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___________________________________________________________________________ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEPEL COORDENADORIA DE ENGENHARIA ELÉTRICA COELE Eficiência Energética no Controle de Vazão de Ar para Combustão de Caldeiras Aluno: Gabriel de Oliveira Papa Matrícula: 0909557-8 Professora Orientadora: Dra. Teresa Cristina Bessa Nogueira Assunção São João Del Rei 2015

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___________________________________________________________________________

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEPEL

COORDENADORIA DE ENGENHARIA ELÉTRICA – COELE

Eficiência Energética no Controle de Vazão de Ar para Combustão de Caldeiras

Aluno: Gabriel de Oliveira Papa

Matrícula: 0909557-8

Professora Orientadora: Dra. Teresa Cristina Bessa Nogueira Assunção

São João Del Rei

2015

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___________________________________________________________________________

Eficiência Energética no Controle de Vazão de Ar para Combustão de Caldeiras

___________________________________

Aluno: Gabriel de Oliveira Papa

_______________________________________________

Orientador: Dra. Teresa Cristina Bessa Nogueira Assunção

São João Del Rei

2015

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AGRADECIMENTOS

Aos meus educadores de ofício e de vida, sem os quais a construção do saber e do ser

seria improvável. À Rhodia Solvay Group por possibilitar o ambiente de integração entre teoria

e prática. E, em especial à Dra. Teresa pela destreza e comprometimento durante a orientação

deste trabalho.

Page 4: Dissertation - Portuguese version

RESUMO

Os motores elétricos de média tensão que acionam os ventiladores do sistema de ar para

combustão de uma planta geradora de vapor são grandes consumidores de energia elétrica. A

vazão do sistema de ar é controlada por válvulas damper no lado de sucção dos ventiladores.

Nessas condições, mesmo subcarregado o motor elétrico demanda potência ativa próxima da

demanda para carregamento nominal.

O principal foco deste trabalho é a substituição do controle por válvulas damper pelo

controle da velocidade, para proporcionar eficiência energética com a redução do consumo de

energia elétrica na produção de ar para combustão.

A justificativa para a implementação do novo controle será feita através das medições

dos parâmetros do sistema de ar com variação de carga para a geração de vapor da planta, nos

limites atuais de operação.

A partir dos parâmetros estabelecidos e registrados nos testes, foi possível utilizar a lei

de afinidade dos ventiladores para estabelecer a demanda de potência a partir da variação de

rotação do ventilador pelo controle da velocidade.

As ferramentas estatísticas de correlação de variáveis e regressão linear são os

parâmetros analisados para definir a demanda de potência do sistema de ar em todas as faixas

de variação de carga da planta geradora de vapor d’água. Podendo então, ser modelado o

consumo de energia elétrica atual e do sistema com o novo método de controle de vazão de ar,

e efetivamente comprovar a redução por comparação entre os métodos de controle.

Palavras Chave: Motores Elétricos, Média Tensão, Planta Geradora de Vapor, Sistema

de Ar, Válvulas Damper, Potência Ativa, Lei de Afinidade de Ventiladores, Controle de

Velocidade, estatística.

Page 5: Dissertation - Portuguese version

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fatias de geração de energia elétrica por fonte no Brasil – Jan/Mar 2015. .................7

Figura 2: Sistema de geração de vapor simplificado de caldeira flamotubular. ....................... 10

Figura 3: Sistema de geração de vapor simplificado de caldeira aquatubular.......................... 10

Figura 4: Planta Geradora de Vapor. ..................................................................................... 11

Figura 5: Rede Elétrica de Alimentação da Instalação. .......................................................... 12

Figura 6: Fluxograma do sistema de combustão .................................................................... 14

Figura 7: Perfil de carga de ar de combustão do sistema gerador de vapor. ............................ 18

Figura 8: Relação de Vapor Produzido e Ar para Combustão. ............................................... 19

Figura 9: Curva de Potência Motor de Indução 1. .................................................................. 22

Figura 10: Curva de Potência Motor de Indução 2. ................................................................ 23

Figura 11: Demanda de Potência Ativa por controle de velocidade motor 1. .......................... 29

Figura 12: Demanda de potência ativa por controle de velocidade motor 2. ........................... 29

Figura 13 Relação de linearidade das variáveis vazão de ar e rotação. ................................... 31

Figura 14: Regressão Linear e Equação da Reta MIT 1. ........................................................ 33

Figura 15: Regressão Linear e Equação da Reta MIT 2 ......................................................... 34

Figura 16: Relação de Vazão de ar e demanda de potência ativa MIT 1. ................................ 35

Figura 17: Relação de Vazão de ar e demanda de Potência ativa MIT 2. ................................ 35

Figura 18: Curva teórica dos ventiladores 1 e 2. .................................................................... 38

Figura 19: Custo da energia elétrica por modalidade de consumidor. ..................................... 39

Figura 20: Consumo de Energia Elétrica.. ............................................................................. 41

Figura 21: Custo de com energia elétrica............................................................................... 42

Page 6: Dissertation - Portuguese version

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados Característicos dos Motores de Indução. ..................................................... 14

Tabela 2: Dados dos Ventiladores de Tiragem. ..................................................................... 15

Tabela 3: Características Nominais da caixa de ar. ................................................................ 15

Tabela 4: Características do Vapor Gerado. .......................................................................... 15

Tabela 5: Frequência de produção de ar para combustão no ano. ........................................... 17

Tabela 6: Perfil de operação do sistema de ar de combustão. ................................................. 17

Tabela 7: Matriz de Teste de Variação de Carga do Sistema de Vapor. .................................. 20

Tabela 8: Demanda de Potência Ativa por Faixa de Carga..................................................... 21

Tabela 9: Velocidade de rotação necessária por demanda de vazão de ar. .............................. 27

Tabela 10: Demanda de potência ativa por controle de velocidade ........................................ 28

Tabela 11: Variação da rotação por intervalo de carga de geração de ar. ................................ 32

Tabela 12: Demanda de potência por faixa de rotação ........................................................... 34

Tabela 13: Comparativo da demanda de potência ativa. ........................................................ 37

Tabela 14: Consumo anual de energia elétrica. ...................................................................... 40

Tabela 15: Custo do consumo de energia elétrica. ................................................................. 42

Tabela 16: Custos Projeto ..................................................................................................... 43

Page 7: Dissertation - Portuguese version

Sumário

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................................7

2. SISTEMAS GERADORES DE VAPOR - CALDEIRAS ........................................................8

2.1. Classificação de caldeiras ..................................................................................................9

2.1.1. Caldeiras Flamotubulares..........................................................................................9

2.1.2. Caldeiras Aquatubulares ........................................................................................... 10

3. A PLANTA GERADORA DE VAPOR ............................................................................................. 10

3.1. Generalidades do sistema de ar para combustão ............................................................ 13

3.2. Características dos componentes do sistema de combustão ........................................... 13

3.2.1. Motores de indução trifásicos .................................................................................. 14

3.2.2. Ventiladores ............................................................................................................. 15

4. HISTOGRAMA DE OPERAÇÃO ................................................................................................... 16

4.1. Matriz de leituras de vazão do sistema de ar .................................................................... 16

5. TESTES DE VARIAÇÃO DE CARGA DO SISTEMA GERADOR DE VAPOR ............... 19

5.1. Considerações sobre a rotina de testes de carga ............................................................. 19

5.2. Análise da cadeia de medidas .......................................................................................... 20

5.3. Curvas de Vazão de Ar e demanda de Potência ativa por controle de dampers ............ 22

6. CONVERSORES DE FREQUÊNCIA DE MÉDIA TENSÃO .............................................. 24

7. DEMANDA DE POTÊNCIA ATIVA DOS MOTORES POR CONTROLE DE

VELOCIDADE DE ROTAÇÃO .................................................................................................... 25

7.2. Demanda de potência ativa com variação de velocidade em função da carga ............... 26

8. ANÁLISE ESTATÍSTICA DO COMPORTAMENTO DO SISTEMA DE AR COM

VARIAÇÃO DA CARGA DE VAPOR .......................................................................................... 29

8.1. Regressão linear de vazão de ar (X) e velocidade de rotação (Y) ................................... 30

8.2. Regressão Linear da velocidade de rotação e Potência ativa ......................................... 32

8.3. Análise de regressão linear para operação com damper................................................... 34

8.4. Redução da demanda de potência ativa entre os métodos .............................................. 36

8.5. Verificação da demanda de potência ativa pela curva teórica do ventilador................. 37

9. RELAÇÃO DE ECONOMIA DE ENERGIA ELÉTRICA EMPREGANDO OS MÉTODOS

DE CONTROLE POR DAMPER E VARIAÇÃO DE VELOCIDADE ........................................ 39

10. ANÁLISE DE CUSTO DOS RESULTADOS .................................................................... 42

11. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 43

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS .................................................................................. 44

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Page 9: Dissertation - Portuguese version

7

1. INTRODUÇÃO

Eficiência energética na indústria proporciona a otimização de processos e redução de

custos. Sendo cada vez mais, um fator importante para garantir a sustentabilidade dos negócios.

Atualmente, a preocupação com o consumo de energia elétrica é ainda maior, pois, a

escassez de recursos hídricos para a geração, influência diretamente no custo final da energia

elétrica para o consumidor.

Segundo, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a maior fonte geradora de

energia elétrica no Brasil é proveniente de hidrelétricas, ou seja, estas são responsáveis pela

geração de 72,2% da capacidade total instalada, e os outros 27,8% da geração são provenientes

de outras fontes, como mostrado na Figura 1 (ANEEL, 2015).

Figura 1: Fatias de geração de energia elétrica por fonte no Brasil – Jan/Mar 2015.

No setor industrial as máquinas rotativas representam uma parcela considerável de

consumo de energia elétrica. Os motores que acionam os ventiladores de ar para combustão da

caldeira, e que compõem o sistema gerador de vapor estudado neste trabalho consomem 3006,7

MW/ano.

O controle de velocidade por conversores de frequência é um método eficiente que

contribui para a redução do consumo de energia elétrica. Os conversores atuam na modulação

da tensão e frequência de rede para regular a velocidade de acordo com o carregamento do

motor.

Alguns fabricantes disponibilizam softwares para a simulação de seus conversores

(Siemens, ABB, Allen-Bradlay). No entanto, apenas o input de dados do sistema no software,

sem conhecimento da arquitetura de simulação, não é uma medida justificável de investimentos

para projetos de qualquer origem. É função do gestor de projetos ou do projetista, apresentarem

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8

estimativas de tempo, custo ou recursos técnicos, correlacionando cada detalhe e precisão das

estimativas com o nível de certeza de sucesso associados.

Em investimentos para alterações de processos deve ser especificada a taxa de retorno

por intervalo de tempo, ou seja, o payback, que é um dos parâmetros para a aprovação financeira

do projeto. Em qualquer modificação de métodos ou processos é necessária a verificação da

vantagem técnica e econômica da alteração. Em suma, a mudança deve ser no mínimo

economicamente viável e operacionalmente possível.

Outro parâmetro importante na alteração de processos instalados é que não se deve

alterar um sistema com perda de confiabilidade do processo. Confiabilidade é a probabilidade

de um componente, equipamento ou sistema exercer a sua função sem falhas, por um período

de tempo previsto, em condições de operação especificadas.

2. SISTEMAS GERADORES DE VAPOR - CALDEIRAS

Plantas de geração de vapor apresentam características construtivas robustas e

complexas. Em aplicações de cargas elevadas, o sistema de geração de vapor é feito de acordo

com o processo de fabricação, como é o caso de caldeiras de grande porte.

Quando há uma manutenção e inspeção constante dos equipamentos principais, ou seja,

da caldeira e periféricos, essas plantas operam por décadas, apenas com modificações

relacionadas a características de atualizações de processo, substituição de equipamentos

periféricos e eficiência do sistema gerador de energia térmica, permanecendo inalteradas as

suas principais características construtivas.

Basicamente, um sistema gerador de vapor é composto por uma câmara de combustão,

caldeira e forno. Agregados à caldeira ficam os equipamentos periféricos de maior relevância,

como os desaeradores de água de alimentação, bombas, e ventiladores de tiragem.

Uma caldeira pode ser entendida como um trocador de calor complexo que produz vapor

a partir de energia térmica (combustível), ar e fluído com capacidade de vaporização. É

constituída por diversos equipamentos associados, perfeitamente integrados, para permitir a

obtenção de maior rendimento térmico (Pera, 1966).

Devido às variações dos modelos de operação de plantas industriais ao longo do tempo,

menor demanda do consumidor final, trocas e mudanças nos processos, os equipamentos

instalados podem ser insuficientes, ou tornam-se sobredimensionados para as mesmas

operações. Isso em geral, pode ser observado nas grandes plantas geradoras de vapor, onde

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9

dimensionamentos superiores ao necessário caminham na direção inversa de sistemas que

operam eficientemente.

Para os motores elétricos que acionam os ventiladores, não há controle de variação de

velocidade em sincronia com a produção de carga de vapor da caldeira. Os motores operam na

frequência nominal da rede elétrica, portanto, demandam para cargas baixas de vapor, uma

potência elétrica acima da necessária.

A aplicação de conversores de frequência nos motores para controle de vazão de ar,

reduz a perda de carga do sistema, dispensando o uso do damper. Mas, principalmente regula

a rotação do motor de acordo com a necessidade do sistema de ar de combustão, criando um

regime de trabalho para cada condição de operação, diminuindo o custo operacional da planta

de vapor pela redução do consumo de energia elétrica dos motores elétricos de indução.

2.1. Classificação de caldeiras

Ao longo da evolução tecnológica das aplicações industriais e de métodos mais eficazes

de geração de energia térmica, surgiram diversos tipos de caldeiras, classificadas de acordo com

características específicas: tipo de uso; níveis de pressão de vapor gerado; composição;

tamanho; líquido dos tubos; formato e posição dos tubos; sistema da fornalha; fonte geradora

de calor; tipo de combustível; sistema de circulação; posição dos queimadores; sistema da

fornalha; características construtivas gerais; registro de fabricantes e de acordo com

características especiais (Shields, 1978).

Uma maneira prática e comum de classificar caldeiras é relacionar a forma de geração

de vapor na fornalha, conforme a circulação do fluído em seu interior, sendo denominadas

aquatubulares e flamotubulares.

2.1.1. Caldeiras Flamotubulares

Nesse tipo de caldeira, ilustrada na Figura 2, os gases quentes da combustão circulam

dentro de tubos que passam imersos em reservatórios de água, aquecendo-a para a geração de

vapor. São caldeiras que apresentam coeficientes de eficiência de combustão baixos, e em geral,

são para aplicações em pequenas instalações e pressões baixas de trabalho. O combustível para

queima pode ser carvão, gás ou óleo (Manuais Elektro de Eficiência Energética, 2014).

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10

Figura 2: Sistema de geração de vapor simplificado de caldeira flamotubular.

2.1.2. Caldeiras Aquatubulares

Nesse tipo de caldeira acontece o inverso da flamotubular, ou seja, a queima do

combustível na fornalha vaporiza a água que circula por entre os tubos, como na Figura 3. As

caldeiras aquatubulares tem um custo médio de instalação duas vezes maior que as

flamotubulares. No entanto, a aplicação para esse tipo de caldeira permite temperaturas de

vapor superiores a 450°C e pressões de trabalho superiores a 60 Kgf/cm² (Manuais Elektro de

Eficiência Energética, 2014)

Figura 3: Sistema de geração de vapor simplificado de caldeira aquatubular.

3. A PLANTA GERADORA DE VAPOR

Para estabelecer o grau de complexidade da planta geradora de vapor, e delimitar os

limites do estudo focado na eficiência da geração de ar para combustão das caldeiras, é

apresentado na Figura 4, o diagrama funcional do vapor gerado, os níveis de pressão de trabalho

e as respectivas linhas de distribuição do vapor.

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11

Figura 4: Planta Geradora de Vapor.

O vapor gerado nas caldeiras pode circular por dois caminhos para atender as

necessidades dos processos de fabricação. O primeiro fornece vapor de 90 kgf/cm² para a

turbina a vapor, denominada TG III na Figura 4, para produção de energia elétrica acionando

um gerador de capacidade de 10 MW, e reduzindo o nível de pressão do vapor gerado para 40

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12

e 6,5 Kgf/cm². Ou, o segundo caminho, que passa por válvulas redutoras localizadas nos postos

de redução até os coletores, gerando os níveis de pressão de 40, 14, e 6,5 kgf/cm³.

O fornecimento de energia elétrica para a da planta depende da rede de distribuição da

Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), que chega por duas linhas diferentes, e da geração

de energia elétrica do turbo gerador TG III, que opera em paralelo com a rede. Os níveis de

tensão são rebaixados na subestação a níveis de tensão de alimentação dos equipamentos

instalados na Unidade, conforme o esquema da Figura 5.

Figura 5: Rede Elétrica de Alimentação da Instalação.

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13

3.1. Generalidades do sistema de ar para combustão

O sistema de combustão é formado por duas partes: a primeira é responsável por

fornecer gás combustível (GLP ou Gás Natural) para que a queima seja plena. A segunda, e

objetivo principal deste estudo, fornece ar para combustão do gás em quatro queimadores tipo

maçarico, instalados na câmara de combustão da caldeira. A vazão de ar é regulada pelo grau

de abertura dos dampers de entrada na sucção dos ventiladores de tiragem forçada.

O princípio de funcionamento consiste em insuflar o ar ambiente pelos ventiladores e o

conduzir por dutos à caixa de ar dos queimadores para alimentar a combustão. O gás

combustível é levado por tubulações até os queimadores tipo maçarico, e misturado com o ar

através do sistema de ignição elétrica dos maçaricos, ocorrendo a combustão.

Por ser a caldeira do tipo aquatubular, a fornalha é composta por paredes de água que

são irradiadas pelo calor da queima e absorve calor. Os gases resultantes da combustão são

conduzidos por entre os dutos que formam a parede de água, e em um sistema de circulação

contínuo passam pelos tubulões superior e inferior. O vapor gerado no tubulão superior é de

baixa umidade, alta temperatura (510° Celsius) e pressão de 90kgf/cm².

Na Figura 6 é ilustrado o diagrama intuitivo e simplificado do sistema de ar de

combustão da caldeira e da câmara de combustão, onde efetivamente acontece a queima. A

redução no consumo de energia elétrica está focada na parte de geração de ar, composta pelos

motores de indução 1 e 2 que acionam, respectivamente, os ventiladores 1 e 2 e a caixa de ar.

Especificamente, a substituição do método de controle abrange os motores elétricos e dispensa

a utilização dos dampers.

3.2. Características dos componentes do sistema de combustão

Na Figura 6 é mostrado que o sistema é espelhado, ou seja, um lado tem exatamente as

mesmas características de projeto do outro, apesar do sistema de ar ser único, depende de dois

motores de indução e dos dois ventiladores, que juntos fornecem o ar de combustão para atender

a demanda da caldeira do sistema gerador de vapor.

Page 16: Dissertation - Portuguese version

14

Figura 6: Fluxograma do sistema de combustão

3.2.1. Motores de indução trifásicos

Os motores elétricos de indução são idênticos, foram instalados na mesma época e

possuem as mesmas características construtivas, conforme apresentadas na Tabela 1. No

entanto, tratando-se de máquinas rotativas instaladas em ambiente industrial de grande

agressividade, as características atuais, intrínsecas, de cada conjunto motor elétrico e ventilador

dependem do desgaste de cada elemento, e a investigação deste desgaste exige maior

detalhamento e mão de obra para o desmonte dos motores. Mas, isso não será tratado neste

trabalho, pois, a alteração vai ser feita no método de controle de vazão e os motores serão

mantidos.

Tabela 1: Dados Característicos dos Motores de Indução.

Fabricante G.E – General Electric

Modelo Custom 8000 29.4014.298

Carcaça B2885

Classe de Isolamento B (ABNT F/B)

Número de polos 4

Potência Nominal 300 cv / 224 KW

Velocidade de Rotação 1780 rpm

Frequência de Rede (alimentação) 60 Hertz

Fator de Potência 0,92

Rendimento 89%

Damper 1 Damper 2

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15

3.2.2. Ventiladores

Os ventiladores são acionados por motores de indução e possuem as mesmas

características de projeto, conforme a Tabela 2. No entanto, assim como os motores, as

características atuais dependem das condições de operação.

Tabela 2: Dados dos Ventiladores de Tiragem.

Fabricante CBC Indústrias Pesadas S/A

Tipo Centrífugo

Modelo AL – R137 SWSI

Vazão Nominal 86400 m³/hora

Velocidade de Rotação 1780 rpm

Damper Radial

Acoplamento do eixo mecânico Direto

3.2.3. Caixa de ar

A caixa de ar do sistema de combustão é composta pela união da descarga individual de

ar de cada ventilador. Nesse ponto o ar é conduzido por dutos até a câmara de combustão da

caldeira e tem características à plena carga definidas em testes do fabricante, conforme a Tabela

3.

Tabela 3: Características Nominais da caixa de ar.

Vazão Nominal 124031 m³/h

Vazão de Ar a Plena Carga 103100 m³/h

Pressão a plena carga 340 mmca ou 3321,8 N/m²

Pressão performance a 110% de carga 410 mmca ou 4005,7 N/m²

3.2.4. Características do vapor gerado

A capacidade máxima de geração da planta é de 125 ton/hora de vapor, as características

de pressão de trabalho e temperatura permanecem inalteradas, independente da carga de

geração da planta. Na Tabela 4 são mostradas as características nominais obtidas em testes de

desempenho do vapor gerado, segundo o fabricante.

Tabela 4: Características do Vapor Gerado.

Vazão Nominal 125 ton/hora

Pressão de Trabalho 90 kgf/cm²

Temperatura do vapor 510° C

Page 18: Dissertation - Portuguese version

16

4. HISTOGRAMA DE OPERAÇÃO

Estatisticamente o histograma é um gráfico de barras para dados numéricos em grupos,

no qual as frequências ou porcentagens de cada grupo de dados são representadas por barras

verticais individuais (Levine et al, 2008).

A criação do histograma de operação é importante, pois possibilita a análise detalhada

do regime de trabalho da planta industrial ao longo do ano, e facilita o entendimento das faixas

de trabalho, e as respectivas frequências de operação em níveis diferentes de carga.

Esse é o primeiro passo para definir se realmente é viável alterar o modelo de operação

atual, como por exemplo, usar conversores de frequência para o controle da velocidade de

rotação e modulação da tensão e frequência da rede elétrica, permitindo economia de energia

para regimes de trabalho com capacidade inferior à da planta.

O histograma de operação é obtido das leituras de vazão de ar para combustão, que são

realizadas periodicamente ao longo do ano, com o funcionamento ininterrupto do sistema

gerador de vapor, ou seja, 8760 horas por ano.

4.1. Matriz de leituras de vazão do sistema de ar

O sistema de ar é formado pela contribuição individual dos ventiladores, que insuflam

o ar atmosférico e conduzem para a caixa de ar, onde suas capacidades de vazão se somam,

mantendo a pressão estática. As leituras de vazão de ar são feitas por medidores de vazão

intrusivos, e a pressão é calculada pela diferença de pressão entre a descarga na caixa de ar e a

atmosférica insuflada pelo lado de sucção dos ventiladores.

Como os ventiladores têm características construtivas idênticas, foram instalados e

colocados em operação na mesma data, operam sempre em paralelo, e a perda de carga do

sistema dos dutos de ventilação é a mesma para os dois, pode-se assumir de maneira assertiva

que, a contribuição de cada máquina rotativa para o sistema de ar de combustão representa a

metade do total medido.

Os dados obtidos representam 976 medidas válidas, e conforme (1), é feita a relação da

vazão total medida e vazão individual de cada ventilador por faixa de carga, de 10% a 100% da

capacidade nominal. Cada faixa de geração de vapor tem uma demanda específica de ar de

combustão, conforme a Tabela 5, demonstrando a contribuição de cada ventilador para a

geração do ar de combustão.

Page 19: Dissertation - Portuguese version

17

Tabela 5: Frequência de produção de ar para combustão no ano.

VAZÃO DE AR [%] 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

VAZÃO DE AR [m³/h] 5155 10310 15465 20620 25775 30930 36085 41240 46395 51550

FREQUÊNCIA DE

MEDIDAS 0 0 8 148 400 330 64 10 5 0

𝑸𝒗𝒆𝒏𝒕𝒊𝒍𝒂𝒅𝒐𝒓 =𝑸𝒎𝒆𝒅𝒊𝒅𝒐

𝟐 𝒙 𝒇𝒂𝒊𝒙𝒂 𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂 [

𝒎³

𝒉] (1)

Sendo: 𝑸𝒗𝒆𝒏𝒕𝒊𝒍𝒂𝒅𝒐𝒓: Vazão individual de cada ventilador [𝒎³

𝒉]; 𝑸𝒎𝒆𝒅𝒊𝒅𝒐: Vazão medida

na caixa de ar [𝒎³

𝒉]; 𝒇𝒂𝒊𝒙𝒂 𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂: Variação da carga de geração de ar de combustão e

vapor 10% a 100%.

O número de medidas é relacionado ao somatório de horas do ano, ou seja, 8760,

conforme (2), para a criação do perfil de horas operadas em cada faixa de vazão de ar para

combustão, e os resultados são apresentados na Tabela 6.

𝑯𝒐𝒓𝒂𝒔𝒐𝒑𝒆𝒓𝒂çã𝒐 =𝑭𝒇𝒂𝒊𝒙𝒂

𝟖𝟕𝟔𝟎[𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔] (2)

Sendo: 𝑯𝒐𝒓𝒂𝒔𝒐𝒑𝒆𝒓çã𝒐: Horas de operação em cada faixa de carga de 10% a 100%;

𝑭𝒇𝒂𝒊𝒙𝒂

𝟖𝟕𝟔𝟎: Relação do número de medidas em cada faixa de operação de 10% a 100%

Tabela 6: Perfil de operação do sistema de ar de combustão.

VAZÃO 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% TOTAL

Horas/ano 0 0 0 73 1344 3631 2996 581 91 45 8760

Na Figura 7 são apresentados os dados resumidos das medições ao longo do ano, e

indicam que é tecnicamente interessante prosseguir com o estudo de instalação dos conversores

de frequência nos motores dos ventiladores, pois a moda do regime de operação do sistema

gerador de vapor é de 50% a 70% da carga nominal.

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18

Figura 7: Perfil de carga de ar de combustão do sistema gerador de vapor.

O sistema de ar segue a produção de vapor, mesmo que em proporções diferentes, pois,

as faixas de trabalho do sistema de ar são sempre as mesmas do vapor gerado. Há um fator de

segurança chamado excesso de ar, que consiste na mistura de combustível e ar para combustão,

sendo essa dosagem feita pelo automatismo do controle.

No acendimento da caldeira o sistema físico dosa primeiro o combustível e depois o ar,

e eleva a carga até o nível de produção de vapor desejado. Quando a carga da caldeira é reduzida

a níveis mais baixos ou até o nível zero, a relação é inversa, e o automatismo corta o

combustível, e posteriormente o ar.

Na Figura 8 é mostrada a relação entre vapor produzido e ar para combustão gerados no

período de 2014. A relação, apesar de não linear é verificada que a faixa de trabalho da planta

está entre 40% e 60%. Como o sistema de controle de vazão de ar é feito por válvulas damper,

que provocam perda de carga no sistema, e mantém a demanda de potência ativa praticamente

constante para todas as faixas de trabalho, há em média um percentual de demanda de potência

ativa dos motores 50% superior da necessária para operar a planta nessa faixa de carga.

0 0 0 73

1344

3631

2996

581

91 45

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

ho

ras

Vazão

HISTOGRAMA DE AR DE COMBUSTÃO

Page 21: Dissertation - Portuguese version

19

Figura 8: Relação de Vapor Produzido e Ar para Combustão.

5. TESTES DE VARIAÇÃO DE CARGA DO SISTEMA GERADOR DE VAPOR

5.1. Considerações sobre a rotina de testes de carga

Os testes de campo são fundamentais para a análise do processo. Com o histograma

tem-se uma base sólida para o levantamento do perfil de operação do sistema. Mas, as medições

de campo fornecem dados pontuais dos parâmetros analisados.

No entanto, quando se trata de uma série de medições, é importante salientar que,

existem erros nas medidas, e estes podem ser significativos para o tratamento dos resultados

mensurados. Basicamente, existem dois tipos de erros de medição em análises experimentais,

os sistemáticos e os aleatórios.

Erros sistemáticos são provocados por falta de confiabilidade dos instrumentos de

medidas, calibração. Por isso, é importante que, antes do início dos testes, todos os instrumentos

sejam devidamente calibrados e certificados de acordo com a 98-3 Incerteza de medição

(ABNT, 2014), onde são estabelecidos critérios para a avaliação de incertezas nas medições e

regras para os níveis de exatidão.

Ainda que, os instrumentos estejam devidamente calibrados, erros aleatórios são

comuns, pois há o fator leitura que deve ser considerado, pois, é comum pessoas terem

interpretações diferentes sobre uma grandeza medida, mesmo que essa seja numérica, ou

quantitativa. Um exemplo comum é o arredondamento de casas decimais, se o operador não

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

ho

ras

carga [%]

RELAÇÃO VAPOR E AR DE COMBUSTÃO

AR [HORAS/ANO] VAPOR [HORAS/ANO]

Page 22: Dissertation - Portuguese version

20

estiver devidamente alinhado aos critérios de arredondamento de medidas, é possível haver

diferença significativa entre as leituras feitas por diferentes operadores (Abackerli et al, 2015).

A rotina de testes é realizada em uma única etapa, respeitando as restrições do sistema,

conforme a Tabela 7.

Tabela 7: Matriz de Teste de Variação de Carga do Sistema de Vapor.

A carga de geração de vapor é variada de 30% da capacidade nominal ou 37,5 ton/hora

a 70%, ou 87,5 ton/hora. Esses limites foram estabelecidos, pois, com cargas abaixo de 30%,

há um grande risco dos queimadores da caldeira apagarem, e ainda, mesmo que apaguem de

forma gradual, um por vez, o risco é relacionado à segurança do processo. O limite superior foi

estabelecido com base de que a partir de 70% da carga nominal a fabricação não demanda vapor

para produção, sendo o vapor gerado e desperdiçado, aumentando o custo.

Apesar das restrições nas medições, o intervalo de testes é bastante razoável. Na Figura

8 tem-se uma base sólida para o planejamento das medições. É evidente que, o sistema não

opera com carga abaixo de 30%, e opera pouco com cargas acima de 70% da capacidade

nominal de geração de vapor.

5.2. Análise da cadeia de medidas

Matriz de testes - Sistema Gerador de Vapor

Planejamento de Medição Sistema

Vapor Caixa de Ar Ventilador 1 Ventilador 2

Car

ga

Teó

rica

Vap

or

ger

ado

Med

ição

Car

ga

real

-

Tes

te

Vaz

ão d

e

ar

Vaz

ão d

e

ar

Pre

ssão

Corr

ente

MIT

1

Aber

tura

Dam

per

Corr

ente

MIT

2

Aber

tura

Dam

per

[%] [ton/h] nº medida [ton/h] [ton/h] [m³/h] [mmca] [Ampére] [%] [Ampére] [%]

30 37,5 1 40 50,0 38759 20 24 13,5 27 13,5

2 44 55,9 43333 40 24 18,4 27 18,4

40 50,0 3 50 60,0 46511 50 25 15,8 28 15,8

4 53 62,7 48604 40 25 15,0 28 15,0

50 62,5 5 62 72,7 56356 60 26 23,0 28 23,0

6 70 84,4 65426 60 26 19,0 28 19,0

60 75,0 7 73 84,9 65813 90 26 20,6 29 20,6

8 75 86,2 66821 70 26 26,2 29 26,2

70 87,5 9 86 98,6 76434 130 27 34,5 29 34,5

10 88 101,2 78449 100 27 34,5 29 34,5

Page 23: Dissertation - Portuguese version

21

Na Tabela 7 são apresentados os dados pontuais para a análise do consumo de energia

elétrica do sistema atual de ar de combustão, medidos durante os testes de variação de carga da

caldeira.

Com os valores das correntes elétricas dos motores de indução é calculada a demanda

de potência ativa em cada faixa de carga. Os demais fatores, tensão de alimentação, fator de

potência e velocidade de rotação não sofrem variações com a demanda de torque no eixo do

motor. A demanda de Potência ativa é calculada por (3). Na Tabela 8 são apresentados os

resultados da demanda de potência ativa do motor em cada faixa de operação.

𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 = √3 × 𝑉𝑙 × 𝐼𝑀𝐼𝑇 × 𝑓𝑝 [𝑘𝑊] (3)

Sendo: 𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 = potência elétrica convertida em trabalho mecânico no eixo do motor de

indução [kW]; 𝑉𝑙: Tensão de alimentação do motor de indução = 3,8 kW; 𝐼𝑀𝐼𝑇 = Corrente

medida nos terminais do motor de indução [A]; 𝑓𝑝 = Fator de potência do motor; 0,92.

Tabela 8: Demanda de Potência Ativa por Faixa de Carga.

Geração Vapor Caixa de Ar Ventilador 1 Ventilador 2

Faixa de Carga

Vapor

Vazão de ar por

ventilador

Porcentagem da

vazão máxima de

ar

Potência Ativa

Motor 1

Potência Ativa

Motor 2

[%] [m³/h] [%] [KW] [KW]

32,0 19379,5 37,6 145,3 163,5

35,2 21666,5 42,0 145,3 163,5

40,0 23255,5 45,1 151,5 169,5

42,4 24302 47,1 151,4 169,5

49,6 28178 54,7 157,4 169,5

56,0 32713 63,5 157,4 169,5

58,4 32906,5 63,8 157,4 175,6

60,0 33410,5 64,8 157,4 175,6

68,8 38217 74,1 163,5 175,6

70,4 39224,5 76,1 163,5 175,6

Os erros sistemáticos de medição atribuídos aos instrumentos de controle aparecem

conforme a manipulação dos dados da cadeia de medição. No caso da demanda de potência,

para motores com características construtivas e regime de trabalho iguais, há uma notável

diferença entre as demandas de potência ativa, devido à diferença de corrente elétrica entre os

motores, ocasionada pelo sistema de controle mecânico das válvulas damper.

Page 24: Dissertation - Portuguese version

22

O ângulo de abertura dos dampers de sucção dos ventiladores apresenta o mesmo grau

de abertura, conforme a Tabela7, pois o painel de instrumentação que indica essa abertura é

comum às duas válvulas, que são controladas pela mesma malha de controle, ou seja, o sinal

eletrônico de comando de abertura ou fechamento de damper é o mesmo para ambos. Mas, na

instalação esse comando elétrico é convertido em pneumático, e os dampers são válvulas de

restrição de carga puramente mecânicas.

Esse fato torna difícil a regulagem exatamente igual para os dois dampers, fazendo com

que o ângulo de abertura de um em relação ao outro seja diferente, criando perdas de carga

diferentes no sistema, e por consequência, faz a corrente do ventilador 2 ser maior, em função

da demanda de torque do no eixo do motor ser maior para vencer a maior restrição de abertura

imposta pelo sistema de controle do damper.

5.3. Curvas de Vazão de Ar e demanda de Potência ativa por controle de damper

Nas Figuras 9 e 10 foram plotados os valores das medidas do teste de variação de carga

para os motores 1 e 2, apresentados na Tabela 8.

Figura 9: Curva de Potência Motor de Indução 1.

140

145

150

155

160

165

170

30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80

Dem

and

a d

e P

otê

nci

a A

tiva

[K

W]

Carga de ar [%]

Motor1; Ventilador 1

Page 25: Dissertation - Portuguese version

23

Figura 10: Curva de Potência Motor de Indução 2.

É fundamental observar as cargas dos testes. A curva de potência não inicia no zero,

pois não é importante a este estudo, que a curva de potência seja modulada para a partida, e sim

durante a operação. Na partida de motores, sem controle de partida ou controlados por

velocidade, o torque de partida é grande, e a demanda de corrente de partida é sete vezes maior

que a corrente nominal.

Comparando os pontos de máxima e mínima demanda de potência nas Figuras 9 e 10, a

diferença da demanda de potência ativa para a variação de 40% de carga de geração de vapor é

18,2 KW para o motor 1 e 12,1 KW para o motor 2. Então, para 40% da variação de carga de

geração de vapor, e consequentemente na produção de ar de combustão, há uma diferença de

cerca de 10% na variação de demanda de potência.

Com a relação de consumo por faixa de carga quantificada, o estudo da eficiência do

sistema de ar é feita a partir dos testes empregados para a análise estatística e teórica. Isto é

razoável, pois o sistema instalado permite medições, análises técnicas de campo e levantamento

de dados de operação para parâmetros pontuais, e a análise teórica e estatística fornece o

comportamento de demanda de potência ativa dos motores para todas as faixas de trabalho do

sistema gerador de vapor.

É importante destacar que neste trabalho, a base de dados é sólida, pois, são provenientes

de medições reais, e permitem que as próximas análises teóricas sejam consistentes para a

modulação do atual método de operação e o proposto por controle de velocidade.

160

165

170

175

180

30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80

Dem

and

a d

e P

otê

nci

a A

tiva

[K

W]

Carga de ar [%]

Motor 2; Ventilador 2

Page 26: Dissertation - Portuguese version

24

6. CONVERSORES DE FREQUÊNCIA DE MÉDIA TENSÃO

Historicamente, motores de corrente alternada são utilizados em aplicações de

velocidade de rotação constante. No caso de acionamento de ventiladores por motores de

corrente alternada, o caso não é diferente, e o controle de vazão é feito por equipamentos

mecânicos, dampers e outros tipos de válvulas de estrangulamento.

Quando era necessário o controle da rotação, usavam-se os motores de corrente contínua

adaptados com turbinas e motores de combustão interna. No entanto, a robustez construtiva de

motores de corrente contínua implicava em altos custos de instalação.

A aplicação de conversores de frequência que modulam tensão de linha e frequência

tem diminuído a aplicação industrial de motores de corrente contínua em acionamentos com

variação da velocidade (Franchi, 2014).

A aplicação de conversores de frequência é vantajosa ao motor, com a diminuição do

desgaste físico das partes girantes, pois em frequências baixas a rotação é menor e o esforço do

motor é substancialmente reduzido. Outro elemento de impacto positivo é a partida com

aumento progressivo de velocidade, quando o esforço nos enrolamentos do estator é menor do

que com o motor conectado diretamente a rede elétrica.

No entanto, existem parâmetros que necessitam atenção no emprego de conversores de

frequência em motores de média tensão, como a injeção de harmônicas de corrente no sistema

e os limites de velocidade do motor. Porém, são desvantagens que podem ser completamente

administradas e reduzidas a níveis aceitáveis.

As harmônicas de corrente podem afetar a vida útil e o desempenho do motor por

sobreaquecimento. Para isso, deve-se garantir que o motor tenha a capacidade adequada para

absorver e dissipar todo o calor do acionamento (WEG, 2015).

A condição dos limites de velocidade é um pouco mais crítica para o processo de

fornecimento de ar para combustão. O acionamento gradual do motor pelo conversor deve ter

o limite inferior de velocidade bem estabelecido, pois a caldeira possui dois tipos de segurança

que acionam o trip do sistema gerador de vapor.

Em plantas onde há processos críticos que não podem ser interrompidos abruptamente,

o trip da caldeira levaria a interrupção da geração de vapor, e consequentemente do

fornecimento para fabricação, podendo levar a resultados catastróficos provenientes da

interrupção de processos de fabricação.

A primeira é a segurança contra a vazão pequena de ar, pois em rotações baixas os

ventiladores injetam vazão mínima de ar na caldeira, e esse limite estabelecido pela segurança

Page 27: Dissertation - Portuguese version

25

atua em 25% da vazão de fundo de escala, ou seja, se a proteção detectar vazões inferiores a 40

m³/h para a caixa de ar, esta atua e apaga a caldeira. O segundo, é relacionado à segurança da

velocidade baixa de rotação do motor, que detecta velocidades inferiores à rotação nominal e

atua apagando a caldeira.

Esses riscos são admissíveis, pois alterações nos parâmetros de segurança para que

sejam ajustáveis à operação do conversor não implicam em grandes modificações. Apenas o set

point de baixa vazão de ar deve ser igual ao mínimo aceitável pela segurança, e o controle de

rotação mínima do motor deve ser ajustado ao limite inferior da proteção de subvelocidade.

7. DEMANDA DE POTÊNCIA ATIVA DOS MOTORES POR CONTROLE DE

VELOCIDADE DE ROTAÇÃO

O sistema atual fornece a demanda de potência elétrica para cada faixa de carga. A partir

dos dados das medições dos testes de variação de carga da caldeira, e utilizando a Lei de

Afinidade de Ventiladores, é possível estimar o comportamento dos motores, com a aplicação

de métodos de controle de velocidade de rotação em relação à demanda de potência ativa por

faixa de vazão de ar.

7.1. Lei de Afinidade dos Ventiladores

A curva característica de operação de um ventilador, a relação de pressão e vazão de ar,

normalmente é fornecida pelo fabricante para as condições de operação definidas em projeto.

A lei de afinidade dos ventiladores adequa essas condições de projeto às condições impostas

por novos modelos de operação referentes à mudança de pressão, vazão, potência ou velocidade

de rotação da máquina (Carlson, 2000).

No caso dos ventiladores 1 e 2 as condições de pressão e vazão de ar não se alteram para

cada faixa de operação em relação a carga de vapor gerada. Os parâmetros de operação que

variam são a rotação e demanda de potência ativa do motor. Inicialmente, as relações são feitas

por três diferentes métodos de variação dos parâmetros de operação dos ventiladores. A 1ª

relação é entre vazão de ar e velocidade, conforme (4); a 2ª é a da potência ativa e velocidade,

de acordo com (5); e por fim a pressão e velocidade como em (6).

𝑄1

𝑄2=

𝑁1

𝑁2 (4)

𝑃1

𝑃2= (

𝑁1

𝑁2)

3

(5)

Page 28: Dissertation - Portuguese version

26

𝐻1

𝐻2= (

𝑁1

𝑁2)

2

(6)

Sendo: Q1 e Q2: vazão de ar dos ventiladores 1e 2, respectivamente [m³/s], N1 e N2:

rotação dos ventiladores 1 e 2, respectivamente [rpm], P1 e P2: potência útil dos ventiladores

1 e 2, respectivamente [kW], H1 e H2: pressão de descarga na caixa de ar dos ventiladores 1 e

2, respectivamente [kgf/cm²].

O sistema de acoplamento do motor e ventilador é direto, com rendimento de 100%, ou

seja, não gera perdas significativas que possam afetar a eficiência do conjunto motor ventilador.

Então, a potência no ventilador considera os efeitos de rendimento do motor multiplicados pelo

rendimento do ventilador, caso o objetivo seja potência útil no eixo.

Para o cálculo do rendimento do sistema de geração de ar para combustão, tem de ser

levado em consideração o somatório de perdas, desde a rede elétrica, motores de indução,

rendimento do ventilador, acoplamento motor ventilador, caso não seja direto, e os efeitos das

perdas de carga do sistema.

No entanto, o consumo de potência é demandado e medido para o motor de indução, e

os efeitos de rendimento do ventilador que são tratados como perdas vão permanecer

inalterados, já que os equipamentos instalados não são substituídos, apenas o conversor de

frequência é adicionado ao sistema. Os efeitos do rendimento de motor e ventilador não são

alterados, pois o foco está na redução da demanda de potência ativa nos motores de indução

através do controle de velocidade.

É importante não confundir potência útil com potência ativa, ou seja, a potência útil no

eixo do motor depende do rendimento da máquina, e a potência útil no eixo do ventilador

depende da multiplicação dos rendimentos individuais de motor e do ventilador. Já a potência

ativa é a potência demandada da rede elétrica convertida em trabalho mecânico e perdas.

O foco principal da aplicação da lei de afinidade dos ventiladores é para assegurar e

comprovar que há economia de energia elétrica com a adequação da curva de demanda de

potência ativa e os pontos de operação do sistema de ar para combustão.

7.2. Demanda de potência ativa com variação de velocidade em função da carga

Page 29: Dissertation - Portuguese version

27

A variação da velocidade de rotação do conjunto motor e ventilador permite adequar a

curva de demanda de potência com o consumo estritamente necessário, ou seja, eliminar

desperdícios de energia elétrica através da variação de velocidade em função da carga.

A base de cálculo pela lei de afinidade dos ventiladores utiliza dois parâmetros

significativos para a geração de ar para a combustão, potência e vazão de ar, em função da

velocidade de rotação.

Como a velocidade de rotação do eixo do motor de indução não é alterada, a demanda

de potência ativa é estabelecida pela Tabela 8, e a curvas de consumo em função da variação

de carga são plotadas nos gráficos das Figuras 9 e 10.

A velocidade de rotação varia linearmente com a vazão de ar como em (7), e, portanto:

𝑁1 = (𝑄1

𝑄2) × 𝑁2 (7)

Sendo: Q2 (plena carga) = 51550 m³/h; N2 (nominal) = 1780 rpm.

Se Q1 é a vazão de ar para cada faixa de variação de carga do sistema, Q2 é a vazão

nominal, e N2 é a rotação nominal do motor, tem-se para cada faixa de carga do sistema uma

rotação N1 proporcional e linear a variação da vazão de ar, como na Tabela 9.

Tabela 9: Velocidade de rotação necessária por demanda de vazão de ar.

Vazão de Ar para

Combustão na

caixa de ar

Vazão de ar por

ventilador

Rotação

Ventilador

[%] [m³/h] [rpm]

37,6 19379,5 669

42,0 21666,5 748

45,1 23255,5 803

47,1 24302,0 839

54,7 28178,0 973

63,5 32713,0 1130

63,8 32906,5 1136

64,8 33410,5 1154

74,1 38217,0 1320

76,1 39224,5 1354

Se a potência ativa do motor varia com o cubo da velocidade de rotação, a relação de

demanda de potência ativa por rotação em cada faixa de vazão de ar necessária para suprir o

sistema é dada por (8) e (9).

Page 30: Dissertation - Portuguese version

28

𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎_𝐶𝑉_2 = (𝑁1

𝑁2)

3

× 𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎_𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟_1[𝐾𝑊] (8)

𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎_𝐶𝑉_2 = (𝑁1

𝑁2)

3

× 𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎_𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟_2[𝐾𝑊] (9)

Sendo que: 𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎_𝐶𝑉_1 e 𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎_𝐶𝑉_2 = demanda de potência com método de controle de

velocidade dos motores 1 e 2 [kW], respectivamente; N1= rotação do motor em cada faixa de

vazão [rpm]; N2 = Rotação nominal do motor = 1780 [rpm]; 𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎_𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟_1e

𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎_𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟_2=demanda de potência ativa do motor com controle de vazão de ar por damper.

Os cálculos da demanda de potência ativa com controle de velocidade por damper é

obtido para cada faixa pontual durante o teste de variação de carga do sistema gerador de vapor.

Já os dados de demanda de potência ativa por controle de velocidade são obtidos pela relação

de (8) e (9) a partir da lei de afinidade de ventiladores, e apresentados na Tabela 10.

Tabela 10: Demanda de potência ativa por controle de velocidade

Vazão de Ar para

Combustão

𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎_𝐶𝑉_1

𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎_𝐶𝑉_2

[%] [KW] [KW]

37,6 7,7 8,7

42,0 10,8 12,1

45,1 13,9 15,6

47,1 15,9 17,8

54,7 25,7 27,7

63,5 40,2 43,3

63,8 40,9 45,7

64,8 42,9 47,8

74,1 66,6 71,5

76,1 72,0 77,4

Com os dados da Tabela 10 são traçadas as novas curvas de operação, relacionando a

vazão de ar para combustão e a demanda de potência ativa com controle da velocidade, e com

crescimento exponencial mais suave, conforme as Figuras 11 e 12.

Page 31: Dissertation - Portuguese version

29

Figura 11: Demanda de Potência Ativa por controle de velocidade motor 1.

Figura 12: Demanda de potência ativa por controle de velocidade motor 2.

8. ANÁLISE ESTATÍSTICA DO COMPORTAMENTO DO SISTEMA DE AR COM

VARIAÇÃO DA CARGA DE VAPOR

A regressão estatística que correlaciona duas variáveis pode ser definida como simples,

e auxilia na tomada de decisão sobre a influência de quais variáveis do sistema realmente têm

impacto sobre as outras.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

30 40 50 60 70 80

Po

tên

cia

Ati

va [K

W]

Carga de Ar [%]

MOTOR 1 - DEMANDA DE POTÊNCIA ATIVA

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

30 40 50 60 70 80

Po

tên

cia

Ati

va [K

W]

Carga de Ar [%]

MOTOR 2 - DEMANDA DE POTÊNCIA ATIVA

Page 32: Dissertation - Portuguese version

30

Na análise de regressão estatística que relaciona o comportamento de variáveis em um

processo, determinamos que o eixo Y, ou eixo de resposta sofre variações de acordo com as

alterações feitas na variável de entrada do processo, ou na variável do eixo X (Bass et al, 2009).

Neste caso, é necessário identificar, primeiramente a correlação entre as variáveis X

(vazão de ar) e a variável de resposta Y (velocidade de rotação). Em um segundo momento,

para confirmar a eficiência do projeto de economia de energia elétrica pelo controle de

velocidade, é importante que haja uma correlação forte entre o comportamento da demanda de

potência (variável de resposta Y) com a variação das faixas de vazão de ar (variável de entrada

do processo X). Assim, é possível estimar efetivamente a relação entre demanda de potência

ativa e variação da vazão de ar para a combustão.

Existem alguns fatores que identificam a correlação entre as variáveis X e Y e verificam

se o efeito de uma variável é significativo sobre a outra. O método do coeficiente de

determinação conhecido como R² (R-quadrado) é um desses parâmetros de identificação da

correlação entre as variáveis X e Y.

O R² pode ser representado por um valor adimensional de 0 a 1 ou em porcentagem de

0 a 100%. Quando esse coeficiente se aproxima de 1 ou 100%, significa que a relação entre as

variáveis X e Y é grande ou forte. Ou seja, se o modelo de regressão linear possui R² = 100%,

significa que a equação da reta é capaz de modelar todos os eventos de variação da variável X

que afetam o comportamento de resposta da variável Y (Levine et al, 2008).

É essencial que o comportamento do sistema com controle de velocidade seja estimado

para todas as faixas de carga de operação. Pois, em uma eventual mudança na produção da

planta de vapor, a demanda de potência ativa em todas as faixas de carga deve ser estimada.

8.1. Regressão linear de vazão de ar (X) e velocidade de rotação (Y)

A lei de afinidade de ventiladores, segundo (4), demonstra que a variação da vazão de

ar é diretamente proporcional e linear à velocidade de rotação do motor. Com uma variação de

10% na vazão é reproduzida uma variação de 10% na velocidade de rotação.

O Minitab é um software estatístico utilizado amplamente na engenharia para análise de

comportamento das variáveis de processos, manufaturas, fatores administrativos. É uma

maneira de aplicar estatística para reduzir erros na implementação de projetos. Por exemplo, é

possível analisar o comportamento das variáveis que influenciam um processo sem a

necessidade de exaustivos testes práticos, e assim, reduzir a margem de erro, e testar na prática

após um embasamento estatístico (Minitab Inc., 2014).

Page 33: Dissertation - Portuguese version

31

Neste trabalho, o Minitab é utilizado para prever o comportamento das variáveis que

compõem o processo de produção de ar para a combustão da caldeira. Além disso, é aplicado

para modelar o comportamento da demanda de potência ativa do sistema atual e do proposto

com controle de velocidade para todas as faixas de trabalho da caldeira.

Inicialmente, vamos analisar pelo software o comportamento da rotação (eixo Y) com a

variação da vazão de ar para combustão (eixo X) para os dados obtidos no teste de variação de

carga da caldeira, e obter o coeficiente de correlação entre as duas variáveis (R²) e a equação

linear da reta segundo (10).

𝑁𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎_𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 = 0,0345 × 𝑄𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎_𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜[𝑟𝑝𝑚] (10)

Sendo: Qfaixa_operação = vazão com variação do intervalo de 30% a 100% da carga [%];

Nfaixa_operação = velocidade de rotação em cada faixa de carga [rpm].

Na Figura 13 é mostrado o gráfico da relação de linearidade da vazão de ar e rotação,

gerado no Minitab.

Figura 13 Relação de linearidade das variáveis vazão de ar e rotação.

É importante ressaltar que, a equação linear da reta conforme (10), mostra a relação

entre todos os eventos ocorridos no teste com um coeficiente de R² perfeito, e é utilizada para

4000035000300002500020000

1400

1300

1200

1100

1000

900

800

700

600

S 0

R-Sq 100,0%

R-Sq(adj) 100,0%

Vazão de ar [m³/h]

Velo

cid

ad

e [

rpm

]

Regressão LinearVelocidade = 0,0 + 0,0345*Vazão de Ar [rpm]

Page 34: Dissertation - Portuguese version

32

estimar com precisão a rotação em faixas pré-determinadas de rotação, que variam de 30% a

65%, considerando a confiabilidade dos dados medidos.

Na Tabela 11 é apresentada a rotação calculada por (10) para as faixas de operação do

sistema de ar de 30% a 100% de carga. A vazão é tratada como porcentagem da vazão máxima,

que matematicamente tem a mesma ordem de variação de que se estivesse em sua unidade de

medida do sistema internacional, [m³/s] ou em [m³/h].

Tabela 11: Variação da rotação por intervalo de carga de geração de ar.

𝑄𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎_𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑄𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎_𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑁𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎_𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜

[%] [m³/h] [rpm]

30 15465 534

40 20620 711

50 25775 889

60 30930 1067

70 36085 1245

80 41240 1423

90 46395 1601

100 51550 1780

8.2. Regressão Linear da velocidade de rotação e Potência ativa

Na Tabela 11 é mostrada a rotação necessária para suprir a demanda de ar do sistema

em cada faixa de carga, de 30% a 100%. Com base nesses dados, e na Lei de afinidade dos

ventiladores, a demanda de potência tem relação cúbica com a variação de velocidade.

Na Tabela 12, é apresentada a demanda de potência ativa para cada ventilador. No

entanto, com variação na velocidade de rotação, esses dados são pontuais e obtidos no teste de

variação de carga. A regressão linear mostrada nas Figuras 14 e 15 modelam a demanda de

potência ativa em cada faixa de velocidade dos motores 1 e 2, respectivamente.

Page 35: Dissertation - Portuguese version

33

Figura 14: Regressão Linear e Equação da Reta MIT 1.

A equação da reta em (11) tem o R² de 96,7%, ou seja, para o motor 1, a variação na

velocidade de rotação modela a variação da demanda de potência ativa em 96,7% dos eventos

que possam ocorrem dentro dos limites de variação de 30% a 100% da velocidade nominal.

𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑀𝐼𝑇1 = −64,3 + 0,0998 × 𝑁 (11)

Sendo: PativaMIT1 = demanda de potência para cada faixa de velocidade de rotação do

motor 1, [kW]; N = velocidade de rotação do motor 1 [rpm].

Na Figura 15 é mostrado que a equação da reta segundo (12), modela o comportamento

da demanda de potência ativa (eixo Y) quando ocorre a variação de velocidade (eixo X), e é

capaz de modelar 96,3% dos eventos relacionados à demanda de potência e variação de

velocidade.

𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑀𝐼𝑇2 = −60,54 + 0,09304 ∗ 𝑁 (12)

Sendo: PativaMIT2 = demanda de potência para cada faixa de velocidade de rotação do

motor 2, [kW]; N = velocidade de rotação do motor 2 [rpm].

14001300120011001000900800700600

80

70

60

50

40

30

20

10

0

S 4,70598

R-Sq 96,7%

R-Sq(adj) 96,3%

Velocidade [rpm]

Po

tên

cia

Ati

va [

KW

]

Fitted Line PlotPotência Ativa MIT 1 = - 64,30 + 0,0998*velocidade

Page 36: Dissertation - Portuguese version

34

Figura 15: Regressão Linear e Equação da Reta MIT 2

Na Tabela 12, é apresentada a demanda de potência para a variação de 40% a

100 % da velocidade nominal dos motores de indução 1 e 2, empregando (11) e (12).

Tabela 12: Demanda de potência por faixa de rotação

Velocidade Rotação PativaMIT1 PativaMIT2

[%] [rpm] [kW] [kW]

40 712 6,76 5,70

50 890 24,52 22,27

60 1068 42,29 38,83

70 1246 60,05 55,39

80 1424 77,82 71,95

90 1602 95,58 88,51

100 1780 113,34 105,07

8.3. Análise de regressão linear para operação com damper

A análise de regressão linear é feita para estimar o comportamento de demanda de

potência, em função da vazão de ar, para as cargas em que não foi possível a realização dos

testes com regulagem de vazão de ar por válvulas de estrangulamento do tipo damper. Os

resultados são apresentados nas Figuras 16 e 17. Assim, caso o cenário de produção de vapor

seja alterado, é estimado com confiabilidade, quais seriam os consumos de energia elétrica para

operação nas faixas de carga acima de 40%, com os modos de operação com válvulas de

estrangulamento do tipo damper e com o controle de velocidade.

14001300120011001000900800700600

80

70

60

50

40

30

20

10

0

S 4,67115

R-Sq 96,3%

R-Sq(adj) 95,8%

Velocidade [rpm]

Po

tên

cia

Ati

va [

KW

]

Fitted Line PlotPotência Ativa MIT 2 = - 60,54 + 0,09304*Velocidade

Page 37: Dissertation - Portuguese version

35

Figura 16: Relação de Vazão de ar e demanda de potência ativa MIT 1.

Figura 17: Relação de Vazão de ar e demanda de Potência ativa MIT 2.

Para o gráfico da Figura 16 referente ao motor que aciona o ventilador 1 o valor de R² é

92,6%, ou seja, o modelo matemático gerado pela regressão linear conforme (13), não consegue

explicar apenas 6,4% dos dados que foram relacionados pelos eixos X (vazão de ar) e Y

4000035000300002500020000

165

160

155

150

145

S 1,87286

R-Sq 92,6%

R-Sq(adj) 91,7%

Vazão de Ar para combustão[m³/h]

Po

tên

cia

Ati

va [

KW

]

Fitted Line PlotPativa MIT1 = 128,7 + 0,000897*Vazão de ar

4000035000300002500020000

177,5

175,0

172,5

170,0

167,5

165,0

S 2,32000

R-Sq 79,0%

R-Sq(adj) 76,4%

Vazão de Ar para Combustão [m³/h]

Po

tên

cia

Ati

va [

KW

]

Fitted Line PlotPativa MIT2 = 152,9 + 0,000608*Vazão de ar

Page 38: Dissertation - Portuguese version

36

(demanda de potência no motor do ventilador 1). Apesar da relação não ser perfeita, é adequada,

e os dados podem ser estimados com confiabilidade.

𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑀𝐼𝑇1 = 128,7 + 0,000897 × 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑟 (13)

Sendo: PativaMIT1 = demanda de potência ativa por controle de válvula damper do motor 1

[kW]; e Vazão de ar = vazão de ar para combustão [m³/h].

O gráfico da Figura 17 é referente ao comportamento do motor que aciona o ventilador

2 e apresenta o valor de R² um pouco menor, 79,0%, mas ainda assim é um bom valor para

aceite do modelo de equação da reta segundo (14), gerado pela regressão.

𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑀𝐼𝑇2 = 152,9 + 0,000608 × 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑟 (14)

Sendo: PativaMIT2 = demanda de potência ativa por controle de válvula damper do motor

2 [kW]; e Vazão de ar = vazão de ar para combustão [m³/h].

Os valores de R² são interpretativos e auxiliam na tomada de decisão. No entanto, o

projetista deve verificar se o valor é coerente e passível de ser avaliado, ou se deve voltar á base

de dados e encontrar outras variáveis para o eixo X, que podem influenciar mais na resposta do

eixo Y.

Para o caso da variação de demanda de potência em função da vazão de ar do sistema

de combustão, os valores de R² e as equações das leis de afinidade dos ventiladores são

parâmetros adequados para que o modelo matemático seja validado.

8.4. Redução da demanda de potência ativa entre os métodos

A análise estatística dos métodos de operação com válvula damper e controle de

velocidade foram estimadas para as faixas de trabalho da caldeira geradora de vapor. Assim, é

possível comparar a redução da demanda de potência para as cargas com variação de 40% a

100% da geração de ar para combustão, e, assim, obter a demanda de potência ativa dos

ventiladores 1 e 2, nas respectivas cargas de produção de vapor.

Na Tabela 13 é comparada a demanda de potência com os métodos controle de vazão

por válvulas damper e por variação de velocidade em cada faixa de trabalho, relacionando-as

para determinar o percentual de redução em cada caso.

Page 39: Dissertation - Portuguese version

37

A velocidade varia linearmente com a vazão de ar e a relação é intrínseca. No entanto,

as faixas de vazão de ar, seguem a mesma tendência de variação da rotação, dessa maneira o

consumo de potência para controle por damper utiliza a demanda de potência ativa calculada a

partir da vazão de ar, empregando (13) e (14), e, o cálculo da demanda de potência ativa por

controle de velocidade é calculado pela equação da reta da regressão linear obtida pela variação

de rotação, segundo (11) e (12).

Tabela 13: Comparativo da demanda de potência ativa.

Vazão de

ar

Potência Ativa

Ventilador 1

(Variação

velocidade)

Potência Ativa

Ventilador 2

(Variação

velocidade)

Potência Ativa

Ventilador 1

(Damper)

Potência

Ativa

Ventilador 2

(Damper)

∆Economia

de Potência

Ativa MIT 1

∆Economia

de Potência

Ativa MIT 2

[%] KW KW KW KW KW KW

40 6,76 5,70 147,20 165,44 -140,44 -159,73

50 24,52 22,27 151,82 168,57 -127,30 -146,31

60 42,29 38,83 156,44 171,71 -114,16 -132,88

70 60,05 55,39 161,07 174,84 -101,02 -119,45

80 77,82 71,95 165,69 177,97 -87,88 -106,02

90 95,58 88,51 170,32 181,11 -74,74 -92,60

100 113,34 105,07 174,94 184,24 -61,60 -79,17

Na prática, a demanda de potência com aplicação de controle por variação de velocidade

elimina a diferença entre os motores dos ventiladores 1 e 2, pois é um método de controle mais

regulável do que o método de damper, que criam perda de carga diferente no sistema.

8.5. Verificação da demanda de potência ativa pela curva teórica do ventilador

A estimativa de demanda de potência do sistema de ar pode ser feita pela curva de carga

do ventilador, e pelos dados de projeto do ventilador. Com a vazão à plena carga, é possível

projetar uma reta na curva de eficiência do ventilador de 1800 rpm, utilizando as medições de

vazão de ar no teste de performance, e verificar a pressão de trabalho, desconsiderando as

perdas de carga do sistema, ou seja, pressão na caixa de ar, e, então, estimar a potência elétrica

do sistema composto por motor e ventilador com (15).

𝑃𝑒𝑙 =𝑄×𝑃

𝜂 (15)

Sendo: Pel = potência elétrica [kW]; Q = vazão volumétrica de ar [m³/s]; P = pressão de

projeto do ventilador [N/m²]; e η = rendimento do sistema.

Page 40: Dissertation - Portuguese version

38

Então, através da curva teórica do ventilador, conforme a Figura 18, e dos dados de

vazão a plena carga é possível calcular o nível de pressão de trabalho do sistema (Carlson,

2000).

Figura 18: Curva teórica dos ventiladores 1 e 2.

Utilizando os dados destacados em azul da Figura 18, tem-se a estimativa do consumo

de energia elétrica do sistema de ventilação com velocidade de rotação constante, segundo (16).

𝑃𝑒𝑙 =14,3×9232,6

0,71×0,89= 209 [𝑘𝑊] (16)

Comparando os resultados obtidos pela curva teórica do ventilador e os dados

estatísticos que consideram o consumo do ventilador com damper à plena carga, há uma

diferença de 16% para o ventilador 1 e 11,8% para o ventilador 2. É aceitável, pois a análise

estatística tem base nos dados medidos do teste de carga, e o equacionamento pela equação

empírica (15) é estimado o consumo de energia elétrica do sistema no dimensionamento dos

equipamentos, apresentado por (16).

A estimativa de custo de operação dos modelos segue a análise estatística, pois o sistema

passa por várias alterações ao longo do tempo, podendo sofre variações para melhor ou pior

desempenho.

Page 41: Dissertation - Portuguese version

39

9. RELAÇÃO DE ECONOMIA DE ENERGIA ELÉTRICA EMPREGANDO OS

MÉTODOS DE CONTROLE POR DAMPER E VARIAÇÃO DE VELOCIDADE

As tarifas de energia elétrica regulamentadas pela ANEEL variam de acordo com os

custos de geração e distribuição de energia produzida no país (ANEEL, 2015).

Para o cálculo de consumo de energia elétrica é utilizada a modalidade de consumo

industrial e o preço Brasil, conforme mostrado na Figura 19.

Figura 19: Custo da energia elétrica por modalidade de consumidor.

O preço por região do MWh industrial tem uma taxa de variação da ordem de 15% entre

a maior e a menor tarifa. Como os cálculos do projeto não visam a implementação em uma

região específica do País, a tarifa do MWh utilizada é da subdivisão Brasil. No entanto,

independente da instalação geográfica da indústria, a grande maioria são de consumidores de

livre mercado e enquadrados na categoria de consumo Ambiente de Contratação Livre (ACL).

Com o histograma de operação do sistema gerador de vapor e da geração de ar para a

combustão, além de modelar as faixas de operação do sistema, identifica o somatório de horas

em cada faixa de produção de vapor. Assim, pela Tabela 14 é possível determinar o consumo

de energia elétrica por (17) em cada faixa de trabalho e o somatório do consumo no ano.

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐸. 𝐸 =𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎×ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜

1000 (17)

Page 42: Dissertation - Portuguese version

40

Sendo: Consumo de E.E = Consumo em cada faixa de trabalho do sistema de ar

[MW/ano]; Pativafaixa = demanda de potência ativa em cada faixa de trabalho [kW]; e

horasoperação = somatório das horas trabalhadas em cada faixa de carga de produção de vapor

[h].

Tabela 14: Consumo anual de energia elétrica.

Carga

de

vapor

Operação

Consumo de

energia elétrica

– MIT 1

(Damper)

Consumo de

energia elétrica –

MIT 2 (Damper)

Consumo de energia

elétrica – MIT 1

(variação de

velocidade.)

Consumo de

energia elétrica

– MIT 2

(variação de

velocidade)

[%] [horas] [MW/ano] [MW/ano] [MW/ano] [MW/ano]

40 73 10,75 12,08 0,49 0,42

50 1344 204,05 226,56 32,95 29,93

60 3631 568,03 623,48 153,55 140,99

70 2996 482,57 523,82 179,91 165,95

80 581 96,27 103,40 45,21 41,80

90 90 15,33 16,30 8,60 7,97

100 45 7,87 8,29 5,10 4,73

TOTAL 8760 1384,86 1513,93 425,83 391,78

Pelos dados da Tabela 14, é possível verificar que o motor elétrico 1 consome menos

energia elétrica operando com damper em relação ao motor 2. No entanto, com a aplicação do

controle de velocidade o motor 2 tem menor consumo de energia elétrica, isso ocorre em função

da modelagem matemática da regressão linear do comportamento da demanda de potência ativa

em função da variação de velocidade de rotação.

A diferença entre os consumos de energia elétrica é minimizada ou anulada, em função

do método de controle por variação de velocidade, dependendo apenas da regulagem exata do

regime de trabalho para cada conversor de frequência, que modela a tensão e frequência da rede

elétrica para controlar a velocidade de rotação.

Ainda que, a análise seja feita individualmente para cada conjunto de motor e ventilador,

o sistema de ar é formado pelo conjunto de operação das duas configurações. Então, para

verificar a eficiência energética do modelo de operação com conversor de frequência, é feito o

somatório dos consumos, pois, o objetivo é a redução do consumo de energia elétrica do sistema

de ar de combustão das caldeiras.

Na Figura 20 são mostrados os resultados do consumo de energia elétrica dos métodos

de controle de vazão por damper e variação de velocidade, em cada faixa de operação, sendo

também apresentada a diferença de cada modelo operacional em relação ao consumo de energia

elétrica na coluna TOTAL. E, como resultado da diferença dos dois métodos de controle, a

Page 43: Dissertation - Portuguese version

41

barra de ∆Economia, significa a redução no consumo de energia elétrica com aplicação de

conversores de frequência.

Figura 20: Consumo de Energia Elétrica..

Na formulação baseada nos dados da ANEEL apresentados na Figura 18, a tarifa de

energia elétrica é de 305,81 reais/MWh. Então, o custo é calculado por (18), e o resultado do

ganho financeiro do projeto com a substituição do controle de vazão de ar pela aplicação de

conversores de frequência é apresentado na Tabela 15.

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝐸𝐸 = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜𝐸𝐸 × 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝑀𝑊ℎ [𝑅𝑒𝑎𝑖𝑠] (18)

Sendo: CustoEE = Custo de operação de cada modelo de controle de velocidade de vazão

de ar [R$]; 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜𝐸𝐸 = Consumo de energia elétrica em cada faixa de carga por modalidade

de controle [MWh]; e 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝑀𝑊ℎ = R$ 305,81.

Na Figura 21, com base nos dados da Tabela 15, são evidenciadas as vantagens

econômicas da aplicação de métodos de controle de velocidade para o sistema de ar de

combustão, considerando os custos de energia elétrica anual com cada método de controle.

22,8

3 430,6

1

1191,5

1

1006,3

9

199,6

7

31

,63

16,1

6

28

98

,79

0,9

1

62,8

8

294,5

4

345,8

6

87,0

1

16,5

7

9,8

3

817,6

1

21,9

2 367,7

3

896,9

7

660,5

3

112,6

6

15,0

6

6,3

3

2081,1

8

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

40 50 60 70 80 90 100 TOTAL

MW

h/a

no

Carga de trabalho [%]

CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA

Consumo de Energia Elétrica por Controle de Damper

Consumo de Energia Elétrica por Variação de Velocidade

∆Economia

Page 44: Dissertation - Portuguese version

42

Tabela 15: Custo do consumo de energia elétrica.

CARGA Custo de Operação por

Damper

Custo de Operação por

Controle de Velocidade

(Conversores)

Economia

[%] R$ R$ R$

40 6.981,64 278,29 6.703,36

50 131.684,84 19.229,33 112.455,51

60 364.375,67 90.073,28 274.302,40

70 307.764,13 105.767,45 201.996,68

80 61.061,08 26.608,53 34.452,55

90 9.672,77 5.067,27 4.605,50

100 4.941,89 3.006,11 1.935,78

TOTAL 886.478,97 250.033,31 636.445,66

Figura 21: Custo de com energia elétrica.

10. ANÁLISE DE CUSTO DOS SISTEMAS DE AR DA CALDEIRA GERADORA DE

VAPOR

A análise geral dos equipamentos consumidores de energia elétrica do sistema de ar da

caldeira geradora de vapor, e a projeção por ferramentas estatísticas da demanda de potência

para todas as faixas de carga, convertida em consumo de energia elétrica, fornecem uma base

para afirmar que substituir o controle de válvulas de estrangulamento por controle de velocidade

de rotação com os conversores de frequência, gera uma eficiência energética de 71,8%.

886.478,97

250.033,31

636.445,66

-

100.000,00

200.000,00

300.000,00

400.000,00

500.000,00

600.000,00

700.000,00

800.000,00

900.000,00

1.000.000,00

Rea

is/a

no

Custos energia elétrica

CUSTO POR MÉTODO DE CONTROLE

Custo de operação por controle de Damper

Custo de operação por variação de velocidade (Conversores)

∆Economia($)

Page 45: Dissertation - Portuguese version

43

Em termos financeiros, significa uma redução anual de 636.445 mil reais, e em e em

relação à demanda de potência, uma redução de 2.081 MWh/ano.

A taxa de retorno payback depende do investimento aplicado no projeto. Os fabricantes

possuem modelos diferentes de conversores de frequência de média tensão, e

consequentemente, custos diferentes. Sendo assim, o ganho financeiro do projeto é estabelecido

com base nos parâmetros da Tabela 16, e calculado em (19).

Tabela 16: Custos Projeto

Descrição Quantidade Fornecedor/Fabricante Preço [Reais]

Custo

Total

[Reais]

Drives

(conversores) 2 Fabricante Nacional A 600.000 1.200.000

Adequação

Ambiente X

Serviços Gerais de

engenharia 50.000 50.000

Cabeamento X Cabos de ligação e

outros 20.000 20.000

Instalação X Serviços gerais de

instalação 30.000 30.000

Total 1.300.000

𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 =𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑃𝑅𝑂𝐽𝐸𝑇𝑂

∆𝐸𝑐𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎($) (19)

Sendo: Payback = taxa de retorno do investimento [anos]; ∆Economia ($) = variação do

custo (economia) [R$]; CustoPROJETO = investimento para implementação do projeto [R$].

Então, considerando os dados da Tabela 15, com o total de economia gerado pelo

projeto, e a Tabela 16, com os dados de custo para implementação em (20) é fornecido a taxa

de retorno, ou payback, em anos.

𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 =1.300.000

636.445,66= 2,04 𝑎𝑛𝑜𝑠 (20)

11. CONCLUSÃO

Neste trabalho foi verificado que a redução da demanda de potência ativa do sistema de

ventilação de uma caldeira, influencia diretamente no consumo de energia elétrica,

independente da eficiência do motor. A eficiência do sistema de geração de ar para combustão

Page 46: Dissertation - Portuguese version

44

é o principal fator impactante no estudo de melhoria da eficiência energética da operação de

uma planta geradora de vapor.

Ainda que a instalação de conversores de frequência contribua positivamente para a

diminuição do aquecimento do motor em rotações abaixo da nominal, não é possível, neste

escopo, avaliar o quanto a eficiência do conjunto vai aumentar em função da redução do

aquecimento do motor.

É importante, também, salientar que os modelos matemáticos simulados no MINITAB

foram obtidos com dados dos testes de variação na carga de produção de vapor da planta. Sendo

assim, toda a base de dados para análise estatística tem origem nos testes práticos, e devido ao

tamanho da planta, alguns fatores externos, como a oscilação dos consumidores de vapor,

podem influenciar os parâmetros verificados nos testes.

Em função disso, as análises estatísticas que simulam a demanda de potência com

controle por dampers são comparadas com os valores obtidos na curva de funcionamento dos

ventiladores à plena carga, e a diferença de 16% para o ventilador 1 e 11,8% para o ventilador

2 é função de que a curva teórica dos ventiladores não leva em consideração as restrições

ocasionadas pelo damper, mesmo com o ângulo máximo de abertura. Ou seja, quando a carga

é restringida, a corrente do motor tende a diminuir, e por consequência a demanda de potência

ativa é menor.

Quanto à aplicabilidade de conversores de frequência para controle de rotação, os

benefícios são consideráveis, a redução de 71,8% do consumo de energia elétrica é o melhor

benefício. No entanto, há vantagens marginais à aplicação, como redução de aquecimento e

ruídos.

A redução de 71,8% do consumo de energia elétrica de equipamentos que operam ao

longo de um ano, além de garantir a sustentabilidade dos negócios através da redução de custos

operacionais, é também um método de demandar menos energia elétrica das concessionárias

em tempos de crise hídrica, e em um eventual racionamento de energia, onde as plantas

industriais são submetidas a metas de redução de energia elétrica em porcentagem da energia

consumida no ano anterior. Ou seja, o processo se mantem inalterado e ininterrupto, porém,

consome apenas 28,2% da energia consumida no ano anterior para fornecer ar de combustão

para a geração de vapor da planta.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

Page 47: Dissertation - Portuguese version

45

Abackerli, A. J., Pereira, P. H., Oliveira, M. C., & Cauchick Miguel, P. A. (2015). Metrologia

para a Qualidade. Rio de Janeiro: Elsevier.

ABNT. (2014). 98-3 Incerteza de medição. Parte 3: Guia para a expressão de incerteza de

medição (GUM:1995. Associação Brasileira de Normas Técnicas, (p. 154).

ANEEL. (Março de 2015). Informações Gerenciais da ANEEL. Fonte: Site da ANEEL:

http://www.aneel.gov.br

Bass, I., & Lawton, B. (2009). Lean Six Sigma - Using SigmaXL and Minitab. USA:

McGraw-Hill.

Carlson, R. (Novembro/Dezembro de 2000). The correct method of calculating energy

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