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AFRFB/ATRFB/AFT 2012 DIREITO ADMINISTRATIVO PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA - AULA 01 Olá, concurseiros! Vamos à nossa aula 01 para Auditor Fiscal e Analista Tributário da Receita Federal e Auditor Fiscal do Trabalho. Conforme o combinado, hoje falaremos do Regime Jurídico Administrativo e dos princípios administrativos. 1. Regime Jurídico Administrativo Utiliza-se a expressão regime jurídico da Administração para designar, em sentido amplo, os regimes de direito público e de direito privado a que se submete a Administração Pública. Já a expressão regime jurídico administrativo é reservada tão somente para o regime de direito público da Administração, que a coloca em uma posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa. Desse modo, as relações de direito público da Administração são regidas por regras e princípios que representam o regime jurídico administrativo. Tais normas denotam a preocupação contínua com a defesa do interesse público, finalidade de toda a atividade administrativa. O regime administrativo é composto por um conjunto de prerrogativas e sujeições. As prerrogativas decorrem da necessidade de que o Poder Público possa adequadamente prestar ou fiscalizar os serviços de que a população necessita e, quando necessário, limitar e condicionar o exercício dos direitos individuais, em prol do alcance da harmonia social e da satisfação dos interesses da coletividade. Entre essas prerrogativas, destaquem-se o poder de desapropriação, as normas de Prof. Luciano Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 1 Vamos chutar a Esaf! Rumo à aprovação!

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PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA - AULA 01

Olá, concurseiros! Vamos à nossa aula 01 para Auditor Fiscal e

Analista Tributário da Receita Federal e Auditor Fiscal do Trabalho.

Conforme o combinado, hoje falaremos do Regime Jurídico Administrativo e

dos princípios administrativos.

1. Regime Jurídico Administrativo

Utiliza-se a expressão regime jurídico da Administração para

designar, em sentido amplo, os regimes de direito público e de direito

privado a que se submete a Administração Pública. Já a expressão regime

jurídico administrativo é reservada tão somente para o regime de

direito público da Administração, que a coloca em uma posição

privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa.

Desse modo, as relações de direito público da Administração são

regidas por regras e princípios que representam o regime jurídico

administrativo. Tais normas denotam a preocupação contínua com a

defesa do interesse público, finalidade de toda a atividade administrativa.

O regime administrativo é composto por um conjunto de

prerrogativas e sujeições. As prerrogativas decorrem da necessidade

de que o Poder Público possa adequadamente prestar ou fiscalizar os

serviços de que a população necessita e, quando necessário, limitar e

condicionar o exercício dos direitos individuais, em prol do alcance da

harmonia social e da satisfação dos interesses da coletividade. Entre essas

prerrogativas, destaquem-se o poder de desapropriação, as normas de

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Vamos chutar a Esaf! Rumo à aprovação!

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polícia administrativa, a aplicação de multas etc. Representa, assim, a

supremacia do interesse público sobre o interesse particular, desde que

com respeito aos direitos individuais previstos na Constituição Federal e

nas leis.

As sujeições fundamentam-se na idéia de proteção aos

administrados, que devem ter preservados seus direitos individuais frente

à ação do Poder Público, evitando-se, desse modo, abusos e desmandos na

atividade administrativa. Materializam-se nos princípios administrativos,

como a legalidade, a impessoalidade, a moralidade e outros, que serão

estudados à frente.

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

Prerrogativas Supremacia do interesse público.

Sujeições Princípios administrativos. Proteção aos

administrados.

2. Princípios Administrativos

Os Princípios Administrativos são diretrizes básicas que norteiam

os atos e atividades administrativas de todo aquele que exerce o poder

público. Constituem os fundamentos da ação administrativa. Desrespeitá-

los significa desvirtuar a gestão dos negócios públicos e desprezar o que há

de mais elementar para a boa guarda e zelo dos interesses sociais.

2.1. Fundamentos do Direito Administrativo

Entre os princípios administrativos, dois se destacam por sua crucial

importância e, por isso, são considerados fundamentos do Direito

Administrativo: o da supremacia do interesse público sobre o

interesse particular e o da indisponibilidade do interesse público.

2.1.1. Supremacia do Interesse Público

A supremacia do interesse público é o principal fundamento não

só do Direito Administrativo, mas de todo o Direito Público. Nas relações

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entre o Estado e os administrados, deve prevalecer o interesse público

sobre o particular, desde que não haja ofensa aos direitos fundamentais do

indivíduo. Isso porque o Estado defende o interesse de toda a coletividade,

isto é, o interesse público.

2.1.2. Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público

Este fundamento decorre do anterior. A indisponibilidade do

interesse público reza que o gestor não possui autorização para renunciar

aos poderes a ele conferidos por lei para desempenhar suas funções e

administrar a coisa pública, pois isto significaria deixar de atender ao

interesse público. Ele deve sempre zelar pela integridade e boa gestão do

patrimônio e dos interesses públicos. Isso porque não é o administrador o

titular desses interesses, mas a sociedade, não sendo lícito, desse modo,

ao agente público deixar de atendê-los. Somente o próprio titular do

interesse público (o povo) pode dele dispor, mediante lei aprovada por seus

representantes. Um exemplo é a doação de recursos brasileiros a um país

destruído por um terremoto ou uma guerra, ou às suas vítimas, que só

pode ser feita mediante autorização legal (veja, por exemplo, as Leis

12.257/2010 e 12.292/2010).

2.2. Princípios do Direito Administrativo

O artigo 37, caput, da CF/88 prevê expressamente os princípios

constitucionais da Administração Pública: legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (LIMPE).

Encontramos, ainda, no artigo 2.° da Lei 9.784/1999 (Lei do Processo

Administrativo Federal) os seguintes princípios do Direito Administrativo:

motivação, razoabilidade, proporcionalidade, contraditório, ampla

defesa e segurança jurídica. Analisemos cada um deles.

2.2.1. Legalidade

O princípio da legalidade estatui que o administrador público está

sujeito, em toda sua atividade funcional, aos ditames da lei, deles não

podendo se afastar, sob pena de invalidade de seus atos.

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Na Administração Pública, não há liberdade nem vontade pessoal.

Enquanto ao particular é permitido fazer tudo que a lei não proíbe, a

Administração Pública só pode fazer o que a lei determina ou

autoriza. O administrador é um gestor da coisa pública, cujo domínio

pertencente ao povo. Assim, somente este, manifestando sua vontade por

meio das leis, votadas pelos seus representantes eleitos, é legitimado a

validar a atuação administrativa.

2.2.2. Impessoalidade

O princípio da impessoalidade, em uma primeira acepção,

determina que a atividade administrativa seja voltada ao seu fim

primordial: o atendimento ao interesse público, que é a finalidade da

atividade administrativa, sem favoritismos a qualquer pessoa que seja. A

atividade pública deve ser praticada para a sua finalidade legal, definida na

norma de Direito de forma impessoal. Sob esse enfoque, a impessoalidade

pode ser chamada também de princípio da finalidade ou do interesse

público.

A impessoalidade pode ser vista também como sinônimo de

isonomia ou igualdade, pois não se admite que o Poder Público trate de

forma desigual indivíduos que se encontram em idêntica situação. Na

clássica conceituação de Aristóteles, igualdade é tratar igualmente os iguais

e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades.

A impessoalidade veda, ainda, a promoção pessoal de agentes

públicos ou de terceiros nas realizações administrativas, que devem ser

sempre atribuídas ao ente estatal que as promove. Isso porque o ato

administrativo não é praticado pelo agente público, mas pela Administração

à qual ele pertence. Em outras palavras, o ato administrativo deve ser

considerado impessoal.

O desrespeito à finalidade pública pode gerar a indesejada figura do

abuso de poder, sob a forma de desvio de finalidade.

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2.2.3. Moralidade

Atualmente, a sociedade não se satisfaz apenas com a conformidade

dos atos administrativos com o princípio da legalidade. Mais do que atender

à frieza do texto legal, a atividade administrativa deve obedecer a preceitos

de moral, honestidade e ética. Os atos do Poder Público devem ser não

apenas legais, mas também, justos, honestos e convenientes.

Trata-se, na verdade, de uma moral jurídica, administrativa, diversa

da moral comum, pois é vinculada às exigências da instituição e ao

atendimento do interesse público. A moralidade administrativa tem caráter

objetivo, independente da opinião subjetiva de cada agente. Compreende

as regras de boa administração, objetivamente estabelecidas pelo

ordenamento jurídico.

Tanta importância possui hoje o princípio da moralidade que a

jurisprudência considera válida, em certas situações, a interferência do

Poder Judiciário para anular atos que, embora aparentemente conformes à

lei, dela se afasta em relação ao atendimento aos princípios éticos e ao

interesse coletivo implícitos no texto legal. Um exemplo é a vedação ao

nepotismo no serviço público, promovida pelo STF, por meio da edição da

Súmula Vinculante n.° 13. Como a moralidade administrativa possui feição

objetiva, o ato de nepotismo é nulo, ainda que a autoridade acredite

sinceramente que seu parente é a pessoa mais indicada para o cargo em

comissão.

O desrespeito ao princípio da moralidade, bem como a qualquer outro

princípio da Administração Pública, pode caracterizar ainda, ato de

improbidade administrativa, sujeitando o gestor público às punições

previstas na Lei 8.429/1992. Aliás, costuma-se dizer que probidade é

sinônimo de moralidade, mas improbidade é mais grave do que

imoralidade. Isso porque um ato pode ser imoral, mas não caracterizar o

ato de improbidade da Lei 8.429/1992, pois este exige, em regra, a má-fé

do agente público.

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2.2.4. Publicidade

Publicidade é a possibilidade de conhecimento da atividade

administrativa pela coletividade. A publicação oficial dos atos da

Administração materializa esse princípio, dando conhecimento a todos dos

atos administrativos e possibilitando o início de seus efeitos externos. Além

disso, a publicidade do ato dá transparência à atuação administrativa,

possibilitando, da forma mais ampla possível, o controle da administração

pública.

A publicação não é elemento de formação do ato, mas requisito de

sua eficácia. Assim, os efeitos jurídicos oriundos dos atos administrativos

só têm início a partir de sua publicação.

A publicação dos atos deve ser feita em órgão oficial, não

atendendo adequadamente ao princípio a publicação feita apenas na

imprensa particular ou tão somente a divulgação realizada em rádio ou

televisão. Estes meios de divulgação também promovem a publicidade, é

claro, entretanto, somente com a publicação em órgão oficial considera-se

atendido o princípio.

Admite-se o sigilo dos atos administrativos apenas nos casos

previstos na Constituição, quais sejam: defesa da intimidade, da vida

privada, da honra e da imagem das pessoas (art. 5.°, X); e informações

cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado

(art. 5.°, XXXIII).

2.2.5. Eficiência

O princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja

exercida com presteza e rendimento funcional. Atende aos modernos

preceitos da administração pública gerencial. Assim, não basta

desempenhar as funções públicas de acordo com a lei, é preciso realizá-las

da melhor forma possível, sem desperdícios, buscando a melhor relação

custo-benefício.

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O desrespeito a este princípio pode significar também desrespeito à

moralidade administrativa e, havendo má-fé, ato de improbidade

administrativa (ex: retardos injustificados ao andamento de processos

administrativos).

2.2.6. Razoabilidade e Proporcionalidade

Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade podem ser

entendidos como a adequação entre os meios e os fins da

administração pública, a proibição do excesso no desempenho da função

pública. Objetivam aferir a adequação entre os meios e os fins da atividade

administrativa, de modo a evitar restrições desnecessárias ou abusivas aos

direitos fundamentais.

Alguns autores entendem a razoabilidade como sinônimo da

proporcionalidade. Outros consideram que a razoabilidade é formada pela

necessidade, pela adequação e pela proporcionalidade. Assim, um ato

seria razoável quando fosse necessário (requerido para produzir o

resultado desejado), adequado (melhor meio, ou um dos melhores, para

se atingir esse resultado) e proporcional (é o estritamente necessário

para produzir o resultado, sem excessiva limitação aos direitos dos

administrados). Nesse sentido, a proporcionalidade pode ser vista como um

aspecto da razoabilidade.

Vejamos um exemplo: se um servidor público comete uma falta, a

punição formal desse servidor pode ser considerada necessária como

medida de correção de sua conduta, e de inibição de faltas futuras.

Entretanto, se a falta for de natureza levíssima (ex: atraso de meia hora ao

serviço), uma simples repreensão em particular talvez seja um meio mais

adequado à correção da conduta do servidor, que pode se sentir

desmotivado em razão de uma punição formal. Ainda que se entenda

melhor realizar a punição formalmente, deve-se atentar à

proporcionalidade da pena aplicada, para não se praticar ato

desarrazoado, excessivo (ex: punir com demissão um servidor sem

antecedentes funcionais porque chegou atrasado ao serviço).

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Os atos desproporcionais, ainda que legais do ponto de vista formal,

podem ser invalidados pelo Poder Judiciário, quando provocado pelo

interessado.

2.2.7. Contraditório e Ampla Defesa

Os princípios do contraditório e da ampla defesa possuem sede

constitucional (artigo 5.°, LV, CF/88) e representam direitos individuais

inafastáveis em nosso ordenamento jurídico. São aplicáveis a todo tipo de

processo, judicial ou administrativo. Eis o teor do dispositivo:

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

O contraditório significa a possibilidade de o administrado ter

acesso a todo o conteúdo do processo em que seja parte e de contestar

qualquer argumento com o qual não concorde, apresentando sua versão

dos fatos. A ampla defesa o autoriza a utilizar-se de quaisquer meios de

prova permitidos pelo direito para provar seus argumentos (documentos,

testemunhas, perícias etc.).

A falta do contraditório e da ampla defesa torna nulos os processos

administrativos nos quais esta ausência se afigura.

2.2.8. Segurança Jurídica

O princípio da segurança jurídica preceitua que deve haver certeza

sobre as regras vigentes no ordenamento jurídico, bem como sobre sua

forma de interpretação e aplicação às situações concretas. Em termos

simples, todos devem saber as "regras do jogo" nas relações sociais. Visa a

evitar a modificação da interpretação passada da lei e a tornar pública a

interpretação futura que a Administração pretende adotar.

O princípio objetiva, assim, dar maior estabilidade às relações que se

estabelecem entre a Administração e os administrados. Por isso, ele veda

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a aplicação retroativa de novas leis publicadas pelo Poder Público, ou

mesmo a aplicação retroativa de novas interpretações da lei. Afinal, não é

razoável que o administrado tenha seus direitos flutuando ao sabor de

interpretações jurídicas variáveis no tempo. Se determinada conduta era

permitida por lei, segundo interpretação inicial do Poder Público, não pode

agora esse mesmo poder anunciar uma nova interpretação da norma, com

o fim de punir aqueles que praticavam a conduta segundo o antigo

entendimento.

Com base neste princípio, temos ainda os institutos da decadência e

da prescrição, a fim de tornar definitivas situações que se perduram no

tempo. A prescrição é a perda da pretensão de se exigir judicialmente a

satisfação de um direito, pelo decurso de um prazo razoável. A decadência

é a extinção do próprio direito pelo decurso de prazo. Por exemplo, se a

Administração deixa de punir um servidor faltoso no prazo legal, ela perde

o direito de puni-lo, por ter permanecido parada.

O administrado não pode ficar eternamente sujeito à ação da

Administração, quando esta permanece inerte em seu direito de exigir o

cumprimento de determinadas obrigações, razão pela qual a regra é a

prescritibilidade administrativa, como decorrência do princípio da

segurança jurídica.

Em razão deste princípio, temos ainda o instituto da convalidação

dos atos administrativos, pelo qual a lei autoriza, em determinadas

situações, o reconhecimento da validade de atos produzidos com vícios de

ilegalidade, mas cuja anulação causaria um mal maior (instabilidade

jurídica) aos administrados do que a sua permanência no ordenamento

jurídico.

2.2.9. Motivação

Este princípio atesta que, em regra, os atos da Administração Pública

devem ser motivados, isto é, devem ter os motivos que levaram à sua

produção declarados por escrito pelo agente público.

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O conhecimento das causas e dos elementos determinantes que

levaram o administrador a praticar o ato é fundamental para o controle da

atividade pública e a interposição de eventuais recursos administrativos,

em que o administrado busca impugnar um ato da Administração, quando o

entende injusto ou ilegal.

A motivação dos atos é fundamental para se ter a certeza de que o

agente público age movido apenas por razões de interesse público e na

esfera de sua competência, sem interesses particulares, próprios ou de

terceiros. Pela motivação o gestor expõe os pressupostos de fato e de

direito (motivos) que ensejaram a prática do ato, dando transparência à

sua administração e possibilidade de efetivo controle de sua regularidade

por qualquer cidadão.

A moderna doutrina administrativista entende que a motivação é a

regra. Não obstante, existem atos que prescindem de motivação, como as

nomeações de servidores para cargos em comissão, considerados de livre

nomeação e exoneração (art. 37, II, CF/88). O art. 50 da Lei 9.784/1999

apresenta um rol de situações em que é obrigatória a motivação dos atos

administrativos. Segundo a doutrina, essa relação é meramente

exemplificativa, não excluindo outros casos que surjam no exercício da

atividade administrativa.

2.2.10. Outros Princípios

Existem ainda outros importantes princípios do Direito Administrativo,

como os da especialidade, da tutela e da autotutela. Os dois primeiros

serão estudados na aula seguinte, quando tratarmos da organização

administrativa brasileira. O terceiro será visto na parte de atos

administrativos.

PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS

Supremacia do

interesse público São os fundamentos do Direito

Administrativo. Indisponibilidade do

São os fundamentos do Direito

Administrativo.

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interesse público

Legalidade

A Administração Pública só pode

fazer o que a lei determina ou

autoriza.

Impessoalidade

A atividade administrativa deve ser

impessoal e atende ao interesse

público.

Moralidade A atividade administrativa deve ser

justa e honesta.

Publicidade A atividade administrativa deve ser

pública.

Eficiência A atividade administrativa deve ser

eficiente.

Razoabilidade e

proporcionalidade

As decisões do Poder Público

devem ser razoáveis e

proporcionais, evitando restrições

desnecessárias ou excessivas aos

direitos dos administrados.

Contraditório e

ampla defesa

Nos processos administrativos ou

judiciais, todos tem direito a

apresentar sua versão dos fatos e

se defender com todos os meios de

prova admitidos pelo Direito.

Segurança jurídica

Deve haver prévio conhecimento e

certeza suficiente sobre as regras

aplicadas pela Administração. É

vedada a aplicação retroativa de

novas interpretações da lei para

prejudicar o administrado.

Motivação Os atos administrativos devem ser

motivados por escrito.

Outros

Ex.: especialidade, tutela e

autotutela, que serão estudados

em aulas futuras.

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Muito bem! Segue agora a lista de exercícios comentados sobre a

matéria de hoje. Tentem resolver as questões antes de lerem os

comentários, OK? Bons estudos!

3. Exercícios Comentados

1) (Esaf/SMF-RJ/Fiscal de Rendas/2010) Referente aos princípios da

Administração Pública, assinale a opção correta.

a) Tendo em vista o caráter restritivo da medida, é necessária lei formal

para coibir a prática de nepotismo no âmbito da Administração Pública,

tornando-se inviável, assim, sustentar tal óbice com base na aplicação

direta dos princípios previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal.

b) Entre os princípios da Administração Pública previstos expressamente na

Constituição Federal, encontram-se os da publicidade e da eficácia.

c) É viável impedir, excepcionalmente, o desfazimento de um ato, a

princípio, contrário ao Ordenamento Jurídico, com base no princípio da

segurança jurídica.

d) O princípio da autotutela consiste na obrigatoriedade de o agente

público, independentemente da sua vontade, sempre defender o ato

administrativo quando impugnado judicialmente, em face da

indisponibilidade do interesse defendido.

e) O devido processo legal não é preceito a ser observado na esfera

administrativa, mas apenas no âmbito judicial.

Letra A: errada, pois o STF já decidiu que a prática de nepotismo é vedada

em razão da previsão constitucional dos princípios da impessoalidade e da

moralidade, independentemente de haver lei formal proibindo a prática.

Letra B: falsa, pois o princípio da eficácia não é previsto expressamente na

CF/88. O caput do art. 37 da Carta Magna apresenta o princípio da

eficiência.

Letra C: correta. Atos administrativos ilegais, em determinadas

circunstâncias, podem ser convalidados pela Administração, saneando-se

os vícios que os maculam, quando se verifique que invalidá-los seria pior

para o interesse público e contrário ao princípio da segurança jurídica. É o

gabarito.

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Letra D: errado, pois o princípio da autotutela significa que a Administração

pode rever de ofício seus próprios atos, a fim de anulá-los, revogá-los ou

confirmá-los, independentemente da provocação de terceiros.

Letra E: falsa, porque o princípio do devido processo legal deve ser

observado em todos os tipos de processo, sejam judiciais, administrativos

ou mesmo legislativos.

2) (Esaf/Sefaz-SP/APO/2009) Quanto aos princípios direcionados à

Administração Pública, assinale a opção correta.

a) O princípio da legalidade significa que existe autonomia de vontade nas

relações travadas pela Administração

Pública, ou seja, é permitido fazer tudo aquilo que a lei não proíbe.

b) O ato administrativo em consonância com a lei, mas que ofende os bons

costumes, as regras da boa administração e os princípios de justiça, viola o

princípio da moralidade.

c) É decorrência do princípio da publicidade a proibição de que conste

nome, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de

autoridades ou servidores públicos em divulgação de atos, programas ou

campanhas de órgãos públicos.

d) A Administração Pública pode, por ato administrativo, conceder direitos

de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos

administrados.

e) O modo de atuação do agente público, em que se espera melhor

desempenho de suas funções, visando alcançar os melhores resultados e

com o menor custo possível, decorre diretamente do princípio da

razoabilidade.

Letra A: errada, pois o princípio da legalidade significa que não existe

autonomia de vontade nas relações travadas pela Administração, que só

pode agir conforme o previsto em lei. É o particular que tem autonomia de

vontade em suas condutas, pois só pode ser obrigado a fazer ou deixar de

fazer alguma coisa em virtude de lei (art. 5.°, II, CF/88).

Letra B: certa (gabarito), porque, segundo o princípio da moralidade, a

atividade administrativa deve obedecer a preceitos de moral, honestidade e

ética. Os atos do Poder Público devem ser não apenas legais, mas também,

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justos, honestos e convenientes. O princípio compreende as regras de boa

administração, objetivamente estabelecidas pelo ordenamento jurídico.

Letra C: falsa, pois essa regra, prevista no art. 37, § 1.°, da CF/88, é uma

decorrência do princípio da impessoalidade.

Letra D: errada, porque, segundo o art. 5.°, II, CF/88 ninguém será

obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

Um simples ato administrativo (ato infralegal) não pode criar obrigações ou

impor vedações aos administrados.

Letra E: incorreta, pois o descrito nesta alternativa refere-se ao princípio da

eficiência.

3) (Esaf/PGDF/Procurador/2007.2) Considerando que o Direito

Administrativo Brasileiro encontra-se informado por princípios, examine os

itens a seguir:

I. Em atenção à necessidade de se preservar os padrões de moralidade

no serviço público, sublinha-se a disciplina aprovada pelo Conselho

Nacional de Justiça, em resolução regulamentadora de dispositivo

constitucional, pela qual ficou expressamente vedada a condenável prática

do nepotismo;

II. O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado

é princípio geral de Direito. Nesse diapasão, como expressão dessa

supremacia, a Administração, por representar o interesse público, tem a

possibilidade, nos termos da lei, de constituir terceiros em obrigações

mediante atos unilaterais;

III. O princípio da impessoalidade aparece expressamente mencionado na

Lei n. 9.784/99, abrangendo a presunção de verdade e de legalidade que

devem nortear os atos praticados pela Administração Pública;

IV. Quanto ao princípio da continuidade do serviço público, entende-se a

possibilidade, para quem contrata com a Administração, de invocar a

exceptio non adimpleti contractus nos contratos que tenham por objeto a

execução de serviço público;

V. O princípio da Segurança Jurídica, disposto na Lei n. 9.784/99, justifica-

se pelo fato de ser comum, na esfera administrativa, haver mudança de

interpretação de determinadas normas legais, com a conseqüente mudança

de orientação, em caráter normativo, vedando, assim, aplicação retroativa.

A quantidade de itens incorretos é igual a:

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a) 1 b) 5 c) 3 d) 4 e) 2

Item I: certo. A norma a que se refere a alternativa é a Resolução CNJ n.°

7/2005, que disciplina o exercício de cargos, empregos e funções por

parentes, cônjuges e companheiros de magistrados e de servidores

investidos em cargos de direção e assessoramento, no âmbito dos órgãos

do Poder Judiciário e dá outras providências.

Item II: certo. O princípio da supremacia do interesse público sobre o

interesse privado informa todos os ramos do Direito Público. A

Administração, no exercício dessa supremacia, pode constituir terceiros em

obrigações mediante atos unilaterais (atos administrativos imperativos),

isto é, aplicar obrigações abstratamente previstas em lei aos indivíduos que

se enquadrem na situação legal. Note que o ato imperativo não cria a

obrigação, apenas a aplica, quando houver anterior previsão legal, em

respeito ao princípio da legalidade.

Item III: errado. O princípio da impessoalidade não aparece expressamente

mencionado no art. 2.° ou em qualquer outra parte da Lei 9.784/1999 (que

decoreba!), embora conste da norma os princípios da finalidade e do

interesse público, suas principais vertentes. Além disso, a presunção de

verdade e de legalidade são atributos dos atos administrativos relacionados

ao princípio da legalidade, que diz que a Administração só pode agir

conforme o previsto em lei. É que, se o Poder Público só atua conforme o

disposto na lei, se presume que age de maneira legítima e verdadeira.

Item IV: errado, porque, nos contratos que tenham por objeto a execução

de serviço público (ex.: concessões e permissões de serviços públicos), não

se admite que o contratado invoque a exceptio non adimpleti contractus

(exceção do contrato não cumprido), pois isso contrariaria o princípio da

continuidade do serviço público, que exige do particular a prestação

continuada do serviço, sem interrupções. Nesse sentido, o art. 39 da Lei

8.987/1995 reza que, em caso de descumprimento das normas contratuais

pelo poder concedente, a concessionária pode rescindir o contrato,

mediante ação judicial, mas os serviços por ela prestados não poderão ser

interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.

Item V: certo. O princípio da segurança jurídica visa a garantir a não

surpresa nas relações jurídicas, a certeza de que as regras do jogo serão

mantidas durante o processo. Entre outros objetivos, visa a impedir a

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aplicação retroativa de nova interpretação da norma administrativa pelo

Poder Público, conforme, aliás, prevê o art. 2.°, par. único, XIII, da Lei

9.784/1999.

Gabarito: letra E.

4) (Esaf/MPOG/Técnico/2006) Considerando os princípios básicos da

Administração Pública, analise as afirmações que se seguem e selecione a

opção correta.

I. A Legalidade é um princípio da Administração Pública e tem por base o

fato de que a eficácia do ato administrativo está condicionada ao

atendimento da Lei e do Direito.

II. A Razoabilidade e a Proporcionalidade são princípios que têm por

objetivo a adequação entre meios e fins, e medidas tais como imposições

de obrigações, restrições e sanções, em dimensões proporcionalmente

superiores ao necessário para correção de improbidades.

III. A Motivação é o princípio que estabelece que o administrador público

ao assinar um ato administrativo deve fazê-lo indicando os fatos que

ensejam o ato e os preceitos jurídicos que autorizam sua prática.

IV. A Impessoalidade é o princípio que estabelece as margens aceitáveis de

afastamento do fim legal a que se presta o ato, definindo assim a

flexibilidade autorizada ao Administrador Público.

a) Somente I, II e IV estão corretas.

b) Somente I e III estão corretas.

c) Somente II e III estão corretas.

d) Somente II, III e IV estão corretas.

e) Todas estão corretas.

Afirmação I: correta, pois o princípio da legalidade é previsto

expressamente no art. 37, caput, da CF/88 como um dos princípios da

Administração Pública e significa que esta só pode agir nos termos

previstos em lei, com respeito não só ao texto legal, mas também aos

demais princípios administrativos. O alcance do princípio da legalidade hoje

não é só atendimento à lei, mas o respeito ao Direito como um todo.

Afirmação II: errada. A razoabilidade e a proporcionalidade realmente são

princípios que têm por objetivo a adequação entre meios e fins. Contudo,

justamente por essa razão, tais princípios não permitem a imposição de

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obrigações, restrições e sanções em dimensões proporcionalmente

superiores ao necessário para correção de improbidades.

Afirmação III: correta. A motivação é justamente a declaração por escrito

das razões de fato e de direito (preceitos jurídicos) que levaram a

Administração à prática do ato. Segundo a doutrina majoritária, todos os

atos administrativos devem ser motivados. Não obstante, alguns atos ainda

dispensam a motivação, por expressa previsão legal ou constitucional,

como a nomeação e a exoneração para cargos comissionados.

Afirmação IV: errada. O princípio da impessoalidade proíbe que o ato

administrativo se afaste de sua finalidade legal, não havendo a citada

flexibilidade. Toda atividade da Administração deve ser voltada para o

atendimento do interesse público (finalidade genérica), sendo que a lei

prevê o objetivo imediato do ato (finalidade específica), por exemplo, a

punição do servidor, o prestação de informações à população, o pagamento

de benefícios etc. A finalidade deve ser impessoal, destinada a atender a

todos que se enquadrem na mesma situação, razão pela qual deve vir

prevista em lei, para evitar arbítrios e práticas que firam a isonomia por

parte do administrador.

Gabarito: letra B.

5) (Esaf/IRB/Analista/2006) Considerando-se os princípios que regem a

Administração Pública, relacione cada princípio com o respectivo ato

administrativo e aponte a ordem correta.

(1) Impessoalidade

(2) Moralidade

(3) Publicidade

(4) Eficiência

( ) Punição de ato de improbidade.

( ) Divulgação dos atos da Administração Pública.

( ) Concurso Público.

( ) Pagamento por precatório.

( ) Escolha da melhor proposta em sede de licitação.

a) 1/3/4/2/2

b) 2/3/1/1/4

c) 4/2/1/3/1

d) 3/4/2/1/4

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e) 3/2/2/1/4

Os atos de improbidade ferem a moralidade, razão pela qual as punições

por sua prática atendem a esse princípio. A divulgação dos atos da

Administração Pública é a própria essência do princípio da publicidade. O

concurso público é um grande exemplo de procedimento que consagra o

princípio da impessoalidade, pois a seleção de pessoal se dá por mérito,

sem se considerar fatores pessoais de cada um. O pagamento de

precatórios também homenageia a impessoalidade, pois o Poder Público

salda suas dívidas com terceiros conforme a ordem cronológica de

apresentação dos títulos, independentemente de fatores pessoais do

indivíduo. Por fim, a escolha da melhor proposta nas licitações atende ao

princípio da eficiência, pois se busca, neste caso, selecionar a proposta

mais barata e de melhor qualidade. Assim, a sequência correta é 2-3-1-1-4

(letra B).

6) (Esaf/CGU/AFC/2006) Correlacione as duas colunas e identifique a

ordem correta das respostas, tratando-se de institutos e princípios

correlatos de Administração Pública.

1 - segurança jurídica

2 - impessoalidade

3 - moralidade

4 - eficiência

5 - razoabilidade

( ) economicidade

( ) preclusão administrativa

( ) isonomia

( ) costumes da sociedade

( ) proporcionalidade

a) 4/1/2/3/5

b) 1/4/2/3/5

c) 5/3/2/1/4

d) 5/2/4/1/3

e) 4/5/3/2/1

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A economicidade relaciona-se com a eficiência. A primeira significa a

realização de obras, serviços, programa de governo em geral a baixo custo;

a segunda, a boa relação entre custo e benefício nesses projetos e

atividades. A preclusão administrativa atende ao princípio da segurança

jurídica e significa a perda de um direito processual no âmbito do processo

administrativo, como a impossibilidade de recorrer de uma decisão por

perda do prazo para tanto. A isonomia é uma das vertentes da

impessoalidade, pois a atividade administrativa deve ser impessoal, isto é,

não visar ao benefício de nenhum administrado específico, para que todos

sejam tratados de forma isonômica. Os costumes da sociedade devem ser

observados no desempenho da função administrativa, pois o princípio da

moralidade exige a atuação do Poder Público segundo preceitos de moral,

justiça, ética e boa-fé, bem como com atendimento aos bons costumes. A

proporcionalidade está intimamente ligada à razoabilidade, sendo um de

seus aspectos. Assim, a ordem correta é 4-1-2-3-5 (letra A).

7) (Esaf/Sefaz-MG/Gestor Fazendário/2005) Assinale a opção correta,

relativamente ao princípio da legalidade.

a) Tal princípio é de observância obrigatória apenas para a Administração

direta, em vista do caráter eminentemente privatístico das atividades

desenvolvidas pela Administração indireta.

b) Não se pode dizer que todos os servidores públicos estejam sujeitos ao

princípio da legalidade, na medida em que, para alguns, sua conduta

profissional é regida precipuamente por regulamentos, editados pelo Poder

Executivo.

c) A inobservância ao princípio da legalidade, uma vez verificada, cria para

o administrador o dever - e não a simples faculdade - de revogar o ato.

d) Tal princípio não autoriza o gestor público a, nessa qualidade, praticar

todos os atos que não estejam proibidos em lei.

e) O princípio da legalidade é característico da atividade administrativa, não

se estendendo à atividade legislativa, pois esta tem como característica

primordial a criação de leis, e não sua execução.

Letra A: errada, pois o princípio da legalidade é de observância obrigatória

tanto para os órgãos da Administração Direta como para as entidades da

Administração Indireta, ainda que estas tenham personalidade jurídica de

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Direito Privado (empresas públicas e sociedades de economia mista) e

explorem atividades regidas predominantemente pelo Direito Civil e

Empresarial (ex.: exploração de atividade econômica).

Letra B: falsa, porque todos os servidores públicos têm sua atuação regida

por lei (ex.: Lei 8.112/1990), sendo os regulamentos do Poder Executivo

apenas complementos às regras legais que regem o pessoal do serviço

público.

Letra C: falso, pois existem hipóteses em que o ato ilegal deverá ser

convalidado, em vez de anulado, em homenagem aos princípios da

eficiência e, principalmente, da segurança jurídica.

Letra D: correta (gabarito). O princípio da legalidade prevê que a

Administração só pode agir quando houver expressa previsão legal.

Havendo omissão da lei, o Poder Público fica impedido de atuar, ao

contrário do particular, que, neste caso, poderia agir, ante a ausência de

proibição legal. Por exemplo: o Estado só pode fazer doações a pessoas

carentes se a lei autorizar; já o particular pode doar seu patrimônio a quem

quiser, mesmo sem previsão em lei.

Letra E: errada, pois todas as funções do Estado (legislativa, administrativa

e jurisdicional) devem ser exercidas nos exatos termos previstos na

Constituição e nas leis, em atendimento ao princípio da legalidade, que,

portanto, não se limita ao âmbito da atividade administrativa.

8) (Esaf/Sefaz-MG/AFRE/2005) No que tange aos princípios do Direito

Administrativo, assinale a opção correta.

a) O princípio da moralidade administrativa se vincula a uma noção de

moral jurídica, que não se confunde com a moral comum. Por isso, é

pacífico que a ofensa à moral comum não implica também ofensa ao

princípio da moralidade administrativa.

b) O princípio da autotutela faculta a Administração Pública que realize

policiamento dos atos administrativos que pratica.

c) O princípio da impessoalidade relaciona-se ao fim legal previsto para o

ato administrativo.

d) A inobservância ao princípio da proporcionalidade pelo ato

administrativo, por dizer respeito ao mérito do ato, não autoriza o Poder

Judiciário a sobre ele se manifestar.

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e) O princípio da continuidade do serviço público impediu que ocorresse um

abrandamento com relação à proibição de greve nos serviços públicos.

Letra A: falsa, pois, embora a moralidade administrativa realmente se

refira a uma moral jurídica, diversa da moral comum, já que é vinculada ao

atendimento do interesse público, é errado dizer que uma ofensa à moral

comum não implica também ofensa à moralidade administrativa, pois

existem campos comuns às duas, atos que são simultaneamente ofensivos

à moral comum e à moralidade administrativa, como faltar ao trabalho

reiteradamente, ganhando dos cofres públicos sem fazer nada.

Letra B: essa é bem sutil. A alternativa está errada porque a autotutela é

um dever, não uma mera faculdade. A Administração deve sempre

fiscalizar e controlar seus próprios atos, quanto à legalidade e ao mérito.

Letra C: certa, é o gabarito. Uma das vertentes da impessoalidade é o

princípio da finalidade, que reza que a atividade administrativa deve

sempre buscar a satisfação do interesse público, o qual, por sua vez, deve

estar previsto em lei, para garantir a impessoalidade das funções da

Administração.

Letra D: errada, porque o desrespeito à proporcionalidade autoriza o Poder

Judiciário se manifestar sobre a falha e, se for o caso, anular o ato. O

desrespeito a um princípio da Administração Pública é questão de

legalidade, não de mérito administrativo.

Letra E: incorreta, porque, não obstante o princípio da continuidade do

serviço público, o STF decidiu recentemente que os servidores podem

exercer seu direito de greve com base na Lei de Greve da iniciativa privada

(Lei 7.783/1989), enquanto não for editada norma específica sobre greve

no serviço público.

9) (Esaf/Recife/Auditor do Tesouro Municipal/2003) Com referência aos

princípios constitucionais da Administração Pública, é falso afirmar:

a) a moralidade tem relação com a noção de costumes.

b) a eficiência vincula-se ao tipo de administração dito gerencial.

c) a publicidade impõe que todos os atos administrativos sejam publicados

em diário oficial.

d) a observância da legalidade alcança os atos legislativos materiais, ainda

que não formais.

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e) a impessoalidade pode significar finalidade ou isonomia.

Letra A: certa, pois a moralidade significa atender aos preceitos de ética,

justiça, moral e bons costumes.

Letra B: verdadeira, porque a tônica da administração gerencial é enfatizar

o princípio da eficiência.

Letra C: falsa (gabarito), pois existem atos administrativos que não

precisam ou não devem ser publicados em diário oficial, como os atos de

efeitos meramente internos e aqueles cujo sigilo seja imprescindível à

segurança da sociedade e do Estado (art. 5.°, XXXIII, CF/88).

Letra D: correta. Os atos legislativos materiais, mas não formais, são

aqueles que têm conteúdo de lei, mas não são lei, como decretos e outros

atos administrativos normativos, de conteúdo geral e abstrato. Também

estes se sujeitam ao princípio da legalidade, pois sua produção deve seguir

as regras previstas na Constituição e nas leis.

Letra E: certa, porque a finalidade de interesse público e a isonomia entre

os administrados são vertentes do princípio da impessoalidade.

10)(Esaf/TCU/ACE/2006) O regime jurídico-administrativo é entendido por

toda a doutrina de Direito Administrativo como o conjunto de regras e

princípios que norteiam a atuação da Administração Pública, de modo muito

distinto das relações privadas. Assinale no rol abaixo qual a situação

jurídica que não é submetida a este regime.

a) Contrato de locação de imóvel firmado com a Administração Pública.

b) Ato de nomeação de servidor público aprovado em concurso público.

c) Concessão de alvará de funcionamento para estabelecimento comercial

pela Prefeitura Municipal.

d) Decreto de utilidade pública de um imóvel para fins de desapropriação.

e) Aplicação de penalidade a fornecedor privado da Administração.

A nomeação de servidor público, a concessão de alvará de funcionamento,

a expedição de decreto de utilidade pública para desapropriação e a

aplicação de penalidade a fornecedor da Administração são todas atividades

típicas do Direito Administrativo, com suas regras e princípios de Direito

Público. Já o contrato de locação é acordo que vem do Direito Civil, sendo

regido predominantemente pelas normas de caráter privado, apesar de

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sofrer a incidência de alguns preceitos de Direito Público. Assim, o gabarito

é a letra A.

11)(Esaf/SRFB/AFRFB/2005) Tratando-se do regime jurídico-

administrativo, assinale a afirmativa falsa.

a) Por decorrência do regime jurídico-administrativo não se tolera que o

Poder Público celebre acordos judiciais, ainda que benéficos, sem a

expressa autorização legislativa.

b) O regime jurídico-administrativo compreende um conjunto de regras e

princípios que baliza a atuação do Poder Público, exclusivamente, no

exercício de suas funções de realização do interesse público primário.

c) A aplicação do regime jurídico-administrativo autoriza que o Poder

Público execute ações de coerção sobre os administrados sem a

necessidade de autorização judicial.

d) As relações entre entidades públicas estatais, ainda que de mesmo nível

hierárquico, vinculam-se ao regime jurídico-administrativo, a despeito de

sua horizontalidade.

e) O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração de atos

normativos administrativos, bem como a execução de atos administrativos

e ainda a sua respectiva interpretação.

Letra A: certa. Ainda que eventuais acordos judiciais que possam ser

celebrados sejam benéficos ao Poder Público, o administrador só poderá

realizá-los se houver expressa previsão legal, ante o princípio da

legalidade. Pode parecer excesso de rigor, mas a exigência de previsão na

lei é a garantia de que o agente público não agirá movido tão somente por

interesses pessoais em determinada situação.

Letra B: falsa (gabarito), porque o regime jurídico-administrativo baliza a

atuação do Poder Público na realização não só do interesse público primário

(da sociedade), mas também do interesse público secundário (do Estado

em si). Por exemplo: a arrecadação de impostos, num primeiro momento,

atende ao interesse público do Estado (ter recursos financeiros), mas, num

segundo instante, atende ao interesse público da sociedade (por exemplo,

financiamento de obras públicas).

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Letra C: verdadeira. Essas ações de coerção sobre os administrados, sem a

necessidade de autorização judicial, são expressão do atributo da

autoexecutoriedade dos atos administrativos.

Letra D: correta. Normalmente se ensina que o regime jurídico-

administrativo rege as relações entre o Estado e os administrados, em uma

relação de superioridade do interesse público sobre o interesse particular

(relação vertical), mas também as relações entre as entidades públicas

estatais, ainda que de mesmo nível hierárquico, vinculam-se ao regime

jurídico-administrativo, embora, neste caso, a relação seja horizontal, isto

é, não haja superioridade de uma parte sobre a outra.

Letra E: verdadeira, pois o regime jurídico-administrativo rege a elaboração

de normas administrativas, assim como sua interpretação e aplicação aos

casos concretos, o que se dá por meio da expedição de atos administrativos

concretos.

12)(Esaf/SRF/AFRF/2001) No âmbito do regime jurídico-administrativo, não

é considerada prerrogativa da Administração Pública:

a) instituir servidão

b) poder de expropriar

c) alterar unilateralmente os contratos administrativos

d) realizar concurso público para seleção de pessoal

e) impor medidas de polícia

Note que a instituição de servidão administrativa (obrigação de que um

bem suporte determinado uso da Administração, como a passagem de

cabos da rede elétrica), o poder de expropriar bens de terceiros, a

possibilidade de alterar unilateralmente (sem a concordância da outra

parte) os contratos administrativos e a de impor medidas de polícia

(fiscalizações, multas, interdições etc.) demonstram prerrogativas da

Administração em suas relações com os particulares, isto é, a superioridade

do interesse público sobre o interesse particular, marca registrada do

regime jurídico-administrativo. Já a realização de concurso público para

seleção de pessoal, embora obrigatória na seara pública, não é uma

prerrogativa do poder público, pois é medida que atende também aos

interesses dos particulares (os candidatos que querem ingressar no serviço

público), além de poder ser adotada também por empresas privadas que

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queiram selecionar seu pessoal (neste caso, o concurso seria facultativo).

Assim, o gabarito é a letra D.

13)(Esaf/SRF/AFRF/2003) O estudo do regime jurídico-administrativo tem

em Celso Antônio Bandeira de Mello o seu principal autor e formulador.

Para o citado jurista, o regime jurídico-administrativo é construído,

fundamentalmente, sobre dois princípios básicos, dos quais os demais

decorrem. Para ele, estes princípios são:

a) indisponibilidade do interesse público pela Administração e supremacia

do interesse público sobre o particular.

b) legalidade e supremacia do interesse público.

c) igualdade dos administrados em face da Administração e controle

jurisdicional dos atos administrativos.

d) obrigatoriedade do desempenho da atividade pública e finalidade pública

dos atos da Administração.

e) legalidade e finalidade.

Note que todas as alternativas apresentam princípios que regem o Direito

Administrativo. Todavia, conforme ensina Celso Antônio Bandeira de Mello,

entre esses princípios, dois se destacam por sua crucial importância e, por

isso, são considerados fundamentos do Direito Administrativo: o da

supremacia do interesse público sobre o interesse particular e o da

indisponibilidade do interesse público. Desse modo, o gabarito é a letra A.

Gabarito:

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Muito bem, pessoal! Por hoje é só. Espero que tenham gostado. Até

nossa próxima aula.

Luciano Oliveira