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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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MARISTELA BAGATIM GERALDO

LENDO E ESCREVENDO CONTOS DE LENDO E ESCREVENDO CONTOS DE LENDO E ESCREVENDO CONTOS DE LENDO E ESCREVENDO CONTOS DE

MISTÉRIOMISTÉRIOMISTÉRIOMISTÉRIO ( ( ( ( UNIDADE DIDÁTICAUNIDADE DIDÁTICAUNIDADE DIDÁTICAUNIDADE DIDÁTICA ) ) ) )

LONDRINA

2010 http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=4541&picture=tree-and-moon Acesso em: 23/06/2010

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MARISTELA BAGATIM GERALDO

LENDO E ESCREVENDO CONTOS DE MISTÉRIO

Projeto de Intervenção Pedagógica apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná. Orientadora: Profª Drª. Joyce Elaine Almeida Baronas

LONDRINA 2010

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MARISTELA BAGATIM GERALDO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Superintendência da Educação Diretoria de Políticas e Programas Educacionais

Programa de Desenvolvimento Educacional

PROFESSORA PDE – TURMA 2009 1 IDENTIFICAÇÃO

• Professora PDE: Maristela Bagatim Geraldo

• Área/Disciplina PDE: Língua Portuguesa

• NRE: Londrina

• Professora Orientadora IES: Joyce Elaine Almeida Baronas

• IES vinculada: Universidade Estadual de Londrina – UEL

• Escola de Implementação: Colégio Estadual José de Anchieta

• Público Objeto da Intervenção: Alunos da 8ª Série - Professores da Escola e • Professores participantes do GTR

• Conteúdo Estruturante: O discurso enquanto prática social

• Conteúdo Específico: Leitura e produção de contos de mistério

• Tipo de Produção Didático-Pedagógica: Unidade Didática

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2 OBJETIVO GERAL

O aluno será levado a reconhecer a importância da leitura de contos da esfera

literária como um recurso essencial para a ampliação da memória discursiva e entender que

eles expressam os valores e comportamentos de uma sociedade, além de ser um forte

componente de formação cultural.

2.1 Objetivos Específicos

Levar o aluno a:

• Familiarizar-se com o gênero conto, identificando-o dentro da esfera

literária e apropriar-se dos aspectos estilísticos, características e

intencionalidade presentes.

• Conhecer as informações sobre as narrativas de enigma e refletir sobre

as condições históricas e sociais que favorecem o seu surgimento.

• Ler por prazer, com fluência, ritmo e entonação, assumindo o papel de

mediador entre o escritor e o ouvinte.

• Apropriar-se das características linguístico-discursivas dos contos de

mistério para organização e utilização desses recursos na produção e

revisão desse tipo de texto.

• Produzir contos de mistério utilizando-se adequadamente dos recursos

linguísticos, observando se há continuidade temática e se a linguagem

está adequada ao contexto.

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3 FUNDAMENTOS TEÓRICO- METODOLÓGICOS

Na presente Unidade Didática, abordaremos o estudo do gênero conto de mistério

pela perspectiva bakhtiniana, norteada pelo plano de trabalho docente proposto por João Luiz

Gasparin em seu livro: “Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica.” Nesse plano, o

autor questiona a prática da atual pedagogia brasileira e lança mão de um novo jeito de

ensinar, que busca interligar a prática social do aluno com a teoria, no intuito de melhorar a

qualidade de formação do educando enquanto cidadão Essa nova proposta de ensino não

abrange apenas a esfera escolar, ultrapassa a técnica e tem cunho sócio-político revolucionário

para a sociedade.

Didaticamente, Gasparin (2002) apresenta a Pedagogia Histórico-Crítica em

momentos articulados. O ponto de partida consiste na prática social inicial. O primeiro passo

da ação docente em sala de aula é conhecer os conceitos espontâneos dos alunos, ou seja,

segundo Vygotsky (2001), a zona de desenvolvimento atual (ZDA), por intermédio da prática

social. O segundo momento é a problematização. Esta tem como objetivo questionar, analisar

e interrogar a prática social, abordando o conteúdo em suas diversas dimensões.

O terceiro momento refere-se à instrumentalização. Esta consiste em buscar as

formas de superação dos conceitos espontâneos pela utilização de ações didático-pedagógicas

diretivas, portanto, pensadas e planejadas para que a apropriação do conhecimento científico

historicamente acumulado, de fato, aconteça.

Nessa perspectiva, a mediação é essencial para que o educando desenvolva a

aquisição do conhecimento. Esta acontece pelo uso da linguagem e da fala. Assim, a

aprendizagem se dá por meio de um processo de interação entre as pessoas. Vale ressaltar que

a linguagem desempenha um papel essencial no processo de apropriação do conhecimento

científico.” Nesse sentido, é importante que o professor oportunize momentos para que os

alunos falem, escrevam e trabalhem em pequenos grupos.” (GASPARIN, 2002).

O quarto momento descrito é a Catarse, que consiste no momento em que o aluno

sistematiza o que aprendeu em relação aos conteúdos trabalhados nas fases anteriores. É a

fase de elaboração de sínteses. A quinta etapa é a prática social final. Nesse momento todas as

dimensões do conteúdo deverão ser retomadas de forma consciente, na busca de uma visão

totalizadora, concreta e crítica, buscando o desvelamento da realidade, e uso do conhecimento

adquirido.

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Para um melhor entendimento da metodologia proposta por Gasparin, seguem

abaixo, algumas sugestões a serem aplicadas em cada etapa desse processo.

Durante a Prática Social Inicial do Conteúdo, poderão ser desenvolvidas as seguintes

atividades:

• ►apresentação do Conteúdo: a título de informação, é importante fazer a leitura de

um conto de mistério de Edgar Allan Poe. Em seguida, usando o texto fragmentado,

em apresentação de Power Point, e apontar as características desse gênero, a

organização textual e as marcas linguísticas que contribuíram para a construção de

efeitos de sentido do texto;

• ►vivência cotidiana dos conteúdos: realizar uma atividade oral para resgatar os

conhecimentos prévios dos alunos. Indagar se sabem o que é conto, se têm lembrança

dos contos lidos em sala e se tiveram a oportunidade de ler os contos de Allan Poe,

que contos foram esses, o que acharam e de qual mais gostaram;

• ►desafio: o que gostariam de saber mais. Pedir que façam anotações sobre o que

gostariam de saber mais sobre conto de mistério, sobre como surgiram esses contos e

sobre o próprio autor Allan Poe, e outros autores do gênero.

Além desses itens que constituem o Plano de Trabalho de Gasparin, acrescentamos a

proposta de solicitar uma produção inicial desse gênero para averiguação das dificuldades

discursivas a serem trabalhadas.

As questões contextualizadas que foram citadas na prática social inicial, deverão ser

retomadas na fase da Problematização, para fins de pesquisa em dicionários (etimologia e

significação da palavra – narrativa de enigma ou contos enigmáticos, contos de mistério),

livros e internet, essas questões serão anotadas no caderno, para serem discutidas em sala de

aula. Nessa fase, serão trabalhadas:

• dimensão conceitual→ propor uma pesquisa sobre as diferenças entre os vários tipos

de contos, depois sobre os tipos de contos de mistério existentes e demonstração com

uso do pen drive;

• dimensão sócio-cultural→ informar sobre a origem dos contos, e por que existem até

hoje;

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• Dimensão social→ Os alunos devem ser informados sobre a função social do conto,

por que ele é importante na sociedade.

É chegado o momento da explanação das dificuldades discursivas, com exemplos

retirados de alguns textos produzidos durante a Prática Social Inicial para, posteriormente,

serem trabalhadas. Em seguida, eles farão a reescrita dos textos. Após, esses textos serão

repassados aos colegas para que apontem as dificuldades que não foram superadas. Nessa

fase, serão trabalham-se as dificuldades comuns a todos por meio de atividades.

Durante a fase de Instrumentalização, realiza-se a leitura de um conto de Edgar Allan

Poe, seguida pelos questionamentos sobre:

• contexto de produção e sobre a relação: autor/leitor/texto;

• conteúdo temático;

• arranjo textual.

É necessário solicitar atividades para superação das dificuldades das capacidades

discursiva e linguístico-discursiva.

Para avaliar o que o aluno internalizou após o estudo realizado, Catarse, é

conveniente solicitar a elaboração de trabalhos para o domínio do gênero conto de mistério,

via oficinas. Após a leitura e análise de variados contos de mistério, propõe-se pedir

novamente a produção de um texto ligado ao gênero em questão.

Na Prática Social Final, sistematizam-se as intenções e as propostas de ação que

serão feitas com os conteúdos apreendidos, exemplos: reconhecimento e valorização do conto

enquanto objeto de enriquecimento artístico e cultural;

- reconhecimento de elementos linguísticos nas narrativas com o gênero estudado e seus

efeitos de sentido;

- desenvolvimento de capacidades linguístico-discursivas no processo de ensino-

aprendizagem da língua materna.

Ressaltamos que tal sistematização segue orientações de Perfeito (2005).

São necessários questionamentos para a realização das atividades citadas acima. Com

o uso de contos ou fragmentos de contos de vários autores, os alunos serão levados a

reconhecer os efeitos de sentido, os aspectos linguístico-discursivos, a função social e cultural

do conto.

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3.1 GÊNEROS COMO OBJETO DE ENSINO

A realização do trabalho pedagógico focado nos gêneros textuais em sala de aula é

uma excelente oportunidade de se lidar com a língua nos seus mais diversos usos do

cotidiano. Antunes (2009) enfatiza a importância de se desenvolver, em sala de aula, uma

prática de escrita escolar que considere o leitor, uma escrita que tenha um destinatário e

finalidades, para então se decidir sobre o que será escrito, pois a escrita, na diversidade de

seus usos, cumpre funções comunicativas socialmente específicas e relevantes.

Nesse contexto, cada gênero discursivo possui suas peculiaridades: a composição, a

estrutura e o estilo variam conforme se produza um poema, um bilhete, uma receita, um texto

de opinião ou científico. Essas e outras composições precisam circular na sala de aula em

ações de uso, e não a partir de conceitos e definições de diferentes modelos de textos

(PARANÁ, 2008).

O aperfeiçoamento da escrita se faz a partir da produção de diferentes gêneros, por meio das experiências sociais, tanto singular quanto coletivamente vividas. O que se sugere, sobretudo, é a noção de uma escrita como formadora de subjetividades, podendo ter um papel de resistência aos valores prescritos socialmente. A possibilidade da criação, no exercício desta prática, permite ao educando ampliar o próprio conceito de gênero discursivo (PARANÁ, 2008, p.56).

Nessa perspectiva, observamos a importância de que se motive o aluno a escrever,

envolvendo os textos que produz, de forma a assumir a autoria do que escreve, visto que ele é

um sujeito que tem o que dizer. Quando escreve, ele diz de si, de sua leitura de mundo.

Segundo Bortone e Martins (2008), o que determina a competência do aluno na

produção textual é o modo como ele aprende a escrever, a importância que a escrita possui em

sua vida, bem como a frequência com que escreve. Nesse contexto, a narrativa de enigma será

desafiadora na leitura, mas muito mais na escrita. Da mesma forma como o leitor se envolve

na trama, sendo um agente ativo na busca pela elucidação do mistério, o escritor é um

estrategista, que tem como missão prender a atenção de seu leitor, envolvê-lo, interagir com

ele (de forma implícita, velada), e surpreendê-lo.

A melhor forma para trabalhar o ensino de gêneros textuais é envolver os alunos em

situações concretas de uso da língua, de modo que consigam, de forma criativa e consciente,

escolher meios adequados aos fins que se deseja alcançar. A produção escrita adquire,

portanto, caráter democrático, possibilitando que o sujeito se posicione, tenha voz em seu

texto e interaja com as práticas de linguagem da sociedade em que está inserido.

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LENDO E ESCREVENDO LENDO E ESCREVENDO LENDO E ESCREVENDO LENDO E ESCREVENDO CONTOS DE MISTÉRIOCONTOS DE MISTÉRIOCONTOS DE MISTÉRIOCONTOS DE MISTÉRIO

QQQQueridos alunosueridos alunosueridos alunosueridos alunos

Nesta unidade realizaremos um trabalho com contos de mistério. Vocês terão a oportunidade de:

• conhecer a origem e as características desse gênero,

• obter informações sobre a vida de Edgar Allan Poe, escritor norte-americano do

Séc.XIX, considerado o pai do romance policial e um gênio na arte de escrever contos

de mistério;

• ter sugestões de leitura de outros autores renomados desse gênero;

• ler, analisar e produzir contos com as dicas gramaticais que enriquecerão sua produção

textual.

Primeiramente, vocês escreverão sobre o que conhecem a respeito desse tipo de

gênero respondendo às questões abaixo:

• qual a diferença entre um conto e um romance?

• conseguem definir um conto de mistério? Já leram algum? De qual ou quais mais

gostaram?

• já leram biografias de autores desse tipo de conto ou mesmo já assistiram a algum

filme com algum nome de contos de mistério? Se sim, perceberam diferenças entre a

obra e o filme?

• o que vocês acham que um bom conto de mistério deve ter?

• o que gostariam de saber mais sobre esse gênero?

• achariam interessante ter conhecimento sobre a época em que viveram alguns

escritores de contos de mistério?

Antes de vermos mais detalhes, é bom que vocês saibam que o conto é um gênero

que pertence à esfera literária. Isso significa que ele foi produzido com o intuito de

sensibilizar seu leitor para alguma coisa.

http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=1936&picture=arvore-no-nevoeiro-durante-a-

noite&large.Acesso em: 23/06/2010

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TEXTO A

“MORTO” APARECE VIVO NO PRÓPRIO VELÓRIO

Uma família de Santo Antonio da Platina, norte pioneiro, teve uma dupla surpresa em menos de um dia. Eles reconheceram o corpo de um servente de pedreiro, que teria morrido em um acidente de trânsito na BR-153. Velado na madrugada de ontem, feriado de Finados, o “morto” apareceu vivo no próprio velório, surpreendendo os familiares. Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram mobilizados para atender um atropelamento na BR-153, em Santo Antonio da Platina. O acidente ocorreu entre um motel e um posto de gasolina, por volta das 22 horas de domingo. Logo após ser encaminhado para a funerária, uma família apareceu para reconhecer o corpo. A.J.G., servente de pedreiro, foi reconhecido pelo ex-cunhado, pela mãe e pelo amigo com quem dividia a casa. Aproximadamente 5 horas depois de iniciado o velório, perto das 8 horas de ontem, uma pessoa chegou e começou a falar com o gerente da funerária. “Ele se identificou como sendo o defunto e eu não sabia o que estava acontecendo. Então pedi para ele se encaminhar aos parentes. Os familiares dele ficaram muito assustados”, lembrou N.H. Passado o susto, veio o alívio. “Assim que os familiares comprovaram que o defunto não era quem eles pensavam, foram embora”, disse H. Os parentes do verdadeiro falecido apareceram por volta das 14 horas de segunda-feira e o corpo foi sepultado às 16h, em Joaquim Távora. Notícia publicada no JL Jornal de Londrina 02/11/2009

TEXTO B

ENTERRO PREMATURO

“O que vejo, o que sou suponho será apenas um sonho num sonho?” E. ª Poe

“(...) Porque os Céus esperanças não dão a quem só ouve o bater do próprio coração.” E. ª Poe

[...]

As fronteiras entre a vida e a morte são vagas e imprecisas. [...]

Sabemos que há enfermidades onde cessam todas as funções vitais aparentes. [...]

Mas eu lhes posso falar do horror que nos entra pelos ouvidos quando se ouve claramente a sentença: está morto. E as palavras: estou vivo estouram na sua mente sem que possam ser ouvidas pelos outros. Posso lhes falar do horror da suspeita – se está morto ou não. ...

Este texto pode ser encontado na íntegra no livro: Histórias Extraordinárias de Allan Poe Tradução de Clarice Lispector

Ediouro Publicações S/A - 4ª Reimpressão

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Desenho gentilmente cedido por: Jorge do A. Gomes Fº. (13 anos)

COMPARANDO OS TEXTOS

- De que tratam os textos?

- Em qual dos textos poderíamos acreditar, considerando-o como fato realmente acontecido? Por quê? - Qual seria a preocupação do autor de cada texto? - Qual a função de cada texto? - Que tipo de leitor se interessaria por esses gêneros discursivos (tipos de texto)? - Há alguma referência nos textos que mostra seu meio de circulação? Isso é relevante no estudo de cada um? - Apesar de tratarem do mesmo assunto percebemos que a linguagem, a escolha das palavras são diferentes: no primeiro, o autor usa uma linguagem objetiva, não nos dá possibilidade de outra interpretação, centra-se no fato; já no segundo, o autor procura envolver seu leitor dando várias possibilidades de sentido, selecionando de modo pessoal as palavras que usa. Com base nessas considerações, discuta com seus colegas e professor, depois preencha o quadro abaixo:

Texto da esfera literária Texto da esfera não literária

- Recorte de jornais e revistas uma figura humana e caracterize-a física e psicologicamente. Você acredita que ela poderia fazer parte de uma história de terror/suspense. Explique. - Na vida real você já ouviu falar de alguém que tivesse sido enterrado vivo?

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Com base na afirmação acima, responda: - como é construída a verossimilhança do texto?

Conhecendo o Gênero ContoConhecendo o Gênero ContoConhecendo o Gênero ContoConhecendo o Gênero Conto

Para entender melhor o que é o conto vamos assistir ao vídeo de Heloísa Prieto, disponível

em: http://www.youtube.com/watch?v=eTn1HZZaa2U

“... os contos são verdadeiras obras de arte. São uma grande arte que

pertence ao patrimônio natural de toda a humanidade e representam a visão de mundo, as relações entre o homem e a natureza sob as formas

estéticas mais acabadas; aquelas que provocam precisamente o maravilhoso.” Jean- Marie Gillig

Desde as mais antigas civilizações, as pessoas utilizam histórias para passar conhecimentos, educar, amedrontar, etc. Com o passar dos tempos os estudiosos da linguagem começaram a classificar estas histórias de acordo com sua finalidade. Então descobriram na cultura popular

um tipo de texto que classificaram como Conto. Ele foi caracterizado por sua concisão e brevidade. Falar o essencial em poucas palavras. Uma unidade dramática com poucas

personagens situadas num espaço e tempo delimitados durante suas partes: a apresentação, a complicação, o clímax e o desfecho. (SILVA, 2008, p. 48)

Verossimilhança é a lógica interna do texto. Os acontecimentos da história têm causa e desencadeiam consequências.Tais acontecimentos não precisam ser verdadeiros, mas devem ser verossímeis, ou seja, o leitor deve acreditar no que lê, tendo em vista o universo criado pelo autor.

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Nos séculos XII e XIX, intelectuais como Charles Perraut (França), os irmãos Grimm (Alemanha) e Christian Andersen (Dinamarca) começaram a trabalhar com contos. Posteriormente, surgiram novas maneiras de escrever contos.

Allan Poe, escritor americano influenciado por sua época produz contos com uma carga psicológica na qual o apelo à imaginação, à subjetividade e a construção de uma atmosfera mórbida e misteriosa são características sempre presentes. Alguns estudiosos relacionam isso a experiências tristes de sua vida pessoal.

(Sugerir pesquisa sobre a estrutura e história do conto)

Quem foi Edgar Allan Poe? O que teria levado esse autor a produzir histórias tão

fantásticas?

Edgar Allan Poe foi autor de obras de mistério e suspense e é considerado o pai da narrativa de enigma, primeiro tipo de narrativa policial. Nasceu em 1809, em Boston - EUA, vindo a falecer em 1848. Poe teve uma vida repleta de acontecimentos fantásticos, misteriosos e tristes, que certamente, influenciaram nas temáticas de seus textos, como: a morte do pai, quando tinha apenas três anos, pouco tempo depois, a morte da mãe, a privação do convívio com os outros dois irmãos e a adoção por uma família de agricultores. Mas Poe não se relacionava bem com o pai adotivo, pois esse o considerava um menino ingrato. Allan Poe foi uma alma perturbada, e ele mesmo teria reconhecido que o terror presente em suas histórias não seria fruto da sociedade em que vivera, mas sim da sua obscuridade interior, de seus medos e aflições, enfim, de um ser humano atormentado. No entanto, por ter dado voz aos seus sentimentos mais profundos e por ter vivido numa época que não o compreendeu, produziu obras que fascinam os leitores. O autor consegue criar em seus textos um clima de mistério, que desperta inquietude no leitor e vontade de ler suas histórias, tudo foge ao racionalismo humano. Teve uma vida repleta de tragédia e à margem da miséria. Sua ficção, tão espetacularmente guiada por temas de horror, é mesclada de: funerais prematuros, assassinatos movidos por vingança e múltiplos desvios de personalidade. Há muitas mulheres nas obras de Poe, ele as mata, e, ainda assim, elas retornam, assombram, perdoam, nascem umas das outras e se mesclam novamente na morte. Estudos sobre os contos góticos de Poe evidenciam que a mente do autor estava se deteriorando e, preocupado com essa deteriorização, Poe pôs-se a registrar tudo.Em 1848, um amigo encontra-o totalmente embriagado e com roupas que não eram suas. É levado ao hospital e passa dias com crises de delírio, vindo a falecer prematuramente.

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Allan Poe pode ter seus contos de mistério subdivididos da seguinte forma:

Contos sobrenaturais e de terror: O sobrenatural está por toda parte: bruxas, espíritos, lobisomens, vampiros, demônios, paranormalidades, monstros, zumbis e afins. Portanto, contos sobrenaturais são aqueles em que o ser humano é levado por uma tendência a expressar seu medo pelo desconhecido. Vejamos alguns exemplos de contos sobrenaturais de Poe: “Nunca aposte sua cabeça com o diabo”; “O Diabo no Campanário”; “A Queda da Casa de Usher”; “Os Crimes da Rua Morgue”. Contos psicológicos: São aqueles que têm como função descortinar sentimentos da alma humana que nem sempre se deseja revelar: agressividade impulsiva, medo, ódio, culpa, etc. Exemplos:“O Gato Preto”, “O Coração Denunciador” e “William Wilson”. Contos policiais: São aqueles que apresentam um crime sem solução, mas que um detetive brilhante, apenas utilizando-se de deduções lógicas, consegue desvendá-lo. Exemplo: “Os Crimes da Rua Morgue” (conto que deu origem à estrutura das narrativas policiais de hoje). Contos mórbidos: Como o próprio nome diz, nestes tipos de contos, a morte é o tema central, ou seja, neles há uma reflexão sobre o significado filosófico da morte. Exemplos: “A Máscara da Morte Rubra”, “O Caso do Valdemar”, “Os Dentes de Berenice” e “Ligéia”. Convém alertar que, além das classificações expostas acima, alguns dos contos citados podem assumir outras, dependendo das características que apresentarem. Exemplo: um conto mórbido pode também ter características de um conto psicológico se revelar, além da morte, os conflitos da alma humana.

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Agora vamos reler o texto: Enterro Prematuro que poderá ser encontrado na íntegra no livro Histórias Extraordinárias de Edgar Allan Poe, tradução de Clarice Lispector.

http://www.publicdomainpictures.net/view- image.php?image=122&picture=lapide

CONVERSANDO SOBRE O ASSUNTOCONVERSANDO SOBRE O ASSUNTOCONVERSANDO SOBRE O ASSUNTOCONVERSANDO SOBRE O ASSUNTO 1. Quais são suas impressões a respeito do texto que você acabou de ler? Converse com seus colegas para saber as impressões deles. 2. Segundo o autor o que é catalepsia? Busque no dicionário e confirme as possibilidades de uso dessa palavra, inclusive no sentido utilizado pelo autor. 3. O conto apresenta um tema que influencia diretamente a vida do narrador. Que tema é esse? Explique como tal tema interfere na vida do narrador. 4. O que provocou a mudança de comportamento do narrador diante da vida?

5. Allan Poe apresenta, no início de seu conto, fatos sugestivos para justificar o gênero e anunciar o conteúdo temático. Faça uma lista dos fatos apresentados por ele.

(Propor aos alunos que pesquisem sobre os fatos citados).

6. Epígrafe é uma ou mais frase(s) colocada(s) no início de uma obra indicando sua inspiração ou motivação bem como para resumir seu sentido. No texto o autor usa de duas epígrafes. Qual seu objetivo com essa estratégia?

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EXPLORANDO A ESTRUTURA DO CONTO 1. Um texto com predominância narrativa pode ser contado sob a visão de uma personagem (narrador-personagem), ou por um narrador observador que apenas vê de fora os fatos e nos conta. Em “Enterro Prematuro” que tipo de narrador encontramos? Dê exemplos retirados do texto. 2. Um acontecimento desencadeia o conflito, ou seja, a complicação da história. De acordo com o texto “Enterro Prematuro”, qual é o conflito? Como ele foi resolvido? 3. Existe a descrição do lugar onde se passa a história. Essa descrição é importante para o desenrolar dos fatos?

4. Como podemos caracterizar a personagem principal do texto?

5. A história está organizada em partes distintas: primeiro cita fatos, depois reforça os argumentos, em seguida relata fatos ocorridos com terceiros, para em seguida contar sua própria história. Considerando essa estratégia de escrita, o narrador se posiciona de diferentes formas? Transcreva a primeira frase de cada parte do conto e comente a posição do narrador em cada uma.

6. Analisando as definições dos tipos de contos de mistério produzidos por Allan Poe, como você classificaria o conto que acabou de ler? Explique:

Desenho gentilmente cedido por: Jorge do A. Gomes Fº (13 anos)

Todo texto tem um formato e é composto por partes. No caso do conto de mistério o elemento principal é a presença de um suspense, que cria a tensão e expectativa no leitor. Essa tensão tem um ápice o qual denominamos clímax. Além disso, por ser um texto com predominância narrativa encontramos nele apresentação, o conflito e o desfecho. E seus elementos são: narrador, personagens, tempo, espaço, ambiente atmosférico.

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EXPLORANDO A LINGUAGEM DO TEXTO 1. Há outras palavras que dificultam o entendimento do texto para você? Releia os trechos em que aparecem e tente explicar o que elas querem dizer; depois procure-as no dicionário e junto com seu professor discutam a(s) significação(ões) dessas palavras no contexto utilizado pelo autor. 2. ”O simples romancista devia evitar certos temas”... A quem o narrador pode estar se referindo? Comente.

3. Qual a intenção do narrador com a frase: ”O leitor mesmo pode ter sido testemunha de algum caso assim”?

4. No texto a palavra horror aparece destacada por um tipo de letra (o itálico). Qual a intenção do autor ao usar esse recurso? 5. De acordo com o contexto, o que as expressões “contorno cadavérico" e “palidez marmórea”, podem significar? 6. Para expressar diferentes graus de intensidade de preocupação em relação a algo desagradável ou de consciência de perigo, há no texto o uso das palavras hesitação, medo, desespero, horror, terror e pavor. Encontre essas palavras no texto e analise os diferentes efeitos de sentido que elas provocam. 7. Utilizando a 1ª pessoa do plural no lugar da 1ª pessoa do singular no trecho: [...] “ Mas eu posso lhes falar do horror que nos entra pelos ouvidos[....]” - 5º parágrafo, o o autor chama-nos a atenção através de um dos sentidos humanos. Que sentido é esse? Por que ele faz uso desse recurso? 8. Como podemos perceber, o autor mobiliza esse aspecto gramatical no seu ato criador (faz escolhas lexicais). Identifique no texto alguns advérbios e locuções adverbiais e comente a importância de seu uso para o conto de mistério.

Advérbio, segundo a gramática normativa, é a palavra que indica circunstância, normalmente modifica o verbo, o adjetivo, outro advérbio e até mesmo uma frase inteira.

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9. Outra classe de palavra bastante encontrada no conto é o adjetivo, utilizado, normalmente para caracterizar alguém, alguma coisa ou lugar. Copie do 7º parágrafo os adjetivos que caracterizam a doença e seus sintomas. 10. De acordo com esta afirmação, identifique no texto palavras que caracterizam os sentidos:

olfato visão tato audição

11. Por que essa caracterização é importante na construção do conto de mistério? Qual dos sentidos é mais explorado no texto? Por quê?

COERÊNCIA E COESÃO

“O simples romancista devia evitar certos temas que são excessivamente hediondos para a ficção legítima. São assuntos que despertam um interesse absorvente em uns, mas a outros pode ofender ou desagradar”. 1. A palavra assunto retoma que termo expresso anteriormente? 2. Considerando que o romancista é, na verdade, um escritor, a quem se referem as palavras uns e outros?

Sinestesia é uma relação subjetiva que se estabelece espontaneamente entre uma percepção e outra que pertença ao domínio de um sentido diferente-perturbação na percepção das relações.

A coerência de um texto está ligada à existência de um elo conceitual entre suas partes. As palavras se relacionam não só para acrescentar uma informação, mas também para alicerçar o sentido do texto. As palavras em favor da unidade de sentido. Assim, uma palavra pode esclarecer-se somente na frase seguinte, ou

reiterar-se (confirmar). O importante é cada enunciado estabelecer relações estreitas com os outros para solidificar a estrutura do texto. A essas relações chamamos coesão. Enquanto a coesão se preocupa com a parte visível do texto (plano de

expressão), a coerência preocupa-se com o que se deduz do todo (plano do conteúdo).

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3. Uma classe gramatical muito usada na coesão são as conjunções. Procure numa gramática o que são conjunções e o que elas expressam? 4. [...] “Mas isso não passa de uma suspensão”[...]. O que a conjunção grifada expressa? Qual a importância dela para o trecho em que se encontra? 5. A palavra mas é empregada diversas vezes no decorrer do texto. Localize essa palavra e tente explicar o porquê de seu uso intenso, levando em conta o tema central discutido no texto. 6. Uma das marcas fundamentais da coerência e coesão do texto é a necessidade de se repetir, no seu transcorrer, informações e palavras. Mas as repetições devem ser feitas com consciência para se tornarem efeitos positivos de sentido - reforço de ideias - e não defeitos, problemas. 7. Cite repetições de palavras e informações do texto usadas para reforçar ideias. 8) Mencione casos em que são empregados recursos - pronomes, advérbios, sinônimos, omissões de termos etc. para evitar a repetição de palavras ou expressões

Desenho gentilmente cedido por:

Jorge do A. Gomes Fº (13 anos)

TEXTO CTEXTO CTEXTO CTEXTO C

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O texto que você lerá agora é de autoria do escritor Edgar Allan Poe. A história se inicia num

castelo onde o narrador se refugia, talvez depois de uma perseguição de bandidos e traz à tona

o mistério que envolve a pintura de um retrato encontrado no interior de um dos aposentos

desse castelo.

O RETRATO OVAL

Desenho gentilmente cedido por: Jorge do A. Gomes Fº (13 anos)

“ ... E a morte invade Os meus sentidos, na ilha peregrina,

Tão de leve, que nem sequer pressente O adormecido que ela está presente.”

Do poema “Al Aaraaf”, de E. A. P [...]

A moldura era oval, em filigrana dourada. [...]

[...] Só consegui deitar-me depois de chegar ao segredo do fascínio que o quadro

despertara em mim. Afinal, entendi. Descobri. Mas a descoberta me confundiu, me

aterrorizou. E foi debaixo de um profundo horror que repus o candelabro na posição anterior.

Assim ficava oculto o nicho. E a causa de minha intensa agitação. [...]

Trecho retirado do livro: Histórias Extraordinárias de Allan

Poe Tradução de Clarice Lispector – Ediouro Publicações S/A -4ª

Reimpressão ).

CONVERSANDO SOBRE O ASSUNTOCONVERSANDO SOBRE O ASSUNTOCONVERSANDO SOBRE O ASSUNTOCONVERSANDO SOBRE O ASSUNTO

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1. Quais reações a leitura deste conto provocou em você?

2. Por que você acha que a mulher do pintor se limitou a seguir suas ordens? Sua atitude tem relação com o período em que o autor escreveu este conto? Justifique sua resposta.

3. Podemos aplicar a temática deste texto aos dias atuais?

4. Em sua opinião, o fato de querermos muito alguma coisa sempre nos leva a atos negativos, ou isso depende da formação psicológica de cada pessoa?

5. Você conhece ou já ouviu falar de algum fato em que alguém praticou um ato negativo motivado pela obsessão? Que ato foi esse?

6. Que ensinamentos a leitura deste conto trouxe a você?

EXPLORANDO A ESTRUTURA DO CONTOEXPLORANDO A ESTRUTURA DO CONTOEXPLORANDO A ESTRUTURA DO CONTOEXPLORANDO A ESTRUTURA DO CONTO

1. Quais são as características psicológicas dos personagens do conto O Retrato Oval?

2. Analise e informe que tipo de narrador ocorre nas passagens abaixo:

A) […] ” Li longamente. Li muito.” [...]

( a ) narrador-observador; ( b ) narrador- personagem

Justifique:

B) […] “Ela amava a vida. Animava tudo com seu entusiasmo jovem e feliz” [...]

( a ) narrador-observador; ( b ) narrador- personagem

Justifique:

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3. Existe uma descrição detalhada do lugar onde se passa a história. Qual é o objetivo desta descrição?

4. Em um conto de mistério o importante é que o autor consiga manter o clima de suspense até o final. Como o autor conseguiu manter esse suspense?

5. Qual foi o conflito deste conto?

6. Com base na leitura que você fez, explique qual fato da história provoca um clima de inquietude, tensão, a que chamamos de clímax ( ponto culminante do conflito).

7. Qual foi o desfecho do conto?

8. Analisando as definições dos tipos de contos de mistério produzidos por Allan Poe, como você classificaria o conto que acabou de ler? Explique:

EXPLORANDO A LINGUAGEM DO TEXTOEXPLORANDO A LINGUAGEM DO TEXTOEXPLORANDO A LINGUAGEM DO TEXTOEXPLORANDO A LINGUAGEM DO TEXTO

1. Quais são os tempos verbais que encontramos no conto “O Retrato Oval”? Faça um X nos tempos verbais encontrados e depois escreva 2 exemplos dos mesmos.

PRESENTE

(___)

PRET. PERF.

(___)

PRET. IMP.

(___)

PRET.+QUE PERF. (___)

FUT. DO PRET.

(___)

2. Alguns verbos dão movimento, ação ao texto. Encontre no conto “O Retrato Oval” estes verbos para dar sustentação a esta afirmação.

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Desenho gentilmente cedido por: Jorge do A. Gomes Fº (13 anos).

3 Qual o tempo verbal dos verbos hesitara e aparecera no 1º e 3º parágrafos. Qual o sentido que eles produzem no texto? Encontre mais verbos que estejam conjugados do mesmo modo.

4. Que tipo de figura de linguagem podemos identificar na frase: “As horas voaram e eu não senti.” Após ler os dois contos você diria que as figuras de linguagem são bastantes utilizadas por este autor? Se sua resposta for positiva, cite alguns exemplos.

5. [...] Ela amava a vida... amava tudo menos aquela rival: a Arte.[...] Que tipo de figura de linguagem podemos identificar nesta frase:

( a ) antítese; ( b ) hipérbole; ( c ) metáfora; ( d ) zeugma.

6. Quais são as conjunções que podemos encontrar no texto? E como elas podem ser qualificadas?

7. De todas as conjunções encontradas qual/(ais) aparecem mais no texto?

8. Qual a função da conjunção e nesta frase: “E odiava e temia os pincéis, a paleta que a privavam do amado”.

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9. Qual a classe gramatical destas palavras: longamente e devotadamente? Em qual sentido elas são utilizadas na frase: “Li longamente... e contemplei todos eles devotadamente”?

10. Encontre mais palavras desta classe gramatical.

11. Aliás, eu só estava ali por aquele motivo. Qual a função da palavra aliás na frase?

12. Observe os significados das palavras no quadro abaixo:

Contemplar - 1.observar, atenta ou embevecidamente; 3. admirar, apreciar. Ver - 1. olhar para; 2. enxergar, avistar. Olhar - 1. estar em frente de; estar voltado para; 2. fitar os olhos; mirar, observar

Agora, analise o emprego das palavras em destaque nas orações que seguem e complete os espaços com os respectivos significados: a) “... E contemplei todos eles devotamente, com toda atenção." (_________________________________________________) b) “... Vi , assim, à plena luz, uma tela que ainda não havia notado." (_________________________________________________) c) “... Olhei o quadro e fechei os olhos..." (_________________________________________________) d) "... contemplei fixamente o quadro." (_________________________________________________) e) "... fiquei, talvez, uma hora com os olhos presos ao retrato." (_________________________________________________)

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REVISANDO O CONTEÚDOREVISANDO O CONTEÚDOREVISANDO O CONTEÚDOREVISANDO O CONTEÚDO

1. As epígrafes apresentadas nos contos lidos têm relação com o assunto dos textos?

2. Os títulos apresentados para ambos os contos fornecem pistas para o leitor sobre os temas que serão tratados nos contos?

3. Quais são esses temas? Eles se confirmam no decorrer dos textos?

4. Após a leitura de “Enterro Prematuro” e “Retrato Oval” o que seria possível inferir acerca da personalidade de cada protagonista, considerando o processo de criação de Edgar Allan Poe?

5. Releia os trechos:

[...] “ __ E, alto, gritava:

__ Isto é a própria vida! É a vida mesmo! ” [...]

________________

[...] “ __ Alô! Alô, aqui! - disse uma voz.

__ Que diabo será agora? – perguntou uma segunda.

__ Saia daí! - disse uma terceira.

__ Que ideia é essa de gritar desse modo? - falou uma outra.”[...]

Quais os sinais usados para marcar as falas das personagens?

6. Nos dois contos de Edgar Allan Poe, em vários parágrafos, constatamos o uso do ponto final em frases curtas. Qual a intenção do autor com este tipo de pontuação? Isto pode se caracterizar com uma marca do autor?

7. E o uso dos dois-pontos?

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• Antítese: aproximação de palavras com sentidos que se opõem – pobreza x riqueza, tudo x nada;

• Prosopopéia ou personificação: atribuir a seres inanimados predicados próprios dos seres humanos – “Olha, o amor pulou o muro. O amor subiu na árvore”. (Carlos Drummond de Andrade);

• Metáfora: utilizar uma palavra ou expressão em lugar de outra, por haver entre elas uma relação de semelhança, de comparação implícita, onde o elemento comparativo não aprece – “meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa);

• Comparação: atribuir a um ser características presentes em outro ser, pelo fato de haver entre os dois uma determinada semelhança – “minha dor é inútil como uma gaiola numa terra onde não há pássaros”. (Fernando Pessoa)

Com base nesses conceitos, discuta com o professor e identifique as figuras presentes nos seguintes trechos dos textos que estudamos:

a) [...] a aderência e o abraço apertado do caixão estreito, a escuridão da Noite absoluta. O silêncio – como um mar engolindo tudo. A presença invisível mas contida do verme devorador.

b) [...] As fronteiras entre a vida e a morte são vagas e imprecisas.[...]

Denotação é o sentido real de cada palavra como aparece no dicionário, enquanto que, conotação é o sentido alterado das palavras, onde cada um pode interpretá-las de acordo com o contexto. Tendo em vista esses conceitos, a linguagem literária explora o sentido conotativo, num contínuo trabalho de criar ou alterar o significado já cristalizado. Explorando a conotação surgem as figuras de linguagem. Alguns exemplos:

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c) [...] O espírito da jovem, como a chama de uma vela, parecia tremular, despedindo-

se. [...]

d) [...] seu delírio de artista o impediam de notar que a esposa empalidecia e que sua saúde murchava aos poucos. [...]

PRODUÇÃO FINAL Desde a nossa infância temos a necessidade de contar e/ou inventar histórias. Criar e

comunicar faz parte do ser humano. Então, depois de termos lido várias criações e de falarmos a respeito delas vamos colocar nossa imaginação e os conhecimentos à prova? Desafio você, juntamente com três colegas de classe, a comporem um Conto de Mistério.

Planejem seu texto:

• Retomem as leituras e estudos sobre o Conto de Mistério;

• Vocês escreverão para os seus colegas de sala;

• Selecionem o assunto/tema que tratarão na história;

• Atentem para os elementos do seu texto;

• Quantas e quais seriam as personagens;

• Onde e quando se passa a história;

• Quem conta - tipo de narrador

• Não se esqueçam de descrever as personagens e lembrem-se: a escolha das palavras certas é que vai ajudar a criar o suspense, a tensão - elementos essenciais nesse gênero!

http://www.publicdomainpictures.net/viewimage.php?

image=2046&picture=as-sentinelas: acesso em 23/06/2010.

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FICHA DE AUTOAVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO TEXTUAL

• Não fugimos do tema proposto?

• Aparecem todos os elementos do gênero devidamente caracterizados: tempo, espaço, personagens...

• Há um suspense/tensão que move a narrativa do conto?

• Empregamos a pontuação, a ortografia e a gramática satisfatoriamente?

• Mantivemos o foco narrativo escolhido (1ª pessoa ou 3ª pessoa)?

• Utilizamos o(s) tempo(s) verbal(s) próprios desse gênero?

• Há coesão e coerência no texto?

• Usamos de criatividade na composição do enredo?

• Há um desfecho?

CATARSE

• Sugerimos que junto com seu professor e colegas de turma preparem um ambiente especial que denote o clima de suspense dos contos estudados e outros que você tenha interesse. Pode ser “a sala do mistério”. Os visitantes poderão ver e ouvir essas misteriosas histórias.

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REFERÊNCIAS

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BAPTISTA, Josely Viana ,trad.. Cantinho Infantil . Miniweb Educação. Disponível em: <http://www.miniweb.com.br/cantinho/infantil/38/conto_artigo.htm>. Acesso em: 25 abr. 2010.

BORTONE, Marcia Elizabeth; MARTINS, Cátia Regina Braga. A Construção da Leitura e da Escrita. São Paulo: Parábola, 2008.

FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramática: teoria, sínteses das unidades, atividades práticas, exercícios de vestibulares: 2º grau. Pág. 435-448. São Paulo: FTD, 1992.

GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. São Paulo: Autores associados, 2002.

LISPECTOR, Clarice. Histórias Extraordinárias de Allan Poe. 2. ed. reform. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

LUPORINI, Fábio. Morto aparece vivo no próprio velório. Jornal de Londrina, Londrina, 02 nov.2009. Geral Cidade, p. 6.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental. Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008.

PERNA, Cristina Lopes. LAITANO, Paloma Esteves. O Clássico Edgar Allan Poe.Letras de Hoje.Porto Alegre, v.44, n.2, abr./jun.2009. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/viewFile/6021/4337http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/viewFile/6021/4337>. Acesso em: 20 maio 2010.

SILVA, Maria Lindinalva Cunha. A abordagem do gênero conto em um livro didático.2008. Monografia (Especialização em Estudos da Linguagem) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina.

TERRA, Ernani. NICOLA, José de. Gramática, literatura e produção de texto para o Ensino Médio: curso completo. 2.ed. Reform. SãoPaulo: Scipione, 2002. (Série Parâmetros).

VYGOTSKY, Lev S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo:Martins Fontes, 2001.

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Créditos das imagens:

DRUMMOND, Michael. Public Domain Pictures.net. Disponível em: <http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=2046&picture=as-sentinelas:acesso>. Acesso em: 23 jun.2010

KRATOCHVIL , Petr Public Domain Pictures.net. 2009. Disponível em: <http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=1936&picture=arvore-no-nevoeiro-durante-a-noite&large=>. Acesso em: 23 jun.2010.

______. Public Domain Pictures.net. Disponível em: <http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=122&picture=lapide>. Acesso em: 23 jun. 2010.

MARTINEZ, Lydia. Tree and moon. out. 2009. Disponível em: <http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=4541&picture=tree-and-moon>. Acesso em: 23 jun. 2010. PARANÁ.Portal Dia a Dia Educação - TV Multimídia. E que passe. Disponível em: <http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?cid=14&letter=E>. Acesso em: 23 jun. 2010.

PASCALE, Ademir. Sobrenatural: Contos Sobrenaturais. Disponível em: <http://www.cranik.com/sobrenatural.html>. Acesso em: 21 abr. 2010.