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  • 7/26/2019 Artigo Revista Arius

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    Aris, Campina Grande, v. 15, n. 2, p. 9 - 23, jul./dez. 2009

    Capital Social:recurso estratgico para o desempenho de redesorganizacionais

    RESUMO

    Palavras-chave:

    O presente artigo, na modalidade de ensaio terico, tem como objetivo apresentar osconceitos, abordagens e a importncia, para o desenvolvimento econmico e social, dasredes organizacionais. Paralelamente, descreveu-se um importante elemento relacionadoao desempenho destas redes: o capital social, que vem sendo abordado em diversas reasde estudo, como a sociologia, economia e cincias polticas, alm de ser estudado nocontexto das organizaes pblicas e privadas. Assim, apresentam-se as principais relaesentre os dois temas, enfocando o papel do capital social no contexto das redesorganizacionais, levando em considerao que as variveis econmicas no so suficientespara o desenvolvimento social e para a construo de um ambiente sustentvel. Logo, asinstituies e o sistema social tm influncia sobre o desenvolvimento local, fato que

    justifica o estudo concomitante destes dois temas.

    Capital Social. Redes Organizacionais. Desempenho Organizacional

    Social Capital:

    Key words:Social capital. Organizational networks. Organizational performance.

    ABSTRACT

    Universidade de Caxias do Sul

    KADGIA FACCIN; DENISE GENARI; ERIC DORION

    Universidade de Caxias do Sul e Centro de Ensino Superior de Farroupilha.

    JANAINA MACKE

    strategic resouce for performance oforganizational networks

    This article, in the form of a theoretical essay aims to present the concepts, approaches andthe importance for the economic and social development of organizational networks. Inaddition, an important element related to the performance of these networks is described:the social capital, which has been approached in several areas of study such as sociology,economics and political science. It is also studied in the context of public and privateorganizations. Thus, it is presented the main relations between the two themes, focusing onthe role of social capital in the context of organizational networks. Considering that, theeconomic variables are not sufficient for social development and to build a sustainableenvironment. Therefore, the institutions and social system have an influence on localdevelopment, which justifies the combined study of these two themes.

    Kadgia FaccinMes t r anda em A dmin i s t r ao pe l aUniversidade de Caxias do Sul. Gerente

    Assistente de Negcios do Banco Bradesco S/A.Profa. da Faculdade de Tecnologia- FTEC Brasil.E-mail: [email protected]

    Denise GenariMes t r anda em A dmin i s t r ao pe l aUniversidade de Caxias do Sul. Profa. daFaculdade Cenecista de Bento Gonalves.

    Analista de Recursos Humanos da EmpresaBertolini SA.E-mail: [email protected].

    Eric DorionDoutor em Administrao pela Universit deSherbrooke em 2003. Prof. Pesquisador eCoordenador do Mestrado em Administraoda Universidade de Caxias do Sul. E-mail:[email protected].

    Janaina MackeDoutora em Administrao pela UniversidadeFederal de Caxias do Sul. Profa. Universidadede Caxias do Sul e do Centro de Ensino Superior

    de Farroupilha. E-mail: [email protected].

    Revista de Cincias Humanas e ArtesISSN 0103-9253v. 15, n. 2, jul./dez., 2009

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    Kadgia Faccin, Denise Genari, Eric Dorion e Janaina Macke

    1 INTRODUO

    O tema redes organizacionais tem recebido destaquenos debates acadmicos e empresariais, principalmenteem funo das transformaes estratgicas e estruturais,decorrentes dos novos padres de competitividade dasorganizaes. Assim, pode-se verificar que odesenvolvimento de aes conjuntas entre organizaespoder viabilizar o desenvolvimento e a sobrevivnciadas mesmas.

    As aes dos atores envolvidos em uma rede so maisdo que a simples adaptao passiva, uma vez que os

    relacionamentos englobam o enfrentamento dasdificuldades comuns e a busca de solues conjuntasatravs das diversas capacitaes reunidas e daquelasoriginadas pela sinergia coletiva (BALESTRIN;VERSCHOORE, 2008).

    Os principais fatores que levam a manuteno destasinergia so a confiana entre os atores da rede, as normascompartilhadas, os valores hbridos, a identidadecoletiva, as condies histricas. Todas estascaractersticas representam elementos importantes docapital social. Assim, justifica-se o estudo dos temas redesorganizacionais e capital social de forma concomitante.

    Neste contexto, este estudo tem como objetivoapresentar os conceitos, abordagens e a importncia,para o desenvolvimento econmico e social, das redesorganizacionais. Paralelamente, destaca-se umimportante elemento relacionado ao desempenho destasredes: o capital social, que vem sendo abordado emdiversas reas de estudo, como a sociologia, economia ecincias polticas, alm de ser estudado no contexto dasorganizaes pblicas e privadas. Outro objetivo apresentar as principais relaes entre os dois temas,enfocando o papel do capital social no contexto das redes

    organizacionais.Este ensaio terico est estruturado em seis partes.

    Alm da introduo, descreveu-se, na segunda seo, ocontexto e as principais caractersticas das redesorganizacionais. Na seqncia, apresentou-se umareviso bibliogrfica relacionada ao tema capital social.Por fim, discutiu-se as principais relaes entre os doistemas, com o objetivo de elucidar qual a importncia docapital social para o resultado destas redes.

    2 REDES ORGANIZACIONAIS

    A dificuldade de lidar com a complexidade doambiente externo e interno s organizaes temaumentado gradativamente. Logo, o sucesso competitivobaseia-se cada vez mais nas competncias essenciais dacorporao e na alocao de recursos valiosos.

    Assim, a vantagem estratgica, no cenrio atual,resulta da habilidade das empresas dominarem os fluxosde informao, terem amplitude de manobra e umamultiplicidade de interaes em um mundo empermanente mudana.

    Porm, esta vantagem no poder ser sustentada porempresas que buscam isoladamente controlar asinformaes e o desenvolvimento de competnciasdistanciadas das transformaes globais, uma vez quevive-se um momento onde a competio no mais oprincipal instrumento de regulao econmica(BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008).

    O que est surgindo, no lugar da competiodesenfreada, o desenvolvimento de novas formas dearticulao entre objetivos econmicos, sociais,ambientais e culturais e, conseqentemente, novas

    formas de colaborao entre os atores que participam daconstruo social destes objetivos.

    Este perodo de mudanas caracteriza-se pela crisedo modelo corporativo tradicional, baseado naintegrao vertical e no gerenciamento funcionalhierrquico (CASTELLS, 2000), onde se deu a ascensodo capitalismo de alianas, que disseminou a idia dacolaborao entre as organizaes e estimulou a geraode arranjos diversificados (BALESTRIN; VERSCHOORE,2008).

    Esta interao ou colaborao com outras empresas

    faz com que as mesmas possam desenvolver vantagenscompetitivas sustentveis pela criao de valor, de modoque essas vantagens sejam raras e difceis para oscompetidores imitarem (BARNEY, 1991).

    Neste contexto, pode-se destacar o conceito deredes organizacionais. Segundo Inojosa (1999), uma redeest relacionada a conceitos de trocas, interaes,relacionamentos, cultura e valores e pode envolver epromover relaes interpessoais, interorganizacionais,intergovernamentais e intersetoriais.

    Apesar da heterogeneidade conceitual, alguns

    elementos so comuns em redes: coerncia e

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    Capital social: recurso estratgico para o desempenho de redes organizacionais

    conectividade, cooperao, interdependncia,autonomia, confiana, interatividade, colaborao,objetivos e valores compartilhados, cultura, comunho,comunicao, associao, articulao, normas ebenefcios coletivos (BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008;CAMARINHA-MATTOS; AFSARMANESH, 2004, 2006;CASTELLS, 2000; FUKUYAMA, 2000; MARCON;MOINET, 2001; VALLEJOS, 2005).

    O tema redes abordado nos mais diversoscontextos. Este fato explica a existncia de tantosconceitos para o termo (BALESTRIN; VERSCHOORE,2008; CASTELLS, 2000). Inojosa (1999) destaca que essa

    diversidade se d porque o termo rede virou uma palavrautilizada para explicar ou sanar os mais diferentesproblemas de uma sociedade.

    Assim, a autora afirma que se torna necessrio umataxionomia para redes e prope que as mesmas possamdistinguir-se segundo as relaes e o foco de atuao.Quanto s relaes entre os parceiros, as redes podem serde trs tipos: autnomas ou orgnicas, tuteladas esubordinadas. A segunda classificao das redes proposta quanto ao foco de atuao: redes de mercado e redesde compromisso social. A descrio destas classificaes apresentada no Quadro 1.

    11

    Complementando, Marcon e Moinet (2001) indicamquatro tipologias para uma melhor compreenso dasabordagens existentes para o tema redes. Para os autores,as mesmas podem ser classificadas segundo a simetria de

    poder, simtricas ou assimtricas, bem como pelaformalidade de sua operacionalizao.

    Neste sentido, as redes assimtricas apresentam umaestrutura hierrquica com poder centralizado. J assimtricas apresentam descentralizao de poder e nelascada participante guarda sua independncia, optandopor coordenar algumas atividades de maneira conjunta.Segundo a formalidade, elas podem apresentar-se comoredes formais, sendo aquelas que existem mediantecontratos e termos contratuais que prescrevero regras deconduta entre os atores. J as redes informais possibilitam

    encontros para a troca de informaes e o intercambio de

    experincias com base na livre participao e criaode uma cultura colaborativa.

    Balestrin e Verschoore (2008), ao analisar o mapa

    conceitual proposto por Marcon e Moinet (2001),propem que as redes no apresentam simetria de podere concentram um misto entre formalidade e conivncia.

    Ainda tratando do tema redes, pode-se destacar umaforma de constituio organizacional emergente: as redescolaborativas. Camarinha-Matos e Afsarmanesh (2004)dizem que este tipo de rede envolve engajamento mtuodos participantes para solucionar um problema emconjunto, o que implica a confiana mtua e, portanto,leva tempo, esforo e dedicao, podendo ser criada apartir de um agrupamento regional entre empresas que jpossuem um relacionamento de longa data e um histrico

    cultural.

    So redes constitudas por participantes autnomos, com objetivos especficos prprios e que passama se articular em funo de uma idia abraada coletivamente e controlada por pactuao. Neste tipode rede, os atores so impulsionados por uma idia mobilizadora, ou seja, compartilhar idias einformaes fundamental para manuteno do sucesso de uma rede, tendo em vista a construo deuma identidade.

    So redes que se articulam sobre o controle de uma organizao que detm o poder e que mobiliza osatores em funo de uma regulao legal ou de capacidade de financiamento, modelando o objetivocomum. A permanncia fica subordinada a existncia de benefcios a adeso.

    Caracterizam-se pela existncia de competio e cooperao. Os parceiros articulam-se em funo da

    produo e apropriao do produto que faz parte da sua existncia.

    Redes que se formam a partir da percepo de um problema que coloca em risco o equilbrio dasociedade ou as perspectivas de desenvolvimento social. com este tipo de rede que a sociedadetrabalha as questes sociais.

    Descrio

    Redes onde h apenas um lcus de controle e existe a interdependncia de objetivos.

    Redesautnomas

    ouorgnicas

    Redestuteladas

    Redessubordinadas

    Redes de

    mercado

    Redes decompromisso

    social

    Classificao

    Classificaoquanto

    s relaes

    Classificaoquanto aofoco deatuao

    Quadro 1 Classificao de redes.FONTE: Elaborado a partir de Inojosa (1999).

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    12Considerando que as caractersticas heterogneas ou

    superiores de uma firma em relao aos concorrentespodem formar a base da vantagem competitiva de umaempresa (ANDREWS, 1971) e que o que gera odiferencial de desempenho de uma organizao frente sdemais a qualidade dos seus recursos (COLLIS;MONTGOMERY, 1995), pode-se justificar a importnciadas redes colaborativas. Vallejos (2005) afirma que acolaborao representa uma estratgia que pode auxiliarna sobrevivncia e incremento de competitividade dasempresas, possibi l i tando a alavancagem decompetncias e de recursos internos.

    Outra nomenclatura, denominada rede de

    cooperao, utilizada para abordar o tema redes nocontexto organizacional. Para Balestrin e Verschoore(2008, p. 79), as redes de cooperao so definidas comoorganizaes compostas por um grupo de empresasformalmente relacionadas, com objetivos comuns, prazo

    de existncia ilimitado e escopo mltiplo de atuao. Osmesmos autores descrevem que o propsito centraldestas estruturas reunir atributos que permitem umaadaptao ao ambiente competitivo dentro de umaestrutura dinmica sustentada por aes uniformizadas,mas descentralizadas, e que possibilitem ganhos deescala com a unio, mas no deixem as organizaesenvolvidas perderem a flexibilidade.

    Com o objetivo de esclarecer estas diferenasconceituais, Camarinha-Matos e Afsarmanesh (2006)descreveram as principais caractersticas dos conceitos decolaborao e cooperao no escopo de redescolaborativas, criando um modelo de atividades

    conjuntas encadeadas, onde cada uma subsiste a outra.Artigos como os de Denise (1999), Pires (2004),Camarinha-Matos e Afsarmanesh (2006), Kemczinski etal. (2007) procuraram identificar a diferena essencial noemprego dos vocbulos.

    Objetivos comunsIdentidades comunsTrabalho conjunto(criao conjunta)

    Rede /Networking

    Objetivos compatveisIdentidades individuaisTrabalho separado

    Objetivoscomplementares

    Alinhamentode atividades

    Comunicaoe troca de

    informao

    Comunicaoe troca de

    informao

    Objetivoscomplementares

    Alinhamentode atividade

    Objetivos compatveis

    Identidades individuaisTrabalho separado

    (com algumacoordenao)

    Objetivoscomplementares

    (ajuste de atividadespara benefcio mtuo)

    Comunicaoe troca de

    informao

    Comunicaoe troca de

    informao

    Coordenaoem Rede

    Cooperaoem Rede

    Colaboraoem Rede

    NveldeIntegrao

    Tipo deCoaliso

    Figura 1 - Exemplo de atividades conjuntasFonte: Camarinha-Matos e Afsarmanesh (2006, p. 4).

    De acordo Camarinha-Matos e Afsarmanesh (2006),o primeiro passo, envolve a comunicao e a troca deinformaes em benefcio mtuo. Cada membro pode sebeneficiar de todas as informaes disponibilizadas oucompartilhadas, mas no h necessariamente umobjetivo comum ou qualquer estrutura que influencia aforma e o calendrio de contribuies individuais e,portanto, no h gerao de valor comum.

    Com o objetivo de alcanar a colaborao, deve-se

    desenvolver caractersticas de coordenao, ou seja,

    desenvolve-se um alinhamento de atividades para que sepossa obter resultados melhores e mais eficientes. Acoordenao funciona como uma cerca para a eficincia,mas no garante a mesma (DENISE, 1999).

    Para Camarinha-Matos e Afsarmanesh (2006), oprximo passo a cooperao. Esta etapa envolve a trocade informaes e o ajustamento de atividades, bem comoa partilha de recursos para a realizao de objetivoscompatveis. Porm, o valor agregado o resultado da

    adio de componentes individuais do valor gerado pelos

    Kadgia Faccin, Denise Genari, Eric Dorion e Janaina Macke

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    13vrios participantes de forma independente. Cadaparticipante executa a sua parte do trabalho (emboracoordenada com outros). Existe, no entanto, um planocomum, que na maioria dos casos no definidoconjuntamente, mas sim concebido por uma entidadenica, e que requer baixo nvel de sinergia e auxliomtuo entre as partes.

    A ltima etapa, aquela que garante a coeso em umgrupo social, a colaborao, que segundo as definiesencontradas nos trabalhos de Camarinha-Matos e

    Afsarmanesh (2006), trata-se de um processo em queentidades compartilham informaes, recursos eresponsabilidades para planejar conjuntamente,

    implementar e avaliar um programa de atividades a fimde atingir um objetivo comum. Pode ser visto como umprocesso de criao compartilhada, onde cada umrefora as capacidades dos outros.

    A colaborao implica em partilhar os riscos,recursos, responsabilidades e recompensas, dando aimpresso para os observadores externos de que aquelegrupo possui uma identidade comum. Alm disso,envolve engajamento mtuo dos participantes parasolucionar um problema em conjunto, o que implica aconfiana mtua e, portanto, leva tempo, esforo ededicao (CAMARINHA-MATOS; AFSARMANESH,2006). tida como um facilitador de criao e umaferramenta essencial para alcanar a inovao. Nestecontexto, descreve o conceito de colaboraoapresentado por Denise (1999, p. 4):

    ao contrrio da comunicao, no se trata de trocarinformaes. Trata-se de utilizar informaes para criar algonovo. Ao contrrio coordenao, a colaborao visa insightsdivergentes e espontaneidade, harmonia. E, ao contrrio dacooperao, colaborao prospera sobre as diferenas.

    Embora este trabalho no objetive desenvolver umadiscusso sobre a taxionomia dos termos cooperao ecolaborao, considera-se importante ressaltar asdiferenas acima apresentadas. Neste sentido, busca-seentender quais as relaes entre as redes e a combinaode fatores como comunicao, coordenao,cooperao e colaborao e o capital social. Para facilitareste entendimento, apresentam-se na prxima seo asprincipais abordagens do tema capital social eposter iormente, sua re lao com as redesorganizacionais.

    3 CAPITAL SOCIAL

    O tema capital social vem sendo abordado emdiversas reas de estudo, como a sociologia, economia ecincias polticas, alm de ser estudado no contexto dasorganizaes pblicas e privadas. Pode-se destacar arelevncia do tema, atravs da constatao de Milani(2003). O autor afirma que a abordagem do tema capitalsocial, geralmente, tratada na literatura partindo-se dopressuposto que variveis econmicas no so suficientespara o desenvolvimento social e para a construo de umambiente sustentvel. Logo, as instituies e o sistemasocial teriam influncia, na viso do autor, sobre odesenvolvimento local.

    Segundo Albagli e Maciel (2002), a difuso desteconceito ocorreu de maneira rpida por algumas razes,como a valorizao das relaes e estruturas sociais nodiscurso pol t ico e na t ica econmica, oreconhecimento dos recursos embutidos em estruturas eredes sociais no contabilizados por outras formas decapital, a mudana no ambiente poltico-econmico como reposicionamento dos papis do Estado e da sociedadee as relaes entre o pblico e o privado, a necessidadede desenvolver conceitos que reflitam a complexidade e

    o interrelacionamento das vrias esferas de intervenohumana e, por fim, o potencial de alavancagem polticado capital social.

    Embora o tema capital social seja abordado desde oincio do sculo XIX, o mesmo recebeu destaque a partirdos anos de 1990, quando o Banco Mundial passou aestudar o tema e vincul-lo s questes relacionadas pobreza, alm de utilizar este conceito na avaliao deprojetos de desenvolvimento submetidos instituio.Para este processo, o Banco Mundial passou a considerarquatro formas de capital (ARAUJO, 2003):

    a) capital natural: recursos naturais de que dotado um pas;

    b) capital financeiro: bens produzidos por umasociedade e que se expressam em infra-estrutura, bens decapital, capital financeiro, imobilirio e outros;

    c) capital humano: definido pelos graus de sade,educao e nutrio de um povo;

    d) capital social: expresso, basicamente, pelacapacidade de uma sociedade estabelecer laos deconfiana interpessoal e redes de cooperao com vistas produo de bens coletivos.

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    14Neste sentido, o Banco Mundial (2008) define que o

    capital social se refere s instituies, relaes e normasque definem a qualidade e a quantidade das interaessociais de uma sociedade. Tambm destaca que aaplicao do conceito de capital social, em nvel prtico eoperacional, pode ser dividida em cinco dimensesprincipais:

    a) grupos e redes: grupos de indivduos quepromovem e protegem as relaes pessoais quemelhorem a segurana social;

    b) confiana e solidariedade: elementos decomportamento interpessoal que promovem uma maiorcoeso e robustez das aes coletivas;

    c) aes coletivas e cooperao: capacidade daspessoas para trabalhar em conjunto, com o objetivo deresolver problemas comuns;

    d) coeso e incluso social: esta dimenso se refere atenuao do risco de conflito e promoo do acessoeqitativo aos benefcios do desenvolvimento atravs doreforo da participao dos marginalizados;

    e) informao e comunicao: atenua o capitalsocial negativo e promove o capital social positivo,melhorando o acesso informao.

    Tambm na dcada de 1990, pode-se atribuir aRobert Putnam o aumento da notoriedade e utilizao dotema capital social. Atravs de sua obra Comunidade e

    Democracia: a experincia da Itlia Moderna, oautor questiona as variaes de desempenho entregovernos democrticos e descreve as diferenasrelacionadas ao desenvolvimento entre as regies norte esul da Itlia, concluindo que estas se devem a maiorpresena de capital social na regio norte daquele pas.Nesta obra, o autor aborda o capital social como umfacilitador da cooperao espontnea. Neste sentido,afirma que o capital social diz respeito a caractersticasda organizao social, como confiana, normas esistemas, que contribuam para aumentar a eficincia dasociedade, facilitando as aes coordenadas (PUTNAM,2002, p. 177).

    Pode-se citar duas vertentes tericas relacionadas difuso do conceito de capital social (HELAL; NEVES;FERNANDES, 2007; MACKE, 2007). A primeira vertente,cujos conceitos esto representados no Quadro 2,descreve o capital social acumulado por um determinadoindivduo, sendo que o mesmo poder obter uma posiode vantagem em determinado grupo, relacionando esteprocesso s questes de poder.

    J no Quadro 3, pode-se destacar alguns conceitosligados a segunda vertente de estudos sobre o capitalsocial. Nesta linha, o capital social analisado como umelemento pertencente a um grupo, comunidade ousociedade, visto como um bem pblico, encontrado nasrelaes entre pessoas ou grupos (MACKE, 2007).

    Referncia Conceito

    Baker (1999)apud Adler e

    Kwon

    (2002, p. 20)

    Capital social um recurso de agentes derivado de estruturas sociais especficas e ento usado em funo deseus interesses; ele criado pelas mudanas nas relaes entre os agentes.

    Bourdieu(2001, p. 134)

    Ao abordar questes relacionadas ao espao social, o autor afirma que o capital representa um poder sobreum campo (num dado momento) e, mais precisamente, sobre o produto acumulado do trabalho passado(...). Tambm destaca que as espcies de capital, maneira dos trunfos num jogo, so os poderes quedefinem as probabilidades de ganho num campo determinado (...). Bourdieu define a posio de umdeterminado agente no espao social pela posio que ele ocupa nos diferentes campos, quer dizer, nadistribuio de poderes que atuam em cada um deles, seja, sobretudo, o capital econmico nas suasdiferentes espcies - o capital cultural e o capital social e tambm o capital simblico, geralmente chamadoprestgio, reputao, fama (...).

    Burt (2000)Em seu estudo sobre a estrutura de rede do capital social como uma metfora, o autor afirma que ainterligao entre pessoas ou grupo de pessoas, baseada em relaes de confiana e troca, proporcionavantagens em termos de retornos mais elevados dos esforos para os envolvidos neste processo.

    Kadgia Faccin, Denise Genari, Eric Dorion e Janaina Macke

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    Quadro 2

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    15

    Nahapiet eGhoshal

    (1998, p. 243)

    Capital social a soma dos recursos reais e potenciais envolvidos, avaliados e derivados das redes derelacionamento tidas por um indivduo ou unidade social.

    Portes(1998, p. 6)

    O autor afirma que embora existam diferentes entendimentos sobre o tema, h um consenso crescente deque o capital social representa a capacidade dos agentes para garantir benefcios por fora da adeso emredes sociais ou outras estruturas sociais.

    Baseado na viso de Bourdieu (1980), o autor diz que o capital social pode ser definido como um conjuntode relaes e redes sociais que um agente - um indivduo - possui e todos os recursos que ela/ele pode reunirno mercado local utilizando tais relacionamentos.

    Silva(2006, p. 352)

    No enfoque de capital social como um bem pblico,Coleman (1988) afirma que o mesmo definido pela suafuno, no se apresentando como uma entidade nica,mas diversas entidades distintas, com dois elementos emcomum: consistir em alguns aspectos das estruturassociais e facilitar certas aes dos agentes dentro destas

    estruturas. Concluindo, o autor afirma que o capitalsocial produtivo, possibilitando a obteno dedeterminados objetivos que na sua ausncia no seriapossvel (COLEMAN, 1988, p. 98).

    Alm destas vertentes, o capital social pode ser

    estudado sob o enfoque de duas unidades de anlisedistintas quanto ao contexto das relaes. A primeiraunidade est ligada s redes de relacionamento dentro deum grupo (relaes intra-grupos) e neste caso o capitalsocial estudado no contexto de comunidades,associaes ou grupos em geral. J quando o estudo

    ocorre em redes de empresas, naes, APLs e outrasformas organizativas, pode-se destacar o estudo docapital social nas redes de relacionamento entre grupos(inter-grupos) (MACKE, 2007).

    Quadro 2 Conceitos de capital social como um bem individualFONTE: Elaborado pelos autores a partir de definies encontradas na literatura.

    Capital social: recurso estratgico para o desempenho de redes organizacionais

    Aris, Campina Grande, v. 15, n. 2, p. 9 - 23, jul./dez. 2009

    Referncia Conceito

    Continuao do Quadro 2

    Lin(2001, p. 12)

    Capital social pode ser definido como os recursos incorporados em uma estrutura social que so acessados emobilizados em aes intencionais. De acordo com o autor, este tipo de capital composto por trselementos: recursos embutidos na estrutura social, acessibilidade aos recursos sociais por indivduos oumobilizao e utilizao desses recursos sociais pelos indivduos por meio de aes intencionais.

    Referncia Conceito

    Adler e Kwon(2002, p. 18)

    Ao contextualizar o capital social nas estruturas sociais, os autores afirmam que o mesmo " o recurso disposio dos agentes em funo da localizao dos mesmos na estrutura de suas relaes sociais".

    Coleman(1988, p. 118-119; 1990, p.

    302)

    Capital social estudado em paralelo com o capital financeiro, fsico e humano, sendo identificado em trsformas: obrigaes e expectativas, que dependem da confiabilidade do ambiente social, capacidade de fluxode informao da estrutura social e normas acompanhadas por sanes.Caractersticas da organizao social, tais como confiana, normas e redes que podem melhorar a eficinciada sociedade, por facilitarem aes coordenadas.

    Durston(2001, p. 2)

    Capital social o contedo de certas relaes e estruturas sociais, aquelas caracterizadas por atitudes deconfiana e comportamentos de reciprocidade e cooperao.

    Fukuyama(2000, p. 28)

    Ao abordar o capital social com enfoque no desenvolvimento de pases, o autor afirma que o mesmo pode serdefinido como um conjunto de valores ou normas informais, comuns aos membros de um grupo quepermitem a cooperao entre eles. Neste sentido, estas normas devem incluir virtudes como honestidade,

    cumprimento de obrigaes e reciprocidade.

    Quadro 3

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    16 Kadgia Faccin, Denise Genari, Eric Dorion e Janaina Macke

    Aris, Campina Grande, v. 15, n. 2, p. 9 - 23, jul./dez. 2009

    Milani(2003, p. 28)

    Somatrio de recursos inscritos nos modos de organizao cultural e poltica da vida social de umapopulao. Para o autor, o capital social um bem coletivo que garante o respeito de normas de confianamtua e de compromisso cvico, diretamente ligado s associaes horizontais entre pessoas, redes verticaisentre pessoas e organizaes, ao ambiente social e poltico em que se situa a estrutura social e ao processo deconstruo e legitimao do conhecimento social.

    Nooteboom(2007)

    O autor prope uma definio de capital social com foco na contrubuio para a consecuo das metas deagentes com base nas relaes. Neste caso, os agentes so definidos como indivduos, grupos, bem comoempresas e outros tipos de organizao. Conclui que, considerando o capital de forma mais generalizada, ocapital social requer investimentos para sua construo.

    Caractersticas da organizao social, como confiana, normas e sistemas, que contribuam para aumentar aeficincia da sociedade, facilitando as aes coordenadas.

    Putnam(2002, p. 177)

    Quadro 3 Conceitos de capital social como um bem pblicoFONTE: Elaborado pelos autores a partir de definies encontradas na literatura.

    Harpham, Grante Thomas

    (2002, p. 106)

    Capital social refere-se ao grau de ligao e a qualidade e a quantidade das relaes sociais em determinadapopulao.

    Harpham, Grante Thomas

    (2002, p. 106)

    Capital social refere-se ao grau de ligao e a qualidade e a quantidade das relaes sociais em determinadapopulao.

    Referncia Conceito

    Continuao do Quadro 3

    Outra abordagem importante sobre o capital social,que serve de base para diversas pesquisas sobre o tema, a anlise do mesmo sob o enfoque de suas dimenses.

    Assim, pode-se citar os trabalhos publicados em1997 e 1998, por Nahapiet e Ghoshal, que destacam asrelaes entre capital social, capital intelectual e criaode valor e vantagem para as empresas. De acordo com osautores, assim como o capital fsico, financeiro e humano,o capital social tambm pode produzir riqueza para aorganizao, permitindo a realizao de atividades, quena sua ausncia no seriam possveis ou seriam realizadas

    a custos mais elevados.Neste sentido, Nahapiet e Ghoshal (1997) destacam

    que o capital social possui diversos atributos e que essascaractersticas podem ser subdividas em trs dimensesdistintas que, embora sejam abordadas analiticamente deforma separada, possuem grande conexo:

    a) dimenso estrutural: se refere ao padro deconexo entre os atores e inclui conexes e configuraesda rede que descreve o padro de ligaes em termos demensurao como densidade, conectividade, hierarquiae adequao organizacional;

    b) dimenso relacional: se refere aos ativos que so

    criados e alavancados por meio do relacionamento eincluem atributos como identificao, confiana, normas,sanes, obrigaes e expectativas;

    c) dimenso cognitiva: se refere aos recursos querepresentam vises compartilhadas, interpretaes esistemas de significados, como a linguagem, cdigos enarrativas.

    Ao comentar a relao entre as dimenses acimacitadas, Nahapiet e Ghoshal (1998) afirmam que nemtodas as dimenses do capital social so mutuamentereforadas, porm a dimenso estrutural do capital socialinfluencia o desenvolvimento da dimenso relacional ecognitiva.

    Independente da vertente, unidade de anlise oudimenso do capital social descritas nos estudos, algunselementos bsicos, como a confiana e a cooperao,podem ser destacados na abordagem do tema.

    Fukuyama (2000), por exemplo, afirma que todas associedades possuem algum capital social e que asdiferenas entre as mesmas estariam relacionadas squestes de confiana e cooperao. Convergindo comesta idia, Putnam (2002) aborda a confiana como um

    componente bsico do capital social, sendo que a mesma

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    promove a cooperao.

    Pode-se definir a confiana como:a expectativa que nasce no seio de uma comunidade de

    comportamento estvel, honesto e cooperativo, baseado emnormas compartilhadas pelos membros dessa comunidade. Essasnormas podem ser sobre questes de 'valor' profundo, como anatureza de Deus ou da justia, mas tambm compreendemnormas seculares, como padres profissionais e cdigos decomportamento (FUKUYAMA, 1996, p. 41).

    A confiana tambm destacada como umimportante elemento do capital social por Barquero(2003, p. 96), afirmando que a existncia de confianano s cria um ambiente de credibilidade e,

    conseqentemente, de legitimidade, como fortalece ocontrato social. O autor complementa que a ausnciadeste elemento pode gerar tenso permanente einstabilidade na sociedade.

    Tambm com enfoque no tema confiana, Araujo(2003) cita o economista Albert Hirshman, que afirmaque o capital social aumenta dependendo da intensidadede seu uso, no sentido de que praticar cooperao econfiana produz mais cooperao e confiana e,conseqentemente, mais prosperidade.

    Por fim, pode-se destacar algumas caractersticas,

    comuns s diferentes vises de capital social, levantadaspor Serageldin e Grootaert (1999), ao abordar o temaatravs de uma viso integrada:

    a) ligao com as esferas econmicas, sociais epolticas, bem como a compreenso de que as relaosociais afetam e so afetadas pelos resultadoseconmicos;

    b) foco nas relaes entre agentes econmicos eorganizaes formais e informais e a possibilidade destesagentes em melhorar a eficincia de atividadeseconmicas;

    c) verificao que relacionamentos e instituiessociais tm resultados positivos. Assim, uma vez queindivduos isolados no podem obter estes resultados, osagentes tendem a investir em capital social, criando umambiente de apoio;

    d) a constatao de que no apenas o potencialsocial das relaes provoca a melhoria dos resultadoseconmicos, mas tambm a viso de que algumas destasrelaes podero ter efeitos negativos. Isto depender danatureza das relaes, a existncia de normas e valores eo contexto poltico.

    Segundo os mesmo autores, diante do entendimento

    de como o capital social contribui para a economia e paraos resultados sociais, verificam-se novas demandas emtermos de conceituao e mensurao deste constructo.

    Ainda pode-se destacar, atravs da prxima seo desteestudo, a relao do capital social com o contexto dasorganizaes.

    4. RELAES ENTRE REDES ORGANIZACIONAIS ECAPITAL SOCIAL

    Considerando-se que o capital social pode serdefinido como o conjunto de caractersticas de uma

    organizao humana que englobam as relaes entre osindivduos, as normas de comportamento cvico, asobrigaes mtuas e a credibilidade recproca(BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008, p. 124), torna-sepossvel relacion-lo com o contexto de redesorganizacionais, uma vez que o mesmo facilita oempreendimento de aes colaborativas complexas.

    A relevncia desta abordagem destacada porMarteleto e Silva (2004). Os autores afirmam que ocrescente interesse pelos estudos relacionados a redessociais est diretamente ligado ao crescimento de

    pesquisas na rea de economia e sociologia sobre aimportncia do capital social.

    Neste sentido, o estudo do tema capital social vemacontecendo em diversos contextos: famlias,comportamentos da juventude, educao, sadepblica, comunidades, democracia e governos,desenvolvimento econmico e problemas dacoletividade como um todo. Alm disso, as pesquisassobre capital social nas organizaes vm aumentandonos ltimos anos, enfocando as mais diversas reas:empregabilidade e evoluo profissional, intercmbio derecursos e promoo inovao, criao de capital

    intelectual, desenvolvimento de equipes, reduo dosndices de rotatividade nas empresas, aprendizagemorganizacional, entre outros (ADLER; SWON, 2002).Logo, pode-se verificar a relao do tema com oambiente interno e externo s organizaes.

    A relevncia desta discusso, neste contexto, j erasinalizada por Coleman (1988). O autor diz que, assimcomo o capital fsico ou humano facilitam a atividadeprodutiva, o mesmo se d com o capital social. Tambmexemplifica a afirmativa, atravs da constatao de queum grupo que possui extensa confiabilidade capaz de

    obter melhores resultados em comparao a outro grupo

    17Capital social: recurso estratgico para o desempenho de redes organizacionais

    Aris, Campina Grande, v. 15, n. 2, p. 9 - 23, jul./dez. 2009

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    18sem esta caracterstica.

    O capital social, abordado no ambiente externo sorganizaes, pode estar vinculado, segundo Marti(2004), a algumas relaes que empresas mantm nosentido de criar vantagens competitivas no apenas combase nas suas prprias competncias, mas tambmcompetncias de outras organizaes ou instituieslocalizadas em um mesmo cluster, por exemplo. De umaforma simplificada, o autor afirma que, neste sentido, ocapital social considerado a soma dos recursos ecapacidades que pertencem a uma rede de organizaes,no qual as empresas tm o objetivo de competir comsucesso.

    Reforando esta idia, Balestrin e Verschoore (2008,p. 124) dizem que o empreendimento de aescolaborativas complexas entre empresas se torna possvelatravs do capital social, uma vez que a formao deuma rede de cooperao ser influenciada pelo grau comque as pessoas de uma comunidade empresarialcompartilham normas e valores e so capazes desubordinar os interesses individuais aos coletivos.

    Neste contexto, destacam-se aqui alguns estudos querelacionam o capital social com as redes organizacionais,dando a esta ligao os mais diversos enfoques:

    a) capital social da organizao relacionado aoconhecimento e informao aos quais a empresa podeter acesso, atravs dos funcionrios, clientes,organizaes parceiras e outros vnculos formais einformais com agentes externos (ANAND; GLICK;MANZ, 2002);

    b) capital social e seus efeitos sobre projetos deempresas nascentes, explorando dois enfoques: aestrutura social interna e externa das equipes de trabalhodas empresas pesquisadas. Na estrutura interna, o estudoenfoca padres de comunicao e sentimentos entre os

    membros e na estrutura externa o foco est nadiversidade de laos que os membros mantm comterceiros (WEISZ; VASSOLO, 2004);

    c) o impacto do capital social no que diz respeito aquisio de conhecimento externo pela rede. Osresultados indicam que a dimenso estrutural e adimenso cognitiva do capital social influenciamdiretamente a aquisio de conhecimento (SU; LEE,TSAY, 2005);

    d) capital social, representado pelas relaes deconfiana e colaborao, e sua relao com as redes

    organizacionais, vistas como um fator de

    desenvolvimento econmico e social (SANABIO, 2006);

    e) redes e o capital social resultante das mesmas,como principal determinante do sucesso das empresasgerenciadas por empresrios imigrantes (SEQUEIRA;RASHEED, 2006).

    f) o papel mediador de partilha de informao nasrelaes entre as dimenses do capital social e acompetitividade. Os resultados da regresso mltipla edos testes com equaes estruturais mostram que ocompartilhamento de informaes desempenha umpapel mediador nas relaes entre as trs dimenses docapital social e uma melhoria na competitividade (WU,2008);

    g) cultura organizacional e sua influncia nacapacidade de aliana de uma empresa e como isto afetao capital social, que facilita a construo e a utilizao dosrecursos colaborativos com maior produtividade(BEUGELSDIJK; NOORDERHAVEN; KOEN, 2009).

    Ainda com enfoque na ligao entre os dois temas,outros autores, como Locke (2001) apud Balestrin eVerschoore (2008), afirmam que uma rede pode fazer usode fontes de capital social preexistentes entre um grupode empresas envolvidas. No entanto, se o nvel de capitalsocial entre as empresas for baixo, a rede poder gerar as

    condies necessrias para desenvolv-lo.

    Tambm pode-se destacar que as redes colaborativasde mercado organizam-se principalmente para tornarfavorvel sua posio frente concorrncia. Neste caso,devem ser valorizados os recursos internos disponveis aeste grupo, pois eles podem se tornar a fonte de suavantagem competitiva (BARNEY, 1991; PENROSE, 1959;PRAHALAD; HAMEL, 1990; WERNEFELT, 1984).

    Tal afirmativa remete ao tema capital social que ao seapresentar como um atributo interno de organizaes oucomunidades, por exemplo, pode se constituir como

    uma fonte de vantagem competitiva para estasinstituies.

    Neste sentido, o capital social, torna-se um recursoimportante, funcionando como um potencializador dacapacidade individual e coletiva mediante as prticascolaborativas, e que, a exemplo das outras formas decapital, igualmente produtivo, viabilizando a realizaode objetivos que seriam inalcanveis sem a suaexistncia, constituindo-se num bem pblico (PUTNAM,2002), igualmente acessvel a qualquer pessoa (MACKE,2006), com qualidades idiossincrticas (ARREGLE et al,

    2007).

    Kadgia Faccin, Denise Genari, Eric Dorion e Janaina Macke

    Aris, Campina Grande, v. 15, n. 2, p. 9 - 23, jul./dez. 2009

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    O capital social produz bens scio-emocionais,expressos em emoes, sentimentos e relacionamentos(ROBISON; FLORA, 2003). A interao entre os agentesda rede o que d a forma aos relacionamentos. Umagrande quantidade de laos fortes forma uma densa rede(GRANOVETTER, 1973), com caractersticas relacionaisnicas (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998), que afetam osresultados econmicos e empresariais beneficamente e,portanto, suas vantagens competitivas (SEQUEIRA;RASHEED, 2006; WATSON; PAPAMARCOS, 2002).

    Quando h confiana, h expanso de contatoshorizontais e ampliao dos negcios (FUKUYAMA,1996). A formao de grandes negcios supe interao

    com um nmero maior de pessoas (ARAUJO, 2003). Emum ambiente onde existe uma presena maior de capitalsocial possvel que as oportunidades dedesenvolvimento sejam mais bem aproveitadas, como ocaso do Sul da Itlia, estudado por Putnam (2002),principalmente pelo acmulo de fluxos de informaoque facilita a ao (ANDREVSKI; FERRIER; BRASS, 2008;COLEMAN, 1988).

    Assim afirma-se que a confiana, a estabilidade, adurabilidade dos relacionamentos e o fechamento darede so elementos chaves na busca de altos nveis de

    confiana e de normas de cooperao. Estas qualidadestambm influenciam a clareza e a visibilidade dasobrigaes mtuas (COLEMAN, 1988; NAHAPIET;GHOSHAL, 1998; PUTNAM, 2002).

    Ento, a deciso de participar num acordo decooperao est revestida de uma interao social. Logo,se as interaes entre os agentes so o elemento chave deum mecanismo de colaborao, as caractersticas queesto presentes na interao (capital social) sero cruciaispara o sucesso do projeto. Seja qual for durao e osobjetivos do negcio, um bom parceiro se tornou um dosprincipais ativos empresariais, ou seja, uma vantagem dasociedade colaborativa (KANTER, 1994). Para tanto,

    atribui-se o sucesso das alianas, como sendo funo daqualidade e quantidade do relacionamento entre osparceiros.

    Uma rede colaborativa pode ser mais competitiva eter maior xito quando investe em dois elementosfundamentais, que so a cultura organizacional e aspessoas (relacionamentos) - capital social- (VALEJOS et al,2008). A Figura 2 representa uma proposta de modelo deanlise do capital social em redes colaborativas, com vista aquisio e manuteno de vantagens competitivas.

    Pressupostos:Competncia Essencias

    Processo Resultados

    EmpreendedorismoEstratgias de ArticulaoParticipao AtivaCompetioTransferncia de Conhecimentos

    Potencial Scio-EconmicoPreservao no Meio CulturalConstruo de novasIdentidadesNovos FormatosOrganizacionais

    AprendizagemClima OrganisacionalCompetnciasCompromissoCriatividadeCooperaoLideranaConhecimentoMotivaoParticipao

    Capital Social

    Vantagens Competitivas

    Figura 2 Modelo de anlise de capital social em redes colaborativasFONTE: Adaptado de Valejos et al (2008).

    19Capital social: recurso estratgico para o desempenho de redes organizacionais

    Aris, Campina Grande, v. 15, n. 2, p. 9 - 23, jul./dez. 2009

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    20 Kadgia Faccin, Denise Genari, Eric Dorion e Janaina Macke

    Aris, Campina Grande, v. 15, n. 2, p. 9 - 23, jul./dez. 2009

    As empresas organizadas em rede possuem maiornmero de alianas e assim, tornam-se mais capazes depermanecer competitivas e introduzir complexorepertrio de aes competitivas (ANDREVSKI; FERRIER;BRASS, 2008). O estoque de capital social de uma redefacilita o acesso de empresas e de indivduos aoportunidades e a iniciativas de ao colaborativa. Logo,o capital social pode ser considerado o recurso bsico deuma das principais estratgias de competitividadeempresarial nas prximas dcadas: a colaborao.

    5. CONSIDERAES FINAIS

    A abordagem do tema redes , no contextoorganizacional, vem se ampliando nos ltimos anos, umavez que as mesmas permitem a adequao de empresas aum ambiente mercadolgico cada vez mais competitivo,alm de proporcionar vantagens e flexibilidade sorganizaes envolvidas.

    Paralelamente, as relaes e estruturas sociais soapresentadas, atualmente, como importantes fatores parao desenvolvimento local e para a construo deambientes sustentveis. Neste contexto, pode-sedestacar o capital social, sendo que o mesmo caracterizado como as atribuies de uma organizao,como a confiana, normas e redes, que facilita aes

    coordenadas e melhora a eficincia da sociedade(COLEMAN, 1990).

    Assim, diversos estudos incluem o capital social comoum atributo de organizaes, relacionando o mesmo acriao de vantagens competitivas para as empresas(WATSON; PAPAMARCOS, 2002). Pode-se, ainda,destacar as afirmativas de Cohen e Prusack (2001). Estesautores consideram que o capital social forma umaespcie de ponte entre as pessoas, trazendo benefciospara as organizaes onde as mesmas atuam, como areduo de custos, dos ndices de rotatividade, osurgimento de uma maior estabilidade organizacional e a

    promoo da disseminao do conhecimento e daaprendizagem.

    O estudo do capital social no contexto das redes estvinculado s relaes que empresas mantm no sentidode criar vantagens competitivas no apenas com base nassuas prprias competncias, mas tambm competnciasde outras organizaes ou instituies localizadas em ummesmo cluster, por exemplo (MARTI, 2004).

    Por fim, a interao entre os dois temas reforadapor Balestrin e Verschoore (2008), que destacam que ocapital social gerado em redes constitui uma alternativa

    vivel para a reduo de aes oportunistas entre

    organizaes. Segundo os autores, este fato se d por doismotivos: (i) integrantes costumam observar regras dereciprocidade e evitam aes oportunistas, pois sosocialmente contidos pelos demais membros da rede,com os quais necessitam manter um relacionamentoduradouro; (ii) as redes geram ganhos competitivos eestas vantagens esto disponveis apenas para osmembros da rede.

    A partir das consideraes apresentadas, pode-seafirmar que a difuso dos temas redes e capital social,desde a dcada de 90, expressa o reconhecimento e avalorizao dos recursos embutidos em estruturas e emredes sociais, at ento no contabilizados por outras

    formas de capital.Alm disso, a emergncia dos temas permite que os

    mesmos sejam reconhecidos pela comunidadeacadmica e empresarial como elementos quepossibilitam um melhor entendimento e intervenosobre a dinmica econmica, uma vez que abrangem aestrutura e as relaes existentes na sociedade.

    Por fim, embora se tenha apresentado uma srie deabordagens relacionadas aos temas acima citados,verifica-se que existe uma srie de possibilidades depesquisas no sentido de aprofundar os conceitos e

    metodologias relacionadas s ligaes entre redesorganizacionais e capital social.

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  • 7/26/2019 Artigo Revista Arius

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