marcos_vinicius_moreira_de_castro - proporção aurea do sorriso

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1 Marcos Vinícius Moreira de Castro AFERIÇÃO DA PROPORÇÃO ÁUREA EM SORRISOS AGRADÁVEIS Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo Programa de Pós- graduação do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Subárea de Concentração: Periodontia Orientadora: Prof. Dra. Lucilene Hernandes Ricardo Taubaté - SP 2005

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Page 1: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

1

Marcos Vinícius Moreira de Castro

AFERIÇÃO DA PROPORÇÃO ÁUREA

EM SORRISOS AGRADÁVEIS

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo Programa de Pós-graduação do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Subárea de Concentração: Periodontia

Orientadora: Prof. Dra. Lucilene Hernandes Ricardo

Taubaté - SP

2005

Page 2: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

2

MARCOS VINÍCIUS MOREIRA DE CASTRO

AFERIÇÃO DA PROPORÇÃO ÁUREA EM SORRISOS AGRADÁVEIS

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ - TAUBATÉ, SP.

Data: _______________________________

Resultado: __________________________

.

COMISSÃO JULGADORA

Profa. Dra. Lucilene Hernandes Ricardo - UNITAU – Taubaté - SP

Assinatura _________________________________

Prof. Dr. José Roberto Cortelli - UNITAU – Taubaté - SP

Assinatura _________________________________

Prof. Dr. Cesário Antonio Duarte - USP – São Paulo - SP

Assinatura _________________________________

Page 3: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

3

Dedico este trabalho a minha esposa Luciana Machado de Siqueira Castro e

minhas filhas Luma de Siqueira Castro e Marina de Siqueira Castro fontes de inspiração

e estímulo.

Page 4: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

4

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar ao Grande Arquiteto do Universo, que sem ele nada somos.

Aos meus pais João Moreira de Castro (“In memorian”) e Lourdes Maria de Castro, o

princípio de tudo.

A Orientadora Profa. Dra. Lucilene Hernandes Ricardo pela segurança na condução

deste trabalho tornando este convívio em grande aprendizado.

Ao Coordenador Dr. José Roberto Cortelli, mais que um professor um novo e querido

amigo.

A Dra. Débora Pallos que representa um caminho curto para Periodontia atual.

Ao Professor Jobenil Luis Magalhães Junior pela firmeza e competência na Estatística.

Ao Professor José Cláudio Motão, um apoio forte e decisivo neste trabalho.

Ao meu sobrinho Marcus Vinícius Moreira Castro Silva pelo apoio e várias noites de

trabalho, o que tornou meu caminhar pela Ciência mais leve.

Aos colegas de Mestrado em especial a minha família de Periodontistas: Amilton,

Juliano, Marcelo, Mário, Paulo Marçal e Paulo Tavares.

Aos funcionários da UNITAU, em especial, Alessandra Borges Serra, Adriana Pellogia

e Geni de Fátima César, pela competência e apoio neste Mestrado.

Ao Professor Alexandre Lustosa Pereira sempre pronto a emprestar seus

conhecimentos, mais que um colega de docência, um amigo.

A bibliotecária Eliana Kobbaz pela revisão que tornou meu trabalho adequado às

normas.

Page 5: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

5

CASTRO, M. V. M. Aferição da proporção áurea em sorrisos agradáveis. 2005. 50f.

Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Departamento de Odontologia, Universidade

de Taubaté, Taubaté, 2005.

Resumo

A literatura odontológica tem discutido referenciais anatômicos faciais e dentários para

caracterização do sorriso. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência da

proporção áurea em portadores de sorrisos agradáveis. 260 universitários de 18 a 30

anos (130 de cada gênero) com incisivos, caninos e pré-molares superiores íntegros nas

cidades de Anápolis e Goiânia em Goiás e Palmas em Tocantins foram avaliados nesse

estudo. Foi considerado sorriso agradável, aquele que permitiu a exposição, no mínimo,

dos segundos pré-molares, ausência de retração gengival, preenchimento gengival por

papilas não hiperplásicas, exposição de 3 mm de gengiva, linha do lábio inferior

paralela à linha incisal e dos pontos de contato dos dentes superiores e, com simetria ao

exame visual. Desta amostra, 21 pacientes apresentaram este sorriso (11 do gênero

feminino e dez do masculino), e tiveram seus incisivos, caninos e pré-molares

superiores do mesmo hemiarco, mensurados, tanto no sentido cervicoincisal como no

mesiodistal, empregando-se sonda periodontal de 15 mm (sonda da Carolina do Norte),

paquímetro digital e análise informatizada de imagem digital. Os dados foram

submetidos a análise estatística para comparação entre os dentes contíguos considerando

como referência 1,618 (proporção áurea) com significância estatística de p < 0,05. Os

resultados alcançados mostraram prevalência da proporção áurea em 7,1% nos sorrisos

agradáveis, sendo a avaliação por análise informatizada a que mostrou maior

concordância entre as medidas observadas. A conclusão deste trabalho é que a

proporção áurea foi um achado pouco freqüente entre os dentes contíguos que se

mostram no sorriso na amostra estudada.

Palavras-chave: Epidemiologia, Estética, Medições, Sorriso.

Page 6: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

6

CASTRO, M. V. M. Checking of Golden proportion in agreeable smiles. 2005. 50 f.

Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Departamento de Odontologia, Universidade

de Taubaté, Taubaté, 2005.

Abstract

Dental literature has discussed anatomical facial and dental references for the

characterization of the smiles. The aim of this study was to determine the prevalence of

golden proportion in subjects presenting agreeable smiles. Two hundred and sixty

subjects from eighteen to thirty years old (a hundred and thirty subjects of each gender)

from universities of Anápolis in the state of Goiás and Palmas in state of Tocantins with

upper incisors, canines and premolars presenting anatomical integrity were evaluated in

this study. It was considered agreeable smiles the ones that display at least second

premolars; have no gingival retraction in the smile area; in which interdental papilla fills

all interdental spaces and is not hyperplasic; showing less than three millimeters of the

upper gums; having the line of the lower lip parallel to the incisal line of the upper teeth

and also to an imaginary line linking contact points of this teeth; and, finally, presenting

symmetry at examination. Twenty one patients of this sample showing this kind of

smile (eleven female and ten male) had their upper incisors, canines and premolars of

same hemiarch measured in cervicoincisal and mesiodistal direction using a periodontal

probe of 15 mm length (North Caroline’s probe), a digital boley gauge and informatized

analysis. The data were submitted to statistical analysis for comparison of adjacent teeth

considering 1.618 (golden proportion) as a reference, with statistical significance of p <

0.05. The reached results had shown a prevalence of 7.1% of golden proportion in

agreeable smiles, being the evaluation for informatized analysis the one that showed to

greater agreement between the observed measures. The conclusion of this work is that

golden proportion was not often found in adjacent teeth shown at smile in the sample

studied.

Key words: Epidemiology, Esthetics, Measurements, Smiling.

Page 7: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

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SUMÁRIO

Resumo

Abstract

Lista de Figuras

Lista de Tabelas

1 Introdução

2 Revisão da Literatura

2.1 Estética facial

2.2 Proporção dentária

2.3 Contorno e papila gengival

2.4 Análise do sorriso

2.5 Classificação do sorriso gengival

2.6 Altura da coroa clínica

3 Proposição

4 Metodologia

4.1 Critérios para inclusão e exclusão

4.2 Definição de sorriso agradável

4.3 Locais de desenvolvimento e efetuação do estudo

4.4 Coleta de Dados

4.5 Procedimentos estatísticos

5 Resultados

6 Discussão

7 Conclusões

Referências

Apêndice

Anexo

5

6

8

9

11

12

12

14

16

17

20

21

23

24

24

24

26

26

28

30

40

43

44

47

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Page 8: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exposição, no mínimo, dos segundos pré-molares, ausência de

retração gengival na área do sorriso, papilas preenchendo todo

espaço interdental e não hiperplásicas

24

Figura 2 - Exposição de no máximo 3 mm de gengiva 25

Figura 3 - Linha do lábio inferior paralela à linha incisal dos dentes superiores

e a uma linha imaginária que passa pelos pontos de contato destes

dentes

25

Figura 4 - Aferição com sonda da Carolina do Norte 27

Figura 5 - Aferição com paquímetro 27

Figura 6 - Aferição informatizada 27

Figura 7 - Fórmula de cálculo do tamanho da amostra para populações infinitas 28

Figura 8 - Características de sorriso agradável no gênero feminino. Nenhum

indivíduo apresentou apenas uma característica; 12 mostraram duas

(9,2%); 34 mostraram três (26,2%), 52 mostraram quatro (40%); 21

mostraram cinco (16,2%); 11 apresentaram sorriso agradável, ou

seja, as seis características (8,5%)

33

Figura 9 - Características de sorriso agradável no gênero masculino. Um

indivíduo apresentou uma característica (0,8%); 16 mostraram duas

(12,3%); 54 mostraram três (41,5%), 43 mostraram quatro (33,1%);

seis mostraram cinco (4,6%); dez apresentaram sorriso agradável,

ou seja, as seis características (7,7%)

34

Figura 10 –

Características de sorriso agradável no gênero nos dois gêneros. Um

indivíduo apresentou uma característica (0,4%); 28 mostraram duas

(10,8%); 88 mostraram três (33,8%), 95 mostraram quatro (36,5%);

27 mostraram cinco (10,4%); 21 apresentaram sorriso agradável, ou

seja, as seis características (8,1%)

34

Page 9: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Exposição de pelo menos os segundos pré-molares 30

Tabela 2 - Exposição de até 3 mm de gengiva durante o sorriso 30

Tabela 3 - Presença de paralelismo da linha do lábio inferior à linha incisal dos

dentes superiores e a uma linha imaginária que passa pelos pontos

de contato destes dentes

30

Tabela 4 - Ausência de retração gengival na área do sorriso 30

Tabela 5 - Papilas preenchendo todo espaço interdental e não hiperplásicas 31

Tabela 6 - Simetria ao exame visual 31

Tabela 7 - Características de sorriso agradável agrupadas 31

Tabela 8 - Exposição de pelo menos os segundos pré-molares versus gênero 32

Tabela 9 - Exposição de até 3 mm de gengiva durante o sorriso versus gênero 32

Tabela 10 - Presença de paralelismo da linha do lábio inferior à linha incisal dos

dentes superiores e a uma linha imaginária que passa pelos pontos

de contato destes dentes versus gênero

32

Tabela 11 - Ausência de retração gengival na área do sorriso versus gênero 32

Tabela 12 - Papilas não hiperplásicas preenchendo todo espaço interdental

versus gênero

32

Tabela 13 - Simetria ao exame visual versus gênero 33

Tabela 14 - Caracterização da quantidade de características de sorriso agradável

que ocorreram isoladas ou simultaneamente

33

Tabela 15 - Contagem e Proporções das diferenças significativas entre as

comparações por gênero e tipo de medida dos dentes contíguos que

são expostos nos sorrisos, ou seja, de segundo a segundo pré-

molares superiores

35

Tabela 16 - Comparação da largura dos incisivos centrais com os laterais no

gênero feminino

37

Tabela 17 - Comparação da largura dos incisivos centrais com os laterais no

gênero masculino

37

Tabela 18 - Comparação da largura dos incisivos com laterais os caninos no

gênero feminino

38

Page 10: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

10

Tabela 19 - Comparação da largura dos incisivos com laterais os caninos no

gênero masculino

38

Tabela 20 - Aferição da largura pela altura dos incisivos centrais no gênero

feminino

39

Tabela 21 - Aferição da largura pela altura dos incisivos centrais no gênero

masculino

39

Tabela 22 - Somatória da aferição da largura pela altura dos incisivos centrais 39

Page 11: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

11

1 Introdução

A beleza tem na face, especialmente no sorriso, razão de constante busca.

Analisar a estética e impor normas são tarefas difíceis, porém necessário faz-se

estabelecer os parâmetros que devem nortear procedimentos clínicos e cirúrgicos. Em

Periodontia, o refinamento e a delicadeza na manipulação tecidual possibilitam, muitas

vezes, criar ou devolver ao indivíduo o sorriso esperado.

A definição de parâmetros para sorrisos agradáveis baseia-se muito na

Geometria e na Fisiologia. Para Rufenacht (2003) desde a arte grega, que sempre

assumiu uma estética corporal perfeita, a beleza deveria ser expressa em fórmulas

matemáticas e físicas que envolvessem todas as partes do corpo. Na teoria de Pitágoras

encontramos matematicamente o corpo proporcional, que seria a definição da proporção

divina ou áurea, acreditando ser uma referência dada por Deus, pela perfeição

harmônica que representa.

A Proporção Áurea tem sido motivo de estudo desde os mais remotos tempos.

Representa a mais agradável proporção entre duas medidas. Há muito se observou essa

proporção como sendo equivalente a 1,618:1 e convencionou-se identificá-la pela letra

grega Phi. Tem nos sólidos regulares, especialmente no pentagrama, sua reprodução.

Esta proporção também aparece com uma constância notável na natureza; podemos

encontrá-la na disposição das folhas, flores, pássaros, insetos, caracóis, escamas de

peixes, corpo humano, e em tantos outros locais, quanto estejamos dispostos a

encontrar. O homem apropriou-se desta proporção para elaborar pirâmides, edifícios e

tantas outras obras de Arte e Arquitetura. Mesmo buscando na Matemática com Boyer

(2003), na Arte e na Arquitetura com Doczi (2002) não pudemos precisar efetivamente

quando foi descrita inicialmente.

A Estética em Odontologia busca a proporção entre as dimensões dentárias

para obtenção de harmonia e composição de sorrisos agradáveis. Desta maneira,

instrumentos de aferição sugerem (especialmente entre incisivos e caninos superiores)

uma relação de suas larguras condizente com a proporção áurea.

A aferição da dimensão dos dentes expostos durante o sorriso reveste-se de

importância quando são executadas técnicas cirúrgicas periodontais visando a exposição

ou o aumento de coroa clínica com finalidade estética.

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2 Revisão da Literatura

2.1 Estética facial

Para Peck e Peck (1970), alternativamente, a linha dentária mediana deve ser

desviada para obter a aprovação estética, mostrando assim uma variação da

divisibilidade e simetria que envolvem a estética de uma maneira quase que universal. O

fato de a linha mediana corresponder exatamente ao centro pode contribuir para a

artificialidade.

Vig e Brundo (1978) observaram que, em posição estática, os lábios estão

ligeiramente separados, os dentes desocluídos e os músculos peribucais relaxados; neste

estado quatro fatores influenciam a exposição dentária: extensão (altura) labial superior,

idade, raça e gênero. A quantidade da exposição dentária em repouso é determinada

predominantemente pela ação muscular. A idade é inversamente proporcional à

exposição dos incisivos superiores e diretamente aos inferiores. O envelhecimento

fisiológico atua nos tecidos mostrando aumento da destruição e redução da reposição

progressiva. No caso de envelhecimento patológico a destruição tecidual ocorre de

maneira acelerada com determinadas doenças, como as periodontites, por exemplo.

Progressivamente, com o passar dos anos ocorre redução da tonicidade muscular

orofacial e flacidez tegumentar (da pele e mucosa) do terço inferior da face, provocando

menor exposição dos incisivos superiores e maior dos inferiores. Do ponto de vista

racial, há menor exposição dos incisivos superiores e maior dos inferiores em negros do

que em asiáticos e nestes menos do que nos caucasianos. O gênero feminino mostra

uma média de exposição dos incisivos maxilares de 3,4 mm enquanto que no gênero

masculino esta média fica em torno de 1,9 mm.

Miller, Boden Junior e Jamison (1979) observaram que não é usado um ponto

de referência para linha dentária mediana na mandíbula, porém a coincidência com a

mediana maxilar não ocorre em 75% dos casos. Se existe um ponto focal anterior (um

diastema, por exemplo), a linha dentária mediana pode ser colocada neste ponto como o

fulcro. A segunda razão para estabelecer a linha mediana exatamente no centro é para

que se desvie a atenção das assimetrias e desarmonias faciais.

Para Ferreira (1988) a definição de estética é ampla, podendo ser

filosoficamente entendida como "estudo racional do belo, quer quanto à possibilidade

de sua conceituação, quer quanto à diversidade de emoções que ela suscita no homem".

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Allen (1993) relatou que o equilíbrio parece ser necessário para busca da

harmonia facial e considerou a linha interpupilar como ponto de referência para

avaliação da simetria facial. Segundo o autor, a face pode ser dividida em três terços: o

superior, que freqüentemente é muito variável, dependendo do estilo de cabelo do

indivíduo, termina na glabela (ponto mais proeminente da testa localizado entre as duas

sobrancelhas); o terço médio, que tem início na glabela e termina no subseptonasal

(ponto diretamente abaixo do nariz) e o terço inferior que vai do subseptonasal até o

tecido mole do mento localizado na borda inferior da mandíbula.

Moskowitz e Nayyar (1995) definiram que o sorriso agradável, também

denominado de ideal, tem relação com as estruturas faciais e é aquele em que a linha

interpupilar tem eixo horizontal relativamente paralelo com a linha comissural,

apresenta bom contorno gengival (arco parabólico regular) e se caracteriza pela

ausência de diastemas e presença de papilas preenchendo as ameias.

Para Ahmad (1998), ainda que a estética tradicionalmente refira-se a um

conceito artístico, princípios científicos quantificados também podem ser usados. A

estética dentária governada por parâmetros matemáticos ocorre quando são aplicadas

técnicas clínicas e laboratoriais, que podem conduzir a restaurações com aparência

estética única. Essas leis geométricas não são imutáveis, porém são utilizadas para

fabricação em série de diversos produtos. Com respeito à harmonia facial, é importante

que seja avaliada a simetria radial, considerando-se linha labial, curvatura do lábio

superior, simetria do canto da boca e linha do sorriso referidas ao plano sagital. O autor

ainda afirmou ser importante salientar correlações geométricas dentofaciais mais

relacionadas à Ortodontia. No aspecto frontal os pontos destacados foram: linha

horizontal do cabelo, superciliar, interpupilar, interalar e comissural. Estas linhas

paralelas criam simetria horizontal e atuam como forças coesivas (harmônicas) para

unificar a composição facial. A linha mediana (vertical) é perpendicular a estas linhas e

opõe à coesividade destas. As forças coesivas são de fundamental importância na

obtenção de uma estética agradável. A derivação na linha mediana (forças segregativas)

é secundária e pode ocorrer em muitos indivíduos sem efeitos deletérios. A linha

interpupilar é usada como referência para os planos oclusal e incisal. As outras linhas

horizontais não atuam como referências definitivas, sendo usadas como acessórias. As

bordas incisais dos dentes anteriores devem ser paralelas à linha interpupilar e

perpendiculares à linha mediana. Uma inclinação no plano incisal pode ser atribuída a

Page 14: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

14

fatores dentários (atrição, diferentes padrões de erupção e doenças periodontais) ou

esqueléticos (como exemplo maxila inclinada).

Guerra (1998) utilizou 240 fotografias coloridas de oitenta alunos de

graduação e submeteu a trinta julgadores, sendo 15 não leigos (da área de Ortodontia) e

15 leigos (jornalistas, advogados, engenheiros e funcionários públicos), selecionando 15

sorrisos considerados agradáveis e 15 não agradáveis. A conclusão foi que os sorrisos

agradáveis apresentam equilíbrio, proporção, composição e harmonia.

Para Rufenacht (1998) a posição dinâmica da composição dentofacial é

caracterizada pela exposição dentária durante o sorriso e varia com o grau de contração

dos músculos faciais, forma e espessura labial, o contorno esquelético e a forma e

dimensão dentária. O paralelismo do plano incisal com a linha comisural, tem

perpendicularmente a linha mediana fornecendo uma imagem de espelho balanceada.

Existe, porém controvérsias na literatura quanto à posição da linha dentária mediana na

maxila.

Vieira (2004) afirmou existir um aumento fisiológico do corredor bucal (espaço

negativo) durante o processo de envelhecimento. Este espaço negativo também pode ser

visualizado durante a formação do sorriso entre a comissura labial e as superfícies

vestibulares dos dentes superiores. Sua aparência é influenciada pela profundidade do

sorriso (quantidade de dentes expostos no sorriso), o arco maxilar e o tônus dos

músculos faciais. Quanto à linha média facial, recomendou estabelecer uma linha

imaginária dividindo o filtro labial em duas partes iguais.

2.2 Proporção dentária

Levin (1978) referenciou a proporção áurea, usada desde a antiguidade, com

exemplos na natureza e utilizada por artistas e designers. Recomendou a aplicação deste

sistema para estética dentária no segmento ântero-superior, de modo que, quando visto

frontalmente, o sorriso seja considerado mais agradável quando a largura do incisivo

lateral dividida pela largura do central resultar no número de ouro, ou seja, 0,618. O

mesmo número deve aparecer quando a largura do canino for dividida pela do incisivo

lateral. A face distal do canino não deve ser observada numa vista frontal. Estas

proporções são baseadas no tamanho aparente dos dentes vistos frontalmente e não em

seu tamanho real individualmente. O autor preconizou gabaritos de incisivos e caninos

Page 15: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

15

seguindo esta proporção. Tempos depois, o mercado lançou um compasso de três pontas

que reproduz a proporção áurea.

Brisman (1980) elaborou pesquisa em que foram avaliados desenhos e

fotografias da forma e proporção de incisivos centrais superiores. Os avaliadores foram

112 dentistas, 215 estudantes de Odontologia, 399 pacientes do gênero masculino e 695

pacientes do gênero feminino. Concluiu que a grande diferença de opinião ocorreu entre

dentistas e pacientes. Não houve diferença significativa com relação ao gênero. Na

observação de dentes individualmente, os alongados foram os preferidos, mostrando

uma proporção ideal largura/altura de três para cinco. O autor definiu um incisivo

central superior proporcionalmente balanceado quando a largura for correspondente de

0,75 a 0,80 da altura

Mavroskoufis e Ritchie (1980) aferiram o diâmetro mesiodistal das coroas dos

incisivos centrais superiores de setenta alunos do curso de Odontologia da Universidade

de Londres, sendo 41 do gênero masculino e 29 do feminino. Concluíram que 86 a 90%

dos pacientes examinados mostraram dimensões e/ou formas diferentes de coroas entre

os incisivos centrais direitos e esquerdos. Observaram também que os homens

apresentam coroas destes dentes mais largas.

Com a inclinação mesial do ângulo incisal dos dentes anteriores superiores, os

pontos de contato coincidem tanto com curva incisal dos mesmos quanto com curvatura

do lábio inferior. Os caninos e incisivos superiores mais costumeiramente estão

envolvidos na estética do sorriso, embora durante este ato possam ser expostos até

molares superiores. O comprimento da coroa anatômica dos incisivos centrais e caninos

não desgastados varia de 11 a 13 mm, com média de 12 mm, da junção esmalte-

cemento até a borda incisal, enquanto a média para o incisivo lateral é igual a 10 mm

(MISKINYAR, 1983)

A análise do tamanho e forma dos dentes é fundamental para estabelecimento

de um sorriso adequado. Para Ahmad (1998), o tamanho do incisivo central é

determinado pela altura (inciso-gengival) dividida pela largura (mesiodistal). A largura

do incisivo central dividida por sua altura mostra valores ideais entre 0,75 e 0,8, valores

elevados mostram incisivos curtos e valores baixos incisivos longos.

Rufenacht (1998) definiu que a proporção áurea é descrita para os dentes

anteriores superiores, em especial os incisivos. Embora o canino possa quebrar

ligeiramente a regra, a relação proporcional áurea que se observa entre os elementos do

segmento anterior produz evidente expressão de harmonia. O autor relatou que na

Page 16: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

16

relação dente a dente, os incisivos e caninos superiores devem ser analisados para

estabelecimento da proporção áurea. Os gregos acreditavam que o belo pode ser

quantificado e representado por fórmula matemática, já Pitágoras criou a proporção

áurea (1/1,618 = 0,618) e Platão a proporção bela (1/1,733 = 0,577). A proporção áurea

é a mais utilizada em Odontologia, especialmente comparando as larguras dos incisivos

centrais com os laterais e dos laterais com os caninos superiores.

Ward (2001) descreveu que a imagem obtida para uma avaliação digital deve

ser o mais paralela possível do plano facial para minimizar a distorção. Este autor,

também recomendou que observássemos a diversidade existente na natureza, raramente

o resultado final segue todas as regras matemáticas do desenho proporcional do sorriso.

Duarte et al. (2003) revisaram os parâmetros clássicos da literatura e

concluíram que as chamadas proporções áureas descritas por filósofos e matemáticos

gregos, se valeram de medidas de comprimento e largura para justificar a beleza e

harmonia na natureza, perpetuam até hoje, influenciando na concepção de monumentos,

casas e outros objetos de arte.

Mahshid et al. em 2004, avaliaram 157 alunos de Odontologia (75 mulheres e

82 homens), com idades variando entre 18 a 30 anos, cujo sorriso natural não

apresentava nenhuma tensão visual e classificados como pessoas que tinham um sorriso

estético. Um programa de medida da imagem foi usado para medir as larguras

mesiodistais aparentes de seis dentes ântero-superiores sobre as fotografias digitalizadas

destes indivíduos. Investigando as larguras destes dentes observaram que a proporção

áurea não foi encontrada. Os autores concluíram que a proporção áurea é uma

importante diretriz introduzida na criação de relações harmoniosas entre as larguras dos

dentes ântero-superiores.

2.3 Contorno e papila gengival

Segundo McGuire (1998) existe, de maneira geral, maior largura de gengiva

inserida na face vestibular dos incisivos laterais em relação aos incisivos centrais e esta

diferença equivale a 1 mm.

Levando-se em conta a previsibilidade no resultado do tratamento, a

classificação proposta por Nordland e Tarnow em 1998 definiu a papila gengival como:

normal – quando preenche todo o espaço interproximal, de apical até o ponto de contato

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17

interdentário; classe I – quando o vértice da papila situa-se entre o ponto de contato e a

junção amelocementária na região interproximal, ou seja, a junção amelocementária na

face proximal não está visível; classe II – quando o vértice da papila situa-se apical ou

na junção amelocementária na face proximal, mas coronária à junção amelocementária

na região vestibular, estando a junção amelocementária na face proximal visível; classe

III – quando o vértice da papila situa-se apical ou na junção amelocementária na região

vestibular, estando toda junção amelocementária visível.

Rufenacht (1998) definiu que o contorno do tecido gengival normal, sem

retração ou hiperplasia, tem detalhes interessantes a serem evidenciados. O zênite

(ponto da curvatura máxima do contorno gengival) é variável, para os dentes anteriores;

este ponto nos incisivos laterais superiores é simétrico (no longo eixo), nos incisivos

centrais e caninos, se desloca ligeiramente para distal.

Para Duarte e Castro (2004b) a gengiva papilar deve preencher o espaço

interproximal, considerando o perímetro entre a área de contato, faces dos dentes

contíguos e o vértice da crista óssea alveolar interdentária. Tanto a hiperplasia quanto a

retração da papila gengival alteram dramaticamente a estética do sorriso. Ambas as

situações podem ocorrer como seqüela de doença periodontal. No caso de retração da

papila gengival, ocorre o que se conhece como espaços ou buracos negros, que geram

aspecto antiestético.

2.4 Análise do sorriso

Tjan, Miller e The (1984) determinaram que o sorriso padrão deve exibir: o

comprimento total dos dentes anteriores superiores expondo até os pré-molares; a curva

incisal dos dentes paralela à curvatura interna do lábio inferior; os dentes anteriores

superiores tocando ligeiramente ou deixando um mínimo espaço com o lábio inferior.

Ahmad, em 1998 demonstrou que alguns fatores podem influenciar o sorriso

gengival, como por exemplo, a natureza étnica. Indivíduos da raça negra costumam

mostrar menos os dentes e gengiva superiores, provavelmente devido à forma e ao

volume dos músculos labiais. A melhor avaliação do sorriso envolve, naturalmente, toda

a composição dentofacial, que permitirá caracterizá-lo como sorriso com conotação

agradável. O sorriso perfeito ocorre quando a dentição ântero-superior está alinhada

com a curvatura do lábio inferior, os ângulos dos lábios elevados na mesma altura

Page 18: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

18

bilateralmente (simetria do sorriso) e os espaços negativos bilateralmente separados os

dentes dos ângulos dos lábios.

A relação entre o lábio superior e os dentes parece ser adequada quando atinge

a margem gengival nos incisivos centrais superiores durante o sorriso. Em indivíduos

que completaram seu crescimento e apresentam exposição gengival durante o sorriso de

2 mm segundo McGuire (1998) ou 3 mm conforme afirmou Ahmad (1998), considera-

se que sejam portadores de sorriso gengival.

Dong et al. (1999) analisaram por meio de fotografia digital o sorriso

completo de indivíduos coreanos que apresentavam oclusão normal. Correlacionaram

com condições bucais, personalidade, prática de exercícios para o sorriso e elementos

do sorriso, como a posição do lábio. Concluíram que para ser estético, o sorriso

completo deve apresentar o lábio superior curvo para cima ou reto, curva incisal dos

dentes ântero-superiores paralela ao lábio superior e expor até os primeiros molares

superiores. Os autores observaram que a quantidade de incisivos centrais superiores

exposta reduz gradualmente, à medida que há um aumento na exposição de dentes

incisivos inferiores. Pôde-se observar também que indivíduos extrovertidos e com

ansiedade baixa mostraram sorrisos mais atrativos e que exercícios contínuos para o

sorriso favoreceram sua estética. Baseados nos resultados de seus estudos os autores

estabeleceram alguns fatores que compõem o sorriso. Primeiramente consideraram a

posição do lábio superior (tipo de sorriso) classificando este sorriso como: a) sorriso

alto - caracterizado pelo excesso de gengiva e revela o comprimento cervicoincisal total

dos dentes; b) sorriso médio - borda vermelha do lábio superior tocando ou próxima à

linha gengival superior, revelando de 75% a 100% dos dentes anteriores superiores e

apenas a gengiva interproximal; c) sorriso baixo - lábio superior cobrindo parte dos

dentes maxilares, revelando menos que 75% dos dentes anteriores superiores durante o

sorriso. Outro aspecto considerado na composição do sorriso foi a curvatura do lábio

superior, classificada como: a) ascendente: a comissura labial localiza-se mais alta em

relação ao centro da borda inferior do lábio superior; b) retilínea: a comissura labial e o

centro da borda inferior do lábio superior encontram-se no mesmo plano (em linha reta);

c) descendente: a comissura labial localiza-se mais baixa em relação ao centro da borda

inferior do lábio superior. Da mesma forma, a relação entre a curvatura das bordas

incisais dos dentes ântero-superiores e o lábio inferior (Linha do Sorriso) também foi

classificada: a) paralela: a borda incisal dos dentes maxilares anteriores é paralela à

curvatura formada pela borda superior do lábio inferior; b) retilínea: a borda incisal dos

Page 19: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

19

dentes maxilares anteriores está em linha reta em relação à curvatura da borda superior

do lábio inferior; c) reversa: a borda incisal dos dentes maxilares anteriores forma uma

curva reversa em relação à borda superior do lábio inferior. Outro aspecto analisado foi

a relação de contato da borda incisal dos dentes ântero-superiores e o lábio inferior que

poderia estar: a) levemente coberto: a borda incisal dos dentes maxilares anteriores é

levemente coberta pelo lábio inferior; b) com toque: a borda incisal dos dentes

maxilares anteriores apenas toca o lábio inferior; c) sem toque: a borda incisal dos

dentes maxilares anteriores não toca o lábio inferior. Já quanto ao número de dentes

expostos no sorriso, os autores consideraram como melhores resultados os sorrisos que

mostravam de primeiro molar a primeiro molar e, na análise dentária, verificaram a

presença de dentes conóides, diastema, apinhamento dentário e dentes com alteração de

cor, perceptíveis durante o sorriso.

Philips (1999) relatou que a primeira manifestação do sorriso é o estreitamento

dos lábios juntamente com extensão bilateral da comissura labial. À medida que o

sorriso se expande os lábios normalmente se separam, as comissuras curvam-se para

cima e os dentes ficam expostos. Durante este movimento há o desenvolvimento de um

espaço escuro entre os dentes maxilares e mandibulares, também chamado espaço

negativo. Este autor determinou estágios para o ciclo do sorriso como: 1- lábios

fechados; 2 - repouso labial; 3 - sorriso natural (três quartos); 4 - sorriso expandido

(completo). Classificou o sorriso: 1 - somente maxilar; 2 - maxilar e exposição de até 3

mm de gengiva; 3 - somente mandibular; 4 - maxilar e mandibular; 5 - nem maxilar nem

mandibular. A maioria dos casos é categorizada sob um único tipo, embora seja possível

a combinação. Por exemplo, um paciente pode ter um complexo sorriso mostrando os

dentes maxilares e mandibulares e ter um sorriso gengival expondo 3 mm de gengiva,

este sorriso seria um tipo 2, 4.

Jorgensen e Nowzari em 2001 analisaram anamnese e inventário de saúde e

concluíram que é necessário proceder ao exame clínico na elaboração do plano de

tratamento estético do indivíduo. Relataram ainda que, inicialmente, devem ser

observadas as condições extrabucais, com atenção para a simetria e altura da face,

comprimento e espessura do lábio, padrão e tipo de sorriso.

Para Morley e Eubank (2001) durante o sorriso devem ser avaliadas: estética

gengival e facial, microestética e macroestética. Em especial os autores avaliam a

macroestética relacionando os múltiplos dentes com cada dente, estes com os tecidos

moles adjacentes e finalmente o conjunto com as características faciais. Caracterizaram

Page 20: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

20

assim a macroestética baseados em dois pontos de referência: a linha média e a

quantidade e posição que os dentes ficam expostos.

Em 2003, Duarte et al. definiram linha do sorriso como uma linha imaginária

que acompanha as bordas incisais dos incisivos superiores e paralela a curvatura dos

lábios inferiores. O desgaste destas bordas altera esta relação, sendo necessário restaurá-

las para restabelecer uma harmonia entre as duas referências anatômicas.

2.5 Classificação do sorriso gengival

A erupção passiva alterada (margem gengival coronária à junção cemento-

esmalte) foi classificada por Coslet, Varnarsdall e Weisgold em 1977 como: tipo I -

margem gengival coronária à junção cemento-esmalte, considerável largura gengival e

junção mucogengival apical à crista óssea e; tipo II - largura gengival diminuída em

relação à média e localizada na coroa anatômica, junções mucogengival e cemento-

esmalte geralmente concordantes. Além disso, os autores também consideraram como

subtipos o subtipo A, o qual apresenta cerca de 1,5 mm entre a junção cemento-esmalte

(coronariamente) e a crista óssea, e, o subtipo B, no qual a junção cemento-esmalte e a

crista óssea estão posicionadas no mesmo nível, geralmente observado na dentição

mista.

McGuire em 1998 propôs uma modificação na classificação de Coslet,

Varnarsdall e Weisgold (1977): a) tipo I - junção mucogengival apical à crista óssea; b)

tipo II - junção mucogengival no nível ou coronariamente a crista óssea. Os subtipos são

os seguintes: subtipo A - pelo menos 2 mm entre a junção cemento-esmalte e a crista

óssea; subtipo B - menos de 2 mm entre a junção cemento-esmalte e a crista óssea. A

classificação é conjugada mostrando I A, I B, II A e II B. Afirmou que o sorriso

gengival tem duas etiologias principais: alteração esquelética e erupção passiva alterada.

A alteração esquelética na seria avaliada com a definição das medidas normais das

relações dos lábios: a) entre os lábios em repouso até 0,3 mm; b) lábio superior até a

base do nariz (subseptonasal), em média, para o gênero masculino 22 mm e o feminino

20 mm; c) lábio superior até a margem gengival deve mostrar no máximo 2 mm.

Robbins, em 1999, definiu que a medida do subseptonasal à borda inferior do

lábio superior tende a aumentar com a idade, em mulheres jovens tem uma média de 20

a 22 mm, em homens jovens 22 a 24 mm.

Page 21: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

21

Para Duarte e Castro (2004a) a modificação proposta por McGuire em 1998 na

classificação de Coslet, Varnarsdall e Weisgold (1977) dá uma previsibilidade de

resultado terapêutico cirúrgico para cada tipo estabelecido: tipo I A: gengivoplastia; tipo

I B: retalho mucoperiosteal com excisão da margem gengival e osteotomia; tipo II A:

retalho de espessura parcial deslocado apicalmente; tipo II B: retalho de espessura total

deslocado apicalmente com osteotomia.

2.6 Altura da Coroa Clínica

Löe e Listgarten (1983) consideraram erupção passiva alterada aquela em que

o nível apical da bossa vestibular da coroa dentária não se torna aparente durante a

erupção.

Volchansky e Cleaton-Jones (1974) definiram erupção passiva alterada como

relação dentogengival na qual a margem gengival, em pessoas com mais de 18 anos,

está posicionada coronariamente à junção cemento-esmalte a uma distância significativa

e ocorre em 12,1% dos indivíduos.

Para Volchansky, Cleaton-Jones e Fatti (1979) a posição da margem gengival

determina a altura da coroa clínica e não é estática, uma vez que a erupção passiva

retardada de uma maneira geral progressivamente diminui, com o passar do tempo

alguma retração fisiológica gradual da margem gengival parece ser inevitável. Com a

idade ocorre migração apical da gengiva determinado aumento na altura da coroa

clínica.

Evian et al. em 1993, também afirmaram que a margem gengival não é

estática. Observaram que ela sofre mudanças com idade deixando os dentes

progressivamente mais à mostra.

Ahmad (1998) relatou que a estética dentária anterior compõe a visão buco-

facial, constituída do orifício bucal, vermelho dos lábios altamente vascularizado e os

dentes que denotam estética da face adequando o sorriso. O contraste de cor entre os

lábios e os dentes também contribuem para esta composição. A otimização estética

desta aparência é determinada por diversos fatores incluindo posições musculares

estáticas e dinâmicas.

Volchansky e Cleaton-Jones (2001) definiram altura da coroa clínica como

medida observada entre a margem gengival e a incisal ou oclusal do dente. Os autores

realizaram pesquisa de literatura on-line utilizando as palavras-chave altura ou

Page 22: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

22

comprimento da coroa clínica de janeiro de 1975 a agosto de 2000, encontrando 11

artigos publicados com medições, três abordavam todos os tipos de dentes e oito em que

somente os dentes anteriores eram examinados.

Em 2004, Al Wazzan, examinou 473 indivíduos com o lábio em repouso,

aferindo medidas dos dentes ântero-superiores (canino a canino) e do lábio, utilizando

um paquímetro modificado. O autor avaliou indivíduos na faixa etária de 20 a 60 anos,

divididos em árabes, negros africanos e asiáticos, atendidos na faculdade de odontologia

de Riyadh na Arábia Saudita. Os dados observados levaram o autor a concluir que o

gênero se apresentou como variação, estatisticamente significante em que, de maneira

geral, somente entre os homens ocorreu a exposição da porção incisal dos dentes

anteriores mandibulares e estes também apresentavam os dentes anteriores superiores

menos à mostra que no gênero feminino.

Para Duarte e Castro (2004a) após a erupção total dos dentes e tendo estes

atingido o seu respectivo antagonista, considera-se que houve estabilização das

dimensões anatômicas e histológicas do periodonto. É possível haver influência na

estética do sorriso, já que tais dentes comportar-se-ão como se tivessem dimensão

vertical menor, levando o indivíduo a queixar-se de "dentes pequenos".

A união dentogengival, representada pelo epitélio juncional e inserção

conjuntiva, pode pela resposta inflamatória (gengivite) ou pela agressão mecânica

(escovação), sofrer alterações anatômicas formando, como conseqüência, as chamadas

hiperplasias no primeiro caso e principalmente as retrações gengivais no segundo. Estas

alterações anatômicas constituem a razão da maioria das queixas estéticas de indivíduos

e, tornam-se mais problemáticas nos casos localizados e assimétricos. Caso o indivíduo,

durante o sorriso, exponha o tecido gengival, esta retração torna-se crucial, tanto quanto

mais próximo da linha mediana, maior a percepção. Independentemente de ocorrer

retração ou hiperplasia gengival, o contraste da assimetria é que leva a um aspecto

antiestético (DUARTE; CASTRO, 2004b).

Page 23: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

23

3 Proposição

O objetivo deste estudo foi avaliar as dimensões cervicoincisais e mesiodistais

de incisivos, caninos e pré-molares de indivíduos considerados como portadores de

sorrisos agradáveis, para determinar a prevalência da proporção áurea em universitários

nas cidades de Anápolis e Goiânia em Goiás e, Palmas em Tocantins, respectivamente

regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.

Page 24: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

24

4 Metodologia

4.1 Critérios para inclusão e exclusão

Foram avaliados indivíduos na faixa etária entre 18 e trinta anos, que

apresentaram incisivos, caninos e pré-molares superiores íntegros.

4.2 Definição de sorriso agradável

Considerou-se sorriso agradável, aquele que permitiu a exposição, no mínimo,

dos segundos pré-molares conforme Tjan, Miller e The (1984); de acordo com Duarte e

Castro (2004b) duas características: ausência de retração gengival na área do sorriso e

papilas não hiperplásicas preenchendo todo espaço interdental (Figura 1); a exposição

no máximo 3 mm de gengiva superior sugerida por Ahmad (1998) visto na Figura 2;

linha do lábio inferior paralela à linha incisal dos dentes superiores e a uma linha

imaginária que passa pelos pontos de contato destes dentes referenciando Rufenacht

(1998) como visto na Figura 3; e com simetria ao exame visual (MOSKOWITZ;

NAYYAR, 1995).

Figura 1 – Exposição, no mínimo, dos segundos pré-molares, ausência de retração gengival na área do sorriso, papilas preenchendo todo espaço interdental e não hiperplásicas

Page 25: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

25

Figura 2 – Exposição de no máximo 3 mm de gengiva

Figura 3 – Linha do lábio inferior paralela à linha incisal dos dentes superiores e a uma linha imaginária que passa pelos pontos de contato destes dentes

≤ 3 mm

Page 26: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

26

4.3 Locais de desenvolvimento e efetuação do estudo

A pesquisa foi realizada na Faculdade de Odontologia de Anápolis (Anápolis -

Goiás), Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista (Goiânia - Goiás), Centro

Universitário Luterano de Palmas (Palmas - Tocantins) e no Curso de Formação de

Oficiais da Polícia Militar do Tocantins (Palmas - Tocantins).

4.4 Coleta de dados

A coleta de dados foi feita sempre pelo mesmo examinador (Marcos Vinícius

Moreira de Castro) e constou de desenho epidemiológico transversal. Os indivíduos

incluídos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Apêndice

A). A partir de então passaram por exame de avaliação visual dos elementos dentários e

fotografia digital, utilizando câmera Nikon Coolpix 4300. Os indivíduos pesquisados

foram induzidos a exercerem sorriso amplo, oportunidade em que era obtida fotografia

do terço médio e inferior da face. Para obtenção de sorriso espontâneo, o pesquisador

procurou criar um clima de descontração, por vezes estimulado por uma brincadeira ou

gracejo. A avaliação fotográfica informatizada foi realizada utilizando o programa

Adobe Photoshop CS (versão 8.0 de 2003) e complementou o exame visual

determinando quantos e quais parâmetros de sorrisos agradáveis definidos nos critérios

4.2 cada indivíduo apresentava. A presença de todos os quesitos definiu os sorrisos

agradáveis que foram submetidos à aferição da distância mesiodistal e cervicoincisal

dos incisivos, caninos e pré-molares superiores utilizando sonda milimetrada com

cursor da marca Trinity marcada de 1 a 15 mm com intervalo de 1 mm denominada

sonda da Carolina do Norte (Figura 4); paquímetro digital Digmess com exatidão de +/-

0,02 mm (Figura 5); aferição informatizada por meio do programa Corel Draw 11

Windows (versão 11.633 de 2002) obtida aplicando sobre as imagens a ferramenta

dimension tool horizontal, que permitiu medidas a partir de um plano fotográfico

frontal, desta maneira as mensurações comparadas com o tamanho real foram

decrescentes a partir da linha mediana, pois o sorriso expressa um arco convexo e o

programa traça medidas lineares horizontais (Figura 6).

Page 27: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

27

Figura 4 – Aferição com sonda da Carolina do Norte

Figura 5 – Aferição com paquímetro

Figura 6 – Aferição informatizada

Os casos selecionados para tratamento periodontal responderam a um

questionário de anamnese (Apêndice C) contendo história médico-odontológica, hábitos

e comportamentos e foram tratados em consultório particular.

Page 28: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

28

4.5 Procedimentos estatísticos

Como não foi encontrado na literatura estudo semelhante, foi realizado um

estudo piloto que analisou a prevalência de sorrisos agradáveis em uma determinada

população de universitários e a probabilidade de sucesso foi de 9%. Empregando erro

máximo admitido de 3,5% foi utilizada a fórmula de cálculo do tamanho da amostra

para populações infinitas apresentada na Figura 7.

84,256=5,3

91*9*96,1=

q*p*z=n 2

2

e

22/α

2

n = número de indivíduos 2

2/αz = número de desvios padrões para 95% de confiança.

p = probabilidade de sucesso q = probabilidade de insucesso e = erro máximo admitido

Figura 7 - Fórmula de cálculo do tamanho da amostra para populações infinitas

Para análise estatística os indivíduos incluídos apresentaram incisivos, caninos

e pré-molares superiores íntegros.

As características de sorriso agradável foram analisadas e definidas

percentualmente suas ocorrências. Nos indivíduos que apresentaram todas as

características seus dentes contíguos, que normalmente são expostos nestes sorrisos, ou

seja, de segundo a segundo pré-molares superiores foram mensurados. A aferição foi

realizada obtendo medidas da altura e largura empregando sonda da Carolina do Norte e

paquímetro digital, complementando com a análise informatizada, que aferiu somente a

largura.

Após tabulação dos dados encontrados foi aplicado o teste Kolmogorov-

Smirnov concluindo que as amostras possuem distribuição normal. Foi então

estabelecida a contagem e proporções das diferenças significativas por gênero e tipo de

aferição dos dentes contíguos para avaliar as medidas. O objetivo foi comparar, com

significância estatística de p < 0,05, se as médias obtidas das razões das larguras ou

alturas de incisivos, caninos e pré-molares superiores contíguos do mesmo hemiarco são

significativamente iguais ou diferentes da proporção áurea (1,618). A largura dividida

pela altura dos incisivos centrais comparando com a razão largura/altura de 0,75 a 0,8,

Page 29: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

29

estabelecida por Brisman (1980) e Ahmad (1998), também foi avaliada com

significância estatística de p < 0,05.

Page 30: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

30

5 Resultados

Partindo de teste piloto e empregando a fórmula de cálculo do tamanho da

amostra para populações infinitas foi determinado o número de 260 indivíduos com

incisivos, caninos e pré-molares superiores íntegros, sendo 130 do gênero masculino e

130 do feminino.

As características de sorriso agradável foram analisadas e definidas

percentualmente suas ocorrências, conforme descrito nas Tabelas 1, 2, 3, 4, 5, 6.

Tabela 1 - Exposição de pelo menos os segundos pré-molares Número de casos % casos

Sim 246 94,62 Não 14 5,38 Total 260 100

Tabela 2 - Exposição de até 3 mm de gengiva durante o sorriso Número de casos % casos

Sim 207 79,62 Não 53 20,38 Total 260 100

Tabela 3 – Presença de paralelismo da linha do lábio inferior à linha incisal dos dentes superiores e a uma linha imaginária que passa pelos pontos de contato destes dentes Número de casos % casos

Sim 78 30,00 Não 182 70,00 Total 260 100

Tabela 4 - Ausência de retração gengival na área do sorriso Número de casos % casos

Sim 228 87,69

Não 32 12,31

Total 260 100

Page 31: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

31

Tabela 5 - Papilas preenchendo todo espaço interdental e não hiperplásicas Número de casos % casos

Sim 157 60,38

Não 103 39,62

Total 260 100

Tabela 6 - Simetria ao exame visual Número de casos % casos

Sim 46 17,69

Não 214 82,31

Total 260 100

Para comparação a Tabela 7 mostra todas as características de sorriso

agradável agrupadas, estabelecendo análise individual e coletiva, proporcionando

detalhes de todos os quesitos, mostrando assim uma visão dos 260 indivíduos.

Tabela 7 - Características de sorriso agradável agrupadas Sim Não Total %

casos Número de casos

% casos

Número de casos

% casos

Número de casos

Exposição de pelo menos os segundos pré-molares

94,62

246

5,38

14

100

260

Exposição de até 3 mm de gengiva durante o sorriso

79,62

207

20,38

53

100

260

Paralelismo das linhas 30,00 78 70,00 182 100 260 Ausência de retração gengival na área do sorriso

87,69

228

12,31

32

100

260

Papilas preenchendo todo espaço interdental e não hiperplásicas

60,38

157

39,62

103

100

260 Simetria ao exame visual 17,69 46 82,31 214 100 260

As características foram comparadas nos dois gêneros, como pode ser

observado nas Tabelas 8, 9, 10, 11, 12, 13.

Page 32: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

32

Tabela 8 - Exposição de pelo menos os segundos pré-molares versus gênero Feminino Masculino Total

Sim 91,54% 97,69% 94,62%

Não 8,46% 2,31% 5,38%

Total 100% 100% 100%

Tabela 9 - Exposição de até 3 mm de gengiva durante o sorriso versus gênero Feminino Masculino Total

Sim 71,54% 87,69% 79,62% Não 28,46% 12,31% 20,38% Total 100% 100% 100%

Tabela 10 – Presença de paralelismo da linha do lábio inferior à linha incisal dos dentes superiores e a uma linha imaginária que passa pelos pontos de contato destes dentes versus gênero

Feminino Masculino Total

Sim 40,77% 19,23% 30,00%

Não 59,23% 80,77% 70,00%

Total 100% 100% 100%

Tabela 11 - Ausência de retração gengival na área do sorriso versus gênero Feminino Masculino Total

Sim 93,08% 82,31% 87,69% Não 6,92% 17,69% 12,31% Total 100% 100% 100%

Tabela 12 - Papilas não hiperplásicas preenchendo todo espaço interdental versus gênero Feminino Masculino Total

Sim 68,46% 52,31% 60,38% Não 31,54% 47,69% 39,62% Total 100% 100% 100%

Page 33: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

33

Tabela 13 - Simetria ao exame visual versus gênero Feminino Masculino Total

Sim 23,08% 12,31% 17,69%

Não 76,92% 87,69% 82,31%

Total 100% 100% 100%

Da população estudada 21 indivíduos apresentaram sorrisos agradáveis (11 do

gênero feminino e dez do masculino). A Tabela 14 e as Figuras 8, 9 e 10 mostram a

quantidade de características (1 a 6) presentes nos indivíduos analisados.

Tabela 14 – Caracterização da quantidade de características de sorriso agradável que ocorreram isoladas ou simultaneamente

Número de Características

Gênero Feminino

Gênero Masculino

Ocorrências do total de indivíduos examinados

Percentual do total

1 0 0,0% 1 0,8% 1 0,4% 2 12 9,2% 16 12,3% 28 10,8% 3 34 26,2% 54 41,5% 88 33,8% 4 52 40,0% 43 33,1% 95 36,5% 5 21 16,2% 6 4,6% 27 10,4%

6 * 11 8,5% 10 7,7% 21 8,1% Total 130 100,0% 130 100% 260 100%

* A presença de 6 ocorrências caracterizou os sorrisos agradáveis

0

50

100

150

1 2 3 4 5 6 Total

Características de sorriso agradável

no gênero feminino

Figura 8 – Características de sorriso agradável no gênero feminino. Nenhum indivíduo apresentou apenas uma característica; 12 mostraram duas (9,2%); 34 mostraram três (26,2%), 52 mostraram quatro (40%); 21 mostraram cinco (16,2%); 11 apresentaram sorriso agradável, ou seja, as seis características (8,5%)

Page 34: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

34

0

50

100

150

1 2 3 4 5 6 * Total

Características de sorriso agradável

no gênero masculino

Figura 9 – Características de sorriso agradável no gênero masculino. Um indivíduo apresentou uma característica (0,8%); 16 mostraram duas (12,3%); 54 mostraram três (41,5%), 43 mostraram quatro (33,1%); seis mostraram cinco (4,6%); dez apresentaram sorriso agradável, ou seja, as seis características (7,7%)

0

100

200

300

1 2 3 4 5 6 * Total

Características de sorriso agradável

nos 2 gêneros

Figura 10 – Características de sorriso agradável nos dois gêneros. Um indivíduo apresentou uma característica (0,4%); 28 mostraram duas (10,8%); 88 mostraram três (33,8%), 95 mostraram quatro (36,5%); 27 mostraram cinco (10,4%); 21 apresentaram sorriso agradável, ou seja, as seis características (8,1%)

Foram mensurados os 21 indivíduos para avaliação da presença de proporção

áurea comparando a largura e altura dos dentes contíguos que são expostos nestes

sorrisos, ou seja, de segundo a segundo pré-molares superiores. A aferição das medidas

comparando o paquímetro digital com a sonda milimetrada ocorreu de maneira regular

Page 35: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

35

um número sempre maior na medida estabelecida com o paquímetro. A análise

fotográfica informatizada serviu para avaliar a largura aparente, uma vez que a imagem

fotográfica, projetada a partir do plano frontal, apresentou medidas menores em relação

ao tamanho real proporcional ao afastamento do centro da imagem. O critério para

comparação foi 1,618 (proporção áurea) com p < 0,05 (Tabela 15).

Tabela 15 - Contagem e Proporções das diferenças significativas entre as comparações por gênero e tipo de medida dos dentes contíguos

Há evidência de Igualdade

Há evidência de diferença

Comparações entre dentes contíguos

Gênero Tipo Medida nº casos % casos nº casos % casos

11A/12A Feminino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 11A/12A Feminino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 11L/12L Feminino Informatizada 1 9,1% 10 90,9% 11L/12L Feminino Paquímetro 1 9,1% 10 90,9% 11L/12L Feminino Sonda 1 9,1% 10 90,9% 12A/13A Feminino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 12A/13A Feminino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 12L/13L Feminino Informatizada 3 27,3% 8 72,7% 12L/13L Feminino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 12L/13L Feminino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 13A/14A Feminino Paquímetro 1 9,1% 10 90,9% 13A/14A Feminino Sonda 2 18,2% 9 81,8% 13L/14L Feminino Informatizada 4 36,4% 7 63,6% 13L/14L Feminino Paquímetro 1 9,1% 10 90,9% 13L/14L Feminino Sonda 1 9,1% 10 90,9% 14A/15A Feminino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 14A/15A Feminino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 14L/15L Feminino Informatizada 5 45,5% 6 54,5% 14L/15L Feminino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 14L/15L Feminino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 21A/22A Feminino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 21A/22A Feminino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 21L/22L Feminino Informatizada 1 9,1% 10 90,9% 21L/22L Feminino Paquímetro 1 9,1% 10 90,9% 21L/22L Feminino Sonda 1 9,1% 10 90,9% 22A/23A Feminino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 22A/23A Feminino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 22L/23L Feminino Informatizada 4 36,4% 7 63,6% 22L/23L Feminino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 22L/23L Feminino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 23A/24A Feminino Paquímetro 1 9,1% 10 90,9% 23A/24A Feminino Sonda 1 9,1% 10 90,9% 23L/24L Feminino Informatizada 1 9,1% 10 90,9% 23L/24L Feminino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 23L/24L Feminino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 24A/25A Feminino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0%

Page 36: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

36

Tabela 15 - Contagem e Proporções das diferenças significativas entre as comparações por gênero e tipo de medida dos dentes contíguos

Há evidência de Igualdade

Há evidência de diferença

Comparações entre dentes contíguos

Gênero Tipo Medida nº casos % casos nº casos % casos

24A/25A Feminino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 24L/25L Feminino Informatizada 4 36,4% 7 63,6% 24L/25L Feminino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 24L/25L Feminino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 11A/12A Masculino Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 11A/12A Masculino Sonda 0 0,0% 10 100,0% 11L/12L Masculino Informatizada 0 0,0% 10 100,0% 11L/12L Masculino Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 11L/12L Masculino Sonda 0 0,0% 10 100,0% 12A/13A Masculino Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 12A/13A Masculino Sonda 0 0,0% 10 100,0% 12L/13L Masculino Informatizada 2 20,0% 8 80,0% 12L/13L Masculino Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 12L/13L Masculino Sonda 0 0,0% 10 100,0% 13A/14A Masculino Paquímetro 3 30,0% 7 70,0% 13A/14A Masculino Sonda 4 40,0% 6 60,0% 13L/14L Masculino Informatizada 0 0,0% 10 100,0% 13L/14L Masculino Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 13L/14L Masculino Sonda 0 0,0% 10 100,0% 14A/15A Masculino Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 14A/15A Masculino Sonda 0 0,0% 10 100,0% 14L/15L Masculino Informatizada 0 0,0% 10 100,0% 14L/15L Masculino Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 14L/15L Masculino Sonda 0 0,0% 10 100,0% 21A/22A Masculino Paquímetro 0 0,0% 9 100,0% 21A/22A Masculino Sonda 0 0,0% 9 100,0% 21L/22L Masculino Informatizada 1 10,0% 9 90,0% 21L/22L Masculino Paquímetro 1 10,0% 9 90,0% 21L/22L Masculino Sonda 1 10,0% 9 90,0% 22A/23A Masculino Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 22A/23A Masculino Sonda 0 0,0% 11 100,0% 22L/23L Masculino Informatizada 3 30,0% 7 70,0% 22L/23L Masculino Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 22L/23L Masculino Sonda 0 0,0% 10 100,0% 23A/24A Masculino Paquímetro 4 40,0% 6 60,0% 23A/24A Masculino Sonda 4 40,0% 6 60,0% 23L/24L Masculino Informatizada 2 20,0% 8 80,0% 23L/24L Masculino Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 23L/24L Masculino Sonda 0 0,0% 10 100,0% 24A/25A Masculino Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 24A/25A Masculino Sonda 0 0,0% 10 100,0% 24L/25L Masculino Informatizada 1 10,0% 9 90,0% 24L/25L Masculino Paquímetro 0 0,0% 10 100,0%

Page 37: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

37

Tabela 15 - Contagem e Proporções das diferenças significativas entre as comparações por gênero e tipo de medida dos dentes contíguos

Há evidência de Igualdade

Há evidência de diferença

Comparações entre dentes contíguos

Gênero Tipo Medida nº casos % casos nº casos % casos

24L/25L Masculino Sonda 0 0,0% 10 100,0% Total Global 60 7,1% 780 92,9%

O critério para comparação foi 1,618 (p < 0,05). L – largura; A - altura

Especificamente na largura dos incisivos centrais com os laterais a proporção

áurea no gênero feminino foi prevalente em 9,1% dos casos tendo exatamente a mesma

distribuição independentemente se a aferição foi estabelecida por sonda, paquímetro, ou

informatizada (Tabela 16); no gênero masculino a distribuição também foi independente

da aferição, porém mostrou prevalência de 5% (Tabela 17).

Tabela 16 – Comparação da largura dos incisivos centrais com os laterais no gênero feminino Há evidência de

igualdade Há evidência de

diferença Comparações entre

larguras dos incisivos centrais e laterais

Tipo Medida nº casos % casos nº casos % casos

Sonda 1 9,1% 10 90,9% Paquímetro 1 9,1% 10 90,9% 11L/12L

Informatizada 1 9,1% 10 90,9% Sonda 1 9,1% 10 90,9%

Paquímetro 1 9,1% 10 90,9% 21L/22L Informatizada 1 9,1% 10 90,9%

Total Global 6 9,1% 60 90,9% L – largura

Tabela 17 – Comparação da largura dos incisivos centrais com os laterais no gênero masculino

Há evidência de igualdade

Há evidência de diferença

Comparações entre larguras dos incisivos

centrais e laterais Tipo Medida

nº casos % casos nº casos % casos Sonda 0 0,0% 10 100,0%

Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 11L/12L Informatizada 0 0,0% 10 100,0%

Sonda 1 10,0% 9 90,0% Paquímetro 1 10,0% 9 90,0% 21L/22L

Informatizada 1 10,0% 9 90,0% Total Global 3 5,0% 57 95,0%

L – largura

Na comparação das larguras dos incisivos laterais com os caninos, a proporção

áurea ocorreu em 10,6% no gênero feminino, sendo que apenas a aferição informatizada

Page 38: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

38

se mostrou prevalente, mostrando especificamente nesta comparação que foi

coincidente em 31,9% (Tabela 18); no gênero masculino o percentual foi de 8,3% e

também a aferição informatizada foi a única a se mostrar com uma prevalência,

considerando apenas este quesito, de 25% (Tabela 19).

Tabela 18 – Comparação da largura dos incisivos laterais com os caninos no gênero feminino

Há evidência de igualdade

Há evidência de diferença Comparações

entre larguras dos incisivos laterais e

caninos

Tipo Medida

nº casos % casos nº casos % casos

Sonda 0 0,0% 11 100,0%

Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 12L/13L

Informatizada 3 27,3% 8 72,7%

Sonda 0 0,0% 11 100,0%

Paquímetro 0 0,0% 11 100,0% 22L/23L

Informatizada 4 36,4% 7 63,6%

Total Global 7 10,6% 59 89,4%

L – largura

Tabela 19 – Comparação da largura dos incisivos com laterais os caninos no gênero masculino

Há evidência de igualdade Há evidência de diferença Comparações entre

larguras dos incisivos laterais e

caninos

Tipo Medida

nº casos % casos nº casos % casos

Sonda 0 0,0% 10 100,0%

Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 12L/13L

Informatizada 2 20,0% 8 80,0%

Sonda 0 0,0% 10 100,0%

Paquímetro 0 0,0% 10 100,0% 22L/23L

Informatizada 3 30,0% 7 70,0%

Total Global 5 8,3% 55 91,7%

L – largura

A mensuração da largura dividida pela altura dos incisivos centrais

comparando a relação largura/altura de 0,75 a 0,8 conforme Brisman (1980) e Ahmad

(1998) com p < 0,05 foi observada nas Tabelas 20, 21, 22.

Page 39: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

39

Tabela 20 – Aferição da largura pela altura dos incisivos centrais no gênero feminino

Evidência de diferença Evidência de igualdade Dente Método

nº de casos % de casos nº de casos % de casos Sonda 4 36,36% 7 63,64% Dente 11

Paquímetro 5 45,45% 6 54,55% Sonda 5 45,45% 6 54,55%

Dente 21 Paquímetro 5 45,45% 6 54,55%

Igualdade comparando a relação largura/altura de 0,75 a 0,8 (p < 0,05)

Tabela 21 – Aferição da largura pela altura dos incisivos centrais no gênero masculino

Evidência de diferença Evidência de igualdade Dente Método

nº de casos % de casos nº de casos % de casos Sonda 4 40,00% 6 60,00% Dente 11

Paquímetro 5 50,00% 5 50,00% Sonda 4 40,00% 6 60,00%

Dente 21 Paquímetro 4 40,00% 6 60,00%

Igualdade comparando a relação largura/altura de 0,75 a 0,8 (p < 0,05)

Tabela 22 – Somatória da aferição da largura pela altura dos incisivos centrais

Evidência de diferença Evidência de igualdade Dente Método

nº de casos % de casos nº de casos % de casos Sonda 8 38,10% 13 57,14% Dente 11

Paquímetro 10 47,62% 11 57,14% Sonda 9 42,86% 12 57,14%

Dente 21 Paquímetro 9 42,86% 12 57,14%

Total Sonda / Paquímetro 36 42,86% 48 57,14% Igualdade comparando a relação largura/altura de 0,75 a 0,8 (p < 0,05)

Page 40: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

40

6 Discussão

A análise das características de sorriso agradável e a relação da largura pela

altura dos incisivos centrais superiores utilizando indivíduos com presença de incisivos,

caninos e pré-molares superiores íntegros, foi objeto deste trabalho e não foi encontrado

similaridade literária, sendo para tanto realizado um teste piloto, no qual foi possível o

estabelecimento do número de 260 indivíduos divididos igualmente nos dois gêneros.

A faixa etária de 18 a 30 anos permitiu caracterizar a presença de tônus

muscular suficiente para deixar bem expostos os dentes superiores de acordo com o

trabalho de Vig e Brundo em 1978, esta faixa etária também foi utilizada por Mahshid

et al. (2004).

A presença de incisivos, caninos e pré-molares superiores íntegros como

critério de inclusão já possibilita um aumento da prevalência de sorrisos agradáveis. Foi

considerado como sorriso agradável aquele que apresentou as seis características

previamente definidas, ou seja: permitiu a exposição, no mínimo, dos segundos pré-

molares; houve ausência de retração gengival na área do sorriso; mostrou papilas

preenchendo todo espaço interdental e não hiperplásicas; expôs no máximo 3 mm de

gengiva superior; teve linha do lábio inferior paralela à linha incisal dos dentes

superiores e a uma linha imaginária que passa pelos pontos de contato destes dentes; e

houve simetria ao exame visual.

A exposição, no mínimo, dos segundos pré-molares de acordo com Tjan,

Miller e The (1984) já permite estabelecer uma das características, embora outros

autores façam esta relação com os primeiros molares superiores (MISKINYAR, 1983;

DONG et al., 1999). No presente estudo, esta característica foi a mais prevalente entre

as avaliadas (94,62%).

Ausência de retração gengival na área do sorriso é uma evidência de sorriso

estético (DUARTE; CASTRO, 2004b). Em nosso estudo, esta característica foi a

segunda mais prevalente (87,69%) considerando-se os dois gêneros.

Para caracterizar harmonia ao sorrir, a exposição gengival deve ter o limite

máximo 3 mm (AHMAD, 1998; PHILIPS 1999). McGuire em 1998 sugere que este

limite deve ser de 2 mm. Nos indivíduos relacionados em nosso estudo o critério de

exposição foi de 3 mm, sendo o terceiro mais prevalente (79,6%). Esta referência

anatômica é muito utilizada no planejamento de cirurgias periodontais e estes resultados

reforçam a sua importância na correção cirúrgica da linha do sorriso.

Page 41: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

41

As papilas não hiperplásicas preenchendo todo espaço interdental possibilitam

um sorriso saudável sem a presença dos buracos negros (MOSKOWITZ; NAYYAR,

1995; DUARTE; CASTRO, 2004b). Este critério em nosso estudo foi prevalente em

60,38%.

O paralelismo da linha do lábio inferior à linha incisal dos dentes superiores e

a uma linha imaginária que passa pelos pontos de contato destes dentes é também fator

determinante de sorriso harmônico (RUFENACHT, 1998). Para Dong et al. (1999) o

lábio superior deve se apresentar curvo para cima ou reto e com a curva incisal dos

dentes ântero-superiores paralela ao lábio superior. Esta característica neste estudo foi

prevalente em apenas 30% da amostra estudada.

A simetria ao exame visual é característica importante para estética

(RUFENACHT, 1998). Existe controvérsia que chega a sugerir o desvio da linha

mediana do centro da face (PECK; PECK, 1970). Na verdade no presente estudo a

simetria absoluta aferida por sonda, paquímetro, análise informatizada não apareceu em

nenhum dos casos. Este detalhe se mostra de grande importância no planejamento

cirúrgico periodontal. Mesmo na análise visual (sem fotografia e sem qualquer

instrumento de aferição) esta característica foi a menos prevalente se mostrando em

apenas 17,69% dos casos.

A utilização da ocorrência simultânea dos seis critérios como referência de

sorriso agradável foi o principal fator para que se observasse a sua baixa prevalência.

Embora cada componente do sorriso tenha a sua importância dentro do aspecto de

harmonia, a ocorrência simultânea de quatro ou três dos seis critérios teria aumentado

esta prevalência. Porém, levando-se em conta que os indivíduos incluídos eram

portadores de dentes íntegros, podemos considerar que a maior associação possível

destes critérios pode representar um referencial clínico à ser utilizado em procedimentos

restauradores da estrutura dental e periodontal perdida.

Rufenacht (1998) fez referência à proporção áurea entre os dentes que

compõem o sorriso, especialmente da largura do incisivo central superior com o lateral e

deste com o canino. Mahshid et al. em 2004 avaliaram 157 alunos de Odontologia (75

mulheres e 82 homens), com idades variando entre 18 a 30 anos, cujo sorriso natural

não apresentava nenhuma tensão visual. Foram classificados como pessoas que tinham

um sorriso estético e, utilizando-se de um programa de medida da imagem, aferiram

larguras mesiodistais aparentes dos seis dentes anteriores superiores sobre as fotografias

digitalizadas. Como resultado, não encontraram proporção áurea nesta análise. No

Page 42: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

42

presente estudo, especificamente, na comparação da largura dos incisivos centrais com a

dos laterais, a proporção áurea no gênero feminino foi prevalente em 9,1% dos casos,

tendo exatamente a mesma distribuição, independentemente se a aferição foi

estabelecida por sonda, paquímetro, ou informatizada; no gênero masculino a

distribuição também foi independente da aferição, porém mostrou prevalência de 5%.

Na comparação das larguras dos incisivos laterais com os caninos, a proporção áurea

ocorreu em 10,6% no gênero feminino, sendo que apenas a aferição informatizada se

mostrou prevalente em 31,9% dos casos. Já no gênero masculino, o percentual foi de

8,3% e também a aferição informatizada foi a única prevalente mostrando 25% dos

casos. Estes dados justificam o raciocínio de que a proporção áurea parece estar

relacionada com posição dos dentes no arco, observada de uma vista frontal como é

feito na análise da imagem na aferição informatizada e ratificada pelo estudo Levin

(1978) que analisou frontalmente o sorriso, considerando-o agradável quando a largura

do incisivo lateral dividida pela largura do central resulto no número de ouro, ou seja,

0,618. Este mesmo número deve aparecer quando a largura do canino for divida pela do

incisivo lateral, baseado no tamanho aparente dos dentes vistos frontalmente e não em

seu tamanho real individualmente. Assim, a harmonia global, e não somente aspectos

localizados, é que podem contribuir para o sorriso agradável.

Numa somatória global deste estudo, a observação da baixa prevalência de

proporção áurea entre os dentes contíguos do mesmo hemiarco observada em uma

amostra que atendeu aos seis critérios simultaneamente leva a um questionamento sobre

a importância de cada referencial anatômico periodontal e dental analisado para a

caracterização do sorriso agradável. Desta forma, podemos considerar que na amostra

estudada, a coincidência entre as razões das larguras e das alturas de incisivos, caninos e

pré-molares superiores contíguos do mesmo hemiarco e a proporção áurea, apresentou

pequena influência sobre a ocorrência de sorrisos agradáveis.

Page 43: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

43

7 Conclusões

A ocorrência de sorrisos agradáveis foi prevalente em uma pequena

porcentagem da amostra.

As razões das larguras e das alturas de incisivos, caninos e pré-molares

superiores contíguos do mesmo hemiarco mostraram baixa coincidência com a

proporção áurea demonstrando a pequena influência desta característica para a

ocorrência de sorrisos agradáveis.

Estudos futuros são sugeridos para análise da prevalência de sorrisos

agradáveis e aferição comparativa de medidas dentárias nestes sorrisos.

Page 44: Marcos_Vinicius_Moreira_de_Castro - Proporção Aurea Do Sorriso

44

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APÊNDICE

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

PROJETO SORRISO

-AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE EXAME E TRATAMENTO – Eu,___________________________________________, abaixo assinado, dou

pleno consentimento ao pesquisador Marcos Vinícius Moreira de Castro para analisar por meio de fotografia e se necessário medidas de meus dentes avaliação de meu sorriso, que tem por propósito determinar um padrão

Declaro que fui informado, em linguagem acessível sobre o projeto. Declaro ainda, que recebi todos os esclarecimentos sobre a possibilidade de na

dependência do diagnóstico o tratamento e quais os critérios de convocação para realização do mesmo.

Tenho pleno conhecimento que o questionário de saúde preenchido, tem a finalidade de auxiliar a Equipe Odontológica a conhecer minhas condições de saúde bucal e meu estado geral que podem influir no meu tratamento. Essas informações, por mim fornecidas, são confidenciais e resguardadas pelo Segredo Profissional (Art. 3º , II e 4º , IV do código de ética odontológico).

Estou ciente que serei atendido em uma Instituição de Ensino e que me submeterei a exames laboratoriais e radiológicos, quando necessário, com a finalidade de diagnóstico, que tem como principal objetivo o aprendizado para estudantes e profissionais de Odontologia.

Concordo, também, com a utilização de meus dados para o presente protocolo. Estou ciente que posso desistir do presente estudo quando bem entender. Declaro, sob as penas da lei, serem verdadeiras todas as informações

prestadas, para a realização do tratamento.

Local......................................................................./.........../200...... . _____________________________________________________________________

Assinatura do Paciente ou Responsável legal R.G.:________________________________________________________________

Testemunhas

_____________________________________________________________________ Nome:_______________________________________________________________ R.G.:________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Nome:_______________________________________________________________ R.G.:________________________________________________________________

__________________________________________________________

Marcos Vinícius Moreira de Castro – Pesquisador do Projeto Sorriso

Número do Prontuário:

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APÊNDICE B – Esclarecimento aos pacientes

Esclarecimento aos participantes do Projeto Sorriso

A Periodontia é a parte da Odontologia que cuida do periodonto,

constituído pela gengiva e o conjunto que insere o dente ao osso: fibras que

promovem a ligação (ligamento periodontal), o cemento (parte do dente que

recobre a raiz) e a porção óssea que recebe estas fibras (osso alveolar).

O sorriso tem uma grande importância para muitos pacientes,

como exemplo algumas pessoas ficam muito descontentes quando ao sorrir

mostram uma grande faixa de gengiva, este fato pode estar relacionado com

dentes que não complementaram sua erupção (“não nasceram totalmente”).

Procuramos com esta pesquisa estabelecer um padrão de sorriso que possa

auxiliar no momento em que corrigimos cirurgicamente dentes que possuem

erupção retardada.

Nesta pesquisa realizamos fotografias e em alguns casos

medições com sondas periodontais totalmente esterilizadas e conferimos com

paquímetro digital. Estes procedimentos não provocam nenhum desconforto ao

paciente.

Agradecemos sua participação.

Marcos Vinícius Moreira de Castro – Pesquisador do Projeto Sorriso

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APÊNDICE C - Ficha de anamnese

- FICHA DE ANAMNESE - Número da ficha: Data do exame: ___/___/___ Nome: Centro: Gênero: ( ) feminino ( ) masculino Cor: ( ) Branca ( ) Preta ( ) Pardo ( ) Indígena ( ) Amarelo Idade (em anos): Data de nascimento(dd/mm/aaaa): __/__/____ Estado civil: ( ) solteiro(a) ( ) casado(a) ( ) viúvo(a) ( ) separado(a)

( ) divorciado(a) ( ) vive com parceiro(a) Naturalidade (estado aonde nasceu):______________________________________________________________ Local de residência: ( ) zona urbana ( ) zona rural Local de trabalho: ( ) zona urbana ( ) zona rural ( ) não trabalha Bairro:________________________________________________________________________ Município:___________________________________Estado:____________________________ Profissão:_____________________________________________________________________

INVENTÁRIO DE SAÚDE PARA PROFILAXIA ANTIBIÓTICA Alguma alteração cardiovascular ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei Qual? Tem ou teve endocardite bacteriana ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei Utiliza válvula cardíaca ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei Qual? É diabético(a) ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei Tipo? ( ) I ( ) II Foi submetido à cirurgia para colocação de prótese articular

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

Quanto tempo ( ) Até 2 anos

( ) mais que 2 anos

( ) Não sei

Tipo da prótese ( )Cimentada ( ) Sem cimento

( ) Não sei

É imunossuprimido (a) ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei Por que? ( ) Doença ( ) Droga ( ) Radiação Citar É portador (a) de hemofilia ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei É portador (a) de artrite reumatóide ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei É portador (a) de lupos eritematoso ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei Possui subnutrição grave ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei OBSERVAÇÕES:______________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

_______________________________________________

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ANEXO

ANEXO A – Cópia da aprovação do protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade de Taubaté.

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Autorizo cópia total ou parcial desta obra,

apenas para fins de estudo e pesquisa,

sendo vedado qualquer tipo de reprodução

para fins comerciais sem prévia

autorização específica do autor.

Marcos Vinícius Moreira de Castro

Taubaté – SP, outubro de 2005.