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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO ‘LATO SENSU” APLICANDO CONCEITOS DE CONTROLADORIA EM EMPRESA DE CONFECÇÃO FERNANDA BENVINDO AREAS Prof. Luciano Gerard RIO DE JANEIRO 2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO ‘LATO SENSU”

APLICANDO CONCEITOS DE CONTROLADORIA EM EMPRESA

DE CONFECÇÃO

FERNANDA BENVINDO AREAS

Prof. Luciano Gerard

RIO DE JANEIRO

2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO ‘LATO SENSU”

APLICANDO CONCEITOS DE CONTROLADORIA EM EMPRESA

DE CONFECÇÃO

Trabalho apresentado

para avaliação na disciplina de

Metodologia da Pesquisa e

Monografia, do curso de

Finanças e Gestão Corporativa,

turma T052, da Universidade

Cândido Mendes, ministrado

pelo professor Luciano Gerard

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AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus que tem me dado disposição, saúde, e também

tem colocado no meu caminho pessoas como Engª Kátia, que me incentiva,

me orienta, me indicando melhores caminhos para a minha vida profissional

com demonstração de verdadeira amizade e consideração.

Agradeço Sr. Joacyr Benvindo por ter se mostrado atencioso e

gentil em fornecer dados e informações detalhadas do projeto, sem as quais

não seria possível a realização deste trabalho.

Agradeço a minha mãe pelas orações, pelo apoio e força que me

ajuda a conquistar meus objetivos profissionais, pessoal e

espiritual.Realmente sem ela eu não seria essa pessoa realizada que sou

hoje.

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Saber a gente

aprende com os mestres e

com os livros. A sabedoria,

se aprende é com a vida e

com os humildes."

(Cora Coralina)

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INTRODUÇÃO

Vivemos em uma época de constantes transformações, tudo

acontecendo em velocidade desenfreada, com pessoas com pensamentos

diferentes e buscas pelas grandes oportunidades.

No entanto, não conseguem chegar aos seus objetivos por falta de

qualificação profissional experiência, obstáculos esses que dificultam a

realização de seus sonhos.

A mesma colocação pode ser dada as grandes, médias e

principalmente as pequenas empresas, que na maioria das vezes iniciam suas

atividades em recintos pequenos, improvisados, maquinários inadequados,

mão-de-obra com pouca qualificação e desprovidos de conhecimentos

necessários para as necessidades do consumidor.

Tais empresas crescem e se mantém no mercado competitivo a

partir do momento que passam a controlar os seus processos produtivos, seus

tempos, sua produtividade. Portanto, as empresas competitivas estão

desprendendo grande esforço para aumentar a qualidade e a produtividade de

suas atividades.

O estudo mostra que uma confecção de roupas deve seguir para

alcançar uma produção com resultados positivos.

Mostra a importância da controladoria em todo o processo da

confecção, construção e manutenção de sistemas de informações e modelos

de gestão da organização, que venham suprir adequadamente as

necessidades informativas dos gestores e os conduzam durante o processo de

gestão, a tomarem decisões adequadas.

A elaboração do estudo sugere um planejamento onde as funções

produtivas são compostas de uma seqüência operacional adequada, divisão de

tarefas e equipes treinadas, utilização de planilhas de balanceamento de

distribuição que cada funcionário pode executar.

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Demonstra a importância da utilização do computador, carrinhos de

transporte de mercadorias, planilhas de controle, como ferramentas

importantes ao processo. Através do controle e gestão, esse trabalho visa

aumentar a produtividade para que a empresa possa alcançar sua meta de

resultado com a redução de tempo e custo, identificar as melhorias através do

uso de técnicas e processos utilizados em uma confecção, diminuindo falhas.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I

CONCEITO SOBRE CONTROLADORIA 08

CAPÍTULO II

PROCESSO PRODUTIVO NA INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO 16

CAPÍTULO III

A DINÂMICA DO MERCADO TEXTIL 36

CAPÍTULO IV

ESTUDO DE CASO 42

CONCLUSÃO 51

BIBLIOGRAFIA 52

ÍNDICE 53

ÍNDICE DE FOTOS 56

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CAPÍTULO I

CONCEITO DE CONTROLADORIA

A controladoria funciona como órgão de observação e controle da

cúpula administrativa. É ela que fornece dados e informações, que planeja,

pesquisa, e demonstra à cúpula administrativa os pontos de estrangulamento

atuais e futuros, que põem em perigo ou reduzem a rentabilidade da empresa.

A controladoria tem o poder de exercer força ou influência na

indução dos gestores em suas decisões frente aos objetivos da empresa.

Desse modo, buscando esclarecer e conceituar o que é a controladoria, assim

como sua utilidade, aborda-se na seqüência a origem da controladoria como

órgão administrativo; sua missão dentro da organização; as funções da

controladoria; as atribuições e funções do controller; e, por fim, a controladoria

e a tesouraria.

1.1 A origem da controladoria

Entre os diversos órgãos existentes na empresa, considerando-se o

modelo de gestão empresarial estabelecido por meio das crenças e valores dos

proprietários, situa-se a controladoria, cujo gestor geralmente recebe o nome

de controller.

Segundo Mosimann e Fisch (1999, p.116), controller é uma palavra

de origem inglesa, que fora incorporada na literatura técnica brasileira, sendo

seu significado expresso pela unidade lingüística controlador. Dentro da

estrutura hierárquica da empresa, tem como função manter os gestores da

organização a par dos acontecimentos ocorridos na empresa, por meio de

informações qualitativamente corretas e quantitativamente suficientes, além, de

assessorá-los em suas decisões.

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Kanitz (1976, p.6-7) menciona que os controladores, a princípio, são

elementos selecionados nas áreas de contabilidade e finanças das empresas.

As informações que lhes chegam são de natureza predominantemente

quantitativa, física ou monetária, uma vez que este profissional já está

acostumado a lidar com números. No entanto, atualmente, devem possuir, em

detrimento da função e cargo que ocupam, um vasto entendimento sistêmico

da empresa, que possibilita ver distintamente as dificuldades como um todo,

assim como propor possíveis soluções.

A controladoria enquanto ramo do conhecimento e órgão

administrativo apresentada na seqüência, apoiada em informações contábeis,

através do controller é responsável pela modelagem de sistemas de

informações capaz de suprir as necessidades informativas da organização.

1.2 Controladoria como órgão administrativo e ramo do conhecimento

Como órgão administrativo terá a missão, funções e princípios

definidos no modelo de gestão do sistema da empresa. Sua finalidade é

direcionar o sistema de informação para suprir os gestores de informações

adequadas, orientando-os no processo decisório, além de interagir nos

diversos departamentos da empresa na busca da eficácia empresarial.

Como ramo do conhecimento humano é estabelecido com

fundamentos, conceitos, princípios e métodos oriundos das ciências da

Administração, Economia, Psicologia, Estatística e Contabilidade. A

Administração contribuiu com os conceitos de eficácia empresarial, visão

sistêmica e processo decisório; a Economia, no estudo da criação,

transformação e distribuição dos recursos econômicos na sociedade; a

Psicologia, na analise do comportamento dos gestores frente aos relatórios

gerenciais; a Estatística, ao apresentar valores numéricos, tanto físicos quanto

financeiros, que constituirão a base do modelo do sistema de informação; e a

Contabilidade, ao registrar os eventos que interferem na riqueza da empresa.

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Atenta-se ao fato de que a controladoria não gerencia as demais

áreas da empresa, mas sim, presta assessoria no controle destas ao manter a

administração informada sobre os resultados alcançados. Para tanto, faz-se

necessário que tenha dentro da empresa sua missão e funções definidas.

1.3 A aplicação da controladoria

Quanto maior a empresa, mais complexa tende a ser sua estrutura

administrativa, conseqüentemente maiores controles são exigidos em sua

prática gerencial. A sobrevivência de uma empresa depende do nível de

conhecimento de seus gestores em realizarem ações preventivas no âmbito

organizacional.

Segundo Tung (1980, p.33), a controladoria examina os fenômenos

ou fatos ocorridos na empresa, retrata-os à direção administrativa. Além

disso, fornece dados e informações sobre a situação estática e dinâmica da

empresa, procurando demonstrar os pontos de estrangulamento presentes e

futuros, que possam colocar em risco ou diminuir a rentabilidade da empresa.

Nesse contexto, a missão da controladoria consiste em gerar

informações úteis, que orientam os gestores em suas decisões, além de

otimizar processos e propiciar a interação entre os diversos órgãos e

departamentos da empresa. Tais informações podem ser oriundas tanto da

contabilidade financeira como da gerencial.

Para Peres Junior, Pestana e Franco (1997, p.37), “as informações

de planejamento e controle exigem sistemas de informações que suportem

estas decisões. A missão da Controladoria é otimizar os resultados

econômicos da empresa através da definição de um modelo de informações

baseado no modelo de gestão.”

1.4 Funções da controladoria

Dependendo do porte da empresa, a controladoria pode apresentar

várias dimensões. Neste sentido, Kanitz (1977, p.7-8) explica que a função

básica da controladoria consiste em dirigir e implantar os seguintes sistemas:

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a) informação - compreende os sistemas contábeis e financeiros,

sistemas de pagamento, recebimento e folha de pagamento

b) motivação - refere-se ao efeito dos sistemas de controle sob o

comportamento das pessoas;

c) coordenação - procura centralizar informações com o intuito de

ação preventiva sob determinadas situações que podem afetar os planos da

empresa;

d) avaliação - interpreta os fatos e avalia se determinado resultado é

bom para a organização;

e) planejamento - avalia o passado para que se possa planejar o

futuro, determinando se os planos são consistentes; e

f) acompanhamento - verifica a evolução dos planos traçados,

permitindo a interferência para corrigir as falhas ou então para se certificar de

que o planejamento não poderá ser atingido.

Este conjunto de sistemas tem por finalidade dar suporte ao

processo de gestão da empresa, tanto em nível de planejamento estratégico

como operacional. Cabe ao controller orientar os gestores da organização, de

forma clara e concisa, na definição da estratégia empresarial, por meio de

informações rápidas e confiáveis sobre a situação da empresa.

Nesse sentido, o papel da controladoria é assistir a direção da

empresa com alternativas econômicas e, com uma visão sistêmica, fornecer

informações à administração para facilitar o processo decisório. Assim, diante

do exposto, cabe à controladoria propiciar aos gestores informações, para que

estes possam manter sua própria eficácia e a da organização.

1.5 Atribuições e funções do controller

A função de controlador exige algumas características próprias para

o desempenho da função. Segundo Tung (1980, p.85), este deve ser capaz de

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prever os diversos problemas organizacionais que possam surgir, bem como

providenciar informações e elementos que sejam suficientes para resolvê-los.

No mundo dos negócios, tem por obrigação voltar sua visão para o

futuro da organização, antecipando-se aos problemas e às oportunidades.

Perante os funcionários da empresa deve ter uma postura ética, colocando-se

sempre como um conselheiro, porém, no momento de avaliá-los deve ser

imparcial e honesto em suas colocações.

Figueiredo e Caggiano (1997, p.29) citam algumas qualidades e

conhecimentos requeridos para o exercício da função de controlador.

Destacam que faz-se necessário que este possua um bom conhecimento da

história e do mercado ao qual sua empresa está inserida, bem como de seus

objetivos, metas e políticas estratégicas já definidas. Deve ainda desenvolver

boa dicção para falar em público, redação inteligível ao comunicar-se por

escrito, domínio dos princípios contábeis e fiscais que possam interferir no

desempenho da organização e, por fim, destreza em informática para bem

manipular os sistemas de informação, sugerindo melhorias.

Kanitz (1976, p.9) menciona que o controller tem sob seu comando e

atribuição a contabilidade geral; a auditoria interna; os sistemas orçamentários,

operacionais, de capital; e a análise de métodos e sistemas.

Na Contabilidade Geral, busca o desenvolvimento e execução de

sistemas de contabilidade; a elaboração de demonstrações contábeis, de

acordo com os princípios fundamentais de contabilidade; montagem e

execução de sistema de contas a receber, contas a pagar e folha de

pagamento; desenvolvimento e execução de sistema de ativo fixo;

planejamento tributário; e controle dos custos.

Como auditor interno, deve comportar-se como um inspetor, capaz

de identificar falhas no sistema empresarial, e sugerir a melhor distribuição de

tarefas e funções, de modo que estas impeçam as fraudes na empresa.

Nos sistemas orçamentários, deve centralizar os orçamentos de

diversos setores para identificar as várias inconsistências entre os orçamentos

individuais. No desenvolvimento de orçamentos operacionais, tem importante

participação ao treinar e auxiliar os setores na elaboração de seus orçamentos.

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No orçamento de capital, faz-se necessário contribuir na análise de projetos,

seleção e alocação de recursos e acompanhamento dos investimentos.

E nos métodos e sistemas, deve implantar um fluxo correto e viável

de informações na empresa, de modo que os usuários as recebam em

quantidade e qualidade necessária para a tomada de decisões.

Nessa perspectiva, Tung (1980, p.84-85), reportando-se ao estatuto

dos Controllers norte-americanos, menciona que no Brasil o controller tem as

seguintes funções básicas:

a) implantação e supervisão do plano contábil da empresa;

b) preparação e interpretação dos relatórios financeiros da empresa;

c) verificação das contas e registros em todos os setores da

empresa;

d) compilação dos custos da produção;

e) realização e custeio das contagens físicas dos estoques;

f) preparação, apresentação e supervisão dos assuntos referentes a

impostos;

g) preparação e interpretação das estatísticas e relatórios para a

decisão administrativa;

h) preparação do orçamento global da empresa;

i) manutenção do seguro de todos os bens da empresa;

j) fixação de normas-padrão relativas à contabilidade;

k) supervisão dos planos de aquisição de ativo fixo;

l) aplicação de todas as decisões financeiras tomadas pela

administração, de acordo com as normas vigentes;

m) manutenção de todas os contratos celebrados pela empresa com

terceiros;

n) aprovação do pagamento e assinatura dos cheques, notas

promissórias, etc., de comum acordo com o tesoureiro;

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o) aplicação dos regulamentos da empresa no tocante a assuntos

relativos a cauções e ações emitidas pela empresa; e

p) preparação e/ou aprovação dos regulamentos internos que visem

ao cumprimento dos regulamentos governamentais.

Para que o controller possa desempenhar de maneira satisfatória

suas funções, assim como qualquer outro gestor dentro da organização,

necessita ter suas tarefas perfeitamente definidas

Para tanto, no tópico seguinte faz-se distinção entre as atividades da

controladoria e tesouraria.

1.6 Controladoria e tesouraria

Em decorrência do nível de desenvolvimento e estrutura da

empresa, a função financeira pode ser desenvolvida por um profissional que

atue em diversas áreas da mesma. Como no Brasil grande parte das empresas

são de pequeno e médio porte, não se faz necessário organogramas

complexos e sofisticados.

No entanto, convém ressaltar que, na medida em que estas

empresas evoluem e atingem um novo estágio de desenvolvimento, passando

de pequena para média empresa, começam a enfrentar problemas que

desafiam a administração do negócio. A concorrência torna-se mais ampla e as

fontes de recursos mais significativas. Conseqüentemente há necessidade de

se reformular o organograma e os sistemas de controles, iniciando-se pelo

financeiro.

Segundo Mosimann e Fisch (1999, p.97), à medida que se

desenvolvem as empresas e descentralizam-se os departamentos, na área

financeira distinguem-se duas funções, a do tesoureiro e a do controller. Não

obstante, deve-se observar que o desempenho das atividades de controladoria

não pode ser confundido com o da área financeira, estas são funções distintas,

tendo cada qual suas atribuições.

Neste sentido, Tung (1980, p.90-91) esclarece que o tesoureiro tem

sob sua responsabilidade a captação de recursos financeiros, a administração

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de valores monetários e propriedades da empresa. Por outro lado, compete ao

controller manter assídua inspeção das atividades da empresa, tomar as

providências convenientes para que esta mantenha-se equilibrada

financeiramente por meio da contabilidade e auditoria, e controle a saída de

recursos financeiros da empresa, para que estes sejam empregados de

maneira eficiente em conformidade com as políticas da empresa.

Para um melhor entendimento da função que o controller

desempenha na organização, é conveniente mencionar as diferenças entre

este e o tesoureiro.

Tabela 1: Diferenças entre o controller e o tesoureiro

DESCRIÇÃO CONTROLLER TESOUREIRO

Atividade principal Controle Custódia

Posição no organograma Assessoria Linha

Relacionamento Gerentes/gestores Bancos/financeiras

Período de planejamento Um a cinco anos Um mês a dois anos

Orçamento Operacional/capital Caixa/crédito e cobrança

Responsabilidade Coordenar esforços para eficácia

empresarial Previsão e planejamento do caixa

Fonte: HORNGREN (1985, p. 27)

A contabilidade gerencial é uma importante fonte de informação

para que o controller possa desempenhar sua função, responsabilizando-se

sobre o conjunto de sistemas contábeis empregados na empresa, controle

interno e auditoria. Ao passo que a tesouraria tem por finalidade obter e utilizar

corretamente os recursos financeiros necessários ao eficiente funcionamento

da empresa.

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CAPÍTULO II

PROCESSO PRODUTIVO NA INDÚSTRIA DE

CONFECÇÃO

As etapas do processo produtivo podem ser consideradas sub-

processos industriais e interagem entre si com características de cliente e

fornecedor. A interação de toda a seqüência operacional depende da eficiência

do trabalho de cada uma destas etapas e da sincronia que existe em suas

relações.A gestão do processo produtivo é a coordenação de atividades

integradas que busquem os resultados do negócio como um todo. Para

monitoramento do resultado geral da empresa, é importante que se utilize um

indicador financeiro. Este deve ser fundamentado em dados de etapas críticas

do processo produtivo. Os indicadores ajudam a mensurar a EFICIÊNCIA

daquilo que estamos fazendo, comparados com os objetivos planejados.

Os resultados no processo produtivo definem a competitividade da

empresa em relação ao custo e qualidade do produto. Cabe lembrar que as

confecções vendem os serviços de transformação de matéria-prima (tecidos

ou fios) em produtos e o lucro deste negócio está vinculado, diretamente, ao

custo do processo.

O processo produtivo para confecções é uma seqüência operacional

que inicia no planejamento da coleção e desenvolvimento do produto,

passando por toda a produção até a expedição.

A QUALIDADE final do produto depende da qualidade em cada

etapa do processo.

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Figura 1 Estrutura do funcionamento da confecção

Fonte: pela autora

A seguir serão descritas as etapas conforme o fluxograma de

processo produtivo para confecções:

2.1 Planejamento da coleção

Para garantir o sucesso de venda dos produtos, deve haver

planejamento de uma coleção de acordo com a necessidade do mercado e a

quantidade de modelos, dimensionada pela capacidade produtiva da empresa.

Uma saída para se aumentar as referências, sem aumentar a estrutura interna,

é a terceirização de parte dos produtos ou de seus assessórios.

O cálculo da quantidade de cores para cada modelo deve ser

compatível com a capacidade instalada da empresa e ao mesmo tempo

Desenvolvimento dos produtos

Aprovado ?

arquivo não

Modelagem/pilotagem

sim

Definição e Aprovação

Corte (atualmente muito mais ágil)

Distribuição costureiras e facções de apoio

Estoque do produto acabado

Atendimento pedidos em geral (lojas, feiras, sacoleiras)

FATURAMENTO (contas à receber)

Planejamento (modelos, cores, tecidos)

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oferecer tons da moda. Quanto mais cores, maior a diversificação na aquisição

de material, no corte e costura.

Na hora de calcular a quantidade de referências, pode-se usar um

indicador de vendas referente a coleções passadas, para avaliação dos

produtos mais comercializados por referência, tamanho e cor. Estes dados

podem fundamentar a estrutura da nova coleção, evitando um investimento em

modelos com baixa aceitação.

O planejamento da coleção é fundamental e é ele que vai dar a

direção da maximização de uso dos tecidos e cores. Além disso, com um bom

planejamento, que inclui o trabalho eficiente de criação, design, modelagem e

qualidade, certamente vai reduzir, o número de modelos, além de garantir

melhores resultados para a coleção.

Obs.: O melhor produto é o que dá maior retorno, e não o que mais

gostamos!

O Planejamento da Coleção envolve três etapas processo produtivo:

• Desenvolvimento do Produto

Produto é a etapa inicial do processo produtivo e uma das mais

importantes. Ao criar um produto, deve-se considerar o mercado de atuação,

identificando a necessidade do cliente e suas tendências e, ao mesmo tempo,

estar de acordo com sua capacidade de produção. Por isso, o conhecimento do

público-alvo, ou seja, o usuário final, é muito importante. O produto é

desenvolvido para ser vendido, e para tanto deve atender às necessidades do

mercado, e não somente ao gosto pessoal do empresário. É necessário ter

contato com os usuários de seus produtos, com os lojistas ou revendedores.

Podemos nos surpreender com as informações e até ganhar muito

mais clientes, adequando seus artigos ao “gosto dos fregueses”.

A diversidade de produtos possui uma relação inversamente

proporcional à fatia de mercado atendida, ou seja, quanto menor a

diversificação de produtos, maior deve ser a fatia de mercado atendida. Se a

empresa quer vender um único tipo de mercadoria, antes disto, deverá analisar

a quantidade de pessoas que poderá usá-las e quantas peças poderá vender

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durante o ano. Por outro lado, se produz para vender na própria loja,

atendendo um pequeno grupo de pessoas, precisará variar os modelos com

grande freqüência. Assim, é importante haver um equilíbrio entre a quantidade

de modelos com a fatia de mercado atendida.

Existem fatores importantes no desenvolvimento do produto e que

necessitam de um trabalho integrado. Sempre é bom lembrá-los:

O design – após a pesquisa de tendências, o setor de

desenvolvimento deve analisar sua viabilidade técnica e econômica, buscando

integração entre os Produtos desenvolvidos se o custo de produção.

É muito importante observar que o design do produto deve buscar

uma identidade para a coleção. E essa deve ser respeitada a cada coleção,

para que você possa desenvolver a fidelidade do seu cliente.

Outro aspecto de enorme importância é que pesquisa de tendências

não quer dizer cópias de produtos internacionais ou mesmo de marcas

consagradas no Brasil. Tendência vale para que se trabalhe com o

comportamento e desejo de consumo coletivo, mas fundamental é CRIAR E

NÃO COPIAR. Então, desenvolver a criatividade da equipe é a missão mais

urgente para uma empresa de confecção que deseja continuar ativa para o

mercado global, e isto inclui evidentemente o mercado interno.

A modelagem – A fidelização do cliente é conquistada pela

modelagem. Esta deve estar de acordo com o público-alvo e manter-se estável

em suas dimensões, grade de tamanhos e conforto, atualizada com as

tendências da moda e de modelos.

Os produtos devem estar em harmonia, compondo uma coleção

atrativa ao cliente e, ao mesmo tempo, serem viáveis para sua produção.

Lembrete : O produto é a moda, e não a roupa.

As etiquetas - As etiquetas para confecções seguem a Resolução

CONMETRO n° 06 de 2005, que dispõe sobre a aprovação da

Regulamentação Técnica de Etiquetagem de Produtos Têxteis.

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Nesta Resolução, podemos encontrar as informações necessárias

para uma etiquetagem adequada, tais como:

Resolução CONMETRO n° 06

I - CONSIDERAÇÕES GERAIS

II - INFORMAÇÕES QUE DEVERÃO CONSTAR NA ETIQUETA

III - APRESENTAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

IV - COMPOSIÇÃO - TRATAMENTO DE CUIDADO PARA CONSERVAÇÃO

VI - MARCAÇÃO NAS EMBALAGENS

VII - INDICAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DE PRODUTOS DESTINADOS

À INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO

VIII - DISPOSIÇÕES FINAIS

A peça piloto - É durante a produção da peça piloto que são

realizados todos os ajustes de modelo e análise técnica da viabilidade de

produção. O profissional indicado para o desenvolvimento do piloto é o

modelista, o qual tem habilidade para identificar as alterações necessárias na

montagem, bem como, capacitação para repassar a seqüência operacional

para a Ficha Técnica e para os setores de produção.

• Formação do preço de venda

O preço ideal de venda é aquele que cobre os custos do produto ou

serviço e ainda proporciona o lucro desejado pela empresa.

Num mercado competitivo, os preços são regulados ou balizados

pela lei da oferta e procura. Então, dado um determinado nível de preço no

mercado para seu produto ou serviço, a empresa avalia se seu preço ideal de

venda é compatível com aquele vigente no mercado. A empresa deve produzir

e vender produtos com preços que o mercado quer pagar. Por exemplo,

grandes redes de lojas costumam comprar seus produtos de diversas

empresas de micro e pequeno porte. Com o domínio do preço, estas empresas

fixam o valor, e cabe aos fornecedores o planejamento e redução dos

desperdícios para efetuarem suas vendas com o maior lucro possível dentro do

preço estipulado.

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Lembrete: As perdas de Gestão de Processo não estão inseridas no

cálculo do preço de venda, mas reduzem o lucro da empresa.

São três os fatores que interferem diretamente na formação do preço

de venda: o Mercado, os Custos e o Lucro.

• O mercado

Tipo de mercado em que a empresa atua;

A qualidade do produto em relação às necessidades do mercado

consumidor;

O grau de competição e a disponibilidade de produtos;

A percepção ou desejo que o cliente tem em relação ao seu produto.

• Os custos

Como o preço final de venda é regulado pelo mercado, a melhor

maneira de aumentar o lucro é reduzindo os custos, e isto você conseguirá

reduzindo os desperdícios de produção.

• O lucro

O lucro estimado por produto durante o cálculo do preço de venda

nem sempre é o que acontece durante a produção. Por exemplo, quando o

consumo de tecido for superior ao estimado ou o lote precisa ser re-trabalhado

por defeitos, estes custos saem do lucro, uma vez que o preço de venda não

pode ser alterado a cada erro de processo.

Colocando de forma bem simples

LUCRO = FATURAMENTO- CUSTOS

• Planejamento do processo produtivo

Vem após o desenvolvimento e aprovação dos produtos e deve

otimizar a produção de acordo com a necessidade de referências que fecharão

os pedidos na expedição. A maneira mais adequada para isto é planejar lotes

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somando a quantidade de peças vendidas de cada modelo e que serão

entregues em uma determinada data. Assim, aumenta-se o volume de corte

bem como a produtividade na costura.

Obs: Moda é perecível, e um material mal comprado, muitas vezes

não é aproveitado.

No processo produtivo temos;

• Risco

A etapa de risco, que é responsável pelo encaixe da modelagem e

que define o aproveitamento do tecido. O risco dá origem à matriz (folha

riscada com os moldes para corte). O rendimento do tecido depende da

capacidade de encaixe dos moldes utilizados.

• Corte

A precisão do corte, seguindo as linhas do risco, é importante na

qualidade do produto final e deve ser realizada por profissional qualificado e

equipamento adequado ao tipo de tecido e altura do enfesto. Aqui vamos falar

um pouco sobre Gerenciamento dos Resíduos,pois o setor de Corte é

responsável pela geração da maior quantidade de retalhos e papéis de risco ou

de molde, e deve-se gerenciar a quantidade gerada, lembrando sempre que

tudo o que é resíduo,um dia foi comprado e pago como matéria-prima.

• Preparação da costura

Esta etapa é imprescindível para a produtividade e qualidade da

costura. O profissional que prepara as peças deve estar munido de Ficha

Técnica que auxiliará na identificação de todas as partes que compõem a peça,

bem como de seus aviamentos. Deve-se separar em uma caixa somente uma

referência, um tamanho e uma cor do modelo. Os aviamentos devem estar

completos e somente encaminhadas para a costura as caixas que estiverem

completas e organizadas.Não juntar mais de uma referência, tamanho, cor ou

aviamentos em uma mesma caixa.

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• Costura

Normalmente, esta é a etapa gargalo na empresa por exigir grande

quantidade de máquinas, equipamentos e pessoal qualificado.

Assim, todo o lote que chega na costura deve estar organizado de

maneira que haja um bom aproveitamento das máquinas e dos trabalhadores.

Operações que exijam tempo de máquina parada devem ser realizadas fora do

setor e por auxiliares.

Uma boa saída para ganhar produtividade é capacitar todos os

trabalhadores para operar qualquer uma das máquinas do setor, contribuindo

com as ocupações em todos os pontos. Isto reduz os gargalos internos que

seriam limitados se uma costureira soubesse trabalhar em uma única máquina.

Não realizar, pela costureira, etapas que exijam tempo de máquina

parada. Isto diminui a produtividade. COSTUREIRA COSTURA.

Obs.: A costureira encarregada de confeccionar a peça piloto, se

chama piloteira.

2.2 Maquinário

2.2.1 Alguns dos modelos usados na costura

1. Ziguezague - Utilizada para rebater elásticos em lingerie, unir

partes de couro, bordar, pregar zíper;

2. Reta - Utilizada como equipamento básico para todo tipo de

vestuário;

3. Overloque - Utilizada para fechamento ou acabamento;

4. Interloque - Utilizada para fechamento em tecidos médios a

pesados (jeans);

5. Galoneira - Equipamento direcionado para uso industrial no

segmento de malharia. Utilizada para bainhas, aplicação de galão ou viés,

costuras decorativas e outras.

6. Travette eletrônica – Máquina de custo alto, computadorizada,

programável para bordados e ponteados, Trabalha em tecidos planos e jeans

7. Caseadeira – Utilizada para casear

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Fotos de algumas máquinas

Foto 1: Travette eletrônica

Fonte: Not Mundo

Foto 2: Caseadeira

Fonte: Not Mundo

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Foto 3: Máquina overloque (funcionária trabalhando)

F

F

Fonte: Not Mundo

• Limpeza da peça

A etapa de limpeza é responsável pela retirada de fios e revisão

final das peças.

• Passadoria

Esta etapa é importante em alguns tipos de produtos, sendo

que,muitas vezes, a passadoria se torna necessária devido aos maus-tratos

recebidos pelos produtos durante o processo produtivo, que acabam

amassando o tecido ou costurando com máquinas reguladas

inadequadamente, assim utilizam a passadoria para corrigir costuras franzidas.

Cabe lembrar que, mesmo passadas, estas costuras voltam a ficar franzidas

tão logo esfriem.

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• Estoque dos produtos

Para as empresas que trabalham exclusivamente com pedidos,este

setor trabalha praticamente vazio, pois o ideal é que todo o produto que chegue

na expedição seja logo faturado e enviado ao cliente. O setor de estoque

somente tem armazenagem de produtos quando a empresa produz para

depois vender.

Indicador que você poderá usar para controle do estoque de

produtos: quantidade de produto faturado em relação à quantidade de produto

estocado.

• Expedição

O cumprimento dos prazos de entrega depende das referências que

chegam à expedição, e, de nada adianta chegar grande lote de um único

produto, se cada pedido de cliente necessita de diversidade de modelos. Logo

na saída do Corte, durante a Preparação para a Costura, deve-se juntar as

referências conforme a necessidade para faturamento. Isto agiliza as entregas

na expedição, contribuindo na satisfação dos clientes e na efetivação de novas

vendas.

2. 3 Layout para produção e seus pontos críticos

O Layout industrial influencia diretamente nos resultados da Gestão do Processo, refletidos na produtividade e no custo do produto. A distribuição física do ambiente deve estar de acordo com a seqüência operacional, reduzindo as perdas por deslocamento de materiais e de pessoal e contribuindo com a gestão visual. É comum, na indústria de confecções, a terceirização de partes do processo por facções de costura, estamparias, bordados, modelagem, corte, acabamento, etc., e toda a empresa, independentemente de ser própria ou terceirizada, deve estruturar sua gestão com a definição de um layout conforme a seqüência operacional.

Abaixo etapas de Layout:

• Sala de desenvolvimento do produto

Nesta sala fica o setor de Pesquisa e Desenvolvimento do Produto.

Sua localização deve ficar próxima aos setores de Encaixe e Risco, Estoque de

Materiais e da Produção que desenvolverá a peça piloto. Empresas de médio

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porte já possuem uma célula especial para a produção e teste da peça piloto

que fica junto à sala de desenvolvimento.

• Sala de planejamento, encaixe e risco

Este setor deve ficar com acesso ao setor de Estoque e Corte, pois

o planejamento do risco deve considerar a largura de cada tecido para a

otimização no rendimento de matéria-prima e manter a alimentação de serviços

para o Corte.

• Estoque de materiais

Uma característica no setor de Materiais, em confecções, é a divisão

de duas áreas distintas; uma para estoque de matéria-prima (tecidos) e outra

para o estoque de aviamentos, pois são utilizados em diferentes etapas do

processo. O estoque de tecidos deve ficar próximo aos setores de

Planejamento, Encaixe e Risco, bem como ao de Corte. O estoque de

aviamentos deve ficar próximo ao setor de Preparação para Costura.

• Mesa de corte

A mesa de corte deve estar dimensionada para trabalhar com, no

mínimo, três pilhas de enfesto:

ü uma pilha em processo de enfesto; ü a segunda pilha em processo de corte; e ü uma terceira aguardando para ser cortada.

O comprimento da mesa de corte deve ser proporcional ao tamanho

médio dos produtos e da grade que vai ser cortada.

• Mesas de preparação para costura

Logo após a mesa de corte, fica a mesa de preparação, com o

objetivo de organizar todas as partes cortadas para cada modelo, bem como

seus aviamentos. As mesas de preparação devem ser instaladas próximas do

estoque de aviamentos, pois a preparação consiste na organização dos

materiais e colocação das linhas e demais aviamentos dentro de cada caixa.

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• Máquinas de costura

O arranjo físico das máquinas de costura deve seguir a seqüência

de montagem básica dos produtos, e a distância entre as máquinas deve ser

tal que cada costureira consiga passar o serviço sem precisar levantar e nem

dependa de outra pessoa para transportar os lotes. O arranjo pode ser

basicamente de duas maneiras: em linha ou em célula de manufatura,

dependendo da opção de trabalho de sua empresa.

• Mesa para limpeza das peças e controle final da qualidade das peças

A limpeza de fios e sobras de linha deve ser feita em mesa próxima

à saída da costura. Esta etapa é também responsável pelo controle final da

qualidade das peças.

• Mesa passadoria

Deve ser instalada logo após a limpeza. O ideal é uma mesa com

vapor e vácuo, pois assim as peças são passadas a úmido e logo a seguir são

secas pelo vácuo.

• Mesa embalagem

A embalagem deve ser feita após a passadoria e em fluxo contínuo

sem acúmulo de peças.

• Sala de expedição

Sala que receberá todo o produto acabado para o fechamento dos

pedidos e controle final da produção. Este setor deve estar organizado para

que todo o produto seja facilmente identificado, facilitando a entrega das

mercadorias e seu faturamento.

Cuidados e processo, é necessário em linhas de produção

mecanizada. Quando se estuda o arranjo físico para a produção em massa de

um produto específico, o processo de fabricação é estudado cuidadosamente,

e as máquinas, equipamentos e locais de trabalhos são dispostos de tal forma

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que o produto será movimentado através da fábrica, com o mínimo de

movimentos desnecessários e de retrocessos. O caminho que cada parte e

subconjunto deve seguir é estudado antes que o equipamento seja instalado na

fábrica. Entretanto, na maioria das indústrias o material se movimenta de um

local para o outro de forma intermitente, transportado por caminhos, e em

muitos casos, pouca atenção é dada à seqüência de operações e ao fluxo

através da fábrica. Devido a isso muitas são as oportunidades para se

economizar tempo e dinheiro, como resultado de uma análise do processo

produtivo. (Barnes, 1997, p. 74).

O LAYOUT é um estudo sobre a linha de produção, com a

finalidade de facilitar as atividades operacionais, visando sempre um melhor

fluxo da produção.

Esta linha demanda sobre a organização das máquinas, cadeiras,

bancadas e o fluxo dos lotes durante o processo e de todo o processo de

produção de forma racional e econômica que se chama LAYOUT.

Este processo deve na procura do aumento da velocidade do

escoamento dos lotes pelas máquinas. Mas, essa velocidade deve ser regular,

evitando os nós e os engasgamentos. Para isso acontecer é necessário ter um

conhecimento do número de peças e o número de operações por produto, e o

tempo gasto por operação.

Com isto a indústria estará gerando uma redução nos custos de

produção e significativa melhoria nos padrões de qualidade, pois não haverá

perdas de peça no percurso entre as máquinas, além de evitar re-trabalho, em

função de operação incorreta.

Para montar essa linha de produção a pessoa necessita de

alguns conhecimentos técnicos de produção.

Conhecimento da seqüência operacional, ficha técnica, modelagem,

de máquinas, aparelhos e balanceamento.

“Na disseminação do LAYOUT da fábrica muitos exemplos de LAYOUT

confeccionados apresentam análise racional e que trouxeram resultados desastrosos, trazendo inconvenientes à eficiência e à produtividade. Em um estudo de LAYOUT são inúmeros os fatores

ligados a racionalização industrial, pois não podemos deixar de fora desse estudo às cargas das

máquinas, a carga de mão-de-obra, os balanceamentos das linhas, os métodos e processos de

trabalho, os tempos padrões das operações, os fluxos de produção etc”. (Toledo Jr, 2004 p. 118).

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A decisão pelo tipo de arranjo físico que deve ser utilizado passa inicialmente pelo tipo de processo produtivo, ou seja, se a empresa trabalha com processos por projeto (encomenda), em lotes, em massa ou contínua. Isso definirá o tipo de layout mais adequado (SLACK et. al., 2002).

Ao projetar o layout alguns objetivos gerais devem ser atendidos (SLACK et. al., 2002): Segurança – o bom layout deve garantir a segurança das operações;

Ø Extensão do fluxo – no caso de uma atividade industrial isso significa procurar minimizar as distâncias percorridas;

Ø Clareza do fluxo – todos que realizam as operações devem conhecer de forma clara o fluxo de processamento. Isso pode ser obtido com a demarcação de corredores, por exemplo;

Ø Conforto da mão-de-obra - a mão-de-obra deve ter o maior nível de conforto possível no ambiente. Isso envolve iluminação, ruídos, temperatura etc;

Ø Coordenação gerencial – supervisão e coordenação devem ser facilitadas pela localização dos recursos produtivos e dispositivos de informação;

Ø Acesso – as máquinas devem ter seu acesso facilitado para execução da limpeza e manutenção;

Ø Uso do espaço – a utilização do espaço deve ser racionalizada, com o uso do espaço vertical, por exemplo;

Ø Flexibilidade de longo prazo – o layout deve possibilitar mudanças futuras, uma vez que as necessidades de operação podem mudar.

2.4 Matéria prima para confecção

Tipos de fibras:

ü Naturais - Os tecidos naturais, considerados básicos e clássicos,

podem ter três origens, a origem animal lã e seda a origem mineral amianto e

a origem vegetal (algodão, juta, cânhamo, linho e sisal)

ü Sintéticos - Os tecidos sintéticos são fibras produzidas pelo

homem usando como matéria-prima produtos químicos, da indústria

petroquimica. As mais conhecidas são o poliéster PES, a poliamida PA, o

acrílico PAC, o polipropileno PP e o poliuretano PUR (Elastano), além das

Aramidas (kevlar e Nomex).

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ü Artificiais - Os tecidos artificiais provêm de: fibras celulósicas tais

como acetatos e viscoses e "fibras proteínicas", procedentes de matérias como

o milho e óleos vegetais Imitam perfeitamente a seda e o cetim e incluem

tecidos como o náilon.

Tabela 2: Tipos de Tecidos

1.0 Tipos de tecido 1.1 Naturais 1.2 Sintéticos 1.3 Artificiais 2.0 Tipos de Tecidos conforme trama / Teia 2.1 Tecidos Planos 2.2 Tecidos felpudos 2.3 Leno ou giro-inglês 2.4 Tecidos Jacquard 2.5 Malha 2.6 Mistos 2.7 Tramados 2.8 Nonwoven ou nãotecido 2.9 Tecidos Especiais 2.10 Filmes

Fonte: SEBRAE

2.5 A importância do controle do tempo

No Brasil, tempos e métodos chegaram junto com as

multinacionais, e ficou restrito a essas empresas, que usufruem de toda a

potencialidade, enquanto que as pequenas e médias indústrias brasileiras que

representam a tecnologia nacional pura, devido o descrédito dos

administradores da terra, na técnica e nas suas possibilidades, descrédito esse

causado pelo desconhecimento do que representa a análise do método, e do

que é um padrão de trabalho, a diferença entre a produtividade e a eficiência

da organização científica do trabalho, com todas as suas variáveis, nas

tomadas de decisões objetivando sempre a redução de custos de forma

progressiva e coerente.

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Para se ter uma idéia do que os outros países fazem a respeito, basta dizer que em

todas universidades dos Estados Unidos, já na década de 20este assunto era matéria obrigatória nas

áreas de Engenharia, Economia e Administração. Tempos e Métodos, muito amadurecidos, pois é o

resultado de milhares de levantamentos de tempos e métodos realizados na prática, nas mais diversas

variadas técnicas de produção de diferentes produtos; da fabricação do aço à produção de alimentos.

(Toledo Jr, 2004)

2.5.1 - Percentual de tolerância

O Tempo normal de uma operação não contêm tolerância. É

apenas o tempo necessário para uma costureira/operador executar um trabalho

em ritmo normal. Entretanto, não é de se esperar que uma pessoa trabalhe 8

horas e 48 minutos sem alguma interrupção. A costureira/operador pode

dispender do seu tempo em necessidades pessoais, ou motivos fora de seu

controle. As tolerâncias para essas necessidades podem ser classificadas em:

• Tolerância pessoal

• Tolerância para fadiga

• Tolerância para espera

Ø Tolerância pessoal: é o tempo o qual o operador atende as suas

necessidades fisiológicas: beber água, ir ao banheiro, lavar as mãos e todas

as outras exigências pessoas minuciosas, mas que se incluem neles pelos

pequenos atos como limpar os óculos, assoar o nariz, enxugar o suor e outros,

relacionados com o conforto físico do mesmo.

Ø Tolerância para fadiga: fadiga tem vários significados. Na

indústria, fadiga se refere a três fenômenos relacionados: sensação de

cansaço, mudança fisiológica no corpo, (os nervos, os músculos não funcionam

bem ou tão rapidamente quanto ao normal devido a alterações químicas no

organismo resultantes do trabalho) diminuição da capacidade para execução

do trabalho.

Ø Tolerância de espera: é quando ocorre espera inevitável

causada pela máquina. Algumas vezes necessita de ajustes. Como no caso da

costura de jeans, quando da troca da peça de fazer o cós, e outros detalhes

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das peças. Cada espera inevitável constitui um desafio para o controlador,

devendo ser feito todo esforço para eliminá-la.

A tolerância para este grupo de demoras deve ser estabelecida por meio de

observação no local de trabalho e com base no parecer dos técnicos e supervisores, as porcentagens

são acrescidas de dois a cinco por cento para troca de ferramentas e ajuste das máquinas” (Toledo Jr.

, 2004- p. 116)

Esse valor é o resultado de inúmeros estudos realizados em vários países de alto nível

de industrialização, relativamente a um dia de trabalho de 8 horas correspondendo a um período de 24

minutos, considerados suficiente para cobrir todas as demoras causadas por necessidades pessoais.

(Toledo Jr, 2004, 2004-p.113)

A cronoanálise tem sua origem em tempos e métodos, onde o

controlador seguindo as normas de ação determina um tempo de produção. O

controlador é um profissional que de posse de dados recriará o universo

produtivo. A esta técnica que serve de base à racionalização industrial, dá-se o

nome de cronoanálise, pois com o estudo de métodos, com certeza permitirá

chegar a boas conclusões, quase sempre com o resultado da análise

descobre-se um método mais rápido e seguro de fazer o trabalho.

2.5.2 - Como fazer a cronometragem

Utilizando um cronoanalista de operações (pessoa que mede e

analisa o tempo).

Para cronometrar usa-se o cronômetro centesimal porque não há

necessidade de transformar segundos em centésimos, sempre observando as

seguintes situações:

1. Se o posto de trabalho está devidamente organizado;

2. Se o serviço está próximo da costureira/operador;

3. Se os movimentos estão apropriados àquela operação;

4. Se o equipamento está adequado;

5. Se o equipamento está em perfeitas condições de uso, não

apresentando nenhuma irregularidade.

6. A costureira/operador deve organizar seu local de trabalho;

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7. Orientar as costureiras/operadores qual o objetivo de tirar o tempo das

operações para que elas/eles estejam cientes do que está acontecendo e se

sintam tranqüilos

8. Colocar a costureira/operador em posição (zero)

9. Cronometrar uma seqüência de 10 peças ou mais, contínuas, com a

costureira destacando cada peça pronta. Deve ser desligada no final do

término da operação, ou quando trocar a carretilha ou quebra de agulhas;

10. Fazer avaliação de ritmo da costureira/operador de 0(zero) ou mais por

cento avaliando: número de paradas na execução da operação, se a

costureira/operador está concentrado na tarefa, verificar sua velocidade no

manuseio na peça, se é normal, rápido ou devagar à presença do

cronoanalista.

Os termos velocidade, esforço, tempo, ritmo e atividade referem-

se a velocidade dos movimentos da costureira/operador. Velocidade e esforço

são termos comumente usado para analista de estudo de tempos e o termo

tempo está ganhando aceitação”.(Barnes, 2001, p. 297).

2.6 Tempo padrão

É o tempo necessário determinado por uma costureira/operador

apto e treinado, possuindo habilidades médias para executar uma operação de

acordo com o método estabelecido, no qual já está incluído a tolerância

necessária para cada operação

TP: é o tempo corrigido ao qual considera-se a capacidade de

produção

TP=TN x RITMO+ % Tolerância

Exemplo: 0,33 x 0,90 + 18% = 0,35

2.7 Tempo normal (tn)

É o tempo no qual o analista pega o cronômetro (centesimal) e

mede o tempo que o operador treinado leva para executar uma operação,

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sendo avaliado o seguinte exemplo: execução da costura disparando o

cronômetro enquanto a costureira/operadora e está executando a tarefa, em

caso de quebra de linha da máquina é parado o cronômetro, após o conserto

continua a medição do tempo.

2.8 Rítmo

É o estudo do tempo que consiste na avaliação da velocidade, o

ritmo com o qual cada pessoa trabalha durante a execução da tarefa onde o

analista julga a velocidade do operador.

Ritmo é o processo no qual o analista de estudo de tempo

comparando a velocidade do operador em observação com a velocidade

normal estabelecida, pois a diferença de velocidade varia de pessoa para

pessoa.

Ex.. Uma costureira faz barra de bolso traseiro em 100 peças em

meia hora considerando o ritmo ou velocidade normal igual a 100%. Outra

costureira faz barra de bolso traseiro de 120 peças por meia hora considerando

o ritmo ou a velocidade acelerado que é igual a uma velocidade de 120%.

Ex: 30 minutos=

120 peças

TN =0,25 x 120% ritmo é igual ao tempo normal de 0,30 por peça considerado no ritmo normal da operação

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CAPÍTULO III

A DINÂMICA DO MERCADO TEXTIL

Antes de iniciar o estudo de caso, referente a Not Mundo faremos

uma imersão na história da indústria de confecções no Brasil, devido a

necessidade do entendimento de fatores históricos relacionados à evolução do

segmento, desde os primórdios da colonização portuguesa, até a atual posição.

O processo de industrialização no Brasil teve seu início com a

indústria têxtil. Suas raízes precedem a chegada e a ocupação do País pelos

portugueses porquanto os índios que aqui habitavam já exerciam atividades

artesanais, utilizando-se de técnicas primitivas de entrelaçamento manual de

fibras vegetais e produzindo telas grosseiras para várias finalidades, inclusive

para proteção corporal. Todavia, partindo-se do princípio de que tudo teria

começado com a efetiva ocupação do território brasileiro, ocorrida em 1500,

podem ser identificadas quatro etapas importantes para a definição da

evolução histórica da indústria têxtil no país: a fase colonial, a fase de

implantação, a fase da consolidação e a fase atual.

3.1 Fase Colonial

No período colonial, que se estende de 1530 até 1822, a

característica fundamental é a incipiência da indústria têxtil, além de sua

descontinuidade. As diretrizes da política econômica para as colônias eram

ditadas pela Metrópole. Assim, era comum a adoção de políticas de estímulo

ou restrição, segundo seus interesses ou necessidade de cumprimento de

acordos comerciais com outros países.

Instrumentos restritivos

Em 1785, por Alvará de d. Maria I, mandou-se fechar todas as

fábricas de tecidos de algodão, lã e outras fibras, com exceção daquelas que

fabricavam tecidos grosseiros destinados à vestimenta de escravos e para

enfardamento ou embalagens. A determinação da extinção das fiações e

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tecelagens existentes no Brasil tinha como objetivo evitar que um número

maior de trabalhadores agrícolas e extrativistas minerais fosse desviado para a

indústria manufatureira.Essa restrição foi posteriormente reforçada em

instruções de outros membros do governo da Metrópole, tais como a do

ministro dos Negócios Ultramarinos, que determinava ser absolutamente

necessário ‘abolir do Brasil ditas fabricas’, advertindo ao vice-rei Luiz de

Vasconcelos e Souza, no sentido de ter “grande cuidado em que debaixo do

pretexto dos sobreditos panos grosseiros se não manufaturarem por modo

algum os que ficam proibidos”.

Em síntese, o famoso Alvará é extremamente representativo do

poder coercitivo que exercia a autoridade central colonizadora sobre qualquer

esforço de desenvolver-se uma atividade manufatureira, quer por parte dos

nativos, quer pelos próprios colonos portugueses.

Com a chegada de Dom João VI ao Brasil, o Alvará de d. Maria I foi

revogado, mas o surto industrialista que poderia ter-se verificado não ocorreu.

Ao contrário, foi aniquilado em razão de medidas econômicas de interesse da

Metrópole que assinara em 1810 um tratado de aliança e comércio com a

Inglaterra, instituindo privilégios para os produtos ingleses, reduzindo-se os

direitos alfandegários para 15%, taxa essa inferior até mesmo à aplicada para

os produtos portugueses que entrassem no Brasil. Com isso, nossa incipiente

indústria têxtil não tinha como competir com os tecidos ingleses, perdurando

essa situação até 1844, quando novo sistema tarifário veio comandar o

processo evolutivo da industrialização brasileira.

3.2 Fase de Implantação

Instrumentos de Estímulo

Em 1844, esboçou-se a primeira política industrial brasileira, quando

foram elevadas as tarifas alfandegárias para a média de 30%, fato que

provocou protestos de várias nações européias. A medida propiciou realmente

um estímulo à industrialização, especialmente para o ramo têxtil, que foi o

pioneiro desse processo.Contudo, o processo da industrialização não se deu

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de imediato; ele foi lento, podendo ser considerado o período de 1844 até 1913

como fase de implantação da indústria no Brasil.

Em 1864, o Brasil já tinha uma razoável cultura algodoeira, matéria-

prima básica da indústria têxtil, mão-de-obra abundante e um mercado

consumidor em crescimento. Outros fatores não-econômicos também

influenciaram a evolução da indústria têxtil, dentre os quais citam-se: a guerra

civil americana, a guerra do Paraguai e a abolição do tráfico de escravos, fato

este que resultou na maior disponibilidade de capitais, antes empregados

nessa atividade.Assim, em 1864 estariam funcionando no Brasil 20 fábricas,

com cerca de 15.000 fusos e 385 teares. Menos de 20 anos depois, ou seja,

em 1881, aquele total cresceria para 44 fábricas e 60.000 fusos, gerando cerca

de 5.000 empregos. Nas décadas seguintes, houve uma aceleração do

processo de industrialização e, às vésperas da I Guerra Mundial, contávamos

com 200 fábricas, que empregavam 78.000 pessoas.

3.3 Fase de Consolidação

Como vimos anteriormente, no início da I Guerra Mundial o Brasil já

dispunha de um importante parque têxtil. A guerra pode ser considerada como

fator decisivo na consolidação da indústria têxtil brasileira. A limitação da

capacidade do País de importar propiciou a oportunidade de crescimento da

produção interna no vácuo deixado pelo não-suprimento externo de tecidos.

Assim, a interrupção do fluxo de entrada de artigos oriundos do exterior, pela

concentração dos Países europeus e Estados Unidos no esforço da guerra,

funcionou como elemento de estímulo para o crescimento da indústria

brasileira. Segundo dados do IBGE, em 1919, a indústria têxtil contava com

105.116 trabalhadores, o que representava 38,1% do contingente empregado

nas indústrias de transformação.

Com o fim do conflito na década de 20, novamente arrefeceu a

atividade têxtil pela retomada das importações de tecidos diante da dificuldade

de competição com os similares estrangeiros que eram vendidos no Brasil a

preços inferiores aos que eram cobrados em seus países de origem.

Em 1929, a grande crise que se abateu sobre a economia mundial propiciou

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nova oportunidade de crescimento da indústria brasileira, a exemplo do que

havia ocorrido durante a I Guerra. A capacidade de importação foi

drasticamente reduzida, levando praticamente todos os países a adotarem

políticas de substituição dos importados pela produção interna das mercadorias

necessárias a seu abastecimento. Esse processo foi aprofundado pela eclosão

da II Guerra Mundial, período em que ocorreram realmente excepcionais

alterações na estrutura industrial brasileira. Como os fornecedores tradicionais

do Brasil estavam envolvidos no conflito, abriu-se a possibilidade de o mercado

ser suprido por meio do incremento da produção interna, com o surgimento de

muitas fábricas em praticamente todos os setores da atividade manufatureira.

No ramo têxtil, as fábricas se ampliaram, passando a operar com mais de um

turno de trabalho e produzindo mais para atender o mercado interno e, ainda,

exportando para mercados importantes, principalmente da Europa e dos

Estados Unidos.

O número de operários ocupados no ramo têxtil triplicou no período

de 1920 a 1940. A participação do setor no Produto Industrial atingiu 23,1%, o

que bem demonstra o nível de pujança alcançado no período. Todavia,

terminado o conflito mundial, novamente o setor retornou à situação anterior.

Com a normalização paulatina do mercado internacional, perdemos nossos

clientes externos e as exportações caíram a níveis insignificantes. De uma

média anual de cerca de 24 mil toneladas de tecidos de algodão exportados no

período de 1942 a 1947, caímos para 1.596 toneladas em 1951, que se

reduziram a quase nada nos anos seguintes. Os investimentos foram travados

e o obsoletismo do equipamento em uso ficou patente.

3.4 Fase atual

A segunda metade dos anos 50 marca, todavia, o início da fase

industrial brasileira em processo acelerado, com ênfase para os setores mais

dinâmicos e não-tradicionais. Nessa fase, o setor têxtil, por influência sistêmica

do desenvolvimento industrial da época, também começou a passar por

grandes transformações. É assim que, a partir de 1970, incentivos fiscais e

financeiros administrados pelo CDI - Conselho de Desenvolvimento Industrial,

órgão do Ministério da Indústria e Comércio, possibilitou um movimento de

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fortes investimentos em modernização e ampliação da indústria têxtil, com

vista, principalmente, ao aumento das exportações brasileiras de produtos

têxteis. Em célebre reunião realizada na sede do Sindicato da Indústria de

Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo, o então Ministro da Fazenda,

Antonio Delfim Netto, desafiou o setor a exportar 100 milhões de dólares por

ano em manufaturados têxteis. Realmente, as exportações têxteis, que tinham

alcançado apenas 42 milhões de dólares em 1970, deslancharam

continuamente, atingindo US$ 535 milhões em 1975, US$ 916 milhões em

1980, US$ 1,0 bilhão em 1985, US$ 1,2 bilhões em 1990 e US$ 1,5 bilhão em

1992. A partir de 1993, porém, nossas vendas externas novamente regrediram,

agora por conta das novas e profundas transformações ocorridas na economia

e na política brasileira, tais como a abertura do mercado interno aos

fornecedores externos, iniciada em 1990, a eliminação de entraves

burocráticos às importações, a redução das tarifas aduaneiras, etc., as quais

ocasionaram o fechamento de muitas empresas e obrigaram o setor a investir

fortemente na sua modernização para reduzir custos e poder competir com os

produtos importados.

A cadeia produtiva têxtil do Brasil, hoje é formada por 30.000

empresas entre fiações , tecelagens , malharias, estamparias, tinturarias e

confecções, que geram 1,6 milhão de empregos formais e informais e que

apresentou no ano de 2006 um faturamento de US$ de 33 bilhões . Em 2006,

as exportações do setor foram de 2, 08 bilhões e as importações de US$ 2,14

bilhões.

O Brasil é o sexto maior produtor têxtil do planeta, ocupando o

segundo lugar na produção de denim - O setor têxtil de confecções é um dos

que mais emprega no País, sendo o segundo maior empregador da indústria

de transformação da qual representa 18,6 % do produto interno bruto.

O parque têxtil nacional consome, anualmente, mais de 1.400.000 t

de diversas matérias-primas , dentre elas : pluma de algodão, lã, fio de seda,

juta, poliéster, sisal e outras, sendo liderado pela fibra de algodão, cujo

consumo na safra 2005/2006 foi de 890.000t.

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É importante frisar, que o País foi sempre um tradicional produtor de

algodão, produzindo o que necessitava e exportando o excedente, porém na

década de noventa com a queda acentuada da área cultivada e da produção, o

Brasil passou a condição de segundo maior importador de algodão do mundo,

chegando a importar / ano, cerca de 400.000t de pluma, além de outros

subprodutos do algodão ao custo de US$ 1,2 bilhão.

No entanto, a partir do início do ano 2000, o País, voltou a ser auto-

suficiente em algodão, abastecendo a sua indústria têxtil e exportando o

excedente. Para se ter uma idéia, na safra 2006/2007 foi exportada 437.000 t

de pluma de excelente qualidade. O Estado de Mato Grosso lidera a produção

nacional de algodão, produzindo no ano agrícola 2005/2006 1,5 milhão de

toneladas de algodão em caroço, com produtividade de 3.660 kg/ha,

considerada a maior produtividade do planeta em condições de chuvas

naturais.

A indústria têxtil nacional é bem assessorada pela Associação

Brasileira da Indústria Têxtil-ABIT, que tem a missão de apoiar o

desenvolvimento programas sociais e ambientais além de outras atividades.

3.4.1 Balanço atual

O setor têxtil e de confecção brasileiro encerrou o ano de 2008 com

faturamento de US$ 43 bilhões. O número representa alta de 4% em relação à

2007 (US$ 41,3 bilhões). O aumento está relacionado ao aquecimento do

mercado interno, que representou 92% do consumo. Segundo a Associação

Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) a produção física do

segmento de vestuário subiu 4,07% até novembro de 2008. Já a produção

física da indústria têxtil foi reduzida em 0,27% em relação ao mesmo período

do ano anterior. Para o fechamento de 2008, as projeções indicam,

respectivamente, crescimento de 3,6% e queda de 0,35%. Em contrapartida, o

presidente da Abit, Aguinaldo Diniz Filho, destacou que o comércio varejista de

tecidos aumentou 10,29% até outubro de 2008. Para Diniz, o índice indica uma

participação expressiva dos produtos importados no mercado doméstico e que

os produtos possuem margem para crescer no País.

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42

CAPÍTULO IV

ESTUDO DE CASO

A empresa alvo do nosso estudo atua no comércio de varejo e

atacado com artigos do vestuário há nove anos, com sede em Petrópolis e

cinco lojas, sendo duas em Petrópolis, uma em Xerém, uma em Nova Iguaçu,

uma no centro de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro. além de participar em

feiras continuas e eventos sazonais no Rio de Janeiro e outros estados como

Bahia, Espírito Santo.

Foto 4: Frente loja Not Mundo no Shopping Center Badia – Bingen

Petrópolis RJ

Fonte: Not Mundo

É bom citar que as tarefas de modelagem, pilotagem, corte, costura

e acabamento final das peças. Atividades de beneficiamento, como silks,

bordados e lavagem industrial, são totalmente terceirizadas, e a costura que

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exceder a capacidade produtiva do setor de costura é terceirizado para

facções.

Opera com seis coleções anuais, numa média de vinte e cinco

modelos em cada coleção,

Sua clientela está baseada nas próprias lojas, nas sacoleiras em

transito de vários estados, pequenos magazines, em lojas de multimarcas,

shopping center’s que atendem às classes sociais pequena e média.

A missão da empresa é “garantir sucesso a seus clientes oferecendo

produtos e serviços com conforto, elegância e sensualidade, a um preço

competitivo, garantindo lucratividade através de uma boa equipe de

colaboradores.

Por sua vez, a visão consubstancia-se em “ser uma organização de

postura ética que valoriza a mulher moderna, através de produtos de

qualidade, com preços acessíveis.

A política de qualidade busca desenvolver uma cultura que permita a

satisfação de seus clientes. A apresentação da empresa e seus aspectos

gerais é de fundamental importância para que se possa desenvolver a proposta

de implantação da controladoria, bem como o entendimento de seu processo

decisório descrito a seguir.

4.1 O processo decisório da empresa

A empresa é familiar de pequeno porte, tributada com base no lucro

real e dirigida atualmente por um conselho de administração, composto pelo

Diretor Geral (proprietário) e gerentes administrativo, financeiro, produção e

comercial.

A gestão dos negócios é desenvolvida pelos membros do conselho

de administração, que procuram manter um caráter empreendedor, acreditando

na expansão e na diversificação dos investimentos. Utiliza como instrumento

gerencial o planejamento estratégico desenvolvido pelo próprio conselho de

administração.

Por sua vez, o planejamento operacional é desenvolvido, a partir do

planejamento estratégico, pelo gerente responsável da área, com o suporte do

gerente administrativo e financeiro e executado pelos encarregados de cada

departamento, juntamente com o apoio de seus colaboradores.

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Ressalta-se que todas as áreas são acompanhadas pelo Diretor

Geral da empresa, que, apesar de acreditar na política de delegar funções e

autoridade, ainda mantém um certo grau de controle geral da organização. O

proprietário procura manter-se aberto aos gestores.

Quadro Organograma da Empresa X

Figura 2: Organograma da empresa em foco

Fonte: Empresa em foco

De acordo com a estrutura da empresa, abaixo segue a

apresentação das funções:

Conselho de administração – composto pelo Diretor geral, Gerente

Administrativo, Gerente de Produção, Gerente Financeiro e por último o

Gerente Comercial.

Diretor geral - acompanha e supervisiona os resultados de todas as

áreas da empresa;

Gerente financeiro - dirige processos ligados à área financeira e

assessora os departamentos de suporte à administração;

Diretor Geral

Gerência Financeirqa Gerência comercial Gerência Administrativa Gerência de Produção

Controle de prazos Controladoria Planejamento Logística Pessoal/RH Almoxarifado/Serviços Gerais

Contabilidade Contas à Pagar Contas à Receber Tesouraria

Modelagem Pilotagem Corte Costura Controle de qualidade Custo do Produto Lojas

Vendas

Eventos

Compras

Feiras

Estoque

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Gerente de Produção - realiza atividades de gerenciamento e

controle de coleções, pesquisa de novas tendências da moda, aprovação de

desenhos, modelagem e aprovação das peças pilotos, compra de tecidos e

aviamentos, custo do produto;

Gerente comercial - divulga e comercializa os produtos oferecidos

pela empresa, bem como supervisiona os profissionais ligados diretamente às

vendas e faturamento;

Gerente administrativo – Dirige a logística, planejamento e

controladoria através do Control Shop, (informações informatizadas) RH,

serviços gerais.

Assim a empresa, ao estabelecer suas metas de forma

departamentalizada, procura cumprir o planejamento, para manter ao longo do

processo de execução o controle de suas ações.

Diante do exposto, observa-se que a descrição destes fatores

organizacionais consubstancia-se como peça fundamental para que se possa

desenvolver a controladoria na empresa. Além disso, o entendimento de seu

sistema de informações apresentado na seqüência, é necessário para buscar o

devido suporte ao processo decisório dos gestores.

4.2 O sistema de informações da empresa

Os sistemas de informações objetivam fornecer condições para que

os resultados reais das operações sejam apurados e comparados com os

previstos. Isto só é possível mediante a integração dos sistemas de

orçamentos, que fornecem os resultados previstos para determinada atividade,

com a contabilidade, que dispõe dos resultados efetivamente realizados.

Cassaro (1999, p.25-26) menciona que, as informações geradas

pelos Sistemas de Informações Gerenciais compõem um dos maiores e mais

valiosos ativos de uma empresa. Pode-se afirmar que uma empresa é mais

dinâmica em relação a outras, na medida em que utiliza melhor a informação

gerada por seus sistemas, e tenha pessoas qualificadas que saibam fazer uso

destas informações em suas decisões. As informações geradas por um sistema

podem ser de natureza interna, como: posições de vendas, compras e

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estoques. Ou de natureza externa, como: posição de entrega de fornecedores,

indicadores econômico-financeiros, informações de mercado e satisfação de

clientes.

De acordo com Peres Junior, Pestana e Franco (1997, p.31), a

controladoria faz uso dos sistemas de informações para apoiar seus gestores

no processo de tomada de decisão por meio de informações extraídas dos

sistemas operacionais.

4.2.1 Sistema de informações do departamento administrativo

Sendo, também, responsável pela administração de informações do

almoxarifado.

O departamento de recursos humanos é responsável pelo

gerenciamento, programação e realização de atividades para o

desenvolvimento dos funcionários, recrutamento e seleção de pessoal, análise

e descrição de cargos e salários.

Acompanham também os aspectos trabalhistas, desenvolvendo

atividades de cadastro de funcionários, controle de horários, registros, folha de

pagamento, férias, 13º salário, recolhimento de encargos, entre outras

atividades.

O departamento de informática é responsável pela implantação do

sistema integrado de gestão da empresa. Tem como atividade o treinamento

de usuários, para um correto manuseio do sistema de informação e

manutenção de máquinas e equipamentos de informática.

4.2.2 O sistema de informações do departamento de produção

A produção da empresa, para um melhor desempenho de suas

atividades, contam com o sistema integrado de gestão, onde podem exercer a

produção – Planejamento e Controladoria, alcançando maior eficácia nos

resultados.

Segundo Slack et al. (1997, p.57), planejar e controlar a produção é

o ato de decidir sobre o modo mais coerente de empregar recursos de

produção, onde possibilita-se a execução do que foi previsto.

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Um plano é uma formalização de o que se pretende que aconteça

em determinado momento no futuro. Um plano não garante que um evento vá

realmente acontecer; é uma declaração de intenção de que aconteça.

O controle faz os ajustes que permitem que a operação atinja os

objetivos que o plano estabeleceu, mesmo que os pressupostos assumidos

pelo plano não se confirmem.

Desta forma, a produção tem por finalidade gerir os estoques, para

que este mantenha-se em nível baixo e reduza os impactos financeiros

concernentes ao custo do um capital parado, além da programação, emissão e

acompanhamento das ordens de produção.

4.2.3 O sistema de informações do departamento financeiro

A gestão financeira da empresa consiste em equilibrar as entradas

e saídas de caixa. Para tanto, a organização deve captar as melhores

oportunidades de investimento e propostas de financiamento, tendo em vista

alcançar um equilíbrio entre a liquidez e rentabilidade da empresa.

Por meio do control shop, o gestor financeiro pode projetar a

situação de liquidez da empresa para datas futuras, verificando as entradas e

saídas de caixa. As entradas no caixa decorrentes de vendas são efetivadas no

momento do faturamento dos produtos, dando origem ao registro e controle

das contas a receber e aos procedimentos para cobrança, recebimento e

quitação das vendas a prazo.

Nesse fluxo de atividades, o encarregado pela cobrança, de posse

da fatura emitida contra o cliente, efetuará os procedimentos necessários para

cobrança.

Quando realizada em cheque, após seu recebimento, este é

encaminhado à tesouraria, que remete-o ao banco, seja para depósito à vista

ou programado. Caso seja mediante duplicata, a tesouraria integrada com o

banco, remete os títulos para cobrança eletrônica, assim evita-se a

movimentação de papéis.

Cabe ainda à tesouraria a gestão de saques em conta corrente,

aplicações financeiras, captação de recursos e controle de despesas

financeiras.

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A conferência das contas a receber ocorre diariamente. No momento

da liquidação é dada a baixa no sistema financeiro e atualizada a conta

corrente do cliente. Em caso de inadimplência, o devedor é inicialmente

cobrado via telefone, não havendo sucesso, é encaminhado ao departamento

jurídico para protesto ou execução.

Por outro lado, as saídas de caixa são decorrentes das ordens de

compras, para pagamento de fornecedores, folha de pagamento, guia de

recolhimento de impostos e outros. Cada operação é conferida antes do

pagamento, emitindo uma autorização de pagamento assinada pelo

responsável do almoxarifado, gerente financeiro e diretor da empresa.

Observa-se que o controle das contas a pagar é constante, sendo

que diariamente o responsável emite um relatório das obrigações do dia, e

submete-o à análise da tesouraria para verificação das disponibilidades em

caixa.

Os pagamentos ocorrerem com cheques à vista, pré-datados ou por

meio de sistema integrado com o banco. No mesmo momento em que é

efetuada uma baixa no contas a pagar, o sistema atualiza as parcelas

remanescentes na conta corrente do fornecedor.

A verificação das disponibilidades da empresa, provenientes da

diferença entre recebimentos e pagamentos, ocorre de forma preventiva, por

meio de análise do fluxo de caixa.

Ø Contas a pagar/pagas

Pode ser classificado em ordem de fornecedor, vencimento ou valor.

Ø Contas a receber/recebidas

Por ser classificado por data de vencimento ou posição de cobrança (cheque

ou duplicata)

Ø Cobrança

Apresenta as parcelas de clientes que se encontram vencidas.

Ø Operações com cheque e duplicatas

Apresenta os cheque ou duplicatas que estão disponíveis para negociação no

mercado financeiro.

Ø Acompanhamento de saldo devedor em conta corrente

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Caso a empresa utilize recursos de conta garantida, este relatório irá projetar

os juros que serão cobrados no período.

Ø Movimento de caixa

Permite acompanhar as movimentações realizadas no caixa.

Ø Fechamento do movimento financeiro

Permite acompanhar toda a movimentação financeira que ocorreu no dia.

Ø Disponibilidade de caixa e banco

Apresenta de modo sintético a disponibilidade existente em caixa e bancos a

qual a empresa movimenta.

Ø Fluxo de caixa

É projetado, considera somente as compras e vendas efetuadas, não

apresenta projeções em relação a compra e vendas.

Ø Limite de crédito de cliente

Permite acompanhar o limite de crédito de cada cliente.

O uso dos relatórios possibilita o acesso à informações quanto a

tesouraria, contas a pagar, contas a receber, crédito e cobrança, além de

demonstrar em tempo presente ou futuro, a situação de liquidez da empresa.

Pode, inclusive, ajudar a projetar as vendas realizadas pelo departamento

comercial.

O departamento contábil fornece aos gestores demonstrações

contábeis, controle de ativo imobilizado e contabilidade tributária. As

demonstrações contábeis evidenciam a situação patrimonial e de resultado da

empresa, sendo elaboradas apenas duas demonstrações, a Demonstração do

Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial. O controle do ativo imobilizado

trata do registro dos bens adquiridos, especificando o valor, vida útil,

depreciação e local de utilização. E a contabilidade tributária destina-se à

apuração de impostos e informações ao fisco.

4.2.4 Sistema de informações do departamento comercial

O departamento comercial é responsável pela realização do

marketing e das vendas da empresa. Para Kotler (1998, p. 27-31), marketing é

um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que

necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor

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com outros. Kotler (1998, p.36) alerta que é preciso “assumir que os

consumidores, se deixados sozinhos, normalmente, não comprarão o suficiente

dos produtos da organização. Assim, a organização deve empregar um esforço

agressivo de venda e de promoção. ”Deste modo, a venda preocupa-se em

atender as necessidades do vendedor ao transformar seu produto em dinheiro,

ao passo que o marketing objetiva, por meio de seu produto, atender as

necessidades do consumidor através de seu consumo final.

A operacionalização das vendas inicia-se com a emissão do pedido,

que é inserido no sistema. Desta forma, é dado início ao fluxo de informações

para saberem como para a previsão do faturamento e da entrega. Gera, ainda,

informações de natureza econômico-financeira ao departamento financeiro,

para projeção de origens no fluxo de caixa. A efetivação do pedido está

condicionada à aprovação de cadastro do cliente, disponibilidade de estoque e

data de entrega. Cabe ainda à área comercial especificar a região, estabelecer

e acompanhar as metas de vendas para cada representante, controlar

comissões e tabelas de preços.

.

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51

CONCLUSÃO

Para obter melhor resultado em uma empresa de confecção é

necessário adaptar um método eficaz, ágil, pois o mesmo está comprovando

que o balanceamento é a arma da produção, os carrinhos, um programa de

informática específico para as tarefas de cada departamento e especialmente

na área de corte onde as perdas tem papel significativo no preço final do

produto, são condições favoráveis que contribuem muitíssimo para agilizar a

produtividade e conseqüentemente redução de custos. Não é só para grandes

empresas, mas sim para a pequena e micro empresa, ou seja, toda

organização que deseja agir neste setor com maior facilidade, procurando

deixar seu processo produtivo satisfatório tanto para o colaborador da costura

quanto para a organização.

Um sistema de informações eficaz se faz necessário em uma

empresa de confecção para se ter um controle eficiente, baseado em

questionários de avaliação de desempenho, e em dados armazenados nos

computadores.

No ambiente empresarial a competitividade vem se intensificando

significativamente ao longo dos anos. O grande número de concorrentes

inseridos no mercado textil e as transformações que ocorrem rapidamente no

mundo da moda são alguns dos fatores que afloram a necessidade das

empresas de confecção de roupas buscarem alternativas de vantagem

competitiva para se manterem no mercado.

Neste sentido, controladoria exerce papel preponderante na

empresa, apoiando os gestores no planejamento, controle e execução através

da manutenção de um sistema eficiente de informações.

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SEBRAE

WEBGRAFIA

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INDICE

1. Conceito sobre controladoria 8

1.1 A origem da controladoria 8

1.2 Controladoria como órgão administrativo e ramo do conhecimento 9

1.3 A aplicação da controladoria 10

1.4 Funções da controladoria 10

1.5 Atribuições e funções do controller 11

1.6 Controladoria e tesouraria 14

2. Processo produtivo na indústria de confecção 16

2.1 Planejamento da coleção 17

2.2 Maquinário 23

2.2.1 Alguns dos modelos usados na costura 23

2. 3 Layout para produção e seus pontos críticos 26

2.4 Matéria prima para confecção 28

2.5 A importância do controle do tempo 29

2.5.1 - Percentual de tolerância 30

2.5.2 Como fazer a cronometragem 31

2.6 Tempo padrão 32

2.7 Tempo normal 33

2.8 Ritmo 33

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3. A dinâmica do mercado têxtil 36

3.1 Fase colonial 36

3.2 Fase de implantação 37

3.3 Fase de consolidação 38

3.4 Fase atual 39

3.4.1 Balanço atual 41

4. Estudo de caso 42

4.1 O processo decisório da empresa 43

4.2 O sistema de informações 45

4.2.1 Sistema de informações do departamento administrativo 46

4.2.2 O sistema de informações do departamento de produção 46

4.2.3 O sistema de informações do departamento financeiro 47

4.2.4 Sistema de informações do departamento comercial 49

Conclusão 51

Bibliografia 52

Índice 53

Índice de fotos 55

Índice de tabelas 56

Índice de figuras 57

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INDICE DE FOTOS

Foto 1: Travette eletrônica 24

Foto 2: Caseadeira 24

Foto 3: Máquina overloque (funcionária trabalhando) 25

Foto 4: Frente loja Not Mundo no Shopping Center Badia – Bingen Petrópolis

RJ 42

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Índice de tabelas

Tabela 1: Diferenças entre o controller e o tesoureiro 15

Tabela 2: Tipos de tecidos 29

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Índice de figuras

figura 1: Estrutura do funcionamento da confecção 17

figura 2: Organograma da empresa em foco 44