processo civil - aulas teóricas

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  • 8/13/2019 Processo Civil - Aulas Tericas

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    PROCESSO CIVIL FDUCP

    Maria Lusa Lobo2012/2013 Pgina 1

    12 de Setembro (4a)Aula 1

    Noo de Processo Civil: ramo do Direito que regula o exerccio do Direito de aocivil.

    exerccio do Direito de Ao Civil: relativo a direitos de natureza privada, aatribuio do direito de ao civil consiste no direito de provocar a interveno dostribunais com vista reposio do meu direito que eu considero que fora violado. O

    exerccio do Direito de Ao Civil resulta da proibio de justia privada. Trata-se dedireitos tutelados pelo Direito Civil sendo a apreciao realizada pelos tribunais feitapelo processo civil.

    Matria a estudar na disciplina de Processo CivilAnlise do Programa

    Condies para o tribunal apreciar a questo que eu submeto Competncia do Tribunal (se no formular a questo ao tribunal

    competente ele no conhece da questo) Legitimidade Capacidade

    Tipos de Ao

    Formas e Formalidades do Tipo de Ao Civil Marcha do Processo Deciso (sentena) e seus efeitos, nomeadamente o caso julgado Organizao judiciria, nomeadamente os Tribunais Judiciais que tratam das

    questes de processo civil

    No iremos estudar a matria do recurso nem da execuo.

    O Programa assenta no Processo Civil Declarativo e de 1 Instncia.

    Caractersticas do Processo Civil enquanto Ramo do Direito

    1. O Processo Civil integra o Direito Privado ou o Direito Pblico?Na opinio da Prof. Maria dos Prazeres Beleza, o Processo Civil integra o Direito Pblicopor diversas razes:

    Regula o exerccio da funo jurisdicional Posio dos sujeitos na relao jurdica (critrio de distino entre Direito

    Privado e Direito Pblico dado na disciplina de Fundamentos de Direito Civil eDireito das Pessoas): o Tribunal apresenta-se numa posio de superioridadeface s partes em litgio.

    Aulas Tericas de Processo Civil

    Prof. Maria dos Prazeres Beleza (2as feiras) e Prof. Rita Lynce (4as feiras)

    2012/2013

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    Critrio da Finalidade (critrio de distino entre Direito Privado e DireitoPblico dado na disciplina de Fundamentos de Direito Civil e Direito das

    Pessoas): estando em causa, por um lado, em cada processo, direitos privados,por outro lado, o Processo Civil deve ser entendido enquanto modo deresoluo pacifica dos litgios que visa a prossecuo do interesse pblico.

    2. Ramo do Direito Instrumental ou AdjectivoO Processo Civil diz o caminho a seguir em Tribunal, no dando a soluo do litigio(exemplo: no diz que o devedor deve pagar ao vendedor).

    O Processo Civil instrumental tal como os outros processos. O Processo Civil comumuma vez que as regras deste se aplicam subsidiariamente aos outros processos.

    Fontes do Processo Civil

    Constituio da Repblica Portuguesa Organizao dos Tribunais (Judiciais) e suas regras Regras de Processo Civil

    Lei Ordinria Cdigo do Processo Civil

    1 Cdigo de Processo Civil: 1865 2 Cdigo de Processo Civil, considerado o pai do actual

    Prof. Jos Alberto dos Reis: 1939 3 Cdigo do Processo Civil: 1961 (o de hoje mas com vrias

    reformas)

    Reforma de 1995 s entrou em vigor em 1997 (razo pela qual a Prof. s vezesreferir Reforma de 1995 () 1996 () 1997)

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    Leis de Organizao Judiciria Leis relativas aos Tribunais Judiciais: atualmente existem duas

    simultaneamente aplicadas:

    Lei 3/99, de 3 de Janeiro aplicada na maior parte do territrionacional

    Lei 52/2008, de 28 de Agosto o Governo j disse que no aquer aplicar mais

    Legislao ComunitriaDesde o Tratado de Amesterdo que existem imensos regulamentos comunitrios queintegram, existindo ainda convenes internacionais da maior importncia.

    A interpretao das leis de processo igual estudada anteriormente. Iremos

    estudar, contudo, a aplicao no tempo das leis de processo.

    Prximo Aula: Matria dos Princpios

    17 de Setembro (2a)Aula 2

    Princpio do Dispositivo e do Inquisitrio

    Nota: na pratica existem relaes tendencialmente de um ou de outro.

    As relaes processuais civis (o que se julga quando se coloca uma ao civil) so dedireito privado disponvel.

    A questo fundamental do processo civil saber como que o princpio do dispositivoe o princpio do inquisitrio se harmonizam com a vontade/poder das partes e do juiz.

    Nos tempos do liberalismo, o processo civil era uma coisa privada das partes. A

    disponibilidade das partes deve ser projetada na relao jurdica.

    Deste modo, o princpio do dispositivo assentava no direito de ao da parte,integrada no processo. O juiz um rbitro que se limita a garantir o cumprimento dasregras do jogo.

    O aumento do poder do Estado conduziu ao aumento dos poderes do juiz o que nosleva ao mbito da noo do princpio do inquisitrio. As partes dispem da relaosubstantiva mas com a ao proposta o juiz deve ter todos os poderes necessriospara alcanar a verdade material e no apenas aquela que resulta do processo.

    Deste modo, o princpio do dispositivo do ponto de vista das partes, as partes definemos limites da interveno do juiz.

    Em que se revela a opo pelo princpio do dispositivo e do inquisitrio? Naorganizao dos poderes do juiz.

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    1. Quem tem o poder de dar inicio ao processo? E de o fazer seguir?Nos termos do art. 3, tem poder de instaurar uma ao as partes (modelo dispositivo),mas s em relao a direitos disponveis. E quanto aos direitos indisponveis? H casos

    em que a lei permite ao Ministrio Pblico instaurar a ao.

    Qualquer processo equivale a uma sequncia de atos com uma determinadafinalidade (emisso da sentena). Nos termos do art. 265, o juiz tem os poderesnecessrios para fazer prosseguir o processo.

    2. Definio do Objeto do ProcessoExemplo: A proprietrio de uma casa que se encontra arrendada a B. B deixa de

    pagar a renda e A intenta contra ele uma ao de condenao das rendasvencidas, ou seja um ao que vise que ele pague as rendas. Se o juiz achar melhor

    para A resolver o contrato, o juiz pode conceder coisa diferente ou mais do que a

    parte pediu?

    Nos termos do art. 264, consagra-se o pedido e a causa de pedir.

    3. O Tribunal encontra-se limitado aos factos alegados pelas partes? a questo central.

    A metodologia de facto corresponde ao modelo dispositivo quais os factos queincumbem ao processo?

    Factoscincia jurdica privada dos juzes.

    Nos termos do art. 664 (remete-se para o art. 264) a regra, segundo o modelodispositivo, que no pode. Existe uma ideia de auto responsabilizao. Em principio otribunal s pode conhecer dos factos alegados pelas partes.

    Contudo a lei permite que o juiz conhea dos factos instrumentais alem dos factosalegados.

    4. Responsabilidade em matria de provaQuanto matria de prova funciona o modelo inquisitrio.

    Nos termos do art. 265/3, o juiz pode determinar a produo de meios de prova queno foram apresentados pelas partes. O juiz tem poderes de iniciativa probatria.

    Nos termos do art. 655 consagra-se o sistema de valorao da prova.

    5. Deciso de dar fim ao processoNos termos do art. 243, a lei reconhece s partes a possibilidade de porem termo aoprocesso, atravs de transao, confisso, desistncia, etc.

    So atos da vontade que sendo validos o juiz tem de os aceitar e homologar, nostermos do art. 300.

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    Princpio da Cooperao

    Nos termos do art. 266, o juiz e as partes devem harmonizar-se com o fim de umcorrecto julgamento da causa.

    Princpio do Contraditrio

    Nos termos do art. 3/3, o processo deve garantir ao longo de todo o processo queuma parte possa confrontar a outra.

    Garante-se a cada uma das partes que a parte contraria contrarie os argumentos daoutra. Existe um direito de contrariar princpio constitucionalmente previsto, quandose afirma uma igualdade de estatuto/formal apenas.

    O Princpio do Contraditrio afastado por razoes de eficcia na justia cautelar

    (exemplo: arresto), sendo diferido para depois da deciso.

    Este princpio tem base constitucional nos termos do art. 20 da CRP, nomeadamenteno n4, quando se afirma o direito a um processo equitativo existindo o respeito pelocontraditrio.

    Princpio da Submisso aos limites substantivos

    uma caracterstica fundamental do processo.

    Nos termos do art. 877, podemos dar o seguinte exemplo imagine-se um pai que

    tem 3 filhos mas que decide vender um imvel a 1filho mas sabe que os outros doisfilhos no querem essa venda. Por um lado, nos termos do art. 134 tal ser objeto de

    uma sentena que declare que o proprietrio o filho ou enta pode se propor umaao de invalidao.

    A regra geral a de que se o ru no contesta, os factos so dados como assentes.

    O processo civil deve ter mecanismos que impeam as situaes anteriores?

    Art. 877: ao de reivindicao simulada (no corresponde a um litgio real)art. 665

    Caso do incapaz: extrajudicialmente sabemos que precisa-se da autorizaodo curador para obter a verdade.

    Princpio da Precluso

    O Processo Civil demasiado preclusivo:

    Sucesso de fases, cada uma com a sua funo especifica Processo: sequncia de atos, numa cadeia pr ordenada com vista emisso

    de uma sentena.

    A primeira fase de qualquer processo a fase dos articulados, o que impede quemais tarde se v dizer ao juiz que se esqueceu de alegar algo.

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    Existe uma forte celeridade processual e um jogo legal entre as partes, sendo estelimitado pela existncia de factos supervenientes (bastante importantes) queconstituem um limite precluso.

    Princpio Legalmente da Relao Processual

    A definio da marcha do processo e a sua tramitao global faz-se da seguinteforma:

    A lei define O juiz define Acordo das partes

    Quando se pratica um qualquer ato a sua forma deve ser apresentada sob a formade contestao.

    Quanto forma do processo, cada ato resulta da lei

    disposio legal.A lei portuguesa consagra o princpio da legalidade das formas processuais.

    O Princpio da Adequao Formal encontra-se consagrado no art. 265-A sendo que ojuiz pode determinar um alterao da forma.

    Em princpio, as regras processuais so imperativas no sendo o acordo das parteseficaz para afastar aquelas regras.

    Princpio da Economia Processual

    Adaptao ao processo da lei do menos esforo. Deve-se alcanar o mximoresultado com o menor dispndio da actividade processual nos termos do art. 137 e138.

    Nos termos do art. 201, as nulidades processuais so influenciadas por este princpio.

    Princpio do Direito Justia em Tempo til

    Nos termos do art. 2, trata-se de um princpio geral que decorre da tutelaconstitucional do acesso justia (art. 20 da CRP).

    Princpio da Igualdade Substancial das Partes

    Nos termos do art. 3 -A, existe uma igualdade de estatuto (princpio do contraditrio)

    e uma funo de assistncia do juiz.

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    Tipos de Aes

    Nos termos do art. 4 consagram-se os vrios tipos de aes (no inclui as providnciascautelares):

    Aes Declarativas: aquilo que se pede ao tribunal que ele diga a soluoque o direito substantivo d a um determinado litgio

    Apreciao Condenao: so as mais frequentes, sendo que em primeiro lugar o juiz

    verifica se o direito que o alega existe (comum a todas as aesdeclarativas). De seguida o juiz verifica se o direito foi violado. Porultimo, o juiz d ao ru uma ordem de condenao (realizao daprestao corresponde e adequada reparao do direito violado).

    Constitutivas

    Aes Executivas: o autor (credor) quer a satisfao material do seu direito.No serve para discutir a existncia material do seu direito.

    19 de Setembro (4a)Aula 3

    Nos termos do art. 4 do Cdigo de Processo Civil podem existir dois tipos de aes:

    Aes declarativas: tm como objetivo que o juiz d atravs da sentena umaresposta ao litigio entre as partes. Visa-se declarar a existncia do direito.

    Aes executivas: tm como objetivo que o tribunal adopte as providnciasnecessrias com fim execuo do direito.

    Primeiro instaura-se uma ao declarativa. Em seguida, com a sentena, instaura-se

    uma ao executiva com vista a reparar o direito atravs de meios coercivos.

    Instaurar uma ao executiva pressupe uma certa certeza da existncia do direito.

    Tal certeza traduz-se atravs da existncia de um titulo executivo, sendo que estepode assentar numa sentena anterior ou na existncia de cheques sem proviso,

    entre outros. A matria sobre os ttulos executivos encontra-se consagrada no art. 45(importante o n2) e ss.

    Nos termos do art. 4/2 estabelecem-se os tipos de aes declarativas que podemexistir, tendo como critrio de distino a finalidade, ou seja a finalidade pedida peloautor:

    Apreciao (al. a)Exemplo: declarao de nulidade de um contrato (vs anulabilidade de umcontrato ao declarativa constitutiva).

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    O contrato nulo mesmo que tal no seja declarado. A sentena s temcomo efeito jurdico a segurana jurdica.Requisitos: situao de incerteza, sendo que quanto incerta necessrioconsiderar que:

    A incerteza seja grave (poder para prejudicar o seu titular) e objetiva(criada por terceiros e no pelo seu prprio titular)

    A incerteza relativa titularidade de um direito ou verificao de umfacto.

    Condenatria (al. b) o tipo mais frequente. Consiste na exigncia da prestao de uma coisa oude facto, pressupondo ou prevendo a violao do direito. Deste modo, o autor

    pede em tribunal que este declare a existncia do direito, que foi violado eque condene o ru a reparar o seu direito.

    prevendo a regra a de que apenas quando j existiu a violao dodireito pode o autor propor uma ao condenatria.

    Contudo, nos termos do art. 472 existem duas excees referida regra:

    Nos termos do n1, quanto a prestaes peridicas (surgemciclicamente ao longo do tempo prestaes fracionadas) no

    cumpridas.

    Nos termos do n2, quanto a prestaes futuras. Neste caso visa-seevitar prejuzo para o autor. Exemplo: aes de despejo e casos

    anlogos

    Constitutiva (al. c)Visa autorizar uma mudana na ordem jurdica existente. Atravs da

    declarao dos tribunais est se a proceder ao ser exerccio adequado.

    Tratam-se de aes adequadas ao exerccio de direitos potestativos deexerccio judicial. Exemplo: apenas com a sentena o contrato anulvel. Emgeral so utilizadas no exerccio dos direitos potestativos, como por exemplo,(1) no exerccio judicial da ao de divrcio e (2) no exerccio extrajudicial dodireito de resoluo.

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    Querela Doutrinal ao de execuo especfica no contrato promessa

    Prof. Antunes Varela: uma ao declarativa de condenao

    Prof. Remdio Marques: uma ao declarativa constitutiva, uma vezque quando o tribunal declara a existncia do direito permite-se asubstituio da declarao negocial do faltoso, passando o autor daao a ser o proprietrio do objecto.

    Em suma:

    Ao declarativa de apreciao a ao mais simples de todos Nas aes declarativas de condenao ou de constituio inclui-se as aes

    de apreciao, uma vez que se trata de um elemento de simples apreciao. Nas aes declarativas condenatrias visa-se condenar o ru Nas aes declarativas constitutivas visa-se proceder a uma alterao no

    ordenamento jurdico. As aes declarativas de apreciao existem em todas as aes.

    Providncias Cautelares

    As providncias cautelares no se encontram consagradas no art. 4, uma vez que sereferem a procedimentos com funes especiais e sem autonomia. Ou seja, asprovidncias cautelares so instrumentais visando garantir que a sentena de uma

    ao seja eficiente.

    Exemplo: providncia cautelar de arresto apreenso dos bens do devedor paragarantir o cumprimento de uma dvida.

    O objetivo assenta em garantir que o tempo que demoram as aes no faa queuma alterao das circunstancias impossibilite o cumprimento da sentena.

    Exemplo: providncia cautelar de alimentos provisria

    Caractersticas das Providncias Cautelares

    Medidas judiciais, com exceo do embargo de obra nova que pode serrealizada por via extrajudicial desde que posteriormente seja ratificada

    Medidas que dependem de uma ao principal Medidas urgentes, uma vez que os prazos so mais rpidos para serem

    decretados (art. 282/2)

    Medidas provisrias, uma vez que visam apenas regular transitoriamenteaquela sentena de ao principal.

    No necessria prova em sentido strito, sendo apenas necessrio que o autormostre que o seu direito provvelverossimilidade

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    Pode ser decretada sem audincia do recorrido Existe uma maior responsabilidade do requerente pelos danos que pode

    causar ao recorrido.

    Nos termos do art. 381 e ss existem dois grupos de providncias cautelares:

    Comuns (art. 381 - 392) Especificadas (art. 393 e ss.)

    O Procedimento Cautelar Comum utilizado subsidiariamente, ou residualmente, ouseja sempre que no exista procedimento cautelar especifico.

    Nos termos do art. 381 consagra-se uma clusula geral e abstrata incluindo todas assituaes de risco.

    Nos termos do art. 381/1 consagra-se os termos em que se pode requerer umaprovidncia cautelar sendo necessrio distinguir:

    conservatriaconscincia do estado de facto, exemplo: arresto antecipatria anterior deciso da ao principal, ou seja o contedo

    idntico ao da ao principal, exemplo: providencia cautelar de alimentosprovisoria

    Para se decretar uma providncia cautelar no procedimento comum necessrioque, nos termos do art. 387 exista:

    Uma probabilidade sria da existncia do direito (fumus boni iuris aparnciado direito)

    Suficientemente fundado o receio de leso - remete-se para o art. 381/1quando refere leso grave e dificilmente reparvel ao seu direito (periculum

    in mora)

    Nos termos do art. 383, o procedimento cautelar s pode ser requerido:

    Se a ao principal j estiver pendente (art. 383/1) Se a ao principal ainda que no esteja pendente seja instaurada no prazo

    de 30 dias (art. 389/1 al. a)

    No sendo instaurada no prazo de 30 dias, a providncia cautelarcaduca.

    necessrio ter ainda em considerao que alm dos dois pontos indicadosanteriormente a propsito dos requisitos a observar para se poder decretar umaprovidncia cautelar comum, correspondem a princpios relevantes no regime doProcedimento Cautelar Comum:

    Menor exigncia quanto prova, nos termos do art. 384 Um dos principais desvios ao Princpio do Contraditrio encontra-se

    consagrado no art. 385 Nos termos do art. 387/2 consagra-se o Princpio da Proporcionalidade

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    (Questo) Quem tem legitimidade para requerer a providncia cautelar?

    Estando o ru em regra a opor-se ao direito alegado pelo autor e no a defender odireito prprio no tem legitimidade.

    S quando adote a posio do autor o ru ter legitimidade para tal. Ser o caso dopedido reconvencional, em que o ru defende um direito prprio.

    24 de Setembro (2a)Aula 4

    As providncias cautelares dependem sempre de uma ao principal.

    Nos termos do art. 121 do DL 2008 66, em certas circunstncias e cumprindo certos

    requisitos possvel no regime experimental e atravs de uma providencia cautelarantecipar o juzo que s se daria com a ao principal. Tal deve-se ao facto de existir

    momentos suficientes nas providncias cautelares que o permitem. Julga-sedefinitivamente a causa.

    Inverso do Contencioso

    No Prjecto do Cdigo de Processo Civil, no art. 3 - A, no se generalizava esta regrada providencia cautelar. Mas mediante requerimento da parte interessada everificados todas as circunstncias e requisitos impe-se parte contraria que dentrode uma prazo intente uma aco para provar que no h nenhum direito, tem o nush uma inverso, ou seja tem de provar que o requerente da providncia cautelarno tem razo.

    Nos termos do art. 393 e ss do Cdigo de Processo Civil contra o esbulho violento,pode-se pedir a restituio provisria da posse. uma providencia cautelar, tem de seprovar que tinha a posse que houve violncia no esbulho. No ouve, o juiz, o

    esbulhador; declara logo a restituio da posse. Razo: punir.

    Nos termos do art. 396 do Cdigo do Processo Civil pode-se aplicar contra

    sociedades. Se as deliberaes de anulao tm eficcia retroactiva, qual o espaopara a figura da suspenso de deliberaes sociais (providencia cautelar desuspenso)? O que esta em causa a suspenso de facto, ou seja pode haverdeliberaes de facto que no possam ser anuladas, nos termos do art. 397/3.

    Nos termos do art. 399 poe ser acessria a aco em que resulte a obrigao deprestar alimentos. Segue um regime especifico.

    Nos termos do art. 403 e ss, arbitramento de reparao provisoria. No pode serpedida na dependncia de aco de indemnizao (questes fundamentais desobrevivncia).

    Nos termos do art. 406 e ss:

    Arresto: apreenso judicial de bens. Providncia cautelar provisoria. No jaudio do requeridorazo de eficcia.

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    Penhora: apreenso judicial de bens, que se faz numa aco executiva. Podeser precedida do arresto: havendo receio de perda de garantia patrimonial. Osbens ficam numa situao de indisponibilidade do devedor. Depois, havendofundamento, o arresto transforma-se em penhora.

    Nos termos do art. 412 e ss, embargo de obra nova suspenso da obra ate severificar que pode faze-las naquelas condies. Que no afecta direitos depropriedade e gozo. Pode ser decretada extrajudicialmente.

    Nos termos do art. 421 e ss:

    Arrolamento: quanto a bens determinados. Exemplo: em aao de partilha. Ofiel depositrio que no pode dispor deles, no pode dispor deles.

    Arresto: so interessa o valor dos bens e no o tipo/natureza dos bens. O credor bago com o dinheiro resultante da venda judicial.

    Formas de Processo

    Nem todas as aces seguem a mesma transmitao.

    Aco: sequencia de actos com o mesmo fim.

    O numero de formas de processo, com as sucessivas revises ao CPC tm vindo a

    diminuir.

    O autor precisa de saber o modelo de aco que vai propor.

    Critrios:

    1. Tipo de providncia2. Natureza material da questo discutida/objecto3. Valor da aco

    Art. 460 CPC:

    Processo comum: por excluso de partes Processo especial: estao definidos dentro e fora do Cdigo Jurisdio

    Voluntria

    S deve haver um processo especial quando a tramitao do processo comum serve.

    Princpio da Adequao Formal consagrado no art. 265-A Nos processos especiais h interveno diferente do tribunal: jurisdio

    voluntria. muito mais do que um processo especial. difcil limitar a jurisdiocontenciosa da voluntaria. difcil e controversa essa delimitao material. Olegislador resolveu este problema ao incluir a jurisdio voluntaria nos processosespeciais. Estao especificamente includos no CPC, mas fora deste a leiexplicitamente indica que fazem parte da jurisdio voluntaria.

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    Do ponto de vista material, a funo jurisdicional exige que o tribunal adopte umaposio imparcial. uma das funes do estado. Na jurisdio voluntaria (art. 1409,1412 e ss CPC + fora do CPC aqueles que estiverem no CPC e foram tirados aostribunais) diferente: exemplo proteco do ausente, casos em que no h interesses

    opostos divorcio por mutuo consentimento. H conflitos de interesses mas a leiconsidera que um superior responsabilidades parentais quando os pais no seentendem. No mbito da jurisdio voluntaria o estado pede que o tribunal tomemedidas para a melhor prossecuo do direito que o estado coloca nas suas mos. Otribunal actua como gestor. No h imparcialidade porque a lei assim o exige. Comose justifica isto? Se estao em causa interesses de natureza privada, mas que a leiconsidera que o interesse publico a protege-los.

    Nos termos do art. 1409 consagram-se princpios que se afastam do regime regra(jurisdio contenciosa/regra). Dai ser importante saber se um processo.

    Nos termos do art. 1409 e ss (art. 649, 264 e 265/3) consagra-se o principio dispositivo

    quando aos factos art. 649 e 264. A regra que o juiz esta limitado pelos factosalegados pelas partes. No n2 consagra-se o principio inquisitrio quanto aos factos, o

    juiz pode investigar factos para alem daqueles que foram indicados.

    Quanto jurisdio voluntria, nos termos do art. 265/3, quanto prova so h umadiferena quanto ao grau. Em regra, o juiz esta limitado quanto ao conhecimento dos

    factos mas no quanto prova. O mesmo acontece na jurisdio voluntaria.

    1. Princpio do inquisitrio quanto aos factos e quanto provaA regra, nos termos do art. 1410, assenta que o critrio de deciso do juiz a

    legalidade. Se h lacuna integra-a de acordo com o art. 10 CC. Em regra no podedecidir de acordo com o que achar mais justo. Mas h excepes, em que se podeaplicar a equidade (exemplo: certos casos de indemnizao.

    Art. 659 VS art. 1410: critrio de convenincia e discricionariedade: o juiz deve tomar amedida que, em concreto, for mais conveniente prossecuo dos interesses. A

    discricionariedade quanto ao contedo da deciso e no aos seus pressupostos.Exemplo: competncia do tribunais imperativo, pressupostos das crianas paraadopo . constam do CC e outra lei e esto vinculados mas a medida deproteco adequada j tomada de acordo com o que mais benfico naquelecaso em concreto.

    2. Principio da convenincia e discricionariedadeRegra: h um dado momento em que a deciso se torna definitiva e imutvel.

    Tribunais judiciais

    STJ Tribunal da Relao 1 Instncia

    Assim organizados para que seja possvel recorrer. Aja ou no recurso da deciso h

    uma altura em que a deciso j no pode ser modificada transio em julgado (art.

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    677). No se pode pedir ao tribunal que volte atras na deciso tomada fora docaso julgado.

    Jurisdio voluntaria: posso recorrer de todos os pressupostos/requisitos estiverem

    reunidos. Nos termos do art. 1411 as decises, mesmo quando so definitivas, no

    adquirem a imutabilidade do caso julgado. Pode sempre pedir-se a alterao dadeciso, quando as necessrias circunstancias estiverem reunidas. Pede-se ao tribunalque julgou (exemplo: caso a vida dos pais mude, por qualquer razo):

    3. No h imutabilidade do caso julgadoNos termos do art. 1411/2 CPC, h regras de admissibilidade de recurso. A regra geralencontra-se consagrada no art. 678/1. A alada do tribunal, nos termos do art. 305,consagra que todas as aes tm um determinado valor (ainda que podem serficcionado) e que este deve corresponder utilidade econmica do litgio. Este valortem consequncias:

    Aladas dos Tribunais: LOFJT(art. 24 - 99 e art. 31 - 2008) 5 000 tribunais de 1 Instncia 30 000tribunal da Relao

    (valores dentro dos quais os tribunais julgam sem recurso ordinrio)

    A regra contida no art. 1411/1 uma regra especial: devido aos critrios de decisodo art. 1410 na jurisdio voluntaria. O STJ s tem competncia para controlar aaplicao da lei, no controlando os factos nem as decises tomadas de acordo

    com os princpios da convenincia e discricionariedade (no se podem dissociar osfactos), mesmo que o valor da ao o permitisse.

    Nota: www.dgsi.pt STJ ac. 27/5/2008 proc. 08B1203

    4. No h recurso para o STJ necessrio saber se a jurisdio ou no voluntria.

    Alguns autores criticam as escolhas da lei. Por exemplo, o processo de interdio, paraalguns, devia ser de jurisdio voluntria. Enquanto o processo e fixao do prazo

    est. Aos que pertencem ao grupo escolhido (critrio formal: lista) aplicamos esteprincpio.

    A doutrina diz que do ponto de vista material no funo jurisdicional e simadministrativa jurisdio voluntria.

    Processo Comum Declarativo

    Nos termos do art. 462 pode ser:

    Ordinrio Sumrio

    SumarssimoCritrios de delimitao das formas de processo:

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    Valor da Causa Critrio do Objecto (para diferenciar o processo sumrio do sumarssimo, usam-

    se os dois critrios cumulativamente)

    Segundo o DL 269/99 o processo especial para cumprimento de obrigaes

    pecunirias e injunes quase que se sobrepe ao processo sumarssimo, dai que anova proposta elimine este devido a este DL.

    O Processo Executivo (art. 465 remete para o art. 45/2, no esquecendo o art. 4/3) uma distino face ao processo declarativo com consequncias na tramitao do

    processo. A de pagamento de quantia certa a tramitao regra. So trs.

    O processo declarativo, nos termos do art. 4, constituindo por vrios tipos de aessegundo a finalidade, no tendo implicaes na tramitao do processo.

    Como que se delimita o processo declarativo do processo executivo?

    As aes executivas no dizem o direito. Serve para efetivamente ver o direitorestitudo. No servem para discutir se h ou no direito. Enxertam-se processos deestrutura declarativa exequente vs executado.

    As aes declarativas dizem o Direito.

    Nos termos do art. 45/2, para instaurar uma ao executiva tem de existir um titulo

    executivo.

    Titulo executivo: documento escrito, formalmente. Do ponto de vista material prova aexistncia de uma obrigao.

    Nos termos do art. 46 consagra-se uma lista taxativa de ttulos executivos.

    Pode ter de se intentar uma ao declarativa antes da executiva. H casos em que sepode, logo, intentar uma ao executiva, desde que haja prova do direito violado.Exemplo: se houver escritura publica. E se j tiver sido paga a hipoteca em divida,entretanto? Tem de haver enxertos de ao declarativa em que o devedor se possa

    defender. No se defende na tramitao do processo, mas nestes enxertosdeclarativos. Mas mesmo assim, mais benfico para o devedor as aesdeclarativas. Dai que se criem estas figuras na ao executiva para equilibrar posiesno processo.

    Pressupostos Processuais

    No pelo simples facto se eu intentar uma ao que o tribunal vai apreciar a

    questo. Vai verificar se, de acordo com a lei do processo, esto compridos osrequisitos necessrios. Caso contrario, o tribunal no vai conhecer do mrito causal(ponto de vista substantivo).

    Pressupostos Processuais: requisitos de que depende para que o tribunal conhea domrito da causa (seja para dizer que o autor tem ou no razo). Podem ser:

    Relativos s partes Relativo ao Tribunal Relativo ao objecto (a estudar durante a marcha do processo)

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    Pressupostos Processuais Condies de Procedncia da Ao

    Faltando um, o tribunal no podeconhecer o mrito da causa.

    Requisitos que so necessrios para quea ao seja julgada procedente(favorvel ao autor). Quanto relao

    substantiva, se no se verificarem juizdeclara a ao improcedente.

    Contudo, h questes que podem encaixar-se nas duas.

    Pressupostos Processuais Questes Prejudiciais (art. 97)

    H uma certa ideia de prejudicialidade,porque o juiz fez primeiro uma coisa e sa seguir outra. S assim faz sentido.

    Exemplo: saber se o contrato vlido ouno antes de saber se o preo devidoou no. No mbito da mesma ao ou

    de aes diferentes. Pode levantarquestes de competncia. Nos termos doart. 97, ate que ponto o tribunal cvelpode conhecer e gerir as consequncias.

    Regime Geral dos Pressupostos Processuais

    No se encontram no CPC preciso retirar dele prtico No h lista taxativa dos pressupostos processuais1. Consequncia Tpica/regra da falta de um pressuposto processual

    Se falta um pressuposto, o tribunal no conhece do mrito da causa absolvio da

    instncia (absolve-se o ru daquele processo). Deixa intocada a relao substantiva.No diz se o autor tem ou no razo deciso regra.

    A absolvio da instncia diferente da absolvio do pedido (neste caso, decide-sea favor do ru).

    Nos termos do art. 493/2, podemos estabelecer a seguinte distino:

    Excees dilatrias: so o reverso dos pressupostos processuais. Impedem otribunal de conhecer o mrito da causa. Consequncia:

    absolvio do ru da instncia (regraart. 288) remessa do processo para outro tribunal competente (s quando a lei o

    diz).

    contudo o juiz pode matar logo o processo nascena atravs de

    um indeferimento preliminar nos termos do art. 284.

    Excees peremptrias

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    Nos termos do art. 495, os pressupostos processuais so de conhecimento oficioso

    regra, uma vez que tais:

    Dizem respeito regularidade da funo jurisdicional No esto na disposio das partes Ou sanvel ou no.

    26 de Setembro (4a)Aula 5

    Pressupostos Processuais: requisitos que tem se estar presentes a nvel da relaoprocessual para que o juiz possa analisar a questo d emrito e tomar uma deciso

    quanto questo de fundo.

    Consequncia tpica da falta de um pressuposto processual: absolvio do reu da

    instncia (regra).Eficcia das decises sobre pressupostos processuais:

    Deciso de absolvio do ru Verificao da reunio de todos os pressupostos processuais

    As decises formais (decises relativas aos pressupostos processuais) adquirem forade caso julgado formal, ou seja apenas obrigatria dentro do processo e no foradela (se o autor quiser propor outra aco igual aquela que props contra o ru,

    pode o fazer face a outro juiz fora do processo, no estando vinculado deciso queo outro juiz proferiu) art. 672

    As decises de mrito (relativo ao fundo da questo) adquirem fora de caso julgadomaterial,ou seja ficam a ter fora obrigatria definitiva dentro e fora do processo, nopodendo ser julgada a causa noutra ao a deciso no pode ser alterada art.

    671

    Fora Obrigatria dentro do processo: se aquele juiz tomar uma deciso quanto aospressupostos processuais (considera que as partes so legitimas) este juiz no podemais frente no mesmo processovir contrariar o que j tinha dito. Fora desse processo

    j pode.

    Momento prprio para conhecimento dos pressupostos processuais: em que fase doprocesso deve o juiz analisar a existncia ou a falta dos pressupostos processuais. Um

    primeiro momento em que o juiz pode fazer, sendo em regra excepcional (no existena maioria dos processos) a do despacho preliminar nos termos do art. 234 - A, ouseja casos em que existe um despacho do juiz logo a seguir petio inicial. Depoisda reforma do processo civil de 97 deixou de existir este despacho preliminar, sendo

    que so na 2fase o juiz toma conhecimento do processo. Existindo despacho preliminar o primeiro momento em que o juiz pode absolver o reu.

    A regra na generalidade dos processos que o momento em que o juiz tomaconhecimento no saneamento do processo, ou seja na 2fase o juiz analisa os

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    pressupostos processuais e ou considera que a falta dos pressupostos processuais no sanvel ou faz um despacho em que indica que todos os pressupostos processuaisse encontram verificados.

    Existe ainda um terceiro momento, podendo o juiz ainda o fazer na fase da sentena

    conhecer de tais.

    Quanto ao despachado saneador nos termos do art. 510/1 al. a) encontra-seconsagrado o conhecimento na 2 fase e quanto ao conhecimento na fase dasentena encontra-se consagrado nos termos do art. 660.

    Anlise dos Pressupostos Processuais em Particular

    Requisitos que tm de estar reunidos para o juiz considerar a relao processual

    validamente constituda.1. Pressuposto da personalidade judiciria

    necessrio que as partes tenham personalidade judiciaria, sendo que se no otiveram h uma excepo dilatria.

    Personalidade judiciaria (art. 5): susceptibilidade de ser parte em juzo, ou seja apossibilidade de instaurar uma aco ou de ver instaurada uma aco contra si.

    Como se apura a personalidade judiciaria?

    Nos termos do art. 5/2, quem tiver personalidade jurdica tem igualmentepersonalidade judiciaria. Existe um principio de coincidncia entre a personalidadejurdica e a personalidade judiciaria.

    Todas as entidades em relao as quais o Direito reconhea a susceptibilidade de seser titular de direitos e deveres, ou seja que tenham personalidade jurdica, tempersonalidade judiciaria. Tal implica que no s as pessoas singulares mas tambm aspessoas colectivas possam ser partes em juzo.

    O pressuposto da personalidade judiciaria uma pressuposto qualitativa tal como apersonalidade jurdica: ou se tem ou no se tem, no h meio termo.

    A personalidade judiciaria uma qualidade que se tem ou no se tem.

    Excepes no no sentido da restrio, mas do alargamento, ou seja mesmo nohavendo personalidade jurdica o legislador reconhece personalidade judiciaria. Taissituaes encontram-se taxativamente previstas no art. 6 e 7 do Cdigo do ProcessoCivil:

    Herana jacente (herana aberta com a morte do de cujus, mas que aindano foi aceite) pode ser parte em juzo. Razo de ser: facilidade jurdica, se oautor quer propor uma aco relativa a um objecto da herana e ainda nosabe quem o herdeiro esperando pela aceitao tal poder demorar imenso

    tempo. Tal no significa que sendo a aco (im)procedente os efeitos de casojulgado no se produzam em relao herana. A vantagem desta extenso

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    permitir uma aco de uma forma mais simples do que aquela que seria se aherana jacente no tivesse personalidade judiciaria.

    Associaes sem personalidade jurdica As sociedades civis As sociedades comerciais (apenas tem personalidade jurdica a partir do

    registo definitivo do contrato de constituio, mas antes do registo asociedade pode j funcionar e contrair dividas se um credor quer cobrar umadivida de uma sociedade no registada pode faze-lo)

    Condomnio resultante da propriedade horizontal. Se o condomnio no tivessepersonalidade judiciaria contra quem um autor que tivesse um credito sobre ocondomnio contra quem iria propor a aco? Contra todos os condminos.

    Navios. Nos termos do art. 7/1, personalidade judiciria das sucursais. Permite-se que

    as aces sejam intentadas ou que sejam demandadas assucursais/agencias/filais que no tem personalidade jurdica. Quem tempersonalidade jurdica a sociedade na qual est sediada a pessoa colectiva.A sede seria a quem deveria ser instaurada a aco. Razo de ser: desde que

    aco proceda de factos por ela (sucursais) praticados. A personalidadejudiciaria depende de actos pela sucursal praticados. Alem disto, sempre queuma sociedade tenha uma filial em Portugal, a filar poder ser demandadamesmo que o acto tenha sido praticado pela sociedade estrangeira.

    De acordo com a regra geral da falta de um pressuposto processual, neste caso dafalta da personalidade judiciaria, existe uma excepo dilatria nos termos do art.493 e art. 494 l. c) assenta na absolvio do ru da instncia.

    A falta de personalidade judiciaria no susceptvel de sanao, uma vez que talimplicaria a substituio processual. No faz sentido que o juiz substitua sem ser por

    vontade das partes, nomeadamente do autor, substitua as partes. Contudo, resulta doart. 8 enquanto excepo que em relao s filiais, a falta de personalidade

    judiciaria destas pode ser sanvel mediante a interveno da administrao principale a ratificao ou repetio do processado.

    2. Capacidade JudiciriaAs partes para alem de terem de ter personalidade judiciaria tem tambm de tercapacidade judiciaria.

    Capacidade judiciaria: susceptibilidade de estar por si s em juzo.

    O critrio da capacidade judiciaria assenta na coexistncia com a capacidade deexerccio de direitos. Se aquela parte tem capacidade de exerccio (medida de

    direitos e deveres que algum pode exercer pessoal e livremente) tem tambmcapacidade judiciaria, nos termos do art. 9.

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    Ou seja, aqueles que tm incapacidade de exerccio (menores, interditos einabilitados) tem tambm como regra incapacidade judiciria. Tal no significa queno podem ser partes em juzo, mas necessitam de estar representados ou assistidosem juzo. Estes incapazes tm tambm de ter um representante ou assistente no

    processo. Menores

    O suprimento da incapacidade de exerccio dos menores faz-se atravs darepresentao do poder paternal. Significa que podem ser parte em juzo desde que

    representados pelos poder paternal. A parte na aco o menor, desde querepresenta pelos seus pais. O autor ou ru o menor! Contudo h excepes hincapacidade de exerccio dos menores, nos termos do art. 127 do CC, em que osmenores podem ter capacidade de exerccio. necessrio transpor esse regimerestrito da capacidade de exerccio dos menores para a capacidade judiciaria.Havendo capacidade de exerccio para exercer uma determinada actividade

    tambm pde estar em juzo para propor ou ser alvo da aco.

    No caso da representao processual do menor necessrio estarem presentes osdois pais! Normalmente, a interveno de um faz presumir a concordncia do outronos termos do art. 1902/1 CC. Contudo, no Processo Civil, nos termos do art. 10/2 ospais tem de estar de acordo e ambos tem de representar o menor. No existe acordo

    prev-se um processo de suprimento.

    InterditosO regime da incapacidade de exerccio destes decalcada do regime dos menores,

    estando a diferena que quem os representa no so os pais mas sim osrepresentantes.

    InabilitadosTipo de incapacidade de exerccio mais restrito, sendo o regime destes nos termos doart. 153/1 do CC os inabilitados so assistidos por um curados a cuja autorizaoesto sujeitos a maior parte dos actos.

    A forma de suprimento da incapacidade de exerccio esta sujeita autorizao docurador para praticar determinados actos, no sendo necessria representao.

    Inabilitados esto impedidos de sozinhos alienar um determinado bem. No processocivil no se esta a praticar actos de disposio entre vivos. Imagine-se uma aco dereivindicao, sendo o inabilitado ru e sendo este condenado tal implica que seproduza um efeito semelhante ao da alienao de um imvel. necessrio ver quaisos efeitos jurdicos concretos daquela aco se se verificar que do resultado da

    aco poder sair um efeito semelhante a um acto que o inabilitado no pudessepraticar necessrio ento chamar o curador

    Ao contrario da personalidade judiciaria, a incapacidade judiciaria sanvel.

    A sanao da falta de capacidade judiciria resulta do art. 23: no estando um

    menor representado pelos seus pais, no saneamento do processo, o juiz ir notificar(menor autor da aco) ou citar (menor ru) os pais do menor para ratificar os

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    actos j praticados pelo menor sem a sua representao. Contudo, os pais do menorpodem no querer ratificar. A segunda alternativa, ou seja no havendo ratificao,no caso do incapaz ser autor o juiz absolve o ru da instncia. No caso do incapaz serru, e no ratificando os pais, o juiz concede-lhes um novo prazo para os

    representantes legais apresentarem uma nova contestao. E se no apresentaremuma nova contestao?

    Ou se considera que h diligncia dos representantes legais e foi por opoque no apresentaram a nova contestao.

    Ou conclui-se que os pais no apresentaram contestao porquenegligenciaram os interesses do menor, sendo que se aplica o art. 15 em quese chama o Ministrio Publico para representar os interesses do incapaz.

    Art. 15: pressupe que h negligencia na no apresentao dacontestao. Se se concluir que no h negligencia, e se descobrirque os representantes nomearam advogado no se aplica logo o art.15.

    Ainda de salientar que o art. 23 se refere ao suprimento da incapacidade judiciariae irregularidade da representao. Ou seja o suprimento da incapacidade aplica-sea ambas as situaes.

    Quanto s pessoas colectivas existe uma forma legal de representao prevista no art.21. No entanto, as pessoas colectivas no sofrem de incapacidade judiciria, sendo otipo de representao destas diferente. uma representao orgnica. Tambm

    susceptvel de sanao para o caso de existir uma representao irregular.1 de Outubro (2a)Aula 6

    Patrocnio Judicirio: a representao das partes em juzo, em tribunal, por profissionaisdo foro.

    Lei 15/2005, de 26 de JaneiroEstatuto da Ordem dos Advogados

    Nem sempre obrigatrio que as partes intervenham em juzo representadas por

    advogados.

    Representao por Advogados Vantagens

    Maior representao das partes: conhecimentos tcnicos que osadvogados tem e que no so acessveis ao conhecimento das

    pessoas em geral.

    Utilizao mais racional do recurso aos tribunais

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    Desvantagens Muitas vezes caro. Contudo, h um regime especifico que permite em

    certas circunstancias que constitua um advogado sem que a pessoa

    suporte os encargos (apoio judicirioLei 34/2008, 29 de Julho).

    Patrocnio Judicirio Obrigatria Incapacidade Judiciria

    A representao do advogado situa-seno plano tcnico.

    Muitas vezes a incapacidade supridaatravs da representao. Arepresentao atribuda aos incapazes,por exemplo, uma aco intentadacontra um menor estar duplamenterepresentado: por um lado pelos pais e

    por outro pelo advogado.

    Patrocnio Judicirio Apoio JudicirioLei 34/2008, 29 de Julho

    Representao por Advogado comEncargos

    Tem lugar quando est demonstrado quepelo menos uma das partes em juzo notem capacidade para suportar os custosdo patrocnio judicirio. Presta-sepatrocnio gratuito, ou seja sem encargos.O advogado normalmente indicadopela Ordem dos Advogados, sendo que

    em algumas situaes a parte podeescolher.

    Como se constitui advogado

    Em regra, um advogado constitui-se mediante um contrato celebrado entre a parte eo advogado designadamente por mandato judicirio.

    Procurao: negcio jurdico unilateral em que se passa a uma determinadapessoa para esta poder representar a parte que lhe passou a procurao.

    Mandato judicirio: contrato atravs do qual o mandatrio se obriga a praticaractos jurdicos por conta do mandante.

    Com representao: actua por conta e por nome do mandante. Sem representao: no se aplica nestes casos

    O mandato judicirio um mandato com representao.

    O contrato de mandato encontra-se relacionado no art. 36 (remete para o art. 38CC).

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    Existem certos actos que os advogados s podem praticar se lhe tiverem sidoatribudos poderes para tais. Que actos especiais so estes? Encontram-seconsagrados no art. 37 e 38.

    A desistncia e a confisso so actos unilaterais.

    A transaco um contrato, sendo um dos ltimos especiais regulados no CC.

    A desistncia do pedido equivale renuncia do direito. Quando tal acontece o juizvai verificar se o autor tem capacidade e legitimidade para realizar tal acto. o acto

    de vontade que determina como o litigio resolvido.

    A confisso de pedido consiste em o reu reconhecer o direito do autor.

    A desistncia da instncia o autor consagra que no esta interessado em prosseguir,

    normalmente ocorre quando a aco no est a correr bem para o seu lado. Existe

    portanto um mecanismo de proteco do reu.O advogado precisa de ser autorizado expressamente pela parte nestes casos(desistncia, confisso e transaco), e daqui advm os seus poderes especiais.

    Nos termos do art. 38, trata-se de uma confisso em relao prova. A confissoprova um meio de prova.

    Confisso prova: encontra-se consagrada no art. 352, e consiste no reconhecimentode um facto que desfavorvel ao confidente e favorvel parte contraria. Exemplo:autor diz que entregou ao ru certa quantia em dinheiro e ru admite que sim. Aconfisso tem um valor probatrio especialssimo quando feito em tribunal, uma vez

    que o legislador parte do principio que se uma das partes esta disposta a reconhecerum facto que no lhe desfavorvel e que beneficia a parte contraria deve serverdade. Confessando um facto deste tipo pode-se estar a decidir o seguimento dacausa, correspondendo disposio indirecta do direito em causa, sendo que esse

    direito tem de ser disponvel.

    A confisso feita pelo advogado nos articulados diferente da confisso realizadanoutro qualquer momento processual.

    Nos articulados a parte fica vinculada mesmo que no tenha ainda concedidopoderes especiais ao advogado. Contudo

    , nos termos do art. 567/2 a parte pode retirar se no as tiver aceitado.Critrios para definir quando obrigatrio constituir advogadoart. 32

    Al. a) o legislador considerou o valor da causa/das questes que esto a serdiscutidas que nas causas de maior valor necessrio constituir advogado; nascausas de menor valor fica dependente da vontade das partes.

    nas causas de competncia de tribunais com alada, em que sejaadmissvel recurso ordinrio qual o montante a partir do qual

    obrigatrio a constituio de advogado? Por princpio, obrigatria a

    constituio de advogado nas causas com alada superior a 5 000

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    Al. b) obrigatrio a constituio de advogado nas causas quais cabesempre recurso independentemente do valor (remete para o art. 678)

    Situaes em que tendo em conta os interesses em causa a lei permitesempre um grau de recurso, como por exemplo o consagrado no art.678 - aces de despejo. O valor de uma aco de despejo, deresoluo de um contrato de arrendamento, o valor da renda anual.Quanto mais baixa a renda maior valor tem o arrendamento para oinclino. Esto em causa interesses bastante relevantes.

    Al. c) quanto aos recursos tal no uma repetio da al. a)? no, abrangecasos em que em principio no seria admitido recurso mas h certas questesque a lei subtrai do regime geral (remisso para o art. 678/2). Exemplo:prope-se uma aco no valor de 3 000 no se obrigado a constituiradvogado nos termos da al. a), mas se o tribunal se declarar incompetente

    passa-se para os tribunais superiores sendo-se obrigado a constituir advogadonos termos do art. 678/2. Nos tribunais superiores a lei considera muito

    importante as partes estarem representadas por quem tem conhecimentostcnicos. Quanto s causas propostas nos tribunais superiores necessrio terem considerao que as aces independentemente do seu valor soinicialmente propostas, sempre, nos Tribunais Superiores. Contudo, nesta al.contempla-se uma hiptese especialssima, como as aces civis propostascontra magistrados ou funcionrios do ministrio publico contra acto praticado

    no exerccio dos seus poderes.

    LOFTJ 3/99art. 36 al. c) e art. 56 al. b) LOFTJ 52/2008art. 44 al. c) e art. 76 al. b)

    Caso de Obrigatoriedade de Constituir Advogado e a Parte No Constitui

    Interpretao do art. 33:

    Falta de Constituio de Advogado pelo Autor Absolvio do ru da instncia (consequncia tpica da falta de um

    pressuposto processual)

    Falta de Constituio de Advogado pelo Ru Se o ru no constituir advogado fica sem a defesa. O patrocnio

    judicial condio de admissibilidade da sua defesa. O ru entra emrevelia. Isto tem consequncias desfavorveis uma vez que como seno tivesse existido contestao

    Nota: as consequncias para ambos so diferentes: se a consequncia fosse a dafalta de um pressuposto processual (absolvio do ru da instncia) para ambos, rualgum constitui-a advogado.

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    Pressuposto da Legitimidade

    um pressuposto que poe em relao que tem de existir entre as partes de umaaco e um objecto em concreto. um pressuposto que s em concreto, em relao

    a uma causa em concreto, faz sentido dizer que se parte legitima da aco.

    Ser parte da legtima significa poder de dispor do processo. Poder dispor do processosignifica que se pode decidir ou conduzir a discusso de uma pretenso em juzo(autor); ou conduzir a defesa contra essa pretenso (ru). O poder de conduzir oprocesso cabe aos titulares/sujeitos da relao controvertida.

    O problema assenta em saber o que a relao controvertida.

    Nos termos do art. 26, consagra-se o conceito de legitimidade.

    N1: ter interesse directo

    N2: distingue-se autor do ru N3: critrio supletivo

    Qual a relao controvertida que se deve ter em causa para perceber se as partesso legtimas?

    Exemplo: A prope aco contra B

    A celebrei contrato com B, no qual se acordou que B se comprometeu avender me 500 toneladas de chumbo.

    A quer que o tribunal condene o B a entregar as toneladas B diz que parte ilegtima porque interveio no contrato por intermdio de C B fez prova que tinha intervindo como mero intermedirio

    Prof. Jos Alberto dos Reis: vamos partir do princpio que este contrato foi celebrado. necessrio analisar que quem esta em juzo (A e B) foram os verdadeiros contraentes.Sabe-se que B foi um mero intermedirio, pelo que A e B no so os sujeitos materiaisda relao. B sendo parte ilegtima deveria ser absolvido da instncia, e se A quisesseteria que propor a aco contra C, verdadeiro contraente. A tal relao

    controvertida que interessa seria ser sujeito da relao material. A funo especifica Opressuposto da legitimidade garantir a utilidade social da sentena de mrito. Autilidade social da sentena mritos cumpre a sua funo se for obrigatria para aspartes que esto em legtimo. Ou seja, s deve haver uma sentena de mrito quandoesta possa por fim ao litgio. No adiante nada ter uma sentena de mrito entre A e Buma vez que o litigio fica para resolver. B sendo parte ilegtima deve ser absolvido dainstancia.

    Prof. Barbosa Magalhes entendia que raciocinar desta forma era errada, ou seja

    como se sabe se B no deve nada A sem saber primeiro se houve contrato. necessrio tomar como ponto de referncia os sujeitos da relao tal como ela considerada pelo autor. Deste modo, sendo o contrato celebrado entre A e B (A dizem tribunal que celebrou um contrato com B), B parte legitima, mas no devendonada a A (porque actua em intermdio de A) deve ser absolvido do pedido.

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    Maria Lusa Lobo2012/2013 Pgina 26

    Do ponto de vista do ru, na mesma histria, prefervel ser absolvido do pedido doque da instncia.

    O que justifica a imutabilidade do caso julgado so as decises de mrito.

    Nos termos do art. 26/3 (acrescentado na Reforma de 95), destinou-se a consagrar aconcepo do Prof. Barbosa Magalhes, sendo que numa situao semelhante aesta hoje em dia seria julgada como B sendo parte legtima.

    O Prof. Barbosa Magalhes sempre tratou a pluralidade de autores e de rus face s

    situaes em que s existe um ru ou um autor. O critrio do art. 26/3 no serve paraa pluralidade de partes. Ento que critrio se aplica?

    Nos termos do art. 26-A (remete para a Lei 83/95, de 31 de Agosto Lei de AcoPopular; art. 52 da CRP). Este artigo apenas se preocupou com a legitimidade, no

    servindo para a defesa dos interesses difusos (interesses insusceptveis de apreenso

    individual, como a cultura, o ambiente, etc.). Este artigo esclarece que qualquersujeito que vise a proteco dos referidos interesses colectivos globalmenteconsiderados tem legitimidade para propor a aco.

    Nos termos do art. 55 consagra-se a legitimidade do exequente e executado.

    Nas aces de condenao mais fcil determinar quem so as partes legitimas! Nostermos do art. 1311 do CC (aco de reivindicao possui todo o contedo de umaaco de condenao) tanto parte legitima quem se considera detentor comoquem se considera possuidor, pois em ambos os casos esto a violar o direito depropriedade.

    Contudo, nas aces constitutivas mais complicado, uma vez que na maioria doscasos correspondem ao exerccio de direitos potestativos e tanto h direitospotestativos que pertencem aos titulares das relaes que se pretendem destruircomo podem ser relaes das quais no faz parte o titular do direito potestativo. Porexemplo, nas aces de preferncia, embora se saiba que o autor da aco otitular do direito de preferncia uma questo controvertida saber se pode serintentada contra o alienante? Contra aquele adquirente claro que pode. Mas temde ser contra os dois? Quem tem de ser sujeito passivo na perspectiva da legitimidade.

    As aces de simples apreciao tambm levantam problemas quando a situao

    de incerteza foi causada por um terceiro.Legitimidade Plural

    Frequentemente h situaes em que em vez de estarem em juzo um autor e um reuesto em juzo vrios autores e vrios rus, ou seja varias partes.

    Exemplo: acidente de viao resultam dois lesados que prope uma aco deindemnizao contra o causador do acidente. Cada lesado est a exercer o seudireito.

    H casos em que necessrio existirem varias partes sob pena de o tribunal no

    conhecer o mrito da causa.

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    A pluralidade de partes pode ser contempornea da aco ou pode resultar dainterveno em juzo de vrias pessoas, sendo uma pluralidade sucessiva.

    Litisconsrcioart. 27 e ss. Coligaoart. 30 e ss

    Comum:em ambos h uma pluralidade de partes.Exemplo: X credora de trs pessoasprope uma aco contra essas trspessoas.

    Existe em situaes em que se conseguereconduzir todos os intervenientes a umamesma relao controvertida (noacontece na coligao)

    Exemplo: Dois lesados no mesmoacidente propem uma aco deindemnizao, fazendo cada um valer oseu direito.

    Para alm de haver vrias partes hvrios pedidos diferentes discutidos entrepartes diferentes

    Nota: a lei define os casos e as circunstancias em que admissvel a coligao. Tallista encontra-se consagrada no art. 30 e 31.

    A lei muito mais exigente para admitir a coligao do que o litisconsrcio.

    Nos termos do art. 30, definam-se os casos em que para estarem em juzo numamesma aco vrios pedidos estes tem de possuir entre si uma ligao que justifiqueque tais so apreciados conjuntamente. Sendo apreciados na mesma aco soapreciados na mesma tramitao.

    Nos termos do art. 470, havendo vrios pedidos estes tem de ser compatveis entre si.

    Nos termos do art. 274/2, consagra-se a reconveno. No n2 desempenha emrelao reconveno a mesma funo que o art. 30 desempenha em relao coligao em ambos os casos exige-se que haja uma certa conexo entre os

    pedidos o que justifica que sejam julgados na mesma aco. Em ambos os casos hpedidos diferentes mas exige-se uma ligao suficiente que justifica que eles sejam

    julgados na mesma aco.

    Nos termos do art. 30 existe uma maior apreciao no n1 do que no n2.

    Nos termos do art. 30/1:

    Causa de pedir a mesma. A e B lesados no mesmo aco juntam-se parapropor uma aco de indemnizao contra a seguradora, fazendo cada umvaler o seu direito. Ponto Comum: resultam do mesmo acidente.

    Relao de dependncia entre os pedidos. A e B celebram contrato decompra e venda de um prdio. B vende prdio a C. A quer reagir contra avenda B-C, dizendo que o seu contrato com B simulado. Pode o A proporuma nica aco contra B e contra C pedido, contra B a declarao denulidade do contrato com base na simulao, e contra C reivindicando o

    direito? Pode, existe uma relao de dependncia.

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    Nos termos do art. 30/2:

    Causas de pedir serem diferentes mas existe uma quantidade de factoscomuns uteis para julgar os vrios pedidos, por exemplo.

    Nos termos do art. 31, existindo vrios pedidos numa mesma aco significa que elesvo ser julgados no mesmo tribunal o que implica que o tribunal seja competente paratodos os pedidos. Tal um requisito sempre presente quando numa mesma acoexistam vrios pedidos.

    Competncia dos tribunais:

    Para todos os pedidos Um mesmo tribunal competente em razo da matria e da hierarquia

    A tramitao tem de ser adequada aos vrios pedidos.

    Forma final: somo o valor dos pedidos

    3 de Outubro (4a)Aula 7

    Continuao da matria/pressuposto da legitimidade

    Legitimidade Singular: apenas um autor e apenas um ru

    Legitimidade Plural: mais do que um autor, mais do que um ru ou simultaneamenteambos.

    Pode a aco comear apenas com um autor ou apenas com um ru, sendo que na

    pendencia da aco passa a existir mais que um autor ou um plural.

    Legitimidade Plural

    Relao de coligao: apenas uma relao de material controvertida Relao de litisconsrcio: mais do que uma relao material controvertida

    Na coligao, podendo no existir nenhuma relao entre as partes, estando emcausa varias relaes controvertidas, necessrio que existam vrios requisitos

    preenchidos:

    Conexo entre os pedidos das partes litisconsortes, nos termos do art. 30 Compatibilidade processual entre os pedidos, nos termos do art. 31

    Identidade das formas de processo que cada um dos pedidos seguiaisoladamente

    Competncia absoluta do tribunal para todos os pedidos (incluicompetncia em razo da matria, da hierarquia e internacional)

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    Compatibilidade substantiva entre os pedidos, ou seja, que a procedncia deum no pode implicar a improcedncia de outro os pedidos tem de poder

    proceder todos simultaneamente, nos termos do art. 470 CPC

    Art. 470: este requisito no diz respeito directamente coligao, masindirectamente pudemos us-lo. Nos termos do referido artigo estamosface a casos de cumulao (simples) de pedidos, ou seja existequando existe apenas uma autor e um reu, mas o autor formula vriospedidos contra o mesmo reu (exemplo: anulao do contrato,indemnizao pelos vcios que o contrato sofreu, etc.). umacumulao simples, ou seja trata de vrios pedidos, e no de vriaspartes como sucede na coligao. Contudo na coligao existemtambm vrios pedidos pelo que se vai buscar este artigo.

    Consequncia do desrespeito quanto aos requisitos da coligao

    Faltando a conexo dos pedidos (art. 30): em princpio, devido ao princpio dodispositivo, no pode ser o juiz a escolher, nos termos do art. 31-A/1 e 3, dada ao autor para escolher qualquer dos pedidos quer que prossiga, sendoque aquele no escolhido pelo autor o juiz absolve o ru da instncia quanto

    a esse pedido. Existe uma excepo dilatria expressamente prevista no art.494 al. f)

    Faltando a compatibilidade processual entre os pedidos (art. 31) Incompetncia do tribunal do ponto de vista da matria, da hierarquia

    ou da internacionalizao: vicio da incompetncia absoluta nos termosdo art. 101. A consequncia da incompetncia absoluta assenta naabsolvio da instancia nos termos do art. 105. O juiz ir absolver o reuda instncia relativamente aos pedidos para os quais absolutamenteincompetente

    No existindo entre os vrios pedidos formulados a identidade exigidanas formas de processo: quando o autor prope a aco tem deidentificar a forma de processo que a aco segue. H algum dos

    pedidos que vai sofrer de um erro na forma do processo gerandonulidade processual nos termos do art. 199. Existindo um pedido deacordo com a forma de processo correcta, mas outro no sendo que

    neste caso o reu deve ser absolvido quando ao pedido que tem erro naforma de processo/forma no adequada

    Formulao de pedidos incompatveis: a incompatibilidade entre os pedidosgera o vicio da ineptido da petio inicial causas taxativamente descritasno art. 193. Ou seja trata-se de situaes em que a petio inicial no fazsentido. A consequncia a ineptido da petio inicial, sendo todo oprocesso nulo. Ou seja, neste caso quanto aos pedidos, a consequncia da

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    nulidade de todo o processo a absolvio da instancia nos termos do art.494 al. b)

    Litisconsrcio

    Existe sempre que aquilo que une as varias partes do processo a existncia de umamesma relao material controvertida.

    Exemplo: A celebra um contrato de emprstimo com B, C, D numa aco, a fontedesta relao jurdica a mesma, a divida nica. a mesma divida que gera

    obrigaes para ambos os devedores.

    Ao contrario do que sucede na coligao no existe requisitos, pois partida, sendo a

    relao controvertida nica o litisconsrcio sempre permitido.

    necessrio saber se havendo apenas uma nica relao material controvertida,

    para haver legitimidade de todas as partes necessrio que estejam todas presentesou no.

    A regra o litisconsrcio voluntario, ou seja s necessrio demandar uma das partesda relao material controvertida para haver legitimidade, nos termos do art. 27/1 e

    2.

    N1: regra: havendo litisconsrcio, o autor pode escolher se demanda todos ous um; mas demandando um s no consegue a condenao na totalidadeda divida.

    N2: H excepes em que o autor pode demandar s um e mesmo assimconseguir a condenao de apenas esse na totalidade, como sucede:

    Nas dividas solidarias; Nos termos do art. 140572 CC em que se permite a um s dos

    comproprietrios reivindicar toda a coisa (numa relao decompropriedade, existe apenas uma relao material controvertida, seapenas um dos comproprietrios quiser reivindicar a coisa poder faze-

    lo pela totalidade da coisa).

    Contudo o litisconsrcio pode tambm ser necessrio, havendo neste caso vriossujeitos de uma relao material controvertida eles tem de estar todos presentes numaaco sob pena de ilegitimidade, nos termos do art. 28.

    Primeira causa: pode resultar da lei a obrigatoriedade de estarem presentesem juzo todas as partes da relao material controvertida litisconsrcionecessrio legal

    Art. 608 CC situaes de sub rogao do credor ao devedor noexerccio de alguns direitos.

    Art. 28-A situaes em que o autor ou o ru so casados, necessria a presena de ambos verificados certos requisitos.

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    Segunda causa: o negocio jurdico litisconsrcio necessrio convencional No pode existir, ou seja nula, uma conveno das partes que tenha

    efeitos meramente processuais

    estar-se-ia a limitar o direito de acoautor.

    Neste caso, trata-se de uma conveno com efeitos substantivos quese repercutem no plano processual.

    Terceira causa: a natureza da relao jurdica litisconsrcio necessrionatural

    o mais complicado. Nos termos do art. 28/2, resulta que sempre que o interesse em causa

    na aco seja indivisvel necessariamente tem de estar presentes todas

    as partes da relao material controvertida.

    Anlise da expresso efeito til normalExemplo: A, comproprietrio, quer a diviso da coisa comum (restantescomproprietrios: B e C) A pode instaurar s contra B? Apenas se for

    litisconsrcio voluntrio; sendo necessrio tem de ser contra ambos. seele instaurar s contra B, o juiz nessa aco faz uma diviso da coisaassim mas C como no parte da aco no tem nada a ver com ocaso julgado relativamente a B. E se C apercebendo-se da deciso decaso julgado instaurar uma aco contra A e B? Sendo acompropriedade quotas ideias, o juiz no pode dividir a coisa comum

    em partes, A/B/C so comproprietrios da coisa no seu todo, no emparte!!

    Aco de servido para constituir um direito de passagemA no temacesso via publica, estando encravado pelo prdio de B/C, e A querconstituir o seu direito de servido atravs de B/C. A instaura aco s

    contra B. Juiz declara procedente a aco, concedendo o direito de

    passagem. A pode opor essa deciso a C? No, mas C pode opor-se passagem de A pelo seu prdio. Na pratica, a deciso do juiz no exequvel. S podendo ser exequvel se a aco tambm fosseproposta contra C, e no apenas contra B.

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    Supondo que A faleceu e deixou todo o seu patrimnio a B emtestamento (no tendo herdeiros legitimrios). Existem contudo duaspessoas, C/D, que dizem que o testamento nulo, e que so osherdeiros legtimos C/D impugnam o testamento. Imaginamos uma

    primeira aco proposta apenas por ou C ou D que vai dizer que otestamento invlido, invocando a existncia de mais herdeiroslegtimos, mas instaura sozinha. O juiz declara que o patrimniopertence aquele herdeiro mas s em relao a 50%. Depois surge ooutro herdeiro que intenta tambm uma aco de anulao dotestamento. Contudo, o juiz declara que o testamento vlido. Estasduas decises do ponto de vista terico no so coerentes. E do ponto

    de vista pratica? So exequveis: a primeira deciso exequvel quantoa 50% da herana. O que choca que seja possvel existirem estas duasaces com sentenas contraditrias. Do ponto de vista do efeitotil/pratico da aco, no h aqui litisconsrcio necessrio natural. A

    nossa jurisprudncia, apesar do art. 28/2, costuma considerar que hilegitimidade quando no esto todas as partes para evitar estas

    situaes. Contudo, o que vale o critrio da lei, ou seja o art. 28/2.Razo: para um autor ter de reunir todos os autores sob pena deilegitimidade vai complicar imenso o seu direito de aco e o seudireito material.

    (Questo) Na coligao tambm existe a diferena entre voluntaria e necessria?

    Na coligao, a regra de ser voluntaria, devido pluralidade de relaes matriascontrovertidas. Contudo h um caso em que a coligao necessria: situao de

    acidente de viao em que no h culpa. Nestas situaes de responsabilidadeobjectiva de acidente de viao h um limite quanto indemnizao mxima a pedir

    ao lesante previsto no art. 508 CC, sendo este limite distribudo por todos os lesados.Havendo um limite mximo, estando na aco apenas alguns dos lesados, o juiznunca pode definir definitivamente o montante a atribuir aos lesados enquanto noestiverem todos presentes.

    Consequncia da ilegitimidade das partes:

    Ilegitimidade singular: a consequncia assenta na absolvio da instancia, nosendo sanvel porque sana-la implicava substituir as partes em juzo e o juiz no

    pode fazer isso em respeito ao principio do dispositivo.

    Ilegitimidade plural: ocorre quando h uma situao de coligao sem osrequisitos prprios (ver consequncias anteriores) ou pode haver quando olitisconsrcio seja necessrio e s estejam presentes alguns dos sujeitos darelao matria controvertida trata-se de uma excepo dilatria e sanvelnos termos do art. 265/2, ou seja o juiz convida o autor a chamar instancia aspartes que faltam para que estejam presentes todos os titulares da relaocontrovertida. Se o autor no o fizer o juiz absolve da instancia comfundamento na excepo dilatria. Como que o autor chama a meio doprocesso as partes em falta? Atravs de um mecanismo designado por

    incidentes de interveno de terceiros, nos termos do art. 120 e ss, queconsiste numa forma de pluralidade de partes supervenientes.

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    8 de Outubro (2a)Aula 8

    H casos em que a pluralidade de factos contempornea da propositura da aco.

    Razes que podem justificar que terceiras pessoas intervenham numa aco

    pendente

    Princpio da Estabilidade da Instncia (art. 268): a estabilidade da instncia inicia-secom a citao do ru.

    Nos termos do art. 267, consagra-se o momento em que a aco d se comoproposta. muito importante saber o momento exacto em que se considera a acoproposta para efeitos de prazos de caducidade por exemplo. A aco est pendente

    a partir do momento em que se entrega a petio inicial no tribunal, mas tal temadaptaes (por exemplo quando enviada via electrnica).

    Em relao ao ru, a aco s produz efeitos a partir do momento em que o ru citado. Neste momento, e nos termos do art. 268, a instncia torna-se estvel.

    Estabilidade da instnciaat citao do ru o autor pode livremente alterar ainstncia, devido ao facto de o ru ainda no ter tido conhecimento no existe

    qualquer expectativa deste a tutelar. A partir do momento em que o ru tomaconhecimento que existe uma aco a correr contra ele, com um determinadocontedo e com x testemunhas existe uma expectativa deste que deve ser tutelada.

    Interveno de terceiras testemunhas em juzo:

    Art. 270 al. a): quando ocorre transmisso da relao material controvertidatal manifesta-se no processo casos de substituio de algumas das partes

    Art. 270 (al. b): incidentes da interveno de terceiros. Existe uma alteraorelevante e jurdica das partes que esto em juzo.

    Os terceiros intervenientes tanto podem intervir como parte principal oucomo parte acessria o estatuto que os terceiros intervenientes

    podem ter completamente diferente: sendo parte principal tem umestatuto de autor ou de ru; sendo parte acessria tm uma posiodependente, estando limitados.

    A interveno de terceiro pode ser provocada por uma das partes ouespontnea

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    Interesses em causa: A ilegitimidade singular no sanvel (seria uma substituio

    pura). Mas isto sanaria a preterio de litisconsrcio necessrio

    (falta uma das partes

    no se pode conhecer o mrito dacausa). Na coligao necessria igual sanao dopressuposto da legitimidade. o autor que tem interesse queisto aconteaart. 325. O tribunal deve oficiosamente verificaros pressupostos processuais e tentar sanar algumairregularidade. No art. 269 o sanar a irregularidade pode ser poriniciativa do autor ou pedido do juiz, mas este no pode

    chamar uma parte a juzo.

    Interesse da extenso do caso julgado a terceiro: o caso julgados produz efeitos entre as partes. Muitas vezes as partes tm

    interesse em estender o caso julgado a terceiras pessoas,normalmente tal interesse parte do ru. Exemplo: art. 329; ar.

    325; art. 347. Tutela de interesses de terceiros (altamente restritivo) as razoes

    tem de ser muito fortes, para o autor ser obrigado a lidar contraquem no quis

    Incidentes de Interveno de terceirosgrupo de casos

    Interveno Principal (art. 320 e ss): possvel nos casos em que desde oprincpio pode existir uma situao de litisconsrcio ou de coligao; quer o

    litisconsrcio seja necessrio ou voluntria; quer a interveno provocada ouespontnea

    Interveno Acessria (art. 330 e ss):inclui vrias situaes, ficando o terceironuma posio acessria no tendo os poderes principais da parte principal.Exemplo: o MP tem interveno acessria em todos os casos em que sopartes os incapazes exerce uma espcie de fiscalizao da forma como osinteresses do incapaz so seguidos;

    Oposio (art. 342 e ss):casos em que h um terceiro que pode ter (arrogater) um direito incompatvel com a posio do autor ou do ru

    Interesse em Agir

    um pressuposto?Em direito portugus discute-se se um pressuposto processual ousendo se autnomo (consequncias que a lei atribui falta do interesse agirdemonstra que ele no um pressuposto processual posio do Prof. CastroMendes).

    Prof. Maria dos Prazeres Beleza: um pressuposto processual autnomo e inominado.

    Quando se fala em interesse processual ou em interesse em agir uma questo que se

    coloca do lado do autor, estando-se a pensar no interesse diferente do interesse a querespeita o pressuposto da legitimidade. Quando se est no mbito do art. 26, o

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    pressuposto da legitimidade assenta no interesse que acaba por coincidir com arelao material controvertida. Quando se fala em interesse de agir fala-se nanecessidade de recorrer a tribunal para que uma aco seja proposta e para que

    seja julgada necessrio que o direito que o autor quer exercer se encontre numa

    situao tal que justifique o recurso ao tribunal porque: Est em causa o funcionamento da mquina da justia que no gratuita (h

    sempre um custo social elevado pelo funcionamento desta mquina).

    Temos que pensar na posio do ru que o demandando, o autor escolhe omomento em que prope a aco e os termos dessa mesma aco. O runo escolhe coisa nenhuma, estando numa posio em que tem um prazocurto para se defender correndo sempre o risco de ver a sentena proferida terefeitos desfavorveis para ele.

    Deste modo, a Prof. Maria dos Prazeres Beleza, entende que na falta de interesse em

    agir o ru deve ser absolvido da instncia pelo que o interesse de agir umpressuposto processual.

    Quanto s aces de condenao: basta que o autor alegue que o seu direito foiviolado ou em certas circunstncias que o direito est prestes a ser violado. proibidaa justia privada (art. 1 CPC). O objecto das aces de condenao faz

    compreender porque que no se pode pedir ao autor que alegue mais do que aviolao do seu direito.

    Quanto s aces constitutivas: na maior parte dos casos corresponde ao exercciode direitos potestativos. H direitos potestativos de exerccio necessariamente

    processual pelo que nestes casos em princpio o interesse de agir est verificado. Hdireitos potestativos cujo exerccio depende apenas de uma manifestao devontade do seu titular (exemplo: mandato revogado por qualquer das partes se eu

    propuser uma aco para revogar um contrato de mandato ao qual se aplica oregime geral, a sentena proferida pelo juiz no acrescenta nada de novo). Oproblema destas aces assentam nos casos em que no se consegue alcanar talefeito com a simples manifestao de vontade da minha parte, por exemplo,constituio de uma servido de passagem. Nestes casos, o que se tem questionado, se ou no de exigir que o titular do direito tente alcanar o efeito que pretendeantes de propor a aco? Por exemplo antes de propor uma aco de constituio

    de servido predial no se deve tentar chegar a acordo com o proprietrio do prdiono qual quero constituir a servido?

    Doutrina e Jurisprudncia: no se deve fazer tal exigncia, sendo que nestescasos se encontra justificado o recurso ao tribunal.

    Quanto s aces de simples apreciao: o tribunal diz apenas se eu tenho ou nodireito, no dando nenhuma ordem ao ru nem fazendo uma alterao na esfera

    jurdica. Apenas certifica uma certa situao jurdica. Para que o tribunal intervenhanesta funo certificativa, existem certos requisitos

    Autor deve justificar o motivo porque est a recorrer a tribunal Autor justifique o motivo porque est a propor uma aco contra o ru

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    S se aceita a interveno do tribunal nas aces de simples apreciao em casos

    que visem pr termo a uma situao de incerteza, objectiva e grave (capaz deprovocar prejuzos ao autor).

    Prof. Castro Mendes: defende que o interesse em agir no um pressuposto

    processual devido a dois preceitos: art. 449/2 al. c) e art. 662/2 CPC.

    Art. 449/2 al. c): aplica-se aos casos em que o credor que possui um tituloexecutivo e podia ter comeado com uma aco de execuo props umaaco declarativa de condenao, sendo que o juiz analisa a questo de

    mrito. Mas o autor quem paga as custas.

    Art. 662/2: aces de condenao para o futuro. Nos termos do art. 4prevendo-se a violao de um direito. Tal significa em que geral se possapropor uma aco de condenao s prevendo que se ir violar o seu direito?O art. 472 prev hipteses em que passivamente se admite a possibilidade de

    aces de condenao para o futuro. Mas so s os casos do art. 472 ou emgeral pode-se pedir a condenao para o futuro? O art. 662 aplica-se aoscasos em que o autor pede a condenao do ru, mas pode colocar-se ahiptese em que o ru apenas discute a exigibilidade da obrigao se o juizchegar concluso em que o direito existe mas que no exigvel o autorganha a aco de condenao sem prejuzo do ru (o reu condenado a

    pagar apenas quando passar o prazo) mas tem de pagar as custas.

    Segundo o Prof. Castro Mendes, a consequncia da falta de interesseem agir uma consequncia que apenas se repercute ao nvel dos

    custos. Se fosse um pressuposto processual o juiz no julgaria o mrito docaso, mas aqui julga.

    Prof. Maria dos Prazeres Beleza: nestes casos h razoes que justificam que o juiz julguede mrito

    Pontos assentes na doutrina:

    Apresentar um pedido de condenao para o futuro s possvel nos casos doart. 472.

    O interesse em agir um pressuposto processual!Competncia

    O exerccio da funo jurisdicional, nos termos do art. 202 e ss da CRP, est reservadoaos tribunais. Este exerccio encontra-se repartido pelos diversos tribunais. Ter atenoao art. 165/1 al. p) CRP.

    Certas leis repartem o exerccio do poder jurisdicional estabelecem critrios derepartioconhecendo-se essas leis e critrios sabe-se:

    A medida de jurisdio que cabe a cada tr ibunal Em concreto, qual o tribunal competente para aquela aco

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    As competncias especiais encontram-se consagradas nos art. 5 e ss. Para que sepossam aplicar estas competncias especiais

    Os casos de competncia exclusiva encontram-se consagrados no art. 22.

    Existindo acordo das partes, ou seja, o presente regulamento prev que em certoscasos as partes por conveno possam determinar qual o Estado competente.Obviamente que estes pactos de jurisdio apresentam requisitos formais e matriasde validade.

    Nos termos do art. 24, no define propriamente uma ligao importante com umaordem jurdica, mas admite que se se propuser uma aco num estado incompetente,no se tratar de um caso de competncia exclusiva, e se a parte contraria noquestionar a competncia, o estado torna-se competente.

    Existem vrias fontes possveis de competncia internacional

    Regulamentos Comunitrios Convenes Internacionais (Conveno de Lugano)

    Nos termos do art. 65 e 65-A CPC estabelecem-se as regras da competncia

    internacional.

    Regime do art. 65 CPC

    (Questo) Qual a verso que est em vigor neste artigo?

    A lei 3/99 e a lei 52/2003 LOFTJ, sendo o objecto principal destes diplomas a

    organizao e funcionamento dos tribunais judiciais. Quando entrou a lei 2008 estaalterou a organizao judiciaria mexeu ainda em muitas outras matrias,nomeadamente, que no se relaciona com a organizao dos tribunais judiciais, foi oart. 65 (no se relaciona com a organizao dos tribunais judiciais). A lei 2008 entrou

    em funcionamento em trs comarcas e nas restantes aplica-se a lei 99. Quando a lei2008 veio regular a sua aplicao no tempo o legislador esqueceu-se que andou amexer com matrias que no dizem respeito organizao e funcionamento doEstado. Para remediar a situao o legislador veio dizer que aquilo s se aplicava astrs comarcas mas isso um contra sensu.

    Art. 65 (verso da lei 2008) e princpios:

    Princpio da Coincidncia: art. 65/1 al. b) (ateno ao art. 73) faz coincidir acompetncia interna territorial com a competncia internacional.

    Princpio da Necessidade: as regras do art. 65 so regras internas, sendo quecada Estado tem as suas regras internas. Estas regras tm razes histricas.Quando este jogo das regras da competncia internacional chega-se concluso que nenhuma ordem se considera competente, ento havendo umelemento poderoso de conexo com a ordem portuguesa os tribunaisportugueses so competentes.

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    Nos termos do art. 65 al. c) consagra-se o Princpio da Causalidade s se aplica

    (Prof. no concorda) se considerarmos que a Lei 2008 s se aplica s 3 Comarcas, seconsiderarmos que se aplica a todo o ordenamento jurdico esta alnea como seno existisse.

    2. Competncia InternaChegando concluso que os tribunais portugueses so competentes em matriainternacional vamos analisar a competncia interna dos mesmos.

    Para se saber qual o tribunal competente temos de aplicar a LOFTJ.

    Para alm do CPC que contm regras sobre competncia (art. 62, 63 e depois mais

    l para a frente) necessrio conjugar tais regras (que hoje no regulam muita coisas)com as regras constantes da LOFTJ.

    Critrios da Competncia Interna Matria:ordem dos tribunais (organizao hierrquica de tribunais que tem no

    seu topo um Supremo Tribunal). Hoje existe a ordem dos tribunais judiciais (topoSTJRelao1Instncia) e ordem dos tribunais administrativos e fiscais (topo

    STA Tribunais de Centro Tribunal de Circulo (Administrativo) e Tribunal deCirculo Fiscal); depois fora destes existe o Tribunal Constitucional e o Tribunal deContas.

    art. 66, 3 (Lei 99) e 18 (Lei 2008)

    Dentro dos tribunais judiciais tambm existem tribunais cuja competncia determinada em funo da matria. Os tribunais judicirios podem ser:

    Tribunais ou juzo de competncia genrica: Tribunais ou de juzo de competncia especializada (art. 74/2 da LOFTJ

    2008) tribunais judicirios cuja competncia determinada emfuno da matria. Na al. j) da referida norma trata-se de umacompetncia residual (instncia civil)

    Hierarquia: Valor Forma de processo Territrio

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    10 de Outubro (4a)Aula 9

    Hierarquia: encontram-se hierrquicos nos seguintes moles: (1) Tribunais de 1Instncia ou de Comarca; (2) Tribunal da Relao (exercem a sua

    competncia dentro do distrito jurisdicional que cabe na sua jurisdio

    Lisboa, Porto, Coimbra, vora e Guimares); (3) Supremo Tribunal de Justia.

    A regra em termos de competncia hierrquica que todas as acesindependentemente do valor devem ser propostas pela 1vez nos Tribunais de1 Instncia ou de Comarca (muito importante!!! Costuma sair em exames!!)

    Competncia da Relao e do STJ/Excepes ( regra anterior) em que ostribunais de Comarca no tem competncia

    Competncia para os recursos de sentenas de tribunais inferiores; As aces intentadas contra magistrados contra actos praticados no

    exerccio das suas funes sendo julgadas pelo Tribunal imediatamentesuperior, nunca sendo um de Comarca logicamente.

    Julgamento de conflitos de competncia e de jurisdio: sempre queh duas entidades que se julgam simultaneamente competentes ouincompetentes para conhecer de um litgio. Exemplo: o tribunalespecializado de famlia considera-se incompetente para julgar umadeterminada aco e absolve o ru da instncia e o autor intenta aaco noutro tribunal e este considera-se incompetente porque

    considera que quem era competente foi o referido anteriormente

    Conflito de Jurisdio (art. 115/1 CPC): implicam um conflitoentre dois poderes diferentes do Estado ou duas jurisdiesdiferentes (exemplo: tribunal administrativo vs tribunal fiscal)

    Resoluo (art. 116/1): o tribunal de conf