boletim adunifesp nº05 (maio de 2010)

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Uma faculdade municipal de Osasco com mais de 40 anos, a FAC/FITO, pode acabar fechada, caso seu prédio seja cedido para o novo campus da Unifesp na cida- de. É o que diz um movimento de alunos e professores que acusam o atual prefeito, Emídio de Souza, de patrocinar o “desmonte” da insti- tuição. A entrega do prédio seria apenas o último golpe de um lon- go processo de abandono, durante o qual a FAC/FITO perdeu cerca de mil estudantes, a metade do to- tal. O boicote do poder municipal seria tão grande, que, no último ano, professores tiveram que fazer “vaquinhas” para produzir faixas de divulgação do vestibular. Negociações sobre a concessão já estariam ocorrendo há cerca de um ano, mas o movimento em de- fesa da FAC/FITO alega ter ficado sabendo apenas pela imprensa, de- pois que o Conselho Universitário da Unifesp aceitou receber o pré- dio, em reunião no dia 14 de abril. Em nota, a Direção da faculdade afirma que um novo prédio com toda a infraestrutura e em melho- res condições será construído nos próximos meses. “A FAC/FITO so- mente será transferida quando as novas instalações estiverem con- cluídas”, promete o documento. O movimento em defesa da FAC/ FITO, por sua vez, questiona a vontade política do governo mu- nicipal em construir um novo pré- dio, já que até agora nada teria sido feito. “Sabemos que em três meses não se constrói nenhum prédio. Tem que fazer e aprovar o proje- to, abrir licitação para contratar empreiteira e comprar material, o uma delas em pleno centro co- mercial de Osasco, na véspera do Dia das Mães. Os manifestantes pararam o trânsito e denunciaram a tentativa de desapropriação do prédio da faculdade municipal. Em audiência com o reitor da Uni- fesp, Walter Albertoni, um grupo de professores da FAC/FITO es- clareceu não ser contra a ida da federal para Osasco, mas que ape- lavam para que a desapropriação da faculdade não fosse aceita. Já o reitor alegou que não conhecia os problemas enfrentados pela insti- tuição, mas que eles deveriam ser resolvidos com a prefeitura. Sobre o terreno que foi cedido há vários anos pelo Exército para a constru- ção do Campus da Unifesp na ci- dade, Albertoni afirmou que a ver- ba para a construção do campus não teria sido liberada. O episódio ainda parece longe de terminar e o movimento em defesa da FAC/FITO promete continuar lutando para manter seu prédio. Avalia entrar com uma ação pública na Curadoria das Fundações e ape- lar para que o Conselho Estadual de Educação negue o pedido de trans- ferência do campus. Além disso, farão pressão para que os vereado- res de Osasco não aprovem um pro- jeto de lei sobre a doação. Expansão da Unifesp pode prejudicar faculdade municipal de Osasco Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo Seção Sindical do Andes-SN Boletim Adunifesp # 5 [27.mai.2010] www.adunifesp.org.br Protesto em Osasco contra o despejo processo de habite-se, a mudança de laboratórios e biblioteca etc. Nada foi feito e nem tem previsão para começar”, afirma um docente da instituição. Além da postura au- toritária da prefeitura em relação à transferência do prédio, o movi- mento também aponta interesses eleitorais na tentativa de instalar “a toque de caixa” o campus da Uni- fesp em Osasco. Várias manifestações já foram or- ganizadas pelo movimento, sendo

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Boletim Adunifesp-SSind nº05, gestão 2009-2011, publicado em 27 de maio de 2010. Jornalista responsável: Rodrigo Valente; Projeto gráfico e diagramação: D. Nikolaídis.

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Page 1: Boletim Adunifesp nº05 (maio de 2010)

Uma faculdade municipal de Osasco com mais de 40 anos, a FAC/FITO, pode acabar fechada, caso seu prédio seja cedido para o novo campus da Unifesp na cida-de. É o que diz um movimento de alunos e professores que acusam o atual prefeito, Emídio de Souza, de patrocinar o “desmonte” da insti-tuição. A entrega do prédio seria apenas o último golpe de um lon-go processo de abandono, durante o qual a FAC/FITO perdeu cerca de mil estudantes, a metade do to-tal. O boicote do poder municipal seria tão grande, que, no último ano, professores tiveram que fazer “vaquinhas” para produzir faixas de divulgação do vestibular.

Negociações sobre a concessão já estariam ocorrendo há cerca de um ano, mas o movimento em de-fesa da FAC/FITO alega ter ficado sabendo apenas pela imprensa, de-pois que o Conselho Universitário da Unifesp aceitou receber o pré-dio, em reunião no dia 14 de abril. Em nota, a Direção da faculdade afirma que um novo prédio com toda a infraestrutura e em melho-res condições será construído nos próximos meses. “A FAC/FITO so-mente será transferida quando as novas instalações estiverem con-cluídas”, promete o documento.

O movimento em defesa da FAC/FITO, por sua vez, questiona a vontade política do governo mu-nicipal em construir um novo pré-dio, já que até agora nada teria sido feito. “Sabemos que em três meses não se constrói nenhum prédio. Tem que fazer e aprovar o proje-to, abrir licitação para contratar empreiteira e comprar material, o

uma delas em pleno centro co-mercial de Osasco, na véspera do Dia das Mães. Os manifestantes pararam o trânsito e denunciaram a tentativa de desapropriação do prédio da faculdade municipal. Em audiência com o reitor da Uni-fesp, Walter Albertoni, um grupo de professores da FAC/FITO es-clareceu não ser contra a ida da federal para Osasco, mas que ape-lavam para que a desapropriação da faculdade não fosse aceita. Já o reitor alegou que não conhecia os problemas enfrentados pela insti-tuição, mas que eles deveriam ser resolvidos com a prefeitura. Sobre o terreno que foi cedido há vários anos pelo Exército para a constru-ção do Campus da Unifesp na ci-dade, Albertoni afirmou que a ver-ba para a construção do campus não teria sido liberada.

O episódio ainda parece longe de terminar e o movimento em defesa da FAC/FITO promete continuar lutando para manter seu prédio. Avalia entrar com uma ação pública na Curadoria das Fundações e ape-lar para que o Conselho Estadual de Educação negue o pedido de trans-ferência do campus. Além disso, farão pressão para que os vereado-res de Osasco não aprovem um pro-jeto de lei sobre a doação.

Expansão da Unifesp pode prejudicar faculdade municipal de Osasco

Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo Seção Sindical do Andes-SN

Boletim Adunifesp# 5 [27.mai.2010] www.adunifesp.org.br

Protesto em Osasco contra o despejo

processo de habite-se, a mudança de laboratórios e biblioteca etc. Nada foi feito e nem tem previsão para começar”, afirma um docente da instituição. Além da postura au-toritária da prefeitura em relação à transferência do prédio, o movi-mento também aponta interesses eleitorais na tentativa de instalar “a toque de caixa” o campus da Uni-fesp em Osasco.

Várias manifestações já foram or-ganizadas pelo movimento, sendo

Page 2: Boletim Adunifesp nº05 (maio de 2010)

Adunifesp SSind. - Associação dos Docentes da Universidade Federal de São PauloGestão 2009-2011: Maria José da Silva Fernandes (presidente), Soraya Smaili (vice-presidente), João Fernando Marcolan (secretário-geral), Francisco Lacaz (1º secretário), Zelita Caldeira Guedes (tesoureira geral), Raquel de Aguiar Furuie (1ª tesoureira), Eliana Rodrigues (imprensa e comunicação), Alice Teixeira Ferreira (relações sindicais, jurídicas e defesa profissional), Ieda Verreschi (política universitária) e Maria das Graças Barreto da Silva (política sociocultural). Virginia Junqueira (campus baixada santista), Vera Silveira (campus diadema), Carlos Alberto Bello e Silva (campus guarulhos)

Rua Napoleão de Barros, 841. São Paulo - SP. CEP 04024-002. Telefone/fax: (11) 5549-2501 e (11) 5572-1776E-mail: [email protected] Página na internet: www.adunifesp.org.br

Boletim AdunifespJornalista responsável: Rodrigo Valente (MTB 39616)Projeto gráfico e diagramação: D. Nikolaídis

Expectativas frustradas

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A conclusão da Reforma do Estatuto da Unifesp, após as últimas votações pelo Conselho Universitário, em 31 de março, foi marcada por uma lamentável reviravolta. Após mais de dois anos de discussões da comunidade, o resultado final demonstra que a democratização andou a passos lentos e frustrou boa parte das expectativas.

Apesar de o processo de reforma conter avanços, como certas mudanças na composição do Consu – que agora obedecerá à LDB – e o fim da cadeira cativa dos profes-sores titulares no órgão, a estrutura de poder permane-ceu muito parecida com a antiga. Os titulares, em gran-de parte concentrados na Vila Clementino, continuarão dirigindo a universidade. Mantiveram suas cadeiras ca-tivas nas congregações e representarão 50% do Consu.

Outro atropelo foi a votação das novas unidades uni-versitárias. Só no dia da aprovação foi apresentado o projeto de criação de seis unidades, com apenas a Vila Clementino sendo contemplada com mais de uma. Se-gundo o próprio reitor Walter Albertoni, tal proposta teria sido elaborada na véspera pelo presidente da Co-missão da Reforma do Estatuto, o vice-reitor Ricardo Smith. Um desrespeito aos debates da comunidade e ao trabalho dos outros membros da Comissão.

O Conselho de Entidades criticou duramente o resulta-do da Reforma. A prioridade agora será garantir, na ela-boração do novo Regimento Geral, a inclusão da eleição direta para todos os dirigentes da Instituição, a possibi-lidade de formação de novas unidades universitárias e a implementação do Conselho de Assuntos Estudantis – uma das principais conquistas da comunidade – como uma Pró-Reitoria com financiamento público adequado e uma política definida democraticamente. Além disso, as entidades não descartam contestar na justiça pontos do novo Estatuto que considerem inconstitucionais.

Site está de cara nova

Após um período inativo, o site da Adunifesp vol-tou reformulado. A nova página eletrônica, além de contar com uma produção maior de conteúdo, está mais bonita, interativa e terá um boletim ele-trônico — uma ferramenta de diálogo permanente com a universidade e os professores, divulgando as principais atividades, notícias e posicionamen-tos políticos da Associação. O endereço continua o mesmo: www.adunifesp.org.br. Confira!

Projeto Univercine

Durante 2010, uma parceria entre a Unifesp e a Cinemateca Brasileira realizará sessões educativas voltadas para a formação de público e à discussão dos principais temas das ciências humanas. Todo o terceiro sábado de cada mês, às 14h30, o Projeto Univercine ocupará a Cinemateca, na Vila Maria-na, para a projeção de um filme, seguido de deba-te com a presença de professores da universidade e convidados. O endereço é Largo Senador Raul Cardoso, 207. A entrada é livre e gratuita.

Page 3: Boletim Adunifesp nº05 (maio de 2010)

Quais serão as prioridades da próxima gestão?

O nosso programa de chapa destaca diversos pontos, como a defesa da educação pública e gratuita; da auto-nomia e da democracia nas universidades; da dignidade do trabalho docente; da carreira única e da ampliação e fortalecimento do Andes-SN. Trata-se, pois, de um ex-tenso rol de preocupações, todas muito importantes.

Gostaria de dar ênfase especial à necessidade de priori-zar à retomada do protagonismo dos professores para que possamos, a partir do cotidiano da vida universi-tária, revigorar esse agir coletivo dos docentes na luta pelos seus direitos e por uma universidade integrada com a sociedade, portanto, como parte de um projeto emancipador para toda a população brasileira.

Existem atualmente iniciativas do Governo e do Con-gresso que congelam salários, desregulamentam a carreira e prejudicam diretamente os docentes. Quais os objetivos do Andes para os próximos dois anos em relação à carreira e ao salário dos docentes?

Não é preciso insistir no caráter perverso dessas inicia-tivas. No Congresso, está em curso o PL 549 que visa o congelamento dos salários dos servidores federais, cujos reajustes anuais ficariam, por dez anos, restri-tos ao índice inflacionário do ano anterior mais 2,5%. Como argumento, os seus autores dizem pretender a contenção dos gastos públicos; portanto, contribuir para a política de controle de juros e de manutenção do superávit para atender aos compromissos financei-ros internacionais, ou seja, pagamento da dívida.

De outra feita, recentemente tem havido investidas do governo em relação à carreira docente. Acuado pelo Tri-

bunal de Contas que questionou as ações das fundações, ditas de apoio, nas universidades federais, os ministé-rios do Planejamento e da Educação têm apresentado propostas de alteração da carreira com a flexibilização principalmente do regime de dedicação exclusiva. Essa investida escancara a universidade para o interesse mer-cadológico, puramente competitivo e meritocrático. Tanto em relação à carreira como aos salários, o nosso último Congresso estabeleceu no seu plano de lutas o enfrentamento direto a essas questões.

Como foi o Congresso realizado em Belém? A defesa das cotas foi a aprovação mais significativa?

Os eixos centrais de luta aprovados são a valorização do trabalho docente da educação superior; a luta em defesa da universidade pública; ações contra as ten-tativas de subordinação do sindicato aos governos; e contribuição ativa e decisiva, no âmbito da Conlu-tas, no processo de construção de uma nova central. Nesse sentido, avançamos porque definimos políticas que buscam responder às demandas dos docentes e da universidade tanto quanto da necessidade de fortaleci-mento da organização sindical.

Sobre as cotas, é preciso reafirmar que o assunto tem sido insistentemente debatido no Andes. Nossa po-sição histórica é a favor das políticas universalistas, em contraposição às focais. No último congresso, esse enfoque não foi abandonado. Assim, a adoção do sistema de cotas deve ser vista sob o aspecto da transitoriedade para atender as situações agudas de desrespeito aos direitos de importantes setores, os quais vêm cobrando providências para reparar fla-grantes injustiças.

Entrevista – Marina BarbosaEntrevista – Marina Barbosa

Nesta entrevista para o Bole-tim Adunifesp, Marina Barbosa, professora da Universidade Fe-deral Fluminense (UFF) e pre-sidente eleita do Andes-SN, fala das prioridades de sua gestão. A Chapa 1, “Andes Autônoma e Democrática”, concorrente única das eleições do Sindicato Nacional, foi eleita com 9.860 votos, em cerca de 90 institui-ções de ensino superior. O pleito ainda contou com 701 votos em branco e 275 nulos. A próxima gestão do Andes-SN contará na Regional São Paulo com as pro-fessoras Clélia Rejane e Soraya Smaili, da Unifesp.

Page 4: Boletim Adunifesp nº05 (maio de 2010)

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ícia

sMinistro da Educação visita UnifespMinistro da Educação visita UnifespEm visita à Unifesp, o ministro da Educação Fer-nando Haddad recebeu cobranças da comunidade a respeito do atual processo de expansão. As entida-des das categorias, e particularmente os estudantes de Santos, criticaram a precarização do ensino supe-rior, pedindo uma expansão com qualidade. Como não poderia ser diferente, entre Governo e Reitoria houve apenas elogios. Durante um dia inteiro, o mi-nistro participou da reunião do Consu, conheceu o Hospital São Paulo e o prédio que irá abrigar a ad-ministração, e foi até o Campus de Santos — o pri-meiro local a formar turmas do Programa Reuni.

Em discurso no Consu, Maria José Fernandes, presidente da Adunifesp, pontuou que embora a expansão tenha iniciado há mais de quatro anos, ainda é motivo de preocupação, com um enorme “abismo” entre os diferentes campi da universida-de. “Os recursos são insufi cientes para uma ade-quada infraestrutura, com professores e alunos vivendo situações precárias em relação ao espaço físico para desenvolver as atividades para as quais foram admitidos”, criticou. “Não somos contra a ampliação da educação no país, apenas contra sua precarização”, fi nalizou.

Ministro Fernando Haddad na Unifesp, entre o reitor Walter Albertoni e o vice-reitor Ricardo Smith

Já durante a visita ao campus da Baixada Santista, o ministro foi criticado pelos estudantes por falta de infraestrutura e assistência. Os discentes de Santos atualmente vivem os problemas mais agudos de per-manência estudantil na Unifesp, não tendo acesso a moradia, bandejão e transporte. Fernando Haddad afi rmou em resposta que o campus paga um preço por ser “pioneiro” no processo de expansão do Reu-ni e, por isso, considerou analisar especifi camente o caso da Baixada Santista.(Com informações do site da Unifesp)

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Docentes da UFABC organizam sua associação

Um encontro entre docentes da Universidade Federal do ABC, diretores da Adunifesp e da Regional São Paulo do Andes discutiu a cria-ção da associação docente da instituição. A mobilização vem acontecendo desde o ano passado e algumas reuniões já debateram o tema em 2010. A UFABC foi criada em 2006, e, até o momento, entre as categorias, apenas os estudantes já contam com uma entidade, já que fundaram o DCE em 2007.

No sentido de organizar a nova associação, a reunião deliberou uma comissão para redigir um manifesto de fundação da entidade, além de uma assembleia no próximo período para constituir uma gestão provisória, capaz de en-caminhar a primeira eleição e o estatuto. O encontro, ocorrido em 31 de março, reuniu 15 docentes da UFABC, além de Maria José Fer-nandes, presidente da Adunifesp, e de Lighia Matsushigue e Raquel Furuie, diretoras regio-nais do Andes.

Adunifesp passa a contar com nova Assessoria Jurídica

Desde março, o escritório Lara Lorena Fer-reira Sociedade de Advogados assumiu a As-sessoria Jurídica da Adunifesp, substituindo o escritório Aparecido Inácio e Pereira. Haverá plantões jurídicos todas as primeiras terças-feiras do mês, das 9 às 13 horas, na sede da Associação. Todas as ações relativas ao direito coletivo estarão agora sob responsabilidade da nova Assessoria Jurídica. Em caso de dú-vida, a lista de ações pode ser consultada na sede da Adunifesp.

A nova assessoria já analisou as ações antigas e constatou que cerca de 70% dos processos são contra a falta de reajuste salarial durante o Governo FHC. Como a justiça já demonstrou que estas ações não serão acatadas, recomen-da-se a desistência. Oportunamente, será di-vulgada a forma de desistência de tais proces-sos. Em Assembleia Geral realizada no dia 25 de maio, a nova assessoria foi apresentada aos sócios presentes.