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Faculdade Boa Viagem/Devry Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA Mestrado Profissional em Gestão Empresarial David de França Arcoverde QUALIDADE PERCEBIDA E BARREIRAS À MUDANÇA: um estudo sobre os preditores de retenção e lealdade de clientes em academias de ginástica Recife, 2015

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Faculdade Boa Viagem/Devry

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

David de França Arcoverde

QUALIDADE PERCEBIDA E BARREIRAS À MUDANÇA: um estudo

sobre os preditores de retenção e lealdade de clientes em academias de

ginástica

Recife, 2015

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Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso

a monografias do Mestrado de Administração do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em

Administração da Faculdade Boa Viagem é definido em três graus:

"Grau 1": livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);

"Grau 2": com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrita

a consulta em ambientes de biblioteca com saída controlada;

"Grau 3": apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o

texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob

chave ou custódia.

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.

Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, a fim de que se preservem as

condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de Administração.

___________________________________________________________________________

Título da dissertação: “QUALIDADE PERCEBIDA E BARREIRAS À MUDANÇA: um

estudo sobre os preditores de retenção e lealdade de clientes em academias de ginástica”

Nome do Autor: David de França Arcoverde

Data da aprovação: 03 de junho de 2015

Classificação, conforme especificação acima:

Grau 1 □

Grau 2 □

Grau 3 □

Recife, 01 de julho de 2015

---------------------------------------

Assinatura do autor

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David de França Arcoverde

Qualidade Percebida e Barreiras à Mudança: um estudo sobre os preditores de retenção

e lealdade de clientes em academias de ginástica

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre

em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e

Pós-Graduação em Administração – CPPA da

Faculdade Boa Viagem - DeVry Brasil, sob a

orientação do Prof. Dr. Marcus Augusto

Vasconcelos Araújo

Recife, 2015

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, quem criou e mantém todas as coisas, fonte de toda sabedoria.

Aos meus amigos, que desculparam minha ausência e aturaram minhas desculpas frias mesmo

duvidando da veracidade delas. Aos meus colegas de curso, que tornaram a caminhada mais

divertida. Ao meu orientador professor Marcus Araújo. Aos meus professores, em especial à

doce e paciente Hajnalka Halasz, à perspicaz e sempre motivadora Maria Auxiliadora Diniz e

à instigante e dedicada Sônia Calado Dias, a troco de beliscões e sorrisos vocês me ajudaram a

ser melhor (desculpem por eu não fazer justiça ao esforço de vocês, prometo continuar

tentando). Ao professor Ulisses Montarroyos pelo incentivo e inspiração. À minha família pelo

refúgio que me foram nesses dias. Aos meus pais Adiel e Ana, vocês são meu maior exemplo

de dedicação, perseverança, humildade e amor (embora eu não tenha sido um bom discípulo),

nem mil anos de estudo seriam suficientes para que eu aprendesse o que aprendi com vocês. À

minha fiel e incansável escudeira, minha esposa Manoela Elihimas Arcoverde. Você acreditou

nos meus devaneios, me fez sentir que eu era forte (mesmo não sendo) e fez os redemoinhos

parecerem menores. Me ajudou a estudar quase sempre um pouco mais, um pouco menos, às

vezes. Dormiu de luz acesa, suportou meu imortal inimigo ‘o despertador’, ouviu paciente

alguns ‘não posso’, abdicou de tanto e recebeu tão pouco. Amo você. Jamais poderei retribuir

a cada um, mas posso pedir que o faça quem pode: Jesus abençoe vocês!

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“O temor do Senhor é o princípio do conhecimento,

mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina.”

Provérbios 1:7

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RESUMO

Empresas de diversos setores têm se mostrado cada vez mais competitivas em vista da

disponibilidade de informação e tecnologia qualificadas. Isto tem tornado mais evidente a

necessidade de manter uma base de clientes leais e uma alta taxa de retenção, evitando a

deserção dos clientes atuais. Retenção de clientes é uma medida de comportamento relacionada

com a renovação de serviços e, embora seja o comportamento esperado de indivíduos leais,

retenção e lealdade podem ter causas e consequências bastante diversas. O objetivo deste estudo

foi verificar a influência da qualidade percebida e das barreiras relacionais à mudança na

lealdade e na retenção de clientes em academias de ginástica. A pesquisa, de natureza descritiva,

foi realizada em duas academias de ginástica da cidade do Recife com uma amostra de 228.

Dois métodos de coleta de dados foram utilizados, o levantamento e observação mecânica

direta. O instrumento utilizado na etapa de levantamento foi submetido à análise fatorial do tipo

confirmatória e exploratória, o que permitiu dois tipos de agrupamentos para os itens. As

variáveis resultantes da redução fatorial, assim como as demais variáveis coletadas foram

submetidas à análise de regressão logística e, por fim, a qualidade preditiva dos modelos

gerados foi comparada através da análise comparativa da curva ROC. Os resultados

demonstraram que os aspectos tangíveis associados ao serviço são a dimensão da qualidade que

mais afeta a lealdade, embora segurança, confiabilidade e as barreiras relacionais à mudança

também apresentem uma relação positiva estatisticamente significativa. O estudo preditivo da

retenção apresentou a frequência de utilização do serviço como sendo a variável mais

importante associada ao comportamento de recompra, seguidos da empatia e do fator humano.

A análise comparativa da curva ROC não apresentou diferença significativa entre os modelos

no estudo. Conclui-se que existem preditores diferentes para a retenção e a lealdade e que

qualidade tem um maior poder de influência do que as barreiras relacionais, especialmente na

lealdade. Gestores e acadêmicos devem ficar atentos à gestão da qualidade do serviço, ao

monitoramento das preferências e do comportamento dos consumidores, especialmente para o

serviço de fitness, a frequência de utilização é o principal indicador preditivo da retenção.

Palavras-chave: Marketing de Relacionamento. Lealdade. Retenção. Qualidade de Serviço.

Barreiras à Mudança. Fitness.

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ABSTRACT

Many companies from different sectors have been more and more competitive in view of the

availability of qualified information and technology. It has become more evident the need to

maintain customer base made up of loyalty customers and a high retention rate, avoiding current

customer defection. Customer retention is a behavioral metric related to the service renewal

and, although it,s the expected behavior of loyalty individuals, retention and loyalty can have

very different causes and consequences. The purpose of this work was to investigate the

influence of quality perception and relational switching barriers on loyalty and customer

retention in gyms. This research was descriptive, conducted in two fitness centers in the city of

Recife with a sample of 228. Two types of data collection methods used, survey and mechanical

direct observation. The instrument used in the survey stage was submit to the confirmatory

factor and exploratory analysis, allowing two types of grouping for the items. The variables

resulting from the reduction factor, as the other variables collected were subject to logistic

regression analysis and, finally, the quality of the predictive models generated were compare

through a comparative analysis of the ROC curve. The results showed that the tangible aspects

associated with the service are the quality dimension that affects loyalty, although security,

reliability and relational switching barriers also show statistically a positive significant

relationship. The predictive retention study showed the frequency of use of the service as the

most important variable associated with the repurchase behavior, followed by empathy and the

human factor. The comparative analysis of the ROC curve didn’t show significant difference

between the models in the study. It is concluded that there are different predictors of retention

and loyalty and that quality has a greater power of influence than relational barriers, especially

in loyalty. Managers and academics should be alert to the management of quality of service,

monitoring the preferences and consumers behavior, especially for fitness service, frequency of

use is the main indicator predictive retention.

Keywords: Relationship Marketing. Loyalty. Retention. Service Quality. Switching Barriers.

Fitness.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Quadro conceitual de Lealdade e Retenção .............................................................. 28

Figura 2 - Modelo conceitual.................................................................................................... 41

Figura 3 - Desenho metodológico da pesquisa ......................................................................... 43

Figura 4 - Exemplo de Curva ROC .......................................................................................... 52

Figura 5 - Modelo final da AFC .............................................................................................. 55

Figura 6 - Gráfico descritivo da idade (intervalado) ................................................................ 59

Figura 7 - Gráfico descritivo da distância (intervalado) ........................................................... 60

Figura 8 - Gráfico descritivo da frequência (intervalado) ........................................................ 60

Figura 9 - Curva ROC dos modelos 1 e 2................................................................................. 67

Figura 10 - Curva ROC dos modelos 3 e 4............................................................................... 68

Figura 11 - Quadro observado de Lealdade e Retenção ........................................................... 71

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Hipóteses ................................................................................................................ 41

Quadro 2 - Medidas relacionada com cada constructo ............................................................. 45

Quadro 3 - Ajuste geral do modelo ........................................................................................... 54

Quadro 4 - Medida de consistência interna (α) de Cronbach ................................................... 56

Quadro 5 - Adequação do modelo ............................................................................................ 56

Quadro 6 - Agrupamento alternativo para os itens pesquisados ............................................... 58

Quadro 7 - Descrição das variáveis utilizadas na regressão ..................................................... 62

Quadro 8 - Demonstrativo das 4 análises ................................................................................. 63

Quadro 9 - Quadro descritivo da estimação para Lealdade ...................................................... 63

Quadro 10 - Quadro descritivo da estimação para Retenção.................................................... 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Busca de artigo ......................................................................................................... 18

Tabela 2- Comparação geral de academias por países ............................................................. 19

Tabela 3 - Matriz de componente rotativa ............................................................................... 57

Tabela 4 - Correlação entre Retenção e Lealdade .................................................................... 61

Tabela 5 - Retenção e Lealdade binomial com tabulação cruzada ........................................... 61

Tabela 6 - Variáveis aceitas no modelo 1 .................................................................................. 64

Tabela 7 - Variáveis aceitas no modelo 2 .................................................................................. 64

Tabela 8 - Variáveis aceitas no modelo 3 .................................................................................. 65

Tabela 9 - Variáveis aceitas no modelo 4 .................................................................................. 66

Tabela 10 - Área sob a curva modelos 1 e 2 ............................................................................. 67

Tabela 11 - Comparativo das Áreas sob a Curva ROC modelos 1 e 2 ..................................... 67

Tabela 12 - Área sob a curva modelos 3 e 4 ............................................................................. 68

Tabela 13 - Comparativo das Áreas sob a Curva ROC modelos 3 e 4 ..................................... 68

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFC Análise Fatorial Confirmatória

AFE Análise Fatorial Exploratória

AUC Area Under the Curve

CRM Customer Relationship Management

ROC Receiver Operating Characteristic

IHRSA International Health, Racquet & Sportsclub Association

NPS Net Promoter Score

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13

1.1 Objetivos ............................................................................................................................. 16

1.1.1 Geral ................................................................................................................................ 16

1.1.2 Específicos ....................................................................................................................... 16

1.2 Justificativa ......................................................................................................................... 17

1.2.1 Teórica ............................................................................................................................. 17

1.2.2 Prática .............................................................................................................................. 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 21

2.1 Marketing de Relacionamento e CRM ............................................................................... 21

2.1.1 Satisfação e o Marketing de Relacionamento.................................................................. 23

2.2 Retenção (recompra)........................................................................................................... 24

2.2.1 Características Individuais que influenciam o comportamento de retenção do

consumidor de academias ......................................................................................................... 25

2.2.1.1 Perfil de utilização -Frequência x Permanência ........................................................... 25

2.2.1.2 Idade e Gênero .............................................................................................................. 26

2.2.1.3 Distância ....................................................................................................................... 27

2.3 Lealdade.............................................................................................................................. 27

2.4 Qualidade em Serviço ......................................................................................................... 30

2.4.1 Medidas de Qualidade em Serviço .................................................................................. 31

2.5 Barreiras à Mudança ........................................................................................................... 35

2.5.1 Custos de Mudança .......................................................................................................... 35

2.5.2 Relacionamentos Interpessoais - Benefícios Sociais ....................................................... 37

2.5.3 Relação Professor-Aluno ................................................................................................. 39

2.5.4 Relação Aluno-Aluno ...................................................................................................... 40

2.6 Modelo Conceitual e Hipóteses .......................................................................................... 40

3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 42

3.1 Delineamento da Pesquisa .................................................................................................. 42

3.2 População e Amostra .......................................................................................................... 43

3.2.1 Variáveis pesquisadas ...................................................................................................... 44

3.3 Coleta de Dados .................................................................................................................. 47

3.4 Métodos de Análise ............................................................................................................ 49

3.4.1 Análise Fatorial Confirmatória ........................................................................................ 49

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3.4.2 Análise Fatorial Exploratória ........................................................................................... 49

3.4.3 Análise de Regressão Logística ....................................................................................... 50

3.4.4 Curva ROC ...................................................................................................................... 51

4 RESULTADOS ................................................................................................................ 53

4.1 Análise Fatorial Confirmatória (AFC) ................................................................................ 53

4.2 Análise Fatorial Exploratória .............................................................................................. 56

4.3 Estatística descritiva ........................................................................................................... 58

4.4 Correlação entre Lealdade e Retenção ............................................................................... 61

4.5 Estudo preditivo .................................................................................................................. 62

4.6 Curva ROC ......................................................................................................................... 66

5 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 70

5.1 Relação entre lealdade e retenção de clientes ..................................................................... 70

5.2 Relação entre a qualidade percebida e barreiras relacionais à mudança com a lealdade e a

retenção de clientes ................................................................................................................... 71

5.3 Fatores mais relacionados com a retenção e a lealdade de clientes .................................... 73

5.4 Relação entre as características individuais dos clientes e a retenção ................................ 74

5.5 Implicações Gerenciais e Acadêmicas ................................................................................ 74

5.6 Limitações .......................................................................................................................... 76

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 78

ANEXO .................................................................................................................................... 86

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13

1 INTRODUÇÃO

Os mercados têm se tornado cada vez mais competitivos. Tecnologias, conhecimento e recursos

se tornam rapidamente acessíveis a empresas do mesmo segmento (DRUCKER, 2002;

PORTER, 2004) e isso tem favorecido que empresas apresentem produtos e serviços bastante

similares. São raros os produtos fornecidos por apenas uma empresa, sendo ela a detentora de

uma tecnologia exclusiva ou de um processo impossível de ser copiado. Assim, na maioria das

vezes, um cliente pode optar entre fornecedores do mesmo segmento, com produtos e serviços

semelhantes. (VAVRA, 1993)

De acordo com Demo et al. (2011, p.2) “é imperativa a busca incessante das organizações por

alternativas de diferenciação competitiva”. As organizações têm repensado suas maneiras de

conduzir negócios a fim de alcançar vantagem em relação às demais. Seu posicionamento no

mercado e suas estratégias empresariais precisam ser revistos sob pena de não se alcançarem as

metas (PAYNE, 2005; DEMO et al., 2011).

Neste contexto, a lealdade dos clientes deve ser encarada pelas organizações como uma

vantagem sustentável (DICK; BASU, 1994). Reichheld (2001, p. 9) afirma que “muito

provavelmente a única fonte possível de vantagem competitiva sustentável na nova economia

serão os laços de lealdade que uma empresa for capaz de gerar com seus clientes”.

Um argumento comum a favor da fidelização de clientes consiste no fato de que conquistar

novos clientes custa mais caro para a empresa do que manter os clientes atuais (VAVRA, 1993;

MORGAN; HUNT, 1994; OLIVER, 1999; PAYNE, 2006), podendo custar até dez vezes mais

caro para uma empresa adquirir um novo cliente, comparado com a manutenção de um atual

(DEMO; PONTE, 2008). Essa afirmação é uma das premissas básicas do Marketing de

Relacionamento e demonstra a obrigatoriedade de se investir tempo e recursos no atingimento

da lealdade dos clientes. Certamente, as organizações olhariam com mais atenção para o

relacionamento com seus atuais consumidores se fossem levados em consideração os altos

custos para a aquisição de novos clientes. É, portanto, necessário desenvolver relacionamentos

duradouros com os clientes atuais.

Neste mesmo sentido, para demonstrar a importância da retenção de clientes, Reichheld (2001,

p.10) afirma que “um acréscimo de 5% na taxa de retenção pode aumentar os lucros entre 25%

e 90%”. O autor acrescenta que os clientes são mais lucrativos a depender do tempo de

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relacionamento com a empresa. Dessa forma, quanto mais tempo de relacionamento, mais o

cliente irá comprar e menos ele irá demandar da empresa em termos de suporte.

Entretanto, fortalecer laços de lealdade com os clientes não é tarefa fácil, uma vez que essa

relação com o consumidor sofre influência de diversos fatores, entre eles: satisfação

(PEDRAGOSA; CORREIA, 2009; SOUZA et al., 2009; CLEM, 2011; COSTA, 2011;

FERREIRA, 2012; GONÇALVES, 2012; PAN et al., 2012), qualidade do serviço

(PEDRAGOSA; CORREIA, 2009; CLEM, 2011; COSTA, 2011; FERREIRA, 2012; PAN et

al., 2012; GARCIA; SANUDO, 2013) e valor percebido (CLEM, 2011; COSTA, 2011;

HURLEY, 2004). Pode-se inferir que a interação entre esses e outros fatores influencia

diretamente a relação entre o consumidor e a organização e pode determinar o prazo dessa

relação.

O Marketing de Relacionamento se destaca, neste contexto, como um conjunto de “atividades

destinadas a desenvolver ligações economicamente viáveis de longo prazo entre uma

organização e seus clientes para o benefício mútuo de ambas as partes” (LOVELOCK;

WRIGHT, 2004, p.132). O conceito de Marketing de Relacionamento se contrapõe a ideia de

transações comerciais esporádicas ou discretas, e implica na identificação dos principais fatores

que podem determinar a permanência ou o abandono de um fornecedor por parte de um cliente

(MORGAN; HUNT, 1994). Sendo assim, diversos construtos e características de produtos e

serviços têm sido estudadas levando ao desenvolvimento de métricas sofisticadas para o

gerenciamento das expectativas e da percepção dos clientes (GUPTA; ZEITHAML, 2006).

Com relação às variáveis monitorizadas pelo Marketing de Relacionamento e suas aplicações,

é importante citar que elas podem ser observáveis ou perceptíveis. Entre as observáveis

destacam-se as medidas de satisfação e qualidade (já citadas acima), havendo ainda outras de

grande importância e relação direta com a lucratividade das empresas como a lealdade e a

percepção de custos de mudança (GUPTA; ZEITHAML, 2006). Essas variáveis são conhecidas

a partir da administração de questionários ou de inquéritos. Há ainda as variáveis

comportamentais, que são observáveis e podem contar com o auxílio de dispositivos e

tecnologias modernas de gerenciamento como o CRM1.

Customer Relationship Management (CRM) é uma abordagem prática de gestão de negócio

que tem munido empresas de ferramentas sofisticadas para a monitorização de comportamento

1Gestão de relacionamento com o cliente.

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15

e preferências de usuários através de sistemas de gerenciamento de dados, softwares e

tecnologias de armazenamento (PAYNE, 2006). A premissa básica para o CRM é que o

marketing tradicional é insuficiente para dar suporte a um cenário de rápidas mudanças. Para

Payne (2006, p.5), “tais desenvolvimentos tornam possível reunir grande quantidade de dados

de clientes e aumentar o feedback por parte do cliente, bem como analisar, interpretar e utilizá-

los de forma construtiva”. Souza et al. (2009) ressaltam a importância do uso da tecnologia da

informação não apenas na retenção, mas também na recuperação de clientes. Payne (2006) e

Rigby (2004) alertam, no entanto, para o uso saudável e consciente das ferramentas de CRM

enquanto suporte estratégico. Não apenas como implemento tecnológico desprovido de um

estudo de viabilidade, como se apenas o uso da tecnologia, por si, fosse suficiente para gerar

mudanças e desenvolvimento para uma organização. Rigby (2004) afirma que sem uma

abordagem estratégica clara e o suporte organizacional o CRM não fará muito para ajudar no

crescimento ou perpetuação da empresa.

Um dos mercados que tem se beneficiado com Marketing de Relacionamento é o mercado do

fitness, especialmente pelo uso das ferramentas de CRM. Afim de tornar eficaz e lucrativo seu

relacionamento com os clientes, as academias de ginástica têm utilizado cada vez mais os

softwares de gerenciamento e bancos de dados em suas rotinas de gerenciamento, num

compromisso claro com a profissionalização do setor (ENTRIEL, 2008; ARAÚJO, 2010;

PORTO; SILVA, 2013). São diversas as possibilidades desses sistemas:

Controle biométrico da frequência;

Análise da retenção em tempo real;

Agendamento periódico automático de atendimento para cada aluno;

Registro de objetivo e perfil comportamental;

Registro do histórico de troca de programas de treinamento;

Envio programado de e-mails com incentivo ao retorno e ao aumento na frequência à

academia.

Emissão diária atualizada da ficha de treino e sua disponibilização on-line em aplicativos

para smartphones, por exemplo; etc.

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16

Algumas dessas características observáveis têm alimentado pesquisas nacionais bastante

relevantes, no entanto, a combinação de variáveis observáveis e não observáveis poderia

enriquecer em muito as pesquisas nacionais neste mercado (ROJAS, 2003; ENTRIEL, 2008;

ARAÚJO, 2010).

Um indicativo da dimensão do mercado do fitness é o fato de que ele faturou mais de 75 bilhões

de dólares no ano de 2012. No Brasil, esse faturamento chegou a 2,3 bilhões de dólares,

contando com mais de 23 mil unidades (IHRSA, 2013). Embora o segmento esteja

comprometido com as melhorias no gerenciamento de seus clientes, ainda há muito por fazer.

Estudos têm demonstrado que 50% dos alunos de academias deixam de frequentá-las nos

primeiros 6 meses (ROJAS, 2003; ARAÚJO, 2010) e apenas 64,4% são retidos e efetuam uma

nova compra (MC CARTHY, 2004). Isso pode apontar para o fato de que as informações

atualmente monitorizadas têm pouca relevância, o tratamento das informações dos clientes é

insuficiente ou não se está recebendo o suporte organizacional adequado para transformar essas

informações em resultados de retenção (RIGBY, 2004).

O atual modelo de negócio precisa ser repensado. As academias precisam assumir um

compromisso mais profundo com a qualidade de seu serviço e a satisfação dos clientes, a fim

de atingir a lealdade de seus consumidores e crescer de forma sustentável (HURLEY, 2004).

Os gestores, entretanto, parecem desconsiderar em sua rotina de gerenciamento importantes

preditores da lealdade (PAN; SHENG; XIE, 2012).

A partir dessas considerações, apresenta-se a seguinte questão de pesquisa:

Qual a influência da qualidade percebida e das barreiras relacionais à mudança na lealdade e no

comportamento de recompra em academias de ginástica?

Objetivos

Geral

Verificar a influência da qualidade percebida e das barreiras relacionais à mudança na lealdade

e na retenção de clientes em academias de ginástica.

Específicos

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17

Verificar a relação entre lealdade e retenção de clientes em academias de ginástica;

Verificar qual a relação entre a qualidade percebida e barreiras relacionais à mudança

com a lealdade de clientes em academias de ginástica;

Verificar qual a relação entre a qualidade percebida e barreiras relacionais à mudança

com a retenção de clientes em academias de ginástica;

Identificar quais fatores estão mais fortemente associados à retenção e a lealdade de

clientes em academias de ginástica;

Verificar qual a relação entre as características individuais dos clientes e a retenção;

Justificativa

Teórica

Pesquisas em gestão de fitness têm estudado a lealdade (PEDRAGOSA; CORREIA, 2009;

FERRAND et al., 2010; GONÇALVES, 2012) e a qualidade (KIM; KIM, 1995;

CHELLADURAI; CHANG, 2000; LAM; ZHANG; JENSEN, 2005; AFTHINOS;

THEODORAKIS; NASSIS, 2005), em sua maioria. Contudo, poucas pesquisas têm incluído a

“recompra” em seu conjunto de variáveis, sendo essa a medida de comportamento do cliente

que, em última instância, mais interessa ao mercado do fitness (CHELLADURAI; CHANG,

2000).

Esse trabalho é relevante para a área do Marketing de Relacionamento no setor de serviços,

especialmente por trazer num mesmo modelo uma medida de lealdade atitudinal e o

comportamento de compra/renovação do serviço. Em sua maioria, os demais trabalhos

estabelecem como variável dependente apenas a intenção comportamental (CRONIN;

TAYLOR; 1992; TAYLOR; BAKER, 1994; CRONIN; BRADY; HULT, 2000).

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Tabela 1- Busca de artigo

Fonte: Quadro baseado em Carvalho (2013), acesso em 07/10/2014. (*) Revisados por pares.

A pesquisa nos portais de periódicos da Capes, Ebsco e Scielo, apontam para uma pequena

produção na área, especialmente se tratando de produção brasileira, indicando a carência de

estudos acadêmicos abordando o assunto.

Este trabalho também se justifica pela necessidade de se aplicar medidas e construtos já bem

conhecidos e utilizados na literatura de marketing de serviços, no contexto do fitness. Este

mercado, como qualquer outro, precisa de atenção no sentido de dar validar as medidas de

marketing de modo a contextualizar sua aplicação. Especialmente, através da utilização de

modelos mais complexos de análise de dados (ARAÚJO, 2010).

Prática

Em todo o Mundo, o mercado do fitness faturou mais de 75 bilhões de dólares no ano de 2012.

O Brasil ocupa a décima colocação em termos de faturamento, e chegou a 2,3 bilhões de dólares.

Embora a posição seja privilegiada, o Brasil fica atrás de países como Espanha, Itália e Japão,

que contam com uma população numericamente inferior. Uma das explicações possíveis para

essa diferença, está na taxa de penetração no mercado brasileiro (3,7%), número pequeno se

comparado com a Espanha (13,5%). Isso nos leva a crer que, no Brasil, este mercado tem

potencial para crescer pelo aumento na parcela da população que frequenta as academias.

(IHRSA, 2013)

O Brasil conta com um grande número de unidades, porém, apenas uma grande quantidade de

clubes não parece ser suficiente para levar a uma maior participação de mercado. Como

Capes Ebsco Scielo

A - “Customer Retention” 6956* 1648 11

B - “Customer Loyalty” 14726* 6704 43

C - “Fitness Center” 5191* 2384 15

D - “Health and Fitness” 39718* 8731 218

A+C 1 3 0

A+D 0 0 0

B+C 3 1 0

B+D 4 5 0

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exemplo vê-se que no país, as academias somam 23.398 unidades, perdendo apenas para os

Estados Unidos, onde esse número chega a 30.500 unidades. O faturamento americano, no

entanto, em 2012 foi de U$ 21.828,00 contra U$ 2.358,00 do Brasil como apresentado na Tabela

2.

Tabela 2- Comparação geral de academias por países EUA Brasil Espanha Japão

Faturamento

U$(bilhões) 21,828 2,358 4,110 5,133

Número de

academias 30.500 23.398 4.700 3.572

Faturamento

por academia

U$

715.672 100.777 874.468 1.437.010

Número de

membros

(milhões)

50,2 7,0 6,4 4,1

Alunos por

academia 1645 299 1361 1147

Fonte: IHRSA Global Report (2013).

A baixa retenção de clientes tem sido uma das principais barreiras para o crescimento desse

mercado (MC CARTHY, 2004; IHRSA, 2012). Sendo assim, devem ser exaustivos os esforços

para se compreender os fatores que levam a não retenção de clientes em academias de ginástica.

Vavra (1993, p.17) afirma que reter clientes é, “de longe, mais importante do que atraí-los”. O

autor afirma ainda que pequenos acréscimos nas taxas de retenção são capazes de aumentar em

muito o lucro da empresa. Reichheld (1996) exemplifica essa afirmação com os resultados de

sua pesquisa, indicando que um acréscimo de 5% na taxa de retenção pode elevar os lucros

entre 25% e 95%, a depender do segmento da empresa. Da mesma forma, uma pequena retenção

pode significar prejuízo nas operações. Isso ocorre especialmente em alguns setores com alta

alavancagem operacional. Nessas empresas, depois que a receita ultrapassa a linha do equilíbrio

financeiro, cada entrada adicional irá produzir um aumento substancial na rentabilidade. Os

novos clientes poderão gerar lucros de até 75% (MC CARTHY, 2004). A lealdade de clientes é

especialmente importante para a indústria do fitness (FERRAND et al., 2010; COSTA, 2011;

FERREIRA, 2012), no entanto, não existe uma solução única que possa ser abrangente a todas

as academias e que garanta a retenção dos sócios.

Esse estudo poderá contribuir com a gestão de fitness a partir da identificação dos fatores que

influenciam na retenção de clientes em academias de ginástica, e qual o grau de influência de

cada fator. A pesquisa deverá identificar os grupos de maior probabilidade de retenção e

deserção, auxiliando na estratégia organizacional e na tomada de decisão. Os resultados obtidos

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também servirão ao monitoramento individual para a probabilidade maior ou menor de retenção

do aluno. Assim o gestor poderá intervir individualmente no relacionamento com um aluno,

antes que este abandone ou troque de fornecedor.

Enfim, o gestor poderá, a partir dos resultados desse estudo, utilizar de forma mais eficiente os

softwares de CRM, assim como poderão incrementar outras variáveis a sua rotina de

gerenciamento afim de garantir relacionamentos duradouros com seus clientes.

Estudos empíricos sobre a retenção de clientes são necessários. E não se pode admitir que os

gestores do fitness baseiem suas práticas de retenção exclusivamente em experiências de outras

áreas de gestão de serviços que, em sua maioria, não correspondem em abrangência e público

a configuração das academias.

Além disso, as pesquisas brasileiras sobre retenção e lealdade no fitness têm utilizado como

instrumentos: apenas informações do banco de dados dos clientes ou extensos questionários

(ENTRIEL, 2008; ARAÚJO, 2010; GONÇALVES, 2012; PORTO, 2013). A complexidade das

ferramentas é uma barreira para sua incorporação na rotina das academias, uma vez que

demandam um controle e análise maior dos dados e uma maior atenção no sentido do critério

de sua aplicação. Porém, apenas as informações do banco de dados do cliente podem ser

insuficientes. Essa pesquisa busca um meio termo, identificando as variáveis com mais alto

valor preditivo para a simplificação dos instrumentos de coleta de dados que, juntamente com

as informações obtidas através das ferramentas de CRM disponham dados que possam ser

incorporados a rotina de gerenciamento dos clubes.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta seção se inicia discutindo o Marketing de Relacionamento e aplicações de CRM, de onde

surgem os primeiros estudos e o interesse pela retenção, a variável dependente desta pesquisa.

Na sequência serão abordados os constructos Satisfação, Lealdade, Qualidade em Serviços,

Custos de Mudança e Benefícios Relacionais. Satisfação não foi uma variável incluída na etapa

empítica desta pesquisa, entretanto, optou-se por mantê-la na fundamentação devido sua

relevância histórica e prática para o Marketing de Relacionamento. A sessão reservada para este

construto faz um paralelo entre satisfação e lealdade, o que será importante para a devida

distinção de ambas. Entre as subseções, destaca-se a que trata de Servicescape, localizada

dentro do tópico de Qualidade em Serviço, indicando que nesse trabalho esses constructos são

tidos como indissociáveis. Cada seção inclui pesquisas envolvendo as academias de ginástica,

apresentando as principais contribuições de trabalhos nesse campo.

Marketing de Relacionamento e CRM

O fim do monopólio comercial e a livre concorrência, aliados ao acesso cada vez mais rápido à

informação e equiparação tecnológica têm dado aos consumidores a oportunidade de escolher

entre empresas concorrentes (VAVRA, 1999; PORTER, 2004). Isso gerou nas últimas décadas

uma crescente busca por diferenciação e vantagem por parte das empresas, a fim de alcançar

um número cada vez maior de clientes. Vavra (1999, p.26) denominou “marketing de conquista”

ao esforço das organizações para conquistar novos clientes. Este esforço, no entanto,

negligenciava os clientes atuais, como se eles fossem uma aquisição permanente.

Este ambiente econômico se tornou um grande obstáculo para o atingimento da fidelidade. Os

consumidores têm sido atacados por uma “multiplicidade de alternativas aparentemente

superiores” de produtos e serviços, que terminam por modificar de forma acelerada suas

expectativas em relação a produtos e serviços (OLIVER, 1999, p.37). Esse cenário é

extremamente complexo e dinâmico e implica numa visão cada vez mais relacional e menos

transacional para as trocas de valor entre cliente e fornecedor (MORGAN; HUNT, 1994;

LOVELOCK; WRIGHT, 2004). O foco deixa de ser exclusivamente a aquisição de novos

clientes e passa a ser, concomitantemente, a manutenção dos atuais.

Morgan e Hunt (1994, p.22) propõem que o “Marketing de Relacionamento se refere a todas as

atividades de marketing voltadas para o estabelecimento, desenvolvimento e manutenção de

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trocas relacionais bem-sucedidas. ” Está ancorado na premissa básica de que é entre 5 e 6 vezes

mais caro conquistar um novo cliente do que implementar estratégias de retenção para manter

os clientes atuais (LOVELOCK; WRIGHT, 2004). Berry (1995) propõe uma distinção entre

três níveis para o Marketing de Relacionamento:

Nível um, relacionado com precificação e incentivos;

Nível dois, baseado na customização e criação de laços com o cliente e

Nível três, o mais profundo e implica mudanças estruturais, onde o prestador de serviço

passa a ter menos importância, na medida em que as necessidades do cliente passam a

ser satisfeitas pela organização de forma sistêmica.

O Marketing de Relacionamento não traz benefícios apenas para a empresa, mas também para

clientes, especialmente aqueles em serviços de utilização periódica ou com características de

alto atendimento. Dentre esses benefícios se destacam a customização do serviço, confiança,

segurança, tratamento especial, além de outros benefícios relacionais, psicológicos e

econômicos (BERRY, 1995; GWINNER; GREMLER; BITNER, 1998).

Neste sentido, para o atingimento de todas as expectativas do Marketing de Relacionamentos e

exige uma integração interfuncional de pessoas, processos e recursos de marketing que pode

ser materializada através das aplicações de CRM. (PEPPERS; ROGERS, 2001)

Para Kotler e Keller (2006, p.51) CRM “trata-se do gerenciamento cuidadoso de informações

detalhadas sobre cada cliente e de cada ‘ponto de contato’ com ele, a fim de maximizar sua

fidelidade”, além do gerenciamento em tempo real de expectativas, preferências e

comportamento (PAYNE, 2006). CRM une o potencial da TI às estratégias de Marketing de

Relacionamento para entregar relacionamentos rentáveis e de longo prazo, oferece

oportunidades aprimoradas para o uso de dados e informações, assim como para compreender

os clientes e implementar melhores estratégias de Marketing de Relacionamento. CRM é “uma

abordagem estratégica engajada na criação de um melhor valor para o acionista por meio do

desenvolvimento de relações adequadas com os principais clientes e segmentos de clientes”

(PAYNE, 2006, p. 22).

Mc Carthy (2004) afirma, no entanto, que na área do fitness, os softwares de CRM ainda estão

num estágio inicial de desenvolvimento e não são capazes de produzir efeitos significativos na

retenção.

O tópico a seguir apresenta a relação entre a satisfação e o Marketing de Relacionamento.

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Satisfação e o Marketing de Relacionamento

A maximização da satisfação do cliente orientou durante muito tempo as estratégias de

Marketing de Relacionamento, ocupando uma posição quase que soberana (OLIVER, 1999).

Essa posição, no entanto, tem sido contestada. Reichheld (2003, p.3) afirma que as medidas de

satisfação “não se relacionam consistentemente com a lucratividade e o crescimento das

organizações”. Lovelock e Whight (2004, p.117) afirmam que “estratégias para melhorar a

satisfação dos clientes são caras para serem projetadas e implementadas. ”

Diversas abordagens têm tentado explicar a satisfação: baseados no paradigma da

desconformidade, expectativa de performance, múltiplos fatores e equações estruturais

(OLIVER, 1980, 1999, 2010; CHURCHIL; SURPRENANT, 1982; BROWN; CHURCHILL;

PETER,1993; PARASURAMAN; BERRY; ZEITHAML, 1994; JOHNSTON, 1995).

Para Lovelock, Wright e Henzo (2011, p.66) satisfação pode ser definida como “uma avaliação

atitudinal, que se segue a uma experiência de consumo”, de acordo com a medida na qual suas

expectativas forem atendidas ou ultrapassadas. Oliver (2010, p.8) define satisfação como:

[...]a resposta da realização do consumidor. É o julgamento de que uma

característica do produto/serviço, ou o serviço em si, proporcionou (ou está

proporcionando) um nível prazeroso de realização relacionado ao consumo,

incluindo níveis menores de realização geral.

Jones e Suh (2000) reforçam a ideia de um componente mais amplo, denominado satisfação

geral, onde são considerados todos os encontros e experiências de serviço.

Satisfação está intimamente ligada à retenção de clientes (OLIVER, 1999; COSTA, 2011),

entretanto, um cliente satisfeito não é necessariamente um cliente retido. Além disso, satisfação

não é um indicador suficiente para explicar a retenção (JONES; SASSER, 1995; OLIVER,

1999; FORNEL et al., 1996; FERREIRA, 2012; SOUZA, 2009). O satisfeito pode a qualquer

momento mudar de um fornecedor para outro se este apresentar alguma vantagem. “Clientes

marginalmente satisfeitos ou indiferentes podem ser atraídos por concorrentes. ” (LOVELOCK;

WHIGHT, 2004, p.113). Apenas os clientes altamente satisfeitos têm uma maior probabilidade

de renovar suas compras (JONES; SASSER, 1995)

Oliver (1999) afirma que é perigoso basear a retenção prioritariamente no atingimento da

satisfação dos clientes, uma vez que o próprio conceito de satisfação implica que a

competitividade sempre irá gerar alguma insatisfação. E é nisso que a maioria das ações de

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marketing de conquista se concentram, em “criar insatisfação com a atual marca. ” (p.37). Para

o autor, a lealdade deve ser o maior objetivo com a satisfação de clientes.

O tópico a seguir traz o conceito de retenção e elucida um pouco sobre sua importância no

contexto mercadológico.

Retenção (recompra)

Retenção é essencialmente o comportamento de repetição de uma compra, e a medida da

retenção de clientes resulta num índice geral da probabilidade de permanência ou recompra de

serviço. Por se tratar de uma medida de comportamento, vale lembrar que retenção é uma

variável observável, seus dados são facilmente conseguidos pelas empresas e estão pouco

sujeitos a erros de processamento. Outra observação importante a se fazer a respeito dos dados

sobre retenção e que eles não dependem de inquérito e podem ser medidos indiretamente

(GUMTA; ZEITHAML, 2006). Note-se que a variável retenção independe de o cliente estar ou

não satisfeito com o serviço (OLIVER, 1999), ela apenas o observa.

É importante distinguir entre dois aspectos da retenção: o primeiro é positivo e coincide com o

comportamento de lealdade. Não deve ser confundido, no entanto, com a intenção

comportamental (OLIVER, 1999). O segundo é negativo e reflete uma falsa lealdade (DICK;

BASU, 1994; WHITE; YANAMANDRAN, 2004), que será melhor compreendida na próxima

seção. A falsa lealdade, embora pareça boa, não produz resultados significativos no longo prazo.

Reichheld (2010) alerta para a lucratividade negativa, proveniente de clientes retidos apenas

pelas barreiras de mudança ou indiferença. Esses clientes são um risco eminente, na medida em

que podem trocar facilmente para uma concorrente. Então, se a maior parte dos clientes de uma

empresa apresenta baixos índices de lealdade, essa empresa está correndo sérios riscos.

Para Reichheld (1996, p.2) “um índice de retenção consistentemente alto pode criar uma

enorme vantagem competitiva...”, especialmente se for acompanhado de boas medidas de

lealdade. O mesmo autor afirma que essa é uma maneira de desenvolver de forma sustentável

uma organização.

[...] por outro lado, um índice de deserção persistente significa que o número

de ex-clientes - pessoas convencidas de que a empresa oferece valor inferior -

acabará sendo maior do que o de leais defensores da empresa, dominando a

voz coletiva do mercado. Quando chegar o momento, não haverá propaganda,

relações públicas ou marketing criativo capaz de melhorar os preços, as

aquisições de novos clientes ou a reputação da empresa. (REICHHELD, 1996,

p.2).

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Retenção é o ponto crítico para o equilíbrio financeiro do clube e também um dos principais

problemas enfrentados pelos gestores (COSTA, 2011; FERREIRA, 2012). Nas academias, a

retenção é a medida da quantidade de planos renovados num determinado período e a taxa de

retenção (percentual de planos renovados num determinado período) é hoje um dos principais

indicadores de desempenho para o mercado do fitness (MC CARTHY, 2004; IHRSA, 2012).

Munaier (2012, p. 58) afirma que “um cliente, fidelizado simplesmente pelo bom equipamento,

troca de academia quando a concorrente compra um equipamento superior”. Isso está de acordo

com Peppers e Rogers (2001), no sentido de que a tecnologia ou a qualidade de um produto,

por si sós, não são fontes suficientes de vantagem competitiva. A retenção dos clientes pode

estar associada, ainda, a falta de opções ou a comodidade (MUNAIER, 2012; REICHHELD,

2006), o que é muito perigoso em mercados competitivos.

Pequenos incrementos nos índices de retenção são capazes de alavancar grandes ganhos na

produtividade, e lucratividade de uma empresa (REICHHELD, F. F.; SASSER, W.E., 1990;

VAVRA, 1993; REICHHELD, 1996; MCCARTHY, 2007). Neste sentido, Reichheld e Sasser

(1990, p.8) são categóricos ao afirmar que “a revolução da qualidade dos serviços vai criar um

novo conjunto de ganhadores e perdedores. Os vencedores serão aqueles que vão liderar o

caminho na gestão em direção a zero deserções. ”

O tópico a seguir relaciona a retenção com características individuais dos clientes.

Características Individuais que influenciam o comportamento de

retenção do consumidor de academias

A retenção de clientes não acontece de maneira uniforme para todos segmentos de clientes. Os

estudos têm apontado respostas diferentes em cada segmento de clientes à probabilidade de

recompra no contexto de serviços (PATTERSON; 2007) inclusive se tratando do mercado de

fitness (AFTHINOS; THEODORAKIS; NASSIS, 2005; GARCÍA; SAÑUDO, 2013). A seguir

serão abordadas algumas características individuais que mais são identificadas na literatura

como distintivas e correlacionadas com a maior ou menor propensão à recompra.

Perfil de utilização -Frequência x Permanência

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As pessoas que frequentam a academia com maior frequência ou permaneceram mais tempo

por dia têm maior aderência aos programas de atividades (ROJAS, 2003; SOUZA et al., 2009;

PORTO; DA SILVA, 2013; MC CARTHY, 2004).

Sendo assim, apenas a venda dos pacotes não é garantia da fidelização de clientes, é necessário

que o cliente usufrua do serviço sob o risco de ele não perceber o valor do serviço que foi

contratado (MC CARTHY, 2004). Souza et al. (2009) afirmam que a retenção do cliente é

consequência do aumento na utilização de produtos por parte do cliente.

O gerenciamento da frequência de acessos é de vital importância, uma vez que este dado se

refere diretamente com a utilização do serviço. Se o cliente está pagando por algo que não está

sendo utilizado, é natural que ele perceba como desperdício o valor pago pela mensalidade.

Aderência está diretamente relacionado com a retenção (ARAÚJO, 2010), embora seja apenas

um dos fatores que se associam com a não efetivação de uma nova contratação. Sabá (2001,

p.61) define aderência como o “comprometimento dos praticantes de exercício físico com a

rotina programada de treinamento.

Segundo Mc Carthy (2004, p.8), “a diminuição no uso é um sinal de que a percepção do membro

do valor da sua participação está se movendo em uma direção negativa”. O mesmo autor afirma

que “se, num período de 60 dias, o padrão de uso normal do membro de um clube cai em 50%

ou mais, esse membro está em perigo de desistir. ”

Entriel (2008) encontrou que alunos com frequência média de 02 vezes por semana desertavam

2,6 vezes mais do que aqueles com média semanal de 03 vezes por semana e 8,8 vezes mais do

que aqueles que frequentavam entre 04 e 05 vezes. Os dados coletados se referem a um período

de 5 anos. Costa (2011) não encontrou relação entre frequência e lealdade, ao contrário de

Ferrand et al. (2010) e Jung (2007).

Idade e Gênero

Patterson (2007) encontrou uma forte relação entre idade e intenção de renovação em 03

diferentes modalidades de serviços. Para o autor, os funcionários precisam ser treinados e

orientados para reconhecer as faixas etárias diferentes e aplicar estratégias direcionadas a fim

de atingir as expectativas de cada segmento.

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Afthinos, Theodorakis e Nassis (2005) encontraram uma relação significativa entre o gênero do

praticante e as expectativas em relação ao serviço. Segundo os autores, a percepção das

diferentes expectativas e uma subsequente intervenção pode gerar retorno para as empresas em

relação à retenção de clientes.

Distância

“Quanto mais perto melhor” (MC CARTHY, 2004, p. 5). A distância da academia para a

residência ou o trabalho do praticante é extremamente importante, do ponto de vista da retenção.

Araújo (2010) encontrou na sua pesquisa, alto poder preditivo da variável distância.

Esta variável também se relaciona com o sacrifício ou custo de utilização do serviço. Sendo

assim, quanto maior for a distância, maior será o sacrifício percebido e menor o valor para o

consumidor (ZEITHAML, 1988), o que resulta numa menor probabilidade de retenção.

O próximo tópico apresenta a variável latente “lealdade”, sua importância na retenção de

clientes e na lucratividade das empresas.

Lealdade

Lealdade, enquanto constructo, tem sido abordada na literatura a partir de três dimensões

conceituais (FERRAND et al., 2010; YOO; BAI, 2013; ROCHA, 2013). Primeiro

comportamental, onde lealdade implica recompra ou renovação. Segundo atitudinal,

envolvendo uma atitude favorável a determinado produto ou serviço. A terceira dimensão

combina os componentes atitudinal e comportamental.

Na década de 90 o marketing começou a se preocupar com a manutenção relacionamentos de

longo prazo entre empresas e seus clientes (VAVRA, 1993). Estava estabelecido que a

manutenção de clientes era menos onerosa para a organização do que a aquisição de novos

clientes. Modelos de lealdade têm sido propostas a fim de mensurar a probabilidade e a

influência de diversos fatores na manutenção de relacionamento de compras com clientes

(DICK; BASU, 1994; CRONIN; BRADY; HULT, 2000)

Lealdade é uma relação que se estabelece em diversas situações, como entre cliente e

fornecedor, empregado e empregador, entre casais, amigos, etc. Lealdade do cliente, segundo

Reichheld (2003, p.3), significa “ficar com um fornecedor que o trata bem e lhe dá um bom

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Fonte: Dick e Basu (1994, p.101), adaptado pelo autor.

Lealdade Latente

Deslealdade

Lealdade

Falsa Lealdade

Leal

dad

e

Retenção

Comportamento de Recompra Alta Baixa

Figura 1- Quadro conceitual de Lealdade e Retenção

Ati

tud

e R

elat

iva

Bai

xa

Alt

a

valor no longo prazo, mesmo que o fornecedor não ofereça o melhor preço em uma transação

particular. ”. Já para Oliver (1999, p.34), lealdade é:

Um profundo compromisso mantido para a recompra ou renovação de um

produto/serviço de sua preferência de forma consistente no futuro. Causando

a repetição de uma mesma marca ou a compra de um mesmo conjunto de

marcas, apesar de influências situacionais e esforços de marketing

potencialmente capazes de provocar um comportamento de mudança.

A lealdade influencia diretamente a retenção. Há que se considerar, no entanto, que nem sempre

a lealdade de um cliente irá culminar num comportamento de recompra. Por exemplo, uma

pessoa pode estar momentaneamente impossibilitada de frequentar uma academia devido a

alguma lesão, e mesmo assim continuar leal (lealdade latente) a empresa, fazendo comunicação

positiva para amigos e familiares (DICK; BASU, 1994). De forma semelhante, pode-se dizer

que a retenção, nem sempre está associada a lealdade (falsa lealdade), uma vez que o cliente

pode estar “preso por inércia, indiferença, por uma barreira a mudança ou por determinada

circunstância. ” (REICHHELD, 2003 p.3). É relevante destacar que normas sociais, aspectos

situacionais e percepção de controle, entre outros fatores, são reconhecidos na literatura como

capazes de modificar a relação entre a atitude e o comportamento de lealdade (AJZEN, 1991;

DICK; BASU, 1994).

Dick e Basu (1994) utilizaram o termo “atitude relativa” como uma forma de congregar a

atitude relacionada com o comportamento de recompra e sua diferenciação frente a existência

de outros potenciais fornecedores. A Figura 1 demonstra que, embora exista um ponto comum

a lealdade e retenção, eles têm conceitos distintos de acordo com seu nível de interação entre

atitude e comportamento. Em suma, retenção se refere ao “comportamento” de recompra ou

renovação de um serviço, em si, enquanto que lealdade é uma atitude positiva em relação a uma

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marca ou empresa que “pode” levar a comportamentos de comunicação boca-boca positivo ou

recompra (DICK; BASU, 1994).

Oliver (1999) descreve a lealdade de forma dinâmica e em quatro fases:

Cognitiva (crença) – Nesta fase, o consumidor está ligado à marca apenas pela preferência por

suas alternativas. Ele acredita que os atributos do produto ou serviço são superiores. Nesta fase

ainda não se houve consumo.

Afetiva (atitude) – O consumidor nesta fase já experimentou o serviço e é capaz de realizar sua

avaliação, levando a um estado de maior contentamento. Reflete o estado de satisfação e uma

disposição interna favorável.

Conativa (intenção) – Esta fase se segue a uma sequência de encontros avaliados como

positivos, gerando um compromisso com a recompra.

Ação (comportamento) – A motivação da fase anterior se transforma em prontidão para agir e

superar os obstáculos, o que culmina numa inércia positiva de recompra.

Note que a quarta fase identificada por Oliver (1999) é a que mais se aproxima com a definição

de Dick e Basu (1994), por apresentar ambos os componentes, atitudinais e comportamentais.

Numa abordagem mais voltada para o negócio, Reichheld (1996) afirma que lealdade vai além

da retenção e pode estar muito mais ligada ao crescimento e a lucratividade de uma empresa.

Os clientes verdadeiramente leais reduzem os custos de aquisição de novos clientes, aumentam

suas compras no decorrer do tempo e chegam a colocar sua própria reputação a disposição de

uma marca ou de uma empresa. Os leais atuam como promotores e podem se tornar um eficiente

departamento de marketing (REICHHELD, 2003).

Reichheld (2003) desenvolveu uma ferramenta de medição da lealdade bastante simplificada,

o Net Promoter Score NPS, em contraposição a outras pesquisas de consumo, que podem ser

bastante complexas e onerosas para as empresas (FORNELL et al., 1996; OLIVER, 1999). O

NPS se trata de uma única pergunta: Qual a probabilidade de você recomendar nossa

marca/empresa a um amigo ou colega? Com respostas que vão numa escala de 0 a 10.

Diminuindo a quantidade de detratores (respondentes dos valores entre 0 e 6) na quantidade de

promotores (respondentes dos valores 9 e 10) tem-se então o NPS (REICHHELD, 2003). Sendo

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assim, o autor classifica como ‘verdadeiramente leais’ apenas os indivíduos com alta propensão

a recomendar uma empresa.

Apesar da metodologia NPS ter sido referenciada em outras pesquisas (REICHHELD, 2001;

2003; GUPTA; ZEITHAML, 2006; REICHHELD; MARKEY, 2011), Morgan e Rego (2006)

não encontraram relação positiva significativa entre altos índices de NPS e maior participação

de mercado das empresas pesquisadas. Entretanto, independentemente da métrica específica de

interpretação do NPS, medidas de lealdade, envolvendo “intenção de recomendar”, também são

utilizadas por Cronin, Brady e Hult (2000) e Fornell et al. (1996).

Com relação à recomendação, Gremler, Gwinner e Brown (2001) afirmam que “a comunicação

boca-boca de um cliente ativo para um potencial cliente muitas vezes é o método mais confiável

de estimular novos negócios para as empresas”. Para os autores, isto se dá ainda mais

fortemente em empresas de serviços. Para Reichheld (2003) quando um cliente recomenda um

serviço ele faz mais do que apenas falar do serviço, ele coloca sua reputação a favor da empresa.

Assim, nesta pesquisa, toma-se a intenção de recomendar como a questão única da medida de

lealdade, partindo do pressuposto de que ela compreende a dimensão afetiva/atitudinal da

lealdade enquanto um estado interno de favorabilidade (OLIVER, 1999; DICK; BASU, 1994).

E mesmo que a recomendação não seja suficiente para prever um comportamento de recompra,

ela já é, por si só, um estado ou um objetivo desejável pelo seu poder de influenciar na decisão

de compra de outros consumidores (BUTTLE, 1998).

A partir do que foi exposto nesta seção, chega-se a seguinte hipótese:

H1: A Lealdade dos clientes se relaciona direta e positivamente com a retenção de

clientes.

Qualidade em Serviço

No contexto de serviço, a palavra qualidade pode ser empregada a partir de várias perspectivas:

eficiência operacional, maximização do valor, percepção de excelência pelo cliente e

transcendência - como algo inato (LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011; RUST;

MOORMAN; DICKSON, 2002). Esta pesquisa se concentra na perspectiva do cliente.

Neste sentido, para compreender a qualidade é necessário entender como os clientes percebem

e avaliam a qualidade, e qual o peso que é dado a cada critério. Parasuraman, Zeithaml e Berry

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(1985, 1988) e PBZ2 (1991) identificaram cinco dimensões a partir das quais, usuários eram

capazes de avaliar a qualidade do serviço:

Tangibilidade –Aparência das instalações físicas, equipamentos e pessoal;

Confiabilidade – Capacidade de executar o serviço prometido de forma confiável e com

precisão;

Presteza (responsividade) – Vontade de ajudar os clientes e fornecer um pronto

atendimento;

Segurança – Conhecimento e cortesia dos funcionários, e sua habilidade para inspirar

confiança e segurança.

Empatia – Carinho e atenção individualizada que a empresa fornece aos seus clientes

A partir da constatação dessas dimensões o consumidor forma uma expectativa e um juízo geral

da excelência do serviço que é denominado qualidade percebida e difere da satisfação do

cliente, uma vez que esta é mais apropriada para descrever uma reação emocional posterior a

uma transação específica (PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 1988).

Qualidade de serviços tem sido citada na literatura como um antecedente direto da lealdade

(TAYLOR; BAKER, 1994), indireto (FORREL et al., 1996) e ambos (CRONIN et al., 2000),

sendo comum a todos os modelos, algum nível de relação com a satisfação dos clientes. A

maioria das medidas, entretanto, compreendem a intenção comportamental de recomprar o

serviço, e não propriamente a retenção dos clientes (CRONIN et al., 2000).

Medidas de Qualidade em Serviço

Essencialmente, as dimensões da qualidade podem ser divididas em Tangíveis e Intangíveis.

Essa distinção leva em conta o ambiente de serviço enquanto aspecto essencialmente tangível.

Sendo assim, uma ferramenta que não levasse em consideração os aspectos ambientais, seria

insuficiente para capturar todos os “atributos de busca”3 relevantes para a avaliação da

qualidade do serviço, implicando na inclusão de questões de ambiente de serviço

2 São os mesmos autores citados, porém numa ordem diferente. 3Search attributes, se refere aos aspectos de distinção do serviço, perceptíveis independente da sua utilização. (LOVELOCK et al., 2010)

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(WAKEFIELD; BLODGETT, 1999; REIMER; KUEHN, 2005). Em suma, os autores utilizam

os seguintes instrumentos:

Para os aspectos tangíveis – Dimensão Tangibilidade da escala SERVQUAL e questões de

SERVICESCAPE;

Para os aspectos Intangíveis – Dimensões: Confiabilidade, Responsividade, Segurança e

Empatia, todos estes da escala SERVQUAL.

Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985, 1988) e PBZ (1991) propuseram a escala SERVQUAL

com o fim de estabelecer uma métrica para a quantificação da qualidade percebida por parte

dos consumidores. Trata-se de um instrumento contendo 22 perguntas, compreendidas nas 5

dimensões supracitadas. Para os autores, a qualidade é fruto do gap entre a expectativa (anterior

a utilização do serviço) e a performance do serviço (fruto da experiência). Assim, as 22 questões

são repetidas em três sessões, uma se referindo à Expectativa do Serviço, outra à Percepção do

Serviço e outra à Importância de cada Atributo.

A escala SERVQUAL tem sido utilizada na maioria dos estudos sobre qualidade existentes, em

seu formato integral, adaptado ou modificado. (CARMAN, 1990; CRONIN; TAYLOR, 1992,

WAKEFIELD; BLODGETT, 1999; CRONIN; BRADY; HULT, 2000). Esses trabalhos,

embora ofereçam alguma crítica a escala, atestam a importância e aplicabilidade do modelo

criado por Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985, 1988).

Cronin e Taylor (1992, 1994) propuseram uma simplificação do SERVQUAL, excluindo a

seção referente às Expectativas e Importância, alegando que para a avaliação da qualidade do

serviço seria suficiente averiguar a Percepção do Serviço. Assim, o tamanho do instrumento de

coleta seria reduzido à um terço, simplificando a coleta e análise dos dados. Este modelo sofreu

duras críticas de PZB (1994a), mas tem sido atestado como igualmente válido para predizer a

Qualidade de Serviço Global por Jain e Gupta (2004) e Carrillat, Jaramillo e Mulki (2007). A

escala SERVQUAL contendo apenas a seção Performance do Serviço foi denominada por

Cronin e Taylor (1992) de SERVPERF.

A escala SERVQUAL tem sofrido discretas modificações em suas questões

(PARASURAMAN, ZEITHAML; BERRY, 1994b). As adaptações na redação dos itens são

necessárias para adaptação aos diversos contextos de aplicação da escala. Também é comum a

redução no número de itens (CRONIN; BRADY; HULT; 2000; PATTERSON; SMITH, 2003).

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Algumas modificações já tinham sido previstas pelos autores (PZB, 1991), recomendou-se, no

entanto, que se evitasse a retirada de itens.

Outra medida importante na mensuração da qualidade são as questões de ambiente de serviço,

ou Servicescape. Com relação a esta, é importante destacar que uma das características

distintivas do Marketing de Serviços é a compreensão de que a produção e o consumo

acontecem de forma simultânea (GRÖNROOS, 1982). Assim, o mesmo ambiente em que se

materializa a transação de serviço, também é sua “fábrica”. Esse ambiente influencia a

percepção da qualidade do serviço, na medida em que não é possível dissociar o serviço em si

do ambiente de sua concepção (BITNER, 1992). Essa visão integrada é reforçada por Hoffman

e Turley (2002). Para os autores, o ambiente em que o encontro de serviço acontece fornece

“evidências” que ajudam os clientes a avaliarem o serviço.

Uma das primeiras indicações sobre a influência do ambiente na avaliação dos produtos é

identificada nos estudos de Kotler (1973). O autor afirma que o ambiente é uma fonte de

vantagem competitiva, especialmente para produtos com poucas características distintivas,

baixa diferenciação de preço, alta competitividade frente a concorrentes e ainda quando existe

a necessidade de posicionamento frente a segmentos de consumidores diversos.

As medidas de Servicescape podem se relacionar com a dimensão de “tangíveis” do

SERVQUAL (PARASURAMAN et al., 1988), seguindo o modelo proposto por Reimer e

Kuehn (2005). Para os autores, Servicescape não apenas influencia diretamente a percepção da

qualidade do serviço, mas também indiretamente, correlacionando-se aos fatores intangíveis.

Estratégias de gestão do ambiente de serviço, entre outras coisas, podem aumentar o nível

percebido da qualidade do fornecedor. Além disso, é possível aumentar o número de atributos

de pesquisa disponíveis (positivos), ajudando a diminuir a insegurança e percepção do risco

antes da compra (HOFFMAN; TURLEY, 2002).

Quando o ambiente interage harmonicamente com os demais atributos da organização, uma

transação pode percorrer um caminho conceitual de “mercadoria” para “bem”, “serviço” e, por

fim, para uma conotação de “experiência” (HOFFMAN; TURLEY, 2002; PINE; GILMORE,

1998). O exemplo clássico é do café que pode ser comprado por 01 dólar (o pacote) ou 05

dólares (o copo), a depender do ambiente em que será adquirido. O gerenciamento do ambiente

físico, no entanto, tem recebido menos atenção por parte dos gestores se comparado com as

promoções, propaganda e outras variáveis (BITNER, 1992).

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Os servicescapes podem ser classificados quanto ao tipo de interação existente, podendo ser de:

auto-serviço, interpessoal (de contato direto entre funcionários e clientes) ou serviços remotos

(onde os serviços estão sendo prestados mesmo sem a presença do cliente). Podem variar ainda

quanto ao nível de complexidade, podendo ser: elaborado ou modesto. (BITNER, 1992). São

propostas, ainda, 03 dimensões para servicescape: condições ambientais; disposição espacial e

funcionalidades; sinais, símbolos e artefatos.

A ‘música’ é categorizada como uma condição ambiental, o fundo musical, desempenha um

papel importante na percepção do ambiente de serviço (LOVELOCK; WHIGHT, 2011), sendo

capaz de influenciar a avaliação do serviço, o comportamento e a intenção de compra (MORIN;

DUBÉ; CHEBAT, 2007; NORTH; HARGREAVES; MCKENDRICK, 1999).

A música no ambiente de serviço não deve ser simplesmente agradável. Chebat, Chebat e

Vaillant (2001) propõem que a música deve ser ajustada ao ambiente de serviço e às

especificidades do negócio.

A ‘temperatura’ também é uma condição ambiental. Ambiente de serviço ela pode gerar

impacto na resposta afetiva dos consumidores (Wakefield; Blodgett, 1999). Para Bitner (1992),

a temperatura influencia os consumidores especialmente por sua relação com a fisiologia

humana. Segundo a autora, a sensação de desconforto proveniente da sudorese ou da sensação

de calor pode influenciar mais do que a sensação de um ambiente agradável.

A ‘disposição e qualidade dos equipamentos’ se referem à dimensão Layout e Funcionalidades.

Uma má disposição e baixa qualidade nos equipamentos pode afetara experiência de serviço

uma vez que layout e funcionalidades são uma dimensão do ambiente de serviço que tem o

objetivo de facilitar o uso e capacitar a empresa para atender bem seus clientes (LOVELOCK;

WHIGHT; HEMZO, 2011). Essa dimensão apresenta variáveis fáceis de se reconhecer e podem

aumentar o número de informações relacionadas com os atributos de busca dos serviços

(HOFFMAN; TURLEY, 2002). Os autores propõem que os aspectos atmosféricos são ainda

mais importantes quando os consumidores não fecharam sua avaliação da qualidade.

Com base no que foi exposto nesta seção, propõem-se as seguintes hipóteses:

H2: A Qualidade Percebida influencia direta e positivamente a Lealdade de Clientes.

H3: A Qualidade Percebida influencia direta e positivamente a Retenção de Clientes.

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Na próxima seção serão abordadas as barreiras à mudança e sua importância na retenção de

clientes no setor de serviços.

Barreiras à Mudança

Embora a melhor maneira de fortalecer a retenção esteja relacionada com a entrega de um alto

grau de satisfação para os clientes, outro método, também importante, consiste em “[...] erguer

barreiras elevadas para impedir a mudança. ” (KOTLER; KELLER, 2006, p.153).

Jones, Mothersbaugh e Beatty (2000), definem Barreiras à Mudança como “todos os fatores

que tornam mais difícil ou custoso, para os consumidores, mudar de fornecedor” (p. 261). Para

esses autores, Barreiras à Mudança englobam:

A Percepção dos Custos de Mudança;

Os Relacionamentos Interpessoais; e

A falta de atratividade dos fornecedores alternativos.

Entre estas barreiras citadas, serão destacadas adiante os custos de mudança e os

relacionamentos interpessoais. De uma forma geral, esta pesquisa enfatiza os aspectos

relacionais das barreiras à mudança.

Custos de Mudança

Custos de mudança são, de uma forma geral, os fatores que limitam ou dificultam o processo

de mudança de um fornecedor para outro, envolvendo expectativas de perda e riscos.

(MORGAN; HUNT, 1994). Ou, simplesmente, os custos, não contínuos, que os clientes

associam ao processo de mudança (BURNHAM et al., 2003).

Os custos de mudança, não devem ser encarados como algo negativo. De acordo com Burnham

et al. (2003, p.110) eles “reduzem o desejo dos clientes de abandonar o fornecedor atual”

levando a uma maior retenção de clientes. E ainda, podem auxiliar as empresas no

enfrentamento das flutuações de curto prazo na qualidade do serviço que poderiam resultar em

abandono por parte dos clientes (JONES; MOTHERSBAUGH; BEATTY, 2000). O fornecedor

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aumenta suas chances de recuperar falhas, identificar e contornar os problemas com a

qualidade.

Diversos autores, entretanto, alertam para o gerenciamento consciente das estratégias de

marketing envolvendo a elevação de custos de mudança, uma vez que eles podem gerar

consequências nocivas à lucratividade das empresas como o boca-a-boca negativo

característico da falsa lealdade (DICK; BASU, 1994; JONES; SASSER, 1995; JONES;

REYNOLDS; MOTHERSBAUGH; BEATTY, 2007).

Burnham, Frels e Mahajan (2003) propuseram uma tipologia para os custos de mudança

dividindo-os da seguinte forma:

Custos de mudança procedimentais

Custos de risco econômico – os custos de se aceitar a incerteza de um resultado negativo

de um fornecedor do qual não se tenham informações suficientes.

Custos de avaliação – esforços necessários ao processamento de informações de

atributos de um ou mais fornecedores alternativos.

Custos de aprendizagem –esforços relacionados com a aprendizagem de habilidades ou

competências necessárias para o uso efetivo do novo produto ou serviço.

Custos de inicialização – custos de tempo e esforço para a inicialização do serviço, como

uma configuração personalizada ou o entendimento das necessidades específicas de um

determinado cliente.

Custos de mudança financeiros

Custos de perda de benefícios – custos de perda de benefícios acumulados com o

fornecedor, como pontos e descontos progressivos, que não serão considerados no novo

fornecedor.

Custos de perda monetária – custos financeiros pré-requisitos para a troca de fornecedor,

como multa e o pagamento de nova matrícula.

Custos de mudança relacionais

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Custos de perda de relacionamento pessoal – custos relacionados com a perca de laços

de identificação, onde já existia um certo nível de conforto e familiaridade que não

seriam transferidos a um novo fornecedor.

Custos de perda de relacionamento com a marca – custos de perda de senso de

pertencimento e identificação com a marca.

Alguns autores ainda acrescentam a ‘falta de atratividade dos fornecedores alternativos’ como

sendo um custo de mudança (MORGAN; HUNT, 1994; PATTERSON; SMITH, 2003), uma

vez que a ausência de alternativas atrativas desestimula o abandono do fornecedor atual pelo

aumento do custo de iniciar um novo relacionamento. Não há consenso na literatura, no entanto,

em relação a tipologia dos custos de mudança.

Para esta pesquisa foi adotada a tipologia de Burnham, Frels e Mahajan (2003), porém, apenas

os custos de perda de relacionamento pessoal serão investigados. Esta restrição se justifica pela

identificação da importância que os relacionamentos têm, em especial para o tipo de serviço

pesquisado (GWINNER; GREMLER; BITNER, 1998; PATTERSON; SMITH, 2003). Não é,

entretanto, uma escolha hierárquica, em que pese uma maior importância dos aspectos

relacionais das barreiras à mudança, mas uma escolha baseada num foco de investigação.

Relacionamentos Interpessoais - Benefícios Sociais

Os benefícios que o cliente recebe de um fornecedor podem estar relacionados com o núcleo

do serviço em si, ou com as relações que envolvem a entrega do serviço, que são os benefícios

relacionais (HENNING-THURAU et al., 2002). Sendo assim, benefícios relacionais são os

benefícios que os clientes e fornecedores adquirem por conta da manutenção de

relacionamentos de longo prazo entre si (MORGAN; HUNT, 1994) e que podem trazer

vantagem tanto para a empresa (HESKETT et al., 1994), como para os clientes (GWINNER;

GREMLER; BITNER, 1998).

Gwinner, Gremler e Bitner (1998) distinguem os benefícios relacionais em três categorias:

Benefícios de confiança – redução da percepção de riscos por parte dos clientes.

Benefícios sociais – benefícios relacionados com a familiaridade, reconhecimento

pessoal, amizade, harmonia e suporte social.

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Benefícios de tratamento especial – relacionado com o tratamento diferenciado ou

preferencial que é dado a clientes mais regulares.

Para Jones, Mothersbaugh e Beatty (2000), o Relacionamento Interpessoal, deve ser entendido

como uma Barreira à Mudança, no que se refere à força dos laços pessoais desenvolvidos entre

consumidores e os funcionários do serviço. A existência de relacionamento pessoal no ambiente

de serviço é capaz de gerar um vínculo entre clientes e fornecedores que são percebidos por

parte dos clientes como ‘benefícios’. Esses benefícios, vale salientar, são relacionados à entrega

do serviço, ou seja, vão além do serviço em si.

Jones et al. (2000) afirmam que os benefícios sociais, para além das características do serviço,

são uma estratégia de diferenciação, uma forma de conseguir vantagem sobre as concorrentes.

Em certas situações, esses benefícios se sobrepõem aos benefícios do próprio serviço no papel

de maior influenciador da retenção dos clientes. Para Gwinner, Gremler e Bitner (1998), a

construção de uma base de clientes forte e leal passa pela valorização da relação pessoal com

os clientes.

Patterson e Smith (2003) afirmam que a recompensa pela manutenção dos relacionamentos, por

parte do cliente, envolve a troca de sentimentos de afeto e carinho, a sensação de pertencimento,

o “ser conhecido” e reconhecido, desfrutar de amizades e relacionamento pessoal com os

funcionários e com outras pessoas envolvidas no ambiente de serviço. “Por isso, alguns clientes

se sentirão motivados a evitar o estresse psicológico e emocional que, consequentemente, virá

com o fim de tais relações quase-sociais” (p.109).

Os benefícios sociais são ainda mais importantes em serviços em que se existe maior contato

com o cliente, como serviços médicos, salão de beleza e serviços de fitness (GWINNER;

GREMLER; BITNER, 1998; PATTERSON; SMITH, 2003).

Gwinner, Gremler e Bitner (1998) afirmam que “em determinados contexto, como health clubs,

programas de perda de peso ou destinos vocacionais, os benefícios sociais podem derivar da

interação e amizade cliente-cliente, bem como das interações fornecedor-cliente”. Os tópicos a

seguir trazem um pouco mais sobre essas duas modalidades de interação no contexto do fitness.

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Relação Professor-Aluno

O relacionamento entre professor e aluno nos clubes é um fator crítico para a aderência a prática

de atividade física em academias (ERLICH, 2010). Entretanto, a qualidade do atendimento do

professor é uma variável difícil de ser controlada, devido a vários fatores, entre eles: a grande

quantidade de professores no quadro de funcionários; baixa fidelidade de professores e alunos

em relação ao horário na academia; alto turnover de professores e estagiários. As academias

são um tipo de serviço que utiliza mão de obra intensiva, e assim sendo, “os funcionários

adicionam uma grande dose de variabilidade ao processo de sua produção, que não é facilmente

controlada pelo fornecedor” (LOVELOCK; WHIGHT, 2004, p.110).

As estratégias para melhorar a qualidade do serviço prestado pelos professores nas academias

passam pelo que Lovelock e Whight (2004, p.408) denominam o ciclo do sucesso:

Desenhos de cargo ampliados são acompanhados por práticas de treinamento

e empowerment que permitem ao pessoal de frente controlar a qualidade. Com

o recrutamento mais direcionado, treinamento mais intenso e melhores

salários, os funcionários tendem a ficar mais satisfeitos em seu trabalho e a

fornecer serviço de qualidade mais alta e que satisfaça os clientes.

A presença de professores está relacionada com uma maior retenção em programas de atividade

física (CYARTO et al., 2006). Souza et al. (2009) afirmam que aumentar o relacionamento com

o cliente tende a gerar mais satisfação e a aumentar o custo de mudança. Entriel (2008)

encontrou uma associação positiva entre o reconhecimento do atendimento por parte do

professor, na classificação “excelente”, com um maior tempo de relacionamento com a

empresa.

Gwinner, Gremler e Bitner (1998) ressaltam a importância dos antecedentes sociais na lealdade

dos clientes. Em sua pesquisa, esses autores encontraram uma forte relação entre a percepção

da existência de laços entre funcionários e clientes com uma maior resistência a atratividade

das concorrentes e com uma melhor avaliação da qualidade.

Entretanto, é importante destacar que, contar com profissionais bem treinados, bem

remunerados e selecionados de acordo com as características da função nem sempre resulta

num bom atendimento aos clientes. Lovelock e Whight (2004, p.349), a respeito de capacidade

produtiva, afirmam que “os níveis de lotação para pessoal de contato com os clientes [...]

precisam ser suficientes para atender a demanda prevista”.

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Relação Aluno-Aluno

Embora a relação aluno-professor e aluno-staff sejam muito importantes para a retenção de

clientes em academias (ERLICH, 2010), para Mc Carthy (2004), o grande destaque é para a

relação aluno-aluno. O autor afirma que clubes caracterizados por fortes conexões membro a

membro são mais capazes de reter seus clientes que clubes caracterizados por conexões

membro-staff. Rojas (2003) também encontrou essa relação. A presença de amigos

frequentando a mesma academia foi associada com uma maior taxa de aderência4. Entriel

(2008, p.277) identificou que clientes ativos possuíam “vários amigos ou parentes

matriculados”.

Esta sessão abordou as barreiras à mudança, em especial os custos de mudança e os benefícios

sociais. Para o desenvolvimento desta pesquisa, entretanto, optou-se por limitar a abrangência

destes constructos aos aspectos estritamente relacionais (relacionamento pessoal com

funcionários ou com outros clientes). Assim, ao invés de se referir às barreiras à mudança, será

utilizada a expressão Barreiras Relacionais à Mudança. Portanto, as Barreiras Relacionais à

Mudança compreendem os ‘relacionamentos interpessoais’ e os ‘custos de perda de

relacionamento pessoal’ apenas.

A partir do que foi exposto nesta seção, propõem-se as seguintes hipóteses:

H4: As Barreiras Relacionais à Mudança se relacionam direta e positivamente com a

Lealdade dos clientes.

H5: As Barreiras Relacionais à Mudança se relacionam direta e positivamente com a

Retenção de Clientes.

Modelo Conceitual e Hipóteses

A partir do que foi visto na literatura, foram propostas 05 hipóteses relacionando os principais

temas desenvolvidos. A Figura 2 representa graficamente o modelo hipotético que será testado.

4 “Número de sessões frequentadas dividido pelo número de sessões prescritas” (CYARTO et al., 2006, p.403).

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Fonte: Elaborado pelo autor.

Quadro 1 - Hipóteses

Fonte: Elaborado pelo autor.

H1: A Lealdade dos Clientes se relaciona direta e positivamente com a Retenção de Clientes.

H2: Qualidade de Serviço influencia direta e positivamente a Lealdade de Clientes.

H3: Qualidade de Serviço influencia direta e positivamente a Retenção de Clientes.

H4: As Barreiras Relacionais à Mudança se relacionam direta e positivamente com a

Lealdade dos clientes.

H5: As Barreiras Relacionais à Mudança se relacionam direta e positivamente com Retenção

de Clientes.

Lealdade Qualidade

Percebida

Retenção Barreiras

Relacionais à Mudança

H1

H2

H3

H4

Figura 2 - Modelo conceitual

H5

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42

3 METODOLOGIA

Depois de revista a literatura de marketing e gestão de serviços, dá-se prosseguimento à

descrição da forma com que foram atingidos os objetivos propostos na introdução desta

pesquisa. Iniciando pelo delineamento da pesquisa, a descrição da amostra, os procedimentos

de coleta e a análise dos dados.

Delineamento da Pesquisa

Esta pesquisa tem Natureza Descritiva, pois se apoia na observação, acompanhamento e

descrição de características de um público específico – frequentadores de academias de

ginástica – e das relações inerentes à prática de atividade física em clubes. “Procura descobrir

a frequência com que um fato ocorre, sua natureza, suas características, causas, relações com

outros fatos. ” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p.52).

Dois métodos foram utilizados para obtenção de informações na população pesquisada: o

Método de Levantamento de Campo (survey), que se baseia no interrogatório direto dos

participantes a partir de questionários estruturados a fim de elucidar informações específicas; e

o Método de Observação, e, particularmente, a observação mecânica indireta, a qual se utiliza

de dispositivos mecânicos (neste caso uma catraca) ou de informações disponíveis em bancos

de dados com registros do comportamento de indivíduos sem, contudo, modificar sua rotina.

(MALHOTRA, 2006)

As etapas de avaliação das escalas utilizadas seguem o modelo de validação proposto por

Churchill (1979). Segundo o autor, uma boa pesquisa deve começar com a definição clara

daquilo que se pretende investigar, seguindo-se da escolha dos itens que irão compor o

instrumento. No caso de um estudo exploratório, a medida deverá ser purificada, sugerindo-se

uma nova coleta de dados e, então, a avaliação da validade e confiabilidade das medidas. No

caso desta pesquisa, foram utilizadas medidas já conhecidas e amplamente testadas em

trabalhos realizados na área da administração de empresas e marketing, sendo assim, a

validação tem um caráter confirmatório. Ainda assim, devido a modificações feitas pelo autor

e por conta da utilização isolada de fatores componentes de medidas maiores, fez-se necessário

o cumprimento de uma rotina exploratória dos dados.

Portanto, o agrupamento teórico dos itens nos fatores, conforme descrito pela teoria, foi

inicialmente submetido a uma análise confirmatória. Mas também, com o objetivo otimizar a

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utilização do instrumento, outra organização dos itens foi obtida a partir da análise exploratória

dos dados para identificação de um melhor agrupamento das variáveis (HAIR et al., 2009). Os

dois agrupamentos foram utilizados na análise de regressão e, em seguida, os resultados foram

comparados e analisados.

Figura 3 - Desenho metodológico da pesquisa

Fonte: adaptado de Churchill (1979)

População e Amostra

A população definida para esta pesquisa consta de praticantes e ex-praticantes de atividade

física em academias de ginástica na cidade do Recife. No período do fechamento desta pesquisa,

o site do Conselho Regional de Educação Física mantinha em seus registros 657 academias nos

estados de Pernambuco e Alagoas, das quais, sabe-se que algumas já estão inativas, e ainda

existem outras que estão em funcionamento sem o devido registro no conselho de acordo com

dados do CREF (2015). Entretanto, não foi encontrado nenhum censo ou pesquisa que

quantifique de forma específica esse universo de praticantes de atividade física em academias

da cidade do recife. Informações mais gerais sobre o segmento já foram discutidas na

justificativa prática desta pesquisa.

A amostra é do tipo não probabilística e foi constituída segundo o critério de conveniência,

levando em consideração a facilidade de acesso aos alunos e ao registro de dados das academias.

Embora não seja recomendável estabelecer generalizações para a população pesquisada a partir

Especificar conceitualmente os construtos

Gerar amostra de itens

Coletar DadosPurificar medidas

Coletar Dados

Avaliar confiabilidade

Avaliar validadeDesenvolver

Normas

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dos resultados obtidos com este tipo de amostra (MALHOTRA, 2006), a amostragem não

probabilística pode ser bastante útil, especialmente se sua composição se aproximar da

população alvo.

Duas academias foram escolhidas de acordo com este critério, uma localizada no bairro da torre,

na zona norte, com 1253 alunos cadastrados, sendo 707 ativos. Outra no bairro da estância,

zona oeste do Recife, com 1927 alunos cadastrados, sendo 783 ativos. O ticket médio, que

representa o valor médio cobrado por cada plano ativo na academia é muito próximo uma da

outra, cerca de R$ 70,00.

O tamanho mínimo da amostra segundo Hair et al. (2009) depende do número de variáveis

preditoras consideradas na análise, incluindo as que podem ser excluídas (como na estimação

stepwise). Sugere-se uma proporção de 20 casos por variável, o que pode ser bastante difícil em

alguns estudos, neste caso, o número mínimo seria de 5 observações por variável.

Variáveis pesquisadas

No Quadro 2 são apresentadas todas as variáveis que foram pesquisadas através do

levantamento, mediante aplicação de questionário. Também são apresentados os trabalhos

utilizados como referência para definição dos constructos e as medidas utilizadas.

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Quadro 2 - Medidas relacionada com cada constructo

Constructo Dimensões Escala Questões Descrição Itens da

escala

Discriminação

dos Itens

Qualidade

Percebida

Tangíveis SERVQUAL Parasuraman,

Zeithaml e Berry (1985)

modificado por Cronin e

Taylor (1992): SERVPERF

(apenas performance)

1;2;3;4

22 questões do

SERVQUAL nas 5

dimensões propostas

pelos autores

Tipo likert

de 5 pontos

“discordo

fortemente”

“concordo

fortemente”

Confiabilidade 5;6;7;8;9

Presteza 10;11;12;13

Segurança 14;15;16;17

Empatia 18;19;20;21;22

Servicescape Reimer e Kuehn (2005) 23;24;25

Agradabilidade de

temperatura, música e

equipamentos

Tipo likert

de 5 pontos

“discordo

fortemente”

“concordo

fortemente”

Barreiras

Relacionais à

Mudança

Benefícios sociais

Modificado de Jones,

Mothersbaugh e Beatty

(2000)

26;27;28;29

4 questões sobre o

relacionamento com

funcionários e com

outros alunos

Tipo likert

de 5 pontos

“discordo

fortemente”

“concordo

fortemente”

Custos Relacionais

Jones, Reynolds,

Mothersbaugh e Beatty

(2007)

30;31;32

3 itens relacionados à

perda de

relacionamento

pessoal e amizade

Tipo likert

de 5 pontos

“discordo

fortemente”

“concordo

fortemente”

Lealdade Reichheld (2003)

Cronin et al. (2000) 33

Item único, sobre

intenção de

recomendar

Tipo likert

de 11 pontos

“nada

provável”

“extremamente

provável”

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Para a variável ‘qualidade percebida’, foi utilizada a escala SERVQUAL de Parasuraman,

Zeithaml e Berry (1988) e PBZ (1991) na perspectiva de performance de Cronin e Taylor (1992;

1994) seguida por Patterson e Smith (2003). Esta abordagem questiona os respondentes apenas

sobre o que ele percebe em relação ao seu provedor de serviços. Em contraste com os autores

da escala SERVQUAL, que propuseram uma avaliação em 3 etapas, a saber: expectativa,

importância atribuída e performance.

03 questões de ambiente de serviço (Servicescape) foram incluídas ao instrumento. Reimer e

Kuehn (2005) recomendam que essas questões sejam incluídas à dimensão tangíveis da escala

SERVQUAL, entretanto, optou-se por avaliar a validade deste constructo de forma isolada,

uma vez que a fusão entre estas dimensões ainda foi pouco pesquisada.

Para ‘benefícios sociais’ foi utilizada uma modificação feita a partir da medida proposta por

Jones, Mothersbaugh e Beatty (2000). Os itens foram divididos de forma simétrica, sendo duas

questões referentes ao relacionamento funcionário-cliente e, outras duas, referentes ao

relacionamento cliente-cliente. Para ‘custos de mudança relacionais’ foi utilizada a escala de

Jones, Reynolds, Mothersbaugh e Beatty (2007) sem modificações.

Para medir a variável ‘lealdade’, optou-se por um item único a respeito da ‘probabilidade de

recomendação’ da empresa. Esta medida se baseia nos trabalhos de Frederick Reichheld (2001;

2003), publicados na Harvard Business Review, onde o autor argumenta a favor da

simplificação da medida para esse constructo, entendendo que a ‘recomendação’ é um indicador

suficiente para prever não apenas a retenção, mas também o crescimento e a sustentabilidade

de uma empresa. Para o estudo preditivo, foi necessário transformar esta variável ordinal numa

variável categórica binária, uma vez que esta é uma exigência para as variáveis dependentes

numa regressão logística. Assim, adotou-se o ponto de corte proposto por Reichheld (2003),

considerando-se os indivíduos não leais aqueles que pontuaram de 0 até 8 e leais aqueles que

assinalaram 9 ou 10.

Oliver (1999) argumenta a favor da múltipla abordagem da lealdade. Para o autor, a avaliação

da lealdade depende tanto de se capturar a disposição interna quanto a intenção e o

comportamento associado. Esta concepção está de acordo com o que foi proposto anteriormente

por Alzen (1991), em sua teoria a respeito das etapas que antecedem um comportamento

específico. Assim, uma ‘disposição interna favorável’ seria apenas um dos antecedentes da

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intenção comportamental e esta última, antecedente do comportamento, não sendo suficiente

para capturar, sozinha, a dimensão em que se encontram.

Para este trabalho, optou-se por medir a ‘probabilidade de recomendar’ entendendo que esta

medida é capaz de capturar o que Dick e Bazu (1994) chamaram de lealdade latente, ou seja,

uma disposição interna favorável ao fornecedor. Lealdade, nestes termos, é direcionada ao grau

de afeto (gosto ou afeição) pelo fornecedor (OLIVER, 1999)

Com isto, embora possa existir alguma correlação, não se assume que exista uma forte

correlação entre lealdade e retenção uma vez que as medidas capturam variáveis de caráter

distintos (latente e observável respectivamente). Entretanto, lealdade é uma medida expressiva,

pois, mesmo que a disposição para recomendar um fornecedor não se concretize, para aquele

indivíduo especificamente, num comportamento de renovação, poderá gerar publicidade,

agregar credibilidade e status a determinado fornecedor de serviços (REICHHELD, 2003). O

autor afirma que essa “pergunta definitiva” é capaz de prever não apenas o comportamento de

recompra, mas também a reputação de uma empresa.

Outro argumento para a não inclusão do item ‘intenção de renovar’ na variável lealdade, é que

já existe um comportamento de renovação (ou não-renovação) coletado nesta pesquisa para

uma amostra de 144 indivíduos. E um item com a questão ‘intenção de renovar’, caso fosse

incluído, deveria conter algum ajuste que contemplasse os desertores. Assim, a questão deveria

ser expressa da seguinte maneira: Você tem a intenção de renovar ou de voltar a utilizar os

serviços da empresa XYZ? Ou então seria dividida em duas partes, uma para os ativos, outra

para os inativos. Em ambos os casos, a validade da escala poderia ser comprometida. Com

relação a isso, Peter e Churchill (1989) sugerem que se observem maneiras simplificadas de

medição (embora advoguem a favor das escalas multi-itens), evitando muitas variações de

escalas e de estruturação de itens, afim de se obter uma maior fluidez, melhor compreensão dos

conceitos e menos variância do método.

Coleta de Dados

Como já foi indicado anteriormente, dois métodos de coleta foram utilizados para obtenção dos

dados da pesquisa: o levantamento e a observação.

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O método utilizado inicialmente foi o levantamento. Nesta etapa foi aplicado um questionário

contendo um total de 33 questões de múltipla escolha, um espaço para comentários e sugestões

ao final (que foi incluído depois da realização do pré-teste mas que não foi considerado para

fins desta pesquisa), e um cabeçalho, com espaço determinado para que o respondente colocasse

seu nome e data de nascimento. Esta condição de se identificar enquanto respondente retira do

questionário uma propriedade que lhe é peculiar e estrategicamente apreciada (GIL, 1999). A

opção pelo não anonimato, no entanto, possibilitou o enriquecimento dos dados através da

coleta observacional e do acesso aos dados do sistema. Duas versões foram elaboradas, uma

impressa e a outra online.

Foi realizado um pré-teste em duas etapas: na primeira, acadêmicos da área de marketing

responderam o questionário apontando suas principais dúvidas, críticas e sugestões. A partir

destas considerações foram feitos os primeiros ajustes na forma e na apresentação do

instrumento. Na segunda, usuários, gestores e funcionários da academia responderam e também

fizeram seus comentários e sugestões. Uma crítica que foi recorrente, diz respeito ao fato de

algumas questões serem parecidas, o que alguns argumentaram que tornava repetitivo o

processo. Com relação a modificação de questões ou retirada de itens de alguma medida

específica, nada foi feito, embora isto possa influenciar na taxa de resposta. O pré-teste alcançou

o seu objetivo de antecipar alguns problemas e evidenciar falhas (GIL, 1999), até mesmo no

sentido de antever as objeções e modificar a estratégia de abordagem.

Os questionários foram administrados presencialmente, no ambiente da própria academia, com

o incentivo do pessoal da recepção e dos professores. Também foram feitos envios por e-mail,

onde o aluno/ex-aluno era convidado a participar da pesquisa. Outro método de envios foi

testado de forma experimental, os SMS’s. Porém, o que parecia ser uma excelente estratégia,

atingiu uma taxa de retorno de apenas 1,5%, contra 2,6% do e-mail.

Ainda na etapa de levantamento, procedeu-se a tarefa de integração e tabulação dos dados por

meio do nome e data de nascimento de cada respondente. A partir dos dados cadastrais se teve

acesso às variáveis ‘distância’ e ‘recompra’. A variável distância foi construída tomando-se os

dados do endereço dos alunos e calculando a distância entre este e a academia. Para este cálculo

foi utilizada a plataforma de mapas Google Maps, na opção de trajeto a pé, que busca a menor

distância entre 02 pontos no mapa. A variável ‘recompra foi obtida através do acesso ao

histórico de renovação e cancelamento dos respondentes.

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O outro método utilizado para a coleta de dados nesta pesquisa foi a observação. A variável

‘frequência’ foi obtida pelo método de observação mecânica, que, segundo Malhotra (2006) é

um método capaz de captar importantes variáveis sem alterar a rotina dos indivíduos.

As duas academias pesquisadas contam com um sistema de Gestão de Relacionamento com o

Cliente (CRM) que, entre outras funcionalidades, registra a presença do aluno na academia. O

dispositivo responsável por este registro é um leitor biométrico integrado a uma catraca. Para

entrar na academia, qualquer aluno deve primeiramente marcar sua frequência, gerando um

histórico de uso e, principalmente de baixo-uso.

Métodos de Análise

A maior parte das análises foi realizada com o uso do software Statistical Package for the Social

Sciences (SPSS) versão 22 e o complemento Amos, especificamente para a Análise Fatorial

Confirmatória. Apenas o teste comparativo das Curvas ROC para os modelos gerados, foi feita

com o software MedCalc versão 15. As análises realizadas foram: Análise fatorial

confirmatória, análise fatorial exploratória, correlação de Spearman e regressão logística. Segue

a descrição das 04 principais análises:

Análise Fatorial Confirmatória

A primeira técnica utilizada foi a Análise Fatorial Confirmatória (AFC), que é uma técnica

multivariada que tem o objetivo de “testar o quão bem variáveis medidas representam um

número menor de construtos” (HAIR et al., 2006, p. 589). Neste trabalho ela será utilizada com

o propósito de validar o instrumento de mensuração. Note-se que esta técnica só é possível

mediante a apropriação de uma teoria que especifique a operacionalização dos construtos.

Para o número de variáveis originalmente propostas, 8 variáveis, sugerem-se pelo menos 160

casos, sendo 20 para cada variável pesquisada (HAIR et al., 2006). Sendo assim, nossa amostra

com o N de 228 casos foi a utilizada.

Análise Fatorial Exploratória

Análise Fatorial Exploratória (AFE) é uma técnica de interdependência com o propósito

principal de “definir a estrutura inerente entre as variáveis na análise” (HAIR et al., 2009, p.

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102). Esta técnica é comumente empregada em análises exploratórias, onde não se sabe a

verdadeira estrutura por trás de um conjunto de dados.

A AFE é capaz de reduzir um grande conjunto de dados em grupos menores denominados

fatores ou dimensões. O procedimento se dá através da medição do efeito de duas ou mais

variáveis independentes em vários níveis, gerando uma medida desta interação (MALHOTRA,

2006). São geradas medidas de interação para todas as variáveis em cada fator (agrupamento)

com valores maiores indicando uma maior força de interação.

A magnitude da interação entre as variáveis num determinado fator é determinada pela carga

fatorial. Os valores variam entre 0 e 1, sendo que valores maiores representam uma maior força

de relação num determinado fator (HAIR et al., 2009).

Análise de Regressão Logística

A análise de regressão logística foi a técnica estatística utilizada nesse estudo por sua

particularidade em aceitar uma medida binária para a variável dependente (HAIR et al., 2009).

Esta técnica é bastante apropriada por sua robustez no tratamento de dados independentemente

de se atenderem as suposições de normalidade e linearidade. Além disso, ela apresenta “testes

estatísticos diretos, tratamentos similares para incorporar variáveis métricas e não métricas e

efeitos não lineares, e uma vasta gama de diagnósticos” (p. 283).

A análise de regressão logística é um tipo de análise de regressão múltipla e tem por objetivo

“usar as variáveis independentes cujos valores são conhecidos para prever os valores da variável

dependente selecionada pelo pesquisador” (HAIR et al., 2009, p.154).

Para esta pesquisa, as variáveis dependentes ‘retenção de clientes’ e ‘lealdade’ possuem duas

alternativas possíveis, sim ou não, o que nesta técnica é representado por 0 e 1. Um valor de

probabilidade entre 0 e 1 é gerado para a previsão de cada observação, baseado nos valores das

variáveis independentes e nos coeficientes estimados. O valor de 0,5 é utilizado como ponto de

corte para determinar o resultado esperado para a variável dependente, sendo que, para valores

acima, a previsão é de que o resultado seja 1 e 0, caso o resultado seja menos (HAIR et al.,

2009). A qualidade do ajuste do modelo é avaliada pelas medidas de pseudo R² e pelo valor -2

logaritmo de verossimilhança -2LL.

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Com esta técnica, foi possível identificar os fatores/variáveis que mais influenciam as variáveis

dependentes nesta amostra.

Curva ROC

A quarta técnica utilizada foi o gráfico de Características de Funcionamento do Receptor

(ROC). Mais conhecido como Curva ROC, esta é uma “técnica de visualização, organização e

seleção de classificadores com base em seu desempenho” (FAWCETT, 2006, p. 861). A técnica

consiste na identificação visual de erros e acertos na determinação probabilística de um

determinado evento.

Em suma, o gráfico mede a Sensibilidade (taxa de verdadeiros positivos) versus a Sensibilidade

(taxa de falsos positivos) (BRAGA, 2000). Uma boa medida de probabilidade, seria aquela que

identificasse a maior quantidade de verdadeiros positivos e que obtivesse um valor mínimo de

falsos positivos. Por exemplo, a figura 4 demonstra a diferença entre dois tipos de exame. O

exame B, tem uma boa taxa de acertos para verdadeiros positivos e uma baixa taxa de falsos

positivos. A Área Sob a Curva é um indicador de desempenho de um classificador (FAWCETT,

2006) e é bastante utilizado para avaliar a capacidade de previsão de uma medida.

Hanley e McNeil (1986) propuseram um teste para a comparação de curvas com a mesma

amostra. A comparação é baseada na determinação da igualdade ou diferença no valor da área

sob a curva AUC. As curvas dos diferentes modelos serão comparadas a partir deste teste.

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Figura 4 - Exemplo de Curva ROC

Fonte: Elaborado pelo autor.

A seguir, serão apresentados os resultados desta pesquisa.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Exame A

Exame B

1- Especificida

Sen

sib

ilid

ade

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4 RESULTADOS

Para uma melhor compreensão dos resultados, é importante perceber que eles seguem a seguinte

lógica:

Primeiro os itens do questionário foram submetidos à validação através da Análise

Fatorial Confirmatória;

Foi feita a identificação de novos agrupamentos para as variáveis pesquisadas no

questionário por meio da Análise Fatorial Exploratória;

Descrição da amostra;

Em seguida, a análise de correlação entre ‘lealdade’ e ‘retenção’;

As medidas originais e os novos agrupamentos encontrados foram submetidos à Análise

de Regressão Logística, juntamente com outras variáveis de caráter demográfico ou

comportamental, para determinar a relação preditiva de cada variável com a retenção e

a lealdade de clientes;

Por fim, os resultados para o modelo confirmatório (teórico) e o exploratório foram

comparados com relação ao maior poder preditivo.

Segue a descrição dos resultados.

Análise Fatorial Confirmatória (AFC)

A redução dos itens do questionário nas dimensões propostas pela teoria foi submetida à

validação por meio da AFC. Iniciando com o desenho da representação visual da teoria como

mostrado na figura 5. Em seguida, foi selecionada a estimação de máxima verossimilhança e

calculadas as estimativas. Uma primeira análise identificou baixas comunalidades para algumas

variáveis (valores padronizados < 0,5), o que implicou na exclusão dos itens 13, 18, 22, 24 e

25. Esta decisão se justifica pelo fato de o tamanho da amostra (228 casos) não suportar

comunalidades baixas nem construtos sub-identificados (menos de 03 itens por dimensão)

(HAIR et al., 2009).

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Os itens 9 e 26 também foram descartados posteriormente com o objetivo de se obter um melhor

ajuste do modelo, a partir da avaliação das estimativas dos resíduos padronizados. Foram

descartados resíduos com valores absolutos maiores que 2,5 que também apresentassem cargas

fatoriais abaixo de 0,7 e que sua eliminação não comprometesse o número mínimo de 3 itens

por dimensão. Assim, os fatores presteza, empatia, e benefícios sociais passaram a conter

apenas 03 itens e o fator confiabilidade, apenas 4 itens. O fator relacionado aos aspectos

ambientais foi totalmente excluído.

O ajuste do modelo está demonstrado no quadro a seguir. Entre os parâmetros observados,

apenas o CFI obteve resultado limítrofe, contudo, para o objetivo desta pesquisa, o valor é

aceitável de acordo com Hair et al., (2009). O fato de outros índices se mostrarem satisfatórios

também foi levado em consideração para que o valor de CFI fosse aceito.

Quadro 3 - Ajuste geral do modelo

Valores esperados Valores obtidos

X² N E* 508,870

gl N E* 231

Nível de probabilidade N E* 0,000

Índices de ajuste absoluto

X²/gl N E* 2,203

RMSEA < 0,08 0,073

SRMR ≤ 0,08 0,0644

Índice de ajuste incremental

CFI ≥ 0,95 0,90

Fonte: Valores referência para uma amostra menor que 250 casos e menos do que 30

variáveis (HAIR et al., 2009). (*) Não especificado.

A Figura 5 apresenta o desenho do modelo final contendo as estimativas padronizadas,

referentes a cada relação entre as variáveis e seus constructos, e covariâncias, destes entre si.

Na figura, os itens marcados com um “x” foram excluídos.

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No quadro a seguir, serão apresentados os valores alfa (α) de Cronbach relativos a cada bloco

de questões do questionário, que variaram entre 0,535 e 0,871. A dimensão ‘fatores ambientais’

apresentou um alfa inferior a 0,6, indicando uma confiabilidade de consistência interna não

satisfatória (MALHOTRA, 2006), contudo, nenhuma ação foi necessária, uma vez que esta

dimensão já havia sido rejeitada pela AFC.

Figura 5 - Modelo final da AFC

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Quadro 4 - Medida de consistência interna (α) de Cronbach

Variável Itens antes depois

Tangíveis (tangíveis +

fatores ambientais)

Questões 1;2;3;4 (SERVQUAL)

Questões 23;24;25 (fatores ambientais)

0,738

Tangíveis

(SERVQUAL) Questões 1;2;3;4 (SERVQUAL)

0,722 0,722

Fatores Ambientais Questões 23;24;25 0,560

Confiabilidade Questões 5;6;7;8;9 (SERVQUAL) 0,867 0,874

Presteza Questões 10;11;12;13 (SERVQUAL) 0,645 0,734

Segurança Questões 14;15;16;17 (SERVQUAL) 0,825 0,825

Empatia Questões 18;19;20;21;22 (SERVQUAL) 0,689 0,739

Benefícios Sociais Questões 26;27;28;29 0,810 0,797

Custos Relacionais Questões 30;31;32 0,796 0,785

Fonte: Elaborado pelo autor.

Análise Fatorial Exploratória

O segundo procedimento para agrupamento e redução dos itens da pesquisa teve caráter

exploratório mediante a aplicação da técnica de Análise Fatorial Exploratória (AFE) com o

método de extração de análise de componentes principais e rotação varimax.

Dado o tamanho da amostra de 228 casos, cargas fatoriais de 0,40 ou mais foram consideradas

estatisticamente significativas (HAIR et al., 2009). De acordo com esse critério, apenas o item

22 apresentou um valor de comunalidade baixo (0,335). O item foi excluído e a análise foi

repetida, de forma que todos os demais itens foram aceitos. No novo modelo que foi gerado,

foi observada a repetição de cargas significativas de alguns itens em mais de um fator. Assim,

optou-se por eliminar os itens com carga maior que 0,3 que estivessem presentes em mais de

dois fatores. A partir deste critério, os itens 3, 9, 15 e 20 foram excluídos.

A medida geral de adequação da amostra foi de 0,868, um valor considerado admirável segundo

Hair et al. (2009). O valor para o teste de esfericidade de Bartlett foi de 2860,848 para 351 graus

de liberdade, com uma significância de 0,000. A variância total explicada foi de 65,734 por

cento. As comunalidades são apresentadas na Tabela 3.

Quadro 5 - Adequação do modelo

Medida KMO de adequação de amostragem. ,869

Teste de esfericidade de

Bartlett

Aprox. Qui-quadrado 2860,848

df 351

Sig. ,000

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Tabela 3 - Matriz de componente rotativa a

Componente

1 2 3 4 5 6 7

Segurança 16 ,799

Presteza 12 ,779

Segurança 17 ,725 ,383

Segurança 14 ,674

Empatia 21 ,630 ,474

Empatia 19 ,561

Presteza 11 ,538 ,451

Confiabilidade 8 ,830

Confiabilidade 5 ,811

Confiabilidade 6 ,695

Confiabilidade 7 ,362 ,685

Presteza 10 ,672

Benefícios soc. 28 ,835

Benefícios soc. 29 ,806

Benefícios soc. 27 ,724 ,352

Benefícios soc. 26 ,690

Tangíveis 1 ,642

Tangíveis 2 ,326 ,603

Tangíveis 4 ,379 ,586

Empatia 18 ,394 ,543

Custos relac. 31 ,881

Custos relac. 30 ,855

Custos relac. 32 ,649

F. ambientais 23 ,736

F. ambientais 24 ,653

F. ambientais 25 ,472 ,544

Presteza 13 ,878

Método de Extração: Análise de Componente Principal.

Método de Rotação: Varimax com Normalização de Kaiser.

a. Rotação convergida em 8 iterações.

Fonte: Elaborado pelo autor.

As novas categorias foram nomeadas de acordo com o perfil das questões ou da frequência com

que os itens de uma determinada dimensão teórica se repetiram na redução fatorial. Assim, os

novos fatores foram chamados respectivamente: fator humano, confiabilidade, benefícios

sociais, tangíveis, custos relacionais, fatores ambientais e disponibilidade.

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Esta nova configuração não destoa ou contradiz a teoria, pelo contrário, os itens de ‘qualidade

percebida’ e ‘barreiras relacionais’ foram agrupados independentemente um do outro, ou seja,

em nenhum dos fatores, um item de ‘barreiras relacionais’ se agrupou com um item de

‘qualidade percebida’. Apenas alguns itens de qualidade se agruparam de uma forma diferente

mas, ainda assim, junto com outros itens também de qualidade. O Fator Humano agrupou itens

de três fatores teóricos, entretanto, parece haver uma certa lógica entre eles. Este fator foi assim

denominado porque todos os itens apresentaram uma atitude ou comportamento dos

funcionários em relação aos clientes denotando uma postura de boa vontade ou cortesia, e

embora Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) não tenham previsto algo do tipo, fica evidente

que alguns itens avaliam a empresa enquanto entidade, e outros a avaliam a partir das atitudes

e comportamento observados nos funcionários, como no caso do fator humano. Assim, os novos

fatores parecem relevantes do ponto de vista teórico.

A confiabilidade interna das medidas foi estimada pelo valor (α) Alfa de Cronbach. Os valores

são apresentados no quadro a seguir.

Quadro 6 - Agrupamento alternativo para os itens pesquisados

Variável Itens (α)

Fator Humano Questões 11;12;14;16;17;19;21 0,876

Confiabilidade Questões 5;6;7;8;10 0,888

Benefícios Sociais Questões 26;27;28;29 0,797

Tangíveis Questões 1;2;4;18 0,636

Custos Relacionais Questões 30;31;32 0,785

Fatores Ambientais Questões 23;24;25 0,560

Disponibilidade Questão 13 N A*

Fonte: Elaborado pelo autor. (*) Não apresentado neste tipo de teste.

Estatística descritiva

O total de respondentes foi de 266, sendo que 04 questionários foram descartados inicialmente

por falhas verificadas no seu preenchimento por parte dos respondentes. Outros 34, por conta

da ausência de dados entre as questões 01 e 32 do questionário.

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59

Fonte: Elaborado pelo autor.

A quantidade final de questionários válidos foi de 228, dos quais 122 respondentes do sexo

feminino e 106 do sexo masculino, representando respectivamente 53,5% e 46,5%. A idade

média dos respondentes é de 33,3 anos com um desvio padrão de 12,3, sendo que as idades

mínima e máxima foram respectivamente 14,9 e 77,4 anos. Jovens entre 21 e 30 anos integram

o grupo que mais respondeu a pesquisa.

Figura 6 - Gráfico descritivo da idade (intervalado)

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60

Fonte: Elaborado pelo autor.

Dentre os respondentes, 77% moram numa distância de até 01 quilômetro da academia. 76,3%

frequenta a academia até 03 vezes na semana e apenas 23,7% vai mais do que 03 vezes.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 8 - Gráfico descritivo da frequência (intervalado)

Figura 7 - Gráfico descritivo da distância (intervalado)

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61

Dos 228 casos válidos, 114 não apresentaram dados para a variável retenção. Ou seja, o cliente

não apresentou, pelo menos um comportamento de renovação, cancelamento ou não-renovação.

Este subgrupo foi composto por muitos alunos novos, que ainda estavam no período de vigência

do primeiro plano ou mensalidade. Portanto, as análises feitas com a variável dependente

retenção contaram com uma amostra menor.

Correlação entre Lealdade e Retenção

O teste de correlação de Spearman foi utilizado para a análise da relação entre as variáveis

‘retenção’ e ‘lealdade’, por ser o equivalente não paramétrico para o coeficiente de correlação

de Pearson (LARSON; FARBER, 2010). Esta etapa corresponde ao primeiro objetivo

específico proposto para esta pesquisa.

Um coeficiente de correlação alto indica uma relação forte entre as variáveis e um coeficiente

de correlação baixo significa que existe uma fraca associação entre as variáveis. (HAIR et al,.

2009). Figueiredo e Silva (2010) apresentam dois tipos de classificação diferente para os valores

do coeficiente de correlação e ambas apontam o valor de 0,150 como se tratando de uma

correlação fraca. Existe relação positiva entre as duas variáveis, mas essa relação é fraca. A

correlação foi significativa no nível de confiança 0,05 (1 extremidade).

Tabela 4 - Correlação entre Retenção e Lealdade Lealdade

Retenção Correlação de Spearman ,150*

,048

124

Sig. (1 extremidade)

N

Fonte: Elaborado pelo autor. (*) significativo no nível 0,05 (1 extremidade)

A tabela a seguir é descritiva das frequências de lealdade e retenção.

Tabela 5 - Retenção e Lealdade binomial com tabulação cruzada

Fonte: Elaborado pelo autor.

Lealdade binomial Total

não sim

Retenção não Contagem 12 10 22

% em Retenção 54,5% 45,5% 100,0%

sim Contagem 35 67 102

% em Retenção 34,3% 65,7% 100,0%

Total Contagem 47 77 124

% em Retenção 37,9% 62,1% 100,0%

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62

A hipótese H1 não foi refutada, uma vez que a relação entre lealdade e retenção existe, embora

esta relação seja fraca.

Estudo preditivo

A análise de regressão logística foi a técnica estatística utilizada nesse estudo por sua

particularidade em aceitar uma medida binária para a variável dependente (HAIR et al., 2009).

Quatro testes foram realizados com os agrupamentos encontrados nas etapas confirmatória

(modelos 1 e 3) e exploratória (modelos 2 e 4) desta pesquisa, sendo 2 para cada uma das

variáveis dependentes, ‘retenção’ e ‘lealdade’. O quadro 7 descreve cada uma das variáveis

pesquisadas nos modelos iniciais e o quadro 8 demonstra os quatro modelos possíveis.

Quadro 7 - Descrição das variáveis utilizadas na regressão

Retenção Variável dependente (comportamental). Se refere à decisão de

recomprar ou não recomprar o serviço. Sendo o 0 referente à não-

recompra e 1 à recompra.

Lealdade Variável dependente (perceptual). Sendo 0 referente à indivíduos

não-leais e 1 à leais, conforme o ponto de corte descrito na sessão

correspondente na metodologia.

Sexo

Variáveis sócio demográficas Idade

Distância

Frequência Variável comportamental

Variáveis perceptuais:

Modelo Teórico (confirmatório) Modelo Exploratório

Tangíveis Fator Humano

Confiabilidade Confiabilidade

Segurança Benefícios Sociais

Presteza Tangíveis

Empatia Custos Relacionais

Benefícios Relacionais Fatores Ambientais

Custos Relacionais Disponibilidade

Fonte: Elaborado pelo autor.

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63

Quadro 8 - Demonstrativo das 4 análises

Variáveis

dependentes

Tipo de agrupamento Lealdade Retenção

Confirmatório Modelo 1 Modelo 3

Exploratório Modelo 2 Modelo 4

Fonte: Elaborado pelo autor.

O método empregado foi o Forward LR (Likelihood Ratio), que é um método de seleção por

etapas que leva em consideração a significância da estatística de score para inclusão de variáveis

(SPSS, 2015).

Primeiro foram feitos os testes para a variável Lealdade:

Quadro 9 - Quadro descritivo da estimação para Lealdade

Fonte: Elaborado pelo autor.

A redução nos valores da -2 logaritmo de verossimilhança (-2LL) indicam um melhor ajuste no

modelo de regressão (HAIR et al., 2009). Os dois modelos apresentaram redução, sendo que o

segundo reduziu mais. Nos dois casos, no entanto, houve significância estatística no nível 0,000.

As medidas de pseudo R² Cox & Snell e Nagelkerke obtiveram aumento considerável nas duas

medidas, conforme apresentado no Quadro 9, e a percentagem global de acertos é superior no modelo

com as variáveis quando comparado ao modelo apenas com a constante.

Por fim, os quadros a seguir apresentam os valores do coeficiente logístico exponenciado (odds ratio)

para cada variável nas equações. Esses valores menos um, representam a variação percentual da razão

Lealdade modelo 1 Modelo 2

Porcentagem global de acertos (apenas a constante)

64,1% 64,1%

Porcentagem global de acertos (constante + variáveis)

77,6% – 3 etapas 78,5% – 5 etapas

Verossimilha

nça de log-2 R quadrado

Cox & Snell

R quadrado

Nagelkerke

Verossimilha

nça de log-2 R quadrado

Cox & Snell

R quadrado

Nagelkerke

inicial 240,120 ,204 ,280 242,455 ,196 ,269

final 214,935 ,289 ,397 208,032 ,311 ,427

Variáveis aceitas

Tangíveis

Segurança

Custos Relacionais

Confiabilidade

Tangíveis

Custos Relacionais

Fatores Ambientais

Disponibilidade

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de desigualdade. Sendo assim, cada variação positiva de um ponto para as variáveis Tangíveis e

Segurança aumentam respectivamente em 3,9 e 2,4 vezes a chance para a variável dependente no modelo

1 e cada variação positiva de um ponto para as variáveis Tangíveis e Confiabilidade aumentam

respectivamente em 2,8 vezes e 1 vez (100%) a chance para a variável dependente no modelo 2.

Tabela 6 - Variáveis aceitas no modelo 1

Modelo 1 B S.E. Wald df Sig. Exp(B)

Tangíveis 1,592 ,372 18,271 1 ,000 4,912

Segurança 1,232 ,376 10,706 1 ,001 3,427

Custos

Relacionais

,484 ,159 9,238 1 ,002 1,622

Constante -12,413 1,974 39,560 1 ,000 ,000

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 7 - Variáveis aceitas no modelo 2

Modelo 2 B S.E. Wald df Sig. Exp(B)

Confiabilidade ,735 ,275 7,123 1 ,008 2,085

Tangíveis 1,347 ,364 13,685 1 ,000 3,844

Custos

Relacionais

,582 ,167 12,105 1 ,001 1,789

Fatores

Ambientais

,588 ,286 4,219 1 ,040 1,800

Disponibilidade ,370 ,171 4,692 1 ,030 1,448

Constante -12,684 2,028 39,126 1 ,000 ,000

Fonte: Elaborado pelo autor.

A hipótese H2 foi parcialmente aceita, uma vez que grande parte das dimensões da qualidade

propostas na teoria foram contempladas nos modelos, com destaque para os aspectos tangíveis

em ambos os modelos.

A hipótese H4 foi parcialmente aceita. Os ‘custos relacionais’ foram aceitos em ambos os

modelos e ‘benefícios sociais’ rejeitados. Podem-se interpretar esses resultados da seguinte

forma: nem sempre a existência de vínculos de relacionamento no ambiente de serviço será

suficiente para tornar os indivíduos mais leais, é necessário que os clientes percebam como um

custo a perda deste relacionamento.

Em seguida foram feitas as estimações para a variável Retenção. Para esta análise, se assumiu

um nível de significância de 0,1, mesmo sabendo que isso aumenta a chance de estar errado. O

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objetivo desse ajuste foi aumentar o número de variáveis na equação, tornando mais fácil

concluir que um coeficiente seja diferente de zero (HAIR et al., 2009). Somente após este

procedimento, foi possível agrupar um mínimo de duas variáveis em cada modelo.

Quadro 10 - Quadro descritivo da estimação para Retenção

Fonte: Elaborado pelo autor. (*) Nível de significância de 0,07.

Os dois modelos apresentaram redução nos valores da -2 logaritmo de verossimilhança (-2LL),

sendo que o primeiro reduziu mais. Nos dois casos, no entanto, houve significância estatística

no nível 0,000.

As medidas de pseudo R² Cox & Snell e Nagelkerke obtiveram aumento considerável nas duas

medidas, conforme apresentado no Quadro 10, e a percentagem global de acertos é superior nos

modelos com as variáveis quando comparados ao modelo apenas com a constante.

Os valores do coeficiente logístico exponenciado (odds ratio) para cada variável nas equações

são apresentados nos quadros a seguir. Considerando que esses valores menos um, representam

a variação percentual da razão de desigualdade, cada variação positiva de um ponto para a

variável Empatia aumenta em 1,7 vezes a chance para a variável dependente no modelo 3 e

cada variação positiva de um ponto para a variável Fator Humano aumenta em 1,3 vezes a

chance para a variável dependente no modelo 4.

Tabela 8 - Variáveis aceitas no modelo 3

Modelo 3 B S.E. Wald df Sig. Exp(B)

Frequência 1,955 ,430 20,629 1 ,000 7,062

Empatia 1,024 ,477 4,608 1 ,032 2,785

Constante -5,341 2,121 6,340 1 ,012 ,005

Fonte: Elaborado pelo autor.

Retenção modelo 3 modelo 4

Porcentagem global de acertos (apenas a constante)

81,7% 81,7%

Porcentagem global de acertos (constante + variáveis)

77,6% – 2 etapas 78,5% – 2 etapas

Verossimilha

nça de log-2 R quadrado

Cox & Snell

R quadrado

Nagelkerke

Verossimilha

nça de log-2 R quadrado

Cox & Snell

R quadrado

Nagelkerke

inicial 75,748 ,295 ,481 75,748 ,295 ,481

final 70,790 ,322 ,525 72,208 ,314 ,512

Variáveis aceitas

Frequência

Empatia (confi5)

Frequência

Fator Humano (fator1)*

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Tabela 9 - Variáveis aceitas no modelo 4

Modelo 4 B S.E. Wald df Sig. Exp(B)

Frequência 1,931 ,427 20,429 1 ,000 6,896

Fator

Humano ,869 ,479 3,289 1 ,070 2,385*

Constante -4,797 2,173 4,871 1 ,027 ,008

Fonte: Elaborado pelo autor. (*) o intervalo de confiança (95%) para Fator Humano

vai de 0,932 a 6,099.

A hipótese H3 foi parcialmente aceita. A dimensão Empatia apresentou um valor de odds ratio

alto no modelo 3. Da mesma forma, no modelo 4, a dimensão Fator Humano formada por itens

de 3 dimensões teóricas apresentou um bom coeficiente exponenciado, embora com um nível

de significância questionável (7%).

A hipótese H5 foi rejeitada, uma vez que nenhuma das Barreiras à Mudança aqui estudadas

foram relacionadas com a ‘retenção’. Isto não descarta a possibilidade de que outras Barreiras

poderiam apresentar resultados diferentes, caso fossem incluídas neste trabalho.

Curva ROC

As estimativas de probabilidade para cada caso foram salvas e serviram para a obtenção da

plotagem da Curva ROC e da Área Sob a Curva (AUC). Os modelos 1 e 2 da variável

dependente ‘lealdade’ foram comparados, assim como os modelos 3 e 4 da variável ‘retenção’.

Para esta comparação foi utilizado o software MedCalc versão 15, que testou as hipóteses das

áreas dos modelos 1 e 2 e dos modelos 3 e 4 serem diferentes.

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Figura 9 - Curva ROC dos modelos 1 e 2

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 10 - Área sob a curva modelos 1 e 2 Variáveis de resultado de teste Área Acurácia Erro

Padrão

Sig.

assintótico

IC 95%

inferior superior

Modelo 1 0,820 77,6% ,029 ,000 ,763 ,878

Modelo 2 0,838 78,5% ,028 ,000 ,783 ,892

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 11 - Comparativo das Áreas sob a Curva ROC modelos 1 e 2

Fonte: Elaborado pelo autor.

Lealdade – Modelo 1 e Modelo 2

Diferença entre as áreas 0,0174

Erro padrão 0,0185

Intervalo de confiança 95% -0,0189 a 0,0536

Estatística z 0,939

Nível de significância P = 0,3477

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68

Figura 10 - Curva ROC dos modelos 3 e 4

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 12 - Área sob a curva modelos 3 e 4 Variáveis de resultado de teste Área Acurácia Erro

Padrão

Sig.

assintótico

IC 95%

inferior superior

Modelo 3 ,905 77,6% ,034 ,000 ,839 ,972

Modelo 4 ,900 78,5% ,035 ,000 ,832 ,967

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 13 - Comparativo das Áreas sob a Curva ROC modelos 3 e 4

Fonte: Elaborado pelo autor.

Retenção – Modelo 3 e Modelo 4

Diferença entre as áreas 0,00591

Erro padrão 0,0123

Intervalo de confiança 95% -0,0183 a 0,0301

Estatística z 0,479

Nível de significância P = 0,6317

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A área sob a curva (AUC) foi maior nos modelos 2 e 3. Enquanto que a acurácia (quantidade

total de acertos) foi maior nos modelos 2 e 4. O teste comparativo dos modelos (HANLEY;

MCNEIL, 1986) para a hipótese da diferença entre as curvas foi rejeitada em ambas as

comparações para um nível de significância de 5%, indicando que existe uma grande chance

dessas áreas serem iguais e o poder preditivo dos modelos serem também iguais. Sendo assim,

embora a comparação visual das curvas apresente algumas diferenças para o poder preditivo

dos modelos, esta diferença não é estatisticamente significativa, o que implica dizer que os

modelos são equivalentes.

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5 CONCLUSÕES

Relação entre lealdade e retenção de clientes

A fim de atingir o primeiro objetivo específico, foi feita a análise de correlação entre retenção

e lealdade e, como era de se esperar, os resultados demonstraram uma relação entre as medidas.

Embora a força da relação não seja forte, as duas variáveis caminham num mesmo sentido

(correlação positiva).

Não há consenso na literatura em torno de uma tipificação clara da lealdade (DICK; BASU,

1994; OLIVER, 1999; REICHHELD, 2003). Para esta pesquisa, tomou-se a lealdade como um

estado de favorabilidade à uma marca ou uma empresa, medida pela probabilidade de

recomendar um serviço. Para Reichheld (2003), quando uma pessoa recomenda um serviço,

mais que expressar uma preferência, ela coloca sua própria reputação a favor da empresa, num

sinal de verdadeira lealdade. Para este autor, clientes leais são o melhor departamento de

marketing que uma empresa poderia ter. Sendo assim, pesquisar sobre lealdade é de grande

importância para empresas de serviço, especialmente para academias de ginástica. Indivíduos

leais, além de terem uma maior probabilidade de renovar os serviços contratados, são capazes

de potencializar as vendas pelo simples fato de falar bem sobre a academia aos seus amigos e

familiares. Entretanto, mesmo que a retenção seja o comportamento esperado de indivíduos

leais, vários fatores podem impedir que esta relação se concretize (AJZEN, 1991).

A Retenção, por sua vez, é a medida do comportamento de repetição de compra e não indica

nada além de uma ação. sendo assim, enquanto variável, ela é indiferente às atitudes,

características individuais e os fatores circunstanciais que podem levar a sua manifestação

(GUPTA; ZEITHAML, 2006). Por isso, a retenção não pode ser uma medida analisada de

forma independente de outras, o resultado da retenção pode ocultar a real motivação para se

permanecer com o fornecedor. Por exemplo, se o preço for a única motivação para a maior parte

dos clientes de uma determinada empresa ficar, um gestor desavisado pode levar a empresa a

uma onda de deserção pelo fato de elevar o preço cobrado pelo serviço. Se tratando de uma

variável comportamental, ela é, portanto, observável, isso implica em que a obtenção dos dados

da retenção não depende de inquérito e podem ser medidos indiretamente. De uma forma geral,

esses dados são facilmente conseguidos pelas empresas e estão pouco sujeitos a erros de

processamento. Embora não possa ser analisada de forma isolada, a medida da retenção deve

integrar a rotina de qualquer empresa de serviço.

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71

Retenção e lealdade não podem caminhar de forma independente, são medidas que se

complementam, uma na perspectiva atitudinal, outra comportamental. Juntas elas são capazes

de gerar um diagnóstico bastante preciso da realidade de uma empresa como demonstrado na

Figura 1. É possível preencher a mesma figura proposta por Dick e Bazu (1994) com os dados

obtidos na Tabela 5. Este quandro pode ser facilmente preenchido a partir da tabulação cruzada

entre retenção e lealdade.

Tomando como base o ponto de corte proposto por Reichheld (2003), pode-se afirmar que na

parte de baixo do gráfico estão indivíduos ‘neutros’ e os ‘detratores’ da empresa, pessoas que

são desfavoráveis e /ou fazem propaganda negativa da empresa. É alarmante pensar que alguns

detratores continuam a utilizar os serviços. Reichheld (2003) e Reichheld e Markey (2012)

alertam que os gestores avaliem esses números e lutem para tornar a maior parte dos seus

clientes retidos em clientes verdadeiramente leais, sob pena de as empresas se tornarem

susceptíveis a: uma flutuação cada vez maior nas taxas de retenção; perdas significativas de

clientes conforme surjam concorrentes potenciais; intolerância a variação nos preços por parte

dos clientes; intolerância a flutuações na qualidade do serviço, etc. Esta abordagem é bastante

sugestiva da realidade dos serviços.

Relação entre a qualidade percebida e barreiras relacionais à mudança com a

lealdade e a retenção de clientes

Para atingir o segundo e o terceiro objetivos específicos, as medidas de qualidade percebida e

barreiras relacionais à mudança foram submetidas à validação e então relacionados com as

variáveis dependentes lealdade e retenção.

Fonte: Dick e Basu (1994, p.101), adaptado pelo autor. (N 124)

Lealdade Latente

Deslealdade

Lealdade

Falsa Lealdade

Leal

dad

e

Retenção

Comportamento de Recompra Alta Baixa

Ati

tud

e R

elat

iva

Bai

xa

A

lta

54% 8%

28% 10%

Figura 11 - Quadro observado de Lealdade e Retenção

Figura 12 - Quadro observado de Lealdade e Retenção

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72

Com relação à qualidade, ela é descrita por diversos autores como antecedente da lealdade em

serviços (PARASURAMAN; BERRY; ZEITHAML, 1991; TAYLOR, 1992; TAYLOR;

BAKER, 1994; CRONIN; FORNELL et al., 1996; CRONIN; BRANDY; HULT, 2000).

Contudo, não são todos os autores que incluem as recomendações positivas como um indicador

do indivíduo leal, preferindo itens mais convencionais como ‘intenção de recomprar’ e

‘tolerância a preço’.

Pan et al. (2012) observaram que os preditores da lealdade comuns na literatura (incluindo

qualidade percebida) se relacionam mais frequentemente com a lealdade na perspectiva

atitudinal do que com o comportamento de retenção, afirmando que são escassos os estudos

que utilizam alguma medida de comportamento associada a lealdade.

Esta pesquisa evidenciou essa forte relação entre a percepção de qualidade do serviço e a

lealdade na perspectiva atitudinal, porém, identificou uma relação limitada entre qualidade e

retenção. Vale destacar que a análise comparativa da Curva ROC para os quatro modelos

preditivos de lealdade e retenção não identificou diferença significativa entre as duas formas de

agrupamento pesquisadas (uma no mesmo formato proposto pela teoria, e outra exploratória).

Sendo assim, pode-se analisar com base nos dois agrupamentos possíveis.

Nos modelos preditivos da lealdade, a relação mais forte encontrada foi relacionada com os

aspectos tangíveis. Esta dimensão esteve presente nos modelos 1 e 2 num nível de significância

de 0,01 e com o maior valor odds ratio. Isso nos leva a crer que para o setor de academias de

ginástica, uma boa infraestrutura, organização, modernidade de equipamentos e de recursos,

agradabilidade de música e temperatura são indispensáveis ao atingimento da lealdade dos

clientes. Este resultado está em consonância com os achados de Afthinos, Theodorakis e Nassis

(2005), esses autores estudaram as expectativas de clientes em Academias privadas e públicas.

Nas academias privadas, ‘equipamentos modernos’ era uma das maiores expectativas dos

clientes. Confiabilidade, segurança e presteza também foram dimensões da qualidade que

influenciaram na lealdade.

Conclui-se que a qualidade do serviço nas academias de ginástica pesquisadas é uma dimensão

preponderante para o desenvolvimento da lealdade dos clientes. O fator que mais se relaciona

positivamente com a lealdade é ‘tangíveis’, seguido de ‘segurança’ (modelo 1) e

‘confiabilidade’ (modelo 2).

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73

Para os modelos 3 e 4, dos preditores da retenção, poucos atributos foram significativamente

relacionados. Empatia foi aceita no primeiro modelo e fator humano no segundo modelo. Esta

última dimensão foi composta por itens dos fatores teóricos, empatia, presteza e segurança. Sem

exceção, cada um dos itens continha em sua declaração atributos relacionados aos funcionários

da empresa. Conclui-se que os fatores relacionados com o bom atendimento por parte dos

funcionários podem levar a aumentos nos números da retenção de clientes em academias de

ginastica. De uma forma geral, características como cordialidade e disposição para ajudar os

clientes devem ser estimuladas e desenvolvidas por parte dos gestores de academias.

Com relação às barreiras à mudança, foram contempladas nesta pesquisa os custos relacionais

e os benefícios sociais. Apenas a percepção dos custos, provenientes do fim do relacionamento

importantes com outras pessoas no ambiente de serviço (PATTERSON; SMITH, 2003), foram

relacionadas com a lealdade.

Os custos relacionais foram associados com a lealdade nos dois modelos testados para a

lealdade, modelos 1 e 2, entretanto, não houve relação entre custos de mudança e retenção.

Gwinner, Gremler e Bitner (1998) e Patterson e Smith (2003) afirmam que os benefícios sociais

são ainda mais importantes nos serviços em que existe maior contato com o cliente, como

serviços médicos, salão de beleza e serviços de fitness, entretanto esta afirmação não se mostrou

verdadeira para a amostra deste estudo. Não houve relação significativa entre benefícios sociais

e lealdade nem também com a retenção. Assim, como descrito na literatura, os benefícios

sociais, por si, não são determinantes para que haja a percepção dos custos de mudança (JONES

et al., 2000). Embora eles sejam associados, são construtos independentes.

Neste sentido, conclui-se que as empresas devem investir em estratégias que levem ao aumento

na percepção dos custos relacionais, afim de aumentar significativamente os índices de lealdade

de seus clientes. Considerando os benefícios financeiros advindos de uma carteira de clientes

amplamente composta de clientes leais, não é concebível que existam funcionários no corpo de

uma empresa, tratando mal seus clientes, indiferentes as suas necessidades e, até mesmo,

ignorando as atribuições de seu cargo.

Fatores mais relacionados com a retenção e a lealdade de clientes

Com relação ao quarto objetivo específico, os fatores que mais se relacionam com a lealdade

são: ‘tangíveis’ (modelos 1 e 2), ‘segurança’, ‘confiabilidade’, ‘disponibilidade’, ‘fatores

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ambienteis’ e ‘custos relacionais’. Os que mais se relacionam com a retenção são: ’empatia’ e

‘fator humano’ e ‘frequência’. Com relação a este último, é importante destacar que ele

congrega itens das dimensões Presteza, Segurança e Empatia, todos eles se tratando de uma

postura atenciosa e proativa dos funcionários para com os clientes.

Relação entre as características individuais dos clientes e a retenção

O quinto objetivo específico está relacionado com as características individuais e a retenção.

Com relação a isso, observou-se que o perfil de uso dos clientes impacta fortemente no

comportamento de retenção. Especificamente, a frequência de uso semanal foi relacionada

positivamente com uma maior probabilidade de recompra. Este resultado está de acordo com

os achados de diversos autores (ROJAS, 2003; JUNG, 2007; ENTRIEL, 2008; SOUZA et al.,

2009; FERRAND et al., 2010; PORTO; DA SILVA, 2013).

No caso de um serviço de fitness, em que a frequência de uso está relacionada com uma maior

quantidade de benefícios (SABÁ, 2001), faz sentido que ele (o serviço) seja cada vez mais

percebido como indispensável, quanto mais resultados objetivos forem experimentados.

Conclui-se que quanto mais o cliente utiliza os serviços prestados pela academia, medido pela

frequência de acessos, mais chances ele tem de renovar o contrato com a mesma. Isso pode

estar intimamente ligado a um aumento na percepção do valor do serviço e, consequentemente,

um maior desejo de permanecer com um fornecedor.

Implicações Gerenciais e Acadêmicas

Esta pesquisa contribui para o desenvolvimento do marketing de serviços no mercado do fitness

e para a administração de uma maneira geral, trazendo numa mesma amostra, duas medidas

diferentes associadas à lealdade (atitude e comportamento). Este aspecto permitiu que houvesse

uma confrontação entre os diversos tipos de influência a que estão sujeitos os clientes de

academias e duas consequências vitais para a sustentabilidade de um negócio: lealdade e

retenção.

Quanto à gestão da Retenção de Clientes, sugere-se que um instrumento eficaz para as empresas

do fitness poderia ser simplificado ao ponto de se utilizar apenas os dados da frequência média

de acessos à academia para determinar se um indivíduo está ou não propenso a abandonar a

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empresa (embora, o coeficiente de determinação de um modelo contendo apenas a variável

‘frequência’ não tenha sido demonstrado nesta pesquisa). Com relação às demais variáveis que

podem influenciar na retenção, observou-se que elas não se repetiram nos modelos 3 e 4, e

ainda, a significância do fator1 no modelo 4 excedeu o valor de 0,05 desejável. Portanto, a

‘frequência’ é uma variável consistente e suficiente para avaliar a propensão ao abandono dos

clientes em vista de um processo ágil e pouco oneroso. Ainda assim, os demais fatores não

devem ser subestimados, considerando que a técnica de amostragem desta pesquisa não permite

fazer grandes generalizações e inferências na população, e ainda, o fato de não haver clareza

em relação aos fatores que interferem na própria frequência dos clientes. É importante que se

compreenda, ainda, o aspecto relativo da lealdade, como bem definido por Oliver (1999). Neste

sentido, apesar de um cliente gostar de uma marca ou empresa, sendo favorável a ela e falando

coisas positivas a amigos e familiares, isto não será uma garantia de que ele será, igualmente,

um patrocinador. Existe uma lacuna entre gostar, recomendar, intencionar comprar e comprar,

efetivamente.

O contrário também é verdadeiro. Um cliente que efetue uma recompra/renovação do serviço

não necessariamente é leal a empresa. Embora a recompra seja o comportamento esperado de

indivíduos leais, ela não é um comportamento exclusivo destes. Pessoas com um alto perfil de

uso e que estejam acomodadas àquela empresa ou presas por custos de mudança elevados são

fortes candidatos à falsa lealdade. Como exemplo, pode existir um cliente, bem adaptado e

condicionado à prática de musculação em academia, que não goste e seja desfavorável à uma

determinada empresa a qual esteja matriculado (localizada na mesma rua de sua residência).

Provavelmente este indivíduo continuará frequentando com uma taxa média semanal alta a

academia por não querer se deslocar por 30 minutos diariamente em direção à concorrente mais

próxima.

Assim, torna-se necessário um diagnóstico do perfil de clientes da empresa, como apresentado

na Figura 11 - Quadro observado de Lealdade e Retenção

Figura 12. Esta elaboração permite uma avaliação clara da saúde da empresa. Algo como um

exame ‘ultrassom’, que não seria possível apenas com a avaliação dos números mensais de

renovações. O objetivo seria diminuir a proporção de indivíduos ‘falsos leais’ e ‘desleais’,

aumentando cada vez mais a de ‘leais’ e ‘latentes’.

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Em segundo lugar, destacam-se as múltiplas dimensões que influenciam na formação de

indivíduos leais a determinada empresa. Se, para reter um cliente, é necessário manter ele

frequentando o maior número de vezes semanais quanto possível, para torná-lo leal e necessário

bem mais do que isso. Um vasto conjunto de atributos precisa ser entendido e monitorizados,

afim de se alcançar um número razoável de promotores de uma marca ou serviço. Esses

promotores, serão o melhor departamento de marketing que qualquer empresa poderia ter, são

clientes que colocarão sua própria reputação a favor da empresa.

Uma visão simplista da lealdade pode gerar sérios riscos a uma empresa. Como exemplo,

observou-se que apenas a percepção dos ‘benefícios sociais’, provenientes das interações no

ambiente de serviço, não é uma barreira suficiente para impedir o abandono dos clientes. O

estímulo ao desenvolvimento de relacionamento pessoal entre clientes e funcionários, ou

clientes e clientes, precisa, portanto, ser acompanhado de uma entrega consistente de benefícios

tangíveis e atendimento especializado que atestem a qualidade e superioridade da empresa.

Gestores precisam estar atentos aos indícios de falsa lealdade dos clientes sob pena de sucumbir

a oscilações do mercado e ao surgimento de potenciais concorrentes. Além do mais, em algum

momento, outro fornecedor, a influência da mídia ou de outras pessoas, podem fazer com que

surjam novas necessidades para este público. Pesquisas precisam continuar avançando na

identificação dos fatores e na construção de instrumentos adaptados à realidade brasileira. Neste

sentido, recomenda-se que estudos exploratórios sejam conduzidos com amostras de praticantes

e não praticantes de atividade física, afim de identificar os atributos mais importantes e

esperados para este tipo de serviço. A identificação desses fatores deverá aumentar o poder de

explicação de modelos preditivos, futuramente testados, além de aumentar o conhecimento

desta área específica de serviço e evitar ao máximo a deserção de clientes.

É importante que se atinjam níveis cada vez mais altos de lealdade verdadeira ou latente,

criando adeptos de atividade física nas academias que sejam cada vez mais incentivadores de

outras pessoas. Assim se poderá caminhar não apenas na direção de uma população mais

saudável, mas de negócios mais rentáveis e sustentáveis neste segmento. E o Brasil talvez deixe

de ser apenas um país com um grande número de academias, e passe a ser um país com um

grande número de praticantes de atividade física em academias.

Limitações

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A principal limitação encontrada nesta pesquisa foi a dificuldade na integração e utilização dos

dados do sistema. Não existe muita clareza e intenção por parte dos fornecedores de softwares

de CRM para o mercado do fitness em tornar acessíveis os dados de controle para sua utilização

em análises gerenciais. Os relatórios e tabelas geradas são de difícil mineração, o que

praticamente inviabiliza seu uso nas rotinas gerenciais. Por outro lado, um número maior de

academias precisa ser estudado, uma vez que apenas as duas academias utilizadas na amostra

deste trabalho não representam a diversidade que este mercado tem, principalmente se forem

considerados seus segmentos.

Sugere-se que outros custos de mudança sejam incluídos em estudos futuros e que uma pesquisa

exploratória dê suporte a novos instrumentos de coleta de dados com o objetivo de capturar as

dimensões da qualidade e as barreiras a mudança específicas do setor do fitness. As pesquisas

podem incluir também, resultados quantificáveis relacionados aos objetivos físicos dos

praticantes, identificando, por exemplo se o cliente está emagrecendo ou ganhando massa

muscular, conforme seu objetivo. Considerando ainda a importância da frequência de utilização

do serviço para a retenção de clientes, pesquisas futuras devem dar uma maior ênfase a esta

variável assim como seus antecedentes.

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SOUZA, J. C.; REIS, M. T. N.; MOURA, A. L. J. Identificando clientes propensos a

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WAKEFIELD, Kirk L.; BLODGETT, Jeffrey G. Customer response to intangible and tangible

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ANEXO

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87

Faculdade Boa Viagem/Devry

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Esta é uma pesquisa de caráter acadêmico e tem o objetivo de identificar qual a influência da

qualidade e dos custos de mudança na retenção de clientes em academias de ginástica e musculação.

Os dados aqui coletados serão analisados de forma geral e não individualizada, garantindo o anonimato

dos respondentes.

O tempo necessário para que você responda este questionário não será maior do que 10

minutos, entretanto, sua colaboração será de extrema importância para esta pesquisa e para a

melhoria dos serviços prestados por esta empresa.

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88

CONTINUA

CONTINUA

QUESTIONÁRIO

Nome completo:_______________________________________________________________

Data de nascimento:_____/_____/________

Considerando a sua experiência com a Academia XYZ, indique em que medida concorda ou

discorda de cada uma das afirmações abaixo em uma escala de 1 a 5, sendo 1 Discordo Totalmente e 5

Concordo Totalmente.

.

1. A Academia XYZ tem equipamentos modernos. (1) (2) (3) (4) (5)

2. As instalações físicas da Academia XYZ são visualmente agradáveis.

(1) (2) (3) (4) (5)

3. Os empregados da Academia XYZ são bem-vestidos e têm boa-aparência.

(1) (2) (3) (4) (5)

4. Os materiais de comunicação da Academia XYZ são visualmente atrativos (panfletos, comunicados, postagens, etc.).

(1) (2) (3) (4) (5)

5. Quando a Academia XYZ promete fazer algo em certo tempo, realmente o faz.

(1) (2) (3) (4) (5)

6. Quando os clientes têm algum problema, a Academia XYZ mostra sincero interesse em resolver.

(1) (2) (3) (4) (5)

7. A Academia XYZ presta o serviço correto logo da primeira vez. (1) (2) (3) (4) (5)

8. A Academia XYZ fornece o serviço no tempo em que promete fazê-lo.

(1) (2) (3) (4) (5)

9. A Academia XYZ mantém o cadastro de seus clientes com informações atualizadas e livre de erros.

(1) (2) (3) (4) (5)

10. A Academia XYZ informa com exatidão quando os serviços serão executados.

(1) (2) (3) (4) (5)

11. Os clientes recebem serviço imediato (pronto-atendimento) dos funcionários da Academia XYZ.

(1) (2) (3) (4) (5)

12. Os funcionários da academia XYZ têm sempre boa vontade para ajudar os clientes.

(1) (2) (3) (4) (5)

13. Funcionários da Academia XYZ estão sempre muito ocupados para atender aos pedidos dos clientes.

(1) (2) (3) (4) (5)

14. Os funcionários da Academia XYZ inspiram confiança nos clientes.

(1) (2) (3) (4) (5)

15. A Academia XYZ faz os clientes sentirem-se seguros em suas transações.

(1) (2) (3) (4) (5)

16. Os funcionários da Academia XYZ são sempre educados. (1) (2) (3) (4) (5)

17. Os funcionários da Academia XYZ têm o conhecimento adequado para responder as perguntas dos clientes.

(1) (2) (3) (4) (5)

18. A Academia XYZ dá atenção individualizada aos clientes. (1) (2) (3) (4) (5)

1 Discordo totalmente

2 Discordo

3 Indeciso

4 Concordo

5 Concordo totalmente

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19. Os funcionários da Academia XYZ lidam com os clientes de uma forma carinhosa e pessoal.

(1) (2) (3) (4) (5)

20. O objetivo da Academia XYZ é atender aos interesses de seus clientes.

(1) (2) (3) (4) (5)

21. Os funcionários da Academia XYZ entendem as necessidades de seus clientes.

(1) (2) (3) (4) (5)

22. A Academia XYZ tem os horários de funcionamento convenientes a todos os clientes.

(1) (2) (3) (4) (5)

23. A temperatura na Academia XYZ é agradável. (1) (2) (3) (4) (5)

24. As músicas de fundo na Academia XYZ são agradáveis. (1) (2) (3) (4) (5)

25. A disposição em que se encontram as máquinas no espaço da academia é agradável.

(1) (2) (3) (4) (5)

O conjunto de declarações a seguir está relacionado com os fatores que talvez lhe motivem a não

mudar de academia. Por favor, indique em que medida concorda ou discorda de cada uma das

afirmações abaixo em uma escala de 1 a 5, sendo 1 Discordo Totalmente e 5 Concordo Totalmente.

26. Tenho um pouco de relacionamento pessoal com pelo menos um funcionário nesta academia.

(1) (2) (3) (4) (5)

27. Sou amigo de pelo menos um funcionário nesta academia. (1) (2) (3) (4) (5)

28. Tenho um pouco de relacionamento pessoal com pelo menos um aluno nesta academia.

(1) (2) (3) (4) (5)

29. Sou amigo de pelo menos um aluno nesta academia. (1) (2) (3) (4) (5)

30. Se eu mudasse, eu poderia perder as amizades que tenho desenvolvido na Academia XYZ.

(1) (2) (3) (4) (5)

31. Se eu mudasse, eu poderia perder um importante relacionamento pessoal.

(1) (2) (3) (4) (5)

32. Se eu mudasse, seria muito desconfortável avisar aos funcionários e alunos que eu estava deixando a Academia XYZ.

(1) (2) (3) (4) (5)

Para encerrar, nos diga:

33. Qual a probabilidade de você recomendar a Academia XYZ a um amigo ou colega?

(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)

Comentários e sugestões:

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Obrigado por colaborar!