*Filipa Rodrigues - Aluna do 6.º ano da licenciatura em Medicina da Escola de Ciências da
Saúde da Universidade do Minho
** Elisabete Ramos - Nutricionista - Departamento de Saúde Pública da ARS Norte, I.P. e
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
***Mário Freitas - Médico de Saúde Pública - Unidade Operativa de Saúde Pública de Braga
****Maria Neto - Médica de Saúde Pública - Departamento de Saúde Pública da ARS Norte, I.P.
Capa de Margarida Azevedo – Eng.ª Publicitária
Filipa Rodrigues*
Elisabete Ramos**
Mário Freitas***
Maria Neto****
I
Resumo
Os utentes e funcionários das instituições de saúde têm frequentemente
necessidade de nelas permanecer durante várias horas, tornando-se, por isso, necessário
criar meios que permitam ingerir alimentos nesses períodos, nomeadamente máquinas
de venda automática de alimentos (MVAA).
Este trabalho teve como finalidade avaliar em que medida os alimentos
disponibilizados nos Centros de Saúde (CS) e Hospitais públicos dos distritos de Braga,
Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real contribuíam para promover uma
alimentação saudável.
Para isso, foi elaborado um questionário que foi enviado para os Coordenadores
das Sub-regiões de Saúde (para aplicação nas sedes e extensões dos CS) e Presidentes
do Conselhos de Administração dos Hospitais públicos. No questionário solicitava-se o
registo de informação sobre a existência de MVAA, quais os alimentos disponibilizados
e quais os mais vendidos. Os alimentos foram classificados em 3 grupos: alimentos “a
promover”, alimentos “a limitar” e alimentos “a não disponibilizar”.
Responderam ao questionário 71 % dos CS e 83 % dos Hospitais.
Verificou-se que as MVAA estavam presentes em cerca de metade dos locais,
existindo pelo menos uma em 93% dos locais pertencentes a Hospitais, em 71% dos
locais correspondentes a Sedes de CS e em 21% dos locais em Extensões de CS. Tendo
em conta o tipo de alimentos vendidos, as MVAA que existiam em maior número eram
as que vendiam alimentos sólidos e líquidos e as que disponibilizavam café, chá e leite.
Os tipos de alimentos do grupo “a não disponibilizar” eram disponibilizados em
maior número. No entanto, os alimentos do grupo “a promover” foram referidos mais
vezes como os mais vendidos.
Assim, as acções de promoção de alimentação saudável em toda a Região de
Saúde do Norte são imprescindíveis e urgentes.
II
ÍNDICE GERAL
1. Introdução ..................................................................................................................... 1
2. Material e Métodos ....................................................................................................... 6
2.1. Tipo de estudo ....................................................................................................... 6
2.2. Universo e população em estudo ........................................................................... 6
2.3. Suporte de informação ........................................................................................... 6
2.4. Procedimentos e análise de dados ......................................................................... 7
3. Resultados ..................................................................................................................... 9
4. Discussão .................................................................................................................... 22
5. Conclusões .................................................................................................................. 26
6. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 27
Anexos ............................................................................................................................ 29
III
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos,
por tipo de instituição ..................................................................................................... 10
Figura 2. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos,
nos locais referidos pelas Sedes de Centros de Saúde, por distrito ............................... 11
Figura 3. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos,
nos locais referidos pelas Extensões de Centros de Saúde, por distrito ......................... 11
Figura 4. Os dez alimentos disponibilizados numa maior proporção de locais com
máquina de venda automática de alimentos e proporção de locais que os disponibilizam
........................................................................................................................................ 16
Figura 5. Os dez alimentos mais vendidos numa maior proporção de locais com
máquina de venda automática de alimentos e proporção de locais que os referem como
mais vendidos ................................................................................................................. 16
IV
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Classificação da OMS do Baixo Peso, Excesso de Peso e Obesidade, de acordo
com o Indíce de Massa Corporal ...................................................................................... 2
Tabela 2. Prevalência de categorias de Índice de Massa Corporal por grupos etários na
Região de Saúde do Norte ................................................................................................ 3
Tabela 3. Alimentos disponibilizados nas máquina de venda automática de alimentos,
classificados por grupos ................................................................................................... 8
Tabela 4. Existência de máquina de venda automática de alimentos por instituição,
consoante a existência de bar exclusivo para funcionários e/ou bar para utentes .......... 12
Tabela 5. Análise descritiva dos tipos de máquina de venda automática de alimentos
existentes ........................................................................................................................ 12
Tabela 6. Número de locais com máquina de venda automática de alimentos onde cada
bebida é disponibilizada e número de locais com máquina de venda automática de
alimentos que a referem como mais vendida ................................................................. 14
Tabela 7. Número de locais com máquina de venda automática de alimentos onde cada
alimento sólido é disponibilizado e número de locais com máquina de venda automática
de alimentos que o referem como mais vendido ............................................................ 15
Tabela 8. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos nos
locais com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o grupo
nutricional ....................................................................................................................... 17
Tabela 9. Análise descritiva dos tipos de bebidas disponibilizadas e mais vendidas nos
locais com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o grupo
nutricional ....................................................................................................................... 18
Tabela 10. Análise descritiva dos tipos de alimentos sólidos disponibilizados e mais
vendidos nos locais com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o
grupo nutricional ............................................................................................................ 18
Tabela 11. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos
nos locais com máquina de venda automática de alimentos, por distrito ....................... 19
Tabela 12. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos
nos locais com máquina de venda automática de alimentos, por instituição ................. 20
Tabela 13. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos
nos locais com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com a existência
de bares para utentes ....................................................................................................... 21
V
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CDP – Centro de Diagnóstico Pneumológico
CRSPN – Centro Regional de Saúde Pública do Norte
CS – Centros de Saúde
DALYs – Disability Adjusted Life Years
HC – Hidratos de Carbono
IMC – Índice de Massa Corporal
L – Limitar
mg - miligramas
MVAA – Máquinas de Venda Automática de Alimentos
ND – Não Disponibilizar
NUT – Nomenclatura das Unidades Territoriais
OMS – Organização Mundial de Saúde
P – Promover
PNS – Plano Nacional de Saúde
RSN – Região de Saúde do Norte
SACU – Serviço de Atendimento a Consultas Urgentes
SAP – Serviço de Atendimento Permanente
SASU – Serviço de Atendimento de Situações Urgentes
SRS – Sub-Regiões de Saúde
SSP – Serviço de Saúde Pública
UOSP – Unidade Operativa de Saúde Pública
VI
AGRADECIMENTOS
A todos os Coordenadores das Sub-regiões de Saúde, Centros de Saúde
e Hospitais públicos dos distritos de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real
A todos os que participaram neste estudo através do preenchimento e envio dos
questionários
1
1. Introdução
A promoção da saúde consiste no processo que visa aumentar a capacidade dos
indivíduos e das comunidades para controlar a sua saúde, no sentido de a melhorar. Em
1986 realizou-se em Ottawa, Canadá, a 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde, na qual foi dada ênfase à necessidade de tornar os factores políticos,
económicos, sociais, culturais, ambientais e biológicos favoráveis à saúde. Deste modo,
um aspecto importante da promoção da saúde consiste na capacitação das populações
para a adopção de estilos de vida saudáveis, como sejam os relacionados com a
alimentação (1)
. A alimentação saudável assume novamente papel de destaque na 2ª
Conferência Internacional sobre promoção da saúde, realizada em Adelaide (1988), ao
ser descrita como um pré-requisito para a saúde (2)
. A Declaração de Jakarta (1997)
aponta igualmente a alimentação como um determinante da saúde, alertando para o
aumento da prevalência das doenças crónicas (3)
.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças crónicas não
transmissíveis (doenças cardiovasculares, cancros, patologia respiratória crónica,
diabetes mellitus, doenças osteoarticulares e perturbações de saúde mental) são hoje a
principal causa de mortalidade e morbilidade mundial (4). Dada a sua incidência
crescente, estima-se que em 2020 contribuam com 20% do total da doença expresso em
DALYs (disability adjusted life years, i.e., anos de vida perdidos ajustados para a
incapacidade). Estas patologias são, contudo, potencialmente preveníveis, já que muitos
dos seus determinantes estão relacionados com estilos de vida modificáveis. Segundo a
OMS, nos países desenvolvidos os dez principais factores de risco, tendo em conta a
percentagem da carga da doença expressa em DALYs, são o tabaco (12,2%), a
hipertensão arterial (10,9%), as bebidas alcoólicas (9,2%), a hipercolesterolemia (7,6%),
o excesso de peso (7,4%), a baixa ingestão de fruta e vegetais (3,9%), o sedentarismo
(3,3%), as drogas ilícitas (1,8%), as relações sexuais desprotegidas (0,8%) e a
deficiência de ferro (0,8%). Assim, a instituição de medidas de controlo e prevenção
destes factores de risco poderá limitar ou inverter a incidência crescente das doenças
crónicas não transmissíveis. Neste contexto, os hábitos alimentares assumem especial
importância, já que constituem por si só um factor de risco (baixa ingestão de fruta e
vegetais). Por outro lado, uma alimentação desequilibrada contribui para a génese de
outros dos factores de risco enunciados, nomeadamente hipertensão arterial,
hipercolesterolemia e excesso de peso.
2
O excesso de peso é actualmente um importante problema de saúde pública,
tendo a OMS declarado a obesidade como a epidemia global do século XXI. Esta
organização classifica os adultos como tendo baixo peso, excesso de peso e obesidade,
com base no Índice de Massa Corporal (IMC) (kg/m2) (tabela 1)
(5).
Tabela 1. Classificação da OMS do Baixo Peso, Excesso de Peso e Obesidade, de acordo com o Índice de
Massa Corporal (5)
Classificação IMC(kg/m²)
Baixo peso <18.50
Magreza severa <16.00
Magreza moderada 16.00 - 16.99
Magreza ligeira 17.00 - 18.49
Peso Normal 18.50 - 24.99
Excesso de peso ≥25.00
Pré-obesidade 25.00 - 29.99
Obesidade ≥30.00
Obesidade classe I 30.00 - 34-99
Obesidade classe II 35.00 - 39.99
Obesidade classe III ≥40.00
IMC- Índice de Massa Corporal OMS- Organização Mundial de Saúde Fonte: OMS
Na União Europeia, a obesidade é responsável por cerca de 7% dos custos dos
cuidados de saúde (5)
. A sua prevalência nos adultos aumentou 10 a 40% na última
década, afectando 10-27% dos homens e 38% das mulheres (6)
. O excesso de peso nas
crianças é também um problema emergente: em Portugal, Espanha e Itália, mais de 30%
das crianças entre os 7 e os 11 anos têm excesso de peso, incluindo obesidade (6)
.
O IMC das crianças portuguesas aumentou entre 1970 e 2002, especialmente
entre 1992 e 2002, devido a um aumento mais marcado do peso em relação à altura
neste último período (7)
. Segundo um estudo realizado em 2002/2003, a prevalência do
excesso de peso nas crianças portuguesas (7-9 anos de idade) é de 31,5%, sendo que
20,3% das crianças são pré-obesas e 11,3% são obesas. Tendo em consideração o sexo,
as raparigas apresentam prevalências superiores de pré-obesidade e obesidade, excepto
aos 7,5 e 9 anos de idade, respectivamente. Dados mais recentes (2007) apontam para
3
uma prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade) de 29% nos rapazes e 33%
nas raparigas portuguesas entre os 6 e os 12 anos de idade (8)
.
No que concerne aos adultos portugueses, os resultados dos Inquéritos Nacionais
de Saúde de 1995/6 e 1998/9 mostram um aumento da prevalência do excesso de peso.
Nos homens, a prevalência da pré-obesidade e obesidade aumentou de 39,9% para
42,5% e de 10,3% para 11,5%, respectivamente. Nas mulheres, enquanto que a
prevalência da pré-obesidade se manteve estável (32,2% e 32,3%, em 1995/6 e 1998/9,
respectivamente), a prevalência da obesidade sofreu um incremento de 12,7% para
14,2%. Em ambos os sexos, verificou-se que a prevalência quer de pré-obesidade quer
de obesidade aumenta com a idade, atingindo o seu pico entre os 50 e os 59 anos (9)
.
Segundo dados mais recentes da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade
(2005), a prevalência de pré-obesidade e obesidade é de cerca de 44,1% e 14,5% nos
homens e 31,9% e 14,6% nas mulheres, respectivamente (10)
.
Relativamente à Região Norte (NUT II), os dados do Inquérito Nacional de
Saúde de 1998/99 mostram que a prevalência de excesso de peso é consideravelmente
elevada, especialmente a partir dos 45 anos de idade (11)
(tabela 2).
Tabela 2. Prevalência de categorias de Índice de Massa Corporal por grupos etários na Região
Norte (11)
IMC
[kg/m2]
Idade (anos)
18-24 25-34 35-44 45-54 55-64 >64
(n=1588) (n=2087) (n=2025) (n=1900) (n=1602) (n=2221)
<18,0 2,8% 2,0% 0,4% 0,5% 0,7% 1.6%
18,0-19,9 13,0% 6,3% 3,5% 2,3% 2,2% 4,0%
20,0-24,9 65,0% 54,5% 45,0% 36,3% 34,3% 38,0%
25,0-26,9 10,5% 16,7% 20,3% 18,9% 21,0% 17,5%
27,0-29,9 6,1% 13,7% 19,6% 24,1% 24,0% 23,0%
>30,0 2,0% 6,5% 11,0% 17,6% 17,5% 15,0%
IMC- Índice de massa corporal n -número Fonte: Inquérito Nacional de Saúde 1998/99
Dada a elevada prevalência e mortalidade de patologias relacionadas com a
alimentação, tanto a nível mundial como nacional e regional, a promoção de uma
alimentação saudável nestes vários contextos constitui uma poderosa estratégia de
influência positiva na saúde das populações. O documento “Estratégia Global de
Alimentação, Actividade Física e Saúde”, aprovado pela OMS, além do aumento da
actividade física, recomenda o aumento do consumo de frutas, cereais e vegetais e a
4
diminuição do consumo de cloreto de sódio, hidratos de carbono simples e lípidos,
dando preferência aos lípidos com ácidos gordos insaturados (12).
Em Portugal, em 1977, foi criada a Roda dos Alimentos Portuguesa para a
Campanha de Educação Alimentar “Saber comer é saber viver”. Devido à evolução dos
conhecimentos científicos nesta temática, houve necessidade de proceder à actualização
deste instrumento. Assim, em 2003, a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação
da Universidade do Porto publicou a nova Roda dos Alimentos. Encontra-se dividida
em sete grupos de alimentos de diferentes dimensões, indicativas da proporção que cada
um deles deve assumir numa alimentação diária equilibrada: cereais, derivados e
tubérculos (28%), hortícolas (23%), fruta (20%), lacticínios (18%), carne, pescado e
ovos (5%), leguminosas (4%) e gorduras e óleos (2%). Aconselha-se uma ingestão de
alimentos diferentes de cada grupo, variando ao longo dos dias. A água, por sua vez,
ocupa uma posição central, visto fazer parte da composição de quase todos os alimentos
e ser importante a sua ingestão. A água poderá ser substituída por outras bebidas sem
adição de açúcar, álcool ou cafeína, tais como sumos de fruta naturais e chás sem
cafeína. A ingestão de cafeína deverá ser limitada a 300 mg por dia nos adultos1,
estando desaconselhada nas crianças e adolescentes. Relativamente às bebidas
alcoólicas, podem ser ingeridas apenas pelos adultos e com moderação. A nova Roda
apresenta também restrições relativamente a outros alimentos. Assim, a ingestão de
alimentos ricos em açúcar refinado (tais como refrigerantes, bolos, chocolates,
compotas e rebuçados) deve ser feita no final das refeições e apenas em ocasiões
festivas. Por último, a quantidade de cloreto de sódio consumida diariamente não deverá
ultrapassar os 5 gramas. Aconselha-se a substituição do sal por ervas aromáticas e
especiarias na confecção de alimentos, devendo moderar-se a ingestão de produtos
salgados (tais como produtos de charcutaria, enlatados e batatas fitas) (13).
A promoção de hábitos alimentares saudáveis, assim como a promoção da saúde
em geral, deve ser adaptada às necessidades e possibilidades de cada país e região,
sendo um processo que compete a todos os sectores da sociedade, tendo os profissionais
e as instituições de saúde um papel de grande responsabilidade neste contexto. Este
aspecto é frisado em vários documentos resultantes de Conferências Internacionais
sobre Promoção da Saúde (1,2,14)
, assim como no actual Plano Nacional de Saúde (PNS)
(15). O Programa Nacional de Combate à Obesidade e a Plataforma Nacional contra a
1 Um café médio tem cerca de 115 mg de cafeína
(13).
5
Obesidade apresentam como uma das estratégias de intervenção a promoção e
disponibilização de refeições equilibradas no local de trabalho (16,17)
. Assim, as
instituições de saúde, nomeadamente Centros de Saúde (CS) e Hospitais, surgem como
locais imprescindíveis e privilegiados para a promoção de hábitos alimentares saudáveis
junto dos seus utentes e funcionários.
Não só os funcionários, mas também os utentes destas instituições têm
frequentemente necessidade de permanecer nas suas instalações durante várias horas.
Assim, torna-se necessário criar meios que permitam a ingestão de alimentos nesses
períodos, nomeadamente bares ou outros espaços que preparem e/ou vendam alimentos.
Contudo, a sua existência nem sempre se verifica, por falta de espaço físico e/ou de
recursos humanos. Deste modo, o recurso a máquinas de venda automática de alimentos
(MVAA) apresenta-se como uma solução. Todavia, os alimentos disponibilizados
poderão não ser compatíveis com uma alimentação saudável.
Um correcto diagnóstico da situação actual permite identificar aspectos passíveis
de modificação, indispensáveis à implementação de medidas de saúde pública
adequadas aos problemas encontrados nesta realidade concreta. Por outro lado, o
envolvimento dos profissionais das instituições de saúde poderia constituir uma forma
de sensibilização para a necessidade de disponibilizar alimentos saudáveis nas MVAA
desses locais, contribuindo, deste modo, para a obtenção dos ganhos em saúde
decorrentes de hábitos alimentares saudáveis. Assim, com este trabalho pretende-se
conhecer a realidade dos Centros de Saúde/Extensões de Saúde e Hospitais públicos dos
distritos de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real (Região de Saúde do
Norte) no que concerne à existência de MVAA, assim como avaliar quais os alimentos
disponibilizados nestes locais e se as opções disponibilizadas contribuem para uma
alimentação saudável dos utentes e funcionários destas instituições.
Face ao exposto, definiram-se, em relação aos Centros de Saúde e Hospitais
públicos da Região de Saúde do Norte, no ano de 2007, os seguintes objectivos:
- Avaliar o número de MVAA de alimentos existentes;
- Identificar quais os alimentos disponibilizados e os mais vendidos nas MVAA;
- Quantificar o número de bares existentes para funcionários e utentes;
- Avaliar a relação entre a existência de bares para utentes e o tipo de alimentos
disponibilizados e mais vendidos nas MVAA.
6
2. Material e Métodos
2.1. Tipo de estudo
Foi efectuado um estudo descritivo e transversal.
2.2. Universo e população em estudo
O Universo foi constituído pelos Centros de Saúde (CS), incluindo Extensões de
Saúde e Hospitais públicos da Região de Saúde do Norte (RSN) em Dezembro de 2006,
correspondendo a um total de 117 (instituições (94 CS e 23 Hospitais).
A RSN encontrava-se dividida em cinco Sub-Regiões de Saúde (SRS), as quais
correspondiam à divisão administrativa desta região por distritos, nomeadamente Braga,
Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real. A distribuição de CS e Hospitais por
distrito era a seguinte:
- Braga: 15 CS e 5 Hospitais
- Bragança: 12 CS e 1 Hospital
- Porto: 38 CS e 14 Hospitais
- Viana do Castelo: 13 CS e 1 Hospital
- Vila Real: 16 CS e 2 Hospitais
2.3. Suporte de informação
O ex-Centro Regional de Saúde Pública do Norte (CRSPN), no âmbito do
projecto “Promoção de alimentos saudáveis nas máquinas de venda automática, inserido
no seu Plano de Actividades para 2006 (18)
, elaborou o questionário para recolha da
informação. Este questionário visava avaliar o tipo de alimentos disponibilizados e não
a quantidade que era disponibilizada e vendida, visto que uma máquina podia
disponibilizar, por exemplo, três tipos de batatas fritas e era apenas considerado que
disponibilizava “batatas fritas”, do mesmo modo que uma máquina que apenas tinha um
tipo.
Dadas as diferenças, estruturais e de funcionamento, existentes entre os CS e os
Hospitais, foram elaboradas duas versões do questionário, cujas diferenças se referiam
aos locais a avaliar e não à informação sobre as MVAA ou à disponibilidade de
alimentos (anexos A.1 e A.2).
No questionário solicitava-se a indicação do número máquinas existentes em
cada local e o tipo de máquina. A classificação do tipo de MVAA foi feita com base nos
seguintes critérios:
7
- MVAA só de bebidas: se apenas fornecia água, café, chá, leite ou outras
bebidas;
- MVAA só de água: se apenas fornecia água sem gás e/ou água com gás;
- MVAA só de café, chá e leite: se apenas fornecia café, chá ou leite;
- MVAA só de chocolates: se apenas fornecia chocolates ou snacks de
chocolate;
- MVAA mistas: se fornecia vários tipos de bebidas e/ou alimentos sólidos.
2.4. Procedimentos e análise de dados
Durante o mês de Dezembro de 2006, o ex-CRSPN procedeu ao envio dos
questionários aos Coordenadores das Sub-regiões de Saúde e Presidentes dos Conselhos
de Administração dos Hospitais públicos para que providenciassem a aplicação do
questionário nas instituições que constituíam a população em estudo. Os questionários
preenchidos foram recebidos entre Janeiro e Junho de 2007. Solicitou-se que fosse
preenchido um questionário por cada local ou extensão da instituição. Na segunda parte
de ambos os questionários, solicitou-se que indicassem os alimentos habitualmente
disponíveis nas MVAA, assim como as cinco bebidas e alimentos sólidos mais vendidos
(anexos A.1 e A.2).
Os alimentos que surgiram como resposta foram classificados em três grupos:
alimentos a promover (P), alimentos a limitar (L) e alimentos a não disponibilizar (ND)
nas MVAA. Esta classificação foi feita tendo em conta as recomendações presentes nos
documentos “Nova Roda dos Alimentos” (13)
e “Educação Alimentar em Meio Escolar –
Referencial para uma oferta alimentar saudável” (19)
, da autoria da Direcção-Geral de
Inovação e de Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação. Apresentam-se
seguidamente os critérios usados:
- Alimento a promover (P) – alimentos considerados mais saudáveis,
contribuindo para satisfazer as necessidades calóricas de forma equilibrada. Apresentam
reduzida ou nenhuma quantidade de lípidos, hidratos de carbono simples e sal.
- Alimento a limitar (L) – alimentos menos prejudiciais que os alimentos a não
disponibilizar e que constituem uma alternativa aos alimentos a promover, desde que
consumidos com moderação. Geralmente apresentam teores médios de lípidos, hidratos
de carbono simples e sal.
-Alimentos a não disponibilizar (ND) – alimentos sem características
nutricionais relevantes e cujo consumo é desaconselhado. Apresentam baixa densidade
8
nutricional, elevado teor de lípidos, hidratos de carbono simples, sal, corantes ou
conservantes.
Apresentam-se na tabela 3 exemplos dos alimentos classificados por grupos:
Tabela 3 – Classificação dos alimentos por grupos alimentos a promover (P), alimentos a limitar (L) e
alimentos a não disponibilizar (ND)
A promover (P) A limitar (L) A não disponibilizar (ND)
Água sem gás
Água com gás
Bolachas a promover
(água e sal/ digestiva/ “Maria”/
integral)
Iogurte
Leite simples
Leite com chocolate
Sandes a promover
(queijo/ fiambre/ mista/manteiga)
Sumos e néctares
Barra de cereais
Café
Café descafeinado
Café pingado
Capuccino
Chá
Croissants a limitar (simples/
fiambre/queijo/ misto)
Galão
Galão descafeinado
Pingo descafeinado
Batata frita
Bolachas a não disponibilizar
(recheio/ chocolate/ belgas®)
Bolos (inclui Chipicao®
/
Bollycao®
/ folhados)
Capuccino ou café com
chocolate
Cerveja sem álcool
Chocolate
Chocolate quente
Croissants a não
disponibilizar (chocolate/
ovos)
Lanches
Pastilhas elásticas (com ou
sem açúcar)
Rebuçados
Refrigerantes (colas/ Sprite®
/
7Up®
/ ice tea)
Sandes a não disponibilizar
(paio/ chouriço/ panado /
rissol)
Sumos com gás
Os dados foram informatizados no programa informático SPSS® 15.0 para
Windows, através do qual foi efectuada a análise estatística. Face aos objectivos
propostos para este trabalho, foi feita uma análise descritiva pelo cálculo de proporções,
parâmetros de tendência central (média e mediana) e de dispersão (desvio padrão,
mínimo e máximo).
9
3. Resultados
Responderam ao questionário 81% das instituições. Tendo em consideração o
tipo de instituição, responderam 67 Centros de Saúde (CS) (71%) e dezanove Hospitais
(83%). Relativamente aos CS, responderam todos os dos distritos de Braga (n=15) e
Viana do Castelo (n=13), dez em Vila Real (63%), 23 do Porto (61%) e seis em
Bragança (50%). Responderam todos os Hospitais dos distritos de Bragança (n=1),
Viana do Castelo (n=1) e Vila Real (n=2) e ainda quatro Hospitais (80%) no distrito de
Braga e onze no distrito do Porto (79%).
No texto introdutório dos questionários solicitava-se que fosse preenchido um
questionário por cada local ou extensão da instituição, pelo que o número de
questionários analisados correspondeu a um total de 254 locais.
Relativamente ao distrito, 99 locais (39,0%) pertenciam ao Porto, 83 (32,7%) a
Braga, 34 (13,4%) a Vila Real, 23 (9,1%) a Viana do Castelo e 15 (5,9%) a Bragança.
No que concerne à instituição a que pertencia cada local, 127 (50,0%) deles
correspondiam a uma Extensão de CS, 85 (33,5%) a uma Sede de CS e 42 (16,5%) a um
local dentro de um Hospital. É de realçar que no caso do distrito de Bragança nenhum
dos locais correspondia a uma extensão de CS.
A denominação apresentada, quer relativa ao CS quer aos Hospitais,
correspondia à informação indicada nos questionários e não a uma classificação
realizada no âmbito deste trabalho:
- 181 locais (85,4%) referiam-se ao CS (Sede ou Extensão) como um
todo;
- 10 (4,7%) correspondiam a SACU/SAP/SASU;
- 8 (3,8%) a SACU/SSP/UOSP;
- 7 (3,3%) a SSP/UOSP;
- 2 (0,9%) a CDP;
- 1 a SACU/CDP/SSP (0,5%) ;
- 1 a SACU/internamento (0,5%);
- 2 locais (0,9%) consistiam noutros tipos de estrutura.
Dos 42 locais pertencentes a Hospitais:
- 7 locais (16,7%) não referiram nenhuma estrutura específica;
- 12 locais (28,6%) correspondiam à Consulta Externa;
- 9 (21,4%) à Urgência;
- 5 (11,9%) à Consulta Externa/Urgência/Internamento;
10
- 3 (7,1%) ao Internamento;
- 11 locais (26,2%) correspondiam a outras estruturas.
No que concerne aos tipos de bares existentes em cada local, verificou-se que a
proporção de locais onde existia pelo menos um bar que os utentes pudessem utilizar
era de 11,4%. Tendo em conta o tipo de instituição, existia pelo menos um bar para
utentes em 3,5% das Sedes de CS, em 0,8 % das Extensões de CS e em 59,5% dos
Hospitais.
Por outro lado, verificou-se que existia bar exclusivo para funcionários em 39%
dos locais. Este tipo de bar estava presente em 66% das Sedes de CS, em 23% das
extensões de CS e em 33% dos Hospitais.
A proporção de locais com bar para utentes em que pelo menos um desses bares
era concessionado era de 79%. Nos locais com bares concessionados, todos os bares
para utentes eram concessionados.
Existia pelo menos uma máquina de venda automática de alimentos (MVAA)
em quase metade dos locais (49,6%), totalizando 126 locais com MVAA.
Considerando as instituições como um todo, tinham pelo menos uma MVAA
100% dos Hospitais e 86,5% dos CS.
Quando analisada a informação por local e tipo de instituição, existia alguma
MVAA em 93% dos locais pertencentes a Hospitais, em 71% dos locais
correspondentes a Sedes de CS e em 21% dos locais em Extensões de CS (figura 1).
Figura 1. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos, por tipo de
instituição
0 20 40 60 80 100
C.S. Sedes
C.S. Extensões
Hospitais
Existência de MVAA [%]
sim não
11
Analisando os Hospitais por distrito, verificou-se que todos os locais referidos
nos distritos de Braga (n=10), Bragança (n=9), Viana do Castelo (n=3) e Vila Real
(n=2) tinham pelo menos uma MVAA. No distrito do Porto, 83,3% (n=15) dos locais
dispunham de alguma MVAA. Nas figuras 2 e 3 apresenta-se, de acordo com o distrito,
a proporção de locais referentes a CS (Sede ou Extensão, respectivamente) nos quais
existia alguma MVAA. Visto que nenhum dos locais analisados do distrito de Bragança
pertencia a uma extensão, não são apresentados resultados relativos a esse distrito na
figura 3.
Figura 2. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos, nos locais
referidos pelas Sedes de Centros de Saúde, por distrito
Figura 3. Proporção de locais com ou sem máquina de venda automática de alimentos, nos locais
referidos pelas Extensões de Centros de Saúde, por distrito
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Vila Real
Viana do Castelo
Porto
Bragança
Braga
Existência de MVAA [%]
Sim Não
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Vila Real
Viana do Castelo
Porto
Braga
Existência de MVAA [%]
Sim Não
12
A proporção de locais em que existia simultaneamente bar exclusivo para
funcionários, bar para utentes e MVAA era de apenas 2,36% (tabela 4). A maioria dos
locais que reuniam essas condições pertencia a Hospitais, enquanto que nas extensões
de CS isso nunca aconteceu. Em 37% dos locais não existia qualquer forma de adquirir
alimentos, quer para utentes quer para funcionários, visto que não estavam dotados de
qualquer bar ou MVAA. Todos estes locais correspondiam a CS, a maioria a extensões
de CS.
Tabela 4. Existência de máquina de venda automática de alimentos por instituição, consoante a existência
de bar exclusivo para funcionários e/ou bar para utentes
Bar exclusivo para
funcionários
Bar para
utentes
Instituição Total
CS
Sede
CS
Extensão
Hospital
Sim
Sim MVAA Sim 0,39% 0% 1,97% 2,36%
Não 0 0% 0,39% 0,39%
Não MVAA Sim 16,5% 5,51% 3,15% 25,20
Não 5,12% 5,9% 0% 11%
Não
Sim MVAA Sim 0% 0% 6,69% 6,69%
Não 0,79% 0,39% 0,79% 1,97%
Não MVAA Sim 6,69 5,12 3,54 15,35
Não 3,9% 33% 0% 37%
CS – Centro de Saúde MVAA- Máquinas de Venda Automática de Alimentos N- número
Verificou-se que as máquinas de alimentos mistos correspondiam ao tipo de
máquina mais frequente, seguindo-se por ordem decrescente de frequência as máquinas
de café, chá e leite, as máquinas de água e as máquinas de bebidas. As máquinas de
venda exclusiva de chocolates não existiam em nenhum local.
No total dos locais, referiram a existência de 363 máquinas (123 em sedes de
CS, 55 em extensões de CS e 185 em Hospitais) (tabela 5).
Tabela 5. Análise descritiva dos tipos de máquina de venda automática de alimentos existentes
N Mediana Mínimo Máximo
Máquina de venda automática de bebidas 23 0 0 2
Máquina de venda automática de água 27 0 0 4
Máquina de venda automática de café, chá
e leite 156 1 0 19
Máquina de venda automática de
chocolates 0 0 0 0
Máquina de venda automática mistas 157 1 0 13
N- número
13
Nas tabelas 6 e 7 apresenta-se, para cada tipo de alimento, a proporção de locais
com MVAA em que era disponibilizado e em que era referido como dos mais vendidos.
É de realçar que os valores apresentados na coluna da disponibilidade não
expressam a quantidade ou número de alimentos disponíveis, mas sim o número/
proporção de locais em que esse alimento era disponibilizado. Isto é, não foi tida em
conta a quantidade que era disponibilizada, visto que a máquina podia disponibilizar
três tipos de batatas fritas e era apenas considerado que disponibilizava “batatas fritas”,
do mesmo modo que uma máquina que apenas tem um tipo. Por outro lado, uma
máquina pode disponibilizar uma maior quantidade de pacotes de “batatas fritas” do que
de garrafas “águas sem gás”, contudo foi apenas considerado em ambos os casos que
disponibilizava “batatas fritas” e “água sem gás”.
É ainda apresentada a classificação dos alimentos de acordo com os grupos
previamente definidos: grupo de alimentos a promover, grupo de alimentos a limitar e
grupo de alimentos a não disponibilizar. Por uma questão de uniformização, não foi tida
em consideração a marca dos alimentos visto que essa informação não foi dada por
todos os respondentes.
Relativamente aos alimentos disponibilizados, verificou-se que as cinco bebidas
disponibilizadas numa maior proporção de locais com MVAA eram o café (84,1%), a
água sem gás (77,0%), o chá (65,9%), os sumos e néctares (65,1%) e os refrigerantes
(60,3%). As bebidas referidas como das mais vendidas num maior número de locais
com MVAA eram a água sem gás (69,8%), o café (54,0%), o iogurte (38,1%), os sumos
e néctares (36,5%) e os refrigerantes (25,4%).
14
Tabela 6. Número de locais com máquina de venda automática de alimentos onde cada bebida é
disponibilizada e número de locais com máquina de venda automática de alimentos que a referem como
mais vendida
Bebidas Grupo Locais que disponibilizam
n (%)
Locais que referem como
mais vendida
n (%)
Água com gás P 30 (23,8%) 6 (4,8%)
Água sem gás P 97 (77,0%) 88 (69,8%)
Café L 106 (84,1%) 68 (54,0%)
Café descafeinado L 40 (31,7%) 8 (6,3%)
Café pingado L 42 (33,3%) 4 (3,2%)
Capuccino ou café com chocolate ND 20 (15,9%) 4 (3,2%)
Capuccino L 58 (46,0%) 10 (7,9%)
Cerveja sem álcool ND 2 (1,6%) 0 (0,0%)
Chá L 83 (65,9%) 27 (21,4%)
Chocolate quente ND 71 (56,3%) 24 (19,0%)
Galão L 65 (51,6%) 8 (6,3%)
Galão descafeinado L 5 (4,0%) 0 (0,0%)
Iogurte P 68 (54,0%) 48 (38,1%)
Leite simples P 73 (57,9%) 19 (15,1%)
Leite com chocolate P 60 (47,6%) 18 (14,3%)
Pingo descafeinado L 7 (5,6%) 2 (1,6%)
Refrigerantes (colas/ Sprite®
/
7Up®
/ ice tea) ND 76 (60,3%) 32 (25,4%)
Sumos com gás ND 43 (34,1%) 14 (11,1%)
Sumos e néctares P 82 (65,1%) 46 (36,5%)
L- A limitar P – A promover ND- A não disponibilizar n- número
Os cinco alimentos sólidos disponibilizados numa maior proporção de locais
eram o chocolate (62,7%), as bolachas a promover (água e sal/digestiva/ “Maria”/
integral) (47,6%), os bolos a não disponibilizar (Chipicao®
/ Bollycao®
/ folhados)
(47,6%), as sandes a promover (queijo/fiambre/mista/manteiga) (42,9%) e os croissants
a limitar (simples/fiambre/queijo/misto) (38,1%). Foram referidos numa maior
proporção de locais com MVAA como os alimentos sólidos mais vendidos as sandes a
promover (queijo/fiambre/mista/manteiga) (38,1%), o chocolate (35,7%), as bolachas a
promover (água e sal/ digestiva/ “Maria”/ integral), os croissants a limitar (simples/
fiambre/queijo/ misto) (22,2%) e as bolachas a não disponibilizar (recheio/ chocolate/
belgas®) (33,3%). Podemos ainda verificar que em alguns locais eram disponibilizados
alimentos como as pastilhas elásticas e os rebuçados.
15
Tabela 7. Número de locais com máquina de venda automática de alimentos onde cada alimento sólido
era disponibilizado e número de locais com máquina de venda automática de alimentos que o referiam
como mais vendido
Alimentos sólidos Grupo Locais que disponibilizam
n (%)
Locais que referem como
mais vendido
n (%)
Barra de cereais L 24 (19,0%) 6 (4,8%)
Batata frita ND 24 (19,0%) 10 (7,9%)
Bolachas a não disponibilizar
(recheio/ chocolate/ belgas®)
ND 45 (35,7%) 26 (20,6%)
Bolachas a promover (água e sal/
digestiva/ “Maria”/ integral) P 60 (47,6%) 42 (33,3%)
Bolos (inclui Chipicao®
,
Bollycao®
, folhados) ND 60 (47,6%) 24 (19,0%)
Chocolate ND 79 (62,7%) 46 (37,5%)
Croissants a limitar (simples/
fiambre/queijo/ misto) L 48 (38,1%) 28 (22,2%)
Croissants a não disponibilizar
(chocolate/ ovos) ND 11 (8,7%) 4 (3,2%)
Lanches ND 38 (30,2%) 21 (16,7%)
Pastilhas elásticas (com ou sem
açúcar) ND 25 (19,8%) 5 (4,0%)
Rebuçados ND 15 (11,9%) 0 (0,0%)
Sandes a não disponibilizar (paio/
chouriço/ panado/ rissol) ND 20 (15,9%) 9 (7,1%)
Sandes a promover (queijo/
fiambre/ mista/manteiga) P 54 (42,9%) 48 (38,1%)
L- A limitar P – A promover ND- A não disponibilizar n- número
A análise da figura 4 mostra-nos que dos dez alimentos disponibilizados numa
maior proporção de locais com MVAA, nove eram bebidas e o único alimento sólido
entre os dez disponibilizados em mais locais era o chocolate. Por outro lado, dos dez
alimentos que integravam o grupo dos referidos como mais vendidos numa maior
proporção de locais com MVAA, seis consistiam em bebidas e quatro em alimentos
sólidos, sendo que um deles era novamente o chocolate, a par com o iogurte e as sandes
“a promover” (figura 5).
16
Figura 4. Os dez alimentos disponibilizados numa maior proporção de locais com máquina de venda
automática de alimentos e proporção de locais que os disponibilizavam
Figura 5. Os dez alimentos mais vendidos numa maior proporção de locais com máquina de venda
automática de alimentos e proporção de locais que os referiram como mais vendidos.
Nas tabelas que se seguem, apresenta-se uma análise descritiva relativa à
disponibilização de alimentos e alimentos mais vendidos segundo o grupo nutricional,
nos locais com MVAA. Os valores apresentados indicam o número de diferentes
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Sumos e néctares
Locais com MVAA [%]
Galão
Iogurte
Chocolate quente
Leite
Refrigerantes
Chocolate
Chá
Água s/ gás
Café
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Chá
Croissants a limitar
Refrigerantes
Bolachas a promover
Sumos e néctares
Chocolate
Iogurte
Sandes a promover
Café
Água s/ gás
Locais com MVAA [%]
17
alimentos que eram disponibilizados ou referidos como mais vendidos, e não a
quantidade de alimentos realmente disponibilizada ou vendida.
Verificou-se, então, que os tipos de alimentos considerados mais saudáveis eram
disponibilizados em menor número que os menos saudáveis. No entanto, eram os
alimentos do grupo “a promover” que foram referidos mais vezes como os mais
vendidos (tabela 8).
É de salientar que, dos 126 locais com MVAA, 17 locais não disponibilizavam
nenhum tipo de alimento pertencente ao grupo “a não disponibilizar”. Em 6 desses
locais, apenas existiam alimentos do grupo “a promover”. Por outro lado, 4 locais não
disponibilizavam qualquer alimento do grupo “a promover”.
Tabela 8. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos nos locais com
máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o grupo nutricional.
Média
Desvio
Padrão Mediana Mínimo Máximo
Dis
po
nib
iliz
ação
de
alim
ento
s
a promover 4,16 2,31 4 0 8
a limitar 3,79 2,42 4 0 10
a não disponibilizar 4,20 2,90 5 0 10
Ali
men
tos
mai
s
ven
did
os
a promover 2,50 1,89 2 0 7
a limitar 1,28 1,23 1 0 5
a não disponibilizar 1,73 1,61 1 0 7
Constatou-se anteriormente que nove dos dez alimentos disponibilizados e seis
dos dez alimentos mais vendidos numa maior proporção de locais com MVAA eram
bebidas. Assim, optou-se por apresentar também os resultados relativos à análise
separada das bebidas e alimentos sólidos.
No caso das bebidas, eram as do grupo “a promover” e “a limitar” aquelas que
eram disponibilizadas em maior número e também as referidas como mais vendidas
(tabela 9).
18
Tabela 9. Análise descritiva dos tipos de bebidas disponibilizadas e mais vendidas nos locais com
máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o grupo nutricional.
Média
Desvio
Padrão Mediana Mínimo Máximo
Dis
po
nib
iliz
ação
de
alim
ento
s
a promover 3,25 1,61 3 0 6
a limitar 3,22 2,03 3 0 8
a não disponibilizar 1,68 1,13 2 0 4
Ali
men
tos
mai
s
ven
did
os
a promover 1,79 1,28 2 0 5
a limitar 1,01 1,16 1 0 5
a não disponibilizar 0,59 0,68 0 0 2
Contudo, isso não sucedeu relativamente aos alimentos sólidos. Neste tipo de
alimentos, os mais disponibilizados e referidos como mais vendidos pertenciam ao
grupo “a não disponibilizar” (tabela 10).
Tabela 10. Análise descritiva dos tipos de alimentos sólidos disponibilizados e mais vendidos nos locais
com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o grupo nutricional.
Média
Desvio
Padrão Mediana Mínimo Máximo
Dis
po
nib
iliz
ação
de
alim
ento
s a promover 0,90 0,87 1 0 2
a limitar 0,57 0,72 0 0 2
a não disponibilizar 2,52 2,12 2 0 8
Ali
men
tos
mai
s
ven
did
os
a promover 0,71 0,78 1 0 2
a limitar 0,27 0,50 0 0 2
a não disponibilizar 1,14 1,18 1 0 5
Considerando a informação por distrito, verificou-se que eram os distritos de
Braga e Porto que disponibilizavam maior número de alimentos do grupo “a promover”.
Viana do Castelo era o distrito que apresentava um maior número de alimentos do
grupo “a não disponibilizar”, enquanto que o distrito de Bragança apresentava o maior
19
número de alimentos do grupo “a limitar” (tabela 11). Considerando os alimentos mais
vendidos observa-se o mesmo padrão.
Tabela 11. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos nos locais com
máquina de venda automática de alimentos, por distrito.
Distrito
Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos
P L ND P L ND
Braga
Média 4,57 3,43 4,31 3,09 1,29 1,66
DP 2,33 2,74 2,77 1,72 1,25 1,53
Mediana 5 4 5 3 1 1
Mínimo 1 0 0 0 0 0
Máximo 8 8 9 6 4 7
Bragança
Média 1,93 4,71 3,64 0,29 1,00 0,50
DP 1,00 0,73 3,03 0,61 1,57 0,86
Mediana 1,5 5 1,5 0 0 0
Mínimo 1 3 1 0 0 0
Máximo 3 5 7 2 4 3
Porto
Média 5,16 4,12 4,41 3,33 1,35 1,92
DP 2,00 2,66 2,79 1,67 1,29 1,50
Mediana 6 4 3 3 1 2
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 8 10 10 7 5 6
Viana do Castelo
Média 3,06 3,65 4,76 1,47 1,35 2,53
DP 2,16 1,94 3,21 1,51 0,79 1,94
Mediana 3 3 6 1 2 3
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 8 7 9 4 2 6
Vila Real
Média 2,44 2,22 2,33 0,89 1,11 1,33
DP 1,67 1,30 3,08 1,05 1,05 1,87
Mediana 2 2 0 1 1 0
Mínimo 1 0 0 0 0 0
Máximo 6 4 8 3 3 5
DP - desvio padrão P - a promover L - a limitar ND - a não disponibilizar
20
Considerando o tipo de instituição onde se localizavam as MVAA, verificou-se
que nos Hospitais era disponibilizado um maior número de alimentos, particularmente
do grupo “a não disponibilizar” (tabela 12). Contudo, os alimentos referidos como mais
vendidos eram sobretudo do grupo “a promover”. Nos CS (Sedes e Extensões), os
alimentos do grupo “a promover” eram disponibilizados num maior número de locais e
os referidos mais frequentemente como os mais vendidos.
Tabela 12. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos nos locais com
máquina de venda automática de alimentos, por instituição.
Tipo de
Instituição
Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos
P L ND P L ND
CS Sede
Média 4,03 3,83 3,70 2,57 1,45 1,62
DP 2,34 2,25 2,87 1,91 1,02 1,73
Mediana 4 4 3 2 1 1
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 8 8 9 6 4 7
CS
Extensão
Média 3,70 2,96 3,11 2,37 1,04 1,52
DP 2,64 2,93 2,42 2,00 1,19 1,16
Mediana 4 2 3 2 1 2
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 8 9 8 6 4 5
Hospital
Média 4,67 4,31 5,72 2,49 1,18 2,05
DP 1,98 2,19 2,70 1,83 1,52 1,69
Mediana 5 5 6 3 1 2
Mínimo 1 0 0 0 0 0
Máximo 8 10 10 7 5 6
CS - Centro de Saúde DP - desvio padrão P - a promover L - a limitar ND - a não disponibilizar
É de salientar que quando os alimentos sólidos foram analisados separadamente,
o grupo de alimentos mais disponibilizado e referido mais vezes como o mais vendido
era sempre o grupo “a não disponibilizar”, nas análises quer por distrito quer por
instituição (anexo B).
21
Considerando a existência ou não de bar para utentes nos locais com MVAA,
verificou-se que quando aquele existia era disponibilizado um maior número de
alimentos “a não disponibilizar”, e eram referidos como os mais vendidos num número
semelhante os do grupo “a promover” e do grupo “a não disponibilizar” (tabela 13).
Tabela 13. Análise descritiva dos tipos de alimentos disponibilizados e mais vendidos nos locais com
máquina de venda automática de alimentos, de acordo com a existência de bares para utentes.
Bar para utentes Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos
P L ND P L ND
Sim
Média 4,57 4,70 6,43 1,96 0,96 1,96
DP 2,25 2,20 3,10 1,99 1,33 1,92
Mediana 5 5 7 1 0 2
Mínimo 1 0 0 0 0 0
Máximo 8 10 10 7 5 6
Não
Média 4,07 3,59 3,70 2,62 1,35 1,68
DP 2,33 2,43 2,62 1,86 1,20 1,54
Mediana 4 3 3 3 1, 1
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 8 9 9 6 5 7
DP - desvio padrão P - a promover L - a limitar ND - a não disponibilizar
22
4. Discussão
Este estudo teve como finalidade conhecer a realidade dos Centros de Saúde
(CS) e Hospitais públicos da Região de Saúde do Norte (RSN) no que concerne à
existência de máquinas de venda automática de alimentos (MVAA), e avaliar em que
medida os alimentos nelas disponibilizadas contribuíam para promover uma
alimentação saudável. Foi também objectivo deste estudo quantificar os bares para
utentes e bares exclusivos para funcionários existentes nestes locais.
O tipo de MVAA mais frequente era o das máquinas mistas, ou seja, o tipo com
teoricamente maior variedade de alimentos. Contudo, nove dos dez alimentos mais
disponibilizados e seis dos dez alimentos mais vendidos nos locais com MVAA eram
bebidas.
Relativamente ao tipo de alimentos disponibilizados nas MVAA, verificou-se
que eram disponibilizados sobretudo alimentos do grupo “a não disponibilizar” mas os
alimentos do grupo “a promover” foram referidos mais vezes como os mais vendidos.
Analisando separadamente bebidas e alimentos sólidos, verificou-se que era
disponibilizado um maior número de bebidas saudáveis, enquanto que os alimentos
sólidos disponibilizados eram geralmente do grupo “a não disponibilizar”. Assim,
muitos dos alimentos que se encontravam à venda nas MVAA, especialmente os
sólidos, não eram promotores de uma alimentação saudável. Fazendo uma comparação
por distrito, verificou-se que em Bragança e Viana do Castelo eram disponibilizados
sobretudo alimentos não saudáveis. Estes resultados poderão reflectir que a oferta
visasse mais ir de encontro à procura pelos utentes e funcionários do que acompanhar as
necessidades de uma alimentação saudável.
Verificou-se que em nenhuma das extensões existia simultaneamente bar para
utentes, bar exclusivo para funcionários e MVAA. Este tipo de instituição era também o
que apresentava menor proporção de locais com MVAA. Assim, é necessário que sejam
criadas condições que permitam a ingestão de alimentos nas extensões dos CS, quer aos
utentes que nelas têm de permanecer quer aos seus funcionários. Disponibilizar nos
locais prestadores de cuidados de saúde alimentos saudáveis poderá ser uma alternativa
a testar no sentido de avaliar o seu efeito na promoção de uma alimentação saudável.
As MVAA podem ser consideradas excelentes alternativas, no entanto é
essencial que seja escolhido criteriosamente o que é colocado no seu interior para estar
disponível aos potenciais utilizadores.
23
Os resultados encontrados apresentam algumas limitações. A percentagem de
respondentes ao questionário foi bastante heterogénea consoante o distrito. No caso dos
CS, verificou-se uma menor resposta nos distritos de Vila Real, Porto e Bragança. Por
outro lado, relativamente aos Hospitais, a percentagem de respondentes foi de 100% em
Bragança, Viana do Castelo e Vila Real. Contudo, existia apenas um Hospital nos dois
primeiros distritos e dois Hospitais no terceiro. Assim, a proporção de locais analisados
pertencentes a estes distritos baixa, apesar da elevada percentagem de respostas. Estas
assimetrias deverão ser tidas em consideração na análise dos resultados apresentados em
função do distrito.
Embora no texto introdutório dos questionários se solicitasse o preenchimento
de um questionário por cada local ou extensão da instituição independentemente da
presença de máquinas de venda automática de alimentos, verificámos que em algumas
instituições apenas se receberam questionários referentes a locais com máquinas. Pelo
que será de supor que não foram devolvidos questionários referentes a locais nos quais
não havia máquinas de venda automática. Assim, a estimativa de prevalência obtida
poderá ser superior à real, no entanto quando considerada a informação por instituição e
não por locais verificamos que a prevalência de máquinas se mantém elevada. Por outro
lado, para avaliar o tipo de alimentos disponibilizados considerou-se como denominador
os locais com máquina pelo que este possível viés não afecta os resultados relativos ao
tipo de alimentos disponibilizados.
Uma outra limitação resulta da dificuldade em classificar os alimentos referidos
nos três grupos – a disponibilizar; a limitar e a não disponibilizar. A informação sobre
os alimentos disponibilizados e os mais vendidos nas MVAA foi recolhida através de
perguntas de resposta aberta, nas quais o responsável pelo preenchimento indicava os
alimentos. Surgiram respostas muito diversificadas e com diferentes graus de detalhe, o
que dificultou a classificação e poderá ter condicionado alguma má-classificação,
nomeadamente porque sob a mesma denominação se podem encontrar produtos muito
diferentes (ex. o croissant simples tem uma composição bastante diferente se é ou não
com base de massa folhada). No entanto, a apresentação de uma lista fechada de
alimentos poderia ter condicionado as respostas, com sub-notificação de alguns
alimentos se a lista proposta não fosse exaustiva, o que dada a inexistência de um
estudo prévio sobre a descrição dos alimentos disponíveis, não era possível assegurar. A
sub-notificação poderia estar presente mesmo que fosse solicitado que se
acrescentassem alimentos não contemplados na lista uma vez que havendo a
24
possibilidade de escolha prévia se considerasse que os restantes não eram relevantes
para o estudo ou não se fosse activamente verificar se existiam mais alimentos nas
MVAA que os referidos na lista. Por outro lado, poderia ter induzido respostas que a
instituição considerasse mais adequadas, por exemplo valorizando a existência de
alimentos considerados “mais saudáveis” ou desvalorizando a existência de alimentos
“menos saudáveis”. Este último viés também pode estar presente na nossa actual
avaliação uma vez que não houve validação da informação reportada, nem por
observação directa por indivíduos externos à instituição avaliada nem por acesso a
documentos que permitissem conhecer os produtos habitualmente vendidos. No entanto,
no estudo actual, quando considerada a informação relativa aos alimentos sólidos quer
os mais disponibilizados quer os referidos como mais vendidos pertenciam ao grupo “a
não disponibilizar” o que poderá indicar que o efeito deste possível viés de informação
terá sido minimizado.
Assim, apesar das limitações, o formato de perguntas usado neste estudo
permitiu saber quais os principais tipos de alimentos disponibilizados nas MVAA. Estes
dados são fundamentais para que, em trabalhos futuros, os alimentos
disponibilizados/vendidos sejam inquiridos por perguntas de escolha múltipla, com um
número de opções mais reduzido e mais aproximado da realidade, permitindo assim
obter resultados mais fáceis de analisar.
Neste estudo, foram avaliados os tipos de alimentos disponibilizados e não a
quantidade de cada tipo de alimentos que era disponibilizada. Assim, o facto de num
dado local com MVAA existir uma maior média de disponibilização alimentos do grupo
“a promover” em termos de variedade, não implica que esses alimentos estivessem à
venda em maior quantidade ou que o local de apresentação na máquina favoreça a sua
escolha. Assim, a interpretação dos resultados deverá ser feita com precaução. Propõe-
se que a avaliação das quantidades disponibilizadas seja feita em trabalhos futuros, o
qual só poderá ser concretizado com acesso a informação relativa às vendas de cada
produto num determinado período de tempo.
Não foi encontrado nenhum trabalho que se debruçasse sobre os tipos de
alimentos disponibilizados em MVAA ou até mesmo em bares de instituições de saúde.
Este facto, apesar de impedir a comparação dos resultados obtidos, reforça a
importância deste estudo como instrumento de diagnóstico e planeamento em promoção
da saúde. Neste contexto, e face aos resultados, verificou-se a importância de promover
a disponibilização de alimentos saudáveis, nomeadamente nos quatro locais em que não
25
se encontrava disponibilizado nenhum alimento do grupo “a promover” nos Hospitais e
ainda nos distritos de Bragança e Viana do Castelo.
Como medidas resultantes deste trabalho, pretende-se enviar às instituições uma
lista de alimentos a promover, a limitar e a não disponibilizar nas MVAA, semelhante à
apresentada na tabela 3. Pretende-se ainda providenciar que junto às MVAA seja
colocado material com noções de alimentação saudável e com o objectivo de promover
escolhas mais saudáveis e, posteriormente, avaliar a adesão às alterações propostas e seu
impacto nas vendas de produtos.
A questão da disponibilidade de alimentos, discutida relativamente às MVAA,
está também subjacente aos alimentos disponibilizados nos bares, os quais não foram
avaliados no âmbito deste projecto. Considerando os nossos resultados, os alimentos
existentes nos bares terão um impacto particularmente relevante nos hospitais. Sugere-
se que, tal como foi feito no caso das MVAA, seja avaliado em que medida os
alimentos disponibilizados nos bares das instituições de saúde da RSN são promotores
de uma alimentação saudável.
Seria ainda interessante alargar este estudo às restantes Regiões de Saúde do
país, de modo a comparar os resultados e generalizar as medidas de promoção de saúde
propostas.
Assim, estes resultados realçam o potencial impacto que adviria da elaboração
de um referencial que se debruçasse sobre o tipo de alimentos a disponibilizar nas
instituições de saúde, semelhante ao que existe por parte do Ministério da Educação
relativamente aos bufetes escolares (19,20). Essas orientações viriam ao encontro das
Recomendações de Adelaide sobre políticas públicas saudáveis, nomeadamente as que
incentivam os governos a tomar medidas para que o abastecimento de alimentos que
está sob o seu controlo directo permita o acesso do consumidor a uma alimentação
equilibrada (2)
. No entanto, é importante recordar que embora os resultados indiquem a
grande disponibilidade de alimentos considerados menos saudáveis, só por si a
regulamentação que defina quais os alimentos que podem ou não ser disponibilizados,
não significa necessariamente mudanças na ingestão dos utilizadores.
26
5. Conclusões
Este estudo permitiu concluir que existia pelo menos uma máquina de venda
automática de alimentos (MVAA) em 100% dos hospitais e 86,5% dos centros de
saúde. Considerando os diversos locais existentes em cada instituição esses valores são:
93% dos locais pertencentes a Hospitais, em 71% dos locais correspondentes a Sedes de
Centro de Saúde (CS) e em 21% dos locais em Extensões de CS. O total de máquinas
existentes era de 363 (185 em Hospitais, 123 em sedes de CS e 55 em extensões de CS).
Os tipos de alimentos considerados mais saudáveis eram disponibilizados em
menor número. No entanto, os alimentos do grupo “a promover” eram referidos mais
vezes como os mais vendidos. É de realçar que nas MVAA existentes em Hospitais
eram disponibilizados sobretudo alimentos pouco saudáveis.
No que concerne aos tipos de bares existentes em cada local, verificou-se que a
proporção de locais onde existia pelo menos um bar que os utentes possam utilizar era
de 11,4%. Tendo em conta o tipo de instituição, existia pelo menos um bar para utentes
em 3,5% das Sedes de CS, em 0,8 % das Extensões de CS e em 59,5% dos Hospitais.
Este resultado reforça a importância das MVAA e do seu conteúdo.
Verificou-se que existia bar exclusivo para funcionários em 39% dos locais. Este
tipo de bar estava presente em 66% das Sedes de CS, em 23% das extensões de CS e em
33% dos Hospitais.
Em 37% dos locais não existia qualquer forma de adquirir alimentos, quer para
utentes quer para funcionários, visto que não estavam dotados de qualquer bar ou
MVAA. Todos estes locais correspondiam a CS, a maioria a extensões de CS.
.
27
6. Referências Bibliográficas
1. World Health Organization. (1986). The Ottawa charter for health promotion.
Canadian Public Health Association, Otava.
2. World Health Organization. (1988). Second International Conference on Health
Promotion: healthy public policy. World Health Organization, Adelaide.
3. World Health Organization. (1997). Fourth International Conference on Health
Promotion: new partners for a new era. World Health Organization, Jakarta.
4. World Health Organization. (2002) The World Health Report 2002. Reducing
Risks, Promotion Healthy Life. World Health Organization, Geneva.
5. World Health Organization. (2000) Obesity: preventing and managing he global
epidemic. Report of a WHO Consultation. WHO Technical Report Series no
894, World Health Organization, Geneva.
6. Lobstein T, Rigby N, Leach R. (2005). International Obesity Task Force EU
Platform Briefing Paper. International Obesity Task Force, Bruxelas.
7. Padez C, Fernandes T, Mourão I, Moreira P, Rosado V. (2004). Prevalence of
overweight and obesity in 7-9-year-old Portuguese children: trends in body
mass index from 1970-2002. American Journal of Human Biology, 16:670-8.
8. Moreira P, Padez C, Mourão-Carvalhal I, Rosado V. (2007). Maternal weight
gain during pregnancy and overweight in Portuguese children. International
Journal of obesity, 31:608-14.
9. Marques-Vidal P, Dias CM. (2005). Trends in overweight and obesity in
Portugal: the National Health Surveys 1995-6 and 1998-9. Obesity Research,
13:1141-5.
10. Teixeira P. (2007) Vigilância Nutricional e da Obesidade em Portugal.
Comunicação oral apresentada na Assembleia da República, Lisboa.
28
11. Ministério da Saúde. (2000) Inquérito Nacional de Saúde 1998/1999. Instituto
Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa.
12. World Health Organization. (2004). Global Strategy on diet, physical activity
and health. World Health Organization, Geneva.
13. Faculdade de Ciências de Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto.
(2003). A Nova Roda dos Alimentos…Um guia para a escolha alimentar diária!
Coma bem, viva melhor. Faculdade de Ciências de Nutrição e Alimentação da
Universidade do Porto, Porto.
14. World Health Organization. (2005). The Bangkok Charter for Health Promotion
in a Globalized World. World Health Organization, Bangkok.
15. Ministério da Saúde. (2004). Plano Nacional de Saúde 2004-2010: Mais Saúde
para Todos. Volume II - Orientações Estratégicas, Direcção Geral da Saúde,
Lisboa.
16. Ministério da Saúde. (2005). Programa Nacional de Combate à Obesidade.
Circular Normativa nº 03/DGCG. Direcção-Geral da Saúde, Lisboa.
17. Direcção-Geral da Saúde. (2007). Plataforma contra a Obesidade. Direcção-
Geral da Saúde, Lisboa.
18. Centro Regional de Saúde Pública do Norte. (2006). Plano de Actividades 2006.
s.e., s.l..
19. Baptista IM, Lima RM. (2006). Educação Alimentar em Meio Escolar –
Referencial para uma oferta alimentar saudável. Direcção-Geral de Inovação e
de Desenvolvimento Curricular, Lisboa.
20. Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular. (2007).
Recomendações para os bufetes escolares – Circular nº11/DGIC/2007.
Ministério da Educação, Lisboa.
31
Por favor, por cada local ou extensão preencha um questionário (para o efeito,
poderá fotocopiar este questionário)
Por exemplo, se o SACU/SAP/SASU fica localizado no edifício do Centro de Saúde, além do
questionário do Centro de Saúde preencha um questionário referente ao SASU onde descreve
apenas o bar e/ou máquinas de venda automática de alimentos que se encontram nas instalações
do SASU. No questionário relativo ao Centro de Saúde não considerar o bar e/ou máquinas de
venda automática de alimentos que já foram considerados noutro questionário.
Se não há bar ou máquinas de venda automática de alimentos, é importante que preencha o
respectivo questionário, indicando que não existem.
Centro de Saúde Sede ________________________________________________
Extensão _____________________________________________
SACU/SAP/SASU CDP S. Saúde Pública/UOSP Internamento
Outro qual? _____________________
Bar para os utentes:
Existe pelo menos um bar que os utentes possam utilizar?
Sim Não Se sim quantos ___ ___
Algum bar está concessionado?
Sim Não Se sim quantos ___ ___
Bar exclusivo para os funcionários:
Existe um bar só para os funcionários? Sim Não
Máquinas de Venda Automática de Alimentos:
Existe alguma máquina de venda automática de alimentos? Sim Não
Quantas máquinas existem? (por favor preencha todas as opções e coloque Zero quando
não existe esse tipo de máquina)
- Só de bebidas ___ ___
- Só de água ___ ___
- Só de café, chá e leite ___ ___
- Só de chocolates ___ ___
- Mistas (com vários tipos de alimentos e/ou bebidas) ___ ___
32
Para cada máquina indique os alimentos sólidos e bebidas habitualmente disponíveis
(ver e perguntar aos responsáveis e funcionários para não omitir alimentos que estejam em falta
no momento da avaliação, sempre que possível indique a marca do produto)
Lista de Alimentos das Máquinas Máquina 1 Máquina 2 Máquina 3 Máquina 4 Máquina 5
Por favor, indique quais os cinco produtos mais vendidos/consumidos (perguntar aos
responsáveis pelas máquinas):
Bebidas Alimentos sólidos
Nome do profissional que preencheu o questionário: ____________________________
Categoria profissional: ____________________________________________________
Contacto (de quem preencheu o questionário): _________________________________
Muito obrigado pela sua colaboração!
34
Por favor, por cada local ou extensão preencha um questionário (para o efeito, poderá
fotocopiar este questionário)
Por exemplo, preencha um questionário sobre o bar e/ou máquinas de venda automática de
alimentos que se encontram nas instalações das consultas externas. Nesse questionário descreva
apenas o bar e/ou máquinas de venda automática de alimentos que se encontram nas instalações
das consultas externas.
Se não há bar ou máquinas de venda automática de alimentos, é importante que preencha o
respectivo questionário indicando que não existem.
Hospital ______________________________________ Localidade:___________________
Consulta externa Urgência Internamento Outro qual? __________________
Bar para os utentes:
Existe pelo menos um bar que os utentes possam utilizar?
Sim Não Se sim quantos ___ ___
Algum bar está concessionado?
Sim Não Se sim quantos ___ ___
Bar exclusivo para os funcionários:
Existe um bar só para os funcionários? Sim Não
Máquinas de Venda Automática de Alimentos:
Existe alguma máquina de venda automática de alimentos? Sim Não
Quantas máquinas existem? (por favor preencha todas as opções e coloque Zero quando
não existe esse tipo de máquina)
- Só de bebidas ___ ___
- Só de água ___ ___
- Só de café, chá e leite ___ ___
- Só de chocolates ___ ___
- Mistas (com vários tipos de alimentos e/ou bebidas) ___ ___
35
Para cada máquina indique os alimentos sólidos e bebidas habitualmente disponíveis
(ver e perguntar aos responsáveis e funcionários para não omitir alimentos que estejam em falta
no momento da avaliação, sempre que possível indique a marca do produto)
Lista de Alimentos das Máquinas Máquina 1 Máquina 2 Máquina 3 Máquina 4 Máquina 5
Por favor, indique quais os cinco produtos mais vendidos/consumidos (perguntar aos
responsáveis pelas máquinas):
Bebidas Alimentos sólidos
Nome do profissional que preencheu o questionário:____________________________
Categoria profissional:____________________________________________________
Contacto (de quem preencheu o questionário):_________________________________
Muito obrigado pela sua colaboração!
36
Anexo B.
Análise descritiva dos tipos de bebidas e alimentos sólidos disponibilizados e mais
vendidos nos locais com máquina de venda automática de alimentos, de acordo
com o distrito e a instituição.
37
Tabela B.1: Análise descritiva dos tipos de bebidas disponibilizadas e mais vendidas nos locais com
máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o distrito.
Distrito Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos
P L ND P L ND
Braga
Média 3,57 2,69 1,49 2,23 0,89 0,43
DP 1,58 2,15 1,12 1,06 1,16 0,56
Mediana 4 3 2 2 0 0
Mínimo 1 0 0 0 0 0
Máximo 6 7 4 4 4 2
Bragança
Média 1,93 4,71 1,93 0,29 1,00 0,36
DP 1,00 0,73 1,00 0,61 1,57 0,50
Mediana 1,5 5 1,5 0 0 0
Mínimo 1 3 1 0 0 0
Máximo 3 5 3 2 4 1
Porto
Média 3,78 3,39 1,80 2,25 1,06 0,67
DP 1,50 2,23 1,10 1,21 1,19 0,77
Mediana 4 3 2 2 1 0
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 6 8 4 5 5 2
Viana do Castelo
Média 2,65 3,12 1,94 1,24 1,06 0,88
DP 1,66 1,54 1,20 1,09 0,75 0,70
Mediana 3 3 2 1 1 1
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 6 6 3 3 2 2
Vila Real
Média 2,22 2,22 0,89 0,78 1,11 0,56
DP 1,20 1,30 1,17 0,83 1,05 0,73
Mediana 2 2 0 1 1 0
Mínimo 1 0 0 0 0 0
Máximo 4 4 3 2 3 2
DP: desvio padrão P: a promover L: a limitar ND: a não disponibilizar
38
Tabela B.2: Análise descritiva dos tipos de alimentos sólidos disponibilizados e mais vendidos nos locais
com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com o distrito.
Distrito Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos
P L ND P L ND
Braga
Média 1,00 0,74 2,83 0,86 0,40 1,23
DP 0,87 0,82 1,98 0,85 0,65 1,14
Mediana 1 1 3 1 0 1
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 2 2 6 2 2 5
Bragança
Média 0 0 1,71 0 0 0,14
DP 0 0 2,05 0 0 0,54
Mediana 0 0 0 0 0 0
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 0 0 4 0 0 2
Porto
Média 1,37 0,73 2,61 1,08 0,29 1,25
DP 0,75 0,67 2,15 0,72 0,46 1,11
Mediana 2 1 2 1 0 1
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 2 2 8 2 1 4
Viana do Castelo
Média 0,41 0,53 2,82 0,24 0,29 1,65
DP 0,62 0,80 2,24 0,44 0,47 1,41
Mediana 0 0 3 0 0 2
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 2 2 6 1 1 4
Vila Real
Média 0,22 0 1,44 0,11 0 0,78
DP 0,67 0 2,30 0,33 0 1,20
Mediana 0 0 0 0 0 0
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 2 0 6 1 0 3
DP: desvio padrão P: a promover L: a limitar ND: a não disponibilizar
39
Tabela B.3: Análise descritiva dos tipos de bebidas disponibilizadas e mais vendidas nos locais com
máquina de venda automática de alimentos, de acordo com a instituição.
Instituição Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos
P L ND P L ND
CS Sede
Média 3,17 3,15 1,55 1,88 1,10 0,50
DP 1,56 1,81 1,14 1,21 1,00 0,62
Mediana 4 3 1,5 2 1 0
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 6 7 4 4 4 2
CS
Extensão
Média 2,81 2,37 1,44 1,67 0,78 0,70
DP 1,88 2,32 1,12 1,47 1,05 0,78
Mediana 3 2 1 1 0 1
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 6 7 4 5 4 2
Hospital
Média 3,69 3,92 2,05 1,72 1,03 0,64
DP 1,40 1,94 1,05 1,28 1,42 0,71
Mediana 4 5 2 2 0 1
Mínimo 1 0 0 0 0 0
Máximo 6 8 4 5 5 2
DP: desvio padrão P: a promover L: a limitar ND: a não disponibilizar
40
Tabela B.4: Análise descritiva dos tipos de alimentos sólidos disponibilizados e mais vendidos nos locais
com máquina de venda automática de alimentos, de acordo com a instituição.
Instituição
Alimentos disponibilizados Alimentos mais vendidos
P L ND P L ND
CS Sede
Média 0,87 0,68 2,15 0,68 0,35 1,12
DP 0,91 0,77 1,98 0,83 0,58 1,25
Mediana 1 0,5 2 0 0 1
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 2 2 6 2 2 5
CS
Extensão
Média 0,89 0,59 1,67 0,70 0,26 0,81
DP 0,85 0,80 1,98 0,72 0,45 0,96
Mediana 1 0 1 1 0 1
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 2 2 6 2 1 3
Hospital
Média 0,97 0,38 3,67 0,77 0,15 1,41
DP 0,843 0,54 1,99 0,74 0,37 1,16
Mediana 1 0 4 1 0 2
Mínimo 0 0 0 0 0 0
Máximo 2 2 8 2 1 4
DP: desvio padrão P: a promover L: a limitar ND: a não disponibilizar