desenvolvimento do mercado e os entraves políticos e

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FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO FACULDADE DE ECONOMIA DESENVOLVIMENTO DO MERCADO E OS ENTRAVES POLÍTICOS E FITOSSANITÁRIOS NA PECUÁRIA BOVINA BRASILEIRA IMPOSTOS PELA UNIÃO EUROPÉIA LORENA FRANÇA GALDINO Monografia de Conclusão do Curso apresentada à Faculdade de Economia para a obtenção do título de graduação em Relações Internacionais, sob a orientação do Prof. Paulo Dutra Costantin. São Paulo, 2010

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FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO

FACULDADE DE ECONOMIA

DESENVOLVIMENTO DO MERCADO E OS ENTRAVES

POLÍTICOS E FITOSSANITÁRIOS NA PECUÁRIA BOVINA

BRASILEIRA IMPOSTOS PELA UNIÃO EUROPÉIA

LORENA FRANÇA GALDINO

Monografia de Conclusão do Curso

apresentada à Faculdade de Economia

para a obtenção do título de graduação

em Relações Internacionais, sob a

orientação do Prof. Paulo Dutra

Costantin.

São Paulo, 2010

GALDINO, Lorena F. DESENVOLVIMENTO DO MERCADO E OS ENTRAVES

POLÍTICOS E FITOSSANITÁRIOS NA PECUÁRIA BOVINA BRASILEIRA IMPOSTOS

PELA UNIÃO EUROPÉIA, São Paulo, FAAP, 2010, 61p.

(Monografia Apresentada ao Curso de Graduação em Relações Internacionais da Faculdade

de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado)

Palavras-Chave: Comércio internacional, pecuária, carne bovina in natura, protecionismo,

barreiras alfandegárias, União Européia.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela eterna iluminação recebida ao longo de todos esses

anos.

Aos meus pais gostaria de agradecer eternamente por todo carinho e apoio incondicional

obtido por toda a minha vida, eles estiveram presentes me apoiando e me auxiliando em todos

os momentos.

Ao meu professor e orientador agradeço imensamente por todas as horas dispostas sempre

com palavras de apoio para que meu trabalho saísse conforme o esperado. Agradeço ao Dutra

por toda compreensão e por todo conhecimento transmitido.

Agradeço à todos os professores que me acompanharam de perto na execução dessa

monografia, a eles o meu carinho mais que especial.

À ele, Bruno Loução, uma das pessoas mais importantes da minha vida que esteve ao meu

lado nos piores e nos melhore momentos, que me ajudou em todos os aspectos e que se não

fosse por ele eu jamais conseguiria terminar este trabalho. Por todas as horas dedicadas ao

meu lado para me incentivar a fazer sempre o meu melhor, agradeço do fundo do meu

coração com todo o meu amor.

Aos melhores amigos que alguém poderia ter, Bruna Aguiar, Marcela Crenith, Stephanie

Cerci, Caio Cordeiro, Fábio Fukuda e Marcelo Sobral. Agradeço a eles por terem sidos mais

que companheiros, amigos fiéis, por me ensinarem a crescer – porque foi com eles que vivi as

melhores histórias, os melhores momentos e foi com esses amigos que aprendi a lição que

crescer dói, mas que isso faz parte da vida. Obrigada por fazerem parte da minha vida como

nenhum outro.

Agradeço aos 4 anos de faculdade porque foi aqui que conheci as melhores pessoas e que me

farão muita falta.

À todos aqueles que passaram pela minha vida que de alguma forma contribuíram para o meu

crescimento, o meu muito obrigada.

SUMÁRIO

Lista de Figuras

Lista de Quadros

Lista de Tabelas

Lista de Siglas

Resumo

INTRODUÇÃO 1

1 PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA BRASILEIRA 3

1.1 Histórico da pecuária brasileira 3

1.2 Agropecuária no Brasil: hoje 5

1.3 Os diferentes tipos de produção de gado de corte no Brasil 7

2 PRODUÇÃO INTENSIVA – GADO CONFINADO 12

2.1 Participação do governo brasileiro na produção de carne bovina 20

2.2 Questão sanitária do rebanho brasileiro – prevenção e erradicação 23

3 UNIÃO EUROPÉIA E O COMÉRCIO INTERNACIONAL DE CARNES 31

3.1 Políticas de proteção e subsídios internos 35

3.2 Subsídios e políticas de exportação para o mercado bovino 37

3.3 Contrapartida: exportadores de carne bovina enfrentam as barreiras e subsídios

impostas pela União Européia 46

CONSIDERAÇÕES FINAIS 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58

ANEXOS 62

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diagrama de responsabilidades 25

Figura 2 – Mapa das estratégias de erradicação da febre aftosa 26

Figura 3 – Políticas restritivas à febre aftosa – visão políticas estaduais de vacinação 27

Figura 4 – Quantidade anual de abate de bovinos (milhões de unidades) 28

Figura 5 – Comércio UE-Brasil (em bilhões de euros) 33

Figura 6 – Como o PAC funciona 42

Figura 7 – Efeitos dos subsídios à exportações sobre preços 43

Figura 8 – Notificações totais anuais por país (1995-2001) 50

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Sumário comparativo dos sistemas de rastreabilidade 48

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Ganho de peso (em kg) vivo por dia 15

Tabela 2 – Cairns Groups ecnomic indicators 53

LISTA DE SIGLAS

AGF – Aquisição do Governo Federal

Anvisa – Agência de Vigilância Sanitária

APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

BBM – Bolsa de Mercadorias

BM&F – Bolsa de Mercadorias Futuras

BPF – Planos de Boas Práticas e Fabricação

CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

Cofins – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

Conab – Companhia Nacional de Abastecimento

Divisa – Divisões de Vigilância Sanitária

DSA – Departamento de Saúde Animal

EPRGFE – Estabelecimento rurais provedor de gado para abate de exportação – Argentina

ERAS – Estabelecimento rural aprovado no SISBOV

FAO – Food and Agriculture Organization of United Nations

GATT – General Agreement on Trade and Tariffs

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias

IPTU – Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana

IR – Imposto de Renda

ISS – Imposto Sobre Serviços

ISO – Organização Internacional de Padronização

ITR – Imposto Territorial Rural

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MRE – Ministério das Relações Exteriores

NCM - Códigos de Nomenclatura Comum

OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OCM – Organizações Comuns de Mercado

OIE – Organização Mundial de Saúde Animal

OMC – Organização Mundial do Comércio

PAC – Política Agrícola Comum

PGPM – Política de Garantia de Preços Mínimos

PIS – Programa de Integração Social

PNEFA – Programa Nacional da Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa

RPU – Regime de Pagamento Único

SECEX – Serviço de Comércio Exterior

SDA – Secretaria de Defesa Agropecuária

SFA – Superintendências Federais de Agricultura

SIG – Sistema de Gestão Integrada

SIGBE – Sistema de identificación de ganado bovino para exportación – Argentina

SISBOV – Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos

SISGSIF – Serviço de Inspeção Federal

SPS – Sanitary and Phytosanitary Agreement

TBT – Agreement on Technical Barrier to Trade

UE – União Européia

RESUMO

Este trabalho visa analisar os efeitos das barreiras protecionistas impostas no comércio

internacional de carne bovina in natura, suas origens com relação à proteção de mercados

locais, o desenvolvimento de indústrias emergentes e o papel do Brasil na defesa do real

cumprimento de determinações, principalmente quando estas relacionam a qualidade e

sanidade dos produtos aqui produzidos. A escolha dos corretos insumos de produção bem

como a determinação de específico modo de pecuária, elevaram a qualidade da carne

produzida no país alavancado sua competitividade, que por sua vez altera os termos de troca

na economia internacional. Essas relações traduzidas em protecionismo e mediações

internacionais são o foco deste projeto de monografia. A determinação do país em justificar

sua posição como importante player global, e os escorços para alcançar tal objetivo reforçam

a importância deste estudo.

Ao remontar a estrutura histórica da pecuária no Brasil e analisá-la frente as mais restritivas e

importantes políticas comerciais internacionais, o projeto conclui a relevância do constante

aprimoramento da produção e das condições de comércio, para a negociação multilateral

desses importantes conceitos para as economias: local e mundial.

Palavras-Chave: Comércio internacional, pecuária, carne bovina in natura, protecionismo,

barreiras alfandegárias, União Européia.

ABSTRACT

This study aims to examine the effects of protectionist barriers imposed on international trade

of beef in natura, their origins with respect to protection of local markets, the development of

emerging industries and Brazil's role in defending the real fulfillment of determinations,

especially when being relate to quality and sanity of the products produced here. The correct

choice of inputs’ production and the determination of specific mode of farming, increased the

quality of meat produced in the country boosting its competitiveness, which changes the terms

of trade in the international economy. These relationships translating into protectionism and

international mediations are the focus of this project. The country's determination to justify its

position as a major global player, and foreshortening to achieve this goal emphasizes the

importance of this study.

To replace the historic structure of livestock farming in Brazil and analyze it, face the most

important and restrictive trade international policies, the project completes the importance of

constant improvement of production and trade conditions for multilateral negotiation of these

important concepts for economy: locally and globally.

Keys words: International trade, livestock, beef in natura, protectionism, tariffs barriers,

European Union.

INTRODUÇÃO

A pecuária brasileira adquiriu destaque internacional por diversos motivos desde os

primórdios da colonização. Dada a extensão territorial brasileira, somada a utilização da terra

para a produção de alimentos, garantiu ao país bons preços dentre outras facilidades que

chamaram a atenção do mundo no que tange o abastecimento. Sendo o maior exportador de

carne bovina no mundo, o Brasil enfrenta algumas questões importantes para se manter nessa

posição, e mantê-la com qualidade. Dentro das questões econômicas internacionais o país

deve atender à rígidas regulamentações que se apresentam na entrada em novos mercados, e

contra burocráticas políticas locais de proteção interna.

Por essas razões, pode se tornar relevante, o estudo das conseqüentes medidas

protecionistas, no que se referem a questões sanitárias e fitossanitárias dentro desse nicho de

produção alimentícia – carne bovina – e a relação salutar do crescimento global desse

mercado.

O questionamento que se levanta a partir do exposto nos três capítulos do projeto,

recaem sobre a real intenção dos países desenvolvidos em elaborar barreiras, utilizando

fatores inerentes à produção, quando esta se prova ter qualidade superior a demandada, e

quando o esforço para atingi-la supera todas as expectativas - neste projeto, a pecuária bovina

e toda sua trajetória dentro do comércio internacional, cumpre seu papel nesta demonstração.

No primeiro capitulo, procuro explicar o histórico da pecuária no Brasil, tendo seu

início com a chegada da colonização portuguesa no país. No princípio o gado era utilizado

como força motriz no carregamento pesado e nos moinhos de cana-de-açúcar. A partir disto,

procuro mostrar o desenvolvimento desta cultura e o surgimento da industria da pecuária em

paralelo com o desenvolvimento brasileiro e as principais escolhas que se fez ao longo deste

caminho para a prosperidade dessa modalidade.

Já no segundo capitulo, a pesquisa tem como foco o modo de produção escolhido

como principal, a partir do modelo exportador brasileiro: o modelo intensivo com gado

confinado. Nele, a discussão gira em torno das escolhas que se faz para o melhor

aproveitamento da terra, das condições institucionais - que o Brasil oferece e cobra na forma

de impostos – e o principal agravante quando da fragilidade deste mercado que são as

condições de sanidade dos animais, para o abate e posterior manufatura.

2

Destas enfermidades no rebanho, a Febre Aftosa é principal no que se refere a

abrangência e prejuízos para o produto brasileiro. Ponto focal das discussões em âmbito

internacional sobre aceitação da carne bovina, todo o trabalho para erradicação desta doença,

bem como o investimento feito pelos produtores no país, serve como demonstrativo da boa

vontade interna em querer obter credibilidade internacional.

O terceiro capitulo sumariza a questão de aceitação mercadológica do produto

brasileiro, principalmente no mercado da União Europeia. Este bloco, frente a

competitividade da carne brasileira – dentre outros produtos também competitivos – tem em

seu histórico a manutenção de políticas protecionistas que visam melhorar seus termos de

troca internacionais, bem como proteger os produtores locais de uma possível degradação de

preços provenientes de um processo de importações.

Dentro do contexto internacional do livre comércio, procuro evidenciar as razões

acadêmicas para tal proteção da economia interna, da mesma maneira procuro levar a

discussão para como este tipo de competição fortalece o Brasil. Esse fortalecimento acontece

nas instituições, a partir da defesa da soberania e liberdade do comércio internacional, e na

própria industria de carne bovina que, ao procurar transpor as barreiras impostas,

desenvolveu-se e se modernizou tornando-se padrão para o mundo.

A influência que políticas internacionais unilaterais tem sobre o desenvolvimento local

de exportadores dos mais variados gêneros, levando a um constante desenvolvimento das

economias marginais, valorizam o estudo das Relações Internacionais.

3

1. PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA BRASILEIRA

1.1 Histórico da Pecuária Brasileira

A ocupação do território brasileiro começou em meados de 1.500 com a chegada dos

portugueses. Na incessante busca por riquezas, os exploradores portugueses iniciaram a

primeira atividade brasileira de monocultura de exploração em larga escala, o cultivo de cana-

de-açúcar. Os primeiros plantios deram-se no litoral de Pernambuco e Bahia.

(SCHLESINGER, 2009, p.3)

Esse processo foi um dos principais indutores do desenvolvimento da economia

brasileira no período colonial e foi o percursor da produção pecuária nessas regiões. (Idem,

p.1)

O gado brasileiro tinha como finalidade sustentar a principal atividade exportadora,

destinando-se a alimentar a crescente população que começava a se instalar no país atraída

pela nova lavoura, a auxiliar na movimentação de moinhos, no transporte da produção e a

utilização do couro na fabricação de roupas, calçados e outros instrumentos.

(SCHLESINGER, 2009, p.3)

O rebanho estabelecido foi de suma importância no desenvolvimento da cana-de-

açúcar, pois supria a necessidade alimentícia nas vilas açucareiras para os escravos dos

canaviais, e para a população urbana que alimentava-se da carne seca e utilizava o couro

como corda ou para enrolar os fumos destinados à exportação. A manutenção dessas áreas

próximas do litoral só foi possível pela existência desses itens. (MEDEIROS, s/d, p.2)

Nesse período o gado era criado solto e distante das plantações, por proibição da carta

Régia de 1701, por esta razão e por ser considerado uma atividade secundária perante o

plantio de cana-de-açúcar, a produção do rebanho bovino se estabeleceu em escala notável no

interior da região Nordeste do país. (SCHLESINGER, 2009, p.3)

O sertão Nordestino é uma área muito imprópria para se viver, é extremamente seca,

tem baixa pluviosidade e irregularidade nas chuvas. No entanto é nessa região árida que a

4

pecuária brasileira se estabelece e abastece a população litorânea, do Maranhão até a Bahia.

Nesse período o gado produzido tinha uma pequena produtividade econômica, poucas cabeças

distribuídas no extenso território e sua qualidade era baixa – não forneciam mais que 120kg

de carne de pouco valor (CAIO PRADO JR, s/d apud SCHLESINGER, 2009, p.3).

Naquela época, as propriedades rurais se alastravam com muita rapidez em função do

intenso consumo decorrente do povoamento do litoral, da mínima atividade econômica e da

baixa produtividade industrial. Apesar do pouco valor da carne o estabelecimento de novas

fazendas ocorria em virtude da simplicidade de se criar gado bovino (SCHLESINGER, 2009,

p.3).

Continuando com o pensamento de Schlesinger, o crescimento de fazendas e,

conseqüentemente a evolução dos rebanhos brasileiros, tornou Minas Gerais um “segundo

pólo” de produção de gado.

O estado foi assim considerado pelo autor Schlesinger, devido a extensão, mais ao

norte, natural da pecuária da Bahia. Já ao sul a criação bovina se estabeleceu em conseqüência

da rica região com chuvas e amplos rios, que acabava por acompanhar o desenvolvimento da

atividade mineradora. O rebanho bovino mineiro passa, então, a abastecer regiões como São

Paulo e Rio de Janeiro.

Com uma área mais favorável e menos sofrida houve a adoção de técnicas mais

avançadas de produção de gado, levando a fabricação de leite que na região Nordeste era

apenas para abastecer a população local, passa a beneficiar a introdução de industrias de

laticínios. Assim como foi benéfico a inclusão de cercas nas pastagens, diminuindo portanto,

a vigilância e iniciando a domesticação dos animais (SCHLESINGER, 2009, p.6).

A terceira região a se tornar “pólo” de criação de gado foi a Região Sul, que apesar do

clima, da topografia e da hidrografia propícios essa província inicia sua produção muito

depois do Nordeste e de Minas Gerais (Idem, p.6-7).

Ainda, seguindo o raciocínio do autor, o período de implementação da criação bovina

na região Sul foi marcado por muitas guerras e disputas fazendo com que essa região se

tornasse uma área instável. Todavia a produção bovina se organizou, se firmou solidamente e

prosperou com muita rapidez. A princípio, a comercialização do couro era a principal

atividade da região, exportado em grandes quantidades.

5

O comércio da carne bovina era desprezado por acreditarem não haver ninguém que

consumisse. Mas ao dar início a indústria do charque e o declínio da pecuária nordestina, no

fim do século 18, a região sul tornou-se uma importante produtora e fornecedora de carnes

para as outras regiões. O charque sulista, ainda no século 19, alcança o mercado externo

sendo exportada para Portugal, África e Índia. Surge no Sul do país as primeiras grandes

fazendas, que dominaram o território brasileiro, com 15 a 20 mil cabeças de gado

(SCHLESINGER, 2009, p.8).

1.2 Agropecuária no Brasil: hoje

Desde 1940 até os dias de hoje o Brasil se transformou drasticamente, com avanços

tecnológicos e evoluções socioeconômicas. Esse fato fez com que o aspecto das propriedades

rurais fossem alteradas radicalmente (ARAÚJO, 2010, p.3).

Com o êxodo rural, as áreas urbanas duplicaram seu tamanho, ao mesmo tempo em

que as áreas rurais perderam, quase na mesma proporção, mão de obra essencial ao trabalho.

Araújo (Idem) afirma que, em termos de produtividade, hoje o homem do campo tem de ser

aproximadamente três vezes mais produtivo face ao seu semelhante de 1940.

A solução para essa difícil situação é encontrada na tecnologia. O avanço

tecnológico foi intenso nesses últimos 70 anos, provocando saltos nos índices de

produtividade agrícola. Com isso, menor número de pessoas no meio rural, a cada

dia, é obrigado a produzir para mais pessoas, principalmente no que se refere a

produção de alimentos e outros produtos provenientes da agropecuária. (ARAÚJO,

2010, p. 4)

Nesse contexto, a pecuária no agrobusiness pode levar vantagem. A demanda menor

por tecnologia ou incremento de produção, no que se refere ao modo extensivo de produção,

necessita de um menor investimento frente a produtividade desejada. Fato este que

impulsionou a expansão da pecuária sobre terras – até as férteis – em prol da maior

rentabilidade e conseqüente lucro (SCHLESINGER, 2009, p.10).

6

No âmbito internacional, a agricultura apresentou um rápido crescimento a partir da

segunda guerra mundial (NUNES, 2007, p.1). Este crescimento ficou conhecido como

Revolução Verde1 e teve inclusão de tecnologias desenvolvidas para guerra, subsídio para

transportar tecnologia para o campo e suprir assim a demanda crescente por alimento no

mundo.

Para Araújo (2010, p. 4) esta tecnologia é a mesma que deixa o campo cada vez mais

dependente de outros setores da economia, perdendo autossuficiência com relação a insumos,

máquinas – porém conquistando excelência em um tipo de produção, o que alavanca o

excedente, o habilitando a conquistar e abastecer outros mercados.

O Brasil, por ser considerado um país com grande capacidade agrícola, teve nessa

transformação grande sucesso em procurar implementar aumento na produtividade, o

suficiente para pleitear um posicionamento no mercado global no abastecimento de alimentos

e insumos em geral na década de 1960 (SCHLESINGER, 2009, p.10).

Nunes (2007, p. 5) reforça este argumento ao explicitar a escolha acertada do país em

ter na agricultura sua âncora para obtenção de divisas via exportação. Essa escolha, mesmo

sendo uma imposição do modelo colonial português, traz consigo algumas considerações no

que se refere à agricultura familiar. Esta perde força e impacta diretamente na produção

direcionada ao mercado interno – suprida pelo aumento na produtividade relativa a mesma

área (em hA) de produção.

Uma das características no modelo agropecuário brasileiro fundamenta-se na forma de

latifúndio monocultor. Sua principal característica é o rápido esgotamento do solo, elevando a

necessidade de aplicação de tecnologia para extração do mesmo potencial do solo “virgem”.

(ARAÚJO, 2010, p. 4) Com uma maior facilidade de implantação e menor necessidade de

qualidade de solo, o pasto surge, há menos de um século atrás, como solução para terras

inférteis.

A pecuária, desde o fim da segunda guerra mundial, se torna foco de produção no país.

Para Schlesinger:

1 “A agricultura mundial passou, a partir da segunda guerra mundial, por uma série de transformações

decorrentes do processo de modernização, conhecida como Revolução Verde. A modernização consistiu na

utilização de máquinas, insumos e técnicas produtivas que permitiram aumentar a produtividade do trabalho e da

terra. A Revolução Verde permitiu um pequeno aumento da oferta per capita mundial de alimentos. Esse

aumento ocorreu ao mesmo tempo em que a população mundial crescia, a população rural decrescia e a área

agrícola se reduzia (1,91% entre 1975 e 2005).” (NUNES, 2007, p. 1).

7

Esta substituição da agricultura pela pecuária já vinha ocorrendo em quase todas as

antigas regiões agrícolas, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Mas ela

acentuou-se devido à forte valorização da carne bovina decorrente da Segunda

Guerra Mundial, no mercado internacional. Como resultado desta valorização da

carne bovina, passa a se dar a expansão das áreas de pastagem igualmente sobre

terras de primeira qualidade, até então ocupadas por atividades agrícolas.

(SCHLESINGER, 2009, p.10)

Outro fator importante para o estabelecimento do Brasil como agente internacional no

mercado de carnes bovinas foi o precoce estabelecimento da indústria frigorífica

multinacional no país no pós-guerra. Segundo Schlesinger (2009, p. 9), tais empresas se

estabeleceram no Brasil em caráter temporário, com finalidade exclusiva à exportação –

caráter que se mantém até os dias de hoje.

Essa relação entre as empresas norte-americanas instaladas no Brasil justificavam para

Schlesinger (2009, p. 11) a intrínseca relação de crescimento da demanda de consumo por

carne dos norte-americanos, e a expansão da produção de gado bovino processado

internamente no Brasil para exportação. Para o autor, essas empresas, ditaram o ritmo de

crescimento deste mercado – mesmo o interno – bem como o novo modelo de atuação para

beneficiamento de mercados internacionais.

1.3 Os Diferentes Tipos de Produção de Gado de Corte No Brasil

Com o passar dos anos a carne bovina se torna uma commoditie agropecuária,

iniciando, dessa maneira, o comércio internacional de cortes bovino. (SACINELLI et al.,

2007, p.1)

A pecuária de corte foi, no passado, o principal instrumento de consolidação das

fronteiras agrícolas do país, baseada em modelo de exploração extensiva e

alicerçada no grande fluxo do fator terra, que, a preços baixos ou subsidiados, era

incorporada pelos grandes projetos em áreas a serem colonizadas. (1995 apud

MARQUES, 2006, p. 1)

8

Entre os anos de 1940 e 1967 houve um aumento no consumo interno de carne, leite e

laticínios, principalmente nas áreas urbanas, o que gerou um aumento nas pastagens

brasileiras de 35 milhões de hectares para 90 milhões de hectares. (SCHLESINGER, 2009,

p.10) Este fato somente pode ser verificado devido à existência de grandes extensões de terras

propícias para a produção de gado, transformando este setor, na década de 1990 em uma das

principais atividades econômicas da atualidade (TUPY, 2003).

De acordo com Schlesinger (2009, p.10) esse grande aumento das pastagens teve

origem na substituição da agricultura pela pecuária expondo-se, dessa forma, a ruína das

atividades de plantio nas regiões de exploração mais antigas. Com o uso intensivo do solo

para a agricultura, acaba-se por exaurir a fertilidade do solo diferenciado-se da pecuária que

consegue manter a “vitalidade econômica”.

Mantendo a idéia do autor, a pecuária, frente a atividade agrícola, mostra-se menos

custosa demandando um menor número de mão-de-obra e pouca qualidade no solo, já que o

mesmo não requer uma preparação para a execução da pastagem. Em sendo assim, a curva

crescente de preços dos produtos provenientes da pecuária, fez com que as terras antes

cultivadas com o melhor da agricultura sofresse com a expansão dos pastos.

Esta substituição da agricultura pela pecuária já vinha ocorrendo em quase todas as

antigas regiões agrícolas, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Mas ela

acentuou-se devido à forte valorização da carne bovina decorrente da Segunda

Guerra Mundial, no mercado internacional. Como resultado desta valorização da

carne bovina, passa a se dar a expansão das áreas de pastagem igualmente sobre

terras de primeira qualidade, até então ocupadas por atividades agrícolas. (SCHLESINGER, 2009, p.10)

Coexistindo com a forma extensiva de criação de gado – uma produção mais antiga,

adotada há muitos anos e que como o nome diz, necessita de uma grande extensão de

pastagem para cada animal – atualmente também existe no Brasil uma outra forma adotada

mais recentemente; a produção intensiva ou de confinamento. Essa requer uma pequena área

de pastagem uma vez que o gado vive confinado2.

O sistema de criação extensiva abastece, especialmente, o mercado doméstico

brasileiro, por ser um sistema de grandes pastagens, a engorda é mais lenta que pode levar de

2 Vide anexo 1, entrevista na íntegra sobre o assunto.

9

24 a 30 meses utilizando-se de uma alimentação a base de capim e sal, apenas, auxiliando no

prorrogação desse ciclo3.

O mercado internacional, por sua vez, exige uma produção de carne mais rápida, com

ciclos menores, portanto, o sistema de confinamento é destinado, em sua maioria, a novos

mercados consumidores externos4.

No Brasil, o processo de criação do rebanho bovino é realizado em ciclos

denominados cria, recria e engorda. Cada etapa requer um procedimento específico e um

período previsto (TUPY, 2003).

De acordo com Tupy (Idem), a criação de forma extensiva necessita de um período de

tempo maior em cada uma das etapas. A primeira etapa da cria é distinguida na produção do

bezerro que pode durar até 9 meses, tempo necessário para a desmama total do animal. O

produtor deve atentar-se mais nesse ciclo para a produção e a alimentação dos bezerros, pois

essa fase é muito sensível as alterações externas e precursora dos indicadores de

produtividade do rebanho.

Ao fim da etapa de cria, o animal recebe o nome de novilho entrando, então, na etapa

de recria que dura até a fase de coito das vacas e a engorda dos machos, entre 2 a 4 anos. Esse

período pode diminuir um pouco se a tecnologia usada for de produção intensiva. (Idem,

ibidem)

Com 30 meses de idade, em média, o boi está pronto para a fase de engorda, onde os

animais são separados em pequenos grupos de 25 a 35 unidades e são destinados ao pasto de

engorda. Nesse ciclo, a produção de confinamento complementa a alimentação do gado com

protéicos e energéticos, o que leva cerca de 4 a 5 meses até finalizar a etapa. No entanto,

existe a possibilidade desse período ser alterado. Se os produtores rurais optarem por vender o

gado na alta da arroba5 do boi, o tempo pode aumentar ou diminuir

6.

3 No comércio mundial ao proferir sobre produção de bovinos fala-se de ciclos. Um ciclo é a vivência do animal

em cada fase que o mesmo deve passar, sendo três etapas, cria, recria e engorda que podem estar ou não

inseridas na mesma propriedade rural. Todo o processo envolve da maturação até o produto final – a carne

vendida ao consumidor final. O tempo de um ciclo dependerá da tecnologia adotada pelo produtor. O ciclo no

Brasil é considerado longo pelo mercado internacional tendo em média entre 5 a 7 anos. (TUPY, 2003) 4 Vide anexo 1. 5 Ao proferir alta da arroba do boi significa dizer que essa época o preço da arroba (medida de peso usada para

pesar o gado; 1 arroba tem 15 kg) está elevado, ao contrário da baixa da arroba que significa que o preço do peso

do animal está mais barato. 6 Vide anexo 1.

10

O Brasil teve grande sucesso em implementar a pecuária extensiva já que dispõe de

grandes extensões de terras e pelo baixo investimento inicial da produção extensiva. Assim,

muitos proprietários de terras optaram por praticar essa pecuária, tornando o país um dos

maiores produtores de carne no mundo.

De acordo com Schlesinger (2009, p.2), as pastagens para os gados aumentaram em

cerca de 35 milhões de hectares nos anos de 1940 e 1967, acompanhada dos rebanhos que

duplicaram de 44,6 milhões para 90 milhões intensificando a produção de carne brasileira.

Com a expansão das pastagens – desmatando áreas de floresta para instalar pastos,

gera o aumento dos territórios desocupados em território nacional, o que fez o Estado de Mato

Grosso se tornar, em 1970, a maior região pecuária do Brasil. Com o passar dos anos o

rebanho brasileiro continuou crescendo aceleradamente em áreas como a Amazônia, onde o

desmatamento foi constante. Essas áreas desmatadas portanto, se tornaram pastos imensos

inflando o número dos rebanhos bovinos brasileiros. (SARCINELLI et al., 2007, p.1)

Um salto histórico é dado e em 2005 o rebanho bovino do Brasil cresce e chega a 200

milhões de cabeças de gado distribuídas em 4 milhões de propriedades rurais. (Idem, ibidem)

Com o aumento dos rebanhos e o desenvolvimento da pecuária no Brasil o modelo de

produção intensiva de carne bovina voltado para atender novos mercados consumidores

externos vêm expandindo consideravelmente pelo país nos últimos dez anos. (ANUALPEC,

2002)

Para esse modelo o produtor deve desembolsar um investimento inicial bem maior que

o do sistema de produção extensiva. É necessário uma alimentação a base de ração específica

com grandes quantidades de suplementação como energéticos, protéicos, capim e sal, portanto

a engorda é mais rápida (cerca de 12 a 15 meses) e bem mais lucrativa, já que o produtor não

necessita de uma extensão de terra tão grande e a venda da carne é feita em um período muito

curto, geralmente na entressafra, pois o gado está em constante engorda, logo o capital

investido inicialmente tem um retorno breve e maior. (COSTA, 1996, p.3)

O confinamento tornou-se uma prática muito habitual, nos dias de hoje, por

possibilitar ao produtor que o mesmo mantenha propriedades favoráveis ao modelo intensivo

junto aos grandes centros consumidores sem precisar instalar seus rebanhos em terras

longínquas sem valor agregado. (VASCONCELLOS, 1993, p.15)

11

Com terras mais próximas aos centros consumidores o produtor consegue reduzir seus

custos de transporte – por outro lado com terras caras, o confinamento também se traduz em

redução de custos por demandar menores quantidades de terras. (Idem, ibidem)

Com a idéia de Vasconcellos, a produção por confinamento é vantajosa também para

os frigoríficos e para os cortumes, esses tendem a comercializar uma quantidade maior de

bovinos. Quando o rebanho abatido é proveniente de confinamento há uma redução notável

da ociosidade, pois a chegada da carne é mais rápida com gados comercializados na

entressafra.

No sistema extensivo o aproveitamento de construções sem uso prévio, de produtos e

subprodutos abandonados não é viável. O fazendeiro que inicia a criação e produção de gado

de corte é forçado a montar uma propriedade com o tamanho e especificações destinados a

criação de gado em grandes pastagens, o que se difere do sistema intensivo onde é prudente

aproveitar construções e produtos sem uso, acarretando em diminuição de custos.

(VASCONCELLOS, 1993, p.15)

Segundo Corrêa e Santos (2003, p.1), a produção brasileira de rebanhos em pastagens,

englobando as duas formas (extensiva e intensiva), é baseada em dois aspectos básicos: (i)

capacidade do animal de ganhar peso e (ii) capacidade de suporte – número de animais por

unidade de áreas. Os proprietários de terras rurais produtoras de gado destinadas a corte

devem sempre se lembrar desses pontos básicos para iniciar sua produção e com o intuito de

evitar, dessa forma, qualquer tipo de perda no rebanho bovino.

12

2. PRODUÇÃO INTENSIVA – GADO CONFINADO

O autor Paulo Vasconcellos (1993, p.13) afirma que o confinamento é uma forma de

criação que permite a produção com qualidade, quantidade e lucratividade, mas deve-se

trabalhar com animais sadios que têm a possibilidade de ganho de peso com o manejo

adequado e boa alimentação.

Tecnicamente recomendável, praticamente possível e economicamente viável, é,

pois, uma atividade que, bem conduzida como empresa, constitui a solução para o

abastecimento na entressafra. (VASCONCELLOS, 1993, p.13)

A produção de carne bovina por confinamento tem expandido consideravelmente

desde 2000, principalmente, no norte do estado de Mato Grosso. Com esse constante

crescimento da pecuária intensiva aumenta a quantidade do gado abatido que chega a ser 6%

do total abatido. O confinamento brasileiro está se tornando um padrão de mercado, são

confinados todos os anos 700 mil cabeças de gado que são passíveis de aumento agregando

um valor bem maior no preço dos animais7.

O confinamento permite uma oferta maior de carne sem necessariamente ampliar o

número de cabeças de gados na propriedade, gerando melhorias nos índices zootécnicos

(nascimentos, desfrute, ganho de peso, intervalo interpartos e mortalidade) de animais magros

e desvalorizados na safra para torná-los pesados e apreciados na entressafra.

(VASCONCELLOS, 1993, p.13)

Com um espaço muitas vezes menor, a carne produzida em confinamento é mais

macia e com menos músculos, pois o animal se movimenta menos economizando energia e

engordando em um espaço de tempo reduzido. Além da carne macia, este espaço menor

propicia um controle maior e melhor sobre a sanidade do animal, já que o boi não fica solto

no pasto, o que elimina em quase toda sua totalidade, a incidência de carrapatos e outras

doenças comuns. (Idem, p.17)

Ao colocar os animais em confinamento os mesmos ficam mais fortes, robustos e mais

sadios com ¼ do tempo do gado produzido no modelo extensivo. Dessa forma o produtor

7 Pecuária.com.br – Confinamento ganha destaque no Norte de MT [on line]. Disponível em:

<http://www.pecuaria.com.br/info.php?ver=2221>. Acessado em 07 de out. 2010.

13

possui a possibilidade de lucrar mais e ainda pode usar a pastagem restante em uma outra

atividade – a área utilizada para confinar o gado é pequena e quando a propriedade rural é

grande há sobra de espaço possibilitando o produtor a realizar uma outra atividade, gerando

receitas mais diversificadas e maiores. (CARDOSO, 1996, p. 3)

Os proprietários de terras voltadas para o confinamento têm a possibilidade de obter

lucros maiores, pois podem, assim, como trabalhar na comercialização direta do boi –

vendendo-os para frigoríficos, ou ainda no mercado futuro do boi gordo. Esse trabalho

antecipa a venda do gado na Bolsa de Mercadorias de São Paulo, que admite transações com

até doze meses de antecedência. (VASCONCELLOS, 1993, p.13)

Vasconcellos (1993, p.14) acredita que com a diversificação das receitas na

propriedade rural, decorrentes do confinamento, é capaz de gerar uma maior movimentação

de outros setores na economia brasileira, pois é preciso abastecer o gado confinado com grãos

como milho, soja e farelos de algodão que são usados como complemento na alimentação do

gado. Além disso, a modalidade intensiva mobiliza diversos setores na produção da carne,

gerando empregos e maior consumo.

É necessário explicar que no sistema de produção intensiva existem quatro diferentes

tipos de confinamento, mas apenas três são utilizados no Brasil, o Confinamento de Vitelos,

Terneiros ou Bezerros que são empregados, principalmente, no sul do país. Nessa

modalidade, o rebanho permanece em uma área pequena, onde o gado quase não se

movimenta, completamente coberta e fechada e com pouquíssima claridade. Assim o animal é

obrigado a apenas comer e dormir na maior parte do tempo, conseqüentemente a engorda é

intensa e de extrema rapidez em um período de 100 a 120 dias. (Idem, p.21)

No confinamento destinado para Recria e Engorda Intensiva, segundo Vasconcellos

(1993, p.21), são utilizados animais com oito a dez meses que serão abatidos entre 20 e 24

meses, com peso em média de 250 a 260 kg. Diferenciando-se do Confinamento de

Acabamento ou Engorda Intensiva. Nessa técnica o rebanho entra adulto já com idade por

volta de 24 a 36 meses com uma alimentação de maior quantidade e com uma abundância de

rações. O tempo total de permanência do animal no confinamento é de 100 a 120 dias,

chegando ao peso de 550 kg8.

8 O gado abatido, em média, pesa entre 240kg e 270kg, no entanto é possível abater bois com um peso bem

maior.

14

A nutrição do rebanho bovino destinado a confinamento representa 70% do custo total

da produção, sendo assim, a alimentação destes animais deve ser de total preocupação para o

proprietário, afirma Vasconcellos (1993, p.35), pois é a forma mais econômica de evitar

doenças – um animal bem alimentado dificilmente apresentará doenças ou precisará de

cuidados especiais e desperdícios evitando assim aumento de custos.

Os alimentos consumidos pelo sistema de confinamento podem ser produzidos na

própria propriedade rural, o que pode implicar em menos custos para o produtor, ou podem

ser comprados de propriedades rurais destinadas somente à produção de nutrientes. A

alimentação básica e mais comum é a de forrageiras que tem um alto valor nutritivo. As mais

aproveitadas são gramíneas como, milho, aveia, sorgo e os capins Elefante (Napier), Imperial,

Milheto e Cana-de-açúcar; e as leguminosas alfafa, feijão-guandu, labe-labe, soja perene, soja

granífera (leite de soja) dentre outras. (Idem, p.71)

Para se extrair do confinamento o maior lucro é necessário que o produtor tenha

animais específicos para o confinamento de corte. Esses são os melhores em converter pouca

quantidade de alimento em grande quantidade de carne (ganham muito peso facilmente),

produzindo uma carne apetitosa, macia, enxuta e tenra. (VASCONCELLOS, 1993, p.135-

136)

Na escolha dos animais para exploração de carne, a preferência recairá nos animais

de aclimação rápida e completa, precocidade no desenvolvimento, índole mansa,

rusticidade, couro solto com pigmentação escura (para melhor resistência ao calor e

às fortes exposições ao sol), capacidade de boa conversão, mesmo quando em terras

fracas, com pastagens nativas ou praguejadas, e ainda resistência aos parasitas

(bernes, carrapatos, vermes etc). (VASCONCELLOS, 1993, p.136)

Para estudiosos em confinamento como Costa e Vasconcellos (1993, p.137), a melhor

maneira de escolher o gado propício para o confinamento é analisar seu ganho de peso por

dia. Dessa forma o produtor saberá qual gado terá um melhor aproveitamento e gerará

maiores lucros – a engorda do boi é mais satisfatória.

Na tabela 1 é possível observar o empenho das chamadas raças mestiças e raças puras9

no ganho de peso diário.

9 As denominadas raças mestiças são as raças onde há mistura, miscigenação de duas ou mais raças quem podem

ser de corte ou até mesmo de leite, feita por propriedades destinadas a reprodução e produção de bezerros,

diferentemente das raças puras. Estas são puro sangue só há a predominância de uma única raça.

15

Além de considerar a escolha dos alimentos e da raça a ser criada, autores Do Valle,

Andreotti e Thiago (1998) afirmam que o controle sanitário deve ser tratado com extrema

atenção. O rebanho precisa ser constantemente checado e controlado, dessa forma, impede-se

que possíveis bactérias, parasitas e vírus infestem o rebanho causando doenças que podem

levar a morte do gado, como tricomonose, brucelose, leptospirose entre inúmeras outras.

O confinamento dificulta o contágio dessas doenças, por o boi não pastar o mesmo

tem menor propensão a adquirir bactérias, parasitas e vírus. Entretanto ao tratar de carne in

natura os cuidados devem ser dobrados para não haver surpresas na hora de vender o rebanho

para o abate. (Idem, 1998)

Quando bois são comprados e inseridos no manejo de confinamento, algumas

precauções devem ser tomadas quando se visa a venda e a exportação. Para tanto, é preciso

estar de acordo com as normas sanitárias do Brasil e do país para o qual o produtor irá

comercializar seu rebanho. (VASCONCELLOS, 1993, p.159)

Com o intuito de evitar perdas e prejuízo na comercialização de carne in natura

bovina o controle sanitário nas propriedades de confinamento está a cada momento mais

rigoroso.

Vasconcellos (1993, p.160) afirma que o produtor deve identificar os animais assim

que os mesmos chegam na propriedade. A identificação deve ser feita com o brinco10

plástico

10 Vide anexo 2 e 3, foto do modelo de brinco para cadastramento do rebanho bovino no SISBOV.

16

ou alguma marca separando todo o rebanho em lotes, lotes esses que devem conter os animais

mais homogêneos utilizando informações como peso, idade e tamanho dos mesmos.

A vacinação dos animais é a maneira mais segura de controlar a sanidade do gado

segundo Vasconcellos (Idem p.159). As vacinas mais comuns são febre aftosa, carbúnculo

sintomático e botulismo. Não deve-se esquecer, que é preciso vacinar todo o rebanho contra

todas as zoonoses que possam existir na região da propriedade.

É de suma importância que todo o gado receba vermífugo e choque vitamínico11

,

assim como, é indispensável um controle de ectoparasitas com remédios como carrapaticida,

bernicida e mosquicida. Esses parasitas maltratam o animal deixando-o fraco e com muitas

dores impedido, dessa maneira, de se levantar. O gado possivelmente será pisoteado pelos

outros e correrá risco de morte. (Idem, p.160)

O produtor deve-se atentar para o controle de doenças e vacinas do seu rebanho

confinado, para isso o fazendeiro deve elaborar uma Ficha de Controle12

. Sem ela é

impossível comercializar a carne bovina produzida nesta determinada propriedade, já que é

exigido dos países importadores, em especial a UE, uma comprovação que a carne está livre

de doenças.

A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) controla e vistoria a saúde de todos

os animais segundo Araújo (2010, p.93). No Brasil, essa vistoria feita em bovinos é por meios

da rastreabilidade, começando pela saída da carne da propriedade rural até o consumidor

final, garantindo, assim, a qualidade exigida e prevenindo futuros acidentes como a não

comercialização da carne bovina se a procedência do animal for desconhecida ou se há

confirmação da falta de cuidados.

Os cuidados com a carne in natura devem estar voltados ao armazenamento

inadequado, temperatura da refrigeração abaixo ou acima dos níveis ideais, transporte em

veículos não apropriados etc. (Idem, p.93-94)

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem o compromisso

de inspecionar os registros13

das fazendas e agroindústrias de carne quando há a

11 Vitaminas aplicadas no gado via intramuscular auxiliando na prevenção de doenças. 12 Vide anexo 5, Modelo de ficha de controle do rebanho que o produtor deve fazer em sua propriedade. 13 Para um funcionamento de uma empresa é necessário que se faça todos os registros normais para constituir e

funcionar uma empresa. Na comercialização e exportação de carne bovina a propriedade rural é considerada uma

empresa, dessa forma, é preciso que se faça os registros para a “empresa” – fazenda, funcionar. Além dos

registros comuns há a exigência dos registros de marca, logomarca, código de barras, registro do

estabelecimento, registro do produto, dentre outros no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), ainda

17

comercialização do produto fora do Estado de origem e para exportação e tais registros podem

ser feitos apenas pelo MAPA. A comercialização dentro do Estado de origem tem seus

registro feitos pela Secretaria de Agricultura e no caso de comercializar dentro do município é

possível fazer os registros pela Prefeitura local. (ARAÚJO, 2010, p.94)

Araújo (2010, p.104) apresenta as principais instituições responsáveis em vistoriar e

regulamentar o comércio de carne bovina brasileiro. Elas estão divididas entre públicas e

privadas. As regulamentações são feitas, principalmente, pelo Governo Federal com a

intercessão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)14

e, em menores dimensões,

pelos governos estaduais com o intermédio de Centrais de Abastecimentos e alguns outros

programas.

A Conab, com seu objetivo principal de regulamentar o comércio, pratica linhas de

ações como formular e acompanhar a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), tendo

como instrumento a Aquisição do Governo Federal (AGF) para beneficiar o produtor rural15

.

Assim como o PGPM, a Conab tem a gestão política dos estoques públicos onde há a

participação do órgão na criação e realização das operações de compra, estocagem,

fiscalização, retirada e a venda dos estoques que são reguladores e estratégicos. (ARAÚJO,

2010, p.104)

Segundo Araújo (Idem, ibidem), na administração de programas de abastecimento a

Conab coordena e oferece todo o apoio necessário à implementação das ações que são

voltadas para os segmentos sociais, tais como distribuição de alimento, regularização da

demanda e mediação das partes interessadas. Da mesma maneira, na execução de programas

de parcerias políticas sociais de fornecimento alimentar e de vendas, que acontece de estoques

públicos.

Já no âmbito internacional a OMC – Organização Mundial do Comércio é o órgão

regulamentador de maior importância e é a única organização internacional habilitada para

impor regras de comércio entre as nações. Os acordos negociados e assinados pelos países e

é essencial as licenças dos órgãos do meio ambiente pra que seja cumprido os pré-requisitos em função da

proteção ambiental. (ARAÚJO, 2010, p.94-95) 14 Criada pela Lei nº 8.029, de 14-4-1990 tem como objetivo garantir o abastecimento agroalimentar

participando, ativamente, da formulação e implementação de políticas para o desenvolvimento sustentável do

agronegócio. Com isso a Conab, que está atrelada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA), gera informações e difunde conhecimentos executando ações voltadas para o abastecimento da

população. 15 Conab – Companhia Nacional de Abastecimento [on line] Disponível em: <http://www.gov.br/> . Acesso em:

21 out. de 2010.

18

ratificados pelos parlamentares tem a finalidade de auxiliar os produtores de bens e serviços

comercializados internacionalmente16

.

O Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos –

SISBOV, uma subdivisão do MAPA, tem como função registrar e identificar o rebanho de

bovinos e bubalinos em território brasileiro com a possibilidade de rastrear o animal do seu

nascimento até o abate. Para este fim são disponibilizados relatórios, pelo MAPA, que servem

de apoio na tomada de decisão quanto a qualidade do gado nacional e exportado17

.

Para o SISBOV o produtor declara18

sua propriedade e seu gado, cada boi terá um

brinco que funciona como uma espécie de CPF, cada animal tem o seu quando destinado ao

abate e exportação. Na declaração devem conter também todas movimentações feitas para

manter o bem estar do boi – entrada e saída do rebanho, vacina, remédios, nota fiscal de

compra de sal e suplementos para alimentação, tudo precisa estar devidamente declarado no

SISBOV e no chamado Livro19

. (TUPY, 2003)

Ao cadastrar uma propriedade rural no órgão SISBOV o produtor fica sujeito a

possíveis visitas dos membros do MAPA para certificarem a veracidade das declarações

dadas pelos produtores. Após confirmarem as afirmações e certificarem que as mesmas estão

de acordo com todas as regras, o gado poderá ser exportado20

.

O Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF) é um sistema de controle do MAPA que tem

o objetivo de avaliar a qualidade na produção de origem animal. Ele possui uma base de

dados que fornece ao MAPA a possibilidade de controlar todas as propriedades

regulamentadas no SISBOV. Dessa forma é possível saber, por exemplo, as quantidades de

animais abatidos por ano e outras informações necessárias para avaliar e controlar a qualidade

da produção de carne bovina brasileira21

.

16OMC – Organização Mundial do Comércio [on line] Disponível em:

<http://www.wto.org/english/thewto_e/whatis_e/whatis_e.htm>. Acessado em: 17 de mar. 2010. 17 SISBOV – Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos [on line]

Disponível em:

<http://www.agricultura.gov.br/portal/page?_pageid=33,5459468&_dad=portal&_schema=PORTAL>.

Acessado em: 21 de out. 2010. 18 Vide anexo 4, o modelo para o produtor declarar sua propriedade para o SISBOV. 19 Vide anexo 1. 20 Idem. 21 MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sistemas Informatizados, SIGSIF - Serviço

de Inspeção Federal [on line]. Disponível em:

<http://www.agricultura.gov.br/portal/page?_pageid=33,961057&_dad=portal&_schema=PORTAL>. Acessado

em: 09 de jun. 2010.

19

Diferenciando-se dos serviços públicos, os serviços privados de apoio à

comercialização são feitos por meio de cooperativas e bolsas de mercadorias. (ARAÚJO,

2010, p.105)

De acordo com Araújo (Idem, ibidem) as cooperativas tem a função de representar

seus associados e defender o direito deles incluindo a comercialização de seus produtos mas,

esporadicamente, funciona como uma empresa qualquer.

Igualmente como as cooperativas, as Bolsas de Mercadorias (BBM) funcionam como

prestadoras de serviços dando espaço e apoio logístico à comercialização do gado por meio de

pregões, tanto em mercado à vista como em mercados futuros, até o serviço público, que

oferece apoio ao comércio, se utiliza das Bolsas de Mercadorias (exceto da BM&F22

– Bolsa

de Mercados Futuros). (ARAÚJO, 2010, p.105-106)

Os serviços de vigilância sanitária brasileiros atuam diretamente na pecuária do país.

Segundo Araújo (2010, p.106), esses serviços estão vistoriando, sempre, a qualidade da carne

in natura nacional e exportada. As principais organizações capazes de realizar esses serviços,

de vigilância sanitária, são o Ministério da Saúde que atua por intermédio da Agência de

Vigilância Sanitária (Anvisa), o MAPA por meio de Superintendências Federais de

Agricultura (SFA) e por intervenção das Divisões de Vigilância Sanitária (Divisa) e as

Secretarias de Saúde e Secretaria de Agricultura que atuam por interferência das Instituições

estaduais nas respectivas Unidades de Federação.

O engenheiro, Massilon Araújo (2010, p.106-107) afirma que a vigilância sanitária

tem o objetivo de garantir ao consumidor, sendo ele interno ou externo, a qualidade da carne

comercializada. Buscando proteger à saúde, estes sistemas de vigilâncias atuam nas empresas

produtoras de carnes in natura, ou seja, nas propriedades rurais e nos frigoríficos que devem

adequar seus estabelecimentos a todas as exigências, pois caso não o faça seus produtos não

serão negociados de nenhuma forma podendo gerar prejuízos.

22 A BM&F se tornou em 2008 a BM&FBovespa a partir da integração da Bolsa de Valores de São Paulo com a

Bolsa de Mercadorias e futuros, hoje é a instituição brasileira fundamental de intermediações para as operações

no mercado de capitais e é a única bolsa de valores, mercadorias e futuro que continua em operação no país.

20

2.1 Participação do Governo Brasileiro na Produção de Carne Bovina

Com modelos de qualidade padrão, as vigilâncias sanitárias prestam serviços às

empresas, orientando as mesmas quanto a normas, padrões e até processos onde a carne

bovina tem maior oferta de melhor qualidade, portanto as fazendas e os frigoríficos se vêem

obrigados a seguir e manter níveis altos de qualidade. (Idem, ibidem)

O governo federal brasileiro tem como objetivo arrecadar impostos para executar

melhorias nos vários setores existentes na política do país. (ARAÚJO, 2010. P.107)

As tributações referem-se a valores acrescidos aos preços dos produtos, impostos

pelo governo, com a finalidade de arrecadação. Elas são diretamente proporcionais à

importância que cada produto representa para o país ou para os Estados e

municípios, tanto do ponto de vista social como econômico. São muito utilizadas

nas “guerras” de incentivos para elevar ou diminuir preços dos produtos, visando

atrair investimentos ou tornar os produtos mais competitivos”. (ARAÚJO, 2010,

p.107)

Para Araújo (2010, p.107-108) os impostos cobrados pelo governo acabam onerando

as atividades econômicas, a ponto de inviabilizá-las. Por serem consideradas exacerbadas,

acaba por refletem em toda a sociedade brasileira por meio da redução da renda disponível e

especificamente no setor podendo provocar o abandono desta atividade econômica e

desemprego.

Os principais impostos do Governo Federal Brasileiro são o Imposto Territorial Rural

(ITR)23

e o Imposto de Renda (IR)24

. O primeiro imposto caracterizado pela arrecadação

sobre o controle útil ou a posse de um imóvel que está fora do alcance do perímetro urbano do

município. (Idem, p.107)

O segundo imposto comum, cobrado pelo governo brasileiro, é arrecadado tanto da

pessoa física quanto da pessoa jurídica, deduzido-se uma certa percentagem da renda média

anual para o governo. Essa percentagem pode variar conforme a renda média anual ou pode

ser fixada a uma percentagem estipulada.(ARAÚJO, 2010, p.107)

23Ministério da Fazenda – Receita Federal [on line] Disponível em:

<http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/legisassunto/itr.htm>. Acesso em: 22 de out. 2010. 24 Ministério da Fazenda – Receita Federal [on line] Disponível em:

<http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoafisica/restituicao/default.htm>. Acesso em: 22 de out. 2010.

21

Outra forma de arrecadação por parte do governo ocorre por meio de contribuições

como o Programa de Integração Social (PIS)25

– esta é uma contribuição de caráter tributário

feita pelas empresas com o objetivo de financiar o pagamento do seguro-desemprego e do

abono para os operários que recebem até dois salários mínimos. A última tributação por parte

do governo federal é a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)26

arrecada uma alíquota de 7,6% das empresas tributadas pelo lucro real e das demais 3,0%

com a finalidade de pagar a seguridade social. (Idem, ibidem)

Araújo afirma (2010, p.107-108) que o Governo Federal fica a encargo de cobrar o

Imposto Sobre Serviços (ISS)27

– o imposto é arrecadado pela prestação de serviços de

empresas e de profissionais autônomos.

Existe também tributações por parte dos Governos Estaduais e Municipais. O governo

estadual cobra o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS)28

e o Imposto sobre

Propriedade Territorial Urbana (IPTU)29

. (Idem, ibidem)

O ICMS, afirma Araújo (2010, p.108), tem a função fiscal a qual cobra da empresa

uma percentagem sobre o valor da nota fiscal da mercadoria que circula entre os Estados, já o

IPTU taxa todo e qualquer imóvel sobre o qual o proprietário rural ou frigorífico disponibiliza

sua sede.

Outra forma do Governo Federal atuar na comercialização de carne bovina é por meio

de subsídios. São incentivos para os produtores rurais em forma de valores em Real pago para

impulsionar, dessa forma, o produtor a produzir mais e continuamente. (ARAÚJO, 2010,

p.108)

Continuando o raciocínio de Araújo, na década de 1970 houve no Brasil subsídios

fartos para o produtor, em forma de parcelas incluídas em financiamentos bancários oficiais,

ou seja, facilitação via crédito agrícola subsidiado.

25 Portal Tributário; PIS – Programa de Integração Social [on line] Disponível em:

<http://www.portaltributario.com.br/tributos/pis.htm>. Acesso em: 22 de out. 2010. 26 Portal Tributário; COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social [on line] Disponível

em: <http://www.portaltributario.com.br/tributos/cofins.html>. Acesso em: 22 de out. 2010. 27 Prefeitura de São Paulo – Secretaria Municipal de Finanças [on line] Disponível em:

<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/financas/servicos/iss/>. Acesso em: 22 de out. 2010. 28 Portal Tributário; ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços [on line]

Disponível em: <http://www.portaltributario.com.br/tributos/icms.html>. Acesso em: 22 out. 2010. 29 Prefeitura de São Paulo – Secretaria Municipal de Finanças [on line] Disponível em:

<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/financas/servicos/iptu/>. Acesso em: 22 de out. 2010.

22

Já na década de 1980 o governo brasileiro começa a diminuir drasticamente os

subsídios de incentivos aos produtores rurais e na década de 1990 esses são praticamente

dizimados. Os incentivos foram extintos pela existência de inúmeros questionamentos sobre

os desvios de finalidade e os tipos de produtores que recebiam os subsídios bancários. Na

realidade os privilegiados, em receber o financiamento bancário, eram os mais ricos e os

proprietários de terra, os pobres e os que não tinham propriedades rurais quase não tinham a

chance de receber esses subsídios. (ARAÚJO, 2010, p.108)

Em países desenvolvidos como os Estados Unidos, Japão e União Européia os

incentivos aos proprietários rurais são quantias enormes chegando a ser 900% a mais que no

Brasil, por haver um protecionismo para com sua produção interna e para manter seus

produtores competitivos no mercado global. (Idem, p.109)

Há na pecuária brasileira a imposição de barreiras que tentam proteger os interesses

internos dos produtos e produtores nacionais em relação à outras nações, usando as barreiras

sanitárias como instrumento de regulamentação e proteção ao comércio nacional. (ARAÚJO,

2010, p.109)

A regulamentação do comércio teve início pelo Acordo Geral de Comércio e Tarifas

(General Agreement on Trade and Tariffs – GATT) com o objetivo de diminuir as barreiras

tarifárias impostas. As resoluções do GATT são postas em prática e a possibilidade dos países

usarem essas medidas como instrumentos de interferência no comércio internacional

estabelecido pelo Código de Normas (Standards Code) em 1974 até 1979 na Rodada Tóquio.

(GALLI et al., s/d, p.4)

O Código de Normas visava dar orientações gerais, como se deveria criar, adotar e

implementar os regulamentos técnicos e sanitários. O código não tinha caráter obrigatório, já

que o GATT era um acordo de livre adesão impedindo, dessa forma, uma maior abrangência

com do acordo. (ARAÚJO, 2010, p.109)

Na rodada seguinte afirma Galli et al. (s/d, p.4), a Rodada do Uruguai em 1986 a 1993,

o Código de Normas foi substituído por dois novos acordos o Acordo de medidas Sanitárias e

Fitossanitárias (Sanitary and Phytosanitary Agreement – SPS)30

e o Acordo sobre Barreiras

Técnicas ao Comércio (Agreement on Technical Barrier to Trade – TBT).

30 O Acordo SPS aplica-se a todas as medidas sanitárias e fitossanitárias que possam afetar o comércio direta ou

indiretamente, e estabelece que os países têm o direito de adotar medidas dessa natureza que sejam necessárias

para a proteção da vida ou saúde humana, animal ou vegetal, desde que tais medidas não sejam inconsistentes

23

Esses novos acordos são incorporados pela OMC e se tornam mais fortes que o

Código de Normas regressando, assim, a ser obrigatório para todos os países signatários.

(ARAÚJO, 2010, p.110)

Diferentemente do que se verifica quando se discutem os efeitos das barreiras

tarifárias, a imposição de uma medida sanitária está intrinsecamente ligada a

questões como saúde pública e proteção da fauna e flora de um dado território.

(ARAÚJO, 2010 apud MIRANDA et at. s/d, p.111)

O Acordo de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias coordena todas as medidas sanitárias

e fitossanitárias tendo como finalidade proteger a saúde humana e animal dos riscos

associados aos alimentos, defender a saúde humana das doenças transmitidas por plantas e

animais e proteger animais e plantas de pragas e doenças, através de exigências técnicas ou

não. (ARAÚJO, 2010. p.111-112)

Continuando com o pensamento do autor Araújo “as barreiras sanitárias são instituídas

com o objetivo, subjetivo econômico, por esta razão alguns países são mais exigentes que

outros”.

A existência do Acordo acaba por não impedir que blocos ou países adotem medidas

específicas, dessa forma as nações impõe regras e barreiras particulares que seguem somente

seus interesses. Um exemplo é o Europe Gapp que adota uma certificação voluntária de

qualidade, por conseqüência deste o exportador deve se adequar a todas essas barreiras

sanitárias para comercializar seu produto. (ARAÚJO, 2010, p.112)

2.2 Questão Sanitária do Rebanho Brasileiro – Prevenção e Erradicação

A barreira sanitária que impõe maior fiscalização sobre o comércio internacional de

carne bovina brasileira é a Febre Aftosa (Foot and Mouth Disease). Uma doença infecciosa

ocasionada por um vírus altamente contagioso, o vírus permanece por muito tempo na medula

óssea do animal mesmo depois de morto sendo altamente transmissível para todo o restante

com os princípios do Acordo. (GALLI et al.; s/d, p.4)

24

do rebanho por meio de secreções e excreções (saliva, fezes, leite, urina e sêmen). (PITUCO,

2006, p.26)

A doença, afirma Pituco (Idem, ibidem), forma feridas na boca, língua e casco do

animal impossibilitando-o de andar e comer causando sua morte. Por ser um vírus que sofre

mutações, isto o torna, muitas vezes, imune as vacinas ocasionando em surtos da febre aftosa.

Para a comercialização da carne é um transtorno quando surtos da febre aparecem,

pois as barreiras sanitárias são impostas pelos países consumidores com medo da doença ser

trazida junto aos animais. O comércio, então, é interrompido provocando custos altíssimos

para o país. (PITUCO, 2006, p.26-27)

A febre aftosa traz conseqüências sócio-econômicas ou de saúde pública graves,

relevantes no comércio internacional de animais e produtos de origem animal. Por

isto, recebe prioridade de exclusão, e sua presença dita o fechamento das

exportações. (GALLI et al. s/d, p.10)

O PNEFA31

– Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa é um

órgão do MAPA com o objetivo de fiscalizar e assegurar que o Brasil fique livre da Febre

aftosa. Para tanto, os membros do MAPA estão em constante vigilância nas propriedades

rurais e nos frigoríficos evitando que a carne sofra qualquer contaminação para impedir que

os abate dos animais se torne desnecessário e custoso. (MAPA, 2010)

Dando continuidade com as funções do MAPA, o PNEFA, com o intuito de controlar

doenças que põe em risco os rebanhos brasileiros, distribui responsabilidades para todos

envolvidos (Governo Federal DSA/ SDA/ MAPA e SFAs, Serviço Veterinário Estadual e

Setor Privado) na produção e criação de gado de corte.

Segundo o MAPA, o Governo Federal tem a função de fiscalizar e supervisionar o

PNEFA à fim de elaborar estratégias para a erradicação da Febre Aftosa e controlar à

sanidade do animal e movimentação do mesmo no mercado internacional.

A instituição do governo federal, MAPA afirma que o Serviço Veterinário Estadual

tem o papel de cuidar de tudo que envolve o cadastramento de propriedades, fiscalização de

vacinas e vistoria de áreas de risco.

Já o Setor Privado deve se responsabilizar pela aquisição de vacinas e vacinar o

31 PNEFA – Programa Nacional de Erradicação e prevenção da Febre Aftosa [on line] Disponível em:

<http://www.agricultura.gov.br/portal/page?_pageid=33,7281835&_dad=portal&_schema=PORTAL>. Acesso

em: 26 de out. 2010.

25

rebanho bovino, declarar toda a movimentação e irregularidades da propriedade, assim como,

cumprir os acordos e regras pré-estabelecidas pelo SISBOV, exemplificados na Figura 1 a

seguir. (MAPA, 2010)

O Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa do MAPA, com a

intenção de prevenir focos da febre aftosa executa projetos de estudo sorológicos anuais para

detectar o vírus da doença em propriedades rurais nos Estados que são considerados livre da

enfermidade. (PITUCO, 2006, p.29-30)

De acordo com Pituco (2006, p.30), realizar esse estudo é uma exigência da OIE para

comprovar a inexistência do vírus nas áreas de maior risco e para impedir, também, a

26

reintrodução da doença. O Brasil executa essa função para continuar sua representatividade

no cenário internacional, já que conquistou o reconhecimento na OIE de país livre da febre

aftosa com vacinações em 15 Estados.

É possível identificar, tendo em vista ainda o estudo de Pituco, na Figura 2, as

estratégias adotada pelo PNEFA no ano de 2010 até 2011 para erradicar e prevenir a febre

aftosa em todo território brasileiro.

27

Ao observar as estratégias de vacinação propostas pelo MAPA no ano de 2010, é

possível constatar as visões políticas para cada estado para a erradicação da febre aftosa.

Tendo em vista as estratégias adotadas, é perceptível quais dessas são mais restritivas e quais

são as menos restritivas para os estados, conforme apresentado na Figura 3.

O programa visa conseguir erradicar a doença em todo o país para alavancar e manter

sua reputação internacional, país livre da febre aftosa, para exportar quantidades cada vez

maiores de carne in natura. (PITUCO, 2006, p.30)

Para aumentar e manter a competitividade da carne brasileira no mercado

28

internacional, o governo do país cria inúmeras regulamentações, que frigoríficos e

propriedades precisam se adequar. Com isso a economia brasileira oscila e em alguns

momentos a oferta de carne bovina é abundante o que aumenta, conseqüentemente, a

comercialização e o abate bovino. Quando a imposição de tarifas é muito grande a oferta de

carne fica escassa diminuindo o abate e por conseguinte o comércio. (KRUGMAN, 2005,

p.81)

Com o gráfico de Quantidade anual de abate de bovinos brasileiros, abaixo elaborado

pelo MAPA, é perceptível o quanto o mercado bovino pode ser afetado pela atuação do

governo brasileiro e de outros governos impondo tarifas e barreiras.

Com tributações e barreiras sanitárias, principalmente, o governo atrapalha e até

impede a comercialização, que é afetada pela diminuição do abate dos gados (exemplificada

no gráfico pelos anos de 2008 a 2009). Quando o governo federal atua por meio de subsídios,

o abate bovino (representado pelo gráfico os anos de 2005 até 2007) aumenta e melhora a

comercialização. (MAPA, 2010)

Fonte: MAPA, 2010.

Nos dias atuais o Brasil teve uma participação bem maior no comércio internacional.

Isto foi possível devido ao aumento da capacidade de produção e de comercialização

brasileira. O aumento dessas capacidades ocorreram em função da adoção de novas

29

tecnologias que permitiram ampliar a produção com maior qualidade do rebanho e com a

redução nos custos gerando uma produtividade no gado de corte32

.

A maior qualidade do rebanho pode ter contribuído para uma redução nas barreiras

comerciais o que possibilitou o país a ampliar relações comerciais com mais países,

juntamente com, que acontece ainda hoje, campanhas ressaltando a qualidade da carne bovina

brasileira e a qualidade da sanidade de seu rebanho33

.

Um dos fatores principais para o aumento da participação do Brasil no comércio

internacional foi a diminuição das barreiras fitossanitárias, ocasionando assim no aumento

considerável de animais abatidos nos anos de 2003 a 200734

.

Nos anos de 2008 e 2009 houve uma queda na quantidade de animais abatidos em

função de novas normas de exportação de carne bovina in natura, criadas para se adequar ao

comércio externo. Para a produção, a propriedade necessita estar regulamentada de acordo

com as normas e regras do SISBOV e para a exportação a propriedade precisa se emoldurar

com as regras da OMC e do SPS. (BERALDO et al., 2008, p.10)

As regras para exportação criadas pela OMC são bem rígidas e como houve uma

reforma nas regras do SISBOV o número de propriedades rurais que estavam adequadas a

essas novas regras era inexpressivo. Isso ocorreu em função da dificuldade que os produtores

encontram ao se adaptarem as regras e normas, já que há uma constante mudança nas mesmas

para manter o corte de carne bovino brasileiro competitivo. (Idem, ibidem)

Com o aumento da produção de gado de corte o número das propriedades que

iniciaram suas exportações também aumentou, o que ocasionou em uma fiscalização mais

rigorosa sob o cumprimento das normas de exportação, por parte do MAPA e do SISBOV.

Esse fiscalização mais rigorosa gerou uma queda no abate dos bovinos nos anos de

2008 e 2009, o que impossibilitou muitas fazendas de exportar seus rebanhos. As carnes

abatidas devem respeitar rigorosamente os regulamentos de rastreabilidade, pois só desta

forma, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)35

, é possível

penetrar no mercado europeu.

32 As exportações brasileiras. O agronegócio – principais produtos [on line]. Disponível em:

<http://www.economiabr.defesabr.com/Eco/Eco_exportacao_agro_produtos.htm>. Acessado em: 09 de jun.

2010. 33 Idem. 34 Idem. 35 CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil [on line] Disponível em:

<http://www.canaldoprodutor.com.br/>. Acessado em: 09 de jun. de 2010.

30

O sistema de fiscalização feita por parte do SISBOV possibilita às propriedades que se

adéqüem as exigências sanitárias por parte do Bloco Europeu, nos dias atuais o principal

consumidor, evitando qualquer tipo de contaminação do rebanho bovino por doenças como a

Febre Aftosa. No entanto, existe a possibilidade da UE entrar em crise se acreditar que os

rebanhos brasileiros estão infectados pela doença. Se este fato ocorrer significará para o Brasil

prejuízos de bilhões de dólares, o que trará um resultado de dizimação de rebanhos inteiros

visando evitar uma maior abrangência da doença. (BERALDO et al.; 2008, p.3)

31

3. UNIÃO EUROPÉIA E O COMÉRCIO INTERNACIONAL DE CARNES

O comércio entre as nações e blocos aumentou consideravelmente no século XXI,

devido ao crescimento econômico mundial, o que criou novas oportunidades de exportações

de países como o Brasil. No caso específico deste trabalho o objetivo é o de compreender as

exportações de bovino do Brasil para a União Européia e como as barreiras sanitárias e

fitossanitárias criaram um mercado instável e imprevisível. Isso se exemplifica com a

ocorrência de doenças como a Vaca Louca e a Febre Aftosa serviram de pretexto para barrar a

importação da carne brasileira, com o intuito de proteger o mercado interno europeu.

(SOUZA e BALTAZAR, 2007, p.17)

A União Européia, apesar das restrições, é uma grande consumidora de carne in

natura importada pois, consome cerca de 8,5 milhões de toneladas e produz 8 milhões, o que

abre espaço para a importação do produto de outros países, principalmente de países de

terceiro mundo e, dentre eles, o Brasil que é o maior exportador deste produto para a UE.

(BERALDO et al., 2008, p.5)

Este fator tem encorajado a adaptação da produção ao mercado, observando

exigências de corte, tipos de embalagem, teor de gordura, maciez da carne, entre

outras características. Tais exigências, além do aumento da competição, dos ganhos

de produtividade e de qualidade estão fazendo com que as cadeias produtivas se

organizem, alterando o ambiente institucional e a estrutura da cadeia produtiva.

(SOUSA e BALTAZAR, 2007, p.18)

Apesar do Brasil ser o maior exportador de carne bovina para a Europa, isto somente

foi possível devido a adaptação da produção da pecuária de corte no país decorrente das

exigências impostas pelo mercado europeu.

A Europa, por ser exigente com a qualidade dos produtos agrícolas destinados a

alimentar sua população e de incentivar a permanência do produtor rural no campo, criou em

1962 a Política Agrícola Comum (PAC), que foi implantada e operacionalizada

paulatinamente e, finalmente revisitada em 2005. Desde seu início, existem três pontos

principais da PAC sendo eles garantir a segurança alimentar dos países que são signatários do

acordo; constituir um piso mínimo para a renda dos agricultores e; ampliar a produtividade

32

da agricultura. (MAHÉ e ORTALO-MAGNÉ, 2001 apud SOUSA e BALTAZAR, 2007,

p.21)

A taxação feita pelo bloco sobre as exportações de bovinos brasileiros chega a 160%,

por tonelada comercializada. Como o Brasil exporta cerca de 200 mil toneladas por ano, o

país é forçado a pagar a tarifa imposta pelas 195 mil toneladas negociadas, apenas 5 mil estão

livres do imposto, o que aumenta os custos do Brasil. (AGÊNCIA ESTADO, 2006 apud

SOUSA e BALTAZAR, 2007, p.21)

No ano de 2006, de acordo com Beraldo et al. (2008, p.5), a Comunidade Européia

importou um total de 367,6 toneladas de carne in natura sendo 71% desse total procedentes

do Brasil o que confirma a posição de destaque que o país adquiriu neste mercado. Esta

posição de destaque foi conquistada mesmo com a criação de uma série de desafios para a

cadeia de produção de bovinos de corte pois, foi preciso readequá-la, no país inteiro, para

atender às barreiras sanitárias e fitossanitárias para exportar para o bloco europeu.

O Brasil, ao adequar sua produção de carne bovina às exigências do bloco europeu,

ampliou sua liderança nas exportações e triplicou a remuneração de seus produtores,

conforme afirmou Sousa e Baltazar (2007, p.18). A preferência européia por cortes nobres36

triplica o custo da carne em relação à demandada por outros mercados, como Rússia e Egito.

De acordo com a Figura 5 é possível observar o fluxo comercial entre Brasil e UE nos

anos de 2006, 2007 e 2008, assegurando que as importações européia procedentes do Brasil

mantiveram crescentes nesses anos. Isso comprova a necessidade européia de importar

produtos de países em desenvolvimento37

.

36 Os chamados cortes nobre são os de maior valor agregado, por serem mais macios e saborosos. Como o filé

mignon, contrafilé e coxão mole. 37 MRE – Ministério das Relações Exteriores. Como exportar União Européia. [on line] Disponível em:

<http://www.braziltradenet.gov.br/>. Acesso em 10 de nov. 2010.

33

Segundo Sousa e Baltazar (2007, p.16) a UE só importa carnes in natura de acordo

com cotas que são pré-estabelecidas e com certificados de saúde pública emitidos por órgãos

do próprio bloco.

No caso do Brasil, a UE demonstra ter conhecimento a respeito de sua dimensão

territorial e política, pois considera os estados brasileiros como regiões distintas. Este fato é

importante para este mercado porque permite que a Europa importe carne bovina de um

estado brasileiro livre de febre aftosa se mesmo havendo focos da doença em outro estado.

Para garantir o comércio de carne bovina entre Brasil e UE, o Brasil reinstituiu o

SISBOV para aplicar aqui no país as exigências do seu principal mercado consumidor. De

início o sistema presumia que todas as propriedades e criatórios de gado que se localizavam

em regiões livres da febre aftosa se integrassem a um só sistema, sendo assim um repositório

de informações com o intuito de melhorar o processo de exportação para o bloco europeu.

(BERALDO et al.; 2008, p.12)

Com esse “novo” SISBOV é possível, agora, que a exportação brasileira se prepare

para a “nova tendência do mercado internacional de carne bovina” que passou a não comprar

carnes de mercados onde ainda haja evidência de focos de febre aftosa. Este movimento força

países a dizimar seus rebanhos, aqueles dentro dessas zonas infectadas. (Idem, ibidem)

34

A ampliação da participação brasileira no mercado internacional de carne bovina fez

com que surgisse crescentes transformações tanto na estrutura da indústria frigorífica

exportadora quanto em sua cadeia produtiva. A indústria frigorífica está preocupada em se

adequar a essas novas exigências do comércio internacional bovino para se tornar mais

competitiva e ampliar sua inserção no mercado europeu. (SOUSA e BALTAZAR, 2007, p.17)

De acordo com as autoras Sousa e Baltazar (2007, p.17-18) as transformações

estruturais de maior expressão são as de ordem sanitária e de qualidade. Para se adequarem a

estas novas exigências é preciso implementar laboratórios nas fábricas, se ajustar às normas

de certificações da Organização Internacional de Padronização (ISO), do Sistema de Gestão

Integrada – SIG, elaborar Planos de Boas Práticas e Fabricação – BPF, se adequar às regras de

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC e se inserir nos programas de bem

estar animal.

O certificado sanitário aprovado pela União Européia para exportações de carne

bovina do Brasil para aquele mercado deve assegurar, entre outros fatores, que a

carne bovina exportada provém de animal: a) nascido e criado no Brasil; b) que

esteja em área habilitada pela União Européia há pelo menos 90 dias antes do abate;

e c) que esteja na última propriedade há pelo menos 40 dias antes do abate. (...)

(BERALDO et al.; 2008, p.12)

Para ter o controle total dos rebanhos brasileiros, como é solicitado pela UE, Beraldo

et al. (2008, p.12) acredita que é preciso haver um sistema de identificação individual dos

mesmos para assegurar que a carne comercializada siga à risca as restrições do certificado

sanitário europeu.

No Brasil a existência de um sistema de produção pecuário, formado por muitas

propriedades rurais prejudica o controle do gado, quando não há a identificação individual dos

animais. Estas propriedades negociam os animais entre si nas distintas fases de produção e

dessa forma o monitoramento e o controle se tornam extremamente complexos infringindo o

certificado sanitário da União Européia o que pode motivar o bloco a suspender a importação

brasileira. (Idem, ibidem)

35

3.1 Políticas de Proteção e Subsídios Internos

O bloco europeu possui políticas diferenciadas para as exportações de commodities

agropecuárias como a retenção a saída dessas commodities com regras de exportação e de

apoio doméstico à produção. Essas normas e esses compromissos são, freqüentemente,

chamados de Programa de Reforma da Rodada do Uruguai, já que o mesmo foi debatido na

Rodado do Uruguai38

.

De acordo com a teoria dos instrumentos de política comercial, em que estão inseridas

as tarifas e subsídios às exportações, verificadas em Krugman e Obstfeld (2005, p.81), as

políticas adotadas principalmente pelos países desenvolvidos, influenciam e alteram a oferta e

demanda relativas dos países, uma vez que geram diferenças entre os preços dos bens

comercializados no mercado internacional e no mercado doméstico.

As mudanças de preços geradas por tarifas e subsídios alteram tanto a oferta relativa

como a demanda relativa. O resultado é uma mudança nos termos de troca do país

que impõe alterações na política e nos termos de troca do resto do mundo.

(KRUGMAN & OBSTFELD, 2005, p.81)

Na realidade a implementação desses instrumentos não tem como objetivo principal

alterar os termos de troca do comércio. Na verdade essas intervenções governamentais são,

habitualmente, promovidas para contribuir com a distribuição de renda, a promoção de

indústrias fundamentais para a economia ou para ajustar o balanço de pagamentos, entretanto

qualquer que seja o motivo as tarifas e os subsídios afetam drasticamente os termos de troca

no comércio internacional. (Idem, ibidem)

As regras de apoio doméstico incluíam a redução de subsídios e de proteção. O

objetivo central desse princípio é promover a disciplina e a redução do apoio interno que há

nesses mercados domésticos. Simultaneamente, deliberar uma grande margem para que os

governos pudessem projetar políticas agrícolas nacionais em razão da existência de diversas

38 European Parliament – External agricultural policy: agricultural agreements under GAAT/WTO [on line]

Disponível em: <http://www.europarl.europa.eu/factsheets/4_1_7_en.htm>. Acesso em: 07 de nov. 2010.

36

circunstâncias específicas de cada estado e os distintos setores agrícolas, mantendo assim o

equilíbrio no comércio internacional39

.

De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC) o apoio doméstico,

acordado na Rodada do Uruguai dentre os países participantes, teve como objetivo garantir

que os compromissos fossem oficiais, no acesso de mercados e na concorrência de

exportações. Almejava-se que os estados que faziam parte dessa Rodada, não tivesse nenhum

tipo de prejuízo em função dessas medidas de apoio ao mercado doméstico europeu40

.

As duas medidas mais relevantes existente na OMC possuem o objetivo de apoiar o

mercado doméstico. A primeira delas “Green Box” provoca o mínimo de distorções nos

termos de troca e possui como objetivo principal investir a produção e o comércio domestico

europeu. A segunda medida conhecida como “Amber Box”, a outra existente na Organização

Mundial do Comércio, atrapalha e prejudica o comércio doméstico e internacional, pois gera

grandes dificuldades na comercialização de produtos agropecuários, principalmente a carne41

.

Um exemplo do que foi tratado nos parágrafos anteriormente, conforme documentos

da OMC42

constata que:

(...) O governo fornecendo pesquisa agrícola ou de treinamento pode ser considerada

uma prática do tipo antiga, enquanto o governo compra a um preço garantido

("apoio aos preços de mercado") cai na última categoria. Sob o Acordo sobre a

Agricultura, todo o apoio interno a favor dos produtores agrícolas está sujeita a

regras. Além disso, o valor agregado monetário de medidas “Amber Box” é, com

algumas exceções, sujeito a compromissos de redução, conforme especificado na

agenda de cada membro da OMC a prestar esse apoio43.

As medidas acordadas na OMC estão inseridas no Acordo sobre Agricultura que

determina uma série de medidas gerais e critérios específicos que quando reunidas

possibilitam que as mesmas sejam introduzidas na “Green Box”. Essas normas estão isentas

39 OMC – Organização Mundial do Comércio: Domestic Support [on line] Disponível em:

<http://www.wto.org/english/tratop_e/agric_e/ag_intro03_domestic_e.htm>. Acesso em: 09 de nov. 2010. 40 Idem. 41 Idem. 42 Idem. 43 (..) Government provided agricultural research or training is considered to be of the former type, while

government buying-in at a guaranteed price (“market price support”) falls into the latter category. Under the

Agreement on Agriculture, all domestic support in favour of agricultural producers is subject to rules. In

addition, the aggregate monetary value of Amber Box measures is, with certain exceptions, subject to reduction

commitments as specified in the schedule of each WTO Member providing such support.

37

de seguir os compromissos de redução e podem até serem ampliadas sem que haja qualquer

limitação no âmbito financeiro da OMC44

.

As regulamentações chamadas de “Green Box” podem ser aplicadas tanto para países

desenvolvidos quanto para países em desenvolvimento, mas com os países em

desenvolvimento obtém-se uma particularidade. Os mesmos recebem um tratamento especial

que se relaciona com os programas governamentais de armazenagem para os fins de

segurança alimentar e para os preços dos alimentos subsidiados para os pobres que vivem na

cidade e no campo45

.

Os critérios gerais que a OMC implementa nessas medidas são de que as mesmas não

podem gerar efeitos que alterem o comércio agropecuário. Se houver alguma distorção, no

máximo, ela deve modificar muito pouco as relações comerciais e nenhuma conseqüência

distorciva deve existir na produção. Estes critérios devem ser fornecidos por programas

governamentais financiados pelo governo público que inclui as receitas públicas não

recebidas. Não deve haver transferência para os consumidores e o efeito de sustentação46

dos

preços aos produtores não deve ser feito.47

3.2 Subsídio e Políticas de Exportação para o Mercado Bovino

A União Européia, por ser um bloco de países, considerados grandes economicamente,

ao adotar medidas de proteção aos produtores locais é capaz de gerar um grande impacto para

todo o comércio internacional, conforme afirmam Krugman e Obstfeld (2005, p.148). A

Comissão Européia foi criada com o objetivo de remover todas as tarifas em respeito aos

44 OMC – Organização Mundial do Comércio: Domestic Support [on line] Disponível em:

<http://www.wto.org/english/tratop_e/agric_e/ag_intro03_domestic_e.htm>. Acesso em: 09 de nov. 45 Idem. 46 O efeito de sustentação dos preços aos produtores, é uma forma de subsídio de apoio ou subsídio de

exportação. É elaborado e praticado pelo governo, que visa garantir a rentabilidade do dado produto

agropecuário para o produtor. Quando o governo pratica esse efeito o mesmo impõe um preço mínimo,

geralmente, maior que o preço estabelecido pelo mercado internacional para não gerar prejuízos ao fazendeiro

europeu. Se o preço de mercado ficar abaixo do preço mínimo, estabelecido pelo governo, o produtor terá a

segurança de que a governança pública pagará a mercadoria, dando o incentivo de continuar produzindo.

(KRUGMAN, 2005, p.148) 47 OMC – Organização Mundial do Comércio: Domestic Support [on line] Disponível em:

<http://www.wto.org/english/tratop_e/agric_e/ag_intro03_domestic_e.htm>. Acesso em: 09 de nov.

38

demais membros do bloco. Criou-se dessa forma uma união alfandegária que possibilita a

melhor alocação dos fatores de produção, aumenta a escala de produção das firmas, reduzio o

custo médio de produção e aumenta a capacidade de competir com mercados com os Estados

Unidos e o Leste Asiático.

Krugman e Obstfeld (Idem) afirmam, que a política comercial da União Européia

produziu um programa maciço de subsídios à exportação, com o principal objetivo de

proteger o comércio interno, a Política Agrícola Comum (PAC).

A PAC é a política mais importante para a agricultura e pecuária da UE. A política

recebe o maior apoio por parte do governo, já que 45% do orçamento comunitário é destinado

para o programa. Em 2002 foi destinado 44 bilhões de euros, conforme apresentado pelo

Ministério das Relações Exteriores – MRE48

.

No âmbito da PAC as chamadas Organizações Comuns de Mercado – OCM foram

inseridas com o objetivo de realizarem as políticas setoriais específicas abrangendo a todos os

setores da agricultura européia49

.

A União Européia utiliza-se de instrumentos da PAC para ampliar as barreiras

fitossanitárias com o objetivo de elevar o preço e promover a redução do consumo da carne

bovina brasileira dentro do bloco. Como conseqüência os consumidores europeus pagam três

vezes mais pela carne brasileira do que pagariam por carnes de outras nacionalidades.

(CARFANTAN, 2007 apud SOUSA e BALTAZAR, 2007, p.21)

De acordo com o MRE nas OCM foram fixados mecanismos de sustentação de

sustentação de preços que incentivam a exportação e protegem o bloco contra importações de

países terceiros. Esses mecanismos foram divididos em dois. O primeiro tem uma natureza

dupla, pode se assim dizer, já que esse refere-se a compra da produção comunitária por órgão

de intervenção que acontece quando os preços dos produtos internos caem em relação a

determinado preço instituído institucionalmente50

.

O segundo mecanismo de sustentação de preço, propõe subsídios às exportações para

compensar o exportador pela existência de uma diferença entre os preços dos produtos

48 MRE – Ministério das Relações Exteriores. Como exportar União Européia. [on line] Disponível em:

<http://www.braziltradenet.gov.br/>. Acesso em 10 de nov. 2010. 49 Idem. 50 Idem.

39

internos e o preços dos produtos no mercado internacional. Esses mecanismos apontados pelo

MRE são denominados pelo bloco como “restituições às exportações”51

.

Em 1992, a partir da reforma da PAC verificou-se uma progressiva substituição da

sustentação dos preços dos produtos para o aumento dos pagamentos diretos aos produtores e

houve redução dos subsídios à exportação. Isso aconteceu pela constante e intensa pressão do

mercado internacional, que fez com que houvesse uma mudança no enfoque da Política.

Assim essas medidas visavam subsidiar a produção local de uma maneira transparente para o

mercado externo agindo diretamente com o produtor ao invés de manter políticas comuns

caracterizando, desta maneira, um claro benefício a produção local no geral52

.

A reforma da PAC, aprovada em 1999, teve caráter limitado, devido à sua reduzida

abrangência setorial, por não contemplar diretamente abertura significativa do

mercado comunitário e perpetuar os mecanismos de subsídios internos e às

exportações, geradores de graves distorções competitivas no mercado

internacional53.

Com esta reforma a previsão para a carne bovina era de uma diminuição na produção e

aumento no consumo, o que aconteceria devido aos menores preços. Com isso as exportações

continuariam abaixo dos limites que foram estabelecidos pela Rodada Uruguai54

.

Em 2004 houve adesão de 10 novos estados membros a PAC juntamente com os

antigos, Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Áustria, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia,

Eslovênia, Malta, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália,

Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Países Baixos, Polônia, Portugal, República Checa, Romênia

e Suécia. Essa adesão levou a política a reformular sua estrutura profundamente com o

objetivo de orientar os consumidores e os contribuintes para equalizar as políticas de

produção interna. Assim, a PAC deu aos agricultores a liberdade de ajustarem a sua produção

às necessidades do mercado internacional55

.

Esta profunda mudança foi sob o Regime de Pagamento Único (RPU), em que o

pagamento único antes recebido pela exploração foi substituído como um todo ou algumas

partes pelas ajudas pagas, os agricultores, por cabeça de gado. A alteração na

51 MRE – Ministério das Relações Exteriores. Como exportar União Européia. [on line] Disponível em:

<http://www.braziltradenet.gov.br/>. Acesso em 10 de nov. 2010. 52 Idem. 53 Idem. 54 Idem. 55 Idem.

40

Condicionalidade foi estabelecida para determinar aos produtores, que recebem benefícios em

pagamento diretos, que respeitem determinados requisitos legais de gestão, com base em um

calendário já pré-estabelecido, da mesma maneira com as boas condições agrícolas e

ambientais56

.

Dentre as alterações feitas na PAC, houve uma mudança na Modulação das Ajudas

diretas que tinha como objetivo reforçar os recursos orçamentais disponíveis para o progresso

rural, esta foi e ainda esta sendo introduzida, no período de 2005 a 2012. Com caráter

obrigatório e em escala comunitária, com exceção das regiões mais afastadas da cidade, o

sistema reduz de forma progressiva os pagamentos diretos57

.

Houve alteração no princípio das Boas Condições Agrícolas e Ambientais. Com o

Regulamento (CE) N.º 1782/2003 estabeleceu que os Estados-Membros tinham como

objetivo assegurar que todas as propriedades para fins agrícolas, em especial, as que já eram

utilizadas, deveriam ser mantidas em boas condições agrícolas e ambientais58

.

O Sistema de Aconselhamento Agrícola também sofreu uma reforma, que permitiu

assistir os agricultores sobre aplicações das normas e de boas práticas dentro do processo

produtivo, para tanto foram feitas auditorias às explorações por meio de balanços e

contabilizações estruturadas e regulares dos fluxos físicos e de alguns processos que são

considerados relevantes59

.

Todas esses medidas foram elaboradas buscando um alteração significativa na Política

Agrícola Comum da União Européia, entretanto em 2013 a PAC será reformulado novamente

e produzirá um documento que será publicado pela Comissão onde serão descritas as várias

opções para o futuro da PAC60

.

Seguindo a linha de pensamento do Krugman e Obstfeld (2005, p.148), esse programa

quando começou não tinha o intuito de subsidiar as exportações, mas apenas de assegurar os

altos preços para os fazendeiros europeus, principalmente os produtores de carne bovina, para

que esses preços se mantivessem elevados o bloco comprava os produtos dos seus membros

quando os valores ficavam abaixo dos coeficientes mínimos estabelecidos.

56 MRE – Ministério das Relações Exteriores. Como exportar União Européia. [on line] Disponível em:

<http://www.braziltradenet.gov.br/>. Acesso em 10 de nov. 2010. 57 Idem. 58 Idem. 59 Idem. 60 Idem.

41

O governo europeu tinha o objetivo de evitar a entrada de grandes quantidades de

importações, dessa forma, no início as importações eram combinadas com tarifas

compensatórias, já que as mesmas compensavam a diferença entre os preços agrícolas e

agropecuários europeus e os preços também agrícolas e agropecuários mundiais. (Idem,

ibidem)

Depois de praticar essas tarifas compensatórias a Europa sente que essas tarifas se

tornaram altas demais, levando o bloco a produzir mais do que os consumidores estavam

dispostos a comprar, diferentemente do que aconteceria no livre comércio. A União Européia,

no livre comércio, seria um importante importador, pois importaria a maior parte dos produtos

agrícolas. (KRUGMAN & OBSTFELD, 2005, p.148)

Com o objetivo de evitar que essa política gerasse um crescimento desenfreado dos

estoques dos alimentos – a UE comprava o excedente da produção e estocava, Krugman e

Obstfeld afirmam (2005, p.148-149) que o bloco iniciou a política de subsídios à exportação

para eliminar o excedente da produção.

Esses subsídios tem o intuito de compensar a diferença entre os preços europeus e os

mundiais com a tendência de diminuir o preço mundial e aumentar o subsídio necessário, uma

forma eficiente de proteger a economia doméstica. (Idem, ibidem)

A Figura 6 mostra claramente como a PAC age na política de preços. A Europa fixa

um preço mínimo acima dos níveis de mercado e mais alto que o preço de equilíbrio61

, com o

intuito de acabar com os excedentes.

61 Preço de equilíbrio é considerado o preço que iguala a demanda e a oferta mesmo sem as importações.

(KRUGMAN, 2005, p.148)

42

É possível observar na Figura 7 os efeitos dos subsídios a exportação, tendo a União

Européia como país importador com a evidência do aumento dos preços no país exportador e

a diminuição dos mesmos no país importador. Os custos conjugados para os consumidores e

para os contribuintes europeus ultrapassariam os benefícios aos produtores, o que significa

dizer que a PAC perde a função proposta no início, de favorecer os produtores. (KRUGMAN

& OBSTFELD, 2005, p.148)

43

As políticas de apoio doméstico adotadas pela União Européia como as “Green Box” e

as “Amber Box” são aplicadas diretamente ao mercado agrícola e agropecuário,

especialmente, o bovino. Mas ainda hoje o apoio interno recebido pelas indústrias de gado é,

em partes, limitado tanto para os estados desenvolvidos quanto para os estados em

desenvolvimento62

.

Diferente do que acontece nos países em desenvolvimento, a Organização para

Agricultura e Alimentos das Nações Unidas (Food and Agriculture Organization of the United

Nations – FAO), afirma que nos países desenvolvidos há o pagamento das chamadas

emergências – taxas pagas aos produtores quando há a ocorrência de catástrofes naturais que

62 FAO – Food an Agriculture Organization of the United Nations. Agricultural Commodities: Profiles and

Relevant WTO Negotiationg Issues [on line] Disponível em:

<http://www.fao.org/docrep/006/y4343e/y4343e09.htm>. Acesso em: 03 de nov. 2010.

44

chegam a dizimar rebanhos inteiros. Esses pagamentos tem o intuito de apoiar a indústria de

carne para que essas continuem produzindo63

.

Ao classificar os apoios domésticos da UE em: a) apoios domésticos maiores e b)

apoios domésticos menores, tem-se as distintas regras de suporte Green Box e as Amber

Box64

.

Nas Amber Box, por serem uma política de apoio mínimo, é possível haver redução /

alteração nos efeitos mínimos de distorção do comércio internacional. Quando há essa

redução – sendo os países em desenvolvimento a base, a redução é de 10% do valor da

produção agropecuária, dificilmente haverá um grande impacto na indústria de carne bovina

desde que haja um pequeno apoio por parte do governo desses países65

.

A política do comércio, as Green Box, não estão sujeitas à redução por haver gastos

com pesquisa / indústrias de serviços veterinários que não estão relacionados a produção o

que acaba por distorcer o mercado internacional66

.

O bloco permite que os subsídios diretos relacionados com os custos de bem-estar

animal, incluídos nas Green Box, influencie a UE a ter um maior conjunto de subsídio. Uma

vez que os países de terceiro mundo exportadores não seriam obrigados a seguir os padrões

europeus, logo essa proposta européia não parece ser diretamente distorciva ao comércio67

.

As regras e restrições impostas pela UE são de extrema rigidez o que acaba por gerar

inúmeras interpretações. Alguns estados enxergam essas restrições como questões

estritamente sanitárias, respaldadas na proteção da saúde humana e animal, e outros acabam

por enxergar de outra maneira, com uma postura mais oportunista que tem a capacidade de ser

usada como uma barreira comercial e que se classifica como protecionismo. (MIRANDA et

al.; 2004 apud GALLI et al.; s/d, p.7)

O mercado bovino brasileiro é bombardeado por restrições européia o que ocasiona a

uma estagnação no comércio internacional. Autores como Walker e Hufbauer, seminaristas na

Conferência da Semana Rural Banco Mundial (World Bank Rural Week), afirmam que o uso

do Acordo de medidas Sanitárias e Fitossanitárias (Sanitary and Phytosanitary Agreement –

63 FAO – Food an Agriculture Organization of the United Nations. Agricultural Commodities: Profiles and

Relevant WTO Negotiationg Issues [on line] Disponível em:

<http://www.fao.org/docrep/006/y4343e/y4343e09.htm>. Acesso em: 03 de nov. 2010. 64 Idem. 65 Idem. 66 Idem. 67 Idem.

45

SPS), de regras e regulamentações técnicas são impróprios e intencionais com o objetivo de

criar barreiras comerciais, reais, e conter a competição comercial o que ocasiona aumento no

custos dos consumidores e elimina novos e possíveis produtores no mercado. (GALLI et al.;

s/d, p.7)

Com inúmeras barreiras comerciais impostas, principalmente pela União Européia, a

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE estimou que mais de

80% de o todo mercado mundial se padroniza, conforme as restrições européias, o que afeta

todo o comércio internacional, pois a comercialização só acontece com produtos e países

“padronizados”. (HUFBAUER et al.; 1999 apud GALLI et al.; s/d, p.7)

Alguns autores como Stanton (1999 apud GALLI et al.; s/d, p.7) acredita que o

Acordo do SPS apóia e promove o comércio internacional de carne bovina limitando o uso

das medias SPS o que se torna uma medida disfarçada de barreira ao comércio.

Brasil e União Européia acordaram um tratado de equivalência sanitária. O gado

brasileiro que será exportado para o bloco deve permanecer por um ciclo, mínimo de 3 meses

anterior ao abate, em uma área habilitada para exportação para UE e nos últimos 40 dias o

rebanho necessita ficar em quarentena – eles devem permanecer em uma só propriedade que

também atende a todos os requisitos do tratado. (BERALDO et al., 2008, p.12-13)

Essas restrições do bloco europeu, no que diz respeito a permanência do rebanho

bovino, infringe e desconsidera os critérios que foram adotados pela OIE o que prejudica os

principais produtores e exportadores brasileiros de carne bovina para a Europa, Mato Grosso e

Minas Gerais. (Idem, p.13)

As propriedades estão em constante contato entre si, o que leva as mesmas a fazer o

intercâmbio do rebanho quando for necessário, por motivos diversos como a qualidade da

alimentação e qualidade nos espaços destinado aos gados. Com essa exigência européia Mato

Grosso e Minas Gerais perde muito, o rebanho que já foi transferido é impossibilitado de

exportar para o bloco. (BERALDO et al., 2008, p.13)

A União Européia separa e qualifica os estados brasileiros em áreas habilitadas e áreas

não-habilitadas para exportação ao bloco. Em contrapartida o mesmo considera as áreas

brasileiras como áreas livre de Febre Aftosa com vacinação o que expande as exigência da

Europa em função da saúde humana e animal, no entanto é uma forma mascarada de impor

barreiras comerciais a países em desenvolvimentos e especialmente para o Brasil, seu

principal fornecedor. (Idem, p.14)

46

Beraldo et al. (2008, p.21) acredita que essas restrições européias são abusivas por não

haver sustentação nenhuma em questões sanitárias. A Comunidade Européia não avalia e não

cumpre os requisitos que foram ratificados no acordo de equivalência sanitária, assim como

limita de forma arbitrária e irregular a quantidade de fazendas capacitadas a comercializar

com o bloco.

O produtor brasileiro é prejudicado com essas entraves comerciais gerando um

sentimento, por parte dos produtores brasileiros, de discriminação. Não há um embasamento

técnico, as restrições contradizem os acordos do SPS da OMC e a escolha das fazendas

permitidas a exportar para a UE é feita de forma estritamente arbitrária e não transparente.

(Idem, ibidem)

A comparação entre as diferentes exigências do sistema de rastreabilidade exigidos

pela União Européia para Argentina e Uruguai demonstra que certos requisitos que

estão sendo solicitados ao Brasil, como a definição de uma lista de propriedades

aptas a fornecer gado para exportação, não são solicitados àqueles países e não

encontram respaldo na legislação interna da UE para importação de carne bovina de

terceiro países. Dessa forma, essas medidas podem ser consideradas

discriminatórias, ao passo que exigem diferentes compromissos no caso brasileiro.

(BERALDO et al.; 2008, p.21)

É perceptível o protecionismo europeu no que tange o comércio internacional de carne

bovina. O bloco se cerca de barreiras e restrições a fim de evitar uma inundação de produtos

estrangeiros, em especial, produtos brasileiros, já que os mesmo são os que mais sofrem e os

mais discriminados com todas essas barreiras de todos os países em desenvolvimento. (Idem,

ibidem)

3.3 Contrapartida: Exportadores de Carne Bovina Enfrentam as Barreiras e Subsídios

Impostos pela União Européia

A União Européia, um bloco forte e fechado, possui uma intensa e constante

preocupação com o seu mercado interno. Isso gera um comércio mundial padronizado e cheio

de restrições, pois na realidade essas são barreiras mais que comerciais, são barreiras

47

políticas. Quanto menor for a influência comercial que o país exerce maior serão as entraves

impostas. (BERALDO et al.; 2008, p.21)

O tratado acordado entre Brasil e UE é um dos maiores exemplos do protecionismo

europeu, já que o bloco não respeita e não cumpre as condições estabelecidas. O comércio

intra-bloco se difere e muito do comércio UE e estados em desenvolvimento, pois estes são

exigidos cada vez mais ao exportar para a comissão européia. (Idem, ibidem)

A comercialização intra-bloco é favorecida pela política da PAC, que nos dias atuais

tem o objetivo de facilitar a transação comercial entre os membros da Comissão Européia. De

acordo com o Relatório do MRE, aponta-se que a Política Agrícola Comum da UE recebe a

maior parte do orçamento comunitário propicia-se dessa forma o incentivo aos produtores de

carne dentro do bloco, já que os mesmos recebem o maior apoio por cabeça de gado68

.

Beraldo et al. (2008, p.21) afirma que a imposição de tantas barreiras são

discriminatórias para com o Brasil. Países em desenvolvimento e exportadores para a UE

como a Argentina e Uruguai sofrem com os requisitos solicitados pelo bloco, contudo as

exportações brasileiras são forçadas a suportar piores discriminações. As barreiras impostas,

relacionadas a rastreabilidade, para o Brasil são tão restritivas que países em desenvolvimento

não necessitam seguir, como é exemplificado na Quadro 1, abaixo.

68 MRE – Ministério das Relações Exteriores. Como exportar União Européia. [on line] Disponível em:

<http://www.braziltradenet.gov.br/>. Acesso em 10 de nov. 2010.

48

A economia dos países em desenvolvimento é dependente dos países desenvolvidos,

da mesma forma a exportação de carne bovina brasileira é dependente das importações do

bloco europeu. Por esta razão, autores como Beraldo et al. (2008, p.21) acreditam que o Brasil

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49

precisa reagir e pedir medidas claras por parte da UE na tentativa de evitar tantas mudanças

nas restrições de exportações bovinas.

O setor agropecuário brasileiro deve reclamar e apontar uma medida agressiva, mesmo

que seja antecipada, de solucionar esse impasse político. Uma estratégia que pode se mostrar

eficiente na defesa dos interesses agropecuários é a abertura de um Painel no Órgão de

Controvérsia da OMC, onde a reclamação principal deveria ser a atualização permanente da

lista de propriedades aprovadas para a exportação. Pois a constante variação das fazendas gera

um custo muito alto para o Brasil. (BERALDO et al., 2008, p.21)

Galli et al. (s/d, p.7) afirma que uma importante tática para os países em

desenvolvimento e em especial o Brasil, em tentarem abrandar as exigências européias, seria

avaliar o perfil de quem vem sendo comunicado ao SPS/OMC. Uma maneira de checar a

transparência do processo de exigências sanitárias em âmbito internacional e em particular o

caso da carne bovina brasileira.

A desconfiança por parte dos países em desenvolvimento não é infundada, já que o

progresso das notificações, desde a implementação do SPS em 1995, é possível ressaltar a

participação intensa dos países ricos na normalização internacional o que gera a preconização

sanitária que tende acompanhar o perfil, as restrições e as necessidades do países

desenvolvidos. (Idem, ibidem)

É possível observar na Figura 8 o desnível, onde o bloco mais desenvolvido, a União

Européia, e o país mais rico, Estados Unidos, tem uma participação mais efetiva nas

notificações ao SPS do que os países em desenvolvimento como Brasil e Argentina, o que

leva esses países a seguirem normas e padrões que acabam sendo implementados pelos países

de maior participação, EUA e UE. (GALLI et al.; s/d, p. 7-8)

50

Com todas essas entraves impostas ao Brasil e aos países de terceiro mundo depois da

reforma da PAC em 2005, quando muda o foco da política e passa a ceder as influências

externas, há a possibilidade de suavizar a taxação exacerbada. Com o desestímulo da criação

bovina no bloco europeu e como as pressões internacionais pela redução dos subsídios, já que

os custos da UE estavam cada vez mais insustentáveis e nos dias atuais a produção de carne

bovina está bem menor do que a quantidade que consome. (SOUZA e BALTAZAR, 2007,

p.26)

Com a diminuição da produção de carne na Europa, a cada ano a mesma abre uma

cota tarifária para as “carnes de alta qualidade”, de acordo com o veterinário chefe do MRE

Emerson Caraiola Kloss sob o Acordo Geral de Tarifas e Comércio – GAAT. (Idem, ibidem)

Esta cota é chamada de Cota Hilton, consiste em 69.000 toneladas anuais de carne

difundidas de forma heterogênea entre países exportadores da UE, Brasil, Argentina, Uruguai,

Canadá, Estados Unidos, Paraguai, Nova Zelândia e Austrália. A finalidade é permitir que o

produto oriundo desses estados ingresse no mercado com a preferência tarifária equivalente

ao regime de importação intra-bloco (BERALDO et al.; 2008, p.13).

De acordo com Souza e Baltazar (2007, p.26), a cota Hilton estabelecida para o Brasil

é de 58.100 toneladas de carne bovina de alta qualidade, fresca, congelada ou refrigerada,

inseridas nos códigos de Nomenclatura Comum (NCM) dentro do Serviço de Comércio

51

Exterior – SECEX69

onde os códigos se diferem em carnes de animais de espécie bovina,

fresca ou refrigerada (0201), carnes de animais de espécie bovina, congeladas (0202) além

dos itens de miudezas comestíveis de animais das espécies bovinas frescas, refrigeradas ou

congeladas (0206.10.95 e 02006.29.91). A tarifa imposta para esses países é reduzida em

20%.

A cota Hilton foi uma forma burocrática encontrada pela UE, em meio tantas barreiras

comercias, de ceder as pressões políticas internacionais e esconder de todo o sistema

internacional a forte discriminação que o bloco tem para com os países não pertencentes da

comissão européia. Acabou por favorecer o Brasil que achou uma brecha legal de conter esse

tratamento discriminatório (BERALDO et al.; 2008, p.12-13).

Na tentativa de diminuir os efeitos das barreiras comerciais impostas pela União

Européia, 19 países agroexportadores decidiram formar um grupo, em 1986, que discute e

defende os interesses dos países agrícolas. O grupo foi denominado Cairns Group que visava

o compromisso de auxiliar e influenciar o debate sob a reforma do comércio agrícola e

continua nos dias de hoje desempenhando um papel fundamental de pressionar a liberalização

do livre comércio nos países agroexportadores70

.

O Cairns Group é um excelente exemplo de construção de coalizão de sucesso na

área comercial. Ao agir coletivamente teve mais influência e impacto sobre as

negociações agrícolas do que qualquer membro individual poderia ter tido de forma

independente71.

Os membros da coalizão são países desenvolvidos e países em desenvolvimento,

Brasil, Chile, Bolívia, Argentina, Austrália, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Guatemala,

Indonésia, Malásia, Nova Zelândia, Paquistão, Paraguai, Peru, Filipinas, Thailândia, Uruguai

e África do Sul. Os países membros tem como objetivo principal cortes profundos de todas as

tarifas impostas nas suas exportações, desejam também remover a escala tarifária, a

eliminação de todos os subsídios que distorcem o comércio interno e, claro, a exclusão dos

69 SECEX – Serviço de Comércio Exterior [on line] Disponível em:

<http://www.comexdata.com.br/principal.php?home=tec>. Acesso em: 28 de out. 2010. 70 The Cairns Group [on line] Disponível em: <http://www.cairnsgroup.org/Pages/default.aspx>. Acesso em: 18

de nov. 2010. 71 The Cairns Group is an excellent example of successful coalition building in the trade area. By acting

collectively it has had more influence and impact on the agriculture negotiations than any individual members

could have had independently.

52

subsídios à exportação. O grupo briga por regras claras para impedir a fuga dos compromissos

de subsídios à exportação72

.

O Cairns Group tem uma Declaração de Visão onde foram definidos os intuitos para a

negociação sobre agricultura. Nessa Declaração reafirma o apoio da coalizão para o princípio

do tratamento especial e diferenciado para os países em desenvolvimento, incluí os países que

são menos desenvolvidos e os pequenos estados integrantes da negociação da OMC73

.

Os ministros do Grupo acreditam que o conjunto de liberalização deve prosseguir e

auxiliar as necessidades de desenvolvimento econômico, os requisitos de assistência técnica e

de desenvolvimento e também ajudar os requisitos dos membros de pequeno porte74

.

Nas negociações da OMC da Rodada Doha a coalizão Cairns apresentou propostas de

formulação de projetos para reformas ambiciosas nas três principais áreas da negociação

agrícola, acesso a mercados, apoio doméstico e subsídios à exportação. Alguns desses

projetos foram a proposta de Apoio Doméstico75

em 27 de setembro de 2002 e a proposta de

Realização de Melhorias substanciais ao Acesso ao Mercado de Países Desenvolvidos76

realizada em 11 de julho de 200777

.

Após as propostas baseadas na Rodada Doha de negociações mais substanciais que

foram realizadas levou a um acordo sobre o Quadro de Julho de 2004. Desde essa data o

Cairns Group apresentou e continua apresentando sugestões em forma de propostas para

influenciar o rumo das negociações78

.

Ao fazer parte desse importante e forte grupo o Brasil tem a oportunidade de brigar

por seus interesses agropecuários e incentivar a produção de carne bovina apta a exportar para

a União Européia que faz girar e melhorar a economia brasileira. Com a participação

brasileira nessa coalizão começa trazer uma certa visibilidade por parte dos países

desenvolvidos para o país (BERALDO et al.; 2008, p.21).

Na Tabela 2 é possível observar o quão vantajoso é para o Brasil e para os países

membros negociarem seus interesses agropecuários e agrícolas como uma coalizão. Um

72 The Cairns Group [on line] Disponível em: <http://www.cairnsgroup.org/Pages/default.aspx>. Acesso em: 18

de nov. 2010. 73 Idem. 74 Idem. 75 Vide anexo 6, proposta na íntegra. 76 Vide anexo 7, proposta na íntegra. 77 The Cairns Group [on line] Disponível em: <http://www.cairnsgroup.org/Pages/default.aspx>. Acesso em: 18

de nov. 2010. 78 Idem.

53

exemplo disto é o ranking de Rendimento Bruto Nacional onde é perceptível a colocação

melhor do Cairns Group da colocação do Brasil como apenas um único país nas negociações

agrícolas.

O Grupo para o Brasil é uma ferramenta importantíssima na busca do reconhecimento

da carne brasileira como habilitada para o consumo europeu e na procura de eliminação de

tarifas e subsídios, já que o Grupo é mais forte e mais influenciador nas decisões das

negociações que um país sozinho79

.

79 The Cairns Group [on line] Disponível em: <http://www.cairnsgroup.org/Pages/default.aspx>. Acesso em: 18

de nov. 2010.

54

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pecuária no Brasil permeou toda a história de desenvolvimento econômico social

com o decorrer do tempo. Neste trabalho procurei mostrar o quanto essa intrínseca e

simbiótica relação levaram à superação de obstáculos, barreiras e principalmente o

protecionismo europeu, através da análise dos modelos de produção adotados e

implementados de acordo com a necessidade do atual mercado global.

A contextualização da indústria pecuária bovina na história do Brasil se fez necessária

em meu relato, para que fossem explicitadas as razões para a vocação do país para com essa

produção e a adaptação da economia para absorver todas as nuâncias que permeiam o

negócio.

Durante o processo de exploração e conseqüente colonização do território brasileiro, o

rebanho bovino que aqui se instalou serviu aos colonos de diversas maneiras: no transporte de

cargas; materiais diversos provenientes do couro; carne para alimentação; manejo pesado de

instrumentos industriais.

Em um primeiro momento, a adaptação da pecuária bovina no país se deu

especialmente por se basear na grande extensão de terras que não eram utilizadas para a

agricultura – e mesmo que essa cultura se expandisse, ainda havia território inexplorado para

que as fazendas de gado bovino se expandissem para longe dos centros habitados.

Com o rápido crescimento do mercado consumidor interno para carnes bovinas, bem

como com o paralelo crescimento da produtividade brasileira na produção de carnes, o

excedente interno toma o mercado mundial no pós segunda guerra mundial, suprindo uma

necessidade global por recursos alimentícios de baixo custo.

A Europa, palco da devastação militar, em conjunto com os Estados Unidos da

América – estes, já presentes no Brasil e inseridos na cultura da pecuária – ao elevar a

demanda mundial por alimentos, abrem as portas do comércio internacional para o Brasil, que

incluí a carne bovina em sua cesta de exportações.

Não só a presença massiva do mercado consumidor interno levou à necessidade de

aproximação do campo produtor aos centros urbanos, mas também o fato destes, no Brasil,

serem também situados próximos a costa litorânea, principais pontos para o escoamento da

55

produção em rotas internacionais. Cercadas por plantações agrícolas, essas imediações faziam

frente à essa aproximação principalmente pelo custo-benefício que a pecuária ainda não

representava.

Apesar do baixo custo implantado na produção de carne bovina no modelo extensivo –

aquele que consiste em criar o rebanho em pasto solto em grandes propriedades – muitos

fatores fogem à produção no que se refere a qualidade e o controle dos animais. A perda por

doenças, bem como a produtividade em peso desses animais àquela época, reduziam a

lucratividade deste mercado quando em larga escala.

A partir deste momento, a discussão sobre o modelo de criação desse rebanho

destinado exclusivamente para a pecuária de corte se faz presente neste ensaio. Com as então

novas técnicas de criação intensiva do gado, com confinamento dos animais em ambientes

controlados e rápida engorda, a produção massiva para elevar a lucratividade do produto se

faz viável ao ponto de rivalizar com a agricultura de valor agregado quando da disputa de

terras.

Desta maneira procurei demonstrar a partir do modelo intensivo, o ganho de escala da

produção de carne aliado a qualidade, rapidez e controle absoluto do resultado final. Desde a

alimentação destes animais, até todo o controle sanitário fazem com que as perdas sejam

menores, garantindo também a sanidade de quem consome seus derivados.

Com a crescente oferta de produtos com grande qualidade no mercado internacional, a

baixos custos dada a localização marginal da produção e o empenho de seus produtores, a

competitividade do produto brasileiro se eleva ao ponto de conquista de espaço considerável

no mercado global – em uma posição então de detrimento dos mercados locais terceiros.

A partir da análise dos países locais, onde a importação dessa carne tornou-se mais

viável, concorrendo com a produção local, e suas políticas de proteção às economias internas,

foi possível explorar as inúmeras tentativas de criação de barreiras de entrada dos produtos

brasileiros naquele mercado.

O subsídio, principal forma de proteção a economias locais, figura como mais

importante mecanismo para barrar as importações brasileiras no mercado europeu. Ao

financiar parte da produção local, a competitividade em valor dos produtos aqui produzidos

reduz-se uma vez que se onera a carne com os custos de manuseio e transporte até aquele

continente, dentre outras tarifas exploradas nesse trabalho.

56

Dentro do projeto, o estudo das políticas adotadas pelo bloco europeu, a fim de elevar

sua capacidade de capilarizar internamente produtos locais e, expelir a ameaça internacional

com melhor competitividade, permeou grande parte da discussão geral que é o

questionamento feito ao Brasil sobre as condições com as quais trata de sanitarismo e

qualidade na exportação de produtos in natura.

A PAC, principal regulamentação européia descrita neste ensaio, demonstra como as

medidas protecionistas daquele bloco visam apenas o benefício unilateral dentro do comércio

internacional de commodities. Através de compra comunitária de produção para manutenção

de preços e a exigência de inúmeros certificados para os exportadores, a União Européia

representa o maior exemplo de política não-liberal, em próprio beneficio em um mundo cada

vez mais globalizado.

Nesse contexto a produção brasileira muito sofreu. Neste projeto enumerei as questões

sanitárias do rebanho do país, sua mitigação com a melhoria de processos de produção mas

principalmente como a doença Febre Aftosa, elevou os patamares de pesquisa e

regulamentação no país.

As instituições nacionais como o MAPA e seus programas internos, incluindo o

sistema inovador de rastreamento SISBOV, contribuíram muito para a erradicação de

problemas com o sanitarismo na produção de carne bovina. Citada como principal causa para

a recusa dos produtos brasileiros como importação na União Européia, a infestação de Febre

Aftosa no território nacional, antes uma preocupação, hoje em dia é motivo de orgulho, pois o

país já possui zonas livres da doença como o estado de Santa Catarina.

Demonstrar essa evolução positiva e benéfica a fim de elevar a credibilidade do Brasil

no âmbito internacional provou-se ser muito difícil. Neste projeto procuro esclarecer que

algumas das exigências européias são de tal forma abrangentes, que se tornaram padrão para a

produção internacional em vários países. Mesmo assim, as decisões sobre as importações são

na maioria das vezes arbitrárias e unilaterais.

Mesmo dentro dos organismos internacionais de regulamentação do livre comércio, o

Brasil encontrou dificuldades em buscar aceitação para seus argumentos frente aos fatos. A

OMC, ao arbitrar posições dentro do comércio de carne bovina, procura estabelecer regras

claras de conduta para todas as partes – mesmo assim, as questões caminham para resoluções

entre países, blocos ou coalizões de todas as naturezas, o que enfraquece as soberanias

nacionais.

57

Estendendo as conclusões deste projeto, é inevitável citar o claro desenvolvimento do

país frente às barreiras impostas para a criação e produção de carne bovina. A busca pela

transparência na produção e na demonstração de resultados que atendessem às demandas,

muitas vezes duvidosas, fez com o que o Brasil sustentasse seu crescimento sobre o trabalho

correto e a busca pela excelência.

Assim, o aprendizado que fica após todas as tentativas de consolidação de uma

posição no mercado global, só vem a fortalecer a conduta correta e retilínea adotada pelas

instituições nacionais. A transparência no mercado internacional cresce em proporção menor

àquela observada na busca por proteção local a qualquer custo. Portanto, na busca de um

mercado mais livre, o desenvolvimento atingido pelos países periféricos são sim de máxima

confiança e credibilidade quando da relação comercial.

58

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62

ANEXOS

Anexo 1

Entrevista com o fazendeiro João Bosco Lopes Filho

Recria

Na maioria das vezes, compro os bezerros com a idade de 8 meses a 1 ano (recém

desmamados, pois desmamam com 7 a 8 meses), são levados para a fazenda onde recebem

vermifugação, vacina de raiva, dentre outras doenças que tem maiores infestações (isso varia

de região pra região).

No começo ficam a pasto (só comem pasto, nada de ração), recebem uma quantia

média de 80g de sal por dia (coloca no cocho e eles comem o tanto que querem, o calculo da

média/cabeça/dia é de 80g), e conforme passam pelos meses de novembro e maio (campanha

de vacinação aftosa do estado de Mato Grosso), são manejados e recebem a vacina de aftosa e

aproveitando o trabalho de fechar também vermifugamos, dentre outras vacinas necessárias.

Isso eu to falando no método convencional, porque para a exportação não exige

suplementação, energético, ração nem nada. Isso cada um faz de acordo com o método que

trabalha.

O método mais avançado digamos assim, é um que você compra o bezerro na mesma

faixa etária, e ao invés de colocar somente sal, da um protéico energético o tempo todo, dai ao

invés de ele estar pronto para a engorda aos 24 - 30 meses, estará pronto aos 12 - 15 meses, é

um investimento mais alto, porem o giro aumenta, pois você "ganha" um ano.

Engorda

Ok, chegando em torno de 30 meses de idade, esses animais são separados em lotes

pequenos (25 a 35 animais cada lote), e são destinados ao pasto de engorda, onde recebem um

protéico energético dependendo da pastagem que tem, ou ainda levados ao confinamento.

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No primeiro caso, eles demoram um pouco mais de tempo (cerca de 4 ou 5 meses,

depende muito esse tempo, pois se meu boi esta com 17 arrobas e o preço esta bom, eu vendo,

se o preço esta ruim eu seguro mais alguns meses), já no derradeiro caso citado, o boi fica na

ração em torno de 60 a 90 dias, neste caso o intervalo de escolha de venda é pequeno, pois se

esta em 80 dias por exemplo e o preço esta ruim, tenho somente mais 10 dias pra

vender...porque a ração custa muito por dia, e 10 ou 15 dias excedentes pode inverter a

situação, experimentando assim um prejuízo.

Exportação

Para exportar, a propriedade deve estar apta aos métodos da UE (União Europeia),

onde o proprietário cadastra a propriedade no SISBOV, e aguarda uma auditoria.

Ao cadastrar, é gerado uma pasta da propriedade (chamamos de LIVRO), que deve

sempre ficar na fazenda (isso não ocorre pois toda a papelada fica no escritório), esse LIVRO

é registrado todas as entradas de animais, saídas, vacinas, notas ficais de sal, remédio, ou seja,

cada coisa que você fizer na propriedade rastreada tem que estar registrado no livro (o dia que

vim aqui me lembra de te mostrar), mesmo ainda não aprovado para exportação esse livro tem

que estar "intacto".

Vou dar um exemplo de entrada dos bois.

Compro 10 bois de Fulano, este fulano emite o GTA (Guia de Transporte Animal) e a

Nota Fiscal (procedimento normal mesmo para quem não é rastreado), porem se for rastreado,

ao receber esse GTA, você tem que brincar os bois na fazenda, ou seja, esses 10 bois estarão

com brinco, cada um com um numero diferente (é o CPF do boi, ninguém tem igual o de

ninguém).

Você vai na certificadora que sua propriedade é cadastrada, da entrada nesses animais

e dentro de poucos dias estão no sistema.

Pronto, esses 10 bois estão rastreados.

Ok, digamos que esta fazenda esta rastreada, porem ainda não foi feita a auditoria para

liberação de venda para a UE, lembra? que eu falei acima, mesmo não sendo liberada tem que

fazer todos os procedimentos.

Legal, chegou o dia da auditoria, vão 2 ou 3 membros do MAPA na fazenda, onde eles

tem a relação de todos os animais cadastrados, ou seja, no nosso caso são 10, tem que passar

um por um no curral, eles vão ler o numero e conferir na planilha.

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Não pode ter nenhum sem brinco ou nenhum a mais que não esteja com brinco.

Dai eles vão pegar o famoso LIVRO e vão analisar a papelada, se ta certo os

comunicados de entrada, notas fiscais, tudo.

Legal, olham também se tem osso de boi morto no pasto (isso da doença), se não tem

veneno no mesmo alojamento de suplementação.

Beleza, chegou a hora de aprovar, estamos aprovado.

Agora é a hora de vender.

Esses 10 bois estão cadastrados e sua propriedade esta apta para venda para a UE, dai

você vai ligar no frigorífico para vender, negociar preço (tem um diferencial entre o comum e

o UE, hoje o comum esta 74 arrobas e o UE 82 arrobas).

Vendendo, você tem que pegar os números dos bois que vendeu, sem errar(para

conferir se o frigorífico vai dar baixa)

Dai o frigorífico também pega esses números, e eles entram no sistema para dar baixa,

dai sai um relatório que no dia 00 morreu 10 bois da fazenda xxx e assim por diante.

Agora depois de dado baixa no sistema nos 10 bois, quando você entra no sistema e

baixar o EXTRATO DE ANIMAIS VIVOS não pode ter nenhum, pois você matou os 10 já.

Ai você pode dar entrada o quanto quiser, desde que seguindo os procedimentos de

brincar e certificar eles.

Quando o consumidor da franca por exemplo, pega um pacote de carne, lá tem um

numero parecido com esse (105510208058524),

http://www.institutogenesis.org.br/internas/imagens/brinco_oficial.jpg caso tenha algum

problema por esse numero eles sabem de que pais veio, fazenda, proprietário e ate de que boi.

Como já disse, a UE não quer saber se você da ração, protéico ou só no pasto (pelo

menos por enquanto), eles querem saber se sua propriedade esta de acordo com as normas

sanitárias, bem estar animal (isso mesmo, eles não gostam que batem no boi), e se o sal, ou

ração caso use, esta de acordo com o regulamento deles, se não tem nenhum produto nocivo a

saúde.

Quando rastreado, não existe exigência da comida, cor, raça, nada. Somente tem que

ter especificado o que você usa, seja o que for, e rigoroso cadastro dos animais na entrada, e

baixa na saída.

Se eu rastrear e quiser só da ração, posso, desde que declaro qual ração, já se eu quiser

deixar só no pasto e demorar mais posso também.

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O que importa é que você declare tudo que faz com o animal. Este negocio de ração,

protéico ou somente sal, varia de pecuarista. De investimento, de facilidade da aquisição de

insumos, nada disso é regulamentado pela UE.

Texto: João Bosco Lopes Filho.

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Anexo 2

Foto do gado bovino com sua identificação - brinco

Fonte: Revista Época

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Anexo 3

Foto da identificação (brinco) colocada no boi

Fonte: Instituto Genesis

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Anexo 4

Modelo de declaração feita pelo produtor para o SISBOV

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Anexo 5

Modelo de ficha de controle para o produtor

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Anexo 6

Proposta de Apoio Doméstico, realizada pelo Cairns Group

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Anexo 7

Proposta de Realização de Melhorias Substanciais ao Acesso ao Mercado de Países

Desenvolvidos, realizada pelo Cairns Group

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