brasil observer #14 - portuguese version

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AÇÃO TRUCULENTA DA POLÍCIA PARA CONTER PROTESTOS DURANTE A COPA DO MUNDO LEVANTA DEBATE SOBRE DIREITO À MANIFESTAÇÃO PACÍFICA E POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA >> Páginas 10 e 11 #0014 www.brasilobserver.co.uk FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826 JULY 3 – 16 REPRESSÃO PADRÃO FIFA DE DENTRO DA FESTA Antonio Veiga compartilha as emoções da Copa >> Páginas 12 e 13 READ IN ENGLISH FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL TOMAZ SILVA/ AGÊNCIA BRASIL

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Violência policial na Copa levanta debate sobre direito à manifestação pacífica

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Page 1: Brasil Observer #14 - Portuguese Version

AÇÃO TRUCULENTA DA POLÍCIA

PARA CONTER PROTESTOS

DURANTE A COPA DO MUNDO

LEVANTA DEBATE SOBRE

DIREITO À MANIFESTAÇÃO

PACÍFICA E POLÍTICA DE

SEGURANÇA PÚBLICA >> Páginas 10 e 11

# 0 0 1 4www.brasi lobserver.co.uk

FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826JULY 3 – 16

REPRESSÃO PADRÃO FIFA

DE DENTRO DA FESTA Antonio Veiga compartilha as emoções da Copa >> Páginas 12 e 13

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FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

TOMAZ SILVA/ AGÊNCIA BRASIL

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REPORTAGEM DE CAPA

CONECTANDO

BRASIL OBSERVER GUIDE

PERFIL

COPA 2014

No país da Copa tem protesto

Mas no país da Copa também tem festa

Desenvolvimento humano no sertão

Arte urbana e muito mais...

Maria Gadú

16 - 17 22 - 2318 2119 24 - 25

LONDON EDITION

EDITORA - CHEFE Ana Toledo [email protected]

EDITORES Guilherme Reis [email protected] kate Rintoul [email protected]

RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach [email protected] COLABORADORES Bianca Brunow Dalla, Bruja Leal, Gabriela Lobianco, Luciane Sorrino, Marielle Machado, Michael Landon, Nathália Braga, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bittencourt, Shaun Cumming, Wagner de Alcântara Aragão

PROJETO GRÁFICO wake up [email protected]

DIAGRAMAÇÃOJean Peixe [email protected]

DISTRIBUIÇÃO Emblem Group [email protected]

IMPRESSÃO Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Atex Business Solutions [email protected]

BRASIL OBSERVER é uma publicação quinzenal da ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED (Company number: 08621487) e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos as-sinados. As pessoas que não constarem do expediente não tem autorização para falar em nome do Brasil Observer. Os conteúdos publicados neste jornal podem ser reprodu-zidos desde que devidamente creditados ao autor e ao Brasil Observer.

CONTATO [email protected] [email protected] 020 3015 5043

SITEwww.brasilobserver.co.uk

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EM FOCO

BRASIL & UK

BRASILIANCE

Notícias que foram destaques na quinzena

Plano Nacional de Educação aprovado

O Brasil aqui e o Reino Unido lá

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sexta-feira, 13 de junho de 2014 11:22:36

16|17CAPA DO GUIA18 NINETEEN EIGHT-FOUR19 GOING OUT21WORLD CUP TABLE22/23TRAVEL 24|25 NEW CANVAS OVER OLD

Depois de uma vitória apertada contra o Chile, o Brasil vibrou pois continua na Copa 2014 – pelo menos até sexta--feira dia 4 de julho, quando encara a Colômbia. Mas o país não para! Em meio a festa colorida das torcidas, importantes decisões estão sendo tomadas.Com a bola rolando e o mundo apreciando como nunca o “jeitinho brasileiro”, está claro que as previsões catastróficas em relação ao evento não se confirmaram. O Brasil conse-gue a façanha de realizar a “Copa das Copas” e os protestos que se levantaram em junho de 2013 já não têm a mesma atuação. O que não quer dizer, porém, que desapareceram. O que está ficando marcado é a atuação represora das forcas de segurança pública. Confira mais sobre esse debate na reportagem de Guilherme Reis, nas páginas 10 e 11.Outro tema importante é o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pelo Congresso e sancionado pela presiden-

ta Dilma Rousseff depois de anos de discussão. Nas páginas 4 e 5, você pode encontrar mais informações e detalhes sobre o plano que estabelece metas e diretrizes para as po-líticas públicas do setor até 2024.Também nesta edição você pode conferir a experiência do estudante de psicologia Carlos Vinícius Dias, que comparti-lha sua vivência no Projeto Canudos, com artigo publicado na página Conectando (14).Como já falamos por aqui, o clima de Copa se espalhou por todos os cantos. E aqui em Londres, de diversas maneiras. É o que trazemos no Brasil Observer Guide, que entre outros assuntos traz uma entrevista com um dos fundadores do Coletivo SHN, que esteve na capital britânica e deixou um pouco da sua arte no East End.

Seguimos em contato!

E D I T O R I A L

O BRASIL NÃO PARAPor Ana Toledo – [email protected]

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3brasilobserver.co.uk

EM FOCO

Inicia-se no dia 6 de julho a campanha eleitoral no Brasil. Pois em 5 de outubro vindouro, serão eleitos o Presidente da Re-pública, 27 governadores (26 estados e o Distrito Federal), 513 deputados federais, um terço do Senado Federal e os deputados às assembleias legislativas estaduais. No caso da eleição para presidente e dos governadores estaduais, se não houver decisão em primeiro turno, o eleitorado volta às urnas em 26 de outubro para a segunda rodada.No que diz respeito à corrida presidencial,

são três as principais candidaturas. Além da presidenta Dilma Rousseff, que postula a ree-leição pelo Partido dos Trabalhadores (PT), os oposicionistas com maior densidade eleitoral, de acordo com as pesquisas de intenção de voto, são Aécio Neves, do Partido da So-cial Democracia Brasileira (PSDB), e Eduardo Campos, do Partido Socialista Brasileiro (PSB).O PT oficializou a candidatura da presiden-

ta Dilma Rousseff à reeleição, assim como Michel Temer para vice-presidente, em con-venção nacional em Brasília, dia 21 de junho. Na ocasião, o presidente nacional do partido,

Rui Falcão, levantou duas principais bandei-ras: a reforma política e a democratização da mídia. Sobre os meios de comunicação, Rui Falcão destacou que o partido pretende cum-prir o que estabelece a Constituição Federal, como a proibição do oligopólio da mídia e a exigência de produção regional independente.A presidenta Dilma Rousseff avaliou a re-

forma política como fundamental para me-lhorar a qualidade da política e da gestão pública. “A transformação social produzida pelos nossos governos criou as bases para a promoção de grande transformação democrá-tica e política no Brasil. Não vejo nenhum caminho que viabilize a reforma política que não passe pela participação popular”.Na semana anterior, dia 14 de junho, Aécio

Neves já havia sido confirmado como can-didato do PSDB. Em 30 de junho, porém, é que veio a confirmação do senador Aloysio Nunes Ferreira como vice na chapa. Aloysio aproveitou o anúncio para criticar a gestão da presidenta Dilma Rousseff e destacar que os brasileiros querem mudanças na condução política do país. As principais bandeiras de-

fendidas pela legenda têm sido o controle da inflação e o combate à corrupção. “O Brasil quer mudar, quer um governo diferente, um novo fôlego e novo impulso e Aécio conse-guiu encarar esse desejo”. Aécio explicou que a escolha por Nunes,

entre as opções que o partido tinha, foi moti-vada pela coerência do senador. “A trajetória exemplar de Aloysio na vida pública faz com que a partir de agora a nossa caminhada se fortaleça”, afirmou o candidato mineiro. Já a candidatura de Eduardo Campos (PSB)

à Presidência da República e de Marina Silva como vice-presidente foi formalizada no dia 28 de junho. O presidenciável reiterou as críticas ao atual modelo político que, segundo ele, está “esgotado” e tem efeito “paralisante da energia social”. “Rejeitamos a trilha fácil da acomodação e conformismo. Rejeitamos a inércia e colocamos nossa indignação e so-nho. Para continuarmos fiéis à nossa história tivemos que mudar e ter o compromisso de mudar junto com Marina. Escolhemos o ca-minho mais desafiador”, afirmou Eduardo em evento em Brasília.

NOVO PROGRAMA INCENTIVA INOVAÇÃO

Com o objetivo de estimular a pesquisa na área de ciência, tecnologia e inovação, o governo federal lançou o Programa Nacional de Plataformas do Conhecimento. O progra-ma vai incentivar a pesquisa em 20 áreas, como agricultura, saúde, energia e defesa.Cada plataforma vai reunir lideranças

científicas para organizar recursos e desen-volver produtos com o apoio de empresas para lançá-los ao mercado. O governo pre-tende lançar editais para que pesquisadores e empresas se candidatem e desenvolvam projetos. Cronologicamente, as plataformas passarão

pelas etapas de seleção da capacidade cientí-fica, inscrição e seleção dos pré-projetos por meio dos editais, julgamento e contratação das empresas e instituições de pesquisa e avaliação dos resultados e da continuida-de do financiamento. No lançamento, Dilma defendeu que as parcerias do programa en-volvam a participação de empreendedores, ponham em prática as novas tecnologias e tenham relevância econômica. Ao ressaltar a importância da educação

na vida das pessoas, favorecendo o acesso à renda e à ascensão social, a presidenta Dilma disse que é necessário que o Bra-sil tenha não somente portas de saída dos estudantes. Segundo ela, o país precisa ser “formado por técnicos, pessoas qualificadas profissionalmente”, para que elas não ve-nham a ter perda de renda futuramente.

REINO UNIDO MAIS LONGE DA EUROPA

Os jornais britânicos avaliaram que, de-pois da tentativa frustrada do primeiro-mi-nistro David Cameron para travar a designa-ção de Jean-Claude Juncker como presidente da Comissão Europeia, o Reino Unido está mais próximo de sair da união dos países europeus (EU). “Um passo mais perto de abandonar a

Europa”, escreveu na sua manchete o Daily Telegraph, um dos jornais mais vendidos no país, enquanto o The Times indicou “Grã--Bretanha próxima de sair da EU”.O jornal Guardian repetiu a frase do res-

tante da imprensa, noticiando “Reino Unido mais próximo de uma saída da UE depois do voto em Juncker”. Já o Independent es-creveu: “Cameron esmagado e Reino Unido mais próximo de uma saída da EU”. Na primeira página, o Sun escreveu: “Cameron: Estamos em guerra com a EU”.Alguns jornais do país foram críticos

quanto à forma como Cameron lidou com a designação do futuro presidente da Comissão Europeia, o que foi visto como um obstácu-lo para a renegociação dos termos da perma-nência do país na UE prometidos antes do referendo de 2017. Nesse ano, os britânicos devem votar a permanência na União.“O perdedor Cameron apoiou o Rooney

da Europa”, comentou o Daily Mail. O Fi-nancial Times apontou “uma mudança histó-rica de poder na EU”, um “momento peri-goso da relação de Grã-Bretanha e Europa”.

Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos são os três principais candidatos na

corrida presidencial de 2014

AGÊNCIA BRASIL

CAMPANHA ELEITORAL COMEÇA EM JULHO

Page 4: Brasil Observer #14 - Portuguese Version

4 brasilobserver.co.uk

BRASILIANCE

EDUCAÇÃO: 20 METAS PARA 10 ANOSSancionado em 25 de junho, Plano

Nacional de Educação traz diretrizes

e estratégias que devem nortear as

políticas públicas do setor até 2024;

investimento de 10% do PIB na área

é uma das obrigações estabelecidas

Depois de quatro anos de discussões, a presidenta Dilma Rousseff sancionou na última semana de junho o Pla-no Nacional de Educação (PNE), que estabelece metas e diretrizes para as políticas públicas do setor até 2024. Com elaboração concluída por parte do Poder Executivo no final de 2010, o PNE tramitou no Congresso Nacio-nal até o início de junho deste ano, quando foi finalmente aprovado. Entre os objetivos a serem alcançados está o investimento de 10% do Produto Inter-no Bruto (PIB) do país em educação, quase o dobro do praticado atualmente (5,3%) – em 2019, o valor já deve estar em 7%. Está neste ponto, aliás, uma das prin-

cipais divergências entre o poder públi-co e os movimentos da sociedade civil organizada que participaram e acompa-nharam a elaboração e a tramitação do projeto de lei. Para os 200 grupos e or-ganizações que formam a Campanha Na-cional pelo Direito à Educação, na conta dos 10% do PIB deveriam entrar apenas investimentos diretos na rede pública de ensino. Ocorre que essa exclusividade não foi expressa no PNE.Dessa forma, estarão incluídos nessa

cota de 10% do PIB para a educa-ção recursos públicos que forem des-tinados a programas educacionais que repassam verbas a instituições privadas – como o Programa Universidade para Todos (ProUni), o Ciência sem Fron-teiras (CsF), o Financiamento Estudantil (Fies), o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pro-natec) e convênios em educação infantil e especial. Para a Confederação Na-cional do Trabalhadores em Educação (CNTE), a inclusão desses programas na cota dos 10% do PIB “favorecerá a escola privada”.Diz a entidade, em nota: “Embora

a CNTE seja favorável a programas federais que priorizam o acesso da po-pulação de baixa renda ao ensino su-

DIVULGAÇÃO

Mais de 3,8 milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos estão fora da escola no Brasil

Por Wagner de Alcântara Aragão

perior - sobretudo o Prouni, o Ciência Sem Fronteiras e o Fies -, a entidade não concorda com a orientação estabe-lecida no PNE, que além de prever a transferência direta de verbas públicas para a iniciativa privada, ainda impo-rá duplo prejuízo à educação pública, uma vez que menos impostos serão recolhidos de instituições privadas e as bolsas concedidas a essas instituições de ensino passarão a ser computadas na meta do plano decenal, reduzindo a expectativa de investimento nas esco-las e universidades públicas”.

VETOSÀs vésperas da sanção da lei, movi-

mentos sociais enviaram à presidenta Dilma uma carta pedindo veto ao pa-rágrafo 4º do artigo 5º da lei, justa-mente o que inclui na conta dos 10% programas como ProUni, Ciências sem Fronteiras, Fies e Pronatec. Pelas con-tas apresentadas na Câmara dos De-putados durante a tramitação do PNE, esses programas equivalem a 0,5% do

PIB, e a estimativa é de que em dez anos alcancem 2% em financiamentos e isenções. A sanção, todavia, ocorreu sem ve-

tos. Coube ao ministro da Educação, Henrique Paim, justificar a opção. Em entrevista coletiva em 26 de junho, o ministro argumentou que os programas que envolvem as instituições privadas são fundamentais para a garantia da universalização do acesso a todos os níveis da educação. “São recursos pú-blicos investidos e devemos ter ga-rantia de acesso a todos. Se forneço

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PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – O QUE ELE DIZ?

O Plano Nacional de Educação (PNE), decenal, é o documento-referência da política educacional brasileira, para todos os níveis de governo. Contempla um diagnóstico da educação no país e, a partir de tal diagnóstico, apresenta princípios, diretrizes, prioridades, metas e estratégias de ação para enfrentamento dos problemas educacionais da nação. A existência do PNE está fixada no artigo 214 da Constituição de 1988, mas só foi regulamentada oito anos depois, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação. O PNE sancionado em junho agora por Dilma é o segundo da história.

ProUni, Fies e Ciência sem Fronteiras, então estamos gerando oportunidades educacionais”, declarou. Paim ainda lembrou que, em pouco

mais de dez anos, o orçamento do Ministério da Educação aumentou qua-se seis vezes – de R$ 19 bilhões em 2003 para R$ 112 bilhões em 2014. Em dez anos (2002 a 2012), o número de matrículas no ensino superior (ins-tituições públicas e privadas) dobrou, de 3,5 milhões para 7 milhões. Outro veto pleiteado pelos movimentos

sociais era referente à meta 7 do plano (leia as metas no box), que estabelece políticas de estímulo às escolas que me-lhorarem o desempenho no Índice de De-senvolvimento da Educação Básica (Ideb), “de modo a valorizar o mérito do corpo

docente, da direção e da comunidade escolar”. Na carta à Dilma, os movimen-tos alegam que tal medida “tende a agra-var a situação dos estudantes que neces-sitam de mais investimentos do Estado, bem como dos profissionais que serão alvo de políticas de bonificação, contrarian-do a perspectiva de valorização dos planos de carreira com base no piso salarial nacional”.Paim frisou que a sanção do texto

na íntegra procurou respeitar o que foi consenso do Congresso. “[A sanção sem vetos] demonstra o reconhecimen-to do governo de que o PNE foi cons-truído a partir de um amplo debate na sociedade e nos movimentos educacio-nais, com contribuições por parte dos congressistas”, afirmou.

SALÁRIOSAlém de estipular um piso de in-

vestimentos do país em educação, o PNE traça avanços numa reivindica-ção antiga de educadores e da socie-dade de modo geral: a valorização dos profissionais. Pela nova lei, até o sexto ano de

vigência do plano os professores da educação básica deverão ter salários equivalentes ao rendimento médio das demais categorias profissionais que exijam o mesmo grau de escolaridade. E metade desses professores deverão ter pós-graduação, pois será viabiliza-do acesso à formação continuada.

O desafio, agora, é garantir a exe-cução do plano. Para a coordenação da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, só a mobilização da socie-dade, com cobrança do cumprimento da lei, vai assegurar que as conquis-tas trilhadas pelo PNE sejam, de fato, postas em prática. Na coletiva de imprensa, o minis-

tro Paim anunciou que o governo federal, por meio do Ministério da Educação, está elaborando um siste-ma para acompanhamento do plano e também de medidas para dar suporte aos Estados e municípios na cons-trução dos seus planos de educação. Paim disse que o sistema será lançado em breve.

Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até três anos até o final da vigência do PNE.

Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda a população de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até 2024.

Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%.

Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até os 8 anos de idade, durante os primeiros cinco anos de vigência do plano; no máximo, até os 7 anos de idade, do sexto ao nono ano de vigência do plano; e até o final dos 6 anos de idade, a partir do décimo ano.

Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica.

Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem com base nas médias nacionais do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.

Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, de modo a alcançar no mínimo 12 anos de estudo no último ano de vigência do plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.

Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, na forma integrada à educação profissional, nos ensinos fundamental e médio.

Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% de gratuidade na expansão de vagas.

Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta.

Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75%, sendo, do total, no mínimo, 35% de doutores.

Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.

Garantir, em regime de colaboração entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, no prazo de um ano de vigência do PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação, assegurando-lhes a devida formação inicial, nos termos da legislação, e formação continuada em nível superior de graduação e pós-graduação, gratuita e na respectiva área de atuação.

Formar, até o último ano de vigência do PNE, 50% dos professores que atuam na educação básica em curso de pós-graduação stricto ou lato sensu em sua área de atuação, e garantir que os profissionais da educação básica tenham acesso à formação continuada.

Valorizar os profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE.

Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional.

Garantir, em leis específicas aprovadas no âmbito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a efetivação da gestão democrática na educação básica e superior pública, informada pela prevalência de decisões colegiadas nos órgãos dos sistemas de ensino e nas instituições de educação, e forma de acesso às funções de direção que conjuguem mérito e desempenho à participação das comunidades escolar e acadêmica, observada a autonomia federativa e das universidades.

Ampliar o investimento público em educação de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do País no quinto ano de vigência do PNE e, no mínimo, o equivalente a 10% do PIB no final do decênio.

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6 brasilobserver.co.uk

BRASIL & UK

Brasil e Reino Unido assinam acordo de cooperação em TurismoPara uma plateia formada por em-

presários e investidores, o ministro das Comunicações do Brasil, Paulo Bernar-do, apresentou na quinta-feira dia 26 de junho, em Londres, dados sobre o mercado brasileiro de telecomunicações, com o intuito de atrair empresas que ainda não atuam no país. Na ocasião, o ministro, ao lado do presidente da Anatel, João Rezende, dedicou especial atenção ao leilão da faixa de 700 MHz destinada aos serviços de telefonia móvel e internet 4G.A comitiva chegou à capital britânica

após uma parada em Nova York, onde também divulgou o leilão em evento do Consulado Geral do Brasil, além de par-ticipar de reuniões com investidores. Em Londres, o evento foi promovido pela Embaixada, com encontros bilaterais.O leilão da faixa de 700 MHz do 4G

é visto como uma grande oportunidade para atrair ao país novos grupos que atuam no mercado global de telecomu-nicações. “Esta é uma frequência muito valiosa e há muita expectativa. O leilão deve ficar para o fim de agosto ou co-meço de setembro após a avaliação do edital pelo Tribunal de Contas da União (TCU)”, disse Bernardo aos investidores.O ministro ressaltou ainda a importân-

cia da faixa de 700 MHz para áreas com população menos densa. De acordo com Bernardo, localidades de menor porte no interior brasileiro têm baixa competição e por isso há um grande mercado a ser explorado.O ministro reconheceu que o Brasil

precisa de novos investimentos na in-fraestrutura de telecomunicações, mas não deixou de citar os avanços que o mercado brasileiro tem apresentado no segmento de banda larga. Só nos últimos quatro anos, o número de acessos a este

O governo britânico está abra-çando a grande oportunidade de compartilhar experiências com a Copa no Brasil. Um dos exem-plos disso foi a visita do britânico Sajid Javid, ministro da Cultura, Mídia e Esporte do Reino Unido. Ele se reuniu na segunda-feira dia 23 de junho com o ministro do Turismo, Vinícius Lages, para a assinatura de um memorando de entendimento para cooperação técnica em qualificação e for-mação profissional em turismo e hospitalidade. O memorando estabelece opor-

tunidades para estudantes brasi-leiros e operadores de turismo participarem, por meio de sele-ção, de programas acadêmicos e estágios em Instituições de Ensi-no do Reino Unido. “Estou entu-siasmado de estar aqui no Brasil para dar apoio aos negócios e turismo do Reino Unido. Temos laços fortes com o Brasil, tanto na Cultura quanto no Esporte. O acordo assinado hoje fortalece nosso relacionamento com este país”, disse Javid. Em seguida, o programa Cultu-

ra Sem Fronteiras, desenvolvido pelo Ministério da Cultura e que será colocado em prática junto com o British Council, foi apre-sentado. O programa permitirá aos brasileiros obterem experiên-cia acadêmica e profissional nas áreas de Humanidades, Artes e Criatividade no Reino Unido.

BRASIL OBSERVER

Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, durante apresentação em Londres na quinta-feira dia 26 de junho

EM LONDRES, GOVERNO BUSCA NOVOS INVESTIDORES PARA TECNOLOGIA 4G

serviço cresceu 1.026%, saltando de 12,1 milhões de acessos, em 2010, para 137,2 milhões, em 2014. E ainda há uma gran-de demanda pela tecnologia, o que torna o país mais atrativo.O presidente da Anatel, João Rezen-

de, destacou que, quando for realizado o leilão, a rede de celular brasileira já terá mais terminais de terceira geração do que de segunda geração. Conforme os últimos números da Anatel, a tecnologia 3G ainda alcança menos da metade dos usuários brasileiros. Em maio, eram 113,39 milhões de acessos para um total de 275,4 milhões de celulares comercializados.

O QUE É 700 MHZ?

Essa faixa de frequência, que atualmente é ocupada por canais de TV aberta, será liberada com a mudança dessas emissoras para a tecno-logia digital. Depois de ser liberada, a faixa vai ser usada para expandir o serviço de telefonia e internet 4G no Brasil, que desde 2013 já opera no país na frequência de 2,5 GHz.A frequência de 700 MHz possibilita co-

bertura de grandes áreas com o uso de menos antenas, o que permite levar os serviços de telecomunicações inclusive às áreas rurais, a um custo menor. Além disso, é o padrão uti-lizado internacionalmente para a internet 4G.

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Em apresentação no Barbican, em Londres,

cantora quebra o protocolo e emociona os fãs mesclando

composições próprias e de artistas consagrados da

Música Popular Brasileira

PERFIL

Por Rômulo Seitenfus

MARIA GADÚ

A BELA FLOR DE

DIVULGAÇÃO

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Faltando cinco minutos para o show de Maria Gadú, no Barbican, o público espe-rava duas coisas: o resultado de Brasil vs Chile e a en-trada da cantora que já dava sinais de preparação. As cen-tenas de telefones celulares acesos na plateia, transmitin-do os pênaltis pela internet, mostravam as expressões ten-sas dos brasileiros na espera pela vitória da seleção. Mi-nutos antes da entrada triun-fal da cantora, vozes ecoam para comemorar a vitória do time. Agora sim, Gadú pode entrar. E entra, como sempre, em grande estilo. “Te cha-mam de ladrão, de sapatão, de maconheiro, transformam o país inteiro num puteiro, pois assim se ganha muito, muito, muito mais dinheiro”.Maria Gadú entrou pela

porta dos fundos, descendo as escadas da plateia e de-clamando a música “O tempo não para”, adaptando palavras entre os fãs que gritavam emocionados. A sensação era de crítica social, com a em-blemática música de Cazuza rompendo fronteiras geográ-ficas entre palco e público. E foi assim, nesse clima de quebrar protocolos, que a cantora trouxe para Londres, à sua maneira, músicas de grandes compositores mistu-radas às suas autorias. “Lan-terna dos Afogados”, “Bela Flor”, “Bete Balanço”, “Lin-da Rosa”, “Índios”, “João de Barro”, “Ne Me Quite Pas”, “Encontro” e “Anjo de Guar-da” foram algumas das can-ções apresentadas e tocadas pelos instrumentistas Gastão Villeroy, Fernando Caneca, Federico Puppi, Cesinha e Doga. Fabio Allman e Pepe Barcelos, do Duo Carioca, ofereceram um show extra e agradaram o público.Mayra Corrêa Aygadoux

cresceu convivendo com a música. Frequentou aulas, fa-bricava instrumentos musicais caseiros e aos sete anos já gravava em fitas cassetes suas composições. Aos dez anos de idade estava sentada na beira da praia em Ilha Gran-de, no litoral do Estado do Rio de Janeiro, quando com-pôs a música “Shimbalaiê”.

Por anos, a cantora achou a canção “boba”. Quatorze anos depois, a música se tornou o hit da novela Viver a Vida, da Rede Globo. A partir deste momento, passou a ser cobi-çada por vários artistas para dividir palcos e discos. No dia em que Caetano Veloso cantou uma versão da músi-ca, Gadú chorou até emba-çar os óculos que usava para esconder a timidez. Segundo a própria cantora, as lágrimas vieram ao lembrar da infância quando compôs a faixa.Em 2009, foi destaque ao

interpretar “Ne Me Quite Pas”, de Jacques Brel, para o diretor Jayme Monjardim, na minissérie Maysa: Quando Fala o Coração, sobre a vida de Maysa Matarazzo. Naque-le mesmo início de 2009, Gadú preparou seu primei-ro disco, lançado pelo selo SLAP, da gravadora Som Li-vre, e produzido por Rodrigo Vidal. O mundo das trilhas sonoras descobriu em Gadú uma potência para emplacar na TV e no cinema. “A His-tória de Lilly Braun” faria parte da trilha sonora da mi-nissérie Cinquentinha, de Ag-naldo Silva, e outros temas embalaram telinhas e telões: “Linda Rosa” em Cama de Gato, “Sonhos Roubados” no filme de mesmo nome, “Lounge” em Vida Alheia, “Dona Cila” em Clandes-tinos: O Sonho Começou, “Rapte-me Camaleoa” em Ti Ti Ti, “Quase Sem Querer” no filme Desenrola, “Bela Flor” em Cordel Encantado, “Oração ao Tempo” em A Vida da Gente, “Linha Tê-nue” em Amor Eterno Amor, “Estranho Natural” em Cheias de Charme e “Lanterna dos Afogados” em Malhação.Indicada duas vezes ao

Grammy Latino, nas catego-rias de Melhor Artista Re-velação e Melhor Álbum de Cantor/Compositor, no ano passado editou Nós, disco de duetos com alguns consagra-dos da MPB, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Ana Carolina, além de novos talentos como Jay Vaquer e Tiago Iorc, e ar-tistas internacionais, como Ea-gle-Eye Cherry e Jesse Harris.

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CAPA

PROTESTO E REPRESSÃO: Atos contra o Mundial nas cidades-sede foram pequenos até agora, mas violência policial foi constante, colocando em

risco o direito à manifestação pacífica e gerando maior debate sobre a política de segurança pública

Por Guilherme Reis

O “imagina na Copa” falhou. As pre-visões catastróficas em relação à capa-cidade do Brasil em sediar o Mundial não se confirmaram. Nem os protestos que pararam o país em junho do ano passado tiveram fôlego para, nos dias de jogos, dividir a atenção dos milhões de espectadores que estão mais interessados em saber quem vai balançar as redes dos estádios lotados. O mesmo não se pode dizer, porém, da atuação das forças de segurança pública no tratamento das já esperadas manifestações: como previsto, há forte repressão. “Desde o início da Copa do Mundo,

houve novos episódios de uso excessi-vo da força e das armas ‘menos letais’ por parte da Polícia Militar de alguns Estados, assim como detenção e agres-são a manifestantes pacíficos, ações de possível intimidação, criminaliza-ção de manifestantes e agressão contra jornalistas”, afirmou Alexandre Cico-nello, assessor de direitos humanos da Anistia Internacional e especialista em segurança pública, em entrevista ao Brasil Observer.Na abertura do Mundial, em São Pau-

lo, manifestantes não conseguiram sequer se reunir. O protesto havia sido marcado para as 10 da manhã em frente a uma estação de metrô perto da Arena Co-rinthians. Mas, cinco minutos depois, a Polícia Militar teve ação truculenta: dis-parou bombas de gás lacrimogêneo sobre as pessoas que ainda chegavam ao local do protesto, atingindo quatro jornalistas, entre eles uma repórter da rede america-na de TV CNN.Em Belo Horizonte, um protesto foi

cercado pela Tropa de Choque. Du-rante seis horas, duas centenas de ma-nifestantes ficaram sitiados por mais de 4 mil policiais, conseguindo sair pacificamente do local após longa ne-gociação. Um morador de rua foi pre-so por carregar uma faca de cozinha na mochila. No Rio, a polícia permitiu a reunião, mas atirou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral quando os manifestantes se aproximavam do estádio do Maracanã.A sensação é que a repressão tem

sido desmedida diante do tamanho dos protestos, que na maioria dos casos não reúne sequer mil pessoas. Os ma-

nifestantes anti-Copa são, na maioria, Black Blocs, anarquistas e membros de grupos de esquerda sem muita re-presentatividade. Em todas as cidades, tentaram se aproximar dos estádios, mas a Polícia Militar adotou diferentes estratégias para proteger a zona de ex-clusão da FIFA, onde só torcedores e credenciados são autorizados a entrar. Advogados reclamaram do cerceamen-to ao seu trabalho e detenções arbitrá-rias aconteceram.O caso mais emblemático ocorreu em

Curitiba, onde ao menos 25 manifestan-tes foram chamados a depor na Polícia Federal com base na Lei de Segurança Nacional, aprovada no fim da ditadura militar, em 1983. Os manifestantes ti-veram de responder sobre um suposto financiamento estrangeiro aos protestos, se eram ou não Black Blocs e sobre ha-bilidades com explosivos. “As perguntas eram ofensivas, porque todas caminha-vam no sentido de chamar a gente de terrorista. Eu achei que estava em uma conversa da ditadura”, comparou Renato de Almeida, de 28 anos, militante cha-mado a depor, em entrevista concedida à revista Carta Capital.No Rio e em Belo Horizonte, pri-

sões preventivas ocorreram nos dias anteriores à Copa. No dia 11 de ju-nho, na capital carioca, cerca de 20 pessoas foram levadas por agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática para prestar depoimento e esclarecimentos sobre supostos atos de violência durante protestos em 2013. Entre os detidos estava a advogada

Eloisa Samy, que duas semanas depois já estava de volta às ruas de Copa-cabana em protesto silencioso contra a violência policial e pelo direito a manifestação. “Expediram um manda-do de busca e apreensão para equipa-mentos de informática e com acesso à internet, mas levaram meu capacete de moto, meus cintos, meu bastão de softball... Levaram coisas que estavam fora do escopo do mandado, como máscara contra gases, óculos de pro-teção. Não é só para intimidar, mas para obrigar o grupo a se dispersar e criar uma situação de conflito. Isso tem sido feito cotidianamente”, contou Eloísa à reportagem da Agência Brasil.

Outro caso preocupante aconteceu com o estudante Murilo Magalhães, diretor do Centro Acadêmico do curso de Direito na PUC-SP e representante no Conselho Universitário, que relatou ter sido detido pela Polícia Militar e agredido nas dependências da sede da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, no dia 9 de junho. Murilo é ativista da Assembleia Na-

cional de Estudantes Livre (ANEL) e participava de um protesto de apoio à greve dos metroviários de São Paulo e contra a ação da tropa de Choque na re-pressão à greve. Durante o protesto, ele teria sido imobilizado pelos policiais no local e levado para uma sala dentro da secretaria com ordem de prisão. Nessa sala, teria sido obrigado a retirar a roupa e teria sido espancado pelos policiais. A secretaria negou as agressões em nota e afirmou que o estudante foi preso por agredir um policial. Murilo disse que entrará com um pedido para que a Cor-regedoria analise o caso.

VIOLÊNCIA DOS MANIFESTANTESSe por um lado fica claro que as

forças de segurança agem de maneira desproporcional, por outro não se pode negar que a violência dos próprios mani-festantes, muitas vezes, acaba impedindo que determinados grupos consigam, de forma pacífica, expor suas reivindica-ções. Alexandre Ciconello, da Anistia Internacional, reconheceu o fato. “Houve também atos de violência de manifestan-tes, como depredações, durante alguns protestos. E a violência – seja das for-ças de segurança, seja de manifestantes – tem colocado em risco o direito ao protesto pacífico. A Polícia Militar, ou outras forças de segurança atuando no contexto das manifestações, deve atuar para garantir esse direito. De um lado deve coibir e investigar atos de violên-cia e de outro não usar a força de for-ma excessiva, desnecessária ou cometer qualquer tipo de abuso”.

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Em dia de jogo do Brasil no Mineirão, ativistas participaram do ato “28J - Copa sem povo, tô na rua de novo!”

MÍD

IA N

INJA

O OUTRO LADO DA COPATal equilíbrio, porém, parece distante

de ser alcançado. No dia 19, protesto organizado pelo MPL (Movimento Pas-se Livre) em São Paulo terminou em confusão. A intenção do movimento era fazer uma “festa popular”, com churrasco, intervenções teatrais, shows de rap e partidas de futebol. No entan-to, uma concessionária de veículos da Mercedes-Benz foi depredada por um grupo de mascarados; alguns minutos depois, policiais militares chegaram e usaram bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral para dispersar o protesto.O MPL afirmou, porém, que o ato já

estava dispersando quando a PM atacou os manifestantes: “A festa popular, que pautava a readmissão dos trabalhadores do transporte [demitidos após greve] e a tarifa zero, foi violentamente reprimida com bombas de asfixia”.De qualquer maneira, a violência de

uma minoria tem sido provavelmente o principal motivo do esvaziamento dos protestos anti-Copa, além, é claro, da própria repressão policial. Ainda que anarquistas e grupos de esquerda argumentem que a depredação de sím-bolos do capitalismo não é proporcio-nal à violência cotidiana sofrida pela população pobre e periférica, tanto no que diz respeito às condições de vida quanto ao tratamento recebido pela po-lícia – o que é de fato é ponderável –, a maioria da população parece não concordar com os chamados “atos de vandalismos”, ou “ação direta”. Isso explica, por exemplo, o distan-

ciamento do Movimento dos Traba-lhadores Sem-Teto dos atos especifi-camente contra o Mundial. O grupo preferiu concentrar suas ações na pauta específica pelo direito à moradia e tem conseguido vitórias importantes.

SEGURANÇA: UM GRANDE NEGÓCIODiante desse quadro, e principal-

mente diante da cobrança internacional em relação à capacidade do Brasil em garantir a segurança da população e

dos turistas após os protestos de junho do ano passado, os recursos visando a segurança do país durante a Copa do Mundo chegaram a R$ 1,9 bilhão, além dos investimentos na preparação de 150 mil agentes das Forças Arma-das para o evento.Antes do Mundial, houve um investi-

mento não apenas na construção de cen-tros integrados de comando e controle, inteligência e das Forças Armadas, como também na compra de equipamentos, o que se revelou uma grande oportunidade para empresas privadas.Como parte do farto orçamento de segu-

rança da Copa, a Condor Tecnologias Não--Letais, empresa com sede no Rio, faturou um contrato de US$ 22 milhões, fornecen-do gás lacrimogêneo, balas de borracha, armas de choque e granadas de luz e som à polícia e forças de segurança privada. Ao vender armamentos de controle de protes-tos e ordem pública para compradores da polícia, exército militar e Nações Unidas, os negócios da Condor cresceram mais de 30% nos últimos 5 anos, se expandindo para mais de 40 países.Além disso, gigantes do setor de vi-

gilância obtiveram contratos em diversas cidades para monitorar brasileiros duran-te a Copa – desde scanners de segurança até softwares de rastreamento remoto. Segundo a empresa de pesquisa de mer-cado IMS Research, o Brasil é o grande mercado para sistemas de vigilância em vídeo na América Latina, concentrando 45% do total até 2014.A IBM, por exemplo, ficou respon-

sável por projetar os Centros Integra-dos de Comando e Controle, centros tecnológicos que concentram as deci-sões referentes a segurança durante os jogos. Nesses centros, telas gigantescas monitoram desde as câmeras de rua ao redor dos estádios até dados meteoro-lógicos, além de mapas que mostram locais de acidentes de carro, e no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, tiveram um papel crucial na estratégia de re-pressão policial aos massivos protestos que ocorreram em junho de 2013.No total, as instalações do Rio custa-

ram cerca de R$ 104,5 milhões, segun-do dados da prefeitura divulgados em matéria feita pela Agência Pública de Reportagem e Jornalismo Investigativo.Para o governo, tais investimentos

ficam como legado da Copa. Resta saber se poderão, de fato, mudar o quadro da violência no país. Um es-tudo sobre assassinatos no mundo, di-vulgado em abril pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, em Londres, aponta que o Brasil regis-tra 11,4% do total de mortes do pla-neta. Segundo o estudo da ONU, 437 mil pessoas foram mortas em 2012 no mundo; desses, 50.108 foram no Brasil – o 16º da lista.A reportagem do Brasil Observer entrou

em contato com a Secretaria Extraordiná-ria de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Outro problema grave são assassinatos

cometidos pela própria polícia. Policiais militares mataram 10.152 pessoas no Es-tado de São Paulo nos últimos 19 anos. Levantamento feito pela reportagem da Ponte.org indica que, em média, 45 pes-soas foram mortas por PMs a cada mês no Estado, num cenário em que os poli-ciais também são vítimas – cinco foram assassinados por mês no período.Para a Anistia Internacional, é difícil

prever qual será o efeito futuro da atual preparação e atuação das forças de segurança (polícia militar, polícia civil, força nacional, forças armadas) no policiamento da Copa do Mundo. “Um dos focos do policiamento são as manifestações populares e, nesse senti-do, temos observado o uso excessivo e desproporcional de armas menos letais e uma preocupante tendência de cri-minalizar e intimidar manifestantes pa-cíficos por meio da legislação penal”, disse Alexandre Ciconello. “O investimento em segurança públi-

ca para a Copa do Mundo não altera o modelo de policiamento repressor, mi-litarizado e ineficiente que caracteriza as polícias no Brasil. As polícias, em especial a polícia militar, costumam agir com o uso excessivo da força, inclusive com um alto índice de letali-dade. Há poucos mecanismos efetivos de controle externo e responsabilização da atividade policial. O que a Copa do Mundo gera, tanto nacional como internacionalmente, é um maior debate público sobre os gargalos e defici-ências das polícias e da política de segurança pública no país”, completou.

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Por Antonio Veiga

NO LUGAR CERTO

COPA 2014

Fascinado por carnaval, samba e, prin-cipalmente, futebol. Sou daqueles que carregam os estereótipos do brasileiro no DNA. Não nego exagerar um pouco no ufanismo quando tem alguém defen-dendo meu país dentro de um campo, uma quadra ou uma pista. Olimpíadas? Gosto e torço bastante. Mas, pelo fato de ter nascido no país pentacampeão do mundo de futebol, nada mexe mais com minhas emoções do que uma boa Copa do Mundo.Organizo bolão, coleciono figurinhas,

compro camiseta e enfeito a casa para o mês que a cada quatro anos nos marca tanto. Por isso, aliás, costumo usar a Copa como referência para lembrar as mais diferentes fases da vida, como eu era, onde vivia, o que pensava... Sendo assim, eu não poderia estar lon-

ge do meu país durante a Copa das Co-pas. Logo eu que, apesar de reconhecer as inúmeras críticas feitas à organização do Mundial, sempre preferi tentar enxer-gar as coisas por um prisma otimista. Apostei minhas fichas nas inúmeras ca-pacidades do Brasil e de seu povo de fazer bonito e mostrar para o mundo o seu calor, sua hospitalidade, cultura e amor pelo futebol.No começo de 2013, comecei a orga-

nizar uma das experiências mais ricas que já vivi. Parti rumo a Dublin em bus-ca de diversos amadurecimentos pessoais e profissionais. Ao todo, foram nove meses longe de minha terra. Não mais. A ideia era voltar a tempo de viver todo o clima pré-Copa, muitas vezes tão

legal quanto a disputa dentro das quatro linhas. Eu estava curioso. Via de longe o clima de pessimismo e as frequentes críticas. Tudo muito frio.Na Europa, participei de todas as fases

de vendas de ingressos, inclusive quando nem sequer sabiam-se os grupos e as equipes que correriam atrás da bola no Brasil. Que angústia. Me inscrevi com diversos usuários, coloquei o CPF da fa-mília toda na roda, mas pouco dei sorte. A princípio, somente partidas secundárias caíram na minha rede. Estava feliz mes-mo assim, pois iria viver a Copa.Quando pisei no Brasil, após nove me-

ses, tratei de matar as saudades da mi-nha terra, mas não demorei muito para querer me jogar de cabeça. No entanto, tudo estava bem morno. Comprei meu álbum. Comecei a trocar figurinhas no parque ao lado de casa. Ver a empolga-ção da criançada deu uma animada. E vieram as novas fases de venda de

ingresso, fui conversando com amigos e vendo como correr atrás de outras entra-das. Eis que a sorte resolveu me sorrir. Um conhecido que havia comprado Ho-landa x Chile não poderia comparecer. Felicidade a mil. Jogaço dentro de um dos grupos de nível mais elevado. E o álbum começou a encher. O bolinho das repetidas aumentava.As ruas ganharam cor e o verde e

amarelo já enfeitavam o cenário dos brasileiros quando comecei a organizar o meu já tradicional bolão. Nada menos que 65 pessoas participando. Turistas e seleções iam chegando e eu, ainda em

fase de readaptação ao meu país, sentia ter tomado a decisão correta. Enfim, teríamos Copa.Terminei o álbum no final de semana

que antecedeu a abertura do Mundial. E o coração começou a apertar. Dias antes da bola rolar, eis que arrumo o terceiro e último ingresso: Inglaterra x Uruguai. E finalmente começou. E o mundo se

arrebatou. Média altíssima de gols e par-tidas estonteantes. Embates entre camisas tradicionais, com desfechos surpreendentes, muitos deles nos acréscimos. Dentro de campo, tudo indo muito bem. Fora dele, embora com uma ou outra falha, as coisas prosperando melhor do que o imaginado.As três partidas que tive o prazer de

presenciar entraram para a minha história de torcedor. Estar pela primeira vez no estádio do meu time, o Corinthians, tes-temunhando grandes jogos, com craques como Rooney, Robben e Suárez. Embe-vecido, enquanto deixava a Arena rumo à minha casa, olhei para trás feliz com o que vivi ali. Em São Paulo, onde moro, o centro da

cidade foi tomado por estrangeiros das mais diferentes nacionalidades. Muitas línguas, rostos e cores. Gritos distintos, expectativas mil e muita gente feliz. Vi o povo do meu país recebendo o mundo como eu imaginava: solícito, festeiro e bem humorado. Conversei com america-nos, ingleses, belgas, chilenos, peruanos, uruguaios e croatas, e tive o feedback que esperava: satisfação, gratidão e a certeza de que, apesar dos pesares, esta-mos a organizar a Copa das Copas.

Troca de figurinhas, ruas enfeitadas com as cores do Brasil e jogos na Arena Corinthians: clima 100% Copa do Mundo

PORTAL DA COPA

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Um ingresso de 1950 por um da final de 2014

Torcedor morre após passar mal no jogo do Brasil

Rio deve receber mais turistas que o esperado

Inglês leva mordida na orelha em briga no estádio

Mesmo com o ingresso na mão, o carioca Joedir Sancho Belmont não con-seguiu assistir ao último jogo da Copa do Mundo de 1950 no Maracanã, entre Brasil e Uruguai. Ele guardou a entrada por 64 anos e, graças a isso, recebeu um ingresso para a final da Copa de 2014 do secretário-geral da FIFA, Jérôme Val-cke. Hoje com 85 anos, Belmont perdeu a final porque a mãe adoeceu e acabou falecendo. Joedir chegou a tentar com-prar ingresso para a final deste ano, mas não foi sorteado. Meses antes dos jogos do Brasil, ele decidiu doar o ingresso para o museu da Fifa em Zurique, a ser inaugurado no ano que vem, e pediu ao filho, José Augusto Belmont, que envias-se uma carta à federação para fazer a oferta, que acabou dando certo.

As fortes emoções das oitavas de final entre Brasil e Chile custaram a vida de um torcedor no Mineirão. Jairo de Oli-veira, 69 anos, chegou a ser removido para um hospital, mas morreu de enfarte cerca de duas horas depois do fim da partida, que terminou com classificação da Seleção Brasileira nos pênaltis. Com histórico de hipertensão e diabetes, Jairo, que tinha vindo do Rio de Janeiro, pri-meiramente foi atendido no ambulatório do Mineirão. De lá, foi removido por uma empresa contratada pela FIFA para o hospital particular Lifecenter, onde deu entrada às 15h49. Segundo a Secretaria de Saúde, Jairo teve parada cardíaca às 17h. Os médicos tentaram reanimá-lo, mas não tiveram sucesso. A morte foi confirmada às 17h45.

A chegada de estrangeiros e brasilei-ros ao Rio de Janeiro desde o início da Copa do Mundo tem movimentado os principais pontos turísticos da cida-de. Para o secretário Especial de Turis-mo, Antonio Pedro Figueira de Mello, é possível que seja ultrapassada a projeção inicial de 400 mil turistas estrangeiros feita pela secretaria. A Fifa Fan Fest, na orla de Copacabana, tem sido um grande ponto de encontro dos torcedores brasilei-ros e estrangeiros. Entre a terça-feira (17) e segunda-feira (23), mais de 258 mil pessoas estiveram no local. Se levar em consideração o período desde o início do Mundial, o número sobe para 378 mil. Além disso, 2,6 mil jornalistas transmiti-ram para diversos países a animação dos visitantes naquela faixa da praia.

Um inglês levou uma mordida na ore-lha durante confusão na partida entre Uruguai e Inglaterra, na Arena Corin-thians, em São Paulo, no dia 19 de junho. Um vídeo foi feito pelo torcedor inglês Billy Grant dentro do estádio e divulgado pelo jornal Sunday People. As imagens mostram o momento da agres-são. O torcedor que levou a mordida aparece sorrindo, mas é possível notar o sangue provocado pela lesão e a orelha danificada. A vítima registrou um bo-letim de ocorrência na delegacia local e um inquérito foi aberto para apurar o episódio. Policiais britânicos chegaram a usar as imagens para tentar achar o agressor entre os torcedores que foram à última partida da Inglaterra em Belo Horizonte, mas ele não foi localizado.

PORTAL DA COPA

FERNANDO PEREIRA / PMSP

FERNANDO PEREIRA / PMSP

PAULO ARAÚJO / ARQUIVO PESSOAL

RAPIDINHAS DA COPA.. .

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14 brasilobserver.co.uk

CONECTANDO

COMO PARTICIPAR?Conectando é um projeto desenvolvido pelo Brasil Observer que visa colocar em prática o conceito de comunicação ‘glocal’, ou seja, uma história local pode se tornar global, ser ouvida e lida em diferentes partes do mundo. Man-de sua história para nós! Saiba como participar entrando em contato pelo [email protected]

Potencializar a comunidade para torná-la autossustentável é o grande objetivo do Projeto Canudos. Por co-mungar dos mesmos ideais, resolvi fazer parte dessa ação. Quando me propus a vir, percebi que a mudança cultural só seria possível se pensada a longo prazo, devido principalmente às condições geopolíticas do local.A atuação acontece no vilarejo Ca-

nudos Velho, localizado no município de Canudos, no Estado da Bahia. Por estar na região semiárida brasileira, onde as condições de sobrevivência são escassas pela falta de recursos hí-dricos e ausência de políticas públicas, todo o desenvolvimento humano fica prejudicado, causando grande vulnera-bilidade social. Não há serviços de saúde em Canudos Velho. A educação também é precária. Alunos e professo-res sofrem com a falta de apoio, capa-citação e recursos materiais nessa área.Com tanta carência, a comunidade

está acostumada com o modelo as-sistencial. Eles recebem auxílios do governo federal, como o Bolsa Famí-lia – e sobrevivem basicamente com o fruto dessa renda. Isso vai muito além desta comunidade; faz parte da cultura nacional. Inicialmente, o projeto estendeu essa

prática com o oferecimento de atendi-mentos clínicos em diversas especia-lidades, como medicina, odontologia e exames laboratoriais. Porém, temos consciência de que o atendimento as-sistencial é apenas paliativo. O objeti-vo é propor mudanças que partam da própria comunidade, ainda que haja resistência por falta de conhecimento em lidar com esse modelo.É aí que começa o trabalho da mi-

nha especialidade, a psicologia, que atua de forma multiprofissional com as diversas áreas do projeto. Esse trabalho tem papel fundamental no processo de capacitação, propondo uma visão dife-renciada ao assistencialismo, ou seja,

olhando para saúde de forma mais am-pla do que simplesmente ausência de doenças. Mais do que a ausência de doenças, buscamos trabalhar o conceito de relação do homem com o meio.Isso vai de encontro com a própria

formação do Brasil e da população local, que é remanescente da Guerra de Canudos. O conflito aconteceu no fim do século XIX, liderado por An-tônio Conselheiro. Canudos Velho é uma comunidade que tem problemas sociais como qualquer outra, porém com recursos psicológicos para lidar com suas dificuldades. Relacionamos isso ao histórico da população oriunda de um pós guerra e das próprias con-dições de vida no sertão.O trabalho da psicologia começa

com minha coordenadora de área, a professora Gleise Arias, que antes da operação realiza viagens precursoras para levantar diagnósticos. Isso ajuda muito, pois nos fornece dados impor-tantes para abordagem e intervenção. Desta forma, o projeto se reverte em uma extensão efetiva onde temos a possibilidade de vivenciar aspectos es-tudados na universidade em contexto totalmente diverso ao qual estamos acostumados.Quando cheguei, minha expecta-

tiva era enorme. Tinha dúvidas de como atuar na comunidade e como seria recebido. Mas logo no começo a ansiedade foi embora e me senti confortável. Isso acontece porque a comunidade é aberta e acolhedora, o que também demonstra grande poten-cial de saúde psicológica.A relação do aluno do projeto de

extensão com as pessoas da comuni-dade se constrói naturalmente. São 17 dias de operação em que, inevitavel-mente, estabelece-se um vínculo, que é reforçado pelo modelo de hospeda-gem. Enquanto ficamos em Canudos Velho, hospedamo-nos nas casas dos próprios moradores, mulheres que nos

recebem como filhos e acabam se tornando nossas mães.Esse foi o primeiro projeto de ex-

tensão que participei; antes só havia atuado em ações pontuais em locali-dades carentes. Com Canudos, pude ver que para atingir o outro é preci-so um olhar humano e cuidado com as relações. Esses contatos deixam e trazem marcas.A relação deve ser genuína e não

superficial. Mudei meu jeito de lidar com as pessoas e pude desenvolver empatia a partir dessas experiências, percebendo que existem questões in-trínsecas em cada um. Entre conceito e prática, existe o limite do “eu”. Hoje sei até onde posso ir, o que falar e como me colocar, pois tudo gera efeito permanente nessas pessoas, no desenvolvimento delas e do coletivo.O que move minha participação é

a fé no ser humano, pois permite a contribuição para que nosso país e o mundo evoluam continuamente. Acredito que temos um potencial gi-gantesco, cada vez que deixamos uma plantinha para crescer, geramos uma evolução humana absurda.Não é possível falar em desenvol-

vimento sem trabalhar o aspecto hu-mano. Se projetos desse tipo fossem multiplicados para diversos locais do país, poderiam diminuir os índices de violência e aumentariam o nível de consciência cidadã nacional, fazendo com que as pessoas se apropriassem dos seus direitos. Temos muito a caminhar no sen-

tido de evolução humana, mas isso acontece a passos curtos para impacto sociocultural. O mais importante são os efeitos da intervenção, sendo estes frutos do trabalho na promoção da saúde. Ajudamos porque somos ci-dadãos e a comunidade que estava acostumada com o modelo assisten-cial, gradualmente vem aderindo a essa nova forma de pensar saúde.

Na primeira foto, Carlos após atividade na escola; na segunda, equipe do Projeto Canudos rumo ao posto de saúde

RAQUEL MUNHOZ

DESENVOLVIMENTO HUMANO NO SERTÃO DA BAHIAEstudante de psicologia revela suas motivações e aprendizagens durante participação no Projeto Canudos, que leva saúde e cidadania para região carente do país

Por Carlos Vinícius Dias* – De Canudos, Bahia

g Carlos Vinícius Dias é estudante do 7º período do curso de Psicologia. O Canudos é um Projeto de Extensão da Universidade Metodista de São Paulo em parceria com o Instituto Brasil Solidário. Desde 2011, o projeto acontece com ações na área de saúde, educação e meio ambiente. Mais em www.projetocanudos.com.br

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15brasilobserver.co.uk

Brasil Observer

GUIDE

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As part of the Joga Bola! Festival, the

SHN collective was in London

and made its mark around the

east side of the British capital,

besides conducting workshops with

children and adolescents.

>> Read on pages 16 and 17

Como parte do festival Joga

Bola!, o coletivo SHN esteve em

Londres e deixou a sua marca nos

arredores da zona leste da capital

britânica, além de realizar oficinas

com crianças e adolescentes.

>> Leia nas páginas 16 e 17

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BRAZILIAN URBAN ART

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During the World Cup, those who stayed in London enjoyed a lot of Brazilian cultural attractions. And those walked through the East End of the city probably saw several urban interventions with Brazil’s face, such as those produced by the SHN collective, which was in the British capital as part of the festival Joga Bola!, held at Rich Mix un-til July 13, the final day of the World Cup. The collective exists since the 1990s, when

it began producing posters for independent bands in São Paulo State. Today, the SHN has become known for its street exhibi-tions and collaborative multimedia projects known as “occupation”, bringing together artists from various fields such as music, architecture, tattooing and video production. From this perspective, the group discusses

the DIY (Do It Yourself), and each project highlights the best members that meet the characteristics of the given challenge. “We can’t always put together all areas in one project, but it has happened a few times. For example, the Choque Cultural exposition in São Paulo, in 2012,” explained Eduardo Saretta, one of the founders of the SHN. In London, Eduardo Saretta represented the

collective together with Haroldo Paranhos, Daniel Cucatti and Marcelo Fazolin. “Basi-cally, Fazolin made videos and photos; the other two and I made the panels and the public art, the indoor exhibition and minister the workshops”, he said. The installation was done at Rich Mix,

and can be seen until the 29th of August. It was built with the goal of bringing to London a bit of art from the streets of São Paulo. “It’s one of our recent experiences, it shows a walk in downtown São Paulo, one of the cities in which we live and work; and being in the East End of London is great because it is a world art centre where we can meet many globally recognised art-ists and where there is a huge cultural mix,” said Saretta. Besides that, the collective left a permanent mural in Rich Mix, which was produced in partnership with Daniel Melim. The SHN also participated in other activities

at the festival, such as a workshop for children and adolescents. “It was a cool experience. Our goal is to know more people and places as possible, so we could get in touch with a group of parents and children and also a group of teenage students with a Muslim majority; we spent a day with them and shared our knowledge, it was very productive”.To Saretta, the most important thing about

this experience was “to meet people and art-ists interested in exchanging information and in what we have to offer”.

SHN COLLECTIVE TAKES ITS ART TO THE EAST END

FOR MORE INFORMATION

Rich Mix Cultural Foundation (35-47 Bethnal Green Road, E1 6LA)Pure Evil Gallery (108 Leonard St, EC2A 4XS)www.shn.art.br

Page 17: Brasil Observer #14 - Portuguese Version

17brasilobserver.co.uk

Neste período de Copa do Mundo, quem fi-cou por Londres pôde conferir muitas atrações culturais brasileiras. E aqueles acostumados a andar pela região do East End com certeza se depararam com diversas intervenções urbanas com a cara do Brasil, como as produzidas pelo coletivo SHN, que esteve na capital britânica como parte da programação do festival Joga Bola!, que acontece no Rich Mix até o dia 13 de julho, dia da final do Mundial de futebol.O coletivo existe desde a década de 1990,

quando começou a produzir cartazes para shows de bandas independentes do interior do Estado de São Paulo. Hoje, o SHN se tornou conhecido pelas suas ações de rua, exposições e projetos multimídia colaborativos conheci-dos como “ocupação”, que reúnem artistas de diversas áreas como música, arquitetura, tatuagem e produção de vídeo. A partir dessa perspectiva, o grupo coloca a

discussão em torno do DIY (Do It Yourself) e, em cada projeto, destaca os integrantes que cumprem melhor as características do desafio dado. “Não são todos os projeto que conseguimos juntar todas as áreas, mas já aconteceu algumas vezes. Por exemplo, na exposição da Choque Cultural em São Paulo, em 2012”, explicou Eduardo Saretta, um dos fundadores do SHN, em entrevista por e-mail concedida ao Brasil Observer.Em Londres, Eduardo Saretta representou

o coletivo ao lado de Haroldo Paranhos, Daniel Cucatti e Marcelo Fazolin. “Basica-mente, o Fazolin fez vídeos e fotos; os out-ros dois e eu produzimos os painéis e arte pública, a exposição indoor e ministramos as oficinas”, contou.A instalação feita no Rich Mix, que pode ser

conferida ate o dia 29 de agosto, foi montada com o objetivo de trazer para Londres um pouco da arte das ruas de São Paulo. “É uma de nossas experiências mais recentes, mostra um passeio no centro de São Paulo, uma das cidades em que vivemos e trabalhamos; e estar no East End de Londres é muito bom, pois é um centro de arte mundial onde encontramos diversos artistas mun-dialmente reconhecidos e onde existe uma efer-vescência cultural gigantesca”, destacou Saretta. Além da instalação, o coletivo deixou um mural permanente no Rich Mix, que foi produzido em parceria com Daniel Melim.O SHN participou também de outras ativi-

dades no festival, como uma oficina para crianças e adolescentes. “Foi muito legal essa experiência. Nosso objetivo é sempre con-hecer mais pessoas e lugares possíveis, assim pudemos entrar em contato com um grupo de pais e filhos e também um grupo de alunas adolescentes de maioria muçulmana; passa-mos um dia com elas e dividimos bastante conhecimento, com uma produção material muito proveitosa”.Para Saretta, o mais importante que o SHN

leva na bagagem é a “ótima experiência de encontrar pessoas, artistas e públicos interes-sados na troca de informação e no que esta-mos propondo”.

COLETIVO SHN LEVA SUA ARTE PARA O EAST END

Page 18: Brasil Observer #14 - Portuguese Version

18 brasilobserver.co.uk

NINETEEN EIGHT-FOUR

FESTS’ WORLD CUP COPA DAS FESTASBy Ricardo Somera

An English fan getting naked in the Manaus stadium; jokes that Leonardo Di Caprio only watched Brazil play in the hope of seeing an Oscar; videos of the German players Schweinsteiger and Neuer sin-ging the Bahia’s club anthem; Latin-American teams seeing off their former European co-lonisers. Yes, the World Cup 2014 has been packed with great moments! In addition to all the hilarious memes and bites, the festivities in Brazil have been simply fantastic.Protests, traffic chaos and

congestion at airports have taken place, but at a lower volume than expected and, as these little things do not get much of an audience, everyo-ne has turned the attention to the people’s parties. Vila Madalena, the tradi-

tionally bohemian neighbou-rhood of São Paulo, has been transformed into an impromp-tu United Nations as it hosts fans from all over the world on match days. Large num-bers of ‘gringos’ and ‘paulis-tanos’ are meeting there dai-ly to drink and get to know each other. Contrary to the advertising and city’s noise laws, large screens were put on the streets, attracting many people to joy. I’m sure that the whole

world are wondering why it took so long to host a World Cup in the country of football (and Carnival).

RIO DE JANEIRO

Enjoying the festive atmos-phere of the World Cup and the holiday at the end of June, I went to Rio with friends to check how the Marvelous City is passing his days with so many ‘gringos’ at once. Locals and tourists from the

beaches of Leblon and Ipa-nema appear to be less ex-cited about the World Cup but Copacabana took all the attention. Anyone who goes there on game days will noti-

ce that we have more people than during Carnival, which is unbelievable! The FIFA Fan Fest in Rio

is arguably the best place to enjoy the World Cup in the city. All supporters are there to see the games, being insi-de the arena or even on the beach. What you see is... a crowd of men. The site is the second Ma-

racanã in the city and the ga-mes are as exciting as in the stadium. I saw Germany and Ghana and the excitement was close to that of the fans in Fortaleza. We Brazilians have a habit of supporting the weakest or Latin Ameri-can teams (except Argentina, of course) and this game was no different. Each goal from Ghana was a party; every goal Germany we listened to polite claps (from a group of German supporters). I think the amount of men

in the World Cup is undou-btedly the biggest drawback of all (I forgot for a few minutes the BILLIONS spent on stadiums). Group of 10 Argentine, side of 20 Belgian and 15 Uruguayans: this is the most common scenario in places where people gather to watch the games. Brazilian women freak out. One of the nights we went

to Bud Hotel, in front of Co-pacabana beach, enclosed by the beer brand and feasts dai-ly on its top floor. FatBoy Slim, Diplo, Dimitri Vegas and Like Mike, among others, are some of the highlights there. I went to the party of Vice magazine and no doubt was one of the best of my life. The open bar, the incre-dible view and the presence of local ‘cariocas’ signed once in my mind: this is the World Cup of all Word Cups (and of all parties!). England, Portugal and

Spain are already out of the World Cup, but all are welco-me to check what Brazil has to offer. And do not forget: here the party and the fun never cease.

Pr Ricardo Somera

Torcedor inglês peladão no estádio; Leonardo Di Ca-prio triste quando vê o Oscar correndo; Neuer e Schweins-teiger cantando o hino do clube Bahia uniformizados; a América Latina colonizan-do e expulsando os europeus do Mundial. Sim, está tendo Copa! Além dos memes fan-tásticos, das mordidas e das torcidas mais legais de todas as Copas, as festas no Brasil estão simplesmente fantásticas.Protestos, caos no trânsito

e congestionamento nos ae-roportos estão acontecendo, mas em menor volume do que esperado e como coisa pequena não dá audiência to-dos se voltam às festas entre os povos.A Vila Madalena, tradi-

cional bairro boêmio de São Paulo, nos dias de jogos é a ONU das torcidas de todo o mundo. Os gringos e paulista-nos não se empolgaram com a Fifa Fan Fest no Anhan-gabaú e diariamente estão se dirigindo a Vila para beber, festar e “pegar geral”. Contra-riando as leis de publicidade e ruídos da cidade, telões se espalham pelas ruas atraindo bastante gente, ambulantes e muita alegria. Tenho certeza que o mundo todo não en-tende porque demorou tanto pra ter uma Copa no país do futebol (e do Carnaval).

RIO DE JANEIRO

Aproveitando o clima de festa da Copa e o feriado no final de junho, fui ao Rio com amigos para conferir como a Cidade Maravilhosa está pas-sando os seus dias com tantos gringos de uma só vez.Os moradores e turistas

das praias do Leblon e Ipa-nema parecem não estar tão empolgados com o Mundial, mas Copacabana tomou toda a atenção. Quem passa por lá nos dias de jogo percebe que tem mais gente que no período de Carnaval, o que é inacreditável!

A Fifa Fan Fest do Rio é sem dúvida o point do Mun-dial na cidade. Todas as tor-cidas se encontram lá para ver os jogos, sendo dentro da arena ou na praia mesmo. O que se vê é uma multidão... de homens.O local é o segundo Ma-

racanã da cidade e os jogos são tão emocionantes quanto no estádio. Vi Alemanha e Gana no dia 21 e a emo-ção foi próxima daquela dos torcedores que estavam no Castelão, em Fortaleza. Nós brasileiros temos a mania de torcer pelos mais fracos ou latino-americanos (exceto Argentina, claro!) e nesse jogo não foi diferente. Cada gol de Gana era uma fes-ta; cada gol da Alemanha e ouvíamos palmas (de um grupo de alemães).Acho que a quantidade de

homens no Mundial é sem dúvida a maior desvantagem de toda a Copa (esqueci por alguns minutos os BILHÕES gastos em estádios). Grupo de 10 argentinos ao lado de 20 belgas e 15 uruguaios: esse é o cenário mais comum em lugares onde as pessoas se reúnem para ver os jogos. As brasileiras piram.Em uma das noites no Rio

fomos ao Bud Hotel, em fren-te à praia de Copacabana, fe-chado pela marca de cerveja e com festas diárias em sua cobertura. FatBoy Slim, Di-plo, Dimitri Vegas and Like Mike, entre outros, são algu-mas das atrações que passam ou passarão por lá. Fui à festa da revista Vice

e sem dúvida foi uma me-lhores da minha vida. O open bar, a vista incrível e a presença das cariocas firmaram de vez em minha mente: essa é a Copa das Copas (e das festas!).Inglaterra, Portugal e

Espanha já estão fora do mundial, mas todos são bem vindos para conferir o que o Brasil tem de melhor. E não se esqueça: aqui a festa e a zoeira não termi-nam nunca.

Vila Madalena, in São Paulo, and Copacabana, in Rio, have become the meeting points for the people’s party

in the World Cup

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BRAZILICA CARNIVAL DAY

Do you want more of Brazil once the World Cup is finished? Then just head to Liverpool for an abundance of Brazilian music and culture. Brazilian music and culture will hit the streets of Liverpool again this year, as the fourth edition of Brazilica Carnival Day – the largest celebration of Brazilian culture in the UK – takes over the city centre. It will round off a week-long programme of festival events. Williamson Square will host a music stage throughout the day and evening, while the city’s streets will see a colourful and boisterous even-ing parade. Highlights include Da Lata, Ziriguidum, Afro Samba, Sambatuc and Marissa Camacho.

Where Liverpool | Tickets Free >>www.brazilicafestival.co.uk

19 July

The Brazilian cultural festival at Rich Mix has two more weekends. Highlights include 1) Brasiliance: A Weekend of Brazilian Brilliance, which brings to London a different taste of Brazil, based on the fascinating real-life stories of Brazilians who have been living in London since the 60’s, 70’s and 80’s and 2) Amazon Film Festival, which comes to London for the very first time bringing a vibrant string of films, documentaries, animations and short movies produced in the region by local filmmakers.

From radical innovations in the use of colour and form to new materials like neon and interactive, kinetic sculpture, this exhibition will reveal some of the most original art of the last 100 years. This exhibition explores the art pro-duced during a fifty-year period in distinct areas of South America. Highlights include artists from Brazil, Hélio Oit-icica and Lygia Clark, who challenged the notions of art by removing it from the walls of galleries and placing it in the hands of the viewer.

Images in this exhibition are from artists and pho-tojournalists from Brazil and present a mix of topics highlighted at the United Nations’ World Re-port dated January 2014. MANIFEST-ACTION aims to illustrate the reality of a country that fights for its rights. With images by: Clarissa Pivetta, Fábio Rodrigues-Pozzebom, Jade Rainho, Jorge Araújo, Léo Lima, Luiz Baltar, Nayana Fernandez, Ney Douglas and Pablo Vergara.

Where Rich Mix | Tickets Free >> www.richmix.org.uk

Where The Sackler Wing, Burlington House Tickets £11.50 >> www.royalacademy.org.uk

Where Amnesty International UK | Tickets Free >> www.braziliarty.org

Until13 July Until 28 September Until July 14

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Page 20: Brasil Observer #14 - Portuguese Version

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QUARTAS DE FINALJogo 57 - 04 julho | 21h

x

Venc. Jogo 49 Venc. Jogo 50Fortaleza

Jogo 58 - 04 julho | 17h

x

Rio de Janeiro

x

Salvador

x

Brasília

SEMI-FINAlJogo 61 - 08 julho | 21h

x

Venc. Jogo 57 Venc. Jogo 58Belo Horizonte

Jogo 62 - 09 julho | 21h

x

Venc. Jogo 59 Venc. Jogo 60

São Paulo

Jogo 63 - 12 julho | 21h

x

Perdedor Jogo 61 Perdedor Jogo 62Brasília

FINAL 3º LUGAR

FINAL CAMPEÃOJogo 64 - 13 julho | 20h

xVenc. Jogo 61 Venc. Jogo 62

Rio de Janeiro

Jogo 59 - 05 julho | 21h Jogo 60 - 05 julho | 17h

Venc. Jogo 53 Venc. Jogo 54 Venc. Jogo 51 Venc. Jogo 52 Venc. Jogo 55 Venc. Jogo 56

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Page 22: Brasil Observer #14 - Portuguese Version

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TRAVEL

THE COLOURS OF THE FANSThe happiness of the Brazilian people is unanimous

and, during this World Cup, it has been infected by the colours and excitement of so many nationalities that

were and are in Brazil to participate. Everything gets more colourful! Check out the photos selected for you to

feel how the party is going on!

g Do you have a great World Cup photo to share? We’d love to see them! Send it to us via Facebook or Twitter @brasilobserver g Você tem uma foto da Copa do Mundo para compartilhar? Gostaríamos muito de publicá-la! Envie para nós pelo Facebook ou Twitter @brasilobserver

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MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

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B R A S I L I A D F

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AS CORES DAS TORCIDASA alegria do brasileiro é uma unanimidade e, nesta Copa do Mundo, é contagiada pelas cores e empolgação das outras tantas nacionalidades que estiveram e estão no Brasil para participar Mundial. Tudo ficou ainda mais colorido! Confira os cliques selecionados para você sentir como está a festa!

g Do you have a great World Cup photo to share? We’d love to see them! Send it to us via Facebook or Twitter @brasilobserver g Você tem uma foto da Copa do Mundo para compartilhar? Gostaríamos muito de publicá-la! Envie para nós pelo Facebook ou Twitter @brasilobserver

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VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL

Page 24: Brasil Observer #14 - Portuguese Version

24 brasilobserver.co.uk

NEW CANVAS OVER OLD

WORLD CUP’S BEST RECIPEBy Kate Rintoul

My World Cup cooking challenge in which I am cooking as many

of the 32 teams’ national cuisines has been going well. Just like

the Copa there have been some let downs, some surprises, some

tricks and some good results! Here’s one of my favourite

recipes that you can still try as thanks to Júlio César Brazil are

still in the competition!It’s a modern take on the Brazilian classic fish dish

Moqueca which originated in Bahia in the Northeast, with

another variation from Espírito Santo in the Southeast of Brazil.

It is a very traditional dish which has been made in Brazil

for 300 years.The colours and flavours of

coconut and lime simply shout ‘Brazil’ and make it great for

summer. It’s also packed full of vegetables and this version with

salmon will boost your Omega 3. Good food that tastes great, now

what’s better than that?You can see more of my recipes and also sponsor my World Cup

cookathon at www.coma-na-copa.tumblr.com. There’s still a week left of the competition so I hope my blog inspires you to try

your own dish and match food with football!

g 1 ½ pound wild salmon filletsg 28 oz. can of peeled whole tomatoes,

undrained g 1 onion, peeled and roughly choppedg 1 cup coriander, choppedg 2 garlic cloves, cut in halfg 1 Serrano chilli pepper, stemmed,

seeded and cut in half g ¼ cup lime juiceg 1 tablespoon olive oilg 1 teaspoon sea salt

Place fish in a shallow non-reactive (non-metal) bowl. Combine the tomatoes, onion, cilantro, garlic, chile pepper, lime juice, oil and salt with a hand blender (or food processor). Process until smooth and pour over fish. Allow to marinate for 30 minutes to 1 hour.

FISH AND MARINADE

S A L M O N M O Q U E C A

FOR THE STEWg 2 tablespoons olive oilg 1 large sweet potato, peeled and dicedg 1 zucchini, choppedg 1 green pepper, choppedg 1 red pepper, choppedg ½ cup water (or fish stock)g ¾ cup organic whol e coconut milkg ½ cup minced green onion (bottom

parts only)- for garnishg ½ cup cilantro, chopped- for garnish

1. Heat olive oil in a large skillet over medium heat. Add diced sweet potato and cook for 10-15 minutes, adding a little water if needed so it doesn’t burn, until softened. Add zucchini, green and red pepper and continue to cook until tender, about 5-7 minutes, again adding water to the pan, if needed.

2. Add water or fish stock and stir in coconut milk. Bring to a boil, reduce heat, and simmer 2 to 3 minutes.

3. Add fish and marinade and simmer for 10-15 minutes, or until fish flakes easily with a fork. Just before serving, stir in green onion and cilantro. Serve alone or over rice.

Page 25: Brasil Observer #14 - Portuguese Version

brasilobserver.co.uk 25

MELHOR RECEITA DA COPA Por Kate Rintoul

Meu desafio de cozinhar na Copa do Mundo o máximo de receitas da gastronomia dos 32 países que participam da competição está indo bem. Assim como na Copa, tive alguns problemas, algumas surpresas, alguns truques e alguns bons resultados! Aqui vai uma das minhas receitas favoritas que você ainda pode tentar. Graças a atuação de Julio Cesar, o Brasil ainda está na competição!É uma visão moderna sobre a clássica moqueca de peixe brasileira que tem origem na Bahia, nordeste do Brasil, e outras variações do Espírito Santo, no sudeste. É um prato muito tradicional que tem sido feito no Brasil por 300 anos.As cores e os sabores de coco e limão simplesmente gritam “Brasil” e isso pode ser excelente para o verão. Além de que o prato é repleto de legumes e esta versão com salmão irá impulsionar o seu Omega 3. Boa comida com gosto maravilhoso, o que é melhor do que isso?Você pode ver mais das minhas receitas e também ser um patrocinador da minha maratona na cozinha durante a Copa do Mundo através do site www.coma-na-copa.tumblr.com. Ainda temos alguns dias até a grande final da competição, então espero que meu blog inspire você a tentar seu próprio prato de comida para acompanhar uma partida de futebol!

g 1,5kg de Salmão em filés g 1 lata de tomate pelado inteiro, não

drenado g 1 cebola descascada e picada g 1 xícara de coentro picadog 2 dentes de alho cortados ao meiog 1 Pimenta Serrano, sem sementes e

cortadas ao meiog ¼ xícara de suco de limãog 1 colher de sopa de azeite de oliva g 1 colher de chá de sal marinho

Coloque o peixe em tigela rasa, que não seja de metal. Bata no liquidifcador o tomate, cebola, coentro, alho, pimenta do Chile, suco de limão, óleo e sal. Processe até ficar homogêneo e despeje sobre o peixe. Deixe marinar por 30 minutos a 1 hora.

PARA O PEIXE

MOQUECA DE SALMÃO

PARA O ENSOPADOg 2 colheres de sopa de azeite de olivag 1 batata doce grande, descascadas e

cortadas em cubosg 1 abobrinha picadag 1 pimentão verde picadog 1 pimentão vermelho picadog ½ xícara de água (ou caldo de peixe)g ¾ xícara de leite de coco orgânicog ½ xícara de cebola picada verde (partes

inferiores apenas) - para enfeitar o pratog ½ xícara de coentro, picado

para enfeitar

1. Aqueça o azeite em uma frigideira grande em fogo médio. Adicione a batata-doce em cubos e cozinhe por 10-15 minutos, adicionando um pouco de água se necessário para não queimar, até ficarem macio. Adicione abobrinha, pimentão verde e vermelho e continue cozinhando até ficar macio, de 5-7 minutos. Se necessário, adicione mais água na panela.

2. Adicione a água ou caldo de peixe e misture o leite de coco. Deixe ferver, reduza o fogo e cozinhe de 2 a 3 minutos.

3. Adicione o peixe e marinada e cozinhe por 10-15 minutos, ou até o peixe ficar como floco, para pegar facilmente com um garfo. Pouco antes de servir, misture a cebola verde e coentro. Sirva sozinho ou sobre o arroz.

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