teóricas 2012 - parte iii
TRANSCRIPT
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
230
ALCALÓIDES
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
231
ALCALÓIDES
Conceito - al kaly (árabe) = soda; ou alcalis + eidos (grego)
- definição controversa
- compreende substâncias nitrogenadas
- preferencialmente átomo de nitrogênio em anéis
- a maioria possui caráter básico
- predominância em plantas
- ação farmacológica ou tóxica apreciável
- exceções:
- bases nitrogenadas
- aminoácidos e seus derivados diretos
- nitrogênio fora de anéis
- xantinas, betalaínas*, peptídeos e porfirinas
*pigmentos que são encontrados em várias espécies
vegetais, como na beterraba e em pétalas de rosas; são
substâncias originadas do ácido S-betalâmico e subdividem-
se em betaxantinas (amareladas) e betacianinas (vermelho
a violeta)
NH
O
CO2HHO2C
ác. S-betalâmico
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
232
ALCALÓIDES
Principais grupos químicos
N
H
N
HN
purina
N
N
N
N
H
ou
N
Me
N
Me
quinolina
N
N
N
N
H
N
NH
N
N
H
pirrol pirrolizidina piridina
tropano
pirrolidina piperidina
isoquinolina
indol imidazol
quinolizidina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
233
ALCALÓIDES
Exemplos de estruturas 1
O
OH
HN OH
NH2 OHNMe2 NH2
OMeMeO
MeO
OHNH2
OH OH
NHMe
N
N
HO N
NO
O
HN
O
OH
H O
N
HOO
O
H
OH
NH
N
N NH
N
O
O
N
N
OH
MeO
H
H
N
OH
H
NO
O
O
muscarina tiramina mescalinahordenina
dopamina efedrina nicotina pilocarpina
atropina
senecionina
coniina
cafeína
quinina lupinina piperina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
234
ALCALÓIDES
Exemplos de estruturas 2
NHCOMe
O
MeO
MeO
OMe
OMe
N
NH
H
H H
MeO
MeO
OMe
OMe
NH
N
O
O
MeO
OMeOMe
OMe
OMe
MeO2C
H
H
H
NH
NMeO
OH
MeO2C
H
H
H
N
H
H
HHOH
H
H
NO
NH
NMe
NH
ON
OH
HOH
O
NMe
OHH
OH
H
O
OH
N+
O
HO
MeO
H
N+ OH
OMe
Me
Me
Me
N
O
H
OH
H
NH
N
H
OHH
O
reserpina
ioimbina
emetina
estricninacolchicina
solanidina
ergotaminamorfina tubocurarina
atisina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
235
OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO
- amplamente distribuídos no reino vegetal
Angiospermas - Dicotiledôneas
- Apocynaceae, Asclepidaceae, Berberidaceae, Boraginaceae,
Cactaceae, Erythroxylaceae, Leguminosae, Lobeliaceae,
Loganiaceae, Menispermaceae, Papaveraceae, Ranunculaceae,
Rubiaceae, Solanaceae, etc.
- Monocotiledôneas - Amaryllidaceae, Liliaceae, Orchidaceae, Poaceae
Gimnospermas - Cephalotaceae, Cycadaceae, Ephedraceae, Pinaceae
Outros - fungos, bactérias, insetos e animais
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
236
PROPRIEDADES
Químicas - formação de sais em presença de ácidos
NRR'
R'' NHRR'
R''+ H+
- H+
salforma livre (neutra)
.. +
- basicidade variável: largo espectro de pKb
- reação ou complexação com metais pesados e reagentes especiais
com formação de precipitados coloridos
- os sais em meio ácido precipitam-se com taninos
- às vezes estão presentes na forma de N-óxidos
Físicas - peso molecular médio entre 100-900
- com átomos de oxigênio geralmente são sólidos cristalinos
- sem átomos de O geralmente são voláteis e podem ser líquidos
- a forma livre é solúvel em álcoois, em solventes orgânicos de
polaridade intermediária, e insolúveis em H2O
- os sais são solúveis em H2O
Biológicas - largo espectro de atividades
- depende do conjunto de substâncias de uma dada planta
- variações de acordo com cada estrutura química e a dose
- há classificações com base em propriedades biológicas
- empregados em extratos, derivados, puros ou em associações
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
237
EXTRAÇÃO E ISOLAMENTO
- baseados nas propriedades químicas e na solubilidade
- a basicidade variável dos alcalóides deve ser considerada
- existem padronizações para cada droga vegetal ou classe de alcalóide
- o uso de bases fortes não é recomendado
- Métodos p/ alcalóides totais (vegetais secos e pulverizados)
Método A - adição de ácido mineral diluído em meio aquoso
- adição de solvente orgânico imiscível em H2O e extração
- neutralização da fase aquosa com hidróxido alcalino diluído
- extração com solvente orgânico imiscível em H2O
Método B - adição de hidróxido alcalino em meio aquoso (diluído)
- extração com solvente orgânico imiscível em H2O
- adição de ácido mineral diluído em meio aquoso e extração
Método C - extração com etanol
- adição de ácido mineral diluído em meio aquoso
- extração com solvente orgânico imiscível em H2O
- adição de hidróxido alcalino diluído
- extração com solvente orgânico imiscível em H2O
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
238
PURIFICAÇÃO
- existem padronizações para cada droga vegetal e cada classe de
alcalóide
- extrações ácido-base consecutivas
- precipitações seletivas
- eliminação de solventes voláteis
- recristalizações
- resinas de trocas iônicas
- cromatografia de adsorção: sílica gel, celulose, alumina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
239
CARACTERIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO
Reagentes Gerais - coloração: ácidos fortes - H2SO4, HNO3, HCl, reagentes de Arnold,
Frohde, Mandelin, Marquis, Erdmann, Lafon
- precipitação: ácidos de metais pesados ou iodados - ác.
cloroplatínico, picrolônico, cloro-áurico, cloroplatínico, reagentes de
Bertrand, Mayer, Dragendorff, Bouchardat, Wagner, Marné, Valser, Hager,
ácido tânico
- em alguns casos há interferentes (falsos positivos)
Reagentes Específicos - para algumas classes de alcalóides/substâncias específicas
- Ex: reações de Vitali (tropânicos), da murexida (púricos), de Otto
(indólicos), de Grahe (quinina), etc.
Métodos Físicos (constantes físicas) - PF, [α]D, η, espectrofotometria, fluorimetria
Métodos Cromatográficos (analíticos) - eletroforese, CP, CCD, CG, CLAE (co-cromatografia com padrões
autênticos)
Métodos Espectrométricos - UV, IV, RMN, EM
Doseamento - alcalóides totais ou alcalóides específicos: gravimetria, volumetria
(acidimetria), espectrofotometria, cromatografia
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
240
CLASSIFICAÇÃO
Por ação farmacológica (exemplos) a) analgésicos: papaverina i) simpaticolíticos: ergotamina b) sedativos periféricos: aconitina j) curarizantes: tubocurarina c) antipiréticos: colchicina l) ganglioplégicos: nicotina d) estimulantes do SNC:
estricnina m) hipotensores: reserpina
e) metil-xantinas: cafeína n) eméticos: emetina f) parassimpaticomiméticos:
pilocarpina o) estomacais: boldina
g) parassimpaticolíticos:
escopolamina p) anti-parasitários: quinina
h) simpaticomiméticos: efedrina
De acordo com grupos químicos (exemplos) a) não heterocíclicos: efedrina h) isoquinolínicos: papaverina b) pirrólicos e pirrolidínicos:
nicotina i) indólicos: estricnina
c) piridínicos: coniinna j) imidazólicos: pilocarpina d) tropânicos: escopolamina l) diterpênicos: aconitina e) pirrolizidínicos: retronecina m) esteroidais: solanina f) quinolizidínicos: lupinina n) púricos: cafeína g) quinolínicos: quinina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
241
CLASSIFICAÇÃO
Por precursores biossintéticos (exemplos) a) derivados da lisina: coniina, lupinina b) derivados da ornitina: escopolamina, rotronecina c) derivados da fenilalanina: efedrina, colchicina d) derivados da tirosina: papaverina, tubocurarina, emetina, boldina e) derivados do triptofano: estricnina, reserpina, ergotamina
f) mistos: cafeína, pilocarpina
g) antranílicos e nicotínicos: nicotina
h) diterpênicos: aconitina
i) esteroidais: solanina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
242
BIOSSÍNTESE
Principais aminas precursoras de alcalóides
NH2H2N CO2H
NH2H2N CO2H
NH2
CO2H
HO
NH2
CO2H
NNH2
H
ornitina
lisina
fenilalanina
tirosina
triptofano
NH2H2N
NH2H2N
NH2
NH2HO
NNH2
CO2H
H
putrescina
cadaverina
tiramina
triptamina
feniletilamina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
243
BIOSSÍNTESE
Biossíntese mista de aminas com iridóides a) Dopamina e seco-loganina
O
H
H
CHO
MeO2C
OGliNH2
OH
OH
NH
O
H
H
HOGli
MeO2C
MeO
MeO
NH
NH
H
H
H
MeO
MeO
OMe
OMe
+
dopamina seco-loganina
emetina
b) Triptamina e seco-loganina
O
H
H
CHO
MeO2C
OGli
NH
NH
O
H
H
HOGli
MeO2C
NH
NH2
NH
N
O
H
HMeO2C
OMe
NH
NH
HMeO2C
MeOH
OH
+
ioimbina
seco-loganinatriptamina
vincosídeo
catenamina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
244
ALCALÓIDES NÃO HETEROCÍCLICOS - PROTOALCALÓIDES -
Exemplos de substâncias - aminas e amidas, alcalóides alifáticos e aromáticos: putrescina,
cadaverina, tiramina, trimetilamina, hordenina, mescalina, efedrina,
muscarina, colchicina, etc.
Exemplos de estruturas
O
OH
HN
OHNH2 OH
NMe2
NH2
OMeMeO
MeO OH
NHMe
NH2NH2 NH2 NH2
NHCOMe
O
MeO
MeO
OMe
OMemuscarina
tiramina
mescalina
hordenina
efedrina
putrescina cadaverina
colchicina
+
estimulantes do SNC, alucinógenos, simpaticomiméticos
Ocorrência - Amanita muscaria (L.:Fr.) Hook. (Amanitaceae, fungo): muscarina
- Echinocactus williamsii Lem. ex Salm-Dyck (peyote, peiotl, peiote,
Cactaceae): mescalina
- Chenopodium vulvaria L. (Chenopodiaceae), Hyoscyamus niger L.
(Solanaceae), Crataegus oxyacantha L. (Rosaceae): trimetilamina
- Colchicum autumnale L. (cólchico, Liliaceae): colchicina
- Ephedra L. spp (efedra, Ma-huang, Ephedraceae ): efedrina
- Hyoscyamus muticus L. (Solanaceae), Pisum sativum L. (Leguminosae):
putrescina, cadaverina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
245
DROGAS
Ephedra L. spp (efedra, Ma-huang, Ephedraceae) - origem: Oriente; arbusto
- parte usada: planta total ou partes aéreas
- constituinte(s) principal(is): 0,5 a 2% de alcalóides: (−)-efedrina e
isômeros (30-90%)
- usos: extração da efedrina; molécula com ação simpaticomimética
usada como vasoconstrictor periférico e descongestionante nasal;
foi muito utilizada para tratamento de asma; há efedrina sintética
OH
NHMe
(−)-efedrina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
246
ALCALÓIDES PIRRÓLICOS E PIRROLIDÍNICOS
N
HN
H Exemplos de substâncias
- pirril-α-metilcetona, higrina, cusco-higrina
Exemplos de estruturas
NN
O
N
O
higrina cusco-higrina
venenos, narcóticos, ação no SNC
Ocorrência - Erythroxylum coca Lam. (coca, Erythroxylaceae): higrina
- Valeriana officinalis L. (valeriana, Valerianaceae): pirril-α-metilcetona
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
247
ALCALÓIDES PIRIDÍNICOS E PIPERIDÍNICOS
N N
H Exemplos de substâncias - coniina, lobelina, carpaína, piperina, arecolina, ácido nicotínico, nicotina,
anabasina, ricinina
Exemplos de estruturas
N
N
H
NH
NH
O
O
O
O
N
CO2H
NMe
O
CNOMe
N
OH
HH
O
N
CO2Me
NH
N
N
H
nicotina
carpaína
ác. nicotínico
ricinina
lobelina
arecolina coniinaanabasina vermífugos, tóxicos, venenos, ação no SNC
Ocorrência - Areca catechu L. (noz-de-areca, Arecaceae): arecolina
- Carica papaya L. (mamoeiro, Caricaceae): carpaína - Conium maculatum L. (cicuta, Apiaceae): coniina
- Lobelia inflata L. (lobélia, Campanulaceae): lobelina
- Nicotiana tabacum L. (tabaco, Solanaceae) e N. glauca Graham (couve-
do-mato, charuto-do-rei): ácido nicotínico, nicotina, anabasina e derivados
- Piper nigrum Wall. (pimenta-do-reino, Piperaceae): piperina
- Ricinus communis L. (mamona, Euphorbiaceae): ricinina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
248
DROGAS
Nicotiana tabacum L. (tabaco, Solanaceae) - origem: América; arbusto; cultivo no mundo todo
- parte usada: folhas
- constituinte(s) principal(is): taninos, nicotina (líquido volátil, oleoso)
e derivados
- usos
- folhas: manufatura de cigarros;
- nicotina: ação inseticida, parasiticida, vermífuga; depressor do
SNC, estimulante da musculatura lisa (receptores
nicotínicos)
N
N
H
nicotina
Nicotiana glauca Graham (couve-do-mato, charuto-do-rei) - planta tóxica sul-americana confundida com couve
- causa intoxicações severas; pode levar ao coma
- alcalóides nicotínicos presentes na planta toda
- predominância de anabasina: excita e depois inibe o SNC, o
sistema cardiovascular e junções neuromusculares
N
N
H
anabasina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
249
DROGAS
Piper nigrum Wall. (pimenta-do-reino, Piperaceae) - origem: Índias Ocidentais e América do Sul; trepadeira cultivada
- parte usada: frutos
- constituinte(s) principal(is): 1-2,5% de óleos essenciais; 5-9% de
alcalóides; piperina é o principal
- usos: especiaria (condimento): ação nas mucosas, estimula
digestão; pouco uso terapêutico
N
O
O
Opiperina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
250
DROGAS
Conium maculatum L. (cicuta, Apiaceae) - origem: Europa
- parte usada: fruto verde, seco
- constituinte(s) principal(is): coniina (líquido incolor, volátil, odorífero)
e derivados
- usos: utilizada desde a antiguidade para execução de criminosos;
depois, como sedativo para asma e como antiespasmódico; é
paralisante das áreas motoras do SNC e da medula espinhal; é um
veneno e causa morte por asfixia; atualmente não é mais utilizada
NH
coniina - obs.: em 399 a.C. Sócrates, o grande filósofo grego, após sofrer
condenação por ateísmo e corrupção dos jovens com sua filosofia, foi
obrigado a tomar uma taça contendo o extrato desta planta, vindo a morrer
instantes depois; sua morte foi descrita em detalhes:
“Ele, porém, continuava a andar quando declarou que sentia as pernas tornarem-se pesadas. Então, deitou-se de costas, como efetivamente lhe recomendara o homem. Ao mesmo tempo, este aplicava a mão aos pés e às pernas examinando-o por intervalos. Em seguida, apertou-lhe fortemente o pé, perguntando-lhe se sentia; Sócrates respondeu que não. Depois, recomeçou na parte inferior das pernas e foi subindo para mostrar-nos que já começava a esfriar e a tornar-se hirto. E, tocando-o ainda, declarou-nos, que quando chegar ao coração, nesse momento Sócrates partirá. Já tinha, pois, gelada quase toda a região do baixo-ventre, quando descobriu a face, que antes cobrira, e disse estas palavras, as últimas que pronunciou: “Críton, devemos um galo a Asclépios; pois bem, pagai minha dívida, pensai nela. _ Bom! Isto será feito, disse Críton. Mas vê se não tens mais nada a dizer”. A pergunta de Críton ficou sem resposta. Ao cabo de curto momento, ele teve, entretanto, um sobressalto. Então, o homem descobriu-o: o seu olhar estava fixo. Vendo isto, Críton fechou-lhe a boca e os olhos.
(A Morte de Sócrates, por Platão)
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
251
DROGAS
Lobelia inflata L. (lobélia, Lobeliaceae) - origem: EUA, Canadá; erva
- parte usada: partes aéreas
- constituinte(s) principal(is): alcalóides totais: 0,2-0,4%; predomina
a lobelina e derivados
- usos: estimulante do SNC (centro respiratório); para asma e
bronquite; antídoto para morfina e heroína (injetável); ação
semelhante à nicotina; planta usada para extração de lobelina
N
OH
HH
O
lobelina
Areca catechu L. (noz-de-areca, Arecaceae) - origem: palmeira originária do Oriente - Índia, Sri-Lanka, China,
Filipinas, África Ocidental
- parte usada: sementes
- constituinte(s) principal(is): arecolina (0,1-0,5% do total) e derivados
- usos: masticatório popular ⇒ "betel" ou "punsupari" (areca +
pimenta); estimulante da salivação, digestivo; vermífugo para cães
(anti-helmíntico: tenicida)
N
CO2Me
arecolina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
252
ALCALÓIDES TROPÂNICOS
NNMe ou
Exemplos de substâncias - hioscina (escopolamina), hiosciamina, atropina, cocaína
Exemplos de estruturas
O
HN
O
OH
HO
HN
O
OH
H
OO
HN
O
CO2Me
(-)-hioscina (escopolamina) hiosciamina cocaína
parassimpaticolíticos, estimulantes do SNC, midriáticos, sedativos do SNC, calmantes, anestésicos locais
Ocorrência - Atropa belladonna L. (beladona, Solanaceae): hioscina,
hiosciamina, atropina
- Datura stramonium L. (estramônio), D. suaveolens Humb. & Bonpl.
ex Willd.; D. arborea L. (saia-branca, trombeteira, Solanaceae):
idem
- Duboisia leichhardtii F. Muell. (Solanaceae): idem
- Erythroxylon coca L. (coca, Erythroxylaceae): cocaína e derivados
- Hyoscyamus niger L. (meimendro, Solanaceae): idem
- Mandragora officinalis L. (mandrágora, Solanaceae): idem
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
253
DROGAS
Atropa belladonna L. (beladona, Solanaceae) - origem: Ásia, Europa; erva
- parte usada: frutos, folhas, raízes
- constituinte(s) principal(is): 1% de alcalóides: hioscina, hiosciamina
(75%) e atropina*
- usos: espasmolítico, pancreatites, contra diverticulite e diarréia
(ação anticolinérgica)
* após extração forma racemato (±) a partir da (─)-hiosciamina
Datura stramonium L. (estramônio); D. Suaveolens Humb. & Bonpl. ex Willd. (trombeteira); Duboisia leichhardtii F. Muell.
- origem: D. stramonium L. é européia e D. suaveolens Humb. &
Bonpl. ex Willd. é sul-americana; Duboisia é australiana; todas são
arbustos
- parte usada: frutos, folhas, sementes
- constituinte(s) principal(is): hioscina, hiosciamina
- usos: estimulante do SNC
Alcalóides tropânicos de Solanaceae - anticolinérgicos
- hioscina (escopolamina): depressor do SNC; sedativo pré-
anestésico
- hiosciamina: controle da secreção gástrica, p/ espasmos e colites
- atropina (racemato da hiosciamina): estimulante do SNC, pré-
anestésico muscular; antídoto bloqueador da acetilcolinesterase em
cirurgias
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
254
DROGAS
Erythroxylon coca L. (coca, Erythroxylaceae) - origem: América do Sul (Andes peruanos); arbusto
parte usada: folhas
- constituinte(s) principal(is): cocaína e derivados
- usos
- folhas: masticatório indígena (eliminação de fadiga); extração
da cocaína e derivados com núcleo ecgonina;
- cocaína: anestésico local, ação estimulante do SNC
O
HN
O
CO2Me
cocaína
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
255
ALCALÓIDES PIRROLIZIDÍNICOS
N Exemplos de substâncias - senecionina e derivados
Exemplos de estruturas
O
N
HOO
O
H
OH
OH
N
HOH
senecioninaretronecina
venenos, hepatotóxicos, função ecológica, sem valor terapêutico
Ocorrência - Cynoglossum officinale Hook. & Arn. (cinoglossa, Boraginaceae):
heliosupina
- Senecio L. ssp e Petasites L. spp (Asteraceae): senecionina
- no fígado (citocromo P450 3A) são biotransformados e originam-se
potentes alquilantes (pirróis) com ação hepatotóxica
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
256
DROGAS
Symphytum officinale L. (confrei, Boraginaceae) - origem: Europa Oriental; arbusto (0,5 – 1,0 m); cultivado em todo o
mundo
- parte usada: partes aéreas e raízes
- constituinte(s) principal(is): alantoína* (0,6 – 0,8%); alcalóides
pirrolizidínicos e seus N-óxidos; triterpenos, taninos, saponinas e
frutanos
- usos: uso externo - cicatrizante e antiinflamatório tópico; para
fraturas, torções e hematomas
- obs.: possui efeito hepatotóxico comprovado; uso interno proibido
no Brasil (Portaria SNVS no 19, de 30 de janeiro de 1992);
potencialmente carcinogênico
*não é alcalóide pirrolizidínico (ação cicatrizante)
NHNH
NH
O
NH2
O
Oalantoína
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
257
ALCALÓIDES QUINOLÍNICOS
N
Exemplos de substâncias - quinina, quinidina, cinchonina, cinchonidina, quinoleína
Exemplos de estruturas
N
N
OH
MeO
H
H
N
N
OHH
H
N
N
OH
MeO
H
H
N
N
OHH
H
quinina quinidina
cinchonina cinchonidina
antimaláricos, tônicos, digestivos, anti-arrítmicos
Ocorrência - Cinchona L. spp e híbridos (quinas amarela e vermelha, Rubiaceae):
quinina, quinidina, cinchonina, cinchonidina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
258
DROGAS
Cinchona L. spp e híbridos (quinas amarela e vermelha, Rubiaceae)
- origem: América do Sul (Amazônia e Andes); árvores
- parte usada: cascas
- constituinte(s) principal(is): quinina, quinidina, cinchonina,
cinchonidina
- usos: antimalárico; para extração dos alcalóides; há vários
derivados sintéticos
- quinina: ação sobre Plasmodium; profilático e curativo; presente na
água tônica
- quinidina: profilaxia; tratamento de arritmias e fibrilação arterial
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
259
ALCALÓIDES ISOQUINOLÍNICOS
N
Exemplos de substâncias - papaverina, emetina, tubocurarina, tebaína, codeína, morfina
Exemplos de estruturas
NMe
OHH
OH
H
O
N
NH
H
H H
MeO
MeO
OMe
OMe
OH
NMe
O
HO
MeO
H
Me2NOH
OMe
NMeHH
O
MeO
MeO
NMe
OHHH
O
MeO
N
MeO
MeOMeO
MeO
morfina
emetina +
tubocurarina
tebaínacodeína
papaverina
narcóticos, sedativos, analgésicos opióides, digestivos
Ocorrência - Cephaelis ipecacuanha (Brot.) A. Rich. (ipeca, Rubiaceae): emetina
- Chondodendron tomentosum Ruiz & Pav. (curare, Menispermaceae):
tubocurarina - Papaver somniferum L. (dormideira, Papaveraceae): papaverina, tebaína,
codeína, morfina
- Peumus boldus Molina (boldo-do-chile, Monimiaceae): boldina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
260
DROGAS
Cephaelis ipecacuanha (Brot.) A. Rich. (ipeca, Rubiaceae) - origem: Brasil, América Central; árvore de pequeno porte
- parte usada: rizomas e raízes
- constituinte(s) principal(is): 2% de alcalóides; emetina (2/3) e
cefalina (1/3); psicotrina, emetamina e iridóides
- usos: emético (tintura); expectorante e amebicida (emetina pura)
N
NH
H
H H
MeO
MeO
OMe
ORemetina R = Mecefalina R = H
Chondodendron tomentosum Ruiz & Pav. (curare, Menispermaceae), Strychnos L. spp (curare, Loganiaceae)
- origem: América do Sul (Amazônia)
- parte usada: casca e caules
- constituinte(s) principal(is): d-tubocurarina
- usos: d-tubocurarina como bloqueador neuromuscular, relaxante
muscular para cirurgias
Peumus boldus Molina (boldo-do-chile, Monimiaceae) - origem: Chile
- parte usada: folhas
- constituinte(s) principal(is): boldina; vários outros alcalóides e
flavonóides
- usos: ação no fígado, diurético, colagogo (facilita liberação da bile)
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
261
DROGAS
Papaver somniferum L. e variedades (dormideira, Papaveraceae)
- origem: Oriente; erva cultivada
- parte usada: látex seco dos frutos imaturos (papoula)
- constituinte(s) principal(is) no látex: morfina (10%), papaverina,
tebaína, codeína, noscapina; sais inorgânicos, açúcares,
pigmentos, proteínas, ácido mecônico
- usos: extração da morfina, codeína e papaverina; tintura (para
diarréias graves);
- morfina: analgésico do SNC, depressor respiratório, dependência
física, constipação
- codeína: antitussígeno; sedativo da tosse
- papaverina: relaxante da musculatura lisa
- heroína: estimulante do SNC; derivado semi-sintético
NMe
OHH
OH
H
O
NMeHH
O
MeO
MeO
NMe
OHHH
O
MeO
morfina tebaínacodeína
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
262
ALCALÓIDES INDÓLICOS
NH
Exemplos de substâncias - harmina, harmana e harmol, ácido lisérgico e ésteres derivados, psilocina
e psilocibina, fisostigmina, reserpina, estricnina, ioimbina, vincristina,
vimblastina
Exemplos de estruturas
N
O
H
OH
H
NH
NH
N
O
O
MeO
OMeOMe
OMe
OMe
MeO2C
H
H
HN
O
NH
NMe
NH
ON
OH
HOH
O
NMe
NMeO
O
MeHN
NH
MeN
Me
P OHOHO
NH
MeN
Me
OH
NH
N
MeO NH
N
NH
N
MeONH
N
OH
NH
NMeO
OH
MeO2C
H
H
H
N
N
OH
N
N
OAc
OHH
H
CO2MeR
MeO2C
MeO estricnina
reserpina
ergotamina
fisostigmina (eserina)
psilocibina psilocina
harmina harmana harmalinaharmol
ioimbina
Hvinblastina R = Mevincristina R = CHO
alucinógenos, parassimpaticomiméticos, vasodilatadores, sedativos
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
263
ALCALÓIDES INDÓLICOS
Ocorrência - Banisteriopsis caapi (Spruce ex Griseb.) Morton (caapi, ayahuasca,
Malpighiaceae): psilocina, psilocibina, harmalina, harmina; planta
alucinógena usada no Santo Daime
- Claviceps purpurea (ergot, esporão de centeio, Ascomycetes,
Clavicipitaceae): alcalóides do ergot e derivados do ácido lisérgico
(ergotamina, ergometrina, etc.)
- Catharanthus roseus G.Don (vinca, vinca rósea, Apocynaceae):
vincristina, vimblastina
- Passiflora alata Curtis, P. edulis Sims., P. incarnata L. (maracujá,
Passifloraceae): harmina, harmana, harmol (alucinógenos; presentes em
traços, ca. 0,01% ou quantidade inferior)
- Pausinystalia yohimbe Pierre ex Beille (Rubiaceae): ioimbina
- Physostigma venenosum Balf. (fava do Calabar, Leguminosae):
fisostigmina
- Rauvolfia serpentina Baill. (rauvólfia, Apocynaceae): reserpina
- Strychnos nux-vomica L. (noz vômica, Loganiaceae): estricnina, brucina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
264
DROGAS
Catharanthus roseus G. Don (Vinca rosea L., Apocynaceae) - origem: África (Madagascar); erva ou arbusto, adaptado no
mundo todo
- parte usada: partes aéreas
- constituinte(s) principal(is): 150 alcalóides; 20 diméricos; 4 ativos:
vincristina, vimblastina, vinleurosina, vinrosidina
- classe química: alcalóides bis-indólicos
- usos:
- vincristina: Vincristina (Pharmacia), Vincristin (Bristol Myers
Squibb), Vincizina CS, Oncovin (Eli Lilly); para leucemia linfocítica
aguda, linfosarcoma, tumor de Wilms, doença de Hodgkin e
rabdomiosarcoma
- vimblastina: Velban (Eli Lilly): para doença de Hodgkin, linfoma
linfocítico, linfoma histiocítico, micoses fungóides, carcinoma de
testículo, sarcoma de Kaposi, coriocarcinoma, câncer de mamas
- derivados semi-sintéticos: vindesina; vinorelbina (a partir da
vimblastina)
- observações
- síntese orgânica economicamente inviável
- 500 kg de planta seca ⇒ 1 g de vincristina (0,0002%)
N
N
OH
N
N
OAc
OHH
H
CO2MeR
MeO2C
MeO
Hvinblastina R = Mevincristina R = CHO
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
265
DROGAS
Rauvolfia serpentina Baill. (rauvólfia, Apocynaceae) - origem: Ásia; arbusto
- parte usada: raízes
- constituinte(s) principal(is): reserpina, dentre outros 50 alcalóides
(0,7 a 2,5%)
- usos: anti-hipertensivo e sedativo; reserpina: depleção de
catecolaminas e serotonina no SNC
NH
N
O
O
MeO
OMeOMe
OMe
OMe
MeO2C
H
H
H
reserpina
Physostigma venenosum Balf. (fava-de-calabar, Leguminosae)
- origem: África (cipó)
- parte usada: sementes
- constituinte(s) principal(is): fisostigmina – inibidor reversível da
acetilcolinesterase (efeito colinérgico)
- usos: tratamento do glaucoma
- obs.: o extrato das sementes eram usados por tribos africanas em
rituais de julgamento de suspeitos de crimes; quem o bebesse e
não morresse era declarado inocente, senão era o culpado
NMe
NMeO
O
MeHN
fisostigmina (eserina)
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
266
DROGAS
Pausinystalia yohimbe Pierre ex Beille (yohimbe, Rubiaceae)
- origem: África Ocidental (árvore)
- parte usada: cascas do tronco
- constituinte(s) principal(is): ioimbina e derivados (alcalóides
indólicos); 1 – 6% de alcalóides totais
- usos
- cloridrato de ioimbina para tratamento de impotência sexual
masculina (propriedade vasodilatadora periférica – ação em
um mês); inibidor seletivo de receptores α2-adrenérgicos
(simpaticolítico)
- contra pressão alta (hipotensor), arteriosclerose, angina
pectoris, anestésico local; pode ser alucinógena
- obs.
- não é considerada droga segura pelo FDA
- acredita-se que seja afrodisíaco, porém não há comprovação
científica
NH
NMeO
OH
MeO2C
H
H
H
ioimbina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
267
DROGAS
Claviceps purpurea (esporão de centeio, classe Ascomycetes, família Clavicipitaceae)
- origem: Europa Ocidental; fungo contaminante do centeio (Secale
cornutum Offic. ex Nees, Poaceae)
- parte usada: esclerócio púrpura
- constituinte(s) principal(is): no mínimo 0,15% de alcalóides do ergot
derivados do ácido lisérgico (calculados sobre a ergotamina); no
mínimo 0,023% de alcalóides solúveis em H2O (calculados sobre a
ergometrina); alcalóides principais: ergotamina, ergotoxina e
ergometrina (= ergonovina)
- usos
- na Idade Média: usados para acelerar partos
- a partir do séc. XIX: para cessar hemorragias pós-parto
- atualmente: alcalóides purificados – uso em obstetrícia
- ergometrina: ocitócico (contração da musculatura uterina)
- ergotamina: contra dores de cabeça e enxaqueca (problemas
vasculares); bloqueador α-adrenérgico
- LSD: psicomimético (derivado semi-sintético)
- obs.: o fungo parasitou plantações de centeio causando sérios
problemas de intoxicação com pães na população européia da Idade
Média, causando uma doença denominada “ergotismo”; surgem então os
termos “Fogo Sagrado” e “Fogo de Santo Antônio” como mais uma das
pragas da época, que causava gangrenas e convulsões
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
268
ALCALÓIDES DO ERGOT
N
NH
R
MeH
O
R Substância
–OH ácido (+)-lisérgico
–NH2 amida do ác. lisérgico (ergina)
–N(Et)2 dietilamida do ác. lisérgico
(LSD)
–NH-CH(CH2OH)-CH3 amida simples do ác.lisérgico
- ergometrina (ergonovina)
–NH-CH(CH2OH)-Et amida simples do ác.lisérgico
- metilergonovina
N
O N
OO
NHOH
H
H
amida peptídica do ác.
lisérgico - ergotamina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
269
LSD (Lysergic Acid Diethylamide)
N
NH
N
H
O
- LSD-25: descoberta acidental por Albert Hoffmann nos laboratórios da
Sandoz (hoje Novartis), Basel, Suíça, em 1938
- confirmação intencional em 19 de abril de 1943 (Bicycle Day)
- efeito alucinógeno; tentativas frustradas de emprego na terapêutica
(psiquiatria – casos de esquizofrenia)
- reflexo e influência negativa nos jovens na década de 60
- livro autobiográfico: “LSD – My Problem Child: Reflections On Sacred
Drugs, Mysticism, and Science” (Albert Hofmann)
“Picture yourself in a boat on a river
with tangerine trees and marmalade sky,
Somebody calls you, you answer quite slowly,
a girl with kaleidoscope eyes.
Cellophane flowers of yellow and green towering over your head.
Look for the girl with the sun in her eyes and she's gone.
Lucy in the Sky with diamonds...”
(Lucy in the Sky with Diamonds, The Beatles)
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
270
ALCALÓIDES IMIDAZÓLICOS
N
N
H
Exemplos de substâncias - pilocarpina, isopilocarpina, pilosina
Exemplos de estruturas
O N
NO
O N
NO
O N
NOH
OH
pilocarpina isopilocarpina pilosina
simpaticomiméticos, hipotensores, mióticos
Ocorrência - Pilocarpus jaborandi Holmes, P. microphyllus Stapf., P. pennatifolius
Lem. (jaborandi, Rutaceae): pilocarpina e derivados
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
271
DROGAS
Pilocarpus jaborandi holmes, P. microphyllus Stapf., P. pennatifolius Lem. (jaborandi, Rutaceae)
- origem: Pernambuco, Maranhão e Rio de Janeiro; Paraguai;
arbusto
- parte usada: folhas
- constituinte(s) principal(is): 0,7-0,8% alcalóides; pilocarpina e
derivados
- usos: extração da pilocarpina; ação colinérgica e miótica (colírios
para glaucoma); antagonista da atropina
O N
NO
pilocarpina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
272
ALCALÓIDES PURÍCOS (METILXANTINAS)
NH
NH
N
NH
O
O
N
N N
NH
xantinanúcleo purina Exemplos de substâncias - cafeína, teofilina, teobromina
Exemplos de estruturas
N
N N
N
O
O
N
N N
NH
O
O
NH
N N
N
O
O
cafeína teofilina teobromina
estimulantes do SNC
Ocorrência - Camellia sinensis Kuntze; Thea sinensis L. (chá preto, chá verde,
Theaceae): cafeína, teofilina, teobromina
- Coffea arabica L. (café, Rubiaceae): cafeína
- Cola acuminata Schott & Endl. (cola, Sterculiaceae): cafeína,
teobromina
- Ilex paraguariensis A. St.-Hil. (chimarrão, Aquafoliaceae): cafeína,
teofilina, teobromina
- Paullinia cupana Schott & Endl. H.B. & K. (guaraná, Sapindaceae):
cafeína
- Theobroma cacao L. (cacau, Sterculiaceae): teobromina
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
273
DROGAS
- as metilxantinas inibem a enzima fosfodiesterase (aumenta-se cAMP e
libera-se adrenalina) e conseqüentemente estimulam o SNC, relaxam a
musculatura lisa dos brônquios e induzem diurese; são isoladas de
plantas ou sintetizadas em laboratório
- cafeína: estimulante encontrado em bebidas (café, chá, mate, guaraná);
tem pouco efeito diurético
- teofilina: melhor relaxante muscular dos três, sendo empregada no
tratamento da asma
- teobromina: presente no cacau e chocolates, é estimulante fraco e
melhor diurético que a cafeína
- são todos solúveis em água
Camellia sinensis Kuntze (chá verde, chá preto, Theaceae) - origem: Oriente (Índias Ocidentais, China, Japão); arbusto
- parte usada: folhas; no chá verde são preservados vários
polifenóis, enquanto que no chá preto eles são oxidados durante a
fermentação (catequinas tornam-se flavinas)
- constituinte(s) principal(is): cafeína (> %), teofilina e teobromina,
além de taninos e óleo essencial
- usos: bebida
Coffea arabica L. (café, Rubiaceae) - origem: África; arbusto
- parte usada: sementes maduras
- constituinte(s) principal(is): 1-2% de cafeína e ác. clorogênico (5-
7% na semente verde); óleo essencial
- usos: bebida; café solúvel; café descafeinado
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)
274
DROGAS
Ilex paraguariensis A. St.-Hil. (chimarrão, mate, Aquafoliaceae)
- origem: América do Sul (Brasil, Paraguai, Argentina); arbusto
- parte usada: folhas
- constituinte(s) principal(is): cafeína, teobromina e ác. clorogênico
- usos: bebida
Paullinia cupana Schott & Endl. (guaraná, Sapindaceae) - origem: América do Sul (Amazônia); árvore
- parte usada: sementes
- constituinte(s) principal(is): cafeína; pouca teofilina e teobromina
- usos: extração de cafeína; bebidas; estimulante (cápsulas)
Theobroma cacao L. (cacau, Sterculiaceae) - origem: América Central e do Sul; árvore
- parte usada: sementes curadas e torradas
- constituinte(s) principal(is): 1-4% teobromina; até 35-50% de óleo
fixo (manteiga de cacau)
- usos: preparo de chocolates; manteiga de cacau; flavorizante