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Dezembro de 2007 Cereais

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Dezembro de 2007

Cereais

*Filipa Rodrigues - Aluna do 6.º ano da licenciatura em Medicina da Escola de Ciências da

Saúde da Universidade do Minho

** Elisabete Ramos - Nutricionista - Departamento de Saúde Pública da ARS Norte, I.P. e

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

***Mário Freitas - Médico de Saúde Pública - Unidade Operativa de Saúde Pública de Braga

****Maria Neto - Médica de Saúde Pública - Departamento de Saúde Pública da ARS Norte, I.P.

Capa de Margarida Azevedo – Eng.ª Publicitária

Filipa Rodrigues*

Elisabete Ramos**

Mário Freitas***

Maria Neto****

I

Resumo

Os utentes e funcionários das instituições de saúde têm frequentemente

necessidade de nelas permanecer durante várias horas, tornando-se, por isso, necessário

criar meios que permitam ingerir alimentos nesses períodos, nomeadamente máquinas

de venda automática de alimentos (MVAA).

Este trabalho teve como finalidade avaliar em que medida os alimentos

disponibilizados nos Centros de Saúde (CS) e Hospitais públicos dos distritos de Braga,

Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real contribuíam para promover uma

alimentação saudável.

Para isso, foi elaborado um questionário que foi enviado para os Coordenadores

das Sub-regiões de Saúde (para aplicação nas sedes e extensões dos CS) e Presidentes

do Conselhos de Administração dos Hospitais públicos. No questionário solicitava-se o

registo de informação sobre a existência de MVAA, quais os alimentos disponibilizados

e quais os mais vendidos. Os alimentos foram classificados em 3 grupos: alimentos “a

promover”, alimentos “a limitar” e alimentos “a não disponibilizar”.

Responderam ao questionário 71 % dos CS e 83 % dos Hospitais.

Verificou-se que as MVAA estavam presentes em cerca de metade dos locais,

existindo pelo menos uma em 93% dos locais pertencentes a Hospitais, em 71% dos

locais correspondentes a Sedes de CS e em 21% dos locais em Extensões de CS. Tendo

em conta o tipo de alimentos vendidos, as MVAA que existiam em maior número eram

as que vendiam alimentos sólidos e líquidos e as que disponibilizavam café, chá e leite.

Os tipos de alimentos do grupo “a não disponibilizar” eram disponibilizados em

maior número. No entanto, os alimentos do grupo “a promover” foram referidos mais

vezes como os mais vendidos.

Assim, as acções de promoção de alimentação saudável em toda a Região de

Saúde do Norte são imprescindíveis e urgentes.

II

ÍNDICE GERAL

1. Introdução ..................................................................................................................... 1

2. Material e Métodos ....................................................................................................... 6

2.1. Tipo de estudo ....................................................................................................... 6

2.2. Universo e população em estudo ........................................................................... 6

2.3. Suporte de informação ........................................................................................... 6

2.4. Procedimentos e análise de dados ......................................................................... 7

3. Resultados ..................................................................................................................... 9

4. Discussão .................................................................................................................... 22

5. Conclusões .................................................................................................................. 26

6. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 27

Anexos ............................................................................................................................ 29

III

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos,

por tipo de instituição ..................................................................................................... 10

Figura 2. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos,

nos locais referidos pelas Sedes de Centros de Saúde, por distrito ............................... 11

Figura 3. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos,

nos locais referidos pelas Extensões de Centros de Saúde, por distrito ......................... 11

Figura 4. Os dez alimentos disponibilizados numa maior proporção de locais com

máquina de venda automática de alimentos e proporção de locais que os disponibilizam

........................................................................................................................................ 16

Figura 5. Os dez alimentos mais vendidos numa maior proporção de locais com

máquina de venda automática de alimentos e proporção de locais que os referem como

mais vendidos ................................................................................................................. 16

IV

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação da OMS do Baixo Peso, Excesso de Peso e Obesidade, de acordo

com o Indíce de Massa Corporal ...................................................................................... 2

Tabela 2. Prevalência de categorias de Índice de Massa Corporal por grupos etários na

Região de Saúde do Norte ................................................................................................ 3

Tabela 3. Alimentos disponibilizados nas máquina de venda automática de alimentos,

classificados por grupos ................................................................................................... 8

Tabela 4. Existência de máquina de venda automática de alimentos por instituição,

consoante a existência de bar exclusivo para funcionários e/ou bar para utentes .......... 12

Tabela 5. Análise descritiva dos tipos de máquina de venda automática de alimentos

existentes ........................................................................................................................ 12

Tabela 6. Número de locais com máquina de venda automática de alimentos onde cada

bebida é disponibilizada e número de locais com máquina de venda automática de

alimentos que a referem como mais vendida ................................................................. 14

Tabela 7. Número de locais com máquina de venda automática de alimentos onde cada

alimento sólido é disponibilizado e número de locais com máquina de venda automática

de alimentos que o referem como mais vendido ............................................................ 15

Tabela 8. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos nos

locais com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o grupo

nutricional ....................................................................................................................... 17

Tabela 9. Análise descritiva dos tipos de bebidas disponibilizadas e mais vendidas nos

locais com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o grupo

nutricional ....................................................................................................................... 18

Tabela 10. Análise descritiva dos tipos de alimentos sólidos disponibilizados e mais

vendidos nos locais com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o

grupo nutricional ............................................................................................................ 18

Tabela 11. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos

nos locais com máquina de venda automática de alimentos, por distrito ....................... 19

Tabela 12. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos

nos locais com máquina de venda automática de alimentos, por instituição ................. 20

Tabela 13. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos

nos locais com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com a existência

de bares para utentes ....................................................................................................... 21

V

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CDP – Centro de Diagnóstico Pneumológico

CRSPN – Centro Regional de Saúde Pública do Norte

CS – Centros de Saúde

DALYs – Disability Adjusted Life Years

HC – Hidratos de Carbono

IMC – Índice de Massa Corporal

L – Limitar

mg - miligramas

MVAA – Máquinas de Venda Automática de Alimentos

ND – Não Disponibilizar

NUT – Nomenclatura das Unidades Territoriais

OMS – Organização Mundial de Saúde

P – Promover

PNS – Plano Nacional de Saúde

RSN – Região de Saúde do Norte

SACU – Serviço de Atendimento a Consultas Urgentes

SAP – Serviço de Atendimento Permanente

SASU – Serviço de Atendimento de Situações Urgentes

SRS – Sub-Regiões de Saúde

SSP – Serviço de Saúde Pública

UOSP – Unidade Operativa de Saúde Pública

VI

AGRADECIMENTOS

A todos os Coordenadores das Sub-regiões de Saúde, Centros de Saúde

e Hospitais públicos dos distritos de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real

A todos os que participaram neste estudo através do preenchimento e envio dos

questionários

1

1. Introdução

A promoção da saúde consiste no processo que visa aumentar a capacidade dos

indivíduos e das comunidades para controlar a sua saúde, no sentido de a melhorar. Em

1986 realizou-se em Ottawa, Canadá, a 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da

Saúde, na qual foi dada ênfase à necessidade de tornar os factores políticos,

económicos, sociais, culturais, ambientais e biológicos favoráveis à saúde. Deste modo,

um aspecto importante da promoção da saúde consiste na capacitação das populações

para a adopção de estilos de vida saudáveis, como sejam os relacionados com a

alimentação (1)

. A alimentação saudável assume novamente papel de destaque na 2ª

Conferência Internacional sobre promoção da saúde, realizada em Adelaide (1988), ao

ser descrita como um pré-requisito para a saúde (2)

. A Declaração de Jakarta (1997)

aponta igualmente a alimentação como um determinante da saúde, alertando para o

aumento da prevalência das doenças crónicas (3)

.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças crónicas não

transmissíveis (doenças cardiovasculares, cancros, patologia respiratória crónica,

diabetes mellitus, doenças osteoarticulares e perturbações de saúde mental) são hoje a

principal causa de mortalidade e morbilidade mundial (4). Dada a sua incidência

crescente, estima-se que em 2020 contribuam com 20% do total da doença expresso em

DALYs (disability adjusted life years, i.e., anos de vida perdidos ajustados para a

incapacidade). Estas patologias são, contudo, potencialmente preveníveis, já que muitos

dos seus determinantes estão relacionados com estilos de vida modificáveis. Segundo a

OMS, nos países desenvolvidos os dez principais factores de risco, tendo em conta a

percentagem da carga da doença expressa em DALYs, são o tabaco (12,2%), a

hipertensão arterial (10,9%), as bebidas alcoólicas (9,2%), a hipercolesterolemia (7,6%),

o excesso de peso (7,4%), a baixa ingestão de fruta e vegetais (3,9%), o sedentarismo

(3,3%), as drogas ilícitas (1,8%), as relações sexuais desprotegidas (0,8%) e a

deficiência de ferro (0,8%). Assim, a instituição de medidas de controlo e prevenção

destes factores de risco poderá limitar ou inverter a incidência crescente das doenças

crónicas não transmissíveis. Neste contexto, os hábitos alimentares assumem especial

importância, já que constituem por si só um factor de risco (baixa ingestão de fruta e

vegetais). Por outro lado, uma alimentação desequilibrada contribui para a génese de

outros dos factores de risco enunciados, nomeadamente hipertensão arterial,

hipercolesterolemia e excesso de peso.

2

O excesso de peso é actualmente um importante problema de saúde pública,

tendo a OMS declarado a obesidade como a epidemia global do século XXI. Esta

organização classifica os adultos como tendo baixo peso, excesso de peso e obesidade,

com base no Índice de Massa Corporal (IMC) (kg/m2) (tabela 1)

(5).

Tabela 1. Classificação da OMS do Baixo Peso, Excesso de Peso e Obesidade, de acordo com o Índice de

Massa Corporal (5)

Classificação IMC(kg/m²)

Baixo peso <18.50

Magreza severa <16.00

Magreza moderada 16.00 - 16.99

Magreza ligeira 17.00 - 18.49

Peso Normal 18.50 - 24.99

Excesso de peso ≥25.00

Pré-obesidade 25.00 - 29.99

Obesidade ≥30.00

Obesidade classe I 30.00 - 34-99

Obesidade classe II 35.00 - 39.99

Obesidade classe III ≥40.00

IMC- Índice de Massa Corporal OMS- Organização Mundial de Saúde Fonte: OMS

Na União Europeia, a obesidade é responsável por cerca de 7% dos custos dos

cuidados de saúde (5)

. A sua prevalência nos adultos aumentou 10 a 40% na última

década, afectando 10-27% dos homens e 38% das mulheres (6)

. O excesso de peso nas

crianças é também um problema emergente: em Portugal, Espanha e Itália, mais de 30%

das crianças entre os 7 e os 11 anos têm excesso de peso, incluindo obesidade (6)

.

O IMC das crianças portuguesas aumentou entre 1970 e 2002, especialmente

entre 1992 e 2002, devido a um aumento mais marcado do peso em relação à altura

neste último período (7)

. Segundo um estudo realizado em 2002/2003, a prevalência do

excesso de peso nas crianças portuguesas (7-9 anos de idade) é de 31,5%, sendo que

20,3% das crianças são pré-obesas e 11,3% são obesas. Tendo em consideração o sexo,

as raparigas apresentam prevalências superiores de pré-obesidade e obesidade, excepto

aos 7,5 e 9 anos de idade, respectivamente. Dados mais recentes (2007) apontam para

3

uma prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade) de 29% nos rapazes e 33%

nas raparigas portuguesas entre os 6 e os 12 anos de idade (8)

.

No que concerne aos adultos portugueses, os resultados dos Inquéritos Nacionais

de Saúde de 1995/6 e 1998/9 mostram um aumento da prevalência do excesso de peso.

Nos homens, a prevalência da pré-obesidade e obesidade aumentou de 39,9% para

42,5% e de 10,3% para 11,5%, respectivamente. Nas mulheres, enquanto que a

prevalência da pré-obesidade se manteve estável (32,2% e 32,3%, em 1995/6 e 1998/9,

respectivamente), a prevalência da obesidade sofreu um incremento de 12,7% para

14,2%. Em ambos os sexos, verificou-se que a prevalência quer de pré-obesidade quer

de obesidade aumenta com a idade, atingindo o seu pico entre os 50 e os 59 anos (9)

.

Segundo dados mais recentes da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade

(2005), a prevalência de pré-obesidade e obesidade é de cerca de 44,1% e 14,5% nos

homens e 31,9% e 14,6% nas mulheres, respectivamente (10)

.

Relativamente à Região Norte (NUT II), os dados do Inquérito Nacional de

Saúde de 1998/99 mostram que a prevalência de excesso de peso é consideravelmente

elevada, especialmente a partir dos 45 anos de idade (11)

(tabela 2).

Tabela 2. Prevalência de categorias de Índice de Massa Corporal por grupos etários na Região

Norte (11)

IMC

[kg/m2]

Idade (anos)

18-24 25-34 35-44 45-54 55-64 >64

(n=1588) (n=2087) (n=2025) (n=1900) (n=1602) (n=2221)

<18,0 2,8% 2,0% 0,4% 0,5% 0,7% 1.6%

18,0-19,9 13,0% 6,3% 3,5% 2,3% 2,2% 4,0%

20,0-24,9 65,0% 54,5% 45,0% 36,3% 34,3% 38,0%

25,0-26,9 10,5% 16,7% 20,3% 18,9% 21,0% 17,5%

27,0-29,9 6,1% 13,7% 19,6% 24,1% 24,0% 23,0%

>30,0 2,0% 6,5% 11,0% 17,6% 17,5% 15,0%

IMC- Índice de massa corporal n -número Fonte: Inquérito Nacional de Saúde 1998/99

Dada a elevada prevalência e mortalidade de patologias relacionadas com a

alimentação, tanto a nível mundial como nacional e regional, a promoção de uma

alimentação saudável nestes vários contextos constitui uma poderosa estratégia de

influência positiva na saúde das populações. O documento “Estratégia Global de

Alimentação, Actividade Física e Saúde”, aprovado pela OMS, além do aumento da

actividade física, recomenda o aumento do consumo de frutas, cereais e vegetais e a

4

diminuição do consumo de cloreto de sódio, hidratos de carbono simples e lípidos,

dando preferência aos lípidos com ácidos gordos insaturados (12).

Em Portugal, em 1977, foi criada a Roda dos Alimentos Portuguesa para a

Campanha de Educação Alimentar “Saber comer é saber viver”. Devido à evolução dos

conhecimentos científicos nesta temática, houve necessidade de proceder à actualização

deste instrumento. Assim, em 2003, a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação

da Universidade do Porto publicou a nova Roda dos Alimentos. Encontra-se dividida

em sete grupos de alimentos de diferentes dimensões, indicativas da proporção que cada

um deles deve assumir numa alimentação diária equilibrada: cereais, derivados e

tubérculos (28%), hortícolas (23%), fruta (20%), lacticínios (18%), carne, pescado e

ovos (5%), leguminosas (4%) e gorduras e óleos (2%). Aconselha-se uma ingestão de

alimentos diferentes de cada grupo, variando ao longo dos dias. A água, por sua vez,

ocupa uma posição central, visto fazer parte da composição de quase todos os alimentos

e ser importante a sua ingestão. A água poderá ser substituída por outras bebidas sem

adição de açúcar, álcool ou cafeína, tais como sumos de fruta naturais e chás sem

cafeína. A ingestão de cafeína deverá ser limitada a 300 mg por dia nos adultos1,

estando desaconselhada nas crianças e adolescentes. Relativamente às bebidas

alcoólicas, podem ser ingeridas apenas pelos adultos e com moderação. A nova Roda

apresenta também restrições relativamente a outros alimentos. Assim, a ingestão de

alimentos ricos em açúcar refinado (tais como refrigerantes, bolos, chocolates,

compotas e rebuçados) deve ser feita no final das refeições e apenas em ocasiões

festivas. Por último, a quantidade de cloreto de sódio consumida diariamente não deverá

ultrapassar os 5 gramas. Aconselha-se a substituição do sal por ervas aromáticas e

especiarias na confecção de alimentos, devendo moderar-se a ingestão de produtos

salgados (tais como produtos de charcutaria, enlatados e batatas fitas) (13).

A promoção de hábitos alimentares saudáveis, assim como a promoção da saúde

em geral, deve ser adaptada às necessidades e possibilidades de cada país e região,

sendo um processo que compete a todos os sectores da sociedade, tendo os profissionais

e as instituições de saúde um papel de grande responsabilidade neste contexto. Este

aspecto é frisado em vários documentos resultantes de Conferências Internacionais

sobre Promoção da Saúde (1,2,14)

, assim como no actual Plano Nacional de Saúde (PNS)

(15). O Programa Nacional de Combate à Obesidade e a Plataforma Nacional contra a

1 Um café médio tem cerca de 115 mg de cafeína

(13).

5

Obesidade apresentam como uma das estratégias de intervenção a promoção e

disponibilização de refeições equilibradas no local de trabalho (16,17)

. Assim, as

instituições de saúde, nomeadamente Centros de Saúde (CS) e Hospitais, surgem como

locais imprescindíveis e privilegiados para a promoção de hábitos alimentares saudáveis

junto dos seus utentes e funcionários.

Não só os funcionários, mas também os utentes destas instituições têm

frequentemente necessidade de permanecer nas suas instalações durante várias horas.

Assim, torna-se necessário criar meios que permitam a ingestão de alimentos nesses

períodos, nomeadamente bares ou outros espaços que preparem e/ou vendam alimentos.

Contudo, a sua existência nem sempre se verifica, por falta de espaço físico e/ou de

recursos humanos. Deste modo, o recurso a máquinas de venda automática de alimentos

(MVAA) apresenta-se como uma solução. Todavia, os alimentos disponibilizados

poderão não ser compatíveis com uma alimentação saudável.

Um correcto diagnóstico da situação actual permite identificar aspectos passíveis

de modificação, indispensáveis à implementação de medidas de saúde pública

adequadas aos problemas encontrados nesta realidade concreta. Por outro lado, o

envolvimento dos profissionais das instituições de saúde poderia constituir uma forma

de sensibilização para a necessidade de disponibilizar alimentos saudáveis nas MVAA

desses locais, contribuindo, deste modo, para a obtenção dos ganhos em saúde

decorrentes de hábitos alimentares saudáveis. Assim, com este trabalho pretende-se

conhecer a realidade dos Centros de Saúde/Extensões de Saúde e Hospitais públicos dos

distritos de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real (Região de Saúde do

Norte) no que concerne à existência de MVAA, assim como avaliar quais os alimentos

disponibilizados nestes locais e se as opções disponibilizadas contribuem para uma

alimentação saudável dos utentes e funcionários destas instituições.

Face ao exposto, definiram-se, em relação aos Centros de Saúde e Hospitais

públicos da Região de Saúde do Norte, no ano de 2007, os seguintes objectivos:

- Avaliar o número de MVAA de alimentos existentes;

- Identificar quais os alimentos disponibilizados e os mais vendidos nas MVAA;

- Quantificar o número de bares existentes para funcionários e utentes;

- Avaliar a relação entre a existência de bares para utentes e o tipo de alimentos

disponibilizados e mais vendidos nas MVAA.

6

2. Material e Métodos

2.1. Tipo de estudo

Foi efectuado um estudo descritivo e transversal.

2.2. Universo e população em estudo

O Universo foi constituído pelos Centros de Saúde (CS), incluindo Extensões de

Saúde e Hospitais públicos da Região de Saúde do Norte (RSN) em Dezembro de 2006,

correspondendo a um total de 117 (instituições (94 CS e 23 Hospitais).

A RSN encontrava-se dividida em cinco Sub-Regiões de Saúde (SRS), as quais

correspondiam à divisão administrativa desta região por distritos, nomeadamente Braga,

Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real. A distribuição de CS e Hospitais por

distrito era a seguinte:

- Braga: 15 CS e 5 Hospitais

- Bragança: 12 CS e 1 Hospital

- Porto: 38 CS e 14 Hospitais

- Viana do Castelo: 13 CS e 1 Hospital

- Vila Real: 16 CS e 2 Hospitais

2.3. Suporte de informação

O ex-Centro Regional de Saúde Pública do Norte (CRSPN), no âmbito do

projecto “Promoção de alimentos saudáveis nas máquinas de venda automática, inserido

no seu Plano de Actividades para 2006 (18)

, elaborou o questionário para recolha da

informação. Este questionário visava avaliar o tipo de alimentos disponibilizados e não

a quantidade que era disponibilizada e vendida, visto que uma máquina podia

disponibilizar, por exemplo, três tipos de batatas fritas e era apenas considerado que

disponibilizava “batatas fritas”, do mesmo modo que uma máquina que apenas tinha um

tipo.

Dadas as diferenças, estruturais e de funcionamento, existentes entre os CS e os

Hospitais, foram elaboradas duas versões do questionário, cujas diferenças se referiam

aos locais a avaliar e não à informação sobre as MVAA ou à disponibilidade de

alimentos (anexos A.1 e A.2).

No questionário solicitava-se a indicação do número máquinas existentes em

cada local e o tipo de máquina. A classificação do tipo de MVAA foi feita com base nos

seguintes critérios:

7

- MVAA só de bebidas: se apenas fornecia água, café, chá, leite ou outras

bebidas;

- MVAA só de água: se apenas fornecia água sem gás e/ou água com gás;

- MVAA só de café, chá e leite: se apenas fornecia café, chá ou leite;

- MVAA só de chocolates: se apenas fornecia chocolates ou snacks de

chocolate;

- MVAA mistas: se fornecia vários tipos de bebidas e/ou alimentos sólidos.

2.4. Procedimentos e análise de dados

Durante o mês de Dezembro de 2006, o ex-CRSPN procedeu ao envio dos

questionários aos Coordenadores das Sub-regiões de Saúde e Presidentes dos Conselhos

de Administração dos Hospitais públicos para que providenciassem a aplicação do

questionário nas instituições que constituíam a população em estudo. Os questionários

preenchidos foram recebidos entre Janeiro e Junho de 2007. Solicitou-se que fosse

preenchido um questionário por cada local ou extensão da instituição. Na segunda parte

de ambos os questionários, solicitou-se que indicassem os alimentos habitualmente

disponíveis nas MVAA, assim como as cinco bebidas e alimentos sólidos mais vendidos

(anexos A.1 e A.2).

Os alimentos que surgiram como resposta foram classificados em três grupos:

alimentos a promover (P), alimentos a limitar (L) e alimentos a não disponibilizar (ND)

nas MVAA. Esta classificação foi feita tendo em conta as recomendações presentes nos

documentos “Nova Roda dos Alimentos” (13)

e “Educação Alimentar em Meio Escolar –

Referencial para uma oferta alimentar saudável” (19)

, da autoria da Direcção-Geral de

Inovação e de Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação. Apresentam-se

seguidamente os critérios usados:

- Alimento a promover (P) – alimentos considerados mais saudáveis,

contribuindo para satisfazer as necessidades calóricas de forma equilibrada. Apresentam

reduzida ou nenhuma quantidade de lípidos, hidratos de carbono simples e sal.

- Alimento a limitar (L) – alimentos menos prejudiciais que os alimentos a não

disponibilizar e que constituem uma alternativa aos alimentos a promover, desde que

consumidos com moderação. Geralmente apresentam teores médios de lípidos, hidratos

de carbono simples e sal.

-Alimentos a não disponibilizar (ND) – alimentos sem características

nutricionais relevantes e cujo consumo é desaconselhado. Apresentam baixa densidade

8

nutricional, elevado teor de lípidos, hidratos de carbono simples, sal, corantes ou

conservantes.

Apresentam-se na tabela 3 exemplos dos alimentos classificados por grupos:

Tabela 3 – Classificação dos alimentos por grupos alimentos a promover (P), alimentos a limitar (L) e

alimentos a não disponibilizar (ND)

A promover (P) A limitar (L) A não disponibilizar (ND)

Água sem gás

Água com gás

Bolachas a promover

(água e sal/ digestiva/ “Maria”/

integral)

Iogurte

Leite simples

Leite com chocolate

Sandes a promover

(queijo/ fiambre/ mista/manteiga)

Sumos e néctares

Barra de cereais

Café

Café descafeinado

Café pingado

Capuccino

Chá

Croissants a limitar (simples/

fiambre/queijo/ misto)

Galão

Galão descafeinado

Pingo descafeinado

Batata frita

Bolachas a não disponibilizar

(recheio/ chocolate/ belgas®)

Bolos (inclui Chipicao®

/

Bollycao®

/ folhados)

Capuccino ou café com

chocolate

Cerveja sem álcool

Chocolate

Chocolate quente

Croissants a não

disponibilizar (chocolate/

ovos)

Lanches

Pastilhas elásticas (com ou

sem açúcar)

Rebuçados

Refrigerantes (colas/ Sprite®

/

7Up®

/ ice tea)

Sandes a não disponibilizar

(paio/ chouriço/ panado /

rissol)

Sumos com gás

Os dados foram informatizados no programa informático SPSS® 15.0 para

Windows, através do qual foi efectuada a análise estatística. Face aos objectivos

propostos para este trabalho, foi feita uma análise descritiva pelo cálculo de proporções,

parâmetros de tendência central (média e mediana) e de dispersão (desvio padrão,

mínimo e máximo).

9

3. Resultados

Responderam ao questionário 81% das instituições. Tendo em consideração o

tipo de instituição, responderam 67 Centros de Saúde (CS) (71%) e dezanove Hospitais

(83%). Relativamente aos CS, responderam todos os dos distritos de Braga (n=15) e

Viana do Castelo (n=13), dez em Vila Real (63%), 23 do Porto (61%) e seis em

Bragança (50%). Responderam todos os Hospitais dos distritos de Bragança (n=1),

Viana do Castelo (n=1) e Vila Real (n=2) e ainda quatro Hospitais (80%) no distrito de

Braga e onze no distrito do Porto (79%).

No texto introdutório dos questionários solicitava-se que fosse preenchido um

questionário por cada local ou extensão da instituição, pelo que o número de

questionários analisados correspondeu a um total de 254 locais.

Relativamente ao distrito, 99 locais (39,0%) pertenciam ao Porto, 83 (32,7%) a

Braga, 34 (13,4%) a Vila Real, 23 (9,1%) a Viana do Castelo e 15 (5,9%) a Bragança.

No que concerne à instituição a que pertencia cada local, 127 (50,0%) deles

correspondiam a uma Extensão de CS, 85 (33,5%) a uma Sede de CS e 42 (16,5%) a um

local dentro de um Hospital. É de realçar que no caso do distrito de Bragança nenhum

dos locais correspondia a uma extensão de CS.

A denominação apresentada, quer relativa ao CS quer aos Hospitais,

correspondia à informação indicada nos questionários e não a uma classificação

realizada no âmbito deste trabalho:

- 181 locais (85,4%) referiam-se ao CS (Sede ou Extensão) como um

todo;

- 10 (4,7%) correspondiam a SACU/SAP/SASU;

- 8 (3,8%) a SACU/SSP/UOSP;

- 7 (3,3%) a SSP/UOSP;

- 2 (0,9%) a CDP;

- 1 a SACU/CDP/SSP (0,5%) ;

- 1 a SACU/internamento (0,5%);

- 2 locais (0,9%) consistiam noutros tipos de estrutura.

Dos 42 locais pertencentes a Hospitais:

- 7 locais (16,7%) não referiram nenhuma estrutura específica;

- 12 locais (28,6%) correspondiam à Consulta Externa;

- 9 (21,4%) à Urgência;

- 5 (11,9%) à Consulta Externa/Urgência/Internamento;

10

- 3 (7,1%) ao Internamento;

- 11 locais (26,2%) correspondiam a outras estruturas.

No que concerne aos tipos de bares existentes em cada local, verificou-se que a

proporção de locais onde existia pelo menos um bar que os utentes pudessem utilizar

era de 11,4%. Tendo em conta o tipo de instituição, existia pelo menos um bar para

utentes em 3,5% das Sedes de CS, em 0,8 % das Extensões de CS e em 59,5% dos

Hospitais.

Por outro lado, verificou-se que existia bar exclusivo para funcionários em 39%

dos locais. Este tipo de bar estava presente em 66% das Sedes de CS, em 23% das

extensões de CS e em 33% dos Hospitais.

A proporção de locais com bar para utentes em que pelo menos um desses bares

era concessionado era de 79%. Nos locais com bares concessionados, todos os bares

para utentes eram concessionados.

Existia pelo menos uma máquina de venda automática de alimentos (MVAA)

em quase metade dos locais (49,6%), totalizando 126 locais com MVAA.

Considerando as instituições como um todo, tinham pelo menos uma MVAA

100% dos Hospitais e 86,5% dos CS.

Quando analisada a informação por local e tipo de instituição, existia alguma

MVAA em 93% dos locais pertencentes a Hospitais, em 71% dos locais

correspondentes a Sedes de CS e em 21% dos locais em Extensões de CS (figura 1).

Figura 1. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos, por tipo de

instituição

0 20 40 60 80 100

C.S. Sedes

C.S. Extensões

Hospitais

Existência de MVAA [%]

sim não

11

Analisando os Hospitais por distrito, verificou-se que todos os locais referidos

nos distritos de Braga (n=10), Bragança (n=9), Viana do Castelo (n=3) e Vila Real

(n=2) tinham pelo menos uma MVAA. No distrito do Porto, 83,3% (n=15) dos locais

dispunham de alguma MVAA. Nas figuras 2 e 3 apresenta-se, de acordo com o distrito,

a proporção de locais referentes a CS (Sede ou Extensão, respectivamente) nos quais

existia alguma MVAA. Visto que nenhum dos locais analisados do distrito de Bragança

pertencia a uma extensão, não são apresentados resultados relativos a esse distrito na

figura 3.

Figura 2. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos, nos locais

referidos pelas Sedes de Centros de Saúde, por distrito

Figura 3. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos, nos locais

referidos pelas Extensões de Centros de Saúde, por distrito

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Vila Real

Viana do Castelo

Porto

Bragança

Braga

Existência de MVAA [%]

Sim Não

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Vila Real

Viana do Castelo

Porto

Braga

Existência de MVAA [%]

Sim Não

12

A proporção de locais em que existia simultaneamente bar exclusivo para

funcionários, bar para utentes e MVAA era de apenas 2,36% (tabela 4). A maioria dos

locais que reuniam essas condições pertencia a Hospitais, enquanto que nas extensões

de CS isso nunca aconteceu. Em 37% dos locais não existia qualquer forma de adquirir

alimentos, quer para utentes quer para funcionários, visto que não estavam dotados de

qualquer bar ou MVAA. Todos estes locais correspondiam a CS, a maioria a extensões

de CS.

Tabela 4. Existência de máquina de venda automática de alimentos por instituição, consoante a existência

de bar exclusivo para funcionários e/ou bar para utentes

Bar exclusivo para

funcionários

Bar para

utentes

Instituição Total

CS

Sede

CS

Extensão

Hospital

Sim

Sim MVAA Sim 0,39% 0% 1,97% 2,36%

Não 0 0% 0,39% 0,39%

Não MVAA Sim 16,5% 5,51% 3,15% 25,20

Não 5,12% 5,9% 0% 11%

Não

Sim MVAA Sim 0% 0% 6,69% 6,69%

Não 0,79% 0,39% 0,79% 1,97%

Não MVAA Sim 6,69 5,12 3,54 15,35

Não 3,9% 33% 0% 37%

CS – Centro de Saúde MVAA- Máquinas de Venda Automática de Alimentos N- número

Verificou-se que as máquinas de alimentos mistos correspondiam ao tipo de

máquina mais frequente, seguindo-se por ordem decrescente de frequência as máquinas

de café, chá e leite, as máquinas de água e as máquinas de bebidas. As máquinas de

venda exclusiva de chocolates não existiam em nenhum local.

No total dos locais, referiram a existência de 363 máquinas (123 em sedes de

CS, 55 em extensões de CS e 185 em Hospitais) (tabela 5).

Tabela 5. Análise descritiva dos tipos de máquina de venda automática de alimentos existentes

N Mediana Mínimo Máximo

Máquina de venda automática de bebidas 23 0 0 2

Máquina de venda automática de água 27 0 0 4

Máquina de venda automática de café, chá

e leite 156 1 0 19

Máquina de venda automática de

chocolates 0 0 0 0

Máquina de venda automática mistas 157 1 0 13

N- número

13

Nas tabelas 6 e 7 apresenta-se, para cada tipo de alimento, a proporção de locais

com MVAA em que era disponibilizado e em que era referido como dos mais vendidos.

É de realçar que os valores apresentados na coluna da disponibilidade não

expressam a quantidade ou número de alimentos disponíveis, mas sim o número/

proporção de locais em que esse alimento era disponibilizado. Isto é, não foi tida em

conta a quantidade que era disponibilizada, visto que a máquina podia disponibilizar

três tipos de batatas fritas e era apenas considerado que disponibilizava “batatas fritas”,

do mesmo modo que uma máquina que apenas tem um tipo. Por outro lado, uma

máquina pode disponibilizar uma maior quantidade de pacotes de “batatas fritas” do que

de garrafas “águas sem gás”, contudo foi apenas considerado em ambos os casos que

disponibilizava “batatas fritas” e “água sem gás”.

É ainda apresentada a classificação dos alimentos de acordo com os grupos

previamente definidos: grupo de alimentos a promover, grupo de alimentos a limitar e

grupo de alimentos a não disponibilizar. Por uma questão de uniformização, não foi tida

em consideração a marca dos alimentos visto que essa informação não foi dada por

todos os respondentes.

Relativamente aos alimentos disponibilizados, verificou-se que as cinco bebidas

disponibilizadas numa maior proporção de locais com MVAA eram o café (84,1%), a

água sem gás (77,0%), o chá (65,9%), os sumos e néctares (65,1%) e os refrigerantes

(60,3%). As bebidas referidas como das mais vendidas num maior número de locais

com MVAA eram a água sem gás (69,8%), o café (54,0%), o iogurte (38,1%), os sumos

e néctares (36,5%) e os refrigerantes (25,4%).

14

Tabela 6. Número de locais com máquina de venda automática de alimentos onde cada bebida é

disponibilizada e número de locais com máquina de venda automática de alimentos que a referem como

mais vendida

Bebidas Grupo Locais que disponibilizam

n (%)

Locais que referem como

mais vendida

n (%)

Água com gás P 30 (23,8%) 6 (4,8%)

Água sem gás P 97 (77,0%) 88 (69,8%)

Café L 106 (84,1%) 68 (54,0%)

Café descafeinado L 40 (31,7%) 8 (6,3%)

Café pingado L 42 (33,3%) 4 (3,2%)

Capuccino ou café com chocolate ND 20 (15,9%) 4 (3,2%)

Capuccino L 58 (46,0%) 10 (7,9%)

Cerveja sem álcool ND 2 (1,6%) 0 (0,0%)

Chá L 83 (65,9%) 27 (21,4%)

Chocolate quente ND 71 (56,3%) 24 (19,0%)

Galão L 65 (51,6%) 8 (6,3%)

Galão descafeinado L 5 (4,0%) 0 (0,0%)

Iogurte P 68 (54,0%) 48 (38,1%)

Leite simples P 73 (57,9%) 19 (15,1%)

Leite com chocolate P 60 (47,6%) 18 (14,3%)

Pingo descafeinado L 7 (5,6%) 2 (1,6%)

Refrigerantes (colas/ Sprite®

/

7Up®

/ ice tea) ND 76 (60,3%) 32 (25,4%)

Sumos com gás ND 43 (34,1%) 14 (11,1%)

Sumos e néctares P 82 (65,1%) 46 (36,5%)

L- A limitar P – A promover ND- A não disponibilizar n- número

Os cinco alimentos sólidos disponibilizados numa maior proporção de locais

eram o chocolate (62,7%), as bolachas a promover (água e sal/digestiva/ “Maria”/

integral) (47,6%), os bolos a não disponibilizar (Chipicao®

/ Bollycao®

/ folhados)

(47,6%), as sandes a promover (queijo/fiambre/mista/manteiga) (42,9%) e os croissants

a limitar (simples/fiambre/queijo/misto) (38,1%). Foram referidos numa maior

proporção de locais com MVAA como os alimentos sólidos mais vendidos as sandes a

promover (queijo/fiambre/mista/manteiga) (38,1%), o chocolate (35,7%), as bolachas a

promover (água e sal/ digestiva/ “Maria”/ integral), os croissants a limitar (simples/

fiambre/queijo/ misto) (22,2%) e as bolachas a não disponibilizar (recheio/ chocolate/

belgas®) (33,3%). Podemos ainda verificar que em alguns locais eram disponibilizados

alimentos como as pastilhas elásticas e os rebuçados.

15

Tabela 7. Número de locais com máquina de venda automática de alimentos onde cada alimento sólido

era disponibilizado e número de locais com máquina de venda automática de alimentos que o referiam

como mais vendido

Alimentos sólidos Grupo Locais que disponibilizam

n (%)

Locais que referem como

mais vendido

n (%)

Barra de cereais L 24 (19,0%) 6 (4,8%)

Batata frita ND 24 (19,0%) 10 (7,9%)

Bolachas a não disponibilizar

(recheio/ chocolate/ belgas®)

ND 45 (35,7%) 26 (20,6%)

Bolachas a promover (água e sal/

digestiva/ “Maria”/ integral) P 60 (47,6%) 42 (33,3%)

Bolos (inclui Chipicao®

,

Bollycao®

, folhados) ND 60 (47,6%) 24 (19,0%)

Chocolate ND 79 (62,7%) 46 (37,5%)

Croissants a limitar (simples/

fiambre/queijo/ misto) L 48 (38,1%) 28 (22,2%)

Croissants a não disponibilizar

(chocolate/ ovos) ND 11 (8,7%) 4 (3,2%)

Lanches ND 38 (30,2%) 21 (16,7%)

Pastilhas elásticas (com ou sem

açúcar) ND 25 (19,8%) 5 (4,0%)

Rebuçados ND 15 (11,9%) 0 (0,0%)

Sandes a não disponibilizar (paio/

chouriço/ panado/ rissol) ND 20 (15,9%) 9 (7,1%)

Sandes a promover (queijo/

fiambre/ mista/manteiga) P 54 (42,9%) 48 (38,1%)

L- A limitar P – A promover ND- A não disponibilizar n- número

A análise da figura 4 mostra-nos que dos dez alimentos disponibilizados numa

maior proporção de locais com MVAA, nove eram bebidas e o único alimento sólido

entre os dez disponibilizados em mais locais era o chocolate. Por outro lado, dos dez

alimentos que integravam o grupo dos referidos como mais vendidos numa maior

proporção de locais com MVAA, seis consistiam em bebidas e quatro em alimentos

sólidos, sendo que um deles era novamente o chocolate, a par com o iogurte e as sandes

“a promover” (figura 5).

16

Figura 4. Os dez alimentos disponibilizados numa maior proporção de locais com máquina de venda

automática de alimentos e proporção de locais que os disponibilizavam

Figura 5. Os dez alimentos mais vendidos numa maior proporção de locais com máquina de venda

automática de alimentos e proporção de locais que os referiram como mais vendidos.

Nas tabelas que se seguem, apresenta-se uma análise descritiva relativa à

disponibilização de alimentos e alimentos mais vendidos segundo o grupo nutricional,

nos locais com MVAA. Os valores apresentados indicam o número de diferentes

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Sumos e néctares

Locais com MVAA [%]

Galão

Iogurte

Chocolate quente

Leite

Refrigerantes

Chocolate

Chá

Água s/ gás

Café

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Chá

Croissants a limitar

Refrigerantes

Bolachas a promover

Sumos e néctares

Chocolate

Iogurte

Sandes a promover

Café

Água s/ gás

Locais com MVAA [%]

17

alimentos que eram disponibilizados ou referidos como mais vendidos, e não a

quantidade de alimentos realmente disponibilizada ou vendida.

Verificou-se, então, que os tipos de alimentos considerados mais saudáveis eram

disponibilizados em menor número que os menos saudáveis. No entanto, eram os

alimentos do grupo “a promover” que foram referidos mais vezes como os mais

vendidos (tabela 8).

É de salientar que, dos 126 locais com MVAA, 17 locais não disponibilizavam

nenhum tipo de alimento pertencente ao grupo “a não disponibilizar”. Em 6 desses

locais, apenas existiam alimentos do grupo “a promover”. Por outro lado, 4 locais não

disponibilizavam qualquer alimento do grupo “a promover”.

Tabela 8. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos nos locais com

máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o grupo nutricional.

Média

Desvio

Padrão Mediana Mínimo Máximo

Dis

po

nib

iliz

ação

de

alim

ento

s

a promover 4,16 2,31 4 0 8

a limitar 3,79 2,42 4 0 10

a não disponibilizar 4,20 2,90 5 0 10

Ali

men

tos

mai

s

ven

did

os

a promover 2,50 1,89 2 0 7

a limitar 1,28 1,23 1 0 5

a não disponibilizar 1,73 1,61 1 0 7

Constatou-se anteriormente que nove dos dez alimentos disponibilizados e seis

dos dez alimentos mais vendidos numa maior proporção de locais com MVAA eram

bebidas. Assim, optou-se por apresentar também os resultados relativos à análise

separada das bebidas e alimentos sólidos.

No caso das bebidas, eram as do grupo “a promover” e “a limitar” aquelas que

eram disponibilizadas em maior número e também as referidas como mais vendidas

(tabela 9).

18

Tabela 9. Análise descritiva dos tipos de bebidas disponibilizadas e mais vendidas nos locais com

máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o grupo nutricional.

Média

Desvio

Padrão Mediana Mínimo Máximo

Dis

po

nib

iliz

ação

de

alim

ento

s

a promover 3,25 1,61 3 0 6

a limitar 3,22 2,03 3 0 8

a não disponibilizar 1,68 1,13 2 0 4

Ali

men

tos

mai

s

ven

did

os

a promover 1,79 1,28 2 0 5

a limitar 1,01 1,16 1 0 5

a não disponibilizar 0,59 0,68 0 0 2

Contudo, isso não sucedeu relativamente aos alimentos sólidos. Neste tipo de

alimentos, os mais disponibilizados e referidos como mais vendidos pertenciam ao

grupo “a não disponibilizar” (tabela 10).

Tabela 10. Análise descritiva dos tipos de alimentos sólidos disponibilizados e mais vendidos nos locais

com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o grupo nutricional.

Média

Desvio

Padrão Mediana Mínimo Máximo

Dis

po

nib

iliz

ação

de

alim

ento

s a promover 0,90 0,87 1 0 2

a limitar 0,57 0,72 0 0 2

a não disponibilizar 2,52 2,12 2 0 8

Ali

men

tos

mai

s

ven

did

os

a promover 0,71 0,78 1 0 2

a limitar 0,27 0,50 0 0 2

a não disponibilizar 1,14 1,18 1 0 5

Considerando a informação por distrito, verificou-se que eram os distritos de

Braga e Porto que disponibilizavam maior número de alimentos do grupo “a promover”.

Viana do Castelo era o distrito que apresentava um maior número de alimentos do

grupo “a não disponibilizar”, enquanto que o distrito de Bragança apresentava o maior

19

número de alimentos do grupo “a limitar” (tabela 11). Considerando os alimentos mais

vendidos observa-se o mesmo padrão.

Tabela 11. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos nos locais com

máquina de venda automática de alimentos, por distrito.

Distrito

Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos

P L ND P L ND

Braga

Média 4,57 3,43 4,31 3,09 1,29 1,66

DP 2,33 2,74 2,77 1,72 1,25 1,53

Mediana 5 4 5 3 1 1

Mínimo 1 0 0 0 0 0

Máximo 8 8 9 6 4 7

Bragança

Média 1,93 4,71 3,64 0,29 1,00 0,50

DP 1,00 0,73 3,03 0,61 1,57 0,86

Mediana 1,5 5 1,5 0 0 0

Mínimo 1 3 1 0 0 0

Máximo 3 5 7 2 4 3

Porto

Média 5,16 4,12 4,41 3,33 1,35 1,92

DP 2,00 2,66 2,79 1,67 1,29 1,50

Mediana 6 4 3 3 1 2

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 8 10 10 7 5 6

Viana do Castelo

Média 3,06 3,65 4,76 1,47 1,35 2,53

DP 2,16 1,94 3,21 1,51 0,79 1,94

Mediana 3 3 6 1 2 3

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 8 7 9 4 2 6

Vila Real

Média 2,44 2,22 2,33 0,89 1,11 1,33

DP 1,67 1,30 3,08 1,05 1,05 1,87

Mediana 2 2 0 1 1 0

Mínimo 1 0 0 0 0 0

Máximo 6 4 8 3 3 5

DP - desvio padrão P - a promover L - a limitar ND - a não disponibilizar

20

Considerando o tipo de instituição onde se localizavam as MVAA, verificou-se

que nos Hospitais era disponibilizado um maior número de alimentos, particularmente

do grupo “a não disponibilizar” (tabela 12). Contudo, os alimentos referidos como mais

vendidos eram sobretudo do grupo “a promover”. Nos CS (Sedes e Extensões), os

alimentos do grupo “a promover” eram disponibilizados num maior número de locais e

os referidos mais frequentemente como os mais vendidos.

Tabela 12. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos nos locais com

máquina de venda automática de alimentos, por instituição.

Tipo de

Instituição

Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos

P L ND P L ND

CS Sede

Média 4,03 3,83 3,70 2,57 1,45 1,62

DP 2,34 2,25 2,87 1,91 1,02 1,73

Mediana 4 4 3 2 1 1

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 8 8 9 6 4 7

CS

Extensão

Média 3,70 2,96 3,11 2,37 1,04 1,52

DP 2,64 2,93 2,42 2,00 1,19 1,16

Mediana 4 2 3 2 1 2

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 8 9 8 6 4 5

Hospital

Média 4,67 4,31 5,72 2,49 1,18 2,05

DP 1,98 2,19 2,70 1,83 1,52 1,69

Mediana 5 5 6 3 1 2

Mínimo 1 0 0 0 0 0

Máximo 8 10 10 7 5 6

CS - Centro de Saúde DP - desvio padrão P - a promover L - a limitar ND - a não disponibilizar

É de salientar que quando os alimentos sólidos foram analisados separadamente,

o grupo de alimentos mais disponibilizado e referido mais vezes como o mais vendido

era sempre o grupo “a não disponibilizar”, nas análises quer por distrito quer por

instituição (anexo B).

21

Considerando a existência ou não de bar para utentes nos locais com MVAA,

verificou-se que quando aquele existia era disponibilizado um maior número de

alimentos “a não disponibilizar”, e eram referidos como os mais vendidos num número

semelhante os do grupo “a promover” e do grupo “a não disponibilizar” (tabela 13).

Tabela 13. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos nos locais com

máquina de venda automática de alimentos, de acordo com a existência de bares para utentes.

Bar para utentes Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos

P L ND P L ND

Sim

Média 4,57 4,70 6,43 1,96 0,96 1,96

DP 2,25 2,20 3,10 1,99 1,33 1,92

Mediana 5 5 7 1 0 2

Mínimo 1 0 0 0 0 0

Máximo 8 10 10 7 5 6

Não

Média 4,07 3,59 3,70 2,62 1,35 1,68

DP 2,33 2,43 2,62 1,86 1,20 1,54

Mediana 4 3 3 3 1, 1

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 8 9 9 6 5 7

DP - desvio padrão P - a promover L - a limitar ND - a não disponibilizar

22

4. Discussão

Este estudo teve como finalidade conhecer a realidade dos Centros de Saúde

(CS) e Hospitais públicos da Região de Saúde do Norte (RSN) no que concerne à

existência de máquinas de venda automática de alimentos (MVAA), e avaliar em que

medida os alimentos nelas disponibilizadas contribuíam para promover uma

alimentação saudável. Foi também objectivo deste estudo quantificar os bares para

utentes e bares exclusivos para funcionários existentes nestes locais.

O tipo de MVAA mais frequente era o das máquinas mistas, ou seja, o tipo com

teoricamente maior variedade de alimentos. Contudo, nove dos dez alimentos mais

disponibilizados e seis dos dez alimentos mais vendidos nos locais com MVAA eram

bebidas.

Relativamente ao tipo de alimentos disponibilizados nas MVAA, verificou-se

que eram disponibilizados sobretudo alimentos do grupo “a não disponibilizar” mas os

alimentos do grupo “a promover” foram referidos mais vezes como os mais vendidos.

Analisando separadamente bebidas e alimentos sólidos, verificou-se que era

disponibilizado um maior número de bebidas saudáveis, enquanto que os alimentos

sólidos disponibilizados eram geralmente do grupo “a não disponibilizar”. Assim,

muitos dos alimentos que se encontravam à venda nas MVAA, especialmente os

sólidos, não eram promotores de uma alimentação saudável. Fazendo uma comparação

por distrito, verificou-se que em Bragança e Viana do Castelo eram disponibilizados

sobretudo alimentos não saudáveis. Estes resultados poderão reflectir que a oferta

visasse mais ir de encontro à procura pelos utentes e funcionários do que acompanhar as

necessidades de uma alimentação saudável.

Verificou-se que em nenhuma das extensões existia simultaneamente bar para

utentes, bar exclusivo para funcionários e MVAA. Este tipo de instituição era também o

que apresentava menor proporção de locais com MVAA. Assim, é necessário que sejam

criadas condições que permitam a ingestão de alimentos nas extensões dos CS, quer aos

utentes que nelas têm de permanecer quer aos seus funcionários. Disponibilizar nos

locais prestadores de cuidados de saúde alimentos saudáveis poderá ser uma alternativa

a testar no sentido de avaliar o seu efeito na promoção de uma alimentação saudável.

As MVAA podem ser consideradas excelentes alternativas, no entanto é

essencial que seja escolhido criteriosamente o que é colocado no seu interior para estar

disponível aos potenciais utilizadores.

23

Os resultados encontrados apresentam algumas limitações. A percentagem de

respondentes ao questionário foi bastante heterogénea consoante o distrito. No caso dos

CS, verificou-se uma menor resposta nos distritos de Vila Real, Porto e Bragança. Por

outro lado, relativamente aos Hospitais, a percentagem de respondentes foi de 100% em

Bragança, Viana do Castelo e Vila Real. Contudo, existia apenas um Hospital nos dois

primeiros distritos e dois Hospitais no terceiro. Assim, a proporção de locais analisados

pertencentes a estes distritos baixa, apesar da elevada percentagem de respostas. Estas

assimetrias deverão ser tidas em consideração na análise dos resultados apresentados em

função do distrito.

Embora no texto introdutório dos questionários se solicitasse o preenchimento

de um questionário por cada local ou extensão da instituição independentemente da

presença de máquinas de venda automática de alimentos, verificámos que em algumas

instituições apenas se receberam questionários referentes a locais com máquinas. Pelo

que será de supor que não foram devolvidos questionários referentes a locais nos quais

não havia máquinas de venda automática. Assim, a estimativa de prevalência obtida

poderá ser superior à real, no entanto quando considerada a informação por instituição e

não por locais verificamos que a prevalência de máquinas se mantém elevada. Por outro

lado, para avaliar o tipo de alimentos disponibilizados considerou-se como denominador

os locais com máquina pelo que este possível viés não afecta os resultados relativos ao

tipo de alimentos disponibilizados.

Uma outra limitação resulta da dificuldade em classificar os alimentos referidos

nos três grupos – a disponibilizar; a limitar e a não disponibilizar. A informação sobre

os alimentos disponibilizados e os mais vendidos nas MVAA foi recolhida através de

perguntas de resposta aberta, nas quais o responsável pelo preenchimento indicava os

alimentos. Surgiram respostas muito diversificadas e com diferentes graus de detalhe, o

que dificultou a classificação e poderá ter condicionado alguma má-classificação,

nomeadamente porque sob a mesma denominação se podem encontrar produtos muito

diferentes (ex. o croissant simples tem uma composição bastante diferente se é ou não

com base de massa folhada). No entanto, a apresentação de uma lista fechada de

alimentos poderia ter condicionado as respostas, com sub-notificação de alguns

alimentos se a lista proposta não fosse exaustiva, o que dada a inexistência de um

estudo prévio sobre a descrição dos alimentos disponíveis, não era possível assegurar. A

sub-notificação poderia estar presente mesmo que fosse solicitado que se

acrescentassem alimentos não contemplados na lista uma vez que havendo a

24

possibilidade de escolha prévia se considerasse que os restantes não eram relevantes

para o estudo ou não se fosse activamente verificar se existiam mais alimentos nas

MVAA que os referidos na lista. Por outro lado, poderia ter induzido respostas que a

instituição considerasse mais adequadas, por exemplo valorizando a existência de

alimentos considerados “mais saudáveis” ou desvalorizando a existência de alimentos

“menos saudáveis”. Este último viés também pode estar presente na nossa actual

avaliação uma vez que não houve validação da informação reportada, nem por

observação directa por indivíduos externos à instituição avaliada nem por acesso a

documentos que permitissem conhecer os produtos habitualmente vendidos. No entanto,

no estudo actual, quando considerada a informação relativa aos alimentos sólidos quer

os mais disponibilizados quer os referidos como mais vendidos pertenciam ao grupo “a

não disponibilizar” o que poderá indicar que o efeito deste possível viés de informação

terá sido minimizado.

Assim, apesar das limitações, o formato de perguntas usado neste estudo

permitiu saber quais os principais tipos de alimentos disponibilizados nas MVAA. Estes

dados são fundamentais para que, em trabalhos futuros, os alimentos

disponibilizados/vendidos sejam inquiridos por perguntas de escolha múltipla, com um

número de opções mais reduzido e mais aproximado da realidade, permitindo assim

obter resultados mais fáceis de analisar.

Neste estudo, foram avaliados os tipos de alimentos disponibilizados e não a

quantidade de cada tipo de alimentos que era disponibilizada. Assim, o facto de num

dado local com MVAA existir uma maior média de disponibilização alimentos do grupo

“a promover” em termos de variedade, não implica que esses alimentos estivessem à

venda em maior quantidade ou que o local de apresentação na máquina favoreça a sua

escolha. Assim, a interpretação dos resultados deverá ser feita com precaução. Propõe-

se que a avaliação das quantidades disponibilizadas seja feita em trabalhos futuros, o

qual só poderá ser concretizado com acesso a informação relativa às vendas de cada

produto num determinado período de tempo.

Não foi encontrado nenhum trabalho que se debruçasse sobre os tipos de

alimentos disponibilizados em MVAA ou até mesmo em bares de instituições de saúde.

Este facto, apesar de impedir a comparação dos resultados obtidos, reforça a

importância deste estudo como instrumento de diagnóstico e planeamento em promoção

da saúde. Neste contexto, e face aos resultados, verificou-se a importância de promover

a disponibilização de alimentos saudáveis, nomeadamente nos quatro locais em que não

25

se encontrava disponibilizado nenhum alimento do grupo “a promover” nos Hospitais e

ainda nos distritos de Bragança e Viana do Castelo.

Como medidas resultantes deste trabalho, pretende-se enviar às instituições uma

lista de alimentos a promover, a limitar e a não disponibilizar nas MVAA, semelhante à

apresentada na tabela 3. Pretende-se ainda providenciar que junto às MVAA seja

colocado material com noções de alimentação saudável e com o objectivo de promover

escolhas mais saudáveis e, posteriormente, avaliar a adesão às alterações propostas e seu

impacto nas vendas de produtos.

A questão da disponibilidade de alimentos, discutida relativamente às MVAA,

está também subjacente aos alimentos disponibilizados nos bares, os quais não foram

avaliados no âmbito deste projecto. Considerando os nossos resultados, os alimentos

existentes nos bares terão um impacto particularmente relevante nos hospitais. Sugere-

se que, tal como foi feito no caso das MVAA, seja avaliado em que medida os

alimentos disponibilizados nos bares das instituições de saúde da RSN são promotores

de uma alimentação saudável.

Seria ainda interessante alargar este estudo às restantes Regiões de Saúde do

país, de modo a comparar os resultados e generalizar as medidas de promoção de saúde

propostas.

Assim, estes resultados realçam o potencial impacto que adviria da elaboração

de um referencial que se debruçasse sobre o tipo de alimentos a disponibilizar nas

instituições de saúde, semelhante ao que existe por parte do Ministério da Educação

relativamente aos bufetes escolares (19,20). Essas orientações viriam ao encontro das

Recomendações de Adelaide sobre políticas públicas saudáveis, nomeadamente as que

incentivam os governos a tomar medidas para que o abastecimento de alimentos que

está sob o seu controlo directo permita o acesso do consumidor a uma alimentação

equilibrada (2)

. No entanto, é importante recordar que embora os resultados indiquem a

grande disponibilidade de alimentos considerados menos saudáveis, só por si a

regulamentação que defina quais os alimentos que podem ou não ser disponibilizados,

não significa necessariamente mudanças na ingestão dos utilizadores.

26

5. Conclusões

Este estudo permitiu concluir que existia pelo menos uma máquina de venda

automática de alimentos (MVAA) em 100% dos hospitais e 86,5% dos centros de

saúde. Considerando os diversos locais existentes em cada instituição esses valores são:

93% dos locais pertencentes a Hospitais, em 71% dos locais correspondentes a Sedes de

Centro de Saúde (CS) e em 21% dos locais em Extensões de CS. O total de máquinas

existentes era de 363 (185 em Hospitais, 123 em sedes de CS e 55 em extensões de CS).

Os tipos de alimentos considerados mais saudáveis eram disponibilizados em

menor número. No entanto, os alimentos do grupo “a promover” eram referidos mais

vezes como os mais vendidos. É de realçar que nas MVAA existentes em Hospitais

eram disponibilizados sobretudo alimentos pouco saudáveis.

No que concerne aos tipos de bares existentes em cada local, verificou-se que a

proporção de locais onde existia pelo menos um bar que os utentes possam utilizar era

de 11,4%. Tendo em conta o tipo de instituição, existia pelo menos um bar para utentes

em 3,5% das Sedes de CS, em 0,8 % das Extensões de CS e em 59,5% dos Hospitais.

Este resultado reforça a importância das MVAA e do seu conteúdo.

Verificou-se que existia bar exclusivo para funcionários em 39% dos locais. Este

tipo de bar estava presente em 66% das Sedes de CS, em 23% das extensões de CS e em

33% dos Hospitais.

Em 37% dos locais não existia qualquer forma de adquirir alimentos, quer para

utentes quer para funcionários, visto que não estavam dotados de qualquer bar ou

MVAA. Todos estes locais correspondiam a CS, a maioria a extensões de CS.

.

27

6. Referências Bibliográficas

1. World Health Organization. (1986). The Ottawa charter for health promotion.

Canadian Public Health Association, Otava.

2. World Health Organization. (1988). Second International Conference on Health

Promotion: healthy public policy. World Health Organization, Adelaide.

3. World Health Organization. (1997). Fourth International Conference on Health

Promotion: new partners for a new era. World Health Organization, Jakarta.

4. World Health Organization. (2002) The World Health Report 2002. Reducing

Risks, Promotion Healthy Life. World Health Organization, Geneva.

5. World Health Organization. (2000) Obesity: preventing and managing he global

epidemic. Report of a WHO Consultation. WHO Technical Report Series no

894, World Health Organization, Geneva.

6. Lobstein T, Rigby N, Leach R. (2005). International Obesity Task Force EU

Platform Briefing Paper. International Obesity Task Force, Bruxelas.

7. Padez C, Fernandes T, Mourão I, Moreira P, Rosado V. (2004). Prevalence of

overweight and obesity in 7-9-year-old Portuguese children: trends in body

mass index from 1970-2002. American Journal of Human Biology, 16:670-8.

8. Moreira P, Padez C, Mourão-Carvalhal I, Rosado V. (2007). Maternal weight

gain during pregnancy and overweight in Portuguese children. International

Journal of obesity, 31:608-14.

9. Marques-Vidal P, Dias CM. (2005). Trends in overweight and obesity in

Portugal: the National Health Surveys 1995-6 and 1998-9. Obesity Research,

13:1141-5.

10. Teixeira P. (2007) Vigilância Nutricional e da Obesidade em Portugal.

Comunicação oral apresentada na Assembleia da República, Lisboa.

28

11. Ministério da Saúde. (2000) Inquérito Nacional de Saúde 1998/1999. Instituto

Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa.

12. World Health Organization. (2004). Global Strategy on diet, physical activity

and health. World Health Organization, Geneva.

13. Faculdade de Ciências de Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto.

(2003). A Nova Roda dos Alimentos…Um guia para a escolha alimentar diária!

Coma bem, viva melhor. Faculdade de Ciências de Nutrição e Alimentação da

Universidade do Porto, Porto.

14. World Health Organization. (2005). The Bangkok Charter for Health Promotion

in a Globalized World. World Health Organization, Bangkok.

15. Ministério da Saúde. (2004). Plano Nacional de Saúde 2004-2010: Mais Saúde

para Todos. Volume II - Orientações Estratégicas, Direcção Geral da Saúde,

Lisboa.

16. Ministério da Saúde. (2005). Programa Nacional de Combate à Obesidade.

Circular Normativa nº 03/DGCG. Direcção-Geral da Saúde, Lisboa.

17. Direcção-Geral da Saúde. (2007). Plataforma contra a Obesidade. Direcção-

Geral da Saúde, Lisboa.

18. Centro Regional de Saúde Pública do Norte. (2006). Plano de Actividades 2006.

s.e., s.l..

19. Baptista IM, Lima RM. (2006). Educação Alimentar em Meio Escolar –

Referencial para uma oferta alimentar saudável. Direcção-Geral de Inovação e

de Desenvolvimento Curricular, Lisboa.

20. Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular. (2007).

Recomendações para os bufetes escolares – Circular nº11/DGIC/2007.

Ministério da Educação, Lisboa.

29

Anexos

30

Anexo A.1.

Questionário enviado aos Centros de Saúde da Região de Saúde do Norte.

31

Por favor, por cada local ou extensão preencha um questionário (para o efeito,

poderá fotocopiar este questionário)

Por exemplo, se o SACU/SAP/SASU fica localizado no edifício do Centro de Saúde, além do

questionário do Centro de Saúde preencha um questionário referente ao SASU onde descreve

apenas o bar e/ou máquinas de venda automática de alimentos que se encontram nas instalações

do SASU. No questionário relativo ao Centro de Saúde não considerar o bar e/ou máquinas de

venda automática de alimentos que já foram considerados noutro questionário.

Se não há bar ou máquinas de venda automática de alimentos, é importante que preencha o

respectivo questionário, indicando que não existem.

Centro de Saúde Sede ________________________________________________

Extensão _____________________________________________

SACU/SAP/SASU CDP S. Saúde Pública/UOSP Internamento

Outro qual? _____________________

Bar para os utentes:

Existe pelo menos um bar que os utentes possam utilizar?

Sim Não Se sim quantos ___ ___

Algum bar está concessionado?

Sim Não Se sim quantos ___ ___

Bar exclusivo para os funcionários:

Existe um bar só para os funcionários? Sim Não

Máquinas de Venda Automática de Alimentos:

Existe alguma máquina de venda automática de alimentos? Sim Não

Quantas máquinas existem? (por favor preencha todas as opções e coloque Zero quando

não existe esse tipo de máquina)

- Só de bebidas ___ ___

- Só de água ___ ___

- Só de café, chá e leite ___ ___

- Só de chocolates ___ ___

- Mistas (com vários tipos de alimentos e/ou bebidas) ___ ___

32

Para cada máquina indique os alimentos sólidos e bebidas habitualmente disponíveis

(ver e perguntar aos responsáveis e funcionários para não omitir alimentos que estejam em falta

no momento da avaliação, sempre que possível indique a marca do produto)

Lista de Alimentos das Máquinas Máquina 1 Máquina 2 Máquina 3 Máquina 4 Máquina 5

Por favor, indique quais os cinco produtos mais vendidos/consumidos (perguntar aos

responsáveis pelas máquinas):

Bebidas Alimentos sólidos

Nome do profissional que preencheu o questionário: ____________________________

Categoria profissional: ____________________________________________________

Contacto (de quem preencheu o questionário): _________________________________

Muito obrigado pela sua colaboração!

33

Anexo A.2.

Questionário enviado aos Hospitais da Região de Saúde do Norte.

34

Por favor, por cada local ou extensão preencha um questionário (para o efeito, poderá

fotocopiar este questionário)

Por exemplo, preencha um questionário sobre o bar e/ou máquinas de venda automática de

alimentos que se encontram nas instalações das consultas externas. Nesse questionário descreva

apenas o bar e/ou máquinas de venda automática de alimentos que se encontram nas instalações

das consultas externas.

Se não há bar ou máquinas de venda automática de alimentos, é importante que preencha o

respectivo questionário indicando que não existem.

Hospital ______________________________________ Localidade:___________________

Consulta externa Urgência Internamento Outro qual? __________________

Bar para os utentes:

Existe pelo menos um bar que os utentes possam utilizar?

Sim Não Se sim quantos ___ ___

Algum bar está concessionado?

Sim Não Se sim quantos ___ ___

Bar exclusivo para os funcionários:

Existe um bar só para os funcionários? Sim Não

Máquinas de Venda Automática de Alimentos:

Existe alguma máquina de venda automática de alimentos? Sim Não

Quantas máquinas existem? (por favor preencha todas as opções e coloque Zero quando

não existe esse tipo de máquina)

- Só de bebidas ___ ___

- Só de água ___ ___

- Só de café, chá e leite ___ ___

- Só de chocolates ___ ___

- Mistas (com vários tipos de alimentos e/ou bebidas) ___ ___

35

Para cada máquina indique os alimentos sólidos e bebidas habitualmente disponíveis

(ver e perguntar aos responsáveis e funcionários para não omitir alimentos que estejam em falta

no momento da avaliação, sempre que possível indique a marca do produto)

Lista de Alimentos das Máquinas Máquina 1 Máquina 2 Máquina 3 Máquina 4 Máquina 5

Por favor, indique quais os cinco produtos mais vendidos/consumidos (perguntar aos

responsáveis pelas máquinas):

Bebidas Alimentos sólidos

Nome do profissional que preencheu o questionário:____________________________

Categoria profissional:____________________________________________________

Contacto (de quem preencheu o questionário):_________________________________

Muito obrigado pela sua colaboração!

36

Anexo B.

Análise descritiva dos tipos de bebidas e alimentos sólidos disponibilizados e mais

vendidos nos locais com máquina de venda automática de alimentos, de acordo

com o distrito e a instituição.

37

Tabela B.1: Análise descritiva dos tipos de bebidas disponibilizadas e mais vendidas nos locais com

máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o distrito.

Distrito Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos

P L ND P L ND

Braga

Média 3,57 2,69 1,49 2,23 0,89 0,43

DP 1,58 2,15 1,12 1,06 1,16 0,56

Mediana 4 3 2 2 0 0

Mínimo 1 0 0 0 0 0

Máximo 6 7 4 4 4 2

Bragança

Média 1,93 4,71 1,93 0,29 1,00 0,36

DP 1,00 0,73 1,00 0,61 1,57 0,50

Mediana 1,5 5 1,5 0 0 0

Mínimo 1 3 1 0 0 0

Máximo 3 5 3 2 4 1

Porto

Média 3,78 3,39 1,80 2,25 1,06 0,67

DP 1,50 2,23 1,10 1,21 1,19 0,77

Mediana 4 3 2 2 1 0

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 6 8 4 5 5 2

Viana do Castelo

Média 2,65 3,12 1,94 1,24 1,06 0,88

DP 1,66 1,54 1,20 1,09 0,75 0,70

Mediana 3 3 2 1 1 1

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 6 6 3 3 2 2

Vila Real

Média 2,22 2,22 0,89 0,78 1,11 0,56

DP 1,20 1,30 1,17 0,83 1,05 0,73

Mediana 2 2 0 1 1 0

Mínimo 1 0 0 0 0 0

Máximo 4 4 3 2 3 2

DP: desvio padrão P: a promover L: a limitar ND: a não disponibilizar

38

Tabela B.2: Análise descritiva dos tipos de alimentos sólidos disponibilizados e mais vendidos nos locais

com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o distrito.

Distrito Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos

P L ND P L ND

Braga

Média 1,00 0,74 2,83 0,86 0,40 1,23

DP 0,87 0,82 1,98 0,85 0,65 1,14

Mediana 1 1 3 1 0 1

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 2 2 6 2 2 5

Bragança

Média 0 0 1,71 0 0 0,14

DP 0 0 2,05 0 0 0,54

Mediana 0 0 0 0 0 0

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 0 0 4 0 0 2

Porto

Média 1,37 0,73 2,61 1,08 0,29 1,25

DP 0,75 0,67 2,15 0,72 0,46 1,11

Mediana 2 1 2 1 0 1

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 2 2 8 2 1 4

Viana do Castelo

Média 0,41 0,53 2,82 0,24 0,29 1,65

DP 0,62 0,80 2,24 0,44 0,47 1,41

Mediana 0 0 3 0 0 2

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 2 2 6 1 1 4

Vila Real

Média 0,22 0 1,44 0,11 0 0,78

DP 0,67 0 2,30 0,33 0 1,20

Mediana 0 0 0 0 0 0

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 2 0 6 1 0 3

DP: desvio padrão P: a promover L: a limitar ND: a não disponibilizar

39

Tabela B.3: Análise descritiva dos tipos de bebidas disponibilizadas e mais vendidas nos locais com

máquina de venda automática de alimentos, de acordo com a instituição.

Instituição Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos

P L ND P L ND

CS Sede

Média 3,17 3,15 1,55 1,88 1,10 0,50

DP 1,56 1,81 1,14 1,21 1,00 0,62

Mediana 4 3 1,5 2 1 0

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 6 7 4 4 4 2

CS

Extensão

Média 2,81 2,37 1,44 1,67 0,78 0,70

DP 1,88 2,32 1,12 1,47 1,05 0,78

Mediana 3 2 1 1 0 1

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 6 7 4 5 4 2

Hospital

Média 3,69 3,92 2,05 1,72 1,03 0,64

DP 1,40 1,94 1,05 1,28 1,42 0,71

Mediana 4 5 2 2 0 1

Mínimo 1 0 0 0 0 0

Máximo 6 8 4 5 5 2

DP: desvio padrão P: a promover L: a limitar ND: a não disponibilizar

40

Tabela B.4: Análise descritiva dos tipos de alimentos sólidos disponibilizados e mais vendidos nos locais

com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com a instituição.

Instituição

Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos

P L ND P L ND

CS Sede

Média 0,87 0,68 2,15 0,68 0,35 1,12

DP 0,91 0,77 1,98 0,83 0,58 1,25

Mediana 1 0,5 2 0 0 1

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 2 2 6 2 2 5

CS

Extensão

Média 0,89 0,59 1,67 0,70 0,26 0,81

DP 0,85 0,80 1,98 0,72 0,45 0,96

Mediana 1 0 1 1 0 1

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 2 2 6 2 1 3

Hospital

Média 0,97 0,38 3,67 0,77 0,15 1,41

DP 0,843 0,54 1,99 0,74 0,37 1,16

Mediana 1 0 4 1 0 2

Mínimo 0 0 0 0 0 0

Máximo 2 2 8 2 1 4

DP: desvio padrão P: a promover L: a limitar ND: a não disponibilizar