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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE: CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA EM VETERINÁRIA LEGAL AQUECIMENTO DOS AVIÁRIOS PATO BRANCO 2014

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA EM VETERINÁRIA LEGAL

AQUECIMENTO DOS AVIÁRIOS

PATO BRAN CO 2014

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DARCI LUCINI

AQUECIMENTO DOS AVIÁRIOS

PATO BANCO 2014

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em

Medicina em Veterinária Legal da Faculdade de

Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade

Tuiuti do Paraná

Co- Orientador: Sólon Varaschin Salvador

Orientador: Dr. João Ari Gualberto Hill

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RESUMO

As aves de corte, em sua fase inicial, possuem bastante sensibilidade às temperaturas baixas e muito altas as quais podem comprometer de forma negativa o seu desenvolvimento, levando a grandes prejuízos financeiros, principalmente em condições de invernos rigorosos. Dessa forma, o Brasil tem um grande desafio na produção avícola, que é no diagnóstico da situação dos aviários brasileiros, principalmente nas regiões de invernos mais intensos, quanto à qualidade do ar, ambiente térmico e o desempenho das aves sob diferentes sistemas de aquecimento. Sem falar no Estresse calórico e na mortalidade dos animais quando há falta de energia. Diante do exposto buscou-se através deste estudo fazer uma revisão de literatura e também apresentar a nível de exemplo alguns julgados de pedidos de indenização por danos materiais pela falta de luz em aviários e o papel do médico veterinário legal em laudos periciais. Ao final a revisão de literatura concluiu que a temperatura e a umidade relativa altas fazem com que a ave não consiga respirar suficientemente rápido para remover todo calor que precisa dissipar de seu corpo. Consequentemente, com a umidade relativa muito alta, a ave não suporta a mesma temperatura ambiental, afetando o intercâmbio térmico, e a temperatura corporal pode elevar-se, ocorrendo a prostração e morte, quando a temperatura ambiental alcançar 47 °C, que é o limite máximo fisiológico vital da ave. Isto é mais preocupante à medida que a ave se desenvolve, especialmente nas linhagens mais pesadas, pois a área superficial necessária para a dissipação de calor diminui proporcionalmente com a idade e com o seu peso corporal. O estresse térmico causa grande prejuízo na avicultura comercial, elevando os custos da produção com equipamentos e instalações, além de proporcionar maior ocorrência de patologias devido à queda da imunidade podendo ocasionar consequentemente alta mortalidade.

Palavras-chave: Estresse calórico, Avicultura. Aquecimento dos aviários. Laudo Pericial. Medicina Veterinária Legal.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 5

OBJETIVOS ................................................................................................................................ 6

GERAL ......................................................................................................................................... 6

ESPECIFICOS ............................................................................................................................ 6

CAPITULO I ................................................................................................................................. 7

1 AQUECIMENTO DOS AVIÁRIOS ........................................................................................ 7

1.1 Temperatura .................................................................................................................... 7

1.2 QUALIDADE DO AR ........................................................................................................... 8

1.3 ESTRESSE CALÓRICO ..................................................................................................... 9

1.4 UMIDADE ............................................................................................................................ 11

1.5 CONFORTO AMBIENTAL ................................................................................................ 13

CAPITULO II ............................................................................................................................. 17

2 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 17

CAPÍTULO III ............................................................................................................................ 20

3 APRESENTAÇÃO DOS ESTUDOS DE CASO ........................................................... 20

3.1 PERÍCIA AMBIENTAL ...................................................................................................... 20

3.2 DANOS AMBIENTAIS ....................................................................................................... 20

3.3 REPARAÇÃO DE DANOS ............................................................................................... 21

3.4 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO – PROCESSO N. 003101-39/2011 ... 23

3.5 LAUDO PERICIAL E O PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO LEGAL ..................... 29

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 34

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 36

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INTRODUÇÃO

As aves são animais homeotermos, que assim como os mamíferos,

dispõem de um centro termorregulador localizado no hipotálamo que é

constituído por neurônios que respondem ao calor, e são acionados quando a

temperatura corporal aumenta induzindo a resposta periférica. Quando houver

um balanço positivo das atividades neuronais que respondem ao frio e ao calor

e a produção de calor for igual à perda, haverá temperatura corporal estável

que nos frangos adultos é de aproximadamente 41º C. Os mecanismos que

mantém a homeostase térmica em frangos são a radiação, convecção e

evaporação (feita quase que exclusivamente pela respiração, pois são

desprovidos de glândulas sudoríparas). Quando em temperaturas ambientais

altas, as melhores ferramentas de dissipação de calor utilizadas pela ave são:

o aumento da taxa respiratória que é chamada de hiperventilação e a

vasodilatação periférica que promove a perda não evaporativa (GOMES et al.,

2010).

Segundo Navarini (2009), a temperatura ambiente pode ser considerada

o fator físico de maior efeito no desempenho do frango de corte, por exercer

grande influência no consumo de ração, afetando diretamente o ganho de peso

e a conversão alimentar, já que durante o estresse por calor, há uma redução

na eficiência de utilização de alimentos.

Com o objetivo de estudar o estresse térmico em aviários foi realizado

um levantamento bibliográfico em livros, periódicos, revistas, artigos impressos

e eletrônicos na internet.

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OBJETIVOS

GERAL

Apresentar um estudo sobre o Estresse Calórico devido ao aquecimento

dos aviários.

ESPECIFICOS

Analisar os efeitos das altas temperaturas para as aves;

Destacar o papel do médico veterinário legal em laudos periciais;

Apresentar exemplos de laudos periciais em relação a queda de energia

em aviários.

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CAPITULO I

1 AQUECIMENTO DOS AVIÁRIOS

1.1 Temperatura

A energia calórica é adicionada ao ar de uma instalação a partir da

produção metabólica das aves, luzes e motores, telhados e paredes

(dependendo do isolamento), e a partir da fermentação das excretas; o

fornecimento suplementar de calor para as aves, contudo, é essencial nas

fases iniciais da vida, quando existe risco de estresse por frio (VIGODERIS,

2006, p.12).

Ligado a isso, todos os animais homeotérmicos necessitam manter a

temperatura corporal constante preservando o balanço dinâmico entre o

metabolismo de produção de calor e de perda de calor para o ambiente. Na

ave de corte, a produção de calor é afetada positivamente pelo peso corporal,

idade, consumo de ração, qualidade da ração, nível de atividade entre outros.

Características da ave que afetam a perda de calor incluem cobertura de

penas, tamanho de barbela e outras partes expostas do corpo e postura do

animal. Entre os fatores que tem maior influência na termoregulação estão

incluídos características da instalação, isolamento, sistemas de ventilação,

temperatura e umidade relativa do ar, e densidade de alojamento (ABREU,

1998).

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A avicultura está susceptível às mudanças climáticas e quando há uma

onda de calor, as aves adultas com cinco, seis e sete semanas de vida sofrem

por estresse de calor. A temperatura ambiente pode ser considerada o fator

físico de maior efeito no desempenho de frangos de corte, já que exerce

grande influência no consumo de ração e, com isso, afeta diretamente o ganho

de peso e a conversão alimentar. Durante o estresse por calor, há uma

redução na absorção dos alimentos. (LANA et al., 2000; SILVA, 2001;

RABELLO, 2008).

O avicultor deve estar prevenido para atuar nessas ocasiões ou quando

há queda no fornecimento de energia elétrica, uma vez que a avicultura é

altamente dependente do fornecimento energético em quantidade e qualidade.

Como medida preventiva na falta de energia elétrica, a granja deve possuir

gerador de energia para manter os sistemas de climatização em funcionamento

evitando a mortalidade das aves. Esses geradores devem garantir o pleno

funcionamento dos equipamentos do aviário por pelo menos uma hora até o

restabelecimento da queda de energia. (ABREU; ABREU, 2011)

1.2 QUALIDADE DO AR

A produtividade ideal para frangos de corte só pode ser obtida quando a

ave estiver submetida a uma faixa de temperatura ambiente adequada, na qual

não ocorra nenhum desperdício de energia, tanto para compensar o frio, ou o

calor (MENEGALI, 2009). Para frangos de cortes adultos, conforme Curtis

(1983) a zona de termoneutralidade para aves encontra-se entre 15 a 25º C.

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Contudo, as exigências ambientais de temperatura, mudam com a idade.

Sendo assim, nas primeiras semanas de vida, as aves necessitam

temperaturas ambientais mais elevadas, entre 34 e 25ºC, já que a sua

temperatura corporal, taxa metabólica, razão entre massa corporal e área

superficial, isolamento de penas, e a habilidade de termorregulação são

relativamente baixos.

1.3 ESTRESSE CALÓRICO

As aves, sendo animais homeotermos, dispõem de um centro

termorregulador, localizado no hipotálamo, capaz de controlar a temperatura

corporal através de mecanismos fisiológicos e respostas comportamentais,

mediante a produção e liberação de calor, determinando assim a manutenção

da temperatura corporal normal (MACARI et al., 1994).

Entre as respostas fisiológicas compensatórias das aves, quando

expostas ao calor, inclui-se a vasodilatação periférica, resultando em aumento

na perda de calor não evaporativo. Assim, na tentativa de aumentar a

dissipação do calor, a ave consegue aumentar a área superficial, mantendo as

asas afastadas do corpo, eriçando as penas e intensificando a circulação

periférica. A perda de calor não evaporativo pode também ocorrer com o

aumento da produção de urina, se esta perda de água for compensada pelo

maior consumo de água fria (BORGES et al, 2003).

Durante os períodos quentes do ano a produtividade das aves é afetada

a taxa de mortalidade é consideravelmente alta. Quando a temperatura

ambiente atinge valores elevados de 36ºC a 40ºC é possível de ocorrer morte

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total das aves. Como os aviários são totalmente dependentes de energia

elétrica caso ocorra uma falha no abastecimento pode ser fatal para as aves.

Nesse sentido Abreu e Abreu (2013) destacam que a ave tem habilidade

para manter constante a temperatura dos órgãos internos, o que é conhecido

como homeotermia. O mecanismo de homeostase, entretanto, é eficiente

somente quando a temperatura ambiente está dentro de certos limites. A

temperatura do núcleo corporal de aves é igual a 41,7ºC. Assim, é importante

que os aviários tenham temperaturas ambientais próximas às das condições de

conforto das aves. Nesse sentido, o aperfeiçoamento dos aviários com adoção

de técnicas e equipamentos de condicionamento térmico ambiental tem

superado os efeitos prejudiciais de alguns elementos climáticos, possibilitando

alcançar bom desempenho produtivo das aves.

O estresse devido ao calor se produz quando existem temperaturas

ambientais acima da zona de termoneutralidade das aves e se intensifica na

presença de alta umidade relativa e ausência de movimento do ar.

Fisiologicamente as aves respondem ao estresse calórico aumentando os mecanismos de dissipação de calor e diminuindo a produção de calor metabólico. Durante os períodos quentes o estresse térmico depende grandemente da ave. Isto é, idade e tamanho, estágio produtivo e das instalações. Entretanto, a resposta ao estresse térmico varia de formas específicas entre esses diferentes grupos (ABREU e ABREU, 2013, p.1).

Para o conforto fisiológico das aves é considerado que a temperatura no

interior da instalação seja correspondente a zona de termoneutralidade da ave.

Esta é segundo Abreu e Abreu (2013) a temperatura média a qual a taxa

metabólica é mantida constante pelo controle vaso motor (vasodilatação e

vasoconstrição periféricas, movimentação das penas e mudança postural) e

evaporação da água dos pulmões. O ponto o qual a temperatura ambiental

está abaixo desta zona é chamado temperatura critica inferior e aumenta a taxa

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metabólica para manutenção da temperatura corporal da ave. O ponto o qual a

temperatura ambiental está acima da temperatura ideal é chamado de

temperatura crítica superior, ocorre o aumento na taxa metabólica na tentativa

de eliminar o excesso de produção de calor.

A susceptibilidade das aves ao estresse calórico está diretamente

relacionada à umidade relativa do ar e a temperatura ambiente, pois quando

expostas ao calor ocorrem respostas fisiológicas compensatórias para voltar à

zona de conforto térmico. (CAIRES, 2008).

1.4 UMIDADE

No Brasil quando a temperatura ambiente está por volta de 32ºC e a

umidade relativa do ar mais que 80%, essa condição causa um aumento da

severidade do estresse por calor. Como consequência a ingestão alimentar é

reduzida e a taxa respiratória desses animais aumenta na tentativa de resfriar-

se pela evaporação do vapor d’água dos pulmões. As aves tenderão a se

mover para locais mais frescos nos aviários e mudarão a sua postura. Em

casos extremos, com temperaturas ambientes próximas de 40ºC, as aves

podem morrer de exaustação física causada pelo calor. Além disso, a

mortalidade durante períodos quentes pode também estar relacionada

indiretamente com outros fatores de estresse os quais são relacionados com

condições de calor e umidade. Esses outros efeitos indiretos incluem a redução

na ingestão alimentar e aumento da incidência de doenças no plantel. Uma

redução na ingestão alimentar torna as aves mais susceptíveis à doenças

nesse ambiente (ABREU e ABREU, 2013).

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Um fator do ambiente considerado muito importante para os animais

homeotermos é a umidade relativa do ar, especialmente se associada a

temperatura. A umidade relativa do ar considerada ideal para maior que se

alcance maiores índices de desempenho produtivo em aves de corte encontra-

se na faixa de 50 e 70%. Níveis abaixo de 40% na fase de aquecimento podem

aumentar a concentração de poeiras no interior das instalações, favorecendo

assim a dispersão de vírus e bactérias (MOURA, 2001). Acima de 80%,

associadas a altas temperaturas, causam aumento de fezes aquosas em aves

adultas, com consequente aumento da concentração de gases e odores.

(MENEGALI, 2009).

Segundo Menegali (2009, p. 17):

De uma maneira mais ampla o ambiente térmico é avaliado em função de índices de conforto térmico e, normalmente, estes índices consideram os parâmetros ambientais de temperatura, umidade, vento e radiação. Entre os índices de conforto térmico mais usados destacam-se o índice de temperatura e umidade (ITU), desenvolvido por Thom (1959), que associa a temperatura de bulbo seco e a temperatura do bulbo úmido, e o desenvolvido por Buffington et al (1981), denominado índice de temperatura de globo e umidade (ITGU). Entre os dois mencionados, o ITGU é considerado o índice mais adequado para representar as condições de conforto térmico em regiões quentes para a produção animal, em razão de incorporar a temperatura de bulbo seco, umidade relativa, velocidade do ar e a radiação na forma de temperatura de globo negro, em um púnico valor.

Teixeira (1996) verificou que o limite mínimo de ITGU para que os

fungos de corte não sofram de estresse por frio na primeira semana de vida é

de 78,6, na segunda semana de vida é de 67,4 e para aves entre a terceira e

sexta semana de vida é de 67,4 e para aves entre a terceira e sexta semana de

vida é de 65.

A falta de ventilação pode ocasionar baixa renovação do ar com

consequente aumento da concentração de gases tóxicos, tais como amônia,

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monóxido e dióxido de carbono, aumento na concentração de poeira e baixa

concentração de oxigênio disponível (MENEGALI, 2009).

Conforme Abreu e Abreu (2004) a ventilação adequada se faz

necessária também, para eliminação do excesso de umidade do ambiente e da

cama, a qual possui a função de evitar o contato direto da ave com o piso e

absorção da água liberada, geradas pela respiração das aves e da água

contida nas fezes, permitindo assim, a renovação do ar, eliminado gás

carbônico e gases de fermentação, e contribuir para a redução das oscilações

de temperatura no aviário.

1.5 CONFORTO AMBIENTAL

O conforto animal, até alguns anos atrás, era visto como problema

secundário, tanto do ponto de vista ecológico quanto produtivo. resumia-se que

o desconforto térmico seria resolvido com o uso de condicionamento artificial,

sem considerar os custos e problemas de implantação de um sistema. Porém

nas ultimas décadas, houve uma grande preocupação com o bem estar desses

animais, pois alterações fisiológicas ocasionadas por estresse calórico causam

grandes prejuízos aos avicultores, quando essas aves são expostas ao calor

ocorrem respostas fisiológicas compensatórias para voltar à zona de conforto

térmico, com isso notoriamente ocorre perda na produção, seja nas aves de

corte ou de postura. (FILHO, 2004).

Apesar de haver conquistado altos índices de produção, a instalação

avícola é um dos pontos em que se exigem, atualmente, maiores

preocupações quando se trata do conforto térmico para frangos de corte

(CAMPOS et al., 2013). Menegali et al (2009) avaliam que a indústria avícola

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brasileira, adicionalmente aos antigos investimentos já realizados em genética,

nutrição e manejo, passou também a buscar nas instalações e no ambiente,

possibilidades de melhoria no desempenho das aves e redução de custos de

produção, como forma de manter a competitividade.

Desde que a produção avícola passou a ser considerada nos conceitos

de cadeia do agronegócio, pesquisas têm priorizado as perdas na qualidade

do produto final relacionadas ao manejo da fase “dentro da porteira”, que

envolve o ciclo de produção desde o nascimento dos pintos até a idade de

abate (42 a 45 dias). Como se prioriza o sistema intensivo de criação, sendo o

objetivo principal o de aumentar a produtividade, acabou gerando também, o

aparecimento de diversos fatores que são estressantes para os animais, como

a superlotação, falhas nutricionais, ventilação inadequada, ineficiência no

fornecimento de água, alterações do clima, como o frio, e especialmente o

calor, entre outros. (GOMES et al., 2010).

Segundo Rodrigues (2006); Abreu e Abreu, (2011), outras técnicas

desenvolvidas para diminuir o estresse térmico é retirar a alimentação nos

horários mais quentes e fornecer a alimentação no período mais fresco; fazer o

flushing (jateamento) dos bebedouros para renovação da água; quando

possível, adicionar gelo na caixa d’água. Em aviários climatizados é permitido o

abaixamento das cortinas, no entanto, em aviários dark house (casa escura),

essa medida pode gerar maior estresse nas aves causando mortalidade.

Também é sempre prudente na época do verão utilizar densidade de

criação(aves/m²) mais baixa que no período do inverno. A densidade de

criação de aves deve ser compatível com o nível de tecnificação do aviário.

Essas são medidas paliativas, uma vez que os maiores cuidados devem ser

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tomados na implantação do aviário, tais como: localização, orientação,

sombreiro, beirais e telhados. (GOMES et al., 2010).

Para manter o conforto térmico das aves, diversas técnicas de controle ambiental estão constantemente sendo empregadas, visando reduzir o impacto negativo do estresse calórico sobre o desempenho das aves. Além das técnicas utilizadas para amenizar os efeitos negativos da temperatura ambiental, outras medidas estão sendo aperfeiçoadas, como o correto manejo nutricional. Finalmente, vale ressaltar que dificilmente em situações de temperaturas extremas e se os sistemas de se pode fazer no máximo tentar diminuir a mortalidade. (GOMES et al., 2010, p.3).

Segundo Santos (2005), dentre os fatores ambientais, os térmicos são

os que mais trazem prejuízos. Temos como exemplo a temperatura do ar, a

radiação térmica e a umidade. As aves têm a capacidade de manter sua

temperatura interna constante. Porém, em condições de temperaturas

ambientais aumentadas, terão dificuldades para mantê-la e assim, resultará em

certas alterações fisiológicas que causarão prejuízo, tanto para as aves, quanto

para os avicultores. (FILHO, 2004).

As aves alteram seu comportamento para dissipação da temperatura

corporal, maximizando a área de superfície corporal, como manter as asas

afastadas do corpo, agachar, eriçar as penas, abrir o pico e intensificar o fluxo

sanguíneo para os tecidos periféricos que não estão cobertos com as penas.

(CAIRES, 2008).

Dados da literatura revelam que, tanto o estresse por calor, quanto o por

frio, durante as primeiras três semanas de vida das aves, podem causar perda

de peso corporal, além de outros prejuízos para a saúde do animal (MOURA et

al., 2008). Quando as condições ambientais não estão dentro do limite

adequado, que é caracterizado pelazona de termoneutralidade, o ambiente

torna-se desconfortável. O desenvolvimento do pintinho em condições

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ambientais de termoneutralidade, em particular na primeira semana de idade, é

condição relevante para o desenvolvimento futuro do animal (CAMPOS et al.,

2013).

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CAPITULO II

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa é qualitativa de cunho bibliográfica e estudo de caso.

A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de

dados e o pesquisador como seu principal instrumento. Segundo BOGDAN E

BIKLEN (1982), “a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado, do

pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de

regra através do trabalho intensivo de campo.” A justificativa para que o

pesquisador mantenha um contato estreito e direto com a situação onde os

fenômenos ocorrem naturalmente é a de que estes são muito influenciados

pelo seu contexto.

A pesquisa qualitativa de acordo com Marconi e Lakatos (2005, p.183) é

utilizada para “todas as técnicas de classificar com precisão aqueles dados

sociais aos quais o pesquisador não deu com antecedência uma ordem”.

Os dados coletados são predominantemente descritivos. O material

obtido nessas pesquisas é rico em descrições de pessoas, situações,

acontecimentos; inclui transcrições de entrevistas e de depoimentos,

fotografias, desenhos. Todos os dados da realidade são considerados

importantes.

A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. O

interesse do pesquisador ao estudar um determinado problema é verificar

como ele e manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações

cotidianas.

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A análise dos dados na pesquisa qualitativa tende a seguir um processo

indutivo. Os pesquisadores não se preocupam em buscar evidências que

comprovem hipóteses definidas antes do início dos estudos. O fato de não

existirem hipóteses ou questões específicas formuladas a priori não implica a

inexistência de um quadro teórico que oriente a coleta e a análise dos dados. O

desenvolvimento do estudo aproxima-se a um funil; no início há questões ou

focos de interesse muito amplos, que no final se tornam mais diretos e

específicos. O pesquisador vai precisando melhor esses focos à medida que o

estudo se desenvolve.

A pesquisa do estudo de caso foi realizada através de consulta a

julgados e laudos de periciais contra concessionários de energia a respeito de

falta de energia em aviários, resultando em mortes de aves.

Neste caso, a pesquisa também envolveu levantamento bibliográfico,

onde utilizou-se livros didáticos, revistas, artigos, e demais informações sobre o

tema. Para Gil (1995, p.53):

A pesquisa bibliográfica é uma etapa fundamental em todo trabalho científico que influenciará todas as etapas de uma pesquisa, na medida em que der o embasamento teórico em que se baseará o trabalho. Consistem no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa. É imprescindível, portanto, antes de todo e qualquer trabalho científico fazer uma pesquisa bibliográfica exaustiva sobre o tema em questão, e não começar a coleta de dados e depois fazer a revisão de literatura, como algumas vezes se observa em alguns profissionais.

A principal forma de coleta de referências foi inicialmente a pesquisa

bibliográfica em livros e sites especializados como o Scielo, artigos e revistas

on line, google acadêmico, sites e jurisprudência. Inicialmente para a revisão

literária procurou-se e baixou-se artigos contendo as palavras: estresse

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calórico, mortalidade de aves, pericia ambiental, aquecimento dos aviários,

medicina veterinária legal, indenização por danos materiais.

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CAPÍTULO III

3 APRESENTAÇÃO DOS ESTUDOS DE CASO

Este capítulo destaca inicialmente a perícia ambiental e após apresenta

a nível de exemplo alguns casos de cobrança de indenização por danos

materiais de agricultores que perderam aves devido a queda de luz e entraram

com processo contra a concessionária fornecedora de energia.

3.1 PERÍCIA AMBIENTAL

A perícia ambiental é um importante instrumento para a preservação do

meio ambiente e destina-se à avaliação dos danos ambientais, causados por

ação de pessoa, seja ela física ou jurídica, de direito público ou privado, que

venham a resultar na degradação da qualidade ambiental, disciplinada nos

artigos 420 a 439 da Seção VII – Da Prova Pericial (cap., VI – Das provas), no

Código de Processo Civil (CPC). Está, também, disciplinada no art.19 e

parágrafo único da Lei n. 9.605/98.

3.2 DANOS AMBIENTAIS

A Constituição Federal ordena através do art. 225 “o direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, pois o mesmo é de uso comum a todos,

e necessário para se ter uma sadia qualidade de vida,” (ALVES JUNIOR, 2001,

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p.1), a vista disso, todo cidadão tem como dever de preservar este ambiente

tanto para a geração presente como para as gerações que virão.

Para JOSÉ AFONSO DA SILVA, “meio ambiente é a integração do

conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o

desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas.”(SILVA, 2003,

p.2).

No direito brasileiro, a Lei 6.938/81(Política Nacional do Meio Ambiente)

considera o meio ambiente “O conjunto de condições, leis, influências, e

interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a

vida em todas as suas formas”.

A qualidade do meio ambiente é responsabilidade de todos, bem como

uso comum a se ter uma qualidade de vida aceitável, da mesma forma que os

poderes públicos não pode deixar de contribuir decisivamente para a

permanente melhoria do meio ambiente.

3.3 REPARAÇÃO DE DANOS

Os danos na responsabilidade civil são de natureza material ou moral.

Os primeiros atingem um valor econômico plenamente identificável, a exemplo

de um bem patrimonial ou de uma fonte de renda, podendo ser caracterizados

pela forma de danos emergentes ou lucros cessantes Já os segundos se

caracterizam pela intransferibilidade e subjetividade, como a honra e a

dignidade da pessoa humana, tendo naturalmente uma difícil aquilatação.

(SILVA, 2003).

A responsabilidade objetiva esta é “[...] baseada na culpa presumida, ou

seja, não se exige provas da culpa do agente, a responsabilidade se funda no

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risco corrido e a consequência é a responsabilidade e posterior indenização”

(GONÇALVES, 2003, p. 21).

Conforme a versão de DINIZ (2009, p.123):

A teoria da responsabilidade objetiva não pode, portanto, ser admitida como regra geral, mas somente nos casos contemplados em lei ou sob o do novo aspecto enfocado pelo novo código. Levemos em conta, por outro lado, que a responsabilidade civil é matéria viva e dinâmica na jurisprudência. A cada momento estão sendo criadas novas teses jurídicas como decorrência das necessidades sociais. Os novos trabalhos doutrinários da nova geração de juristas europeus são prova cabal dessa afirmação.

“O evento é uma finalidade material da existência do direito, sendo um

fenômeno compreensível, que emana de uma atividade humana ou da

natureza, atuando sob o mundo exterior.” (SALOMÃO, 2006).

Para VENOSA, “a teoria da responsabilidade objetiva, não pode ser

admitida como regra geral, mas somente nos casos contemplados em lei ou

sob o novo aspecto enfocado pelo Código de 2002” (VENOSA, 2004, p.13). É

preciso considerar que a responsabilidade civil é matéria viva e dinâmica na

jurisprudência. Segundo VENOSA,

A cada momento estão sendo criadas novas teses jurídicas como decorrência das necessidades sociais. Os novos trabalhos doutrinários da nova geração de juristas são a prova cabal dessa afirmação. A admissão expressa da indenização por dano moral na Constituição de 1988 é tema que alargou os decisórios, o que sobreleva a importância da constante consulta à jurisprudência nesse tema, sobretudo do Superior Tribunal de Justiça, encarregado de uniformizar a aplicação das leis (VENOSA, 2004, p.13).

Contudo, independente de culpa, seja ela, subjetiva ou objetiva o agente

que sofreu o dano deve ser indenizado, seja este dano moral ou material.

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3.4 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO – PROCESSO N. 003101-

39/2011

A ação de indenização por perdas e danos ambientais movida por

Laudecir de Paris (avicultor) residente na localidade Linha Palmirinha, no

município de Itapejara do Oeste – PR, contra a Copel, alegando que no dia 26

de janeiro de 2011, por volta das 16h00 houve uma queda de energia elétrica

na propriedade do Requerente, que durou aproximadamente duas horas e

trinta minutos. A interrupção do fornecimento de energia foi realizada sem a

devida prévia comunicação, tendo surpreendido o Requerente, que

imediatamente telefonou à Copel, solicitando imediata regularização,

registrando a ocorrência junto à empresa (JURISPRUDÊNCIA, folha 02).

Porém, apesar de vários telefonemas, infelizmente a Copel não tomou

qualquer providência, somente vindo a restaurar o fornecimento de energia

elétrica por volta das 18h e 30 minutos, quando já grande parte da criação de

frangos do Requerente estava morta, devido ao excesso de calor, ocasionado

pelo desligamento dos ventiladores que resfriam o ar nos aviários.

Sobre o assunto, tem-se os ensinamentos de Venosa (2004, p.206):

Os danos projetados nos consumidores, decorrente da atividade do fornecedor de produtos e serviços, devem ser cabalmente indenizados. NO nosso sistema foi adotado a responsabilidade objetiva no campo do consumidor, sem que haja limites para a indenização. Ao contrário do que ocorre em outros setores, no campo da indenização aos consumidores não existe limitação tarefada.

Trata-se, portanto, de responsabilidade objetiva do fornecedor pelos

danos causados ao consumidor pelo serviço defeituoso, sejam estes de ordem

material ou moral. Essa falha na prestação do serviço ocorre devido a não

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observância do dever de cuidado.

Assim, pode-se pautar na doutrina e também no legislador pátrio, que

inferem a responsabilização objetiva nas relações de consumo, eis que, na

maioria das vezes, como no caso em questão, a relação é de hipossuficiência

do consumidor em comparação ao fornecedor.

A teoria objetiva não exige a comprovação da culpa, e atualmente tem

sido subdividida em pura e impura.

Um exemplo da jurisprudência em relação a teoria objetiva:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO POR DANO AMBIENTAL. PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. SANÇÃO ADMINISTRATIVA. LEGISLAÇÃO FEDERAL. LEGALIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. O meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito de todos, protegido pela Constituição Federal, cujo art. 225 o considera bem de uso comum do povo. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos. Auto de Infração que demonstra suficientemente o cometimento da degradação ambiental pelo vazamento de óleo vegetal nas águas de rios e riachos provocando danos ao ecossistema, sujeitando o infrator ao pagamento da multa. Causador do dano devidamente notificado para apresentação de defesa, que foi efetivamente exercida. Responsabilidade objetiva do causador do dano ao meio ambiente (art. 14 da Lei n.º 6.938/1981). Inexistência de ilegalidade na apuração e aplicação da pena administrativa. Multa aplicada com base no art. 72, inciso 'II', da Lei Federal n.º 9.605/1998, atendidas as condicionantes do art. 6.º, gravidade do fato e suas conseqüências para a saúde e para o meio ambiente (inciso I) e situação econômica do infrator (inciso III). Apelação provida. (Apelação Cível Nº 70033078452, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio Heinz, Julgado em 09/12/2009)

A doutrina segundo MILARÉ (2004) destaca que:

No âmbito do Direito Ambiental, pelas razões apontadas, não se poderia mesmo cogitar da adoção, pura e simples, da responsabilidade civil concebida apenas com base no elemento subjetivo da culpa, ante a constatação de que o fundamento dessa teoria deixou de atender às exigências e às necessidades das sociedades modernas, relegando a vítima, no mais das vezes, ao completo desamparo. (MILARÉ, 2004, p.826).

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Nesse sentido, Abreu (1998) destaca que os animais homeotérmicos

necessitam manter a temperatura corporal constante preservando o balanço

dinâmico entre o metabolismo de produção de calor e de perda de calor para o

ambiente. Na ave de corte, a produção de calor é afetada positivamente pelo

peso corporal, idade, consumo de ração, qualidade da ração, nível de atividade

entre outros. Características da ave que afetam a perda de calor incluem

cobertura de penas, tamanho de barbela e outras partes expostas do corpo e

postura do animal. Entre os fatores que tem maior influência na termoregulação

estão incluídos características da instalação, isolamento, sistemas de

ventilação, temperatura e umidade relativa do ar, e densidade de alojamento

(ABREU, 1998).

Borges et al (2003) também consideram que durante os períodos

quentes do ano a produtividade das aves é afetada a taxa de mortalidade é

consideravelmente alta. Quando a temperatura ambiente atinge valores

elevados de 36ºC a 40ºC é possível de ocorrer morte total das aves. Como os

aviários são totalmente dependentes de energia elétrica caso ocorra uma falha

no abastecimento pode ser fatal para as aves.

A indenização por dano moral, como registra a boa doutrina e a

jurisprudência, há de ser fixada tendo em vista dois pressupostos

fundamentais, a saber: a proporcionalidade e razoabilidade. Tudo isso se dá

em face do dano sofrido pela parte ofendida, de forma a assegurar-se a

reparação pelos danos morais experimentados, bem como a observância do

caráter sancionatório e inibidor da condenação, o que implica o adequado

exame das circunstâncias do caso, da capacidade econômica do ofensor e a

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exemplaridade - como efeito pedagógico - que há de decorrer da condenação.

Vejamos, a propósito, o que ensina o mestre Venosa (2004, p.206) em

sua obra sobre responsabilidade civil:

Os danos projetados nos consumidores, decorrentes da atividade do fornecedor de produtos e serviços, devem ser cabalmente indenizados. No nosso sistema foi adotada a responsabilidade objetiva no campo do consumidor, sem que haja limites para a indenização. Ao contrário do que ocorre em outros setores, no campo da indenização aos consumidores não existe limitação tarifada.

Nas palavras do emérito Desembargador Sérgio Cavalieri Filho (2012, p.89):

...o dano moral não está necessariamente vinculado a alguma reação psíquica da vítima. Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana se, dor, sofrimento, vexame, assim como pode haver dor, sofrimento, vexame sem violação da dignidade....a reação química da vítima só pode ser considerada dano moral quando tiver por causa uma agressão à sua dignidade.

A reparação do dano moral não visa, portanto, reparar a dor no sentido

literal, mas sim, aquilatar um valor compensatório que amenize o sofrimento

provocado por aquele dano, sendo a prestação de natureza meramente

satisfatória. Assim, no caso em comento, clarividente se mostra a ofensa a

direitos extrapatrimoniais, haja vista toda a angústia e transtorno que o(a)

requerente e sua família vêm sofrendo.

No ano de 2007 a A 3ª Câmara de Direito Público do TJ confirmou

sentença da Comarca de Seara que condenou as Centrais Elétricas de Santa

Catarina (Celesc) ao pagamento de indenização por dano material no valor de

R$ 3,1 mil ao avicultor Artur Scheuble, pela morte de mais de 2.200 frangos

causada pela queda de energia no local (TJSC, 2007).

O avicultor possuía parceria com a Seara Alimentos S.A. para criar

filhotes de frango e devolvê-los na idade adulta. Em janeiro de 2003, faltou

energia elétrica na região por nove horas, o que acarretou a morte dos frangos.

Scheuble ingressou com ação indenizatória por dano material contra a Celesc,

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que contestou sob alegação da ausência de comprovação documental do

ocorrido. Em audiência de conciliação, não houve acordo entre as partes. Em

primeira instância, o juiz determinou à concessionária de energia elétrica o

pagamento de R$ 3,1 mil a título de indenização pelos prejuízos causados ao

avicultor. A Celesc apelou ao TJ para requerer a reforma da sentença. De

acordo com o relator do processo, desembargador Cesar Abreu, a mortalidade

das aves restou comprovada nos autos por meio do boletim de ocorrência,

fotos e depoimentos. Além disso, a Seara apresentou laudo da quantidade de

aves entregues e recebidas pelo avicultor, suficiente para apurar os valores

relativos ao dano material sofrido. “Desta forma, mantém-se a sentença (da

Comarca de Seara). A decisão foi unânime (TJSC, 2007).

Em outro julgado no Rio Grande do Sul:

RECURSO INOMINADO. REPARAÇÃO DE DANOS. INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. AVICULTURA. MORTE DE FRANGOS OCASIONADA PELA OSCILAÇÃO DA TEMPERATURA. PEDIDO AMPARADO POR LAUDO TÉCNICO FORNECIDO POR TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA, REGISTRADO NO CREA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA CONCESSIONÁRIA DECORRENTE DA INEFICIÊNCIA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. ART. 37 § 6º DA CF. DEVER DE REPARAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. (TJRS. Recurso Cível Nº 71004840542, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto José Ludwig, Julgado em 11/07/2014)

No julgado acima, em atenção às razões recursais, convém acrescentar

as seguintes considerações. A responsabilidade da empresa ré é objetiva,

independente, pois, de comprovação de culpa, na forma do art. 14 do Código

de Defesa do Consumidor. Assim, a recorrente responde pelos danos

causados aos seus usuários, salvo se demonstrar a ocorrência de fato de

terceiro ou culpa exclusiva do consumidor, o que aqui não se verificou.

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No Estado de Santa Catarina no ano de 2009 a jurisprudência deu

ganho de causa a avicultor que perdeu boa partes de sua criação devido a um

desligamento pela concessionária, conforme a seguir:

A 1ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça, em decisão unânime, confirmou sentença da Comarca de Itá que condenou as Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. Celesc ao pagamento de indenização por danos materiais no valor de R$ 3,7 mil ao avicultor Otávio Valcarenghi. Segundo os autos, Otávio é criador de aves e ,em 18 de fevereiro de 2009, em virtude de desligamento pela empresa concessionária da rede de energia elétrica por mais de quatro horas, perdeu 1,4 mil frangos. O avicultor alegou que fez vários chamados para ter o serviço restabelecido, mas quando finalmente localizou os técnicos da empresa, sua aves já estavam mortas(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA, 2009).

Segundo o avicultor afirmou o desligamento atingiu local enganado e

não foi precedido de nenhum aviso. Condenada em 1º Grau, a Celesc apelou

ao TJ. Sustentou que a interrupção do serviço foi emergencial e que o avicultor

agiu com culpa, pois alojou no criadouro mais aves do que o recomendável e,

não bastasse, não contava com fonte alternativa de eletricidade.

Para o relator do processo, desembargador Vanderlei Romer, o

documento confeccionado pelo Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária

aponta a alta mortalidade de frangos no aviário, sem sintomas de doenças, na

data em que foi relatada a queda da energia elétrica.

Além disso, é nítido que a interrupção da energia elétrica pelo período

ininterrupto de mais de quatro horas, sem prévio comunicado pela empresa

concessionária, foi a causa dos danos (...) que não pôde ligar os equipamentos

destinados a manter resfriado o ambiente, o que importou na incrível

mortandade dos frangos, sabidamente sensíveis, finalizou o magistrado.

A empresa alimentícia Sadia ajuizou a ação contra a Cemig pleiteando

indenização por danos materiais e lucros cessantes sob o argumento de que

no dia 30 de novembro de 2006 houve falta de energia elétrica na granja de um

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dos seus parceiros por 535 minutos (período superior a oito horas). Essa queda

teria provocado a desativação do sistema de climatização - nebulização e

exaustão - causando a morte das aves.

A Sadia explicou, nos autos, que realiza um contrato de parceria com

granjeiros. Segundo ela, os pintinhos são levados para as granjas, onde

crescem e ganham peso antes de serem destinados ao mercado. Nesse caso

específico, em 19 de outubro de 2006, foram enviados ao parceiro 12,5 mil

aves com idade de um dia. O custo de cada uma era de R$ 0,35 totalizando R$

4.375. A Sadia forneceu ainda vacinas, medicamentos e ração. Com a queda

de energia, morreram 6,5 mil aves, com peso médio de 3,5kg, totalizando

2.280kg, o que a levou a pleitear os seguintes valores: R$ 39.783,17 relativos

aos danos emergentes e R$ 84.886,80 referentes aos lucros cessantes.

3.5 LAUDO PERICIAL E O PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO LEGAL

O Médico Veterinário exerce um papel de grande relevância na área de

produção animal, principalmente em países com fortes características

agropecuárias, como o Brasil. Neste contexto, seus conhecimentos de clínica

médica veterinária, associados aos de nutrição, manejo de pastagens,

administração, higiene e inspeção de alimentos de origem animal, permitem

que ele atue não só na produção de proteína animal para o abastecimento do

mercado interno e externo, mas também no planejamento e execução das

atividades relacionadas à defesa sanitária animal.

Em relação a atuação deste profissional na vigilância ambiental, Torres

(2003) considera que o Médico Veterinário tem conhecimentos gerais sobre as

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ciências do ambiente, aprendidos em seus estudos de ecologia. No entanto,

para ocupar seu espaço dentro da Vigilância Ambiental, este profissional deve

dominar outros assuntos relativos ao meio ambiente, como as relações

ambiente-enfermidade, as interferências das atividades agropecuárias sobre o

ambiente e os modelos de avaliação de estudos de impacto ambiental. Além

disto, deve conhecer a tecnologia básica para a proteção e saneamento

ambiental (TORRES, 2003).

O conhecimento das condições ambientais, locais ou regionais e das

atividades socioeconômicas é de extrema importância para a escolha das

medidas adequadas de prevenção e eliminação dos riscos gerados pelos

agravos desencadeados pela interferência do homem no meio ambiente

(MACIEL et al. 1998).

A Medicina Veterinária Legal pode ser conceituada como o ramo da

Medicina Veterinária que faz a ligação e a aplicação dos conhecimentos

técnicos médicos veterinários às questões judiciais e aos aspectos legais do

exercício profissional. Envolve a atuação do médico veterinário como perito,

assistente técnico, consultor ou auditor (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

MEDICINA LEGAL, 2014).

Como perito, o médico veterinário legal aplicará os seus conhecimentos

técnico-científicos em procedimentos judiciais e extrajudiciais, elaborando

laudos, informações e pareceres em relação a animais e produtos de origem

animal, visando o estabelecimento da justiça. Algumas das áreas de atuação

do perito médico veterinários são meio-ambiente, alimentos, maus tratos,

clínica, patologia, avaliação de rebanhos, seguro animal, saúde pública, bem

estar e proteção animal.

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O amparo legal para a atuação do perito está na Lei 5.5l7/68, que dispõe

sobre o exercício da profissão de Médico Veterinário, elencando suas

competências no artigo 5º:

É da competência privativa do médico veterinário o exercício das seguintes atividades e funções a cargo da União, dos Estados, dos Municípios, dos Territórios Federais, entidades autárquicas, paraestatais e de economia mista e particulares; g) a peritagem sobre animais, identificação, defeitos, vícios, doenças, acidentes, e exames técnicos em questões judiciais; h) as perícias, os exames e as pesquisas reveladores de fraudes ou operação dolosa nos animais inscritos nas competições desportivas ou nas exposições pecuárias. Art. 6º Constitui, ainda, competência do médico veterinário o exercício de atividades ou funções públicas e particulares, relacionadas com: c) a avaliação a peritagem relativas aos animais para fins administrativos de créditos e de seguro; g) os exames periciais tecnológicos e sanitários dos subprodutos da indústria animal (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA LEGAL, 2014).

O Código de Ética do Médico Veterinário, em seu Capítulo XII, prevê

ainda expressamente algumas obrigações do médico veterinário na função de

perito como no Art 28 em que “ O médico veterinário na função de perito deve

guardar segredo profissional (...)”.

Também tem amparo legal na Constituição Federal de 1988 artigo 225 §

1º inciso VII “Incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na

forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,

provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais à crueldade”.

Na Lei de Crimes Ambientais nº 9605/98, artigo 29 “matar, perseguir,

caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota

migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade

competente, ou em desacordo com a obtida. Pena – detenção de 6 meses a 1

ano, e multa.

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No Código Civil de 2002, Lei 10.406/janeiro de 2003, artigo 936, “o dono,

ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa

da vítima ou força maior”.

A vista do julgado apresentado no item anterior a Requerida

Companhia Paranaense de Energia – COPEL, solicitou ao perito veterinário

que realizasse um laudo na propriedade do requerente o sr. Laudecir de Paris,

avicultor.

O sr. Laudecir possui dois aviários na sua propriedade com capacidade

máxima de alojamento para 15.000 aves adultas por aviário. Possui o Sistema

de Integração com a empresa Frango Seva.

O perito identificou que na data de 26/01/2011 período em que ocorreu o

sinistro, os dois aviários possuíam aves alojadas.

Os aviários possuem sistema de climatização automatizado, e o

aquecimento é feito a lenha e para refrigeração é utilizado exaustor com

pressão negativa que também é automatizado e funciona com energia elétrica,

liga conforme a temperatura estipulada pelo produtor que segue um padrão de

temperatura de acordo com o sexo do lote de aves em desenvolvimento no

aviário, as temperaturas a serem seguidas são fornecidas por técnico

responsável da integradora de aves e seguem um padrão previamente

determinado.

A maior causa de morte das aves segundo respondeu o avicultor é o

stress térmico, excesso de calor por mais de 15 minutos em um dia muito

quente. E considerando o lote sinistrado, poderiam as aves suportar no máximo

15 minutos sem controle de temperatura. A data de 26 de janeiro de 2011, em

que ocorreu o sinistro foi registrada temperatura de 31ºC, com umidade relativa

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do ar de 46% por volta de 15 horas, sendo considerado o dia mais quente do

mês de janeiro (ESTAÇÃO METEREOLÓGICA DO IAPAR, PATO BRANCO,

PR). Sendo que a temperatura ambiente para a criação de frangos passa por

alterações no decorrer do desenvolvimento do lote, sendo que quando pesam

menos (pintainhos) no inicio da engorda necessitam de maior temperatura

ambiente para se aquecer, e conforme ganham peso diminuem a necessidade

de calor, no inicio do lote a temperatura é de 32ºC e no final do lote, aos 45

dias segue baixando até 20ºC. (LUCINI, 2014).

Ao final do laudo pericial concluiu-se que a causa mortis dos pintainhos

foram de “estresse calórico”, devido a falta de energia elétrica por falha

distribuição da rede de eletricidade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste estudo que teve como principal objetivo apresentar um

estudo sobre o Estresse Calórico na avicultura.

Devido ao aquecimento dos aviários conclui-se que o estresse devido ao

calor se produz quando existem temperaturas ambientais acima da zona de

termoneutralidade das aves e se intensifica na presença de alta umidade

relativa e ausência de movimento do ar. Fisiologicamente as aves respondem

ao estresse calórico aumentando os mecanismos de dissipação de calor e

diminuindo a produção de calor metabólico. Durante os períodos quentes o

estresse térmico depende grandemente da ave. Isto é, idade e tamanho,

estágio produtivo e das instalações. Entretanto, a resposta ao estresse térmico

varia de formas específicas entre esses diferentes grupos.

Um dos objetivos específicos deste estudo analisou os efeitos das altas

temperaturas para as aves identificando-se que a temperatura e a umidade

relativa altas fazem com que a ave não consiga respirar suficientemente rápido

para remover todo calor que precisa dissipar de seu corpo. Consequentemente,

com a umidade relativa muito alta, a ave não suporta a mesma temperatura

ambiental, afetando o intercâmbio térmico, e a temperatura corporal pode

elevar-se, ocorrendo a prostração e morte, quando a temperatura ambiental

alcançar 47 °C, que é o limite máximo fisiológico vital da ave. Isto é mais

preocupante à medida que a ave se desenvolve, especialmente nas linhagens

mais pesadas, pois a área superficial necessária para a dissipação de calor

diminui proporcionalmente com a idade e com o seu peso corporal.

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O estudo de caso apresentou um julgado em que um avicultor propôs

junto a 2º Comarca de Pato Branco uma Ação de Indenização por perdas e

danos materiais em face da Copel ter feito um desligamento de energia durante

duas horas e meia e não comunicou com antecedência, e esse desligamento

provocou a morte das aves. Após uma perícia realizada constatou-se que a

falta de luz foi a causa da morte dos pintainhos.

Assim, pode-se concluir ao final deste estudo que devido ao grande

prejuízo econômico que o estresse térmico causa à avicultura proporcionando

maiores taxas de mortalidades, verifica-se que alta conversão alimentar e

queda na produção e na qualidade da carne, há muita literatura disponível com

o intuito de orientar sobre essa falha de manejo.

Durante os períodos quentes do ano a produtividade das aves é afetada

e a taxa de mortalidade é consideravelmente alta. Quando a temperatura

ambiente atinge valores elevados de 36ºC a 40ºC é possível de ocorrer morte

total das aves. Como os aviários são totalmente dependentes de energia

elétrica caso ocorra uma falha no abastecimento pode ser fatal para as aves.

O estresse térmico causa grande prejuízo na avicultura comercial,

elevando os custos da produção com equipamentos e instalações, além de

proporcionar maior ocorrência de patologias devido à queda da imunidade

podendo ocasionar consequentemente alta mortalidade.

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REFERÊNCIAS

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