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I UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de fevereiro de 1808 Monografia Existe associação entre deficiência de vitamina D e retinopatia diabética? Uma revisão sistemática Lucciano Magnavita Pinheiro Salvador (Bahia) Novembro, 2015

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I

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

Existe associação entre deficiência de vitamina D e

retinopatia diabética? Uma revisão sistemática

Lucciano Magnavita Pinheiro

Salvador (Bahia)

Novembro, 2015

II

FICHA CATALOGRÁFICA

Universidade Federal da Bahia

Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

Pinheiro, Lucciano Magnavita. P654 Existe associação entre deficiência de vitamina D e retinopatia diabética? Uma revisão sistemática / Lucciano Magnavita Pinheiro. – 2015.

VIII, 57 f. Orientador: Prof. Dr. Luís Fernando Fernandes Adan. Monografia (Graduação em Medicina) – Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina da Bahia, 2015. Inclui anexos. 1. Deficiência de vitamina D. 2. Retinopatia diabética. 3. Diabetes mellitus. I. Adan, Luís Fernando Fernandes. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Medicina da Bahia. III. Título. CDU: 612.015.6

III

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

Existe associação entre deficiência de vitamina D e

retinopatia diabética? Uma revisão sistemática

Lucciano Magnavita Pinheiro

Professor orientador: Luís Fernando Fernandes Adan

Monografia de Conclusão do

Componente Curricular MED-

B60/2015.1, como pré-requisito

obrigatório e parcial para

conclusão do curso médico da

Faculdade de Medicina da Bahia

da Universidade Federal da Bahia,

apresentada ao Colegiado do Curso

de Graduação em Medicina.

Salvador (Bahia)

Novembro, 2015

IV

Monografia: Existe associação entre deficiência de vitamina D e

retinopatia diabética? Uma revisão sistemática, de Lucciano Magnavita

Pinheiro.

Professor orientador: Luís Fernando Fernandes Adan

COMISSÃO REVISORA:

Luís Fernando Fernandes Adan (Presidente, Professor orientador), Professor

do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Bahia da

Universidade Federal da Bahia.

Crésio de Aragão Dantas Alves, Professor do Departamento de Pediatria da

Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Lucas Frederico de Almeida, doutorando do programa de Pós-Graduação em

Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da Bahia, da Universidade Federal

da Bahia.

TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO:

Monografia avaliada pela Comissão Revisora, e

julgada apta à apresentação pública no IX Seminário

Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da

Bahia/UFBA, com posterior homologação do

conceito final pela coordenação do Núcleo de

Formação Científica e de MED-B60 (Monografia

IV). Salvador (Bahia), em ___ de _____________

de 2015.

V

A vida sem luta é um mar morto no centro do

organismo universal. (Machado de Assis)

VI

Aos meus pais, Kleber e

Liliane

VII

EQUIPE Lucciano Magnavita Pinheiro, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA. Correio-

e: [email protected]; e

Luís Fernando Fernandes Adan, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA;

Crésio de Aragão Dantas Alves, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA;

Lucas Frederico de Almeida, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA.

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)

FONTES DE FINANCIAMENTO

1. Recursos próprios.

VIII

AGRADECIMENTOS

Ao meu Professor orientador, Doutor Luís Fernando Fernandes Adan, pela

presença constante e substantivas orientações acadêmicas e à minha vida

profissional de futuro médico.

1

SUMÁRIO

ÍNDICE DE QUADROS E FLUXOGRAMA 2

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

3

I. RESUMO 4

II. OBJETIVO 5

III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 6

IV. METODOLOGIA 12

VI. RESULTADOS 14 VI.1. Características amostrais 18

VI.2. Dosagem de vitamina D 21

VI.3. Avaliação da retinopatia diabética

VI.4. Outras variáveis estudadas

VI.5. Existe associação entre vitamina D e retinopatia diabética

24

26

34

VII. DISCUSSÃO 40

VIII. CONCLUSÕES 45

IX. SUMMARY 46

X. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

47

XI. ANEXO ANEXO I: Referências de artigos não lidos e excluídos

ANEXO II: Referências de artigos lidos e excluídos

54

56

2

ÍNDICE DE QUADROS E FLUXOGRAMA

QUADROS

QUADRO 1. Artigos encontrados na busca e excluídos do estudo (n=15) por não

atenderem aos critérios de elegibilidade para leitura e/ ou por não se adequarem ao

filtro de idiomas

QUADRO 2. Artigos lidos integralmente e excluídos do estudo (n=7) por não

atenderem aos critérios de seleção para análise

QUADRO 3. Apresentação dos artigos selecionados em função do fator de

impacto (FI) do periódico e do tipo de estudo

QUADRO 4. Características amostrais dos estudos revisados

QUADRO 5. Caracterização de variáveis biológicas e demográficas associadas à

retinopatia diabética nos estudos revisados

QUADRO 6. Características metodológicas dos estudos revisados

QUADRO 7. Resultados principais obtidos a partir dos estudos revisados

FLUXOGRAMA

FLUXOGRAMA 1. Fluxograma de seleção dos artigos

15

16

17

19-21

29-32

32-33

38-39

16

3

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

RD Retinopatia diabética

VD Vitamina D

VDD Deficiência de vitamina D

VDR Receptor de vitamina D

VDI Insuficiência de vitamina D

DM Diabetes mellitus

DM1 Diabetes mellitus tipo 1

DM2 Diabetes mellitus tipo 2

NDR Sem retinopatia diabética

BDR Retinopatia diabética não proliferativa

Pré-PDR Retinopatia diabética pré-proliferativa

PDR Retinopatia diabética proliferativa

NSTDR Retinopatia diabética sem

comprometimento visual

STDR Retinopatia diabética com

comprometimento visual

EMCS Edema macular clinicamente

significativo

4

I. RESUMO

Os estudos atuais sobre a vitamina D correlacionam-na à fisiopatologia de doenças

crônicas, como as cardiovasculares, neoplásicas e autoimunes. A associação de vitamina

D à retinopatia diabética é ao mesmo tempo tema de incertezas e perspectivas

científicas, frente às prevalências crescentes de deficiência de vitamina D (VDD) e

retinopatia diabética (RD). OBJETIVO: Avaliar a existência de associação entre

deficiência de vitamina D e presença de retinopatia em indivíduos com diabetes mellitus

(DM). METODOLOGIA: Revisão sistemática de publicações nas áreas de saúde nas

bases de dados Pubmed, Lilacs e Scielo. Foram utilizados os descritores: “vitamina D”,

“deficiência de vitamina D” e “retinopatia diabética” e seus correspondentes em inglês e

português. Inicialmente, foram analisados títulos e resumos para determinar o ajuste

potencial aos critérios de elegibilidade para leitura. Os artigos considerados elegíveis à

leitura foram submetidos a critérios de seleção para análise. A busca na literatura foi

suplementada posteriormente por referências dos artigos encontrados na busca.

RESULTADOS: Catorze artigos foram selecionados para análise; onze foram estudos

transversais, dois foram estudos de coorte prospectiva e um estudo de caso-controle.

Desses, dez estudos analisados encontraram associação significativa entre

deficiência/insuficiência de vitamina D e retinopatia diabética. Quatro estudos não

encontraram associação significativa entre essas duas variáveis. DISCUSSÃO: A

maioria dos estudos transversais encontrou associação significativa entre VDD e RD;

entretanto, os estudos longitudinais analisados não confirmaram esta associação. A

heterogeneidade dos estudos e a predominância de estudos transversais representam

limitações da presente revisão. Intervenções dietéticas, mediante suplementação de

vitamina D, não foram consideradas nos estudos longitudinais. CONCLUSÕES: A

despeito de a maioria dos estudos analisados encontrar associação significativa entre

deficiência/insuficiência de vitamina D e retinopatia diabética, mais estudos são

necessários para que se possa estabelecer uma relação causal entre essas variáveis.

Palavras chave: vitamina D, deficiência de vitamina D, retinopatia diabética, diabetes

mellitus.

5

II. OBJETIVO

Avaliar a existência de associação entre deficiência de vitamina D e presença de

retinopatia em indivíduos com diabetes mellitus.

6

III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ao longo das últimas décadas, a prevalência de diabetes mellitus (DM) no mundo

atingiu proporções epidêmicas 1. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)

atestam que o número de indivíduos com essa doença, atualmente em torno de 150

milhões, tende a crescer nos próximos 20 anos, de modo que as estimativas superam a

marca dos 360 milhões no ano de 2030 1,2. Esses números são realmente importantes,

sobretudo quando se leva em consideração que o DM é uma das principais causas de

morbimortalidade nas sociedades ocidentais, sendo uma enfermidade que, devido a suas

complicações micro e macrovasculares, causa sofrimento, incapacidade, perda de

produtividade e morte precoce dos indivíduos acometidos. Além disso, a doença implica

gastos públicos diretos e indiretos e despesas médicas consideráveis aos pacientes 3.

Estudos mostram que as despesas médicas dos indivíduos diabéticos podem ser três a

quatro vezes maiores em comparação aos gastos daqueles não portadores do distúrbio 3.

A classificação do DM, proposta pela ADA (2015) inclui quatro categorias clínicas

principais: diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2, diabetes gestacional, e

outros tipos específicos de diabetes, atribuídos a causas também específicas, como os

defeitos genéticos na função das células beta pancreáticas e na secreção de insulina,

doenças do pâncreas exócrino, e drogas (como as usadas no tratamento do HIV/AIDS)4.

O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e 2 (DM2) são as categorias em que se enquadram a

maioria dos indivíduos com DM. O DM2, categoria de maior prevalência, caracteriza-se

pela combinação de resistência à insulina, e resposta compensatória inapropriada de sua

secreção5,6. O DM1, que corresponde de 5% a 10% dos casos de diabetes configura uma

desordem heterogênea, de natureza autoimune ou idiopática (minoria dos casos), que se

caracteriza pela destruição das células β pancreáticas secretoras de insulina 5-8. A

doença é mais comumente diagnosticada em crianças e adolescentes, que usualmente se

apresentam com a tríade clássica de poliúria, polidpsia e polifagia e com evidente

hiperglicemia, postulando-se a necessidade imediata de reposição de insulina exógena

aos pacientes com essa condição 9. Nem sempre a distinção entre DM1 e DM2 é clara.

Existem relatos crescentes na literatura de jovens com DM2; de sujeitos com DM2 que

se apresentam com cetoacidose, complicação aguda típica do DM1; e de indivíduos com

7

DM1 que apresentam início tardio e progressão lenta da doença, embora exibam traços

da doença autoimune 4- 9.

Ainda que a incidência e a prevalência de DM1 sejam variáveis entre os países e

menores em relação ao DM2, o aumento de sua incidência anual tem sido uma

tendência mundial, possivelmente relacionada à crescente urbanização e melhoria do

nível socioeconômico das populações 10,11. Em paralelo a essa elevação, o número de

pacientes com complicações microvasculares crescerá de modo significativo 12-15. A

microangiopatia é uma complicação crônica, que acarreta piora da qualidade de vida e

impõe limites aos pacientes com DM, sendo particularmente danosa quando afeta a

população de jovens, que não raro, se tornam incapazes no início da idade adulta

12,15,19,20. Ademais, complicações vasculares também são observadas em crianças e

adolescentes com duração do DM1 superior a cinco anos, sendo a progressão neste

grupo, muitas vezes, mais rápida do que em adultos 12,15,21,22.

Dentro do espectro das microangiopatias, a retinopatia diabética (RD) apresenta-se

como complicação frequente do DM, sendo uma das principais causas de cegueira entre

os indivíduos diabéticos 23. A RD configura uma condição progressiva marcada por

alterações microvasculares que levam à isquemia, aumento da permeabilidade,

neovascularização da retina e edema macular 1,24,25. Estima-se que, 20 anos após o

diagnóstico de diabetes, quase todos os adultos com DM1 e mais de 60% dos adultos

com DM2 desenvolverão essa complicação 26. Estudos relativos à prevalência de RD

no Brasil são raros 23. Estima-se que exista um número aproximado de dois milhões de

brasileiros com RD, salientando que parte desses indivíduos terá alguma perda visual

vinculada à doença 23. Dados estadunidenses apontam para uma prevalência de RD de

3,4% na população geral, representando cerca de 4, 8 milhões de indivíduos, sendo que

entre indivíduos diabéticos com 40 anos ou mais, a prevalência sobe para 28,5% 26. No

Oxford Regional Prospective Study (ORPS), mostrou-se que cerca de 25% das crianças

com DM1 desenvolveram retinopatia diabética no período de cinco anos após o

diagnóstico de diabetes. Após 10 e 15 anos, os valores cresceram para 60% e 80%,

respectivamente 12,27. Embora a retinopatia ocorra mais comumente no início da

puberdade e 5 a 10 anos após o diagnóstico de diabetes, casos de RD têm sido relatados

em crianças pré- púberes e com duração do diabetes de apenas 1 a 2 anos 4.

8

Uma classificação simplificada e acessível de RD é a International Clinical Disease

Severity Scale, proposta por C. P. Wilkinson et al. em 2003 28. A classificação propõe

estratificação da RD em cinco estágios de fácil reconhecimento, que se seguem: 1)

Retinopatia não aparente - indivíduos enquadrados nesse estágio não apresentam

mudanças detectáveis na fundoscopia; 2) Retinopatia não proliferativa leve - estágio

caracterizado pela presença de pequenos microaneurismas à fundoscopia; 3) Retinopatia

não proliferativa moderada- estágio caracterizado pela presença de microaneurismas,

hemorragias intrarretinianas e veias “em rosário”; 4) Retinopatia não proliferativa

grave- o diagnóstico desse estágio de retinopatia baseia-se na regra do 4:2:1. Dessa

forma, caracteriza-se pela presença de hemorragia intrarretiniana nos quatro quadrantes;

de “ensalsichamento” venoso em dois ou mais quadrantes; e de anormalidades

microvasculares intrarretinianas em um ou mais quadrantes. 5) Retinopatia

proliferativa- estágio mais grave e ameaçador da RD, caracterizado pela presença de

neovasos na retina, íris e no ângulo, com hemorragia vítrea e deslocamento da retina

tracional. Com relação ao edema de mácula, é importante observar se esse está presente

ou não. Quando presente, deve-se classificá-lo em leve, moderado ou grave, a depender

da distância dos exsudatos e espessamento do centro da fóvea 1,28 .

Estudos epidemiológicos associando exposição nutricional e RD têm explorado

possíveis efeitos protetores relacionados às vitaminas C e E 26,30,31. Estudos recentes,

conduzidos em animais, sugerem efeito protetor da vitamina D na retina do indivíduo

diabético 32,33. Bem caracterizada por seu papel clássico na manutenção da homeostase

do cálcio e fósforo e no desenvolvimento e na manutenção do tecido ósseo, a vitamina

D tem a pele, quando exposta à radiação ultravioleta (RUV), como sua principal fonte

de síntese 34. Depois de sintetizada na pele, a vitamina D é transportada até o fígado,

onde sofre um processo de hidroxilação. A 25(OH) D – vitamina D hidroxilada- é

secretada no plasma e, nos rins, é metabolizada para 1,25(OH)2D3, forma

biologicamente ativa da vitamina D. A produção desse metabólito é controlada,

sobretudo, pelas concentrações de paratormônio PTH, cálcio e fósforo 34. A

1,25(OH)2D3 exerce seus efeitos pela ligação com o receptor de vitamina D (VDR) 34. O

VDR é amplamente expresso pelos tecidos e órgãos do corpo humano. É encontrado em

glândulas endócrinas (pituitária, pâncreas, paratireoides, gônadas e placenta) e em

tecidos cardiovasculares, tais como células endoteliais, células musculares lisas dos

vasos e cardiomiócitos. O VDR também pode ser encontrado em células

9

hematolinfopoiéticas, já tendo sido demonstrado o papel regulador da vitamina D na

diferenciação celular e na produção de citocinas e interleucinas. À luz de uma expressão

quase universal de VDR pelos tecidos, papeis da vitamina D em múltiplas doenças

endocrinometabólicas têm sido explorados e confirmados 35. As recomendações atuais

advogam a favor do uso das amostras séricas 25(OH)2D3 na avaliação do status de

vitamina D em indivíduos com deficiência e do 1,25(OH)2D3 apenas na monitorização

de determinadas condições, como doenças adquiridas e hereditárias relacionadas a

vitamina D e metabolismo do fosfato 65,75.

A deficiência de vitamina D, definida, na maioria dos estudos e guidelines, por

níveis de 25 (OH) 2 <50.0 nmol/L ou <20.0 ng/mL, 35,36,36,37,38 é um importante problema

de saúde pública mundial 34,35. Publicação referente ao 22nd Marabou Symposium: the

changing faces of vitamin D relatou insuficiência de vitamina D em 1 bilhão de

indivíduos no mundo 34. A prevalência estimada de insuficiência de vitamina D em

crianças e adolescentes varia de 29% a 100% 39. Mesmo com a exposição adequada à

luz solar, alguns estudos reportam concentrações insuficientes de 25(OH)D sérica no

Brasil. Saraiva et al. e Souza Genaro et al. encontraram, respectivamente,

concentrações inadequadas de vitamina D em 42% de idosos na cidade de São Paulo e

em 24% de mulheres com osteoporose 34.

A deficiência de vitamina D induz raquitismo em crianças e osteopenia,

osteomalácia, osteoporose e fraturas em adultos 39,36. Novas evidências têm revelado

que a deficiência de vitamina D está envolvida em doenças autoimunes,

cardiovasculares e certos tipos de neoplasias malignas 34,39,40.

No espectro das doenças autoimunes, as pesquisas conduzidas em modelos

murinos, em cultura de células, e em indivíduos com diabetes, demonstram associação

entre deficiência de vitamina D e DM1 37. Os estudos têm demonstrado o papel

imunomodulador da 1,25(OH)2D3 na prevenção do DM1, exercido quando esse

metabólito se liga ao seu receptor (VDR) expresso em antígenos presentes em células,

em células T ativadas e células β pancreáticas10, 39. Mostram também que a

1,25(OH)2D3, atuando ao nível das células β pancreáticas, diminui in vivo e in vitro a

expressão de citocinas e quimiocinas implicadas no DM1, tornando as células β menos

10

quimiotrativas e propensas à inflamação, o que bloqueia o processo autoimune

característico da doença. No sistema imune, a 1,25(OH)2D3 promove a apoptose de

células dendríticas, impedindo que elas se tornem potenciais células antigênicas,

responsáveis por deflagrar o processo autoimune 10, 40, 41,42. A 1,25(OH)2D3, também

restaura as células supressoras e favorece a polarização Th2 da da resposta imune,

diminuindo a polarização Th1, envolvida na destruição de células β

pancreáticas10,43,44,45,46; e exerce efeitos antiapoptóticos na apoptose de células β

pancreáticas induzida por citocinas, induzindo e mantendo níveis elevados da proteína

do gene A20, o que leva à diminuição dos níveis de óxido nítrico, substância que induz

a destruição de células β pancreáticas 10,47.

Estudos mostram que a vitamina D age contra mecanismos envolvidos na

fisiopatologia do DM2. A vitamina D aumenta a secreção de insulina e promove a

sobrevivência de células β modulando a geração e efeitos de citocinas, além de ter uma

ação anti- apoptótica pela regulação negativa das vias relacionadas ao Fas 48,49,50. Ela

também atua como moduladora da liberação de insulina estimulada por despolarização

através da regulação da calbindina, proteína de ligação ao cálcio citosólico, encontrada

em células β, e aumenta a sensibilidade dos tecidos à insulina ao elevar a expressão de

receptores de insulina e promover a ativação de PPAR- δ (peroxisome proliferator

activated receptor-δ), envolvido na regulação do metabolismo dos ácidos graxos em

músculos esqueléticos e tecido adiposo 48, 52. Outros efeitos imunomoduladores da

vitamina D incluem o bloqueio da diferenciação de células dendríticas, a inibição da

proliferação de linfócitos, com aumento da regulação de linfócitos T e do fator nuclear

κB, efeitos esses que aumentam a sobrevivência das células β, protegendo-as da cascata

inflamatória relacionada à resistência à insulina e comprometimento funcional das

células β 48-53.

No que tange às complicações microvasculares do diabetes e à deficiência de

vitamina D, os estudos atestam que concentrações reduzidas de 1,25(OH)2D3

relacionam-se à maior expressão de marcadores inflamatórios, como a proteína C

reativa (PCR), receptores toll-like de monócitos (TCR) e de fator nuclear κB, preditores

de recrudescimento das complicações microvasculares 10,54.

11

No caso específico da RD, a 1,25(OH)2D3 inibiu o processo de neovascularização,

que tipifica o estágio da RD proliferativa, em modelos murinos, enquanto em culturas

de células houve inibição da proliferação de células endoteliais 56. Outros estudos

mostram associação inversa entre concentrações de vitamina D e gravidade da

retinopatia do DM2 em adultos 56. Entretanto, os estudos associando a deficiência de

vitamina D e a retinopatia diabética ainda são escassos, sobretudo quando se leva em

consideração a retinopatia do DM1, mais comum em crianças e adolescentes. Por isso, a

associação entre RD do DM e deficiência de vitamina D é campo de incerteza e objeto

de pesquisas atuais e futuras.

Levando em consideração a grande prevalência da deficiência de vitamina D e a

expansão do número de casos de DM no mundo, a presente revisão tem por objetivo

avaliar se existe associação entre deficiência de vitamina D e retinopatia diabética.

12

IV. METODOLOGIA

Respaldando-se- se no referencial básico da pesquisa bibliográfica, que é de indagar

e buscar informações sobre determinando assunto através de levantamento de dados,

fez-se uma revisão das publicações na área de saúde através de consultas às bases de

dados do PubMed*1 , Lilacs*2 e Scielo*3.

Foi efetuada busca nas bases de dados- no período entre 08/01/2014 a 19/03/2015- a

fim de identificar estudos que tenham explorado a associação entre deficiência de

vitamina D e retinopatia diabética. Durante a busca de artigos foram utilizados os

seguintes descritores, em idioma português e seus correspondentes em inglês: “vitamina

D”, “deficiência de vitamina D” e “retinopatia diabética”. Os descritores utilizados no

PUBMED foram: (("vitamin D"[MeSH Terms] OR "vitamin D"[All Fields] OR

"ergocalciferols"[MeSH Terms] OR "ergocalciferols"[All Fields]) OR ("vitamin D

deficiency"[MeSH Terms] OR "vitamin D deficiency"[All Fields])) AND ("diabetic

retinopathy"[MeSH Terms] OR ("diabetic"[All Fields] AND "retinopathy"[All Fields])

OR "diabetic retinopathy"[All Fields]).

Os títulos e resumos dos artigos encontrados nas bases de dados foram analisados

para determinar o seu ajuste potencial aos critérios de elegibilidade para leitura. Estudos

em inglês e português que associaram a vitamina D ou o receptor de vitamina D à

retinopatia diabética foram considerados elegíveis para leitura. Buscou-se inicialmente

ampliar o escopo da inclusão para leitura, considerando que os estudos elegíveis

poderiam trazer aprofundamentos sobre o tema, além de poderem conter em seus textos

ou em suas referências alusão à associação entre deficiência de vitamina D e retinopatia

diabética. Na presença de incerteza quanto à relevância e adequação do estudo aos

critérios de elegibilidade para leitura, conduziu-se à leitura integral do texto.

Os artigos considerados elegíveis à leitura foram submetidos a critérios de seleção

para análise, a saber: aqueles que exploraram a associação entre deficiência de vitamina

D (ou baixos níveis de vitamina D) e retinopatia em indivíduos com DM; estudos

*1 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed

*2 http://lilacs.bvsalud.org/

*3 http://www.scielo.org/php/index.php

13

publicados em revistas científicas; e estudos em humanos. O fator de impacto dos

periódicos foi avaliado, porém não foi considerado critério de exclusão para análise.

A revisão da literatura foi suplementada posteriormente por referências obtidas nos

artigos elegíveis encontrados, que eventualmente não apareceram nas estratégias iniciais

de busca.

14

V. RESULTADOS

O estudo utilizou-se das bases de dados do Pubmed, Lilacs e Scielo, sendo a última

data de acesso o dia 19/03/2015. Na busca inicial, foram encontrados 35 artigos na base

de dados do Pubmed; além de seis na base de dados do Lilacs. Observou-se que cinco

dos seis artigos dessa base de dados constavam na base de dados do Pubmed. O único

estudo não duplicado foi considerado elegível para leitura, porém não atendeu aos

critérios de seleção para análise e foi excluído. No Scielo nenhum artigo foi

identificado.

Dos 35 artigos inicialmente selecionados, três foram excluídos por não se

adequarem ao filtro de idiomas utilizado. Dos 32 artigos remanescentes, a leitura dos

títulos e resumos resultou na exclusão de outros treze, por razões mencionadas no

quadro 1 (ver referências dos artigos no anexo 1). Os 19 artigos remanescentes foram

eleitos para leitura, por seus títulos e resumos explorarem a associação entre a vitamina

D ou o receptor de vitamina D à retinopatia diabética.

Dos 19 artigos lidos integralmente, seis foram excluídos por não atenderem aos

critérios de seleção para análise. Os motivos das exclusões constam no quadro 2 (ver

referências dos artigos no anexo 2). Treze artigos foram selecionados para análise. As

referências dos artigos lidos e excluídos foram analisadas na busca de publicações

elegíveis, que não apareceram nas estratégias de busca utilizadas. Foi encontrado um

estudo que atendeu aos critérios de elegibilidade para leitura e de seleção para análise.

15

QUADRO 1. Artigos encontrados na busca e excluídos do estudo (n=16) por não

atenderem aos critérios de elegibilidade para leitura e/ ou por não se adequarem

ao filtro de idiomas.

Autores Ano Motivo(s) da exclusão

Shin YJ et al. 2014 Título e resumo não exploram a associação entre deficiência de vitamina D

e retinopatia diabética.

Hyassat D et al. 2014 Título e resumo não exploram a associação entre deficiência de vitamina D

e retinopatia diabética.

Boucher BJ 2014 Carta ao editor

Zubair M et al. 2013 Título e resumo não exploram a associação entre deficiência de vitamina D

e retinopatia diabética.

Moseley KF 2012 Título e resumo não exploram a associação entre deficiência de vitamina D

e retinopatia diabética.

Shehab D et al. 2012 Título e resumo não exploram a associação entre deficiência de vitamina D

e retinopatia diabética.

Valkusz Z 2011 Artigo em Húngaro.

Chu C et al. 2011 Título e resumo não exploram a associação entre deficiência de vitamina D

e retinopatia diabética.

Golan E et al. 2009 Título e resumo não exploram a associação entre deficiência de vitamina D

e retinopatia diabética.

Ruiz E et al.

1998

Título e resumo não exploram a associação entre deficiência de vitamina D

e retinopatia diabética.

Inukai T et al. 1997 Título e resumo não exploram a associação entre deficiência de vitamina D

e retinopatia diabética.

Fournier A et al. 1994 Título e resumo não exploram a associação entre deficiência de vitamina D

e retinopatia diabética.

Kocián J et al. 1989 Artigo em Tcheco.

Durlach J et al. 1984 Estudo de revisão

Fischer F 1971 Artigo em alemão

Nolph KD et al. 1971 Título e resumo não exploram a associação entre deficiência de vitamina D

e retinopatia diabética.

QUADRO 2. Artigos lidos integralmente e excluídos do estudo (n=7) por não

atenderem aos critérios de seleção para análise.

Autores Ano Motivo (s) da exclusão

Griz, L.H.M 2013 Estudo não publicado em revista científica

Ren et al. 2012 Estudo realizado com modelos murinos.

Bucán et al. 2009 Estuda a associação da retinopatia com polimorfismos do receptor de vitamina D em

indivíduos com DM1.

K. Cyganec et

al.

2006 Estuda a associação da retinopatia com polimorfismos do receptor de vitamina D em

indivíduos com DM2.

E. Capoluongo

et al.

2006 Avalia os genótipos FokI e BsmI do VDR em 2 indivíduos com DM1 , comparando

pacientes com DM1 sem complicações com aqueles que apresentam três complicações..

Taverna MJ et

al.

2005 Estuda a associação da retinopatia com polimorfismo do códon de iniciação do gene do

receptor de vitamina D em indivíduos com DM1.

Taverna MJ et

al.

2002 Estuda a associação da retinopatia diabética com o polimorfismo Taq I do receptor de

vitamina D.

16

FLUXOGRAMA 1- Fluxograma de seleção de artigos

Estudos

resgatados

mediante leitura

das referências

de artigos

excluídos e

eleitos para

leitura(n=1)

PubMed (n =35 )

LILACS (n = 6 )

Artigos duplicados (n = 5 )

Artigos identificados (n =36 )

Artigos excluídos, com as razões para exclusão

(n = 16 )

Artigos lidos integralmente avaliados

como elegíveis (n=20)

(n = 12 )

Artigos lidos integralmente e excluídos,

com as razões para exclusão (n = 7 )

Estudos incluídos na síntese qualitativa (n =14)

17

Dos 14 artigos selecionados para análise, onze são estudos transversais, dois são

estudos de coorte prospectiva e um estudo de caso-controle.

O fator de impacto atual da revista em que foi publicado o artigo foi avaliado

como medida de qualidade (quadro 3) e de estimativa do interesse da comunidade

científica sobre o tema abordado.

QUADRO 3- Apresentação dos artigos selecionados em função do fator de

impacto (FI) do periódico e do tipo de estudo.

Autores Periódico País de

origem do

estudo

Tipo de

estudo

FI

atual

Jee et al. PLoS One Coreia do

Sul

Estudo

transversal

3,534

Shimo et al. Diabetes Res

Clin Pract

Japão Estudo

transversal

2,536

He et al. Diabet Med China Estudo

transversal

3,064

Mbenza et

al.

Int J Ophtalmol África do

Sul

Estudo de

caso controle

0,5

Alele et al. Atherosclerosis EUA Estudo de

coorte

prospectiva

3,71

Ahmadieh et

al.

ISRN

Endodrinology

Líbano

Estudo

transversal

-

Poon et al.

Journal of

Diabetes

Research

Austrália Estudo

transversal

3,54

Payne et al. Endocrine

Practice

EUA Estudo

transversal

2,59

Patrick et al. Arch

Ophtalmology

EUA Estudo

transversal

4,49

Kaur et al.

Diabetes Care Austrália Estudo

transversal

8,57

Joergensen

et al.

Diabetes Care Dinamarca Estudo de

coorte

prospectiva

8,57

Suzuki et al. Endocrine

Journal

Japão Estudo

transversal

2,02

Aksoy et al. Clinical

Biochemistry

Turquia

Estudo

transversal

2,02

Pietschmann

et al.

Diabetologia Áustria Estudo

transversal

6,88

18

VI. 1. Características amostrais

Os estudos incluíram indivíduos com DM1 e DM2. Pietschmann et al.55

avaliaram 76 indivíduos com DM1(n=38) e DM2 (n= 38) comparados a um grupo de

47 controles, . Os indivíduos com DM2 apresentavam maior média de idade (62± 2

anos), do que sujeitos com DM1 (28 ±1 anos).

Kaur et al.56 e Poon et al.57 utilizaram respectivamente, amostras de 517 e 481

indivíduos jovens (em média 14,9 anos) com DM. Numa faixa etária um pouco mais

elevada (28±5,5 anos) Shimo et al.58 estudaram 75 indivíduos com DM1.

Quatro estudos incluíram pacientes com DM2 comparados a grupos-controle.

Aksoy et al.59 (n=66), Ahmadieh et al.60 (n=136), Mbenza et al.61 (n=150) e Suzuki et

al.62 (n=581). A média de idades de indivíduos diabéticos e controles foi similar nesses

quatro estudos, sendo ligeiramente superior para os indivíduos com DM2 no estudo de

Suzuki et al. (61,6± 11,5 anos) e no estudo de Ahmadieh et al. para os controles-

(60±10,9 anos) .

Em outro estudo, Payne et al.63 alocaram 221 indivíduos- 123 com DM2 e 98

sem DM2- em cinco grupos: sem diabetes e sem doença ocular (n= 47); sem diabetes e

com doença ocular (n= 51); indivíduos diabéticos sem retinopatia (n= 41); indivíduos

diabéticos com retinopatia não proliferativa (n= 40); e indivíduos diabéticos com

retinopatia proliferativa (n= 42) . Observaram que a média de idade foi maior para

indivíduos diabéticos com retinopatia não proliferativa (68,3±10 anos) e menor para

indivíduos com retinopatia proliferativa (59, 8 ±12 anos).

Os estudos de Jee et al.64 , Patrick et al. 26 e He et al.65 utilizaram as maiores

amostras entre os estudos transversais analisados. Jee et al. usaram os dados oriundos

do Korean National Health and Nutrition Examination Survey (KNHANES) para

estimar a associação entre níveis de 25(OH)D sérica e retinopatia diabética. Aplicando

critérios de exclusão específicos a uma amostra inicialmente de 35056 indivíduos sul-

coreanos, analisaram finalmente 2113 indivíduos com DM2 com idade superior ou igual

a 40 anos. A média de idade variou conforme os quintis de 25(OH)D adotados,

conforme é explicitado no quadro 4. Patrick et al. basearam-se em dados da terceira

19

pesquisa nacional sobre saúde e nutrição conduzida pelo Centro Nacional para

estatísticas em Saúde de 1 de outubro de 1988 a 30 de setembro de 1994 (NHANES III).

Foram analisados 1790 norte-americanos com média de idade 62,7 ± 11,1 anos. Já He

et al. analisaram 1520 indivíduos chineses com DM2 com média de idade de 59,03±

11,67 anos.

O estudo de Jeorgensen et al.66 , uma coorte prospectiva, acompanhou 286

pacientes dinarmaqueses com DM1 com uma mediana de 26 anos, desde o início do

diagnóstico de DM1 entre 1979 e 1984. Além de seu desenho ser diferente da maioria

dos estudos previamente analisados, até então estudos transversais, a média de idade

dos indivíduos com DM1 foi superior às médias encontradas em Kaur et al. e Poon et

al., sendo de 29±16 anos para sujeitos acima do limite inferior do percentil 10% de

vitamina D sérica e 31±16 anos para sujeitos abaixo deste limite.

Alele et al.67 estudaram 936 dos 1791 indivíduos americanos com DM2 e

controle sub-ótimo da glicose envolvidos no estudo “Diabetes mellitus in the Veteran

Affairs Diabetes Trial” - VADT. Esses sujeitos entraram no estudo em 2000 e foram

acompanhados até a morte, perda de seguimento ou até 2008. A média de idade dos

indivíduos que participaram do estudo foi de 59, 7± 8,4 anos, sendo que essa média

variou conforme os quartis de vitamina D utilizados.

QUADRO 4 – Características amostrais dos estudos revisados

Autores N DM (n) Co (n) VD (n) (%) Média de

idade (SD)

anos

DM (tipo)

Kaur et al. 517 517 Não há

referência

495 (96) 14,9 (2,4)

DM 1

Aksoy et al.

86 66 20 86 (100) - 57, 3 (7,37) –

DM2

- 56, 6 (5,14 )-

CO2

p≥0,05

DM 2

Suzuki et al. 632 581 51 632 (100) -61,6 (11,5)-

DM2

- 58,2 (10,6)-

CO2

p≥0,05

DM2

[Continua]

20

QUADRO 4. [Continuação]

Patrick et al. 1790 1790

33-DM1

1757-

DM2

Não há

referência

1790 (100) 62,7 (11,1) DM1 e DM2

Poon et al.

481 481 Não há

referência

460 (96) 14,9 DM1

Ahmadieh et

al.

210 136 74 210 (100) - 59,2 (11,4)-

DM2

-60(10,9)- CO2

p≥0,05

DM2

Jeorgensen et

al.

286 286 Não há

referência

220 (77) -29(16)-

VDD>15,5

nmol/L

- 31 (16)-

25OHD ≤ 15,5

nmol/L

p=0,5

DM1

Pietschmann

et al.

113. 38- DM1

38- DM2

20- CO1

17- CO2

113 (100) - DM1- 28 (1)

- CO1- 31(3)

- DM2- 62 (2)

- CO2- 62 (3)

DM1 e DM2

Payne et al. 221 221 Não há

referência

221 (100) - 62 (11,6) -

Sem Diabetes

ou doença

ocular

- 59,8 (13,3)-

Sem diabetes

com doença

ocular

-62,4 (11,3)-

NDR

- 68,3 (10)-

BDR

-59,8 (12)-

PDR

p= 0,797

DM2

Alele et al. 936 936 Não há

referência

936 (94) 59,7 (8,4) DM2

Mbenza et al. 200 150 50 200 (100)

- 55,2 (13)-

DM2

- 53,4 (13,6)-

DM2 com RD

-56,6 (12,4)-

DM2 sem RD

- 50,7 (13)-

CO2

p=0,046

DM2

[Continua]

21

QUADRO 4. [continuação]

He et al. 1520 1520 Não há

referência

1520 (100) 59,03 (11,67) DM2

Shimo et al. 75 75 Não há

referência

75 (100) 28, 5 (5,5) DM1

Jee et al. 2113 2113 Não há

referência

2113 (100) -69, 8 (0,7)- 1º

quintil*

- 59 (0,6)- 2º

quintil*

-59 (0,5)- 3º

quintil*

- 60, 9 (0,6)- 4º

quintil*

-61,5 (0,7)- 5º

quintil*

P=0,016

DM2

Total ( Σ n) 9180 8948 232 9071

N- número de indivíduos estudados ; DM (n)- número de indivíduos com DM; Co (n)- número de controle saudáveis

utilizados; VDD (n) (%)- número e percentual de indivíduos em que se dosou VD ; SD- Desvio- padrão; IQR-

Amplitude interquartil; NDR- Diabetes sem retinopatia diabética; BDR- Retinopatia diabética não proliferatica; Pre-

PDR- Retinopatia diabética pré- proliferativa; PDR- Retinopatia diabética proliferativa; NSTDR- Retinopatia

diabética sem comprometimento visual; STDR- Retinopatia diabética com comprometimento visual; CoDM1-

Controle (saudável) DM1; CoDM2- Controle (saudável) DM2;VDD- Deficiência de vitamina D; NVDD- Sem

deficiência de vitamina D; * 1º quintil- 25(OH)D< 13 ng/ml; * 2º quintil- 25(OH)D: 13- 16,5 ng/ml; *3º quintil-

25(OH)D: 16,5- 19,6 ng/ml; *4º quintil- 25(OH)D: 19,6- 24,4 ng/ml; * 5º quintil- 25(OH)D>24, 4 ng/ml.

Obs- Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos nos estudos analisados.

A amostra total nos catorze estudos analisados foi de 9180 indivíduos. Desses,

8948 tinham DM ( 7518 com DM2 e 1430 com DM1). A vitamina D foi dosada em

9071 dos 9180 indivíduos.

VI.2. Dosagem de vitamina D

As concentrações de 25(OH)D foram mensuradas em treze estudos, embora nem

todos os indivíduos neles incluídos tenham sido submetidos a essa avaliação (quadro 4).

Além disso, as técnicas de quantificação, a média de 25(OH)D e os valores definidores

de deficiência de vitamina D (VDD) diferiram entre os estudos.

22

Pietschmann et al. dosaram a vitamina D através do ensaio proteico de ligação

competitiva após extração e purificação de C18. Já Kaur et al., Poon et al. e Patrick et

al. usaram o mesmo método de quantificação de 25(OH)D: “LIAISON analyzer

(DiaSorin Inc., Stillwater, MN)”; quatro outros estudos- Aksoy et al. , Ahmadieh et

al.,Suzuki et al. , Alele et al., Shimo et al. e Jee et al. - utilizaram o radioimunoensaio

(RIA). Jeorgensen et al. utilizaram a cromatografia líquida de alto rendimento /

espectrometria de massa. Payne et al. utilizaram o método do imunoensaio

quimioluminescente competitivo automatizado (IDS iSYS assay; Scottsdale, Arizona).

He et al. fizeram a dosagem de 25(OH)D através do ensaio eletroquimioluminescente

(Roche E170 modular immunoassay analyser, Roche Diagnostics GmbH Mannheim,

Alemanha). Diferentemente, Mbenza et al. dosaram a 1,25(OH)2D3 através do método

de cromatografia líquida de alta eficiência em face reversa.

A média de 25(OH)D diferiu entre os estudos: Kaur et al. e Poon et al.

encontraram média e mediana de 25(OH)D de 70,1± 23 nmol/L e 70,3 nmol/L ( IQR

57, 5- 84,3), respectivamente. Shimo et al. encontraram médias diferentes para os

indivíduos com VDD (n=21)- 16,7 ± 2,9 ng/ml (41,75 ±7,25 nmol/L) e sem VDD

(n=54)- 29, 4 ± 7,5 ng/ml (73,5±18,75 nmol/L) .

Patrick et al. encontraram mediana de 25,8 nmol /L (IQR 17,9-31,1).

Ahmadieh et al e Suzuki et al. encontraram médias similares de 25(OH)D para

diabéticos e controles. Em Ahmadieh et al., os valores foram de 20,1± 12,5 ng/ml

(50,25± 31,25 nmol/L) para diabéticos e de 22,5±12 ng/ml

(56,25 ±30 nmol/L) para controles, sem significância estatística. Em Suzuki et al, a

concentração de 25(OH)D sérica foi de 17, 0 ± 7,1 ng/ml (42,5 ±17,75 nmol/L) para

diabéticos e de 17,5± 3,6 ng/ml (43,75 ±9,0 nmol/L) para controles, também sem

significância estatística.

Em Payne et al., observou-se a maior média de 25(OH)D em indivíduos sem

diabetes e sem doença ocular e a menor média em indivíduos com PDR para valores

estatisticamente significantes ( Quadro 5). De forma similar, He et al. encontraram

médias distintas de 25(OH)D avaliadas em três grupos distintos que refletiram o grau de

retinopatia diabética. Nesse sentido, a média foi maior no grupo sem retinopatia

23

diabética (n= 625) em comparação aos grupos com retinopatia diabética sem

comprometimento visual (n= 562) e com retinopatia diabética com comprometimento

visual (n= 333), para valores estatisticamente significativos, conforme exposto no

quadro 5.

Jee et al. apresentam as médias de 25(OH)D variando de acordo com o sexo na

amostra estudada. Dessa maneira, a média para os homens foi de 19, 2 ng/ml ( IC 95%,

18,7- 19,8), enquanto para as mulheres foi de 17, 9 ng/ml (IC 95%, 17,2- 18,6)- valores

em nmol/L expressos no quadro 5), para um valor de p <0,001. Em Aksoy et al., a

concentração sérica de 25(OH)D foi mais alta nos indivíduos não diabéticos do que nos

diabéticos (60,6 ±16,91 vs. 31,0 ± 13,71 nmol/L, respectivamente, p < 0,001). Uma

particularidade desse estudo foi a dosagem de 1,25(OH)2D3- também avaliada pelo

ensaio de RIA. A média de 1,25(OH)2D3 nos diabéticos foi de 57,3±21,44 e do controle

foi de 89,4 ± 18,01 pmol/L, p < 0,001. Jeorgensen et al. encontraram mediana de 44,6

(1,7- 161,7) nmol/L.

No que diz respeito à determinação de VDD, os estudos usaram pontos de corte

diferentes, o que refletiu as diferentes médias de 25OHD encontradas em suas amostras.

Kaur et al. e Poon et al. definiram VDD como 25 (OH)D <50 nmol /L (20 ng/ml),

sendo 16% dos indivíduos considerados deficientes em ambos os estudos.

Ahmadieh et al., Suzuki et al. Alele et al. , Shimo et al. , Jee et al. e He et al.

também definiram a VDD como valores de 25 (OH)D inferiores a 50 nmol/L. A

prevalência de VDD em Shimo et al. e He et al. foi bem similar, sendo de 28% e

27,17%, respectivamente. Jee et al. e Mbenza et al. não explicitaram a prevalência de

indivíduos com VDD nos seus estudos. Ahmadieh et al. encontraram que 53% dos

controles e 60% dos diabéticos tinham níveis de 25(OH)D menores do que 20 ng/mL.

Suzuki et al. encontraram que 70,6% dos sujeitos do estudo eram deficientes.

Patrick et al. encontraram que 28,6% dos indivíduos eram deficientes e 74%

eram insuficientes, sendo a deficiência e insuficiência definida como níveis séricos de

25(OH)D inferiores a 50 nmol/L e 80 nmol/L ( 32 ng/ml), respectivamente . Aksoy et

al. não estabeleceram um ponto de corte para VDD, apesar de terem encontrado

indivíduos com concentrações consideradas deficientes de vitamina D (< 50 nmol/L, de

24

acordo com a maioria dos clínicos e pesquisadores 35). Payne et al. definiram a

insuficiência de vitamina D como valores de 25OHD menores que 30 ng/mL, porém o

status de deficiência não foi estabelecido.

Jeorgensen et al. basearam sua análise em um ponto de corte (deficiência grave)

de 15,5 nmol / L. Vinte e dois ( 10%) dos 220 tinham valores inferiores a esse limite.

Durante o seguimento, 44 (20%) dos pacientes foram a óbito: 7/22 pacientes (32%) com

concentrações de vitamina D menores do que 15, 5 nmol/L e 37 (19%) de pacientes com

concentrações maiores do que 15,5 nmol/L. Entretanto, a diferença entre os grupos não

foi significativa ( p=0,06).

Considerando todos os estudos, o número total de indivíduos com VDD ou VDI

foi de 3132.

VI.3. Avaliação da retinopatia diabética

A retinopatia diabética foi avaliada nos catorze estudos. Conforme apresentado

no quadro 6, os métodos de avaliação e definição de retinopatia foram divergentes.

Pietschmann et al., Ahmadieh et al. , Jeorgensen et al. , Suzuki et al., Payne et al. e

Mbzenza et al. usaram o exame da pupila dilatada para avaliação. Jeorgensen et al. e

Payne et al. classificaram a retinopatia em ausente, não proliferativa e proliferativa nos

indivíduos estudados.

Kaur et al. e Poon et al. avaliaram a retinopatia através de 7

campos de fotografias estereoscópicas do fundo ocular. Em Shimo et al. a presença de

retinopatia foi diagnosticada através de fotografia de fundo de olho e os indivíduos

foram distribuídos em dois grupos: sem retinopatia diabética (n=44) e com retinopatia

diabética simples ou mais avançada (n=31).

He et al. usaram fotografias bilaterais da retina tiradas de fundo de olho , usando

uma câmera digital não- midriática de 6,3 megapixel 45° para avaliação da retinopatia,

que foi graduada de acordo com a Escala Clínica Internacional de Gravidade da RD. O

grau de RD foi determinado de acordo com a classificação no pior olho, de modo que os

indivíduos foram divididos em três grupos (já mencionados no item “ Características

25

amostrais”) : sem retinopatia diabética (n= 625) ; com retinopatia diabética sem

comprometimento visual (n= 562) e com retinopatia diabética com comprometimento

visual (n= 333).

Patrick et al. avaliaram a retinopatia através de fotografias de fundo de um olho

não-midriático, método escolhido por um protocolo de randomização NHANES III no

momento do exame. Assim, fotografias de fundo de olho foram tiradas em um quarto

escuro para permitir a dilatação da pupila de 6 a 10 mm de diâmetro e classificadas de

acordo com o método adotado pelo Centro de Epidemiologia Ocular da Universidade

de Wisconsin. Indivíduos treinados usaram a Classificação de Retinopatia modificada

de Arlie House para classificar as fotografias da seguinte forma: sem retinopatia

(classificados 010 ou 015), retinopatia leve não proliferativa (020 ou 031), retinopatia

não-proliferativa moderada a grave (041 ou 051), ou retinopatia proliferativa (060, 065,

ou 070, ou evidência de tratamento com fotocoagulação). Essa classificação também foi

empregada no estudo de Mbenza et al..

Kaur et al. definiram-na como microaneurisma ou hemorragia. Poon et al.

classificaram-na de acordo com a adaptação antecipada do Estudo do tratamento

precoce da retinopatia diabética.

Poon et al. realizaram medidas geométricas vasculares da retina, consideradas

preditoras da RD antes da neovascularização e hemorragia, utilizando um programa de

computador semi-automático. As medidas foram proporção comprimento-diâmetro

(distância entre o ponto médio do primeiro ramo de vaso ao ponto médio do segundo

ramo, dividido pelo diâmetro do vaso pai no primeiro ramo), ângulo de ramificação (o

ângulo entre dois vasos filhos), tortuosidade da curvatura (medida da forma do vaso e

ondulação) e dimensão fractal (medida de complexidade de uma estrutura fractal ou

auto-semelhante); além do CRAE ( equivalente arteriolar da retina central) e CRVE

(equivalente venular da retina central).

Em Aksoy et al., os pacientes foram examinados por um único especialista para

determinar o grau de RD. Foram então classificados: Sem RD = 20; RD não

proliferativa= 15; RD pré- proliferativa= 14; RD proliferativa= 17 . As definições

utilizadas para embasar a classificação foram RD não proliferativa (RDNP):

26

microaneurismas; hemorragias em ponto e manchas; exsudatos duros e edema de retina;

RD pré- proliferativa (pré- RDP)= exsudatos algodonosos; alterações venosas-

dilatação; “ensalsichamento”; aspecto perolado; estreitamento arteriolar e manchas

hemorrágicas largas e escuras; RD proliferativa (RDP): neovascularização, mudanças

vítreas e hemorragias integrais ou prerretinais.

Em Alele et al., 7 campos de fotografias estereoscópicas do fundo ocular foram

obtidos na inclusão e em 5 anos (ou seja, visita 40). A progressão da retinopatia foi

definida como um aumento de 2 pontos em um total de 23 pontos da Escala de

Classificação Tratamento Precoce da Retinopatia Diabética (ETDRS) . O ETDRS foi

também usado para definir a progressão para retinopatia diabética proliferativa entre

base e visita 40.

No estudo de Jee et al, foram também obtidos sete campos de fotografias

estereoscópicas do fundo ocular após a dilatação pupilar farmacológica de acordo com o

Estudo para o Tratamento Precoce da Retinopatia Diabética. A RD foi identificada se

alguma lesão característica definida pela ETDRS estava presente. Um escore de

gravidade da RD foi atrabuído a cada olho de acordo com a Classificação de Retinopatia

modificada de Arlie House. Os autores definiram quatro desfechos primários para este

estudo com base nos escores de gravidade do pior olho. Nesse sentido, a RD foi

definida como um escore> 14 e a RD proliferativa como um escore>60 ; o edema

macular clinicamente significativo (EMCS) foi considerado presente quando o edema

macular estava envolvido ou dentro de 500 μm do centro da fóvea ou se as cicatrizes de

fotocoagulação focais estavam presentes no edema macular. A retinopatia diabética

comprometedora da visão ( VTDR) foi definida como a presença de RD proliferativa

não- grave, RD proliferativa ou EMCS.

O número e percentual de indivíduos com RD divergiram entre os estudos

transversais, consoante apresentado no quadro 7. Nesse sentido, a maior prevalência foi

encontrada em He et al., correspondendo a 58,88% dos pacientes avaliados. A menor

prevalência foi de 9,8%, apresentada por Poon et al. Considerando todos os estudos, o

número total de indivíduos com RD foi de 1836 ( ver quadro 7).

VI.4. Outras variáveis estudadas

27

Aksoy et al. e He et al. dosaram o paratormônio (PTH), cálcio e glicemia de

jejum. Ahmadieh et al. avaliaram cálcio e fósforo. Pietschmann et al. , Alele et al. e

Suzuki et al. dosaram PTH . Mbenza et al. e Jee et al. dosaram glicemia de jejum . Os

demais estudos não mencionam a mensuração desses parâmetros.

No que diz respeito aos fatores de exclusão para a participação nos estudos,

observa-se que Pietschmann et al. , Kaur et al. e Poon et al. não impuseram critérios de

exclusão para o estudo.

Shimo et al. excluíram do seu estudo grávidas, além de indivíduos com doenças

hepáticas e malignas e sujeitos que estavam usando medicações que afetam o status de

VD. Akson et al. excluíram do estudo sujeitos com envolvimento renal ou presença de

microalbuminúria, doença hepática, doença esquelética e o uso de suplementos

vitamínicos ou minerais ou de medicações que alteram o metabolismo mineral .

Suzuzi et al. excluíram do estudo pacientes com Doença Renal Crônica ( DRC)

história de operação cirúrgica do trato gastrintestinal, doenças hepáticas, e/ ou em

terapia com glicocorticoide e VD. Pacientes institucionalizados ou hospitalizados com

distúrbio visual grave também foram excluídos do estudo.

He et al. excluíram sujeitos DM1 ou outros tipos específicos de diabetes, com

complicações agudas da diabetes, osteomalácia, lesões de fundo de olho devido à

degeneração macular, tumor orbital, trauma ou outras causas definidas, nefropatia aguda

secundária causada por glomerulonefrite, pielonefrite e nefrolitíase; condições

envolvendo paratireóides incluindo hiperparatireoidismo e hipoparatiroidismo, além de

uso de suplementos vitamínicos, incluindo vitamina D ou cálcio.

Os critérios de inclusão considerados no estudo de Patrick et al. foram: ter

participado do estudo NHANES III e do Centro de Exame Móvel ( MEC), para o qual

os indivíduos que participaram do NHANES III foram convidados a participar e que

incluía, além do exame físico, coleta de amostras de urina e sangue; além de atender aos

critérios do estudo para o diagnóstico de diabetes (ter sido diagnosticado com diabetes-

que não a gestacional- e resultados dos testes laboratoriais indicativos de diabetes ; e

28

fornecer uma amostra de sangue para a medição de 25(OH)D. Considerando que no

levantamento NHANES III eram elegíveis para a fundoscopia indivíduos com idade

igual ou superior a 40 anos, esse estudo foi limitado a adultos nessa faixa etária.

Indivíduos que não atenderam aos critérios de inclusão mencionados foram excluídos

do estudo.

Jee et al. impuseram muitos filtros de exclusão de indivíduos que participaram

do KNHANES, estudo que serviu de base para a coleta de dados por Jee et al. Com

isso, os autores selecionaram, a princípio, 35.056 indivíduos dos quais se dosou a

25(OH)D sérica e a glicemia de jejum. Destes, 16.693 indivíduos com idade< 40 anos e

15.180 indivíduos que não tinham sido diagnosticados com diabetes foram excluídos.

Dos 2.553 indivíduos com diabetes, 440 que não foram submetidos ao exame de fundo

de olho foram excluídos. Finalmente, 2.113 participantes com idade > 40 anos, foram

incluídos na análise.

Ahmadieh et al. excluíram do estudo os pacientes que haviam feito uso de

vitamina D em um dose ≥ 1000 UI / dia. Jeorgensen et al. excluíram nove indivíduos

da sua coorte inicial: sete por causa de sérios problemas mentais e dois por

apresentaram microalbuminúria no início do diabetes. Em Alele et al., foram excluídos

indivíduos com creatinina maior que 1,6 ou hiperparatiroidismo secundário à doença

renal crônica estágio III e IV e síntese de 1,25(OH)2D3 reduzida; além de sujeitos que

tiveram eventos macrovasculares ocorridos no período de dois anos entre a inscrição no

VADT e a mensuração de 25(OH)D , com exceção da retinopatia ( fez-se o fundo de

olho no momento da inclusão no estudo e 5 anos depois).

Em Payne et al. foram excluídos pacientes com DM1, menores do que 18 anos

e maiores do que 90 anos; pacientes em uso de análogos de vitamina D ou de

multivitamínicos com mais de 1 UI de vitamina D ou em uso de medicações que podem

alterar o metabolismo da vitamina D, como rifampicina, fenitoína ou fenobarbital; além

de pacientes com doença de base que alteram o metabolismo do cálcio ou da vitamina

D, como hipoparatiroidismo e hiperparatiroidismo ou nefrolitíase recente, e com

comprometimento cognitivo; os incapazes de fornecer o consentimento por escrito

também foram excluídos.

29

Mbenza et al. adotaram os seguintes critérios de exclusão para indivíduos

diabéticos que participaram do estudo: portadores de anemia falciforme, sujeitos com

efeitos colaterais da cloroquina, crianças, adultos jovens menores que 20 anos, sujeitos

com febre, câncer, infecções crônicas ou em uso de suplementos antioxidantes, pessoas

em tratamento para dislipidemia e recusa em participar do estudo. Os critérios de

inclusão para indivíduos saudáveis- grupo controle- foram: não ter diagnóstico médico

de retinopatia, DM ou outras doenças desconhecidas, além do não uso de

hipoglicemiantes, drogas para tratamento de dislipidemia e de suplementos

antioxidantes. Cinco participantes assintomáticos do estudo (dois não diabéticos e três

pré-diabéticos ) tinham retinopatia.

Cinco estudos fizeram algum tipo de ajuste inicial (pré- estatístico) para

variável confundidora sazonalidade. Kaur et al., Poon et al., Payne et al. e Alele et al.

ajustaram também a variável confundidora raça; Kaur et al. e Patrick et al. , além de

terem ajustado as variáveis mencionadas, também ajustaram para o nível

socioeconômico dos indivíduos da amostra. Mbenza et al. ajustaram para o nível

socioeconômico dos participantes. Ahmadieh et al., para evitar também a interferência

de fatores socioeconômicos, estudaram indivíduos do mesmo estrato social. Variáveis

sexo, duração do diabetes , HBA1c ( exceto em Patrick et al.) IMC ( exceto em Aksoy

et al.) foram analisadas e ajustadas mediante técnicas estatísticas nos estudos

realizados. As médias/ medianas de HBA1c e de duração do diabetes estão expressas

no quadro 5.

QUADRO 5 – Caracterização de variáveis biológicas e demográficas associadas à

retinopatia diabética nos estudos revisados

Autores Média/ Mediana de

25(OH)D (SD/IQR)

nmol/L

Média de

1,25(OH)2D3 (SD)

pmol / L

Média/ Mediana

de HBA1C (SD ou

IQR %)

Média / Mediana de

duração do diabetes

(SD ou IQR) anos

Kaur et

al.

70, 1 (23)

Não há referência 8,6 (1,5) 7,2(3,5)

[Continua]

30

QUADRO 5. [continuação]

Aksoy et al.

- 31,0 (13, 71)-

DM2

- 60,6(16,91)-

CO2

p < 0, 001

- 57,3 (21,44)-

DM2

-89,4 (18,01) pmol

/ L- CO2

p < 0, 001

-8,1 (2,08)- BDR

-8,4 (1,44)- Pre- PDR

- 9,5 (3,92)- PDR

5,7 (4)- NDR,

p < 0,05

- 4,3(5,17) –

NDR

- 7,4 (6,20) -

BDR

- 9,7 (4,54) -

Pre-PDR

- 12,1 (4,62) -

PDR

p < 0,05

Poon et al.

70,3 (57,5-84,3) Não há referência 8,4 (7,6-9,4 )

11, 8 (8,6)

Ahmadieh et

al.

- 50,25 (31,25)-

DM2;

-56,25 (30)-CO2

p≥0,05

Não há referência -8 (1,6)- 25(OH)D<50

nmol/L

- 7,5 (1,5)- 25(OH)D>50

nmol/L

p=0,04

Não há

referência

Jeorgensen et

al.

44,6 ( 1,7-

161,7)

Não há referência - 9,8 (2, 1)-

25OHD>15,5 nmol/L

- 10, 6 (2,5) 25OHD ≤

15,5 nmol/L

p=0,1

6,7 (4,3-9,4)

Suzuki et al. - 42,5 (17,75)-

DM2

- 43,75 (9,0 )-

CO2

p≥0,05

Não há referência - 7,7 (1,4 )- DM2

p<0,05

- 4,8 (0,6 )- CO2

8,6 (7)

Patrick et al. 64,5 (44,75-

77,75)

Não há referência Não há referência Não há

referência

Pietschmann et

al.

Não há

referência

Não há referência - DM1- 8,7 (0,4)

- DM2- 8,8 (0,3)

- DM1- 12(2)

- DM2- 13(1)

[Continua]

31

QUADRO 5. [continuação]

Payne et

al.

- 72 (32,1)- Sem Diabetes

ou doença ocular

- 61,75 (35,6) - Sem

diabetes com doença

ocular

-58 (25,7)- NDR

- 53,75 (25,7)- BDR

-45 (26,2)- PDR

p<0,001

Não há referência - 5,8 (0,5)- Sem

Diabetes ou doença

ocular

- 5,8 (0,3)- Sem

diabetes com doença

ocular

-7,5(2 )- NDR

- 7,4 (1,2)- BDR

-8,1 (1,9)- PDR

p<0,001

Não há

referência

Alele et

al.

Não há referência

Não há referência 9,4 (9,3-9,5) 11,4 (7,5)

Mbenza

et al.

Não há referência - 18,78 (13,9 )-

DM2

- 16,8 (14)- DM2

com RD

- 20,3 (13,07)-

DM2 sem RD

- 31,01 (12,5)-

CO2

p<0,001

- 9,3 (4,1 )- DM2

- 9,8 (4,3)- DM2

com RD

- 9,8 (4,3)- DM2 sem

RD

- 5 (0,6 )- CO2

p<0,001

Não há

referência

He et al. - 47,15 (17,8)- NDR

- 43,6 (15,475)- NSTDR

38,4 (12,025)- STDR

P<0,05

Não há referência - 8,85 (2,69)- NDR

- 8,94 (2,17)- NSTDR

- 8,95 (2,3)- STDR

p=0,766

9,78 (7,17)

Shimo et

al.

-41,75 (7,25)- VDD

- 73,5(18,75)- NVDD

Não há referência - 8, 2 (1,6)- VDD

- 7,6 ( 1,3)- NVDD

- 20, 4 (5,9)-

VDD

- 19, 4 (6,9)-

NVDD

p=0,57

Jee et al. - 48 ( IC 95%, 46,75-

49,5)- homens

- 44,75 (IC 95%, 43- 46,5 -

mulheres

p<0, 001

Não há referência - 7,6 (0,1 )-1º quintil*

-7,4 (0,0)-2º quintil*

-7,6 (0,1)- 3º quintil*

- 7,1 (0,0)-4º quintil*

-7 (0,0)-5º quintil*

p<0,001

- 7,8 (0,5)- 1º

quintil*

- 8 (0,5)- 2º

quintil*

-7,4 (0,4)- 3º

quintil*

-8,6 (0,5)- 4º

quintil*

- 7,7 (0,4)- 5º

quintil*

p=0,417

32

SD- Desvio- padrão; IQR- Amplitude interquartil; NDR- Diabetes sem retinopatia diabética; BDR- Retinopatia

diabética não proliferatica; Pre-PDR- Retinopatia diabética pré- proliferativa; PDR- Retinopatia diabética

proliferativa; NSTDR- Retinopatia diabética sem comprometimento visual; STDR- Retinopatia diabética com

comprometimento visual; CoDM1- Controle (saudável) DM1; CoDM2- Controle (saudável) DM2 ;VDD- Deficiência

de vitamina D; NVDD- Sem deficiência de vitamina D; * 1º quintil- 25(OH)D< 13 ng/ml; * 2º quintil- 25(OH)D: 13-

16,5 ng/ml; *3º quintil- 25(OH)D: 16,5- 19,6 ng/ml; *4º quintil- 25(OH)D: 19,6- 24,4 ng/ml; * 5º quintil-

25(OH)D>24, 4 ng/ml

Obs- Valores de 25(OH)D em ng/ ml, nos estudos originais, foram convertidos para nmol/l; valores 1,25(OH)2D3

foram convertidos para pmol / L; valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos nos estudos

analisados.

QUADRO 6 - Características metodológicas dos estudos revisados

Autores Método de

quantificação de

25(OH)D

Método de

quantificação

de

1,25(OH)2D3

Método de

avaliação de

retinopatia

Critérios

de

exclusão

Dosou

PTH,

Cálcio

total e

glicemia

de jejum?

Ajuste de

variáveis

confundidoras-

raça ,

sazonalidade ,

nível

socioeconômico

Kaur et al.

LIAISON

analyzer (DiaSorin

Inc., Stillwater,

MN).

Não há

referência

Sete campos de

fotografias

estereoscópicas

de fundo de olho

Não há

referência

Não Sim. Raça, nível

socioeconômico e

sazonalidade

Aksoy et

al.

RIA (Incstar

Corpora-

tion, Stillwater,

MN, USA)

RIA (Incstar

Corpora-

tion, Stillwater,

MN, USA)

Exame da pupila

dilatada

Sim. Sim. Sim. Sazonalidade

Poon et al. LIAISON

analyzer (DiaSorin

Inc., Stillwater,

MN)

Não há

referência

Sete campos de

fotografias

estereoscópicas de fundo de olho

Não há

referência.

Não Sim. Raça e

sazonalidade

Ahmadieh

et al.

RIA

(Imunodiagnostic

System Limited,

Reino Unido)

Não há

referência

Exame da pupila

dilatada

Sim Sim

(Cálcio e

fósforo)

Sim. Exposição ao

sol na semana

anterior

Jeorgensen

et al.

Cromatografia

líquida de alto

rendimento /

espectrometria de

massa

Não há

referência

Exame da pupila

dilatada

Não há

referência

Não. Não

Suzuki et

al.

RIA(DiaSorin Inc.,

Stillwater, MN).

Não há

referência

Exame da pupila

dilatada

Sim Sim (

PTH)

Não

Patrick et

al.

LIAISON

analyzer (DiaSorin

Inc., Stillwater,

MN)

Não há

referência

Fotografias de

fundo não

midriáticas de

um olho

Sim Não Sim. Raça,

sazonalidade e

nível

socioeconômico

[Continua]

33

QUADRO 6. [Continuação]

Pietschmann

et al.

Ensaio proteico de

ligação competitiva após

extração e purificação de

C18( Radiochemical

Center, Amersham, UK)

Não há

referência

Exame da

pupila dilatada

e angiografia

com

fluoresceína

Não há

referência

Sim

(PTH)

Não

Payne et al. Imunoensaio

qumioluminescente

competitivo automatizado

(IDS iSYS assay;

Scottsdale, Arizona).

Não há

referência

Exame da

pupila dilatada.

Sim Não Sim. Raça

Alele et al. RIA(DiaSorin Inc.,

Stillwater, MN).

Não há

referência

Sete campos de

fotografias

estereoscópicas

de fundo de olho

Sim Sim

(PTH)

Sim . Raça

Mbenza et

al.

Não há referência Cromatografia

líquida de alta

eficiência em

face reversa

(HPLC)

Exame da

pupila dilatada.

Sim Sim

(Glicemia

de jejum)

Sim. Nível

socioeconômico

He et al. Ensaio

eletroquimioluminescente

(Roche

E170 modular

immunoassay analyser,

Roche Diagnostics

GmbH Mannheim,

Alemanha

Não há

referência

Fotografias

bilaterais da

retina tiradas

de fundo de

olho , usando

uma câmera

digital não-

midriática de

6,3 megapixel

45°

(Canon CR-

45nm , Lake

Success ,

Nova Iorque,

EUA)

Sim Sim Não

Shimo et al. RIA (SRL Inc., Tokyo,

Japão)

Não há

referência

Fotografia de

fundo de olho

Sim Não Não

Jee et al. RIA(DiaSorin Inc.,

Stillwater, MN) e

contador gamma (1470

WIZARD; PerkinElmer,

Inc., Waltham, MA, USA)

Não há

referência

- Fotografias

bilaterais da

retina tiradas

de fundo de

olho , usando

uma câmera

digital não-

midriática de

6,3 megapixel

45°

- Sete campos

de fotografias

estereoscópicas

de fundo de olho

Sim Sim

(glicemia

de jejum)

Não

34

VI.5. Existe associação entre vitamina D e retinopatia diabética?

Dez estudos analisados encontraram associação significativa entre deficiência/

insuficiência de vitamina D e retinopatia diabética. Quatro estudos não encontraram

associação. Kaur et al. encontraram 18% de retinopatia nos indivíduos com VDD e 9%

naqueles sem deficiência, p=0,02. Portanto a VDD, segundo esses autores, aumentou

de duas vezes o risco de retinopatia diabética [OR 2,12 (95% IC: 1,03–4,33), p= 0,04] .

Os autores frisam que a associação estabelecida foi independente de duração de diabetes

e do HBA1c, sendo, pois, o primeiro estudo, segundo o conhecimento dos autores, a

mostrar a associação com essas características. Refutam também que a VDD seja

consequência da retinopatia- já que indivíduos com essa condição patológica seriam

teoricamente menos ativos e, portanto, menos expostos a luz solar- com o argumento de

os jovens estudados apresentavam retinopatias em estágios iniciais. Diferentemente do

que é apresentado na literatura, esse estudo não encontrou associação entre etnia e

retinopatia.

De forma similar a Kaur et al., Shimo et al. encontraram prevalência de

retinopatia diabética significativamente maior nos sujeitos com VDD comparada

àqueles sem VDD, de modo que as variáveis idade, duração do diabetes e IMC não

variaram entre os grupos. Na análise de regressão logística univariada de Kaur et al. e

Shimo et al., ambos encontraram associação significante entre VDD, idade e duração do

diabetes com a RD. Na análise multivariada, ambos os estudos encontraram associação

significante entre duração do diabetes e VDD com RD (sendo que em Kaur et al., ainda

houve associação significante entre HbA1c e RD na análise uni e multivariada). No

estudo de Shimo et al., a VDD mais que triplicou o risco de RD [OR 3,45 (95% IC:

1,11–10,6), p= 0,03].

Aksoy et al. encontraram, em sua análise que a concentração de 1,25(OH)2D3

nos indivíduos diabéticos com retinopatia foi menor do que em sujeitos saudáveis não-

diabéticos. Além disso, constataram uma relação inversa entre a gravidade da RD e

concentrações séricas de 1,25(OH)2D3 (para RDNP, 63,4 ±17,26 pmol / L, para pré-

RDP, 47,7 ± 13,27 pmol / L, e para RDP, 43,1 ± 19,45 pmol / L). Não houve

significância entre o grupo sem retinopatia diabética ( classificado, pelos autores, como

35

NDR) e RDB e entre pré- RDP e RDP. Conforme os autores, não houve diferença dos

níveis de 25 (OH)D entre os grupos de indivíduos com retinopatia.

Pietschsmann et al. encontraram maior deficiência de vitamina D em pacientes

com DM2 em relação ao controle para valores estatisticamente significantes, sendo que

esses níveis foram ainda menores nos pacientes com retinopatia ou proteinúria para

valores estatisticamente significantes

O estudo de Suzuki et al. encontrou concentrações menores de vitamina D para

indivíduos com retinopatia diabética em relação aos controles , para valores

estatisticamente significantes. A menor concentração de vitamina D foi dosada nos

indivíduos com retinopatia diabética proliferativa (15, 1± 8, 0 nmol/L).

Payne et al. encontraram diferença estatisticamente significativa nas

concentrações de 25OHD entre os indivíduos sem diabetes e com doença ocular e

indivíduos do grupo PDR. Verificou-se que os pacientes com DM2, especialmente

aqueles com PDR, tiveram menores níveis de vitamina D do que aqueles sem diabetes.

Mbenza et al. encontraram prevalência de 44% de retinopatia diabética na

África subsaariana e atestaram, através de valores estatisticamente significantes, que

indivíduos com DM2 com retinopatia tiveram os menores níveis de 1,25(OH)2D3 em

comparação aos indivíduos com DM2 sem retinopatia e os indivíduos sem DM2 e

retinopatia.

O estudo de Poon et al. apresenta uma especificidade. Conduzido por alguns

membros da equipe de Kaur et al., mostra que, apesar de a VDD aumentar de duas

vezes o risco de retinopatia diabética (OR 2, 12, 95% IC 1,03–4,33), consoante foi

mostrado por Kaur et al., a VDD não foi associada a mudanças no calibre vascular da

retina ou a diferenças no ângulo de ramificação, relação comprimento-diâmetro, ou

tortuosidade. Na verdade, níveis normais de 25(OH)D foram marginalmente associados

a maior dimensão fractal, resultados que sugerem que VDD pode exercer o seu efeito

numa fase posterior na patogênese da DR ou fatores diferentes podem influenciar

mudanças nos parâmetros geométricos da retina. Os autores também não estabeleceram

36

associações estatisticamente significantes entre VDD e mudanças no calibre vascular

retiniano- CRAE e CRVE.

No estudo de Patrick el al. a deficiência de vitamina D se acentuou com a

gravidade da retinopatia diabética, ou seja: sem retinopatia, 27,9% de VDD;

retinopatia leve, 28,2%; retinopatia moderada a grave, 43,2%; proliferativa, 64,6% ( β

= 1,2, p = 0,01, ajustado para idade e estado de obesidade devido ao seu significado

clínico). Apesar disso, a análise de regressão não mostrou associação estatisticamente

significante entre as variáveis deficiência de vitamina D e gravidade de retinopatia

diabética (β = - 0,03, p = 0,13, ajustado). Co-variáveis que se mostraram associadas de

forma independente com a gravidade da retinopatia incluíram duração do diabetes,

hiperglicemia persistente e função renal comprometida. Mais especificamente, em

combinação com a deficiência de vitamina D, estas variáveis aumentaram a

probabilidade de retinopatia mais grave como se segue: aumento de 1 ano de duração da

diabetes, β = 0,3, p < 0,01; hiperglicemia, β = 2,8, p < 0,01; e função renal

comprometida ( mensurada pela elevação de creatinina , β = 1,4, p <0, 01) . A relação

entre deficiência de vitamina D e retinopatia diabética manteve-se estável (β = 1,2, p

<0, 05) na presença destas variáveis. Vale frisar também que os níveis séricos médios

de 25(OH)D não diferiram significativamente entre os participantes com e sem

retinopatia (24,8 ng / mL vs 25,8 ng / mL, respectivamente), nem a prevalência de

deficiência de vitamina D (27,9% vs 33,1%, respectivamente).

He el al encontraram que a prevalência de RD e de RD com comprometimento

visual foi significantemente maior no grupo com VDD em comparação aos sem VDD.

A análise de regressão logística múltipla revelou que a VDD foi um fator de risco

independente para RD ( β = 0, 66, p <0, 01) e para RD com comprometimento visual

(β = 0,93, p <0, 01). He el al, através de uma curva ROC, determinaram o ponto de

corte de 25(OH)D considerado ótimo para a predição de RD e RD com

comprometimento visual. O ponto de corte para RD foi de 17,42 ng/ml (43,55 nmol/l),

sendo que o valor de OR para 25 (OH)D < 17, 42 ng/ml sugestivo da presença de RD

foi de 1,95 (95% IC 1,59–2,40, p< 0,01). Para a RD com comprometimento visual, o

ponto de corte foi de 15, 57 ng/ ml (38, 925 nmol/l), para um valor de OR de 25

(OH)D<15,57 ng/ml sugestivo da presença de RD com comprometimento visual de 2,

38 (95% IC 1,86–3,05, p< 0,01).

37

Jee et al. observaram, dentro dos quintis utilizados, que o aumento da 25(OH)D

implicou na diminuição da prevalência de RD de qualquer tipo de 19,3% no primeiro

quintil para 14,8% no quinto quintil, embora essa diferença não tenha sido

estatisticamente significante (p = 0,446). Além disso, as taxas de prevalência de RD

proliferativa e de RD comprometedora da visão diminuíram de 3,8% para 1,9% e de

6,0% para 3,7%, respectivamente, em conformidade com um aumento no nível de

25(OH)D no sangue, embora esta diferença não tenha sido estatisticamente significante

( p= 0,404 e p= 0,697, respectivamente). Ainda que no estudo não tenham sido

evidenciadas associações significativas entre RD de qualquer tipo, RD proliferativa,

EMCS e RD comprometedora da visão após ajuste de potenciais variáveis

confundidoras nesse estudo, tais como idade, sexo, duração do diabetes,a HbA1c e

hipertensão; percebeu-se que, entre os homens a prevalência de RD de qualquer tipo

diminuiu significativamente de 20,2% para 9,5%, à medida que o nível de 25(OH)D

sérica aumentou (p = 0,044). Além disso, a prevalência de RD proliferativa foi

inversamente correlacionada com o aumento dos níveis sanguíneos de 25(OH)D

(p=0,199). Nas mulheres, no entanto, nenhuma relação significativa foi encontrada entre

a prevalência de RD e níveis de 25(OH)D. Essa relação estatisticamente significante nos

homens foi comprovada mediante modelos de regressão logística aplicados. Nesse

sentido, o OR para RD de qualquer tipo e RD proliferativa, após o ajuste de variáveis

confundidoras, foi de 0,37 (IC 95%, 0,18-0,76, p = 0,004) e 0,15 ( IC 95%, 0,03-0,83;

p=0,043), respectivamente, entre os participantes do maior quintil de 25(OH)D em

relação àqueles no menor quintil. Nas mulheres, essas associações não foram

demonstradas. Por fim, Jee et al. demonstraram que a prevalência de RD proliferativa

foi significativamente maior entre aqueles com deficiência de vitamina D em

comparação aos indivíduos sem deficiência de vitamina D (p = 0, 002)

Ahmadieh et al. encontraram que os níveis médios de 25(OH)D foram menores

em indivíduos com retinopatia diabética em comparação àqueles sem retinopatia

diabética (12,3 ± 5,5 ng/mL vs 21,8 ± 13,7ng/mL, p <0,001). Ademais, usando um

ponto de corte de 20 ng/mL, a retinopatia diabética foi mais prevalente em sujeitos com

hipovitaminose D do que naqueles com níveis de 25 (OH)D maiores do que 20 ng/ mL.

(28% versus 7%, p= 0,006). Após ajuste para HbA1c, idade, tabagismo, IMC e

duração do diabetes em modelo de regressão logística, os autores constataram que a

38

idade e os níveis de 25(OH)D foram preditores significativos para a retinopatia

diabética, com [OR = 2,8 (95% IC: 2,1, 8) ] para 25 (OH)D <20 ng / ml versus

25(OH)D ≥ 20 ng / mL.

Na coorte de Jeorgensen et al., um total de 192 (80%) pacientes desenvolveram

retinopatia não- proliferativa , e 18 (82%) tinham níveis de vitamina D igual ou abaixo

do limite inferior do percentil 10. Dos 192 pacientes, 34 (15%) pacientes evoluíram para

retinopatia proliferativa, e um desses tinha baixo nível de vitamina D no início do

estudo, o que corresponde a 5%. Concentrações de vitamina D iguais ou abaixo do

limite inferior do percentil 10 no início do estudo não predisseram o desenvolvimento

da retinopatia não aparente (p=0,80) ou retinopatia proliferativa (p=0,30). Após o ajuste

para os promotores de progressão, as associações entre deficiência grave de vitamina D

no início do estudo e desenvolvimento ou progressão das complicações microvasculares

se enfraqueceu ainda mais.

Na coorte prospectiva de Alele et al., foram registrados 88 casos incidentes de

RD e 162 casos de progressão de retinopatia diabética na segunda avaliação de

retinopatia ( cinco anos após a avaliação executada na inclusão dos participantes no

estudo) . Modelos de regressão logística, ajustados para idade, braço de tratamento,

condição de minoria e para eventos ocorridos antes da

VADT demonstraram que indivíduos no quartil mais baixo de vitamina D apresentavam

chance semelhante de desenvolver micro ou macroalbuminúria [OR= 1,09 ( 95% IC:

0,57 - 2,09)] e início ou progressão da retinopatia [OR =1,35 (95% IC: 0,79 – 2,31)] em

comparação aos indivíduos no quartil mais elevado de vitamina D.

QUADRO 7- Resultados principais obtidos a partir dos estudos revisados

Autores n de indivíduos

com VDD e/ ou

VDI

Prevalência (%) de

indivíduos com

VDD e/ ou VDI

n de

indivíduos

com RD

Prevalência (%)

de indivíduos com

RD ( SD)

Encontrou

associação entre as

variáveis

estudadas

Kaur et

al.

80

16 134 27 Sim

Aksoy et

al.

Não há

referência

Não há referência 46 53,4 Sim

Poon et

al.

74 16 46 9,8 Não

[Continua]

39

QUADRO 7. [ Continuação]

Ahmadieh et al.

- 82 – DM2

- 39 – CO2

-60- DM2

-53- CO2

p≥0,05

91 43,3 Sim

Jeorgensen et al. 22 10 Não há

referência

Não há referência Não

Suzuki et al. 442 70,6 229 39,5 Sim

Patrick et al. - 512 – VDD

- 1325 – VDI

- 28,6 IC 95% (25,0-

32,1)- VDD

- 74 IC 95% ( 70 -78,1)-

VDI

216 12,1 Não

Pietschmann et

al.

Não há

referência

Não há referência Não há

referência

Não há referência Sim

Payne et al. - 144 – VDI 65,2- VDI 82 37 Sim

Alele et al. Não há

referência

Não há referência Não há

referência

Não há referência Não

Mbenza et al. Não há

referência

Não há referência 66 44

Sim

He et al. 413 27,17 895 58,88 Sim

Jee et al. Não há

referência

Não há referência Não há

referência

- 21 (2,4) -Homens com

VDD

- 16,1 (2,3)-Homens

sem VDD

p=0,128

-18,3 (1,8)-Mulheres

com VDD

- 21,2 (3,2) Mulheres

sem VDD

p= 0,419

Sim

Total ( Σ n) 3132 - 1836

SD- Desvio- padrão; Deficiência de vitamina D; VDI- Insuficiência de vitamina D; RD- Retinopatia diabética; CO2-

Controle ( Saudável) DM2

40

VI. DISCUSSÃO

A presente revisão sistemática teve como objetivo avaliar a associação entre as

variáveis deficiência de vitamina D e retinopatia diabética. Ao analisar resultados de

catorze estudos analíticos observacionais, sendo onze estudos transversais, um caso-

controle e duas coortes prospectivas, encontrou-se algum tipo de associação

significativa entre essas variáveis. A avaliação do fator de impacto dos periódicos onde

os artigos analisados foram publicados revela interesse da comunidade científica

mundial pelo tema. A maioria dos estudos foi publicada em periódicos com FI >2,

sendo dois deles publicados no Diabetes Care, o que denota a relevância do tema para

endocrinologistas e, sobretudo, para diabetologistas.

Atualmente, a VDD é uma grande preocupação mundial 35,58,68,69. Evidências

têm sugerido a associação entre a VDD e o desenvolvimento de várias doenças,

incluindo o DM1 e DM2, doença cardiovascular, câncer, e doenças auto-imunes

34,35,39,40,58,70. Os estudos atuais sugerem um envolvimento da VD na patogênese da RD

através de efeitos sobre o sistema imunológico e consequentes ações anti-inflamatórias

e anti-angiogênicas 63,71. Mostrou-se que a vitamina D diminui a produção de citocinas

pro-inflamatórias, como como IL-2, IL-6, IL-8, IL-12 e TNF-a exercendo também

efeito anti-inflamatório ao diminuir a proliferação de células T auxiliares, células T

citotóxicas e células natural- killer 63,71.

Os modelos animais sustentam papel causal da VDD na retinopatia diabética65.

Ren et al. 72 demonstraram papel parcialmente protetor da 1,25(OH)2D3 da retinopatia

diabética em ratos com diabetes, através de mecanismo de inibição da expressão do

fator de crescimento endotelial vascular e TGFB1 em tecidos da retina. Em modelos

murinos com retinoblastoma e retinopatia isquêmica congênitas , observou-se um

efeito inibitório da 1,25(OH)2D3 sobre a angiogênese 65,73,74. A 1,25(OH)2D3, forma

biologicamente ativa da vitamina D, é produzida a partir da hidroxilação da 25 (OH)D

nos rins. A 1,25(OH)2D3 interage com os VDR, encontrados em glândulas endócrinas

(pituitária, pâncreas, paratireoides, gônadas e placenta) e em tecidos cardiovasculares,

tais como células endoteliais, células musculares lisas dos vasos e cardiomiócitos,

exercendo uma vasta gama de efeitos, como inibição da proliferação celular, a inibição

da angiogênese e estimulação da produção de insulina 20,22,23,65.

41

Dos estudos analisados, oito foram conduzidos em indivíduos com DM2, quatro

em indivíduos com DM1 e dois em indivíduos com DM1 e DM2. Dez estudos

encontraram associação significativa entre deficiência/ insuficiência de vitamina D e

retinopatia diabética. Quatro estudos não encontraram associação significativa entre

essas duas variáveis.

Kaur et al. 56 e Shimo et al.58 encontraram uma prevalência de retinopatia

diabética em sujeitos com DM1 significativamente maior naqueles com VDD

comparada aos sem VDD.

Aksoy et al.59 encontraram, em sua análise que a concentração de 25(OH)D e de

1,25(OH)2D3 nos indivíduos com DM2 e retinopatia foi menor do que em sujeitos

saudáveis não diabéticos. Além disso, constataram uma relação inversa entre a

gravidade da RD e concentrações séricas de 1,25(OH)2D3. níveis de 25 (OH)D entre os

grupos de indivíduos com retinopatia. Conforme os autores, não houve diferença dos

níveis de 25 (OH)D entre os grupos de indivíduos com retinopatia.

Pietschsmann et al.55 encontraram maior deficiência de vitamina D em pacientes

com DM2 em relação aos controle para valores estatisticamente significantes, sendo que

esses níveis foram ainda menores nos pacientes com retinopatia.

Suzuki et al.62 encontraram concentrações menores de vitamina D para

indivíduos com DM2 e retinopatia diabética em relação aos controles, para valores

estatisticamente significantes.

Payne et al.63 encontraram diferença estatisticamente significativa nas

concentrações de 25(OH)D entre os indivíduos sem diabetes e com doença ocular e

indivíduos com DM2 do grupo PDR.

Mbenza et al.61 atestaram, através de valores estatisticamente significantes, que

indivíduos com DM2 com retinopatia tiveram os menores níveis de 1,25(OH)2D3 em

comparação aos indivíduos com DM2 sem retinopatia e os indivíduos sem DM2 e

retinopatia.

42

He et al.65 , estudando indivíduos com DM2, encontraram que a prevalência de

RD e de RD com comprometimento visual foi significantemente maior no grupo com

VDD em comparação aos sem VDD. A análise de regressão logística múltipla revelou

que a VDD foi um fator de risco independente para RD e para RD com

comprometimento visual . He et al. definiram um valor de 25(OH)D para “screening”

de retinopatia diabética nos pacientes Chineses com DM2

Em sujeitos com DM2, Jee et al.64 demonstraram que a prevalência de RD

proliferativa foi significativamente maior entre aqueles com deficiência de vitamina D

em comparação aos indivíduos sem deficiência de vitamina D. Além disso, encontraram

que o risco de RD proliferativa diminuiu em 85% nos homens com níveis séricos de

vitamina D mais altos em comparação àqueles com níveis séricos mais baixos, após

ajuste de potenciais confundidores. Nas mulheres, no entanto, nenhuma relação

significativa foi encontrada entre a prevalência de RD e níveis de 25(OH)D.

Ahmadieh et al.60 encontraram que os níveis médios de 25(OH)D foram

menores em indivíduos com DM2 com retinopatia diabética em comparação àqueles

sem retinopatia diabética. Após ajuste de potenciais confundidores em modelo de

regressão logística, os autores constataram que a idade e os níveis de 25(OH)D foram

preditores significativos para a retinopatia diabética

Em Poon et al.57, a VDD não foi associada a maioria das medidas preditoras de

RD avaliadas em sujeitos com DM1 . Os níveis normais de 25(OH)D foram

marginalmente associados a maior dimensão fractal, resultados que sugerem que VDD

pode exercer o seu efeito numa fase posterior na patogênese da DR ou fatores diferentes

podem influenciar mudanças nos parâmetros geométricos da retina.

No estudo de Patrick et al.26, apesar de a deficiência de vitamina D ter se

agravado com a gravidade da retinopatia diabética a análise de regressão não mostrou

associação estatisticamente significante entre as variáveis deficiência de vitamina D e

gravidade de retinopatia diabética nos indivíduos com DM . Além disso, os níveis

séricos médios de 25(OH)D e a prevalência de VDD não diferiram significativamente

entre os participantes com e sem retinopatia.

43

Na coorte de Jeorgensen et al.66 , os níveis de vitamina D iguais ou abaixo do

limite inferior do percentil 10% (15,5 nmol/L) no início do estudo não predisseram o

desenvolvimento da retinopatia não aparente ou retinopatia proliferativa nos sujeitos

com DM1. Após o ajuste para promotores de progressão, as associações entre

deficiência grave de vitamina D no início do estudo e desenvolvimento ou progressão

das complicações microvasculares se enfraqueceu ainda mais.

Alele et al.67 demonstraram que indivíduos no quartil mais baixo de vitamina D -

valores de 25(OH)D variando de 1 a 15,9 ng/mL- apresentavam chance semelhante de

desenvolver micro ou macroalbuminúria e início ou progressão da retinopatia em

comparação aos indivíduos no quartil mais elevado de vitamina D - valores de 25(OH)D

variando de 29,9 a 77,2.

As limitações do presente estudo devem ser consideradas. Em primeiro lugar,

houve uma considerável heterogeneidade entre os estudos incluídos na revisão, os quais

foram conduzidos em diferentes países e períodos, com amostras populacionais e

tamanhos amostrais distintos. Os métodos de avaliação de RD e dosagem de vitamina

D também divergiram entre os estudos. A dosagem de vitamina D especificamente foi

expressa em diferentes unidades nos estudos , exigindo conversão matemática de ng/mL

para nmol/L, para apresentação dos resultados através dos quadros. Em Mbenza et al. 61,

apenas a 1,25(OH)2D3 foi dosada e analisada nos indivíduos estudados; no entanto, a

25(OH)D sérica, que, segundo as recomendações atuais, é o marcador mais indicado

para avaliação do status de VD em indivíduos com VDD, não foi mensurada 65,75.

Alguns estudos também não definiram os pontos de corte de deficiência ou insuficiência

de VD, sendo que, entre os que definiram, existem variações. Ainda que

recomendações definam como uma 25 (OH) D abaixo de 20 ng / mL (50 nmol / litro), e

a insuficiência de vitamina D, como uma de 25 (OH) D de 21-29 ng / ml (525-725 nmol

/ litro) 65,75, as variações existentes entre os níveis de vitamina D e a escassez de

estudos explorando a associação entre retinopatia e VDD levaram-nos a incluir artigos

que acabaram não definindo a deficiência ou explicitando o número de indivíduos

deficientes.

Os artigos também divergiram na neutralização de possíveis variáveis

confundidoras da associação principal. É sabido que o valor de 25(OH)D pode ser

44

afetado por fatores socioeconômicos, idade, dieta, raça duração da luz do sol, exposição

aos raios UV, polimorfismos do receptor da vitamina D, estilo de vida, gravidez, pós-

menopausa, entre outros 65,75. Percebemos que a neutralização de algumas dessas

variáveis analisadas (raça, sazonalidade, nível socioeconômico) e de outros potenciais

confundidores da associação principal, como HbA1C, duração do diabetes e IMC

diferiu entre os artigos.

Não avaliamos os fatores genéticos, de modo que não podemos excluir a

possibilidade de que os polimorfismos do gene VDR- considerando que esse receptor

também é expresso na retina humana 58- são um fator confundidor para outros fatores

que contribuem para retinopatia em adultos com DM. Bucan et al.76 e Taverna et al.77

mostram que os polimorfismos dos genes Bsml e Taql do receptor de vitamina D

estão significantemente associados com o risco de retinopatia em indivíduos com DM1

65,76,77. Além disso, os pacientes que carregam o alelo F (ou genótipo FF) do gene do

receptor de vitamina D FokI tem significantemente menor prevalência de retinopatia

diabética avançada em comparação aos indivíduos com polimorfismos do receptor

(carregando alelo f) 65,78.

Adicionalmente, uma vez que as conclusões foram baseadas principalmente em

estudos transversais, o viés de seleção, o viés do sobrevivente e o viés do observador

foram inevitáveis. Além disso, as co-variáveis ajustadas em estudos individuais

diferenciados e a falta de controle para fatores de confusão importantes aumentaram o

risco de viés de confusão.

Por fim apesar de a maioria dos estudos transversais terem encontrado

associação significante entre as variáveis VDD e RD, os estudos de seguimento

analisados não encontraram. Ademais, as intervenções dietéticas, mediante

suplementação de vitamina D, não foram consideradas nos estudos longitudinais.

Considerando-se que a prevalência de deficiência de vitamina D tem aumentado

em todo o mundo nas últimas décadas, mais estudos, incluindo estudos longitudinais e

intervencionistas são necessários a fim de que se possa estabelecer uma relação causal

entre a RD e a VDD. Tendo-se que os gastos com o DM e suas complicações são

crescentes, a dosagem de vitamina D sérica pode fornecer um caminho potencial para

beneficiar mais populações e satisfazer as necessidades crescentes de rastreio da

retinopatia diabética 65.

45

VII. CONCLUSÕES

1. A maioria dos estudos analisados na presente revisão sistemática encontrou

associação significativa entre a deficiência/ insuficiência de vitamina D e a

retinopatia.

2. Os estudos revisados foram heterogêneos em vários aspectos: amostras,

tamanhos amostrais, métodos de avaliação de RD e de dosagem de vitamina D,

pontos de corte de deficiência/insuficiência de vitamina D, neutralização de

possíveis variáveis confundidoras da associação principal.

3. As conclusões baseadas principalmente em estudos transversais tornaram o viés

de seleção, o viés do sobrevivente e o viés do observador inevitáveis.

4. Os estudos de seguimento analisados não encontraram associação significativa

entre VDD e RD. Ademais, as intervenções dietéticas, mediante suplementação

de vitamina D, não foram consideradas nesses estudos.

5. Mais estudos, incluindo estudos longitudinais e intervencionistas são necessários

a fim de que se possa estabelecer uma relação causal entre a RD e a VDD.

46

VIII. SUMMARY

The association between vitamin D and diabetic retinopathy is both object of

uncertainties and scientific perspectives, because of the growing prevalence of vitamin

D deficiency (VDD) and diabetic retinopathy (DR). OBJECTIVE: To assess the

association between vitamin D deficiency and presence of retinopathy in patients with

diabetes mellitus (DM). METHODS: A systematic review of publications in health in

the Pubmed, Lilacs and Scielo. The follow descriptors were used: "Vitamin D",

"Vitamin D deficiency" and "diabetic retinopathy" and their counterparts in English and

Portuguese. Initially, titles and abstracts were analyzed to determine the potential

adjustment to the eligibility criteria for reading. The eligible articles to the reading

underwent selection criteria for analysis. A literature search was later supplemented by

references of the articles found in the search. RESULTS: Fourteen articles were

selected for analysis; eleven were cross-sectional studies, two were prospective cohort

studies and one case-control study. Ten studies found a significant association between

deficiency / insufficiency of vitamin D and diabetic retinopathy but four others did not .

DISCUSSION: Most cross-sectional studies found a significant association between

VDD and RD; however, the longitudinal studies included in this review have not

confirmed this association. The studies’ heterogeneity and the prevalence of cross-

sectional studies represent limitations of this review. Dietary interventions by vitamin D

supplementation were not considered in longitudinal studies. CONCLUSIONS: Most

of the reviewed studies found a significant association between the deficiency /

insufficiency of vitamin D and retinopathy. More studies are needed to establish a

causal relationship beetwen vitamin VDD and RD.

Keywords: vitamin D, vitamin D deficiency, diabetic retinopathy, diabetes mellitus.

47

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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54

76- Bucan K, Ivanisevic M, Zemunik T, Boraska V, Skrabic V, Vatavuk Z, et al.

Retinopathy and nephropathy in type 1 diabetic patients – association with

polymorphysms of vitamin D-receptor, TNF, Neuro-D and IL-1 receptor 1 genes.

Coll Anthropol 2009; (33): 99–105.

77- Taverna MJ, Sola A, Guyot-Argenton C, Pacher N, Bruzzo F, Slama G, Reach G,

Selam JL. Taq I polymorphism of the vitamin D receptor and risk of severe

diabetic retinopathy. Diabetologia. 2002 Mar;45(3):436-42.

78- Taverna MJ, Selam JL, Slama G. Association between a protein polymorphism in

the start codon of the vitamin D receptor gene and severe diabetic retinopathy in

C-peptide-negative type 1 diabetes. J Clin Endocrinol Metab. 2005

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ANEXO I

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ANEXO 2

Referências de artigos lidos e excluídos

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Pesquisas Aggeu Magalhães; 2013.

Ren Z, Li W, Zhao Q, Ma L, Zhu J. The impact of 1,25-dihydroxy vitamin D3 on the

expressions of vascular endothelial growth factor and transforming growth factor-B1in

the retinas of rats with diabetes. Diabetes Res Clin Pract 2012; (98): 474–480.

Bucan K, Ivanisevic M, Zemunik T, Boraska V, Skrabic V, Vatavuk Z, et al.

Retinopathy and nephropathy in type 1 diabetic patients – association with

polymorphysms of vitamin D-receptor, TNF, Neuro-D and IL-1 receptor 1 genes. Coll

Anthropol 2009; 33: 99–105.

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Taverna MJ, Selam JL, Slama G. Association between a protein polymorphism in the

start codon of the vitamin D receptor gene and severe diabetic retinopathy in C-peptide-

negative type 1 diabetes. J Clin Endocrinol Metab. 2005 Aug;90(8):4803-8

Taverna MJ, Sola A, Guyot-Argenton C, Pacher N, Bruzzo F, Slama G, et al. Taq I

polymorphism of the vitamin D receptor and risk of severe diabetic retinopathy.

Diabetologia. 2002 Mar;45(3):436-42.