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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Versão Online ISBN 978-85-8015-037-7 Cadernos PDE 2007 VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Versão Online ISBN 978-85-8015-037-7Cadernos PDE

2007

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ME I

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

CURITIBA - PR

A RELAÇÃO ENTRE AS CRENÇAS DE AUTO-EFICÁCIA

DOCENTE E A APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

Sidnéia Guimarães Campos1

Helga Loos2

RESUMO: O ARTIGO APRESENTA UMA SÍNTESE DO QUE FOI O PROJETO PDE 2007 E APRESENTA COM UM APANHADO DA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA BASEADA NA TEORIA SOCIAL COGNITIVA DE ALBERT BANDURA, A QUAL DISCORRE DA IMPORTÂNCIA DA AUTO-EFICÁCIA ELEVADA NO PROFESSOR, PARA QUE ESTE DE FORMA POSITIVA INFLUENCIE A APRENDIZGEM DOS ALUNOS. PARTICIPARAM DESTA PESQUISA PROFESSORES DE DUAS ESCOLAS ESTADUAIS DA REGIÃO DE CURITIBA, E OS DADOS FORAM APANHADOS ATRAVÉS DE QUESTIONÁRIOS INDIVIDUAIS APLICADOS NOS MESMOS. Abstract

The article brings a synthesis of what was PDE 2007 project and presents a harvesting of

the theoretical substantiation based on Albert Bandura's Social Cognitive theory, which

covers the importance of teacher high self-efficiency, so that she or he positively

influences learning among students. Teachers from two Curitiba public schools have taken

part on this study. Data was collected through individual questionaires answered by them.

Palavras-Chave: Identidade profissional; Auto-eficácia; Aprendizagem. Introdução

Este artigo tem o escopo de descrever os caminhos percorridos durante o

Programa de Desenvolvimento Educacional, ofertado pela Secretaria de Estado

1 Professora PDE 2007 2 Orientadora UFPR

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da Educação do Paraná durante os anos de 2007 e 2008, com o propósito de

encontrar alternativas que minimizem a problemática que envolve a profissão do

professor. Sabe-se que o isolamento profissional de seus pares, a deficiência na

formação acadêmica, o despreparo emocional e técnico no início da vida

profissional e a falta de definição no seu papel, tem despertado no professor um

sentimento de baixa auto-eficácia,

Professor desmotivado, não se sente encorajado para adquirir novos

conhecimentos e aluno desmotivado, por sua vez, produzirá baixa aprendizagem,

o que afeta negativamente o sentimento de auto-eficácia do preceptor, caindo

num círculo vicioso perverso e devastador para a educação. Nesse sentido, o

objetivo principal deste trabalho foi compreender, com base na Teoria Social-

Cognitiva, a relação entre as crenças de auto-eficácia docente e a aprendizagem

dos alunos. A Teoria Social-Cognitiva descreve a teoria do auto-reforço, que tanto

pode gerar emoções positivas como negativas.

Auto-eficácia, de acordo com Bandura, “é a crença sobre a habilidade

pessoal de desempenhar com sucesso determinadas tarefas ou comportamentos

para produzir um resultado desejável”.

1. Desenvolvimento

Ao iniciar o Programa de Desenvolvimento Educacional, ofertado pelo

Estado do Paraná, em 2007 e 2008, optou-se em desenvolver o plano de trabalho

e as pesquisas em Educação norteadas pela Teoria Social-Cognitiva, a relação

entre as crenças de auto-eficácia docente e a aprendizagem dos alunos.

Muitas leituras foram realizadas para a organização do roteiro de trabalho e

atividades que seriam desenvolvidas, qual a fundamentação teórica adequada

para o caso e como seria aplicado, o que resultou no plano de trabalho

apresentado no primeiro semestre de 2007 e a sua respectiva implementação no

ano de 2008.

Atualmente o conhecimento científico é o foco principal de nossa sociedade

em pesquisas incessantes pelo saber. A mediação para alcançar este objetivo

tem norteado as atitudes da sociedade e mais especificamente da escola, não

mais se atendo apenas ao racional como ponto de partida e de chegada, mas sim

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considerando outras dimensões humanas essenciais como a emoção e a

afetividade.

Percebe-se que a educação não pode calcar-se apenas nos paradigmas

tradicionais, uma vez que entende seu aluno como um todo; com suas funções

cognitivas, intuitivas, emocionais, sensitivas. Essa nova concepção educativa crê

que despertando no indivíduo o desejo e tendo como ponto de partida a

afetividade, seu desenvolvimento cognitivo ocorrerá com maior facilidade e

intensidade.

Estas percepções nortearam o presente trabalho de pesquisa, pois

reconhecem a necessidade de aprofundamento neste tema e de considerá-los

para uma análise científica criteriosa, extraindo indicativos para se propor uma

metodologia que aborde tal questão.

A importância desta pesquisa se assenta na possibilidade de analisar a

relação entre as crenças de auto-eficácia docente e a aprendizagem dos alunos,

bem como a proposta de uma metodologia que beneficie o cognitivo dos

educandos. Espera-se que o resultado colabore não apenas para os alunos da

escola alvo deste estudo, mas também de outras escolas que podem ter como

referência os resultados da pesquisa.

1.1 Em Busca de Referências para a Prática Pedagógica

No início do Programa de Desenvolvimento Educacional, optou-se por

desenvolver o plano de trabalho e pesquisas em educação objetivando

compreender, com base na Teoria Social-Cognitiva, a relação entre as crenças de

auto-eficácia docente e a aprendizagem dos alunos.

Após a leitura dos teóricos e de discussões com pedagogos, passou-se a

elaborar um roteiro de trabalho e organizar as atividades que seriam

desenvolvidas, qual a fundamentação teórica adequada para o caso e, como este

seria aplicado. O plano de trabalho foi apresentado no primeiro semestre de 2007

e um projeto de implementação desenvolvido ao longo do 2º semestre de 2007 e

sua respectiva aplicação no estabelecimento de ensino no primeiro semestre de

2008.

A proposta de trabalho foi apresentada para a equipe pedagógica da

escola, para uma análise em conjunto, e na seqüência, apresentada e discutida

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com os destinatários, os professores, estabelecendo assim o contrato pedagógico

de trabalho.

1.2 Teoria Social Cognitiva

Albert Bandura, propôs inicialmente uma versão do behaviorismo, e o

definiu como sociobehaviorismo, que posteriormente passou a denominar de

abordagem cognitiva social, numa critica a Skinner (1904-1990) falando da

negação dos processos mentais e cognitivos no processo de aprendizagem dos

indivíduos. Os estudos de Bandura versavam no estudo do comportamento

humano, quando inserido no contexto social, valorizando os processos cognitivos,

para ele o indivíduo não aprende necessariamente pela experiência concreta,

pode aprender também pela observação de outros indivíduos dentro de seu

ambiente.

A Teoria Social-Cognitiva descreve a teoria do auto-reforço, que tanto pode

gerar emoções positivas como negativas, acontecendo por comparação no

comportamento pessoal, com padrões internos, caso julgue que os

acontecimentos são condizentes com o esperado, poder haver satisfação positiva,

caso contrário, poderá causar culpa, sofrimento ou frustrações. A teoria do auto-

reforço afirma mais uma vez a concepção de Bandura nas capacidades cognitivas

do ser humano.

As teorias de Bandura reportam-se também aos princípios da

aprendizagem por modelagem, onde se enfoca que a aprendizagem

observacional é constituída por quatro etapas, sendo elas: atenção, retenção,

produção e motivação. E destas etapas a atenção deve ser entendida como o

enfoque aos elementos significativos, que devem ser armazenados para que mais

tarde possam ser produzidos em prática, e a última etapa que culmina com a

motivação, e é entendida como o desejo, que impulsiona para um comportamento

determinado e encaminha-se para um objetivo.

O processo de aprendizagem pode ocorrer por modelagem e não somente

pelo vivenciar de experiências na prática, pois pela observação do próprio

comportamento ou do comportamento alheio, é possível colher informações

relevantes, desenvolver hipóteses e produzir comportamento no futuro.

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Quando escreve sobre o determinismo recíproco, indica que há uma troca

de influências entre o indivíduo e o grupo, onde qualquer elemento do grupo é

influenciado pelo contexto grupal e fatores externos, mas cada estímulo enviado

pelo grupo é recebido e gera diferentes tipos de respostas nos elementos deste

grupo.

Referindo-se às crenças de auto-eficácia, afirma que com esforço podem-

se conseguir os efeitos desejados e governar acontecimentos. Vazquez (2005),

quando cita Bandura afirma que a auto-eficácia não precisa apenas de

habilidades, mas também o ato de acreditar na capacidade de conseguir realizar

algo, o que é uma importante ligação entre o saber e o fazer. Ou seja, a teoria da

auto-eficácia refere-se às crenças nas próprias habilidades.

1.3 Conceito de Identidade Profissional

Segundo o conceito de identidade de Seve (1977) é considerado que

“aquilo que um homem faz da sua vida é aquilo que a vida fez dele”.

A construção da identidade do eu acompanha a estruturação do mundo, e

dentre as variáveis da socialização, a dimensão profissional adquiriu importância

fundamental, pois um emprego na atualidade é um atributo estruturante da

identidade do indivíduo (Anderson, 1974).

Pensando neste parâmetro, e para melhor compreensão deste estudo, é

necessário separar os conceitos de identidade pessoal e de identidade

profissional, embora muitas vezes na prática seja difícil essa diferenciação, pois

quase sempre um é referencial para o outro.

Nomeando-se a identidade pessoal como o processo de autopercepção, e

a identidade social, como a percepção que os outros elementos da mesma

categoria têm do indivíduo. Desta forma a identidade profissional deve ser

entendida como identidade social, e compreendida como o processo de

construção dos indivíduos enquanto profissionais, a relação consigo mesmo e

com os outros.

Segundo Tap, citado por Santos (1990) apud Galindo percebe-se que a

educação não pode calcar-se apenas nos paradigmas tradicionais, uma vez que

entende seu aluno como um todo: com suas funções cognitivas, intuitivas,

emocionais, sensitivas. Essa nova concepção educativa crê que despertando no

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indivíduo o desejo e tendo como ponto de partida a afetividade, seu

desenvolvimento cognitivo ocorrerá com maior facilidade e intensidade. Galindo

apud, enfoca em seu conceito; como sendo à base das relações sociais, o

indivíduo deve ser definido partindo-se do que se reconhece e é reconhecido no

desempenho de papéis sociais no meio social. Da mesma forma Penna (1992)

também tem o reconhecimento como pessoal e essencial no tocante à identidade,

e no alter-reconhecimento, como é aceito pelos demais elementos do grupo. Já

Gouveia (1993, p.100) destaca a identificação como imprescindível quando se

fala de identidade; e entende como identificação o processo em que se tem como

referencial um outro como modelo.

1.4 Identidade Profissional do Professor

A maneira como cada um de nós ensina está diretamente dependente daquilo que somos como pessoa quando exercemos o ensino. (Nóvoa, 1992)

A identidade profissional do professor não pode ser descontextualizada do

processo histórico em que o mesmo está inserido. A figura do professor desde a

antiguidade, nunca deixou de existir e marcar a sociedade. A profissão do

professor situa-se entre aquele que detém algum conhecimento e que compartilha

com os outros. Não se encaixa nem na categoria de operário, e nem de

intelectual, contudo detém saberes e partilha com os alunos, com a finalidade de

beneficiar a sociedade.

Ser professor é exercer a função de ensinar, cuja maior valia não pode ser

qualificada, nem quantificada como uma mercadoria, ainda falando-se da

definição de ser professor especifica-se que é um indivíduo que influencia os

outros, mas também sofre os efeitos das ações dos outros, levando-o a

transformar-se a si mesmo. E tratando-se de funcionários do estado, passam a

exercer a função de agentes sujeitos a alguns projetos e intenções sociais.

Segundo Camargo, em “As Emoções e a Escola” (2004:122)

... a aprendizagem não é apenas memorização, e sim uma atividade complexa com todas as implicações inerentes a mesma, inclusive a afetividade. O professor também está constantemente em processo de aprendizagem, portanto as emoções também o influenciam.

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O percurso profissional do professor vai desde o desenvolvimento

profissional até a construção da identidade profissional, a forma como se

relaciona com seus pares, e a construção simbólica, pessoal e intrapessoal. Os

comportamentos, a imagem do professor sobre si próprio, enquanto profissional,

modificam-se com o passar do tempo e refletem diretamente em suas atitudes no

trabalho escolar e sua personalidade. A trajetória profissional de cada educador é

resultante da conjugação de alguns determinantes: o processo de crescimento

individual, falando-se de capacidades, personalidade e capacidade pessoal de

interação com o meio, o processo de eficácia no ensino, o processo de

socialização e adaptação profissional ao grupo e à escola em que trabalha.

Sacristan (1991) diz que a profissão é socialmente compartilhada, de onde

emergem problemas que afetam a identidade profissional do docente e o fazem

entrar em ciclos, ora positivos (crescimento e aceitação sócio-profissional), ora

negativos (desvalorização da carreira).

Quando nos referimos a identidade profissional do professor é importante

citar Paulo Freire, que afirma que o desafio de ensinar consiste num exercício

diário por parte dos educadores, com a finalidade de romper as barreiras com as

visões tradicionais e opressoras e disponibilidade para o novo com o intuito de

facilitar a troca de saberes. Afirma de igual forma que o homem não está pronto,

está em constante processo de construção e mesmo em adultos a identidade

pode ser entendida em movimento.

O processo de formação de identidade do professor inicia-se na sua

formação inicial, salientando que as primeiras experiências profissionais, são as

que mais marcam a vida profissional do trabalhador da educação. Ainda na Teoria

Social Cognitiva afirma-se que as experiências positivas são decisivas na

identidade do docente, então, o bom desempenho dos alunos e os incentivos

verbais valorizando o trabalho do professor, fazendo-o acreditar que ele é capaz

de superar os desafios de seu dia-a-dia escolar, geram um sentimento positivo.

No caso especifico das atividades de ensino em escolas, a experiência

diária revela que inúmeros obstáculos, reveses, fracassos e frustrações podem

abalar a motivação dos professores para persistirem em seu empenho

profissional. Em tais condições, tem-se constatado que muitos tendem a

abandonar a carreira. Quando não desistem, mantém apenas uma postura

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burocrática em seu trabalho, ou se tornam vítimas crônicas de estresse físico e

psicológico.

1.5 Afetividade e Cognição

Assmann (1998), em seu livro "Reencantar a educação", faz uso das

palavras do supracitado Rubem Alves (p.34):

educar tem tudo a ver com sedução. Segundo ele, educador/a é quem consegue desfazer as resistências ao prazer do conhecimento. Seduzir para “o quê?” Ora, um saber/sabor. Portanto, para o conhecimento como fruição. Mas é importante frisar igualmente o "para quem", porque pedagogia é encantar-se e seduzir-se reciprocamente com experiências de aprendizagem.

Para Piaget, o desenvolvimento intelectual tem dois caminhos: o cognitivo e o

afetivo, ou seja, o desenvolvimento cognitivo ocorre paralelamente ao

desenvolvimento afetivo.

Quando o vinculo afetivo é estabelecido, a auto-imagem é reforçada, a

pessoa sente-se motivada e interessada em agir sobre o objeto. De acordo com

Lima (l980), pode-se dizer que afetividade é o estado de interesse por alguma

coisa ou pessoa. O interesse demonstra que há satisfação de uma necessidade

por parte da pessoa que se interessa por algo ou alguém. Quando a satisfação

desta necessidade é importante para o indivíduo, o interesse é maior, nível este

de interesse, que vária de indivíduo para indivíduo.

Segundo esclarecimento de Luria, a percepção, memória, abstrações e

generalizações, raciocínio e solução de problemas são capacidades

independentes e imutáveis da consciência humana, são processos ocorridos nas

atividades concretas práticas e que se formam dentro dos limites dessa atividade.

Já Goodmann afirma que a experiência afetiva humana tem nela ampla

significação e deve ser entendida como forma de saber, e então, numa nova

definição de cognição passa a dar conta que, formular uma idéia de algo, é

entendê-lo por todos os meios disponíveis inclusive a emoção.

Para Vygotsky, a imaginação tem papel fundamental na atividade criativa e

é considerada uma das mais complexas atividades psíquicas e reúne várias

funções psicológicas.

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As emoções são consideradas como as primeiras formas de comunicação

e as primeiras manifestações psíquicas. A pedagogia não considera as emoções,

como elemento que interfere na aprendizagem, pois os professores, assim como

os cientistas da educação, são produtos do meio em vivem, são apenas

cognitivistas e desprezam o aspecto afetivo dos alunos.

Contudo, a pedagogia, assim como a psicologia, entendem a motivação

como a mola propulsora para que ocorra a aprendizagem, porém a pedagogia

conceitua motivação, como a capacidade pessoal do aluno de engajar-se nas

oportunidades de aprendizagem. Já a psicologia define como motivação, o

processo e estado psíquico que movimenta e orienta os educandos para

objetivos.

Porém tanto a pedagogia, como a psicologia, consideram que; para que o

aluno aprenda é necessário que lhe seja despertado o interesse, sem perder de

vista que a motivação depende da realidade pessoal e social do educando, e que,

muitas vezes o fracasso escolar tem como origem a desmotivação. Para que o

aluno aprenda é necessário que lhe seja despertado o interesse, caso contrário

será gerado apatia, falta de atenção, fuga e falta de adaptação. A repetição do

insucesso torna os alunos altamente inseguros, instáveis, ansiosos, com

sentimento de inferioridade e baixa-estima. Também alunos com as

características citadas não aprendem, pois neste estado não absorvem

eficientemente e não conseguem trabalhar com as informações recebidas, pois

estes estados distraem a atenção e a concentração.

2. Crenças de Auto-Eficácia em Professores

A auto-eficácia tem despertado grande interesse em todos os envolvidos

no processo educativo, devido ao papel mediador que as crenças apresentam

para a atuação do docente. Tais crenças têm relação direta com o

comportamento do professor, a escolha das atividades a serem propostas para os

alunos, com grau de persistência diante das adversidades.

Ao problematizar as crenças docentes e suas implicações educacionais, Sadalla, Saeetta & Escher (2002), em texto que dialoga as semelhanças e diferenças, entre crenças e outros conceitos desenvolvidos pela psicologia, encerram suas considerações destacando que o conhecimento das crenças docentes e das relações destas em suas ações poderá,

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portanto, viabilizar efeitos positivos e duradouros no processo ensino-aprendizagem, beneficiando não só alunos, mas também os próprios professores (p.108).

E tal conclusão, com certeza, situa a importância que os valores e as

crenças docentes representam na ação do professor.

No tocante ao ensino, a auto-eficácia do professor atualmente vem sendo

definida como a crença na capacidade pessoal de obter efeito produtivo e

relevante na quantidade e qualidade da aprendizagem dos alunos. Atualmente

encontramos também relatados na literatura educacional que as crenças de auto-

eficácia não se referem a um conceito único, pois podem ser observadas em duas

direções: as crenças docentes em relação às tarefas relativas ao ensino e as

crenças pessoais sobre a competência para ensinar, ou seja, envolvem a crença

de eficácia pessoal e eficácia no ensino.

Ter controle sobre as crenças de auto-eficácia em determinado domínio,

pode facilitar no planejamento de ações que focalizem e fortaleçam a crença

objetivada. Para tanto, faz-se mister, conhecimento de técnicas pedagógicas, as

quais o professor acredite que seu comportamento pode interferir no processo de

aprendizagem dos alunos, e que ele é capaz de decidir e realizar ações focando

nesta direção.

Na realidade nacional, Bzuneck (1996) evidencia diferenças entre a auto-

eficácia e as variáveis: séries que os professores lecionam; idade, tempo de

magistério, formação pedagógica e número de alunos por turma. Também esse

autor, juntamente com Tschannem-Moran & Woofolk Hoy (2001), fazem uma

relação entre o nível de auto-eficácia docente e aspectos da prática educativa

desenvolvida em sala de aula.

2.1 Fatos que mais Afetam o Sentimento de Auto-Eficácia

Descrevem-se na seqüência as atividades que foram apresentadas e

desenvolvidas. Em princípio, a proposta foi levantar junto aos professores de duas

escolas da Rede Pública Estadual do Paraná, quais os fatos do cotidiano escolar

que mais afetam seu sentimento de auto-eficácia.

A seguir, discutir os resultados obtidos na pesquisa junto aos docentes,

com aporte na literatura, a motivação e o interesse dos alunos e dos professores,

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bem como a relevância destes fatores para que a aprendizagem ocorra de

maneira satisfatória.

Desvelar a identidade profissional do professor, e propostas de leituras,

estudos de grupo e técnicas que viabilizem ao professor se automotivar.

Algumas hipóteses foram selecionadas para que o trabalho proporcione

respostas ao sentimento de auto-eficácia de professores e alunos. A primeira

delas, “As crenças de auto-eficácia do professor influenciam a aprendizagem dos

alunos”, a segunda, “O professor encontra-se num momento de crise de sua

identidade profissional”, e a terceira, “É possível o professor elevar as próprias

crenças de auto-eficácia”.

Os dados coletados a partir do questionário de conhecimento apresentado

foram analisados, comparados e permitem a compreensão de como se situa a

temática “Teoria Social-Cognitiva, a relação entre as crenças de auto-eficácia

docente e a aprendizagem dos alunos”, e algumas informações coletadas

serviram para orientar a elaboração do caderno Pedagógico. (Questionário

Anexo)

3. Abordagens do Grupo de Trabalho em Rede

Uma das atividades obrigatórias do Programa de Desenvolvimento

Educacional era trabalhar com um Grupo de Trabalho em Rede, com o objetivo

de socializar o conhecimento produzido durante o curso com aqueles professores

que não faziam parte do programa, mas que estavam trabalhando na rede pública

de ensino do Estado do Paraná. O Grupo de Trabalho se desenvolveu num

ambiente virtual, no qual foi utilizada a plataforma Moodle.

Num primeiro momento recebemos orientações de como trabalhar com a

plataforma, a maneira como deveria ser formatado o curso, os encaminhamentos

para cada módulo e como se comunicar com os integrantes da rede.

O Grupo de Trabalho em Rede foi uma experiência interessante que

possibilitou a troca de conhecimentos entre professores de todo o Estado.

Após a apresentação de todos os integrantes do grupo, passamos a

investigar, através de leituras, proposta de atividades, reuniões com professores

para leitura, discussão de textos e dinâmicas de grupos, propostas no Caderno

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Pedagógico, a aprofundarmos nos assuntos propostos pelo mesmo e

despertamos o interesse sobre as crenças de auto-eficácia nos professores.

3.1 A Construção do Caderno Pedagógico

Outra atividade relevante durante o PDE foi a pesquisa para a construção

do caderno Pedagógico, ou seja, o desenvolvimento de novas atividades a serem

aplicadas em profissionais da educação. O objetivo do Caderno Pedagógico é

proporcionar uma reflexão sobre os temas acima citados e se destina a

professores, pedagogos e demais profissionais envolvidos no processo escolar.

Tal pesquisa foi de real importância para planejar o projeto de intervenção

na escola.

Essa atividade não foi fácil de ser desenvolvida, exigiu muita criatividade e

pesquisa ao mesmo tempo observou-se que é mais fácil desenvolver novas

atividades quando trabalhamos em conjunto e não de forma isolada. Para criar o

e caderno pedagógico era preciso integrar as diferentes mídias, além de

extrapolar a Pedagogia, ou seja, era necessário criar meios de auto-eficácia de

forma que os educandos e os educadores pudessem desenvolver um processo e

elevar sua auto-eficácia.

Foi elaborado um Caderno Pedagógico contendo textos de autores

consagrados e adaptados por pedagogas PDE, referentes à afetividade e

cognição, às emoções, à motivação e interesse, às crenças de auto-eficácia e

identidade profissional dos professores.

Apresenta-se na seqüência uma atividade que faz parte do material

didático abordado durante o programa de desenvolvimento educacional.

O DESAFIO DE MOTIVAR OS ALUNOS

Texto de José Aloyseo Bzuneck Adaptado por Lenira P. Matsuzava

Pedagoga - PDE

Nos dias atuais em que os apelos motivacionais fora da escola são muito fortes, proporcionados pelas novas tecnologias, faz-se necessário que a escola e o professor promovam uma constante motivação de seus alunos para que a aprendizagem escolar tenha êxito. Segundo Mitchell (apud Bzuneck) a qualidade e a intensidade do envolvimento nas aprendizagens depende da motivação. A motivação dos alunos ocorre através de atividades exercidas em constante interação entre si e também com o professor e, portanto, possui características próprias.

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Ela deve ser uma tarefa constante de quem ensina, abrangendo não só o aluno, mas também os responsáveis por eles. Existem estratégias de ensino que promovem o incremento, a orientação e a consolidação da motivação do aluno, influenciando nos resultados da aprendizagem, sendo a própria motivação resultado de processos de interação social em classe. O trabalho de socialização para uma motivação positiva requer que o professor se desprenda de certas atitudes e crenças errôneas que por vezes possa ter sobre a motivação. Dentre as crenças e teorias pessoais sobre a motivação, uma delas é a de que o professor pode fazer muito pouco pela motivação, dada as condições contextuais serem adversas em função do ambiente físico e social em que vivem os alunos. Embora existam condições adversas, o professor precisa tomar consciência de que lhe resta amplo espaço de liberdade de ação em sua sala de aula. É ele que, muitas vezes, em tais condições consegue superá-las e promover o sucesso educacional. Segundo Bzuneck, a motivação do aluno esbarra na motivação de seus professores. Ainda segundo Brophy, 1987; Firestone e Pennell, 1993; Reynolds, 1992 (citados por Bzuneck), a percepção de que é possível motivar todos os alunos, nasce de um senso de compromisso pessoal com a educação; mais ainda, de um entusiasmo e até de uma paixão pelo seu trabalho. Porém não é só isso. Bandura (1993) preconiza que a motivação dos professores para trabalhar em qualquer condição depende acentuadamente do nível de suas crenças de auto-eficácia, ou seja, da crença de que pode exercer ações destinadas a produzirem certos resultados. Assim, altas crenças de eficácia são a primeira condição para os professores lidarem com o difícil problema de motivar seus alunos. As crenças de auto-eficácia de uma pessoa derivam de influências sociais positivas e de experiências reais de êxito que ocorrem em função dos conhecimentos e habilidades adquiridas. Em função disso, considera-se que não basta o senso comum e nem se pode presumir que já se sabe tudo. O professor pode deter certas crenças como a de que o elogio sempre é benéfico à auto-estima e favorece a motivação; e a censura prejudica a auto-estima e a motivação, mas as pesquisas demonstram que os efeitos do elogio e da censura às vezes têm efeitos contrários ao que aparece nessa suposição (Brophy, 1983; Pintrich e Schunk, 1996, citados por Bzuneck). Mais ainda, alguns professores acreditam que para se ter alunos motivados é suficiente criar um clima emocional positivo em classe. Essas qualidades positivas são importantes, porém os alunos precisam ser motivados para tarefas significativas e desafiadoras, mesmo que sejam árduas e sob cobrança externa. Como os processos motivacionais são complexos, exigem um conhecimento sempre atualizado de princípios e de resultados de pesquisas juntamente com o desenvolvimento de habilidades adquiridas através da prática e da reflexão. Torna-se necessário o professor questionar-se em relação a sua disciplina: Para o aluno ela tem um interesse intrínseco, alguma importância pessoal? A expectativa é de aprender ou simplesmente de concluir as tarefas? Ele vê a tarefa como desafiadora, porém ao seu alcance? São exemplos de questionamentos que revelam aspectos da motivação dos alunos e que ainda podem alterar-se pelo contexto da classe. Para a motivação surtir os efeitos necessários à aprendizagem é preciso que o professor conheça os mecanismos psicológicos ligados a ela, dominando variedades de técnicas, tendo criatividade e percebendo que existe uma complexidade que pode ser aproveitada nas situações que se apresentam em sala de aula. Um fator de facilitação da aplicação da motivação é quando existe um ambiente de cooperação, somando esforços e iniciativas de cada professor, envolvendo a escola como um todo. Segue-se daí as reações positivas dos próprios alunos, de envolvimento com a aprendizagem, resultantes de suas percepções da filosofia da escola. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como pudemos compreender há uma necessidade constante de motivação dos nossos alunos para que a aprendizagem escolar tenha êxito. Para o professor ter seus alunos motivados, deve conhecer os mecanismos psicológicos envolvidos, deve também desprender-se de algumas crenças e do senso comum, aplicando de uma forma científica as técnicas motivadoras em sala de aula. É principalmente pela soma de esforços da escola como um todo, com uma filosofia que se coadune com a realidade em que ela está inserida, que teremos resultados positivos na motivação e consequentemente na educação dos nossos alunos.

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PROPOSTA DE ATIVIDADES Estudo do texto: a) Justifique a necessidade da constante motivação dos alunos para que a aprendizagem escolar tenha êxito. b) Escreva e exemplifique crenças do professor em relação à motivação. c) Comente a afirmativa: É importante que o professor conheça os mecanismos psicológicos ligados à motivação do aluno. Aprofundando o conhecimento a) Pesquise sobre os mecanismos psicológicos da motivação. REFERÊNCIAS BZUNECK, José Aloyseo. Motivar seus alunos: sempre um desafio possível. www.unopar.br, acesso em 27/11/07.

3.2 Análise e Discussão dos Resultados

Após a aplicação do questionário e das leituras propostas,foram

apresentados apenas alguns dados, os que foram considerados mais relevantes

para o presente trabalho; e verificou-se através dos autores como Denise

Camargo que a função a escola é a apropriação da cultura pelo educando pelo

processo ensinar-aprender; processo este mediado pelo professor, o qual terá

papel fundamental sobre o processo de aprendizagem do aluno; levando então ao

questionamento: como um professor que se sente rebaixado em sua auto-estima

e consequentemente sobre seu sentimento de auto-eficácia, dará conta de leva o

aluno a se automotivar de modo satisfatório?

Observe os gráficos:

2.1 O salário obtido como professor afeta sua auto-estima?

Resultados Opcões

Pesquisador A Pesquisador B Total

Sim 21 19 40

Não 28 12 40

Não respondeu 1 0 1

Por quê?

Sinto-me desvalorizada(o) 11 1 12

Não corresponde ao esforço e investimento feito

7 2 9

Salário baixo é desmotivador 1 1 2

Limita minhas possibilidades 0 2 2

Outros 0 6 6

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Segundo pode-se observar no gráfico 2.1 uma das razões pelas quais os

professores sentem-se insatisfeitos é que bom percentual deste sentem-se

insatisfeitos com seus salários, com o sucesso e status obtidos como professor e

isto afeta seu sentimento de auto-estima, pois ficam limitados a poucas

oportunidades de aperfeiçoamento, dificuldades em comprar livros, participarem

de eventos educacionais, etc.

2.2 Já pensou em desistir da profissão?

Resultados

Opções Pesquisador A Pesquisador B Total

Não 22 15 37

Sim, menos de 5 vezes 17 8 25

Sim, entre 5 e 10 vezes 4 6 10

Sim, mais de 10 vezes 7 2 9

Por quê?

Desvalorização profissional e social 15 12 27

Salário 15 5 20

Estresse 15 11 26

Trabalho escolar realizado em casa 5 3 8

Outros 4 5 9

2.3 Profissionalmente, como você se avalia?

Resultados

Opções

Pesquisador A Pesquisador B Total

Ótimo 13 6 19

Bom 36 23 59

Regular 1 2 3

Ruim 0 0 0

Ainda Camargo, coloca que a repetição do insucesso torna os indivíduos

inseguros, instáveis e ansiosos com sentimento de inferioridade e que tanto

alunos como professores com sentimento de inferioridade tornam-se mais

ansiosos, agressivos e zangados e são mais propensos a desistir, conforme

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verificamos no gráfico 2.2 e 2.3, ainda como podemos verificar são poucos os que

se consideram ótimos.

2.10 Diante de alunos “difíceis” e desmotivados, você pode dar conta empenhando-se muito:

Resultados Opcões

Pesquisador A Pesquisador B Total

Sempre 30 17 47

Nunca 0 0 0

Às vezes 20 13 33

Não respondeu 0 1 1

Reportando a Paulo Freire quando este afirma que nem o mundo, nem o

homem está pronto, e estamos em processo de evolução, justapondo-se ao

gráfico 2.10,em que os professores demonstram estar abertos a mudanças,

demonstrando mais uma vez que o trabalho para este assume suma importância,

pois é fonte de referencial e transcende ao econômico. E que é também fonte de

satisfação pessoal e sensação de dever cumprido como ser humano.

2.13 Quando acredita que seus alunos gostam e entendem suas aulas,

sente-se motivado para aperfeiçoar-se?

Resultados

Opcões

Pesquisador A Pesquisador B Total

Sim 46 29 75

Não 0 0 0

Às vezes 4 2 6

A Teoria Social Cognitiva de Bandura descrita por Amorim e Aquino, afirma

que os sentimentos modificam os pensamentos, as ações e o entorno. Nos

gráficos 2.13 verificamos que parte dos problemas de aprendizagem surgem das

relações estabelecidas na escola, e que a qualidade das emoções segundo

Vygotsky, mudam à medida que os processos afetivos e cognitivos se

aperfeiçoam. Então no diálogo entre as semelhanças e diferenças das crenças de

auto-eficácia dos docentes poderão ter efeito positivo ou negativo no processo de

aprendizagem dos alunos.

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2.21 O que você faz quando tem dificuldade com o manejo de classe ou com o controle de turma?

Resultados Opcões

Pesquisador A Pesquisador B Total

Põe o aluno para fora da sala de aula 6 6 12

Busca compreender o fato através da literatura específica e superá-lo

3 5 8

Busca ajuda/conselhos com a equipe pedagógica

28 17 45

Busca ajuda/conselhos com os colegas 16 8 24

Desabafa na sala dos professores 6 5 11

Reclama da turma com a equipe pedagógica 5 8 13

Não respondeu 1 0 1

Outros - Quais?

Não tem turma melhor ou pior. Consigo trabalhar com todas igual

1 0 1

Converso com os alunos, tentando motivá-los e diagnosticar o problema

15 6 21

Encaminho o aluno à equipe pedagógica 2 1 3

Questiona 0 2 2

Trabalha limites 0 2 2

Tenta resolver o problema 2 0 2 2

Bandura no ano de 1977, diz que se as pessoas não estão dispostas a

produzir resultados, sequer irão tentar e que se as pessoas pensam de forma

positiva, deliberadora, pessimistas ou otimistas, irão acomodar-se ou buscar

novos comportamentos e que um sentimento de auto-eficácia positivo é

fundamental para as mudanças comportamentais, também que tal constructo

afeta as escolhas e esforços que os indivíduos dispensarão para realização das

tarefas e terão resiliência diante do stress pessoal e profissional, conforme

verificamos no gráfico 2.21.

3.3 As Dificuldades Encontradas Durante o Programa de Desenvolvimento

Educacional

Embora o programa de desenvolvimento educacional tenha se mostrado

uma excelente oportunidade de aprimoramento e aperfeiçoamento, além de

permitir a troca de experiência com professores de diferentes disciplinas e de

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diferentes lugares, é necessário reconhecer que durante o curso alguns

problemas surgiram, tais como: a ausência de uma programação no início do

curso, dificuldades de trabalhar na plataforma Moodle em decorrência de exíguo

tempo de ambientação, cursos que não guardavam relação com a Pedagogia.

Dificuldades essas que só foram superadas com o auxílio de alguns colegas de

curso, que se mostraram abertos ao trabalho em grupo e também aos

orientadores que se mostraram sensibilizados com a proposta e ofereceram

cursos que contribuíram sobremaneira para o trabalho de pesquisa.

4. Considerações Finais

Neste trabalho, procurou-se descrever como foram desenvolvidas as

principais atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional, com

destaque para a elaboração do plano de trabalho, a condução do grupo de

trabalho em rede, a elaboração do material didático e a proposta de

implementação na escola de atuação. Ainda, com o intuito de mostrar os

resultados das pesquisas e materiais produzidos, apresentou-se algumas das

atividades trabalhadas junto aos professores e alunos durante a fase de

implementação na escola.

As atividades desenvolvidas foram de grande proveito e alcançaram seus

objetivos, proporcionaram reflexões e a participação dos professores e alunos de

maneira mais intensa, tentaram fazer o melhor, discutiram os resultados e

observaram seu próprio ambiente escolar.

Cabe ressaltar que foi possível constatar o planejado no plano de trabalho,

ou seja, as atividades desenvolvidas com os professores e educandos mostraram

que o planejamento da pesquisa com base na Teoria Social-Cognitiva, a relação

entre as crenças de auto-eficácia docente e a aprendizagem dos alunos propiciou

ao professor e ao aluno momentos de participação e de ação.

Objetivando uma nova dinâmica para governar as crenças de auto-

eficácia em determinado domínio, pode facilitar no planejamento de ações a

crença objetivada e foram realizadas leituras preliminares sobre métodos e

técnicas de pesquisa sobre a Teoria Social-Cognitiva que levaram a escolha da

metodologia de trabalho. Metodologia essa que já foi aplicada em outros

momentos, e constata-se, agora, que o resultado foi bastante promissor, uma vez

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que os professores passaram entender a importância do auto-eficácia na

aprendizagem dos alunos e se mostraram receptivos a mudanças.

Participar do Programa de Desenvolvimento Educacional na rede pública

de ensino, e tendo a oportunidade de ficar um ano exclusivamente dedicada aos

estudos, foi uma experiência única e enriquecedora em todos os sentidos e

acredita-se que todos os professores deveriam ter igual oportunidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANTES, V. A.; AQUINO, J. G. Afetividade na Escola. São Paulo: Summus, 2003. 232 p. AZZI, R. G.; POLYDORO, S. A. J. Auto-eficácia em diferentes contextos. Campinas: Ed. Alínea, 2006. CAMARGO, D. As Emoções & A Escola. Curitiba: Travessa dos Editores, 2004. 193 p. CAMARGO, D.; BULGACOV, Y. L. M. Identidade & Emoção. Curitiba: Travessa dos Editores, 2006. 195 p. CODO, W. Educação: carinho e trabalho. Petrópolis: Ed. Vozes. 2006. 342 p. GALINDO, W. C. M. A construção da identidade profissional docente. Disponível em: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/fp/textos acesso em 02 de julho de 2007.

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ANEXOS

INSTRUMENTO DE PESQUISA – AS CRENÇAS DE AUTO-EFICÁCIA E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS NA APRENDIZAGEM

1) PERFIL DO ENTREVISTADO

1) Sexo: ( ) feminino ( ) masculino 2) Idade: _____________ 3) Quanto tempo de experiência você tem no magistério? ( ) menos de 2 anos ( ) de 2 a 5 anos ( ) de 5 a 10 anos ( ) de 10 a 15 anos ( ) de 15 a 20 anos ( ) mais de 20 anos 4) Qual(is) área(s)/curso(s) que compõe(m) sua formação universitária? ( ) Língua Portuguesa ( ) Artes ( ) Matemática ( ) Biologia ( ) Ciências ( ) Química ( ) Geografia ( ) Física ( ) História ( ) Sociologia ( ) Inglês ( ) Filosofia ( ) Educação Física ( ) Ensino Religioso ( ) Outra(s) área(s): ________________________________________ 5) Qual(ais) a(s) disciplina(s) que leciona? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6) Quantas aulas semanais? _________________________________________ 7) Você trabalha em quantas escolas? ( ) 01 escola ( ) mais de 2 escolas ( ) 02 escolas ( ) em escola e em outro local 8) Você trabalha em escolas que pertencem: ( ) somente à rede estadual de ensino ( ) às redes estadual e municipal de ensino ( ) às redes estadual e particular de ensino ( ) às redes estadual, municipal e particular de ensino ( ) à rede estadual e outra área de trabalho – Qual? __________________ 9) Você exerce outras atividades: ( ) SIM ( ) NÃO Qual(ais)? ____________________________________________________

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10) O seu salário de professor consegue atender a quais necessidades suas? ( ) Casa própria ( ) Carro ( ) Viagens ( ) Lazer ( ) Pagamento em dia das contas ( ) Alimentação adequada ( ) Outros. Quais? ____________________________________________ 11) Por que você é professor(a)? ( ) Porque gosto da profissão. ( ) Por influência de outras pessoas. ( ) Porque tenho estabilidade no emprego. ( ) Porque a remuneração é boa. ( ) Por falta de outras oportunidades de emprego. ( ) Porque a profissão tem muitas vantagens como: férias verão/inverno,

feriados com recessos e outros ( ) Falta de opção de outros cursos na época da graduação ( ) Outros motivos – Qual(ais)? _________________________________ 12) Nas horas vagas, o que você mais gosta de fazer é: ( ) Ler ( ) Passear ( ) Assistir a um bom filme/ Assistir a TV ( ) Dormir ( ) Outros: __________________________________________________ 2. CRENÇAS DE AUTO-EFICÁCIA 1) O seu salário de professor afeta sua auto-estima profissional? ( ) Sim ( ) Não Por que?____________________________________________________ 2) Já pensou em desistir da profissão? ( )Não ( ) Sim ( ) menos de 5 vezes ( ) entre 5 e 10 vezes ( ) mais de 10 vezes Por que? ( ) Desvalorização profissional e social ( ) Salário ( ) Estresse ( ) Trabalho escolar realizado em casa ( ) Outros: __________________________________________________

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3) Profissionalmente, como você se avalia? ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim 4) Como você avalia a sua capacidade para lidar com situações de estresse na sala de aula no início da carreira e agora? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) Na sua vida profissional você teve mais experiências positivas do que negativas? ( ) Sim ( ) Não Por que? ______________________________________________________ ______________________________________________________________ 6) Na sua opinião, quais as características que identificam um bom professor? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 7) E quais as características que identificam um mau professor? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 8) Que características você tem que o identificam com um bom professor(a)? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 9) E com um mau professor? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 10) Diante de alunos difíceis e desmotivados, você pode dar conta se empenhar-se muito: ( ) Sempre ( ) Nunca ( ) Às vezes 11) Você consegue melhorar a sua atuação pedagógica? ( ) Sim ( ) Não Por que? _____________________________________________________ _____________________________________________________ Como? _____________________________________________________ _____________________________________________________ 13) Quando os alunos não participam da aula e ficam conversando, isso, para você, é sinal de: ( ) Desrespeito ao professor ( ) Desmotivação pessoal do aluno ( ) Pouco caso ( ) Aulas pouco motivadoras

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( ) Conteúdos sem atrativos ( ) Aulas chata ( ) Outros ____________________________________________________ 14) Quando acredita que seus alunos gostam e entendem suas aulas, sente-se motivado para aperfeiçoar-se? ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes 15) Quando percebe que os alunos não estão motivados, o que você faz? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 16) Você busca mudanças e aperfeiçoamento profissional na sua prática diária? ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes Como?________________________________________________________________________________________________________________________ 17) O que falta para que você se considere um ótimo professor? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 18) Quando você tem dúvidas sobre sua atuação pedagógica, o que faz? ( ) Procura a direção da escola ( ) Pede ajuda à equipe pedagógica ( ) Conversa com os colegas ( ) Procura ajuda na literatura específica ( ) Outros. Quais? ____________________________________________ 19) Quando alguns dos seus alunos fracassam, a quais fatores você atribui esse fracasso? ( ) Familiares ( ) Sociais ( ) Econômicos ( ) Pessoais ( ) Do próprio professor ( ) Da escola 20) Qual a sua participação nesse fracasso? ( ) Excesso de aulas ( ) Falta de preparo das aulas ( ) Desmotivação ( ) Cansaço ( ) Muitas aulas expositivas ( ) Má formação profissional ( ) Outras ____________________________________________________

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21) Quando os seus alunos não vão bem, como isso afeta sua crença de que você pode e é um bom professor? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 22) O que você faz quando tem dificuldade com o manejo de classe ou com o controle de turma? ( ) Põe o aluno para fora da sala de aula ( ) Busca compreender o fato através da literatura específica e superá-lo ( ) Busca ajuda/conselhos com a Equipe Pedagógica ( ) Busca ajuda/conselhos com os colegas ( ) Desabafa na sala dos professores ( ) Reclama da turma com a equipe pedagógica ( ) Outros Quais? _____________________________________________