harmonia e proporção

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Tendo como pano de fundo a arquitetura de Macau, espaço de síntese de tradições diversas, este livro procura identificar e refletir sobre as ideias centrais que estruturam o pensamento arquitetónico no Ocidente e no Oriente.

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Page 1: Harmonia e Proporção
Page 2: Harmonia e Proporção

PREFÁCIO

Estelivrointitulado“Harmonia e Proporção. Um olhar sobre o desenho Arquitetónico no Ocidente e no Oriente”–correspondeàpublicaçãodaTesedeDoutoramentoqueoarquitetoMárioSayMingKongdesenvolveuedefendeunaEscolaTécnicaSuperiordeArquitetu-radaUniversidadePolitécnicadaCatalunha,sobadireçãodaarquitetaMartaLlorenteDiaz.

Cumpre-me também referir que tive o grato prazer deacompanharestainvestigaçãonaqualidadedeco-orientadora. Aprimeiraquestãoaassinalaréadaescolhadotemadeinves-tigaçãoquesedesenrolaemtornodaarquiteturadeMacau–espaçodesínteseedeconfluênciadetradiçõesorientaiseocidentais.

Apesquisarealizadaassentouemdoisobjetivosfundamentais–aconstruçãodeumquadrodereferênciasquepermitisseinterpretaroscódigoseprocessosqueestãonagénesedodesenhoarquitetónicocomo instrumentoderepresentaçãoecomunicaçãoenumsegundoregistoadefiniçãodeumcorpushistórico(1)eteórico (2)quepudessedarrespostaàcomplexidadeeinterdisciplinaridade(3)daproblemáticaempresença. Deveacentuar-seoestudocomparadodeobrasnormativas(4)

(condensadorasdemétodoseprocessosoperativosintegradosemsis-temasglobaisdeinterpretaçãodomundo,daarteedopensamentocientíficoereligioso)comparticulardestaqueparaotratadointitulado“Ying-tsao-fa-chi”(5).

de Marieta Dá MesquitaProfessoraAuxiliardaFA-UTL

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PREFÁCIO

Estelivrointitulado“Harmonia e Proporção. Um olhar sobre o desenho Arquitetónico no Ocidente e no Oriente”–correspondeàpublicaçãodaTesedeDoutoramentoqueoarquitetoMárioSayMingKongdesenvolveuedefendeunaEscolaTécnicaSuperiordeArquitetu-radaUniversidadePolitécnicadaCatalunha,sobadireçãodaarquitetaMartaLlorenteDiaz.

Cumpre-me também referir que tive o grato prazer deacompanharestainvestigaçãonaqualidadedeco-orientadora. Aprimeiraquestãoaassinalaréadaescolhadotemadeinves-tigaçãoquesedesenrolaemtornodaarquiteturadeMacau–espaçodesínteseedeconfluênciadetradiçõesorientaiseocidentais.

Apesquisarealizadaassentouemdoisobjetivosfundamentais–aconstruçãodeumquadrodereferênciasquepermitisseinterpretaroscódigoseprocessosqueestãonagénesedodesenhoarquitetónicocomo instrumentoderepresentaçãoecomunicaçãoenumsegundoregistoadefiniçãodeumcorpushistórico(1)eteórico (2)quepudessedarrespostaàcomplexidadeeinterdisciplinaridade(3)daproblemáticaempresença. Deveacentuar-seoestudocomparadodeobrasnormativas(4)

(condensadorasdemétodoseprocessosoperativosintegradosemsis-temasglobaisdeinterpretaçãodomundo,daarteedopensamentocientíficoereligioso)comparticulardestaqueparaotratadointitulado“Ying-tsao-fa-chi”(5).

de Marieta Dá MesquitaProfessoraAuxiliardaFA-UTL

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(1)“There is a (…) term involved, namely diachronic art history – understood not in the derivate sense of patterns of reception , but in the primary one of chronologically successive transforma-tions of making.”C.Satrwell, “Starting from Scratch with Phenomenology”, in Art History VersusAesthetics,N.York,2006,p.127.(2)“Doing theory in this in this sense would mean raising theoretical questions – questions thatare theoretical in nature and that are also about theory, this presuppositions, in critical effects its limitations, and above all its possibilities.” David Carrol, The States of Theory and The Future of History and Art, inAAVV,TheStatesofTheory–History,ArtandCriticalDiscourse,1990,p.3.(3) “For buildings to be given their proper due as evidence, they need to include in narratives that are constructed in ways that allow for multiple perspectives. Each perspective generates its own architecture from its own architecture from the building, at the long standing building’s gesture come to be understood in ways that may be old or new”.ABallantyne,Architecture as evidence, inRethinkingArchitecture,2006,p.48.(4)“The historical trajectories of art objects are not directed by automatic pilot: they change andvacillate continually as a result of innumerable moments of insightful perception and reflection. How better to illustrate the dynamics of change in the perception of artifacts than with the key texts than articulate their understanding at specific moments”.KurtW.Foster,Bateries of Memo-ry or Moments of Forgetfulness,JSAH,Vol.57,nº4,dezembrode1998,p.380.(5)Aimportânciadestetratadoéreferidainauguralmentenomundoeuropeunumartigopubli-cadoem1925.Cfr.P.Démieville, Un Traité d’Architecture Chinois: Le Ying-tsao-fa-che de Li Ming-Tchong des Songs,Bulletindel’Écolefrançaised’ExtrêmeOrient,XXV(1925),pp.213-264.(6)Cfr.AndréChastel,Les Traités d’Architecture à la Renaissance: Un Problème,inAAVVLesTraitésd’ArchitecturedelaRenaissance,Paris,1988,pp.7-8.(7)Otrabalhocientificoconstitui-sesemprecomoterritórioondeestásubjacenteapossibilidadedeformularindefinidamenteproposiçõesnovas.

Estemanual,queterásidoproduzidoduranteaDinastiaSong(cercade1090),contémumreportórioderegrasquedeviamestarnabasedaconstruçãodosedifícios(particularmenteospalácioseostem-plos),ondesearticulampreocupaçõestécnicaseprincípiosdeorien-taçãoespacialesimbólicaqueseinscrevemnatradiçãoculturalchi-nesa(6). A investigação realizadapeloautor, aoestabelecerumdiálogoentreasdiferentestradiçõespresentesnaarquiteturadeMacau,constituiumcontributoinovadorparaaleituraeinterpretaçãodoseupatrimónioarquitetónico,podendofundamentarfuturosestudos (7).

Page 5: Harmonia e Proporção

INTRODUÇÃO“Parlar espressa el jo. Escriure fa que una cosa surti fora del jo; Si l’oralitat, es dansa i música, l’escritura és arquitetura”. VitoHannibalAcconci, in Exposição artística de Vito Acconci, Barcelona, 2004

O desenho como suporte do pensamento gráfico (1) é uma ex-pressão que define uma metodologia do pensamento.

Na arquitetura, esta forma de abordagem relaciona-se, geral-mente, com as etapas conceptuais de um projeto em que a criativi-dade e o desenho operam, conjunta e interdependentemente, como estimulante e registo do desenvolvimento das ideias. Neste contexto, podemos dizer que na arquitetura existe real-mente uma profunda tradição do pensamento gráfico. Naturalmente, estas qualidades estão presentes nos trabalhos de inúmeros autores, muitos destes distantes entre si no espaço, no tempo e na realidade cultural nas quais laboram ou laboraram. A arquitetura, sendo um produto da fantasia, da criatividade e da invenção, nasce de relações que o pensamento estabelece entre aquilo que conhece. Assim sendo, não pode dissociar-se do meio cul-tural, filosófico, ideológico e sociológico em que se insere. Esta situação leva-nos a formular algumas perguntas. Será pos-sível estudar as constantes da fantasia, da invenção e da criatividade? Será possível procurar compreender como «nasce» uma ideia? Neste sentido, no presente trabalho de investigação – Harmo-nia e Proporção.Umolhar sobreodesenhoArquitetóniconoOci-denteenoOriente, pretendemos explorar a forma de abordar e de compreender o processo cognitivo subjacente ao desenho conceptual do projeto, desde a sua génese até à sua compreensão final, pela cor-relação de duas realidades culturais, a ocidental e a oriental, exploran-do ainda eventuais linhas convergentes entre o Oriente e o Ocidente no pensamento da arquitetura.

(1) Sobre as origens do desenho arquitetónico ver Dissertação de Doutoramento de Eduardo Al-berto Vieira de Meireles Côrte-Real, O desenho como Legitimação da Arquitetura - As Origens do Desenho Arquitetónico, Dissertação em Comunicação Visual em Arquitetura. Faculdade de Arquitetura U.T.L., Lisboa, 1999.

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INTRODUÇÃO“Parlar espressa el jo. Escriure fa que una cosa surti fora del jo; Si l’oralitat, es dansa i música, l’escritura és arquitetura”. VitoHannibalAcconci, in Exposição artística de Vito Acconci, Barcelona, 2004

O desenho como suporte do pensamento gráfico (1) é uma ex-pressão que define uma metodologia do pensamento.

Na arquitetura, esta forma de abordagem relaciona-se, geral-mente, com as etapas conceptuais de um projeto em que a criativi-dade e o desenho operam, conjunta e interdependentemente, como estimulante e registo do desenvolvimento das ideias. Neste contexto, podemos dizer que na arquitetura existe real-mente uma profunda tradição do pensamento gráfico. Naturalmente, estas qualidades estão presentes nos trabalhos de inúmeros autores, muitos destes distantes entre si no espaço, no tempo e na realidade cultural nas quais laboram ou laboraram. A arquitetura, sendo um produto da fantasia, da criatividade e da invenção, nasce de relações que o pensamento estabelece entre aquilo que conhece. Assim sendo, não pode dissociar-se do meio cul-tural, filosófico, ideológico e sociológico em que se insere. Esta situação leva-nos a formular algumas perguntas. Será pos-sível estudar as constantes da fantasia, da invenção e da criatividade? Será possível procurar compreender como «nasce» uma ideia? Neste sentido, no presente trabalho de investigação – Harmo-nia e Proporção.Umolhar sobreodesenhoArquitetóniconoOci-denteenoOriente, pretendemos explorar a forma de abordar e de compreender o processo cognitivo subjacente ao desenho conceptual do projeto, desde a sua génese até à sua compreensão final, pela cor-relação de duas realidades culturais, a ocidental e a oriental, exploran-do ainda eventuais linhas convergentes entre o Oriente e o Ocidente no pensamento da arquitetura.

(1) Sobre as origens do desenho arquitetónico ver Dissertação de Doutoramento de Eduardo Al-berto Vieira de Meireles Côrte-Real, O desenho como Legitimação da Arquitetura - As Origens do Desenho Arquitetónico, Dissertação em Comunicação Visual em Arquitetura. Faculdade de Arquitetura U.T.L., Lisboa, 1999.

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UMOLHAR SOBRE O DESENHO ARQUITETÓNICO NO OCIDENTE E NO ORIENTE

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No Oriente, o pensamento filosófico é que fundamenta todas as artes e ciências, dando origem a um conjunto orgânico, em que as várias áreas interagem articuladamente. (2)

Baseando-se neste referêncial e refletindo esta postura holística foram elaborados na China vários manuais de construção. O mais importante destes manuais, da época dos Song (960-1127), é do Ying-tsao-fa-chi, redigido em 1103 por Li Kiai (1065-1110), a mando do Imperador Zhe Zong (1093-1100). Este manual, quase desconhecido no Ocidente, permite-nos um vislumbrar da forma de pensar e conceber a arquitetura num contexto oriental.

Atualmente, no Ocidente, cada expressão artística ou cientí-fica é vista como uma disciplina separada, com princípios e métodos específicos. No entanto, na Antiguidade Clássica a forma de pensar a arquitetura estava mais próxima da oriental.

Tomemos como exemplo Vitrúvio,(3) arquiteto e investiga-dor da época do imperador romano Augustus (63 a.C. - 14 d.C.), ao declarar no seu tratado De architectura que o arquiteto antes de conhecer as técnicas de construção deve ter conhecimentos de geologia, astrologia, medicina, e inclusive compreender o ritmo da música para encontrar o máximo de harmonia com o universo.

Assim, apesar da diferenciação cultural atualmente diver-gente, podemos assinalar pontos de reflexão semelhantes, se tiver-mos em atenção, por exemplo, a evolução histórica dos vários aspe-tos relacionados com a conceção arquitetónica.

Observemos a implantação de um edifício. No Oriente, o posi-cionamento do objeto arquitetónico tem essencialmente em conta a busca da harmonia com o universo, pois considerava-se que o posiciona-

(2)Quinghua Guo, The structure of chinese timber arquitecture – Twelfth Century Design Standar-ts and Construction Principles, doctoral dissertation submittet to the School of Architecture Chalmers University of Tecnology in partial fulfillment of the requirements for the degree of Doc-tor of Philosophy. Chalmers University of Tecnology, Gothemburg, 1995. Esta dissertação estuda 27 antigos edifícios, construídos entre 782 e 1357 e baseia-se no mais antigo tratado Oriental de que se tem conhecimento, Ying-tsao-fa-chi – publicado em 1103, na China.(3) Vitruvius, The ten books on Architecture, Dover pub. New York, 1960.

mento podia influenciar todos os aspetos da vida humana. (4) Também no Ocidente, na Antiguidade, havia teorias para encontrar os lugares mais adequados para a localização dos vários projetos arquitetónicos.

Nesta perspetiva, pretende-se analisar, dissecar e arrumar o processo do pensamento gráfico passo a passo, tentando descobrir os sentidos evidentes mas também os escondidos, descobrir esque-mas, padrões, estruturas e influências históricas e filosóficas, nos desenhos e projetos de arquitetos portugueses que na execução dos suas obras sugerem ter tido influências orientais ou desenvolvi-mentos paralelos. (5)

A existência de diversos trabalhos, (6) de reconhecido méri-to e evidente qualidade, que se debruçaram sobre a evolução da Arquitetura Portuguesa, permitiu-nos a concentração no levanta-mento e análise dos referidos paralelismos, recorrendo sempre que necessário à citação dessas obras. Em relação à arquitetura oriental e, neste caso, da arquitetura macaense, também nos socorremos de trabalhos realizados por estu-diosos locais, (7) que nos permitiram vislumbrar a evolução e a originali-dade da arquitetura mestiça em Macau.

(4)Estamos perante um dos princípios do Feng Shui que significa “Vento e Água”. É a arte de pro-jetar a casa de modo a obter o bem estar da vida humana. Simon Brown, Guia prático Feng Shui, Circulo de Leitores, Lisboa, 1999.(5) “Na curta e acidentada história da arquitetura moderna em Portugal, é o primeiro período designado por anos 30, mas que se estende de 1925 a 1939, que tem suscitado o maior interesse não só por corresponder a um período fértil em novas formas que se difundiram pela cidade mas também pelo risco cada vez maior que existe de ver desaparecer os melhores edifícios e conjun-tos urbanos dessa época. Para aprofundar o conhecimento desse período, tornam-se necessários estudos circunstanciados, que completem as sínteses parcelares já realizadas, sobre a formação e atividade dos arquitetos da primeira geração moderna, esclarecendo a sequência do respetivo trabalho e seus fundamentos, por forma a iluminar as origens e os bastidores do vigoroso movi-mento dos anos 30 em Portugal”, in Catálogo da Exposição Cassiano Branco, Lisboa, 1986, p. 1.(6) Destacando-se especialmente os trabalhos de investigação de: Margarida Maria Acciaiuoli Homem de Campos Tavares de Brito, Os anos 40 em Portugal. O País, o Regime e as Artes «Restauração» e «Celebração», Volume I, Dissertação de Doutoramento em História da Arte Contemporânea. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Universidade Nova de Lisboa, Lis-boa, 1991, cf. Ana Tostões, Os Verdes Anos na Arquitetura Portuguesa dos Anos 50, FAUP Pub-licações, 2ª edição, Porto, 1997.(7) “Macau Património I”, in Revista de Cultura, n.º 34, II, 1998, pp. 5-234; cf. “Macau Património II” in Revista de Cultura, n.º 35/36, II, 1998, pp. 3-322; cf. “A originalidade da Arquitetura Mestiça de Macau”, in Revista de Cultura, n.º 38/39, II, 1999, pp. 109-248; cf. “Património e Urbanismo em Macau. Discurso(s) sobre a cidade” in Revista de Cultura, Edición Internacional 3, Julio 2002, pp. 7- 95.

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UMOLHAR SOBRE O DESENHO ARQUITETÓNICO NO OCIDENTE E NO ORIENTE

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No Oriente, o pensamento filosófico é que fundamenta todas as artes e ciências, dando origem a um conjunto orgânico, em que as várias áreas interagem articuladamente. (2)

Baseando-se neste referêncial e refletindo esta postura holística foram elaborados na China vários manuais de construção. O mais importante destes manuais, da época dos Song (960-1127), é do Ying-tsao-fa-chi, redigido em 1103 por Li Kiai (1065-1110), a mando do Imperador Zhe Zong (1093-1100). Este manual, quase desconhecido no Ocidente, permite-nos um vislumbrar da forma de pensar e conceber a arquitetura num contexto oriental.

Atualmente, no Ocidente, cada expressão artística ou cientí-fica é vista como uma disciplina separada, com princípios e métodos específicos. No entanto, na Antiguidade Clássica a forma de pensar a arquitetura estava mais próxima da oriental.

Tomemos como exemplo Vitrúvio,(3) arquiteto e investiga-dor da época do imperador romano Augustus (63 a.C. - 14 d.C.), ao declarar no seu tratado De architectura que o arquiteto antes de conhecer as técnicas de construção deve ter conhecimentos de geologia, astrologia, medicina, e inclusive compreender o ritmo da música para encontrar o máximo de harmonia com o universo.

Assim, apesar da diferenciação cultural atualmente diver-gente, podemos assinalar pontos de reflexão semelhantes, se tiver-mos em atenção, por exemplo, a evolução histórica dos vários aspe-tos relacionados com a conceção arquitetónica.

Observemos a implantação de um edifício. No Oriente, o posi-cionamento do objeto arquitetónico tem essencialmente em conta a busca da harmonia com o universo, pois considerava-se que o posiciona-

(2)Quinghua Guo, The structure of chinese timber arquitecture – Twelfth Century Design Standar-ts and Construction Principles, doctoral dissertation submittet to the School of Architecture Chalmers University of Tecnology in partial fulfillment of the requirements for the degree of Doc-tor of Philosophy. Chalmers University of Tecnology, Gothemburg, 1995. Esta dissertação estuda 27 antigos edifícios, construídos entre 782 e 1357 e baseia-se no mais antigo tratado Oriental de que se tem conhecimento, Ying-tsao-fa-chi – publicado em 1103, na China.(3) Vitruvius, The ten books on Architecture, Dover pub. New York, 1960.

mento podia influenciar todos os aspetos da vida humana. (4) Também no Ocidente, na Antiguidade, havia teorias para encontrar os lugares mais adequados para a localização dos vários projetos arquitetónicos.

Nesta perspetiva, pretende-se analisar, dissecar e arrumar o processo do pensamento gráfico passo a passo, tentando descobrir os sentidos evidentes mas também os escondidos, descobrir esque-mas, padrões, estruturas e influências históricas e filosóficas, nos desenhos e projetos de arquitetos portugueses que na execução dos suas obras sugerem ter tido influências orientais ou desenvolvi-mentos paralelos. (5)

A existência de diversos trabalhos, (6) de reconhecido méri-to e evidente qualidade, que se debruçaram sobre a evolução da Arquitetura Portuguesa, permitiu-nos a concentração no levanta-mento e análise dos referidos paralelismos, recorrendo sempre que necessário à citação dessas obras. Em relação à arquitetura oriental e, neste caso, da arquitetura macaense, também nos socorremos de trabalhos realizados por estu-diosos locais, (7) que nos permitiram vislumbrar a evolução e a originali-dade da arquitetura mestiça em Macau.

(4)Estamos perante um dos princípios do Feng Shui que significa “Vento e Água”. É a arte de pro-jetar a casa de modo a obter o bem estar da vida humana. Simon Brown, Guia prático Feng Shui, Circulo de Leitores, Lisboa, 1999.(5) “Na curta e acidentada história da arquitetura moderna em Portugal, é o primeiro período designado por anos 30, mas que se estende de 1925 a 1939, que tem suscitado o maior interesse não só por corresponder a um período fértil em novas formas que se difundiram pela cidade mas também pelo risco cada vez maior que existe de ver desaparecer os melhores edifícios e conjun-tos urbanos dessa época. Para aprofundar o conhecimento desse período, tornam-se necessários estudos circunstanciados, que completem as sínteses parcelares já realizadas, sobre a formação e atividade dos arquitetos da primeira geração moderna, esclarecendo a sequência do respetivo trabalho e seus fundamentos, por forma a iluminar as origens e os bastidores do vigoroso movi-mento dos anos 30 em Portugal”, in Catálogo da Exposição Cassiano Branco, Lisboa, 1986, p. 1.(6) Destacando-se especialmente os trabalhos de investigação de: Margarida Maria Acciaiuoli Homem de Campos Tavares de Brito, Os anos 40 em Portugal. O País, o Regime e as Artes «Restauração» e «Celebração», Volume I, Dissertação de Doutoramento em História da Arte Contemporânea. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Universidade Nova de Lisboa, Lis-boa, 1991, cf. Ana Tostões, Os Verdes Anos na Arquitetura Portuguesa dos Anos 50, FAUP Pub-licações, 2ª edição, Porto, 1997.(7) “Macau Património I”, in Revista de Cultura, n.º 34, II, 1998, pp. 5-234; cf. “Macau Património II” in Revista de Cultura, n.º 35/36, II, 1998, pp. 3-322; cf. “A originalidade da Arquitetura Mestiça de Macau”, in Revista de Cultura, n.º 38/39, II, 1999, pp. 109-248; cf. “Património e Urbanismo em Macau. Discurso(s) sobre a cidade” in Revista de Cultura, Edición Internacional 3, Julio 2002, pp. 7- 95.

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Temos consciência que a seleção das obras citadas pode ser considerada tendenciosa (mas todas as escolhas o são); procurámos assim, um universo de opções, aquelas que pensámos ilustrar melhor o nosso percurso mental, a nossa linha de pensamento, certos de que não constituem, de forma alguma, o único percurso possível.

Feita esta breve introdução, propomo-nos apresentar o estu-do em três capítulos.

No primeiro capítulo, serão abordadas a expressão gráfica para os arquitetos e a questão da metodologia projetual. Primeiramente, efetuaremos uma introdução ao processo da conceção arquitetónica através do desenho sob o ponto de vista histórico e teórico. Quanto à expressão gráfica, analisaremos a gramática básica (ponto, linha e plano; abstração na linguagem gráfica) como vocabulário visual do desenho arquitetónico.

Ainda no primeiro capítulo, abordaremos a representação e definição espacial da imagem no desenho arquitetónico, tentando de-terminar a sua necessidade, funcionalidade e suas articulações.

No segundo capítulo, procederemos a um enquadramento de alguns escritos teóricos e metodológicos produzidos no Oriente e no Ocidente. Por outras palavras:–UmprimeiroolharsobreopensamentográficoentreoOcidenteeoOriente. Tentar-se-á enumerar os fatores determinantes que terão in-fluenciado o processo do pensamento gráfico e a conceção do desen-ho arquitetónico, tendo como objetivo principal identificar as linhas convergentes entre o Oriente e o Ocidente, recorrendo à tratadística do Desenho –Umpercursoanalógicoo“De architectura libri decem”e o “Ying-tsao-fa-chi”. Neste sentido, abordaremos o conceito de harmonia sob vários pontos de vista, nomeadamente da geometria, proporção e escala, mas também filosófico e ideológico; ou seja, os FatoresdeterminantesqueinfluenciamaorientaçãodoprocessododesenhoarquitetóniconoOcidenteenoOriente.

O terceiro capítulo consistirá na análise comparativa das Har-monias,nanaturezadodesenho,dosespaçosurbanosearquitetóni-cos, utilizando alguns exemplos de arquitetura ocidental e oriental, nomeadamente da arquitetura portuguesa e macaense.

A metodologia a aplicar no exame dos objetos será a análise da coerência entre o sistema compositivo e o sistema construtivo. Propo-mos, assim, estudar a composição arquitetónica dos edifícios através daAnálisedoselementosgeradoresdeharmoniadacomposiçãoar-quitetónica–OrienteeOcidente. Na conclusão, iremos articular alguns vetores que, supomos, permitirão determinar linhas de convergência entre as duas culturas.

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UMOLHAR SOBRE O DESENHO ARQUITETÓNICO NO OCIDENTE E NO ORIENTE

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Temos consciência que a seleção das obras citadas pode ser considerada tendenciosa (mas todas as escolhas o são); procurámos assim, um universo de opções, aquelas que pensámos ilustrar melhor o nosso percurso mental, a nossa linha de pensamento, certos de que não constituem, de forma alguma, o único percurso possível.

Feita esta breve introdução, propomo-nos apresentar o estu-do em três capítulos.

No primeiro capítulo, serão abordadas a expressão gráfica para os arquitetos e a questão da metodologia projetual. Primeiramente, efetuaremos uma introdução ao processo da conceção arquitetónica através do desenho sob o ponto de vista histórico e teórico. Quanto à expressão gráfica, analisaremos a gramática básica (ponto, linha e plano; abstração na linguagem gráfica) como vocabulário visual do desenho arquitetónico.

Ainda no primeiro capítulo, abordaremos a representação e definição espacial da imagem no desenho arquitetónico, tentando de-terminar a sua necessidade, funcionalidade e suas articulações.

No segundo capítulo, procederemos a um enquadramento de alguns escritos teóricos e metodológicos produzidos no Oriente e no Ocidente. Por outras palavras:–UmprimeiroolharsobreopensamentográficoentreoOcidenteeoOriente. Tentar-se-á enumerar os fatores determinantes que terão in-fluenciado o processo do pensamento gráfico e a conceção do desen-ho arquitetónico, tendo como objetivo principal identificar as linhas convergentes entre o Oriente e o Ocidente, recorrendo à tratadística do Desenho –Umpercursoanalógicoo“De architectura libri decem”e o “Ying-tsao-fa-chi”. Neste sentido, abordaremos o conceito de harmonia sob vários pontos de vista, nomeadamente da geometria, proporção e escala, mas também filosófico e ideológico; ou seja, os FatoresdeterminantesqueinfluenciamaorientaçãodoprocessododesenhoarquitetóniconoOcidenteenoOriente.

O terceiro capítulo consistirá na análise comparativa das Har-monias,nanaturezadodesenho,dosespaçosurbanosearquitetóni-cos, utilizando alguns exemplos de arquitetura ocidental e oriental, nomeadamente da arquitetura portuguesa e macaense.

A metodologia a aplicar no exame dos objetos será a análise da coerência entre o sistema compositivo e o sistema construtivo. Propo-mos, assim, estudar a composição arquitetónica dos edifícios através daAnálisedoselementosgeradoresdeharmoniadacomposiçãoar-quitetónica–OrienteeOcidente. Na conclusão, iremos articular alguns vetores que, supomos, permitirão determinar linhas de convergência entre as duas culturas.

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2.1.2. A harmonia da numerologia Ocidental / Oriental “Tudo o que a Natureza dispôs sistematicamente no Universo parece, tanto nas suas partes como no conjunto, ter sido determinado e or-denado de acordo com o Número, pela previdência e pensamento d’Aquele que criou todas as coisas, porque o modelo estava fixado, como um esboço preliminar, para a dominação do Número, pre-existente no espírito de Deus criador do mundo, número – ideia puramente imaterial em todos os aspetos, mas, ao mesmo tempo, a verdadeira e eterna essência, pelo que, com o Número, como em obediência a um plano artístico, foram criadas todas essas coisas, e o Tempo, o movimento, os céus, os astros e todos os ciclos de todas as coisas” Nicomaco de Gerasa, citação retirada de:

Jean Hanri, O Simbolismo do Templo Cristão, São Paulo, Edições 70, sd, p. 40

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Quadro I - NÚMEROS E SUAS CARACTERÍSTICAS FENG SHUI

(222) Um Trigrama é composto por três linhas. Cada linha pode assumir o valor de Yin ou de Yang sendo no primeiro caso representado por uma linha interrompida; e no segundo, por uma linha contínua. Desta forma, existem oito trigramas diferentes, o número de combinações possíveis. Cf. R. L. Wing, Op. cit., 2001, pp. 16-18.(223) Ibidem.

O número um está assim relacionado com a direção norte, o trigrama Yin/Yang/Yin (222) simboliza a água, representa o filho do meio, associa-se à cor branco sujo, representa a noite e o meio do inverno. A ener-gia Chi, do número um, a água, representa a con-ceção – o início da vida. Está relacionada com o sexo, a espiritualidade e o isolamento.

O número oito, situa-se no nordeste. O tri-grama Yang/Yin/Yin, simboliza a terra, mais especi-ficamente a montanha. No paralelismo familiar cor-responde à posição do filho mais novo, à cor branco resplandescente, à madrugada e à estação do ano de inverno na passagem para a primavera. É nesta fase que a criança aprende a interagir com o mundo. Aqui desenvolve a sua individualidade, o instinto de competição, orientado para a sobrevivência e da preparação para a próxima fase, a força e ainda a teimosia. O Chi, do nordeste, é fortemente pene-trante e muda rapidamente de direção; é mais ativo pouco antes do nascer do sol e no final do inverno. A montanha simboliza a aridez da pedra. Os filhos mais novos são tradicionalmente mimados e com-petitivos, características que implicam motivação, sinceridade e mordacidade.Uma atmosfera viva e intensa é criada pelo branco-resplandescente. (223)

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UM OLHAR SOBRE O DESENHO ARQUITETÓNICO NO OCIDENTE E NO ORIENTE

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(224) Ibidem.(225) Ibidem.

Três associa-se à direção este, corresponde ao trigrama Yin/Yin/Yang, representa a árvore, sim-boliza o trovão; o membro de família é representado pelo filho mais velho; assume-se pela cor verde, carac-teriza o momento do dia do amanhecer, do nascer do sol e está ligado à estação da primavera. A energia encontra-se activa e centrada – mais intensamente ao nascer do sol. A árvore fornece uma energia im-pulsionadora no sentido ascendente e a imagem do nascer do sol acrescenta ainda a sensação de início dum novo dia. O trovão simboliza um grande poder, a agressão e a necessidade de sair para fazer com que as coisas aconteçam. O filho mais velho assume tradi-cionalmente o papel de assegurar a subsistência da família depois do desaparecimento dos pais – ele é o futuro da família – e esta energia Chi está relacionada com ambição, com a concretização de ideias e com a realização de sonhos. O verde do este é vivo, estimula sensações de conhecimento, frescura e vitalidade.(224)

O número quatro localiza-se na direção sudeste, com o trigrama Yang/Yang/Yin, simboliza o vento. Representa a filha mais velha, a cor verde escura, o meio da manhã e o final da primavera/princípio do verão. Esta é a base da maturidade e do progresso harmonioso, altura adequada para os relacionamentos duradouros, como noivado ou o casamento. Aqui, a energia Chi está activa e atare-fada, mas menos intensa que o este. Atinge o ponto mais forte a meio da manhã e no princípio do verão, quando o sol se ergue no céu. O símbolo do vento trás persistência e poder a esta energia Chi, porém a um nível menos agressivo e drástico do que o tro-vão. A filha mais velha é mais gentil do que o filho mais velho; esta energia Chi encoraja um progresso harmonioso e ordenado. O verde-escuro é mais pro-fundo e constante do que o verde-vivo do este. Sim-boliza o crescimento e a vitalidade, todavia de uma natureza mais madura. Alguns azuis têm as mesmas características. (225)

(226) Ibidem.(227) Ibidem.

O número nove localiza-se no sul, com o trigrama Yang/Yin/Yang. Simboliza o fogo, associa-se à filha do meio, à cor púrpura, ao meio dia, e ao meio do verão. Esta fase representa o apogeu da vida, quando o trabalho árduo é finalmente recom-pensado e os benefícios provenientes do sucesso e do reconhecimento público podem finalmente ser apreciados. A energia do sul é impetuosa, apaixo-nada e viva, estando mais activa ao meio dia e em pleno verão, quando o Sol atinge o seu ponto mais alto. Se a energia Chi desta parte da casa fluir cor-rectamente, o resultado tende ser a fama e a as-censão social. A filha do meio traz a sua natureza extrovertida, expansiva e social a esta direção. Rela-ciona-se ainda com a inteligência e com a beleza. A cor púrpura – nomeadamente a tonalidade que se encontra na base de uma chama insufla paixão, en-tusiasmo e calor. (226)

O número dois corresponde ao ponto car-deal sudeste, o trigrama Yin/Yin/Yin, corresponde aos cinco elementos, a terra, representa a mãe, a mulher mais velha. Relaciona-se com a cor preta, o momento do dia a princípio da tarde e a estação do ano ao final do verão princípio do outono. A energia Chi é simbolizada pelo o estado mais acomodado da meia idade – altura para passar mais tempo em casa – onde a harmonia familiar é o tema dominante. O símbolo da mãe traz fertilidade e encoraja a harmo-nia familiar. Similarmente, a terra transmite a ideia do sustento e dos cuidados pela vida. O preto, a cor da terra fértil e escura, aumenta a atmosfera de nu-trição e apoio. (227)

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HARMONIA E PROPORÇÃO

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UM OLHAR SOBRE O DESENHO ARQUITETÓNICO NO OCIDENTE E NO ORIENTE

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(224) Ibidem.(225) Ibidem.

Três associa-se à direção este, corresponde ao trigrama Yin/Yin/Yang, representa a árvore, sim-boliza o trovão; o membro de família é representado pelo filho mais velho; assume-se pela cor verde, carac-teriza o momento do dia do amanhecer, do nascer do sol e está ligado à estação da primavera. A energia encontra-se activa e centrada – mais intensamente ao nascer do sol. A árvore fornece uma energia im-pulsionadora no sentido ascendente e a imagem do nascer do sol acrescenta ainda a sensação de início dum novo dia. O trovão simboliza um grande poder, a agressão e a necessidade de sair para fazer com que as coisas aconteçam. O filho mais velho assume tradi-cionalmente o papel de assegurar a subsistência da família depois do desaparecimento dos pais – ele é o futuro da família – e esta energia Chi está relacionada com ambição, com a concretização de ideias e com a realização de sonhos. O verde do este é vivo, estimula sensações de conhecimento, frescura e vitalidade.(224)

O número quatro localiza-se na direção sudeste, com o trigrama Yang/Yang/Yin, simboliza o vento. Representa a filha mais velha, a cor verde escura, o meio da manhã e o final da primavera/princípio do verão. Esta é a base da maturidade e do progresso harmonioso, altura adequada para os relacionamentos duradouros, como noivado ou o casamento. Aqui, a energia Chi está activa e atare-fada, mas menos intensa que o este. Atinge o ponto mais forte a meio da manhã e no princípio do verão, quando o sol se ergue no céu. O símbolo do vento trás persistência e poder a esta energia Chi, porém a um nível menos agressivo e drástico do que o tro-vão. A filha mais velha é mais gentil do que o filho mais velho; esta energia Chi encoraja um progresso harmonioso e ordenado. O verde-escuro é mais pro-fundo e constante do que o verde-vivo do este. Sim-boliza o crescimento e a vitalidade, todavia de uma natureza mais madura. Alguns azuis têm as mesmas características. (225)

(226) Ibidem.(227) Ibidem.

O número nove localiza-se no sul, com o trigrama Yang/Yin/Yang. Simboliza o fogo, associa-se à filha do meio, à cor púrpura, ao meio dia, e ao meio do verão. Esta fase representa o apogeu da vida, quando o trabalho árduo é finalmente recom-pensado e os benefícios provenientes do sucesso e do reconhecimento público podem finalmente ser apreciados. A energia do sul é impetuosa, apaixo-nada e viva, estando mais activa ao meio dia e em pleno verão, quando o Sol atinge o seu ponto mais alto. Se a energia Chi desta parte da casa fluir cor-rectamente, o resultado tende ser a fama e a as-censão social. A filha do meio traz a sua natureza extrovertida, expansiva e social a esta direção. Rela-ciona-se ainda com a inteligência e com a beleza. A cor púrpura – nomeadamente a tonalidade que se encontra na base de uma chama insufla paixão, en-tusiasmo e calor. (226)

O número dois corresponde ao ponto car-deal sudeste, o trigrama Yin/Yin/Yin, corresponde aos cinco elementos, a terra, representa a mãe, a mulher mais velha. Relaciona-se com a cor preta, o momento do dia a princípio da tarde e a estação do ano ao final do verão princípio do outono. A energia Chi é simbolizada pelo o estado mais acomodado da meia idade – altura para passar mais tempo em casa – onde a harmonia familiar é o tema dominante. O símbolo da mãe traz fertilidade e encoraja a harmo-nia familiar. Similarmente, a terra transmite a ideia do sustento e dos cuidados pela vida. O preto, a cor da terra fértil e escura, aumenta a atmosfera de nu-trição e apoio. (227)

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UM OLHAR SOBRE O DESENHO ARQUITETÓNICO NO OCIDENTE E NO ORIENTE

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S

9 – FogoFama e Reputação

– Fogo – filha do meio

Li

N

1 – ÁguaCarreira e Percurso

de Vida– Água –

filho do meioKan

NO

6 – MetalAmigos Influentes

– Céu – pai

Qian

SE

4 – ÁrvoreBênçãos Afortunadas

– Vento –filha mais velha

Xun

(228) Ibidem.(229) Ibidem.

O número sete localiza-se no oeste, carac-teriza-se por Yin/Yang/Yang. Representa o metal, o lago, a filha mais nova, a cor vermelha, o final da tarde/pôr do Sol e o outono. Esta é a altura de meia-idade tardia, perto da reforma. É o momento para descansar e tirar prazer dos frutos do seu trabalho. A energia Chi do oeste relaciona-se com os lucros fi-nanceiros e com a colheita, estando mais activa ao pôr do sol e no outono. O símbolo do lago engloba uma tendência mais profunda e reflexiva. A filha mais nova reforça a natureza lúdica desta direção, estando ainda associada à persecução da felicidade. A cor do oeste é o vermelho, tal como o brilho in-tenso de um pôr do sol incandescente. Aumenta assensações de amor, jovialidade e satisfação. (228)

O número seis localiza-se na direção do noroeste, com o trigrama Yang/Yang/Yang. Sim-boliza o céu, representa o pai/homem mais velho, a cor branco-prateado, princípio da noite/crepúsculo e o final do outono/inverno. Esta é a fase final do ciclo da vida – a terceira idade. Nesta altura, a acu-mulação de experiências levou à sabedoria e urge, então, a possibilidade de ajudar os outros a viver as suas primeiras fases. A energia Chi do noroeste está ligada à liderança, à organização e à planificação, en-contrando-se mais activa no crepúsculo, no final do outono ou no inverno. O símbolo do céu acrescenta a dignidade, sabedoria e uma imagem de superiori-dade. O pai traz a noção de respeito, autoridade e responsabilidade. A associação do branco-prateado a um homem mais velho reforça ainda mais a im-pressão de dignidade, orgulho e sabedoria. (229)

Por último, o número cinco representa o centro de todos os números e contém característi-cas de todos os números que o rodeiam. Não tem trigrama associado. O elemento característico é a terra. Está associado à cor castanho.

QUADRO II - SIMBOLOGIA DO “QUADRADO MÁGICO”

SO

2 – SoloRelações– Terra –

mãe

Kun

E

3 – ÁrvoreFamília, Antepassados

– Trovão – filho mais velho

Zhen

Tai Chi5 – SoloSaúde

O

7 – MetalCriatividade,Descendente

– Lago – filha mais nova

Tui

NE8 – Solo

Contemplação eConhecimento de si

próprio– Montanha –

filho mais novo

Gen

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UM OLHAR SOBRE O DESENHO ARQUITETÓNICO NO OCIDENTE E NO ORIENTE

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S

9 – FogoFama e Reputação

– Fogo – filha do meio

Li

N

1 – ÁguaCarreira e Percurso

de Vida– Água –

filho do meioKan

NO

6 – MetalAmigos Influentes

– Céu – pai

Qian

SE

4 – ÁrvoreBênçãos Afortunadas

– Vento –filha mais velha

Xun

(228) Ibidem.(229) Ibidem.

O número sete localiza-se no oeste, carac-teriza-se por Yin/Yang/Yang. Representa o metal, o lago, a filha mais nova, a cor vermelha, o final da tarde/pôr do Sol e o outono. Esta é a altura de meia-idade tardia, perto da reforma. É o momento para descansar e tirar prazer dos frutos do seu trabalho. A energia Chi do oeste relaciona-se com os lucros fi-nanceiros e com a colheita, estando mais activa ao pôr do sol e no outono. O símbolo do lago engloba uma tendência mais profunda e reflexiva. A filha mais nova reforça a natureza lúdica desta direção, estando ainda associada à persecução da felicidade. A cor do oeste é o vermelho, tal como o brilho in-tenso de um pôr do sol incandescente. Aumenta assensações de amor, jovialidade e satisfação. (228)

O número seis localiza-se na direção do noroeste, com o trigrama Yang/Yang/Yang. Sim-boliza o céu, representa o pai/homem mais velho, a cor branco-prateado, princípio da noite/crepúsculo e o final do outono/inverno. Esta é a fase final do ciclo da vida – a terceira idade. Nesta altura, a acu-mulação de experiências levou à sabedoria e urge, então, a possibilidade de ajudar os outros a viver as suas primeiras fases. A energia Chi do noroeste está ligada à liderança, à organização e à planificação, en-contrando-se mais activa no crepúsculo, no final do outono ou no inverno. O símbolo do céu acrescenta a dignidade, sabedoria e uma imagem de superiori-dade. O pai traz a noção de respeito, autoridade e responsabilidade. A associação do branco-prateado a um homem mais velho reforça ainda mais a im-pressão de dignidade, orgulho e sabedoria. (229)

Por último, o número cinco representa o centro de todos os números e contém característi-cas de todos os números que o rodeiam. Não tem trigrama associado. O elemento característico é a terra. Está associado à cor castanho.

QUADRO II - SIMBOLOGIA DO “QUADRADO MÁGICO”

SO

2 – SoloRelações– Terra –

mãe

Kun

E

3 – ÁrvoreFamília, Antepassados

– Trovão – filho mais velho

Zhen

Tai Chi5 – SoloSaúde

O

7 – MetalCriatividade,Descendente

– Lago – filha mais nova

Tui

NE8 – Solo

Contemplação eConhecimento de si

próprio– Montanha –

filho mais novo

Gen

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HARMONIA E PROPORÇÃO

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2.1.3. A harmonia Oriental Feng Shui e a Geomância “No Universo nada é constante. Todos os fluxos e marés, e tudo o que nasce, transporta no seu ventre as sementes de mudança”

Tao, Ovídio, Metamorfoses, citação retirada R. L. Wing, Manual prático de I Ching, Lisboa, Sinais de Fogo

Publicações L.da., 2001, p. 13

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HARMONIA E PROPORÇÃO

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2.1.3.1. Harmonia e o significado das cores na Arquitetura, de acordo com Feng Shui O carácter da “cor” dá sustentação à expressão paradoxal budista: “cor é vazio, vazio é a cor. Cor não é vazio, vazio não é a cor”

Sarah Rossbach; Lin Yun Feng Shui e a arte da cor, Rio de Janeiro, Editora Campus, 1998, p. XVII

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UM OLHAR SOBRE O DESENHO ARQUITETÓNICO NO OCIDENTE E NO ORIENTE

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Quadro III - CORES E SUAS CARACTERÍSTICASFENG SHUI

LARANJA

O laranja, uma mistura de vermelho e amarelo, é auspicioso e imbuído com as carac-terísticas dessas cores – felicidade e poder. Representa a criatividade, a alegria, a solidariedade, a energia, tanto mental como física. A sua tonalidade está mais próxima do elemento fogo do que do elemento solo. É apropriada para utilização nas áreas dos rela-cionamentos, do conhecimento, da saúde, dos amigos influentes e dos filhos.

AZUL

BRANCO

Para os chineses é a cor do luto, por essa razão não se emprega frequentemente. No Ocidente, ao contrário, representa a pureza, a inocência, a candura e a cordialidade. O branco é adequado para as áreas dos filhos, dos amigos influentes e dos corredores.

Representa a espiritualidade, o auto-conhecimento, a consideração; é a cor associada à fé, à constância e à lealdade. Nos negócios, sublinha as características de fiabilidade e de honestidade. Estando relacionada ao elemento água, recomenda-se a sua utilização nas áreas relaciona-das com o bem-estar, os antepassados e a carreira.

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UM OLHAR SOBRE O DESENHO ARQUITETÓNICO NO OCIDENTE E NO ORIENTE

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VERMELHO

PÚRPURA

ROSA

VERDE

Os chineses consideram esta cor muito mais fa-vorável que a cor vermelha. Tradicionalmente é atribuída a filósofos, sonhadores, escritores e vi-sionários e está associada a altos ideais como a honestidade, a verdade e o amor. Associada ao elemento fogo é adequada a áreas de relações, do conhecimento e da fama.

Representa o amor e o sentimento, ate-nua a agressividade e acalma. É considerada uma cor saudável porque atrai alegria, felicidade e o amor romântico. Associada aos elementos fogo e solo. É adequada a ser aplicada em áreas dos relaciona-mentos e do conhecimento.

É a cor da vida, convida ao crescimento, à felicidade, à alegria e à virtude. Contém uma grande carga de energia e representa o amor pas-sional. As noivas chinesas vestem-se de vermelho para atrair a boa sorte, a felicidade e o amor. Associada ao elemento fogo, serve para activar as áreas das relações, do conhecimento e da fama; mas não deve ser utilizada em excesso.

Actua como estabilizadora de todo o sistema do organismo humano, representa o equilíbrio a harmonia e a paz. É a cor do cresci-mento e favorece a cura e a tranquilidade. A cor utilizada em excesso pode representar um travão ao desenvolvimento. Associada ao elemento Árvore, deve ser utilizada nas áreas do bem-estar, dos antepassa-dos e da fama.

AMARELO

CINZA

CASTANHO

PRETO

Está associado ao elemento solo, é uma cor de reunião, que estimula a energia mental e representa a sabedoria. Está associada à paciência e à tolerância. É uma cor adequada para as áreas das relações, do conhecimento, dos amigos influen-tes e das crianças.

Está associada ao medo e à depressão, relaciona-se ao elemento água e deve usar-se com moderação, junto à porta de entrada e nas áreas de corredores; também nas áreas dos ami-gos influentes e na dos filhos.

É uma cor derivada do solo e simboliza uma pessoa de respeito, estável, firme, prática e bem enraizada. É uma cor adequada para as áreas do conhecimento, das relações, dos amigos influen-tes e das crianças.

É uma cor muito poderosa, que repre-senta o dinheiro, o poder, mas que deve ser utili-zada com moderação, por ser a cor que absorve mais energia do ambiente. Aplica-se para equilibrar cores intensas e raramente isolada. Está relacionada ao elemento água e é adequada a ser utilizada nas áreas de corredores, do bem-estar e dos antepassados.

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VERMELHO

PÚRPURA

ROSA

VERDE

Os chineses consideram esta cor muito mais fa-vorável que a cor vermelha. Tradicionalmente é atribuída a filósofos, sonhadores, escritores e vi-sionários e está associada a altos ideais como a honestidade, a verdade e o amor. Associada ao elemento fogo é adequada a áreas de relações, do conhecimento e da fama.

Representa o amor e o sentimento, ate-nua a agressividade e acalma. É considerada uma cor saudável porque atrai alegria, felicidade e o amor romântico. Associada aos elementos fogo e solo. É adequada a ser aplicada em áreas dos relaciona-mentos e do conhecimento.

É a cor da vida, convida ao crescimento, à felicidade, à alegria e à virtude. Contém uma grande carga de energia e representa o amor pas-sional. As noivas chinesas vestem-se de vermelho para atrair a boa sorte, a felicidade e o amor. Associada ao elemento fogo, serve para activar as áreas das relações, do conhecimento e da fama; mas não deve ser utilizada em excesso.

Actua como estabilizadora de todo o sistema do organismo humano, representa o equilíbrio a harmonia e a paz. É a cor do cresci-mento e favorece a cura e a tranquilidade. A cor utilizada em excesso pode representar um travão ao desenvolvimento. Associada ao elemento Árvore, deve ser utilizada nas áreas do bem-estar, dos antepassa-dos e da fama.

AMARELO

CINZA

CASTANHO

PRETO

Está associado ao elemento solo, é uma cor de reunião, que estimula a energia mental e representa a sabedoria. Está associada à paciência e à tolerância. É uma cor adequada para as áreas das relações, do conhecimento, dos amigos influen-tes e das crianças.

Está associada ao medo e à depressão, relaciona-se ao elemento água e deve usar-se com moderação, junto à porta de entrada e nas áreas de corredores; também nas áreas dos ami-gos influentes e na dos filhos.

É uma cor derivada do solo e simboliza uma pessoa de respeito, estável, firme, prática e bem enraizada. É uma cor adequada para as áreas do conhecimento, das relações, dos amigos influen-tes e das crianças.

É uma cor muito poderosa, que repre-senta o dinheiro, o poder, mas que deve ser utili-zada com moderação, por ser a cor que absorve mais energia do ambiente. Aplica-se para equilibrar cores intensas e raramente isolada. Está relacionada ao elemento água e é adequada a ser utilizada nas áreas de corredores, do bem-estar e dos antepassados.

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