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ATPS Contabilidade Avançada I – Etapa 3 Imposto de Renda e Contribuição Social – Imposto de Renda Diferido Quando a empresa opta por pagar o IRPJ de forma estimada, mensal, os pagamentos do IRPJ respectivo não devem ser debitados em conta de resultado, mas sim em conta de ativo circulante, já que na apuração do balanço anual se fará a compensação das parcelas pagas com o IRPJ apurado. Pagando IRPJ por Estimativa, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) também deve ser recolhido pela mesma sistemática. Entretanto, é saudável, para fins de análise contábil, que se faça a contabilização da provisão mensal do IRPJ e da CSLL devidos, com base no balancete. Este valor ficará registrado no passivo, sem a transferência do saldo já pago por estimativa. Como o objetivo principal do pronunciamento é disciplinar e normatizar o tratamento contábil das diferenças entre o montante dos tributos calculados sobre o lucro contábil e o montante dos tributos calculados sobre o lucro tributável ou real. A contabilização de um ativo ou passivo enseja que a recuperação ou liquidação de seus valores possa produzir alterações nas futuras apurações de Imposto de Renda e Contribuição social, através de sua dedutibilidade ou tributação. Assim sendo, o pronunciamento determina que a entidade reconheça, com certas exceções, esse impacto fiscal através da contabilização de um passivo ou de um ativo fiscal diferido, no período em que tais diferenças surgirem. O ativo fiscal diferido decorrente de prejuízos fiscais de Imposto de Renda e base negativa de contribuição social deve ser reconhecido, total ou parcialmente, desde que a entidade tenha histórico de rentabilidade, acompanhada da expectativa fundamentada dessa rentabilidade

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ATPS Contabilidade Avançada I – Etapa 3

Imposto de Renda e Contribuição Social – Imposto de Renda Diferido

Quando a empresa opta por pagar o IRPJ de forma estimada, mensal, os pagamentos do IRPJ respectivo não devem ser debitados em conta de resultado, mas sim em conta de ativo circulante, já que na apuração do balanço anual se fará a compensação das parcelas pagas com o IRPJ apurado. Pagando IRPJ por Estimativa, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) também deve ser recolhido pela mesma sistemática. Entretanto, é saudável, para fins de análise contábil, que se faça a contabilização da provisão mensal do IRPJ  e da CSLL devidos, com base no balancete. Este valor ficará registrado no passivo, sem a transferência do saldo já pago por estimativa.

Como o objetivo principal do pronunciamento é disciplinar e normatizar o tratamento contábil das diferenças entre o montante dos tributos calculados sobre o lucro contábil e o montante dos tributos calculados sobre o lucro tributável ou real.A contabilização de um ativo ou passivo enseja que a recuperação ou liquidação de seus valores possa produzir alterações nas futuras apurações de Imposto de Renda e Contribuição social, através de sua dedutibilidade ou tributação. Assim sendo, o pronunciamento determina que a entidade reconheça, com certas exceções, esse impacto fiscal através da contabilização de um passivo ou de um ativo fiscal diferido, no período em que tais diferenças surgirem.

O ativo fiscal diferido decorrente de prejuízos fiscais de Imposto de Renda e base negativa de contribuição social deve ser reconhecido, total ou parcialmente, desde que a entidade tenha histórico de rentabilidade, acompanhada da expectativa fundamentada dessa rentabilidade por prazo que considere o limite máximo de compensação permitido pela legislação.

O imposto de renda compreende tanto o imposto próprio do país como os impostos de outros países a que a entidade estiver sujeita, sempre que baseáveis em resultados tributáveis. O Imposto de Renda compreende também os impostos que, tal como o imposto retido na fonte, é recolhido por uma controlada, coligado ou joint venture sobre as distribuições feitas para a entidade.

De acordo com o Princípio Contábil da Competência, se a contabilidade já reconheceu uma receita ou lucro, a despesa de Imposto de Renda deve ser reconhecida nesse mesmo período, ainda que tais receitas e lucros tenham a sua tributação diferida para efeitos fiscais, ou seja, o Imposto de Renda incidente sobre elas será pago em períodos futuros.

A entidade deve reconhecer esses efeitos fiscais por meio da contabilização do passivo fiscal diferido, no exercício em que ocorrer. Ressalte-se que o diferimento do Imposto de Renda é feito somente para fins fiscais no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), não alterando o lucro líquido na contabilidade, pois em função do regime de

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competência, na contabilidade não há postergação do reconhecimento do resultado.Nesses casos, a receita ou o lucro já foram registrados contabilmente pelo regime de competência e a despesa de Imposto de Renda também deve ser reconhecida no mesmo período, mediante crédito na conta de Provisão para Imposto de Renda Diferido, classificada no Passivo Circulante ou Passivo Não Circulante e débito na conta de despesa de Imposto de Renda no Resultado.

Quando a receita ou o lucro se tornarem tributáveis, o valor constante da conta de Provisão para Imposto de Renda Diferido será transferido para a conta de Provisão para Imposto de Renda no Passivo Circulante, não alterando o resultado desse período.O passivo fiscal diferido deve ser reconhecido às alíquotas aplicáveis ao exercício em que o passivo deve ser liquidado.

Existem as diferenças permanentes e temporárias: permanentes são aquelas que não impactam e não podem impactar, futuramente, a apuração do Imposto de Renda e da contribuição social. Por exemplo, a empresa pode contabilizar uma despesa efetuada no exercício contábil, para a qual não há comprovante fiscal para a devida dedução, ou seja, mesmo que o gasto tenha sido necessário para a atividade empresarial, não será aceito pelo fisco como dedutível. Outro exemplo de gasto não dedutível é a multa paga pelas empresas em decorrência de infração fiscal. O ajuste do lucro contábil para apuração do lucro tributável, nessas circunstâncias, não impacta a apuração dos tributos, portanto, tais diferenças não são objetos de normatização do pronunciamento CPC 32.Base fiscal de um ativo ou passivo é o valor atribuído a um ativo ou passivo para fins tributários. A base contábil de um ativo ou passivo é o valor atribuído àquele ativo ou passivo de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. Por exemplo, para estoques, a regra geral contábil é: custo ou valor realizável líquido, dos dois o menor enquanto que a base fiscal de ativo ou passivo é o valor atribuído àquele ativo ou passivo para fins fiscais de acordo com o regulamento do Imposto de Renda (RIR). Por exemplo, para estoques, a regra geral fiscal é: custo de aquisição ou produção. Essas diferenças podem ser para mais ou para menos e geram diferenças temporárias tributáveis ou dedutíveis.

As diferenças temporárias surgem quando se inclui receita ou despesa no resultado contábil em um período, e no resultado tributável em período diferente. A seguir, apresentam-se exemplos de diferenças desse tipo que são diferenças temporárias tributáveis e, portanto, resultam em obrigações fiscais diferidas.

a) a depreciação considerada na determinação do resultado tributável pode ser diferente daquela que é considerada na determinação do resultado contábil. Surge então uma diferença entre o valor líquido contábil do ativo e sua base fiscal, que é o custo do ativo menos as correspondentes depreciações acumuladas, permitidas pela legislação fiscal. Se essa diferença reverte-se ao longo do tempo, teremos uma diferença temporária. Uma aceleração da depreciação para fins fiscais resulta em uma obrigação fiscal diferida. Por outro lado, uma aceleração da depreciação para fins contábeis resulta em um ativo fiscal diferido;

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b) receita contabilizada, mas ainda não recebida, relativa a contratos de longo prazo de construção por empreiteira ou de fornecimento de bens ou serviços, quando celebrados com o governo ou entidades do governo;

c) ganhos de capital registrados contabilmente e decorrentes de vendas de bens do ativo imobilizado, cujo recebimento e tributação dar-se-ão a longo prazo.

Isto acontece porque algumas diferenças temporárias surgem quando se inclui receitas ou despesas no resultado contábil em um período e, no resultado tributável, estas receitas ou despesas são incluídas em período diferente. Ou seja, existem diferenças entre o lucro contábil e o lucro fiscal que é utilizado para calcular o IR. Estas diferenças são lançadas no LALUR. Se na contabilidade já reconhecemos uma receita ou lucro, a despesa de Imposto de Renda deve estar também reconhecida no próprio período, mesmo que seja pagável no futuro. Temos, portanto, um passivo postergado de Imposto de Renda, cujo valor deve ser contabilizado na despesa do Imposto de Renda no próprio período em que contabilizamos a receita, e a crédito no passivo circulante ou exigível a longo prazo. Esta forma decorre de situações previstas na legislação tributária, que permite a postergação do Imposto, uma vez que na tributação fiscal não vale simplesmente a incidência sobre o lucro disponível financeiramente, ou seja, o lucro já realizado em termos de recursos.

REFERÊNCIAS

PEREZ JUNIOR, José Hernandez; OLIVEIRA, Luis Martins de. Contabilidade Avançada: texto e testes com as respostas. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=63