teóricas . prof. francisco almeida

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Daniela Braga Direito Administrativo – Teóricas 2º Ano: 2º Semestre Aula 26 de Fevereiro de 2010 Regulamento Administrativo O regulamento administrativo trata-se de uma norma jurídica que é emanada no exercício do poder administrativo por um órgão da administração ou por outra entidade pública ou privada para tal habilitada por lei. Estes constituem o grau inferior no ordenamento jurídico-administrativo, uma vez que os níveis superiores são ocupados pela Constituição, pelas normas e princípios de Direito interno ou comunitário e pela lei ordinária. Os regulamentos são fonte secundária do Direito Administrativo uma vez que estão dependentes da actividade legislativa pois para estes existirem é necessário que exista uma lei prévia. Assim, nenhum regulamento pode contrariar uma lei, nem revogá-la, caso contrário este era ilegal. No entanto, os regulamentos são imprescindíveis para o funcionamento dos Estados modernos, pois permitem libertar o Parlamento de tarefas consideradas incómodas para as quais não se sente habilitado, permitem uma adaptação rápida do sistema normativo a situações concretas que se encontram em constante mutação e, no caso das regiões autónomas, são bastante importantes pois tomam em consideração realidades locais e regionais melhor do que as leis. • Elementos dos Regulamentos - Material: O regulamento é uma norma jurídica emitida pela administração. Este tem um carácter geral (dirigem-se a um número indeterminado de destinatários) e abstracto (visa regular um numero indeterminado de casos). - Orgânico: É uma norma emanada de uma pessoa colectiva pública que faz parte da administração pública.

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Direito Administrativo

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  • Daniela Braga

    Direito Administrativo Tericas

    2 Ano: 2 Semestre

    Aula 26 de Fevereiro de 2010

    Regulamento Administrativo

    O regulamento administrativo trata-se de uma norma jurdica que emanada no

    exerccio do poder administrativo por um rgo da administrao ou por outra entidade

    pblica ou privada para tal habilitada por lei.

    Estes constituem o grau inferior no ordenamento jurdico-administrativo, uma vez que

    os nveis superiores so ocupados pela Constituio, pelas normas e princpios de Direito

    interno ou comunitrio e pela lei ordinria. Os regulamentos so fonte secundria do Direito

    Administrativo uma vez que esto dependentes da actividade legislativa pois para estes

    existirem necessrio que exista uma lei prvia. Assim, nenhum regulamento pode contrariar

    uma lei, nem revog-la, caso contrrio este era ilegal.

    No entanto, os regulamentos so imprescindveis para o funcionamento dos Estados

    modernos, pois permitem libertar o Parlamento de tarefas consideradas incmodas para as

    quais no se sente habilitado, permitem uma adaptao rpida do sistema normativo a

    situaes concretas que se encontram em constante mutao e, no caso das regies

    autnomas, so bastante importantes pois tomam em considerao realidades locais e

    regionais melhor do que as leis.

    Elementos dos Regulamentos

    - Material: O regulamento uma norma jurdica emitida pela administrao. Este tem

    um carcter geral (dirigem-se a um nmero indeterminado de destinatrios) e abstracto (visa

    regular um numero indeterminado de casos).

    - Orgnico: uma norma emanada de uma pessoa colectiva pblica que faz parte da

    administrao pblica.

  • - Funcional: Os regulamentos so emitidos no exerccio da funo administrativa.

    Espcies de Regulamentos Administrativos

    Estes podem ser distinguidos atravs de vrios critrios:

    1- Relao com a lei

    1.1- Regulamentos Complementares ou de Execuo: Servem para complementar,

    desenvolver e pormenorizar as leis, facilitando a aplicao das leis aos casos concretos.

    1.2- Regulamentos Independentes ou Autnomos: So aqueles que os rgos

    administrativos emitem no exerccio das suas competncias prprias para assegurar a

    realizao das suas atribuies.

    2- Funo do seu objecto

    2.1- Regulamentos de Organizao: Servem para distribuir as funes pelos vrios

    departamentos das pessoas colectivas pblicas, bem como para a repartio das suas tarefas.

    2.2- Regulamentos de Funcionamento: So aqueles que disciplinam o funcionamento

    quotidiano dos servios pblicos. Estes podem-se classificar como regulamentos

    procedimentais.

    2.3- Regulamentos de Polcia: So aqueles que impem determinadas limitaes

    liberdade individual para evitar que se produzam danos que resultam de actividades

    consideradas perigosas.

    3- mbito de aplicao

    3.1- Regulamentos Gerais: So aqueles que se destinam a vigorar em todo o territrio

    nacional.

    3.2- Regulamentos Locais: So aqueles que a sua aplicao se limita a uma

    circunscrio territorial.

    3.3- Regulamentos Institucionais: So regulamentos emitidos pelos institutos pblicos.

    Estes produzem os seus efeitos jurdicos apenas nas pessoas que esto sob a sua jurisdio.

    4 Eficcia

  • 4.1- Regulamentos Internos: so aqueles que projectam os seus efeitos no interior da

    prpria administrao.

    4.2- Regulamentos Externos: so aqueles que produzem efeitos para o exterior, para

    todos os cidados.

    Relaes Especiais de Poder

    Tratam-se de relaes em que se admite que certos direitos dos particulares possam

    ser objectos de limitaes mais intensas do que as que vigoram para a generalidade dos

    cidados.

    Os regulamentos emitidos no mbito de relaes especiais de poder so considerados

    externos, porque apesar de estarmos perante relaes especiais, distintas das relaes gerais,

    estes regulamentos no projectam os seus efeitos apenas para o interior da prpria

    administrao, mas produzem tambm efeitos para os particulares, autnticos cidados.

    Relao com a Lei

    No plano material, regulamento e lei no so distintos, uma vez que ambos so

    normas jurdicas. No entanto, essa distino pode ser feita atravs dos seguintes planos:

    - Orgnico: Neste plano, regulamento e lei distinguem-se devido diferente posio

    hierrquica dos rgos que emitem estas normas jurdicas. Assim, podemos dizer que o

    regulamento situa-se numa posio inferior face lei.

    - Formal: Neste plano, regulamento e lei distinguem-se pelo diferente valor formal

    entre ambos. Assim, podemos dizer que o regulamento tem um valor inferior face lei, no

    podendo assim contrari-la, pois deste modo tornar-se-ia ilegal.

    Alcance Prtico:

    - Fundamento Jurdico: A lei baseia-se unicamente na constituo, enquanto que o

    regulamento s ser valido se existir uma previa lei de habilitao que atribui competncia

    para que o regulamento seja emitido.

  • - Problema da Ilegalidade: Se surge uma lei contraria a outra, essa outra revogada,

    enquanto que se o regulamento contrario a uma lei ilegal.

    - Impugnao Contenciosa: Uma lei s pode ser impugnada contenciosamente com

    fundamento na sua inconstitucionalidade, enquanto que o regulamento impugnvel

    contenciosamente com fundamento em ilegalidade.

    Aula 5 de Maro de 2010

    Regulamento Administrativo (cont.)

    Relao com os Actos Administrativos

    - Os regulamentos possuem as caractersticas da norma jurdica: generalidade e

    abstraco, enquanto que os actos possuem as caractersticas dos actos jurdicos: serem

    individuais e concretos.

    - Os regulamentos aplicam-se a vrias situaes e a destinatrios indeterminados,

    enquanto que o acto administrativo aplica-se a uma determinada situao e dirige-se a um

    destinatrio determinado.

    Alcance Prtico

    - Integrao e Interpretao: Existem regras diferentes e prprias para os

    regulamentos e actos administrativos.

    - Vcios e Formas de Invalidade: Nos regulamentos, o regime a seguir o das leis,

    enquanto que nos actos administrativos, o regime a seguir o dos negcios jurdicos.

    - Impugnao Contenciosa: Os regulamentos podem ser considerados ilegais por

    qualquer tribunal, enquanto que os actos administrativos no, estes s podem ser declarados

    ilegais pelos tribunais administrativos.

  • Fundamento do Poder Regulamentar

    Este pode ser encarado a partir de trs pontos de vista:

    - Prtico: O fundamento do poder regulamentar reside no distanciamento do

    legislador relativamente aos casos concretos, havendo assim uma impossibilidade de previso

    completa por parte do legislador. Assim necessrio, num segundo momento, uma

    interveno da administrao para facilitar a aplicao da lei aos casos concretos.

    - Histrico: Este fundamento diz que impossvel aplicar o principio da separao dos

    poderes tal como ele tinha sido inicialmente concebido (poder legislativo legislador), uma

    vez que no apenas o legislador que tem o poder para editar normas jurdicas, a

    administrao tambm o possui.

    - Jurdico: o fundamento do poder regulamentar assenta na Constituio e na lei.

    Limites do Poder Regulamentar

    1 Princpios Gerais de Direito: Estes so um conjunto de directrizes jurdicas pr-estaduais,

    autnomas das decises do legislador constituinte.

    2 Constituio: Esta contm vrias normas sobre a competncia para emitir regulamentos e

    sobre a forma jurdica a que os regulamentos devem obedecer. Assim, se um regulamento

    infringir estas normas, estes so inconstitucionais.

    3 Princpios Gerais de Direito Administrativo: Estes no podem ser derrogados pelos

    regulamentos, pois essa situao leva anulabilidade ou no aplicao dos regulamentos.

    4 Lei: Princpio da preferncia da lei: o regulamento no pode contrair uma lei, a lei prevalece

    sob os regulamentos; Princpio da reserva da lei: o poder regulamentar no pode ser exercido

    naqueles domnios que a Constituio reserva para a lei; Principio da precedncia da lei: o

    exerccio do poder regulamentar tem de ser sempre precedido por uma lei de habilitao.

    5 Princpio da Hierarquia: Os regulamentos esto subordinados a outros regulamentos que

    tenham sido emitidos por rgos superiores.

    6 Proibio dos regulamentos disporem retroactivamente.

  • 7 Limitaes de Competncia e de Forma: Uma vez que a Constituio e a lei que

    determinam a competncia dos rgos, um regulamento inconstitucional ou ilegal se for

    editado por um rgo que no disponha de poderes para tal. Mesmo que um rgo tenha

    competncia para editar regulamentos, esse rgo est vinculado s formas foram fixadas

    constitucional e legalmente.

    Princpio da Inderrogabilidade Singular dos Regulamentos

    A Administrao pode modificar, suspender ou revogar um regulamento anterior por

    via geral e abstracta. No entanto, de acordo com este princpio, a Administrao no pode

    derrogar um regulamento em casos concretos e individuais, mantendo-o em vigor para todos

    os restantes casos. Um regulamento que derroga outro para um caso concreto e individual

    trata-se de um acto administrativo

    Formas de Cessao da Vigncia dos Regulamentos

    - Caducidade: O regulamento caduca quando ocorrem determinados factos que

    produzem esse efeito jurdico. Os principais casos de caducidade so: se o regulamento for

    feito para vigorar durante um certo perodo, decorrido esse perodo o regulamento caduca; o

    regulamento caduca se as suas atribuies forem transferidas para outra autoridade

    administrativa, ou se a competncia do rgo que fez o regulamento cessar; o regulamento

    caduca se a lei que se destinava a executar for revogada, sem ser substituda por outra.

    - Revogao: Na revogao, o regulamento deixa de vigorar nos casos em que um acto

    voluntrio dos poderes pblicos impe a cessao dos seus efeitos, total ou parcial. Este pode

    ser revogado por outro regulamento de forma e grau hierrquico igual, pode ser revogado por

    um regulamento de forma e grau hierrquico superior, bem como pode ser revogado por uma

    lei. De acordo com o artigo 119, n1 do C.P.A., os regulamentos de execuo no podem ser

    revogados na sua totalidade, sem que a matria seja objecto de uma nova regulamentao.

    - Deciso Contenciosa: Os regulamentos deixam de vigorar sempre que um tribunal

    competente declare a sua ilegalidade, nulidade ou os anule, no total ou em parte.

    Aula 12 de Maro de 2010

  • Acto Administrativo

    Num primeiro momento, o acto administrativo serve para garantir a independncia da

    administrao perante o poder judicial, no entanto, j num segundo momento, acto

    administrativo serve como garantia dos particulares (artigo 268, n 4 da C.R.P.).

    Este possui duas funes:

    - Funo Substantiva: Atravs dos actos administrativos a administrao concretiza os

    preceitos gerais e abstractos contidos nas leis e nos regulamentos, o que permite a aplicao

    desses preceitos s situaes individuais e concretas.

    - Funo Procedimental: O acto administrativo aplicado na sequncia de um

    determinado procedimento.

    Noo de Acto Administrativo (artigo 120, C.P.A.)

    1 - Acto jurdico: um acto voluntrio que produz efeitos jurdicos, isto , produz alteraes na

    esfera jurdica do destinatrio.

    2 Acto unilateral: um acto que para se tornar perfeito no necessita de um concurso de

    vontades de outros sujeitos.

    3 Acto praticado no exerccio do poder administrativo por um rgo da administrao

    pblica ou por um rgo de uma pessoa colectiva (entidade publica ou privada) que no

    integra a administrao publica mas que esta habilitada por lei pratica de actos

    administrativos

    4 Acto decisrio: so decises de rgos administrativos.

    5 - Acto que incide sobre uma situao individual e concreta: esta caracterstica permite

    distinguir o acto administrativo das leis e dos regulamentos que so gerais e abstractos.

    Exemplos: Actos colectivos - so aqueles em que o destinatrio um conjunto unificado de

    pessoas; Actos plurais - so decises da administrao que se aplicam por igual a pessoas

    diferentes.

  • * Actos instrumentais: So actos jurdicos que no produzem efeitos directos no ordenamento

    jurdico. Estes possuem autonomia funcional, isto , no so elementos de outros actos. No

    entanto, os seus efeitos s se manifestam atravs de actos administrativos, de que so

    pressupostos.

    Aula 19 de Maro de 2010

    Acto Administrativo (cont.)

    Natureza Jurdica do Acto Administrativo

    O acto administrativo apresenta pontos de distino com os negcios jurdicos, bem

    como com as sentenas judiciais.

    - Negcio Jurdico: o negcio jurdico uma figura tpica do Direito Privado, enquanto

    que o acto administrativo uma figura tpica do Direito Pblico; o negcio jurdico resulta do

    reconhecimento da autonomia da vontade, tendo em vista a prossecuo de interesses

    particulares, enquanto que o acto administrativo pressupe a construo de uma vontade

    normativa ao servio de interesses pblicos, colectivos; o negcio jurdico move-se no terreno

    da ilicitude, enquanto eu o acto administrativo se move no terreno da legalidade.

    - Sentena Judicial: tanto as sentenas como os actos so actos unilaterais de uma

    autoridade pblica; a sentena resulta do exerccio do poder judicial que visa resolver um

    conflito de interesses, enquanto que o acto administrativo resulta do exerccio do poder

    executivo que visa prosseguir o interesse pblico no desempenho de uma funo

    administrativa.

    Estrutura do Acto Administrativo

    1 Elementos Subjectivos: Os elementos subjectivos tratam-se dos sujeitos que intervm no

    acto administrativo. Esses sujeitos podem ser, a administrao pblica e os particulares, bem

    como, duas pessoas colectivas pblicas. Em casos excepcionais, os sujeitos podem ser apenas

    dois particulares.

  • 2 Elementos Formais: Os elementos formais tratam-se da forma do acto administrativo, isto

    , o modo de exteriorizao ou manifestao da conduta voluntria em que o acto

    administrativo consiste. Essa forma pode ser escrita ou oral. Existem ainda outro tipo de

    formas, como as formas de documento (despacho, resoluo, portaria, entre outras), bem

    como as formalidades (trmites instrumentais que tm ser praticados sem irregularidades para

    que o acto administrativo seja legal) que no fazem parte destes elementos formais.

    3 Elementos Objectivos: Os elementos objectivos tratam-se do contedo e do objecto do

    acto. O contedo trata-se da deciso tomada pela administrao naquele caso concreto,

    fazendo parte do contedo as clusula acessrias (condio, termo e modo), enquanto que o

    objecto se trata da realidade exterior sobre a qual o acto administrativo incide.

    4 Elementos Funcionais: Estes tratam-se da causa, dos motivos e do fim. A causa o motivo

    tpico imediato da prtica desse acto administrativo. Os motivos abrangem a causa, portanto

    so motivos tpicos e imediatos, bem como so motivos mediatos, todas as razes que naquela

    situao conduziram a administrao prtica do acto administrativo. O fim trata-se do

    objectivo da conduta da administrao, podendo ser um fim legal, isto uma finalidade

    imposta pela lei, ou um fim real, um fim que realmente a administrao prossegue.

    Distino entre Elementos, Requisitos e Pressupostos

    - Elementos: Tratam-se de realidades que integram o prprio acto administrativo.

    Estes podem ser elementos essenciais, elementos que se no existirem o acto no pode

    produzir os seus efeitos, bem como podem ser elementos acessrios, elementos que podem

    existir ou no, dependendo do critrio da administrao.

    - Requisitos: Tratam-se de exigncias impostas pela lei para a garantia da legalidade e

    da prossecuo dos interesses pblicos e dos interesses dos particulares. Estes podem ser

    requisitos de validade ou de eficcia.

    - Pressupostos: Tratam-se de situaes cuja verificao legitima ou obriga prtica do

    acto administrativo.

    Menes Obrigatrias do Acto Administrativo (artigo 123, C.P.A.)

  • Deve sempre constar do acto: autor do acto; destinatrios do acto; contedo da

    deciso; assinatura do autor ou representante do acto.

    Existem ainda outras menes que apenas so exigidas em determinadas

    circunstncias: delegao de poderes; indicao doa antecedentes que originaram a prtica do

    acto; fundamentao da deciso quando a lei exige (artigo 124, C.P.A.).

    - Razes da Necessidade das Menes:

    1 Permitir a identificao correcta de cada acto administrativo

    2 Facilitar a interpretao do acto administrativo

    3 Fornecer aos particulares informao relevantes para que possam defender-se

    quando o acto lesa os seus direitos.

    - Consequncias Jurdicas da Falta de Menes:

    1 Nulidade: D origem nulidade do acto a falta de indicao do autor, a falta da

    identificao adequada do destinatrio, a falta do contedo da deciso, bem como a falta da

    assinatura do presidente do rgo que emitiu o acto. Quando o acto nulo no pode ser

    sanvel, ou seja no pode produzir os seus efeitos jurdicos.

    2 Anulabilidade: D origem anulabilidade do acto a falta da indicao dos factos

    relevantes que deram origem a esse acto, bem como a falta da fundamentao da deciso

    quando a lei exige. Quando o acto anulado passvel de sanao, podendo produzir os seus

    efeitos jurdicos.

    3 Irregularidade: So irregulares os actos que forem praticados ao abrigo de uma

    delegao de poderes e essa delegao no for mencionada. Quando o acto considerado

    irregular, para alm de produzir os seus efeitos jurdicos, pode produzir outros efeitos, como

    o caso da responsabilidade civil ou disciplinar do autor do acto.

    Tipos de Actos Administrativos

  • 1 Actos Primrios: Os actos primrios so aqueles que incidem, pela primeira vez, numa

    determinada situao da vida. Estes podem ser:

    1.1 Actos Impositivos: Actos que impem um certo comportamento aos destinatrios.

    Estes dividem-se em:

    - Actos de Comando: Actos que impem ao destinatrio a adopo de um

    comportamento positivo ordem, ou de um comportamento negativo proibio.

    - Actos Punitivos: Actos que decretam uma sano para um destinatrio.

    - Actos Ablativos: Actos que determinam a extino ou modificao do

    contedo de um direito.

    - Juzos: Actos atravs dos quais a administrao qualifica, obedecendo a

    critrios de justia, coisas, pessoas ou actos submetidos sua apreciao.

    1.2 Actos Permissivos: Actos que permitem a adopo de um certo comportamento.

    Estes dividem-se em:

    Actos que conferem vantagens:

    - Autorizao: acto atravs do qual a administrao permite a algum

    que exera um direito ou uma competncia que j existia na sua esfera jurdica.

    - Licena: acto atravs do qual um rgo administrativo atribui a

    algum o direito de exercer uma certa actividade que a lei em principio probe.

    - Concesso: actos pelos quais a administrao transfere para um

    particular o exerccio de uma actividade que publica.

    - Delegao: acto pelo qual um rgo da administrao que tem

    competncia para a prtica de certos actos permite que seja outro rgo ou agente da

    administrao a praticar esses actos.

    - Admisso: acto pelo qual a administrao admite que determinado

    indivduos possam aceder a certos servios pblicos ficando investidas num certo estatuto

    jurdico.

  • - Subveno: acto atravs do qual a administrao atribui ao particular

    uma determinada quantia em dinheiro para que ele posa prosseguir uma actividade entre esse

    pblico.

    Actos que eliminam encargos

    - Dispensa: acto atravs do qual a administrao isenta algum do

    cumprimento de uma obrigao legal.

    - Renuncia: acto pelo qual a administrao abdica da titularidade de

    um direito.

    2 Actos Secundrios: Os actos secundrios so aqueles que incidem sobre um acto

    administrativo pr-existente, anteriormente praticado.

    2.1- Actos Integrativos

    - Homologao: acto administrativo que assume os fundamentos e concluses

    de um parecer que so apresentados por outro rgo.

    - Aprovao: acto pelo qual um rgo administrativo manifesta a sua

    concordncia com um acto previamente praticado por rgo e que se destina a atribuir-lhe

    eficcia.

    * Aprovao Autorizao: Enquanto que a autorizao um acto integrativo, a autorizao

    um acto permissivo; a aprovao uma condio de eficcia, enquanto que a autorizao

    uma condio de validade; a aprovao serve para manifestar concordncia a um acto que foi

    praticado no passado, enquanto que a autorizao a serve para manifestar concordncia

    prtica de um acto no futuro.

    - Visto: acto pelo qual um rgo da administrao declara ter tomado

    conhecimento de outro acto ou documento. Este pode ser cognitivo ou volitivo.

    - Acto Confirmativo: acto pelo qual a administrao confirma um acto

    administrativo prvio.

  • - Ratificao Confirmativa: acto pelo qual o rgo normalmente competente

    para dispor sobre certas matrias manifesta o seu acordo em relao a actos que foram

    praticados em circunstancias especiais por um rgo excepcionalmente competente.

    3 Actos Instrumentais: Pronncia da administrao, no entanto no uma verdadeira

    deciso de autoridade. So actos auxiliares relativamente aos actos administrativos decisrios.

    3.1 Declaraes de Conhecimento: Servem para a administrao dar conta do seu

    conhecimento oficial de certos factos ou situaes.

    3.2 Actos Opinativos: aqueles atravs dos quais a administrao emite a sua opinio

    sobre um assunto que lhe tenha sido suscitado. Estes podem ser pareceres, actos elaborados

    por peritos ou por rgos. Os pareceres podem ser obrigatrios (quando a lei impe que estes

    sejam emitidos) ou facultativos (quando no existe essa obrigatoriedade). Tambm podem ser

    vinculativos (quando o seu contedo tem e ser seguido pelo rgo competente para decidir)

    ou no vinculativos (quando o seu contedo no tem de ser seguido) artigo 98, C.P.A. No

    caso de os pareceres serem vinculativos podemos dizer que o acto administrativo acaba por

    ser da entidade que emite o parecer.

    Classificao de Actos Administrativos

    1 Quanto ao seu autor:

    1.1 Decises: quando provem de um rgo singular.

    Deliberaes: quando provm de um rgo colectivo ou colegial

    1.2 Actos Simples: quando emanam de um s rgo.

    Actos Complexos: aqueles que na sua elaborao participam dois ou mais rgos

    administrativos.

    2 - Quanto aos destinatrios:

    1.3 Singulares: so decises da administrao que se aplicam por igual a pessoas

    diferentes.

    1.4 Colectivos: so aqueles em que o destinatrio um conjunto unificado de pessoas.

    1.5 Plurais

    1.6 Gerais

  • 3 Quanto aos efeitos:

    3.1 Actos de Execuo Instantnea: so aqueles cujo cumprimento se esgota num acto

    isolado.

    Actos de Execuo Continuada: so aqueles cujo cumprimento se prolonga ao longo do

    tempo.

    - Estes actos tm relevncia quanto ao regime da revogao, uma vez que um acto de

    execuo instantnea no pode ser revogado pois o seu cumprimento se esgota num nico

    acto.

    3.2 Positivos: so aqueles que produzem alteraes na ordem jurdica.

    Negativos: so aqueles que no produzem alteraes na ordem jurdica.

    - Se um acto positivo for revogado ou anulado eliminam-se os efeitos que ele tendia a

    produzir, se um acto negativo for revogado no se pode falar em cessao de efeitos pois este

    no produz efeitos, surgindo a necessidade de praticar um acto contrrio um acto positivo.

    4- Quanto localizao do procedimento administrativo:

    4.1 Definitivos: Estes podem ser classificados em dois sentidos:

    - em sentido horizontal: traduz-se na concluso de todo um processo que se

    vai desenrolando no tempo, denominado procedimento administrativo.

    -Em sentido vertical: traduz-se num acto emanado pelo rgo que ocupa a

    posio suprema na hierarquia ou por um rgo independente. O acto no verticalmente

    definitivo se for praticado por um rgo subalterno inserido numa hierarquia.

    No Definitivos: so actos que no contm uma resoluo final ou que no sejam

    praticados pelo rgo mximo de uma hierarquia ou por um rgo independente.

    5 Quanto hierarquia

    - rgos Subalternes

    - rgos Independentes

    6 Quanto susceptibilidade de execuo administrativa:

  • 6.1 Executrios: actos que so em simultneo eficazes e exequveis, cuja coero por

    via administrativa no seja impedida por lei.

    No Executrios: so actos tributrios e actos administrativos de que resulte a

    obrigao de pagar uma quantia em dinheiro, no entanto, estes so exequveis e eficazes.

    Aula 23 de Abril de 2010

    Procedimento Administrativo

    O procedimento administrativo trata-se da sequncia juridicamente ordenada de actos

    e formalidades tendentes preparao da prtica de um acto da Administrao ou sua

    execuo.

    Notas Caracterizadoras do Procedimento Administrativo

    Este trata-se de uma sequncia, uma vez que os vrios elementos que integram no se

    encontram organizados de qualquer maneira, acham-se dispostos numa certa ordem. uma

    sequncia juridicamente ordenada pois a lei que determina quais os actos a praticar e quais

    as formalidades a observar, e tambm a lei que estabelece a ordem dos pontos a cumprir, o

    momento em que cada um deve ser efectuado, bem como quais os actos antecedentes e os

    actos consequentes. Este ainda se traduz numa sequncia de actos e formalidades, uma vez

    que no procedimento administrativo tanto encontramos meras formalidades, como actos

    jurdicos. O procedimento administrativo tem por objecto um acto da Administrao, pois o

    que d carcter administrativo ao procedimento o envolvimento da Administrao Pblico.

    Este tem por finalidade preparar a prtica de um acto ou a respectiva execuo, podendo

    assim distinguir-se os procedimentos decisrios (servem para que a Administrao adopte um

    acto administrativo) dos actos executrios (servem para a Administrao executar um acto

    previamente adoptado).

  • * Procedimento administrativo (sequencia de actos e formalidades) Processo administrativo

    (conjunto de documentos em que se materializa esse essa sequencia de actos e formalidades

    que o procedimento).

    Objectivos do Procedimento Administrativo (artigo 267, C.R.P.)

    1 Disciplinar a actividade administrativa com o propsito de racionalizar os meios utilizados

    pelos servios administrativos.

    2 Esclarecer melhor a vontade da administrao para que as decises tomadas sejam

    ponderadas.

    3 Salvaguardar os direitos subjectivos e interesse legtimos dos particulares, impondo a

    administrao todos os cuidados para que esses direitos no sejam violados ou quando

    tenham de ser sacrificados, sejam sacrificados de forma desproporcional e ilegal.

    4 Evitar a burocratizao.

    5 Assegurar a participao dos cidados na formao das decises que lhes digam respeito.

    - No fundo o procedimento visa conciliar a prossecuo do interesse pblico com a garantia

    dos direitos individuais.

    Princpios Fundamentais do Procedimento Administrativo

    1 Carcter escrito: por um lado existe a necessidade de que as decises administrativas sejam

    devidamente ponderadas e por outro lado existe a necessidade de conservar para o futuro o

    registo daquilo que se realizou.

    2 Simplificao do formalismo: a lei limita-se a prever as formalidades essenciais, havendo

    uma margem de liberdade por parte da administrao.

    3 Princpio do inquisitrio: a administrao no esta subordinada ao pedido dos particulares,

    esta goza de um direito de iniciativa para melhor prosseguir o interesse pblico.

    4 Colaborao da administrao com os particulares (artigo 7 do C.P.A.): a administrao deve

    actuar em colaborao com os particulares para que seja assegurada a sua adequada

    participao no desempenho da funo administrativa.

  • 5 Direito de informao procedimental dos particulares: sempre que o requeira, o particular

    tem de ser informado sobre o andamento dos processos que lhe digam respeito (artigo 268,

    n1 da C.R.P.). Caso a administrao se negue a cumprir esse direito existe a violao de uma

    formalidade essencial, podendo o particular arguir essa violao.

    * Entende-se que os particulares tm direito de consulta de qualquer documento da

    Administrao (artigo 48, n2 da C.R.P.) direito informao no procedimental.

    6 Princpio da participao dos particulares na formao de decises que lhes digam respeito

    (artigo 7, n1, alnea b e 8 do C.P.A.): direito reconhecido aos particulares de prestar

    informaes e formular decises.

    7 Princpio da deciso (artigo 9 do C.P.A.): Existe um dever de decidir a cargo da

    Administrao que serve para proteger os particulares no caso de omisses na Administrao.

    8 Princpio da desburocratizao e eficincia (artigo 10 do C.P.A.): a administrao deve ser

    estruturada de modo a aproximar os servios das populaes e de forma no burocratizada,

    com a finalidade de assegurar a eficincia das suas decises.

    9 Princpio da gratuitidade (artigo 11 do C.P.A): o procedimento administrativo gratuito,

    excepo de quando leis especiais impem o contrrio.

    Aula 30 de Abril de 2010

    Procedimento Administrativo (cont.)

    Tipos de Procedimentos Administrativos

    1 Iniciativa pblica (artigo 54 do C.P.A.): iniciativa da prpria administrao.

    Iniciativa particular (artigo 54 do C.P.A.): iniciativa de um particular atravs de um

    requerimento.

    2 - Decisrios: so aqueles que se destinam a preparar uma deciso final.

    Executivos: so aqueles que visam executar um acto da Administrao.

  • 3 - Comum: aquele que esta regulado no C.P.A. e que aplicado a todos os casos em que no

    haja nenhuma legislao especial que se aplique.

    Especiais: so aqueles que esto regulados em lei especial.

    Fases do Procedimento Administrativo

    1 Fase inicial (artigos 74 a 83 do C.P.A.): Este tem o seu inicio atravs de um acto interno da

    administrao ou atravs de um requerimento apresentado por um particular interessado

    Quando o procedimento tem origem num acto da administrao, a administrao tem de dar

    conta desse facto aos particulares que podem vir a ser afectados por esse procedimento

    (artigo 55, n1 do C.P.A.). Quando o procedimento tem origem num particular, nesse

    requerimento devem constar as menes que constam no artigo 74 do C.P.A.

    2 Fase da instruo (artigos 86 a 105 do C.P.A.): Esta fase destinada produo da prova,

    isto , a fase onde se vai averiguar factos relevantes para a tomada da deciso final, ou seja, os

    factos so sujeitos a prova. A esta fase est associado o princpio do inquisitrio (artigo 56 do

    C.P.A.), em que a administrao, mesmo que o procedimento tenha sido da iniciativa dos

    particulares, no est subordinada ao pedido dos particulares, podendo proceder de uma

    maneira que considere mais conveniente para a instruo quando o interesse pblico assim o

    exigir.

    * Regras do C.P.A. em matria de prova: Dever de averiguao dos factos por parte da

    administrao; Admisso ampla de meios de prova, isto , so admitidos os mais variados

    meios de prova; Livre apreciao da prova por parte da administrao; Desnecessidade de

    prova ou alegao de factos que sejam pblicos e notrios ou factos de que o instrutor do

    procedimento tenha conhecimento em resultado do exerccio das suas funes; O nus da

    prova em matria de factos cai sob quem alega determinado facto.

    3 Fase da audincia dos interessados (artigos 100 a 105 do C.P.A): Esta constitui expresso de

    dois princpios fundamentais: o princpio da colaborao da administrao com os particulares,

    em que a administrao deve actuar em colaborao com os particulares para que seja

    assegurada a sua adequada participao no desempenho da funo administrativa (artigo 7 do

    C.P.A.), bem como o princpio da participao dos particulares na formao de decises que

    lhes digam respeito, direito reconhecido aos particulares de prestar informaes e formular

    decises (artigo 8 do C.P.A.). Esta fase possui bastante relevncia uma vez que os particulares

  • no tinham a certeza de que os seus requerimentos eram devidamente apreciados pela

    administrao e com esta fase o particular associado tomada das decises administrativas.

    A administrao deve comunicar aos particulares o sentido e as razoes em que se baseia para

    chegar a essa deciso. Existem casos onde no existe audincia previa como o caso das

    decises urgentes, ou quando a audincia pode comprometer a execuo da deciso, bem

    como nos procedimentos de massa (artigo 103 do C.P.A). Existem casos onde o instrutor pode

    dispensar a audincia prvia de acordo com a lei. Caso no haja audincia prvia quando esta

    obrigatria constitui uma ilegalidade formal, dando lugar anulabilidade do acto

    administrativo.

    4 Fase da preparao da deciso: A administrao tem de ponderar todos os elementos que

    dispe: a prova, os argumentos dos particulares, entre outros.

    5 Fase da deciso: Esta a fase em que se toma a deciso final do procedimento.

    6 Fase complementar: Nesta fase, so praticados actos ou formalidades posteriores deciso

    final, como registos, arquivamento de documentos, publicaes, entre outros. Na fase

    complementar, coloca-se um problema: o da chamada deciso tcita do procedimento, pois

    muitas vezes a Administrao no se pronuncia, mesmo quando os particulares o solicitam,

    trazendo consequncias jurdicas como:

    - Atribuir ao silncio da Administrao o valor de um deferimento tcito ou acto tcito

    positivo (artigo 108 do C.P.A.): Nestes casos, o particular v satisfeita a sua pretenso se a

    Administrao no se pronunciar.

    - Atribuir ao silncio da Administrao o valor de um indeferimento tcito ou acto

    tcito negativo (artigo 109 do C.P.A.): A vantagem para o particular de se dar o valor de um

    acto tcito negativo ao silncio da Administrao que, perante este acto tcito negativo o

    particular pode recorrer contenciosamente. Quando termina o prazo (mais ou menos 90 dias

    artigo 108, n 2 do C.P.A.) para a Administrao se pronunciar forma-se um ato tcito negativo

    para que, de seguida, o tribunal considera se este acto legal ou no. Caso este seja legal,

    dada razo Administrao, caso contrrio, isto , se o acto for ilegal, o acto anulado e o

    particular pode recorrer.

    * Condies de Formao de um Acto Tcito: 1) necessrio que um rgo administrativo seja

    legalmente solicitado pelo interessado a pronunciar-se no caso concreto; 2) a matria em

    questo tem de ser da competncia desse rgo; 3) necessrio que tenha decorrido o prazo

  • legal sem que a Administrao se tenha pronunciado; 4) preciso que a lei atribua ao silncio

    da Administrao um valor positivo ou negativo.

    Validade e Eficcia do Acto Administrativo

    A validade trata-se da aptido intrnseca do acto administrativo para produzir efeitos

    jurdicos que correspondem ao sentido legal em virtude de estar em conscincia com a ordem

    judicial. J a eficcia trata-se da efectiva produo de efeitos jurdicos.

    Invalidade (a partir do artigo 120 do C.P.)

    Um acto administrativo invlido aquele que est afectado por um valor jurdico

    negativo, isto , um acto que revela inaptido para produzir os seus efeitos. Esta pode

    assumir vrias formas, isto vrios vcios:

    1) Invalidade Orgnica

    - Usurpao de poder: Vicio que consiste em que um acto que no da competncia

    da Administrao seja praticado por um rgo desta (Exemplo: Um imposto no pode ser

    criado por um acto administrativo, apenas por um acto legislativo principio da separao dos

    poderes). Este vcio tem como consequncia a nulidade do acto e a sua sano grave.

    - Incompetncia: Vicio que consiste na prtica de um acto por um rgo administrativo

    que pertence competncia de outro rgo administrativo. Esta pode ser: Absoluta (quando o

    rgo administrativo pratica um acto que est fora das atribuies da pessoa colectiva a que

    pertence) e Relativa (quando o rgo administrativo pratica um acto que est fora da sua

    competncia mas que est dentro de outro rgo da pessoa colectiva a que pertence). Ainda

    existe um critrio onde existem outras modalidades de incompetncia: 1) incompetncia em

    razo de matria (quando um rgo pratica um acto que da competncia de outro rgo, em

    razo do assunto); 2) incompetncia em razo de hierarquia (quando um rgo administrativo

    pratica um acto que da competncia de outro rgo em razo hierrquico); 3) incompetncia

    em razo de lugar (quando um rgo administrativo invade a competncia de outro rgo

    administrativo em razo do territrio); 4) incompetncia em razo do tempo (quando um

    rgo administrativo pratica um acto em relao ao passado ou em relao ao futuro, pois no

  • possvel, uma vez que o acto administrativo se destina a produzir efeitos no presente). A

    consequncia de uma incompetncia absoluta a nulidade, se for relativa gera anulabilidade.

    2) Invalidade Formal

    - Vcio de forma: Vicio que consiste na preterio de formalidades essenciais ou

    carncia de forma legal. Este pode assumir as seguintes modalidades: 1) preterio de

    formalidades que sejam anteriores prtica do acto administrativo (exemplo: falta de

    audincia dos interessados) gera invalidade do acto; 2) preterio de formalidades relativas

    prtica do acto administrativo (exemplo: inobservncia das regras de vocao nos rgos

    colegiais) gera invalidade do acto administrativo; 3) preterio de formalidades que sejam

    posteriores prtica do acto administrativo no geram a invalidade do acto, apenas ilegal a

    execuo do acto. Este vicio tem como consequncia a nulidade ou mera anulabilidade do

    acto.

    3) Invalidade Material

    - Violao de lei: Este assenta numa discrepncia entre o contedo do acto

    administrativo e as normas jurdica que lhes so aplicveis. Existem as seguintes modalidades

    de violao de lei: 1) falta de base legal (quando a administrao pratica um acto sem que

    nenhuma lei o autorize); 2) incerteza, ilegalidade ou impossibilidade do contedo do acto; 3)

    incerteza, ilegalidade ou impossibilidade do objecto do acto; 4) inexistncia ou ilegalidade dos

    pressupostos relativos ao contedo ou objecto do acto; 5) inexistncia ou ilegalidade dos

    pressupostos relativos aos elementos acessrios. Esta tem como consequncia a nulidade (nos

    casos previstos no artigo 133 do C.P.A.) ou mera anulabilidade (nos restantes casos).

    - Desvio de poder: Este consiste no exerccio de um poder discricionrio por um motivo

    principalmente determinante que no esteja de acordo com o fim que a lei teve em vista ao

    atribuir esse poder, existe uma discrepncia entre o fim legal e o fim real. Este pode ocorrer

    dos seguintes modos: por erro (quando o motivo do desvio de poder pblico exemplo: a

    PSP passa multas por motivo de tesouraria); por m f (quando o motivo de desvio de poder

    privado exemplo: corrupo). Este tem como consequncia a anulabilidade do acto

    administrativo.

    Nulidade e Anulabilidade

  • 1) Nulidade (artigo 133 ao 136 do C.P.A.): trata-se da forma mais grave da invalidade do acto

    administrativo, uma vez que o acto nulo totalmente ineficaz desde o inicio, no produz

    quaisquer efeitos (artigo 134, n1 do C.P.A.); a nulidade insanvel quer pelo decurso do

    tempo, quer por ratificao, reforma ou converso do acto, isto , um acto nulo no pode ser

    convertido num acto vlido; quer os particulares, quer os funcionrios pblicos tm o direito

    de desobedincia de um acto nulo; o acto nulo pode ser impugnado a todo o tempo, no

    existe prazo de caducidade de um acto nulo; o pedido de reconhecimento da nulidade pode

    ser feito junto a qualquer tribunal, no entanto, declarao de nulidade s pode ser pedida

    junto de um tribunal administrativo; a nulidade pode ser reconhecida a todo o tempo, por

    qualquer rgo da administrao, no entanto, a declarao com fora obrigatria geral da

    nulidade de um acto s pode ser reconhecida pelos rgos com poderes de controlo no caso

    concreto.

    2) Anulabilidade: trata-se de uma forma menos grave de invalidade do acto administrativo,

    uma vez que o acto anulvel produz efeitos, isto , eficaz; a anulabilidade sanvel pelo

    decurso do tempo ou por ratificao, reforma ou converso do acto administrativo, isto , um

    acto anulvel pode ser convertido num acto valido; enquanto que o acto no for anulado

    valido para os funcionrios; o acto anulvel s pode ser impugnado dentro de um certo prazo;

    o pedido de anulao de um acto apenas pode ser feito perante um tribunal administrativo; a

    anulao de um acto tem efeitos retroactivos, ou seja, tudo se passa como se o acto nunca

    tivesse existido.

    Hipteses Prticas

    1) Suponha que Joo pretende construir uma casa num terreno de famlia no concelho de

    Coimbra. Em Maro de 2006 dirige um requerimento Comisso de Coordenao Centro para

    solicitar a emisso de licena de construo. Um ms depois, Joo inicia as obras de

    construo porque considera o silencia da Administrao como um deferimento tcito e

    pergunta-se se realmente se ter formado um deferimento tcito.

    - De acordo com o artigo 180 do C.P.A., n2 do C.P.A., Antnio tinha de esperar 90 dias

    pela deciso e no apenas um ms, no chegando a haver deferimento tcito quando realizou

    as obras.

  • - O requerimento teria de ser feito Cmara Municipal (artigo 77 do C.P.A.), bem

    como a Comisso de Coordenao deveria informar o particular a quem devia dirigir o seu

    requerimento (artigo 34 do C.P.A.).

    2) Imagine que um preceito de um decreto-lei dispunha: os directores regionais do ambiente

    podero licenciar, por acto da administrao, a instalao de tanques de criao pisccola em

    barragens. Um pedido de instalao de tanques indeferido por um director regional

    exclusivamente nos seguintes termos: indefiro dado o imperativo de defesa da

    biodiversidade. Sofre este acto algum vcio?

    - Este acto sofre um vcio de forma por insuficincia de fundamentao (artigo 125,

    n2 do C.P.A.) e um acto que necessita de ser fundamentado (artigo 124, n1, alnea c do

    C.P.A.).

    - Deste modo, o acto anulvel, assim juridicamente eficaz at que seja anulado.

    3) Na qualidade de proprietrio de um terreno integrado no loteamento licenciado pelo alvar

    n 5/99 da CM de Sintra, A entra com um pedido de licenciamento de obras de construo de

    uma moradia unifamiliar junto da CM de Cascais, municpio onde tem a sua residncia

    habitual. Tal requerimento vem a ser deferido com a consequente emisso de uma licena de

    construo em Abril de 2009. Em Maro de 2010, o Ministrio Pblico promove a impugnao

    contenciosa do acto de licenciamento com base em violao de lei.

    - Existe uma incompetncia em relao do lugar, uma vez que a CM de Cascais invade

    a competncia d CM de Sintra, e absoluta, uma vez que a CM de Cascais pratica um acto que

    est fora das atribuies a que pertence, sendo assim gera nulidade.

    4) Suponha que num concurso para provimento de um lugar de comandante da polcia

    municipal de Coimbra, o presidente do jri respectivo, levou os vogais a escolherem a

    candidata A em detrimento do candidato B, apesar de este ltimo ter manifestamente mais

    qualificaes para exercer o cargo. Mais tarde vem a saber-se que o presidente do jri do

    referido concurso mantinha uma relao amorosa com A h mais de 2 anos.

  • - Existe uma invalidade material, um desvio de poder, praticado atravs de m f, uma

    vez que o desvio de poder de interesse privado. Este vicio tem como consequncia a

    anulabilidade do acto.

    5) Imagine que, por meio de regulamento, se prev a concesso de bolsas de estudo pela

    Universidade de Lisboa a estudantes economicamente desfavorecidos cujo agregado familiar

    tenha um rendimento mensal inferior a 500. Mais se preceitua no referido regulamento que

    o montante da bolsa se cifrar em 250 mensais. A, cuja situao se enquadra na hiptese

    legal, requer uma bolsa de estudo, mas no formula o pedido em termos claros e precisos,

    circunstancia esta que leva administrativos da Universidade de Lisboa a convidar o requerente

    a suprir as deficincias existentes. Em face de novo requerimento entretanto apresentado por

    A, a Universidade de Lisboa difere parcialmente a pretenso do requerente concedendo-lhe

    uma bolsa de 200 mensais com argumento de que os rendimentos do seu agregado familiar

    esto muito prximos do limite estabelecido no regulamento.

    - Existe uma invalidade material, uma violao de lei, cuja consequncia

    anulabilidade.