controle de constitucionalidade

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Controle de Constitucionalidade Hierarquia de normas Análise da Supremacia da Constituição : Supremacia material: toda constituição possui supremacia material. Só tem relevância no plano sociológico. Supremacia formal: é o que interessa juridicamente. Decorre da rigidez constitucional. O controle de constitucionalidade só vai existir quando a Constituição é rígida. Hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária : STF/STJ: não há hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária, pois ambas retiram seu fundamento de validade diretamente da Constituição. Diferenças entre LC e LO: Conteúdo (Material): LC – a matéria é reservada expressamente pela CF (previsão expressa na CF). Por ser uma matéria reservada, ela não pode ser tratada por Leis Ordinárias, Medidas Provisórias e Leis Delegadas. LO – conteúdo residual Formal (quórum de aprovação) – art. 47 é a regra geral: LC – Maioria absoluta – art. 69 LO -Quórum de aprovação (votos a favor): maioria relativa (+ de 50 % dos presentes)

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A Constituição e seu controle.

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Controle de Constitucionalidade

Hierarquia de normas

Análise da Supremacia da Constituição:

Supremacia material: toda constituição possui supremacia material. Só tem relevância no plano sociológico.

Supremacia formal: é o que interessa juridicamente. Decorre da rigidez constitucional. O controle de constitucionalidade só vai existir quando a Constituição é rígida.

Hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária: STF/STJ: não há hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária, pois ambas retiram seu fundamento de validade diretamente da Constituição.

Diferenças entre LC e LO:

Conteúdo (Material):

LC – a matéria é reservada expressamente pela CF (previsão expressa na CF). Por ser uma matéria reservada, ela não pode ser tratada por Leis Ordinárias, Medidas Provisórias e Leis Delegadas.

LO – conteúdo residual

Formal (quórum de aprovação) – art. 47 é a regra geral:

LC – Maioria absoluta – art. 69

LO -Quórum de aprovação (votos a favor): maioria relativa (+ de 50 % dos presentes)

Pode uma Lei Complementar tratar de matéria residual sem ser invalidada, por uma questão de economia legislativa. Não haverá vício de vontade dos legisladores. Todavia, a matéria residual tratada é apenas formalmente complementar. Materialmente, é uma lei ordinária. Assim, uma Lei Ordinária poderá revogar a Lei apenas formalmente Complementar.

Hierarquia entre Leis Federais, Estaduais e Municipais: em regra, existe uma repartição horizontal de competências (retiram seu fundamento de validade diretamente da CRFB/88). Existem campos materiais distintos. Quem vai julgar conflito entre lei federal e lei municipal ou estadual é o STF, após a EC nº 45. Nesse caso, havendo conflito entre lei federal e lei estadual (e não em relação e lei municipal), cabe ADI.

Entretanto, existem alguns casos em que há repartição vertical de competências: lei federal estabelece leis gerais, a lei estadual estabelece normas específicas e a lei municipal estabelece normas de interesse local. (Ex: art. 24, art. 22, XXVII). Nesse caso, não cabe ADI (a lei estadual viola diretamente a lei federal e não a CRFB/88)

Tratados Internacionais (RE nº 466343/SP): possuem tripla hierarquia no direito brasileiro:

I- Tratado Internacional (requisitos):1- De Direitos Humanos2- Aprovado por 3/5 e 2 turnos (forma de EC)

Nesse caso, terá status constitucional Cabe Controle de Constitucionalidade

II- Tratado Internacional (requisitos):1- De Direitos Humanos2- Aprovado por Maioria Relativa (regra do art.

47)

Nesse caso, terá status supralegalCabe Controle de Convencionalidade ou de Supralegalidade (esse termo é mais

específico)

III- Tratado Internacional que não seja de Direitos Humanos (regra do art. 47).

Nesse caso, terá status de Lei OrdináriaCabe Controle de Legalidade

Obs.: Não há ação específica para controle de supralegalidade e de legalidade. Nesses casos, há um controle incidental.

Formas de Inconstitucionalidade

Dois Termos fundamentais:

Parâmetro para o Controle: são as normas de referência. As normas da Constituição que podem ser invocadas para se dizer que algo é inconstitucional. Para ser parâmetro, a norma deve ser formalmente constitucional. Nessa idéia, pode-se invocar como parâmetro toda a CRFB/88, com exceção do Preâmbulo (não é norma jurídica), e Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados por 3/5 e 2 turnos.

“Bloco de Constitucionalidade” (Louis Favorean) – são todas as normas com status constitucional. Expressão utilizada no Brasil de maneira divergente:

Sentido amplo: engloba não apenas normas formalmente constitucionais, mas também aquelas que tratem de matéria constitucional,

mesmo que fora da constituição (abrangeria até normas infraconstitucionais, como o CDC).

Sentido restrito: normas que servem de parâmetro. Ou seja, somente nessa perspectiva o Bloco de Constitucionalidade coincide com a expressão Parâmetro para o Controle

Objeto: Segundo a CRFB, a inconstitucionalidade advém apenas dos atos dos poderes públicos, e não ato de particular. Tem-se a inconstitucionalidade quando o objeto é incompatível com o parâmetro.

Critérios:

I – Quanto à conduta:

Ação: nesse caso, há três instrumentos de controle (todos concentrados e abstratos):

-ADI-ADC-ADPF

Omissão: nesse caso, haverá dois instrumentos.

-AIO – Ação de Inconstitucionalidade por Omissão (concentrado abstrato)

-Mandado de Injunção (controle difuso concreto)

Obs.: Omissão parcial se confunde com uma ação parcial.

II – Quanto à norma constitucional ofendida:

Inconstitucionalidade material: viola uma norma de fundo, viola direitos (ex.: art. 5º)

Inconstitucionalidade formal: viola regra que estabelece procedimento. Duas formas:

-Subjetiva: (ex: competência, art. 61, §1º – o vício de iniciativa é insanável)

-Objetiva (ex: quórum – art. 47)

III – Quanto à extensão:

Ambas hipóteses podem se aplicar à ação ou omissão:

Total

Parcial: (é diferente de veto parcial – art.66. § 2º). pode-se declarar uma palavra ou uma expressão como inconstitucional. Só não poderá abranger somente uma palavra ou expressão se alterar o sentido.

IV – Quanto ao momento: (em que momento o parâmetro foi criado?)

Inconstitucionalidade originária: parâmetro anterior ao objeto. Cabe ADI

Inconstitucionalidade superveniente: parâmetro posterior ao objeto. Não cabe ADI. No Brasil não se admite inconstitucionalidade superveniente. A jurisprudência do STF trata como forma de revogação. A doutrina trata como hipótese de não recepção.

V – Quanto ao prisma de apuração:

Em uma escala de hierarquia normativa tem-se a Constituição está no topo, em segundo lugar os atos normativos primários (tem como fundamento de validade direto a CRFB – ex: art. 59) e em terceiro os atos normativos secundários (fundamento de validade em atos normativos primários - ex: Decretos Regulamentares). Nesse último caso, a CRFB é fundamento de validade indireto.

Direta (antecedente): decorrente de um ato normativo primário, ato ligado diretamente à CRFB

Indireta: decorre de uma inconstitucionalidade indireta

Consequente: a inconstitucionalidade de um ato normativo secundário será consequente da inconstitucionalidade de um ato normativo primário.

Inconstitucionalidade por arrastamento ou por atração: quando a inconstitucionalidade de um decreto é consequente da inconstitucionalidade de uma lei, no controle concentrado abstrato, o STF poderá utilizar a técnica do controle da

inconstitucionalidade por arrastamento ou por atração

Reflexa/Oblíqua: o ato normativo primário é constitucional, porém o ato normativo secundário é ilegal. Dessa forma, indiretamente, por via reflexa ou oblíqua, este decreto será inconstitucional, violando o art. 84, IV, da CRFB. Esse decreto não pode ser objeto de uma ADI.

Formas de Controle de Constitucionalidade

Quanto à Competência (só se aplica ao Judiciário)

Controle Difuso (aberto): quando qualquer juiz ou tribunal tiver competência para exercê-la. É também conhecido como sistema norte americano de controle, pois o primeiro controle foi criado nos EUA em 1803. No Brasil, o Controle (difuso) foi consagrado pela 1ª vez em 1891.

Controle Concentrado (reservado): o controle se concentra em apenas um Tribunal. Se o parâmetro for a CFRB, o STF é quem poderá exercer o controle. Se o parâmetro for a Constituição do Estado, será exercido pelo Tribunal estadual. É conhecido como sistema Austríaco ou Europeu. O Controle Concentrado surgiu em 1920, e foi criado por Hans Kelsen. No Brasil, foi introduzido pela EC nº 16/1965, alterando a CF de 1946

Quanto à Finalidade

Concreto: a finalidade é proteger direitos subjetivos. É um controle feito a partir de um caso concreto levado à apreciação do Judiciário. A partir de uma análise preliminar (antecedente), o juiz julga o caso concreto (consequente). A pretensão é deduzida em juízo através de um Processo Constitucional Subjetivo (pois a finalidade é a proteção de direitos subjetivos).

Abstrato: a finalidade é a proteção da ordem constitucional objetiva. É um controle feito em tese, a única análise feita é em relação a inconstitucionalidade face a CRFB. Há um Processo Constitucional Objetivo (pois a finalidade do processo é a proteção da ordem constitucional objetiva)

Abstrativização (Objetivação ou Verticalização) do Controle Concreto: no Brasil, Gilmar Mendes defende essa idéia. Segundo ele, o STF é o guardião da CRFB. Sendo o STF o guardião, cabe ao mesmo dar a última palavra sobre como ela deve ser interpretada, uma vez que interpretações divergentes enfraquecem a força normativa da CRFB. Assim, as decisões do STF devem sempre ter efeito erga omes. Ou seja, defende-se que o efeito produzido pelo processo constitucional objetivo seja estendido ao processo constitucional subjetivo. Outro argumento é que, como no Brasil o Controle Difuso não tem efeito vinculante, fere-se o princípio da igualdade, pois o direito só vai ser adquirido pelas partes envolvidas.

Os Procedimentalistas são contrários a essa tendência de abstrativização. Principal argumento: o Controle Difuso é o mais adequado para a proteção dos direitos

fundamentais, por existir uma tendência dos Tribunais Superiores a se acomodarem com as políticas de governo. Alegam que o juiz de 1ª instância tem maior sensibilidade à defesa dos direitos, por estarem mais próximos dos indivíduos.

Essa tendência de abstrativização pode ser vista na jurisprudência do STF e na legislação:

Jurisprudência do STF:

RE 197917/SP – Número de vereadores proporcional aos habitantes - o Min. Gilmar Mendes, em seu voto, disse que a decisão tinha efeito transcendente, ou seja, o efeito da decisão era para todos os municípios da federação brasileira, e não apenas àquele que era parte no RE.

MI (Mandado de Injunção) sobre direito de greve – o STF proferiu julgamento em caso de controle concreto com efeito erga omnes, a ser aplicado a todos os servidores civis.

Na Legislação: EC 45/04

Súmula Vinculante (art. 103-A): é um entendimento que se consolida a partir de decisões reiteradas no controle difuso concreto.

No RE – necessidade de demonstração de repercussão geral (art. 102, § 3º): o STF tem como função ser guardião da CRFB. Portanto, não deve ser chamado a atuar quando houver um certo grau de abstrativização, não atuando simplesmente no litígio inter partes.

Quanto à Natureza do Órgão

Político: controle exercido por órgão sem natureza jurisdicional. Ou é exercido pelo Legislativo ou por um Órgão específico criado para esse fim. Exemplo disso ocorre na França.

Jurisdicional: é o sistema em que o judiciário tem a função principal de exercer o Controle.

Sistema Misto: conjuga o controle político com o sistema jurisdicional (ex: Suíça). Na Suíça, o Parlamento é quem exerce o controle no caso de Lei Nacional. No caso de Lei Local, quem exerce o Controle é o Judiciário.

Não se deve confundir Sistema Misto com o Controle Misto ou Combinado (aplicado no Brasil): no 1º caso analisa-se a natureza do Controle, enquanto no segundo caso analisa-se a competência. Por exemplo, no Brasil, combina-se controle difuso com controle concentrado (isso seria um controle misto).

Quanto ao momento (preventivo ou repressivo)

Ambos podem ser exercidos pelo Executivo, Legislativo e Judiciário

Preventivo:

No Legislativo: exercido nas Comissões de Constituição e Justiça – CCJ – realiza uma análise preliminar do Projeto de Lei.

No Executivo: o controle pode ser exercido através do Veto Jurídico – art 66, §1º, da CRFB

(Veto político: contrário ao interesse público; veto jurídico: inconstitucionalidade; veto político-jurídico – ambas hipóteses)

No Judiciário – regra excepcional – impetração de Mandado de Segurança por Parlamentar, quando houver inobservância do devido processo legislativo constitucional (ex: art. 60, § 4º CRFB). Nesse caso, há um controle concreto (processo constitucional subjetivo), pois tutela-se o direito público subjetivo do parlamentar da casa na qual o projeto esteja em tramitação. O Controle preventivo não impede o posterior controle repressivo.

Repressivo:

No Legislativo: três hipóteses: .

1 - Art. 49, inciso V: contra ato do Executivo que exorbite os limites da Lei Delegada ou Decreto Regulamentar. Por meio de um Decreto Legislativo, susta-se, suspende-se a parte exorbitante.

2 – Art. 62 – MP: Pode-se realizar o controle em relação aos pressupostos (relevância e urgência) ou em relação ao conteúdo da MP.

Obs.: Em regra, o Judiciário não pode se manifestar acerca dos pressupostos de MP. O Poder Judiciário só pode analisar os pressupostos constitucionais da MP quando a inconstitucionalidade for flagrante e objetiva.

3 – Súmula 347 do STF: trata do Tribunal de Contas (art. 71), que é independente, porém ligado ao Legislativo. Segundo essa Súmula, o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode realizar o Controle Constitucional.

No Executivo: só vale para o Chefe do Poder Executivo (presidente, governador ou prefeito). O Chefe do Executivo pode negar cumprimento a uma lei que entenda ser inconstitucional (deve obediência à CRFB e não ao Poder Legislativo). Para não cumprir, o Chefe tem que motivar o ato e dar-lhe publicidade, o que geralmente se

faz por meio de um Decreto. Pode-se negar o cumprimento da Lei até o momento em que o STF dê uma decisão vinculante.

Para alguns autores, essa hipótese não se justificaria após a CRFB/88, pois tanto o presidente quanto o governador estão legitimados a interpor ADI ou mesmo ADPF. Assim, poderiam requisitar uma ação com pedido cautelar.

O STJ admite essa hipótese de controle pelo descumprimento de lei, o STF não possui posição definida. Gilmar Mendes admite.

Para parte da doutrina, o Executivo deve negar cumprimento e, concomitantemente, interpor a medida judicial

No Judiciário: Controle Difuso ou Controle Concentrado

Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade

Quanto ao aspecto objetivo:

Toda decisão se subdivide em Relatório, Fundamentação e Dispositivo.

No Controle Concreto, a causa de pedir é a inconstitucionalidade, e o pedido será o direito subjetivo. Ou seja, na fundamentação é que será realizada a análise da constitucionalidade (será o antecedente). A procedência ou improcedência do pedido será o consequente, com efeito inter partes. Será um controle incidental, ou por via de defesa ou por via de exceção.

No Controle Abstrato, a declaração de inconstitucionalidade é feita no dispositivo. Sempre no Controle Abstrato o efeito da decisão vai ser erga omnes e vinculante, mesmo em medida cautelar.

“Transcendência dos Motivos” ou “Efeito Transcendente dos motivos determinantes” - De acordo com uma teoria extensiva, o efeito vinculante atinge não apenas o dispositivo, mas também a fundamentação da decisão, os motivos determinantes da decisão (ratio decidendi). As questões assessórias, secundárias (obter dicta) não são vinculantes. Isso se dá, porque o STF é o guardião da CRFB, sendo que sua interpretação deve ser a última palavra, para se manter a força normativa da CRFB. É uma posição utilizada, porém não é uma posição unânime, nem mesmo dentro do STF.

Quanto ao aspecto subjetivo:

Erga omnes – é mais amplo que o efeito vinculante. Não atinge somente os poderes públicos, mas também os particulares. Segundo Juliano Taveira, não é o efeito erga omnes que impede a rediscussão da matéria, mas sim os sistemas de preclusão, como a coisa julgada. O efeito erga omnes é apenas um efeito subjetivo

Vinculante – atinge o Poder Público: a Administração Pública, o Poder Judiciário (com exceção do STF).

A Função Legislativa não fica vinculada

Obs.1: O STF não fica vinculado apenas em seu Plenário. O STF não fica atingido pela sua decisão para evitar o fenômeno da “fossilização da Constituição”, para não se impedir que futuramente se dê uma decisão diferente. A questão pode ser formalmente submetida novamente ao Plenário do STF.

Obs.2: O Poder Legislativo não fica vinculado em sua função típica de legislar, por dois motivos: 1 - Para evitar a fossilização da Constituição; 2 – Em um Estado democrático, o Judiciário não pode impedir o legislador de elaborar novas leis. Em funções diversas, administrativa ou mesmo jurisdicional, fica o Legislativo vinculado.

Obs.3: O Chefe do executivo fica vinculado dependendo da função que exercerá. Se estiver exercendo uma função legislativa, não estará vinculado.

Diferenças entre efeito erga omnes e vinculante:

Erga Omnes Vinculante

1 – Aspecto Objetivo: Atinge o Dispositivo

2 – Aspecto subjetivo: Poderes Públicos e Particulares

3 – Só atinge a norma impugnada

1 – Aspecto Objetivo: Atinge o Dispositivo + motivos determinantes

2 – Aspecto Subjetivo: somente poderes públicos.

3 – Atinge a norma impugnada + normas paralelas (normas de outros entes da federação, mesmo que não tenham sido impugnadas)Atinge-se normas paralelas, pois a ratio decidendi será a mesma.

Teoria Geral do Controle de Constitucionalidade

Quanto ao aspecto temporal

Natureza do ato inconstitucional:

1ª Corrente: lei ou ato inconstitucional seria inexistente. A primeira corrente (Seabra Fagundes) é a de menor expressão. Uma norma que não é produzida de acordo com o seu fundamento de validade não pode ser considerada como pertencente àquele ordenamento jurídico.

2ª Corrente: entende que lei ou ato inconstitucional seria nulo. É o posicionamento adotado pela maioria da doutrina e pelo STF, vindo dos EUA, desde 1803 do caso Marbury x Madison, juiz J. Marshal. De acordo com essa teoria, a natureza da decisão de constitucionalidade é declaratória.

3ª Corrente : entende que ato ou lei inconstitucional seria anulável.

Efeitos da decisão: regra: efeitos ex tunc

Porém, pode-se ter a “Modulação dos Efeitos”: ex nunc ou pro futuro

No controle concentrado, o STF pode modular os efeitos somente com o quórum de 2/3 dos Ministros, se não se obter esse quórum, será o efeito ex tunc normal. Essa modulação pode ser feita por questão de segurança jurídica ou excepcional interesse social.

RE 442.683-RS – foi usado efeito ex nunc"A Constituição de 1988 instituiu o concurso público como forma de acesso aos cargos públicos. CF, art. 37, II. Pedido de desconstituição de ato administrativo que deferiu, mediante concurso interno, a progressão de servidores públicos. Acontece que, à época dos fatos — 1987 a 1992 —, o entendimento a respeito do tema não era pacífico, certo que, apenas em 17-2-1993, é que o Supremo Tribunal Federal suspendeu, com efeito ex nunc, a eficácia do art. 8º, III; art. 10, parágrafo único; art. 13, § 4º; art. 17 e art. 33, IV, da Lei 8.112, de 1990, dispositivos esses que foram declarados inconstitucionais em 27/8/1998: ADI 837/DF, Relator o Ministro Moreira Alves, DJ de 25-6- 1999. Os princípios da boa-fé e da segurança jurídica autorizam a adoção do efeito ex nunc para a decisão que decreta a inconstitucionalidade. Ademais, os prejuízos que adviriam para a Administração seriam maiores que eventuais vantagens do desfazimento dos atos administrativos." (RE 442.683, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 13-12-05, DJ de 24-3-06). No mesmo sentido: RE 466.546, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 14-2-06, DJ de 17-3-06.

RE 197.917-SP – foi usado efeito pro futuro."Considerações sobre o valor do ato inconstitucional — Os diversos graus de invalidade do ato em conflito com a Constituição: ato inexistente? ato nulo? ato anulável (com eficácia ex tunc ou com eficácia ex nunc)? — Formulações teóricas — O status quaestionis na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Modulação temporal dos efeitos da decisão de inconstitucionalidade: técnica inaplicável quando se tratar de juízo negativo de recepção de atos pré-constitucionais. A declaração de inconstitucionalidade reveste-se, ordinariamente, de eficácia ex tunc (RTJ 146/461-462 — RTJ 164/506-509), retroagindo ao momento em que editado o ato estatal reconhecido inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. O Supremo Tribunal Federal tem reconhecido, excepcionalmente, a possibilidade de proceder à modulação ou limitação temporal dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade, mesmo quando proferida, por esta Corte, em sede de controle difuso. Precedente: RE 197.917/SP, Rel. Min. Maurício Corrêa (Pleno). Revela-se inaplicável, no entanto, a teoria da limitação temporal dos efeitos, se e quando o Supremo Tribunal Federal, ao julgar determinada causa, nesta formular juízo negativo de recepção, por entender que certa lei préconstitucional mostra-se materialmente incompatível com normas constitucionais a ela supervenientes. A não-recepção de ato estatal pré-constitucional, por não implicar a declaração de sua inconstitucionalidade — mas o reconhecimento de sua pura e simples revogação (RTJ 143/355 — RTJ 145/339) —, descaracteriza um dos pressupostos indispensáveis à utilização da técnica da modulação temporal, que supõe, para incidir, dentre outros elementos, a necessária existência de um juízo de inconstitucionalidade. Inaplicabilidade, ao caso em exame, da técnica da modulação dos efeitos, por tratar-se de diploma legislativo, que, editado em 1984, não foi recepcionado, no ponto concernente à norma questionada, pelo vigente ordenamento constitucional." (AI 589.281-AgR, Rel.Min. Celso de Mello, julgamento em 5-9-06, DJ de 10-11-06)

Inconstitucionalidade Progressiva (Norma ainda Constitucional): são situações

constitucionais imperfeitas, localizadas entre a constitucionalidade plena e a inconstitucionalidade absoluta, nas quais as circunstâncias fáticas daquele momento justificam a manutenção da norma.

Pode-se falar também em não recepção progressiva.

Ex.: art. 134 da CRFB – defensoria públicaart. 68 do CPP – o MP poderá ajuizar ação de reparação ex delito

O STF analisou a questão, dizendo que realmente cabe à Defensoria Pública ajuizar esse tipo de Ação. Porém, como não existem defensorias públicas em todos os estados ou devidamente estruturadas, seria mais prejudicial que benéfica a declaração de inconstitucionalidade. Assim, a norma progressivamente passará a ser inconstitucional – Constitucionalidade com trânsito para a inconstitucionalidade.

Na prática, para se averiguar se já ocorreu o completo trânsito para a inconstitucionalidade, deve-se propor novo processo para instigar o pronunciamento do STF.

Quanto à extensão

Declaração de Nulidade:

Sem redução de texto:

Ex.: Tem-se norma polissêmica (mais de um significado- A e B), sendo que o B é inconstitucional. Nesse caso, o STF pode dizer que “a norma em referência é inconstitucional se for interpretada da forma B”.

Para o STF, a declaração de nulidade sem redução equivale ao Princípio da Interpretação Conforme.

Na interpretação conforme, o dispositivo assim ficaria: “a norma X é constitucional, desde que interpretada da maneira A”

Com redução de texto: o judiciário atua como legislador negativo (Kelsen)

Total

Parcial

Exercício do Controle Judicial

Controle Difuso-Concreto

(no Brasil, todo controle difuso é também concreto)

Pretensão deduzida em juízo através de um processo constitucional subjetivo (finalidade: assegurar direitos)

O Pedido é a proteção de direitos

A causa de pedir é a inconstitucionalidade

Assim, o dispositivo declara a procedência ou improcedência do pedido – a inconstitucionalidade será meramente incidental.

STJ e STF: as ações coletivas, dentre elas a Ação Civil Pública, só podem ser utilizadas como instrumento de controle concreto de constitucionalidade. Neste caso, o pedido deverá ser de efeitos concretos e a inconstitucionalidade apenas a causa de pedir. Se a ACP for utilizada como ADI, cabe Reclamação ao STF.

IMPORTANTE: Cláusula da Reserva de Plenário (art. 97 da CRFB)

Também denomina-se reserva do “full bench”

1- Maioria Absoluta: + de 50% dos membros

2- Tribunais: não se aplica a juízes singulares e turmas recursais dos Juizados Especiais. Somente no âmbito de Tribunal deve ser aplicada essa cláusula.

3- Inconstitucionalidade: a cláusula só é exigida para a declaração de inconstitucionalidade. Não é necessária no caso de constitucionalidade, em razão da presunção de legalidade das leis. Não é preciso observar a reserva no caso de normas pré-constitucionais e de aplicação do princípio da interpretação conforme ou declaração de nulidade sem redução de texto.

4- Pleno/Órgão Especial: o Pleno poderá delegar funções ao Órgão Especial (art. 93, XI)

Tribunal com mais de 25 membros pode ter Órgão Especial (mínimo de 11, máximo de 25), que poderá receber:

-Funções Administrativas-Funções Jurisdicionais

Questões: O Pleno pode delegar a função de eleição do Presidente do Tribunal? A eleição do Presidente de Tribunal é atribuição política, não podendo ser delegada

A elaboração de regimento interno pode ser delegada? Não pode, pois é função legislativa

Obs.: Súmula Vinculante nº 10

Obs.: Essa cláusula deve ser observada tanto no controle difuso quanto no controle concentrado.

Procedimento:

Propõe-se ação no juízo estadual, com sentença e recurso. Este é distribuído ao Órgão Fracionário do Tribunal. O Órgão Fracionário terá duas possibilidades, ou entende a lei constitucional ou inconstitucional. Se entender constitucional, não há necessidade de se observar a cláusula de reserva.

Se se entender que é inconstitucional, será lavrado um acórdão e submeter-se-á a questão ao Plenário – ocorre uma repartição horizontal de competência funcional. A competência para julgar o caso concreto é do Órgão Fracionário. O Pleno julga apenas a inconstitucionalidade em tese, em abstrato – Antecedente.

O Pleno decide se será constitucional ou inconstitucional. Essa decisão terá efeito vinculante, todavia somente dentro do próprio Tribunal – é uma vinculação horizontal.

Assim, o Órgão Fracionário vai ter que julgar o caso concreto conforme julgamento do Pleno – Consequente.

A não observância da cláusula gera nulidade absoluta da decisão, por se tratar de repartição funcional de competência.

Exceções à utilização da cláusula de reserva de plenário (art. 481 do CPC)

1- Quando o próprio Tribunal já houver apreciado a inconstitucionalidade

2- Quando o STF já se manifestou sobre o assunto

Alguns autores dizem que são inconstitucionais essas hipóteses. Esse posicionamento não deve prevalecer, pois são hipóteses que consagram a jurisprudência do STF e, também, porque: no caso 1, faz-se uma restrição lógica; no caso II, sendo o STF guardião da Constituição, cabe a ele a última palavra acerca da interpretação. Interpretações divergentes enfraquecem a força normativa da Constituição.

Suspensão da execução da lei pelo Senado (art. 52, X)

Compete ao Senado, privativamente (não comporta delegação): suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal

Análise:

-No todo ou em parte: o Senado se atém aos exatos limites da decisão do Supremo (não

pode fazer resolução nem além nem aquém do que o Supremo decidiu). Por esse motivo, essa situação não é hipótese de controle de constitucionalidade pelo Senado.

-Lei: deve ser interpretado em sentido amplo (qualquer lei ou ato normativo). O Senado pode suspender lei estadual ou municipal? Isso não afrontaria o princípio federativo? Por ser Órgão Nacional, pode suspender lei de outros entes políticos

Lei:

Federal: relativa à União (ex: Lei 8112/90 – sobre os servidores públicos federais)

Nacional: aplica-se a todos os entes federativos (ex.: CTN)

Assim, o Senado tem atribuições de Órgão Federal e Nacional (isso porque o Senado é composto de representantes dos Estados) -

Já a Câmara é Órgão somente Federal

-STF

-Inconstitucionalidade

-Norma pré-constitucional não terá execução suspensa, pois não há inconstitucionalidade, mas não recepção ou revogação.

-Controle Difuso (RISTF, 178)

-Mutação Constitucional: segundo Gilmar Mendes, esse papel do Senado deve ser interpretado como uma mutação constitucional (diferente interpretação). Para ele, todas as decisões do STF deveriam ter efeito erga omnes, e não inter partes. Assim, como o efeito deve ser erga omnes, a Resolução do Senado que suspende a execução da lei daria apenas publicidade, pois a suspensão já ocorreria com a decisão do Supremo

O Senado realiza a suspensão através de Resolução, que é ato:

-Discricionário: entendimento majoritário

-Vinculado: minoritário (Zeno Veloso entende assim)

O efeito da Resolução é “erga omnes”, com efeito:

-Ex nunc: a Resolução teria efeito semelhante ao de uma Revogação da lei (Oswaldo Aranha Bandeira de Melo)

-Ex tunc: fundamentam a posição com base no princípio da igualdade - criaria-se situação de desigualdade entre as pessoas que estiveram sujeitas àquela lei.

Existe o Decreto Federal nº 2346/97, que diz que, se o Senado suspender lei, seus efeitos serão ex tunc para a Administração Pública Federal.

Hipótese Excepcional (não é controle difuso) : Recurso Extraordinário (em regra, o RE é hipótese de controle difuso. Nessa hipótese, não será)

Em regra, o processo começa no 1º Grau, vai ao Tribunal e depois ao STF.

Todavia, essa exceção trata do RE como Controle Concentrado Abstrato

Objeto de ADI no âmbito do Estado: Lei ou Ato normativo do Estado ou Municípios

Parâmetro: Constituição Estadual.

Segundo essa hipótese, se o parâmetro violado for norma de observância obrigatória, da decisão proferida pelo TJ caberá RE ao STF.

Nesse RE, controle concentrado abstrato, o objeto será Lei ou Ato normativo do Estado ou Municípios, o parâmetro será a CRFB. É uma hipótese de lei municipal poder ser objeto de controle concentrado pelo Supremo (a outra hipótese é a ADPF)

Norma de observância obrigatória: são normas da Constituição Federal, cujo modelo, obrigatoriamente, deve ser observado pelas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais. Podem ser estabelecidas na CRFB ou assim serem caracterizadas pelo STF.

Sinônimos: Norma de repetição obrigatória ou de reprodução obrigatória. Isso é diferente de norma de mera repetição (estado reproduz norma da Constituição sem haver obrigatoriedade)

Exemplos:

-Processo Legislativo: normas de âmbito federal. Porém, é de observância obrigatória aos Estados e Municípios

Se a CRFB atribuir ao Presidente a proposição de lei sobre determinada matéria, pelo princípio da simetria, caberá ao Governador propor lei sobre aquela matéria no âmbito estadual.

-Requisitos para criação de CPI (art. 58, §3º)

-Normas referentes ao TCU: nesse caso, a própria Constituição, no art. 75, estabelece como norma de observância obrigatória.

-O STF entende que não é norma de observância obrigatória o art. 57, §4º.

No âmbito estadual, as normas podem ser de:

-Observância obrigatória

-Mera repetição

-De Remissão

Controle Concentrado Abstrato

Basicamente composto por três ações:

ADC

ADI

ADPF

É um processo de índole objetiva. Não se fala em Autor e Réu, mas em legitimados. Por ser de índole objetiva, alguns princípios processuais não se aplicam, como contraditório, ampla defesa e duplo grau de jurisdição.

Quase tudo sobre esse controle está nas Leis nº 9868/99 e nº 9882/99.

Não cabe desistência, assistência, nem intervenção de terceiros (amicus curiae?) - o RISTF não admite assistência, embora não esteja disposto isso em lei.

Não cabe Recurso da decisão de mérito, salvo embargos de declaração. Contra decisão que indefere a Inicial cabe Agravo.

Não cabe Ação Rescisória

A partir da publicação (publicação da ata da sessão de julgamento), a decisão se torna obrigatória.

Competência: por se tratar de um controle concentrado, caberá ao STF quando o parâmetro for a CRFB.

Legitimidade ativa: art. 103 da CRFB – exitem duas categorias de legitimados:

Legitimados ativos universais: pode-se associar à União (todas as autoridades da União)

Legitimados ativos especiais: pode-se associar ao Estado (todas as autoridades dos Estados) - precisa demonstrar “pertinência temática” (é um nexo de causalidade entre o objeto que é impugnado e os interesses daquela categoria defendida pelo legitimado)

Ex.: CRM – deverá demonstrar que o objeto viola o interesse da classe médica.

Poder Executivo Poder Legislativo Poder Judiciário MP Outros

Presidente da República

Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado

______________________________

PGR Partido Político (com representação no Congresso), Conselho Federal da OAB

Governador (Estados e DF)

Mesa da Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa (DF)

____________________________________________________________

____________________________________________________________

Confederações Sindicais e Entidades de Classe de âmbito Nacional

A 1ª linha trata dos legitimados universais (esfera federal). A segunda, refere-se aos legitimados especiais.

Quanto ao Judiciário, lembrar do princípio da inércia do Judiciário (não há legitimidade)

O PGJ não tem legitimidade para a atuação no STF.

Antes da CRFB/88, só o PGR poderia interpor ação para o controle.

Quanto ao Poder Executivo, tem-se que o Vice Presidente não tem legitimidade. Quando estiver no exercício, ele tem legitimidade.

Quanto ao Poder Executivo, pergunta-se: a Mesa do Congresso Nacional tem Legitimidade? A CRFB fala apenas da Mesa da Câmara e da Mesa do Senado. Assim, com base em uma interpretação restritiva, tem-se que não terá legitimidade.

A Legitimidade do Partido Político deve ser aferida no momento da propositura da ação. Se posteriormente o partido perde a representatividade, continuará legitimado.

O STF admite a legitimidade das “associações de associações” (associações compostas por outras associações, outras pessoas jurídicas)

Confederação Sindical é a organização sindical no âmbito nacional. No âmbito regional, denomina-se Federação Sindical. No âmbito local, denominar-se-á Sindicato. Assim, somente as entidades de âmbito nacional é que podem interpor as ações.

Para uma Entidade de Classe ser admitida como legitimada, tem de estar presente em um terço dos estados (9 estados) do território nacional.

Objeto da ADI e da ADC: análise de três aspectos:

1 – Natureza do objeto:

-Só pode ser objeto Ato Normativo Primário

-Tem que ser Ato Geral-Tem que ser Ato Abstrato

No meio do ano passado, o PSDB interpôs ADI nº 4048, por meio da qual o STF alterou o seu entendimento, dizendo que não importa se o ato é geral ou específico, abstrato ou concreto. O importante é que a controvérsia constitucional tenha sido suscitada em abstrato. Então ficou assim:

-Só pode ser objeto Ato Normativo Primário-Tem que ser Ato Geral ou Específico-Tem que ser Ato Abstrato ou Concreto

Atos que o STF não admite como objeto da ADI ou ADC:

-Atos tipicamente regulamentares;

-Questões “interna corporis” (questões que devem ser resolvidas por um poder internamente – São chamadas de questões próprias de Regimento Interno). O STF vem entendendo que, se a questão envolver não apenas questão interna corporis, envolvendo também violação de preceito constitucional, haverá o controle. Ex.: Cassação de Deputado por quebra de decoro pela Câmara. Norma constante de Regimento Interno de Tribunal pode ser objeto de Controle, se tratar de assunto que não seja exclusivamente interna corporis.

-Normas Constitucionais Originárias: não podem ser objeto de controle, pelo Princípio da Unidade de Constituição

-Leis revogadas-Leis Suspensas pelo Senado (art. 53, X) -Medidas Provisórias Revogadas, havidas por prejudicadas ou rejeitadas-Leis Temporárias após o término da vigência

Essas últimas quatro hipóteses não são admitidas, porque não ameaçam a soberania da Constituição. Quando MP é convertida em lei, basta a emenda para a continuação do processo

2 – Limite Espacial: -Só pode ser objeto de ADC Lei ou Ato Normativo Federal

-No caso da ADI, pode ser Lei ou Ato Normativo Federal ou Estadual

Lei do DF pode ter conteúdo de lei estadual ou municipal, se for de conteúdo de lei estadual, caberá ADI (Súmula 642 do STF)

A PEC nº 29 de 2000, parte da EC nº 45, está em votação, provocando essa diferença. Quando for votada, e se aprovada, haverá coincidência.

3 – Limite Temporal: Deverá ser posterior a 05/10/1988 (posterior à CRFB). Se for anterior, estará revogado ou não recepcionado.

No caso de Emenda, deverá ser posterior ao parâmetro constitucional.

Em razão do princípio da não retroatividade, parte da doutrina entende que, quanto à ADC, que foi criada pela EC nº 03, seria este o termo para a sujeição do objeto ao parâmetro com base em ADC. O STF não faz essa distinção, aplicando a data da promulgação da CRFB.

Atuação do PGR no Controle de Constitucionalidade: prevista no art. 103, §1º

Atua em todos os processos de competência do STF (no caso, ADI, ADC, ADPF) – ele não precisa se manifestar formalmente em cada um dos processos, mas ter ciência das teses jurídicas.

- Atuará como “custus constitutionis”. Mesmo quando o PGR ajuíza a ação, ele deve ser intimado para dar parecer como custus constitutionis. Não pode desistir da ação ajuizada, mas pode dar parecer contrário. Dentro do MP, há corrente que fala que o parecer deveria ser feito por um sub-procurador.

Atuação do AGU: prevista no art. 103, §3º

Atua somente na ADI

Função Geral do AGU (art. 131): atua como chefe da AGU.

Tem status de Ministro de Estado (subordinado ao Presidente da República)

Função Especial: art. 103, §3º

Atua como “Defensor Legis” - defende a constitucionalidade da Lei – vai ser o curador da presunção de constitucionalidade das leis.

Mesmo que a ADI tenha sido ajuizada pelo Presidente da República, o AGU será obrigado a defender a constitucionalidade da Lei. Nesse caso, ele estará desempenhando uma função especial, que lhe foi atribuída pela CRFB, e não em sua função geral, como “advogado do Presidente”.

Estaria o AGU obrigado a defender Lei Estadual? O AGU não está atuando como autoridade federal, mas como Defensor Legis, estando obrigado a defender tanto lei federal como lei estadual.

O AGU sempre é obrigado a defender o Ato Impugnado? Em princípio, por uma interpretação literal do dispositivo constitucional, estaria obrigado a defender. Para o STF, o AGU não está obrigado a defender uma tese jurídica já considerada

inconstitucional pelo STF.

Atuação do Amicus Curiae (amigo da Corte, do Juízo): auxilia o Tribunal na decisão.

A Lei 9868/99 consagrou essa figura no art. 7º, § 2º, prevendo a figura para. ADI, e não para ADC. A Jurisprudência do STF tem admitido a participação do amicus curiae tanto na ADC quanto na ADPF, utilizando a analogia legis (norma legal aplicada a outro caso semelhante não regulamentado). A analogia iuris é a que aplica princípios gerais de direito.

Todavia, essa figura já existia na Lei nº 6385/03 e Lei nº 8884/94, art. 89.

CPC, art. 482, § 3º – amicus curiae atuando no Controle Difuso

Natureza do Amicus Curiae: correntes:

-Seria um auxiliar do juízo (Didier)

-Seria uma espécie de assistência qualificada (Edgar Bueno)

-Seria hipótese de intervenção de terceiros (existem votos de cinco Ministros do STF que utilizam essa corrente: Min. Celso de Melo, Min. Marco Aurélio, Min. Ricardo Lewandowski, Min. Joaquim Barbosa, Min. Ellen Gracie)

Requisitos para a admissibilidade do Amicus Curiae:

Requisito Objetivo: relevância da matéria

Requisito Subjetivo: deve haver representatividade do postulante

Atualmente, o STF tem exigido mais dois requisitos subjetivos:

Pertinência temática

Órgãos ou entidades (não se tem admitido pessoas físicas)

Quem analisa esses requisitos é o Relator, por meio de “despacho irrecorrível”

Admite-se sustentação oral do Amicus Curiae, e não apenas por meio de Memoriais

O Amicus Curiae pluraliza o debate constitucional, tornando-o mais democrático. Dessa forma, confere maior legitimidade à decisão.

A figura pode ser associada à Sociedade Aberta de Intérpretes (Peter Haberle).

Ação Declaratória de Constitucionalidade: por causa da presunção de constitucionalidade, para o cabimento de uma ADC, a Lei 9868, art.14, inciso III, exige:

Requisito admissibilidade: Existência de controvérsia judicial relevante

Essa ação foi criada para abreviar o tempo que uma questão demora para ser apreciada pelo STF.

Caráter dúplice ou ambivalente da ADI ou ADC

Uma ADI julgada improcedente é a mesma coisa que uma ADC julgada procedente. Os efeitos das decisões são idênticos (art. 24 da Lei 9868/99)

Diferenças fundamentais entre ADI e ADC:

1- ADC: somente lei federal; ADI: federal e estadual

2- AGU só participa da ADI

3- Requisito da controvérsia judicial relevante na ADC

ADPF (art. 102, § 1º, da CRFB e regulamentada pela Lei 9882/99)

Não é uma ação de declaração de inconstitucionalidade, mas uma arguição de descumprimento (o que é mais amplo que inconstitucionalidade)

Refere-se a descumprimento de preceito fundamental. (o parâmetro deve ser preceito fundamental)

O STF é quem diz quais são os preceitos fundamentais. Preceitos são normas (princípios ou regras)

Exemplos de preceitos fundamentais:

-Princípios Fundamentais (Título I da CRFB)-Direitos Fundamentais (espalhados pela Constituição)-Princípios Constitucionais sensíveis (art. 34, VII)-Cláusulas Pétreas

Requisito: caráter subsidiário da ADPF (art. 4º, §1º, da Lei 9882/99). significa a inexistência de outro meio eficaz para sanar a lesividade.

Para que um meio seja considerado eficaz, deve ter efetividade, imediaticidade e mesma amplitude da ADPF. Não precisa ser necessariamente um meio do Controle Concentrado.

Hipóteses de cabimento: o STF fala em duas hipóteses, sem tratar como se fossem dois objetos diferentes, considerando como um só:

1- ADPF autônoma (prevista no art. 1º da Lei 9882) – tem por objeto ato do poder público

Ato do poder público é algo muito amplo. O STF não considera ato do poder público:

-Proposta de Emenda Constitucional-Súmula de Tribunal (não se manifestou sobre Súmula Vinculante)-Veto. Existem duas ADPF nesse sentido. Todavia, na ADPF nº 45, o veto foi objeto da ADPF, que foi conhecida.

2- ADPF incidental (prevista no art. 1º, par. único, inciso I) – tem por objeto lei ou ato normativo das esferas Federal, Estadual Municipal, que sejam posteriores ou anteriores à Constituição.

Nesse caso, tem-se uma questão levada ao Judiciário, por exemplo em 1º Grau, sendo que um dos legitimados do art. 103 da CRFB fica sabendo da causa e leva a questão ao STF por meio de ADPF. O processo fica suspenso, enquanto a tese em abstrato (não o caso concreto) é analisada no Supremo.

Controle das Omissões

CritériosA.I.O.

(103, §2º)Mandado de Injunção

(art. 5º, LXXI)

Quanto à finalidadeInstrumento de Controle Abstrato. Controle em tese

Instrumento de Controle Concreto de Constitucionalidade

Quanto à pretensão deduzida em juízo

Processo Constitucional Objetivo

Processo Constitucional Subjetivo

Quanto à competência STF (exclusivamente) – Controle Concentrado de Constitucionalidade

Seria um Controle Difuso Limitado (não é competência de apenas um Tribunal, mas que se restringe a alguns tribunais)

Só alguns órgãos podem julgar M.I. - a competência tem que estar prevista na:

-CRFB – quem pode julgar é somente o STF (102, I, “q”), STJ (105, I, “h”), TSE/TRE (121,§4º,V)

-Constituição do Estado

-Lei Federal que regulamente o M.I. (ainda não existe – assim,

aplica-se a legislação do MS)

Parâmetro

São apenas as normas constitucionais de eficácia limitada ou não auto-executáveis ou não auto- aplicáveis.

IMPORTANTE: Será qualquer norma de eficácia limitada.

São apenas as normas constitucionais de eficácia limitada ou não auto-executáveis ou não auto aplicáveis.

IMPORTANTE: Não será qualquer norma de eficácia limitada:

-Para a doutrina majoritária, aquelas que consagrem direitos fundamentais. -O STF interpreta de forma mais ampla.

Legitimidade AtivaMesma da ADI, ADC, ADPF – Art. 103 da CRFB

-Qualquer pessoa (física ou jurídica) que tenha direito previsto da Constituição que não possa ser exercido por ausência de norma regulamentadora.

-Para parte da doutrina, o MP poderá impetrar MI no caso de direitos difusos, coletivos e individuais indisponíveis Art. 129, II e III.

-Órgãos Públicos, Entes Federativos e Pessoas Jurídicas de Direito Público – eles têm legitimidade para impetrar MS, porém teriam para MI? Neste caso, a legitimidade deve ser vista deferentemente, pois MI serve para tutelar direitos fundamentais (que se referem à pessoa humana), não podendo esses entes impetrar. Alguns autores admitem

-O STF tem admitido MI Coletivo. Não há nenhuma previsão legal sobre quem seriam os legitimados. O STF entende, por analogia, que seriam os mesmos legitimados para o MS Coletivo (art. 5º, LXX)

Legitimidade Passiva Órgãos ou autoridades que Órgãos ou autoridades que

tenham a competência para elaborar a norma

Quando há competência exclusiva para determinada matéria, quem é competente deve figurar no pólo passivo (Ex.: matéria privativa do Presidente – ele deve figurar no Pólo passivo, e não o Congresso)

Quem tem legitimidade para iniciar o processo não tem legitimidade para propor a ação

tenham a competência para elaborar a norma

Quando há competência exclusiva para determinada matéria, quem é competente deve figurar no pólo passivo (Ex.: matéria privativa do Presidente – ele deve figurar no Pólo passivo, e não o Congresso)

Quem tem legitimidade para iniciar o processo não tem legitimidade para propor a ação

Decisão de Mérito Não é capaz de suprir a omissão. O efeito é apenas dar ciência ao Poder referente.

-Se for referente a um Órgão Administrativo, terá o prazo de 30 dias para suprir a omissão

-Se for referente ao Poder Legislativo, não haverá prazo previsto na CRFB. Na ADI 3682, o STF propôs que a omissão fosse suprida em um prazo de oito meses (esse prazo não foi peremptório, imposição, mas somente um indicativo de um prazo razoável para se suprir a omissão)

Correntes: Não dá para dizer que o STF adota alguma delas (em cada caso usa uma delas – já adotou todas)

1 – Corrente não concretista: o judiciário não pode suprir a omissão, não concretiza a norma. O efeito da decisão em MI seria o mesmo da AIO – dar-se-ia ciência ao Poder referente. Esse era o posicionamento antigo do STF, que recentemente vem sendo alterado.

2 – Corrente concretista: o judiciário pode suprir a omissão, concretizar a norma.

-Geral: concretiza com efeito erga omnes. O STF passou a utilizar essa corrente (caso do Direito de greve de Servidores Públicos – MI 670708).

-Individual: sempre foi a corrente majoritária na doutrina. Deve-se concretizar a norma somente para quem impetrou o MI (efeito inter partes) – Nos MI 721 e 758, o STF utilizou essa corrente.

-Intermediária: primeiramente, o judiciário da ciência ao Poder referente para que supra a omissão, estipulando um prazo para tanto. Se não se suprir no prazo estipulado, aplica-se norma ao caso concreto. Em uma mesma decisão, estipula-se o prazo e a norma a ser aplicada caso não se crie a lei no prazo determinado. MI 232

Medida Cautelar

-Omissão total, não cabe medida cautelar

-Omissão parcial – como se confunde com ação parcial, pode-se admitir medida cautelar – ADI 336, 652 e 2040

O STF não admite, sob o argumento de que, como o efeito da omissão é somente dar ciência, não caberia liminar

Controle de Constitucionalidade no âmbito estadual

A Constituição não é um recado, uma intenção, um aviso, é uma norma jurídica dotada de força normativa: ela obriga. É uma norma jurídica dotada de uma imperatividade reforçada, ela é super imperativa. Se ela obriga, ela deve ser repeitada, motivo pelo qual existe o controle de constitucionalidade.

As normas jurídicas são dotadas de uma normatividade vertical – Teoria da Construção Escalonada de Kelsen (a Constituição está no ápice da pirâmide normativa)

Existem duas espécies de controle tendo em conta o momento em que é feito:

Controle preventivo de constitucionalidade : tem por objetivo evitar, impedir que a norma inacabada (projeto) adentre no ordenamento jurídico. No Brasil, o controle preventivo se manifesta em três momentos:

1 – Feito pelo Legislativo: art. 58, §2º – CCJ (existe também nos parlamentos estaduais)

2 – Feito pelo Executivo: art. 66, §1º – veto jurídico (ostenta a natureza de controle preventivo de constitucionalidade) – governador também realiza

3 – Judiciário: só o parlamentar federal é dotado do direito líquido e certo ao devido processo legislativo constitucional (impetrar MS) – existe em sede estadual (parlamentar estadual ajuíza MS no TJ)

Controle repressivo : tem a finalidade retirar, expurgar do ordenamento a norma que

ofende a Constituição. É jurisdicional como regra, pois é feito pelo judiciário. No Brasil, é um controle jurisdicional misto, pois adotam-se dois sistemas: difuso e concentrado.

Concentrado: se reparte em cinco ações:

Ação Direta de Inconstitucionalidade GenéricaAção Direta de Inconstitucionalidade por OmissãoAção Direta de Inconstitucionalidade interventivaAção Declaratória de ConstitucionalidadeADPF

Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica em âmbito estadual: Art. 125, § 2º – Representação de Inconstitucionalidade (Gênero). Daqui se tiram as espécies:

Ação Direta de Inconstitucionalidade GenéricaAção Direta de Inconstitucionalidade por OmissãoAção Declaratória de Constitucionalidade

No art. 102, I, “a”, não diz que cabe somente ao STF julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão.

Ação Declaratória de Constitucionalidade em nível estadual é possível? Hoje, existe a busca pela equiparação entre a Ação Direta de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de Constitucionalidade. Um dos fatores que justificam isso é a equiparação dos legitimados para a propositura. Outra razão é que a Lei 9868/99, art. 24, fala que as decisões nessas duas ações possuem efeitos dúplices, as ações são ambivalentes. Portanto, não existe nenhum impedimento para que se tenha no âmbito estadual a Ação Declaratória de Constitucionalidade.

Ação Direta de Inconstitucionalidade interventiva (art. 35) do estado no município.

ADPF em sede estadual é possível (não está vedada na CF, depende da Constituição estadual)

O STF diz que ADPF só é possível, desde que exista uma lei regulamentando a questão (Lei 9882/99). Dessa forma, a Constituição Estadual pode tratar de ADPF, devendo existir também uma lei para regrar a ADPF em âmbito estadual. Porém, essa Lei tem de ser Federal, pois o estado não pode legislar sobre Processo, mas somente sobre procedimento.

Ação Direta de Inconstitucionalidade genérica, em sede estadual (nome dado na Constituição: Representação de Inconstitucionalidade)

Legitimidade: A CRFB não diz quais são os legitimados em sede estadual. No entanto, veda a existência de apenas um legitimado (art. 125, §2º), pois a CRFB/88 inaugura a denominada democracia participativa. Isso significa dizer que a Constituição se abre para a participação do cidadão na organização do estado (ex: mandado de segurança coletivo, mandado de injunção coletivo) – inaugura-se uma verdadeira sociedade aberta de intérpretes constitucionais (Peter Haberle).

Quem pode e quem deve ser legitimado? Parâmetro/paradigma: art. 103

Obrigatoriamente, deve constar no âmbito estadual:

-Governador do Estado (Executivo controlando as obras do Legislativo – freios e contra pesos)

-Mesa da Assembléia Legislativa ou Assembléia Municipal (Defesa das Minorias parlamentares)

-Prefeito Municipal (representa o ente político Município. Não cabe controle concentrado de leis municipais no âmbito do STF. Assim, não há outro instrumento para os municípios discutirem a constitucionalidade de suas leis que não o âmbito estadual)

Obs.: A CRFB valoriza o município. A CRFB foi uma Constituição municipalista – o município é uma realidade concreta, enquanto os Estados membros e União são entes abstratos.

-PGJ – também deve constar nas Constituições Estaduais, pois uma das atribuições principais do MP é a defesa da força normativa da CRFB (art. 127, caput, e art. 129, IV)

-Conselho Seccional da OAB – a Ordem dos Advogados é uma autarquia federal. A Ordem, assim, representa uma autoridade federal debatendo em âmbito estadual. A Ordem é a sociedade civil organizada e, através dela, a sociedade levará suas demandas ao Judiciário.

-Partido Político com representação na Assembléia Legislativa – a CRFB valoriza o partido político (ex.: a filiação partidária é uma condição de elegibilidade), portanto leva as demandas sociais ao Judiciário.

Pode constar no âmbito estadual:

-Federação Sindical ou entidade de classe de âmbito estadual – a doutrina diz que essa legitimação pode constar nas Constituições estaduais, não sendo obrigatória.

Questão: Além dessas autoridades, outras podem constar? (Ex.: Procurador Geral do Estado, Defensor Público Geral, Deputado Estadual etc.) - Sim, isso é possível.

Segundo o STF, essa possibilidade está no âmbito da autonomia, auto-organização do estado membro.

Competência: somente o Tribunal de Justiça – art. 97 da CRFB – reserva de maioria absoluta do Tribunal ou do Órgão Especial. Há exceção ao art. 97 da CRFB, que é o art. 481 do CPC, segundo o qual Órgão fracionário poderá declarar a inconstitucionalidade.

Objeto de Controle: lei ou ato normativo estadual ou municipal.

Obs.: Normas acerca de processo legislativo são normas de reprodução obrigatória na Constituição Estadual, fazem parte do que se denomina de normas centrais federais. Ex.: art. 69 da CRFB.

Questão: Lei Federal pode ser objeto de Controle Concentrado no âmbito estadual? Não é possível que lei federal seja objeto de controle no âmbito estadual.

Ex.: A CF de São Paulo, desde 1989 diz que o Órgão Especial do Tribunal de Justiça será composto: metade pelos membros mais antigos do Tribunal e a outra metade por eleição. A LOMAN (LC 35/79) diz que o órgão especial será composto pelos membros mais antigos do TJ. Há, portanto, incompatibilidade entre a CF do Estado e a LOMAN. Não é possível que a Lei Federal seja inconstitucional em face da CF estadual. Aqui não há crise de inconstitucionalidade, mas uma crise federativa – ou a CF estadual é inconstitucional (em face da Constituição Federal), porque teria tratado de matéria federal; ou a lei federal é inconstitucional (em face da Constituição Federal), porque teria tratado de matéria estadual. O STF resolveu essa situação, dizendo que a Constituição do Estado de São Paulo é inconstitucional, por ter tratado de matéria constitucional. Obs.: A EC 45/04 mudou a composição do Órgão Especial, que passou a ser composto, em sua metade, pelos membros mais antigos, e a outra metade por eleição (dando razão ao que dispunha a Constituição Estadual de São Paulo).

Parâmetro (Paradigma de Controle): o objeto é inconstitucional em face de que? Art. 125, §2º – o único parâmetro é a Constituição Estadual.

Questão: é constitucional uma constituição estadual que traga como parâmetro a CRFB? Não é possível, a constituição estadual seria inconstitucional se estabelecesse como paradigma de controle a Constituição Federal.

Efeitos da Decisão: efeito erga omnes, vinculante, ex tunc.

IMPORTANTE: Algumas Constituições dizem que, depois que o TJ reconhece a inconstitucionalidade, deve-se remeter a decisão à Assembléia para que se suspenda a execução da Lei. Essa disposição é inconstitucional – a Constituição não pode sujeitar os efeitos da decisão à aprovação do Legislativo. No âmbito Federal, isso ocorre no

âmbito do controle difuso (art. 52, X), e não no controle concentrado.

Controle no âmbito federal – art. 102, I, “a” - feito no STF – objeto: lei ou ato normativo federal ou estadual – paradigma: CRFB

Controle no âmbito estadual – art. 125, §2º – feito no TJ – objeto: lei ou ato normativo estadual ou municipal – paradigma: CE

Há coincidência: a lei ou ato normativo estadual pode ser objeto de controle concentrado no Supremo ou no TJ. O que muda é o paradigma de controle.

Construções Importantes.

É possível que a lei estadual seja questionada acerca de sua constitucionalidade por meio de duas ações ajuizadas ao mesmo tempo, uma no STF e outra no TJ (simultaneidade de ações). Se isso acontecer, haverá o sobrestamento, paralisação, suspensão da representação de inconstitucionalidade no TJ até que o STF decida, pois cabe a ele, precipuamente, guardar a CRFB.

Se o STF decide que a lei estadual é inconstitucional, ocorre a perda superveniente de objeto da representação de inconstitucionalidade no TJ. Isso ocorre, porque, quando o STF decide pela inconstitucionalidade, retira a pseudo lei do ordenamento.

Se o STF decide que a lei estadual é constitucional, em regra, a decisão do STF vai vincular o TJ. No entanto, excepcionalmente, é possível que o TJ reconheça a inconstitucionalidade da lei estadual. Isso ocorrerá quando o TJ utilizar como fundamento outro parâmetro/paradigma, que só exista na Constituição Estadual (com fundamento em uma norma local).

Em controle concentrado, vigora a cognição aberta, o que significa dizer que, se o autor alega que a lei é incompatível com o art. X, o Tribunal pode reconhecer a inconstitucionalidade com base em outro artigo, com base em outro fundamento. Essa mesma situação ocorre no caso de Habeas Corpus.

As Ações não foram ajuizadas ao mesmo tempo. Primeiro, ajuizou-se representação no TJ. A decisão do TJ vincula o STF?

Se o TJ decide que a lei é inconstitucional, cabe ADI no STF? Não é possível, pois, se o TJ reconhece a inconstitucionalidade, a retira do mundo jurídico, não havendo objeto para a propositura de ADI no STF (portanto, não se pode falar nem em vinculação, mas em ausência de objeto a ser discutido).

Se o TJ decide que a lei é constitucional, cabe ADI no STF? Apesar de o TJ reconhecer que a Lei estadual é constitucional, é possível o ajuizamento de ADI no STF, e este a julgar inconstitucional, pois os parâmetros são diversos, não podendo se falar em vinculação.

Da decisão do TJ em Controle de Constitucionalidade cabe RE? Em regra, as decisões do poder judiciário do estado devem se estabilizar dentro do Estado (poder de auto-organização do estado membro). O Recurso Extraordinário é excepcional, cabendo apenas em algumas situações. Assim, se o assunto for local, não cabe RE.

Com base nisso, pergunta-se: quando o assunto não será local? O assusto não

será local quando se tratar de norma central federal, norma de reprodução obrigatória.

Raul Machado Orta fala de normas centrais federais, que são comandos da CRFB que alcançam os estados membros de forma obrigatória. Estas normas centrais federais se dividem em:

1 – Princípios da Constituição (são os antigos princípios estabelecidos da Constituição de 1969): são os princípios que limitam a autonomia organizativa dos estados membros. Ex.: arts. 1, 2, 3, 37, 127, 170.

2 – Princípios Constitucionais: forma republicana, direitos da pessoa humana, sistema representativo.

3 – Normas de competência deferidas aos Estados. Ex.: competência comum, legislação concorrente.

4 – Normas de pré-ordenação. Ex.: número de deputados estaduais está na CRFB; tempo de mandato de deputados estaduais e governadores.

Para José Afonso da Silva, a classificação das normas centrais federais é:

1 – Princípios Constitucionais sensíveis2 – Princípios Constitucionais estabelecidos (organizatórios)3 – Princípios Constitucionais extensíveis

Obs.: -O poder Constituinte Originário é ilimitado juridicamente.

-O poder derivado reformador é limitado:

Limite ProcedimentalLimite Material Limite Circunstancial

-O poder Constituinte derivado é limitado por essas normas centrais constitucionais

Questão: o estado pode tudo em sua Constituição? Não pode tudo, tem sua autonomia limitada pelos princípios da CRFB (que estão no gênero norma central federal).

Objeto de Controle: Lei Municipal – não pode ser objeto de controle concentrado no STF. Pode ser objeto de controle no TJ, tendo como parâmetro a Constituição Estadual. Em regra da decisão do TJ não caberá RE, quando o assunto for local. Excepcionalmente caberá, quando o assunto não for local, quando ser tratar de norma de reprodução obrigatória.

Esse RE que desafia a decisão do TJ será sistema difuso ou concentrado? Será sistema concentrado. A decisão do STF nesse RE produzirá efeitos erga omnes, ex tunc, vinculante.

Controle de Constitucionalidade Difuso no âmbito estadual

Legitimidade: qualquer pessoa física ou jurídica diante do caso concreto.

Competência: qualquer juiz, qualquer Tribunal, diante do caso concreto.

Objeto de Controle: lei ou ato normativo estadual ou municipal.

Parâmetro de Controle: Constituição Estadual.

Efeitos da Decisão: inter partes, ex tunc.

Precisa remeter ao legislativo para que a decisão tenha efeitos erga omnes (art. 52, X, da CRFB). A maioria das Constituições Estaduais dizem que, se a lei for estadual, o TJ remete à Assembléia Legislativa; se for lei municipal, o TJ remete à Câmara Municipal. No entanto, algumas Constituições Estaduais (RS, RN, MS) dizem que, ser for Lei Estadual ou Municipal, quem suspende, sempre, é a Assembléia Legislativa. Esse último regramento, segundo o STF, é constitucional, pois se encontra na autonomia do Estado membro.

Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva no âmbito estadual

Não existe hierarquia entre as pessoas jurídicas com capacidade política. O que existe é uma divisão constitucional de competência. A competência Estadual é remanescente.

O Distrito Federal é uma pessoa jurídica com capacidade política híbrida (competência material de estado e município). Possui menos autonomia, maiores limites que os Estados membros. Ex.: 1 - não pode se dividir em municípios (art. 18, §4º e art. 32). 2 - O MP do Distrito Federal é parte do MPU (art. 128)

Regra Constitucional: A União não pode intervir nos Estados e os Estados não podem intervir nos Municípios.

Obs.: A União não pode intervir nos Municípios. Excepcionalmente, a União pode intervir em Municípios em seus territórios.

Excepcionalmente, os Estados podem intervir em seus Municípios. Existem 4 espécies de intervenção:

1 – Intervenção por decretação direta do Poder Executivo2 – Solicitação do Poder Legislativo Estadual3 – Requisição direita do Poder Judiciário estadual4 – Requisição do Poder Judiciário estadual depois de julgar procedente a Ação

Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (art. 35, IV)

No inciso IV do art. 35 existem 4 motivos que fundamentam a intervenção:

1 – Assegurar a observância de princípios. (Quais princípios?)2 – Para prover a execução de lei. (Qual lei?)

3 – Para prover ordem judicial4 – Para prover decisão judicial

Somente os dois primeiros motivos fundamentam a Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva. Nos dois primeiros motivos, tem-se direito de ação, nos dois últimos, direito de petição.

Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva do Estado no Município

Legitimidade: PGJ

Competência: TJ

Objeto de Controle: 1 – Observância dos princípios estabelecidos na Constituição Estadual

2 – Execução de lei

Quais Princípios? A maioria das Constituições Estaduais não estabelecem um rol desses princípios. A doutrina diz que os municípios devem obedecer, sob pena de intervenção, os princípios constitucionais sensíveis (verificar: art. 34, VII, art. 37).

Quais leis? Lei federal, estadual ou municipal. O Município não pode se negar a executar lei federal, mas por quê o estado deve assegurar a execução de lei federal? Dois motivos:

-A União não pode intervir em Municípios (a não ser os localizados em seus Territórios)

-Toda pessoa jurídica com capacidade política deve preservar a lei, assegurar a execução de lei, independentemente de qual seja (art. 23, I).

Art. 34 – Se o Município não executa lei federal, cabe intervenção do Estado no Município. Se o Estado não cumpre a intervenção, tem-se caso de intervenção da União no Estado.

Efeitos da Decisão: se o TJ julga procedente a ação, requisita ao Governador que decrete a intervenção. A intervenção se concretiza em um Decreto do Governador.

O Governador pode:

-Fazer um juízo de valor de que não é caso de nomear um interventor do Estado no Município, entendendo que basta suspender os atos que ensejaram a intervenção.

-Se apenas a suspensão dos atos não bastarem, nomeia um interventor. Sempre que houver intervenção do Estado no Município, ocorre limite circunstancial do poder de emendar a Constituição Estadual. Os Projetos de Emenda na Assembléia Legislativa ficam sobrestados (mesma previsão do art. 6, §1º, da CRFB).