chalhoub-populacao e sociedade

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CARVALHO, José Murilo (org.). A construção nacional (1830-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. População e sociedade (Sidney Chalhoub) •Afirma que havia dificuldade de contar o número de habitantes do Brasil. A sociedade “permanecia desconhecida” (37). •O registro civil, de nascimentos e óbitos, só se tornou obrigatório em 1851. Apesar da iniciativa, o governo não conseguiu implantar um censo, porque não teve condições materiais. Além disso, houve rebeliões para que não fosse implantado. •“É possível que parte da insatisfação popular tenha sido inspirada dos púlpitos, por párocos descontentes com a intervenção do poder público sobre suas atribuições” (40). •Os negros livres tiveram medo de responder ao censo, pois imaginavam que voltariam à escravidão.

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CARVALHO, José Murilo (org.). A construção nacional (1830-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

• População e sociedade (Sidney Chalhoub)• Afirma que havia dificuldade de contar o número de habitantes do Brasil. A

sociedade “permanecia desconhecida” (37).• O registro civil, de nascimentos e óbitos, só se tornou obrigatório em 1851.

Apesar da iniciativa, o governo não conseguiu implantar um censo, porque não teve condições materiais. Além disso, houve rebeliões para que não fosse implantado.• “É possível que parte da insatisfação popular tenha sido inspirada dos

púlpitos, por párocos descontentes com a intervenção do poder público sobre suas atribuições” (40).• Os negros livres tiveram medo de responder ao censo, pois imaginavam que

voltariam à escravidão.

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• O primeiro censo só foi realizado em 1872. Ele foi realizado devido à necessidade de dados por causa da guerra do Paraguai e da abolição.• O censo registra, por exemplo, alta mortalidade entre os negros,

principalmente entre 1850 e 1860 devido a uma epidemia de cólera.• Perfil étnico: 38,1% de brancos, 19,6% de pretos, 38,2% de pardos e 3,9%

de indígenas. População total do Brasil de cerca de 10 milhões. A maior parte das pessoas negras – cerca de 42,7% do total da população, era livre. Segundo o censo, 73,7% das pessoas “de cor” eram livres. Nos Estados Unidos, esse percentual chegava a apenas 11%.• Isso mostra que no Brasil muitas pessoas conseguiam alforria. A liberdade,

no país, ocorreu paralela à permanência de uma sociedade escravista.

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• O censo revelava ainda que 81,4% da população livre era analfabeta. Apenas 18,6% sabia ler. A taxa de alfabetização era de 0,08%. • Houve três grandes processos migratórios do período: 1) tráfico de

escravos vindo da África sendo direcionado para o centro sul do país (o mais numeroso); 2) tráfico de escravos do Norte para o centro-sul; 3) emigração da Europa para o Brasil.

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• O tráfico ilegal e suas consequências• Estatísticas mostram que o período em que mais entraram escravos no

Brasil foi nas primeiras décadas do século XIX, cerca de 1 milhão (1826-1850). Cerca de 6,8 mil vieram depois da proibição do tráfico, em 1850. A maioria dos escravos se destinava ao sudeste devido à produção cafeeira.

• Apesar do movimento de proibição internacional, a partir de 1830 o tráfico de escravos “assumiu proporções aterradoras (...), impulsionado pela demanda de trabalhadores para as fazendas de café, acostumado a driblar a vigilância dos cruzeiros britânicos auxiliado pela conivência e corrupção das autoridades públicas e com o apoio de setores diversos da população” (49).

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• Havia muita resistência à proibição do tráfico escravo porque culturalmente a escravidão era “natural” entre os brasileiros. Assim “(...) ter escravos não era privilégio dos ricos, pois até indivíduos pouco mais do que pobres e remediados podiam ter um ou dois cativos” (50). Havia uma rede de pessoas que contribuía para a continuidade do tráfico.

• Com a proibição do tráfico, ficou mais comum o furto de escravos. Havia também o rapto de crianças e adultos negros que não eram mais escravos e voltavam a sê-lo.

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• O controle social na escravidão brasileira• Vários escravos conseguiam comprar a própria alforria. “Em geral, um

escravo que chegasse à liberdade por indenização de seu preço ao senhor ficava mais seguro e com menos obrigações em relação ao ex-proprietário do que um cativo que obtivesse alforria condicional e gratuita” (61).

• O controle do escravo era feito por várias estratégias, dentre elas a violência física.

• Os fazendeiros ampliam o domínio de suas terras e se acham “donos” das pessoas que moram sob seus domínios. O autor cita o exemplo do conto “Virginius”, de Machado de Assis, em que o pai, Julião, prefere matar a filha a deixar que ela seja estuprada pelo filho do dono da fazenda:

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• “(...) o agregado entende que não poderia suportar o ímpeto do sinhozinho, fica desolado ao ver o desespero da filha diante da iminência de ser violentada, por isso decide matá-la para evitar a desonra. O advogado narrador da história fira contratado pelo “Pai de todos” para defender Julião no júri” (69).

• Ao analisar a história, Chalhoub conclui: “Nada sobrevive à possibilidade de uma sociedade ordenada pelo paternalismo, a escravidão, a dependência pessoal” (69).

• O autor cita ainda Dom Casmurro como o exemplo do senhor supostamente traído pelos seus dependentes e pelo próprio governo. Assim, “(...) talvez seja verdade que a monarquia caiu em 1889, entre outros motivos, porque os cafeicultores se mostraram inconformados com o fato de a lei de Abolição não ter contemplado a indenização dos proprietários pela libertação dos escravos” (76).•

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Indicações• http://slavevoyages.org/tast/index.faces

• http://www.revistadehistoria.com.br/

• http://www.revistadehistoria.com.br/revista/edicao/78

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Avaliação• 1 – seminário (5 pontos)• 2 – reportagem (5 pontos) – 15 mil caracteres. (entrega: 13 de maio)

• Temas: • - Mulher brasileira.• - As teorias raciais.• - Fotografia brasileira do século XIX.• - Curitiba do século XIX.• - Música brasileira.• - Festas brasileiras• - Pintura brasileira• Formação econômica• Formação da literatura.

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Datas e equipes• 15/04 - • 18/04• 22/04 – • 25/04 – • 29/04• 02/05