contratos civis - aulas teóricas
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CONTRATOS CIVIS FDUCP
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10 de Setembro (2a ) Aula 1
Matria a ser lecionada:
Contrato de Compra e Venda Noo, Classificao e Efeitos
Contrato de Doao toda a matria
Contrato de Locao
Contrato de Comodato toda a matria
Contrato de Mtuo toda a matria
Contrato de Mandato ou de Depsito dependendo da existncia de tempo
Bibliografia
Prof. Menezes Leito Direito das Obrigaes, vol. III
Cdigo Civil Anotad o Vol. II
-se a nota.
Contrato de Compra e Venda
Existe contrato de compra e venda sempre que se transmite um direito (patrimonial)
mediante o pagamento de um preo (elemento essencial da compra e venda)
O Preo u ma avaliao subjectiva, mas o mercado d a este o seu cariz objectivo.
vale 30 euros, s por ela ser minha amiga no se est face a um contrato de compra e
venda mas sim uma do ao existe uma liberalidade, s vendo por 20euros porque
ela minha amiga. Contudo se o transmitir porque preciso mesmo do dinheiro e a
Maria no d 30euros neste caso j existe uma compra e venda.
O Objecto da Compra e Venda um Direito Subjectivo.
O Paradigma da Compra e Venda transmitirem -se direitos de propriedade.
Nos termos do art. 879 al. b), um dos efeitos essenciais da compra e venda a
obrigao de entregar a coisa contudo tal pode no acontecer ex: direito de
crdito.
Nos termos do art. 874, o que se vende so direitos subjectivos (no coisas) mediante
um preo!
Aulas Terico-Prticas de Contratos Civis Prof. Pedro Eir
2012/2013
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17 de Setembro (2a) Aula 2
Nos termos do art. 874, o objecto imediato da compra e venda sempre um direito
que pode incidir ou no sobre coisas.
(Questo) Qual o regime do escambo ou troca?
Aplica -se o regime da compra e venda, devido ao art. 939 (ateno ao art. 892).
Nos termos do art. 939, as regras da compra e venda aplicam -se:
A contratos onde se alienam bens (troca)
A contratos com encargos (hipoteca e pen hor)
pode
compreender uma de duas situaes
Bens futuros (art. 408/2)
Venda nula nos termos do art. 280 por impossibilidade legal do objecto
ontrar a soluo do penhor de bem alheio.
relativos compra e venda.
Acrdo do Supremo Tribunal de Justia o9. 10. 2003 (Documento 1)
Nos termos do art. 792 estabelece -se o risco.
(Questo) Na Compra e Venda quando foi transferido o risco?
O Contrato de Compra e Venda um contrato real quoad effectum e obrigacional
quoad effectum.
Nos termos do art. 879 estabelecem -se os efeitos essenciais da compra e venda,
sendo que na al. b) estabelece -se como efeito essencial a entrega da coisa vendida.
Contudo tal pode no acontecer (no existe essa obrigao para o vendedor), como
por exemplo nos casos de cesso de crditos ou da posio contratual no so
direitos reais.
Situaes de Compra e Venda de Direitos Reais em que no h a entrega da coisa:
Casos em que o comprador era o arrendatrio j possuidor
Situaes de compra e venda de um direito real de propriedade em que a
coisa no est em poder do vendedor, no nascendo deste modo a
obrigao para o vendedor de entrega da coisa.
Pelo princpio da autonomia privada a coisa pode no ser entregue por
aco rdo das partes, ou seja estas podem combinar que no h a obrigao de
o vendedor de entregar a coisa porque o comprador a vai buscar.
Situaes de compra e venda de um direito real de propriedade em que a
coisa est em poder do vendedor e combina -se que o vendedor nunca ir
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entregar a coisa ao comprador. Exemplo: quadro da Mona Lisa na posse do
vendedor e o comprador aceita que esta fica em exposio no Museu do
Louvre.
Prof. Pedro Eir: a compra e venda no aceita a referida situao. No
uma compra e venda mas sim um negcio atpico, ao abrigo do
Princpio da Autonomia Privada, com lacunas e aplicao das regras
da compra e venda.
A situao referida no exemplo lcita? No se sabe se legalmente
admissvel. A compra e venda implica sempre que a n atureza do direito
permita a entrega da coisa ao comprador.
Nos termos do art. 879 al. c) consagra -se como um dos efeitos essenciais da compra e
venda o pagamento do preo, sendo que este efeito s no se verifica quando o
preo j foi pago anteriormente. uma situao diferente da constante na al. b) do
mesmo artigo, uma vez que esta pode mesmo no se verificar. Por sua vez, o preo
tem de existir sempre, podendo j ter sido pago antes.
Nos termos do art. 874 consagra -se que a compra e venda o contr ato pelo qual se
transmite a propriedade de uma coisa, ou outro direito (art. 879 al. a) a transmisso
da propriedade da coisa ou da titularidade do direito), mediante um preo (art. 879
al. c) a obrigao de pagar o preo) faz todo o sentido que o artigo 874 que
consagra a noo de compra e venda no se refira obrigao de entrega coisa
uma vez que esta pode mesmo no existir como j foi referido.
Ou seja, na compra e venda existe o efeito translativo e o preo tem de ser pago
sendo estes os elem entos que fazem parte da noo de compra e venda consagrada
no art. 874.
(Questo) O que um contrato real quoad effectum?
um contrato que produz efeitos reais.
(Questo) Transmitindo -se, por compra e venda, um direito que no real, o contrato
de com pra e venda real quoad effectum?
A nica coisa que resulta do contrato de compra e venda a transmisso da
titularidade do direito (art. 879 al. a)) que efeito este?
Na opinio do Prof. Menezes Leito no existem, no direito portugus, vendas
obriga trias, ou seja no existe na compra e venda apenas a criao de obrigaes.
Quer na legislao quer na doutrina muitas vezes trata -se a parte pelo todo: se o
objecto da compra e venda um direito real a compra e venda real quoad
effectum, no existindo
Na opinio do Prof. Pedro Eir, quando o Prof. Menezes Leito refere o facto se no se
admitir a venda obrigatria ele est apenas a referir -se s situaes em que o objecto
da compra e venda um direito real. Quando o objecto da compra e venda no
um direito real pode ocorrer a venda obrigatria.
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(Questo) E se quisermos abranger todas as compras e vendas, mesmo sem direitos
reais?
Efeito real quoad effectum: s quando o objecto da compra e venda so
direitos reais. Quando o objecto da compra e venda no um direito real no
existe o efeito real quoad effectum.
A eficcia real em sentido amplo corresponde transmisso da titularidade do
direito em causa (art. 879 al. a). Direito que passa de uma esfera jurdica pa ra
outra.
O Efeito real corresponde a uma transmisso da titularidade do direito, eficcia
externa das obrigaes torna todos os outros obrigados passivamente de no
perturbar o exerccio daquele direito.
O art. 879 al. a) encontra -se relacionado com o a rt. 408.
effectum, operando -se neste sentido a transmisso da propriedade, em regra, por
os efeitos obri no
ficando todavia, a verificao do efeito real dependente do cumprimento destas
obrigaes significa que o efeito translativo (real ou no) no depende, em regra,
do cumprimento de qualquer dos efeitos obrigacionais.
O art. 408/2 no uma excepo face ao n1 do mesmo artigo: quando est em
causa o direito real mximo de propriedade o efeito translativo ocorre por mero efeito
do contrato.
(Questo) Em que momento?
Mesmos nos casos do artigo 40 8/2 (existe uma diferena temporal) o momento no
deixa de ser o momento da celebrao do contrato. Os contratos de compra e
venda so reais quoad effectum, ocorrendo o efeito translativo por mero efeito da
celebrao do contrato.
a Coisa: segue as regras gerais da compra e venda quanto
ao lugar e tempo. Obrigao de Pagamento do Preo: diferente.
Acrdo do Supremo Tribunal de Justia - 18. 09. 2003 (Documento 2)
A Compra e Venda um contrato consensual quoad constitutionem, ou seja o critrio
o da constituio do contrato.
(Questo) Para o contrato estar constitudo/celebrado basta o acordo das partes ou
exige -se a traditio?
Segundo o Acrdo basta o acordo das partes, uma vez que a no entrega material
da coisa no implica co m a celebrao do contrato.
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A compra e venda no um contrato real quoad constitutionem devido ao facto de
a entrega da coisa no ser efeito essencial (art. 879 al. b)). Podemos ter um contrato
de compra e venda celebrado ainda que sem a entrega da coisa .
Ao contrrio do que sucede no direito alemo em que necessrio a entrega da
coisa, o ordenamento jurdico portugus consagra uma modalidade diferente.
O Efeito translativo no direito portugus ocorre por mero efeito do contrato, contudo
esse efeito pod e no ser imediato celebrao do contrato (art. 408/2).
O Efeito real produz -se pela celebrao do contrato. O momento da produo de
efeitos em regra o momento da celebrao mas h a excepo constante do art.
408/2.
Prxima Aula: Transmisso do Dir eito Real
Sistema de Ttulo
Sistema de Modo
Sistema de Ttulo e de Modo
Depois de analisar os vrios sistemas estudar a venda de ao (Acrdo do Supremo
Tribunal de Justia 13. 05. 2008 (Documento 3))
24 de Setembro (2a) Aula 3
Nos termos do art. 879 al. a) consagra -se o efeito translativo do direito.
Sistema de Transmisso do Direito Real
Sistema de Ttulo: basta a celebrao valida e eficaz do contrato
Sistema de Modo: basta a entrega da coisa
Sistema de Ttulo e Modo: necessrio
Contrato de comp ra e venda (ttulo)
Realizao de formalidades essenciais (modo)
Traditio (bens mveis)
Registo (bens imveis)
diferente dos contratos reais quod constitutionem
O contrato j se encontra celebrado
No Direito Alemo vigora o Sistema de Modo. Os contrato s so contratos promessa em
vez de verd adeiros contratos de compra e venda? Trata -se de uma compra e venda
meramente obrigacional, no tendo valor real uma vez que no existe efeito
translativo (art. 879 al. a). O vendedor tem a obrigao de transmitir a propriedade,
uma vez que ele no transmitida pela celebrao do contrato. No sistema de modo
existe um registo constitutivo.
No sistema de ttulo, para ocorrer a celebrao do contrato necessrio apenas o
acordo das partes para a sua celebrao contr ato consensual.
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O Prof. Carvalho Fernandes defende a teoria dos efeitos prtico jurdicos.
O Comprador quer adquirir a titularidade/propriedade do bem, sendo que neste caso
o efeito jurdico assenta na conscincia de se estar a vincular juridicamente a este.
No sistema de ttulo os contratos quanto constituio so meramente consensuais.
No se exige a entrega da coisa porque o efeito real se produza.
O Sistema de Ttulo encontra -se relacionado com o Princpio da Consensualidade, ou
seja consiste no fa cto de a manifestao da vontade assentar apenas no consenso
entre as partes.
necessrio distinguir entre contratos causais e abstratos:
Contratos Consensuais: existe uma justa causa de aquisio
Contratos Abstratos: Exemplo: cheque enquanto ordem de pagamento no
discutida.
o melhor para o direito comercial uma vez que cumpre melhor o Princpio da
Celeridade. Ou seja, existe no Direito Comercial sendo: (1) menor a exigncia
de forma; (2) princpio da abstrao; (3) internacionalizao
Nota: ttu lo de crdito letras e livranas no so um negcio
Um Negcio Abstrato no um negcio sem causa (todos os negcios tm
uma causa) h negcios em que a causa interfere para efeitos mas na
abstrao em regra no se pode identificar a causa.
Nos negci os causais, a causa tem de ser explicada para que o efeito se produza.
No Sistema de Modo, em regra, s depois do registo que ocorre a produo de
efeitos reais.
No Sistema de Ttulo, existe o Princpio da Causalidade e da Publicidade Declarativa.
No Direito Comercial as coisas funcionam de um modo diferente Acrdo do
Supremo Tribunal de Justia 13. 05. 2008 (Documento 3).
O Referido Acrdo defende que na compra e venda de aes s o contrato no
transfere a titularidade de aes. Consagra -se assim um sistema de ttulo e de modo,
sendo que este ltimo, ou seja o modo, apoia -se no ttulo vlido (no bem um
negcio abstrato).
A Compra e Venda de Aes encontra -se consagrada no Cdigo dos Valores
Mobilirios. Vigora, como j se referiu, um sistema de ttulo e de modo, sendo de ter
ateno que o modo no forma do contrato.
No Direito Civil Portugus vigora o Sistema de Ttulo
No Direito Comercial Portugus vigora o Sistema de Ttulo e de Modo
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Nos termos do art. 879 al. a) o contrato de compra e venda produz o efeito
translativo, salvo exista reserva de propriedade sendo que neste caso mais tarde ir
ocorrer o efeito translativo a menos que a condio no se verifiqu e.
Havendo um contrato designado de compra e venda mas sem efeito translativo de
desconfiar uma vez que a implica a no obrigao de entrega da coisa.
Nos termos do art. 880, em relao a coisa futura que nunca chegue a ser presente:
O efeito translat ivo no ocorre nem existe a obrigao de entrega da coisa
nem do pagamento do preo
Existe um caracter aleatrio de obrigao de pagar o preo.
no se fala em compra e venda
Tratam -se de realidades em que o direito incide sobre uma coisa.
Efeitos Obrigacionais art. 879 al. b) c)
Nos termos do art. 879 al. b) h casos em que pode no se verificar a entrega da
coisa (j vi sto nas aulas anteriores, por exemplo direitos de crdito). Alm de tal o art.
874 no se refere entrega da coisa.
Nos termos do art. 882 consagra -se o contedo da obrigao de entrega.
As partes quando celebram o contrato de compra e venda podem limit ar o contedo
do mesmo. Tal resposta implica com a compra e venda de coisas defeituosas, ou seja
implica com o equilbrio contratual.
Formas de o vendedor violar a obrigao de entrega:
No cumpre de todo o contrato
Entrega realidade diferente da que foi c ombinado entregar aparentemente
cumpriu a obrigao mas cumpriu mal.
Problema: quando no h coincidncia temporal entre a celebrao do contrato e a
sua entrega.
Nos termos do art. 882, no se trata diretamente do problema do risco, estando
contudo asse nte que contempla situaes em que o tempo da venda coincide com
o momento da celebrao do contrato. Exceo: coisas futuras ou indeterminadas.
Nos termos do art. 882/1, quanto s coisas especficas qual o momento:
Momento da celebrao do contrato? N o
Momento da transmisso do direito. Prof. Raul Ventura indica que nestes casos
ocorre quando uma coisa futura passa a presente, e uma coisa indeterminada
a determinada ocorrendo ento a produo do efeito translativo consagrado
no art. 408/2.
Momento d a Entrega
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A doutrina entende que no pode ser no momento da entrega, tem de ser num
momento anterior. Ou seja, no momento da transmisso do direito.
Nas situaes sem coincidncia temporal, presume -se a responsabilidade do
vendedor, nos termos do art. 799, existindo ainda o dever instrumento da compra e
venda, dever de custdia.
Nos termos do art. 882/2:
Partes integrantes
Interesse exclusivo que abrange as partes componentes
No abrange as partes acessrias
Frutos pendentes no momento da celebra o
(Questo) os frutos percebidos entre o momento da celebrao e o momento da
entrega ou do cumprimento da obrigao de entrega so necessrios de entregar tal
como acontece quanto aos frutos pendentes?
Os Frutos percebidos podem compreender frutos natura is ou civis (rendas).
Existe ou no a obrigao de entrega dos frutos percebidos? O comprador j titular
do direito no momento da celebrao do contrato, pelo que os frutos percebidos
devem ser entregues tal resulta no da obrigao de entrega da coisa , mas sim dos
direitos do proprietrio.
Nos termos do art. 882, no se encontram abrangidos:
Parte integrante da coisa aps a venda
Frutos produzidos pela coisa depois da celebrao do contrato (Prof. Pedro
Albuquerque)
Nestes dois casos no existe a obr igao de entrega da coisa, pois eles j so do
comprador que o proprietrio desde a celebrao do contrato.
Documentos
O legislador quer que o comprador possa exercer e beneficiar do contedo do direito
adquirido. Interessa o resultado da obrigao.
Os documentos, nos termos do art. 882/3, respeitam relao entre a coisa e o
direito. Tal abrange o documento essencial para a prpria entrega da coisa? Neste
caso no se aplica o art. 882/2, mas sim o n1.
Os documentos probatrios do contrato consubstan ciam um dever acessrio de
entrega resultante da boa f.
Embalagem
Exemplo: botija de gs embalagem necessria para a entrega do bem mas no
objeto do contrato, cabendo por isso ao comprador a sua posterior devoluo.
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Com o cumprimento do objeto de entrega opera -se a transmisso da posse para o
comprador. Nos termos do art. 1264 e se no ocorrer a entrega da coisa?
A posse transmite -se por:
Via da entrega da coisa
Constituto possessrio: se por qualquer motivo o vendedor no entregar a coisa
ele d etentor e o comprador possuidor.
Reaes do comprador quanto ao incumprimento da entrega dois tipos de aes:
Arroga -se da sua situao de proprietrio reao ao direito real de
propriedade, agindo contra o vendedor ou terceiro o que permite que o
cont rato de compra e venda se mantenha intacto
Ao de incumprimento de uma obrigao
1 de Outubro (2a) Aula 4
Efeitos Obrigacionais art. 879 al. c)
Esta obrigao pode no existir como efeito, por exemplo nas situaes em que o
preo j se encontra pag o antes da celebrao do contrato.
Esta al. c) difere da al. b). Na al. b) a entrega da coisa pode mesmo nunca existir
(direitos de crdito), enquanto na al. c), o preo tem de ser sempre pago pode ter
sido antes da celebrao do contrato.
Em relao ao pagamento do preo, a primeira questo assenta em saber que
obrigao esta em termos de classificaes das obrigaes: no tem sido admitida
a possibilidade do preo no ser uma quantia pecuniria, pelo que regulado nos
termos do art. 550 e ss o pre o em dinheiro.
Nos termos do art. 1544 do Cdigo de Seabra estabelecia -
no actual Cdigo Vigente esta ideia no to clara, uma vez
que no fala que o preo tem de ser pago em dinheiro.
Tal no signific a que o comprador no possa satisfazer tal prestao pecuniria
atravs do outro modo, sendo valido o acordo celebrado entre o comprador e o
vendedor depois da celebrao do contrato em que se acorda que em vez de se
pagar uma determinada quantia pecuniri a se acorda a entrega de outro bem
utilizando neste caso, por exemplo, a figura da dao em cumprimento.
O que no podem aquando da celebrao do contrato dizer -se que se transmite o
direito mas acorda -se a entrega do bem.
Existem trs efeitos essenciais da compra venda previstos no art. 879: como se
relacionam entre si?
Nos termos do art. 885, o legislador ao contrrio do que fez com a obrigao de
entrega da coisa ( regulada pelas regras gerais das obrigaes), a obrigao de
pagamento do preo previ sta no art. 885 constitui uma excepo ao regime gera do
cumprimento consagrado no art. 774 (domicilio do credor).
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Se as partes no tiverem estipulado que a entrega da coisa se fazia no domiclio do
credor, ou os usos no o estipularem, aplica -se o regim e do art. 885, que consagra
que o preo deve ser pago no momento e no lugar da entrega da coisa . Tal
relaciona -se com a excepo de no cumprimento. Entre o pagamento do preo e a
entrega da coisa (quando ela existir) existe um sinalagma.
Em que termos a transmisso da titularidade do direito (art. 879 al. a)) se encontra
relacionada com os efeitos essenciais do art. 879 al. b) e c), ou seja em que termos
o primeiro fundament o dos segundos?
Num contrato com reserva de propriedade existe a obrigao de entrega da coisa?
Sim, podebasta as partes combinarem. Uma coisa a reserva da propriedade, outra
so as obrigaes (al. b) e c)) pelo que se pode aplicar o regime geral consagrado no
art. 428, ou seja a excepo de no cumprimento (no se tem de entrega r em coisa
enquanto no se pagar o preo)? Pode ser, mas no est absolutamente certo.
Ponto assente que o art. 879 al. a) fundamento da al. b) e c) mas onde est a
base legal de tal consagrada?
Uma coisa saber quando nasce a obrigao e outra coisa decidir -se quando a
obrigao que j nasceu tem de ser cumprida. Tratam -se de dois problemas
diferentes.
Aplicando a excepo de no cumprimento, pressuposto a existncia da
obrigao. Contudo, o que se verifica na situao em anlise a forma como a
c ompra e vendaesta programada os efeitos da al. b) e c) s serem constitudos
quando se verificar o efeito translativo previsto na al. a).
O efeito translativo se j ocorreu partida j nasceu a obrigao de pagar o preo. A
base legal de tal encontra -se no art. 874 (transmisso do direito e pagamento do
preo). Inelutavelmente o contrato de compra e venda assenta na transmisso de um
direito e consagra a obrigao de pagar o preo: uma consequncia da outra.
Nos termos do art. 879, a al. a) faz a nasc er as obrigaes, enquanto que as al. b) e c)
so relativas ao cumprimento das obrigaes, podendo ocorrer a excepo de no
cumprimento.
Segundo o Prof. Menezes Leito no art. 879 existem dois sinalagmas:
Al. a) e al. c): existe um sinalagma gentico, ou seja a al. a) faz nascer a
obrigao.
Al. b) e c): existe um sinalagma funcional, no se relaciona com a criao da
obrigao, mas sim com a execuo das obrigaes. Funciona de modo a
ningum ser obrigado a cumprir uma restrio a que est obrigado enq uanto
no for cumprida a obrigao para com ele.
Nota: existindo uma situao de clusula de reserva de propriedade, no ocorrendo a
transmisso da propriedade enquanto no se pagar o preo, mas no estando o
devedor obrigado a pagar o preo enquanto no o correr o efeito translativo como se
resolve a situao?
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A verdade que nas situaes de reserva de propriedade combina -se o momento do
efeito translativo do direito que coincide com o pagamento do preo.
Quanto compra e venda, sem reserva de propriedad e, o que se retira da noo e
da tcnica jurdica utilizada pelo legislador no art. 879?
A obrigao quer de entrega da coisa quer de pagamento do preo s surge na
esfera jurdica do comprador e do devedor com o efeito translativo do direito. Ou seja,
n o se discute a excepo de no cumprimento antes da obrigao nascer, o que
significa que o comprador no tem de pagar o preo antes de adquirir o direito no
se trata de excepo de no cumprimento, mas sim de ainda no ter nascido a
obrigao na sua esfera jurdica.
Nascendo a obrigao, o comprador tem duas hipteses:
A coisa j foi entregue? Tem de pagar o preo
A coisa ainda no foi entregue? Pode invocar a excepo de no
cumprimento
Porque que o vendedor tem a obrigao de entregar a coisa? Po rque vendeu, ou
seja a compra e venda a fonte desta obrigao.
O efeito transmissivo tambm faz nascer do vendedor a obrigao de entrega da
coisa (quando ela existe), sendo que se o preo ainda no foi pago ele poder
invocar a excepo de no cumprime nto consagrada no art. 428.
Entrega da coisa : tem de estar completa (imagine -se a complexidade de uma
mquina no basta entregar, necessrio montar; entrega por fases s est
completa na ltima fase).
O art. 886 tem a seguinte importncia:
D uma p revalncia ao efeito real ou transmissivo face aos efeitos
obrigacionais refora -se a ideia de que o efeito transmissivo, se for um efeito
real puro e duro, prevalece sobre os efeitos obrigacionais. mesmo no sendo
cumprida a obrigao de pagar o preo, o efeito transmissivo ou real mantm -
se. Razes:
Estabilidade das situaes jurdicas reais prevalece sobre as anomalias
nas situaes obrigacionais razo principal segundo o Prof. Pedro Eir
Prof. Calvo e Silva: com esta regra, acaba -se por se proteger os
mutuantes dos compradores.
Nos termos do art. 883, quanto determinao do preo, este pode no estar fixado.
necessrio ainda ter em considerao o art. 400 quanto fixao da obrigao por
parte de terc eiro.
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Nos termos do art. 883, o pressuposto o preo no estar fixado por entidade publica
nem as partes nada o estipularem, pelo que segundo este artigo existem trs regras:
Preo que o vendedor normalmente praticar data da concluso do contrato
(prevalece sob o critrio seguinte)
Preo do mercado ou da bolsa no momento do contrato
Recurso a juzos de equidade
Regra para a compra e venda civil (art. 456 do Cdigo Comercial -
no se refere a equidade)
Nos termos do art. 883/2, se as partes se reper cutirem ao justo preo aplica -se o
disposto no n1.
Nos termos do art. 400 necessrio saber como o mesmo se compatibiliza com o art.
280, podendo ter problemas ao nvel da determinabilidade.
Em sede de compra e venda, a doutrina tem entendido no quadr a com a compra e
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como uma clusula deste gnero ser uma compra e venda? Parece que no, um
contrato atpico. Mas tal clusula compatibiliza -se com o art. 280?
Em termos d e compra e venda, o art. 400 acaba como critrio ltimo da equidade,
sendo a equidade a justia do caso concreto. Na compra e venda s se colocava em
causa a equidade se no existisse nenhum critrio que fizesse que no se conseguisse
aplicar a equidade.
Na compra e venda tal suceder, no impossvel, mas muito difcil uma vez que
existe sempre um indicio que vai permitir um terceiro raciocinar o pagamento do
preo em termos de equidade, sendo tal indicio a aquisio do direito. Olha -se para o
direito t ransmitido e equaciona -se o preo.
Ou seja, o art. 400 na compra e venda tem sempre a contrapartida da aquisio do
direito o que permitira a aplicao do critrio da equidade sem problemas do art.
280. A remisso para o art. 400 pacifica e aplica -se sem problema, no havendo
nenhuma situao que justifique a aplicao da nulidade do art. 280.
Interpretao do art. 400/2:
Tem se entendido que tal se aplica a qualquer perturbao ou incorreco no
processo de determinao do preo. Tem -se dado um mbi to genrico. Tanto
se aplica se o terceiro no determinou o preo ou se o terceiro determinou de
acordo com uma m aplicao dos critrios fixados pelas partes. Nestes casos,
aplica -se em primeiro lugar, os critrios fixados pelas partes e na falta destes
dos critrios estabelecidos no art. 883.
Excepo: art. 466 do Cdigo Comercial consagra -se que as partes
colocam a determinao do preo ao arbtrio de um terceiro. Deixa de
ser um poder discricionrio e passa a ser um poder arbitrrio. Sendo
assim, o tribunal no tem hiptese de verificar a utilizao do critrio.
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Nos termos do art. 884, consagra -se uma possibilidade de reduo do preo. Coloca -
se a questo de saber como se determina o preo da parte reduzida.
Partes podem prever essa hiptese e aplica -se tal
E se tal previso no tiver sido descriminada? Nos termos do art. 884/2, a
determinao feita por meio de avaliao. Tal muito curioso se
compararmos com outros preceitos que tratam de situaes em que existe
reduo do obje cto, como por exemplo:
art. 791 (impossibilidade parcial do cumprimento da obrigao) que
consagra um critrio de proporcionalidade;
art. 887 e 888 que consagra que uma venda assente em todas as
arvores assentes num pomar e determina -se o preo X por arvore sendo
tudo proporcional;
art. 902 que se refere dentro da venda de bens alheios (modalidade
especial da compra e venda) em que se chega concluso que uma
parte do objecto alheia consagrando -se um critrio de
proporcionalidade;
art. 992 (co ntrato de sociedade), que nos termos do n1 os scios
participam nos lucros e perdas da sociedade segundo a proporo das
respectivas entradas aplicando -se ento mais uma vez um critrio
proporcional.
Interpretao do art. 884/2:
Tem se defendido que ao remeter -se para o meio de avaliao que foi afastado o
critrio da proporcionalidade. Razo: se o comprador recebe metade daquilo que foi
objecto da compra e venda, as utilidades que retira de metade do objecto podem
ser ou no metade daquilo que o objecto . um critrio mais fiel realidade. Mas
porque que a excepo e no a regra?
Relaciona -se com a natureza da compra e venda, nomeadamente com o
facto de o mesmo ser oneroso. Tem de existir um equilbrio entre as duas
prestaes (equivalncia). A id eia que o comprador e o vendedor depois do
contrato achem que o contedo das suas esferas jurdicas se mantem ou
aumentem. O caracter oneroso, segundo o Prof. Pedro Eir, representa que o
comprador tem de entender depois da compra e venda, que a sua esfe ra
jurdica ficou equivalente em termos patrimoniais. Se no o achar porque
no se celebrou uma compra e venda.
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A parte que merce maior proteco a do comprador, uma vez que o
vendedor tem o domnio da coisa, do direito transmitido. Deste modo, as
modalidades de compra e venda so regimes protectores mais do comprador
do que o vendedor. Regimes mais intensos quanto maior for o desequilbrio
entre as prestaes. Exemplo: compra e venda de coisa defeituosa uma vez
que se quebra a equivalncia objec tiva entre as prestaes; venda de bens
alheios, sendo o comprador um bocadinho mais protegido do que o vendedor,
embora o vendedor tambm possa desconhecer que o bem no seu mais
natural o comprador no tenha conhecimento nenhum sobre a situao.
Nos termos do art. 878, consagra as despesas do contrato.
Regra; as despesas do contrato e outras acessrias ficam a cargo do
comprador.
Despesas inerentes celebrao do contrato, e no de guarda ou de
embalagem da coisa uma vez que tais so da responsabil idade do
vendedor.
Acessrias como o transporte do notrio para um sitio qualquer (pagar
o txi cabe ao comprador)
Despesas provocadas pelo contrato, mas no inerentes ao mesmo, ou se
combina de maneira diferente ou correm por conta do vendedor.
Classificao do Contrato de Compra e Venda
1. Contrato Tpico e Nominado
2. Contrato Oneroso
Equivalncia entre os sacrifcios e benefcios sempre presente, nomeadamente no
preo, sendo este o valor (justo) da coisa. Sendo que justo aquele que o comprador
acha que merece a aquisio daquele direito, e que o valor pelo que o vendedor
naquele caso est disposto a perder aquele direito cada contrato tem a justia
interna.
quem di z contratual diz justo
ideia de justia interna do contrato, estando as partes em condies de exercer a
autonomia privada.
E quanto aos valores de mercado? Se toda a comunidade achar que vale 1milho, se
influencia dos valores de mercado?
Sendo um preo de favor no se esta face a uma compra e venda mas sim a uma
doao.
Segundo o Prof. Pedro Eir, necessrio avaliar o animus do comprador e do
vendedor. Chegando concluso que as partes acharam que o pr eo era justo
ento estamos face a uma compra e venda.
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O valor do mercado pode indiciar preos de favor. Se existir um valor muito longe do
preo de mercado pode -se chegar concluso que o preo de favor no se esta
face a uma compra e venda. Mas se as partes entenderam que quiseram fazer
daquele preo em termos de equivalncia estamos face a uma compra e venda.
3. Sinalagmtico
Existem dois sinalagmas: gentico e funcional.
necessrio ter ateno ao regime particular do art. 886 e do art. 880/2.
4. Consensual e no formal
Existe a excepo do art. 875.
5. Consensual e no real quanto constituio
Referido cerca do efeito real. O nico ponto a merecer alguma dvida saber se as
partes podem acordar numa compra e venda que o vendedor que tem a posse da
c oisa no entregue nunca a coisa ao comprador. Prof Pedro Eir tem as maiores das
dvidas que tal seja uma compra e venda e que seja legal.
6. Contrato Real Quoad Effectum
necessrio atender a duas questes:
possvel adoptar a linguagem de direitos reais a direitos no reais? O art, 79
al. a) suporta tal.
Situaes do art. 408/2 e do art. 409 no excepcionam a eficcia real de um
contrato, uma vez que apenas regulam o momento em que o efeito se produz
e no a causa.
7. Comutativo ou Aleatrio
Em regra, comutativo. Contudo, existem duas situaes consagradas no art. 880/2
no art. 881:
Nos termos do art. 880, consagra -se a compra e venda de bens futuros. Ambos
os nmeros tem duas realidades substancialmente distintas:
N1: se o bem futuro nunca se tornar presente no existe nenhum efeito
da compra e venda que se produza. O chamado comprador no
adquire o direito, o vendedor no tem de lhe entregar a coisa e o
comprador no tem de pagar o preo. Ento que contrato este ?
Prof. Raul Ventura : isto que se chama de compra e venda de bem
futuro um contrato de formao est se a formar um contrato de
compra e venda se o bem se tornar presente nascendo todos os efeitos
do art. 879.
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N2: o legislador opta por dizer
(no diz que um contrato de compra e venda). Ou seja, se este
contrato que as partes celebram e de que nasce a obrigao de
pagar o preo discute -se se um contrato de compra e venda. Prof.
Ral Ventura: diz que no se trata de uma compra e venda se no
existir a transmisso do direito, sendo este o grande efeito da compra e
venda. O resto da doutrina diz que uma compra e venda sob
condio, o problema a condio incidir sobre o elemento essencial
da compra e venda o u seja o da transmisso do direito. Mas para a
doutrina que entende que uma compra e venda estamos face a
uma que possui um caracter aleatrio.
Nos termos do art. 881 existe uma presuno de aleatoriedade. Imagine -se o
caso de o vendedor dizer que vende x direito pelo preo x mas no sabe se
titular do direito um caso de titularidade incerta. De seguida, no momento
de celebrao do contrato h que verificar se o vendedor era titular do direito.
Se sim, ento tudo bem sim; se no, o direito no transmitido mas o preo
devido. Prof. Ral Ventura : no uma compra e venda, mas sim um contrato
atpico. Para a doutrina que ache que um contr ato de compra e venda
estamos face a um exemplo de compra e venda aleatria.
Prxima Aula : matria da doao
Noo
Efeitos
Classificao
Nota: a matria da doao relaciona -se imenso com as sucesses .
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8 de Outubro (2a) - Aula 5
Contrato de Doao
Acrdo do STJ 1 de Julho de 2010
O contrato de doao, nos termos do art. 9 47, cumpre a forma, uma vez que a
doao foi realizada atravs de escritura pblica.
Existe uma reserva de usufruto nos termos do art. 958, ocorrendo uma situao de nua
propriedade. O art. 958 esta inserido num esquema de clusulas tpicas de
doaes natural que o doador queira mantar a sua estabilidade econmica.