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FACULDADE BOA VIAGEM DeVry Brasil CPPA CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MPGE- MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração CPPA da Faculdade Boa Viagem é definido em três graus: Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas); Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em consequência, restrita a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada; Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou custódia; A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor. Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração. Título da Dissertação: “Um estudo sobre a influência da comunicação boca a boca na audiência do Facebook do Restaurante Dali Cocina em Recife-PE” Nome do(a) autor(a): Maria Christina Lima Nunes Data da Aprovação: 14 de fevereiro de 2014 Classificação conforme especificação acima: Grau 1 X Grau 2 × Grau 3 × Recife, 07 de abril de 2014 _____________________________________ Assinatura do(a) Autor(a)

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FACULDADE BOA VIAGEM – DeVry Brasil

CPPA – CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MPGE- MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA – da Faculdade Boa Viagem é definido em três graus: Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e

indiretas);

Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em consequência,

restrita a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;

Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso,

o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave

ou custódia;

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.

Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.

Título da Dissertação: “Um estudo sobre a influência da comunicação boca a boca na

audiência do Facebook do Restaurante Dali Cocina em Recife-PE”

Nome do(a) autor(a): Maria Christina Lima Nunes

Data da Aprovação: 14 de fevereiro de 2014

Classificação conforme especificação acima:

Grau 1 X

Grau 2 ×

Grau 3 ×

Recife, 07 de abril de 2014

_____________________________________

Assinatura do(a) Autor(a)

MARIA CHRISTINA LIMA NUNES

Um estudo sobre a influência da comunicação boca a boca na audiência do Facebook do

Restaurante Dali Cocina em Recife-PE

Dissertação de Mestrado apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre em

Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e Pós-

Graduação em Administração. CPPA da Faculdade

Boa Viagem, DeVry Brasil.

Orientador: Prof. Dr. Rafael Lucian.

RECIFE

2014

AGRADECIMENTOS

Apesar de saber que viemos sozinhos ao mundo e terminaremos da mesma forma, é

impressionante observar como a vida não seria nada sem as pessoas que passam por ela. Esses

indivíduos muitas vezes aparecem apenas em um momento específico para dizer uma palavra

de conforto e carinho que às vezes nem sabíamos que precisávamos e outros permanecem

conosco pelo resto dos nossos dias. Pensando desta forma, nada mais justo do que reconhecer

nesse momento tão especial alguns dos nomes que foram tão importantes na minha trajetória

pessoal e profissional. Essa lista nem de longe apresenta todas as pessoas do meu percurso,

mas reconhece a relevância de quem se fez imprescindível durante este projeto.

Em primeiro lugar agradeço a Deus, pela coragem me fornecida ao longo dessa caminhada.

Aos meus pais, por serem exemplos de vida, força e perseverança. Por depositarem tanta

confiança nos meus passos. Especialmente a minha mãe Daisy Lima por ter me incentivado

em cada momento, mesmo quando pensava em desistir. Por ser companheira de longas horas

diurnas e noturnas me mostrando que sou capaz de muito mais do que eu imaginava.

Ao meu orientador, Prof. Doutor Rafael Lucian, que me estimulou mais do que qualquer

orientador que já conheci, sempre confiando na minha capacidade de execução.

A prof. Doutora Lucia Barbosa por colocar meu orientador na minha vida e por dar foco ao

meu projeto.

Aos amigos de classe da Faculdade Boa Viagem que foram companheiros de trajetória e

passaram por dificuldades similares a minha, em especial, Gustavo Leite.

À Faculdade Boa Viagem, professores e todos os seus funcionários pela confiança depositada

na aceitação do meu projeto.

À Faculdade Senac, colegas, professores e alunos, que contribuíram para aplicação dos

questionários desta dissertação.

Aos participantes desse experimento: Claudia Giane, Diva Ruanna, Mauro Faccenda, Fábio

Melo (Buchecha), Alexandre Araújo (Danosse), Luize Lacerda, Cirilo Veloso, Michelle

Doherty, Raphael Saraiva e Poliana Moura. Sem vocês seria impossível concluir essa

dissertação.

À Karoline Fernandes minha companheira e amiga que passou por todos os momentos ao

meu lado.

À motivada equipe Dali Cocina que com esforço e dedicação materializa o êxito deste projeto.

“Livros não mudam o mundo,

quem muda o mundo são as pessoas.

Os livros só mudam as pessoas.”

Mário Quintana

RESUMO

A expansão do facebook como rede social, que agrega um incontável número de indivíduos e

empresas, faz dela uma ferramenta em potencial na divulgação de produtos e serviços. Por

outro lado a comunicação boca a boca tem sido considerada uma das modalidades mais

eficientes de marketing, suplantando muitas vezes o marketing tradicional. Diante da carência

de trabalhos enfocando essa área do conhecimento, a presente pesquisa busca entender como

a comunicação boca a boca virtual utilizando a plataforma do facebook pode influenciar na

atração de novos divulgadores. O restaurante Dali Cocina representou a referência do

experimento. A metodologia compreendeu uma etapa descritiva e uma análise experimental.

Na primeira foi aplicado um questionário a 150 usuários do facebook e simultaneamente

frequentadores de restaurantes. Através da análise das respostas buscou-se confirmar a

credibilidade da comunicação boca a boca como fonte de informação na divulgação de

restaurantes bem como a identificação da característica mais atraente neste tipo de

estabelecimento para a sua indicação a terceiros. Confirmou-se de forma expressiva a

importância da comunicação boca a boca na divulgação de restaurantes, sendo registrado o

atendimento neste segmento de alimentação fora do lar como aspecto mais relevante para o

cliente. De posse destes resultados, as diretrizes do trabalho convergiram para estabelecer o

significado da comunicação boca a boca através do facebook tendo como fator de divulgação

o bom atendimento no restaurante Dali Cocina. Esta foi a fase experimental do trabalho, onde

participaram 12 convidados aleatórios que atuaram na emissão inicial da mensagem através

da ferramenta do facebook. A partir daí, foram monitorados os seguintes parâmetros: o

número de seguidores, de interações e visualizações da fanpage do restaurante. Como

controle do experimento utilizou-se dados relativos à mesma época estudada, porém do ano

anterior. Todos os itens avaliados mostraram números extremamente elevados atingindo um

climax no momento do experimento, como ficou evidenciado nos gráficos. Estes resultados

confirmam indiscutivelmente que a comunicação boca a boca através da plataforma facebook

é uma excelente ferramenta de divulgação na empresa estudada, o restaurante Dali Cocina.

Surge a possibilidade de o fenômeno ser reprodutível ressaltando-se, contudo, a necessidade

de estudos mais detalhados posteriores para assegurar a sua aplicabilidade.

Palavras-chave: Marketing; Comunicação boca a boca; Redes sociais; Facebook;

Restaurante.

ABSTRACT

The expansion of Facebook as social network, that combines countless individuals and

companies, made it a potential tool that contributes on the growth of products and services.

On the other hand promotion by word of mouth has been considered one of the most efficient

ways of marketing, even more important than traditional advertising. Taking into

consideration the few previous researches in this area, this investigation seeks to understand

how the virtual “word of mouth” advertisement using Facebook can influence and attract a

variety of people. The restaurant Dali Cocina represented the reference for this experiment.

The analysis of this research project was divided into two steps. First was the descriptive

stage, a carefully controlled survey was applied to 150 Facebook users who were also

restaurant’s clients. The study converged to establish the credibility of “word of mouth”

communication as the best source of information to choose a restaurant; another factor was to

discover what was the most intriguing characteristic in this field that attracted people to

market and promote the restaurant. It was confirmed in an abundant way that the importance

of world of mouth communication at restaurant disclosure is the most relevant aspect that

clients reach for as well as the sere provided. Next, was the experimental phase of this project,

where 12 guests participated by advertising the excellent service provided by the restaurant

Dali Cocina in the facebook. Thenceforth, the following parameters were monitored: the

number of followers, the number of interactions and views of the restaurant Dali Cocina fan

page on Facebook. As a control of this experiment, we collected last year’s data numbers

related to the same timetable we set our experiment. All items reviews showed extremely high

numbers reaching a climax at the moment of this experiment, as was showed in the graphics.

These results confirmed undoubtedly that word of mouth communication through Facebook

platform is a superior tool of advertising in the Dali Cocina restaurant study. Ascending the

possibility that this phenomenon could be spreading into other aspects faster than expected,

however, more detailed studies are required to ensure its applicability.

Keywords: Marketing; Word of mouth communication; Social networks; Facebook;

Restaurant.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Etapas do processo de decisão de compra 25

Figura 2 - Estratégia de investimento e comunicação de marketing: “puxar” 37

Figura 3 – Estratégia de investimento e comunicação de marketing: “empurrar” 38

Figura 4 – As sete estratégias do marketing digital 40

Figura 5 – Etapas da pesquisa 51

Figura 6 – Comparativo da fanpage Dali Cocina e do restaurante concorrente 68

Figura 7 – Timeline de Poliana Moura 71

Figura 8 – Timeline de Cirilo Moraes 71

Figura 9 – Timeline de Mauro Faccenda 72

Figura 10 – Timeline de Michelle Doherty 72

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tipos de fontes de informação 31

Quadro 2 – Características da comunicação boca a boca tradicional

e virtual 47

Quadro 3 – Razões para a divulgação interpessoal de produtos e

Serviços 48

Quadro 4 – Participantes do experimento 70

Quadro 5 – Resumo dos objetivos específicos 80

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Faixa etária dos respondentes 59

Tabela 2 – Renda familiar dos respondentes 60

Tabela 3 – Distribuição da renda familiar entre 1-5 salários mínimos por faixa etária

dos respondentes 60

Tabela 4 – Nível de escolaridade dos respondentes 61

Tabela 5 – Nível médio de escolaridade e a sua frequência na ida a restaurantes dos

Respondentes 61

Tabela 6 – Nível médio de escolaridade e renda familiar dos respondentes 62

Tabela 7 – Tipos de informação mais confiáveis na escolha de um restaurante pelos

respondentes 63

Tabela 8 - Frequência dos tipos de informação mais confiáveis pelos respondentes 63

Tabela 9 – Características que influenciam na indicação de um restaurante pelos

respondentes 64

Tabela 10 – Frequência de visitas a um restaurante pelos respondentes 65

Tabela 11 – Utilização do facebook pelos responentes 66

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Número de indivíduos comentando sobre o Dali Cocina (2013) 74

Gráfico 2 – Número de indivíduos comentando sobre o Dali Cocina (2012-2013) 75

Gráfico 3 – Número de visualizações do Dali Cocina (2013) 76

Gráfico 4 – Número de visualizações do Dali Cocina (2012-2013) 77

Gráfico 5 – Número de novas curtidas do Dali Cocina (2013) 78

Gráfico 6 – Número de novas curtidas do Dali Cocina (2012-2013) 78

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 15

1.1 CONTEXTO DA PESQUISA 15

1.2 OBJETIVOS 21

1.2.1 Objetivo Geral 22

1.2.2 Objetivos Específicos 22

1.3 JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA 22

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 25

2.1 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 25

2.2 MARKETING DIGITAL 38

2.3 COMUNICAÇÃO BOCA A BOCA 42

3. MÉTODOS DE PESQUISA 50

3.1 FASE DESCRITIVA 51

3.1.1 População Alvo da Pesquisa 52

3.1.2 Coleta de Dados - Elaboração de Questionário 53

3.1.3 Tabulação dos Dados 55

3.1.4 Tratamento e Análise dos Dados 55

3.2 ETAPA EXPLICATIVA 55

3.2.1 Criação de Hipóteses formuladas através dos resultados da fase descritiva 56

3.2.2 Elaboração e Execução de Campanha Experimental no Facebook do Dalí

Cocina 56

3.2.3 Análise dos Resultados Obtidos no Experimento 56

3.2.4 Conclusão 57

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 ANÁLISE DE DADOS – FASE DESCRITIVA

58

58

4.2 ANÁLISE DO EXPERIMENTO – FASE EXPLICATIVA 66

4.2.1 Cenário de Realização do Experimento 67

4.2.2 Intervenção Experimental 69

5. CONCLUSÃO 80

5.1 LIMITAÇÕES 82

5.2.SUGESTÕES 83

REFERÊNCIAS 84

APÊNDICE 93

15

1. INTRODUÇÃO

Como se destacar com tantos concorrentes oferecendo sempre os mesmos produtos com

facilidades similares? Atualmente tudo está tão parecido que quando ocorre alguma mínima

diferença os clientes se entusiasmam e rapidamente procuram disseminar o “novo”.

Observando que nos produtos da cultura de massa há o controle do polo emissor, é pertinente

destacar que, nos meios “pós-massivos”, os usuários tem a possibilidade de acessar, produzir

e circular informação em tempo real, o que corresponde afirmar que as novas mídias,

entendidas neste trabalho como as redes sociais na plataforma web, permitem a publicação e

disseminação de informação espontânea, de forma não controlada por empresas. O usuário

passa a ser não só um consumidor, como também um produto da própria informação. É

justamente esta divulgação espontânea, o diferencial para outros possíveis consumidores na

hora de escolher o seu produto. Partindo dessas premissas, o tema que será abordado nesta

dissertação converge para a investigação sobre a importância da comunicação boca a boca

(buzz marketing) apoiada na tecnologia digital, mais precisamente as mídias sociais, para

fidelizar e conquistar clientes.

1.1 CONTEXTO DA PESQUISA

O ato de consumir é uma prática essencial de toda a sociedade capitalista e consiste na

necessidade de adquirir bens ou serviços para usufruí-los. Há uma necessidade de consumir

desde produtos básicos a aqueles considerados supérfluos. A escolha deles varia de acordo

com cada indivíduo, sendo influenciado pelo seu conhecimento, atitude, motivação,

personalidade, valores e recursos disponíveis (ENGEL; MINIARD; BLACKWELL, 2000;

GRESOLLE, 2008).

Configura-se aqui a primeira delimitação temática desta dissertação, que tem como alvo o

consumidor que compra para si.

A compra de um produto ou bem ocorre de forma racional quando o indivíduo compra o que

precisa, pagando um valor por ele aceitável. Nesse tipo de abordagem, a transação comercial é

realizada depois da análise detalhada acerca dos benefícios do produto, levando-se em

consideração a sua qualidade, desempenho, durabilidade e preço, entre outros. A compra

16

racional é geralmente associada à aquisição de bens de alto valor, como imóveis. Há outra

modalidade de compra, motivada pela emoção, pelo impulso. Aqui nem sempre há uma

necessidade real do produto, que termina sendo adquirido pelo apelo emocional que exerce

sobre o indivíduo (KOTLER, 1998).

Há várias estratégias de marketing aplicadas com a finalidade de destacar o produto e atrair o

consumidor. Como exemplo, o caso do design diferenciado do produto, a sua disposição em

local mais visível na vitrine de alguma loja ou a sua apresentação como um item em

promoção.

Com base nessas considerações, situa-se o segundo enfoque teórico que será abordado neste

trabalho, no qual através de um fenômeno em particular posteriormente explicitado, o

comportamento do consumidor será estudado, investigando-se a influência da compra pela

razão e pelo impulso.

A informação é um fator decisivo no processo de aquisição de um produto, ela é inicialmente

pesquisada na memória do consumidor onde o mesmo irá buscar experiências prévias

registradas. A outra fonte de informação é o ambiente externo através de anúncios

publicitários em panfletos, jornais, televisão, rádio, outdoors, outbus, websites, redes sociais,

entre outros.

Na compra de produtos básicos de consumo como alimentos, material de limpeza e higiene

pessoal, o consumidor geralmente busca informação no próprio ponto de venda representado

habitualmente pelo supermercado. Consequentemente, a informação dentro da loja pode

exercer uma forte influência na tomada de decisão do consumidor (ENGEL; MINIARD;

BLACKWELL, 2005).

Atualmente, as fontes públicas de informação dominam grande parte da mídia, sobretudo na

plataforma web, onde revistas, jornais, blogs e canais de televisão emitem opiniões sobre

determinado produto ou serviço. Contudo, ganha cada vez mais espaço a publicidade

espontânea que representa a exposição obtida por uma empresa de forma não paga nos meios

de comunicação como a internet, o que ocorre de forma bastante expressiva através das redes

sociais. As redes sociais são canais de relacionamento digitais, onde os membros, conectados

17

através da internet se encontram para discutir assuntos em comum (MATTOS, 2011). De um

modo geral essa interação se faz de modo ininterrupto.

De acordo com Bill Tancer, especialista em comportamento online e CEO da Hitwise Serasa

Experian (agência que oferece informações sobre a interação das pessoas em websites) a

estimativa é que os sites de relacionamento sejam responsáveis por 62% da atividade na

internet (NETO, 2009). Neste sentido, é emblemática a pesquisa recente nominada Student's

Online Usage: Global Market Trends Report, realizada com base nos depoimentos dos

participantes do QS World Grad School Tour entre 2012 e 2013 (VANNOZI;

BRIDGESTOCK, 2013), evento que ocorre em diferentes cidades do mundo, promovendo o

contato de estudantes e graduados com universidades de diversos países. O relatório foi

baseado na resposta dos indivíduos a um questionário aplicado em 26 países da Europa, Ásia,

África, América Latina e América do Norte. Três pontos chaves foram considerados: tempo

gasto online, dispositivo usado para acessar a internet e preferência por redes sociais globais.

O estudo mostrou que os latino-americanos se comportam de forma similar aos estudantes de

outros continentes, com uma exceção: a frequência do uso das redes sociais. De acordo com a

pesquisa, mais de 70% dos latinos afirmaram usar sites como Facebook, Twitter, LinkedIn,

Pinterest e YouTube "o tempo todo". Entre as redes de maior uso na América Latina estão o

Facebook e YouTube, obtendo em conjunto 96% das respostas para a pergunta "qual rede

social você usa o tempo todo?". Na Europa, esses sites foram preferidos em 81% e 84%,

respectivamente, e na América do Norte, a escolha dos mesmos ocorreu em 78% e 85%.

Ainda segundo a QS, o uso do Facebook no Brasil cresce mais de 173% por ano (CARTOLA,

2013). O Facebook é a rede social mais utilizada no Brasil, com 71,1% de usuários, seguido

pelo Youtube e o Twitter, estes dois últimos com 10,5% e 1,5% das preferências

respectivamente (CNT/MDA, 2013).

Estes dados mostram com clareza que há uma mudança de hábitos das pessoas, que estão cada

vez mais interagindo entre si e já não apreciam tanto receber a informação “pronta”, de modo

estático como aquela veiculada pela televisão ou rádio.

Este estudo compartilha do entendimento de Ardnt (1967, p.293) que conceitua uma forma

específica de divulgação de um produto considerada espontânea: “o marketing boca a boca é

uma comunicação de pessoa para pessoa por via oral entre um receptor e um comunicador

18

onde o receptor percebe como não comercial a informação a respeito de uma marca, produto

ou serviço”. No contexto das novas mídias, esta forma de comunicação, ausente de um

“vínculo comercial”, tem se mostrado bastante eficaz com relação ao impacto entre os

receptores, principalmente por proporcionar uma maior carga de confiabilidade entre os

usuários que trocam tais informações. A bibliografia sobre o assunto já encontra respaldo em

autores como Rosen (2001), que classifica este fenômeno como buzz marketing, por utilizar

estímulos para se criar um “zumbido” (buzz) sobre um determinado produto, lembrando as

abelhas quando voam de flor em flor. Em paralelo com essa imagem, os seres humanos são

naturalmente falantes e assim, procuram difundir o seu entusiasmo, a sua experiência,

comentando entre si sobre as qualidades ou vantagens de uma determinada marca ou serviço.

Para Chetochine (2006), o buzz marketing é a própria ciência do boca a boca.

Outros pesquisadores descrevem a importância do boca a boca no marketing, assinalando que

os consumidores procuram frequentemente amigos e membros da família para obter opiniões

sobre produtos e serviços (ENGEL; MINIARD; BLACKWELL, 2005). A credibilidade do

boca a boca parece em principio ser maior do que as demais fontes de informação (BELCH;

BELCH, 2008), pois há uma exposição do comunicador de forma não remunerada, que finda

por colocar em risco sua própria reputação ao recomendar um produto. Este modo de

promover produtos e serviços é geralmente praticado pelos próprios consumidores que

relatam suas experiências, sejam elas positivas ou negativas.

Já não se pode afirmar que a comunicação boca a boca em ambiente web é recente. Ainda em

1995, a Amazon1 introduziu as avaliações dos clientes no seu site no segundo semestre

daquele ano. Seguindo o exemplo, fizeram o mesmo uma infinidade de outras empresas

varejistas (SERNOVITZ, 2012).

Houve também o desenvolvimento de sites especializados em avaliações de produtos,

dedicados a compartilhar a opinião do consumidor. Eles fornecem um registro enorme e

permanente do boca a boca a respeito de quase todos os produtos e serviços imagináveis

(SERNOVITZ, 2012).

1 Amazon.com (NASDAQ: AMZN) é uma empresa multinacional de comércio eletrônico dos Estados Unidos com sede em

Seattle, estado de Washington. Foi uma das primeiras companhias com alguma relevância a vender produtos na Internet.

Amazon inclui, igualmente, a Alexa Internet, a9.com, e a Internet Movie Database (IMDb). Fonte: Wikipédia. Disponível

em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Amazon.com.

19

As vantagens da comunicação boca a boca virtual são inúmeras, tais como a facilidade e a

velocidade na coleta e disseminação das informações, as discussões a respeito de produtos e

serviços, a troca de comentários instantâneos e o seu registro permanente. Em síntese, toda

informação outrora de difícil acesso ao cidadão comum, agora pode ser encontrada facilmente

pelo consumidor, convertido em usuário. Outro fator multiplicador das ações na internet é a

utilização crescente dos smartphones e tablets, mas, mais acessíveis à população.

A comunicação boca a boca no ambiente virtual ocorre nas comunidades online, nos fóruns e

nas redes sociais que operam em diferentes níveis e plataformas. Estas redes sociais devem

ser entendidas de forma abrangente como interações sociais que estão presentes desde os

primórdios da civilização, quando os indivíduos se reuniam para compartilhar interesses em

comum, aprofundando laços de afetividade. Quando essas interações sociais acontecem no

ambiente online são conhecidas como redes sociais digitais que apresentam como diferencial

a interação de indivíduos independente das fronteiras geográficas, ligados por afinidades

políticas, culturais e ideológicas. Para um melhor entendimento, essas redes virtuais são

compostas por pessoas ou organizações que partilham informações, conhecimentos, interesses

e esforços em busca de objetivos comuns (OLIVEIRA, 2011; MARCHIORI; OLIVEIRA,

2012).

Depois da introdução do e-mail, considerado o primeiro modelo de comunicação e troca de

arquivos entre os usuários da internet, houve uma evolução significativa no sistema de

interação entre os indivíduos, com uma maior abrangência nas redes de contatos. Em 1995

nos E.U.A. surgiu o ClassMates, considerada a primeira rede social online, com o propósito

inicial de pesquisar e possibilitar o encontro de antigos colegas da escola ou da faculdade. A

partir daí vários modelos foram desenvolvidos, destacando-se em 2002 o Friendster, bastante

conhecido na época, possibilitando um estreitamento nas relações de amizade dos usuários

com interesses em comum; esta rede possibilitava a criação e a divulgação de perfis além de

listas de contatos (ALEXANDRE, 2012; JESUS, 2012).

No ano de 2003 foi lançado o MySpace com áreas destinadas ao arquivamento de músicas,

fotos e um blog que poderia ser personalizado por cada usuário. O MySpace, por ser

totalmente interativo, se tornou uma das redes sociais mais populares do mundo,

principalmente nos Estados Unidos da América. O Linkedin apareceu em 2003 com uma

proposta diferente das demais redes sociais, tendo como foco a conexão entre profissionais ou

20

empresários. Em 2004 foram criados o Orkut e o Facebook, sinônimos de sucesso mundial.

Posteriormente em 2006 surgiu o Twitter, representando também uma das redes mais

acessadas (ALEXANDRE, 2012; JESUS, 2012).

Já o Instagram foi lançado oficialmente em 2010 e tem como diferencial a possibilidade do

usuário capturar imagens, aplicar filtros e publicá-las gratuitamente. A mais recente rede

social a entrar nessa disputa é o Google+, lançado oficialmente em 2011, com 400 milhões de

inscritos, mas com apenas 25% de contas ativas. Apesar do volume ainda pequeno de

informações compartilhadas no Google+, a empresa aposta nesse serviço e não tem poupado

investimentos no setor. Além das redes sociais, outras ferramentas de marketing digital são os

blogs autônomos e os aplicativos específicos para troca de informações entre consumidores

como o tripadvisor, kekanto, foursquare, foodspotting, entre outras (OLIVEIRA, 2011;

DAQUINO, 2012; MARCHIORI; OLIVEIRA, 2012).

Dados da consultoria Social Bakers de 2012 apontam que o Brasil foi o país onde mais

cresceu o número de usuários do Facebook com 29.723.760 de novos usuários naquele ano

(BRASIL..., 2013). Segundo estatísticas do próprio Facebook divulgadas pela Reuters em

2013, o Brasil é o principal mercado latino-americano neste segmento, com 76 milhões de

usuários ativos mensais até o dia 30 de junho (BRASIL..., 2013).

Estes números comprovam a importância das redes sociais como plataforma de marketing,

fornecendo uma maior visibilidade do produto ou marca alvos da divulgação. Outro fator

atrelado ao fenômeno das redes sociais contribuindo para a sua expansão cada vez maior é a

comercialização ascendente dos smartphones nos quais o Facebook baseia a sua estratégia

comercial.

Pela sua complexidade, as interações nas redes sociais digitais e seus impactos no ambiente

do marketing ainda se configuram como um território relativamente novo para a academia,

razão pela qual esta dissertação de mestrado foi idealizada. Nesta pesquisa, a rede social

Facebook foi a plataforma de observação do tipo de comunicação conhecida como boca a

boca. Para realizar o presente estudo, tomou-se como objeto a fanpage do restaurante Dalí

Cocina, situado no bairro do Derby, área central do Recife. Através de uma revisão

bibliográfica sobre o assunto, associada à análise dos dados, a investigação tentou aproximar

21

conceitos em torno dos reais impactos do boca a boca virtual, através de uma pesquisa

empírica e aplicação de entrevistas.

Inaugurado em 2009, o restaurante é especializado na gastronomia mediterrânea,

principalmente a de influência espanhola entre as opções de entradas, pratos principais,

lanches, coquetéis, sobremesas e cafés, sendo o artista plástico daquele país, Salvador Dalí, a

inspiração maior que conceitua o estabelecimento categorizado como um bistrô, pela

quantidade máxima de 55 pessoas. Funciona com o serviço a La Carte e também delivery. O

estabelecimento também é um dos pioneiros na capital pernambucana a introduzir e estimular

a comunicação com os clientes através das redes sociais, motivo pelo qual ele foi selecionado

para esta dissertação.

É importante ressaltar que no cenário da gastronomia, existem peculiaridades com relação à

funcionalidade do boca a boca que devem ser observadas. Neste sentido, registra-se que

“quando se trata de pedir recomendações sobre lugares onde comer e beber, recorremos a

pessoas cujos hábitos e gostos espelham os nossos. Se nossos amigos apreciam a comida do

Pedro’s, é provável que apreciemos também” (SALZMAN; MATATHIA; O’REILLY, 2003).

Tal afirmação leva a entender que o impacto da comunicação boca a boca na escolha final dos

receptores (entendidos neste contexto como potenciais clientes) tende a influenciar tanto ou

até mais na atitude do consumidor do que uma ação de marketing tradicional, já que este

formato agrega valores subjetivos, como a familiaridade na informação e nas referências que

se supõem mais sincera, pela proximidade.

Diante destas considerações, o principal questionamento trabalhado nesta dissertação foi: qual

a influência da comunicação boca a boca na audiência do Facebook do restaurante Dali

Cocina em Recife-PE?

O tema foi abordado à luz de várias concepções que resgatam ideias em múltiplos campos do

saber e compreendem o referencial teórico abordado no Capítulo 2.

1.2 OBJETIVOS

Sabe-se que toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para entender o que se vai

procurar e o que se pretende alcançar. O objetivo torna explícito o problema, aumentando os

22

conhecimentos sobre determinado assunto. Marconi e Lakatos (2010, p. 46) afirmam que os

objetivos podem ser “intrínsecos ou extrínsecos, teóricos ou práticos, de curto ou longo prazo

e gerais ou específicos”.

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral desta dissertação de mestrado é verificar como a comunicação boca a boca

exercida pelos frequentadores da fanpage do restaurante Dali Cocina influencia na atração de

novos divulgadores no facebook.

1.2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste projeto compreendem:

Estabelecer a aplicabilidade prática de um projeto de marketing baseado no boca a boca

virtual, tomando como referência os frequentadores da fanpage do restaurante Dali

Cocina;

Levantar o estímulo inicial mais atraente nas questões relativas à divulgação de um

restaurante para que ocorra a comunicação boca a boca virtual;

Mensurar a resposta à comunicação boca a boca virtual na fanpage do restaurante Dali

Cocina.

1.3 JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA

Qualquer empresa, independente do seu tamanho, deve administrar o seu negócio priorizando

as necessidades reais e o custo para resolvê-las, pois só assim conseguirá se perpetuar num

mercado cada vez mais competitivo.

O marketing é uma ferramenta essencial para a divulgação das empresas, contribuindo de

modo significativo para o seu crescimento. Contudo o marketing tradicional que é

fundamentado na fórmula de transmitir anúncios publicitários através de panfletos, outdoors,

jornais, revistas, rádio e televisão, é atrelado a custos elevados, sendo geralmente proibitivo

para empresas de pequeno e médio porte, que são a maioria. Atualmente o fluxo de

informação em mensagens publicitárias está estimado diariamente em mais de 1.500, porém é

23

surpreendente perceber que apenas 15 delas conseguem chamar a atenção do consumidor

(CHETOCHINE, 2006). Este aspecto demonstra que quanto mais saturado o mercado, menos

o consumidor se deixa influenciar pelos truques de publicidade.

As estratégias de marketing são periodicamente introduzidas por especialistas da área com a

finalidade de diferenciar, tornar a divulgação mais eficiente e consequentemente mais atrativa

a venda de um determinado produto de consumo. Rosen (2001) propôs uma mudança do

sistema de marketing, onde o indivíduo comum passa a ser um aliado das marcas participando

voluntariamente do consumo.

O boca a boca sempre existiu, mas nunca foi tão intenso como hoje, pois agora as pessoas

disseminam as informações quase que instantaneamente através da “banda larga”, atingindo

um enorme contingente de indivíduos que se conectam por computadores, tablets e celulares,

já acessíveis à grande parte da população. No Brasil há 105 milhões de usuários da internet,

representando o quinto país mais conectado do mundo (IBOPE Media, 2013). No território

nacional entre 2011 e 2013 o acesso domiciliar à internet cresceu 32%, correspondendo a um

aumento de quase 20 milhões de usuários (IBOPE Media, 2013). Estes números suplantam o

recente aumento registrado em países como Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido,

entre outros. De acordo com a Fecomércio-RJ/Ipsos, o percentual de brasileiros conectados à

internet aumentou de 27% para 48%, entre 2007 e 2011, obtendo frequentemente a liderança

mundial na média de navegação (AMARAL, 2014).

Estimulados por essa massa de usuários e potenciais consumidores, as empresas estão

buscando cada vez mais a internet como veículo de marketing. Corroborando o potencial da

internet nesse segmento é registrado que 87% dos internautas a utilizam para pesquisar

produtos e serviços. Outro dado relevante é que, antes de comprar, 90% dos brasileiros ouvem

sugestões de pessoas conhecidas, enquanto 70% confiam em opiniões expressas online. Isso

tem sido explorado também através das redes sociais virtuais como o Facebook, como uma

verdadeira “mania” entre os internautas, em que os usuários trocam comentários entre si e

disseminam a sua opinião sobre os produtos e marcas de produtos que lhes agradam ou

decepcionam (CAMARGOS, 2013).

Os profissionais de marketing divulgam os benefícios da comunicação boca a boca, forma de

interação com o público estimulada por grande número de empresas em vários segmentos,

24

motivadas principalmente pelo baixo custo e eficácia na divulgação de um produto ou serviço.

Na nossa região geográfica, focando a cidade de Recife, a comunicação boca a boca virtual

através das redes sociais como o Facebook só recentemente começou a ser praticada de modo

regular. Apesar das vantagens atribuídas a esse tipo de marketing, são raros os trabalhos

acadêmicos versando sobre o assunto. É necessário assim, aprofundar e avaliar em bases

científicas o tema, com o propósito de compreender e mensurar o significado da sua relação

com a tomada de decisão na compra de produtos e serviços. Acredito que este trabalho

fornecerá subsídios técnicos a instituições e empresas que desejam conhecer ou aplicar essa

técnica de marketing na promoção de seus produtos e serviços, especialmente àquelas com

parcos recursos financeiros.

Do ponto de vista teórico, justifica-se o desenvolvimento deste trabalho como um meio de

ampliar o conhecimento na área de promoção de restaurantes através das redes sociais,

fornecendo um material adicional de consulta ao público interessado na sua aplicação prática

ou como referencial teórico para o desenvolvimento futuro de novas pesquisas nesse setor.

A partir de uma experiência prática real com os frequentadores da fanpage do restaurante Dali

Cocina há a perspectiva de um melhor entendimento acerca desse público, resultando no

aperfeiçoamento das estratégias de marketing online do restaurante. Essa vivência particular

poderá atuar como fonte de informação no desenvolvimento de novos modelos de marketing,

germinando em outros empreendimentos do mesmo segmento ou de outros setores que

poderão vir a se beneficiar de uma divulgação mais efetiva dos seus negócios.

25

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo serão apresentados os principais conceitos teóricos necessários ao

desenvolvimento desta pesquisa que estará focada em três elementos-chave: o comportamento

do consumidor, o marketing virtual e a comunicação boca a boca.

2.1 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

A busca da informação e o processo decisório de compra são algumas das etapas na escolha

de produtos pelos consumidores. Simultaneamente à grande demanda de consumo, as opções

de compra são inúmeras, com uma ampla variedade de marcas competindo entre si. Estes

aspectos devem ser observados conduzindo a uma maior atenção dos consumidores às

informações atreladas a cada produto objeto do seu desejo, antes de finalizar a compra.

Na atualidade, é de extrema relevância conhecer, estudar e monitorar constantemente o

comportamento dos consumidores, pois, com essa preocupação, os profissionais de marketing

e gestores empresariais podem detectar oportunidades e ameaças aos seus negócios com a

possível insatisfação ou recusa de seus clientes.

Em princípio é a necessidade de algum produto ou serviço que desperta o desejo do

consumidor, ainda que esta necessidade seja sugestionada pelo mercado. O reconhecimento

dessa necessidade surge quando o indivíduo tem a percepção da situação ideal e comparando-

a com a situação real, sente a necessidade de algum produto ou serviço. É o estado de desejo

que implica no processo decisório e isso ocorre através da interação de diferenças individuais

e influências ambientais (ENGEL; MINIARD; BLACKWELL, 2005).

Figura 1 – Etapas do processo de decisão de compra

Fonte (ENGEL; MINIARD; BLACKWELL, 2005)

Consumo

Despojamento

Compra

Reconhecimento

de necessidade

Busca de

informação

Avaliação de

alternativa

pré-compra

Avaliação pós-

compra

26

O modelo de comportamento do consumidor de Engel, Miniard e Blackwell (2005) resumido

no quadro anterior compreende as várias etapas do processo decisório de compra.

Inicialmente, o indivíduo reconhece a necessidade de um determinado bem, passa a buscar

mais informações sobre o mesmo e avalia as opções para obtê-lo. Após a compra pode haver

ou não o consumo – caso ele ocorra, através de uma avaliação pós-compra identifica-se se

aquele produto atendeu às expectativas e satisfez a necessidade inicial. Por último, depois do

produto utilizado, há o despojamento que representa o descarte do produto não consumido ou

o que dele restou.

De acordo com Engel, Miniard e Blackwell (2005), o reconhecimento da necessidade é a

primeira etapa do processo de compra de produtos e serviços e é o resultado de uma

discrepância entre o estado desejado e o estado real. Esse reconhecimento pode ocorrer

devido a um estímulo interno do indivíduo ou a um estímulo apresentado no ambiente. Os

estímulos internos são percebidos pelo indivíduo como um estado de desconforto devido a

uma carência, enquanto que os estímulos externos são aqueles que possibilitam a percepção

da existência do problema (LIRA et al, 2007). Segundo Churchill e Peter (2000), no momento

em que os consumidores percebem que têm uma carência, vem o impulso para atendê-la, é o

que se conhece como motivação. Para Engel, Blackwell e Miniard (2000), as variáveis que

influenciam no processo de decisão de compra compreendem os fatores ambientais, as

diferenças individuais e os fatores pessoais. Para Solomon (2002), o indivíduo, como

consumidor, sofre influências psicológicas, pessoais, sociais e culturais.

A cultura é um determinante fundamental dos desejos e do comportamento de uma pessoa.

Refere-se à soma das crenças, valores e costumes aprendidos, que servem para direcionar o

comportamento de consumo dos membros de uma determinada sociedade. A classe social está

inserida dentro dos fatores culturais e elas correspondem a divisões relativamente

homogêneas e duradouras de uma sociedade, onde os membros compartilham valores,

interesses e comportamentos similares (KOTLER, 1998).

Os fatores sociais compreendem os grupos de referência, papéis e posições sociais que

acabam por influenciar o comportamento de compra. Os grupos de referência correspondem a

grupos de pessoas que influenciam os pensamentos, os sentimentos e o comportamento do

consumidor. Kotler (1998) considera os grupos de afinidade como primários e secundários: os

grupos primários são constituídos pela família, pelos amigos, pelos vizinhos e pelos colegas

27

de trabalho, em que o indivíduo interage de modo mais informal e contínuo. Já os grupos

secundários incluem as igrejas, sindicatos e profissões, onde o contato entre as pessoas é mais

formal e menos constante. Os papéis e posições sociais dentro do grupo são adquiridos no

decorrer da vida e segundo Kotler (1998) vão repercutir na escolha de produtos que devem

comunicar a posição, o status do indivíduo.

Os fatores pessoais representam as características particulares das pessoas, ou seja, momentos

e vivências pelas quais um indivíduo está passando, os quais acabam por interferir nos seus

hábitos e nas suas decisões de consumo. Kotler (1998) apresenta cinco elementos que

constituem os fatores pessoais: idade e estágio do ciclo de vida, ocupação, condições

econômicas, estilo de vida e personalidade. Considerando a personalidade, Richers (1984)

afirma que a mesma é composta por uma multiplicidade de componentes tais como valores,

atitudes, crenças, motivos, intenções, preferências, opiniões, interesses, preconceito e normas

culturais. Estes exercem uma influência marcante no ato da escolha de um produto.

Os fatores psicológicos compreendem a motivação, percepção, aprendizagem, crenças e

atitudes. Como já referido anteriormente e, de acordo com Schiffman e Kanuk (2000), a

motivação é a força motriz interna do indivíduo que o impele à ação, é determinada por um

estado de tensão por uma necessidade não satisfeita. É neste momento que surge o impulso de

adquirir o produto alvo do desejo.

O segundo passo no processo decisório de compra é a busca de informações sobre o bem que

se deseja obter e ocorre quando as crenças e atitudes existentes são reconhecidas como

inadequadas (LIRA et al, 2007). De acordo com Choo (2003, p.66) “a busca e o uso da

informação são um processo dinâmico e socialmente desordenado que se desdobra em

camadas de contingências cognitivas, emocionais e situacionais”. Kinnear, Bernhardt e

Krentler (1995, p. 149) afirmam que “a busca de informações levará o consumidor a

armazenar um conjunto de ideias (ou grupo de marcas) que ele levará em consideração no

momento da decisão da compra”. O modelo de uso de informação segundo Choo (2003)

envolve três etapas: a necessidade de informação, a busca de informação e o uso da

informação. Para este autor há inicialmente a sensação de inquietação pela falta de

conhecimento e a sua incapacidade de dar significado a uma experiência. Essa deficiência tem

como consequência a procura intencional de outras fontes de informações que possam mudar

seu estado de conhecimento. Finalmente o indivíduo seleciona e processa as informações

28

captadas que produzem mudanças na sua capacidade de vivenciar, agir ou reagir a novas

informações. O resultado do uso da informação se caracteriza pela mudança no estado de

conhecimento do indivíduo e na sua capacidade de agir. A relevância da informação e o seu

uso efetivo dependerão de como o indivíduo avalia cognitivamente e emocionalmente a

informação recebida assim como determina objetivamente a sua aplicabilidade na resolução

de um problema específico apresentado, respondendo a uma determinada pergunta (LIRA et

al, 2007).

A busca de informação apresenta dois componentes: a informação conseguida na memória do

indivíduo (busca interna) e a aquisição de informações do ambiente externo. A busca interna

abrange um conjunto de processos onde o sujeito identifica, analisa e seleciona as

informações relevantes na sua memória. Somente depois o indivíduo determina se há ou não a

necessidade de adquirir informação adicional do ambiente externo, que incluem pessoas

íntimas que já conhecem ou experimentaram o produto, fontes de marketing como

propaganda e mostruário de produtos, fontes públicas como as classificações realizadas por

organizações independentes sobre produtos e finalmente fontes de experimentação, onde o

consumidor é estimulado a provar um determinado produto, testando-o (CHURCHILL;

PETER, 2003; KOTLER, 1998).

As principais fontes de informação da busca externa são aquelas manipuladas pela mídia e

profissionais de marketing, dependentes em última análise dos fabricantes ou fornecedores do

produto (KOTLER, 1998). No entanto, as informações mais eficazes procedem de fontes

pessoais ou espontâneas, sem influência da mídia. Usualmente as fontes comerciais

desempenham um papel informativo e as fontes pessoais exercem uma função legitimada,

confiável de avaliação (ENGEL; MINIARD; BLACKWELL, 2005; BARBOSA, 2002).

Dentre as fontes espontâneas o chamado boca a boca é considerado uma das mais importantes

(SENOVITZ, 2012).

Ressalta-se que entre buscar informação e comprar um produto há um longo percurso. O

indivíduo inicialmente é exposto às informações externas veiculadas pela mídia como

outdoors e comerciais. Para exercer atração o conteúdo desse material deve ser considerado

relevante para aquele consumidor em particular. Se a mensagem for aceita poderá ser retida

na memória. Desse modo, em uma etapa posterior poderá emergir na busca interna de

informações ao se decidir pela compra.

29

O momento a seguir é representado pela avaliação pré-compra, quando o indivíduo julga

determinado produto comparando os seus atributos com os padrões e especificações

desejados. Essa avaliação é ditada pelas diferenças particulares de cada pessoa, dependendo

das suas necessidades, valores e estilo de vida. Contudo, de acordo com Kotler (1998), outros

fatores entre eles a atitude de outras pessoas, influenciam a decisão do consumidor.

Exemplificando, quando o indivíduo recebe uma informação positiva ou negativa de um

amigo sobre o produto que deseja adquirir, esta opinião pode alterar a sua decisão final.

Outro aspecto que deve ser considerado é o comportamento dos vendedores nos pontos

comerciais, pois a sua atenção e disponibilidade de solucionar as dúvidas sobre alguns itens

do produto contribui para a finalização da compra.

A avaliação pós-compra é obtida pela experiência na utilização do produto ou serviço pelo

consumidor, que pode gerar um sentimento de satisfação ou insatisfação. A satisfação é

consequente à avaliação de que a alternativa escolhida foi consistente com as crenças

prioritárias (LIRA et al, 2007). A satisfação do cliente quando o bem adquirido excede as

expectativas é de grande importância para os profissionais de marketing, uma vez que

contribui para vendas futuras. Isso pode decorrer do senso de lealdade desenvolvido por

alguns consumidores com uma marca específica de um produto ou através do seu poder de

influenciar familiares e conhecidos sobre a sua experiência de compra e uso do produto

(CHURCHILL, 2000; PETER, 2000).

O último estágio do processo decisório de compra é o despojamento, quando após a utilização

do produto, o consumidor decide como vai descartá-lo. As opções mais comuns são o descarte

sumário, a reciclagem e o remarketing que tem crescido cada vez mais (venda no mercado de

usados).

Todas as etapas listadas acima são essenciais no processo de compra de um bem. Contudo, o

foco desta pesquisa será dirigido ao papel exercido pela busca de informações nesse contexto.

A busca externa de informações ocorre sob duas perspectivas. Na primeira o consumidor faz a

consulta no ambiente externo apenas quando há a necessidade de compra de um produto, é a

chamada busca pré-compra. A outra forma é a aquisição de informações numa base regular,

contínua, independente da necessidade de compra no momento atual.

30

O processo de busca externa pode ser dimensionado quanto ao grau, direção ou sequência

(ENGELL, 2005). Com relação ao grau entende-se a quantificação da informação adquirida e

a mensuração do tempo gasto nessa busca. Portanto, o grau da busca é relacionado ao número

de consultas realizadas pelo indivíduo e simultaneamente quanto tempo foi gasto nessa

pesquisa. Desta forma, a busca pode ser de alto ou baixo grau de complexidade, dependendo

do nível de envolvimento do consumidor com a compra; quando o envolvimento com o

produto é alto, a compra necessita de reflexão e avaliação detalhada e consequentemente há

um maior consumo de tempo na pesquisa das informações.

A direção da busca consiste na priorização de atributos e benefícios específicos durante seu

processo. Nesse tipo de enfoque há uma busca dentro das fontes de informações sobre as

características do produto a ser comprado, considerando as várias marcas disponíveis no

mercado. A direção da busca de informações prioriza a pesquisa dos atributos desejados e

benéficos complementares, tendo como foco itens como comodidade, segurança, assistência

técnica, entre outros. O estudo desses aspectos auxilia o profissional de marketing a filtrar as

informações que devem ser enfatizadas numa campanha de publicidade de um determinado

produto, para diferenciá-lo dos demais concorrentes.

Já a sequência de busca consiste no ordenamento das prioridades no processo de coleta de

informações. Inclui a análise da sequência de atributos do produto ou das marcas. É o que

acontece quando um consumidor se foca em uma marca de determinado produto pesquisando

todos os seus atributos para depois, numa segunda sequência, buscar os atributos do produto

que deseja comprar independente da marca.

Ainda considerando a busca de informações, essa pode se contextualizada de acordo com seu

caráter em fontes comerciais e não comerciais. Ambas podem ser de natureza pessoal ou

impessoal, conforme o quadro 1.

31

Quadro 1 - Tipos de fontes de informação

Fonte: Quadro adaptado pela mestranda (ENGEL, 2005).

Segundo o quadro 1 as fontes comerciais são aquelas manipuladas pelo profissional de

marketing. Consistem de publicidade, vendedores, literatura e folhetos sobre o produto, além

de exposições dentro das lojas. As fontes não comerciais permanecem fora do controle dos

profissionais de marketing e são representadas por amigos e outros conhecidos com

experiência anterior com o produto e que aconselham sobre a compra. Estas últimas fontes

são mais confiáveis. A internet ocupa uma posição de destaque, uma vez que pode ser

incluída nos tipos de informação comercial e não comercial, do tipo pessoal e impessoal.

Tomando em consideração os elementos descritos, após o reconhecimento de uma

necessidade o indivíduo fica mais receptivo à propaganda, que antes poderia ser ignorada

completamente. Apesar dos seus baixos escores de confiabilidade, a publicidade pode

contribuir com a exposição em destaque do produto, estimulando o consumidor a consultar

outras fontes de informação que podem resultar na compra do produto (BROSSARD, 1998).

Algumas vezes as decisões de compra ocorrem diretamente no ponto de venda pela influência

de vendedores. A sua importância se dá no sentido de esclarecer dúvidas e negociar preços,

tornando o produto mais atraente para o cliente.

Há inúmeros fatores determinantes da busca de informações. Podem ser situacionais quando a

necessidade de um produto é emergencial, resultando na redução do tempo habitualmente

gasto na pesquisa de informações. Quando as características do produto são muito similares,

independente da marca, a busca de informações pode ser menor. O valor econômico do

produto é outro aspecto que deve ser considerado, onde produtos caros geram maior tempo na

busca de informações pelo risco de prejuízo financeiro na sua aquisição. Há também a questão

dos chamados produtos instáveis que são aqueles em constante mutação como computadores,

Impessoal Pessoal

Comercial Mídia de massa (outdoor, jornal, TV,

rádio, website da empresa)

Vendedores nas lojas, promotores de

venda, plataformas de redes sociais da

empresa

Não-comercial Clientes no interior da loja, websites de

avaliação de produtos

Outros contatos sociais, plataformas de

redes sociais pessoais

32

smartphones entre outros, que conduzem a uma busca mais ampla e atualizada de

informações.

Considerando a compra de bens e serviços, estes últimos conduzem a uma maior demanda de

tempo na busca, sendo particularmente importantes as fontes pessoais. É o que acontece

quando o indivíduo procura a assistência de um médico, em determinada especialidade. Entre

os determinantes do varejo se configura como exemplo a distância entre as lojas, o que

influencia no maior ou menor número de visitas antes da compra.

Os determinantes do consumidor são as características pessoais de cada indivíduo, quanto

maior o grau de conhecimento interno, menor a busca de informações de fontes externas. O

envolvimento psicológico com o produto também é um importante fator na busca de

informações, com um maior consumo de tempo. As crenças e atitudes dos indivíduos refletem

as suas decisões como consumidor. Para alguns comprar é uma atividade temida e

consequentemente minimizada o máximo possível, enquanto outros transformam em

verdadeiro ritual e prazer o ato de comprar. Habitualmente, quanto maior for o desejo por

determinado produto, mais intensas serão as buscas.

A relação custo-benefício também desempenha um papel importante para guiar a busca.

Características demográficas como faixa etária, gênero e outros determinantes representam

fatores que influenciam na busca de informações e compra. Assim, os indivíduos idosos

geralmente pesquisam menos antes de comprar, porque são fiéis a determinadas marcas que já

consomem há muitos anos. Outro modelo determinante são os consumidores mais instruídos

que possuem uma maior habilidade para buscar através de diferentes meios as informações

requeridas.

Apesar de a busca e avaliação pré-compra serem estágios separados, é importante entender

que eles são interligados: uma busca mais profunda de informações resultará numa melhor

avaliação pré-compra, quando comparada a uma pesquisa superficial ou inadequada. Através

da busca é que se obtêm as respostas importantes para a tomada de decisão.

Com relação aos atributos do produto na decisão de compra – utilidade, desempenho,

confiabilidade, durabilidade, preço, acabamento, inovação, vínculo cultural entre outros –

33

estes são considerados itens relevantes. Muitas vezes, a importância do fator “preço” é

superestimada, uma vez que a satisfação pela qualidade do produto pode suplantá-lo.

Outro aspecto importante no processo de decisão de compra diz respeito não somente à

escolha do produto, mas também à seleção da marca. Segundo Kotler e Keller (2006) o

produto representa qualquer coisa que pode ser oferecida a um mercado para aquisição ou

consumo, incluindo objetos físicos, serviços, personalidades, lugares, organizações ou ideias.

A marca, de acordo com a American Marketing Association (AMA, 2014), é definida como

um nome, termo, signo, símbolo ou desenho, ou a combinação destes elementos, com a

intenção de identificar os produtos e serviços de um vendedor, ou vendedores, e diferenciá-los

dos concorrentes.

Kotler e Keller (2006), por outro lado, consideram a marca uma oferta de uma fonte

conhecida. Em algumas ocasiões, a marca se converte em um sinônimo da qualidade do

produto. Este fenômeno acontece quando algumas marcas criam vantagens competitivas

adquiridas pelo desempenho excelente ou características inovadoras dos seus produtos e

passam a liderar dentro da sua categoria por décadas. Nesse caso, algumas marcas chegam a

se confundir com a própria categoria, fato bem demonstrado pelas marcas Gillette, Jeep e

Lego entre outras.

O posicionamento da marca no mercado não é apenas o resultado da qualidade do produto que

representa, mas envolve ainda a aplicação de inúmeros recursos de comunicação com o

objetivo de ampliar a consistência da mensagem da marca. Ainda de acordo com Kotler e

Keller (2006), o posicionamento integra os três fatores que determinam o futuro de uma

empresa: estratégia competitiva, domínio setorial e atributos da marca.

Finalmente, do ponto de vista do consumidor, é interessante observar que as marcas

“conhecidas” são consideradas habitualmente “boas marcas” e são percebidas como sinal de

status para os indivíduos que as adquirem.

A saliência dos critérios de avaliação é a influência potencial que cada atributo pode exercer

durante o processo de comparação e compra. Se a influência potencial se materializa ou não,

depende de como os consumidores percebem o desempenho das alternativas em julgamento,

ao longo de um critério de avaliação.

34

Os atributos salientes são comumente chamados de “atributos determinantes”. Os

determinantes de critérios de avaliação podem ser diversos. A motivação da compra é um

determinante forte. Considerações utilitárias causam mais pesquisa e avaliação do produto, já

a consideração hedonista termina eliminando esse passo pela sensação ou emoção embasada

na compra de determinado produto.

Quanto maior o envolvimento dos consumidores com a decisão de compra, maiores serão os

critérios de avaliação. Consumidores se baseiam mais fortemente no nome da marca ou

recomendações de terceiros quando não têm o conhecimento necessário para avaliar a

qualidade do produto diretamente.

Os consumidores também recebem uma influência muito forte dos fatores situacionais.

Segundo Churchill e Peter (2003), estes compreendem ambiente físico, ambiente social,

tempo, tarefa (razões de compra) e as condições momentâneas. Quando um indivíduo sente

fome e no local onde se encontra não é possível a transação por cartão de credito, apenas em

dinheiro, a sua escolha por um determinado alimento resulta do numerário em espécie que

possui naquele dado momento em particular. Este exemplo traduz uma condição momentânea

no contexto dos fatores situacionais. Quando a compra de um produto se destina a terceiros, o

valor da compra pode ser influenciado pelo grau de afetividade com o indivíduo presenteado.

Neste caso, a tarefa (razões da compra) é o fator situacional envolvido.

Na similaridade de alternativas de escolha, ou seja, quanto mais similares os produtos maior

importância será dada ao preço. Deste modo, fornecedores que desejam vender produtos mais

caros devem provar que fornecem produtos diferenciados.

Nas alternativas situacionais dentre as quais deverá ser feita uma escolha, existe o conjunto de

consideração (conjunto de evocação), que já está na memória do consumidor, referindo-se a

marcas específicas dentro de uma categoria de produtos (SOLOMON, 2011). Profissionais

de marketing devem, portanto, agir para conseguir que seus produtos sejam alvo de

consideração durante a tomada de decisão.

Quando não há informação suficiente na busca interna, o consumidor terá que buscar

informações externas para criar um conjunto de consideração, o que, muitas vezes, é realizado

35

através de consultas a outras pessoas, páginas amarelas das listas telefônicas, revistas

especializadas, pesquisa de todas as marcas do produto na loja, entre outras.

A escolha entre as alternativas de compra é realizada conforme já descrito, com base na

avaliação do conjunto de evocação. A seguir a escolha é decidida de acordo com a saliência

dos critérios de avaliação e regras bem estabelecidas. Quanto às regras de decisão,

compreendem as regras não compensatórias e as compensatórias (SOLOMON, 2011). A regra

de decisão não compensatória é aplicada na escolha de produtos com pouco envolvimento do

consumidor, onde fortes crenças quanto a um atributo podem vir a não compensar as crenças

fracas em relação a outro atributo. Este tipo de decisão simples é mais provável de ocorrer

quando se considera a escolha na compra de produtos repetitivos. Uma regra simples pode ser

condensada no pensamento: “se é caro é melhor”.

Entre as regras não compensatórias são incluídas as lexicográficas, onde o consumidor coloca

os atributos de dois produtos em ordem de importância e escolhe o produto melhor avaliado

no atributo considerado mais importante. Em caso de empate recorre ao segundo atributo mais

importante, e assim por diante (SOLOMON, 2011).

Já as regras de decisão compensatórias, conforme Solomon (2011), elas são geralmente

utilizadas na tomada de decisão na compra de produtos onde o consumidor se sente

particularmente envolvido emocionalmente. Estas regras de escolha são mais elaboradas ou

complexas, exigindo um maior esforço de processamento. Nas regras de decisão

compensatórias mesmo que um atributo não consiga atingir a expectativa do consumidor, os

seus outros atributos compensam essa falha.

As regras compensatórias dividem-se em aditiva simples e aditiva ponderada: na aditiva

simples o consumidor analisa todos os atributos do produto fornecendo uma nota para cada

atributo; a seguir é calculada a soma das notas de todos os atributos, sendo obtida a nota final.

O produto com o maior escore será o escolhido.

Na regra aditiva ponderada, é estipulado um peso para cada atributo considerado relevante

pelo consumidor, este peso é considerado junto com a nota dada para cada atributo, e no final

o produto escolhido é aquele com a maior soma nos atributos ponderados (SOLOMON,

2011).

36

No processo de decisão pela escolha do produto, muitas vezes é utilizado o critério de corte

que é uma delimitação das restrições conforme a vontade do consumidor. Compreendem as

regras de decisão não compensatória conjuntiva, disjuntiva e eliminação por aspecto. Na

primeira, o consumidor estabelece um critério mínimo aceitável para um ou mais atributos do

produto, como ponto de corte (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). Qualquer produto que não

alcance este padrão mínimo é descartado. Se no final desse processo houver mais de um

produto, o consumidor realiza outro processo enfocando outro atributo, para fazer a sua

escolha.

A regra disjuntiva é similar à regra conjuntiva já que também estabelece um limite mínimo

aceitável. Porém na regra disjuntiva qualquer produto que supere o nível mínimo em qualquer

atributo é considerado como prioritário na hora da escolha. Na eliminação por aspectos é

utilizado o processo lexicográfico, porém agora com cortes. Se o produto for bom no atributo

necessário, mas não passar no corte, a marca é descartada na tomada de decisão.

Existem estratégias de decisão em fases, também, que ocorrem quando existe o uso sequencial

de pelo menos duas regras de decisão diferentes para lidar com as diversas alternativas de

escolha. Há várias etapas eliminatórias onde as marcas que levarem ponto de corte não irão

para a fase seguinte.

Os conceitos de processamento por marca (PPM) e processamento por atributo (PPA) são

muitas vezes aplicados como parâmetros na compra de determinados produtos. O PPA reúne

informações de várias marcas diferentes, contanto que tenham os mesmo atributos, já o PPM

coleta todas as informações possíveis de uma só marca, para então passar às outras.

As regras de decisão na escolha por determinado produto ou marca podem ser construídas no

momento da decisão e armazenadas na memória, especialmente quando o resultado da escolha

mostrou-se satisfatória. Em um momento futuro, quando houver necessidade de compra do

mesmo produto, será realizada a busca interna de informações, cancelando-se a necessidade

de se estabelecer novas regras de decisão. É o que se conhece como referencial de afeto pelo

produto ou marca.

37

Existem duas estratégias básicas de investimento e comunicação de marketing: empurrar e

puxar (push and pull) (GREWAL; LEVY, 2011). A estratégia de puxar consiste em investir

pesadamente em campanhas voltadas aos consumidores, para que seja criada demanda pelos

produtos nos canais de venda. Ou seja, o consumidor é “bombardeado” por meio da mídia,

gerando demanda pela marca e forçando os varejistas a comprarem os produtos. Essa

estratégia é a mais comum (figura 2).

Figura 2 – Estratégia de investimento e comunicação de marketing: “puxar”

Fonte: Esquema da pesquisadora (2013).

A segunda estratégia, de empurrar, consiste em investir nos canais de distribuição tornando-os

responsáveis para atrair os consumidores (figura 3). Esta é a forma mais utilizada para os

produtos com pouca diferenciação entre marcas, como é o caso do arroz, sal de cozinha entre

outros. Nesse caso, o trabalho eficaz nos canais de venda se torna um elemento chave para

que o consumidor compre e encontre o produto disponível. Vale ressaltar que as promoções

de vendas ampliam o espaço da estratégia de empurrar.

Enfoque no cliente

38

Figura 3 - Estratégia de investimento e comunicação de marketing: “empurrar”

Fonte: Esquema da pesquisadora (2013).

2.2 MARKETING DIGITAL

Em linhas gerais, marketing pode ser conceituado como os esforços das empresas em

informar e comunicar. De acordo com Kotler e Keller (2006), o marketing pode ser visto

como a identificação, a criação, a comunicação, a entrega e o monitoramento do valor para o

cliente. Outra definição mais detalhada e atualizada é aquela da AMA (2004, p. 73) que diz

que o marketing representa uma função organizacional e uma série de processos para a

criação, comunicação e entrega de valor para clientes, e para a gerência de relacionamentos

com eles de forma que beneficie a organização e seus stakeholders.

O foco do marketing agora são os clientes, aqueles que compram os produtos e não os que

vendem.

Considerando especificamente o marketing virtual ou digital, este pode ser definido como um

conjunto de estratégias e ações utilizando ações tecnológicas, ou melhor, a informática e

especialmente a internet, tendo como objetivo uma maior eficácia na comunicação com o

público (KOTLER; KARTAJAYA; SETIAWAN, 2010). No marketing virtual, os

Produtor Comunicação de Marketing

Revendedores Comunicação de

Marketing Cliente ou

Usuário Final

Enfoque nos canais de distribuição dos produtos

39

dispositivos conectados à internet são utilizados na realização de ações promocionais, que têm

a finalidade de divulgar produtos, negócios, serviços ou atributos de marca.

A internet, a maior fonte de informação em nível global, tem como características adicionais e

diferentes das mídias tradicionais, o acesso livre à informação, a rapidez na divulgação das

informações e a possibilidade de interação entre os usuários através de várias ferramentas

como e-mail, redes de relacionamento, entre outras. Com a disponibilidade de tais recursos,

há uma mudança no comportamento do consumidor, passando de elemento passivo para

participar ativamente, gerando informações úteis às empresas que disponibilizam os produtos

e serviços (KOTLER; KARTAJAYA; SETIAWAN, 2010).

As empresas, agências de publicidade e profissionais liberais representam alguns dos setores

que perceberam o potencial da internet na divulgação dos seus produtos e ideias, passando a

utilizá-la em massa. Esta expansão não tem limites, já que continuamente as agências de

publicidade e marketing exploram e desenvolvem novas estratégias para atrair o público. O

marketing virtual, por sua vez, apresenta as seguintes propriedades: interação,

relacionamento, mobilidade, agilidade e tecnologia. Com o desenvolvimento tecnológico um

elemento foi adicionado a esse marketing virtual, o telefone celular. Este dispositivo que tem

na mobilidade a sua característica mais atraente fornece uma maior visibilidade ao marketing

virtual, utilizando recursos como SMS, MMS entre outros (BENTIVEGNA, 2002).

Com a internet, o comportamento de compra foi mudado drasticamente: os clientes podem

agora pesquisar online tudo que desejam e inclusive finalizar a compra no mesmo local. A

mídia eletrônica interativa permite que literalmente, qualquer um, vasculhe o mundo e faça

pedidos de acordo com a sua comodidade e conveniência. Nunca antes na história da

humanidade tantas pessoas tiveram a possibilidade de encontrar tantas informações sobre

tantas coisas em um único local. Por outro lado, o uso da internet como ferramenta importante

na busca de qualquer tipo de informação deixou de ser uma novidade e se tornou um hábito

para as pessoas em qualquer parte do globo. O marketing soube identificar nessa rede mundial

de computadores um potencial canal de promoção e distribuição de produtos e serviços.

O marketing virtual é calcado nos mesmos conceitos do marketing tradicional onde os

indivíduos têm as suas necessidades identificadas e supridas através da criação, divulgação,

oferta e troca de produtos. O e-marketing, contudo, apresenta como vantagens o seu baixo

custo com possibilidade de participação de pequenas empresas, a disponibilização de um

40

espaço praticamente ilimitado para a propaganda, o acesso rápido e a sua abrangência

independente da área geográfica.

A maioria das empresas precisará alterar drasticamente os alicerces que as guiaram até aqui,

reformulando seus conceitos. Lojistas estão sendo forçados pelos compradores a repensarem

seus negócios e a oferecer aos clientes o que eles esperam na forma de serviços, variedade e

assistência de venda.

Muito se fala atualmente sobre o marketing digital. Há sete estratégias bem conhecidas como

as principais formas deste tipo de marketing, como demonstrado na figura 4.

Figura 4 - As sete estratégias do marketing digital

Fonte: Esquema adaptado pela Mestranda (Torres, 2009).

A estratégia referida como conteúdo engloba a produção de material relevante em sites ou em

alguma rede social com o objetivo de oferecer aos consumidores conhecimento sobre

diferentes temas, ampliando a exposição da empresa na ferramenta de busca.

Com relação às redes sociais no âmbito digital, Kozinetz (1998) considera que uma

comunidade representa um grupo de pessoas que compartilham interações sociais, laços

sociais e um "espaço" comum, ainda que mediado por um computador. As interações online

afetam cada vez mais o comportamento das pessoas como cidadãos, membros de

comunidades e consumidores. Segundo Kozinetz (1998), as comunidades virtuais de consumo

Monitoramento

Conteúdo

Mídias Sociais

Viral

Pesquisa

Mailing

Publicidade

41

são um subgrupo específico de comunidades virtuais, cujos interesses são explicitamente

centrados em consumo; neste tipo de comunidade, a conversa mais informal entre os

participantes amplia a exposição da marca e o relacionamento com o cliente. A premissa é

que o cliente satisfeito compartilha com seus amigos a satisfação obtida com determinada

empresa e isso gera benefício direto e visibilidade de forma econômica e eficaz. Comunidades

virtuais como o Facebook e o Twitter além de possibilitar o encontro com estranhos

apresentam um diferencial em relação a outras mídias, pois dão ênfase à articulação e

visibilidade de redes sociais pré-existentes.

O e-mail marketing é outra ferramenta, poderosa quando direcionada para campanhas

específicas. O marketing viral também tem a finalidade de divulgar a marca e é realizado

através de ações criativas que despertam emoção no público-alvo. A palavra viral se refere,

de acordo com Godin (2000), a uma ideia-vírus, ou seja, uma ideia intrigante, irresistível, que

chama a atenção do indivíduo e que desperta no mesmo o desejo de compartilhá-la. É o que

acontece quando se envia um videoclipe ou uma mensagem pela internet a um determinado

alvo. A mensagem deve ser curiosa, engraçada, com a finalidade de despertar algum tipo de

emoção no indivíduo estimulando-o a compartilhá-la, o que ocorre através do reenvio para

outros indivíduos, e assim sucessivamente.

A publicidade online tradicional é mais similar à antiga publicidade convencional, sendo

utilizados geralmente banners em sites importantes para aumentar a visibilidade da marca.

Quanto à ferramenta de pesquisa online é outra estratégia que visa conhecer melhor o perfil

do consumidor e entender as suas necessidades e motivações de compra.

O sucesso do marketing virtual é aferido através do monitoramento dos resultados do

conjunto das diferentes estratégias utilizadas, sendo um subsidio imprescidível para possíveis

reajustes das mesmas tornando-as mais eficientes.

Neste estudo o enfoque será dado às mídias sociais, precisamente o Facebook, uma vez que

exerce uma forte influência na propagação da comunicação boca a boca, tema desta

dissertação. No Facebook (FACEBOOK, 2013) as interações entre os participantes ocorrem

sob a forma de perfil ou linha do tempo pessoal, páginas de fãs e grupos. As páginas de fãs

(fanpages) são utilizadas por uma organização ou empresa para marcar presença no facebook.

42

Com relação às diferentes ferramentas utilizadas pelo facebook e de particular importância na

fanpage, merecem destaque o feed de notícias e o botão “curtir”.

O feed de notícias avalia os seguintes parâmetros:

1. Afinidade, ou seja, o nível de interação do usuário com a pessoa ou organização que criou

o conteúdo, obtido através da análise do número de interações das pessoas que visitam a

fanpage, deixando mensagens no mural, visualizando fotos, curtindo, comentando ou

compartilhando conteúdo;

2. Relevância, quantas interações (comentários, “curtidas”, compartilhamentos) o conteúdo

gerou;

3. Tempo, há quanto tempo o conteúdo foi postado. Mensagens mais novas possuem

prioridade e são exibidas à frente das mensagens mais antigas.

O botão “curtir” é um recurso que permite aos usuários demonstrar que apreciaram certos

conteúdos divulgados como comentários, fotos, propagandas, entre outros. É uma forma

simplificada do usuário dizer que gostou, sem deixar comentários. Ao "curtir" uma marca o

usuário registra publicamente para sua rede de relacionamentos o seu interesse pela marca.

2.3 COMUNICAÇÃO BOCA A BOCA

O conceito de comunicação boca a boca tradicional é discutido por diferentes autores. Em um

dos primeiros trabalhos relevantes sobre o tema, Arndt (1967, p. 190) definiu boca a boca

como “uma comunicação oral e pessoal entre um emissor percebido como não comercial e um

receptor, tratando de uma marca, um produto ou um serviço oferecido para venda”. De acordo

com Engel, Miniard e Blackwell (2005) na comunicação boca a boca ocorre a transmissão

informal de ideias, comentários, opiniões e informações entre duas pessoas, ressaltando-se

que nenhuma delas é um profissional de marketing. Para Sernovitz (2012, p. 29), a

comunicação boca a boca é “dar às pessoas um motivo para falar a respeito dos seus produtos

ou serviços, e tomar medidas para facilitar a ocorrência dessas conversas”.

O processo boca a boca é certamente a forma mais antiga de comunicação de marketing

porque pressupõe a troca de informações positivas ou negativas diretamente entre indivíduos,

sem a necessidade de suporte de meios (KOTLER; KELLER, 2006). A pesquisa de marketing

43

sobre a comunicação boca a boca começou na década de 1940, após a Segunda Guerra

Mundial (BUTLE, 1998) e nos últimos anos o tema tem sido objeto de múltiplos estudos no

campo de marketing. De um modo geral os estudiosos definem o fenômeno como um

intercâmbio, um fluxo de informação, comunicação ou conversa pelo menos entre dois

indivíduos.

A comunicação boca a boca se fundamenta nas teorias do fluxo de informações que podem

ser de dois tipos: na primeira, a informação caminha em duas etapas (teoria do fluxo de duas

etapas) migrando em uma única direção, no sentido dos veículos de comunicação para os

indivíduos formadores de opinião e daí para a massa de consumidores (SCHIFFMAN e

KANUK, 2000). Já a teoria do fluxo multicanal de informação, considera que a mídia atinge

tanto os líderes de opinião quanto as massas, despertando nas pessoas a atenção sobre a

existência de um produto. Essa busca, segundo Arndt (1967), de consultar a opinião das

pessoas para confirmar opiniões de fontes impessoais como a mídia e a transmissão dessa

recomendação de uma pessoa para outra é chamada de boca a boca.

Outros autores consideram que o fenômeno da comunicação boca a boca se explica através da

força dos laços ou das relações sociais, a inter-relação entre as mesmas e seu fluxo de

informação (BROWN; REIGEN, 1987). Nesta teoria, os indivíduos com atributos similares

como idade, sexo, educação, status social e outros traços, habitualmente se atraem e trocam

mais informações entre si do que as pessoas que não têm muito em comum.

Esses laços ou relações podem ser de dois tipos: de forma e de conteúdo. A forma indica a

força de ligação entre os laços e o conteúdo representa a informação ou mensagem

transmitida de uma pessoa para outra. Os laços também podem ser divididos em primários e

secundários. Os laços primários ou fortes são caracterizados pelas interações frequentes que

ocorrem geralmente entre familiares e amigos próximos. Os laços secundários ou fracos, por

outro lado, representam os contatos que se estabelecem entre conhecidos, como participantes

de uma igreja ou associação.

Estes laços interagem entre si. Laços fortes criam pequenas redes onde circulam informações,

que são ampliadas pelos laços fracos que criam pontes entre essas redes ampliando

imensamente o seu alcance. Os laços fracos são responsáveis pela difusão da informação,

44

possibilitando a expansão do seu alcance. Os laços fortes têm maior poder de influenciar no

processo de decisão do consumidor, devido ao seu caráter mais acessível e confiável.

O boca a boca é uma das formas mais confiáveis de promoção, porque as pessoas que não têm

nada a ganhar pessoalmente em promover algo, colocam muitas vezes a sua reputação em

risco a cada vez que fazem uma recomendação. As fontes das informações consideradas mais

confiáveis pelo consumidor são representadas por familiares e amigos, e são mais influentes

na escolha de serviços como assistência médica, restaurantes e escolas (IKEDA, 1997).

Para que o consumidor seja considerado participante de uma conversa tipo boca a boca a

mensagem que está sendo transmitida e o meio de transmissão da mensagem devem ser

desvinculados ou independentes da influência da companhia que o lançou no mercado

(SILVERMAN, 2001).

Para Godin (2000), o consumidor está saturado das formas clássicas do interruption

marketing, uma prática que visa bombardear o cliente, o alvo, com publicidade, promoções e

estímulos de todos os tipos até interromper o fluxo do seu raciocínio e de seus hábitos e fazê-

lo sucumbir à oferta imposta. Esse autor propõe uma mudança nesse pensamento,

introduzindo o chamado marketing de permissão, onde é o cliente que procura e solicita as

informações sobre o produto que deseja à empresa, para se convencer a comprar o produto ou

marca.

Entre as formas de marketing de permissão, Rosen (2001) considera que a melhor maneira de

divulgar ou vender produtos e serviços é aquela em que os consumidores comentam entre si

(comunicação boca a boca) sobre as qualidades e vantagens daqueles itens. Em seu livro de

referência, Rosen (2001) descreve o buzz marketing como a organização industrial do rumor,

do boca a boca, em favor de uma marca ou de um produto. Este modelo de marketing parte do

princípio que todas as pessoas se comunicam constantemente, “tecendo” comentários sobre os

mais diferentes temas, opinando, concordando, discordando, enfim difundindo ideias.

Neste ponto é importante fazer a diferenciação entre o chamado boca a boca orgânico e o

boca a boca amplificado ou de influência linear (KOZINETZ, 1998). O primeiro é aquele que

ocorre quando as pessoas falam a respeito de um produto unicamente porque estão satisfeitos

com ele, sem a influência direta ou monitoramento do profissional de marketing. Já a

45

comunicação boca a boca amplificada se desenvolve quando há uma tentativa dos

profissionais de marketing de encorajar e acelerar o fenômeno. Neste modelo alguns

consumidores são vistos como potenciais “líderes de opinião” que podem disseminar e

influenciar de modo mais rápido a mensagem inicial.

Este tipo de marketing diz respeito à utilização de técnicas orientadas para incentivar e ajudar

as pessoas a falarem umas com as outras sobre produtos e serviços, porém sem jamais

manipular ou falsificar informações. Há inicialmente um estímulo para capturar a atenção do

consumidor que se torna um agente de venda, transformando-o de um receptor passivo para

um emissor ativo que passa a influenciar a sua rede social.

De uma forma simples, pode-se dizer que o marketing boca a boca é atuar na conversa de

maneira a fazer com que as pessoas falem sobre você. Um exemplo é quando um produto ou

serviço é apresentado a pessoas influentes, formadoras de opinião, na expectativa delas

apreciarem o produto, divulgarem a sua opinião no seu círculo de influência estimulando o

boca a boca. Através do respeito e aprovação dos clientes, eles farão o boca a boca sem

exigirem qualquer compensação financeira.

As comunicações boca a boca podem ocorrer de modo presencial ou através de outros meios

de comunicação como telefone e internet. Há fontes pessoais e impessoais de recomendações.

No primeiro grupo são incluídos os amigos e a família (BROWN; REINGEN, 1987; DUHAN

et al., 1997). Os veículos de marketing boca a boca impessoais compreendem artigos e

comentários de jornalistas, consumidores e experts encontrados em jornais, revistas,

publicações especializadas e fóruns de discussão online (SENECAL; KALICZYNSKI;

NANTEL, 2005).

Novamente aqui, ressalta-se que os consumidores não devem perceber qualquer intenção

comercial ou de propaganda por trás das recomendações; se isto ocorrer essas comunicações

não representa boca a boca. É este lado informal e independente do boca a boca que o torna

único.

Com o advento da internet, o boca a boca tem recebido novas terminologias. Assim, tem sido

empregado por alguns autores como sinônimos de marketing viral, e-mail marketing, boca a

46

boca internet, boca a boca eletrônico e boca a boca digital. A internet é o componente central

deste tipo de marketing sendo o elemento que o distingue do boca a boca convencional.

A internet possibilita uma comunicação mais intensa e de forma mais rápida, em razão das

facilidades de interligação entre as pessoas. No boca a boca eletrônico os consumidores

realizam negócios com as empresas somente depois de comparar as informações oficiais

provenientes das empresas, com aquelas não oficiais derivadas de outros consumidores,

veiculadas nos canais virtuais de consumo (KOZINETZ, 1998). Cada consumidor atua como

parte da comunicação do marketing, ação esta potencializada pelo efeito multiplicador da

internet (PHELPS et al., 2004).

No marketing viral há um estímulo inicial induzido pelo praticante de marketing que captura a

atenção do consumidor tornando-o um agente de venda que por sua vez passa a influenciar

outros consumidores e assim sucessivamente. A internet amplia o alcance da mensagem

através de inúmeras ferramentas já registradas anteriormente, entre elas as redes sociais. Um

aspecto importante da comunicação boca a boca digital é que a mensagem e os comentários

dos participantes por ser escritos, permanecem no tempo, arquivados, podendo ser

consultados por outros usuários.

No boca a boca eletrônico os participantes podem não ter vínculos ou relações prévias entre si

representando laços fracos, portanto, conferindo menor credibilidade à mensagem divulgada.

Este aspecto o diferencia da comunicação boca a boca tradicional que é mais confiável.

A seguir, no quadro 2, as principais características pertinentes à comunicação boca a boca

tradicional e virtual. Conforme já referido, observa-se que esta última tem um maior potencial

de abrangência, disseminando-se de modo mais rápido em função da multiplicidade de

ferramentas disponíveis. Contudo, ressalta-se a maior credibilidade da comunicação boca a

boca tradicional devido à maior confiabilidade das fontes de informação.

47

Quadro 2 - Características da comunicação boca a boca tradicional e virtual.

Fonte: Esquema da pesquisadora (2014).

Há divergências conceituais no que se refere ao buzz marketing. Enquanto Rosen (2000) o

considera como qualquer boca a boca a respeito de uma marca, outros autores o definem

como uma iniciativa produzida pelo marketing com a intenção de capturar a atenção das

pessoas e criar o boca a boca.

Não é fácil delimitar teoricamente marketing viral do buzz marketing, sendo muitas vezes

aplicados como sinônimos. Contudo, alguns autores apontam o buzz marketing como o efeito

obtido pelas ações do marketing viral, que podem ser complementadas por outras estratégias

inclusive envolvendo o marketing tradicional. A internet e o desenvolvimento de inúmeras

ferramentas têm contribuído indiscutivelmente para a disseminação da prática do boca a boca,

ou seja, do buzz. Esse veículo permite uma comunicação mais ampla, mesmo entre pessoas

que não se conhecem pessoalmente.

Outro aspecto importante do boca a boca virtual é a sua velocidade, disseminando

informações quase que instantaneamente. Através da internet pode ser oferecida uma

plataforma para agregar as pessoas que falam dos produtos ou serviços oferecidos por uma

determinada empresa, dando uma maior visibilidade a uma conversa que sempre existiu. As

redes sociais online assim como os blogs são exemplos dessa nova tendência do boca a boca

no mundo virtual, representando um espaço para que as pessoas compartilhem as suas ideias.

O boca a boca virtual também tem como uma característica relevante a possibilidade de

rastrear e avaliar as opiniões emitidas online.

Tradicional

Fontes Conhecidas

Maior Credibilidade

Ausência de custos financeiros

Virtual

Fontes desconhecidas

Menor credibilidade

Multiplicidade de ferramentas

Rapidez

abrangência geográfica

abrangência populacional

48

Segundo Sernovitz (2012), há três razões essenciais que explicam a divulgação de um

determinado produto ou serviço pelas pessoas: elas o apreciam de forma entusiasmada, elas se

sentem bem em comunicar o que sentem e por fim são estimulados pela sensação agradável

de entrosamento no grupo. O quadro 3 detalha esses aspecto.

Quadro 3 – Razões para a divulgação interpessoal de produtos e serviços

Fonte: Sernovitz (2012).

De acordo com Sernovitz (2012), há cinco elementos básicos para o funcionamento da

comunicação boca a boca: divulgadores (quem vai falar com os amigos a seu respeito?),

temas (sobre o que eles vão falar?), ferramentas (como você pode ajudar a mensagem a se

propagar?), participação (de que maneira você deve participar da conversa?) e

acompanhamento (o que as pessoas estão dizendo a seu respeito?).

Os divulgadores são os seus clientes e amigos que espalham a mensagem da sua marca

através do boca a boca habitual ou através da internet. A mensagem em questão, ou o tema,

não precisa ser sofisticado, pode ser um serviço fora do comum, um sabor exclusivo, uma

embalagem bonita, um nome engraçado, entre outros.

Parte fundamental para a disseminação do processo são as ferramentas utilizadas na

comunicação boca a boca. Tipos de estratégias incluem a distribuição de cartões ou cardápios

aos frequentadores de um restaurante, a criação de blogs ou a implantação de comunidades

online.

Você

Eu Nós

Diz respeito aos produtos e serviços:

O negociante e os produtos

Diz respeito a quem está falando:

Fazendo com que elas se sintam bem

Diz respeito ao grupo:

sensação de entrosamento

Elas adoram você (e os seus

produtos e serviços)

Elas odeiam você

Você deu a elas uma coisa a

respeito do que falar

Você tornou fácil para elas

falar sobre você

Elas se sentem inteligentes

Elas se sentem importantes

Elas querem ajudar as

pessoas

Elas querem se expressar

Elas fazem parte da

família da marca

Elas pertencem a

uma comunidade

Elas fazem parte de

uma equipe

Elas têm informações

privilegiadas

49

A participação do responsável pela marca ou de seu representante legal nas conversas deve

ser contínua, não deixando as pessoas sem respostas. Esta participação pode ser realizada

através de e-mails e fóruns de discussão. Precisa-se ressaltar que, especialmente, uma

reclamação sobre um determinado produto não deve ser relevada, pelo contrário, deve ser

dada uma maior atenção ao cliente na tentativa de minimizar a sua insatisfação.

Finalmente o acompanhamento do boca a boca para avaliar e entender o que as pessoas estão

dizendo sobre você ou o produto que você representa pode ser aferido nos blogs e outras

comunidades online, onde os participantes publicam as suas opiniões. Monitorar essa

comunicação permite que se entenda o que os consumidores realmente pensam a respeito de

um produto ou serviço e proporciona um nível de entendimento genuíno muito mais autêntico

e imediato do que as informações técnicas das pesquisas tradicionais.

As mídias sociais são um campo fértil para a disseminação ampla da mensagem e nenhuma

ferramenta tem o seu potencial de expansão. Grande parte da conversa do dia a dia a respeito

de produtos e serviços se deslocou para essa área. Pode-se criar uma comunidade ou fórum

para os clientes de um determinado produto em apenas poucos minutos em uma rede social

popular como o Facebook ou MySpace.

Esse espaço representa um lar instantâneo para os divulgadores que querem participar. A

partir daí a comunidade estabelece um arquivo público que tem o poder de atrair novos

indivíduos para futuras discussões. Neste modelo alguns pontos devem ser respeitados na

relação com o consumidor: as suas opiniões não devem ser filtradas, as suas perguntas e as

suas dúvidas devem ser respondidas e esclarecidas prontamente e com sinceridade, e a sua

opinião deve ser valorizada seja ela positiva, neutra ou negativa.

50

3 MÉTODOS DE PESQUISA

Nesta seção será apresentada a metodologia da pesquisa, onde são descritos os princípios e

procedimentos através dos quais o problema da pesquisa foi abordado (TAYLOR; BOGDAN,

2000).

A natureza deste estudo é de cunho lógico-positivista uma vez que a verificação das

proposições objetos da pesquisa será baseada em critérios de observação e experiência, que,

em última análise são consistentes com o pensamento filosófico do positivismo lógico. Nesta

filosofia, o alvo da ciência é composto de elementos empíricos, capturáveis na experiência

sensível e tratados como recursos ao método da análise lógica.

A concepção de que o método da ciência é objetivo e que leva sempre em conta o observador

e suas ações está em consonância com o presente estudo, que será norteado através da

investigação de natureza quantitativa cuja análise recai sobre a frequência positiva de

repetição dos eventos observados na amostra que neste caso é a audiência do Facebook do

Restaurante Dalí Cocina.

Com base nos objetivos, a dissertação de mestrado pode ser classificada como descritivo-

explicativo (MALHOTRA, 2011). Do ponto de vista descritivo está de acordo com o conceito

de Triviños (1987) no qual o estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada

realidade.

Para melhor compreensão, serão discriminadas quais variáveis se sobressaem no fenômeno

estudado em relação ao objeto de pesquisa. A seguir a pesquisa será complementada pela fase

explicativa que se preocupa em identificar os fatores que determinam ou que contribuem para

a ocorrência dos fenômenos, visando o porquê das coisas através dos resultados oferecidos.

Nesta etapa serão aplicados testes de verificação que têm por finalidade revelar os

relacionamentos causais entre as variáveis levantadas a priori.

A seguir o diagrama operacional representando de forma esquemática as etapas que foram

desenvolvidas na pesquisa (Figura 5).

51

Figura 5 – Etapas da pesquisa

Fonte: Esquema da pesquisadora (2014).

A figura acima demonstra que a metodologia foi dividida em duas partes. Na primeira fase,

conhecida como descritiva, foi realizado um questionário para coletar informações necessárias

para serem introduzidas na segunda fase (explicativa) auxiliando na criação de proposições

que futuramente seriam o foco da campanha artificial.

3.1 FASE DESCRITIVA

Como já mencionado anteriormente, esta fase é de caráter descritivo, cujo alvo será conhecer

e interpretar a realidade procurando interferir o mínimo possível na mesma (CHURCHILL,

1999). Nesta fase da pesquisa será investigada inicialmente a característica mais relevante em

restaurantes que influencia na sua divulgação. Outro aspecto que será pesquisado corresponde

ao tipo de fonte de informação mais confiável na escolha de um determinado restaurante. Esta

Fase Descritiva

População alvo da pesquisa

Coleta de dados-

elaboração de questionário

Tabulação dos dados

Tratamento e análise dos

dados

Fase Explicativa

Criação de hipóteses formulada através dos resultados da fase descritiva

Elaboração e execução de uma campanha experimental no Facebook do Dalí Cocina

Análise dos resultados obtidos no experimento

Conclusão

52

investigação ocorreu em forma de questionário, que foi aplicado à população alvo similar ao

perfil dos usuários da fanpage do restaurante Dali Cocina.

O método de pesquisa escolhido foi a survey, mais apropriada ao objeto do estudo em pauta,

uma vez que este visa buscar “o que está acontecendo” e “porque o fenômeno está

acontecendo” (FREITAS et al., 2000). Além disso, a presente pesquisa apresenta as

características próprias da survey, já que a mesma é aplicada quando não é possível controlar

as variáveis dependentes e independentes, o ambiente natural é a melhor situação para estudar

o fenômeno de interesse e o assunto de interesse ocorre no presente ou no passado recente

(FREITAS et al., 2000).

As subseções abaixo apresentarão mais detalhes quanto à fase descritiva.

3.1.1 População Alvo da Pesquisa

Antes de se proceder ao levantamento de dados em uma pesquisa, uma questão básica é

definir a quantidade de indivíduos que será avaliada. A solução para o impasse tem como base

o estudo de alguns conceitos, mais especificamente o que significa censo e amostra.

Censo é entendido como o exame de todos os elementos de uma população ou universo. Se

uma população é infinita, o censo é impossível. Por outro lado a amostra é considerada como

uma parte do universo ou população selecionada de forma a representar o grupo inteiro. A

finalidade da amostragem é fazer generalizações sobre um universo ou uma grande população

sem a necessidade de examinar todos os componentes do grupo.

Uma das vantagens do censo é a maior precisão dos resultados uma vez que todas as unidades

são estudadas e consequentemente não há erro amostral. Além desse aspecto, o tratamento

estatístico dos resultados é mais simples. Com relação à amostra considera-se como atributos

favoráveis à sua aplicação o menor custo financeiro e geralmente a maior rapidez na sua

execução.

A população estudada na presente pesquisa é finita, portanto pode ser delimitada. Ela foi

representada por um contingente de indivíduos que frequentam restaurantes e são

concomitantemente usuários do Facebook, independente de qualquer outro atributo ou

53

característica individual. Os mesmos responderam voluntariamente a um questionário padrão

semi-estruturado.

Ressalta-se que o grupo de respondentes apresentou um perfil similar aos usuários da fanpage

do restaurante Dali Cocina, que serão posteriormente analisados na fase explicativa desta

dissertação. Uma vez que a população alvo do estudo foi pequena (apenas os respondentes do

questionário aplicado), o tempo e o custo empregados na coleta das informações foram pouco

significativos.

Para esta pesquisa, houve também a necessidade de se obter informações individuais precisas.

Levando em conta esses parâmetros, o censo representou a fórmula mais adequada para esta

investigação. É importante ressaltar que não houve interferência do pesquisador no

pensamento e nas ações da audiência avaliada. Os locais destinados à distribuição e aplicação

dos questionários foram selecionados em função de concentrarem um grande número de

pessoas e serem geograficamente convenientes à pesquisadora.

3.1.2 Coleta de Dados - Elaboração de Questionário

O questionário, segundo Gil (1999, p. 128) pode ser definido como a técnica de investigação

composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas às pessoas, tendo

por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas,

situações vivenciadas.

É importante assinalar que o entrevistador não deve estar presente no momento em que os

indivíduos respondem às questões. A construção de um questionário não é uma tarefa fácil

principalmente porque não existe uma metodologia padronizada para a sua elaboração, apenas

recomendações de vários autores. Apesar de nem todos os projetos de pesquisa utilizar esse

tipo de abordagem para a coleta de dados, o questionário é muito importante na pesquisa

científica, especialmente nas ciências sociais. O sucesso dessa etapa da pesquisa é

fundamental para que os dados coletados atendam às necessidades do processo de análise.

Segundo Perrien, Cheron e Zins (1983), alguns cuidados devem ser tomados na elaboração do

questionário, tais como, o desenvolvimento de inúmeras alternativas fechadas para tentar

abranger todas as opções possíveis do respondente, restringir as questões ao problema

levantado pela pesquisa, considerar a facilidade na tabulação e análise dos dados no momento

54

da elaboração das questões, evitar perguntas pessoais que possam constranger o respondente e

elaborar perguntas que não influenciem as respostas.

Em face dos objetivos do presente trabalho, o questionário foi considerado o instrumento mais

adequado na coleta de dados, avaliando opiniões, atitudes, preferências e comportamentos

individuais. O mesmo apresentou em quase a sua totalidade, perguntas objetivas e com

respostas estruturadas, elaboradas de acordo com o referencial teórico.

As questões foram codificadas para facilitar a posterior tabulação. A codificação consiste na

transformação dos dados em símbolos (números ou letras). Para cada código é atribuído um

significado. Em sequencia, os códigos são reunidos sob a forma de diferentes categorias,

possibilitando a sua visualização em conjunto e um melhor entendimento quanto ao seu

significado. A codificação ou transformação dos dados em símbolos facilita portanto a

contagem e tabulação dos resultados obtidos.

Inicialmente foram apresentadas perguntas para estabelecer um contato inicial com os

participantes e na sequência, o aplicador apresentou os tópicos relacionados com o foco do

estudo. Com relação às escalas para a medição dos fatos a serem pesquisados foi utilizada a

escala de Likert (1932) de cinco pontos, sendo os escores: (5) concorda fortemente, (4)

concorda, (3) indiferente, (2) discorda e (1) discorda fortemente sobre uma determinada

assertiva.

Foi aplicado um pré-teste do questionário a 22 respondentes escolhidos por conveniência,

com mais de 18 anos de idade, que frequentam restaurantes e participam das redes sociais.

Este pré-teste teve a finalidade de verificar a aceitação e o nível de compreensão das questões

abordadas. Posteriormente houve uma discussão informal com os respondentes sobre as áreas

de confusão potencial (perguntas sujeitas a erros de interpretação), sendo as mesmas

reformuladas quando da aplicação da coleta real dos dados da pesquisa.

O questionário foi distribuído e aplicado presencialmente. Foi garantido o sigilo da identidade

dos participantes para evitar a sua exposição, muitas vezes não desejada.

55

3.1.3 Tabulação dos Dados

A tabulação dos dados consiste em transcrever numa disposição adequada os resultados

obtidos, possibilitando a geração de tabelas e gráficos. Tem como objetivo facilitar a

visualização e a compreensão dos resultados obtidos. Pode ser manual ou eletrônica. Esta

última economiza tempo, esforço, diminui as margens de erro e torna o estudo mais

econômico. Na pesquisa em pauta foi utilizado para a tabulação dos dados o SPPS, um

software de planilha eletrônica que permite criar tabelas que calculam automaticamente os

totais de valores numéricos inseridos, gerando tabelas adicionais em layouts organizados além

de gráficos.

3.1.4 Tratamento e Análise dos Dados

Consiste na etapa onde serão aplicados métodos estatísticos para o cálculo das medidas que

permitirão a análise dos resultados. Esta análise possibilita as conclusões do estudo.

No tratamento dos dados nesta pesquisa foi utilizada a estatística descritiva bivariada e

multivariada.

3.2 FASE EXPLICATIVA

Nesta etapa da pesquisa os dados registrados foram trabalhados, no sentido de analisá-los,

interpretá-los e identificar as suas causas. Em síntese, foram identificados os fatores que

contribuíram para a ocorrência dos fenômenos, e, a partir daí, foram desenvolvidas ideias por

força da dedução lógica. Todo o esforço foi direcionado na investigação das causas do

fenômeno.

A pesquisa explicativa se processa através do experimento que compreende diferentes degraus

a serem construídos: observação dos fatos e formulação de hipóteses, verificação das

hipóteses e desenvolvimento de teorias.

O delineamento do experimento consiste na forma planejada de condução dos testes que

procura investigar um problema a partir da coleta de dados.

56

3.2.1 Criação de Hipóteses formuladas através dos resultados da fase descritiva

De acordo com os dados obtidos através do instrumento de coleta de dados (questionário)

aplicado na fase descritiva, serão elaboradas hipóteses. As mesmas serão adequadamente

testadas através do experimento.

3.2.2 Elaboração e Execução de Campanha Experimental no Facebook do Dalí Cocina

Quando a distribuição dos sujeitos pelo tratamento não é aleatória e não há grupos-controle, a

alternativa para a investigação consiste nos chamados delineamentos quase experimentais. A

comparação entre as condições de tratamento e não tratamento deve ser sempre feita com

grupos não equivalentes ou com os mesmos sujeitos antes do tratamento.

Em conformidade com os objetivos do presente trabalho, foi aplicado o delineamento quase

experimental de Campbell e Stanley (1979), com um único grupo de indivíduos, ou seja, os

usuários da fanpage do restaurante Dali Cocina. Este grupo foi observado em dois períodos

distintos de tempo: entre os dias 10 e 17 de dezembro dos anos de 2012 e 2013. Em 2012 o

comportamento dos indivíduos não foi sujeito a nenhuma variável externa. Já em 2013 foi

introduzido um elemento externo com o monitoramento da sua resposta. Caso fosse

necessário, a experiência seria repetida em mais três momentos distintos.

3.2.3 Análise dos Resultados Obtidos no Experimento

Nesta etapa da pesquisa serão observados e comparados os dados relativos à análise do grupo

de usuários do Facebook do restaurante Dali Cocina nos períodos de tempo distintos já

registrados anteriormente. Serão analisados os seguintes parâmetros: a frequência de

comentários, visualizações e ingressos de novos participantes na página do restaurante. Como

resultado desse estudo de correlação, as hipóteses pré-estabelecidas seriam ou não

confirmadas.

57

3.2.4 Conclusão

Procedendo-se as etapas anteriores, a conclusão da dissertação foi apresentada, apontando-se

os seus benefícios e limitações. Foram adicionadas sugestões para pesquisas complementares,

visando aprofundar a experiência vivenciada na presente investigação.

58

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo é explanado o instrumento de coleta de dados assim como os resultados e

análise obtidos através do mesmo. Posteriormente, em continuidade, é realizada a análise do

experimento enfatizando os aspectos mais relevantes da pesquisa.

4.1 ANÁLISE DE DADOS – FASE DESCRITIVA

O instrumento de coleta de dados elaborado compreendeu sete questões, sendo seis

formuladas de modo objetivo e uma alternativa subjetiva possibilitando o respondente a

descrever as suas ideias. É importante ressaltar que três das questões do formulário

contemplou dados relativos ao perfil sócio-econômico-cultural dos participantes (apêndice 1).

Após a validação do questionário, nos dias 06, 07 e 08 de dezembro de 2013 foi realizada a

aplicação do instrumento para coleta de dados. A amostra compreendeu indivíduos com idade

superior a 18 anos, frequentadores de restaurantes que utilizam regularmente plataformas de

redes sociais.

O questionário foi distribuído pela pesquisadora em dois locais distintos: 1. Faculdade Senac

de Pernambuco, escolhida por conveniência da pesquisadora, uma vez que a mesma é

funcionária desta instituição de ensino, onde os participantes compreenderam professores,

alunos e funcionários das áreas administrativa e operacional. 2. Praia de Boa Viagem,

selecionada em função da grande afluência de um público heterogêneo. A participação dos

indivíduos foi voluntária não ocorrendo qualquer tipo de incentivo para a sua colaboração.

Após uma breve explicação quanto a formatação do seu conteúdo, os questionários foram

entregues individualmente a cada participante que emitiram as suas respostas, sem a

participação da pesquisadora durante esse processo.

Foram distribuídos 150 questionários aos indivíduos, que não demonstraram qualquer objeção

à sua participação, não havendo, portanto, nenhuma recusa. Entretanto, vinte e um dos

questionários foram respondidos parcialmente, provavelmente pela falta de observação dos

respondentes às perguntas adicionais contidas no verso da folha de papel. Assim, os mesmos

foram eliminados da pesquisa. Todos os formulários válidos que corresponderam a cento e

vinte e nove foram objeto da análise.

59

O questionário foi desenvolvido com a finalidade de atender a dois objetivos. Primeiramente,

testar a premissa da pesquisa, que acreditava ser a comunicação boca a boca à modalidade

mais confiável como fonte de informação na escolha de um restaurante específico. Em

seguida, identificar as principais características de um restaurante que estimulam a

comunicação boca a boca.

Com relação ao perfil dos respondentes os seguintes resultados foram encontrados. Quanto à

idade dos participantes assinalamos que a mesma foi agrupada em classes, para evitar uma

grande extensão da tabela o que dificultaria a leitura e a interpretação dos resultados obtidos.

Além disso, a distribuição da idade em classes também auxilia a visualização do

comportamento do fenômeno como um todo, bem como sua variação.

Conforme a tabela 1 observou-se uma frequência relativamente uniforme entre os grupos,

excetuando-se aqueles com idade abaixo dos 20 anos. Ressalta-se que apesar desta

observação, houve um maior contingente de indivíduos na faixa etária entre 21 e 30 anos.

Tabela 1 – Faixa etária dos respondentes

Faixa etária Frequência Frequência Relativa Frequência Relativa Acumulada

Até 20 anos 15 11,63% 11,63%

21 – 30 anos 47 36,43% 48,06%

31 – 40 anos 33 25,58% 73,64%

Acima de 40 anos 34 26,36% 100%

Fonte: questionário aplicado – 2013 (dados da pesquisa).

Na tabela 2, está registrada a distribuição da renda familiar dos participantes, tomando-se

como indicador o número de salários mínimos que em 2013 correspondia a R$ 678,00. A

renda familiar se faz através de faixas considerando o número de salários mínimos com o

intuito de diminuir a amplitude das respostas proporcionando uma visão panorâmica do

comportamento da variável. Além disso, possibilita detectar uma possível tendência da série

em se concentrar em torno de um valor central.

Novamente aqui, percebe-se uma distribuição relativamente homogênea no número de

indivíduos considerando os diferentes níveis da renda familiar, com uma ligeira concentração

60

na faixa entre 1-5 salários mínimos. A exceção compreende o grupo de menor poder

aquisitivo (até 1 salário mínimo) com um número reduzido de indivíduos.

Tabela 2 – Renda familiar dos respondentes

Renda Familiar Frequência Frequência Relativa Frequência Relativa Acumulada

Até 1 salário 9 6,98% 6,98%

1 – 5 salários 46 35,66% 42,63%

6 – 10 salários 34 26,36% 68,99%

Acima de 10 salários 40 31% 100%

Fonte: questionário aplicado – 2013 (dados da pesquisa).

É interessante observar que os resultados aparentemente guardam uma sintonia com os dados

obtidos na tabela 1. O maior número de indivíduos na faixa etária entre 21-30 anos e a maior

frequência da renda familiar entre 1-5 salários mínimos (SM) sugere que se trata do mesmo

contingente de indivíduos. Para certificar este pensamento foi construída a tabela 3 que

correlaciona as diferentes faixas etárias com a renda familiar entre 1-5 salários mínimos.

Tabela 3 – Distribuição da renda familiar entre 1-5 salários mínimos por faixa etária dos respondentes

Faixa etária Frequência Frequência Relativa

Até 20 anos 6 13,04%

21 – 30 anos 18 39,13%

31 – 40 anos 11 23,91%

Acima de 40 anos 11 23,91%

Fonte: questionário aplicado – 2013 (dados da pesquisa).

Foi demonstrado (tabela 3), de acordo com o pensamento inicial, que o grupo etário entre 21-

30 anos de idade é aquele que possui mais frequentemente a renda familiar entre 1-5 salários

mínimos. Apesar de se tratar de uma renda familiar relativamente baixa deve ser ressaltado

que este aspecto provavelmente não compromete a sua ida a restaurantes, uma vez que

habitualmente correspondem a indivíduos solteiros, recém-casados ou tendo poucos filhos.

Ou melhor, não há habitualmente o comprometimento da renda com despesas de maior porte

por se tratar de uma família pequena.

61

Fez-se necessário aferir a escolaridade dos entrevistados para melhor contextualizar a

amostra, mesmo sabendo que não há prévia restrição entre a escolaridade e o potencial para

ser consumidor de restaurantes.

Na tabela 4, o nível de escolaridade dos participantes é apresentado, identificando-se que uma

proporção muito significativa daqueles, compreendendo 56,6%, tem nível de escolaridade

superior e de pós-graduação. Se computarmos também os indivíduos com ensino superior

incompleto, obtém-se a totalidade de 93%. Dos entrevistados, apenas 7% possuem

exclusivamente ensino médio.

Tabela 4 – Nível de escolaridade dos respondentes

Nível escolaridade Frequência Frequência Relativa Frequência Relativa

Acumulada

Ensino médio 9 6,98% 6,98%

Superior Incompleto 47 36,43% 43,41%

Superior Completo 37 28,68% 72,09%

Pós-Graduação 36 27,91% 100%

Fonte: questionário aplicado – 2013 (dados da pesquisa).

Partindo da ideia que o nível de escolaridade não interfere na ida a restaurantes, procedeu-se a

um estudo mais minucioso do grupo de participantes que tinham concluído até o ensino

médio. Pela tabela abaixo (tabela 5), diferentemente do que foi hipotetizado, observa-se que

há uma relação entre o nível de escolaridade baixa e a menor frequência no comparecimento a

restaurantes, aproximadamente uma vez por mês em cerca de 56% dos casos.

Tabela 5 – Nível médio de escolaridade e a sua frequência na ida a restaurantes dos respondentes

Frequência de idas a restaurantes dos respondentes de nível médio Frequência Frequência

Relativa

1 vez por mês 5 55,56%

Uma vez de 15 em 15 dias 2 22,22%

1 vez por semana 2 22,22%

2 vezes por semanas 0 0%

Mais de 2 vezes por semana 0 0%

Fonte: questionário aplicado – 2013 (dados da pesquisa).

62

Daí foi questionado se essa associação era real ou fictícia, apenas refletindo a situação

econômica desse grupo, uma vez que é notório que o nível de escolaridade impacta na renda

familiar. Com essa finalidade foi construída uma tabela adicional (tabela 6) que mostra

claramente que os participantes possuindo nível médio de escolaridade têm em mais de 55%

renda familiar até 1 salário mínimo. Estes dados indicam que a questão econômica dos

indivíduos é mais importante do que o nível de escolaridade dos mesmos, na frequência

quanto ao seu comparecimento a restaurantes.

Tabela 6 – Nível médio de escolaridade e renda familiar dos respondentes

Renda Familiar dos respondentes

de nível médio

Frequência Frequência

Relativa

Frequência Relativa

Acumulada

Até 1 salário 5 55,56% 55,56%

1 – 5 salários 2 22,22% 77,77%

6 – 10 salários 1 11,11% 88,88%

Acima de 10 salários 1 11,11% 100%

Fonte: questionário aplicado – 2013 (dados da pesquisa).

Quanto à questão formulada no intuito de hierarquizar a confiança nas fontes de informação,

as alternativas apresentadas foram graduadas de 1 a 5 pelos participantes de acordo com o

modelo de escala Likert. Nesta escala, o número 1 representa a escolha mais confiável e o

número 5 a menos confiável, portanto, a resposta com o menor índice na sua totalidade

corresponde a mais confiável. Os índices individuais para cada alternativa foram somados

para obter a sua frequência relativa ao total de respostas.

As fontes de informação incluídas entre as possíveis respostas são justificáveis, pois cobrem

quase a totalidade das fontes acessíveis, além do interesse explícito desta pesquisa que é

conhecer a importância da indicação de amigos (boca a boca). Sendo assim, a análise deste

resultado poderia servir como base para avaliar a importância das mídias sociais na

comunicação boca a boca em comparação com os outros canais de comunicação, etapa

posterior da presente pesquisa. Abaixo os dados coletados.

63

Tabela 7 – Tipos de informação mais confiáveis na escolha de um restaurante pelos respondentes

Fontes de informação Número Ranking

Indicação de amigos e parentes 191 1º

Guias como Veja Recife e Quatro Rodas 369 2º

Notícias da imprensa 380 3º

Anúncios na internet e em redes sociais 404 4º

Anúncios em revistas e jornais 418 5º

Fonte: questionário aplicado – 2013 (dados da pesquisa).

Como demonstrado pela tabela 7 a alternativa “indicação de amigos e parentes”, ou seja, a

comunicação boca a boca, representou a fonte mais confiável de informação. Por outro lado,

os anúncios na mídia tradicional (revistas e jornais) e anúncios na mídia eletrônica (internet e

em redes sociais) são os menos confiáveis. Ressalta-se que anúncios na internet e em redes

sociais representam material publicitário geralmente pago, disponibilizado na plataforma

online, muitas vezes aparecendo sob a forma de banners ou posts em blogs, portanto não

correspondem à comunicação boca a boca.

Com a finalidade de tornar mais compreensiva e reiterar a importância da indicação de

amigos e parentes como fonte de informação na indicação de um restaurante foi criada uma

nova tabela (tabela 8).

Tabela 8 - Frequência dos tipos de informação mais confiáveis pelos respondentes

Fontes de informação Frequência Ranking

Indicação de amigos e parentes 101 1º

Notícias da imprensa 15 2º

Guias como Veja Recife e Quatro Rodas 14 3º

Anúncios em revistas e jornais 12 4º

Anúncios na internet e em redes sociais 10 5º

Fonte: questionário aplicado – 2013 (dados da pesquisa).

Na tabela 8, considerando o item definido pelos participantes como o mais confiável, verifica-

se que a indicação de amigos e parentes obteve mais de 66% das respostas, em segundo lugar

aparecem as notícias da imprensa como veículo mais confiável de informação. Porém, nota-se

uma diferença expressiva relativa aos números obtidos nas duas alternativas individualmente.

64

Outro dado relevante é a demonstração nesta tabela que a indicação de amigos e parentes

atingiu uma cifra bem maior que a totalidade das respostas considerando a soma obtida nas

demais alternativas.

Considerando as características de um restaurante, definidas como mais atraentes para os

clientes, resultando numa possível divulgação do mesmo para terceiros, solicitou-se um

posicionamento por escrito dos respondentes. Ocorreu uma multiplicidade de respostas, sendo

selecionadas aquelas que se repetiam com maior frequência, no mínimo em seis ocasiões.

No caso dos respondentes indicarem vários aspectos, os mesmos também foram considerados

e quantificados. Na tabela abaixo são registrados os parâmetros mais relevantes na opinião

dos pesquisados.

Tabela 9 – Características que influenciam na indicação de um restaurante pelos respondentes

Características do restaurante Frequência Frequência Relativa

Atendimento 114 25,39%

Qualidade dos pratos 105 23,38%

Tipo de comida 69 15,37%

Ambiente 44 9,8%

Preço compatível 40 8,9%

Limpeza 32 7,13%

Localização 16 3,6%

Apresentação dos pratos 9 2%

Estacionamento 8 1,78%

Variedade do cardápio 6 1,34%

Boa música 6 1,34%

Fonte: questionário aplicado – 2013 (dados da pesquisa).

Fica claro pela tabela 9 que os fatores mais relevantes na divulgação de um restaurante, na

opinião dos clientes, compreendem o atendimento e a qualidade dos pratos oferecidos; a

somatória de ambos atingindo o percentual de 48,77%, ou seja, quase a metade dos outros

itens relacionados. Fica evidente a importância do serviço de um restaurante que se traduz

pela gentileza, rapidez e personalização do atendimento aos clientes, um aspecto que vem

sendo ressaltado em outras pesquisas.

65

É interessante observar que inesperadamente o preço dos pratos oferecidos ocupou a quinta

posição como fator influenciador na divulgação de um restaurante. Este dado informa que o

cliente não se sente explorado quando paga o preço justo pelo prato e serviço consumido.

A qualidade dos pratos geralmente é um ponto em comum entre os vários restaurantes,

configurando-se praticamente como um quesito obrigatório. Dessa forma, surge de acordo

com as expectativas da pesquisadora, o atendimento do restaurante como o item de maior

destaque pelos respondentes.

Esses dados apontam a necessidade de qualificar a mão de obra local para atuar em

estabelecimentos de alimentação fora do lar, aspecto que é geralmente subestimado. Em

síntese, os dados reforçados pela escolha do ambiente do restaurante em quarto lugar de

importância pelos respondentes apontam que é de suma importância a experiência vivenciada

dentro de cada restaurante. A mensuração desses resultados fornece a possibilidade de

priorizar alguns pontos para a sua aplicação em restaurantes, permitindo um possível aumento

na divulgação e crescimento da clientela em potencial.

A seguir a tabela 10 mostra a assiduidade dos entrevistados com relação ao seu

comparecimento a restaurantes, considerando o intervalo de tempo máximo de um mês como

referência. Verificou-se uma maior frequência de visitas, quase 30%, uma vez por mês. É

interessante registrar que as cifras relativas de idas a restaurante uma vez por semana e uma

vez a cada duas semanas (15 em 15 dias) representam o total de 48,06%. Estes números

ressaltam que há um público regular que frequenta restaurantes em nossa cidade, refletindo os

dados que apontam Recife como o terceiro polo gastronômico nacional. O menor índice

registrado correspondeu à frequência de duas vezes por semana na ida a restaurantes.

Tabela 10 – Frequência de visitas a um restaurante pelos respondentes

Frequência de idas a restaurantes Frequência Frequência

Relativa

Frequência Relativa

Acumulada

1 vez por mês 38 29,46% 29,46%

Uma vez de 15 em 15 dias 28 21,70% 51,16%

1 vez por semana 34 26,36% 77,52%

2 vezes por semanas 13 10,08% 87,60%

Mais de 2 vezes por semana 16 12,40% 100%

Questionário aplicado - 2013 (dados da pesquisa).

66

Finalmente, considerando a utilização da rede social digital Facebook pelos respondentes,

percebe-se conforme a tabela 11, o seu uso frequente, com 86,8% deles registrando o seu uso

diário. Estes resultados estão de acordo com as pesquisas que mostram que no âmbito

mundial os brasileiros ocupam frequentemente a posição de liderança na média de horas

conectadas às redes sociais. Os dados obtidos guardam um paralelo com os frequentadores da

fanpage do restaurante Dali Cocina, os quais foram alvos do experimento realizado

posteriormente.

Tabela 11 – Utilização do facebook pelos respondentes

Assiduidade no Facebook Frequência Frequência Relativa Frequência Relativa Acumulada

Todo dia 112 86,82% 86,82%

Uma vez por semana 13 10,07% 96,90%

1 vez a cada 15 dias 2 1,55% 98,45%

1 vez por mês 2 1,55% 100%

Fonte: questionário aplicado – 2013 (dados da pesquisa).

Com base nos resultados obtidos através da entrevista discriminada detalhadamente nas linhas

acima, as seguintes proposições podem ser formuladas:

Proposição 1: Uma experiência positiva dos clientes quanto ao bom atendimento em um

restaurante possivelmente resultará na divulgação do mesmo, estabelecendo-se uma

comunicação boca a boca;

Proposição 2: Refletindo esta comunicação positiva dos clientes do restaurante, ocorrerá um

aumento na audiência da fanpage do mesmo.

4.2 ANÁLISE DO EXPERIMENTO – FASE EXPLICATIVA

Essa subseção apresentará os resultados obtidos através da investigação experimental

realizada para esta dissertação de mestrado. Entretanto, com o objetivo de melhor

contextualizar o ambiente real onde o experimento foi executado, iniciar-se-á com a

apresentação deste cenário.

67

4.2.1 Cenário de Realização do Experimento

O experimento tradicionalmente deve escolher entre o cenário de laboratório ou campo para

ocorrer. O ambiente laboratorial é a escolha preferencial dos pesquisadores devido à

possibilidade de maior controle das variáveis. Contudo, diante da introdução de novas

tecnologias, ambientes digitais reais se tornaram lugares possíveis de realização de

experimento, pois, seu escopo original permite um necessário controle de variáveis além de

dispor do maior realismo possível, que é a observação do fenômeno em ambiente natural.

No caso desta dissertação de mestrado, o experimento ocorreu na plataforma digital do

Facebook, especificamente na fanpage do restaurante Dali Cocina. A seguir é apresentada

uma breve história da relação do restaurante com o Facebook, para melhor contextualização

do tema.

Apesar de o Restaurante Dali Cocina ter iniciado as suas atividades em novembro de 2009, foi

apenas em setembro de 2011 que a sua fanpage foi criada. A fanpage no Facebook foi

desenvolvida pela proprietária com o objetivo de atuar como veículo de divulgação do

restaurante e como resposta à solicitação constante dos clientes que buscavam uma fonte de

informação do restaurante além de um canal que possibilitasse um feedback sobre o serviço

oferecido.

No seu início, a fanpage adotou uma estratégia contingencial orientada pelo sentimento da

proprietária do restaurante e pelo retorno observado nos clientes. A mesma editava e

monitorava a página criando posts aleatórios para divulgação dos serviços do restaurante ou

introduzindo temáticas que acreditava ser de interesse dos seguidores no Facebook.

Apesar de a proprietária perceber um aumento na frequência da fanpage do restaurante desde

a sua implantação, foi somente a partir de novembro de 2011, após a contratação de uma

equipe profissional de marketing, que a página apresentou um afluxo de participantes de

modo mais veloz e uniforme.

Neste período ocorreu a primeira ação promocional através da fanpage, onde foi sorteado um

smartphone da marca Samsung, modelo Galaxy S2, objeto de desejo na ocasião. Esta

promoção movimentou um grande número de pessoas e gerou um enorme interesse e

68

divulgação por parte dos próprios clientes. A ação estimulava os clientes a comparecerem ao

restaurante, onde fotografavam o prato que consumiam, divulgando no próprio Facebook. A

fotografia mais “curtida” da fanpage teria o seu autor como ganhador do smartphone.

Esta foi a primeira ação desenvolvida no restaurante com o intuito de estimular a

comunicação boca a boca e claramente revelou a sua importância na divulgação da marca

Dali Cocina no mercado. Observou-se nitidamente durante a promoção a convergência de

novos clientes em potencial buscando o restaurante tanto pela promoção quanto para

averiguar se as informações disseminadas pelo boca a boca eram, de fato, reais.

Houve outras ações pontuais que forneceram uma maior visibilidade da fanpage, estimulando

o seu crescimento vertical. Na atualidade a mesma congrega um total de 7.224 curtidores.

Conforme a figura 6, comparando-se a fanpage do Dali Cocina com aquela de outros

restaurantes com proposta similar, na cidade de Recife, verifica-se que o restaurante estudado

ocupa o segundo lugar em número de participantes. Percebe-se também que a diferença entre

os dois primeiros lugares é insignificante.

Figura 6 – Comparativo da fanpage do Dali Cocina e do restaurante concorrente

Após a elaboração das hipóteses desenvolvidas através da análise dos resultados do

questionário, decidiu-se pela realização de um experimento que buscava a confirmação ou

negação das premissas.

69

4.2.2 Intervenção Experimental

Uma vez que o atendimento no restaurante foi considerado o principal fator desencadeador de

uma comunicação boca a boca, a estratégia do experimento consistiu na solicitação a alguns

indivíduos em divulgar na sua timeline um elogio ao atendimento do restaurante Dali Cocina,

na tentativa de impulsionar a comunicação boca a boca. Cada convidado criou sua interação

de maneira pessoal, não padronizada. Contudo, todas as participações foram realizadas no

mesmo dia, 12 de dezembro de 2013.

Foi estipulado o período de uma semana, entre os dias 10 e 17 de dezembro de 2013, para a

análise fidedigna dos resultados, uma vez que seria necessária para efeito comparativo a

avaliação dos dados obtidos antes, durante e depois do experimento.

De um total de 15 indivíduos inicialmente convidados, doze efetivamente participaram da

intervenção como pesquisadores-atores, que cumpriram tarefas previamente determinadas

relativas ao experimento. A sua participação foi solicitada de forma aleatória por serem

conhecidos da pesquisadora e, consequentemente, de fácil acesso. Posteriormente foi

descoberto que alguns destes indivíduos eram considerados formadores de opinião ou

“evangelistas” (aqueles cujo entusiasmo pela marca exerce alto poder de persuasão entre as

demais pessoas) pela tamanha repercussão ocorrida no experimento.

Os “evangelistas” podem ser conectores, mavens ou persuasoras. Os conectores são

indivíduos que possuem uma ampla gama de pessoas conhecidas com as quais mantém

contato; mavens são aqueles considerados especialistas em algum assunto e, finalmente,

persuasoras são pessoas que possuem o dom de convencer e entusiasmar novos indivíduos a

participarem da “corrente” (CHETOCHINE, 2006).

No quadro 4 está elencado todos os participantes e as suas respectivas profissões.

70

Quadro 4 – Participantes do experimento

Fonte: dados da pesquisa.

Sabe-se hoje que o impacto de uma mensagem depende em grande parte da qualidade ou

ainda da credibilidade do emissor e não apenas do conteúdo. O “evangelista” é quem fornece

credibilidade à mensagem. Se a participação inicial na divulgação da causa fosse realizada por

pessoas não influentes, provavelmente o efeito da comunicação boca a boca aconteceria,

porém de modo mais insidioso.

Com base no experimento, acreditava-se que ocorreria uma comunicação boca a boca positiva

sobre o atendimento no restaurante Dali Cocina, o que por sua vez desencadearia um

crescimento na audiência da fanpage do restaurante demonstrado pelo maior número de

“curtidores”. Finalmente a ação culminaria no possível aumento do número de clientes do

restaurante. Destaca-se que este último aspecto não foi mensurado, por não fazer parte do

escopo proposto por esta pesquisa de dissertação de mestrado; entretanto dados relativos a

esta questão serão provavelmente trabalhados em futuras investigações.

Os comentários realizados pelos convidados participantes do experimento foram os mais

diversos possíveis, porém sempre focando o atendimento do restaurante Dali Cocina. Alguns

comentários causaram um maior impacto, com maior repercussão entre os internautas gerando

um maior aporte de interações. A seguir algumas das interações criadas pelos convidados:

Nome Profissão

Alexandre Araújo Proprietário do Blog Danosse

Claudia Giane Assessora de comunicação da empresa CESAR

Cirilo Veloso Funcionário do Governo do Estado de Pernambuco

Diva Ruanna Propagandista da Pharmapele

Fábio Melo Funcionário da Digital Ninja

Gustavo Leite Professor da Faculdade Guararapes

Karoline Fernandes Jornalista da JC News

Luize Lacerda Blogueira

Mauro Faccenda Funcionário da CESAR

Michelle Doherty Proprietária da Melhor Comunicação

Poliana Moura Funcionária da Prefeitura do Recife

Raphael Saraiva Proprietário da Melhor Comunicação

71

Figura 7 – Timeline de Poliana Moura

Figura 8 – Timeline de Cirilo Moraes

72

Figura 9 – Timeline de Mauro Faccenda

Figura 10 – Timeline de Michelle Doherty

73

Em resposta aos posts criados pelos convidados obteve-se um total de 235 “curtidas”, 86

interações e 2 “compartilhamentos”. Na fanpage do restaurante houve concomitantemente

após a realização da intervenção, 323 “curtidas”, 36 interações e 9 “compartilhamentos”.

Ainda observou-se uma adição de 25 novos seguidores na fanpage.

A título de esclarecimento, “curtidas” significa que os internautas leram a publicação, ou

melhor, que a publicação gerou empatia nos visitantes. Quanto às interações, entende-se que o

assunto despertou a atenção do visitante de modo mais intenso, ao ponto do mesmo se dar ao

trabalho de redigir um comentário. Finalmente, o “compartilhamento” em linhas gerais

significa que o assunto foi tão atraente para o internauta que resultou no seu envio para outros

indivíduos a ele relacionados. Assim sendo, todas estas ações supracitadas configuram-se

como a comunicação boca a boca esperada pela pesquisadora, sendo o resultado do estímulo

fornecido pelos pesquisadores-atores do experimento.

Conforme já referido anteriormente, apesar de o experimento ter sido realizado no dia 12 de

dezembro de 2013, os dados resultantes do mesmo foram avaliados durante o período de uma

semana, entre os dias 10 e 17 de dezembro de 2013. Tomou-se como referência esse limite de

tempo devido ao conhecimento acerca da sazonalidade do restaurante como empreendimento.

Obteve-se o controle da variável externa (intervenção dos convidados) através da correlação

dos dados apurados durante o mesmo período de tempo no ano anterior (2012), relativos à

audiência e a interação no facebook associados ao restaurante Dali Cocina. Para reiterar este

ponto, o estudo comparativo teve a finalidade de identificar a resposta e a sua intensidade

decorrente do estimulo aplicado no experimento. O gráfico 1 a seguir, mostra o número de

indivíduos que comentaram sobre o restaurante Dali Cocina no período compreendido entre

10 e 17 de dezembro de 2013.

74

Gráfico 1 – Número de indivíduos comentando sobre o Dali Cocina (2013)

Fonte: dados da pesquisa.

Verifica-se como esperado uma ascensão abrupta do número de indivíduos que comentaram

sobre o restaurante Dali Cocina, um acréscimo de mais de 300%, demonstrado através do pico

no ponto 3 do gráfico acima, que corresponde exatamente a data do experimento, dia doze de

dezembro de 2013. É perceptível também a queda instantânea no número de participantes do

Facebook, imediatamente nos dias subsequentes, aproximando-se daquele visto anteriormente

ao experimento. Estes dados demonstram indubitavelmente que a intervenção realizada no dia

12 de dezembro de 2013 foi o fator desencadeante do fenômeno.

O gráfico 2 demonstra a sobreposição dos dados obtidos no período de 10 a 17 de dezembro

dos anos de 2012 e 2013, relativos ao número de indivíduos que comentaram sobre o

restaurante Dali Cocina. Este gráfico corrobora os resultados obtidos no gráfico 1.

Há uma tendência à linearização dos números no ano de 2012, diferentemente do pico

evidenciado em 2013 por ocasião do experimento. Excetuando-se o dia da intervenção,

observa-se uma similaridade no padrão do gráfico em ambos os períodos avaliados. O único

evento destoante nos dois anos analisados correspondeu à realização do experimento, sendo,

portanto óbvio que este procedimento foi o responsável pela mudança do comportamento dos

frequentadores do Facebook.

Ressalta-se ainda que após a conclusão do experimento, os números declinaram aos patamares

anteriores demonstrando assim, que caso não haja a continuidade da comunicação boca a boca

0

50

100

150

200

250

300

350

400

1 2 3 4 5 6 7 8

Falando sobre o Dalí Cocina Período de 10 à 17 de dezembro de 2013.

75

não ocorrerá uma perpetuação do fenômeno. Identifica-se que no ponto 8 do gráfico do ano de

2013 há um aumento no número de indivíduos que comentaram sobre o restaurante sem causa

conhecida, porém tal movimentação é própria do negócio e não atenta contra a validade do

experimento.

Gráfico 2 – Número de indivíduos comentando sobre o Dali Cocina (2012-2013)

Fonte: dados da pesquisa.

O gráfico 3 demonstra o número de visualizações do restaurante Dali Cocina no Facebook no

período entre 10 e 17 de dezembro de 2013. Evidencia-se um padrão semelhante aos gráficos

anteriores com um pico por ocasião do experimento, porém atingindo um nível superior. O

número de visualizações nos dias precedentes à intervenção que correspondia a menos de

1.500, ultrapassou 36.000 visualizações no dia do experimento. Nos dois dias subsequentes

houve uma queda acentuada dos números especialmente no segundo dia, com retorno às cifras

originais relativas ao período que antecedeu à intervenção.

A visualização dos posts é mais simples e rápida para o internauta do que o exercício de

interagir com comentários, o que provavelmente justificaria o pico mais acentuado no gráfico

3 com relação aos antecedentes.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

1 2 3 4 5 6 7 8

Série1

Série2

Falando sobre o Dalí Cocina Comparativo 2012/2013

2012

2013

76

Gráfico 3 – Número de visualizações do Dali Cocina (2013)

Fonte: dados da pesquisa.

O gráfico 4 a seguir, traça um comparativo entre o número de visualizações do Dali Cocina no

Facebook no período compreendido entre os dias 10 e 17 de dezembro de 2012 e 2013. É

patente a diferença entre o número de visualizações nos dois momentos avaliados. Enquanto

no ano de 2012 os números permaneceram estáveis, no dia 12 de dezembro de 2013 ocorreu

uma elevação abrupta das cifras correspondentes à data da intervenção. No dia seguinte ao

experimento houve uma queda expressiva no número de visualizações que se acentuou

progressivamente no decorrer dos dias.

A rapidez na mudança do padrão numérico de visualizações do restaurante Dali Cocina no

facebook no momento e imediatamente após o experimento demonstra indubitavelmente que a

comunicação boca a boca é o elemento chave do fenômeno.

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

1 2 3 4 5 6 7 8

Alcance do Dalí Cocina Período de 10 à 17 de dezembro de 2013.

77

Gráfico 4 – Número de visualizações do Dali Cocina (2012-2013)

Fonte: dados da pesquisa.

O gráfico 5 mostra o número de pessoas que ingressaram na fanpage do restaurante Dali

Cocina no mesmo período avaliado por ocasião do experimento. Reproduziu-se o padrão

verificado nos gráficos anteriores. No dia 12 de dezembro de 2013, vinte e cinco novos

indivíduos passaram a seguir a fanpage do restaurante.

Houve, portanto um acréscimo significativo nos números quando comparados àqueles

relativos às datas anteriores, com a entrada de no máximo 2 pessoas ao dia. Observa-se que

nos dois dias posteriores, apesar do declínio na quantidade de novos “curtidores”, ainda eram

em número maior que na fase anterior ao experimento. A partir daí as cifras retornaram ao

padrão original.

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

1 2 3 4 5 6 7 8

Série1

Série2

Alcance do Dalí Cocina Comparativo 2012/2013

2012

2013

78

Gráfico 5 – Número de novas curtidas do Dali Cocina (2013)

Fonte: dados da pesquisa.

O gráfico 6 correlacionou o número de entradas de novos participantes na fanpage do

restaurante Dali Cocina nos dois anos subsequentes (2012 e 2013) no mesmo período, entre

10 e 17 de dezembro. Embora a linha dos gráficos não seja uniforme, em 2013 houve uma

nítida elevação a um patamar acentuado, guardando relação estreita com a data do

experimento. A instabilidade dessa variável demonstrada pela oscilação das linhas,

especialmente em 2012, pode ser justificada pela subjetividade no interesse do público aos

temas divulgados na fanpage.

Gráfico 6 – Número de novas curtidas do Dali Cocina (2012-2013)

Fonte: dados da pesquisa.

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3 4 5 6 7 8

Novas curtidas Período de 10 à 17 de dezembro de 2013.

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3 4 5 6 7 8

Série1

Série2

Novas curtidas Comparativo 2012/2013

2012

2013

79

Através da análise dos dados coletados na etapa empírica deste trabalho podem-se perceber

inúmeros aspectos referentes à questão de pesquisa proposta inicialmente. Uma das principais

respostas encontradas é que a comunicação boca a boca virtual tende a ser uma ferramenta tão

ou até mais eficiente do que a publicidade tradicional, para chamar a atenção de clientes do

Dali Cocina. Esta evidência vai ao encontro do que afirma Arndt (1967), ao destacar a

eficácia das fontes impessoais na influência do consumidor. A maior interação entre

consumidores no ambiente da fanpage do restaurante faz com que o relacionamento entre

cliente e empresa se torne um fator primordial no sucesso das ações.

80

5. CONCLUSÃO

O presente capítulo reúne as principais discussões acerca dos resultados obtidos na pesquisa,

assim como as suas prováveis repercussões. O objetivo geral deste trabalho foi verificar como

a comunicação boca a boca exercida pelos frequentadores da fanpage do restaurante Dali

Cocina poderia influenciar na atração de novos divulgadores no Facebook. Com esta

finalidade foi criado um experimento, cujo fator desencadeador foi pré-selecionado através do

instrumento de coleta de dados, mais especificamente um questionário, aplicado a indivíduos

com perfil similar aos frequentadores da fanpage do restaurante supracitado.

Entretanto, para chegar ao objetivo geral é necessário atender aos específicos e neste sentido a

pesquisa foi delineada. O quadro 5 apresenta resumidamente cada objetivo específico

proposto, o método de pesquisa utilizado para atingi-lo e uma breve descrição de sua

conclusão.

Quadro 5 – Resumo dos objetivos específicos

Fonte: pesquisadora (2013).

OBJETIVO ESPECÍFICO MÉTODO CONCLUSÃO

Estabelecer a aplicabilidade prática de

um projeto de marketing baseado no

boca a boca virtual, tomando como

referência os frequentadores da

fanpage do restaurante Dali Cocina.

Análise dos dados obtidos no

experimento através dos indicadores

fornecidos no Facebook.

O Facebook é uma

ferramenta adequada na

avaliação do efeito da

comunicação boca a boca

digital.

Levantar o estímulo inicial mais

atraente na divulgação de um

restaurante, despertando o interesse e

promovendo a comunicação boca a

boca virtual

Aplicação e análise do instrumento de

coleta de dados (questionário) aos

indivíduos com perfil similar aos

frequentadores do restaurante Dali

Cocina

O atendimento é o principal

elemento desencadeador na

divulgação de um

restaurante.

Mensurar a resposta à comunicação

boca a boca virtual na fanpage do

restaurante Dali Cocina

Análise dos dados obtidos no

experimento através dos indicadores

fornecidos no Facebook.

A comunicação boca a boca

é responsável pela afluência

significativa de novos

participantes na fanpage do

restaurante Dali Cocina.

81

Os resultados do experimento evidenciaram uma amplificação da comunicação boca a boca

com a adesão de novos participantes em curto intervalo de tempo a partir de um estímulo

inicial.

O boca a boca atingiu o seu clímax no dia do experimento com uma queda abrupta nos dias

subsequentes, mostrando que o fenômeno é efêmero, caso não haja a criação de novos

estímulos. Esses dados apontam a necessidade de dar continuidade ao processo, tornando o

público ansioso por novidades. É neste ponto que uma equipe profissional de marketing se faz

necessária, por ser especializada e engajada nesse tipo de ação.

Deve ser enfatizado aqui que a razão do experimento não foi determinar o impacto da

comunicação boca a boca com relação à clientela do restaurante Dali Cocina, uma vez que o

período da ação foi demasiado breve para promover alguma mudança perceptível no

comportamento dos frequentadores do estabelecimento.

A comunicação boca a boca é considerada atualmente uma das mais importantes ferramentas

de marketing na divulgação de produtos e serviços (SERNOVITZ, 2012). Com a expansão

das redes sociais digitais, essa técnica de marketing encontra um ambiente propício para a sua

aplicação. Dentro desse contexto, o foco da presente pesquisa foi centralizado na

aplicabilidade prática da comunicação boca a boca dirigida especificamente ao restaurante

Dali Cocina no Facebook, tida como a rede social com maior número de usuários e que mais

cresce no Brasil (BRASIL ...., 2013).

Durante o desenvolvimento desta pesquisa, o Facebook demonstrou a sua funcionalidade

como meio no desenvolvimento de trabalhos na área de marketing. O excelente desempenho

dessa rede social se deve em grande parte à possibilidade de aferição de índices quanto ao

perfil dos usuários, assim como a sua frequência de acesso e interação, disponibilizadas em

tempo real na fanpage do alvo de determinada investigação, como ocorreu em particular com

o restaurante Dali Cocina.

Os dados obtidos pela pesquisadora na própria fanpage, por meio do webanalytics, foram

analisados para estabelecer os resultados do experimento. Esse perfil inovador do Facebook

faz dele um instrumento importante e promissor em pesquisas acadêmicas.

82

Outro aspecto importante do presente estudo foi a identificação através do questionário

aplicado aos usuários de restaurantes quanto aos principais elementos que influenciam na

divulgação e na provável afluência a esses estabelecimentos. Exemplo disto é dado pela

resposta dos entrevistados quando consideram que o atendimento é a prioridade entre os

vários itens oferecidos pelo restaurante. A pesquisa se torna relevante, assim, em função da

possibilidade de extrapolar esses dados para a prática dos restaurantes na cidade de Recife,

tornando estas empresas mais eficientes em gerir o seu negócio.

Para que a mensagem veiculada pelos emissores seja atraente causando um impacto, é

necessário que o tema seja de interesse da comunidade. O contexto é considerado um suporte,

um amplificador da causa (CHETOCHINE, 2006). Na presente pesquisa, o estímulo

desencadeador da comunicação boca a boca correspondeu ao atendimento do restaurante, uma

vez que foi o item de maior destaque considerando a análise do questionário.

Comprova-se que é o atendimento precário nos estabelecimentos de alimentação fora do lar o

contexto que amplia a repercussão da mensagem. Portanto, uma discussão acerca do tema

iniciada pelos convidados a participar como coadjuvantes na realização do experimento

pareceu a forma mais atraente de capturar a atenção e a aceleração da comunicação boca a

boca. O estímulo desencadeador do fenômeno boca a boca foi específico desta pesquisa, não

sendo possível assegurar a sua aplicabilidade em estudos posteriores.

O aumento significativo no número de indivíduos que ingressaram na fanpage do restaurante

Dali Cocina no dia do experimento comprova que foi a experiência da comunicação boca a

boca digital o fator de atração desses novos elementos. Reforça-se novamente a força da

comunicação boca a boca na mudança dos padrões usuais de comportamento.

5.1 LIMITAÇÕES

A amostra avaliada na primeira etapa da pesquisa através do instrumento de coleta de dados

(questionário) foi do tipo não probabilístico. A decisão por este tipo de amostra se deu em

função da possibilidade de abreviar o tempo na coleta de dados e consequentemente o seu

aporte financeiro. Apesar destes benefícios, este tipo de amostra impossibilita a generalização

dos resultados obtidos. O estudo, portanto é restrito ao ambiente da presente pesquisa, o

restaurante Dali Cocina.

83

No que concerne à aquisição dos dados nesta pesquisa sobre o relacionamento entre

comunicação boca a boca, o Facebook e gastronomia, enfatiza-se que é válido apenas no

contexto deste experimento. Apesar dessa limitação, as informações obtidas representam

indicadores úteis na avaliação da referida associação, atuando como uma base de dados para

pesquisas subsequentes mais aprofundadas sobre o tema.

A utilização de indivíduos influentes na introdução da comunicação boca a boca no

experimento realizado pode parecer a principio um fator comprometedor da sua validade.

Contudo não é essa a perspectiva que deve ser considerada. Na verdade, a intenção da

pesquisadora era reproduzir uma ação real de marketing, que aplica habitualmente a estratégia

de “evangelistas” como elementos desencadeadores da comunicação boca a boca. Por outro

lado, esses indivíduos emitem maior velocidade à propagação da mensagem, o que facilitaria

a mensuração em curto prazo dos resultados da pesquisa, o que realmente se evidenciou.

5.2 SUGESTÕES

A ampla utilização e a crescente expansão do Facebook na realidade atual, aliados a

comprovação através desta pesquisa quanto à aplicabilidade do mesmo como instrumento de

mensuração de dados, fazem dele uma potencial ferramenta de investigação em outros

trabalhos científicos.

É de fundamental importância novos estudos enfocando outros estabelecimentos, não

necessariamente na área gastronômica, para investigar a reprodutibilidade do fenômeno de

comunicação boca a boca virtual como mecanismo de divulgação. Acredita-se ainda ser de

interesse investigar, através de outros estudos, a repercussão da comunicação boca a boca

quanto à ampliação de vendas em determinado estabelecimento. A partir daí, o retorno

financeiro atrelado a este tipo de marketing poderia ser mensurado.

84

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93

APÊNDICE A – Questionário aplicado

Estou realizando uma pesquisa acadêmica com objetivo com compreender o

comportamento do consumidor virtual e conto com sua participação para me ajudar a

compreender tal fenômeno. Os dados aqui obtidos serão exclusivamente utilizados para

pesquisa e elaboração de uma Dissertação de Mestrado Profissional em Gestão

Empresarial no Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração da Faculdade Boa

Viagem – DeVry Brasil. Garanto que as informações não serão utilizadas para outro fim e

o anonimato é garantido.

Responsável: Profª Maria Christina Lima Nunes e Prof Dr. Rafael Lucian.

1. Qual a sua faixa etária?

Até 20 anos

21 – 30 anos

31 – 40 anos

Acima de 40 anos

2. Qual a renda mensal da sua família

Até 1 salário

1 – 5 salários

6 – 10 salários

Acima de 10 salários

3. Qual o seu nível de escolaridade?

Ensino fundamental

Superior incompleto

Superior completo

Pós-graduação

4. Com que frequência vai a restaurantes?

Uma vez por mês

Uma vez de 15 em 15 dias

1 vez por semana

Duas vezes por semana

Mais de 2 vezes por semana

5. Com que frequência usa o Facebook?

Todo dia

1 vez por semana

1 vez a cada 15 dias

1 vez por mês

Não uso o facebook

94

6. Indique qual das fontes de informação abaixo você considera mais confiável na hora de

decidir sobre o serviço de um restaurante? Assinale os números de 1 a 5 para as

alternativas abaixo, sendo 1 o mais confiável e 5 o menos confiável.

Notícias na imprensa

Anúncios em revistas ou jornais

Anúncios na internet e em redes sociais

Indicação de amigos e parentes

Guias como o Veja Recife e o Quatro Rodas

7. O que te levaria a indicar um restaurante a outra pessoa? Pense nos acontecimentos

positivos que você geralmente conta para as pessoas próximas quando gosta de um

restaurante.

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