brasil observer #12 - portuguese version

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#0012 www.brasilobserver.co.uk FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826 JUNE 5 – 18 ATMOSFERA BRASILEIRA EM LONDRES Descubra onde curtir o Mundial na capital britânica >> Página 15 EDIÇÃO ESPECIAL REPORTA O MOMENTO HISTÓRICO DO PAÍS READ IN ENGLISH

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Edição especial sobre o país da Copa do Mundo

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Page 1: Brasil Observer #12 - Portuguese Version

# 0 0 1 2www.brasi lobserver.co.uk

FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826JUNE 5 – 18

ATMOSFERA BRASILEIRA EM LONDRES Descubra onde curtir o Mundial na capital britânica >> Página 15

EDIÇÃO ESPECIAL REPORTA O MOMENTO HISTÓRICO DO PAÍS

READ

INEN

GLISH

Page 2: Brasil Observer #12 - Portuguese Version

LONDON EDITION

EDITORA - CHEFE Ana Toledo [email protected]

EDITORES Guilherme Reis [email protected] kate Rintoul [email protected]

RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach [email protected] COLABORADORES Antonio Veiga, Bianca Brunow Dalla, Gabriela Lobianco, Luciane Sorrino, Marielle Machado, Michael Landon, Nathália Braga, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bittencourt, Shaun Cumming, Wagner de Alcântara Aragão

PROJETO GRÁFICO wake up [email protected]

DIAGRAMAÇÃOJean Peixe [email protected]

DISTRIBUIÇÃO

BR Jet [email protected] Emblem Group [email protected]

IMPRESSÃO Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Atex Business Solutions [email protected]

BRASIL OBSERVER é uma publicação quinzenal da ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED (Company number: 08621487) e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos as-sinados. As pessoas que não constarem do expediente não tem autorização para falar em nome do Brasil Observer. Os conteúdos publicados neste jornal podem ser reprodu-zidos desde que devidamente creditados ao autor e ao Brasil Observer.

CONTATO [email protected] [email protected] 020 3015 5043

SITEwww.brasilobserver.co.uk

Há sete anos, quando anunciaram que o Brasil sediaria a Copa do Mundo de 2014, muitos sentimentos vieram à tona e, com certeza, muitas opiniões foram formadas no decorrer de todo o processo até aqui, para que chegássemos ao mo-mento crucial: sim, vai ter Copa.Nesse caminhar, o bordão “imagina na Copa” se tornou frase clichê. Você acha que o Brasil vai mal? Imagina na Copa. Você acha que os turistas estrangeiros passam dificuldade quando vão ao país? Imagina na Copa. Você acha que o Bra-sil faz papelão na cena internacional? Imagina na Copa. Imagina na Copa o que dirão de nós! Pois, se faltava alguma coisa para o brasileiro assumir de vez seu complexo de vira-lata – para citar o já conhecido jargão de Nelson Rodrigues que exem-plifica tão bem nossa mania de achar que tudo que fazemos é ruim ou infe-rior ao que é feito no primeiro mundo –, o Mundial da FIFA veio preencher essa lacuna. O brasileiro sofre de sín-drome terceiro-mundista? Imagina então na Copa do Mundo!Pipocam nas redes sociais e nas dis-cussões de bar pelo Brasil declarações subalternas autoexplicativas de que pas-saremos vergonha no Mundial. Ao que parece, estamos fadados ao fracasso, segundo tais depoimentos reveladores de não muita autoestima senão medo, talvez, de subir ao patamar de país do presente, pois do futuro já somos há bastante tempo para seguir iludidos.Onde foi parar, então, aquele país que tinha se tornado o queridinho dos es-trangeiros? Continua lá, debaixo da li-nha Equador, mas agora parece menos confiante do que anos atrás. Superamos a crise, mas não nossos traumas históri-cos. Construímos estádios monumentais, mas não limpamos o esgoto que corre nos becos das favelas. Compramos ca-ças ultrapotentes, mas não resolvemos a situação degradante de nossas cadeias, tampouco a violência policial que a população pobre e periférica é vítima frequente. E por aí segue extensa lista, passando por mobilidade urbana, educa-ção, saúde etc. Neste emaranhado de justas reivindica-ções, fomos às ruas como nunca desde o início da década de 1990. E o senti-mento futebolístico, tão forte nos brasi-leiros, perdeu significado no meio dos bilhões de reais gastos para realizar a Copa “padrão FIFA”. E o evento que foi chamado de a “Copa das Copas” tomou um banho de água fria. Independentemente disso, o Mundial, desta vez, é no quintal de casa, logo ali. Gostando ou não de futebol, vamos receber o mundo para uma festa inter-nacional. A quem interessa parar o país

agora? Logo agora, que vamos receber 600 mil turistas estrangeiros que contri-buirão para a movimentação de R$ 25 bilhões na economia?O Brasil Observer acredita que o país caminha na direção de uma democracia social. Não somos ingênuos a ponto de pensar que não há sérios problemas a serem enfrentados, tampouco que isso ocorrerá da noite para o dia. Desde a primeira edição, pautamos corajosos e fiéis à verdade factual temas como financiamento de campanha, corrupção, controle social dos meios de comunica-ção, marco civil da internet, agricultura familiar, ditadura militar, entre outros te-mas que julgamos pertinentes ao amadu-recimento de qualquer nação que se pre-tende mais justa e democrática. Damos também atenção especial aos caminhos que o país tem trilhado rumo à inter-nacionalização de seus interesses, sejam eles financeiros ou culturais, para que se torne um player internacional relevante. Por isso, mesmo nos mantendo críti-cos, afirmamos seguros que sim, vai ter Copa. E por que não haveria? Deixa-mos alguma vez de celebrar o Carnaval por conta de nossos problemas? Sem a Copa, por acaso, o país estaria melhor? Acreditamos que não. Nas próximas páginas, você vai encontrar conteúdos especialmente pautados para esse momento histórico do Brasil. Como anunciado na capa, é a nossa visão do país da Copa – desde uma perspectiva global, como a do diretor do King’s Col-lege, Anthony Pereira, que nos concedeu entrevista exclusiva, até um olhar nacio-nal, exposto nesta edição pelo colunista Wagner de Alcântara Aragão, além do Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que também nos falou com exclusividade.Ainda na linha política, confira entrevis-ta com o inimigo número 1 da FIFA, o jornalista britânico Andrew Jennings, que conversou com a repórter Giulia Afiu-ne, da Agência Pública de Reportagem e Jornalismo Investigativo, parceira do Brasil Observer. E, encerrando a série de reportagens sobre as 12 cidades-sede do Mundial, Nathália Braga mira o palco da abertura, a cidade de São Paulo.Há também análises sobre as seleções de Brasil e Inglaterra, além de uma en-trevista do técnico Felipão à FIFA. Você ainda pode conferir a surpresa do pro-jeto CONECTANDO, que embarca em sua primeira aventura cinematográfica. E dicas de onde curtir a Copa do Mundo em Londres, mais os textos diferencia-dos do Brasil Observer Guide. Seja você um apaixonado por futebol ou um torcedor esporádico, esta edição foi feita para você que pensa globalmente; para você que ama o Brasil. Aproveite a leitura e nos vemos em breve!

E D I T O R I A L

A COPA QUE VAI TERPor Ana Toledo e Guilherme Reis

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3brasilobserver.co.uk

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CAPA

ESTAMOS PRESTES A VER UM QUADRO BEM DIVERSO

FOTO: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Anthony Pereira durante palestra em São Paulo

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brasilobserver.co.uk

Diretor do Brazil Institute da universidade King’s College, Anthony Pereira conta ao Brasil Observer suas percepções sobre o país da Copa, desde o interesse

internacional até as demandas das manifestações que tomam as ruas das grandes cidades, passando pela expectativa em relação ao Mundial

Ao ser escolhido como sede da Copa do Mundo, o Brasil assumiu um im-portante compromisso com a comunida-de internacional: era chegada a hora de mostrar que o país tinha amadurecido e estava pronto para grandes responsabili-dades. O teste de fogo veio dois anos depois, em 2009, quando o mundo se viu diante de uma das mais fortes cri-ses financeiras desde 1929. A economia brasileira respondeu bem, superando as expectativas e crescendo mesmo em um cenário de recessão nos Estados Unidos e Europa, distribuindo renda e permitin-do larga ascensão à classe média. Foi o suficiente para o país alcançar patamares inéditos na conjuntura global.Cinco anos depois, porém, a realidade

é outra. Às vésperas da tão esperada Copa do Mundo no Brasil, o país já não é mais o “queridinho” dos analistas internacionais. A população dá mostras crescentes de insatisfação e o que antes era para ser uma festa, às vezes parece ter se transformado em um pesado fardo. Para entender melhor como o Brasil se

encaixa na percepção estrangeira dentro do contexto do Mundial de futebol, o Brasil Observer conversou com o diretor do King’s Brazil Institute, Anthony Perei-ra. Confira a seguir a entrevista completa:

O Brasil parece ter entrado definitiva-mente no mapa dos interesses interna-cionais na segunda metade da década passada. Quando isso ocorreu? A Copa do Mundo ajudou?

O grande momento do Brasil aconteceu em 2009, no começo da recessão global causada pela crise financeira. Enquanto o Reino Unido, os Estados Unidos e ou-tras economias desenvolvidas entraram em grande desaceleração, a economia brasi-leira se recuperou muito rapidamente e até cresceu naquele ano. Aquela foi uma situação de completa quebra do paradig-ma, prevalecente até então, que dizia que o Brasil ficava gripado quando o mundo pe-gava resfriado – em outras palavras, que as desacelerações brasileiras eram muito mais severas do que as de Europa e Esta-dos Unidos nas décadas de 1980 e 1990.

A capacidade de recuperação que o Bra-sil mostrou em 2009 provou para todos que a situação política e econômica do país ti-nha amadurecido e se estabilizado, o que gerou grande interesse dos investidores. E, apesar do crescimento da economia brasi-leira nos últimos três anos ter sido abaixo do esperado, o interesse dos investidores não desapareceu. O Brasil continua sendo um dos cinco principais destinos de inves-

timento estrangeiro direto no mundo.O Mundial de futebol certamente au-

mentou o interesse pelo país, em parte por causa da conexão única que o Brasil tem com as Copas: é o único a ter participado de todas elas e a ter ganhado cinco vezes.

O interesse, porém, também é econômi-co. Os investidores estão cientes de que o Brasil tem grandes planos de investimento em infraestrutura e a Copa do Mundo vai chamar atenção para as deficiências estru-turais do país, que geram novas oportuni-dades de negócios. O interesse também é político, pois os protestos do ano passado mostraram que de várias maneiras os ci-dadãos brasileiros estão insatisfeitos com o governo e os serviços públicos prestados.

No começo, havia certa euforia em re-lação ao Brasil, que agora é visto com mais ceticismo. Por que isso aconteceu?

A percepção do Brasil no exterior sem-pre foi superficial. O “surgimento” do Brasil em 2009 foi enaltecido de manei-ra exagerada, assim como a “queda” está sendo lida de maneira extrapolada agora. No Reino Unido, pelo menos, não há tan-ta conexão dos cidadãos britânicos com o Brasil como há com as ex-colônias, como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Ín-dia. O ponto é que, mesmo com o cresci-mento baixo e as tensões políticas, o Brasil tem muitas vantagens econômicas, sociais e políticas em termos relativos.

Falando sobre a Copa do Mundo, o go-verno brasileiro está bastante incomodado com a cobertura da mídia internacional, que supostamente trata o país de forma negativa. Como você avalia a cobertura do Mundial do Brasil aqui na Inglaterra?

A mídia no Reino Unido (e em qualquer lu-gar) gosta de ser negativa com mega eventos esportivos porque isso vende mais jornais e atrai mais ouvintes ou telespectadores que ficam alarmados com os problemas que po-dem acontecer. Se as previsões catastróficas não se consumarem, ninguém vai lembrar mais tarde, e no meio disso eles constroem uma estória interessante. Nós vimos a mesma coisa acontecer antes da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul e até mesmo dos Jogos Olímpicos de Londres em 2012.

Acho que o governo brasileiro está sen-do um pouco alarmista quando algum de seus porta-vozes sugere que está havendo algum tipo de conspiração internacional contra o Brasil. Não acho que exista tal conspiração. O que de fato acontece é que alguns canais de mídia que exercem grande influência nos formadores de opi-

nião do Brasil – como Financial Times e The Economist no Reino Unido – tendem a se posicionar contra o governo do PT. Em 2010, as duas publicações apoiaram o candidato José Serra na eleição presi-dencial vencida por Dilma Rousseff. Então quando o governo reclama da tendência anti-PT da mídia brasileira e internacio-nal, é compreensível. A melhor resposta, porém, é tentar oferecer informações de qualidade e esperar por reportagens mais bem balanceadas.

Você esteve no Brasil durante os protestos do ano passado. Como você avalia essa efervescência social que o país vive hoje e as demandas que nasceram nas ruas? Você acha que os protestos contra a re-alização da Copa do Mundo são justos?

Não vejo os protestos do ano passado como contrários a Copa do Mundo. Pen-so que os manifestantes estavam e ainda estão demonstrando sua raiva contra um sistema no qual os gastos excessivos com o Mundial são apenas um entre muitos sinto-mas. Uma pesquisa feita com milhares de manifestantes em junho do ano passado em oito cidades mostrou que apenas 5% deles eram contra a realização da Copa. O que muitos estão dizendo é que se os estádios tem que ser “padrão FIFA”, por que os hospitais e escolas públicas não podem ser também? Isso é muito diferente do que ser contra a Copa. O governo tem que fazer um trabalho melhor quando se trata dos serviços públicos – a taxa de impostos é alta, mas muito dinheiro é gasto em proje-tos mal executados e em corrupção.

Acredito que o Brasil está passando por uma experiência muito válida de cresci-mento da expectativa das novas gerações que não têm medo de protestar. Essa ge-ração é adepta das redes sociais, que re-duzem muito os entraves na organização dos protestos. À parte a minoria violenta, a maioria dos manifestantes parece buscar por melhores serviços públicos e respeito aos direitos civis, o que para o governo é mais difícil de oferecer do que bens pri-vados financiados pela expansão do cré-dito, programas sociais e crescimento do salário mínimo. Em longo prazo, os pro-testos podem ter um impacto positivo na democracia brasileira, mas as demandas que vemos hoje nas ruas são muito difusas e falta uma liderança clara, então é im-provável que haja um impacto imediato no sistema representativo atual.

Tem outro aspecto interessante em rela-ção aos protestos. Algumas pessoas acre-ditam que o Brasil ganhou cinco Copas do Mundo porque os brasileiros tem um talen-

to natural para o futebol: o sucesso bra-sileiro na dança e nos movimentos com o corpo se transformaram naturalmente em talento dentro de campo. Acho que devemos ser céticos quanto a esse tipo de explicação. Se analisarmos por outra perspectiva, vere-mos que o Estado brasileiro investiu pesa-do no futebol, começando em 1930, porque os políticos do país viram no esporte uma fonte muito útil de expressão da identidade nacional. Essa é a posição do historiador Paulo Fontes, que acaba de editar um novo livro chamado The Country of Football. Visto dessa maneira, o futebol é parte de uma longa tradição estadista na vida social brasileira. Um bom exemplo disso foi a for-ma como o regime militar explorou a Copa do Mundo de 1970 , numa tentativa de asso-ciar a vitória da Seleção no México com o projeto autoritário da ditadura. Nesse caso, alguns manifestantes (a minoria eu acredito) podem se posicionar contra o Mundial por-que rejeitam o uso político do futebol.

Os brasileiros parecem bastante preo-cupados com a imagem que o país vai passar para o mundo. Muitos, aliás, tor-cem para que o Brasil passe vexame na Copa, motivados por preferência políti-cas que não o PT para as eleições de ou-tubro. Em uma perspectiva global, qual é a imagem do Brasil hoje?

A imagem do Brasil está claramente mudando. Fui além dos estereótipos da dança, do futebol e da praia para ver as demonstrações que aconteceram no passa-do durante a Copa das Confederações. Se houver manifestação na Copa do Mundo, os estereótipos vão cair novamente. Mas eu acredito que aqueles que se opõem ao governo Dilma Rousseff sabem que pre-cisam ser cautelosos. Quem deseja uma Copa do Mundo catastrófica pode ser visto como desleal e até mesmo antipatriótico.

Não acho que as eleições de outubro serão afetadas pelo resultado da Seleção dentro de campo. Fernando Henrique Car-doso falhou em eleger seu sucessor José Serra depois da vitória do Brasil em 2002, enquanto Lula se reelegeu em 2006 após a derrota brasileira na Alemanha. No entan-to, se alguma coisa de errado acontecer na organização da Copa, Dilma pode sofrer consequências nas urnas.

De qualquer maneira, se o Brasil jogar bem na abertura, muitas pessoas vão en-trar no clima e na emoção do evento. Os brasileiros costumam ser bastante críticos quanto a situação social e política do país, mais ainda são apaixonados por futebol. Estamos prestes a ver um quadro bem in-teressante e diverso na Copa do Mundo.

Por Guilherme Reis

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UMA COPA COM A CARA DO BRASILÀs vésperas do tão esperado mundial

de seleções, o Brasil está pronto para realizar uma Copa do Mundo com a cara do país. E isso em todos os aspectos: desde aqueles que são motivo de orgulho até aos que não geram tanta satisfação assim. Vejamos.Os estádios, a infraestrutura e a logística

necessária para que as 32 delegações de-sembarquem em solo brasileiro, preparem--se para o torneio e entrem em campo devem estar suficientemente prontos até o dia 12 de junho, quando Brasil e Croácia abrem, em São Paulo, o Mundial. Eventu-ais problemas estão sujeitos a ocorrer, mas fazem parte da cota de risco de qualquer mega evento como esse.Em 2007, quando a FIFA oficializou

o Brasil como o país sede da Copa do Mundo de 2014, muitos duvidavam da capacidade de o país se adequar ao cha-mado “padrão FIFA”. Arenas luxuosas, rede hoteleira digna de acolher os mais exigentes hóspedes e aeroportos modernos e ágeis, para os mais céticos, eram im-possíveis de existir no Brasil. O torcedor brasileiro, por sua vez, supostamente não seria civilizado a ponto de se comportar exemplarmente em um estádio de Copa.As 12 cidades-sede, porém, exibem es-

tádios novos que são verdadeiros monu-mentos: obras de arte do lado de fora, requintados shoppings centers do lado de dentro. O setor hoteleiro tampouco dei-xou a desejar. Bandeiras internacionais ampliaram sua presença, enquanto redes locais tradicionais não ficam devendo em relação às concorrentes estrangeiras. Já o torcedor passou no grande teste que foi a Copa das Confederações, realizada em 2013. Os estádios lotaram, não hou-ve invasões de campo, nem rixas entre adversários. Ao menos, nada que tenha ocasionado maiores danos.

PREPARAÇÃOSó quem viveu no Brasil nestes últi-

mos sete anos, porém, para reconhecer que a organização se deu meio que aos trancos e barrancos, com improvisações, postergações de prazo e alterações de última hora para que os projetos fossem viabilizados. Histórica e culturalmente, é o jeito brasileiro de se organizar – e, neste aspecto, perdeu-se uma grande oportunidade de mostrar para o mundo e, principalmente, para nós mesmos que

o contrário é possível, bastava entregar tudo nos prazos pré-estabelecido pelos organizadores.O estádio que vai ser o palco da aber-

tura da Copa (Arena Corinthians – leia mais nas páginas 12 e 13), por exemplo, sofreu com atrasos nas obras e, mesmo neste momento em que o texto é escrito, ainda restam acabamentos e detalhes a serem finalizados. No mesmo estágio se encontram as intervenções viárias, que vão garantir o acesso a quem for de carro ou de transporte público ao local.Curitiba, que no Brasil e fora do país

conquistou fama de exemplar em plane-jamento e organização, para esta Copa do Mundo não conseguiu fazer jus a seu status. A Arena da Baixada, que vai receber quatro partidas, ainda carecia de ser finalizada externamente a 15 dias do

início do evento. Devido aos atrasos, no começo do ano chegou a ter sua exclu-são do torneio cogitada. Intervenções no entorno do estádio também seguem em execução ainda.O pedido da FIFA era para que todos

os campos estivessem prontos seis meses antes do início da competição. Além da Arena Corinthians e da Arena da Bai-xada, a Arena Pantanal e a Arena das Dunas ainda passam por ajustes. Outros, como Mané Garrincha e Beira-Rio, estão prontos por dentro, mas passam por in-tervenções no entorno.Nada que, a esta altura, comprome-

ta a realização do evento. Improvisos à parte, no fim tudo dá certo. Tais atra-sos, porém, são o principal motivo para o aumento dos custos das arenas. Em 2010, quando foi assinada a Matriz de

Responsabilidades da Copa - documen-to que lista os investimentos prioritários para o Mundial -, a previsão era de que fossem gastos R$ 5,38 bilhões com es-tádios. Quatro anos depois, a conta, que ainda não está totalmente fechada, está em pouco mais de R$ 8 bilhões - au-mento de 48%.O Ministério do Esporte argumenta que

a conta é equivocada, porque os valores iniciais da Matriz de Responsabilidades eram somente uma estimativa sem o de-vido fundamento, não um orçamento.Algo mais grave que os atrasos foram

as mortes diretamente ligadas a acidentes de trabalho nos canteiros de obras. Ao todo, oito operários perderam a vida: três na Arena Corinthians, três na Arena da Amazônia, um no Mané Garrincha e um na Arena Pantanal.

O país do futebol dá seu jeito para ter tudo pronto antes de a bola rolar e, para o bem e para o mal, expõe suas características históricas e tensões sociais

Por Wagner de Alcântara Aragão

FOTO: AGÊNCIA BRASIL

Brasileiros foram da euforia da escolha como país sede da Copa à aversão com os gastos do Mundial “padrão FIFA”, mas aos poucos voltam a se entusiasmar com o evento

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Aldo Rebelo:

No geral, tudo ficou

muito bomNão há mau humor contra a Copa, o

resultado perfeito não existe e, apesar dos problemas, tudo ficou muito bom. Essa é a opinião do Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, sobre o Mundial no Brasil. Ele respondeu três perguntas feitas pelo Brasil Observer por e-mail:

A organização da Copa no Brasil pode-ria ter sido melhor?

Em qualquer atividade, o resultado perfeito não existe. Num evento do tama-nho e da importância de uma Copa do Mundo, os problemas enfrentados são inúmeros. Mas os envolvidos nas obras e no trabalho de organização superaram os obstáculos e vamos fazer a Copa das Copas. O prazo de conclusão de algu-mas obras poderia ter sido mais bem aproveitado. Mas, no geral, tudo ficou muito bom.

O mau humor em relação ao evento está muito grande. Você acha que haverá protestos durante a Copa?

Não há mau humor contra a Copa. O que acontece é que alguns inconformados com a realização do torneio aqui apro-veitam manifestações que reivindicam

melhorias nos serviços públicos e a visi-bilidade que ganha qualquer referência à Copa para manifestar também suas opi-niões, infelizmente, algumas vezes de for-ma violenta e ilegal. Quando a bola rolar, vamos viver o clima de festa que o futebol promove no Brasil todas as semanas.

Além dos estádios, qual será o legado es-portivo da Copa?

Os grandes eventos esportivos funcio-nam como motivadores da participação de jovens que sonham virar atletas. No Brasil isso é muito forte com o futebol. Esse esporte ficará ainda mais fortaleci-do depois da Copa, nossos estádios terão mais condições de receber competições internacionais. O público nos jogos vai aumentar. O governo também aproveita a realização da Copa e das Olimpíadas para melhorar nossa infraestrutura es-portiva. Estamos construindo cinco mil quadras esportivas e reformando outras cinco mil em escolas públicas de todo o país. Em parceria com prefeituras, vamos construir 285 centros de iniciação ao es-porte em áreas carentes de inúmeras ci-dades. E estamos melhorando os centros esportivos das universidades com novas pistas de atletismo e piscinas olímpicas.

MUDANÇA DE HUMORTais atrasos e revisões de orçamen-

to, seguramente, contribuíram para a total mudança de humor em relação à Copa do Mundo no Brasil. Se antes, em 2007, a escolha do país como sede foi motivo de festa, no ano passado a maré virou com os protestos de ju-nho, evidenciando outra cara do Brasil, neste caso da elite econômica, sempre disposta a minar qualquer possibilidade de alternativa que signifique perda de seus privilégios, nem que seja para o benefício da maioria secularmente marginalizada. Grande parte da popu-lação economicamente mais abastada está utilizando o Mundial para atacar o governo PT – do qual sempre se opôs por motivos diversos.Expliquemos: desde o ano passado, os

gastos do país para organizar o even-to foram transformados – principalmente pelo oligopólio dos veículos de comuni-cação – nos grandes responsáveis pelas mazelas históricas da sociedade brasi-leira. Os grupos político-econômicos de oposição ao governo conseguiram imbuir na opinião pública uma sensação de que a vinda da Copa do Mundo foi um mal para o Brasil; de que todos os recursos da Copa seriam tirados da saúde, educa-ção, segurança pública etc. – como se a equação fosse simples assim.Com a opinião pública “envenena-

da”, a Copa do Mundo está prestes a começar com os brasileiros menos empolgados com o evento do que sete anos atrás, quando conquistou o direito de ser a sede. À medida que a data do jogo de abertura vai se aproximando, o verde-amarelo aos poucos vai to-mando conta das ruas. Mas, diante do acontecimento ímpar, esperava-se uma euforia incomparável.

BRASIL VIRTUAL X REALDe fato, o desgaste da imagem da Copa

no Brasil parece ser maior no mundo virtual dos meios de comunicação e redes sociais do que no mundo real das ruas. Recentes manifestações sob a bandeira do “Não Vai ter Copa” têm conquistado adeptos aquém do propagado. É inegável que nas últimas semanas

uma série de greves (principalmente nos transportes) e mobilizações sociais (so-bretudo de sem-teto) tem acontecido em todo o país. Esses movimentos se apro-veitam da visibilidade gerada pela Copa do Mundo, mas estão mais preocupados em expor suas bandeiras de luta antigas e justas do que entoar o pouco consis-tente coro do “Não vai ter Copa”.Manifestações que venham a ocorrer

não devem desfigurar outra característica brasileira: a cordialidade. Não só pela capacidade de organização e de prepara-ção de grandes eventos, como também pela hospitalidade, o governo brasileiro classifica o Mundial da FIFA no Brasil como a “Copa das Copas”. A ver se a maré vira de novo.

O CUSTO DA COPADe acordo com o governo federal, entre financiamento para a cons-trução de estádios e investimentos em transporte, serão gastos cerca de R$ 25 bilhões. Desse total, R$ 8 bilhões são de financiamento federal (por meio do Banco Na-cional do Desenvolvimento Eco-nômico e Social) para a reforma, ampliação ou construção das 12 arenas em cada uma das cidades--sede; os outros R$ 17 bilhões se-rão gastos em estações de metrô, terminais de integração de passa-geiros, 13 corredores BRTs (Bus Rapid Transit), dois VLTs (Veícu-los Leves sobre Trilhos) e vias de mobilidade urbana.

OS EFEITOS DA COPAPesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) feita a pedido do Ministério do Turismo levantou os impactos do evento na economia brasileira: R$ 30 bilhões deverão ser acrescidos ao Produto Interno Bruto (PIB) com o gasto dos turistas, do Comitê Organizador da Copa e como reflexo dos inves-timentos feitos na preparação.

O LEGADO DA COPAO governo brasileiro argumenta que as arenas, mais do que estádios de futebol, serão espaços a serem utili-zados para diversos outros eventos. Além disso, as obras de infraes-trutura em transporte e mobilidade urbana também se tornam legado permanente.

COPA x SOCIALEm meio a questionamentos quan-to as prioridades de investimento público, o governo brasileiro re-centemente fez o seguinte com-parativo: desde 2010, quando co-meçaram as obras para a Copa, o governo federal aplicou R$ 825 bilhões em educação e saúde. O montante representa, portanto, 100 vezes mais que o dinheiro desti-nado a financiar a construção das arenas (R$ 8 bilhões). O governo pondera ainda que esses R$ 8 bi-lhões se referem a empréstimos do BNDES, ou seja, terão de ser pa-gos pelas empresas/consórcios que construíram as arenas.

FOTO: AGÊNCIA BRASIL

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Em livro recém-lançado no Brasil, o jornalista britânico

Andrew Jennings desnuda farsa de

ingressos da Copa do Mundo e avisa:

os brasileiros estão pagando por um

Mundial que só trará lucro para FIFA e seus

patrocinadores

Por Giulia Afiune*

“Conseguir um ingresso para a Copa do Mundo é ganhar na loteria”, resume o jornalista britânico Andrew Jennings ao falar de seu novo livro, “Um jogo cada vez mais sujo”, lançado no Brasil em maio pela Panda Books. A FIFA novamente é o alvo das investigações de Jennings, que agora foca suas aten-ções na distribuição de ingressos por sorteio para os torcedores. Esquema que, segundo ele, esconde um mundo de negócios sujos, mercado negro e troca de favores. O repórter também revela outros

negócios ilegais que enriqueceram di-rigentes da entidade máxima do fute-bol, incluindo os brasileiros Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF e do Comitê Organizador Local) e João Havelange (ex-presidente da CBF e da FIFA).Jennings conta quem são os irmãos

mexicanos Jaime e Enrique Byrom, donos do grupo Byrom PLC, acionis-ta majoritário da Match Services e da Match Hospitality, prestadoras de serviço para FIFA. São eles que con-trolam todos os negócios relacionados

a ingressos, acomodações e hospitali-dade nos Mundiais da FIFA. E fazem mais: no livro, o jornalista prova que nos mundiais da Alemanha, em 2006, e da África do Sul, em 2010, os Byrom forneceram ingressos para o vice-presidente da FIFA Jack Warner vender no mercado negro em troca de votos que os favoreciam no Comitê Executivo da FIFA.

No livro você mostra os negócios entre os irmãos Byrom e o vice-presidente da FIFA Jack Warner nas Copas de 2006 e 2010. Como esses negócios funcionam?

Existe um mundo negro que os fãs do fu-tebol não conhecem: o mundo dos negócios de ingressos. Há 209 associações nacio-nais de futebol na FIFA, como a CBF, no Brasil. Algumas são bem honestas, mas a maioria não é. As associações nacionais pe-dem ingressos aos Byrom, que os fornecem em nome do Blatter [presidente da FIFA] e da FIFA. Os negociadores de ingressos do mercado negro vão até essas pessoas em di-ferentes países da África, da Ásia, alguns da Europa e conseguem os ingressos com eles.

Em 2006, na Alemanha, eu revelei que eles estavam vendendo milhares e milhares de ingressos para Jack War-ner, que agora está sendo forçado a sair da FIFA. Foi uma grande história, uma grande confusão e eles fizeram isso de novo em 2010! O Warner, [presidente] da União Caribenha de Futebol, solici-tou ingressos [por e-mail], mas copiou um negociante na Noruega! Então os Byrom sabiam que Jack estava compran-do deles em nome do cara na Noruega. E eles copiam a correspondência para a FIFA e para a Infront, empresa do Phi-lippe Blatter [sobrinho do presidente da entidade]. Então todos eles sabem o que está acontecendo.

Na Alemanha eles tiveram muito lucro, mas na África do Sul esse mercado en-trou em colapso porque ninguém queria ir para lá. É por isso que o escritório de ingressos dos Byrom estava entrando em contato com o Jack e com a Norue-ga, dizendo: “se vocês não mandarem o dinheiro logo, nós cancelamos seus ingressos”. O Jack Warner estava com-prando os ingressos em nome do cara do mercado negro na Noruega e os Byrom

precisavam dar ingressos para ele por-que ele controla pelo menos três votos no Comitê Executivo da FIFA. E o que ele dá em troca é que ele e os amigos votam em você para que você consiga todos os contratos dos ingressos.

O que nós não sabemos é: que outros membros do Comitê Executivo ganham in-gressos nessa escala?

A FIFA argumenta que a Match tem o controle exclusivo das vendas de ingres-sos. Isso é verdade?

Isso é uma besteira. Os Byrom contro-lam todos os ingressos. Você acessa o site da FIFA e encontra todo tipo de lixo sobre impedir as vendas não autorizadas, o que é ridículo, porque todo ingresso vem da porta do fundo dos Byrom. Eu não consi-go imprimi-los, você também não. Muitos ingressos são impressos na última hora, porque agora nós não sabemos que time vai jogar na segunda fase.

A FIFA diz que está policiando esse mercado paralelo de ingressos, mas não está. É como um padre que olha para o outro lado!

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Os líderes da FIFA também lucram com esse esquema?

Nós não podemos provar. Eu valorizo muito os documentos.

Eu ouço histórias, vejo como Jack Warner se safou com milhares e milha-res de ingressos. Será que outros líderes da FIFA fazem negócios semelhantes? É legítimo fazer essa pergunta, mas não temos prova.

Qual é a chance de um brasileiro assistir ao Brasil jogar?

Gaste o seu dinheiro em uma televisão. Eles não colocam todos os ingressos na loteria! Você não pode acreditar nos grá-ficos, porque não há como checá-los! Os Byrom têm as estatísticas. Você pode che-car o que o governo está fazendo, mas os Byrom não precisam publicá-los. Se eles dizem que 100% dos ingressos estão na loteria, você nunca vai provar que isso não é verdade.

Qual é a relação de Teixeira e Havelange com esse esquema?

O que sabemos é que antes de forçar-mos o Teixeira a sair, ele estava no Comi-tê Organizador Local, que fazia de tudo: ingressos, estádios… Eu não sei qual fa-tia o Havelange ainda consegue. Ele tem 96 anos. Mas Ricardo estava lá desde o começo. Ele preparou tudo, os negócios, tudo que tinha a ver com a Copa. Nós o forçamos a sair apenas por escândalos ex-ternos, ele não esperava por isso. Então você pode atribuir a ele tudo que está er-rado com a Copa, porque antes dele sair, todos esses contratos já estavam sendo ar-ranjados, não são contratos novos. Ele diz que não tinha controle sobre o que estava acontecendo. Ah, por favor…

O que você descobriu sobre o Ricardo Teixeira?

Eu investiguei as propinas dele na Suí-ça e os relatórios do Álvaro Dias [da CPI da CBF]. As investigações nos relatórios provam que Teixeira é um grande ladrão. Eu li todas as 500 mil palavras. Você tem que fazer um ato muito criminoso antes de entrar em uma máfia. Eu estaria errado se

dissesse que a FIFA deu a Copa do Mundo para o Brasil. Isso é besteira. Blatter deu a Copa do Mundo para o Teixeira. Não a FIFA, o Blatter. São coisas diferentes.

A FIFA é uma máfia, uma família de crime organizado. No livro, eu mostro que ela não é uma organização legítima. Os lí-deres são ladrões, eles dividem tudo entre eles e estava na hora de dar ao Ricardo a sua Copa do Mundo. A CBF estava falida e isso provou ao Blatter que Teixeira era justamente o tipo que ele queria.

Que pessoas e organizações lucram com a Copa do Mundo?

Vocês contribuintes pagam por ela. A FIFA consegue lucrar com a bilheteria. Todo o dinheiro da FIFA vem da Copa do Mundo, é sua grande fonte de renda. Nos outros torneios: futebol feminino, sub-17, sub-21, eles perdem dinheiro. Mas eles precisam fazê-los para mostrar que são inclusivos. O Valcke prevê que a FIFA vai ganhar US$ 2,7 bilhões com a Copa, os brasileiros ficam bravos e ele responde: “Mas nós estamos colo-cando tanto dinheiro de volta”. Isso não

é verdade. Quando um quarto de hotel é alugado, isso não é colocar dinheiro, é alugar um quarto de hotel!

Os patrocinadores, como McDonald’s, Visa, Samsung e outros conseguem uma maravilhosa isenção fiscal de 12 meses pela “lei da FIFA”. A isenção fiscal para eles é um fardo para vocês. Se eles não pagam os impostos, vocês pagam. Eles estão roubando vocês!

Poderíamos ter um campeonato mun-dial de futebol sem eles. Nós não pre-cisamos desse nível de pessoas não transparentes só se preocupando com eles e seus associados comerciais. Só o dinheiro da venda dos direitos televisi-vos, que você conseguiria legitimamen-te, é suficiente para pagar pela Copa. Você não precisa de negócios por baixo dos panos com patrocinadores ou isen-ções fiscais especiais.

g Este artigo foi originalmente publicado pela Agência Pública de Reportagem e Jornalismo Investigativo: www.apublica.org

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Novo livro do jornalista Andrew Jennings que investiga negócios obscuros da FIFA foi lançado no Brasil em maio

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O Brasil está pronto para conquistar o título?

Desde que nosso planejamento para a Copa do Mundo seja seguido, o Brasil está pronto. Tudo está organizado, defi-nido e no caminho certo. Se seguirmos o cronograma, tudo vai dar certo.

A torcida brasileira vai considerar qualquer resultado que não seja o tí-tulo como uma derrota. Você concorda com isso?

Tenho uma perspectiva diferente. Já tive muitas experiências, e passei por situações em que times foram aplaudi-dos por seus fãs mesmo sem terem sido campeões. É muito mais uma questão de como o time se comporta. Se você faz parte de um time como o Brasil e entra numa Copa do Mundo, todos esperam de você o título. Estamos certamente em busca desse objetivo, mas com um profundo respeito pelas outras equipes que entram na competição com a mes-ma meta. Jogando em casa, vamos usar nossa qualidade para alcançar o que de-sejamos, mas se não conseguirmos será simplesmente porque outra equipe foi melhor do que nós.

Você já teve a oportunidade de liderar uma equipe que jogava em casa, no caso a seleção de Portugal na Eurocopa de 2004. Naquele ano você foi derrotado pela Grécia na final. Qual lição você aprendeu naquela ocasião?

Foi uma experiência muito válida; hoje tenho uma ideia melhor de como devemos nos comportar numa final, e como um time que joga a final em casa deve se postar dentro de campo para conseguir o troféu. Sei que podemos desfrutar a experiência de jogar a Copa em casa diante de nossa torcida, mas ao mesmo tempo temos que estar conscientes de que a derrota nesses casos dói mais. Poderei usar essa experi-ência com nossos jogadores.

Qual sua avaliação das seleções de Méxi-co, Camarões e Croácia, adversários do Brasil na primeira fase da Copa?

A Croácia joga um futebol tecnicamen-te sofisticado. Os croatas têm um estilo de jogo muito parecido com o que se vê na América do Sul, não jogam mais no estilo inglês de antes. O time de Camarões é um dos mais técnicos da África. Sempre que esperamos algo deles, tudo acontece diferente; quando não esperamos nada, somos surpreendidos. Já o México é um dos nossos rivais tradicionais, jogam um futebol de alto nível. Há um longo histó-rico entre Brasil e México. São sempre encontros difíceis.

O sucesso da Espanha e do Barcelona fez com que as demais equipes tivessem que se adaptar ao estilo de jogo com pas-ses curtos?

As características e habilidades dos jo-gadores do Barcelona se completam. Na-turalmente, todos estão analisando como isso se desenvolve, mas esse tipo de jogo só pode ter sucesso por um período limita-do. Nas últimas décadas, houve momentos em que todos tinham que analisar a Itália, ou a Alemanha. Sempre existem caracte-rísticas diferentes para cada treinador ob-servar e aprender.

Você comanda um dos times “tradicio-nais” do futebol mundial. Como você aproveita essa história para motivar seus jogadores?

Mostramos para os jogadores o que já foi conquistado e o que eles podem es-crever com suas carreiras pela Seleção Brasileira. Deixamos claro que os times do Brasil que tiveram grandes conquistas conseguiram através do comprometimento, espírito de equipe e classe. E damos a eles a confiança necessária para que possam desenvolver suas qualidades excepcionais dentro de campo.

No título de 2002, você tinha jogadores como Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo. A geração atual é tão forte quando aquela?

Não é apenas o talento que você deve comparar; o time de 2002 tinha mais ex-periência. Por outro lado, o time atual tem

muito entusiasmo. Naquela ocasião, a ex-periência foi provavelmente o fator deter-minante para a conquista, mas quem sabe se agora o entusiasmo será ou não um fa-tor mais importante?

A organização da Copa tem sido muito criticada. Isso afeta seu trabalho?

Não. Tenho traba-lhado para que nada disso nos afete ou in-fluencie. Somos afetados enquanto cidadãos brasi-leiros, mas temos que sepa-rar as coisas e passar o mesmo aos jogadores, assim eles podem focar totalmente no trabalho dentro de campo. Todos têm opinião, mas agora os joga-dores devem focar na função para a qual foram convocados. Os jogadores algumas vezes reagem. Falamos abertamente com eles sobre isso e eles podem dizer suas opiniões pelas redes sociais, mas temos regras dentro do grupo e vamos segui-las.

Você tinha apenas dois anos quando o Bra-sil recebeu a primeira Copa do Mundo...

Não consigo me lembrar daquela Copa do Mundo, obviamente, mas mui-tas pessoas têm memórias desagradáveis daquela derrota para o Uruguai. Eu dis-cordo disso; aqueles jogadores abriram a porta para que nós pudéssemos con-quistar cinco mundiais. Essa é a pers-pectiva que eu passo para nossos joga-dores sobre a Copa de 1950.

O que você estará fazendo às 16h do dia 13 de julho?

Bom, eu sei que a final está marcada para o dia 13. Estarei à beira do gramado me preparando para a partida. Terei can-tado o hino nacional com muita emoção e espero que o mesmo aconteça com meus jogadores.

Campeão do mundo em 2002, o técnico Luiz Felipe Scolari é a grande esperança do Brasil na Copa de 2014 e garante que a Seleção está pronta para levantar o hexacampeonato

Por Bruno Sassi e Jonas Oliveira*

FOTO: RAFAEL RIBEIRO / CBF

g Este artigo foi originalmente publicado originalmente pela The FIFA Weekly

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Por Antonio Veiga

“O placar marcava a vitória brasileira por 1 a 0. Senhor do jogo, o time seguia o roteiro tão sonhado pelo torcedor e caminhava firmemente rumo à conquista. No entanto, não mais que de repente, o futebol resolve apresentar uma de suas mais cruéis facetas: a reviravolta. A du-cha de água de fria. Uma derrota tão surpreendente quanto o seu vilão, o go-leiro brasileiro, obrigado a carregar nas costas o peso da decepção e da amargu-ra do torcedor desiludido”.O personagem acima é um tanto óbvio para qualquer brasileiro mais vivido e ligado em futebol. Mas, para um garoto que sequer recorda o pentacampeonato de 2002 e que aguarda para comemorar sua primeira Copa, a história claramen-te diz respeito a outro arqueiro. E será justamente para dar novo final a dois capítulos amargos de nossa Seleção que Júlio César, o mais velho dos convo-cados de Felipão, entrará em campo. Pela sua redenção e pela de Barbo-sa – os dois goleiros responsabilizados pela eliminação na Copa da África, em 2010, e pelo vice-campeonato em 1950, respectivamente.O Brasil que volta a receber uma Copa é totalmente diferente daquele de 64 anos atrás. Falando apenas do que rola dentro das quatro linhas, a Seleção vai a campo, desta vez, com cinco títulos na bagagem. Hoje canarinho, o time do

Brasil tem a mesma responsabilidade de ser campeão, mas carrega ansiedades distintas das de 1950. A menina dos olhos não é a primeira taça, tampouco o desejo é de se afirmar como potên-cia. Mas a necessidade de dar uma resposta ao esforço de sediar o Mun-dial continua a mesma. E, para isso, os comandados de Felipão terão que exorcizar vários demônios. “É a oportunidade de um resgate que está entalado na garganta há 64 anos. Das grandes seleções somos a única que ainda não ganhou em casa. A gente es-pera vencer e mudar essa história. Aca-bar com esse papo de ‘Maracanazzo’. Queremos reescrever essa história fute-bolística”, afirmou o técnico do tetra Carlos Alberto Parreira, que hoje integra a comissão de Luiz Felipe Scolari.O cenário nesta edição não será mui-to diferente. Os adversários, inclusive, muito se assemelham. Os mexicanos, goleados por 4 a 0 em 1950, estão novamente no caminho. Voltam como asa negra brasileira, após diversas vi-tórias em partidas decisivas – a mais marcante delas nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Se no século passado os iugoslavos fo-ram adversários, desta vez serão os cro-atas, considerados os rivais mais fortes na primeira fase, principalmente por enfrentar o Brasil na estreia da Copa, dia 12 de junho, na Arena Corinthians, em São Paulo.

Jogar na maior cidade do país também traz à memória a primeira vez que o Brasil foi anfitrião, afinal, atuando no Pacaembu, a equipe nacional teve seu único revés na fase inicial, empatando por 2 a 2 com a Suíça e saindo de campo com vaias. Seria a única parti-da da Seleção na cidade naquela Copa. Todavia, nos 64 anos que separam as duas disputas, não faltaram capítulos de amor e ódio entre a torcida paulista e o time canarinho, o que costuma deixar os jogos em São Paulo complicados. O Ma-racanã, palco de cinco das seis partidas brasileiras naquela edição, desta vez só receberá os donos da casa se eles chega-rem à tão sonhada final, dia 13 de julho.

FAMÍLIA SCOLARI VERSÃO 2014Eliminada pela Holanda de virada no Mundial de 2010, a Seleção passou por um processo de reformulação. Dunga deu lugar a Mano Menezes, responsá-vel por desenvolver a espinha dorsal do time, montando a zaga de hoje e lan-çando nomes como Oscar, Hulk, Da-vid Luiz, Luiz Gustavo e Fernandinho. Questionado após voltar de Londres com a medalha de prata, Mano deu lugar

ao comandante do último título mundial, Luiz Felipe Scolari, o Felipão, o homem em que os brasileiros depositam toda a sua confiança e respeito. O estilo paizão do treinador encaixou perfeitamente com um grupo de jovens talentosos de rodagem internacional, mas repleto de estreantes em Copa do Mun-do. Garotos em 2002, os jogadores acre-ditaram no discurso de Felipão e se fortaleceram com o êxito na Copa das Confederações. Venceram, convenceram e recuperaram o respeito dos adversários.Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo talvez formem a melhor linha defensiva do mundo. Volantes de quali-dade não faltam: Luiz Gustavo, Pauli-nho, Ramires, Fernandinho e Hernanes. A armação está nos ombros de Oscar e a temporada de William no Chelsea foi empolgante. Hulk une força e obediência tática. Fred é o homem gol. Bernard é o talismã. Faltou alguém? Ah, claro, a estrela da companhia, um garoto que nasceu com a missão de ser Romário, ser Ronaldo, ser Pelé. Neymar assumiu a camisa dez do rei para mostrar que o fardo que carrega desde a infância lhe veste muito bem. No caminho, possíveis cruzamentos com Holanda e Espanha nas oitavas, Uruguai e Itália nas quartas e Alemanha na semi. E, provavelmente só na final, a sem-pre imaginada e pouco desejada rival Argentina. Maracanã, 13 de julho, para reescrever a história.

Por Michael Landon

Quando o sorteio da Copa colocou a Inglaterra no mesmo grupo que Itália, Uruguai e Costa Rica, a reação coletiva da nação foi perfeitamente ilustrada pelo presidente da Federação Inglesa, Greg Dyke, flagrado pelas câmeras fazendo um gesto de garganta cortada.Dyke se desculparia mais tarde pela con-trovérsia que gerou, mas certamente nem ele, muito menos o técnico da seleção inglesa, Roy Hodgson, nutriam ilusões diante da difícil tarefa que a equipe terá na primeira fase do Mundial a ser dis-putado no Brasil.Após o sorteio, formou-se na mídia uma narrativa de que, pelo menos, a Inglater-ra chegaria ao torneio com um grande senso de realismo. Afinal, o time era velho e dependeria dos mesmos joga-dores de sempre. E pior, naquela altura, Steven Gerrard estava contundido; Way-ne Rooney atolado na péssima campanha do Manchester United; e Frank Lampard mal jogava pelo Chelsea. Mas isso foi há seis meses. A situa-ção agora não é tão desastrosa. Rooney

voltou a jogar bem e a marcar gols. Lampard readquiriu regularidade em suas atuações. E Gerrard, com o suporte dos jovens Raheem Sterling e Daniel Sturrid-ge, terminou a temporada com o Liver-pool perdendo o título inglês nas últimas rodadas.E é exatamente com essa mistura de ex-periência e juventude que Hodgson espe-ra chegar ao Brasil. Ao lado de Sterling e Sturridge, Ross Barkley e Luke Shaw também carregam a responsabilidade de mostrar um bom serviço na Copa de-pois de uma excelente temporada. Esses jogadores podem injetar ousadia para a Inglaterra. A linha defensiva, porém, é a maior preocupação do técnico inglês. Apenas Gary Cahill parece ser uma opção real-mente boa, com seus companheiros de clube John Terry e Ashley Cole de fora da seleção. Será interessante ver como esse equi-líbrio do elenco vai afetar a campanha que Hodgson deseja para a equipe no Mundial. Dois anos atrás, a Inglaterra jogou a Eurocopa com uma postura mais defensiva. Na ocasião, com diversos jo-

gadores experientes na defesa, tal postura fez sentido. Agora, no entanto, os ingle-ses estão mais bem servidos no ataque do que na parte de trás, mais vulnerável. Seja qual for a estratégia usada por Hodgson, o próprio está mais otimista do que parecia seis meses atrás. “Sim, eu acredito que podemos ganhar a Copa do Mundo, se não acreditasse qual seria o motivo de disputa-la?”, disse o treina-dor de 66 anos a jornalistas. “Estamos corretos em ter algum grau de otimismo e trabalhar com base na ideia de que o país também esteja otimista”. Mas, afinal: entre o otimismo e o pes-simismo, quais são as reais chances da Inglaterra na Copa do Mundo? Uma res-posta bem clichê diria em algum lugar no meio do caminho. Mas não seria verdadeira nesse caso. A história nos dá uma expectativa mais apurada. E nos lembra de que a equipe inglesa sucumbe em condições úmidas; que os ingleses vêm de cinco mundiais miseráveis; e que Rooney nunca se sai muito bem em competições desse nível.Espere a eliminação da Inglaterra na pri-meira fase.

Brasil joga para reescrever a história

Espere mais do mesmo

para a Inglaterra

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Por Nathália Braga

Maior cidade do país reflete perfeitamente a ambiguidade do Brasil avançado e do Brasil emergente, mas certamente dará ao turista a sensação cosmopolita, multicultural e diversa que caracteriza a Sampa de amor e ódio

SÃO PAULO: O PALCO DA ABERTURAA maior festa do Brasil começa na

maior cidade do país. Gigante em núme-ro, tráfego e amor (ou ódio) pela cidade, São Paulo receberá o primeiro jogo da Copa do Mundo 2014 e a cerimônia oficial de abertura. No dia 12 de junho, às 17h no Brasil, 21h no Reino Unido, o mundo vai parar para acompanhar a estreia do Brasil na Copa. São Paulo, ou simplesmente Sampa,

estará no centro das atenções. Preparar--se para o grande dia não tem sido fácil: atrasos, acidentes com morte de operá-rios, processos burocráticos intermináveis e ainda muitos protestos por parte da população que é contra a realização da Copa do Mundo transformaram o palco da abertura em um turbilhão. Nesta reta final, porém, o que os turis-

tas podem esperar é uma cidade recepti-va, cosmopolita e que funciona 24h por dia. Também vão ter a oportunidade de conhecer uma área fora da região turís-tica, já que a Arena Corinthians, palco dos jogos, fica na zona leste da capital, no bairro de Itaquera, tradicionalmente esquecido pelo poder público, mas que agora entra no mapa (leia mais ao lado sobre os pontos positivos e negativos da realização da Copa em São Paulo).

A CIDADE

Com aproximadamente 11 milhões de habitantes, a cidade de São Paulo ocu-pa uma área de pouco mais de 1,5 mil quilômetros quadrados (praticamente o mesmo tamanho de Londres). Se for considerada a região metropolitana, ou seja, os 38 municípios que circundam a capital do Estado de São Paulo, a população chega a aproximadamente 19 milhões de habitantes, segundo o IBGE.A metrópole é conhecida pela sua mis-

cigenação de povos, já que recebeu imi-grantes italianos, japoneses, portugueses e de várias outras nacionalidades que hoje formam a cidade brasileira com maior diversidade de etnias. É também, um mosaico do Brasil, já que é destino de populações de todos os cantos do país que buscam na capital paulista melhores oportunidades de emprego e estudo. São Paulo é o grande centro econômico

do Brasil, mas não são apenas os negó-cios que atraem os turistas. Há também parques, como o Ibirapuera e o Villa--Lobos, shopping centers, museus e uma infinidade de restaurantes e casas noturnas – todo dia, a qualquer hora, tem algo acontecendo! O centro histórico da cidade

é uma atração à parte. Uma visita ao prédio do Banespa, como é conhecido, possibilitará aos turistas uma visão 360° da imensidão da capital paulista. Bem perto dali fica a Catedral da Sé, o Mer-cado Municipal e o Vale do Anhangabaú, que receberá o FIFA Fun Fest.

A ARENA CORINTHIANS

O mais marcante sobre a organização da Copa em São Paulo talvez tenha sido as controvérsias e os atrasos na obra da Are-na Corinthians, que recebeu sua primeira partida no início de maio como teste par-cial, pois parte da arquibancada, por exem-plo, ainda não estava pronta. Outro teste foi realizado no domingo 1º de junho. Desde que a cidade de São Paulo foi

escolhida para receber jogos do Mundial da FIFA, imaginava-se que as partidas ocorreriam no estádio do Morumbi, que pertence ao São Paulo Futebol Clube. A Arena Corinthians, porém, surgiu como opção após a reforma necessária para atender aos padrões da FIFA no Mo-rumbi ser descartada. Com o início das obras em maio de

2011, a previsão de conclusão era dezem-bro de 2013. No entanto, além da buro-cracia, graves acidentes envolvendo mortes geraram atrasos. Ao todo, três operários morreram durante as obras. Um deles caiu enquanto trabalhava nas arquibancadas do estádio. Em outro acidente, dois morreram quando foram atingidos por parte de uma estrutura metálica que desabou. O investimento inicial também foi al-

terado, como quase em todos os estádios da Copa. Se no projeto original os gas-tos previstos eram de R$ 850 milhões, o custo total final deve ultrapassar R$ 950 milhões. Os custos são bancados pela ini-ciativa privada e pelo governo, já que o Corinthians teve isenção de impostos em torno de R$ 400 milhões. Outros R$ 400 milhões foram financiados pelo BNDES. A Arena tem capacidade para pouco

mais de 65 mil torcedores; seis jogos serão disputados na cidade. No dia 12 de junho, Brasil e Croácia dão o pontapé inicial na competição. Ainda no mesmo mês, no dia 19, será a vez da Inglaterra enfrentar o Uruguai. No dia 23, a Ho-landa joga contra o Chile e, no dia 26, a partida é entre Coreia do Sul e Bélgi-

ca. No dia 1º de julho, a cidade recebe ainda mais um jogo antes de uma das semifinais, que acontece no dia 9.

A PAIXÃO PELO FUTEBOL

Dia de jogo é levado a sério pelos pau-listanos. São três times principais: São Paulo, Palmeiras e Corinthians – este úl-timo com a maior torcida e, agora, com estádio próprio. Juntas, as equipes têm 15 títulos do Campeonato Brasileiro. São Paulo e Corinthians são ainda campeões do Mundial de Clubes da FIFA, três e duas vezes, respectivamente. Portuguesa e Juventus são outros dois times que fazem parte do cenário futebolístico da cidade. Considerando todo o Estado, o Santos, que trouxe Neymar para os gra-mados, também é outro grande clube – também campeão mundial de clubes.O estádio do Pacaembu, que recebeu

seis partidas da Copa do Mundo em 1950, abriga o Museu do Futebol – uma atração imperdível para quem ama o es-porte. Com tanta torcida e opções de lazer e entretenimento, a festa em São Paulo promete ser grande!

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POSITIVO: DESENVOLVIMENTO DE ITAQUERA

Região periférica da cidade que sempre careceu de muitas melhorias em termos de mobilidade urbana, Itaquera fica a aproxi-madamente 40 minutos da região central, no extremo leste da capital paulista.

Apesar de afastada do centro, cerca de quatro milhões de pessoas moram na região e enfrentam, todos os dias, uma verdadeira maratona para chegarem ao trabalho. Com a Copa do Mundo e com a construção da Arena Corinthians, também conhecida como Itaquerão, moradores do bairro podem ter esperança de melhorias em infraestrutura e no número de empresas instaladas na área.

De acordo com o poder público munici-pal, a realização do evento na Arena vai gerar cerca de R$ 30 bilhões para o PIB da cidade em dez anos. Assim, a zona leste deve crescer em termos de oferta de empre-gos locais e também em termos de mobili-dade – com a chegada de novos comércios e empresas. Ao redor da Arena, cinco obras viárias estão sendo realizadas para facilitar a locomoção.

Depois da Copa, estas obras ficarão de le-gado para a região. Um dos exemplos é uma passagem inferior na Radial Leste, principal via de acesso ao bairro. As obras de infra-estrutura receberam em torno de R$ 550 mi-lhões de investimento municipal e estadual.

NEGATIVO: ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA

Se, por um lado, o a valorização imobi-liária de Itaquera pode contribuir para o desenvolvimento da região, por outro, os movimentos sociais protestam contra a falta de moradia popular.

Durante a fase de construção das obras, manifestantes do Movimento dos Traba-lhadores Sem-Teto (MTST) ocuparam um terreno próximo a Arena Corinthians. A principal reivindicação é sobre os bilhões gastos para realizar a Copa enquanto há tantos problemas de desigualdade social, como a falta de moradia, principal causa do movimento.

O acampamento foi montado no início de maio em um terreno particular desocupado há quase 30 anos. O local fica a cerca de 4 km do estádio. A operação foi batizada de Copa do Povo e também incluiu protestos bloqueando algumas avenidas da cidade e pi-chação de escritórios de construtoras ligadas à Copa. O MTST quer a construção de casas para famílias de baixa renda no terreno.

Segundo o MTST, muitas famílias pre-sentes na ocupação moravam em Itaquera pagando aluguel e tiveram de sair de suas casas devido ao aumento dos preços. Para eles, a construção do estádio trouxe uma valorização imobiliária maior do que o or-çamento do mês.

Dias depois do inicio da ocupação, a presidente Dilma Rousseff foi até o local e conversou com as lideranças do MTST que alegaram terem firmado um acordo de desa-propriação do terreno, fato que foi negado pelo prefeito da cidade Fernando Haddad.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Arena Corinthians (1); Parque do Ibirapuera (2); Avenida Paulista (3); Praça da Sé (4)

AMAZONAS

PARÁ

AMAPÁ

ACRE

RONDÔNIA

RORAIMA

TOCANTINS

BAHIA

MINAS GERAIS

MATO GROSSO

MATO GROSSODO SUL

SÃO PAULO

PARANÁ

SANTA CATARINA

RIO GRANDEDO SUL

RIO DE JANEIRO

ESPÍRITO SANTO

SERGIPE

PERNAMBUCO

PARAÍBA

RIO GRANDEDO NORTE

PIAUÍ

MARANHÃO CEARÁAM

PA

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SÃO PAULO - SPAltitude:792 metrosÁrea: 1.522,986 km2

População:11.244.369

ARENA CORINTHIANS Capacidade:68 mil torcedoresInvestimento:R$ 950 milhõesDimensões do campo:105 X 68 metros

INFOwww.cidadedesaopaulo.com

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14 brasilobserver.co.uk

CONECTANDO

COMO PARTICIPAR?Conectando é um projeto desen-volvido pelo Brasil Observer que visa colocar em prática o conceito de comunicação ‘glocal’, ou seja, uma história local pode se tornar global, ser ouvida e lida em dife-rentes partes do mundo. Mande sua história para nós! Saiba como par-ticipar entrando em contato pelo [email protected]

Em qualquer um desses idio-mas me sinto confiante de es-crever e contar a vocês. Mas o que vou contar? Um pouco da minha história com o Brasil; uma relação que começou há oito anos e que agora chega ao ápice: estou em terras brasileiras para me aventurar durante esse momento histórico de realização da Copa do Mundo.Para começar me chamo Mi-

guel Martínez Nava, ou simples-mente Miguelito, e sou um me-xicano com dotes de aventureiro, com coração meio brasileiro e uma cabeça meio canadense. Há oito anos me aventurei a

estudar animação 3D em Van-couver, Canadá. Sendo amante de cinema, mas meio radical e insensato, decidi buscar algo que queria muito dentro de mim, algo diferente e fora do meu país onde eu havia vivido feliz os últimos 22 anos de vida. En-contrei uma boa escola e criei a melhor oportunidade para em-barcar para o país do norte, a princípio, com dois amigos me-xicanos. Com o passar do tem-po fui tendo contato com novas culturas, pessoas e amizades. No Canadá, tive amigos marroqui-nos, franceses, canadenses e, de repente, conheci os brasileiros. Esses amigos, que fazem par-

te de minha família “Brasilcana-dense”, me conquistaram pouco

a pouco, do mesmo jeito que a grande cultura e alegria desse povo. Por isso, comecei a fazer minhas viagens por terras brasilei-ras. Passei a me envolver, assim, em uma relação sentimental com o Brasil, país que visitaria mais cinco vezes nos próximos sete anos depois daquela primeira vez. Essa relação, com o tempo,

ganhou um significado além do sentimental e se tornou em um grande projeto: vir ao Mundial de 2014 no Brasil. Então estar no país e trabalhar como free-lancer daqui para o México se transformou em rotina por três anos. A cada nova vinda tenta-va viajar e conhecer o máximo que podia, fazendo muitas novas amizades. A cada nova aventura, novas experiências. Tive a oportunidade de ganhar

um concurso na Alemanha para gravar um curta-metragem com câmeras GOPRO (que havia ga-nhando no Brasil em outro con-curso) e fazê-lo todo em uma se-mana. Então comecei a escrever, escolher músicas e a fazer toda a parte técnica que envolve o pro-cesso de pré-produção de qualquer filme. Falei sobre a ideia com meus amigos cariocas que já ha-viam trabalhado na área de produ-ção cinematográfica e embarquei para o Rio de Janeiro.No Rio, me reuni com minha

amiga e produtora Thuany, que

me indicou o grupo de atores Nós do Morro, da favela do Vi-digal. Fizemos uma seleção com eles, conseguimos uma mercea-ria para gravar as cenas e em dois dias, com um total de oito horas de trabalho, conseguimos finalizar as filmagens. Para ver o resultado, convido vocês a as-sistir ao curta-metragem no link: http://goo.gl/QjVXVN. A realização desse projeto sig-

nificou muito para mim, ainda mais por fazê-lo em um país que não era o meu, com tanta dedicação e esforço que o re-sultado foi divulgado no vídeo completo sobre o projeto, que compartilho com vocês aqui: http://goo.gl/qo67jb. Este ano minha aventura no

Brasil será outra, a começar por este texto e depois alguns ví-deos que me foram propostos pelo amigo e editor do Brasil Observer. A proposta veio no mês passado enquanto tomáva-mos algumas cervejas e comía-mos espetinhos de queijo coalho e costelinha: filmar a experiên-cia de um estrangeiro na Copa do Mundo do Brasil, mostrar a perspectiva de um latino sobre o que acontece no país da Copa fora dos canais comerciais. Eu, Miguelito, vou compartilhar essa aventura com vocês através das páginas do Brasil Observer na internet. Um prazer!

Miguelito está pronto para a Copa

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

HOLA! HELLO! OLÁ!O projeto CONECTANDO embarca em sua primeira aventura

cinematográfica: como será a experiência de um mexicano que está no Brasil para acompanhar a Copa do Mundo?

Por Miguel Martínez Nava

Page 15: Brasil Observer #12 - Portuguese Version

15brasilobserver.co.uk

Brasil Observer

GUIDEPHOTO: DIVULGATION

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Are you wondering how you’re going to be part of the Brazilian vibe in London during the World Cup? Brasil Observer has some tips on the best places to watch the games and where to enjoy the

green and yellow atmosphere >> Read on pages 16 and 17

Como curtir o clima brasileiro em Londres durante a Copa do Mundo? O Brasil Observer dá as melhores dicas de lugares para se divertir torcendo e assistindo aos jogos do Mundial na capital inglesa >> Leia nas páginas 16 e 17

Kick Off!

Page 16: Brasil Observer #12 - Portuguese Version

16 brasilobserver.co.uk

BRAZILIAN ATMOSPHERE SWEEPS ACROSS LONDON

FLORIPA

RICH MIX

THE CORONET

BRAZIL DAY

GUANABARA

MADE IN BRASIL

GRACE BAR

Located in the heart of East London, Flori-pa are bringing a carnival vibe to the city for the World Cup, with samba school dancers,

resident DJs, live music, food and Brazilian drinks. All of Brazil and England’s matches will be screened. http://goo.gl/HS3CMO.

With it’s special festival - Joga Bola! head to Rich Mix to see internationally renowned Brazilian label Mais Um Discos and London’s premier Latin music promo-ters Movimientos teaming up to present an eclectic line up of contemporary music.

There will also be a specially commissioned Brazilian street-art installation, independent film screenings, theatre and of course scre-enings of the games throughout this free summer festival during the World Cup from 12 June to 13 July. http://goo.gl/odmkG3.

Located in Elephant & Castle, the heart of London’s Latino community and with capacity for an audience of 1,500 peo-ple, The Coronet will open its doors two hours before the first match starts on on 12 June for audiences to watch capoeira

and samba while DJ’s play Brazilian mu-sic. All this and caipirinhas for £ 3.50, promise to make it a great party. Entry costs just £ 5 plus the voucher on page 22 of this edition gives you 50% off! http://goo.gl/Pfq3EN.

When the World Cup kicks off in Sao Paulo on 12 June in Sao Paulo a special event is taking place in Trafalgar Square. BRAZIL DAY is a free festival celebrating Brazil’s culture and passion for football. The event will include live music, DJs, dance lessons, capoeira and much more. It will climax with the powerful samba drums sy-nonymous with Rio’s carnival that will even have Admiral Nelson tapping his feet! The

celebration will not include a screening of the opening match between Brazil and Croa-tia, but a football zone will offer games and activities for all ages, including an inflata-ble football pitch and a photo booth with a life-size picture of the Brazilian national team. There’ll also be stalls selling typical Brazilian street-food and snacks, along with smoothies and soft drinks made from exotic Amazonian fruits. http://goo.gl/GKlLLE.

Guanabara promises to bring the atmos-phere of Copacabana beach to Covent Gar-den during the World Cup. The club will be screening every World Cup games and on match days for Brazil and England they’ll be creating the carnival spirit with live

Samba bands, capoeira performances and free style footballers. For the other matches they will be hosting London’s first ‘Silent’ World Cup - think Silent Disco but with Football. Tickets cost £5 - £10 and £17.50 for the final. http://goo.gl/bKpvDS.

In the centre of Camden, Made in Bra-zil are also getting into the spirit of the World Cup to bring a bit of Brazil to London. A diverse program of events

including School of Samba, capoeira and resident DJ’s will providing added enter-tainment on match days. Entry £5. http://goo.gl/rbiejB.

Watch all games on big screens in this 1000-capacity venue located one minute away from Piccadilly Circus. Open 7 days with football free-zones for those willing to have lunch or dinner in the Terrace Restaurant, let the hair down in Cocoa

Club with DJs, live entertainment, themed nights or follow the football action in Grace Bar with a very generous happy hour 4pm-8pm with up to 50% off drinks and drinks specials during Brazil matches. http://goo.gl/hTC7Bw.

The countdown to kick off has

entered its final stages for the

World Cup 2014. In London,

the flags of all countries playing

in Brazil have already made the pubs more

colourful. It’s hard not to get involved with international

football, it’s not just for only the

sport fanatics, but also those

occasional fans and a moment when everyone comes together

to celebrate football. To help

you plan your own footballing

party, Brasil Observer have

found the best tips and places where you can immerse

yourselves in Brazilian culture.

Page 17: Brasil Observer #12 - Portuguese Version

17brasilobserver.co.uk

ATMOSFERA BRASILEIRA SE ESPALHA POR LONDRES

FLORIPA

RICH MIX

THE CORONET

BRAZIL DAY

GUANABARA

MADE IN BRASIL

GRACE BAR

No lado leste de Londres, o Floripa promete celebrar a Copa com as vibrações do carnaval, com passistas de escola de samba, DJs, mú-

sica ao vivo e comidas e bebidas brasileiras. Todos os jogos do Brasil e da Inglaterra serão exibidos. Info: http://goo.gl/HS3CMO.

Joga Bola! - Festival da Cultura brasileira promovido pela Mais um Discos, Movimien-tos e Rich Mix apresenta uma line-up eclética de música brasileira contemporânea como Gil-les Peterson, Tulipa Ruiz, Graveola e Maga B. Além disso, haverá instalações de Street

Art, exibição de filmes independentes, teatro e telões transmitindo os jogos da Copa do Mundo. O evento é gratuito com programação durante todo o período do Mundial, entre os dias 12 de junho a 13 de julho. Para mais informações acesse http://goo.gl/odmkG3.

A casa em Elephant & Castle, um dos principais centros da comunidade latina em Londres, tem capacidade para um pú-blico de 1500 pessoas. No dia 12 de junho, vai abrir as portas duas horas an-tes do jogo entre Brasil e Croácia come-

çar. Com capoeira, passistas de escola de samba, DJs e caipirinha a £ 3,50, a festa promete! A entrada custa £ 5 e, com o voucher da pagina 22, você tem 50% de desconto! Mais informações: http://goo.gl/Pfq3EN.

Como você já sabe, a Copa do Mun-do inicia dia 12 de junho. Para marcar essa festa, a Tafalgar Square vai sediar o Brazil Day, festival gratuito para celebrar a cultura brasileira. A programação in-clui música ao vivo, DJs, aula de dança,

capoeira e muito mais. Também haverá barracas com comidas típicas brasileiras. O evento não vai transmitir o jogo de abertura entre Brasil e Croácia e acontece de 12pm a 7pm. Mais informações acesse: http://goo.gl/GKlLLE.

O Guanabara promete trazer o clima da praia de Copacabana para Covent Garden durante a Copa do Mundo. A casa vai exi-bir todos os jogos do Brasil e da Inglaterra.

Tudo acompanhado de DJs, bandas e esco-las de samba que vão aquecer o clima da festa. Os tickets custam £5 e £10, e £17.50 para a final. Info: http://goo.gl/bKpvDS.

No coração de Camden Town, o Made in Brasil também entrou no clima da Copa do Mundo para oferecer um pouco do Brasil aqui em Londres. Com pro-

gramação diversificada, escola de samba, capoeira e DJs, não vão faltar atrações para animar as partidas. Entrada £5. Mais informações: http://goo.gl/rbiejB.

O Grace Bar, localizado a poucos minu-tos de Piccadilly Circus, com capacidade para 1000 pessoas, vai transmitir todos os jogos em telões. O local abre todos os dias, com locais para assistir aos jogos e, para quem quiser almoçar ou jantar,

o local conta com o Terrace Restaurant, com DJ’s, musica ao vivo e happy hour (4pm-8pm). Desconto especial durante as transmissões dos jogos do Brasil, com até 50% de desconto. Mais informações: http://goo.gl/hTC7Bw.

A contagem regressiva para a bola rolar nos estádios da Copa do Mundo de 2014 finalmente chega ao fim. E as bandeiras de todos os países que participam do Mundial no Brasil já deixam os pubs de Londres mais coloridos. O clima envolve não apenas os fanáticos pelo esporte, mas também aqueles torcedores esporádicos. O momento é de celebração do futebol. Para você entrar no clima e sentir-se parte dessa festa, o Brasil Observer preparou algumas dicas de locais que prometem trazer um pouco da atmosfera brasileira com programação diversificada para você torcer e celebrar a cultura brasileira.

Page 18: Brasil Observer #12 - Portuguese Version

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GRINGO’S VIEW

THE HILL CAME DOWN O MORRO DESCEUPor Shaun Cumming

Estava andando pelas ruas do Rio de Janeiro. Do outro lado da avenida, a favela subia a en-costa de uma montanha muito íngreme. Decidi andar naquela direção. Nunca tinha visto uma favela antes. Era como olhar para outra civilização. Embora chocado com a pobreza, as construções eram impression-antes e bonitas. Sonhava acordado quando

uma bola de futebol quicou em minha frente. Rumo à favela havia um campo com traves de madeira. Meia-dúzia de crian-ças estavam jogando era delas aquela bola. O maior dos garotos correu

na minha direção. “Amigo”, ele disse, apontando para a bola. Peguei a bola e pulei o muro de dois metros que cercava o campo. Meu coração acelerou. O garoto mais alto voltou para a trave. Ele e as outras crian-ças buscavam as posições, clara-mente querendo que eu chutasse a bola. E foi o que eu fiz.Fiquei congelado observando

a cena. O garoto mais alto cor-reu de volta para mim, sorrindo. “Obrigado amigo”, disse ele. Ele tinha um cabelo afro preso para trás por uma bandana. Parecia ter 15 ou 16 anos. O resto pare-cia da mesma idade, mas eram de estatura menor.Ele olhou para mim com um

olhar curioso. “Você é grin-go?”, ele perguntou em inglês. Ele provavelmente percebeu a minha pele vermelha e a ig-norância de como me aproxi-mei do seu campo de futebol. “Sim”, eu respondi, agora su-ando mais do que o habitual. “Eu sou da Inglaterra”, falei. Eles pareciam confusos.“Nós jogamos futebol aqui.

Quer jogar também?”. Eu es-tava completamente chocado, mas aceitei jogar. Meus outros amigos brasileiros com certeza não aprovariam isso, eu pen-sei. Mas, com certeza, isso seria tranquilo - se quisessem me roubar, já teriam feito no momento em que toquei na bola a primeira vez.O garoto alto começou a ad-

ministrar a situação. Ele colo-

cou a mão no peito e disse: “Sou o Jorginho”. Eu disse o meu nome, mas, por mais que ele tenha tentado, foi inca-paz de sequer chegar perto de pronunciá-lo. “Ok, amigo, nós chamaremos você de gringo”.Passamos 10 minutos tocando

a bola ao redor do campo, que era seco, com poeira vermelha, duro e cheio de buracos. Eu fui superado pelas habilidades dos meninos. Eu jogava futebol desde muito novo, mas esses adolescentes tinham um talento natural para o futebol. O jogo foi disputado em

ritmo relâmpago. No ataque, eu simplesmente não podia acompanhar Jorginho e os outros, mas eles pareciam felizes com as minhas ha-bilidades de passar a bola. Jorginho era particularmente um excepcional jogador de futebol, marcando quatro gols impressionantes no processo.O calor era intenso, até mes-

mo para as crianças que de-veriam estar acostumada com isso. Após 40 minutos, mesmo com o campo na sombra, nós já estávamos encharcado de suor e com o placar com cinco gols para cada lado. Jorginho bateu no meu braço. Eu estava um pouco preocupado com o que pode acontecer a seguir. “Gringo, ótimo jogo. Eu preci-so perguntar uma coisa. Preciso aprender inglês para trabalhar na cidade. Eu quero trabalhar num hotel aqui no Rio de Ja-neiro – eles têm muitos gringos lá. Você pode me ensinar?”Isso soou uma fascinante

oportunidade. Aceitei. Demos um aperto de mãos. Os ga-rotos desapareceram do campo através de uma fileira de arbus-tos que levava até os prédios da favela. Voltei para casa.Em casa, fui para a cama

para uma soneca da tarde, pensando sobre a bizarra ex-periência de futebol com Jorginho e seus amigos da favela. O que era perigoso nestas crianças? Nada. A única coisa é que eles são mais po-bres do que eu. Fora isso, nós somos iguais. Na verdade, são superiores a mim em vários aspectos. São brasileiros.

By Shaun Cumming

I was walking through the streets of Rio de Janeiro. On the other side of the road, a favela climbed up the side of a very steep mountain. I decided to walk towards it. I was curious to pass right in front of the favela’s entrance. I’d never seen one before. It was like looking into another civilisation. While shocked at the poverty many live in, the buildings were also thorough-ly impressive and beautiful.I was daydreaming when a

football bounced on the pave-ment in front of me. Towards the favela, there was a flat, football pitch sized clearing. Half-a-dozen kids were play-ing and it was their ball.The tallest of the boys

ran towards me. “Amigo”, he said, pointing at the ball. I picked it up and jumped over the two-foot wall that bordered their pitch. My heart raced. The tall boy ran back to the goalposts. He and the other kids were all shuffling and pushing for position, clearly wanting me to kick the ball. I did.I stood frozen, surveying

the scene. The tallest kid jogged back towards me, smiling. “Obrigado amigo,” he said. He had a good head of bushy, afro hair, pinned back by a bandana. He looked around 15 or 16 years old. The rest looked around the same age.He looked at me with en-

quiring eyes. “You are grin-go?” he asked in English. He probably worked that out from my red skin, and ig-norance to have approached their football pitch. “Yes,” I replied, by now sweating more than usual, even consid-ering the blistering sunshine. “I am from England,” I said. They looked confused.“We play football here. You

like to play too?” he said. I was completely shocked, but agreed to play. My other Bra-zilian friends would certainly disapprove of this, I thought. The tall kid began to take

care of some administrat-ing. He put his hand on his chest. “I am Jorginho. It is my name,” he said. I told him my name. As much as he tried two or three times, he was unable to even come close to pronouncing it. “Ok, amigo, we call you gringo”.We spent 10 minutes pass-

ing the ball around on the surface of their pitch, which was dry, hard red dust, and littered with potholes. I was well outclassed by their skills. I’d played football since I was young, but these teenag-ers had a natural talent for tricks with a football.The game was played at

lightning pace. On the attack, I simply couldn’t keep up with Jorginho and the others, but they seemed happy with my passing skills. Jorginho was a particularly sensational football player, scoring four stunning goals in the process.The heat was debilitating,

even to these kids who should have been used to it. After 40 minutes, and even though the pitch was in shade, we col-lapsed in a ball of sweat at a score of five goals each side. Jorginho tapped my arm.

I was slightly worried about what might happen next. “Gringo. Great game. I need to ask something. I need to learn English to work in this city. I want work in a hotel here in Rio de Janeiro – they have a lot of gringos. Can you teach me?”This sounded like a fascinat-

ing opportunity. Again, I could see my other Brazilian friends disapproving. I agreed. We shook hands. The boys disap-peared off the pitch. I walked back home, exhausted.When at home, I went to

bed for an afternoon nap, thinking about the bizarre foot-ball experience with Jorginho and his friends. What was dangerous about these kids? Absolutely nothing. The only thing is they are poorer than I. Other than that, we are equals. If anything, they were superior to me in many ways. They are Brazilian

Este é um trecho do meu l ivro, The Hil l Came Down, no qual

Jorginho é o personagem principal. Para saber mais, visite www.

thebrazilblog.com ou fale comigo pelo twitter: @shaunalexc

This is an extract from my book, The Hil l Came Down, in which Jorginho is the main character. To f ind out more about the book, visit my www.thebrazilblog.com or chat to me on twitter: @shaunalexc

PHOTO: REPRODUCTION

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B R A Z I L I A N G O V E R N M E N T

Page 20: Brasil Observer #12 - Portuguese Version

More than millions of kilowatts of power every year, Itaipu brings forth incredible emotions in thousands of tourists who come visit the largest generator of clean renewable energy on the planet. Itaipu’s attractions were the first in Brazil to get the ISO 9001 quality seal. Besides, the Special Tour, a trip through the core of the power plant, has been chosen by the Ministry of Tourism and Fundação Getulio Vargas one of the best tours in the country. Make sure you come see us. The Itaipu power awaits you.

[email protected]

Information and reservations:

+55 45 3529-2892

The spillway may be closed due to technical or weather conditions.

Itaipu. One of Brazil’s premier tourist attractions.

Page 21: Brasil Observer #12 - Portuguese Version

More than millions of kilowatts of power every year, Itaipu brings forth incredible emotions in thousands of tourists who come visit the largest generator of clean renewable energy on the planet. Itaipu’s attractions were the first in Brazil to get the ISO 9001 quality seal. Besides, the Special Tour, a trip through the core of the power plant, has been chosen by the Ministry of Tourism and Fundação Getulio Vargas one of the best tours in the country. Make sure you come see us. The Itaipu power awaits you.

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Itaipu. One of Brazil’s premier tourist attractions.

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NINETEEN EIGHT-FOUR

A DIFFERENT WAY OF SEEING BRAZIL PARA INGLÊS VER E ENTENDERBy Ricardo Somera

The World Cup is coming (how many times do we have to write tFor years the world has been curious about Brazil. But many things unique to the country remain unexplored by the mainstream media. Taking this as a starting point, I am going to look at three host ci-ties where the England team are playing and tell you some things you might not know but which are important delineators of our culture. If you want to discuss these more or even share expe-riences of your travels during the World Cup, let’s chat on Twitter @souricardo.

AYAHUASCA IN MANAUS

Manaus, capital of Amazonas state, will host England’s debut match against Italy on 14 June. This region is known for its na-tural and cultural diversity, and one of the leading exponents of this culture is the ‘Santo Daime’ religious ritual that is based on ayahuasca - the sacramental use a drink with psychedelic charac-teristics.The ritual officially appeared

in the state of Acre in the early twentieth century. Ayahuasca is traditionally used in Peru, Ecua-dor, Colombia, Bolivia and Bra-zil by at least 72 different indi-genous tribes. Those who drink it say the experience takes you on a trip in the most intimate ways to reveal yourself. It is said to bring on visions, but it can also cause vomiting, diar-rhoea and psychological distress and is recommended to be taken only in the presence of a respec-ted shaman. www.visitamazonas.am.gov.br/site.

SAO PAULO RAILWAY

On 19 June the England team will face Uruguay in São Paulo. Little is said about it, but the largest city in Brazil was strongly influenced by the English, mainly through the São Paulo Railway Company, a private British com-pany who owned the first railway in the state, linking São Paulo and Jundiaí to the port of Santos.The company was nationalised

in 1946, but left one of the most beautiful buildings in São Paulo, Luz Station, was designed by the English architect Charles Henry Driver in the neoclassical style and inaugurated in 1901. Now a mu-seum of the Portuguese language this should be on the itinerary for any Brits headed to the city. www.museudalinguaportuguesa.org.br.

GOLD FROM MINAS

Belo Horizonte will host the match between England and Costa Rica on June 24. Rich in natural resources, the state of Minas Ge-rais was important in Brazil’s his-tory, but you night not know that it also played a part in Britain’s industrial development.As trade relations developed and

the Portuguese grew a fondness for fabrics weaved in Yorkshire, they didn’t pay for it with wine, but with gold from Brazil. This was reported by Eduardo Galeano in his seminal work The Open Veins of Latin America. Our colonisers took over 500 tons of gold from Minas and a good portion of that amount helped fund the industrial revolution in the UK. Nowadays the gold nuggets that the tourists will be able to get their hands on is Pão de Queijo - delicious cheese breads typical of this region. www.minasgerais.com.br/visite-minas.

By Ricardo Somera

Há anos o mundo está curioso sobre o Brasil. Certos temas, po-rém, são pouco explorados pela grande mídia. Por isso, tendo como ponto de partida as cidades que receberão os ingleses na primeira fase da Copa do Mundo, escrevo um pouco sobre três desses tópicos que são importantes delineadores de nossa cultura, dentro e fora do Brasil. Se você quiser debater mais, vamos pelo Twitter: @souricardo.

AYAHUASCA EM MANAUS

A cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas, vai receber a estreia da Inglaterra no dia 14 de junho, contra a Itália. A região Amazônica é conhecida mundial-mente pela sua diversidade natu-ral e cultural, e uma dos princi-pais expoentes dessa cultura é o Santo Daime, ritual religioso que tem como base o uso sacramental de uma bebida com características psicodélicas, a ayahuasca.

O ritual surgiu oficialmente no Estado do Acre no início do sécu-lo XX, mas há outras vertentes. A ayahuasca é utilizada tradicional-mente em países como Peru, Equa-dor, Colômbia, Bolívia e Brasil por pelo menos 72 diferentes tribos in-dígenas. Quem prova diz fazer uma viagem para os caminhos mais ínti-mos e reveladores de si. A planta é regulamentada para rituais religio-sos sem fins lucrativos, então não há motivos para visitar a Amazônia sem fazer essa descoberta. Descu-bra-se na floresta www.visitamazo-nas.am.gov.br/site.

SÃO PAULO RAILWAY

Dia 19 de junho os ingleses vão enfrentar o Uruguai na Arena Co-

rinthians, em São Paulo. Pouco se fala a respeito, mas a maior cida-de do país recebeu forte influência inglesa, principalmente através da São Paulo Railway Company, empresa privada britânica dona da primeira estrada de ferro do Estado, que ligava as cidades de Jundiaí e São Paulo ao porto de Santos, no litoral paulista.

A empresa foi nacionalizada em 1946, mas deixou um dos mais bo-nitos cartões postais de São Paulo, a Estação da Luz, que foi proje-tada pelo arquiteto inglês Charles Henry Driver em estilo neoclássi-co e inaugurada em 1901. O local é indispensável no roteiro turístico pela capital paulista, ainda mais por ter em seu prédio o Museu da Língua Portuguesa: www.museu-dalinguaportuguesa.org.br.

OURO DE MINAS

Belo Horizonte receberá no dia 24 de junho o jogo entre Inglaterra e Costa Rica. Além do rico futebol jogado por lá – basicamente por Cruzeiro e Atlético-MG –, outras riquezas daquela região do país foram corresponsáveis pelo desen-volvimento industrial da Inglaterra.

Não era com vinho que Portugal pagava pelos tecidos ingleses, mas com ouro, com o ouro do Brasil, relatou Eduardo Galeano no clás-sico “As Veias Abertas da América Latina”. De Minas Gerais nossos colonizadores tiraram mais de 500 toneladas de ouro e boa parte des-se montante ajudou a financiar o desenvolvimento da era industrial no Reino Unido. Hoje em dia o “ouro” que os gringos vão poder ver e provar na cidade é o pão de queijo, não tão valorizado como o metal, mas de valor inestimável para todo o brasileiro. Para co-nhecer mais Minas Gerais: www.minasgerais.com.br/visite-minas.

PHOTO: DIVULGATION

The impressive Luz Station in São Paulo

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NEW CANVAS OVER OLD

MATCHING FOOD WITH FOOTBALLBy Kate Rintoul

In the three years I have been with my boyfriend I have proba-bly watched more football than some people see in a lifetime. Our weekends in London were always bookended with Football Focus and Match of the Day on TV. Lu-ckily for us, I like football.That being said I do have my

limits, especially when we someti-mes have to plan our social lives around big games. But rather than begrudging the occasional football focussed Saturday, I decided to embrace them. As well as resear-ching the best places in London to watch football, I also found ways of making nights in front of the box more interesting - with food and drink themed to the game.My first dabble in the art of ma-

tching food with football was for the Champions League final betwe-en Chelsea and Bayern Munich in 2012. Although I was rooting for Chelsea, to try something new (and because my budget wasn’t up to ca-viar or whatever they eat in Chelsea) I cooked up a Bavarian feast. Not only was it fun sourcing the different ingredients - it opened up new pros-pects: I discovered a great German food stall (in Bromley of all places) and the joys of creamy, floral wheat beers, which have become a firm football favourite in our house.Feeling inspired, when the Euros

rolled around a few weeks later, I quickly set about choosing a ‘coun-try to cook’. I tried to pick ones that weren’t too familiar to keep trying new dishes and techniques and it really did bring an added element of fun to the tournament.So with the biggest World Cup

in years just weeks away, I have upped my game and I am challen-ging myself to cook different na-tional cuisines for every day of the competition and raise some money for a good cause along the way.So what was once a novel

way of trying new recipes and making football more interesting has now become a full-on chal-lenge as I will be raising money for the Action for Brazil’s Chil-dren Trust who support grass-roots community projects.Here are the rules of Coma

na Copa:1) For every day there are ma-

tches I will choose one or two countries and prepare food and drink that’s reflec-tive of their culture.

2) I will source recipes from in-dependent blogs to support other writers and gain a more insightful perspective from native cooks.

3) The food will be reflective of local home cooking. I am not going to set ridiculous tasks like the Courtesan au Chocolat when France play.

4) I will document the process, in-cluding the reactions of friends and family who try the food.

Football and good food are a pretty good match, both take a lit-tle bit of dedication but when thin-gs go well can deliver satisfying results so I’m going to make like Gordan Ramsay and start cooking my way through the cup!I will be asking for people to

sponsor me through Givey, visit https://www.givey.com/katerintoul to see how I’m doing and to donate - you never know there might be a dinner in it for you!

THE RECIPE IDEAS

Here’s some of the recipe ideas I ’ve had for the opening games, tweet me to tell me which one you think I should do @katerintoul #comedocopa

12 June: Brazil Vs Croatia (Classic Caiprinhas or stuffed Courgette in tomato sauce)

13 June: Spain Vs The Netherlands (Hake with Galician Ajada Sauce or Dutch Meatballs in Gravy)

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COMBINANDO COMIDA COM FUTEBOL Por Kate Rintoul

Nesses três anos estou com meu namorado, provavelmente assisti a mais jogos de futebol do que al-gumas pessoas assistiram na vida toda. Nossos finais de semana em Londres eram sempre acompanha-dos de partidas na TV. Para nossa sorte, gosto de futebol.No começo tinha minhas dificul-

dades, especialmente quando preci-sávamos planejar nossa vida social em torno dos grandes jogos. Mas, em vez de odiar o futebol de sá-bado, eu decidi abraçá-lo. Além de pesquisar os melhores lugares em Londres para assistir ao futebol, também encontrei maneiras de fa-zer as noites em frente à televisão mais interessantes - com comidas e bebidas temáticas para os jogos.Minha primeira experiência na

arte de combinar comida com o futebol foi no final da Champions League entre Chelsea e Bayern Mu-nich, em 2012. Embora eu estivesse torcendo para o Chelsea, para tentar algo novo (e porque meu orçamento não dava para caviar ou o que co-mem em Chelsea) eu cozinhei um banquete da Baviera. Não apenas porque foi divertido procurar os diferentes ingredientes – isso abriu novas perspectivas: descobri uma excelente loja de culinária alemã e o me diverti com as cremosas cer-vejas de trigo florais. Sentindo-me inspirada, quando a

Eurocopa chegou algumas semanas mais tarde eu rapidamente defini a modalidade “um país para cozinhar”. Tentei pegar aqueles com os quais não tinha muita familiaridade para tentar novos pratos e técnicas que realmente trouxessem um elemento adicional de diversão para o torneio.

Então, com a maior das Copas do Mundo chegando, me desafiei a experimentar a culinária de dife-rentes nacionalidades durante todos os dias de competição e arrecadar fundos para uma boa causa.Assim, o que antes era uma di-

vertida maneira de experimentar novas receitas e tornar o futebol mais interessante se tornou em um desafio: agora eu estou arrecadan-do dinheiro para a ONG Action for Brazil’s Children Trust, que apoia projetos comunitários.Aqui vão as regras do Come

na Copa:1) Para todos os dias que tiver jo-

gos, vou escolher um ou dois países e preparar um prato e be-bida que reflitam a cultura deles.

2) Vou buscar diferentes receitas de blogs independentes para apoiar os blogueiros e ter uma perspec-tiva fiel dos cozinheiros nativos.

3) A comida vai refletir a culi-nária do cotidiano das casas. Eu não vou escolher Cour-tesan au Chocolat quando a França jogar.

4) Vou documentar o processo, incluindo a reação dos amigos e familiares que provarem a comida.

Futebol e boa comida fazem um jogo muito bom. Ambos exigem um pouco de dedicação, mas quan-do as coisas vão bem podem pro-duzir resultados satisfatórios, então eu vou fazer como Gordan Ramsay e começar a cozinhar do meu jeito nesta Copa!Pedirei para as pessoas patroci-

narem a ideia através do site Gi-vey; visite www.givey.com/katerin-toul para saber como estou fazendo e também como doar – você nunca sabe ganhar de jantar!

THE RECIPE IDEAS

14 June: England Vs Italy (Mini battered fish and chips or Courgette and spinach cake)

15 June: France Vs Honduras (Crispy cod with braised peas or Tapado Pescado)

16 June: Germany Vs Portugal (Düsseldorfer pork chops or chicken baked in wine and tomato)a

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