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  • 7/30/2019 ADM - Administrao Pblica

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    Administrao p/ Tcnico do MPUTeoria e exerccios comentados

    Prof. Rodrigo Renn Aula 04

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    Aula 4: Administrao direta, indireta, e

    funcional; Requisio.

    Ol pessoal, tudo bem?

    Na aula de hoje iremos cobrir os seguintes itens do edital:

    Administrao direta e indireta e fundacional. Requisio.Irei trabalhar com muitas questes do Cespe, mas incluirei algumas

    questes da FGV, da ESAF ou da FCC quando no tiver questes do Cespedo tema trabalhado, ok? Espero que gostem da aula!

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    Sumrio

    Administrao Pblica.......................................................................... 3

    Poderes Executivo, Legislativo, Judicirio, Ministrio Pblico e Tribunal de Contas ...... 4

    Poder Executivo .............................................................................. 5Poder Legislativo............................................................................. 7

    Poder Judicirio .............................................................................. 9

    Ministrio Pblico.......................................................................... 10

    Administrao Direta ......................................................................... 12

    Administrao Indireta ....................................................................... 14

    Autarquias .................................................................................. 14

    Fundao ................................................................................... 17

    Empresa Pblica............................................................................ 18

    Sociedade de Economia Mista............................................................. 19

    Mudanas Institucionais Recentes............................................................ 21

    Organizaes Sociais ......................................................................... 25

    Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico (OSCIP) ............................ 28

    Conselhos ..................................................................................... 33

    Entidades do Sistema S - Paraestatais ....................................................... 35

    Agncia Reguladora .......................................................................... 36

    Agncia Executiva ............................................................................ 39

    Requisio........................................................................................ 44

    Lista de Questes Trabalhadas na Aula......................................................... 50

    Gabaritos. ........................................................................................ 55

    Bibliografia ...................................................................................... 55

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    Administrao Pblica

    A Administrao Pblica pode ser definida de vrias formas. Deacordo com a cincia da Administrao, refere-se ao ramo da

    Administrao aplicado gesto dos diversos entes pblicos e daadministrao direta e indireta.

    De acordo com a cincia jurdica, trata-se do conjunto de funes ergos institudos para a consecuo dos objetivos do governo. De acordocom Meirelles, a Administrao Pblica:

    em sentido formal o conjunto de rgosinstitudos para consecuo dos objetivos doGoverno. Em sentido material, o conjunto dasfunes necessrias para os servios pblicos em

    geral...pratica atos de execuo, vinculada leiou norma tcnica, com maior ou menorautonomia funcional, de acordo com acompetncia do rgo ou agente.

    Assim, no sentido amplo, abrange os rgos do governo, queexercem a funo poltica, mas tambm os rgos e agentes que exercemfunes administrativas1.

    Desta forma, a Administrao Pblica um conjunto de rgos eagentes pblicos que devem executar as polticas pblicas e as funesestatais. Poderamos definir as funes polticas como as principaisdiretrizes de um governo, suas principais polticas de atuao nasociedade.

    J ao corpo tcnico a burocracia cabe a funo de executarestas polticas definidas pelos agentes polticos. Assim sendo, estesagentes tm a responsabilidade tcnica mas no poltica de executaras funes estatais.

    Imagine que um governador decide ampliar o horrio escolar emtodas as instituies de ensino de seu estado. Assim, ele acredita queesta deciso ampliar os conhecimentos dos alunos e proporcionar um

    melhor futuro a estes jovens.Esta , portanto, uma deciso poltica. Entretanto, para que se

    torne realidade, depender de uma srie de atos administrativos e de umtrabalho de gesto para que esta deciso possa ser executada de acordocom os objetivos do governo.

    De acordo com Alexandrino e Paulo:

    1 (Alexandrino & Paulo, 2009)

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    O como fazer, o estabelecimento dasprioridades na execuo, o detalhamento dosprogramas de ao, tudo isso atividadeadministrativa em sentido amplo, vale dizer,atividade poltica, para o exerccio da qual oPoder Pblico, embora subordinado lei e aodireito, dispe de ampla discricionariedade.

    Poderes Executivo, Legislativo, Judicirio, Ministrio Pblico e Tribunal deContas

    Quando os Estados passaram a ficar mais complexos, ficou clara anecessidade de que existisse uma diviso de funes. Antigamente, o

    soberano detinha todas as funes em seu nome2

    .Entretanto, quanto maior fica o Estado, mais difcil se torna

    administr-lo atravs de uma s pessoa ou rgo supremo. De acordocom Azambuja3:

    Nas sociedades primitivas, o chefe mantm aordem interna, julga os dissdios, impepenalidades, comanda os guerreiros e geralmentedesempenha funes religiosas, feiticeiro, mago,sacerdote. Tudo o que interessa vida do grupo, e

    que hoje denominamos direito, moral, religio,administrao, servios pblicos, governo etc., exercido por um rgo nico, que pode ser umhomem ou uma assemblia, como acontecia, porexemplo, nas democracias gregas.

    Assim, aos poucos, o soberano comeou a delegar poderes aosrgos e agentes que passaram a assumir algumas destas funes porele. Foi, entretanto, somente com Montesquieu que as trs funesprincipais do Estado (executiva, legislativa e judiciria) foramefetivamente vistas como necessariamente separadas.

    Montesquieu acreditava que estes poderes deveriam estarseparados para que nenhum deles pudesse abusar do poder. Destamaneira, uma limitao ao poder de cada um seria necessria. De acordocom o autor4:

    2 (Azambuja, 2008)3 (Azambuja, 2008)4 (Montesquieu) apud (Azambuja, 2008)

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    A liberdade poltica somente existe nos governosmoderados. Mas nem sempre ela existe nosgovernos moderados. S existe quando no seabusa do poder, mas uma experincia eternaque todo homem que detm o poder levado a

    dele abusar: e vai at onde encontra limites.Quem o diria? A prpria virtude precisa de limites.Para que no se abuse do poder necessrioque pela disposio das coisas o poder limiteo poder.

    Quando, na mesma pessoa ou no mesmo corpo demagistrados, o Poder Legislativo est unido aoPoder Executivo, no h liberdade, pois deesperar que o mesmo monarca ou assemblia faaleis tirnicas e as execute tiranicamente. No htambm liberdade, se o poder de julgar no estseparado do Poder Legislativo e do Executivo. Seaquele estiver unido ao Poder Legislativo, o podersobre a vida e a liberdade dos cidados serarbitrrio, pois o juiz ser tambm legislador. Se opoder de julgar estiver unido ao Poder Executivo,o juiz ter a fora de um opressor. Tudo estarperdido se o mesmo homem ou a mesmaassemblia de notveis, ou de nobres ou do povo,exerce os trs poderes, o de fazer as leis, o de

    executar as resolues, e o de julgar os crimes oudissdios dos particulares.

    Alm disso, Montesquieu acreditava que os poderes deveriam serharmnicos e contar com a mesma fora relativa. Assim, trabalhar deforma cooperativa. Seguindo esta ideia, o Executivo pode propor leis aoLegislativo, que tem a funo de legislar.

    O mesmo ocorre com o judicirio, que analisa a constitucionalidadedas leis. E acontece tambm com a funo executiva, que dependemuitas vezes de atos do Legislativo.

    Portanto, no Brasil cada poder, alm de executar sua funoprecpua (principal, essencial), tambm atua de maneira subsidiria nasoutras funes.

    Poder Executivo

    No Brasil, os chefes do Poder Executivo so: o Presidente daRepblica (Unio), os governadores (estados e DF) e os prefeitos

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    (municpios). No caso do Presidente, ele ainda acumula as funes dechefe de Estado e de chefe de governo5.

    Desta forma, o presidente tem como principais funes, entreoutras:

    Ser o comandante das foras armadas; Representar o pas internacionalmente; Dirigir a Administrao Pblica Federal; Garantir o cumprimento das leis; Propor polticas pblicas.

    Para alcanar xito nestas funes, ele pode propor, sancionar evetar leis junto ao Congresso Nacional, editar medidas provisrias eadministrar os recursos arrecadados perante sociedade.

    Tanto no caso da Unio quanto dos estados e municpios, o chefe doPoder Executivo eleito de forma direta e tem um mandato de quatroanos, com direito a uma reeleio.

    O Poder Executivo tem ganhado maior relevncia desde que oEstado de Bem-estar Social passou a existir. As diversas demandassociais, aliadas s necessidades de desenvolvimento econmico (dentrode um contexto de competio entre os pases decorrente daglobalizao), levaram a uma importncia relativa do Executivo emcomparao aos outros Poderes - cada vez maior6.

    Administrao Direta

    Pessoal, antes de qualquer coisa, aviso que darei uma pinceladarpida nos conceitos de Administrao Direta e Indireta. No entanto, maisa frente, ser dada uma nfase maior nesses assuntos, ok? Ento, vamosl.

    Dentro do Estado, podemos classificar os rgos e entidades entre aAdministrao Direta e a Indireta. A Administrao Direta concentra os

    rgos e setores sem personalidade jurdica prpria.Assim, a Administrao Direta se relaciona com os rgos e setores

    dos trs poderes (estados, Unio e municpios) pelos quais o Estado atuadiretamente. So os rgos e poderes que esto englobados nas pessoas

    jurdicas de Direito Pblico.

    5 (Costin, 2010)6 (Azambuja, 2008)

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    Dentre estes rgos, podemos citar (no caso da Unio): aPresidncia da Repblica e seus ministrios, os rgos do poder Judicirio(STF, STJ, TST, TSE etc.) e do Legislativo (Senado e Cmara), o Tribunalde Contas da Unio, a Advocacia Geral da Unio, o Ministrio Pblico daUnio, os conselhos etc.

    De acordo com o entendimento da doutrina, os rgos apenaspossuem competncias (so centros de competncias) sem possuircapacidade jurdica e constituir pessoa jurdica7.

    Administrao Indireta

    J a Administrao Indireta composta por entidades que tmpersonalidade jurdica, podendo ser de Direito Pblico ou DireitoPrivado, que operam por delegao ou outorga do poder pblico ao qualesto ligadas.

    Dentre as entidades da Administrao Indireta podemos citar: asfundaes, as autarquias, as empresas pblicas, as sociedades deeconomia mista e os consrcios pblicos (institudos como associaopblica)8.

    Estas entidades normalmente so vinculadas aos ministrios (ousecretarias) da rea em que atuam. Assim, uma empresa pblica federalvoltada para pesquisas na rea de educao estar vinculada ao

    ministrio da educao. Entretanto, esta empresa ter autonomia emrelao ao ministrio, sendo controlada apenas em relao finalidade.

    Poder Legislativo

    O Poder Legislativo ou parlamento quem tem a funo de criar asprincipais leis do pas. O parlamento foi o poder que, originalmente,iniciou o checks and balances (freios e contrapesos) nos Estados, pois

    passou a limitar o poder anteriormente ilimitado dos soberanos.Apesar disso, em outros Estados atuais, o parlamento no se limita

    criao de leis. No sistema parlamentarista, o parlamento que nomeiae derruba o Poder Executivo, o Conselho de Ministros ou o Gabinete9.

    7 (Paludo, 2010)8 (Paludo, 2010)9 (Azambuja, 2008)

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    No mbito da Unio, o Poder Legislativo se consiste do CongressoNacional. Ao contrrio dos estados e municpios, na Unio, o Legislativo bicameral, ou seja, abrange duas casas: a Cmara dos Deputados, quecontm 513 deputados federais, e o Senado, que integrado por 81senadores.

    A eleio dos deputados federais ocorre a cada quatro anos e todosseus integrantes so renovados (se no forem reeleitos) em cada pleito.Assim sendo, a reeleio de seus integrantes permitida.

    J os senadores tm um mandato de oito anos. A cada eleio,parte de seus integrantes (um tero em uma eleio e dois teros naprxima) so renovados. Assim, existem eleies de quatro em quatroanos, mas a casa mantm uma estabilidade de seus membrosnormalmente maior do que na Cmara.

    Os deputados so eleitos de forma proporcional, ou seja, de acordo

    com a populao de cada estado (em princpio). Mas, no sistemabrasileiro, esta proporcionalidade relativa, pois existe um limite mnimopor estado de oito deputados e um limite mximo de 70 deputados.

    Assim sendo, o estado de So Paulo, por exemplo, proporcionalmente menos representado (em relao sua populao) doque o estado de Rondnia. Desta forma, menos pessoas so necessriaspara eleger um deputado federal em Rondnia do que em So Paulo.

    J no caso dos senadores, a eleio feita no sistema majoritrio,ou seja, a cada eleio, os estados elegem um senador (ou dois, nas

    eleies em que o Senado tem dois teros de suas vagas em disputa). Ocandidato mais votado ganha a vaga.

    Em teoria, uma das vantagens do bicameralismo evitar umexcesso e um abuso de poder por uma cmara nica. Assim, enquanto osdeputados seriam mais ligados opinio pblica do momento (sendoassim mais impulsivos e volteis), os senadores seriam mais moderados,pois esta casa conteria indivduos mais maduros e experimentados (almde terem mandatos mais longos, ou seja, serem mais estveis no cargo).

    Desta forma, o Senado teria uma funo de moderar o mpeto daCmara. No caso de um Estado federalista, mais importante ainda se fazo Senado. Isto ocorre porque no Senado existe uma paridade narepresentao dos estados dentro da federao. Com isto, evita-se umapredominncia excessiva de poucos estados perante os demais.

    De acordo com Azambuja10:

    Em suma, na chamada cmara popular,representa-se a nao como entidade poltica, temvoz o povo de todo o pas, a representao

    10 (Azambuja, 2008)

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    proporcionalmente populao de cada Estado.Os Estados populosos enviam maior nmero dedeputados e assim fica assegurada umarepresentao na medida do nmero de cidadosativos que conta cada circunscrio. Na outra, no

    Senado, representam-se os Estados, como rgosformadores da Unio Federal. Grandes e pequenosEstados tm todos o mesmo nmero derepresentantes, e assegura-se assim a igual eexata participao das unidades federadas naformao da vontade do todo, na organizao dogoverno federal.

    Nos estados e nos municpios, no existe o bicameralismo. Nosestados, o parlamento exercido nas assemblias legislativas (no caso doDistrito Federal, por meio da Cmara Distrital que absorve as funeslegislativas de estado e municpio). Nos municpios, o parlamento exercido nas Cmaras Municipais.

    Poder Judicirio

    Cabe ao Poder Judicirio a funo de aplicar a lei e dirimir asdisputas e conflitos entre os indivduos, entidades e o Estado. UmJudicirio independente, como j vimos, imprescindvel para que um

    Estado Moderno possa cumprir suas funes sem oprimir os indivduos.Desta forma, seus membros devem gozar de diversas prerrogativas

    que os permitam agirem sem interferncia externa, ou seja, somente deacordo com suas conscincias.

    Dentre estas prerrogativas, as principais so:

    Vitaliciedade assim no podem ser demitidos sem umasentena definitiva do prprio Judicirio;

    Inamovibilidade desta maneira, no podem sertransferidos para outra jurisdio sem a sua concordncia.Isto evita que magistrados sejam afastados, pelo Executivo,de questes em que causem problemas ao governo ou aoutros interesses;

    Irredutibilidade dos vencimentos por motivos bvios,esta prerrogativa evita que sejam prejudicadosfinanceiramente em razo de decises judiciais noapreciadas pelos governantes.

    O rgo mximo do Poder Judicirio o Supremo Tribunal Federal.Este tem o papel de resguardar e interpretar a Constituio Federal e

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    julgar aes contra o Presidente da Repblica e ministros de Estado, almde servir como ltima instncia do Poder Judicirio em diversas matrias.

    Seus membros (onze juzes) so indicados pelo Presidente eaprovados pelo Senado Federal. Estes devem ter reputao ilibada e

    notvel saber jurdico.Alm disso, o Judicirio conta com o Conselho Nacional de Justia

    que tem como funo o controle da atuao administrativa e financeira doPoder Judicirio e do cumprimento dos deveres funcionais dos juzes11.

    O CNJ tambm visa, mediante aes de planejamento, coordenao, ao controle administrativo e ao aperfeioamento do serviopblico na prestao da Justia12.

    Assim, de certa forma, o CNJ efetua um controle interno13 doPoder Judicirio.

    Alm destes rgos, o Poder Judicirio conta com: o SuperiorTribunal de Justia - STJ, os tribunais Regionais Federais e os rgosespecializados, como: A Justia do Trabalho, a Justia Militar e a JustiaEleitoral.

    Nos estados e no DF, o Poder Judicirio exercido pelo Tribunal deJustia, com competncia residual aos dos demais rgos. J osmunicpios no contam, pela Constituio Federal, com o Poder Judicirio.

    Ministrio Pblico

    O Ministrio Pblico uma instituio dinmica de garantia eefetivao de direitos, pois no precisa ser provocado para atual em prolde sua concretizao14.

    Esta atuao ainda mais percebida pela sociedade no caso dosdireitos que necessitam da atuao do Estado, por meio de polticaspblicas, para sua efetivao.

    No caso brasileiro, o Ministrio Pblico ascendeu a uma posio de

    destaque, pois a Constituio Federal posicionou o MP fora da estruturade qualquer dos poderes. Assim, no est subordinado a nenhum dospoderes.

    11 (Costin, 2010)12 Fonte: www.cnj.jus.br13 (Paludo, 2010)14 (Costin, 2010)

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    Dessa forma, o Ministrio Pblico tem autonomia funcional eadministrativa asseguradas pela CF/88, e no est subordinado aoExecutivo Legislativo ou Judicirio15.

    Entretanto, a CF destinou ao MP diversas garantias semelhantes aos

    do Poder Judicirio. Dentre os direitos e interesses que o MP defende,entre outros, esto16:

    Os direitos humanos; A democracia, os direitos polticos, a nacionalidade e o devido

    processo eleitoral; O respeito s diferenas de etnia, sexo, crena e de condio

    psicofsica; A correta aplicao das verbas em educao sade e

    segurana; O respeito ordem econmica e aos direitos do consumidor; O acesso a servios pblicos de qualidade;

    Alm disso, o Ministrio Pblico exerce, de certa forma, umcontrole externo da Administrao Pblica, pois ele atua emdenncias de improbidade administrativa (conduta antitica que fere ouse distancia dos padres morais admitidos17) de seus agentes, nasdenncias de crimes cometidos por autoridades e na defesa de direitosdifusos e coletivos18.

    Dentre seus instrumentos, podemos citar: o inqurito civil, a ao

    de improbidade administrativa e a ao civil pblica. O Ministrio Pblicobrasileiro formado pelos ministrios pblicos estaduais, pelo MinistrioPblico da Unio (MPU) e pelo Ministrio Pblico Eleitoral.

    No Ministrio Pblico da Unio, a chefia exercida pelo Procurador-Geral da Repblica. Este indicado pelo Presidente da Repblica dentreos integrantes da carreira de Procurador da Repblica e deve seraprovado pelo Senado Federal para um mandato de dois anos, sendo umareconduo permitida19.

    O Ministrio Pblico abrange20:

    I - o Ministrio Pblico da Unio, que compreende:

    15 Fonte: www.pgr.mpf.gov.br16 Fonte: www.pgr.mpf.gov.br17 (Matias-Pereira, 2009)18 (Paludo, 2010)19 (Costin, 2010)20 Fonte: Constituio Federal, art. n128

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    a) o Ministrio Pblico Federal;

    b) o Ministrio Pblico do Trabalho;

    c) o Ministrio Pblico Militar;

    d) o Ministrio Pblico do Distrito Federal e Territrios;

    II - os Ministrios Pblicos dos Estados.

    Alm disso, so funes institucionais do Ministrio Pblico21:

    I - promover, privativamente, a ao penal pblica, na forma da lei;

    II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pblicos e dos servios derelevncia pblica aos direitos assegurados nesta Constituio,promovendo as medidas necessrias a sua garantia;

    III - promover o inqurito civil e a ao civil pblica, para a proteodo patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros

    interesses difusos e coletivos;IV - promover a ao de inconstitucionalidade ou representao parafins de interveno da Unio e dos Estados, nos casos previstos nestaConstituio;

    V - defender judicialmente os direitos e interesses das populaesindgenas;

    VI - expedir notificaes nos procedimentos administrativos de suacompetncia, requisitando informaes e documentos para instru-los, naforma da lei complementar respectiva;

    VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da leicomplementar mencionada no artigo anterior;

    VIII - requisitar diligncias investigatrias e a instaurao de inquritopolicial, indicados os fundamentos jurdicos de suas manifestaesprocessuais;

    IX - exercer outras funes que lhe forem conferidas, desde quecompatveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representao

    judicial e a consultoria jurdica de entidades pblicas.

    Administrao Direta

    J vimos em tpico anterior que a Administrao Pblica se divideem Administrao Direta e Administrao Indireta, no verdade?

    Agora veremos um pouco da diferena entre esses dois tipos deAdministrao.

    21 Fonte: Constituio Federal, art. n129

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    Quando um grupo de pessoas polticas possuir competncias pararealizar trabalhos administrativos, centralizadamente, estaremosdiante da Administrao Pblica Direta.

    Nesse tipo de Administrao, observa-se a desconcentrao

    administrativa e o conjunto de pessoas trabalha naquilo que chamamosde rgos pblicos.

    Diferentemente, na Administrao Pblica Indireta, esse grupo depessoas realizar os trabalhos administrativos de forma descentralizadae, nessa descentralizao administrativa, o conjunto de pessoas jurdicasdenomina-se de entidades.

    O Decreto-Lei 200, de 1967, tido como referencial na organizaoadministrativa do setor pblico federal do Poder Executivo, no Brasil, emseu artigo 4o, dispe sobre a diviso da Administrao Direta e Indireta,seno vejamos:

    Art. 4 A Administrao Federal compreende:

    I - A Administrao Direta, que seconstitui dos servios integrados na estruturaadministrativa da Presidncia da Repblica e dosMinistrios.

    II - A Administrao Indireta, quecompreende as seguintes categorias de entidades,dotadas de personalidade jurdica prpria:

    a) Autarquias;b) Empresas Pblicas;

    c) Sociedades de Economia Mista.

    d) Fundaes pblicas. (Includo pela Lei n7.596, de 1987)

    Pargrafo nico. As entidades compreendidasna Administrao Indireta vinculam-se aoMinistrio em cuja rea de competncia estiverenquadrada sua principal atividade.

    Mais tarde, a Constituio Federal, de 1988, no caput do artigo 37,dispe sobre a existncia da Administrao Direta e Indireta em todos osPoderes (Executivo, Legislativo e Judicirio) de qualquer esfera poltica(Unio, estados, DF e municpios), conforme nota-se abaixo:

    Art. 37. A administrao pblica direta e indiretade qualquer dos Poderes da Unio, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municpiosobedecer aos princpios de legalidade,impessoalidade, moralidade, publicidade e

    eficincia(...)

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    Para finalizar esse tpico, quero apenas reforar o conceito deAdministrao Pblica Direta que nada mais do que pessoas jurdicas dedireito pblico com autonomia poltico-administrativa os quais sofreramdesconcentrao das atividades administrativas. Como exemplo, temos:os Ministrios e as Secretarias.

    Administrao Indireta

    O conceito de Administrao Indireta nada mais do que entidadescom personalidade jurdica prpria, criadas por meio de lei especfica,pelo Poder Pblico, por descentralizao administrativa paradesempenharem atividades da Administrao.

    So entidades da Administrao Indireta:

    Autarquia; Fundao; Empresa Pblica; Sociedade de Economia Mista.

    Conforme o inciso XIX do artigo 37 da CF/88, as autarquias serocriadas de forma direta por meio de lei especfica. J as demaisentidades tero suas criaes autorizadas por lei especfica, mas acriao em si acontecer quando o poder pblico vier a inscrever os atos

    constitutivos delas em um registro pblico com competncia para tal.

    Autarquias

    Pessoal, agora vamos falar um pouco sobre cada entidade daAdministrao Indireta. As autarquias so pessoas jurdicas de direitopblico, criadas e extintas por meio de lei especfica para desempenharfunes tpicas de Estado.

    A criao, no mbito da Unio, ser de competncia privativa doPresidente da Repblica. O professor Maral Justen Filho22 defineautarquia da seguinte forma:

    Autarquia uma pessoa jurdica de direitopblico, instituda para desempenhar atividadesadministrativas sob regime de direito pblico,criada por lei que determina o grau de autonomiaem face da Administrao direta.

    22 (Justen Filho, 2012)

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    Quando o autor, em sua definio, dispe que a autarquia se tratade uma pessoa jurdica de direito pblico, ele est associando scompetncias privativas de Estado, em desigualdade com o particular.

    J quando ele fala que o regime de direito pblico, ele afirma

    que a autarquia no atuar em atividades econmicas propriamente ditas,e realizar atividade tpica da Administrao Pblica.

    Essa entidade administrativa possui autonomia gerencial,oramentria e patrimonial. Alm disso, ela detm capacidadeconferida pelo ente que a criou para uma rea especfica de atuao.

    Como pertencem administrao indireta, de modo a seremvinculadas apenas administrativamente ao ente que o criou, no existecontrole hierrquico entre o ente e as autarquias, apenas um controlefinalstico.

    Como as autarquias possuem personalidade de direito pblico, seusagentes praticam atos considerados atos administrativos, comobservncia de todos os requisitos obrigatrios de um ato dessanatureza, como o sujeito, a forma, o motivo, o objeto e a finalidade.

    Da mesma forma, as autarquias devem obedincia aos atributosdos atos administrativos, que so: supremacia do interesse pblico,presuno de legitimidade, autoexecutoriedade, imperatividade.

    Vale salientar que as contrataes de bens e servios feitos pelasautarquias seguem os procedimentos pblicos para tais, isto , observama Lei das Licitaes, a de no 8.666, de 1993, assim como a Lei 10.520, de2002, que rege a modalidade prego de licitao para a aquisio de bense servios comuns.

    Observem uma coisa: assim como as autarquias devem seguir aorito da Lei 8.666/93 para suas contrataes, elas tambm recebemprivilgios fornecidos por essa Lei Administrao Pblica.

    Dentre eles, temos a prerrogativa de poder modificar ou rescindirum contrato de forma unilateral, devidamente motivado e atendendo aointeresse pblico. Outra prerrogativa seria o Poder Pblico ter quefiscalizar o contrato, impondo, no que couberem, as penalidades devidas.

    Segundo o artigo 36, 6 da CF/88, as pessoas jurdicas de direitopblico (e as autarquias se enquadram a), possuem responsabilidadespelos danos causados a terceiros por seus agentes.

    A nossa Carta Magna, inclusive, assegurou que tal responsabilidadetambm pode recair sobre aquele que tiver dado causa quando houverdolo ou culpa.

    Vale saber que os bens das autarquias, assim como de qualquerpessoa jurdica de direito pblico, so inalienveis, impenhorveis,no podem ser objeto de direitos reais de garantia (penhor,

    hipoteca, por exemplo), nem to pouco, sujeitos a usucapio.

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    Por fim, tem-se a Justia Federal como foro responsvel pelojulgamento de causas de interesse das autarquias, conforme artigo 109,inciso I e VIII da CF/88, transcrito abaixo.:

    Art. 109. Aos juzes federais compete processar

    e julgar:I - as causas em que a Unio, entidade autrquicaou empresa pblica federal forem interessadas nacondio de autoras, rs, assistentes ouoponentes, exceto as de falncia, as de acidentesde trabalho e as sujeitas Justia Eleitoral e Justia do Trabalho;

    (...)

    VIII - os mandados de segurana e os "habeas-

    data" contra ato de autoridade federal, excetuadosos casos de competncia dos tribunaisfederais.

    Como exemplos de autarquias, vale citar o que a professoraFernanda Marinela23 dispe sobre o enquadramento dessas entidadesconforme os objetivos delas:

    Autarquias Assistenciais: INCRA Instituto Nacional de Colonizao e ReformaAgrria; Autarquias Previdencirias: INSS Instituto Nacional de Seguro Social; Autarquias Culturais: UFLA Universidade Federal de Alagoas; UFBA Universidade Federal da Bahia, alm de outrasuniversidades federais; Autarquias Profissionais: incumbidas dainscrio de certos profissionais e fiscalizao desuas atividades, como, por exemplo, o Conselhode Medicina, o Conselho de Odontologia, oConselho de Administrao e outros;

    Autarquias Administrativas: categoriaresidual, isto , entidades que se destinam sdiversas atividades administrativas, como:INMETRO Instituto Nacional de Metrologia,Normalizao e Qualidade Industrial; BACEN Banco Central; IBAMA Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenovveis;

    23 (Marinela, 2012)

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    Autarquias de Controle: so as agnciasreguladoras(...).

    Pessoal, h um entendimento da doutrina de que existemautarquias de regime especial, que seriam tipos de autarquias que

    gozariam de maior autonomia administrativa. Dentre estes casos, tm-seas agncias reguladoras, que estudaremos um pouco mais a frente, ok?

    Fundao

    Segundo os professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo24, adefinio para Fundaes Pblicas a seguinte:

    Entidade da Administrao Indireta instituda pelo

    poder pblico mediante a personificao de umpatrimnio que, dependendo da forma da criao,adquire personalidade jurdica de direito pblico oupersonalidade jurdica de direito privado, qual alei atribui competncias administrativasespecficas, regra geral, em atividades deinteresse social (a serem definidas em leicomplementar).

    As fundaes pblicas so pessoas jurdicas de Direito Pblico,criadas por lei especfica e/ou registro de ato constitutivo, mediante a

    transferncia de um determinado acervo patrimonial pelo ente instituidor.As fundaes foram institudas pelo Decreto Lei n 200/67, e

    gozavam de maior autonomia administrativa. Entretanto, com aConstituio Federal de 1988 estas prerrogativas foram retiradas.

    Alm disso, a rea de atuao das fundaes pblicas cabe a umalei complementar. Esta lei definir o campo de atividades da entidade.Dentre as reas de atuao de uma fundao, tm-se: educao e ensino,assistncia social, mdica e hospitalar, pesquisa e atividades culturais.

    Assim como as autarquias, as fundaes pblicas possuem foro na

    Justia Federal, e tambm so detentoras de prerrogativas como: os atosadministrativos apresentam requisitos, atributos, e outras caractersticascomo uma autarquia. Seus bens no esto penhorveis, nem alienveis,nem sujeitos a usucapio.

    Vale salientar, inclusive, que os recursos repassados para asfundaes esto previstos no oramento do ente federal. E, ainda mais,as fundaes pblicas, ao prestarem servios pblicos, respondero pelosdanos causados a terceiros pelos seus agentes. No entanto, plenamente

    24 (Alexandrino & Paulo, 2009)

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    cabvel, em caso de dolo ou culpa, o regresso da ao contra osresponsveis.

    Empresa Pblica

    As empresas pblicas so entidades de Direito Privado, criadasaps autorizao legislativa, mediante lei especfica. Depois dessaautorizao, o Poder Executivo registra os atos constitutivos em umestabelecimento pblico responsvel para tal. A sim, que se cria aentidade, isto , concludo o registro dos atos constitutivos.

    O caracteriza esse tipo de empresa ser uma entidade pblica,dentre outras coisas, o fato de a totalidade de seu capital estar emnome do poder pblico (no necessariamente do mesmo ente, poispodem ser scios a Unio e algum estado, por exemplo). Logo, todo ocapital da empresa deve ser de recurso pblico.

    Alm disso, elas podem escolher o regime organizacional, ouseja, podem ser constitudas por qualquer forma jurdica como sociedadeslimitadas, sociedades annimas (S.A.), entre outras. Estas empresas tma finalidade de explorar atividades econmicas (como atividadesindustriais e comerciais) e prestar servios pblicos.

    Apesar de formalmente serem entidades de Direito Privado,obedecem tambm a certas regras e princpios do Direito Pblico. Isto

    observvel de acordo com a finalidade dessa entidade da AdministraoIndireta.

    Se explorar atividade econmica for o seu fim, o regime jurdicoser o de direito privado. No entanto, se for prestar servio pblico, oregime jurdico adotado ser o de direito pblico.

    Desta forma, muitos doutrinadores consideram seu regime jurdicocomo hbrido, ou seja, majoritariamente privado, mas com algunsaspectos derivados do Direito Pblico.

    Elas submetem-se a um controle administrativo, mesmo que no

    tenham que se subordinar a uma hierarquia. Isto significa que essasempresas pblicas devem se sujeitar a um controle finalstico do ente queas criou. Dessa forma, no cabe, nessa relao, uma subordinao, e sim,uma vinculao.

    Vale lembrar que as empresas pblicas possuem autonomiagerencial, oramentria e financeira para realizar suas atividades. Oque se ressalta que, com a autorizao legislativa para sua criao, oente pblico estar transferindo a titularidade do servio pblico por meiode descentralizao, o que se denomina de outorga legal.

    Quanto responsabilidade civil por danos causados a terceiros, valelembrar que as entidades que exploram atividades econmicas no

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    seguem as mesmas regras das que prestam servios pblicos. Isto , asprimeiras no se submetem s regras de responsabilidade civil objetiva,logo no respondem diretamente pelos danos que seus agentes venhamcausar a terceiros.

    Elas, portanto, seguem as regras previstas pelos cdigos: civil ecriminal. J aquelas que prestam servios pblicos respondem pelosprejuzos que suas agentes causarem a terceiros quando agirem dentrode suas funes.

    O regime de pessoal tanto para as empresas pblicas quanto paraas sociedades de economia mista ser o de emprego pblico. Nesseregime, o agente ingressa no emprego por meio de seleo de provas ouprovas e ttulos, isto , por concurso pblico e devem observncia ao tetoremuneratrio do servidor pblico.

    No entanto, eles so disciplinados, aps ingressarem, pelo regime

    da Consolidao das Leis do Trabalho CLT. Isto significa que nopossuem estabilidade no servio pblico, seus entraves trabalhistas soanalisados pela Justia do Trabalho e se submetem ao regime geral deprevidncia social.

    Por fim, deve-se frisar que a Constituio Federal, de 1988, nopargrafo segundo do artigo 173 dispe o seguinte:

    Art. 173. 2 As empresas pblicas e associedades de economia mista no podero gozarde privilgios fiscais no extensivos s do setor

    privado.O constituinte quis informar, com esse pargrafo, que fica proibido

    que as empresas pblicas e as sociedades de economia mista, queexplorem atividades econmicas, recebam privilgios fiscais quetambm no sejam concedidos s empresas privadas. Isso no incluiquelas prestadoras de servios pblicos. Lembrem-se disso na hora daprova, ok?

    Dentre algumas empresas pblicas conhecidas temos: CaixaEconmica Federal, Empresa de Correios e Telgrafos e a Infraero,Servio Federal de Processamento de Dados.

    Sociedade de Economia Mista

    Como as empresas pblicas, as sociedades de economia mista soentidades de Direito Privado. Elas tambm no so criadas por lei. A leideve apenas autorizar sua criao, na forma de um Decreto de iniciativado chefe do Poder Executivo. Aps autorizao legislativa, sua criaotambm se dar pelo registro dos atos constitutivos.

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    Ao contrrio das empresas pblicas, as sociedades de economiamista devem ser constitudas exclusivamente na forma de sociedadesannimas.

    Entretanto, estas no tm a proibio de contar com capital privado

    (como acontece com as empresas pblicas). A nica exigncia que oEstado tenha 51% das aes com direito a voto.

    Desta forma, muitas vezes o Estado pode ter apenas 17% do capitaltotal de uma sociedade de economia mista, mas manter seu controlesobre a mesma. Isto ocorre porque a nossa legislao das S.A. permiteque existam at dois teros das aes de uma empresa de capital abertosem direito a voto (chamadas aes preferenciais).

    Ou seja, o Estado deve ter a maioria do capital relativo s aescom direito a voto (aes ordinrias), no a maioria do capital (aesordinrias mais as aes preferenciais).

    Estas empresas so criadas com o propsito de explorar a atividadeeconmica, apesar de, eventualmente, poderem prestar servios pblicos.

    Dentre os exemplos de sociedade de economia mista, temos: Bancodo Brasil, Petrobrs, etc.

    Pessoal, a maioria das caractersticas de uma sociedade deeconomia mista se iguala s de uma empresa pblica, conforme vimos notpico em que falamos sobre esta ltima.

    Veremos agora um grfico que relacionar as principais

    diferenas entre essas duas entidades.

    Figura 1. Diferenas entre EP e SEM

    EmpresasPblicas

    Instituda sob qualquer forma: Sociedade Annima, LTDA, etc;

    Inscrio no registro de empresas mercantis ou registro civil depessoas jurdicas;

    Capital exclusivamente pblico;

    Foro processual: Justia Federal.

    Sociedade deEconomia Mista

    Instituda sob forma de Sociedade Annima (S/A);

    Inscrio no registro pblico de empresas mercantis;Capital pblico mais o privado, com maioris das aoes co direito avoto pertencente Unio ou entidade da Administrao Indireta;

    Foro processual: Justi a Estadual.

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    Agora vejamos as principais caractersticas em comum entreelas:

    Figura 2. Caractersticas em comum de EP e SEM

    Mudanas Institucionais Recentes.

    Dentro de um contexto de esgotamento do modelo burocrtico de

    tipo weberiano e de uma crise fiscal que inviabilizou, na dcada de 90, oEstado interventor e desenvolvimentista, diversas inovaes forambuscadas que possibilitassem ao Estado melhor atuar em conjunto com asociedade e o mercado.

    No Brasil, este movimento se acentuou com a introduo deprticas e instrumentos ligados ao movimento da Nova Gesto Pblica NGP como o controle por resultados, uma maior preocupao com aaccountability, a busca pela avaliao de desempenho, a gesto porcompetncias, a publicizao e a contratualizao de resultados.

    Na Reforma de 1995, movida por Bresser Pereira no comando doMARE, existia um diagnstico de que o Estado tinha sido engessado poruma deciso poltica contida na Constituio Federal de 1988 que, naopinio destes atores, tinha trazido um retrocesso burocrtico. Deacordo com o PDRAE25,

    A conjuno desses dois fatores leva, naConstituio de 1988, a um retrocesso burocrticosem precedentes. Sem que houvesse maiordebate pblico, o Congresso Constituinte

    25 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

    EP e SEM

    Pessoas Jurdicas de Direito Privado;

    Criao por meio de autorizao de lei especfica e registrodos atos constitutivos em seguida;

    Objeto : explorao de atividades econmicas e prestaode servios pblicos;

    Ingresso por concurso pblico;

    Empregados pblicos regidos pela CLT;

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    promoveu um surpreendente engessamento doaparelho estatal ao estender para os servios doEstado e para as prprias empresas estataispraticamente as mesmas regras burocrticasrgidas adotadas no ncleo estratgico do Estado.

    A nova constituio determinou a perda daautonomia do Poder Executivo para tratar daestruturao dos rgos pblicos, instituiu aobrigatoriedade de regime jurdico nico para osservidores civis da Unio, dos Estados-membros edos Municpios, e retirou da administrao indiretaa sua flexibilidade operacional ao atribuir sfundaes e autarquias pblicas normas defuncionamento idnticas s que regem aadministrao direta.

    Bresser buscou inserir o Estado brasileiro dentro de uma viso maisgerencial, com uma preocupao em redirecionar os esforos do Estado efornecer ferramentas de gesto mais adequadas aos novos desafios.

    Assim, foram pensados diversos novos modelos de interao doEstado com novos atores na prestao de servios, o chamado terceirosetor e novas relaes do Estado com o mercado, com a criao dasagncias reguladoras, por exemplo.

    Com a contratualizao de resultados, o Estado poderia passar acontrolar a oferta de servios pblicos sem ter de necessariamente prover

    o servio. A publicizao foi, portanto, este movimento de descentralizara execuo destes servios para organizaes privadas sem finslucrativos.

    Vamos ver algumas questes agora?

    1 - (CESPE - TRT - 10 REGIO (DF e TO) ANALISTA JUDICIRIO 2013) As autarquias federais detm autonomia administrativarelativa, estando subordinadas aos respectivos ministrios de suarea de atuao.

    As autarquias no se subordinam s entidades que as criaram, elasse vinculam. Com isso, elas possuem, sim, autonomia administrativa,mas devem, s suas instituidoras, um controle finalstico.

    Desse modo, o gabarito questo errada, pois as autarquias estovinculadas e no subordinadas ao Ministrio que a criou.

    2 - (CESPE - TRT - 10 REGIO (DF e TO) ANALISTA JUDICIRIO 2013) As empresas pblicas devem ser constitudasobrigatoriamente sob a forma de sociedade annima.

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    Essa questo traz uma caracterstica de outra entidade daAdministrao Indireta: as sociedades de economia mista. As empresaspblicas podem adquirir qualquer forma de organizao admitida noDireito, contanto que o capital seja exclusivamente pblico.

    Assim sendo, o gabarito questo errada.

    3- (CESPE CMARA DOS DEPUTADOS ANALISTA LEGISLATIVO- 2012) O incio da personalidade jurdica de uma autarquiacoincide com o registro de seu estatuto no cartrio competente.

    De acordo com o inciso XIX, do artigo 37, da CF/88, uma autarquia criada por lei especfica, sem a necessidade de registro de seu estatutopara sua criao vigorar. Seno vejamos:

    Art. 37. A administrao pblica direta e indiretade qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aosprincpios de legalidade, impessoalidade,moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, aoseguinte:

    (...)

    XIX - somente por lei especfica poder sercriada autarquia e autorizada a instituio de

    empresa pblica, de sociedade de economia mistae de fundao, cabendo lei complementar, nesteltimo caso, definir as reas de sua atuao.

    Dessa maneira, ao se publicar a lei que instituiu a autarquia, elatorna-se criada. O gabarito, portanto, questo errada.

    4 - (CESPE - TCE-ES AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO AUDITORIA GOVERNAMENTAL 2012) O regime jurdico a que sesujeitam as empresas pblicas e as sociedades de economia mista

    de natureza hbrida.

    Quando se diz que as empresas pblicas e as sociedades deeconomia mista possuem natureza hbrida, est querendo dizer que elasobedecem a duas regras: privado e pblico.

    Vou tentar explicar melhor com um exemplo. Os agentes queingressaram no trabalho de uma empresa pblica ou de uma sociedadede economia mista, fizeram-no por meio de concurso pblico (regimepblico). No entanto, esses agentes so denominados de empregados

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    pblicos e so regidos pela Consolidao das Leis do Trabalho (regimeprivado). Assim sendo, o gabarito questo correta.

    5 - (CESPE - PRF AGENTE ADMINISTRATIVO 2012) So

    exemplos de prerrogativas estatais estendidas s autarquias aimunidade tributria recproca e os privilgios processuais daFazenda Pblica.

    As autarquias realizam atividades tpicas da Administrao Pblica,logo possuem certas prerrogativas como um rgo da AdministraoDireta, isto , como uma pessoa jurdica de direito pblico.

    Uma das vantagens a imunidade tributria relativa a impostos.Dessa forma as autarquias so imunes aos impostos sobre patrimnio,

    renda e servios. O gabarito, portanto, questo correta.

    6 - (CESPE - TJ-AC ANALISTA JUDICIRIO 2012) A empresapblica criada com a finalidade de explorar atividade econmicadeve ser, necessariamente, formada sob o regime de pessoajurdica de direito privado.

    Uma empresa pblica, entidade da Administrao Indireta, queexplore atividade econmica, criada aps autorizao por lei especfica edepois de registrado seus atos constitutivos na junta comercial, sujeita-seao regime jurdico prprio de empresas privadas, inclusive quanto aosdireitos e obrigaes civis, comerciais, trabalhistas e tributrios.

    Dessa forma, o gabarito questo correta.

    7 - (CESPE - ANAC TCNICO ADMINISTRATIVO 2012) Adesconcentrao administrativa consiste na distribuio internade competncias, no mbito de uma mesma pessoa jurdica; a

    descentralizao administrativa pressupe a distribuio decompetncia para outra pessoa, fsica ou jurdica.

    Questo bem tranquila, pessoal. Ela est claramente dando asdefinies de desconcentrao e descentralizao administrativa.Vale ressaltar apenas que na desconcentrao, o Estado distribui algumasfunes dentro da mesma pessoa jurdica, ou seja, continua existindoapenas a Administrao Direta.

    J na descentralizao administrativa, o Estado transfere suas

    atividades para outra pessoa jurdica, criando uma entidade daAdministrao Indireta.

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    Desse modo, o gabarito questo correta.

    8 - (CESPE - TCU TCNICO DE CONTROLE EXTERNO 2012) Nose admite a criao de fundaes pblicas para a explorao de

    atividade econmica.

    As fundaes pblicas so criadas com a finalidade dedesempenharem atividades sem fins lucrativos, isto , aquelas quepossuem um carter assistencial: seja mdica, seja educacional, sejacultural, seja de pesquisa.

    Dessa forma, realmente no se cria fundao pblica para exploraratividade econmica, tornando o gabarito uma questo correta.

    Organizaes Sociais

    As Organizaes Sociais foram pensadas dentro desta lgica daAdministrao Gerencial que buscava a descentralizao da atuao doEstado. Dentro do PDRAE, existia um objetivo de fortalecer o NcleoEstratgico do Estado e transferir atividades ou servios no exclusivos doEstado para organizaes privadas sem fins lucrativos, ou seja, umatransferncia do setor estatal para o no estatal.

    Desta maneira, estes servios poderiam ser executados com maioreficincia devido maior capilaridade destas organizaes e uma maiorflexibilidade.

    Para controlar o desempenho destas entidades e assegurar o bomuso dos recursos pblicos empregados, seriam utilizados os contratos degesto entre a Administrao Pblica e as Organizaes Sociais OS.

    Atravs deste contrato de gesto, o Estado definiria os objetivos eindicadores de desempenho a serem seguidos e garantiria os recursosnecessrios para a execuo dos servios26.

    De certo modo, o contrato de gesto foi utilizado antes mesmo doPDRAE. Este modelo foi introduzido no Brasil pelo governo Collor, com aexperincia da Rede Sarah de Hospitais27.

    Este instituto foi criado pela Lei n 8.246/91, que instituiu o ServioSocial Autnomo Associao das Pioneiras Sociais, que assinou contratocom o Ministrio da Sade naquele mesmo ano.

    26 (Violin, 2006)27 (Torres, 2007)

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    Portanto, a primeira experincia do contrato de gesto precedeu achamada reforma do Estado. Esta experincia da contratualizaobuscava, assim, um maior desempenho atravs da utilizao deinstrumentos e modelos mais flexveis de gesto.

    De acordo com o PDRAE, as Organizaes Sociais eram definidascomo:

    O Projeto das Organizaes Sociais tem comoobjetivo permitir a descentralizao deatividades no setor de prestao de servios no-exclusivos, nos quais no existe o exerccio dopoder de Estado, a partir do pressuposto queesses servios sero mais eficientementerealizados se, mantendo o financiamento doEstado, forem realizados pelo setor pblico no-

    estatal.Entende-se por organizaes sociais asentidades de direito privado que, por iniciativa doPoder Executivo, obtm autorizao legislativapara celebrar contrato de gesto com essepoder, e assim ter direito dotao oramentria.

    As organizaes sociais tero autonomiafinanceira e administrativa, respeitadascondies descritas em lei especfica como, porexemplo, a forma de composio de seusconselhos de administrao, prevenindo-se, destemodo, a privatizao ou a feudalizao dessasentidades. Elas recebero recursos oramentrios,podendo obter outros ingressos atravs daprestao de servios, doaes, legados,financiamentos, etc.

    Dentre as atividades que seriam englobadas por estasorganizaes, temos: o ensino, a pesquisa cientfica, odesenvolvimento tecnolgico, a proteo e preservao do meio

    ambiente, a cultura e a sade

    28

    .Estes servios so tpicos de Estado, mas no so consideradas

    atividades exclusivas de Estado. Assim, como so atividades de interessepblico que estaro sendo executadas pelas OSs, no podemos considera-las como concessionrias ou permissionrias29.

    O termo Organizao Social na verdade uma qualificao, masestas organizaes podem assumir forma de associao ou de fundao.

    28 (Paludo, 2010)29 (Mazza, 2011)

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    Aps a criao formal de uma instituio destas, ela poderia solicitar aoMinistrio ou secretaria a qualificao como entidade no estatal, aabsoro de atividades com o contrato de gesto e a denominao comoentidade: Organizao Social.

    Entretanto, cabe lembrar que esta qualificao pelo Ministrio um ato discricionrio, ou seja, depende da avaliao de conveninciae oportunidade. Assim, este rgo no obrigado a aceitar o pedido dequalificao pela organizao.

    A Lei que introduziu este novo modelo de instituio foi a n9.637/98. Nesta lei est prevista a transferncia de recursosoramentrios e bens pblicos necessrios ao funcionamento da OS.

    Alm disso, o setor pblico pode at ceder servidores para a OS(com nus para a origem, ou seja, para o Estado). Assim, ocorreria umasituao polmica de um servidor custeado pelo Estado prestar servios

    para uma organizao privada.Estas organizaes no precisariam seguir precisamente a Lei

    8666/93 Lei de Licitaes e Contratos mas deveriam estabeleceralgum regulamento prprio para a compra de servios, produtos econtratao de obras com a utilizao de recursos pblicos.

    Um ponto muitas vezes cobrado em concursos exatamente aflexibilidade das Organizaes Sociais frente Administrao Direta.Evidentemente, as OSs so mais flexveis do que a Administrao Pblica.

    Entretanto, estas organizaes perdem flexibilidade ao setornarem Organizaes Sociais, pois devem se enquadrar emdeterminadas condies (como os regulamentos de compras acimacitados) e prestar contas dos recursos pblicos aos rgos de controle.Assim, estas organizaes reduzem sua autonomia e flexibilidadeao se tornarem OSs.

    Entretanto, a OS no conseguiu escapar do contingenciamentodos recursos oramentrios como sofrem os rgos da AdministraoDireta pois na lei est estabelecido:

    So assegurados s OSs os crditos previstos no

    oramento e as respectivas liberaes financeiras,de acordo com o cronograma de desembolsoprevisto no contrato de gesto.

    Desta forma, este fato, somado ao questionamento do modelo pelaoposio no STF, acabou dificultando a abertura de muitas OrganizaesSociais no plano federal. As OSCIPs, que veremos a seguir, acabaramtomando o lugar anteriormente imaginado para as OSs.

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    Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico (OSCIP)

    As OSCIPs Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico no estavam previstas no PDRAE. Estas foram depois introduzidas pela

    Lei n 9.790/99 dentro de um contexto de busca de uma atuao doEstado em rede e em parcerias com a sociedade.

    Estas devem desempenhar atividades de interesse pblico comauxlio do Estado dentro de reas como:

    Assistncia social; Promoo da Cultura, do Patrimnio Histrico e Artstico; Educao gratuita; Promoo gratuita da sade;

    Segurana alimentar; Meio ambiente; Trabalho voluntrio; Combate pobreza etc.

    De acordo com Di Pietro30, a diferena principal entre as OSs e asOSCIPs que as primeiras recebem delegao para prestar serviospblicos enquanto as OSCIPs exercem atividade privada com a ajuda doEstado. De acordo com a autora31:

    Trata-se, no caso, de real atividade de fomento,

    ou seja, de incentivo iniciativa privada deinteresse pblico. O Estado no est abrindo modo servio pblico (tal como ocorre na organizaosocial) para transferi-lo iniciativa privada, masfazendo parceria, ajudando, cooperando comentidades privadas que, observados os requisitoslegais, se disponham a exercer as atividadesindicadas no artigo 3, por se tratar de atividadesque, mesmo sem a natureza de servios pblicos,atendem necessidades coletivas.

    Ao contrrio das Organizaes Sociais, que formalizam um contratode gesto do o Estado, as OSCIPs firmam um termo de parceria. Deacordo com a Lei 9.790/99:

    o termo de parceria o instrumento passvel deser firmado entro o Poder Pblico e as entidadesqualificadas como Organizaes da Sociedade Civilde Interesse Pblico, destinado formao de

    30 (Di Pietro, 2007) apud (Paludo, 2010)31 (Di Pietro, 2005) apud (Torres, 2007)

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    vnculo de cooperao entre as partes, para ofomento e a execuo das atividades de interessepblico previstas em lei.

    Este termo de parceria deve conter os objetivos a serem

    alcanados, as metas e prazos relativos a estes objetivos, os critriospara a avaliao, a previso de receitas e despesas e as obrigaes dasOSCIPs32.

    Para se qualificar como OSCIP, uma instituio deve ser qualificadacomo Pessoa Jurdica sem fins lucrativos, ou seja, no pode distribuirlucros, rendas ou dividendos entre seus scios ou associados.

    A qualificao como OSCIP concedida pelo Ministrio da Justia(e no o Ministrio da rea em que a OSCIP atua, como o Ministrio daEducao, por exemplo) como ato vinculado. Assim, preenchendo osrequisitos necessrios a qualificao devida, no devendo ser feita

    anlise de oportunidade e convenincia pela Administrao.Entretanto, ainda que a qualificao como OSCIP seja um ato

    vinculado, a assinatura do termo de parceria com o Ministrio darea fim um ato discricionrio!

    A princpio, a assinatura deste termo de parceria deve ser precedidade uma consulta aos Conselhos de Polticas Pblicas das reascorrespondentes de atuao existentes, nos respectivos nveis degoverno.

    Cabe aqui lembrar que uma ONG Organizao No Governamental no o mesmo que uma OSCIP. Uma OSCIP pode ser considerada umaONG, pois no parte do Estado, mas nem toda ONG qualificada comoOSCIP. Existem muitas ONGs (como o MST, por exemplo) que nem tmuma existncia formal, ou seja, no existem oficialmente no soregistradas em cartrio etc.

    Assim como ocorreu no caso das organizaes sociais, o marco legaldas OSCIPs no criou uma nova categoria de pessoa jurdica, mas gerouuma possibilidade de organizaes do setor privado se qualifiquem comoorganizaes da sociedade civil de interesse pblico, desde que certosrequisitos sejam cumpridos33.

    Uma grande diferena entre as OSs e as OSCIPS se enquadra naforma de financiamento pelo Estado. Ao contrrio das OSs, que dispemde recursos inseridos no Oramento da Unio, as OSCIPs recebemrecursos de forma mais espordica, atravs dos termos de parceria34.

    32 (Paludo, 2010)33 (Alexandrino & Paulo, 2009)34 (Torres, 2007)

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    Alm disso, o modelo institucional e legal das OSCIPs no foiquestionado legalmente como foi o das Organizaes Sociais. Assim,estas tm sido muito mais ativas, com milhares de casos emfuncionamento no pas atualmente.

    Outro aspecto importante a possibilidade de uma OSCIPremunerar os dirigentes da entidade, desde que esta remunerao sejarealmente uma contraprestao aos servios efetivamente efetuados eque estejam de acordo com os valores praticados no mercado de trabalhoda regio.

    Da mesma forma que uma OS, as OSCIPs devem constituir, em umprazo de 30 dias aps a qualificao, um regulamento prprio contendoos procedimentos para compras de obras, bens e servios com osrecursos pblicos obtidos com a parceria.

    Alm disso, aps o Decreto n 5.504/2005, tanto OSs como OSCIPs

    foram obrigadas a utilizar a modalidade do prego em suas compras debens e servios comuns.

    Abaixo, podemos ver algumas caractersticas das OrganizaesSociais OS e das Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico OSCIP:

    Figura 3 - Diferenas entre OS e OSCIP

    OS

    Foram idealizadas para substituir rgosdo Estado, que seriam extintos e as

    atividades "absorvidas" pela OS.

    Firma um contrato de gesto

    Qualificao um ato discricionrio

    Deve conter em seu conselho deadministrao membros do Poder

    Pblico

    OSCIP

    No foram idealizadas para substituir osrgos existentes do Estado.

    Firma um termo de parceria

    Qualificao um ato vinculado

    No existe uma exigncia departicipao de membros do Poder

    Pblico

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    Vamos ver algumas questes agora?

    9 - (CESPE - TCU / ACE - 2009)O Estado, quando celebra termo deparceria com organizaes da sociedade civil de interesse pblico(OSCIPs), abre mo de servio pblico, transferindo-o iniciativa

    privada.

    Quando o Estado transfere um servio pblico para uma OSCIP, notransfere a titularidade do servio pblico. O que ocorre a transfernciada execuo do servio, mas a titularidade continua nas mos daAdministrao Pblica.

    S existe uma transferncia de titularidade do servio pblicoquando a Administrao faz uma descentralizao por outorga. Nestecaso a titularidade repassada para uma entidade da Administrao

    Indireta (e no da iniciativa privada). Desta maneira, o gabarito questo errada.

    10 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2006) As organizaes sociaispodem receber legalmente recursos oramentrios e benspblicos necessrios ao cumprimento do contrato de gesto.

    Perfeito. As Organizaes Sociais podem sim receber recursos,materiais e at servidores pblicos para o funcionamento das OSs.

    Cabe lembrar que este modelo foi criado com a inteno detransformar certas autarquias e fundaes em organizaes no estatais.Como estas instituies j existiam, teriam de levar seus bens natransio.

    Esta transformao seria muito difcil ocorrer sem esta ajuda inicialdo setor pblico. Portanto, o gabarito questo correta.

    11- (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2006)Segundo o plano diretor

    da reforma do aparelho do Estado, o terceiro setor entendidocomo aquele de atuao simultnea do Estado e da sociedade civilna execuo de atividades de interesse pblico ou social no-exclusivas do Estado. So entidades do terceiro setor, porexemplo, as autarquias qualificadas como agncias executivas,por meio de contrato de gesto, aps o qual esto autorizadas aexecutar atividades mais eficientes de interesse pblico.

    Entidades do terceiro setor so aquelas que nem so enquadradascomo parte do Estado nem podem ser consideradas como parte do

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    mercado. Estas podem ser as Organizaes Sociais ou as Organizaesda Sociedade Civil de Interesse Pblico.

    Uma agncia executiva apenas uma autarquia ou fundao quefirmou um contrato de gesto (como objetivos pactuados em troca de

    maior autonomia). Ou seja, continua fazendo parte do Estado, nodeixa de ser um ente estatal.

    Desta maneira, o gabarito questo errada.

    12 - (CESPE TRE-BA / ANALISTA 2010) Os contratos de gestoso instrumentos modernos que possibilitam maior autonomia emalgumas agncias do governo.

    Beleza. A busca pela contratualizao se insere mesmo nesta trocade maior autonomia aos gestores por maior desempenho. O gabarito questo correta.

    13 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) A qualificao como organizaoda sociedade civil de interesse pblico (OSCIP), atribuvel spessoas jurdicas de direito privado, requer que tais organizaesno tenham fins lucrativos ou que, tendo-os, elas no distribuamos resultados aos seus dirigentes e os apliquem preferencialmentena consecuo do respectivo objeto social.

    Negativo. Para que uma entidade seja qualificada como uma OSCIP,deve sim ser caracterizada como uma entidade privada sem finslucrativos. Assim, no podem transferir lucros e dividendos aos seusdirigentes.

    Evidentemente, se as receitas superarem as despesas, o excessodeve ser investido da mesma atividade, no configurando lucro. Ogabarito questo errada.

    14 - (CESPE AGU / ADVOGADO - 2009) As entidades de apoioso pessoas jurdicas de direito privado sem fins lucrativos, quepodem ser institudas sob a forma de fundao, associao oucooperativa, tendo por objeto a prestao, em carter privado, deservios sociais no exclusivos do Estado. Tais entidades mantmvnculo jurdico com a administrao pblica direta ou indireta, emregra, por meio de convnio. Por sua vez, os servios sociaisautnomos so entes paraestatais, de cooperao com o poderpblico, prestando servio pblico delegado pelo Estado.

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    Esta questo est errada, pois os servios sociais autnomos (ouentes paraestatais) no prestam servios pblicos delegados pelo Estado.Estas paraestatais executam atividades no exclusivas de interessepblico. O gabarito questo errada.

    15 - (CESPE TJ-DF / ANALISTA - 2008)O uso indiscriminado daexpresso terceiro setor acabou por tornar o conceitodemasiadamente abrangente, fazendo que nele se possamenquadrar todos os modelos de entidades que no se incluam noconceito do primeiro setor, o Estado, e do segundo setor, omercado.

    O conceito de terceiro setor o que os especialistas chamam de

    conceito guarda-chuva, ou seja, acaba englobando diversossignificados. Tudo o que no se pode enquadrar como mercado ou Estadoacaba sendo qualificado como terceiro setor.

    Portanto, tanto as ONGs quanto as Organizaes Sociais soclassificadas, por exemplo, como entidades do terceiro setor. O gabarito questo correta.

    Conselhos

    Os conselhos esto inseridos neste contexto de busca por umamaior participao popular nas decises do Estado. De certa forma, umesforo de se sair de uma democracia estritamente representativa, emque s temos um momento de participao nos temas pblicos (aeleio) para outro modelo de uma democracia mais direta.

    Este movimento de criao de arenas em que a participao dasociedade seja mais levada em considerao tambm serve paraaumentar a accountability, no caso do tipo societal.

    Esta accountability societal refere-se ao controle exercido pelasociedade civil, muitas vezes representada por ONGs, sindicatos eassociaes. Estas instituies, em busca de denunciar abusos edesmandos dos agentes pblicos, alm de propor mudanas emdeterminadas polticas pblicas, exercem uma presso legtima sobre aAdministrao Pblica.

    Alm disso, estas instituies buscam, com este tipo de presso ede denncia, alertar os canais normais de controle, como o MinistrioPblico e o Tribunal de Contas da Unio, por exemplo.

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    De acordo com Smulovitz e Peruzzotti35:

    um mecanismo de controle no-eleitoral, queemprega ferramentas institucionais e noinstitucionais (aes legais, participao em

    instncias de monitoramento, denncias na mdia,etc.) e que se baseia na ao de mltiplasassociaes de cidados, movimentos, ou mdia,objetivando expor erros e falhas do governo,trazer novas questes para a agenda pblica ouinfluenciar decises polticas a seremimplementadas pelos rgos pblicos.

    De acordo com Carneiro36, os Conselhos de Polticas Pblicas, emque o Estado e a sociedade participam de forma paritria, so exemplosdesta accountability societal, pois possibilitam a participao popular na

    conduo das polticas pblicas e, portanto, no funcionamento do Estado.De acordo com a autora:

    os conselhos apontam para uma nova forma deatuao de instrumentos de accountabilitysocietal, pela capacidade de colocar tpicos naagenda pblica, de controlar seu desenvolvimentoe de monitorar processos de implementao depolticas e direitos, atravs de umainstitucionalidade hbrida, composta derepresentantes do governo e da sociedade civil.

    Desta maneira, estes conselhos agem como contraponto s prticasclientelistas e patrimonialistas arraigadas em diversas regies de nossopas. De acordo com Raichelis37:

    Pela sua composio paritria entrerepresentantes da sociedade civil e do governo,pela natureza deliberativa de suas funes e comomecanismo de controle social sobre as aesestatais, pode-se considerar que os Conselhosaparecem como um constructo institucional que se

    ope histrica tendncia clientelista,patrimonialista e autoritria do Estado brasileiro

    Estes conselhos podem atuar nas reas de: sade, assistnciasocial, meio ambiente, cultura etc.

    35 (Smulovitz e Peruzzotti, 2000) apud (Carneiro, 2006)36 (Carneiro, 2006)37 (Raichelis , 2000)

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    Entidades do Sistema S - Paraestatais

    Apesar de existir uma confuso tremenda na definio do queabrangeria exatamente o termo paraestatal, as bancas de concurso tm

    aceitado que as paraestatais so restritas aos servios sociais autnomos,ou o que se chama: organizaes do sistema S.

    Estas organizaes so entidades privadas, que so criadas atravsde autorizao legislativa. Como alguns exemplos destas entidades,podemos citar:

    Servio Social da Indstria SESI; Servio Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC; Servio Social do Comrcio SESC; Servio Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI; Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas

    SEBRAE; Servio Social do Transporte; Servio Nacional de Aprendizagem do Transporte SENAT.

    Estas paraestatais so financiadas atravs de contribuiescompulsrias pagas por trabalhadores sindicalizados, o que um exemplode parafiscalidade tributria. Como so focadas em um setor especfico(transporte, por exemplo) acabam produzindo benefcios para estesgrupos ou categorias profissionais.

    Estas organizaes executam servios de interesse e utilidadepblica, mas no so estritamente servios pblicos. Obviamente, soentidades sem fins lucrativos. Assim sendo, os recursos que sobrarem(supervit) devem ser reinvestidos nas atividades finalsticas dasentidades.

    De acordo com decises do TCU, as entidades do sistema S podemdefinir ritos simplificados prprios de licitao, desde que no contrariemas regras gerais estabelecidas na Lei 8666/93. Desta forma, necessitamsim ter um regulamento estabelecendo as regras formais e procedimentos

    necessrios para as compras de produtos e servios.Alm disso, no so obrigadas por lei a realizar concurso pblico

    para contratar pessoal38.

    38 (Mazza, 2011)

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    Agncia Reguladora

    A crise do petrleo (anos 70) e o baixo crescimento econmico dadcada de 80 trouxeram dificuldades crescentes para que os Estado

    pudessem manter os gastos relativos aos servios pblicos que apopulao demandava e, ao mesmo tempo, induzir o crescimento daeconomia atravs de empresas estatais cada vez mais deficitrias.

    Com esse cenrio, muitos Estados iniciaram um conjunto dereformas pr-mercado. Estas reformas buscaram transferir para omercado diversos setores antes administrados pelo Estado, objetivandoum aumento de eficincia destes mercados e uma recuperao dasituao fiscal destes governos.

    No caso brasileiro, o Estado tinha criado centenas de empresas

    estatais e estas tinham uma participao muito grande na economianacional. Desde siderrgicas at empresas txteis, o Estado estavapresente em diversos ramos e atuava diretamente na dinmica decrescimento.

    Entretanto, o governo brasileiro no detinha mais uma capacidadede investir nestas empresas. Com isso, estas foram se deteriorando e no

    agregavam mais valor.

    Alm disso, o Estado era visto como ineficiente e a gesto pblicaseria, naquela poca, um empecilho a estas empresas se desenvolvereme serem competitivas com as instituies privadas, seja no Brasil, seja nomundo.

    Assim, ocorreu um processo formal de privatizao destas empresasestatais. Empresas como a Embraer, a CSN e a Vale do Rio Doce foramtransferidas para o setor privado. Entretanto, muitas empresas atuavamem reas em que o Estado era anteriormente monopolista ou queprestavam servios pblicos, como o caso das empresas fornecedoras detelefonia e eletricidade.

    Se estas empresas ficassem livres para atuar da maneira quequisessem, poderiam deixar de ofertar estes servios em regies pobres,

    cobrar valores abusivos, deixar a qualidade do servio cair, alm de noinvestir o que seria necessrio para a universalizao dos servios.

    De acordo com Sundfeld39:

    se o Estado abdicasse totalmente do poder deinterferir na prestao de servios pblicosprivatizados e na correspondente estruturaempresarial, correria o risco de assistir,passivamente, ao colapso de setores essenciais

    39 (Sundfeld, 2000) apud (Gonalves, 2000)

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    para o pas, como o setor eltrico e o detelecomunicaes. O Estado necessita, ainda,impedir prticas anticoncorrenciais, o que nopode, de forma nenhuma, ser deixado ao encargoda mo invisvel do mercado. Existe, tambm, a

    necessidade de proteo dos interesses dosusurios e de assegurar a universalizao dosservios pblicos, possibilitando que eles sejamprestados aos milhes de excludos existentes noBrasil.

    Para que estes problemas no viessem a ocorrer, estes novosoperadores privados deveriam ser regulados de alguma forma. Outroaspecto importante se relaciona com a atrao de investimentos privadosde longo prazo.

    Muitos destes ramos econmicos (eletricidade, por exemplo)dependem de investimentos intensivos em capital (volume grande dedinheiro em um momento inicial) e s so pagos no longo prazo.Portanto, deve existir uma forte segurana jurdica e uma confianadestes empresrios e investidores na manuteno da regra do jogo, ouseja, no marco regulatrio do setor.

    Para que exista uma confiana maior na capacidade da agnciareguladora de manter as regras do jogo e atuar com imparcialidade nasdisputas entre o Estado, os consumidores e os investidores, buscou-seum modelo que desse maior autonomia para estas agncias.

    Estas buscaram equilibrar os interesses privados (respeito aoscontratos, estabilidade de regras, lucratividade etc.) com os interessespblicos (universalizao do servio, preos adequados, aumento dosinvestimentos etc.), de modo que a sociedade como um todo fossebeneficiada.

    Desta forma, o Estado deixou de ser o Estado provedor ou produtorpara entrar em outro modelo: o Estado regulador. Se a AdministraoPblica no iria mais executar o trabalho diretamente, deveriaacompanhar o trabalho destes novos operadores privados, para que a

    qualidade do servio efetivamente melhorasse e que as margens de lucrofossem mantidas em nveis razoveis.

    Para isto, foram criadas as Agncias Reguladoras. Estasorganizaes foram criadas como autarquias de regime especial. Entresuas principais caractersticas, pode-se citar40:

    Independncia administrativa; Autonomia financeira;

    40 (Torres, 2007)

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    Ausncia de subordinao hierrquica; Dirigentes que servem por mandatos fixos com prazo

    determinado; Obedecendo ao princpio da especialidade, seus atos no

    podem ser revistos ou alterados pelo Poder Executivo, apenaspelo Judicirio.

    Assim sendo, ao contrrio das demais autarquias e fundaes, emque seus dirigentes podem ser exonerados livremente pelo chefe do PoderExecutivo, os dirigentes das autarquias esto blindados contraexoneraes sem motivo justificado (esta s pode ocorrer com umprocesso judicial transitado em julgado).

    Alm disso, estes dirigentes j sabem que ficaro no cargo por umtempo determinado (que varia de trs anos no caso da ANVISA a cinco

    anos no caso da ANATEL)41

    .Seus dirigentes so escolhidos pelo Presidente da Repblica e

    devem ser aprovados em sabatina no Senado Federal. Quando seusmandatos so encerrados, os ex-dirigentes devem cumprir umaquarentena antes de poder atuar no mesmo ramo em que a agncia deregulao funciona.

    As primeiras agncias reguladoras a serem criadas foram: a ANEEL(energia eltrica) em 1996, a ANATEL (telecomunicaes) em 1997 e aANP (setor do Petrleo) tambm em 1997.

    Entretanto, no existe ainda uma lei geral das agnciasreguladoras, pois cada uma tem certas peculiaridades. Apesar disso,existem certas caractersticas comuns, como uma alta capacidade tcnicade especializao, serem institudas como autarquias sob regime especiale regularem um setor de atividade econmica ou um servio pblicoespecfico.

    Cabe aqui lembrar que, apesar das agncias reguladoras seremidentificadas com o processo de privatizao, a regulao no existeapenas nas reas em que existiu a desestatizao.

    Existem setores que no foram transferidos para a iniciativa privada(como a rea de Petrleo, por exemplo) que regulada. Da mesmaforma, existem setores que nunca foram operados pelo Estado quesofrem regulao (como o setor de planos de sade) por estarem emreas sensveis.

    Alm disso, existem setores da economia que so regulados porentidades no enquadradas neste modelo de agncias reguladoras,como o mercado de capitais regulado pela Comisso de ValoresMobilirios CVM.

    41 (Mazza, 2011)

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    Outro exemplo o do Banco Central, que o rgo regulador dosistema financeiro nacional, bem como do CADE ConselhoAdministrativo de Defesa Econmica, que tem a funo de orientar,fiscalizar, prevenir e apurar abusos de poder econmico.

    Agncia Executiva

    As agncias executivas foram uma inovao trazida tambm pelareforma gerencial de 1995. A ideia seria a de, atravs da celebrao deum contrato de gesto, fornecer maior autonomia e flexibilidade degesto para autarquias e fundaes desde que se comprometessem comdeterminadas metas e objetivos pactuados.

    De acordo com a Lei 9.649/98, em seu artigo n51:

    O Poder Executivo poder qualificar como AgnciaExecutiva a autarquia ou fundao que tenhacumprido os seguintes requisitos:

    I ter um plano estratgico de reestruturao ede desenvolvimento institucional em andamento;

    II ter celebrado Contrato de Gesto com orespectivo Ministrio supervisor.

    Portanto, uma agncia executiva apenas uma qualificao

    concedida uma autarquia ou fundao j existente, que firme umcontrato de gesto possibilitando o aumento de sua autonomia gerencial,oramentria e financeira42.

    Entre as vantagens concedidas a estas agncias, poderiam utilizar adispensa de licitao para compras de at 20% do valor mximo admitidopara a modalidade convite, ao invs de 10% para o resto daAdministrao Pblica.

    Infelizmente, este modelo no evoluiu muito, pois como osbenefcios aos rgos no ficaram muito claros e a falta de clareza dosobjetivos a serem atingidos no favoreceu sua disseminao naAdministrao Pblica.

    Dentre os casos de agncias executivas, temos o INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normatizao e Qualidade Industrial.Veja abaixo uma comparao entre as agncias reguladoras e as agnciasexecutivas:

    42 (Alexandrino & Paulo, 2009)

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    Figura 4 - Diferenas entre agncias executivas e reguladoras. Fonte: (Mazza, 2011)

    Cabe lembrar que o artigo n37 da Constituio Federal abre apossibilidade de um rgo da prpria Administrao Pblica assinar umcontrato de gesto e ser qualificado como agncia executiva.

    De certa forma, seria uma situao esquisita, pois o Poder Pblicoestaria assinando um contrato com si mesmo.

    Vamos ver mais questes agora?

    16 - (CESPE - TCU / ACE - 2009) As entidades do Sistema S (SESI,SESC, SENAI etc.), conforme entendimento do TCU, no sesubmetem aos estritos termos da Lei n. 8.666/1993, mas sim aregulamentos prprios.

    Esta questo est correta. O TCU j decidiu que as paraestatais nonecessitam seguir os ditames da Lei 8666/93. Entretanto, estas entidades

    devem ter algum regulamento que estabelea os procedimentos ecritrios para a compra de materiais e servios, bem como para as regrasde contratao.

    O gabarito , desta maneira, questo correta.

    17 - (CESPE - TCU / ACE - 2008)A organizao social, que integraas chamadas entidades paraestatais, insere-se na concepoadministrativa fundada no conceito de Estado mnimo, segundo oqual a sade no considerada atividade tpica de Estado.

    Agncias Executivas

    Visam operar atividades pblicasatravs da descentralizao;

    Existem somente no mbitofederal;

    So rgos e entes pblicosqualificados como agncias.

    Agncias Reguladoras

    Visam o controle e fiscalizao desetores privados;

    Existem em todas as esferas:Unio, estados e municpios;

    So autarquias com regimeespecial.

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    Esta questo um pouco confusa, mas est errada. Os servios desade no so considerados atividades exclusivas do Estado, mas so simtpicas. De acordo com o PDRAE, estas atividades seriam executadastanto pelo Estado quanto pelas entidades no estatais, como asorganizaes sociais.

    Assim, o gabarito questo errada.

    18 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) Os diretores das agnciasreguladoras sero escolhidos pelo presidente da Repblica, masessa escolha deve ser aprovada, por meio de voto secreto, apsarguio pblica, pelo Senado Federal.

    Beleza. Os diretores das agncias reguladoras so nomeados pelo

    chefe do Poder Executivo (o Presidente da Repblica, no caso da Unio),mas devero passar por uma sabatina pblica no Senado Federal. Ogabarito questo correta.

    19 - (CESPE TJ-DF / ANALISTA - 2008)Embora seja possvelidentificar dissenso na doutrina acerca das caractersticas dasentidades do terceiro setor, so comumente apontadas comodiferenciais das entidades que o compem a natureza privada, aausncia de finalidade lucrativa, a auto-administrao, a

    institucionalizao e o fato de serem voluntrias.

    A questo aborda o fato de que estas organizaes do terceiro setorso muito diversas. Entretanto, so realmente de carter privado, notem fins lucrativos, so independentes em sua administrao e exercemsuas atividades por iniciativa prpria, ou seja, so voluntrias.

    O gabarito mesmo questo correta.

    20 - (CESPE TJ-DF / ANALISTA - 2008)Ao termo publicizao doterceiro setor podem ser atribudos pelo menos dois sentidos. Um o que se refere prestao de servios de interesse pblico porentidades componentes do terceiro setor, com o apoio do Estado.O segundo refere-se transformao de entidades pblicas ementidades privadas sem fins lucrativos.

    O termo publicizao se relaciona com a transferncia de atividadesno exclusivas do Estado para organizaes privadas sem fins lucrativos,os entes no estatais.

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    Alm disso, o modelo das organizaes sociais (as OSs) foi pensadotendo como objetivo a transformao de entidades da AdministraoIndireta nestas organizaes privadas. Apesar disso, como este modelodas OS foi muito criticado e est sendo julgado no STF, acabou gerandouma insegurana jurdica muito grande, abrindo espao para o

    crescimento do modelo das OSCIPs.Assim sendo, o gabarito questo correta.

    21 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2009) O mandato dosconselheiros e dos diretores das agncias reguladoras ter oprazo fixado na lei de criao de cada agncia.

    Exato. Este prazo no uniforme para todas as agncias, podendo

    variar de trs anos at cinco anos (no caso da ANATEL). O gabarito questo correta.

    22 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2009) As agnciasreguladoras sero dirigidas em regime de colegiado, por umconselho diretor ou diretoria composta por conselheiros oudiretores, sendo um deles o seu presidente, o diretor-geral oudiretor-presidente.

    A questo est correta e reflete o carter colegiado dofuncionamento das diretorias das agncias reguladoras. O gabarito questo correta.

    23 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2009) As agnciasreguladoras tm carter nacional, sendo vedado aos estados e aoDistrito Federal criar suas prprias agncias estaduais quando setratar de servio pblico, por ausncia de previso constitucional.

    Esta questo no muito difcil, no mesmo? Existem diversasagncias estaduais e municipais em funcionamento no Brasil atualmente.Assim, os entes subnacionais podem sim criar suas prprias agnciasreguladoras. O gabarito questo errada.

    24 - (CESPE - MS / ANALISTA - 2010) Entidades paraestatais sopessoas jurdicas de direito privado que colaboram com o Estadono desempenho de atividades no lucrativas; elas no integram a

    estrutura da administrao pblica.

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    Beleza. Estas organizaes so entidades privadas e