aula 1 - trabalho e adm. pública

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www.cers.com.br PRÁTICA TRABALHISTA Demandas judiciais envolvendo a A. P Roberto Figueiredo 1 DEMANDAS JUDICIAIS ENVOLVENDO A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1. QUESTÕES PRÁTICAS E CORRIQUEIRAS NA ATIVIDADE DO ADVOGADO ENVOLVENDO A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 1. Impossibilidade de contratação sem concurso público (art. 37, II, § 2º, CF). II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei. TST. Súmula nº 363. Contratação de Servidor Público sem Concurso - Efeitos e Direitos. A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS. Dica prático-profissional: Ante a provável falta de êxito na tese da manutenção do contrato de emprego, o advogado deve procurar novas e diferentes teses em sua reclamação trabalhista (ex: pedir dano moral, dano pela perda da chance, teoria do fato consumado, boa-fé, confiança, lucros cessantes, etc). Aconselhável a utilização dos pedidos sucessivos. Uma saída seria lançar mão da OJ 335: OJ 335 SDI1 TST. CONTRATO NULO. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. EFEITOS. CONHECIMENTO DO RECURSO POR VIOLAÇÃO DO ART. 37, II E § 2º, DA CF/1988. A nulidade da contratação sem concurso público, após a CF/1988, bem como a limitação de seus efeitos, somente poderá ser declarada por ofensa ao art. 37, II, se invocado concomitantemente o seu § 2º, todos da CF/1988. 1.2. Casuística: ulterior privatização. Administração Pública Indireta.

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PRÁTICA TRABALHISTA Demandas judiciais envolvendo a A. P

Roberto Figueiredo

1

DEMANDAS JUDICIAIS ENVOLVENDO A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. QUESTÕES PRÁTICAS E CORRIQUEIRAS NA ATIVIDADE DO ADVOGADO ENVOLVENDO A

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

1. Impossibilidade de contratação sem concurso público (art. 37, II, § 2º, CF).

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de

provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma

prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e

exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da

autoridade responsável, nos termos da lei.

TST. Súmula nº 363. Contratação de Servidor Público sem Concurso - Efeitos e Direitos. A contratação de

servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no

respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em

relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores

referentes aos depósitos do FGTS.

Dica prático-profissional:

Ante a provável falta de êxito na tese da manutenção do contrato de emprego, o advogado deve procurar

novas e diferentes teses em sua reclamação trabalhista (ex: pedir dano moral, dano pela perda da chance,

teoria do fato consumado, boa-fé, confiança, lucros cessantes, etc). Aconselhável a utilização dos pedidos

sucessivos.

Uma saída seria lançar mão da OJ 335:

OJ 335 SDI1 TST. CONTRATO NULO. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. EFEITOS. CONHECIMENTO DO

RECURSO POR VIOLAÇÃO DO ART. 37, II E § 2º, DA CF/1988. A nulidade da contratação sem concurso

público, após a CF/1988, bem como a limitação de seus efeitos, somente poderá ser declarada por ofensa

ao art. 37, II, se invocado concomitantemente o seu § 2º, todos da CF/1988.

1.2. Casuística: ulterior privatização. Administração Pública Indireta.

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Súmula nº 430, TST: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA. CONTRATAÇÃO. AUSÊNCIA DE

CONCURSO PÚBLICO. NULIDADE. ULTERIOR PRIVATIZAÇÃO. CONVALIDAÇÃO. INSUBSISTÊNCIA

DO VÍCIO.

Dica prático-profissional de argumentação:

Neste caso, é possível pleitear todos os créditos trabalhistas. A argumentação poderia ser feita da

seguinte forma: “em que pese o art. 37, § 2, II, da Constituição Federal exigir, sob pena de nulidade, o

concurso público para ingresso no emprego público, a jurisprudência do Egrégio Tribunal Superior do

Trabalho é pacífica no sentido de reconhecer a convalidação do vício para os casos de ulterior

privatização. Neste sentido a Súmula 430. Isto posto, o reclamante requer...”

1.3. Vínculo empregatício – anterior à CF – possibilidade sem concurso público (OJ 321, SDI-1).

2. Contratação emergencial (art. 37, IX, CF).

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade

temporária de excepcional interesse público;

Dica profissional de nº 1:

Identificar, em primeiro lugar, a legislação local (Estadual ou Municipal) que disciplinou a possibilidade da

Administração Pública contratar, por necessidade temporária de excepcional interesse público.

Dica profissional de nº 2:

Analisar a legislação local identificada e verificar se o regime jurídico nela previsto é celetista, ou

estatutário.

Ação prático-profissional:

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Ajuizar reclamação trabalhista (se a hipótese for celetista), ou ação ordinária cível na Vara da Fazenda

Pública (para o caso de vínculo estatutário).

Lembrete !!!

"Servidores públicos. Regime temporário. Justiça do Trabalho. Incompetência. No julgamento da ADI

3.395-MC/DF, este Supremo Tribunal suspendeu toda e qualquer interpretação do inciso I do art. 114 da

CF (na redação da EC 45/2004) que inserisse, na competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de

causas instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem

estatutária ou de caráter jurídico-administrativo. As contratações temporárias para suprir os serviços

públicos estão no âmbito de relação jurídico-administrativa, sendo competente para dirimir os conflitos a

Justiça comum e não a Justiça especializada." (Rcl 4.872, Rel. p/ o ac. Min. Menezes Direito, julgamento

em 21-8-2008, Plenário, DJE de 7-11-2008.) No mesmo sentido: Rcl 7.126-AgR, rel. min. Joaquim

Barbosa, julgamento em 20-6-2012, Plenário, DJE de 1º-8-2012; Rcl 7.157-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli,

julgamento em 17-2-2010, Plenário, DJE de 19-3-2010; Rcl 4.045-MC-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso,

julgamento em 14-10-2009, Plenário, DJE de 19-3-2010; Rcl 5.924-AgR, Rcl 7.066-AgR e Rcl 7.115-AgR,

Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 23-9-2009, Plenário, DJE de 23-10-2009; Rcl 7.028-AgR e Rcl 7.234-

AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 16-9-2009, Plenário, DJE de 16-10-2009; Rcl 6.568, Rel. Min.

Eros Grau, julgamento em 21-5-2009, Plenário, DJE de 25-9-2009; Rcl 4.489-AgR, Rcl 4.012-AgR e Rcl

4.054-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 21-8-2008, Plenário, DJE de 21-11-2008; Rcl

5.381, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 17-3-2008, Plenário, DJE de 8-8-2008. Vide: Rcl 5.954, Rel.

Min. Dias Toffoli, julgamento em 2-6-2010, Plenário, DJE de 22-10-2010; Rcl 7.039-AgR, Rel. Min.

Cármen Lúcia, julgamento em 2-4-2009, Plenário, DJE de 8-5-2009.

3.Teto remuneratório (art. 37, XI, CF):

OJ 339 SDI1 TST: TETO REMUNERATÓRIO. EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA

MISTA. ART. 37, XI, DA CF/1988 (ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 19/1998). (nova

redação, DJ 20.04.2005). As empresas públicas e as sociedades de economia mista estão submetidas à

observância do teto remuneratório previsto no inciso XI do art. 37 da CF/1988, sendo aplicável, inclusive,

ao período anterior à alteração introduzida pela Emenda Constitucional nº 19/1998.

Dica prático-profissional:

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Como a matéria do teto remuneratório já está pacificada, restará ao advogado analisar se a empresa

estatal observou as garantias do devido processo administrativo ao praticar o ato de reduzir, contra o

reclamante, o valor de sua remuneração. A falta de contraditório, ou ampla defesa, pode autorizar o

ajuizamento de reclamação trabalhista pretendendo a invalidade do ato por vício de forma, com pedido de

antecipação da tutela para assegurar o pagamento remuneratório regular.

4. Estabilidade (art. 41, CF).

Súmula nº 390 – TST. Estabilidade - Celetista - Administração Direta, Autárquica ou Fundacional -

Empregado de Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista.

I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da

estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 265 da SDI-1 - Inserida em 27.09.2002 e ex-OJ nº

22 da SDI-2 - Inserida em 20.09.00).

II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante

aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº

229 - Inserida em 20.06.2001)

OJ 247 SDI1 TST. SERVIDOR PÚBLICO. CELETISTA CONCURSADO. DESPEDIDA IMOTIVADA.

EMPRESA PÚBLICA OU SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. POSSIBILIDADE.

I - A despedida de empregados de empresa pública e de sociedade de economia mista, mesmo admitidos

por concurso público, independe de ato motivado para sua validade;

II - A validade do ato de despedida do empregado da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT)

está condicionada à motivação, por gozar a empresa do mesmo tratamento destinado à Fazenda Pública

em relação à imunidade tributária e à execução por precatório, além das prerrogativas de foro, prazos e

custas processuais.

“Os privilégios da Fazenda Pública são inextensíveis às sociedades de economia mista que executam

atividades em regime de concorrência ou que tenham como objetivo distribuir lucros aos seus acionistas.

Portanto, a empresa Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (ELETRONORTE) não pode se beneficiar

do sistema de pagamento por precatório de dívidas decorrentes de decisões judiciais (art. 100 da

Constituição).” (RE 599.628, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 25-5-2011, Plenário,

DJE de 17-10-2011, com repercussão geral.) No mesmo sentido: AI 823.618-AgR, Rel. Min. Gilmar

Mendes, julgamento em 6-3-2012, Segunda Turma, DJE de 20-3-2012.

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4.1. Estabilidade adquirida com a advento da Constituição (art. 19, ADTC).

4.2. Estabilidade pré-eleitoral. OJ 51, SDI-1.

OJ 51 SDI1 TST. LEGISLAÇÃO ELEITORAL. EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA

MISTA (título alterado e inserido dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010

Aos empregados das empresas públicas e das sociedades de economia mista regidos pela CLT aplicam-

se as vedações dispostas no art. 15 da Lei n.º 7.773, de 08.06.1989.

5. Terceirização – responsabilidade subsidiária (súmula 331, V, TST).

Súmula nº 331 do TST. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE.

I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com

o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).

II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com

os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).

III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de

20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio

do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.

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IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade

subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação

processual e conste também do título executivo judicial.

V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas

mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das

obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações

contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre

de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.

VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da

condenação referentes ao período da prestação laboral.

Dica prático-profissional:

A única forma do reclamante obter a responsabilização subsidiária do Poder Público é alegando na causa

de pedir de sua reclamação trabalhista a existência de culpa da Administração, seja na eleição do tomador

do serviço, seja na fiscalização de suas atividades. Além disto, em audiência, o reclamante deve tentar

conduzir a instrução e a prova para esta linha de tese jurídica.

Outra sugestão é invocar inicialmente a responsabilidade solidária com fundamento na teoria do risco

administrativo, ou co-autoria no ilícito (CC, 942) e elaborar pedido sucessivo para o caso de não ser este

acolhido, no sentido de responsabilização subsidiária da reclamada.

5.1 Vínculo direto com a Administração Pública em relação a período anterior à CF.

OJ 321 SDI1 TST. VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PERÍODO

ANTERIOR À CF/1988. Salvo os casos de trabalho temporário e de serviço de vigilância, previstos nas

Leis nºs 6.019, de 03.01.74, e 7.102, de 20.06.83, é ilegal a contratação de trabalhadores por empresa

interposta, formando-se o vínculo empregatício diretamente com o tomador dos serviços, inclusive ente

público, em relação ao período anterior à vigência da CF/88.

6. Estagiário – impossibilidade de vínculo (OJ 366, SDI-1).

OJ 366 SDI1 TST. ESTAGIÁRIO. DESVIRTUAMENTO DO CONTRATO DE ESTÁGIO.

RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA OU

INDIRETA. PERÍODO POSTERIOR À CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. IMPOSSIBILIDADE. DJ 20,

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21 e 23.05.2008

Ainda que desvirtuada a finalidade do contrato de estágio celebrado na vigência da Constituição Federal

de 1988, é inviável o reconhecimento do vínculo empregatício com ente da Administração Pública direta

ou indireta, por força do art. 37, II, da CF/1988, bem como o deferimento de indenização pecuniária,

exceto em relação às parcelas previstas na Súmula nº 363 do TST, se requeridas.

7. Duplo grau – fazenda pública (súmula 303, TST e art. 14, § 1º, Lei 12016/2009).

TST Súmula nº 303. Duplo Grau de Jurisdição - Decisão Trabalhista - Fazenda Pública.

I - Em dissídio individual, está sujeita ao duplo grau de jurisdição, mesmo na vigência da CF/1988, decisão

contrária à Fazenda Pública, salvo:

a) quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 60 (sessenta) salários mínimos; (ex-OJ

nº 09 da SBDI-1 - incorporada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

b) quando a decisão estiver em consonância com decisão plenária do Supremo Tribunal Federal ou com

súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho. (ex-Súmula nº 303 - alterada pela

Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

II - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau está sujeita ao duplo grau de

jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas hipóteses das alíneas "a" e "b" do

inciso anterior. (ex-OJ nº 71 da SBDI-1 - inserida em 03.06.1996)

III - Em mandado de segurança, somente cabe remessa "ex officio" se, na relação processual, figurar

pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não

ocorre na hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado,

ressalvada a hipótese de matéria administrativa. (ex-OJs nºs 72 e 73 da SBDI-1 - inseridas,

respectivamente, em 25.11.1996 e 03.06.1996)

7.1. Ação rescisória - incabível de decisão a que não se submeteu ao duplo grau obrigatório (OJ 21,

SDI-2).

OJ 21. AÇÃO RESCISÓRIA. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. TRÂNSITO EM JULGADO.

INOBSERVÂNCIA. DECRETO-LEI Nº 779/69, ART. 1º, V. INCABÍVEL (nova redação) - DJ 22.08.2005. É

incabível ação rescisória para a desconstituição de sentença não transitada em julgado porque ainda não

submetida ao necessário duplo grau de jurisdição, na forma do Decreto-Lei nº 779/69. Determina-se que

se oficie ao Presidente do TRT para que proceda à avocatória do processo principal para o reexame da

sentença rescindenda.

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7.2. Incabível recurso de revista se não interposto recurso voluntário (OJ 334, SDI-1).

OJ 334 SDI1 TST. REMESSA "EX OFFICIO". RECURSO DE REVISTA. INEXISTÊNCIA DE RECURSO

ORDINÁRIO VOLUNTÁRIO DE ENTE PÚBLICO. INCABÍVEL. Incabível recurso de revista de ente público

que não interpôs recurso ordinário voluntário da decisão de primeira instância, ressalvada a hipótese de

ter sido agravada, na segunda instância, a condenação imposta. ERR 522601/1998, Tribunal Pleno. Em

28.10.03, o Tribunal Pleno decidiu, por maioria, ser incabível recurso de revista de ente público que não

interpôs recurso ordinário voluntário.

8. Ação rescisória – decisão deferir verbas em concurso público anulado (OJ 128, SDI-2).

OJ 128 SDI2 TST. AÇÃO RESCISÓRIA. CONCURSO PÚBLICO ANULADO POSTERIORMENTE.

APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 363 DO TST. O certame público posteriormente anulado equivale à

contratação realizada sem a observância da exigência contida no art. 37, II, da Constituição Federal de

1988. Assim sendo, aplicam-se à hipótese os efeitos previstos na Súmula nº 363 do TST.

9. Afastamento em virtude de encargo público (art. 472, CLT).

10. Penhora anterior a sucessão pela União (OJ 343, SDI-1)

OJ 343 SDI1 TST. PENHORA. SUCESSÃO. ART. 100 DA CF/1988. EXECUÇÃO. DJ 22.06.04. É válida a

penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à sucessão pela União ou

por Estado-membro, não podendo a execução prosseguir mediante precatório. A decisão que a mantém

não viola o art. 100 da CF/1988.

11. Quadro de carreira – homologação Ministério do Trabalho – desnecessidade (súmula 6, I, TST).

TST Súmula nº 6. Quadro de Carreira - Homologação - Equiparação Salarial.

I - Para os fins previstos no § 2º do art. 461 da CLT, só é válido o quadro de pessoal organizado em

carreira quando homologado pelo Ministério do Trabalho, excluindo-se, apenas, dessa exigência o quadro

de carreira das entidades de direito público da administração direta, autárquica e fundacional aprovado por

ato administrativo da autoridade competente. - Nova Redação - Res. 104/2000, DJ 18.12.2000

II - Para efeito de equiparação de salários em caso de trabalho igual, conta-se o tempo de serviço na

função e não no emprego. (ex-Súmula nº 135 - RA 102/1982, DJ 11.10.1982 e DJ 15.10.1982)

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III - A equiparação salarial só é possível se o empregado e o paradigma exercerem a mesma função,

desempenhando as mesmas tarefas, não importando se os cargos têm, ou não, a mesma denominação.

(ex-OJ da SBDI-1 nº 328 - DJ 09.12.2003)

IV - É desnecessário que, ao tempo da reclamação sobre equiparação salarial, reclamante e paradigma

estejam a serviço do estabelecimento, desde que o pedido se relacione com situação pretérita. (ex-Súmula

nº 22 - RA 57/1970, DO-GB 27.11.1970)

V - A cessão de empregados não exclui a equiparação salarial, embora exercida a função em órgão

governamental estranho à cedente, se esta responde pelos salários do paradigma e do reclamante. (ex-

Súmula nº 111 - RA 102/1980, DJ 25.09.1980)

VI - Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante a circunstância de que o desnível salarial

tenha origem em decisão judicial que beneficiou o paradigma, exceto se decorrente de vantagem pessoal

ou de tese jurídica superada pela jurisprudência de Corte Superior. (ex-Súmula nº 120 - alterada pela Res.

100/2000, DJ 20.09.2000).

VII - Desde que atendidos os requisitos do art. 461 da CLT, é possível a equiparação salarial de trabalho

intelectual, que pode ser avaliado por sua perfeição técnica, cuja aferição terá critérios objetivos. (ex-OJ da

SBDI-1 nº 298 - DJ 11.08.2003).

VIII - É do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo da equiparação

salarial. (ex-Súmula nº 68 - RA 9/1977, DJ 11.02.1977)

IX - Na ação de equiparação salarial, a prescrição é parcial e só alcança as diferenças salariais vencidas

no período de 5 (cinco) anos que precedeu o ajuizamento. (ex-Súmula nº 274 - alterada pela Res.

121/2003, DJ 21.11.2003).

X - O conceito de "mesma localidade" de que trata o art. 461 da CLT refere-se, em princípio, ao mesmo

município, ou a municípios distintos que, comprovadamente, pertençam à mesma região metropolitana.

(ex-OJ da SBDI-1 nº 252 - inserida em 13.03.2002).

12. Equiparação – isonomia entre concursado e terceirizado (OJ 383, SDI-1).

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OJ 383 SDI1 TST. TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS E

DA TOMADORA. ISONOMIA. ART. 12, “A”, DA LEI Nº 6.019, DE 03.01.1974 (mantida) - Res. 175/2011,

DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011

A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com

ente da Administração Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos

empregados terceirizados às mesmas verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas àqueles

contratados pelo tomador dos serviços, desde que presente a igualdade de funções. Aplicação analógica

do art. 12, “a”, da Lei nº 6.019, de 03.01.1974.

13. Administração e multa do art. 467 e 477 da CLT (OJ 238, SDI-1 e súmula 331, VI, TST).

OJ 238. MULTA. ART. 477 DA CLT. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. APLICÁVEL (inserido

dispositivo) - DJ 20.04.2005. Submete-se à multa do artigo 477 da CLT a pessoa jurídica de direito público

que não observa o prazo para pagamento das verbas rescisórias, pois nivela-se a qualquer particular, em

direitos e obrigações, despojando-se do "jus imperii" ao celebrar um contrato de emprego.

14. Requisição de pequeno valor - EC 62/2009 – pequeno valor – seqüestro (art. 100, § 3º, CF, OJ-TP

1 e OJ-TP 3).

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em

virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos

precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas

dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (Redação da EC 62/2009).

§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de

salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações,

benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas

em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em

julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto

sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação da EC 62/2009)

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“Créditos trabalhistas não se confundem ou se equivalem aos créditos de

natureza alimentar. Os primeiros são espécies dos segundos, que gênero são.

As verbas devidas pelo Estado seguem regramento especial, inclusive no que

diz respeito ao seu pagamento, ainda que existam listas distintas de

precatórios. A MP 2.180/2001, cuja vigência antecedeu à do Novo Código Civil

e, em relação a ele, é norma especial aplicável às condenações impostas à

Fazenda Pública, acrescentou o art. 1º-F à Lei 9.494, de 10-9-1997,

determinando que os juros de mora, resultantes de condenação no pagamento

de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não

poderão ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano. A Lei 11.960, de

30-6-2009, dando nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494, de 10-9-1997,

conferiu novel regramento à aplicação de juros moratórios nas condenações

impostas à Fazenda Pública, determinando que estes incidam nos mesmos

percentuais aplicáveis às cadernetas de poupança.” (AO 152 embargos à

execução-ED-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17-11-

2011, Plenário, DJE de 1º-12-2011.)

Súmula 655, STF: “A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor de créditos de

natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da

ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza”.

Súmula 144, STJ: “Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados os

precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa”.

§ 3º O

disposto no

caput deste

artigo

relativamente

à expedição

de

precatórios

não se aplica

aos

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pagamentos

de

obrigações

definidas em

leis como de

pequeno

valor que as

Fazendas

referidas

devam fazer

em virtude

de sentença

judicial

transitada

em julgado.

(Redação da

EC 62/2009)

NOVO: "O poder público (...), a pretexto de satisfazer conveniências

próprias, não pode fazer incidir, retroativamente, sobre situações

definitivamente consolidadas, norma de direito local que reduza,

para os fins do art. 100, § 3º, da Constituição, o valor das obrigações

estatais devidas, para, com apoio em referida legislação, submeter a

execução contra ele já iniciada, fundada em condenação judicial

também já anteriormente transitada em julgado, ao regime ordinário

de precatórios, frustrando, desse modo, a utilização, pelo credor, do

mecanismo mais favorável e ágil da requisição de pequeno valor, de

aplicabilidade até então legitimada em razão dos parâmetros

definidos no art. 87 do ADCT." (RE 601.914-AgR, rel. min. Celso de

Mello, julgamento em 6-3-2012, Segunda Turma, DJE de 25-2-

2013.)

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§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis

próprias, valores distintos às entidades de direito público, segundo as

diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do

maior benefício do regime geral de previdência social. (Redação da EC

62/2009)

"Precatórios. Obrigações de pequeno valor. CF, art. 100, § 3º. ADCT,

art. 87. Possibilidade de fixação, pelos Estados-membros, de valor

referencial inferior ao do art. 87 do ADCT, com a redação dada pela

EC 37/2002." (ADI 2.868, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim Barbosa,

julgamento em 2-6-2004, Plenário, DJ de 12-11-2004.)

§ 8º É vedada a expedição de

precatórios complementares ou

suplementares de valor pago, bem

como o fracionamento, repartição

ou quebra do valor da execução

para fins de enquadramento de

parcela do total ao que dispõe o §

3º deste artigo. (Redação da EC

62/2009)

“(...) é pacífico o entendimento desta Corte,

segundo o qual é impossível o

fracionamento da execução para requisição

de pequeno valor. (...) No presente caso, o

acórdão recorrido, ao autorizar o

fracionamento da execução para o

pagamento de custas mediante RPV,

divergiu da orientação firmada por esta

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Corte, uma vez que a execução das verbas

acessórias não é autônoma, devendo ser

considerada em conjunto com a

condenação principal. (...) Dessarte, a

execução das custas processuais não pode

ser feita de modo independente, devendo

ocorrer em conjunto com a do precatório

que diz respeito ao total do crédito. Isso

porque o art. 100, § 8º, da Constituição,

com a redação dada pela EC 62/2009,

veda o fracionamento, a repartição ou a

quebra do valor da execução, não podendo

a liquidação das custas ser feita de forma

apartada.” (RE 592.619, voto do Rel. Min.

Gilmar Mendes, julgamento em 8-9-2010,

Plenário, DJE de 16-11-2010.) Vide: RE

578.695, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,

julgamento em 29-10-2008, Plenário, DJE

de 20-3-2009, com repercussão geral.

"Execução contra a Fazenda Pública.

Custas processuais. Pagamento via

Requisição de Pequeno Valor (RPV).

Fracionamento da execução principal. (...)

No caso, o titular do cartório tem

legitimidade para executar as custas

processuais, uma vez que a parte, por ser

beneficiária de assistência judiciária

gratuita, não as adiantou." (RE 578.695,

Rel. Min. Ricardo Lewandowski,

julgamento em 29-10-2008, Plenário, DJE

de 20-3-2009, com repercussão geral.)

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"Honorários advocatícios. Expedição de

novo precatório. Acessório segue a sorte

do principal. Deve-se afastar o

fracionamento de precatório para

pagamento dos honorários advocatícios de

sucumbência quando a execução não for

específica de honorários, seguindo, como

acessório, a sorte do principal." (RE

527.971-AgR-ED, Rel. Min. Cezar Peluso,

julgamento em 25-9-2007, Segunda

Turma, DJ de 19-10-2007.)

"Débitos da Fazenda Pública. Expedição de

precatório complementar. Nova citação.

Desnecessidade. Hipóteses específicas:

erro material, inexatidões aritméticas ou

substituição de índices já extintos.

Precedente. Decisões judiciais. Novo

precatório. Nova citação. Necessidade.

Precedentes." (AI 534.539-AgR, Rel. Min.

Gilmar Mendes, julgamento em 14-8-2007,

Segunda Turma, DJ de 14-9-2007.) No

mesmo sentido: AI 508.697-AgR, Rel.

Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8-2-

2011, Primeira Turma, DJE de 28-3-2011;

AI 610.832-AgR, Rel. Min. Ricardo

Lewandowski, julgamento em 2-12-2010,

Primeira Turma, DJE de 8-2-2011.

"Este Tribunal firmou entendimento no

sentido de que é possível o fracionamento

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de execução de sentença para expedição

de requisição de pequeno valor, apenas

quando se tratar de litisconsórcio facultativo

ativo e não de ação coletiva intentada por

legitimado extraordinário ou substituto

processual. Precedentes." (RE 459.506-

AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em

12-6-2007, Segunda Turma, DJ de 17-8-

2007.) No mesmo sentido: RE 570.712-

AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento

em 20-4-2010, Segunda Turma, DJE de 14-

5-2010; AI 608.866-AgR, Rel. Min. Ricardo

Lewandowski, julgamento em 2-10-2007,

Primeira Turma, DJ de 31-10-2007. Vide:

RE 501.840-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie,

julgamento em 15-9-2009, Segunda Turma,

DJE de 9-10-2009.

“Execução. Precatório. Duplicidade. Longe

fica de conflitar com o art. 100, § 4º, da CF

enfoque no sentido de ter-se a expedição

imediata de precatório relativamente à

parte incontroversa do título judicial, dando-

se sequência ao processo quanto àquela

impugnada por meio de recurso.” (RE

458.110, Rel. Min. Marco Aurélio,

julgamento em 13-6-2006,

Primeira Turma, DJ de 29-9-2006.)

"Constitucional. Precatório. Crédito

complementar: novo precatório. Regimento

Interno do Tribunal de Justiça do Estado de

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São Paulo, inciso V do art. 336. CF, art.

100. Interpretação conforme sem redução

do texto. Dispõe o inciso V do art. 336 do

Regimento Interno do Tribunal de Justiça

do Estado de São Paulo que ‘para

pagamentos complementares serão

utilizados os mesmos precatórios satisfeitos

parcialmente até o seu integral

cumprimento’. Interpretação conforme, sem

redução do texto, para o fim de ficar

assentado que ‘pagamentos

complementares’, referidos no citado

preceito regimental, são somente aqueles

decorrentes de erro material e inexatidão

aritmética, contidos no precatório original,

bem assim da substituição, por força de lei,

do índice aplicado. Ação direta de

inconstitucionalidade julgada procedente,

em parte." (ADI 2.924, Rel. Min. Carlos

Velloso, julgamento em 30-11-2005,

Plenário, DJ de 6-9-2007.) No mesmo

sentido: RE 472.000-AgR, Rel. Min.

Joaquim Barbosa, julgamento em 14-9-

2010, Segunda Turma, DJE de 8-10-2010.

Vide: Rcl 3.119, Rel. Min. Joaquim

Barbosa, julgamento em 4-3-2009,

Plenário, DJE de 7-8-2009.

OJ-TP-1. PRECATÓRIO. CRÉDITO TRABALHISTA. PEQUENO VALOR. EMENDA CONSTITUCIONAL

Nº 37/2002. Há dispensa da expedição de precatório, na forma do art. 100, § 3º, da CF/1988, quando a

execução contra a Fazenda Pública não exceder os valores definidos, provisoriamente, pela Emenda

Constitucional nº 37/2002, como obrigações de pequeno valor, inexistindo ilegalidade, sob esse prisma, na

determinação de seqüestro da quantia devida pelo ente público.

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OJ-TP-3. PRECATÓRIO. SEQÜESTRO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 30/00. PRETERIÇÃO. ADIN

1662-8. ART. 100, § 2º, DA CF/1988. DJ 09.12.2003

O seqüestro de verbas públicas para satisfação de precatórios trabalhistas só é admitido na hipótese de

preterição do direito de precedência do credor, a ela não se equiparando as situações de não inclusão da

despesa no orçamento ou de não-pagamento do precatório até o final do exercício, quando incluído no

orçamento.

14. 1. Requisição de pequeno valor – reclamação trabalhista plúrima (OJ –TP 9).

OJ-TP-9. PRECATÓRIO. PEQUENO VALOR. INDIVIDUALIZAÇÃO DO CRÉDITO APURADO.

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA PLÚRIMA. EXECUÇÃO DIRETA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA.

POSSIBILIDADE. DJ 25.04.2007

Tratando-se de reclamações trabalhistas plúrimas, a aferição do que vem a ser obrigação de pequeno

valor, para efeito de dispensa de formação de precatório e aplicação do disposto no § 3º do art. 100 da

CF/88, deve ser realizada considerando-se os créditos de cada reclamante.

15. Precatório - revisão de cálculo – competência do Presidente do TRT (OJ-TP 2).

OJ-TP-2. PRECATÓRIO. REVISÃO DE CÁLCULOS. LIMITES DA COMPETÊNCIA DO PRESIDENTE DO

TRT. DJ 09.12.2003. O pedido de revisão dos cálculos, em fase de precatório, previsto no art. 1º-E da Lei

nº 9.494/1997, apenas poderá ser acolhido desde que: a) o requerente aponte e especifique claramente

quais são as incorreções existentes nos cálculos, discriminando o montante que seria correto, pois do

contrário a incorreção torna-se abstrata; b) o defeito nos cálculos esteja ligado à incorreção material ou à

utilização de critério em descompasso com a lei ou com o título executivo judicial; e c) o critério legal

aplicável ao débito não tenha sido objeto de debate nem na fase de conhecimento, nem na fase de

execução.

15.1. Precatório - limitação dos efeitos da condenação (OJ-TP 6).

OJ-TP-6. PRECATÓRIO. EXECUÇÃO. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO IMPOSTA PELO TÍTULO

JUDICIAL EXEQ6ÜENDO À DATA DO ADVENTO DA LEI Nº 8.112, de 11.12.1990. DJ 25.04.2007. Em

sede de precatório, não configura ofensa à coisa julgada a limitação dos efeitos pecuniários da sentença

condenatória ao período anterior ao advento da Lei nº 8.112, de 11.12.1990, em que o exeqënte

submetia-se à legislação trabalhista, salvo disposição expressa em contrário na decisão exequenda.

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15.2. Precatório - juros de mora (OJ –TP 7).

Súmula Vinculante 17: “Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não

incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos”.

OJ-TP-7. JUROS DE MORA. CONDENAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA.

I - Nas condenações impostas à Fazenda Pública, incidem juros de mora segundo os seguintes critérios:

a) 1% (um por cento) ao mês, até agosto de 2001, nos termos do § 1º do art. 39 da Lei n.º 8.177, de

1.03.1991;

b) 0,5% (meio por cento) ao mês, de setembro de 2001 a junho de 2009, conforme determina o art. 1º - F

da Lei nº 9.494, de 10.09.1997, introduzido pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24.08.2001;

II - A partir de 30 de junho de 2009, atualizam-se os débitos trabalhistas da Fazenda Pública, mediante a

incidência dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, por

força do art. 5º da Lei n.º 11.960, de 29.06.2009.

III - A adequação do montante da condenação deve observar essa limitação legal, ainda que em sede de

precatório.

15.3. Precatório - matéria administrativa – remessa ex officio desnecessária (OJ-TP 8).

OJ-TP-8. PRECATÓRIO. MATÉRIA ADMINISTRATIVA. REMESSA NECESSÁRIA. NÃO CABIMENTO. DJ

25.04.2007. Em sede de precatório, por se tratar de decisão de natureza administrativa, não se aplica o

disposto no art. 1º, V, do Decreto-Lei nº 779, de 21.08.1969, em que se determina a remessa necessária

em caso de decisão judicial desfavorável a ente público.

15.4. Precatório – mandado de segurança contra Presidente do TRT (OJ –TP 10).

OJ-TP-10. PRECATÓRIO. PROCESSAMENTO E PAGAMENTO. NATUREZA ADMINISTRATIVA.

MANDADO DE SEGURANÇA. CABIMENTO. É cabível mandado de segurança contra atos praticados

pela Presidência dos Tribunais Regionais em precatório em razão de sua natureza administrativa, não se

aplicando o disposto no inciso II do art. 5º da Lei nº 1.533, de 31.12.1951.

Súmula 733, STF: “Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de

precatórios”.

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Súmula 311, STJ: “Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento

de precatório não têm caráter jurisdicional.

16. Revelia - aplicação contra a Fazenda Pública (OJ 152, SDI-1)

OJ 152 SDI1 TST. REVELIA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. APLICÁVEL. (ART. 844 DA

CLT). Pessoa jurídica de direito público sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT.

Noticiário do ST!!!

Quinta-feira, 14 de março de 2013

STF julga parcialmente inconstitucional emenda dos precatórios

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, julgou parcialmente procedentes as Ações

Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 4357 e 4425 para declarar a inconstitucionalidade de parte da

Emenda Constitucional 62/2009, que instituiu o novo regime especial de pagamento de precatórios. Com a

decisão, foram declarados inconstitucionais dispositivos do artigo 100 da Constituição Federal, que institui

regras gerais para precatórios, e integralmente inconstitucional o artigo 97 do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias (ADCT), que cria o regime especial de pagamento.

O regime especial instituído pela EC 62 consiste na adoção de sistema de parcelamento de 15 anos da

dívida, combinado o regime que destina parcelas variáveis entre 1% a 2% da receita de estados e

municípios para uma conta especial voltada para o pagamento de precatórios. Desses recursos, 50% são

destinados ao pagamento por ordem cronológica, e os valores restantes a um sistema que combina

pagamentos por ordem crescente de valor, por meio de leilões ou em acordos diretos com credores.

Na sessão desta quinta-feira (14), a maioria dos ministros acompanhou o relator, ministro Ayres Britto

(aposentado), e considerou o artigo 97 do ADCT inconstitucional por afrontar cláusulas pétreas, como a de

garantia de acesso à Justiça, a independência entre os Poderes e a proteção à coisa julgada. O redator do

acórdão, ministro Luiz Fux, anunciou que deverá trazer o caso novamente ao Plenário para a modulação

dos efeitos, atendendo a pedido de procuradores estaduais e municipais preocupados com os efeitos da

decisão sobre parcelamentos em curso e pagamentos já realizados sob a sistemática da emenda.

Artigo 100

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Na sessão de quarta-feira (13), o Plenário já havia decidido pela inconstitucionalidade de dispositivos do

artigo 100 da Constituição Federal, com a redação dada pela emenda, considerando parcialmente

procedentes as ADIs em pontos que tratam da restrição à preferência de pagamento a credores com mais

de 60 anos, da fixação da taxa de correção monetária e das regras de compensação de créditos.

Ministro Luiz Fux

O ministro Luiz Fux reiterou os fundamentos de seu voto-vista concluído na sessão de ontem (13),

posicionando-se no mesmo sentido do relator, pela inconstitucionalidade das regras da EC 62. De acordo

com o ministro Fux, a forma de pagamento prevista no parágrafo 15 do artigo 100 da Constituição Federal

e detalhada pelo artigo 97 do ADCT é inconstitucional. Ele considerou, entre os motivos, o desrespeito à

duração razoável do processo, uma vez que o credor quer um resultado palpável para a realização do seu

direito de receber a quitação da dívida.

Na opinião do ministro Fux, “não se pode dizer que a EC 62 representou um verdadeiro avanço enquanto

existir a possibilidade de pagamento de precatório com valor inferior ao efetivamente devido em prazo que

pode chegar a 80 anos”. O ministro destacou ainda que esse regime não é uma fórmula mágica, viola o

núcleo essencial do estado de direito. “É preciso que a criatividade dos nossos legisladores seja colocada

em prática conforme a Constituição, de modo a erigir um regime regulatório de precatórios que resolva

essa crônica problemática institucional brasileira sem, contudo, despejar nos ombros do cidadão o ônus de

um descaso que nunca foi seu”, afirmou.

Ministro Teori Zavascki

O ministro Teori Zavascki manteve a conclusão de seu voto, pela improcedência das ADIs, também já

proferido ontem (13). “Continuo entendendo que a disciplina relativa ao pagamento de precatório está

dentro do poder constituinte derivado, e continuo achando que é um exagero supor que a disciplina dessa

matéria possa atentar contra a forma federativa de Estado; voto direito, secreto, universal e periódico;

separação de poderes; ou que tenda a abolir direitos e garantias individuais”, salientou.

O ponto central do debate, conforme ele, é a conveniência ou não da fórmula encontrada pela EC 62 para

solucionar a questão. Para o ministro Teori Zavascki, o Supremo tem que estabelecer como parâmetro

não o que entender como ideal para o pagamento de precatório, mas deverá ser feita uma escolha entre o

sistema anterior e o sistema proposto pela emenda. “Não podemos fugir de uma verdade: que o modelo

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anterior era mais perverso ainda. Os estados inadimplentes estão inadimplentes há 15, 20 anos ou mais”,

disse.

Ministra Rosa Weber

A ministra Rosa Weber acompanhou integralmente o voto do relator no sentido da procedência das duas

ADIs e julgou inconstitucional o sistema especial preconizado pela EC 62. “Subscrevo, na íntegra, os

fundamentos do voto do relator, ministro Ayres Britto, quando conclui que os dois modelos especiais para

pagamento de precatórios afrontam a ideia central do Estado democrático direito, violam as garantias do

livre e eficaz acesso ao Poder Judiciário, do devido processo legal e da duração razoável do processo e

afrontam a autoridades das decisões judiciais, ao prolongar, compulsoriamente, o cumprimento de

sentenças judiciais com trânsito em julgado”, afirmou ela. “Não se trata de escolher entre um e outro

regime perverso”, observou ela. “Ambos são perversos. Teremos que achar outras soluções”.

Ministro Dias Toffoli

Para o ministro Dias Toffoli, o artigo 97 do ADCT, segundo a redação dada pela EC 62, não ofende a coisa

julgada, pois não interfere no valor da condenação. O ministro citou ainda o decidido na ADI 1098,

segundo o qual todo o processo de precatório tem caráter administrativo. Para o ministro, a EC 62 não

ofende cláusula pétrea, o Poder Judiciário nem a coisa julgada. “O que a emenda tentou fazer foi dar

racionalidade ao sistema, instituindo também uma série de responsabilizações ao Estado”, afirmou o

ministro, votando pelo indeferimento do pedido feito nas ADIs.

Ministra Cármen Lúcia

Acompanhando o relator pela procedência das ADIs em relação ao parágrafo 15 do artigo 100 e em

relação ao artigo 97 do ADCT, a ministra Cármen Lúcia entendeu que há, sim, ofensa à Constituição

Federal no texto da Emenda Constitucional. Segundo ela, o valor da condenação é definido judicialmente,

e há ofensa à Constituição Federal se um regime não oferece solução para o credor. “Não é por

reconhecer que o sistema anterior era pior que eu poderia dar o meu aval”, afirmou. “Não seria honesto

comigo, nem com o cidadão”.

A ministra chamou atenção para o disposto no parágrafo 15 do artigo 100, que prevê a possibilidade de lei

complementar federal estabelecer regime especial de pagamento, ao que se antecipou o artigo 97 do

ADCT, fixando um na forma especifica. “O que é preciso que seja lido, e o que os procuradores dos

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estados certamente verificaram, é que há outros caminhos postos, que não só esse regime. Até mesmo

aquele apontado no parágrafo 16 do artigo 100, que permite que a União possa financiar diretamente os

Estados para perfazer os precatórios” afirmou.

Ministro Gilmar Mendes

O ministro Gilmar Mendes, que na sessão no dia 6 de março já havia votado pela improcedência das ADIs,

acrescentou, na sessão de hoje, que considera a legislação atual um avanço, pois o modelo de cálculo de

correção monetária de precatórios em vigor anteriormente praticamente impossibilitava o pagamento das

dívidas dos estados. De acordo com o ministro, a EC 62 é uma fórmula de transição com o objetivo de

superar um estado de fato inequivocamente inconstitucional. “Mas não é inconstitucional desde a Emenda

62, na verdade estamos a falar de débitos que se acumularam ao longo do tempo”, sustentou.

O ministro afirmou que, segundo dados do Colégio Nacional de Procuradores-Gerais, o novo modelo

institucional, que determina a vinculação de receitas e prazo máximo para quitação, criou um quadro

diferente e permitiu que diversos estados paguem suas dívidas judiciais, além de possibilitar a outros que

aumentassem significativamente o valor dos créditos. Ele citou, entre outros, o caso de São Paulo, cujo

passivo de precatórios caiu de R$ 19 bilhões, em 2009, para R$ 15 bilhões em dezembro de 2012.

De acordo com o ministro, caso haja retorno à regra original da Constituição de 1988, pois a vigência da

Emenda 30 sobre o mesmo assunto também está suspensa, restará ao Tribunal apenas a opção de

declarar intervenção nos estados para garantir a coisa julgada e o direito adquirido. “A medida vem

cumprindo essa função. Qual é o sentido de declarar sua inconstitucionalidade e retornar ao texto original?

Para dizer que o caos é o melhor que a ordem?”, questionou.

Ministro Marco Aurélio

Em relação ao artigo 97 do ADCT, o ministro Marco Aurélio julgou parcialmente procedentes as ADIs. Para

ele, o regime especial trazido pela nova redação do artigo está limitado aos débitos vencidos, caso

contrário, o sistema se perpetuaria. “Não pode esse regime especial de pagamento ultrapassar esse

período de 15 anos, sob pena de perpetuarmos a situação que o motivou”, avaliou o ministro, ressaltando

que o artigo 97 deveria viger por período certo. De acordo com ele, se o sistema é transitório, “ele não

pode transitar no tempo de forma indeterminada”, uma vez que a EC 62 visou afastar o impasse da não

satisfação de valores à época.

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“Se não houver a liquidação dos débitos em 15 anos é porque realmente não há vontade política de se

observar o que quer a Constituição Federal, que a todos indistintamente submete”, salientou. Ele

acrescentou que o titular de precatório que fizer, a qualquer tempo, sessenta anos de idade, terá

preferência.

Quanto ao índice da caderneta de poupança para atualização dos créditos, o ministro afastou tal

incidência. “O que se tem na caderneta é um todo que confunde a reposição do poder aquisitivo com os

juros, a junção”, disse. O ministro lembrou que, na análise do artigo 100, ele votou afastando não só a

reposição do poder aquisitivo pelo índice utilizado quanto à caderneta de poupança, como também

afastando os juros da caderneta.

Ao analisar os dispositivos questionados nas ADIs, o ministro concluiu pela supressão de algumas

expressões. “Onde tivermos que podar o artigo 97 para tornar realmente suprema a Constituição Federal,

devemos podar”, disse.

Ministro Ricardo Lewandowski

O voto do ministro Ricardo Lewandowski acompanhou o do ministro Marco Aurélio em alguns pontos, no

sentido de afastar expressões contidas no artigo 97 do ADCT. Ele declarou inconstitucionais partes dos

dispositivos que tratam da atualização dos créditos com base no índice da caderneta de poupança (inciso

II do parágrafo 1º e parágrafo 16 do artigo 97 do ADCT), mas admitiu os juros de mora com base nesse

índice.

No parágrafo 2º do mesmo dispositivo, o ministro retira a expressão “e a vencer”, por entender que a

moratória não pode ultrapassar os 15 anos e, no artigo 17, dá interpretação conforme para observar o

preceito apenas quanto aos precatórios vencidos à época da promulgação da norma. O artigo 14 também

recebeu do ministro interpretação conforme para limitar o regime especial ao prazo de 15 anos.

Finalmente, em relação ao artigo 18, seu voto estende a preferência aos credores com mais de 60 anos a

qualquer tempo, e não apenas na data da promulgação da emenda.

Quanto aos demais dispositivos, que considerou constitucionais, o ministro observou que a emenda

constitucional foi resultado de amplo debate no Congresso Nacional, com a participação de todas as

lideranças partidárias, a fim de encontrar solução para a crise vivida à época pelas fazendas públicas

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estaduais e municipais. “Quem viveu esse período, seja no Judiciário, na administração ou como credor da

fazenda pública, viveu essa experiência lamentável”, destacou.

Ministro Celso de Mello

O ministro Celso de Mello acompanhou integralmente o voto do relator no sentido da inconstitucionalidade

do novo regime de pagamento de precatórios. Endossou, nesse sentido, observação do relator segundo a

qual “o desrespeito à autoridades da coisa julgada – no caso, débitos de estados, do Distrito Federal e

municípios já constituídos por decisão judicial – ofende valores tutelados com cláusulas pétreas inscritas

na Constituição Federal (CF) de 1988, tais como a independência dos poderes, o respeito aos direitos

humanos e, também, à própria coisa julgada.

O ministro Celso de Mello observou que desrespeitar a coisa julgada é o mesmo que desrespeitar uma

norma legal. Ele disse que, ao aprovar o terceiro adiamento do pagamento dos precatórios previsto pela

EC 62 – após norma inscrita na CF de 88 e a posterior edição da EC 30/2000 –, o Congresso Nacional

exorbitou dos limites de mudança da Constituição estabelecidos por ela própria, por ofender princípios

pétreos que não são suscetíveis de mudança legislativa. Segundo ele, no Estado democrático de direito, o

Estado não apenas dita normas jurídicas, mas também se sujeita a elas, respondendo por danos

que venha a causar.

Ministro-presidente

O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, também acompanhou o relator e declarou parcialmente

procedentes as ADIs 4357 e 4425 para julgar inconstitucional o parágrafo 15 do artigo 100 e o artigo 97

do ADCT. O ministro considerou inconstitucional o regime especial de pagamento uma vez que, a seu ver,

a modalidade de moratória instituída pela Emenda Constitucional 62 não tem limite temporal definido.

Como o devedor deve depositar para pagamento dos credores uma porcentagem do valor da sua receita,

e não do estoque de precatórios, a moratória durará enquanto a dívida for maior que o volume de recursos

disponíveis.

“Por essa razão eu considero correta a afirmação do ministro Ayres Britto de que algumas unidades

federadas podem levar dezenas de anos para pagar os precatórios”, afirmou. “Por isso, a meu ver, impor

ao credor que espere pelo pagamento tempo superior à expectativa de vida média do brasileiro retira por

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completo a confiança na jurisdição e a sua efetividade”. Ele observou que mesmo a modalidade que impõe

o parcelamento em 15 anos estipula prazo excessivamente elevado, e também destacou que o sistema de

acordos e leilões de precatórios configura-se muito danoso para os credores, uma vez que alguns deles,

dado a falta de perspectiva de pagamento, estariam a receber apenas 25% do valor integral de seu

crédito.

Resultado

Dessa forma, o Tribunal julgou parcialmente procedentes as ações nos termos do voto do relator, ministro

Ayres Britto, acompanhado pelos ministros Luiz Fux, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Celso de Mello e o

presidente, Joaquim Barbosa. Os ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski votaram pela

procedência das ADIs, em menor extensão. Votaram pela total improcedência os ministros Gilmar

Mendes, Teori Zavascki e Dias Toffoli.