.173), conceitua a avaliação de desempenho
como sendo “um instrumento gerencial que permite ao administrador mensurar os resultados
obtidos por um empregado ou por um grupo, em período e área específicos”.
Nassif (2008, p. 290) afirma que “a avaliação do desempenho humano pode ser analisada por
meio de três dimensões: expectativas, recursos e motivação”.
Ao criar indicadores para medir os colaboradores em relação as três dimensões, o gestor
deverá levar em consideração o quanto elas refletem as atitudes das pessoas diante uma
determinada atividade.
A autora trás uma reflexão a respeito da postura do gestor ao conduzir o processo de AD, ela
defende que o gestor deve ter:
a sensibilidade de um olhar para as pessoas em sua totalidade, considerando seus sentimentos, suas emoções, suas expectativas, suas habilidades técnicas e operacionais, sua capacidade de se relacionar com as pessoas, os aspectos que aguçam suas motivações, além de verificar a adaptabilidade e ajustamento da pessoa no cargo, com seu superior, com os pares e com a cultura da empresa (NASSIF, 2008, p. 292).
Dessa forma é que todos devem se comportar junto a PcD, pois ao adotar a AD como
instrumento avaliativo e diferenciador na prática da gestão de pessoas, o gestor e a própria
organização poderá obter parâmetros quantitativo e qualitativo para subsidiar no
desenvolvimento e implementação de melhorias para o total acessibilidade da PcD.
Para Ivancevich (2008), um dos problemas da avaliação de desempenho é quando o gestor
avalia a pessoa e não o desempenho.
47
O mesmo autor remete este problema ao critério utilizado em alguns sistemas, cujo foco está
na “personalidade do ocupante do cargo, e não o nível de seu desempenho” (IVANCEVICH,
2008, p. 256).
De forma a desmistificar este sistema, Nassif (2008) apresenta duas vertentes da AD,
técnico/operacional e desenvolvimento/aprendizagem, as duas se diferenciam pelo foco,
objetividade e sistematicidade.
Outra característica dessas vertentes que pode ser verificada no quadro 3, é que estão
preocupadas com o desempenho e desenvolvimento das pessoas de forma individual ou
grupal e leva em consideração as competências, as qualidades e a contribuição para o negócio
da empresa.
No quadro 3, tem-se uma comparação entre a duas vertentes proposta por Nassif (2008), nele
pode-se observar o foco no indivíduo e a outra com foco no grupo.
Quadro 3 - Comparativo entre a avaliação técnico/operacional e de desenvolvimento / aprendizagem
Vertente
Técnico / Operacional (foco indivíduo) Desenvolvimento /Aprendizagem (foco no grupo)
Finalidade
• Desempenho individual
• Compara as pessoas que desempenham
funções similares
• Analisa as responsabilidades da pessoa ante
as atividades desempenhadas
• Mensura os resultados atingidos pela pessoa
com base em metas
• Associa o desempenho com competência e
analisa os atributos pessoais e
comportamentais
• As perspectivas de crescimento das pessoas
na empresa, tendo como parâmetro o próprio
desempenho e do grupo de trabalho
• O desempenho individual conectado às
estratégias da organização e do grupo
• O desempenho passado e atual da pessoa com
as metas traçadas para o futuro
Fonte: Adaptado de Nassif (2008)
Pelo exposto, observa-se que independente da vertente a escolher, o objetivo principal é
avaliar a pessoa, sendo que a técnico/operacional está pautada no desempenho de cada pessoa
na atividade e, a vertente desenvolvimento/aprendizagem está direcionada para o crescimento
pessoal na organização.
48
Como apresentado nesse capítulo, pode-se notar as conquistas de direitos e oportunidades que
a PcD obteve a partir da interferência da sociedade em geral. Em primeiro lugar tem-se o
conceito sobre a PcD, segundo o Decreto Nº 6.949/2009, o qual define como aquela pessoa
que tem “impedimentos” de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. A criação de Leis
e Decretos no sentido de incluir a PcD em todos os ambientes, seja social ou profissional.
Com base nos autores citados e nos seus conceitos que pautou essa pesquisa. No próximo
capítulo serão exibidos os procedimentos metodológicos adotadas na consecução desta
pesquisa.
49
3 Metodologia da Pesquisa
Nesta seção serão apresentados os procedimentos metodológicos direcionados à questão de
pesquisa, que tem por finalidade saber como o Programa SENAI de Ações Inclusivas é
percebido pelos gestores, profissionais de recursos humanos e a pessoa com deficiência no
processo de inclusão das pessoas com deficiência.
Os procedimentos estão divididos em sete partes, sendo a primeira quanto à natureza da
pesquisa; na segunda, será tratado do fluxo dos procedimentos a serem realizados. Na terceira,
aponta-se o Locus da investigação, com um breve histórico sobre a empresa escolhida. Na
quarta, são apresentados os sujeitos da pesquisa, Na quinta são descritas as Técnicas de
Coletas de Dados e, logo a seguir, tem-se o Processo de Coleta de dados. Na penúltima, a
Técnica da Análise de Dados e na última parte estão dispostos os limites e limitações da
pesquisa.
3.1 Caracterização da Pesquisa
De acordo com os aspectos apontados e pela proposta da pesquisa, cujo foco está na análise
de como o PSAI pode favorecer no processo de inclusão da pessoa com deficiência na
percepção dos gestores, profissionais de recursos humanos e da pessoa com deficiência.
Segundo Gil (2010), uma pesquisa é de caráter qualitativo pela relação direta com o problema
e os objetivos da pesquisa.
Desta forma, a presente pesquisa enquadra-se nessa definição, pois o problema e os objetivos
estão diretamente relacionados e existe a intencionalidade de se estudar percepções sobre um
determinado fenômeno.
Quanto aos fins, a proposta da pesquisa será exploratória e descritiva. Esses tipos têm por
base Gil (2010), pois conforme é proposto pelo autor, os dois tipos se complementam e são
habitualmente usadas por pesquisadores sociais, em razão de ‘proporcionar maior
familiaridade com o problema’ (GIL, 2010, p.27).
É exploratória por estar relacionada ao ineditismo da pesquisa, pois, relaciona um programa
de qualificação profissional com o processo de inclusão no mercado de trabalho.
A pesquisa também pode ser caracterizada por sua função descritiva, pois com a análise de
dados qualitativos, pode-se contemplar um conjunto relativamente vasto de fatores
relacionados à inclusão e à gestão dessa dimensão da diversidade nas empresas.
50
No presente estudo, pretende-se estabelecer as relações entre o PSAI, a PcD e as percepções
dos gestores, os profissionais de recursos humanos e as pessoas com deficiência quanto ao
processo de inclusão desenvolvido pelo SENAI.
Este trabalho quanto aos meios de investigação, caracteriza-se como um estudo de caso único
por tratar de uma análise do PSAI e restrita a uma unidade de análise, com caráter de
profundidade.
O Estudo de caso tem por finalidade investigar e entender certos fenômenos dentro de um
ambiente específico e real (MARTINS, 2008).
Nesse método de pesquisa, “o pesquisador não tem controle sobre eventos e variáveis, busca
aprender a totalidade de uma situação e, criativamente, descrever, compreender e interpretar a
complexidade de um caso concreto” (MARTINS, 2008, p.XI).
3.2 Desenho metodológico da pesquisa
O desenho da pesquisa está construído conforme o tipo do problema e demonstra as etapas a
serem desenvolvidas durante a execução do projeto.
O fluxo das etapas tem início pela formulação do problema. Nessa etapa, o pesquisador
apresentou as argumentações a respeito do tema de sua pesquisa, onde abordou o processo de
inclusão, a legislação, a questão da qualificação profissional, os tipos de deficiências, na qual
pretendeu ilustrar o cenário da inclusão organizacional do grupo de minoria definido como
pessoa com deficiência. Segundo Gil (2010), a formulação do problema de pesquisa não é
tarefa fácil, o pesquisador poderá determinar o problema conforme as razões de ordem prática
ou intelectual. Para isso, faz-se necessário conhecimento prévio sobre a temática a ser
estudada, delimitar o campo de estudo e ser suscetível de solução.
Após a definição da pergunta, a próxima etapa foi estabelecer os objetivos, os quais
representam “um passo importante para operacionalização da pesquisa e para esclarecer
acerca dos resultados esperados” (GIL, 2010, p. 13).
A terceira etapa tratou do planejamento. Nesse momento, foi feito o delineamento quanto à
natureza, aos objetivos, ao método e à técnica e análise de dados a serem utilizados. A
pesquisa tem caráter qualitativo, o seu propósito é exploratório e descritivo, o método
aplicado, o de estudo de caso único, a técnica de coleta de dados, documental e a entrevista
semiestruturada por pauta e a análise e interpretação por análise de conteúdo.
51
Com a elaboração dos instrumentos preliminares de coleta de dados, foi realizado um pré-
teste da entrevista. Nessa etapa, ficou evidenciada a necessidade de algumas correções no
instrumento. Após ter sido promovida as alterações, foi elaborado o instrumento de coleta
definitivo.
No que diz respeito à técnica de coleta de dados, escolheu-se a obtenção de dados por
documentação direta que, para Lakatos e Marconi (2013), constitui-se, em geral, no
levantamento de dados no próprio local onde os fenômenos ocorrem. A escolha se deu em
função da intenção de identificar, no programa, suas premissas e variáveis.
Na etapa seguinte, foram coletados os dados e realizadas as entrevistas. Os dados foram
organizados de forma clara e objetiva, a fim de proceder à interpretação.
Na última etapa, a de finalização da dissertação, temos a apresentação dos dados, a
interpretação, discussão e as considerações acerca dos resultados obtidos.
A seguir, a figura 8, com o diagrama do fluxo da pesquisa.
52
Figura 8 – Desenho da Pesquisa
Problema de Pesquisa Como o Programa SENAI de Ações Inclusivas é percebido pelos gestores, profissionais de recursos humanos e as pessoas com deficiência do Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial, nas unidades na cidade de Maceió – Alagoas no processo de inclusão organizacional da pessoa com deficiência?
Definição dos Objetivos
Analisar como o Programa SENAI de Ações Inclusivas é percebido pelos gestores, profissionais de recursos humanos e as pessoas com deficiência do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, nas unidades na cidade de Maceió – Alagoas no processo de
inclusão organizacional da pessoa com deficiência.
Planejamento da Pesquisa – Qualitativa, exploratória, descritiva e estudo de caso,
Elaboração dos Instrumentos Coleta dos Dados
Entrevista por pauta Documentos
Análise e Interpretação dos Dados – Análise de Conteúdo
Finalização da Dissertação
Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Gil (2010, p. 5)
3.3 Locus de Investigação
O locus de análise desta pesquisa é o SENAI, instituição considerada como grande geradora e
difusora do conhecimento tem por finalidade a formação de mão de obra qualificada para o
setor industrial. A unidade pesquisada está localizada na cidade de Maceió, no Estado de
Alagoas, entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos e
Pré-teste
53
pertencente ao terceiro setor, mantida pela Confederação Nacional da Indústria e subordinado,
nesse Estado, à Federação das Indústrias do Estado de Alagoas – FIEA.
O SENAI, no Estado de Alagoas, foi criado em 1947 e hoje está presente em 5 (cinco)
municípios: Arapiraca, Coruripe, Maceió, Marechal Deodoro e São Miguel dos Campos.
O SENAI- AL é composto por uma Diretoria Regional, cinco Assessorias, por um Centro de
Ações Compartilhadas, atende ao Serviço Social da Indústria – SESI e o SENAI e, uma
diretoria de unidades com oito gerências nominadas de Centro de Formação Profissional
(CFP), Centro de Educação Profissional (CEP) e Centro Integrado SESI/SENAI de Educação
básica e Educação Profissional (EBEP), pode-se observar o desenho estrutural no ANEXO A.
Após analisar os documentos e pesquisar as unidades, evidencia-se que as unidades
operacionais possuem as mesmas estruturas físicas, e estão de acordo com as normas de
acessibilidade, sendo as mais novas já adaptadas as necessidades de acessibilidades e as mais
antigas como CFP-GP e a sede na Casa da Indústria estão, em quase sua totalidade, adaptadas.
Ainda a respeito da estrutura organizacional, a Diretoria Regional esta subordina ao Conselho
de Administração que é composto por uma área corporativa e nela está o Recursos Humanos
que “cuida” do SENAI, foco do nosso estudo, SESI e IEL.
Em função do RH pertencer a área corporativa, ela consegue levar para as outras duas
organizações a mesma política e práticas de RH, principalmente o PSAI.
Desta forma o programa de capacitação acaba atendendo um número maior de posto de
trabalho dentro de mesma estrutura.
O critério para escolha das unidades do SENAI no município de Maceió teve como premissa
os seguintes indicadores: a Casa da Indústria Napoleão Barbosa, por ser a área corporativa das
unidades e concentrar os profissionais da área de recursos humanos, o Centro de Educação
Profissional Napoleão Barbosa – CEP-NB e o Centro de Formação Profissional Gustavo
Paiva – CFP-GP, por serem as primeiras unidades a trabalhar com a PcD, tanto com o
programa de qualificação profissional, como também na inclusão desses profissionais em seus
ambientes de trabalho. E, por fim, em todas as três unidades pode-se encontrar os sujeitos da
pesquisa com os mais variados tipos de deficiência e gestores, em relação a tempo de gestão
com PcD em sua área.
Atualmente, o SENAI vem desenvolvendo diversos projetos e programas, todos com foco na
formação profissional, seja interna ou externa.
O SENAI ao adotar essas práticas torna-se uma empresa com princípios baseados na
responsabilidade social e na diversidade, sendo estes grandes pilares tratados como
diferenciais em sua gestão.
54
Estes pilares fizeram com que despertasse grande interesse em pesquisá-la, ainda mais por ser
inovadora na implementação de programa de inclusão de pessoas com deficiência no mercado
de trabalho.
3.4 Sujeitos da Pesquisa
A escolha dos sujeitos da pesquisa foi estabelecida a partir da estrutura organizacional
(ANEXO A), identificada as unidades, os respectivos gestores, os profissionais da área de
recursos humanos e as pessoas com deficiência.
De posse dos documentos colhidos junto ao Centro de Serviços Corporativos na Área de
Recursos Humanos e Pessoal, houve a definição de quais as PcD e gestores seriam
entrevistados e as unidades.
A seguir, com base no APÊNDICE F, foi elaborado os quadros 4, 5, 6, 7 e 8.
Nos quadros 4 e 5 estão demonstradas as unidades do SENAI, o tipo de deficiência em cada
unidade e o cargo ocupado pela pessoas com deficiência. No quadro 6 distribuição por tipo
de deficiência, quanto seu estado civil e idade, no quadro 7, distribuição por sexo, raça e ano
de admissão e, por fim, no quadro 8 distribuição por escolaridade.
Quadro 4 – Distribuição do tipo de deficiência, por unidade organizacional e por cargo
TIPOS DE DEFICIÊNCIA
DEPARTAMENTO REGIONAL
Departamento Regional Coordenação
de RH Assessoria de Educação
Assistente
Adm
inistrativo
Secretária
Aprendiz
Assistente
Adm
inistrativo
Auxiliar
Adm
inistrativo
Analista de
Sistema
INTELECTUAL FÍSICO 1 1 1 AUDITIVA 1 VISUAL 1 1 MÚLTIPLA TOTAL CARGO 1 1 1 1 1 1 TOTAL ÁREA 3 1 2
Fonte: dados da pesquisa - 2014
55
Quadro 5 – Distribuição do tipo de deficiência, por unidade organizacional e por cargo
TIPOS DE DEFICIÊNCIA
Gerência de Unidade CEP-NB CFP-GP CEP-GAS EBEP-CGFL
Aux
iliar
Adm
inistrativo
Instrutor
Aprendiz
Aux
iliar
Adm
inistrativo
Operado
r de
Acabamento
Gráfico
Auxiliar de
Serviços Gerais
Aprendiz
Aux
iliar
Adm
inistrativo
Aux
iliar
Adm
inistrativo
INTELECTUAL 1 1 1
FÍSICO 1 2 1 3 1
AUDITIVA 1 1 1
VISUAL 1 1 1
MÚLTIPLA 1
TOTAL CARGO 3 2 3 1 1 1 5 1 1 TOTAL ÁREA 8 8 1 1
Q5 + Q6 24 Fonte: dados da pesquisa – 2014
As células marcadas na cor cinza, nos quadros 4 e 5 identificam as PcDs que foram
contratadas antes do ano de 2011.
Nos quadros 4 e 5 pode-se observar o total de PcDs que desenvolvem suas atividades laborais
nos mais diversos cargos e contemplam todos os tipos de deficiência. Em destaque a
deficiência física com 11 (onze) pessoas contratadas. Como aprendiz, o total de 9 (nove) PcD,
sendo todos atualmente participantes do PSAI na fase prática do programa.
Quadro 6 – Distribuição do tipo de deficiência por estado civil e idade
TIPO DE DEFICIÊNCIA
ESTADO CIVIL Solteiro/ Casado
IDADE
< 20 20 - 25 26 - 30 31 - 35 > 35
INTELECTUAL 3 2 1
FÍSICO 10 1 1 3 1 2 3 1
AUDITIVA 4 1
2 2
1
VISUAL 3 1 2 1 1
MÚLTIPLA 1 1
TOTAL 20 4 1 5 6 4 8
24 24 Fonte: dados da pesquisa - 2014
As células marcadas na cor cinza, no quadro 6 identificam as PcDs que foram contratadas
antes do ano de 2011.
56
Conforme o quadro 6, pode-se observar das 24 (vinte e quatro) pessoas com deficiência, 84 %
(oitenta e quatro por cento) são solteiros e 8 (oito), ou seja, 34% ( trinta e quatro por cento)
tem idade superior a 35 (trinta e cinco) anos de idade. Diante deste cenário, nota-se outro
ponto bem relevante, o de oportunizar, independente da idade, a possibilidade de estar
incluído no mercado de trabalho.
Quadro 7 – Distribuição do tipo de deficiência por sexo, raça e ano de admissão
TIPO DE DEFICIÊNCIA
SEXO RAÇA ANO ADMISSÃO
MASCULI-NO
FEMIN
I-NO
PAR-D
A
BRAN-C
A
NE-G
RA
NÃO
DECLARADA
Antes de 20
11
A partir de 201
1
INTELECTUAL 2 1 1 2 1 2
FÍSICO 6 5 1 9 1 1 10
AUDITIVA 5 4 1 5
VISUAL 1 3 4 1 3
MÚLTIPLA 1 1 1
TOTAL 15 9 3 19 1 1 4 20
24 24 24 Fonte: dados da pesquisa – 2014
Já neste quadro 7, tem-se a predominância do sexo masculino, mas em relação ao tipo de
deficiência visual, apresentam-se mais pessoas do sexo feminino e em relação à deficiência
física pode-se considerar um equilíbrio e a auditiva só masculina. Quanto à raça, em todos os
tipos, o que prevalece é a raça branca e a concentração de PcDs admitidos a partir de 2011,
deve-se ao inicio da implantação do PSAI.
Ao comparar o quadro 6 e o quadro 7 em relação ao processo de diversidade, nota-se que há
um viés para contratação de PcD acima dos 35 (trinta e cinco) anos, mas, em compensação, o
sexo e raça não entram neste processo.
57
Quadro 8 – Distribuição do tipo de deficiência por escolaridade
TIPO DE DEFICIÊNCIA
ESCOLARIDADE
FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO SUPERIOR
Completo Incompleto Completo Incompleto Completo Incompleto
INTELECTUAL 2 1
FÍSICO 2 1 5 1 2
AUDITIVA 3 1 1
VISUAL 4
MÚLTIPLA 1
TOTAL 2 1 15 2 3 1
24 Fonte: dados da pesquisa – 2014
E, culminando com este quadro 8, tem-se no ensino médio o maior público do PSAI. O
quantitativo de PcD com ensino médio corresponde a 74% (setenta e quatro porcento). Este
agrupamento é motivado pela formatação do programa, o qual tem um direcionamento mais
focado em uma formação técnica em nível médio.
Os dados acima facilitaram para a definição dos sujeitos da pesquisa, dentre os 17 (dezessete)
gestores, 24 (vinte e quatro) pessoas com deficiência e 8 (oito) profissionais da área de
recursos humanos, deu-se a seleção dos entrevistados pelo critério de acessibilidade. Além de
adotar o critério de acessibilidade, o pesquisador estabeleceu alguns parâmetros em relação
aos sujeitos.
Os critérios foram profissionais da área de recursos humanos lotados nos setores de
recrutamento e seleção e treinamento e desenvolvimento, gestores que tinham pelo menos um
subordinado com deficiência e, a PcD contratada a partir de 2011.
Desse total, foram entrevistados cinco profissionais da área de recursos humanos, pois esses
profissionais estão lotados nas duas áreas de interesse da pesquisa, recrutamento e seleção e
treinamento e desenvolvimento, para poder obter um maior rigor na leitura dos dados, 6 (seis)
gestores, sendo 1 (um) comum à área do RH. Quanto ao número de gestores entrevistados, a
partir do quarto, as respostas passaram a se repetir. Mesmo assim, foi postergado a mais três
pela mesma razão dos profissionais da área do RH, como também em função do
correspondente ao número de PcDs.
Por fim, foram 6 (seis) PcDs entrevistados. Procurou-se diversificar ao máximo os tipos de
deficiência para buscar visões diferenciadas, conforme a característica própria de cada tipo de
deficiência. Outro critério adotado foi o tempo de contratação, com no máximo três anos de
58
exercício, e por acessibilidade e disponibilidade do horário, pois alguns eram aprendizes e
com horário alternado e ter vinculo com o PSAI.
Então, de acordo com o critério, foram convidados 14 (quatorze) PcD, dos quais 10 (dez)
foram solícitos e os demais por motivo de horário e atividades externas não participaram da
pesquisa. Mesmo assim, não inviabilizaram a pesquisa, pois, a partir do quarto, já se podia dar
por satisfeito, devido à repetição das respostas. Ainda foram entrevistados mais dois, pois a
repetição havia acontecido com os deficientes auditivos. Para haver uma maior validade,
estendeu-se a mais duas PcD de tipos de deficiência diferente da auditiva.
A presente pesquisa teve a preocupação de restringir os sujeitos pesquisados em função dos
entrevistados estarem envolvidos no processo de educação e inclusão, gestores e profissionais
do recursos humanos e a PcD que tenham sido contratadas após participar ou estejam
participando do PSAI.
Para adequar e tornar este quantitativo de dados relevante ao atual estudo, considerou-se a
característica da pesquisa o fato de ser uma pesquisa qualitativa. Por apresentar esta
característica, o critério por saturação é o formato mais apropriado para se estabelecer ou
encerrar o estudo, não sendo necessário o prosseguimento de captação de novos sujeitos.
Para Flick (2009), o critério de saturação se dá quando não mais está havendo acréscimo aos
dados da pesquisa. Neste momento, o pesquisador, pela repetição contínua das informações,
pode interromper a coleta.
Ainda, segundo Fontanella, Ricas e Turato (2008), a saturação advém quando os dados
coletados começam a repetir-se, tornando-se redundante e não trazendo mais informações
relevantes para o entendimento daquele fenômeno.
Neste sentido, a pesquisa foi realizada com seis gestores, quatro profissionais da área de
recursos humanos e com seis pessoas com deficiência que possuem deficiência auditiva,
visual e física.
Após o detalhamento das razões que levaram à seleção dos sujeitos desta pesquisa, a seguir
apresenta-se o curso da técnica de coleta de dados.
3.5 Técnicas de coleta de dados
As técnicas empregadas no presente estudo, entrevista por pauta e coleta de dados
documentais, estão configuradas conforme a caracterização da pesquisa, por ser um estudo de
caso. As técnicas para coletada de dados, segundo Gil (2010), são múltiplas e isso faz com
59
que haja credibilidade quanto aos resultados e assegura uma análise profunda do estudo
conforme o contexto.
A opção pela entrevista por pauta teve com respaldo ser esta a mais adequada para estudos de
caso (Gil, 2010) e por permitir maior profundidade na obtenção de dados e pela condição do
entrevistado ficar livre para escolher a forma de construir a sua resposta e permitir ao
pesquisador, preencher lacunas do discurso por perguntas surgidas com base nas respostas dos
entrevistados (VERGARA, 2007).
Enfim, as entrevistas por pauta (APÊNDICE B) tiveram um roteiro para orientar a coleta de
dados relacionados a 3 (três) categorias: Contextualização dos termos Deficiência e Inclusão;
A contribuição do PSAI como processo inclusivo; Políticas de RH todas abalizadas para esta
pesquisa e de acordo com os marcos teóricos.
As entrevistas foram individuais, em profundidade e presencialmente com cada sujeito. Foram
gravadas em áudio e posteriormente transcritas.
Em relação à coleta de dados documentais, a forma utilizada foi de dados primários e
secundários. O acesso se deu em informações disponíveis no site da organização e
documentos de controle de pessoal.
Considerados os aspectos metodológicos de coleta dos dados deste estudo, no tópico seguinte,
explica-se o processo propriamente dito.
3.5.1 Procedimentos de coleta de dados
A partir dos critérios estabelecidos para escolha das unidades e pessoas a serem pesquisadas e
de posse dos instrumentos para realização da pesquisa, foi feito contato telefônico com os
gerentes de cada unidade, com a finalidade de definir data e horário, de melhor conveniência,
de forma a não interromper ou trazer algum problema para as rotinas de cada unidade.
Antes de iniciar, a pesquisa propriamente dita, foi realizado um pré-teste com o instrumento
de coleta de dados. A aplicação foi com um gestor de unidade e com uma PcD que não foi
incluído no estudo.
Nesse contato inicial, foi possível averiguar a estrutura do roteiro das entrevistas que iriam ser
realizadas.
Esse procedimento, o pré-teste, possibilitou ajustar e corrigir algumas questões do roteiro que
não eram suficientemente esclarecedoras, para a exploração dos objetivos propostos na
presente pesquisa.
60
Após a identificação e leitura das dificuldades encontradas na estrutura do roteiro das
entrevistas, foi retificado e reformulado o roteiro e, assim, procedeu-se à pesquisa junto aos
sujeitos da pesquisa. Ressalta-se que as pessoas que participaram do pré-teste não foram
consideradas na análise dos dados para a pesquisa em questão.
No decorrer do período compreendido entre 21/10/2014 a 19/12/2014 realizou-se a coleta de
dados para o desenvolvimento da pesquisa. Dentre o período supracitado, destaca-se o
período de 13/11/2014 a 19/12/2014 no qual foram realizadas as entrevistas. Torna-se
necessário evidenciar que, no transcurso do tempo da realização da coleta de dados, diversas
foram as dificuldades enfrentadas tais como: acesso aos documentos referente aos dados das
PcD e das unidades de lotação em virtude da auditoria da Delegacia Regional do Trabalho,
motivo pelo qual, em determinado momento, teve-se a suspensão da pesquisa documental e,
quanto às entrevistas, algumas foram remarcadas por indisponibilidade de agendamento para
alguns gestores e PcD.
Vale ressaltar que todo o processo de coleta de dados teve duração aproximada de 45
(quarenta e cinco) horas. A este tempo soma-se o período em espera para entrevista,
interrupção de entrevista, acesso a documentos e a transcrição das entrevistas (gravadas).
Os entrevistados foram convidados a participar da pesquisa, teve-se como parâmetro os
indicativos citados na seção da identificação dos sujeitos da pesquisa, e aceitaram por livre e
espontânea vontade.
Antes de iniciar cada entrevista, o pesquisador teve a preocupação de esclarecer a respeito do
tema central da entrevista, quando assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
(APÊNDICE A).
Diferente do locus da pesquisa que pode ser divulgado, aos entrevistados foi garantido o
anonimato, comunicando desde logo que os dados seriam apresentados de modo geral, sem
identificações.
As entrevistas foram gravadas após a concordância dos pesquisados, o que possibilitou o
registro literal e integral das informações, mantendo as respostas mais vivas na memória, o
que facilitou nas inferências, contextualização e análise dos dados. Apenas uma entrevista foi
descartada da análise, devido à dificuldade do entrevistado em expressar sua opinião, pois não
conseguia contextualizar as respostas e, quando respondia era em monossílabos.
Com relação à duração das entrevistas, estas totalizaram mais de 8 horas de gravação, que em
média duravam 30 minutos.
Foi realizada a transcrição das entrevistas e revisado pelo pesquisador, para a garantia de uma
transcrição fidedigna.
61
Com o intuito de manter uma ordem e uma forma organizada que demonstrasse a sequência
dos entrevistados, os arquivos das entrevistas na transcrição, foram adotados códigos para os
entrevistados, não identificando os sujeitos. O código foi composto pela letra ‘E’, que
significou ‘entrevistado’, na sequência, um algarismo cardinal (1 a 16), indicando a ordem em
que as pessoas foram sendo entrevistadas. Como exemplo temos, ‘E1’, ‘E2’, ‘E3’, e assim
sucessivamente até chegar ao último entrevistado ‘E16’.
Sobre a análise de documentos, praticamente foram utilizados os dados de registro do
departamento pessoal.
Finalizada a descrição da etapa metodológica de coleta de dados, a próxima seção, consiste
em abordar as técnicas de análise dos dados.
3.6 Técnicas de análise de dados
Devido ao quantitativo de informações, procurou-se desenvolver uma forma de análise que
auxiliasse a envolver o problema investigado que configurasse relações entre o referencial
teórico e o material empírico, de maneira a interpretá-lo com mais consistência. Para proceder
a esta interpretação, tomou-se como referência a análise de conteúdo proposta por Bardin, que
se define como:
um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (qualitativos ou não) que permitam a interferência de conhecimentos relativos às condições de produção (recepção/variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN,1977, p.42).
Na especificidade deste estudo, procurou-se compreender as acepções explícitas ou implícitas,
as opções e a intencionalidade existentes nos discursos dos gestores, profissionais da área de
RH e das PcD em relação à concepção do Programa SENAI de Ações Inclusivas no processo
de inclusão organizacional da pessoa com deficiência. Para isso, foi elaborado um plano de
análise seguindo as três fases do método estruturado por Bardin (1977): a pré-análise, a
exploração do material e a análise ou interpretação dos dados.
Na pré-análise, que é a de organização do material a ser analisado, foi realizado contato com a
temática, fazendo uma leitura geral dos documentos escolhidos para análise, de tal forma que,
uma “leitura flutuante” (BARDIN, 1977, p. 96) aos poucos, tornou-se mais objetiva e precisa.
Dentre os documentos escolhidos estão os dados a respeito ao PSAI, os dos procedimentos da
área do RH, as entrevistas realizadas com os sujeitos da pesquisa.
62
Já na segunda fase, exploração do material, foi procedida uma leitura mais aguçada,
perpassando, às vezes, por nova escuta, em função de o método escolhido ser o de entrevistas.
Neste momento, puderam-se assinalar os fragmentos, os quais despertaram interesse pela
relação com os objetivos da pesquisa. Após a identificação, deu-se pela organização
sistemática de todo material com o preparo para o tratamento dos resultados e interpretação,
utilizando-se da técnica da análise temática (BARDIN, 1977).
Como citado por Gil (2010) e Bardin (1977), ao sistematizar este processo, busca-se analisar
um texto observando a frequência nas respostas obtidas ou de sentidos. Neste caso, a
interpretação dos dados, em função de sua repetição, direcionou a formação de categorias
estabelecidas nos objetivos em estudo.
Enfim, classificar os elementos em categorias é agrupar os elementos conforme suas
similaridades (BARDIN, 1977).
Na terceira fase, análise ou interpretação dos dados, os parâmetros utilizados tiveram por base
os conteúdos cunhados na fase anterior, no sentido da especificação das categorias. Essa
especificação é baseada em sentidos de palavras e frases que ilustram comportamentos e
opiniões dos sujeitos investigados (BARDIN, 1977).
Não perdendo o foco e sendo coerente com as premissas da abordagem qualitativa e o uso de
suas especificidades como método de pesquisa, buscou-se nas narrativas seus significados
através de uma análise temática.
As falas foram recuperadas na forma de texto, escritas, tendo a preocupação em transformar a
linguagem informal em confissão escrita. Em todo o processo de “releitura”, teve-se a
prudência com a forma gramatical, suprimindo-se as repetições, gírias, de maneira a manter o
caráter pessoal das narrativas dos sujeitos.
Vale destacar que a transcrição das entrevistas com as pessoas com deficiência auditiva,
surdas, tiveram auxílio de uma interprete, a qual sempre conduzia a fala na terceira pessoa do
singular.
No decorrer das entrevistas, os sujeitos, principalmente as PcD, apresentaram-se em geral
com falas expressivas, denotando interesse em expor suas ideias e rememorar fatos relevantes
em sua história de vida. Em alguns momentos da entrevista observaram-se reações faciais de
cunho emocional ao relatar suas lembranças pessoais, como também irritações, indignações.
As entrevistas por pauta com os gestores, profissionais do RH e a PcD, serviram de base para
compreensão e análise dos dados desta pesquisa. Após a consumação das transcrições, e as
interpretações remeteram-se à fundamentação teórica, o que proporcionou a chegar, por meio
de inferências, ao significado daquilo que se encontra nos discursos manifestados ou
63
encobertos dos sujeitos da pesquisa e revelaram suas 42 concepções, crenças e significações
ao estudo aqui proposto (APÊNDICE D). As informações foram distribuídas pelas categorias,
organizadas de acordo com a fala dos sujeitos ao redor das seguintes temáticas:
Contextualização dos termos deficiência e inclusão; A Contribuição do Programa SENAI de
Ações Inclusivas como processo inclusivo; As Políticas de RH. Em cada uma das categorias
temáticas, foi organizada subcategorias para sistematizar os depoimentos, conforme quadro 9.
Quadro 9 - Quadro resumo das categorias e subcategorias
CATEGORIA I
Contextualização dos termos Deficiência e
Inclusão
CATEGORIA II
A contribuição do PSAI como processo inclusivo
CATEGORIA III
Políticas de RH
Subcategorias
1 - Deficiência
2 ´Inclusão
Subcategorias
1 - Contextualização do Programa
2 – Responsabilidade Social
3 – Qualificação
4 – A Pessoa com Deficiência
5 - Trabalho e oportunidades
Subcategorias
1 - Recrutamento e seleção e Treinamento e
desenvolvimento
2 - Lei das Cotas
3 - Conquistas e dificuldades
Fonte: elaborado pelo autor – 2014
Desta forma, a análise de conteúdo enriqueceu qualitativamente as inferências do discurso dos
sujeitos da pesquisa durante as entrevistas, entranhando em seus predicados mais distintos,
procurando retirar desse contexto elementos relevantes e que expressem credibilidade.
Para analisar os dados coletados neste trabalho, foram utilizados como referência os textos
transcritos das entrevistas com os sujeitos da pesquisa e as informações documentais obtidas
no site do SENAI e documentos fornecidos pelo departamento de pessoal.
Após descrever os procedimentos direcionadores da análise de dados, dá-se continuidade com
a apresentação dos limites e limitações no desenvolvimento do estudo.
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3.7 Limites e limitações da Pesquisa
3.7.1 Limites da Pesquisa
A pesquisa tem por finalidade analisar como o PSAI pode favorecer no processo de inclusão
da PcD, na percepção dos gestores, profissionais de recursos humanos e da pessoa com
deficiência.
Nessa perspectiva, não estão nos objetivos outras análises, como o nível de rotatividade.
Os limites definidos pelo pesquisador no que tange ao locus se dá pela caracterização dos
meios, estudo de caso, quanto aos sujeitos da pesquisa, ficou limitada a análise da percepção
dos gestores que têm como subordinados, no mínimo, um colaborador com deficiência
(visual, auditiva, física, intelectual e múltipla), os profissionais de recursos humanos
envolvidos diretamente no processo de recrutamento e seleção, treinamento e
desenvolvimento e a pessoa com deficiência contratada a partir de 2011.
3.7.2 Limitações da Pesquisa
O maior obstáculo encontrado foi o acesso aos documentos, com maior celeridade e
disponibilidade, o intervalo de tempo para realização das entrevistas teria sido abreviado.
Outra limitação encontrada diz respeito aos horários e locais para a realização das entrevistas.
Muitas vezes, os gestores estavam em reunião ou em viagem, o que consequentemente
proporcionava a remarcação da entrevista. No que se refere aos locais, algumas vezes, não foi
possível encontrar um local mais reservado para a realização da entrevista. Fato que inibiu
muitas vezes o aprofundamento dos relatos.
No entanto, apesar dos limites e limitações apresentados neste estudo, foi possível captar as
percepções dos gestores, profissionais da área de recursos humanos e da PcD acerca do PSAI,
em seu ambiente interno e o seu reflexo no mercado de trabalho.
Uma vez que foram apresentados os contornos metodológicos deste estudo, na próxima seção,
tem-se a análise e a discussão dos dados coletados.
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4 Análise dos dados
Nesta fase, após a leitura das entrevistas, passa-se a apresentar inferências realizadas por meio
de informações levantadas pela pesquisa tendo como referência os objetivos específicos
propostos. Este processo teve como consequência a delimitação de alguns recortes das falas
dos sujeitos desta pesquisa com o intuito de formar unidades relevantes para nossa
investigação e, definindo as prováveis categorias de análise.
A seguir, em primeiro momento é apresentado o programa SENAI de ações inclusivas, a
seguir o perfil, a análise e discussão das percepções dos sujeitos, pautada nas categorizações
com o intuito de obter as respostas para os objetivos específicos propostos para esta pesquisa.
4.1 Programa SENAI de Ações Inclusivas – PSAI 4.1.1 Um Breve histórico
Os primeiros passos em direção ao processo de inclusão começaram a ser dados em 1953, no
SENAI de São Paulo, onde foi criada uma comissão para estudar e planejar o aproveitamento
racional de pessoas cegas na indústria. Como os resultados foram positivos, o projeto foi
implantado sob o nome de Serviço de Adaptação Profissional de Cegos e durou de 1954 a
1994.
O SENAI, desde sua fundação em 1942, vem atendendo ao seu propósito de integralização
entre os campos da educação e do trabalho, preparando jovens e adultos para a vida produtiva
(PSAI, 2013).
Nota-se neste período as práticas vinculadas ao conceito de integração, pois só eram
selecionados os cegos com condições de se adaptar às necessidades da indústria. (PSAI, 2013)
A partir dessa iniciativa, o programa se estendeu para outras regionais do SENAI e mais
importante foi a disseminação da cultura da inclusão.
Esta prática remete-se ao modelo de integração social que segundo Sassaki (2010, p. 30)
“surgiu para derrubar a prática da exclusão social a que foram submetidas as pessoas com
deficiência por vários séculos”.
A partir deste movimento e em conformidade com o Decreto 3.298/99, que ratifica a Lei
7.853/89, e no Decreto 5.598, de 1º de dezembro de 2005, que regulamenta a contratação de
aprendizes com deficiência, sem limite máximo de idade, o SENAI inova em suas políticas.
De acordo com o seu propósito e para atender a legislação no que tange à inclusão de pessoas
com deficiência, o Departamento Nacional do SENAI por meio da Unidade de Educação
66
Profissional e Tecnológica instituiu o Projeto Nacional de Inclusão das Pessoas com
Necessidades Especiais – PNE, em 1999. A partir deste projeto, em 2004, o SENAI cria o
Programa SENAI de Ações Inclusivas – PSAI com uma concepção mais abrangente ao
projeto inicial e inclui a qualificação de outros públicos excluídos (SENAI, 2013).
Com a disseminação do programa para todos os Departamentos Nacionais do SENAI, o
Estado de Alagoas em 2002 deu início à implementação do PNE e desde 2007 mantém turmas
de aprendizes com deficiência.
O PSAI tornou-se uma diretriz e estratégia de todo o Sistema Indústria, tendo a inclusão,
como princípio educacional norteador das ações afirmativas (SENAI, 2013).
Com este programa percebe-se a evolução no pensamento e postura do SENAI ao tratar a PcD
não mais no modelo integracionista e sim no modelo inclusivista, o qual é preconizado por
Sassaki (2010) que faz menção a este modelo pelo valor empregado na diversidade humana e
contempla as diferenças.
A partir da demanda social, o SENAI/PSAI vem procurando contribuir na formação,
capacitação do chamado grupo de minoria para o mercado de trabalho. Além de preparar as
PcD, ele também foca na qualificação dos colaboradores do SENAI, pois assim a inclusão da
PcD é facilitada no ambiente organizacional.
Segundo publicação na página virtual do portal da indústria as PcD são capacitadas em
centros que atendem a todas condições de acessibilidade e contam com profissionais treinados
para cada tipo de deficiência. Os cursos são elaborados e pensados para favorecer o processo
de inclusão com material didático adequado a cada necessidade.
Outra possibilidade oferecida pelo PSAI às empresas é a adesão a uma política focada na
responsabilidade social, “ao formar outros segmentos de pessoas com necessidades
educacionais especiais como os jovens e adultos com transtornos globais e altas
habilidades/superdotação, com acesso aos cursos regulares do SENAI” (Site Portal da
Indústria).
Dentre as ações promovidas pelo PSAI, encontra-se a modalidade de formação de aprendizes,
com cursos direcionados para contribuir na qualificação e, consequentemente, para
contratação da PcD na condição de aprendiz. Com a PcD na organização como aprendiz,
pode ao final do processo ser contratada e fazer parte do seu quadro funcional devidamente
capacitada e qualificada para os objetivos organizacionais.
Essa modalidade é tratada de forma diferenciada em relação às pessoas sem deficiência, pois é
possível a contratação sem limite de idade (24 anos é o limite para ser contratado como
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aprendiz, caso não tenha deficiência). Desta forma, o processo de inclusão das PcD não fica
limitado à idade.
Com essas condições, as organizações estarão atendendo à legislação, contratando a PcD
primeiramente como aprendizes. E com isso ela preenche a cota para aprendizagem. Após
concluir o curso de aprendizagem, elas podem ser contratadas para preencher a cota das
pessoas com deficiência.
Nesta perspectiva, o PSAI pretende eliminar um dos grandes obstáculos para a inclusão, que é
a alegada baixa qualificação e a falta de experiência profissional.
Segundo o Guia Ações inclusivas (2008), isto está atrelado ao histórico da baixa escolaridade
e à falta de oportunidade de estarem no mercado de trabalho.
As organizações, para atenderem à legislação ou as instituições já consideradas inclusivas,
devem estabelecer critérios claros no processo de recrutamento e seleção. O que não pode
ocorrer são exigências diferenciadas de qualificação entre a PcD e a pessoa sem deficiência,
pois isto é crime conforme previsto no art. 8 º da Lei n. º 7.853/89, punível com reclusão de
um a quatro anos e multa.
Conforme o Guia Alagoas Inclusiva (2008),
se não se encontrar pessoas com deficiência para nenhuma das atividades desenvolvidas pela empresa, a melhor opção é identificar as que estão dentro do perfil desejado e tomar a iniciativa de profissionalizá-las. Diversas ONGs integrantes da Rede e o Sistema “S” dispõem de cursos profissionalizantes, que podem ser adaptados às necessidades da empresa. Essas entidades têm larga experiência quanto às necessidades e às ajudas técnicas para o melhor aproveitamento possível da pessoa com deficiência em sua capacitação (GUIA ALAGOAS INCLUSIVA, 2008, p. 38).
Contudo, apesar do Brasil dispor de uma das mais avançadas legislações mundiais de
proteção e apoio à pessoa com deficiência, ainda prevalece um vazio grande na sua aplicação
prática, ainda enraizada de preconceitos e barreiras à sua inclusão no mercado de trabalho
(MIRANDA, 2000).
É válido ressaltar a parceria entre o mercado e o SENAI, pois esta apresenta-se como
alternativa capaz de viabilizar a inclusão da pessoa portadora de deficiência através do
programa de educação profissional.
O movimento em favor da promoção de aproximar as entidades representativas das PcD, as
instituições de educação profissional, os empresários, os trabalhadores e o governo pode
constituir na possibilidade real da reabilitação e inclusão da pessoa com deficiência junto ao
sistema produtivo, como condição ao direito à cidadania (MIRANDA, 2000).
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Com esta ação, de integrar diversos segmentos, o que se espera é o fortalecimento da PcD em
relação a sua qualificação com vistas à empregabilidade e, consequentemente, estruturar as
organizações com políticas e práticas com viés da responsabilidade social e programas na
gestão de recursos humanos.
Em mais um tópico desta pesquisa, serão demonstrados os processos metodológicos
desenvolvidos para formação e capacitação da PcD voltada para o mercado de trabalho.
4.1.2 A Metodologia SENAI de Educação Profissional
A base desta metodologia está pautada no desenvolvimento de competência como pode ser
acompanhado a seguir:
a metodologia com base no desenvolvimento de competências tem demonstrado ser adequada para atender às exigências do mercado de trabalho. Apoiada nos princípios da interdisciplinaridade, da contextualização, no desenvolvimento de capacidades, no aprender a aprender, no integrar a teoria à prática e na afetividade, o docente desenvolve com o estudante uma prática pedagógica baseada em situações reais em que os conhecimentos científicos e técnicos, assim como as capacidades de gestão, se articulam, desenvolvendo dessa maneira, as competências que compõem o perfil profissional previsto (SENAI, 2012, p. 12).
Para o SENAI, competência é:
a capacidade pessoal de mobilizar, articular e colocar em ação conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho e pelo desenvolvimento tecnológico (SENAI, 2011, p. 27).
De acordo com o conceito adotado pelo SENAI em relação à competência, a perspectiva da
avaliação está compreendida como um processo de coleta de evidências sobre o desempenho
da PcD e tem como propósito o de construir um juízo em relação a sua formação para
atividade profissional, de forma a favorecer no alcance das competências requeridas (SENAI,
2012).
A avaliação deve ocorrer durante todo o processo de ensino-aprendizagem e perpassa por três
fases: a diagnóstica, a formativa e a somativa.
Dentro desta linha, a avaliação deve ser utilizada em prol da obtenção de resultados
qualitativos e sob a percepção de sua prática como um ato dinâmico e com o propósito de
auxiliar na tomada de decisão, visando o pleno desenvolvimento do PcD. (SENAI, 2012).
69
De acordo com essa concepção, a avaliação representa um grande desafio, principalmente em
relação a PcD. Consequentemente, a postura a ser adotada perante este processo, demanda
uma reflexão quanto ao desempenho da PcD sempre pautada em práticas educacionais e com
clareza dos critérios estabelecidos.
Na perspectiva de educação inclusiva, “a avaliação do desempenho escolar tem características
inversas àquelas das escolas tradicionais”: (SENAI, 2012, p. 14).
1 – as avaliações são contínuas (simultaneamente ao processo de aprendizagem e de ensino);
2 – baseadas em inúmeras fontes (para obtenção de informações sobre o desempenho dos
alunos);
3 – realimentativas (fornecem pistas para corrigir estratégias de ensino e de aprendizagem);
4 – includentes (objetivam manter incluídos os alunos na sua turma até o término da
escolarização).
Ao adotar a formação com os critérios de competência e utilizar a avaliação como processo de
desenvolvimento, o SENAI mediante esta prática pedagógica se habilita a desenvolver cursos
direcionados a PcD, pois estará assim proporcionando a igualdade de oportunidade de
aprendizagem e desenvolvimento de suas competências. Assim poderão aprender a aprender
construindo, desta forma, seus saberes com foco no mercado de trabalho.
A metodologia avaliativa do SENAI, amparada pela legislação, tem como parâmetro os
“aspectos qualitativos preponderantemente sobre os aspectos quantitativos” (SENAI, 2012, p.
22).
A base legal que ampara as ações são a Lei de Diretrizes e Base, Lei Federal nº 9.394/1996,
especificamente em seu artigo 42, onde esclarece:
as instituições de educação profissional e tecnológica, além de seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível de escolaridade (redação dada pela Lei Federal nº 11.741/2008).
O Decreto Federal nº 3.298/1999, conforme artigo 28, § 2º que dispõe:
as instituições públicas e privadas que ministram educação profissional deverão obrigatoriamente, oferecer cursos profissionalizantes de nível básico à pessoa portadora de deficiência, condicionando a matrícula à sua capacidade de aproveitamento e não no seu nível de escolaridade.
A Consolidação das Leis Trabalhistas, Decreto Lei nº 5.452/1943, artigo 428, § 6º, preconiza
que:
para os fins do contrato de aprendizagem, a comprovação da escolaridade de aprendiz portador de deficiência mental deve considerar, sobretudo, as
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habilidades e competências relacionadas com a profissionalização (parágrafo incluído pela Lei Federal nº 11.180 de 23 de setembro de 2005).
Por sua vez, o SENAI, antes de elaborar as atividades traça o perfil do PcD conforme as
categorias de deficiência e as suas especificidades de forma a afiançar os concernentes
recursos.
Dentre os aspectos a serem observados estão: os dados do educando referente à história de
vida social e escolar, e as áreas de desenvolvimento – cognitiva e socioafetiva – “estas áreas
estão diretamente relacionadas ao aprendizado das competências que compõem o perfil
profissional” (SENAI, 2012, p. 23).
Em relação aos aspectos a serem observados estão: (SENAI, 2012, p. 23)
1 – atenção e concentração;
2 – Nível de abstração (capacidade de representação ou simbolização);
3 – Nível de generalização (capacidade de fazer uso de determinado aprendizado em outros
contextos ou situações);
4 – Criatividade (capacidade de solucionar com êxito problemas ou realizar atividades de
formas diferenciadas, não convencionais);
5 – Participação nas atividades escolares (envolvimento);
6 – Envolvimento com os colegas e com o professor;
7 – Organização dos trabalhos e tarefas escolares; e
8 – Envolvimento com a família.
Após analise dos aspectos citados acima, pode-se estabelecer estratégias metodológicas, de
forma a adequar o processo de ensino-aprendizagem e avaliativo.
Enfim, para obter os resultados esperados, são sugeridas pela metodologia quatro grandes
etapas, conforme demonstrado no quadro 10:
71
Quadro 10 – Etapas da metodologia do PSAI 1ª Etapa – Sensibilização, mobilização e divulgação
1 – definição da equipe a ser envolvida no projeto com seus respectivos papéis;
2 – criação de mecanismos de mobilização e motivação para as unidades do SENAI;
3 – apresentação do projeto às instituições que trabalham com pessoas com deficiência,
ONGs e comunidade, destacando a importância de parcerias par seu desenvolvimento;
4 – composição do Grupo de Apoio Local;
5 – adequar o projeto às especificidades das áreas de atuação locais;
6 – divulgação do projeto entre órgãos representantes da comunidade;
7 – levantamento de experiências bem-sucedidas em processo de emprego e trabalho.
2º Etapa – Levantamento preliminar da situação : pessoas com deficiência – educação profissional e mercado de trabalho 1 – levantamento da oferta de mercado de trabalho para identificar o potencial de
empregabilidade da região;
2 – levantamento de demanda de pessoas com deficiência para inclusão no processo de
educação profissional e mercado de trabalho;
3 – adaptações didático-pedagógicas, relacionando-as ao potencial de empregabilidade da
região e às possibilidades de inclusão das pessoas com deficiência;
4 – identificar recursos humanos da unidade para atendimento de pessoas com deficiência.
3ª Etapa – Execução – 1º Momento
1 – definição da equipe a ser envolvida no projeto com seus respectivos papéis;
2 – capacitação dos recursos humanos das unidades, envolvidos no processo de educação
profissional da pessoa com deficiência;
3 – adequar a infraestrutura e adaptar os recursos didáticos pedagógicos visando ao acesso
e à permanência da pessoa com deficiência nos cursos do SENAI;
4 – identificação e viabilização das fontes de recursos e parcerias necessárias par
implantação do projeto.
4ª Etapa – Acompanhamento, avaliação e divulgação dos resultados
1 – acompanhamento e avaliação das experiências, visando à descrição e à análise dos
resultados;
2 – avaliação do projeto.
Fonte: SENAI (2012, p. 43-46)
72
Ao sugerir essas etapas, o programa tem como finalidade estabelecer um fluxo de ações que
proporcione uma relação entre o mercado, as instituições governamentais e não
governamentais e a pessoa com deficiência, de sorte que o objetivo principal, capacitar a PcD
para a inclusão no mercado de trabalho, seja atendida e em todos os seus aspectos.
Por fim, diante da estrutura metodológica pensada para fazer com que a PcD tenha um
diferencial competitivo, torna-se necessário que as organizações também criem suas políticas
de maneira a incluir os novos profissionais em seus ambientes laborais.
Diante dos fatos expostos a respeito do PSAI, pode-se observar que o SENAI, na formulação
do PSAI se aproxima do modelo inclusivista ao estabelecer novas práticas em seu ambiente
organizacional.
Percebe-se esta aproximação pela proposta metodológica do programa, onde tem a
competência como a raiz de todo o processo no favorecimento à PcD na inclusão no mercado
de trabalho.
Ao adotar os princípios metodológicos e implantar políticas e práticas de gestão de pessoas,
coerentes com o modelo inclusivista proposto por Sassaki (2010), é provável que a percepção
das pessoas inseridas neste ambiente, apresente esta mesma percepção inclusivista.
4.2 Perfil dos Entrevistados
Em relação aos sujeitos da pesquisa, estes estão distribuídos em diversas áreas
predominantemente nas gerências de unidades (ANEXO A), onde foram realizadas 11 (onze)
das 16 (dezesseis) entrevistas.
De acordo com o levantamento de dados junto a área de RH e pessoal, conforme APÊNDICE
F, é apresentado no quadro 11, o perfil dos entrevistados está representado no quaro 11 onde
pode-se observar o nível de escolaridade, formação educacional, gênero, se gestor e qual o
tipo de deficiência.
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Quadro 11 – Características dos entrevistados na pesquisa
Número do Entrevistado
Sexo Formação Idade Gestor
Tipo de Deficiência do
Entrevistado
Sim Não Físico Auditiva Visual
1 F Superior 46 x 2 F Superior 26 x 3 F Superior 43 x 4 F Superior 27 x 5 F Superior 49 x 6 M Ensino
Médio 28 x x
7 M Ensino Médio
40 x x
8 F Ensino Médio
42 x x
9 M Ensino Médio
24 x x
10 M Ensino Médio
31 x x
11 M Superior 29 x 12 M Superior 29 x 13 M Superior 36 x 14 M Ensino
Médio 40 x
15 M Ensino Médio Incompleto
18 x x
16 M Superior 27 x Fonte: dados da pesquisa – 2014
Como pode-se notar, a frequência maior é em relação ao gênero masculino; tem-se 63% do
gênero masculino e 37% do gênero feminino, mas fica evidente a evolução e participação da
mulher quanto à formação. Dentre os entrevistados com formação superior, oito, 63% são do
gênero feminino e 37% do masculino. Tem repetição de informações
Outro ponto a destacar é que a formação; Nesse cenário, é relevante para ocupar a condição
de gestor, prevalece ainda o gênero masculino na linha de liderança, 84% tem nível superior,
sendo 67% do gênero masculino.
A faixa etária dos entrevistados está entre 18 a 49 anos com 50% na faixa de 18 a 29 anos,
13% na faixa de 30 a 39 anos e 37% acima dos 40 anos.
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Quanto às pessoas com deficiência, o cenário só muda no que diz respeito à escolaridade, pois
nenhum dos entrevistados tem formação superior e, o tipo de deficiência prevalente foi a
auditiva.
Em relação às pessoas com deficiência, chama a atenção para o fato da idade, pois
apresentou-se duas pessoas acima dos 40 anos de idade. Então, pode-se inferir o olhar
diferenciado e direcionado para os conceitos da diversidade de forma ampla e não só em
determinado eixo.
Após a análise do perfil dos entrevistados seguem as percepções dos pesquisados.
4.3 Análise dos objetivos específicos
Nesta seção, tem-se por finalidade responder aos objetivos específicos em consonância com a
categorização, os quais materializam e esclarecem os dados obtidos em sua essência na
constituição do saber quanto à análise do objetivo geral, esquematizando e sustentando a base
real do trabalho aqui apresentado.
4.3.1 Identificar as concepções de deficiência e inclusão, dos gestores, dos profissionais de recursos humanos e da pessoa com deficiência
Pretende-se, aqui, responder o primeiro objetivo em relação aos constructos deficiência e
inclusão, pois, como descrito no objetivo específico, a proposta é de identificar junto aos
gestores, profissionais da área de recursos humanos e pessoas com deficiência como eles
percebem o conceito de deficiência e de inclusão.
Diante aos fatos, torna-se necessário abarcar os conceitos a respeito dos termos deficiência e
inclusão pela relação direta com o eixo deste trabalho.
Assim, seguem as percepções dos gestores, profissionais da área de recursos humanos e
pessoas com deficiência ao serem questionados sobre os termos deficiência e inclusão. As
respostas apresentam os mais variados significados, pois os pesquisados têm formações
diferenciadas e, dentre eles, a própria pessoa com deficiência, que vivencia o dia-a-dia de
preconceitos, principalmente sendo estereotipada como incapaz e improdutiva.
Neste sentido, pode-se verificar nos depoimentos dos pesquisados que há coerência em suas
falas, especificamente dos gestores e profissionais de RH, onde a visão a respeito de
75
deficiente é aquela pessoa que tem limitações e alguma dificuldade no exercício de suas
atividades.
Para as PcD, elas fizeram menção de como a sociedade as vê, por considerar a sua deficiência
só visível e nada que as torne incapazes.
Deficiência
Conforme Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada pelo
Decreto 6.949/2009, entende-se por deficiência aquela pessoa que apresenta “impedimentos
de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade
de condições com as demais pessoas.”
Nessa perspectiva, seguem abaixo depoimentos, que foram escritos respeitando a fala dos
mesmos, de alguns dos entrevistados referentes ao termo deficiência:
Gestores
Na verdade eu não gosto do termo deficiência. Acho que é um termo que não corresponde à realidade, porque todos nós temos uma deficiência. A deficiência quando você vê entende como uma insuficiência de fazer alguma coisa. (E1) Eu não encaro muito como deficiência. Acho deficiência uma palavra muito forte. Acho que eles têm limitações.(E11)
Profissional de RH
Todo mundo independente tem as suas limitações, e a deficiência são essas limitações. É como eu posso dizer de forma visível. São limitações de forma visível. (E4) Tudo de ruim que a pessoa pode ter, mas isso não impede que as pessoas trabalhem e tenham uma vida normal. (E5)
Pessoa com Deficiência
A pergunta é bem pertinente. Na minha consciência, o termo deficiência, as pessoas às vezes agregam isso a coitadinho, uma pessoa incapaz, que tem limites, lógico que tem a deficiência, tem a dificuldade, mas essa pessoa não quer dizer que ela é incapaz de fazer qualquer trabalho.. (E6) Deficiência é alguma coisa no seu físico que você tem problema, mas tem pessoas que acham por a gente. Tem essa deficiência, não tem capacidade, mas na realidade não é bem assim. (E8)
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Pelos depoimentos acima, fica evidenciado, na visão apresentada, que as pessoas com
deficiência são sujeitos com capacidades, como qualquer outra pessoa, com suas limitações
que qualquer indivíduo pode ter ou vir a ter, como a entrevistada 1 relata “Todos nós somos,
ninguém é perfeito. “
Segundo Amaral (1994), a questão da limitação não pode ficar restrita à maneira de se
observar a pessoa com deficiência em só realizar determinada atividade, reduzindo assim as
pessoas às suas deficiências, pois, ao enxergar desta forma, deixa de perceber as
potencialidades, e consequentemente, evitando a pessoa de participar de vários espaços
sociais e principalmente do mercado de trabalho.
Assim sendo, ao vencer o preconceito da deficiência e ao perceber que as limitações só são,
na sua maioria, em função de paradigmas e ao lidar diretamente com esta deficiência, começa
a desmistificar o conceito de não poderem estar convivendo naturalmente na sociedade.
Omote enfatiza:
a deficiência e a não deficiência fazem parte do mesmo quadro; fazem parte do mesmo tecido padrão. As pessoas deficientes, mesmo que sejam portadores de alguma incapacidade obviamente definida e constatável, não constituem exceções da normalidade, mas fazem parte integrante e indissociável da sociedade (OMOTE, 1994, p.69).
Então, independente de limitação ou incapacidade, a PcD deverá ocupar seu espaço em toda
sociedade e principalmente no mundo do trabalho.
Carvalho-Freitas e Marques (2007) fazem menção a um ponto de grande relevância. Não
basta enxergar a deficiência no que tange à sua identificação e trabalhar no sentido de
proporcionar um processo inclusivo satisfatório, analisar as condições oferecidas para o
exercício de suas atividades, pois essas condições estarão fortemente interligadas com a
pessoa com deficiência de forma a permitir a igualdade de oportunidades.
A partir dessa visão e os discursos dos entrevistados, nota-se a preocupação do SENAI em
desmistificar o pré-conceito em relação à ideia sobre deficiência como preparar as pessoas
para recebê-la com programas específicos liderados pelos profissionais da área de RH,
oferecendo as condições estruturais.
Estas situações podem ser observadas nas falas dos entrevistados E1 “a gente quando prepara
o pessoal da liderança, a gente prepara mostrando que ele vai tratar ele da mesma forma que
trata qualquer outra pessoa.” e do E11 “toda estrutura de acessibilidade já foi pensada antes
deles chegarem, desde 2010 já tinha toda esta estrutura e não tinha nenhum deles”.
Em relação ao conceito de deficiência, apesar das mais variadas formações, todos têm o
mesmo foco em que a PcD é capaz de exercer suas atividades e que o SENAI está a frente e
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em concordância com os autores como Sassaki (2010), Carvalho-Freitas e Marques (2009) ao
se antecipar no preparo do ambiente para recebê-los e por essas ações que, a PcD sente-se
bem e adaptado ao ambiente.
Inclusão
Em relação à temática da inclusão, fica evidenciado no discurso dos entrevistados a mesma
posição de Sassaki (2010) quando diz que a responsabilidade no processo de inclusão é da
sociedade. É ela que precisa se adequar às pessoas com deficiência, diferente da fase da
integração.
Segue os relatos que corroboram com Sassaki (2010). Gestores
Tentar fazer com que essas pessoas que têm uma certa deficiência, se sintam úteis. [...]Conseguir colocá-los no nosso dia a dia e saber que eles têm tanta capacidade com qualquer um de desempenhar qualquer função. (E11) Eu, sinceramente, em relação ao colaborador, a priori, já sabemos que teremos alguma dificuldade na execução de algumas atividades, porque inclusão para mim, não é simplesmente colocar o deficiente num setor, deixar ele parado e dizer que estou fazendo o papel de inclusão. (E13)
Profissionais de RH
Inclusão eu entendo que ela deve ser feita na essência da palavra realmente. Não é você, a inclusão não é você contratar a pessoa com deficiência. Acho que isto não é inclusão. Inclusão é você trazer esta pessoa e realmente ela se sentir inserida naquela instituição, naquele grupo social. Para mim, a inclusão é isto. (E1)
Pessoa com Deficiência
[...]A inclusão eu vejo como a parceria dos surdos, dos ouvintes qualquer pessoa com deficiência que possa se comunicar, possa se relacionar com outras pessoas. (E7)
A visão dos entrevistados demonstra a procura da materialização de uma relação mais
humanizada nas organizações, procedimento esse que engloba o social, mudando os
paradigmas arraigados na sociedade, abrindo portas para novas possibilidades diante do
convívio entre as pessoas, principalmente no que se refere ao ambiente organizacional.
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Seguindo esta ideia, Bahia e Schommer (2010) defendem que as empresas na atualidade
devem ter uma nova postura adotando em suas políticas o combate ao preconceito e
discriminação, oportunizando as pessoas tradicionalmente estigmatizadas, discriminadas ou
marginalizadas com trabalho e renda.
Quando se começa a expandir a visão a respeito do processo inclusivo, ou seja, entender que
não é só uma questão de aceitar a deficiência e percebê-la de forma igualitária, mas sim,
pensar como um todo, ou seja, além de aceitar a diferença é preciso saber recebê-la com as
devidas condições adequadas de estrutura, ergonomia para realmente incluir e respeitar estas
pessoas com todos seus direitos de cidadão, isto poderá fazer diferença.
Para Carvalho-Freitas (2007, p.61-62) “a possibilidade de inclusão das pessoas com
deficiência nos diversos espaços sociais, tendo como pressupostos a adaptação da sociedade e
a inclusão das pessoas com deficiência a partir de suas potencialidades”.
As autoras Serrano e Brunstein (2011) enfatizam que a dificuldade para incluir a PcD e de
oportunizar a sua progressão na empresa, perpassa pela falta de preparo do ambiente
corporativo e da falta de reconhecer as capacidades laborativas da PcD.
Diante das perspectivas citadas por Sassaki (2010), Bahia e Schommer (2010), Carvalho-
Freitas (2007) e Serrano e Brustein (2011) e pelas falas dos entrevistados E1, E7, E11 e E13
pode-se analisar que é esta perspectiva que o SENAI, ao utilizar o PSAI no seu processo de
inclusão, vem transformando em realidade a possibilidade para muitas PcD de estarem no
mercado de trabalho e serem respeitadas.
Para enfatizar a atenção e preocupação com o processo de inclusão, segue a fala da E1 “Eles
juntaram o material e passou este material para o serviço social e eles passaram, fizeram umas
palestras de preparação em todas as áreas para receber estas pessoas com deficiência”
No que tange à inclusão, percebe-se que há um alinhamento na forma de entender o conceito
em sua concepção total para todos os sujeitos entrevistados e os autores citados, pois a
importância e atenção dispensada para fazer e acontecer, nas unidades pesquisadas, fica
perceptivo nas explanações apresentadas neste trabalho.
Quanto ao PSAI e as influências no processo de inclusão serão discutidos na próxima seção
que irá tratar do segundo objetivo deste trabalho que verifica a percepção em relação ao
Programa SENAI de Ações Inclusivas, dos gestores, dos profissionais de recursos humanos e
da pessoa com deficiência.
Em continuidade, a análise na próxima seção abordará a segunda categoria, a contribuição do
PSAI como processo inclusivo e as subcategorias 1 - Contextualização do Programa; 2 –
79
Responsabilidade Social, 3 – Qualificação 4 – A Pessoa com Deficiência e 5 – Trabalho e
oportunidade.
4.3.2 Verificar a percepção dos gestores, dos profissionais de recursos humanos e da
pessoa com deficiência em relação ao Programa SENAI de Ações Inclusivas
Com o advento da Lei nº 7.853/1989 que dispõe sobre a Política Nacional para integração da
Pessoa Portadora de Deficiência, a Lei nº 8.213/1991 que dispõe sobre a obrigatoriedade da
indústria contratar de 2% a 5% em seu quadro pessoas com deficiência e o Decreto nº
5.598/2005 que regula a contratação de aprendizes, dentre outras, criam–se formas de
impulsionar mudanças no mercado de trabalho, favorecendo significativamente novas
oportunidades para as pessoas com deficiência.
Sendo o SENAI, o principal parceiro do ramo industrial e o grande responsável pela formação
e capacitação de mão de obra qualificada para atender à demanda industrial e com sua
expertise em atividades educacionais, tem fomentado e desenvolvido políticas e práticas para
a inclusão das pessoas com deficiência. (SENAI/DN, 2012)
Contextualização do Programa
Dentre essas políticas, encontra-se o Programa SENAI de Ações Inclusivas, coordenado pelo
SENAI – Departamento Nacional e desenvolvido nos Departamentos Regionais. Tem por
objetivo incluir, nos cursos do SENAI, pessoas com necessidades educacionais especiais
(deficientes/condutas típicas e altas habilidades), ampliando assim as suas possibilidades de
inserção e permanência no mercado de trabalho (SENAI/DN, 2010).
Diante destas premissas e pela efetiva participação da Assessoria de Educação do SENAI-
Alagoas, responsável direto pelo PSAI em Alagoas no processo de formação e capacitação da
PcD, e pela parceria com a Área de RH e Pessoal na implantação de políticas e práticas para
inclusão das pessoas com deficiência, relatos dos entrevistados E11, E1 e E7, vêm ratificar a
importância do PSAI nas ações desenvolvidas nas unidades do SENAI-Alagoas.
Gestores
Então, a gente formando essas turmas, dando condições deles trabalharem aqui e desempenhar as suas funções administrativas, secretaria, independente de onde for. A gente pode mostrar também para a indústria que é o nosso cliente principal, que eles também podem exercer essa função lá(sic).(E11)
80
Profissionais de RH Então, o pessoal do serviço social e junto com o programa da Nívea, o PSAI.. [...] Agora o SENAI sempre teve esta política do PSAI é antiga junto com os alunos, com a comunidade e tal. (E1)
Pessoa com Deficiência
É bom facilita, abre oportunidade e, para que as pessoas possam fazer o estágio, e as pessoas que tem o perfil são contratadas. Tudo que eu aprendi, a gente coloca em prática. Já sei de tudo. (E7).
Pode-se observar pelos depoimentos que a percepção da importância para o contexto
organizacional tem trazido bons reflexos para a políticas e práticas institucionais.
Vale enfatizar que “o processo de inclusão social das pessoas com deficiência pela
qualificação profissional proporciona ao SENAI o reconhecimento da indústria, do Estado e
da sociedade” (SENAI, 2013, P. 47).
Este reconhecimento é ratificado pelos entrevistados E12, E1, E8, E9 e E10 da pesquisa, ao
relatar sobre a satisfação de estar participando do programa como aprendiz e pelos já
contratados após aprovação em todos os níveis do programa. E, não só eles, como os gestores
e profissionais da área de RH que veem o programa como um grande aliado para o processo
de inclusão com profissionais qualificados a exercer as atividades para as quais foram
contratados.
Gestores
O PSAI hoje ele tá, vamos dizer, num ranking, ele tá (sic) como um dos lados mais forte da inclusão da escola, porque o PSAI busca essas pessoas que são pessoas com deficiência, que têm alguma dificuldade buscar o incentivo de melhoria, mas eu vejo como o PSAI hoje, um futuro, uma porta aberta para essas pessoas. (E12)
Profissionais de RH
[...]até mesmo a metodologia do SENAI, por competência, o aluno sai não só com a parte técnica, mas tem a parte da cidadania, sabe seu dever, seu papel, ele sai daqui aprendendo isso. O que ele é, o que pode ser, onde pode chegar, isto é muito importante também diferencial do curso. (E1)
Pessoas com Deficiência
Já trabalhei antes, não pelo programa, mas no SENAI pelo curso de auxiliar administrativo. O programa dá muita oportunidade para as pessoas com deficiência e eu tive oportunidade pelo SENAI. (E8)
81
O curso de auxiliar administrativo me favoreceu bastante, me ajudou bastante na parte administrativa que a gente trabalha aqui no SENAI e continua me ajudando. (E9) Este programa foi diferenciado para mim, porque eu já tinha passado por outras empresas e já tinha trabalhado em alguns locais, não nessa minha área e nunca imaginava entrar numa área como eu estou hoje em dia. (E10)
Com isto, esta instituição torna-se “provedora de solução para a questão do atendimento ao
preenchimento às cotas legais e pela efetividade do conceito de Responsabilidade Social”
(SENAI, 2013, p.47).
Responsabilidade Social
Em relação ao conceito de Responsabilidade Social, a visão dos entrevistados segue a mesma
de Bahia (2006) que coloca a responsabilidade social como uma prática da valorização da
diversidade dentro das organizações no sentido de desenvolver ações voltadas para as
minorias e ainda ressalta, não satisfaz apenas contratar para cumprir a legislação, mas é
preciso proporcionar oportunidades para que desenvolva suas habilidades e continue na
empresa atendendo aos critérios de produtividade estabelecidos.
Observa-se nos depoimentos, o alinhamento das ações promovidas pelo SENAI e a autora
Bahia (2006)
Gestores
O programa tem proporcionado diferenciais competitivos. Nós, a nível nacional temos nos destacados na olimpíada do conhecimento. Fomos prata com a Fabrícia em TI , o Douglas deficiente visual também trouxe uma medalha, o Joseildo foi contratado pelo SENAI e hoje é nosso instrutor na área têxtil e vestuário, tirou 3º lugar. (E13) [...] Através desse projeto, também o PSAI, não só o SENAI, mas hoje em dia outras empresas também o SENAI também encaminha para outras empresas para.. (E14)
Profissionais de RH
Como eu digo a você. A gente usa como responsabilidade social. A gente não quer usar como política de obrigatoriedade legal. Aí a gente pegou justamente estes casos de deficiência intelectual (E1)
Pessoas com Deficiência
Eu sabia que o curso fazia parte do PSAI. É um trabalho ótimo que ajuda a contribuir para esta parte social. Depois de dois anos eu vejo o trabalho que eles facilitam esta visualização da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. (E6)
82
Ainda no que tange a Responsabilidade Social, Monteiro et al.(2011) fazem a seguinte
ponderação: a partir do momento que a empresa adota o modelo de gestão baseado na
Responsabilidade Social Empresarial, eliminando barreiras, aumenta a possibilidade de
inclusão e melhoria na produtividade em toda organização, mas isto só será possível se houver
uma mudança de atitude em relação às minorias.
Em relação a esta atitude, citada por Monteiro et al (2011), a E1 faz menção a condição
quando relata a forma de tratar a PcD: “Você nem pode discriminar e nem você pode proteger
demais e é, mas, vou dar uma coisinha mais leve aqui, mais suave porque é uma pessoa com
deficiência. Não, ele vai ser tratado como um profissional normal.”
Como também a E2 descreve a eliminação de barreiras quando o RH proporciona ações para
minimizar a distância entre o deficiente auditivo e o não-deficiente. “Não, todos participam
dos treinamentos. Levamos interpretes para as pessoas surdas e adequam algumas situações.”
Outra demonstração do programa em estar sintonizado com o entendimento trazido por Bahia
(2006) e Monteiro et al. (2011) é o relato da E12: “Já tivemos curso com pessoas com
deficiência aqui na área de costura e tivemos turma mista que, na turma mista, foi onde elas se
sobressaíram muito bem porque se sentiram iguais a todo mundo e até vi um esforço maior
deles. Então foi uma coisa assim, é incrível, né(sic).” Com esta atitude, de turmas mistas, fica
evidenciada que eles são diferentes, mas capazes de estarem num mesmo ambiente e de serem
tratados com igualdade desde a sua formação.
Qualificação
É nesta linha que o SENAI, ao criar um programa como o PSAI, vem fortalecendo o processo
de qualificação de pessoas com deficiência com o objetivo de atender as demandas oriundas
das indústrias e de sua própria necessidade.
Gestores
[...]na secretaria tem dois deficientes auditivos; A única coisa que eles não fazem é atender, mas de resto, parte do sistema, tudo isso, eles conseguem desempenhar normalmente, como já vêm qualificados e preparados a gente não precisa fazer um treinamento específico.(E11) Ele proporciona esta qualificação para os deficientes. Porem, os próprios deficientes não dão o valor necessário para esta qualificação. [...]O quantitativo de pessoas, acho que mais de 100 pessoas são qualificadas[...].(E13)
83
Profissionais de RH
Vejo diferença, contribui, pois já pega a pessoa com uma bagagem um preparo para o mercado de trabalho. [...]Já começam a vir com diferencial, por causa do curso. (E2) [...]Isto é um ganho. Para mim o maior ganho, além da inclusão, obviamente, é a qualificação. (E4) Ele qualifica as pessoas deficientes para que eles trabalhem na indústria e acho que não só na indústria como em qualquer emprego. (E5)
Pessoas com deficiência
O programa dá um diferencial sim, me deixa mais é, aberto com uma visão até para outros tipos de emprego, [...].(E10) Eu acho que o programa qualifica, até porque eu aprendi muito. O programa interferiu muito, me ajudou a ter a função que eu tenho hoje. (E8)
A questão da qualificação é um dos pontos polêmicos do processo de inclusão, pois, como
divulgado pelo Instituto Ethos (2010), a falta de qualificação é o principal motivo pela não
contratação da PcD.
Nota-se que a falta de qualificação não era para ser um inibidor para inclusão da PcD no
mercado de trabalho, pois como apresentado, o PSAI é um exemplo para os mais diversos
segmentos.
De acordo com a finalidade do PSAI, a qualificação para o grupo de minoria não seria mais
impeditivo, tendo em vista os resultados de satisfação mencionados pelos entrevistados.
Nesta seção pôde-se inferir que o PSAI é um programa desenvolvido para atender a uma
lacuna na área de educação profissional e, ao mesmo tempo, podendo solucionar o problema
da Lei de Cotas.
Com a educação profissional, ela oportuniza à PcD a poder entrar no mercado de trabalho
com um diferencial competitivo e, consequentemente, as organizações são beneficiadas, pois
terão pessoas qualificadas para as suas demandas.
O nível de satisfação das pessoas envolvidas neste estudo e a correlação com os conceitos
destacados direcionam para inferir que o programa vem atendendo às expectativas das
pessoas com deficiência e ajudando a formatar políticas de RH nas organizações no que tange
a responsabilidade social e a inclusão da PcD.
Nas subcategorias a seguir preocupou-se focar como a PcD participa e as influências no
ambiente do trabalho e as oportunidades futuras de cunho pessoal e profissional.
84
A Pessoa com Deficiência
Inicialmente, vale relembrar os conceitos em função do modelo médico e o modelo inclusivo.
Para Fletcher (1996) a deficiência era vista no modelo médico como “um “problema” do
indivíduo e, por isso, o próprio indivíduo teria de se adaptar à sociedade ou ele teria de ser
mudado por profissionais através da reabilitação ou cura.” (FLETCHER, 1996, p. 7)
Nesse sentido Sassaki (2010), analisando o modelo médico percebe a pessoa com deficiência
aquela que precisa ser curada, tratada, reabilitada e que deve se adaptar a sociedade. O autor
aponta este modelo como “responsável, em parte, pela resistência da sociedade em aceitar a
necessidade de mudar suas estruturas e atitudes para incluir em seu seio as pessoas com
deficiência...” (SASSAKI, 2010, p. 29)
Bahia (2006), caracteriza o modelo médico “principalmente, pela “obrigatoriedade” de
adaptação do indivíduo com deficiência à sociedade” (Bahia, 2006, p. 22).
Por outro lado, esse modelo deu início à mobilização da sociedade e familiares, pois, foi a
partir do modelo médico que houve uma ruptura no trato com a pessoa com deficiência que
antigamente a postura era de eliminação, de segregação ou discriminação (SENAI, 2013).
Apesar dos avanços, permanece ecoando em nossa sociedade o modelo médico, pois as
pessoas confundem deficiência com doença.
Segundo SENAI (2013), a participação da família é fundamental nesse momento, pois com a
sinalização da possibilidade de “cura”, a família passa a ter novas expectativas e esperança de
reabilitação, com apoio de instituições criadas para dar assistência a PcD.
Com esse movimento, modelo médico, surge uma nova postura da sociedade, principalmente
da família que passa a “defender os direitos de seus filhos e não mais escondê-lo” (SENAI,
2013, p. 37).
Para Sassaki (2010), começa a surgir um novo cenário, o da integração, que para ele vem
derrubar a prática da exclusão social pelo qual a PcD conviveu por muito tempo, mas mesmo
assim não atende por completo as necessidades das PcD.
Quando Saassaki (2010) se refere a não atender por completo, é porque a sociedade tem como
postura aguardar pela atitude da PcD. Ela está disposta a inseri-la, mas “desde que ela esteja
de alguma forma capacitada a superar as barreiras físicas, programáticas e atitudinais nela
existente” (SASSAKI, 2010, p. 33).
O movimento da integração social, fez fomentar na sociedade uma discussão sobre as
possibilidades e oportunidades indicadas por Leis e Decretos em favor da PcD.
85
Nessa perspectiva, surge o modelo social de inclusão que, para Sassaki (2010), está associado
diretamente ao “processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas
sociais e gerais, pessoas com deficiência (além de outras) e, simultaneamente, estas se
preparam para assumir seus papéis na sociedade.” (SASSAKI, 2010, p. 39)
A seguir tem-se os depoimentos com destaques para importância da atuação da família e da
participação do PcD no ambiente de trabalho, como por exemplo, do entrevistado E11,
Eu cito muito para o pessoal o comprometimento deles, porque assim, eu não vejo eles faltando ou dando desculpa para sair mais cedo ou deixar de vir trabalhar muitas vezes. Eu chego, todos os três já estão aqui(sic). Para mim é um exemplo. Porque o comprometimento deles muitos não tem. A gente em reunião cita isto como um bom exemplo.
e da importância da família no processo de inclusão do E1, E2 e E16.
Quanto ao tipo de deficiência, ela não influencia no comprometimento é muito a questão cultural. É muita a forma, tudo parte da forma de como ele foi criado. Aqueles que batalharam tiveram apoio da família e a família assumiu a deficiência. (E1) Então é muito mais cultural, familiar também. Se a pessoa tiver sendo incluída e vier de uma família que estimula ela e a tem num grau de independência dentro das suas limitações que estimula ela. Ela vai conseguir se inserir melhor do que uma família que vitimiza aquela pessoa que a considera incapaz.(E2) ]No contexto familiar não houve o incentivo você pode perceber. Aí que provavelmente não é uma questão de limitação é uma questão de personalidade também, mas muito do incentivo. (E16)
Essa influência da família no comportamento e na própria personalidade está relacionada aos
modelos sugeridos por Sassaki (2010), onde o modelo médico tinha como ênfase o cuidado
por terceiro e a PcD era incapaz e isentos de deveres e esse modelo leva a sociedade em
resistir em aceitar a necessidade de mudar suas estruturas e atitudes para incluir a PcD.
Com o passar do tempo tem-se a fase de integração social na qual são incorporados os
princípios dos direitos humanos e consequentemente a participação da família em maior grau
nas ações de defender ao invés de esconder seus filhos.
Diante desse contexto, a família ganha destaque e, nos depoimentos abaixo vem corroborar
com os modelos citados por Sassaki (2010) e SENAI (2013), principalmente quanto a
influência da família na formação e personalidade. Percebe-se pela visão histórica, que a
família que acompanhou e conseguiu enxergar os novos paradigmas, favoreceu à PcD fazendo
com que pudesse de forma independente e autônoma buscar seu espaço na sociedade. Já
86
aquelas famílias que não acompanharam o processo evolutivo dos modelos “penalizaram”
seus filhos, “escondendo-os” e “aleijando-os” de maiores possibilidades em suas vidas.
Para os entrevistados, o papel da família tem grande importância no processo de inclusão e
comprova com a visão dos modelos citados em relação ao caráter assumido pela família em
apoio a PcD, e ao adotar esse comportamento, só vem a favorecer na superação das
desconfianças e discriminações.
Vale salientar que a relação com família não está definido como prática estruturante do
programa, mas pelos depoimentos, pode-se notar a preocupação de promover a aproximação
com a família para o melhor aproveitamento e desenvolvimento da PcD em suas atividades
profissionais.
Trabalho e oportunidades
Para configurar o cenário de independência e autonomia, relacionam-se abaixo novas falas
das pessoas com deficiência a respeito das percepções e perspectivas na condução de suas
vidas.
Eu gosto muito de trabalhar aqui, e quero continuar aqui. Se acontecer do SENAI me colocar para fora. Eu já tenho outro foco, eu já tenho máquina de costura em casa, eu trabalho com costura. Então, eu sempre penso nisso para meu futuro. Não ficar parado, sem outra profissão, sem ter o que fazer.(E7) Eu vejo que a visão do SENAI é muito ampliada na área como essa, com deficiência. Eles ajudam bastante, eles dão esta oportunidade. Agregam valor ao funcionário com deficiência.(E6) Gostaria de crescer mais pelo curso que fiz e quero fazer faculdade (E8). Ficar no SENAI, o que me motiva principalmente pela comunicação. Agora com a interprete, facilita bastante o nosso trabalho. Não gera mais questões de dúvida, as dúvidas são sempre esclarecidas. (E9) Eu fico aqui porque aqui foi um lugar que o pessoal me acolheu, me deu um bom trabalho, me deu uma área para trabalhar e o pessoal todinho se ajuda.. (E10)
Como observado, elas têm suas opiniões estruturadas na perspectiva de crescer, nas condições
oferecidas para trabalhar e acrescenta-se a esta perspectiva a opinião em relação as políticas
assistencialistas, como nos relatos a seguir.
Prefiro trabalhar, não gosto de ficar em casa. Eu acredito, no caso que este benefício (BPC) ela faz com que as pessoas fiquem preguiçosos, relaxadas. [...] ter uma vida social, ter meu próprio salário e meus amigos que sempre encontro eu digo a eles. Não queira.(E6)
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Então, eu trabalho aqui bem, me sinto satisfeito de estar aqui.[...] Acredito sim que a empresa facilita, isso faz com que a gente se conscientize dessa necessidade de ter essa segurança, com nossa saúde, com todos os benefícios que a empresa oferece. Eu acredito que isso ajuda bastante e eu me sinto motivado. (E7) Não gostaria de receber o benefício (BPC), quero trabalhar e continuar trabalhando. Trabalho desde os 16 anos e até hoje. (E9) Não, porque eu não me sinto incapaz. Este benefício(BPC) está mostrando para pessoas que tem suas limitações, [...] Isto vai mostrar para si mesmo e para sociedade que está ao seu redor parecer que você já é uma incapacidade de fazer alguma atividade. (E10)
Se não tivessem a possibilidade de terem sido incluídos, se a família “fechasse” os olhos,
provavelmente não estariam expondo as suas percepções da importância do trabalho para eles.
O PSAI consegue atender a sua finalidade e contribuir para o desenvolvimento das pessoas
com deficiência e, proporcionar mudanças nas políticas e práticas de RH das organizações,
como poderá ser visto a seguir na seção do terceiro objetivo deste trabalho.
4.3.3 Verificar a percepção dos gestores, dos profissionais de recursos humanos e da pessoa com deficiência no processo de inclusão na organização em relação as políticas e práticas da gestão de pessoas: benefícios, relacionamento interpessoal, diferenças de produtividade, discriminação
Em decorrência das diversas legislações voltadas para promover a inclusão das pessoas com
deficiência e de organizações com princípios inclusivistas, tem-se um novo cenário, no qual
vem provocando e promovendo mudanças nas atitudes e comportamentos da condução de
políticas e práticas no processo de captar, desenvolver e reter o capital humano.
Para Cunha, Cornachione Jr e Martins
a chave da teoria do capital humano é o conceito de que a aquisição de mais conhecimentos e habilidades aumenta o valor do capital humano das pessoas, aumentando sua empregabilidade, produtividade e rendimento potencial (CUNHA, CORNACHIONE Jr e MARTINS, 2010, p. 536).
Partindo desse princípio onde repousa a relevância da aquisição do conhecimento e de
habilidades, o SENAI vem trabalhando essas vertentes ao implantar o PSAI junto as políticas
de RH e em especial no processo de recrutamento e seleção e de treinamento e
desenvolvimento. Fatos já demonstrados em falas anteriores e que será abordado em novas
falas dos entrevistados dessa pesquisa.
Para Snell e Bohalender (2011), o recrutamento é o processo de localizar pessoas que
apresentem competências e habilidades para trabalhar em determinada organização e desperte
88
interesse pela vaga em aberto e a seleção é o processo de escolha pela qualificação desejada
ao preenchimento da vaga.
O processo desenvolvido pelo SENAI no recrutamento e seleção da PcD é realizado de duas
formas, uma com recrutamento direto no mercado de trabalho e a outra pelo PSAI.
Ele entende que pelo PSAI, o recrutamento é direcionado para uma determinada atividade e se
torna mais demorado, em razão do processo e metodologia implementada na formação e
qualificação profissional.
Como o propósito desse trabalho não é comparar as formas de contratação, não houve relatos
e nem direcionamento nas entrevistas nesse sentido, mas a entrevistada E2, profissional do
Rh, mencionou a respeito. “Para turma de aprendiz que é só com pessoas com deficiência, a
gente divulga as vagas, isto é, para cada dois anos. [...]Quando a gente divulga as vagas, em
todos os editais, a gente diz que a empresa trabalha com pessoas com deficiência, a gente
recebe currículos de pessoas com deficiência, fora do programa, que participam de uma
seleção mista.”
Recrutamento e seleção
Gestores
Então, acho que há um acompanhamento bem significativo entre RH hoje e os gestores que estão recorrendo ao RH e o movimento do PSAI. (E16) Eu sinceramente em relação ao colaborador a priori já sabemos que teremos alguma dificuldade na execução de algumas atividades[...] (E13)
Profissionais de RH
Alguns saíram antes mesmo de começar, pois como aprendiz receberiam menos que o benefício de prestação continuada e não quiseram arriscar.[E2] Para lhe ser sincero, natural não foi, mas de primeiro momento assim a gente sente as pessoas meio receosas, como vou lidar com esta situação.(E4)
Pessoas com deficiência
Foi aberto, eu estava na casa de um amigo meu na época. Estava desempregado. Eu tive a informação que ia haver isso. Na realidade, ele me mostrou através de jornal e falou para mim que estava tendo este curso.[E10]
Percebe-se nas falas acima, a preocupação com o processo de recrutamento e seleção, apesar
das várias formas de recrutamento adotadas pelo SENAI e dos procedimentos estarem de
acordo com a visão dos autores Cunha, Cornachione Jr e Martins (2010) e Snell e Bohlander
89
(2011) no que diz respeito da aquisição de conhecimento, temos nesse sentido o PSAI, e na
oferta de vaga ao público em geral.
Nesse sentido, tem a fala de E2, onde pode-se observar que no decorrer do processo de
recrutamento e seleção o que predomina são as competências. “a adaptação de acordo com as
competências e as necessidades do setor.”, o que vem a corroborar com Snell e Bohlander
quanto ao processo de seleção.
Em relação as falas de E13 e E4 que demonstram o receio das pessoas e a desconfiança
quanto a efetiva realização de atividades pela PcD, o que pode-se observar são ações
empregadas junto aos funcionários na perspectiva de capacitar, treinar, sensibilizar a todos,
como poderá ser visto nos discursos sobre as políticas e práticas de treinamento e
desenvolvimento.
Outro ponto a destacar está também na fala de E2, apesar de todo trabalho de conscientização
e de oportunidades para a PcD, existe a concorrência direta com políticas governamentais
como o Benefício de Prestação Continuada - BPC, o que ainda pesa na decisão da PcD querer
vir para o mercado de trabalho.
A seguir será tratada a subcategoria treinamento e desenvolvimento
Treinamento e desenvolvimento
Essa política tem por finalidade desenvolver e fortalecer as competências e estimular o
aprendizado. (SNELL E BOHLANDER, 2011)
O SENAI e o PSAI de forma integrada vêm trabalhando em conjunto e buscando atender a
perspectiva citada acima.
No processo deflagrado pelo PSAI, quando da contratação e seleção, a preocupação está em
selecionar pessoas com o perfil para as atividades que irão executar e, desde o início, são
aplicadas práticas voltadas para capacitar e desenvolver as competências necessárias ao
exercício da função nessa perspectiva e, pode-se considerar como uma fase do treinamento e
desenvolvimento.
Segundo Nambu (2003), a PcD deve o quanto antes conviver com os demais funcionários,
participando dos treinamentos e desenvolvimento, o que se faz necessário é adaptar o
ambiente em função de sua deficiência, se auditiva ter um intérprete e visual material em
braile, se física espaços para mobilidade.
90
Nessa perspectiva, pode-se identificar que alguns movimentos estão sendo realizados pelo
SENAI, com o PSAI integrando desde o início do processo de formação com o conteúdo
teórico sendo ministrado para uma turma heterogênea.
Fato esse, evidenciado na fala do E16, [...]os programas de aprendizagem que eram nossos
exclusivamente para pessoas com deficiência, não são mais [...]Então eu preciso incluir as
pessoas com deficiência e isso significa colocá-los nas mesmas condições. Junto com pessoas
que não tem essas deficiências, as turmas passam a ser mistas.
Com esta atitude, mostra-se a mudança de comportamento e adaptação aos preceitos
defendidos pelos autores Snell e Bohlander (2011) e Nambu (2003). A possibilidade de
agregar valores às pessoas com deficiências e as “sem” deficiências pode-se estar fomentando
para num futuro próximo, uma sociedade com novos valores.
Nos depoimentos a seguir, evidenciam-se os processos voltados para o treinamento e
desenvolvimento pela empresa em estudo.
Gestores
Toda vez que entra uma nova turma com pessoa com deficiência, a gente traz esta palestra, esta preparação dos gestores. Às vezes, não só o gestor, a gente também chama as pessoas que a gente já sabe mais ou menos que área eles vão entrar ou de uma forma diversificada em cada unidade. (E1) Quando você trás o aluno para parte prática.[...] Na realidade, na prática coisas que ele deixou de assimilar na teoria, porque não é fácil, na prática ele está assimilando[...]Com isso facilitou o processo para eles e para gente. Se não tivesse isso ia ficar complicado trabalhar (E14) [...] O importante para o processo de inclusão, seria só preparação melhor para receber essas pessoas. Eu acho que às vezes falta essa preparação. (E13) Eu vejo dentro da nossa realidade que seria mais interessante ter curso sobre comportamento, de relações interpessoais, controle emocional, inteligência emocional. A gente vê estas necessidades. Se você me preguntasse: você precisa ter um curso do PSAI? Não, eu precisaria ter um curso de gestão, de comportamento. (E16)
Profissionais de RH
Alguns são à distância outros presenciais. [...]Inclusive aqui a gente tem todas as quintas-feiras. Aqui(sic) na área corporativa palestras, a gente chama de atividade corporativa, a gente traz temas interessantes, a gente fez o projeto da gentileza. (E1)
O principal é preparar as pessoas para receber estas pessoas, porque as pessoas têm medo, tem preconceito, não saber como lidar. Eu acho que o fator principal é treinar e capacitar as pessoas. Desmistificar, sensibilizar as pessoas. [E3]
91
Pessoas com deficiência
A dois anos atrás comecei no curso de auxiliar administrativo e foi muito bom e proveitoso. Quando começou o curso eu tinha as aulas, os conteúdos todos como se adaptar ao mercado de trabalho e informações dadas neste curso. Depois passamos para o estágio [...]. [...] e depois a empresa me contratou. (E6)
Como em todo processo é preciso estar em constante aperfeiçoamento o SENAI não é diferente, como fica ilustrado no depoimento do entrevistado E3.
O treinamento não especificamente, mas acaba sendo uma consequência. Para essa outras portas. A gente ainda não tem esse olhar, [...] gente pode sim atuar de forma mais específicas com essas pessoas para retê-las, mas isso a gente vai ter que[...] a gente atua dependendo de uma demanda dos gestores.(E3)
Nessas falas, percebe-se a preocupação com ajustes e melhorias no processo, como também
em proporcionar aos colaboradores condições de trabalho e por meio de sensibilizações fazer
com que haja o mínimo de resistência, ou seja, precisam constantemente de ser provocados.
Percebe-se para que todo esse processo de inclusão aconteça dentro dos preceitos de uma
gestão diferenciada, apoiada nos conceitos da responsabilidade social, da diversidade e de
empresa inclusiva, a necessidade de uma provocação externa. Provocação esta em bases
legalistas e de ações afirmativas, pois para alcançar tal estágio, vários esforços foram
desprendidos de forma a promover a inclusão da PcD no mercado de trabalho.
Esse processo que vem sendo maturado no SENAI com a adoção, hoje, de práticas apoiada no
PSAI fundamentada na promoção efetiva da inclusão, vem atender ao que Bahia (2006)
enfatiza, “a empresa ia buscar na pessoa com deficiência não a pessoa, mas a deficiência.”
(BAHIA, 2006, p. 46)
Nota-se na política de gestão de pessoas da empresa em estudo, além da percepção quanto a
necessidade da PcD adquirir conhecimento e habilidades, destaca-se a importância em
reconhecer as potencialidades dessas pessoas e de proporcionar condições para que possam se
desenvolver e, essas práticas estão presentes antes do processo de contratar, manter e
promover as PcD. (Bahia, 2006)
Essa posição remete-se a inferir sobre as políticas e práticas de RH de que o SENAI é uma
organização presa aos princípios da empresa inclusivista. Conforme defende Sassaki (2010)
a empresa é, então, aquela que acredita no valor da diversidade humana, contempla as diferenças individuais, efetua mudanças fundamentais nas práticas administrativas, implementa adequações no ambiente físico, adéqua procedimentos e instrumentos de trabalho, treina todos os recursos humanos na questão da inclusão etc. (SASSAKI, 2010, p. 63)
92
Após discorrer sobre a subcategoria treinamento e desenvolvimento será discutido a
subcategoria sobre a legislação que norteia e tronou-se obrigatória a contratação de um
quantitativo mínimo de PcDs de acordo com o número de funcionários registrados.
Lei de Cotas
Dentre todas as legislações as que foram mais enfáticas em gerar desconforto e penalidades
pecuniárias às empresas, foi à denominada Lei de Cotas, Lei nº 8.213/1991 e o Decreto nº
3.298/1999.
Como advento da Lei de Cotas, o mundo de trabalho despontou para esta nova realidade, o
que provocou mudanças na sociedade civil e nas organizações empresariais, fazendo com que
todos se mobilizassem para receber uma nova mão de obra, tendo que adaptar seus ambientes
e criar condições favoráveis para o desempenho das atividades às quais foram contratadas.
Bahia (2006) entende que a Lei 8.213/1991 tem seus méritos, principalmente em relação à
PcD, pois foi através dela que as PcD passaram a obter conhecimentos, uma visão de
cidadania, melhorou a autoestima e oferecendo maior socialização e independência.
A autora também ressalta que apesar desse benefício, “a Lei de Cotas está muito longe de
assegurar o pleno emprego” (Bahia, 2006, p. 37).
Diante dos fatos, não se pode negar que a Lei beneficiou as PcD, gerando vagas e
oportunizando a estas pessoas melhores condições de vida.
Para Sassaki (2010), a Lei de Cotas é uma discriminação às avessas e vai de encontro a outros
segmentos da sociedade, ao criar esta reserva de vaga.
Para Pastore (2000), a Lei de Cotas é essencial para a inclusão da PcD no mercado de
trabalho, mas não é suficiente.
Pelo exposto, tem-se uma discussão controversa entre os autores e isto prova o quão é difícil
poder determinar sobre a eficácia desta Lei, mas pode-se inferir que, sem ela, o cenário
corporativo e social seria outro.
Segue a posição dos entrevistados a respeito da temática Lei de Cotas.
Gestores
O SENAI, ele tem a política para atender a cota, mas não necessariamente precisaria ter pessoas com deficiência que é uma coisa que o SENAI adota na verdade para fazer o trabalho social (E4) [...] a gente sabe que um surdo chegar em algum lugar para fazer curso, por mais que seja Lei. Aqueles locais não estão preparados. (E11)
93
As pessoas dizem a legislação absurda, tem obrigatoriedade de cota. Legislação para esse tipo de coisa, mas é fundamental ter, porque se você não tiver, não começa este movimento de inclusão por livre e espontânea vontade. (E16)
Profissionais de RH
Digo assim, de peito aberto(sic), que acho muito difícil outra empresa dar oportunidade dessa. Como eu digo a você. A gente usa como responsabilidade social. A gente não quer usar como política de obrigatoriedade legal. Aí(sic) a gente pegou justamente estes casos de deficiência intelectual. É muito difícil lidar com deficiente intelectual, mas a gente fez questão de colocar. (E1) A lei das cotas é um estimulo para forçar a, no caso do aprendiz ele (SENAI) não tem necessidade de receber, mas recebeu os aprendizes com deficiência, inclusive no seu quadro e foi além das cotas. (E2) [...]em outra empresa muitos sabiam que eram muito cobiçado por causa da cota e quando a gente fazia seleção, a gente percebia que as pessoas não estavam muito valorizando, porque sabiam que as empresas precisam deles para cumprir a Lei das cota. (E3)
Pessoas com Deficiência
O SENAI dá oportunidade as pessoas com deficiência. A gente trabalha cada um na sua área de trabalho tem a sua função e a gente trabalha sim. (E7) [...] nas outras empresas era muito complicado. [...] as pessoas não tinham interesse de aprender a língua de sinais. Aqui a gente já vê diferente. (E9) Já trabalhei em outras empresas, bem mais corrido do que aqui e menos reconhecida, não valorizavam o seu trabalho (E10)
Em relação a Lei das Cotas, os entrevistados veem como fonte impulsionadora de todo este
contexto, pois como pode ser percebido em suas falas, tudo teve início por ela, mas, com a
mudança no modelo de gestão no SENAI, essa obrigatoriedade legal deu lugar a
responsabilidade social.
Percebe-se, nas falas, a mesma visão de Bahia (2006) e Pastore (200) quanto ao
conhecimento, autoestima e, independência e a importância da Lei, mas que é preciso fazer
mais.
Nas falas dos entrevistados E7, E9 e E10, a percepção deles está mais relacionada as
condições de oportunidade em poder fazer um curso e a partir dele estar preparado para o
94
mercado do que estarem sendo contratados em função de uma Lei. Este posicionamento
corrobora com Bahia (2006).
As mudanças promovidas no SENAI para essa concepção devem-se ao PSAI, por trazer nova
visão e práticas no exercício da cidadania e inclusão. Desde então, serve de parâmetro para
outras empresas e para própria Delegacia Regional do trabalho. Como pode ser percebido na
fala do entrevistado E1.
Quando a gente faz esta fiscalização da DRT. Quando eu cheguei lá com a cota preenchida com toda quantidade. O pessoal ficou tudo doido(sic). Aonde você tá arrumando, o que você está fazendo. Quando eu disse que era o SENAI que estava preparando e já tava(sic) com cota de pessoas com deficiência. Ficaram doido(sic) e querendo fazer a mesma coisa. Porque todo mundo tem esta dificuldade de encontrar pessoas qualificadas. (E1)
Para Bahia (2006), as empresas que assumem o seu papel social vão além da Lei de Cotas,
contratam acima do número definido pela Lei e dessa forma passam a ter ganhos em seu
ambiente no que se refere a experiência, a criatividade e consequentemente se tornam mais
competitivas.
Com polêmica ou não, com políticas voltadas para responsabilidade social ou não, é sabido
que o início do processo de contratação da PcD teve por base a Lei de Cotas e, ao longo do
período e com as mudanças conceituais, evolui-se para o novo cenário, o da inclusão, onde
nota-se um processo mais humanístico.
As implicações geradas pela legislação, a nova postura adotada pela organização, denota a
transformação de conduta e relacionamento com as questões de tratar a diferença pela
diferença, mas respeitando a diferença.
Ainda dentro deste contexto Ulrich (1998), destaca que:
a função do RH deve representar um modelo de como tratar os funcionários. Políticas empresarias formais relativas a discriminação, abuso sexual, assistência à família, absenteísmo, licenças, telecomutação (trabalho realizado em residências, pelo computador) e assim por diante devem ser modeladas de modo inovador no âmbito da função de Rh, tal como as políticas informais relativas a tratamento dado aos funcionários, valorização das diferenças, flexibilidade do trabalho e assim por diante. (ULRICH, 1998, p. 264)
Nesse sentido, observa-se que as políticas e práticas de gestão de pessoas implantadas, além
de estarem voltadas para o processo de inclusão, como se pode notar, nas falas dos
entrevistados, há preocupação em estabelecer uma conduta baseada nos principais marcos
teóricos sobre a PcD, no que diz respeito a empresa inclusivistas, como também proporciona
um diálogo direto e integrado entre as políticas e todas as pessoas que fazem parte do seu
ambiente organizacional.
95
Então, no que se refere as políticas e práticas de RH, a condução dada pelo SENAI, está
diretamente relacionada com a proposta de Ulrich, quando adota o PSAI como modelo nas
políticas e práticas de RH.
Conquistas e dificuldades
Esta percepção pode ser observada nos depoimentos quanto às conquistas e dificuldades no
ambiente organizacional no transcorrer da implantação desse novo modelo de gestão do
SENAI.
As conquistas e dificuldades tratadas nesta subcategoria vinculadas às políticas e práticas de
RH, estão relacionadas ao processo de benefícios, comunicação, relacionamento interpessoal,
condições de trabalho para algumas situações específicas como acessibilidade, diferenças de
produtividade, discriminação, comportamento e comprometimento das PcD.
As conquistas e dificuldades vem identificar os avanços no SENAI a partir da consciência em
mudar seus paradigmas em relação a PcD e aos procedimentos internos para tratar e receber
este novo cliente.
Quando à organização, começa a verificar os resultados destas ações ela passa a intensificar a
mudanças e a incorporar conceitos como os de Bahia (2006), Sassaki (2010), Serrano e
Brunstein (2011), Instituto Ethos (2010), Miranda (2000), Alves e Galeão-Silva (2004) e
Clemente Filho (1996), todos seguem a mesma linha de que a sociedade e as organizações são
os grandes beneficiados com a inclusão da PcD e que deve partir delas a mudança e adaptação
de seus ambientes para receber e proporcionar as condições necessárias no sentido de se
aplicar o conceito de inclusão para todos.
A seguir é destacado de forma separada o que eles percebem de conquistas e dificuldades.
Conquistas
Gestores
No inicio, os surdos, eram mais fechados, acho que a gente tem que procurar eles e não esperar para eles virem. Eu sinto necessidade de fazer libras, mas eu não fiz ainda, mas pela quantidade que nós temos na escola é necessário, a gente vai precisar fazer. (E11) Toda estrutura de acessibilidade já foi pensada antes deles chegarem, desde 2010 já tinha toda esta estrutura e não tinha nenhum deles. Esta estrutura desde quando reformaram o NB para uma escola até porque o nosso foco é o aluno, a gente sempre recebeu aluno. A gente sempre se preocupou para
96
quando o aluno chegar ele tivesse acesso para qualquer lugar da escola. (E11) Eu vejo assim, não vi nenhuma dificuldade, só esforço da pessoa. Eu não vi dificuldade porque eu me comunico muito bem. Quando eu sinto dificuldade, eu tento aprender para que eles saibam o que é que estou comunicando (E12) Então o SENAI tem se preocupado neste sentido. Não só em relação aos alunos quanto os colaboradores.[...] Com a contratação internamente não vejo que mudou, mas para imagem da instituição, perante a sociedade, sim. (E13) Eles têm as particularidades deles. É claro, que é uma cultura. A gente tem umas culturas deles que a gente tem que respeitar, não pode também que eles sejam igual a nós. (E14) [..]nunca desistir e de tentar fazer o movimento de adaptação que a gente precisa fazer para que esta pessoa seja produtiva. (E16)
Na fala dos gestores, percebe-se a linha de Sassaki (2010) quanto a acessibilidade, adaptação
a PcD, pois são baseados nesses indicadores internos que as empresas são avaliados em
relação a estarem facilitando a inclusão.
Como também, as falas, estão alinhadas com Alves e Galeão-Silva (2004) onde organizações
voltadas para gestão da diversidade proporcionam vantagens competitivas e influencia o
ambiente interno de forma positiva, despertando o interesse por fazer parte do mundo da PcD.
Outro autor que respalda as ações citadas, principalmente pelo E11, é Miranda (2000) ela
defende que devem ser adotadas atividades complementares que visam o aprendizado
oferecendo materiais e ferramentas para a efetiva inclusão.
Profissionais de RH
A contratação da PcD influencia positivamente tanto na imagem da empresa de ser inclusiva, de lidar com a diversidade e tanto das pessoas que trabalham, pois quando a gente vê, o exemplo da Fabrícia. A Fabrícia não se deixa abater, tipo, ela tem certas dificuldades, limitações que eu não tenho, mas ela não se deixa abater, mas eu acho também que influencia sim (E2) Foi uma coisa que foi acontecendo. A gente já vinha sensibilizando. Vai acontecer isso, você precisa trabalhar desta forma. Então não foi fácil, mas eu vejo que hoje as pessoas estão mais abertas[...] A gente tem pessoas que dizem pode mandar para cá. A gente já vê isso. (E4)
Pessoas com Deficiência
[...] aqui(sic) no SENAI há o respeito das pessoas com as pessoas com deficiência. A gente não trabalha triste a gente trabalha feliz conhece todo mundo, conversa com todos. (E7) Aqui dentro do SENAI não, não tem nenhuma diferença. (E8)
97
O relacionamento com a liderança é normal, a gente tem muito serviço lá(sic), qualquer coisa a gente chama e ele sempre ajuda. [...]O líder da área, ele sai dividindo os trabalhos, explica o que tem que fazer e consigo fazer bem.(E9) Aqui a gente consegue se comunicar. Aqui eu me sinto bem melhor, nas outras empresas a barreira de comunicação era difícil. (E9) Pessoal aqui(sic) é muito família. Aqui(sic) é muito acolhedor, até o meu chefe mesmo geral, ele é um cara(sic) que acredita em mim. (E10)
Nos discursos dos profissionais de RH e da PcD são abordados assuntos relacionados com o
pensamento de Clemente Filho (1996), onde “a sociedade deve ser modificada a partir do
entendimento de que ela é, e que precisa ser capaz de atender as necessidades de seus
membros.” (CLEMENTE FILHO, 1996, p.4)
Pelas falas de E9 e E10 pode-se citar Serrano e Brunstein (2011), pois elas enfatizam que o
gestor tem papel fundamental no processo de inclusão e nas falas citadas, percebe-se o papel
do gestor no apoio e facilitando o processo.
Dificuldades
Gestores
Quanto a acessibilidade estamos preparados para qualquer tipo, com exceção para deficiente visual – cego. Não sei como faríamos, apesar de ter o piso tático, mas não temos ferramentas como livros, painéis e tecnologia em braile. (E11) Eu acho que tem aspectos culturais no SENAI que podem ajudar e a atrapalhar um pouco. Porque o SENAI absorve um pouco da cultura industrial. Talvez bastante da cultura industrial e é uma cultura fortemente capitalista, no sentido de produtivo e aquele que produz mais nem sempre é melhor. (E16) O importante para o processo de inclusão seria só preparação melhor para receber essas pessoas. Eu acho que às vezes falta essa preparação. (E13)
Profissionais de RH
Alguns são comprometidos, outros não. Às vezes eles mesmos, falta isso neles. A gente procura conversar, incentivar. (E5) [...] a questão de acessibilidade e quanto nossa cultura também tem que melhorar um pouco sobre isso. Eu acho aqui complicado, pois para um deficiente visual para ele ter acesso a sala de aula eu acho que tem de melhorar. (E14)
98
Pessoas com Deficiência
Quando tem um interprete, ele cria esta sensibilidade, mas quando não tem a gente tem que ir levando, tem que ir. São línguas diferentes, são gramáticas diferentes. Então esta é a maior dificuldade, a maior limitação. (E6) Acho que eles deviam desenvolver mais o meu setor, melhorar o espaço. (E8)
Diante dos depoimentos percebe-se nos entrevistados que o ganho para organização foi
gratificante, pois o nível de participação no processo de melhorias, adaptações e
relacionamentos, fez com que a imagem e o clima organizacional tivessem uma maior
amplitude em todo o contexto da inclusão. Como constata-se na fala do E1e E14
A nível de imagem foi fantástico, de clima também. As pessoas na verdade, assim elas se sentiram incluídas. Nós é que sentimos mais incluídos do que eles. A nível de imagem da instituição, algumas pessoas querendo fazer benchmark, tem falado do programa de como está assim. (E1) Com a vinda deles, aqui na secretaria que é uma área que a gente trabalha. Antigamente [...]não tinha aquela harmonia que tem hoje. Hoje tem mais pessoas e a gente sempre se comunica, tem as brincadeiras que toso local de trabalho tem. Brincadeira sadia e harmonia tranquila. Eu acho que eles causaram uma mudança boa aqui para a gente. (E14)
Outro ponto a destacar, são as dificuldades relatadas, apesar de toda a preocupação em
proporcionar excelentes condições de trabalho, alguns dos entrevistados acusam a falta de
uma melhor estrutura e a necessidade de investir em curso direcionado as questões cognitivas
e comportamentais. Este ponto, dentre os relatos, foi repetitivo. Como é relatado pelos
entrevistados E1 e E2.
As dificuldades que a gente tem são mais ou menos aquilo que tinha falado. Tem alguns por questões comportamentais, dos problemas que a gente já teve. Alguns que querem usar disto como uma justificativa para ser protegido, não. Porque o coitadinho, não porque o bichinho tem deficiência. (E1) Houveram(sic) algumas modificações e isto faz diferença, pois se você tem necessidades especiais, então você tem que se sentir confortável. Por exemplo: na troca de lugar por não haver uma bancada certa. Ele não estava adequado, ela não estava sendo bem recebida, e isto impacta no desempenho até no sentimento da pessoa. (E2)
Pelo exposto, os entrevistados percebem em todo o processo de inclusão que existe uma
condução dos processos de maneira positiva e de todo modo, sempre terá algo a corrigir e que
é percebido como falta ou algo a melhorar, nada que impeça de receber a PcD. Quanto às
dificuldades apontadas, nota-se serem questões pontuais e específicas direcionadas a um tipo
de deficiência – visual, para problemas comportamentais e em nível de estrutura.
99
Após a análise dessa categoria e suas subcategorias, as quais responderam ao objetivo sobre a
percepção das políticas e práticas em RH, segue-se às conclusões e recomendações.
.
100
5 Conclusão e Recomendações
5.1 Conclusão
O ambiente organizacional vem passando por diversas transformações nos últimos anos.
Fatores como crises econômicas, exigências legais, novas tecnologias, intercâmbio cultural
fizeram com que as organizações se reinventassem, implantando novos modelos de gestão e
com foco na aprendizagem contínua.
Dentro desse contexto, surge a gestão da diversidade, onde encontram-se as pessoas com
deficiência, linha da diversidade estudada neste trabalho.
Esta linha vem sendo muito discutida no mundo do trabalho, pois existem várias ponderações
a considerar como a Lei de Cotas, a falta de pessoas qualificadas, a questão de acessibilidade.
Todas essas ponderações as organizações estão tendo que avaliar, pois o modelo da atual
sociedade, conforme Sassaki (2010), é uma sociedade inclusivista, significa a extensão dos
direitos a todos sem discriminação de qualquer natureza.
Observa-se que o processo de mudança e da visão das organizações frente aos novos
paradigmas não tem sido fácil, pois, com o estigma de que as PcD eram insanas, incapazes,
improdutivas.
Tem-se notado que as organizações estão se adaptando a esse novo cenário da inclusão e
pensando na efetiva possibilidade da inclusão das pessoas com deficiência no mercado de
trabalho.
Nesta perspectiva, a investigação focou na análise de como o Programa SENAI de Ações
Inclusivas é percebido pelos gestores, profissionais de recursos humanos e as pessoas com
deficiência do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, nas unidades na cidade de
Maceió – Alagoas no processo de inclusão organizacional da pessoa com deficiência e obteve
êxito através das respostas dos objetivos ao evidenciar no diálogo entre os autores da
fundamentação teórica e nos discursos dos entrevistados da pesquisa apresentados na análise
de dados.
Em resposta ao problema de pesquisa, os resultados da pesquisa evidenciaram a partir da
análise da categoria I - Contextualização dos termos Deficiência e Inclusão e suas
subcategorias – Deficiência e Inclusão, a qual está relacionada ao primeiro objetivo específico
- Identificar os conceitos de deficiência e inclusão, dos gestores, profissionais de recursos
humanos e da pessoa com deficiência.
101
Ao analisar o contexto teórico e confrontar com as falas dos entrevistados observou-se que a
percepção dos gestores, profissionais de recursos humanos e a pessoa com deficiência vincula
a deficiência a uma limitação e alguma dificuldade no exercício de suas atividades pela
própria característica do tipo de deficiência, e que esta limitação não os impedem de exercer
suas atividades.
Outro ponto é que nenhum dos entrevistados nega a deficiência. Uns acham que o termo não
corresponde à realidade e as pessoas com deficiência foram enfáticas em reconhecer a sua
deficiência, mas não a incapacidade para o exercício de suas atividades laborais.
Quanto à inclusão, fica evidenciada a proposta do SENAI em trabalhar conforme o modelo
social de inclusão (Sassaki, 2010), pois, como apresentado, procuram estar a frente dos
processos de forma que a pessoa com deficiência, ao chegar, tenha toda acessibilidade e
condições de trabalho.
Em alguns relatos, pode-se notar a especificidade em relação ao tipo de deficiência visual,
apesar de existir em alguns computadores o programa virtual vision, na unidade CEP-NB não
tem em nenhuma das máquinas. O que foi alegado é não ter ainda pessoas com este tipo de
deficiência que necessitem do programa. Ainda referente a este tipo de deficiência, foi citado
que existe uma parceria com a Escola Estadual de Cegos Cyro Accioly para atender as
demandas gráficas.
Ressalta-se que o processo de inclusão das pessoas com deficiência ainda encontra algumas
barreiras, mas, como apresentadas na análise de dados, estas vão sendo superadas pelas
contínuas buscas pelo conhecimento, atualizações e cuidados de todos os envolvidos na
construção e implementação de práticas que visam o desenvolvimento legítimo das pessoas
com deficiência.
Neste sentido, os indicadores analisados fazem com que seja percebido no SENAI a condução
do processo de inclusão da pessoa com deficiência com a utilização de suas potencialidades e
fornecendo todas as condições de acessibilidade para que possam desenvolver de forma plena
todas suas capacidades. Ou seja, a leitura é de que compartilham dos conceitos referentes ao
que defende Sassaki (2010) pela perspectiva de estar “construindo uma sociedade para todos”.
No tocante a categoria II - A contribuição do PSAI como processo inclusivo e suas
subcategorias - Contextualização do Programa; Responsabilidade Social; Qualificação; A
Pessoa com Deficiência e Trabalho e oportunidades que vem responder ao segundo objetivo
específico - Verificar a percepção em relação ao Programa SENAI de Ações Inclusiva.
Os entrevistados fazem menção ao PSAI como sendo um divisor de água, pois a partir da
parceria firmada foi possível perceber a pessoa com deficiência de maneira diferenciada, sem
102
preconceitos e como mencionada em relação no primeiro objetivo, como pessoas com
limitações.
Com o PSAI tiveram a possibilidade de atender a legislação referente a Cota (8.213/91) e
torna referência no processo de inclusão com pessoas qualificadas.
Outra condição mediante a proposta do PSAI foi adotar políticas e práticas na gestão de
pessoa, conseguindo sensibilizar a todos e descontruir percepções em relação a PcD quanto a
sua capacidade.
Evidencia-se que a proposta do PSAI está vinculada a nova concepção do modelo social de
inclusão. Com a parceria PSAI e SENAI faz com que este modelo seja percebido
institucionalmente e como consequência tem-se os resultados como: um novo formato no
programa proporcionando a PcD estar junto desde o início do curso com pessoas “não
deficientes”, reformular as estruturas físicas possibilitando maior e melhor acessibilidade e
permitindo a todos condições de se lançarem ao mercado de trabalho com uma qualificação e
com isto criando um diferencial para estas pessoas.
Pode-se destacar o quão foi importante para os funcionários, pois verificou-se que em suas
falas a relevância do programa onde desde sua implantação passaram a perceber que a
empresa está avançando na solidificação do processo, pois o mesmo permite, de uma forma
ampla, contaminar toda a empresa pelo seu valor.
Além desta visão, em algumas falas tem-se a preocupação com a falta de comunicação e de
preparação, fato este que deveria ser repensado na organização, pois a comunicação é o meio
de maior relevância para que os objetivos possam ser alcançados e haja um fluxo constante
das informações.
Com relação ao programa, percebe-se a influência nas pessoas em superar obstáculos na
contratação e com a sensibilização dos funcionários na empresa, proporcionado a capacitação,
tanto para as pessoas com deficiência como para a gestão da organização.
Para Bahia (2006), as organizações que estão em processo de mudança das suas práticas de
gestão, estão por explorar a capacidade reflexiva frente à diversidade por parte dos
colaboradores da organização.
Este posicionamento vem corroborar com as atitudes identificadas na pesquisa.
Percebe-se no PSAI um grande instrumento que vem a atender toda sociedade, pode favorecer
no preenchimento de uma lacuna no mercado de trabalho, como a falta de qualificação
(Instituto Ethos, 2010) e trás conceitos voltados para responsabilidade social empresarial.
Como também pode ser percebido o quanto as pessoas com deficiência se sentem valorizados
em estar incluídas e podendo ter sua autonomia e independência. (SASSAKI, 2010)
103
Quanto à categoria III - Políticas de RH e suas subcategorias - Recrutamento e seleção e
Treinamento e desenvolvimento; Lei das Cotas e Conquistas e dificuldades vem responder ao
terceiro objetivo – Verificar a percepção dos gestores dos profissionais de recursos humanos e
da pessoa com deficiência no processo de inclusão na organização em relação as políticas e
práticas da gestão de pessoas: benefícios, relacionamento interpessoal, diferenças de
produtividade e discriminação.
Como mencionado nas categorias, as políticas e práticas da gestão de pessoas elas foram
influenciadas principalmente pelo PSAI, na qual trouxe novos valores culturais para a
organização, com também novos procedimentos na condução da gestão de pessoas.
O SENAI, em sua política de recrutamento e seleção, tem como premissa a oferta de vagas
para todos e faz questão de destacar que a vaga é extensiva a PcD. Isto é reflexo da mudança
influenciada pelo PSAI.
Com o programa de inclusão, o SENAI, ao contratar a PcD, já consegue identificar o perfil do
candidato correspondente a vaga ofertada, pois durante o período que fez o curso tem um ano
de prática e isto lhe favorece na hora da seleção, tendo em vista acompanhar e avaliar o
desempenho para ao final de dois anos selecionar as pessoas que melhor desenvolveram as
capacidades e habilidades para o cargo.
Outro diferencial ao adotar esta prática é a possibilidade dada ao PcD, nesta modalidade são
contratados como aprendizes e já passam a atender a Lei de Cotas, de poder se adaptar ao
ambiente e para organização também se identifica as alterações que devem fazer para tornar o
processo realmente inclusivo.
Como é defendido por Bahia (2006) e Sassaki (2010) que é de responsabilidade da empresa
proporcionar as condições adequadas à pessoa com deficiência e assim conseguir contrariar
Serrano e Brunstein (2011) o qual relata que a dificuldade para incluir a PcD e de oportunizar
a sua progressão na empresa, perpassa pela falta de preparo do ambiente corporativo e da falta
de reconhecer as capacidades laborativas da PcD.
A superação dessas dificuldades nota-se no esforço de adequar as instalações e na aquisição
de ferramentas apropriadas ao exercício da atividade, como também em treinar os
colaboradores para se relacionarem, principalmente com os surdos, através de cursos de
LIBRAS e ainda percebe-se que os profissionais de Recursos Humanos vem minimizando os
impactos ou até mesmo as resistências com trabalhos voltados para sensibilização e
conscientização dos gestores e das pessoas da área onde a PcD será incluída frente à temática
e, com isto, vão construindo bases sólidas para o processo de inclusão.
104
Dentre as dificuldades também, foi apontada a questão comportamental, pois, segundo os
entrevistados, creditam este “problema” a especificidade da deficiência. A forma encontrada
para minimizar esta situação foi intensificada as com conversas e os cursos – LIBRAS.
A pesquisa traz um reflexão frente a trajetória dos trabalhadores com deficiência em busca de
espaços nas organizações, apesar das leis a favor do processo de inclusão das pessoas com
deficiências, o caminho é árduo, mas somente a lei não vai permitir que este processo tenha
sucesso. A Lei é um primeiro passo o que realmente precisa são de programas nas
organizações que venham a permitir que estas pessoas tenham a chance de demonstrar suas
capacidades, tornando-se uma pessoa “visível” no mercado de trabalho por qualificações.
Para que isto aconteça, faz-se necessário que as empresas contribuam com essa questão
fazendo seu papel junto a sociedade organizacional e civil de forma a desmistificar os
preconceitos a respeito da pessoa com deficiência.
Pelo exposto e pelas análises dos dados desta pesquisa pode-se avaliar que a inclusão da
pessoa com deficiência com qualificação é possível, pois a partir do momento que as
organizações se estruturem com políticas próprias e criem estratégias compartilhadas com os
objetivos organizacionais, torna-se factível ter em toda organização pessoas com deficiência
qualificadas e produtivas. Para tanto, faz necessário promover as mudanças culturais, políticas
e estruturais.
Além desta reflexão o trabalho trás outros pontos relevantes:
- a relação da família é essencial para um caminho bem sucedido da inclusão, pois é a base
para construção do futuro da pessoa com deficiência.
- a formação educacional de pessoas com deficiência favorece para sua inclusão social. A
escola concebe possibilidades de experiência de se sentir útil, valorizado e respeitado, mas em
todo este processo vale ressaltar a importância das relações entre alunos e professores, pois
podem fazer toda a diferença.
- a empresa que faz uso dos preceitos inclusivistas favorece a aceitação das diferenças
gerando assim uma atitude mais crítica nas pessoas.
Através desta pesquisa pode-se identificar a grau de importância que tem para uma
organização o modelo de gestão implantado. A gestão da diversidade faz-se presente e que ao
adotar seus princípios e colocar em prática políticas voltadas para inclusão, estabelecendo
programa de capacitação interna, faz com que o retorno à organização seja de grande valia e
visível a melhora no comportamento de seus funcionários.
Espera-se ter contribuído para a construção de novas reflexões quanto ao relacionamento com
a pessoa com deficiência no âmbito organizacional e instigar novos estudos no mundo
105
acadêmico sobre programas de inclusão não só da pessoa com deficiência como nos demais
sujeitos do chamado grupo de minoria de forma a confrontar com o resultado desta pesquisa.
5.2 Recomendações para estudo futuro
Após as análises e considerações obtidas nesta pesquisa, recomendam-se algumas sugestões
de forma a preencher, porventura, as lacunas deixadas neste estudo e que assim possam
oferecer novas produções científicas, a saber:
- Expandir a pesquisa para organizações de outros setores da economia;
- Realizar pesquisa a respeito dos motivos de evasão dos alunos no decorrer do programa;
- Realizar pesquisa em relação ao quantitativo de pessoas que passaram pelo programa e não
estão no mercado de trabalho;
- Estudar o impacto no clima organizacional com a inclusão da pessoa com deficiência;
- Estudar a cultura organizacional e sua influência na adoção de programas de inclusão;
- Avaliar a metodologia de ensino-aprendizagem e suas tecnologias;
- A participação da família na formação educacional e profissional.
5.3 Recomendações para empresa
Em função do estudo e com base nas conclusões da pesquisa, faz-se algumas recomendações
com o intuito de colaborar no aprimoramento das ações em curso e para que cada vez mais o
modelo social de inclusão se faça presente e sirva de referência, não só para outras unidades
do SENAI espalhadas no território nacional, como também para o mundo do trabalho.
Pela análise dos depoimentos dos entrevistados e observações pontuais durante as visitas para
as entrevistas é que subsidia-se as recomendações.
Espera-se com estas colocações que a instituição SENAI, possa refletir e reavaliar o processo
de inclusão assegurando, principalmente à pessoa com deficiência, estendendo ainda mais o
direito de igualdade às oportunidades em todos os segmentos, por reconhecimento de suas
competências.
Ressalta-se também que não basta ter a intenção de incluir, é imprescindível a compreensão
do novo cenário social e que para continuar a ser vista como uma empresa inclusiva, segundo
Sassaki (2010) faz-se necessário considerar as diferenças individuais, realizar mudanças
106
internas estruturais, administrativas, culturas, indicar ferramentas específicas e capacitar todas
as pessoas envolvidas no processo de inclusão.
Neste sentido notou-se que a empresa estudada apresenta as capacidades necessárias para
aprimorar seus conceitos e práticas, o que garante sua sustentabilidade e liderança no
mercado.
Dentre as diversas oportunidades de melhorias identificadas e de forma a aprimorar sua
posição competitiva e, tendo em vista os conceitos teóricos utilizados, apresentam-se as
recomendações:
− Capacitação permanente de docentes, equipe técnica e de apoio: tem por finalidade
disponibilizar atualização constante em relação a novas tecnologias educacionais,
processos metodológicos e desenvolver novos conhecimentos e habilidades no trato com
a pessoa com deficiência;
− Desenvolvimento de campanhas educativas: utilizar desta ferramenta para divulgar ações
cotidianas pensando em proporcionar a continua melhora da ambiência;
− Desenvolver a comunicação interna: evitar restrições de acesso as informações e divulgar
de forma extensiva e intensiva cursos, palestras, parcerias, oportunidades por meio digital
ou físico em murais;
− Implantar avaliação de desempenho: política que visa acompanhar o desempenho dos
funcionários e de forma sistemática, identificar necessidades apontadas pelo próprio
funcionário ou pelo seu gestor direto. Podendo assim estabelecer um planejamento com
metas e prazos e, com este acompanhamento facilitar a tomada de decisão, como também
servira como parâmetro junto aos gestores em promover e estimulá-los em participar de
capacitações específicas sobre os tipos de deficiência;
− Cursos on-line de pequena duração – libras on line: com esta ferramenta o funcionário
fica “livre” e pode adequar seu tempo para se desenvolver
− Adequação do ambiente de prática na área industrial e automotiva nas unidades de
ensino: com esta ação aumenta a capilaridade para as pessoas com deficiência e abre
outras possibilidades no mercado de trabalho
− Prestar consultorias externa: aproveitar o Know-how adquirido pela experiência na
condução do processo de inclusão e consequentemente aumentando o portfólio de
serviços, agregando valor para instituição;
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− Criar grupos multiprofissionais para acompanhar o aluno: ação que favoreceria o
processo de inclusão, pois durante o curso de capacitação poderia, de acordo com o
diagnóstico, ser proativo e refletir na condução de soluções apropriadas e em conjunto;
− Envolvimento da família no decorrer do processo de aprendizagem: o propósito desta
ação é realizar um trabalho paralelo, com o apoio da equipe multidisciplinar,
conscientizando-a de sua responsabilidade e poder ajudar a pessoa com deficiência em
perceber melhor a sociedade. Outra possibilidade é oferecer cursos para a família (mãe ou
responsável) de forma que sirvam de exemplo para seus filhos;
− Criando multiplicadores: identificar dentre os funcionários os que apresentam
competências e habilidades para serem multiplicadores do conhecimento. É uma forma
de economizar em treinamento, evitar retrabalho e otimizar os processos da empresa;
− Divulgar as ações junto a comunidade: se aproximar mais da comunidade, mostrando as
ações e consequentemente aumentaria o número de parceiros;
− Criar banco de talentos: aproveitar o Instituto Euvaldo Lodi – IEL e formar este banco de
talentos;
− Implantar a universidade corporativa: em conjunto com outras ações sugeridas teriam a
possibilidade de oferecer cursos técnicos específicos para os colaboradores da
corporação, aumentando assim o nível de conhecimento dos funcionários e sendo um
fator que influenciaria na retenção de talentos;
− Implantar a tutoria na prática profissional e educacional: com esta ação estaria
estimulando aos alunos e ao mesmo tempo favorecendo o aprendizado com atividades
extraclasse.
Espera-se, com as recomendações acima, estar contribuindo para o desenvolvimento desta
instituição e do programa SENAI de ações inclusiva.
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118
APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido
PESQUISA
Como o Programa SENAI de Ações Inclusivas é percebido pelos gestores, profissionais de recursos humanos e as pessoas com deficiência do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, nas unidades na cidade de Maceió – Alagoas no processo de inclusão organizacional da pessoa com deficiência. O aluno Geraldo Luiz Valle dos Santos, do curso de Mestrado Profissionalizante em Gestão Empresarial, orientado pela Prof.ª. Lúcia Maria Barbosa de Oliveira, Ph.D está realizando uma pesquisa sobre a percepção do Programa SENAI de Ações Inclusivas dos gestores, de profissionais do recursos humanos e a pessoa com deficiência diante o processo de inclusão de pessoas com deficiência. A investigação será feita nas unidades do SENAI na cidade de Maceió em Alagoas. Os dados obtidos visam conhecer as percepções dos gestores, profissionais de recursos humanos e da pessoa com deficiência no processo de inclusão de pessoas com deficiências, possibilitando identificar as experiências desses profissionais nesse âmbito. A participação nesta pesquisa é voluntária e quando os dados forem apresentados publicamente os nomes não serão divulgados, preservando assim a identidade e o anonimato de todos os participantes e empresas envolvidas. Como instrumento de pesquisa serão realizadas entrevistas pessoais. O tempo de duração para as atividades é de aproximadamente uma hora. Esta pesquisa não trará nenhum risco aos participantes. Em qualquer momento da pesquisa a pessoa entrevistada poderá desistir de sua participação, sem que isso lhe acarrete qualquer prejuízo. As entrevistas serão gravadas, posteriormente transcritas e seu conteúdo pode ser certificado e autorizado pelo pesquisado. No caso de esclarecimento de dúvidas ou se desejar realizar algum contato, nos colocamos à sua disposição pelo telefone: (82) 8806-4619 e/ou e-mail: [email protected] Este termo de consentimento será assinado em duas vias, permanecendo uma via com o entrevistado. Eu, ________________________________________________, depois de ter esclarecido todas as minhas dúvidas, aceito participar da pesquisa em questão. Maceió, Alagoas, _____ de_______________, 2014. ______________________ ______________________ Assinatura do entrevistado Assinatura do entrevistador
119
APÊNDICE B – Roteiro de entrevista PERFIL DO PESQUISADO
Idade: Gênero: Nacionalidade: Naturalidade: Formação profissional: Cargo: Tempo na empresa: Chefia direta:
Tem subordinados: Quantitativo: Tem PcD: Quantitativo: Tipo de deficiência: Código do entrevistado: Tempo entrevista: Data: / / 2014
Objetivo Geral
Analisar como o Programa SENAI de Ações Inclusivas é percebido pelos gestores,
profissionais de recursos humanos e as pessoas com deficiência do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial, nas unidades na cidade de Maceió – Alagoas no processo de
inclusão organizacional da pessoa com deficiência
DEFICIÊNCIA E INCLUSÃO
1. Quando você houve o termo : Deficiência, o que vem a mente?
2. E, a inclusão, o que lhe vem à mente?
3. Comentários que julgar importante sobre a inclusão de PcD na empresa.
PSAI COMO FONTE DE CONTRATAÇÃO QUALIFICADA
1. Qual a sua opinião a respeito do PSAI? (todos)
2. Qual a sua opinião quanto aos cursos de qualificação oferecidos pelo PSAI? (todos)
3. Você percebe a PcD qualificada para exercer as atividades em sua área?(gestores)
4. O PSAI lhe proporcionou condições diferenciadas para a inclusão no mercado de
trabalho? (PcD)
5. As práticas desenvolvidas pelo PSAI no que diz respeito a sua
capacitação/desenvolvimento foram ou são aplicadas no seu trabalho?
Conhecimentos e comportamentos aprendidos. (PcD)
6. O PSAI faz parte da política de recursos humanos? (RH)
7. Você como profissional de RH percebe que o PSAI tem proporcionado condições
mais favoráveis a PcD quanto a sua empregabilidade do que a PcD que não passou
pelo programa? (RH)
Políticas de RH
120
Gestores
1. Como é o relacionamento, líder e liderado, com a PcD no trabalho (dia a dia)?
2. Quais as principais dificuldades/problemas encontradas para exercício do trabalho
com o PcD?
3. Como você percebe o comportamento, o clima, os benefícios, as atitudes,
necessidade de treinamento e acessibilidade para com o PcD.:
o Desempenho da pessoa com deficiência em relação às demais pessoas –
competitividade da empresa
o Benefícios da contratação de pessoas com deficiência (clima e imagem da
empresa)
o Vínculo da pessoa com deficiência com a empresa (comprometimento e
estabilidade)
o Atitudes das pessoas com deficiência que se desviam da normalidade (situações
embaraçosas, propensão à acidentes, problemas de relacionamento)
o Necessidade de treinamento para chefias e colegas de trabalho das pessoas com
deficiência
o A adequação dos instrumentos e condições de trabalho tem algum impacto no
desempenho das pessoas com deficiência?
Profissionais de recursos humanos
1. Como você percebe o comportamento, o clima, os benefícios, as atitudes,
necessidade de treinamento e acessibilidade para com o PcD.:
o Desempenho da pessoa com deficiência em relação às demais pessoas –
competitividade da empresa
o Benefícios da contratação de pessoas com deficiência (clima e imagem da
empresa)
o Vínculo da pessoa com deficiência com a empresa (comprometimento e
estabilidade)
o Atitudes das pessoas com deficiência que se desviam da normalidade (situações
embaraçosas, propensão à acidentes, problemas de relacionamento)
o Necessidade de treinamento para chefias e colegas de trabalho das pessoas com
deficiência
o A adequação dos instrumentos e condições de trabalho tem algum impacto no
desempenho das pessoas com deficiência?
121
2. A empresa tem uma política de gestão de pessoas direcionada para a inclusão de
pessoas com deficiência? Ou limita-se a “Lei de Cotas”?
3. Como as ações de inclusão ocorrem no cotidiano de trabalho (procedimentos:
recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, remuneração e avaliação de
desempenho)?
o Como foi/tem sido o recrutamento e seleção destes profissionais?
o Como se dá a socialização organizacional e adaptação da PcD ao seu cargo?
o Desenvolve programas de educação continuada específicos para as pessoas com
deficiência?
o Qual é a política de remuneração para a PcD?
o A avaliação de desempenho é aplicada de que forma? Tem qual finalidade?
o Prepara os colaboradores (PcD) para exercer atividades mais complexas e de
maior responsabilidade?
4. Como tem sido a retenção destes profissionais?
5. Quais foram as principais dificuldades encontradas para implantar a cultura da
diversidade?
Pessoas com deficiência.
1. Como você percebe o seu trabalho. É pelo seu próprio trabalho ou por causa da
política de cotas? Você trocaria seu emprego pelo BPC?
2. Você identifica alguma dificuldade no processo de inclusão promovida pelo SENAI?
3. Quais são suas expectativas em relação ao futuro (pessoais, profissionais,
acadêmicas)?
4. Qual sua percepção das condições de trabalho no que diz respeito as instalações e as
condições físicas (iluminação, ventilação, ruídos e temperatura) no seu local de
trabalho são ergonômicas (adequadas e confortáveis)?
5. Na sua percepção quais são os fatores que você julga contribuir ou impedir sua
permanência no trabalho?
122
A
PÊNDICE C - Quadro geral d
e significados extraído das entrevistas
deficiênc
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129
APÊNDIC
E D – Quadro dos significados com
maior repetição
IN
CAPAZ
PRÁTICA
FAMILIA
DESEMPENHO
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O
INCLUSÃO
PRODUTIV
IDADE
SENSIBILIZAÇÃO
MERCADO DE
TRABALHO
DIFERENCIA
L
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INAÇÃO
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PRECONCEITO
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PREPARAÇÃO
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COMPETÊNCIA
QUALIFICAÇÃO
BENEFÍCIO
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IBILID
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L
COMUNICAÇÃO
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A
IGUALITARIO
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A
DIFIC
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ITAÇÃO
FORMAÇÃO
FAVORECIM
ENTO
SOCIEDADE
CAPACID
ADE
IMAGEM
RESP
EITO
PERFIL
CULTURA
COMPROMETID
O
IMPORTANTE
130
APÊNDIC
E E - Quadro de geral da categorização
Quadro de Categorização
Categoria Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
DEFICIÊNCIA E INCLUSÃO
Deficiência
Incapaz, limitação, preconceito
“Tod
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cê não
con
segu
isse fa
zer algu
ma
coisa, tá
fazend
o de
ficiên
cia, eu ac
ho que
eles têm limitaç
ões, eles fazem pod
em te
r seu tempo
. Pod
e de
morar
mais de
morar
men
os. P
ara mim
é limitaç
ão e não
deficiênc
ia com
o o próp
ria pa
lavra diz.”(E
11)
131
Quadro de Categorização
Categoria Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
DEFICIÊNCIA E INCLUSÃO
Inclusão
Inclusão, discriminação, interprete, estrutura
“Inclus
ão eu en
tend
o qu
e ela de
ve ser fe
ita na
essên
cia da
palav
ra rea
lmen
te. N
ão é voc
ê, a in
clusão
não
é
você con
tratar a pessoa co
m deficiênc
ia. A
cho qu
e isto não
é in
clusão
. Inc
lusão é vo
cê tr
azer esta pe
ssoa
e
realmen
te ela se sentir in
serida
naq
uela in
stituiçã
o, naq
uele grupo
soc
ial p
ara mim
, a in
clusão
é is
to.”(E
1)
“Ten
tar fazer co
m que
essas pessoas
que
têm uma certa de
ficiên
cia se sintam, ú
teis. [...]C
onsegu
ir coloc
a-lo
no nosso dia a dia e sab
er que
eles tem ta
nta ca
pacida
de com
qua
lque
r um
de de
sempe
nhar
qua
lque
r funç
ão.”
(E11
) “[...]
A in
clusão
eu vejo com
o a pa
rceria dos sur
dos, dos ouv
intes qu
alqu
er pesso
a co
m deficiênc
ia que
possa
se com
unicar, p
ossa se relacion
ar com
outras pe
ssoa
s.” (E7)
“Eu sinc
eram
ente em relaç
ão ao co
labo
rado
r a priori já
sab
emos que
teremos algum
a dific
ulda
de na
execuç
ão de algu
mas ativida
des, porqu
e inclusão
para mim
, não
é sim
plesmen
te coloc
ar o deficiente nu
m
setor, deixa
r ele pa
rado
e dizer que
estou
fazend
o o pa
pel d
e inclusão
. [...]Q
uand
o o de
ficien
te con
segu
e ap
resentar o m
ínim
o de
con
duta exemplar, e
xecu
tar o trab
alho
, aí s
im, e
u vejo que
está tend
o inclusão
.” (E13
) “[...]
A in
clusão
na minha
persp
ectiva
é primeira te
ntativa de
tona
r essas pe
ssoa
s qu
e po
ssue
m a deficiênc
ia
sem as ca
pacida
des, ta
lvez produ
tiva
s na
mesma form
a da
s pe
ssoa
s qu
e nã
o po
ssue
m esta lacu
na.” (E16
)
132
Quadro de Categorização
Categoria Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
A CONTRIBUIÇÃO DO PSAI NO PROCESSO INCLUSIVO
CONTEXTUALIZANDO O PROGRAMA
Sociedade, competitiva, formação, favorecimento, diferencial, capacidade, mercado de trabalho
“Vejo diferenç
a, con
tribui, p
ois já peg
a a pe
ssoa
com
uma ba
gage
m um prepa
ro para o merca
do de trab
alho
. Ele te
m um olhar m
ais vo
ltad
o pa
ra a pessoa co
m deficiênc
ia. C
om a que
stão
não
tão assisten
cial, m
as de
prep
arar eles. Já co
meçam
a vir com
diferen
cial, p
or cau
sa do cu
rso.” (E2)
“O PSA
I ajud
a muito na qu
estão da
qua
lifica
ção, nesse cas
o ele va
i cap
acitar, q
ualifica
r as pessoas que
vão
trab
alha
r diretamen
te com
eles qu
e são os
instrutores. U
ma vez ca
pacitado
s sabe
ndo co
mo lida
r, passa a
melho
r form
a de
com
o se apresen
tar pa
ra a empr
esa. Isto é um
gan
ho. P
ara mim
o m
aior gan
ho, a
lém da
inclusão
, obv
iamen
te, é
a qua
lifica
ção.” (E4)
“É bom
facilita, a
bre op
ortunida
de e para as pessoas possam fa
zer o estágio e as
pessoas
que
tem o perfil s
ão
contratada
s. Tud
o qu
e eu
apren
di, a
gen
te coloc
a em
prática
. Já sei d
e tudo
.” (E7).
“O program
a dá
um diferen
cial sim
, me de
ixa mais é, abe
rto co
m uma visão até pa
ra outros tipo
s de
empr
ego,
inde
pend
entemen
te, m
esmo qu
e nã
o fosse na
área qu
e tivesse cu
rsad
o o cu
rso ou
até aca
bado
o estág
io para
pode
r ex
erce
r ou
tro tipo
de atividad
e em
outro cargo
em outra empr
esa, m
as ajuda
sim
.”(E
10)
“[...]
na secretaria tem dois de
ficien
tes au
ditivo
s a ún
ica co
isa qu
e eles não
fazem é atend
er, m
as de resto,
parte do
sistema, tu
do is
so, e
les co
nseg
uem desem
penh
ar normalmen
te, c
omo já vem
qua
lifica
dos e
prep
arad
os a
gen
te não
precisa fa
zer um
treina
men
to esp
ecífico.” (E
11)
“[...]
Ele propo
rciona
esta qu
alificaç
ão para os deficientes. P
orem
, os próp
rios deficientes não
dão
o valor
nece
ssár
io par
a esta qua
lific
ação
. [...]O
qua
ntitativo de
pesso
as, a
cho qu
e mais de
100
pessoas são
qu
alificad
as[...]
.” (E13
) “[...]
Nesse m
ovim
ento a cap
acitaç
ão ela é rea
lmen
te m
uito ade
rente“
(E16
) “[...]
Atrav
és desse projeto, tam
bém o PSA
I, não
só o SE
NAI, m
as hoje em
dia outras em
presas
també
m o
SENAI també
m enc
aminha
para ou
tras
empr
esas
para. Por exemplo: os alun
os que
são
form
ados no SE
NAI,
eles são
enc
aminha
dos pa
ra outras em
presas, o
utras em
presa també
m absor
ve. E
ntão
, parceria. Eu ac
ho
assim, q
ue o progr
ama muito bom
e está crescend
o.” (E
14)
“Qua
ndo term
inei o curso de inform
ática, m
e falaram que
tinh
a ou
tro cu
rso, que
tinh
a cu
rso de
cos
tura. E
u e
os outros su
rdos fizemos o curso no SE
NAI no
Tab
uleiro. N
o fina
l do cu
rso fizemos uns te
stes. F
oi uma
avaliaçã
o de
costura. T
inha
que
fazer um
a bo
a co
stura e um
a do
s três que
passa
sse iria par as olim
píad
as do
SENAI. C
ompe
tir co
m ouras pessoas
de ou
tros
estad
os. [...]V
iajamos e com
petimos e a classificaç
ão da
prem
iaçã
o. Eu fiqu
ei em te
rceiro lu
gar na
olimpíad
a no
Brasil. Qua
ndo eu
voltei o
SENAI me co
ntratou.”
(E7)
133
Quadro de Categorização
Categoria Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
A CONTRIBUIÇÃO DO PSAI NO PROCESSO INCLUSIVO
CONTEXTUALIZANDO O PROGRAMA
Sociedade, competitiva, formação, favorecimento, diferencial,
capacidade, mercado de trabalho
“O curso
de au
xiliar adm
inistrativo me favo
rece
u ba
stan
te, m
e ajud
ou bastante na
parte adm
inistrativa qu
e a
gente trab
alha
aqu
i no SE
NAI e co
ntinua
me ajud
ando
.” (E9)
“Já
trab
alhe
i antes, n
ão pelo prog
rama, m
as no SE
NAI pe
lo curso de au
xiliar adm
inistrativo. O
program
a dá
muita opo
rtun
idad
e pa
ra as pe
ssoa
s co
m deficiênc
ia e eu tive opo
rtun
idad
e pe
lo SENAI. Eu ac
ho que
o
prog
rama qu
alifica, até porqu
e eu
apren
di m
uito. O
program
a interferiu m
uito, m
e ajud
ou a te
r a funç
ão que
eu
tenh
o ho
je.” (E8)
“Este prog
rama foi d
iferen
ciad
o pa
ra m
im, p
orqu
e eu
já tinh
a pa
ssad
o po
r ou
tras
empr
esas e já
tinh
a trab
alha
do em algun
s loca
is, n
ão nessa m
inha
área e nu
nca im
aginav
a en
trar num
a área
com
o eu
estou
hoje
em dia.“ (E10
)
134
Quadro de Categorização
Categoria
Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
A CONTRIBUIÇÃO DO PSAI NO PROCESSO INCLUSIVO
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Responsabilidade social
Eu sabia qu
e o cu
rso fazia pa
rte do
PSA
I. É um tr
abalho
ótimo qu
e ajud
a a co
ntribu
ir para esta parte soc
ial.
Dep
ois de
dois an
os eu ve
jo o traba
lho qu
e eles fac
ilitam
esta visualizaç
ão da pe
ssoa
com
deficiênc
ia no
merca
do de trab
alho
. (E6)
O p
rogram
a tem p
ropo
rciona
do d
iferen
ciais co
mpe
titivo
s. N
ós a
nível n
aciona
l temos n
os d
estaca
dos na
olim
píad
a do
con
hecimen
to. F
omos prata com
a F
abrícia em
TI , o
Dou
glas deficiente visual tam
bém troux
e um
a med
alha
, o Joseildo foi c
ontatado
pelo SE
NAI e ho
je é nosso in
strutor na
área têxtil e vestuár
io, tirou
3º
luga
r. É
isso, a
queles q
ue s
e prop
õe a
apren
der sa
em m
uito b
em. Sínd
rome
de d
own
na p
anificaç
ão,
trou
xemos
ouro e tem id
o sa
tisfatório. (E13
) [...]
Atrav
és desse p
rojeto, també
m o P
SAI, não
só o SE
NAI, m
as hoje em
dia outras em
presas tam
bém o
SENAI també
m enc
aminha
para ou
tras empr
esas
para. P
or exemplo: os alun
os que
são
formad
os no SE
NAI,
eles são
enc
aminha
dos pa
ra outras em
presas, ou
tras
empr
esa també
m absor
ve. Então
, pa
rceria. Eu
acho
assim, q
ue o progr
ama muito bom
e está crescend
o. (E14
)
É o program
a de
açõ
es inc
lusiva
s qu
e tem nac
iona
lmen
te no SE
NAI. E
le faz este trab
alho
de inclusão
da
pessoa
com
deficiênc
ia. Então
, a ge
nte tem m
uitos projetos den
tro da
organ
izaç
ão ond
e a ge
nte tem aluno
s,
turm
as com
pessoas com
deficiênc
ia para pr
eparar
para o merca
do. Então
este trab
alho
é fun
damen
tal e
está ajuda
ndo inclusive a ou
tras
empr
esas
.[...] Com
o eu
digo a vo
cê. a gen
te usa
com
o respon
sabilida
de
social. a gen
te não
que
r usar com
o po
lítica
de ob
riga
toried
ade lega
l. Aí a gen
te peg
ou justamen
te estes
caso
s de
deficiênc
ia in
telectua
l (E1)
O P
SAI qu
e a ge
nte sa
be é o pro
cesso de
inc
lusão de
deficientes no merca
do de trab
alho
. Ele qua
lifica
as
pessoa
s de
ficien
tes pa
ra que
eles trab
alhe
m na indú
stria e ac
ho que
não
só na
ind
ústria com
o em
qua
lque
r em
preg
o. [...]E
le é com
o respon
sabilid
ade social e tam
bém ele ajuda
as em
presas, as ind
ústrias co
mo co
ta
para que
eles aten
dam a cota do
ministério do
trab
alho
. (E5)
135
Quadro de Categorização
Categoria
Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
A CONTRIBUIÇÃO DO PSAI NO PROCESSO INCLUSIVO
QUALIFICAÇÃO
Responsabilidade social Qualificação, desempenho, capacitar, competência, preparado
“[...]
até mesmo a metod
olog
ia do SE
NAI, por com
petênc
ia, o
aluno
sai não
só co
m a parte té
cnica, m
as te
m
a pa
rte da
cidad
ania, sab
e seu de
ver, seu
pap
el, e
le sai daq
ui apren
dend
o isso
. O que
ele é, o
que
pod
e ser,
onde
pod
e ch
egar, isto é muito im
portan
te ta
mbé
m diferen
cial do cu
rso.” (E
1)
“O PSA
I ho
je ele tá
, vam
os dizer, n
um ran
king
, ele tá
(sic) com
o um
dos
lado
s mais forte da
inclusão
da
esco
la, p
orqu
e o PSA
I bu
sca essas pe
ssoa
s qu
e é pe
ssoa
s co
m deficiênc
ia , qu
e tem algum
a dificu
ldad
e bu
scar
o in
centivo de
melho
ria, m
as eu vejo com
o o PSA
I ho
je, u
m fu
turo, u
ma po
rta ab
erta para essa
s pe
ssoa
s.” (E12
) “Então
, o pessoal do serviço social e ju
nto co
m o program
a da
Nívea
, o PSA
I. Eles juntar
am o m
aterial e
pa
ssou
este material p
ar o serviço
soc
ial e
eles pa
ssar
am, fizeram
umas palestras
de pr
eparaç
ão em to
das as
área
s pa
ra receb
er estas pessoas
com
deficiênc
ia. [...] Ago
ra o SENAI sempr
e teve esta po
lítica
do PSA
I é
antiga
junto co
m os alun
os, c
om a com
unidad
e e tal. [...]
Qua
nto a co
mun
idad
e interna da
organ
izaç
ão nós
temos uma pa
rceria com
a N
ívea
e to
das as
açõ
es que
que
remos
fazer co
m eles a ge
nte ac
iona
a N
ívea
. A
Nívea
é a nossa m
entora”[...]
”(E
1)
“A gen
te te
m esse pr
ogra
ma aq
ui, c
om a par
ceria da
Nívea
, ele qua
lifica
as pe
ssoa
s e essa qua
lifica
ção qu
e ele dá
para os in
dustriários, os em
presár
ios.” (E5)
“Então
, a gen
te fo
rman
do essas
turm
as, d
ando
con
diçõ
es deles tr
abalha
rem aqu
i e desem
penh
ar as suas
funç
ões ad
ministrativas, s
ecretaria, in
depe
nden
te de on
de fo
r. A gen
te pod
e mostrar
també
m para a
indú
stria qu
e é o no
sso cliente principa
l, qu
e eles ta
mbé
m pod
em exercer essa funç
ão lá
(sic).” (E11
) “A professora Nívea
que
é uma da
s ge
storas
desse program
a. Ela fa
z um
trab
alho
muito bom
nisso daí. F
az
uma divu
lgaç
ão le
gal, faz qu
estão qu
e isso aco
nteça é um
a pe
ssoa
que
sem
pre luta para isso e lu
ta. E
u ac
ho
que é muito im
portan
te.” (E14
)
“Então
, ach
o qu
e há
um aco
mpa
nham
ento bem
signific
ativo en
tre RH hoje e os gestores qu
e estão
reco
rren
do ao RH e o m
ovim
ento do PSA
I.” (E16
)
136
Quadro de Categorização
Categoria
Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
A CONTRIBUIÇÃO DO PSAI NO PROCESSO INCLUSIVO
A PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Prática, produtividade, comunicação, comprometido, importante, reconhecido, produtiva
“Eu cito m
uito para o pe
ssoa
l o com
prom
etim
ento deles, p
orqu
e as
sim, e
u nã
o ve
jo eles faltan
do ou da
ndo
desculpa
para sair m
ais ce
do ou de
ixar de vir trab
alha
r muitas vezes. Eu ch
ego, to
dos os
três já
estão
aq
ui(sic). Para mim
é um exemplo. Porqu
e o co
mprom
etim
ento deles m
uitos nã
o tem. A
gen
te em reu
nião
cita is
to com
o um
bom
exemplo.(E
11)
“[...]Q
uanto ao
tipo
de de
ficiên
cia, ela não
influe
ncia no co
mprom
etim
ento é m
uito a que
stão
cultural. É
muita a fo
rma, tu
do parte da form
a de
com
o ele foi c
riad
o. Aqu
eles que
batalha
ram tiveram apo
io da família
e a família assum
iu a deficiênc
ia. B
otou
a cara pa
ra bater na rua(sic), c
orreu atrás(sic). E
la te
m um perfil
marav
ilho
so, m
as aqu
ele qu
e nã
o teve essa assistên
cia qu
e foi a
quela co
isa proteg
ida, com
med
o de
cair, ele
sofre mais um
boc
ado(sic).[...] Ago
ra percebo
uma gr
ande
maioria que
o desem
penh
o de
les nã
o é igua
l a
pessoa
sem
deficiênc
ia. Isto eu
percebo
. Aqu
i(sic) na minha
área eu
não
tive este pr
oblema co
m as du
as que
eu
tenh
o qu
e são a Fab
rícia e Aud
itiva, lá
(sic). M
uito pelo co
ntrá
rio, o fe
edba
ck que
tive de lá(sic) qu
e o
nível d
e prod
utividad
e, ela saiu melho
r qu
e a ou
tra qu
e nã
o tinh
a, m
as em outras ár
eas eles tê
m m
e reclam
ado e tem algum
as coisas qu
e eu
não
sei. P
orqu
e, que
stão
cultural d
eles.[...] (E
1)
“Prefiro
trab
alha
r, não
gosto de fica
r em
casa. Eu ac
redito, n
o ca
so que
este be
nefício ela faz co
m que
as
pessoa
s fiqu
em pregu
içosos, r
elax
adas. E
u nu
nca qu
is is
so, e
u sempr
e qu
is te
r co
mun
icaç
ão com
as pe
ssoa
s,
trab
alha
r, te
r um
a vida
soc
ial, ter meu
próprio salário e m
eus am
igos que
sem
pre en
contro
eu digo
a eles.
Não
que
ira.”(E
6)
“Não
troc
aria, é
bem
melho
r trab
alha
r pa
rece que
o ben
efício não
dá um
a segu
ranç
a. N
ão fa
z co
m que
a
gente se env
olva
. Para mim
é bem
melho
r estar todo
s os dias trab
alha
ndo, a desen
volver, c
onhe
cer no
vas
coisas. O
ben
eficio par
ece trav
ar a pessoa. D
eixa
a pessoa em
cas
a ac
omod
ada. O
trab
alho
, não
, faz com
qu
e a gen
te se senta útil, faz com
que
a gen
te se de
senv
olva
bem
, cresça no
trab
alho
. Se relacion
e co
m
outras pessoas. S
ão opo
rtun
idad
e be
m m
elho
res. Eu ac
redito que
bem
melho
r trab
alha
r. N
ão q
ueria , n
ão, o
be
nefício, não
. para mim
, não
. (E7)
“Não
troc
aria m
eu tr
abalho
pelo be
nefício de
prestaç
ão con
tinu
ada. Porqu
e eu
ach
o po
r ca
usa do
nosso
desenv
olvimen
to, p
ara ge
nte ter um
desen
volvim
ento, c
apac
idad
e e nã
o fica
r só no be
nefício.” (E8)
“Não
gostaria de
receb
er o ben
efício, q
uero tr
abalha
r e co
ntinua
r trab
alha
ndo. Traba
lho de
sde os 16 an
os e
até ho
je.” (E9)
“Não
, porqu
e eu
não
me sinto inca
paz. Este be
nefício está m
ostran
do par
a pe
ssoa
s qu
e tem sua
s limitaç
ões,
mas te
m a possibilida
de de trab
alha
r, m
as que
na realidad
e nã
o qu
erem
e ach
o qu
e aq
uilo dali(sic) vai ser
bom para vo
cê estar
em cas
a sem fa
zer na
da. [...]Isto va
i mostrar par
a si m
esmo e pa
ra soc
ieda
de que
está
ao seu
red
or par
ecer que
voc
ê já é uma inca
pacida
de de fazer algu
ma atividad
e.” (E10
)
137
Quadro de Categorização
Categoria
Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
A CONTRIBUIÇÃO DO PSAI NO PROCESSO INCLUSIVO
TRABALHO E OPORTUNIDADE
Prática, produtividade, comunicação, comprometido, importante, reconhecido, produtiva
“Não
percebo
nen
hum fa
vorecimen
to par
a as
pessoas com
deficiênc
ia não
, tod
o mun
do é tr
atad
o de
uma bo
a form
a.” (E6)
“O SENAI dá
opo
rtun
idad
e as pesso
as com
deficiênc
ia. A
gen
te tr
abalha
cad
a um
na su
a ár
ea de trab
alho
tem a sua
funç
ão e a
gen
te tr
abalha
sim
. Ape
sar de
cad
a um
ter a sua funç
ão, a
gen
te tr
abalha
com
o outro
sempr
e um
ajuda
ndo o ou
tro e eu
agrad
eço a Deu
s(sic)po
r estar aq
ui(sic). (E7)
“Aqu
i den
tro do
SENAI nã
o, não
tem nen
huma diferenç
a. Até porqu
e me co
loca
ram nesta ativida
de aqu
i, on
de eu sou respon
sável p
elo material d
idático. [...]N
unca
fui tratada
com
diferen
ça. S
empr
e co
m
igua
ldad
e” (E8)
“Eu go
sto muito de trab
alha
r aq
ui, e
que
ro con
tinu
ar aqu
i. Se
aco
ntecer do SE
NAI me co
loca
r pa
ra fo
ra. E
u já te
nho ou
tro foco
, eu já te
nho máq
uina
de co
stura em
casa, eu trab
alho
com
cos
tura. E
ntão
, eu sempr
e pe
nso nisso pa
ra m
eu fu
turo. N
ão fica
r pa
rado
, sem
outra profissão
, sem
ter o qu
e fazer.” (E7)
“Gostaria de
crescer m
ais pe
lo curso
que
fiz e qu
ero fazer facu
ldad
e” (E8).
“Qua
nto ao
futuro esp
ero qu
e me co
ntratem ao fina
l do estágio”
(E9)
“Tod
o material q
ue te
m aqu
i(sic), e
u ac
redito e estud
ei ta
mbé
m no estágio e está tu
do de ac
ordo
, os
materiais de segu
ranç
a, te
m gen
te que
não
usa que
não
que
r e po
de aco
ntecer algum
problem
a. H
á pe
rigo
, mas há ne
cessidad
e de
seg
uran
ça de se tr
abalha
r. Então
, eu trab
alho
aqu
i bem
, me sinto satisfeito de estar
aqui.[...] Acred
ito sim que
a empr
esa facilita, is
so fa
z co
m que
a gen
te se co
nscien
tize dessa nec
essida
de de
ter essa
seg
uran
ça, c
om nossa
saú
de, c
om to
dos os ben
efícios qu
e a em
presa oferec
e. Eu ac
redito que
isso
ajud
a ba
stan
te e eu me sinto motivad
o.” (E7)
“Sob
re o espaç
o, a gen
te sab
e qu
e a no
ssa un
idad
e é pe
quen
a, m
as a gen
te fa
z o po
ssível para qu
e eles
estejam no melho
r espa
ço possível, po
rque
a gen
te te
m que
atend
er as no
rmas
, o pad
rão, hoje só te
mos uma
sala aqu
i, mas
o espaç
o é bo
m.” (E12
) “E
u vejo que
a visão
do SN
EAI é muito ampliada
na área
com
o essa, c
om deficiênc
ia. E
les ajud
am bastante,
eles dão
esta op
ortunida
de. A
greg
am valor ao func
ioná
rio co
m deficiênc
ia. E
ntão
, eu vejo que
esta qu
estão
de salario, n
ão há dificu
ldad
e. O
SENAI cria um ambien
te, fav
oráv
el com
a pessoa co
m deficiênc
ia e uma
inclusão
que
rea
lmen
te aco
nteça.”(E
6)
138
Quadro de Categorização
Categoria
Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
Políticas de RH
CONQUISTAS E DIFICULDADES
dificuldade, cultura, família, imagem, acessibilidade
“A gen
te qua
ndo pr
epar
a o pe
ssoa
l da lid
eran
ça, a
gen
te prepa
ra m
ostran
do que
ele vai tr
atar ele da mesma
form
a qu
e trata qu
alqu
er outra pessoa. Voc
ê ne
m pod
e discriminar e nem
voc
ê po
de protege
r de
mais e é,
mas, v
ou dar uma co
isinha
mais leve aqu
i, mais su
ave po
rque
é uma pe
ssoa
com
deficiênc
ia. N
ão, e
le vai ser
tratad
o co
mo um
profissiona
l normal.[...] Ach
o qu
e tem rep
ercu
tido
bem
. Neste sen
tido
está ha
vend
o be
m
este tipo
de co
isa. Q
uand
o há
um problem
a ou
outro ô fu
lano
não
está da
ndo co
nta, às vezes é um
a limitaç
ão
técn
ica e realmen
te voc
ê já passou tudo
que
tinh
a, m
as não
con
segu
e. A
gen
te cha
ma e faz as vezes uma
mud
ança
de setor, aqu
ele setor está pux
ando
um pou
co dele e qu
e ou
tro setor teria um
perfil m
elho
r pa
ra
ele.” (E1)
“[...]
Aqu
i(sic) no SE
NAI há
o respe
ito da
s pe
ssoa
s co
m as pe
ssoa
s co
m deficiênc
ia. a ge
nte nã
o trab
alha
triste a gen
te tr
abalha
feliz co
nhece todo
mun
do, c
onversa co
m to
dos.” (E7)
“Aqu
i den
tro do
SENAI nã
o, não
tem nen
huma diferenç
a.” (E8)
“O relac
iona
men
to com
a lide
ranç
a é no
rmal, a
gen
te te
m m
uito serviço
lá(sic), qua
lque
r co
isa a ge
nte
cham
a e ele sempr
e ajud
a. [...]O
líde
r da
área, ele sai dividindo
os trab
alho
s, exp
lica
o que
tem que
fazer e
consigo fazer be
m.”(E
9)
“Pesso
al aqu
i(sic) é m
uito fa
mília. A
qui(sic) é m
uito aco
lhed
or, a
té o m
eu che
fe m
esmo ge
ral, ele é um
ca
ra(sic) qu
e ac
redita em m
im. E
le m
esmo libe
ra para eu
efetuar certo tipo
de serviço de
ntro da instituiçã
o.
Me man
dand
o fazer ou
tras
coisas qu
e nã
o seja m
inha
área.” (E10
) “[...]
Eu nã
o vejo nen
huma ba
rreira[..].” (E12
) “Perce
bo que
há resistên
cia co
mo falei. Req
uer pa
ciên
cia.” (E13
)
“A gen
te te
m uma relaçã
o tran
quila, pois tem ativida
de que
tem um nível de respon
sabilida
de m
aior. A
í eu
não pa
sso pa
ra eles, porqu
e eu
que
ira qu
e ele respon
da, n
ão que
ele vai te
r, não
que
ele não
tenh
a co
ndiçõe
s, eles têm con
diçõ
es, m
as eu proc
uro de
ixar eles be
m a von
tade
. Essa qu
estão de
lide
rar é
tran
quilo, a gen
te se co
mun
ica tran
quilo, passa as atribu
içõe
s de
le, à
s ve
zes qu
estion
am algum
a co
isa. Aí a
ge
nte co
nversa tr
anqu
ilo, não
tem problem
a, a harmon
ia é tr
anqu
ila ta
nto pa
ra ele com
o pa
ra os ou
tros.”
(E14
) “Ach
o qu
e eles deviam desen
volver m
ais o meu
setor, m
elho
rar o espa
ço.” (E8)
A con
trataç
ão da PcD
influe
ncia positivam
ente ta
nto na
imag
em da em
presa de
ser in
clusiva de
lida
r co
m a
diversidad
e e tanto da
s pe
ssoa
s qu
e trab
alha
m, p
ois qu
ando
a gen
te vê, o exemplo da
Fab
rícia, a Fab
rícia
não se deixa
aba
ter, tipo
, ela te
m certas dificu
ldad
es, lim
itaç
ões qu
e eu
não
tenh
o, m
as ela não
se de
ixa
abater, m
as eu ac
ho ta
mbé
m que
influe
ncia sim
(E2)
139
Quadro de Categorização
Categoria
Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
Políticas de RH
CONQUISTAS E DIFICULDADES
dificuldade, cultura, família, imagem, acessibilidade
“As dificu
ldad
es que
a gen
te te
m são
mais ou
men
os aqu
ilo qu
e tinh
a falado
. Tem
algun
s po
r qu
estões
compo
rtam
entais, d
os problem
as que
a gen
te já
teve. A
lgun
s qu
e qu
erem
usa
r disto co
mo um
a justifica
tiva
pa
ra ser protegido
, não
. Porqu
e o co
itad
inho
, não
porqu
e o bich
inho
tem deficiênc
ia. E
ntão
com
o a gen
te
tem a política de
tratar
ele ig
ual a
qua
lque
r ou
tro pe
ssoa
.” (E1)
“Algun
s são co
mprom
etidos, o
utros nã
o. às ve
zes eles m
esmos, falta is
so neles. A
gen
te procu
ra con
versar,
incentivar. A
gen
te pro
cura
sem
pre estar mos
tran
do para ele, voc
ês não
que
rem ser tr
atad
os ig
ualm
ente,
então vo
cês têm ta
mbé
m que
se co
mprom
eter, s
erem
com
prom
etidos
. É o que
a gen
te m
ais fala qua
ndo a
gente faz a seleçã
o.” (E5)
“Qua
ndo tem um in
terprete, e
le cria esta sen
sibilida
de, m
as qua
ndo nã
o tem a gen
te te
m que
ir le
vand
o, te
m
que ir. S
ão líng
uas diferentes, s
ão gramáticas
diferen
tes. Então
esta é a maior dificulda
de, a
maior
limitaç
ão. C
omo um
deficiente físico
, tem
a barreira ar
quitetôn
ica, a acessibilidad
e de
se de
sloc
ar. É
muito
complicad
o.[...]
Qua
ndo eu
che
guei, e
u ch
egue
i me assu
stei, p
orqu
e eu
con
segu
i me co
mun
icar
com
as
pessoa
s” (E6)
“Aqu
i no SE
NAI, não
, mas nas outras em
presas
era m
uito com
plicad
o. Aqu
i a gen
te con
segu
e se com
unicar.
Aqu
i eu me sinto be
m m
elho
r, nas outras em
presas a barreira de
com
unicaç
ão era
difícil. T
inha
que
fazer
muita le
itura labial, a
s pe
ssoa
s nã
o tinh
am in
teresse de
apr
ende
r a líng
ua de sina
is. A
qui a ge
nte já vê
diferente. (E9)
“No inicio, o
s surdos, e
ram m
ais fech
ados, a
cho qu
e a gen
te te
m que
pro
cura
r eles e não
esp
erar
para eles
virem. E
u sinto ne
cessidad
e de
fazer libras, m
as eu nã
o fiz aind
a, m
as pela qu
antida
de que
nós te
mos
na
esco
la é nec
essário, a gen
te vai precisar fazer.” (E11
)
“Eu vejo assim
, não
vi n
enhu
ma dificu
ldad
e, só esforço da
pessoa. Eu nã
o vi dificulda
de porqu
e eu
me
comun
ico muito bem
. Qua
ndo eu
sinto dificu
ldad
e, eu tento ap
rend
er para qu
e eles saiba
m o que
é que
estou
co
mun
ican
do” (E12
)
[...]
O im
portan
te para o proc
esso de inclusão
, seria só pr
epar
ação
melho
r pa
ra rec
eber essas pessoas
. Eu
acho
que
às vezes falta essa
prepa
raçã
o.[...]
Então
, para po
der inseri-lo eu
preciso
, ada
ptar o com
putado
r,
coloca
r o sistem
a qu
e eles possa
m m
anus
ear, virtual vision, então
req
uer um
a pr
eparaç
ão, treinam
ento e
paciên
cia qu
e ela venh
a ad
quirir a prática
necessá
ria pa
ra exe
cutar na
empr
esa. Pac
iênc
ia eu ac
ho que
é
fund
amen
tal” (E13
)
140
Quadro de Categorização
Categoria
Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
Políticas de RH
CONQUISTAS E DIFICULDADES
dificuldade, cultura, família, imagem, acessibilidade
“Eu vejo den
tro da
nossa
rea
lida
de que
seria m
ais interessan
te te
r cu
rso sobr
e co
mpo
rtam
ento, d
e relaçõ
es
interp
essoais, con
trole em
ociona
l, inteligê
ncia emoc
iona
l. A gen
te vê estas ne
cessidad
es. S
e vo
cê m
e preg
untasse: voc
ê pr
ecisa ter um
curso do PSA
I? N
ão, e
u pr
ecisar
ia te
r um
curso de ge
stão
, de
compo
rtam
ento. (E16
) “H
ouveram algum
as m
odificaç
ões e isto fa
z diferenç
a, pois se voc
ê tem necessida
des espe
ciais, então
voc
ê tem que
se sentir con
fortáv
el. P
or exemplo: na troc
a de
luga
r po
r nã
o ha
ver um
a ba
ncad
a certa. Ele não
estava
ade
quad
o, ela não
estav
a send
o be
m rec
ebida, e is
to im
pacta no
desem
penh
o até no
sen
timen
to da
pessoa
.” (E2)
“Influen
cia po
sitiva
men
te ta
nto na
imag
em da em
presa de
ser in
clusiva de
lida
r co
m a diversida
de e ta
nto
das pe
ssoa
s qu
e trab
alha
m, p
ois qu
ando
a gen
te vê, o exemplo da
Fab
rícia, a Fab
rícia nã
o se deixa
aba
ter,
tipo
, ela te
m certas dificu
ldad
es, lim
itaç
ões qu
e eu
não
tenh
o, m
as ela não
se de
ixa ab
ater, m
as eu ac
ho
també
m que
influe
ncia sim
”. (E2)
Toda
estrutura de ac
essibilida
de já
foi p
ensada
antes deles che
garem, d
esde
201
0 já tinh
a toda
esta estrutur
a e nã
o tinh
a ne
nhum
deles. E
sta estrutura de
sde qu
ando
reformar
am o N
B para um
a esco
la até porqu
e o
nosso foco
é o aluno
, a ge
nte sempr
e recebe
u alun
o. a
gen
te sem
pre se preoc
upou
para qu
ando
o aluno
ch
egar
ele tivesse ac
esso para qu
alqu
er lu
gar da
escola. Q
uanto a ac
essibilida
de estam
os prepa
rado
s pa
ra
qualqu
er tipo
, com
exc
eção
para de
ficien
te visua
l – ceg
o. N
ão sei com
o faríam
os, a
pesar de
ter o piso tá
tico
, mas não
temos fe
rram
entas co
mo livros, p
ainé
is e te
cnolog
ia em braile. C
omo a gen
te não
rec
ebeu
pessoas
com esta de
ficiên
cia, já
foi p
rovide
nciado
. Por m
ais qu
e eu
sei, a ge
nte tem que
se co
meçar
a prepa
rar pa
ra
isso, p
orqu
e ca
da dia que
passa o deficiente tem busca
do se qu
alificar m
ais.” (E11
) [...]
A gen
te precisa
sem
pre. Por exe
mplo é , e
xiste na
nossa área de
costura, tem
muita m
oda, m
uda
cons
tantem
ente, m
áquina
eletrôn
ica, m
esa de
cor
te eletrôn
ica, que
mud
a tudo
e sem
pre. Entre a gen
te
precisa muito de, nós precisamos da ár
ea é dos
treina
men
tos, m
as nad
a espe
cífico
que
ago
ra, o
que
aco
ntece
agora estou fazend
o o leva
ntam
ento da ne
cessidad
e de
treina
men
to. M
elho
ria pa
ra os professores. (E12
)
141
Quadro de Categorização
Categoria
Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
Políticas de RH
CONQUISTAS E DIFICULDADES
dificuldade, cultura, família, imagem, acessibilidade
Então
o SENAI tem se pr
eocu
pado
neste sen
tido
. Não
só em
relaç
ão aos aluno
s qu
anto os co
labo
rado
res.[...]
Com
a con
trataç
ão in
tern
amen
te não
vejo qu
e mud
ou, m
as para im
agem
da instituiçã
o, peran
te a soc
ieda
de,
sim. P
orqu
e é um
a em
presa qu
e está in
cluind
o estas pe
ssoa
s, m
as uma visão intern
a nã
o mud
a muita coisa
não. Eu ac
ho que
as pe
ssoa
s já se ac
ostumaram
aqu
i no SE
NAI. ” (E13
) “N
o SE
NAI o qu
e eu
destaca
ria. H
oje eu
posso dizer que
o SENAI tá(sic) da
ndo o sign
ificad
o pa
ra a vida de
algu
ns, d
e algu
mas pessoas
que
se classifica
nessa ord
em aí (sic), d
e pe
ssoa
s co
m deficiênc
ia. O
SENAI tá
dand
o a mão
, abraç
ando
ele, tá bo
tand
o eles para fazer cu
rso(E14
) [...]
Com
a vinda
deles, a
qui n
a secretaria que
é uma área
que
a gen
te tr
abalha
. Antigam
ente [...]n
ão tinh
a aq
uela har
mon
ia que
tem hoje. H
oje tem m
ais pe
ssoa
s e a gen
te sem
pre se com
unica, te
m as br
inca
deiras
que toso lo
cal d
e trab
alho
tem. B
rinc
adeira sad
ia e har
mon
ia tr
anqu
ila. Eu ac
ho que
eles ca
usaram
uma
mud
ança
boa
aqu
i par
a a gen
te. [...]N
o SE
NAI eu
ach
o qu
e tem, a
cho tanto a qu
estão de
ace
ssibilidad
e qu
anto nossa cultura ta
mbé
m te
m que
melho
rar um
pou
co sob
re is
so. E
u ac
ho aqu
i com
plicad
o, pois pa
ra
um deficiente visual par
a ele ter ac
esso
a sala de
aula eu
ach
o qu
e tem de melho
rar um
boc
ado.” (E14
) “P
ara lhe ser sinc
ero, natural não
foi, mas de pr
imeiro
mom
ento assim
a gen
te sen
te as pe
ssoa
s meio
receoso, com
o vo
u lida
r co
m esta situaç
ão. É
uma situaç
ão nov
a, não
é cultura
nossa. F
oi uma co
isa qu
e foi
acon
tecend
o. A gen
te já
vinha
sen
sibilizand
o. Vai aco
ntecer is
so, v
ocê pr
ecisa trab
alha
r de
sta form
a. Então
nã
o foi fác
il, m
as eu vejo que
hoje as pessoas estão
mais ab
ertas, te
m gen
te que
diz até não
. A gen
te precisa
co
loca
r, a
gen
te te
m que
atend
er. a ge
nte tem pessoas
que
dizem
pod
e man
dar pa
ra cá. A
gen
te já
vê isso.”
(E4)
“Eu ac
ho que
tem aspectos cu
lturais no
SENAI qu
e po
dem ajuda
r e a atrapa
lhar um pou
co. P
orqu
e o SE
NAI
absorve um
pou
co da cu
ltura indu
strial. T
alvez ba
stan
te da cu
ltura indu
strial e é uma cu
ltura fortem
ente
capitalista, no sentido de
produ
tivo
e aqu
ele qu
e prod
uz m
ais ne
m sem
pre é melho
r. Porqu
e as
vezes a
certos, n
ão hav
ia uma ne
cessidad
e de
um tr
abalha
dor qu
e pe
nsas
se, e
ra um grand
e ex
ecutor. a ge
nte tinh
a isso na cu
ltur
a, m
as a cultura vem
mud
ando
.” (E16
) “[
..]nu
nca de
sistir e de tentar
fazer o mov
imen
to de ad
aptaçã
o qu
e a gen
te precisa
fazer pa
ra que
esta
pessoa
seja prod
utiva.” (E16
)
“Até o m
omen
to não
hou
ve este tipo
de co
nflito para a ge
nte ter essa. E
les têm as pa
rticularidad
es deles. É
claro, que
é uma cu
ltura. A gen
te te
m umas culturas de
les qu
e a ge
nte tem que
respe
itar, n
ão pod
e també
m
que eles sejam
igua
l a nós
. Cad
a um
tem uma cu
ltura diferente, m
as é tr
anqu
ilo, não
tem nen
huma
dificu
ldad
e de
trab
alho
.” (E14
)
142
Quadro de Categorização
Categoria
Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
Políticas de RH
LEI DE COTA
Cota, benefício
“Qua
ndo a gen
te fa
z esta fiscalizaç
ão da DRT. Q
uand
o eu
che
guei lá
com
a cota preenc
hida
com
toda
qu
antida
de. O
pesso
al fico
u tudo
doido
. A ond
e vo
cê tá
arrum
ando
, o que
voc
ê está fa
zend
o. Q
uand
o eu
disse
que era o SE
NAI qu
e estava
prepa
rand
o e já ta
va com
cota de
pesso
as com
deficiênc
ia. F
icar
am doido
e
queren
do fa
zer a mesma co
isa. Porqu
e todo
mun
do te
m esta dificu
ldad
e de
enc
ontrar pessoas
qua
lifica
das.
Então
este prog
rama, ele vem
cau
sar um
impa
cto de
mud
ança
na socied
ade co
mo um
todo
, e princ
ipalmen
te
para as em
presas
com
o resu
ltad
o pa
ra as em
presas, tá prep
aran
do esta fatia do
merca
do.” (E1)
“Eu ac
ho que
não
estam
os com
eçan
do a alinh
ar, m
as uma qu
estão muito eng
raça
da. A
s pe
ssoa
s dizem, a
legislaç
ão absurda
, tem
obrigatorieda
de de co
ta. L
egislaçã
o pa
ra esse tipo
de co
isa, m
as é fu
ndam
ental ter,
porque
se vo
cê não
tiver, não
com
eça este m
ovim
ento de inclusão
por livre e espo
ntân
ea von
tade
. A
legislaç
ão. v
ai te
obrigar a lh
e da
r co
m esta realidad
e, ape
nsar sob
re, d
iscu
tir sobr
e o assunto. Então
a
obriga
toried
ade lega
l é um com
eço. (E16
) “O
PSA
I está in
tegrad
o co
mo um
todo
, não
esp
ecificam
ente por ele, d
entro da
política
de RH. N
o man
ual d
e ge
stão
de pe
ssoa
l, existe esta pa
rte da
respo
nsab
ilidad
e so
cial. E
ntão
indiretamen
te está, por con
ta desta
questão da
respo
nsab
ilidad
e so
cial.” (E3)
“[...]D
igo assim, d
e pe
ito ab
erto (sic), q
ue ach
o muito difícil outra empresa da
r op
ortunida
de dessa. C
omo
eu digo a vo
cê. a ge
nte usa co
mo respon
sabilida
de soc
ial. a gen
te não
que
r usar com
o po
lítica
de
obriga
toried
ade lega
l. Aí(sic) a gen
te peg
ou ju
stam
ente estes cas
os de de
ficiên
cia intelectua
l. É m
uito difícil
lida
r co
m deficiente intelectua
l, mas a
gen
te fe
z qu
estão de
coloc
ar.” (E1)
“A le
i das cotas é um estim
ulo pa
ra fo
rçar
a, n
o ca
so do ap
rend
iz ele (SE
NAI) não
tem necessida
de de
recebe
r, m
as receb
eu os ap
rend
izes com
deficiênc
ia, inc
lusive
no seu qu
adro e fo
i além das
cotas.” (E2)
“O objetivo está vincu
lado
a propo
sta da
respo
nsab
ilidad
e social. C
omo o SE
NAI é form
ador de pe
ssoa
s pa
ra atuar no merca
do de trab
alho
e este é o pr
incipa
l gan
ho nosso em con
tribuir co
m o desen
volvim
ento da
indú
stria”
(E3)
“não
há diferenç
a na
política de
ben
efício. O
SENAI, ele te
m a política pa
ra atend
er a cota, m
as não
ne
cessar
iamen
te precisaria se pessoas
com
deficiênc
ia que
é uma co
isa qu
e o SE
NAI ad
ota na
verda
de para
fazer o trab
alho
soc
ial.[
...] há
política de
inclusão
da diversidad
e. [...]S
ó em
ter a prática, m
esmo qu
e nã
o fiqu
e aq
ui na orga
niza
ção. Eu ac
ho que
isso já
dá pa
ra ela uma sensaç
ão de qu
e se con
sigo
. Eu sou ca
paz de
fazer isto. N
ão é só a respon
sabilid
ade é a qu
estão, m
ais hu
man
a. Eu pe
rceb
o as
sim a que
stão
da
orga
nizaçã
o” (E4)
“Então
o SENAI vem bus
cand
o todo
tipo
de pe
ssoa
s co
m deficiênc
ia para melho
rar tanto pa
ra dar fo
rça,
uma expe
ctativa de
vida. O
SENAI vem m
antend
o isso em um bom
pad
rão de
inclusão
.” (E12
)
143
Quadro de Categorização
Categoria
Subcategoria
Unidade de
Significado
Recortes das entrevistas
Políticas de RH
RECRUTAMENTO E SELEÇÃO, TREINAMEN-TO E DESENVOLVIMENTO, RETENÇÃO
Perfil, comportamento, sensibilização, preparação, treinamento, libras, igualitário, respeito
“A gen
te fa
z muita parceria co
m o SENAI de
cur
sos interno e inde
pend
ente do setor. Tod
a vez qu
e en
tra um
a no
va tu
rma co
m pessoa co
m deficiênc
ia, a
gen
te tr
az esta pa
lestra, e
sta pr
eparaç
ão dos gestores. As pe
ssoa
s qu
e vã
o trab
alha
r. Às ve
zes, não
só o ge
stor, a ge
nte també
m cha
ma as
pessoas
que
a gen
te já
sab
e mais ou
men
os que
área eles vão
entrar ou
de um
a form
a diversificad
a em
cad
a un
idad
e.[...]
Os instrutores recebe
m
uma prep
araç
ão. A
Nívea
tem um progr
ama qu
e eles fizeram. A
lgun
s são à distân
cia ou
tros
presenc
iais. E
la
fez esta prepa
raçã
o pe
lo PSA
I no
SENAI. [...]Inc
lusive aqu
i a ge
nte tem to
das as
quintas-feiras. Aqu
i(sic) na
área
corpo
rativa
palestras, a ge
nte ch
ama de
ativida
de corpo
rativa
, a ge
nte traz
temas in
teressan
tes, a
ge
nte fez o projeto da
gen
tileza.[...] Já
tivemos a seg
unda
, o professor Ítalo vem
e aqu
i na fren
te ele dá au
la
de libras para todo
mun
do.” (E1)
“Não
, tod
os par
ticipa
m dos tr
eina
men
tos. Levam
os in
terpretes pa
ra as pe
ssoa
s su
rdas e ade
quam
algum
as
situaç
ões.” (E2)
“O princ
ipal é prepa
rar as pessoas para rece
ber estas pe
ssoa
s, porqu
e as pessoas
têm m
edo, te
m
precon
ceito, não
sab
er com
o lida
r. Eu ac
ho que
o fa
tor principa
l é tr
eina
r e ca
pacitar as
pessoas.
Desmistifica
r, sen
sibilizar as
pessoas
. [...]O
trab
alho
é m
ais feito co
m a gestão. a
gen
te tr
abalha
em to
dos
os sen
tido
s. C
omo vo
cê fa
lou, no de
sempe
nho, relac
iona
men
to in
terpessoal, a
produ
tivida
de, isso tudo
é
trab
alha
do com
o gestor. Em princ
ípio par
a qu
e o ge
stor possa fa
zer a ge
stão
de pe
ssoa
s de
ntro de su
a próp
ria eq
uipe
e com
os co
labo
rado
res.[...]
Qua
nto a libras
nem
todo
s sa
bem, m
as hoje tem aula de
libras,
ação
feita co
m um in
strutor de
libras
. Ond
e ele vem aqu
i e passa uma ho
ra aqu
i ens
inan
do. A
com
unicaç
ão
básica
para a gen
te apr
ende
r e se com
unicar com
ela (Virginia). a ge
nte va
i abrir a te
rceira
turm
a este
ano.”(E
3)
“Já tivemos curso
com
pessoas
com
deficiênc
ia aqu
i na área
de co
stura e tivemos
turm
a mista que
na turm
a mista fo
i ond
e elas se sobr
essa
íram
muito bem
porqu
e se sen
tiram ig
uais a to
do m
undo
e até vi u
m esforço
maior deles. E
ntão
foi u
ma co
isa as
sim, é
incrível, n
é(sic).” (E12
)