síndrome metabólica -...

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Bruna Silva Fernandes da Costa Farmacêutica Clínica pelo Instituto do Coração - HCFMUSP Especialista em Cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo Especializanda em Gestão Pública pela Universidade Aberta do SUS e Doutoranda em Ciências Médicas pela FMUSP Síndrome Metabólica

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Bruna Silva Fernandes da Costa

Farmacêutica Clínica pelo Instituto do Coração - HCFMUSP

Especialista em Cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo

Especializanda em Gestão Pública pela Universidade Aberta do SUS e

Doutoranda em Ciências Médicas pela FMUSP

Síndrome Metabólica

SÍNDROME METABÓLICA - Conceito

A Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo,

sendo representado por um conjunto de fatores de riscos

cardiovasculares geralmente relacionados á deposição central

de gordura e a resistência a insulina. A SM associada a

doença cardiovascular existente, aumenta a mortalidade geral

em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em torno de 2,5

vezes.

SÍNDROME METABÓLICA - Conceito

I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica

Arq Bras Cardiol 2006; 84(1 supl.1): 1-27

Conjunto de várias outras doenças classicamente bem

definidas que não apresentam sintomas característicos.

SÍNDROME METABÓLICA - Conceito

Traz comorbidades e múltiplas consequências como

resposta.

Fisiopatologia da Síndrome Metabólica

SÍNDROME METABÓLICA - Fisiopatologia

Obesidade visceral ou central;

Hipersensibilidade aos glicocorticóides;

Elevados níveis plasmáticos de glicose que induzem o

pâncreas a liberar excesso de insulina (hiperinsulinemia);

Aumento da secreção de angiotensina;

SÍNDROME METABÓLICA - Fisiopatologia

Aumento da secreção de interleucina-6 (IL-6), citocina

inflamatória.

Aumento de triglicerídeos (TG) que pode comprometer a

viscosidade sanguínea, aumentando o risco cardiovascular;

Redução do colesterol HDL, fundamental para realizar o

transporte reverso do colesterol e que apresenta também

efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e vasodilatadores

(aumenta a síntese de óxido nítrico).

Epidemiologia da Síndrome Metabólica

SÍNDROME METABÓLICA - Epidemiologia

Prevalência da Síndrome Metabólica em 8814 americanos.

Prevalência Mundial da Síndrome Metabólica

SÍNDROME METABÓLICA - Epidemiologia

Nível de proteína C reativa x componentes da síndrome metabólica

SÍNDROME METABÓLICA - Epidemiologia

Níveis circulantes de adiponectina e doença arterial coronariana

SÍNDROME METABÓLICA - Epidemiologia

Diagnóstico da Síndrome Metabólica

SÍNDROME METABÓLICA - Diagnóstico

SÍNDROME METABÓLICA - Diagnóstico

Síndrome dos Ovários Policísticos

Acanthosis Nigricans

Doença Hepática Gordurosa não

Alcoólica

Microalbuminúria Estados Pró Trombóticos

Estados Pró Inflamatórios

Disfunção Endotelial

Hiperuricemia

Condições clínicas e fisiopatológicas frequentemente associadas

SÍNDROME METABÓLICA

Diagnóstico clínico e avaliação laboratorial

1. História Clínica

Idade, tabagismo, prática de atividade física, história

pregressa de hipertensão, diabetes/diabetes gestacional,

doença arterial coronariana, acidente vascular encefálico,

síndrome dos ovários policísticos (SOP), doença hepática

gordurosa não alcoólica, hiperuricemia, história familiar de

hipertensão, diabetes e doença cardiovascular, uso de

medicamentos hiperglicemiantes (corticosteroides,

betabloqueadores, diuréticos).

SÍNDROME METABÓLICA

Diagnóstico clínico e avaliação laboratorial

2. Exame Físico

Medida da circunferência abdominal;

Níveis de pressão arterial – devendo aferir duas medidas

da pressão por consulta, na posição sentada, após cinco

minutos de repouso;

Peso e estatura: IMC;

Exame de pele para pesquisa de acanthosis nigricans

(pescoço e dobras cutâneas);

Exame cardiovascular.

SÍNDROME METABÓLICA

Diagnóstico clínico e avaliação laboratorial

3. Exames Laboratoriais

Glicemia de jejum;

Dosagem do colesterol total e frações;

Entre outros exames complementares, conforme os

achados e evolução clínica do paciente.

SÍNDROME METABÓLICA

Critérios propostos para diagnóstico da síndrome metabólica

SÍNDROME METABÓLICA

Critérios propostos para diagnóstico da síndrome metabólica

WHO: Organização Mundial da Saúde;

EGIR: Grupo Europeu de Estudo da Resistência Insulínica;

NCEP ATP III: Programa Nacional de Educação em

Colesterol: Painel do Tratamento do Adulto III;

AACE: Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos;

IDF: Federação Internacional de Diabetes.

Tratamento da Síndrome Metabólica

SÍNDROME METABÓLICA

Objetivos do tratamento da síndrome metabólica:

Diminuir o risco de Doença Aterosclerótica;

Diminuir os riscos de doenças e complicações cardiovasculares;

Prevenir o aparecimento do Diabetes Mellitus;

SÍNDROME METABÓLICA

Prevenção Primária:

SÍNDROME METABÓLICA

Tratamento não Medicamentoso

Plano alimentar para a redução de peso

+

Exercícios físicos

Terapias de primeira escolha

SÍNDROME METABÓLICA

Tratamento não Medicamentoso

Circunferência abdominal e gordura visceral

P.A.

Glicose plasmática

Triglicerídeos

Sensibilidade a insulina

HDL

Objetivo terapêutico: controle de todos os riscos cardiovasculares

SÍNDROME METABÓLICA

Como prevenir as complicações da síndrome metabólica:

Tratamento da hipertensão;

Tratamento das dislipidemias;

Tratamento da obesidade;

Tratamento e prevenção do diabetes;

OBESIDADE

OBESIDADE DO MUNDO

OBESIDADE NO MUNDO

Divulgado em maio de 2012, o relatório “Estatísticas

Mundiais de Saúde 2012”, da Organização Mundial de Saúde

(OMS) afirma que a obesidade é a causa de morte de 2,8

milhões de pessoas por ano.

“Hoje,13% da população mundial é considerada obesa”.

Ties Boerma, Diretor do departamento de estatísticas da OMS.

OBESIDADE NO MUNDO

Um relatório de 2012, mostra que no continente americano

26% dos adultos são obesos, sendo a região com maior

incidência do problema.

No extremo oposto esta o Sudeste Asiático, com apenas

3% de obesos.

Ties Boerma, Diretor do departamento de estatísticas da OMS.

OBESIDADE NO MUNDO

Baseado em dados de 194 países, departamento de

estatística da OMS afirma que em todas as regiões do mundo

a obesidade duplicou entre 1980 e 2008.

Ties Boerma, Diretor do departamento de estatísticas da OMS.

OBESIDADE NO MUNDO

Os dados divulgados alertam, em síntese, para o aumento

das doenças não contagiosas ligadas á obesidade: diabetes,

hipertensão arterial, doenças cardiovasculares.

Elas representam 2/3 das mortes no mundo.

Ties Boerma, diretor do departamento de estatísticas da OMS.

OBESIDADE NO MUNDO

O excesso de peso e a obesidade são encontrados com

grande frequência, a partir de 5 anos de idade, em todos os

grupos de renda e em todas as regiões brasileiras.

Em 2009, uma em cada três crianças de 5 a 9 anos estava

acima do peso recomendado pela OMS.

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Ministério da Saúde.

OBESIDADE NO BRASIL

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Ministério da Saúde.

OBESIDADE NO BRASIL

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Ministério da Saúde.

OBESIDADE NO BRASIL

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Ministério da Saúde.

OBESIDADE NO BRASIL

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Ministério da Saúde.

Panorama Geral:

No Brasil mais de 65 milhões de pessoas, 40% da

população, esta com excesso de peso, enquanto 10 milhões

são considerados obesos. Os números avançam rapidamente

em todas as classes sociais.

OBESIDADE NO BRASIL

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Ministério da Saúde.

OBESIDADE NO BRASIL

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Ministério da Saúde.

Os obesos no Brasil, estão divididos nestas classes sociais.

Índice de Massa Corpórea (IMC)

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Ministério da Saúde.

O IMC, foi criado para uma melhor orientação das pessoas

sobre o seu peso em relação a sua altura, resumindo, se a

pessoa esta gorda ou magra.

IMC = peso / (altura * altura)

ou

IMC = peso / altura2

Tabela de IMC

Índice de Massa Corpórea (IMC)

Apesar da simplificação do cálculo do IMC, muitas

variáveis precisam ser levadas em consideração: idade,

sexo, histórico de crescimento, etnia e possíveis

doenças.

Índice de Massa Corpórea (IMC)

Existem tabelas de IMC definidas pela OMS para muitos

grupos diferentes, mas mesmo assim, apenas um médico

que acompanhou o histórico de crescimento e saúde

pode afirmar a sua (pessoa única no mundo) faixa de peso

ideal.

Índice de Massa Corpórea (IMC)

Todas as informações encontradas, mesmo sendo

fornecidas pela OMS, são apenas uma referência. Antes de

tomar qualquer decisão relacionada a saúde, uma equipe

multidisciplinar especialista deve ser consultada.

Além de problemas estéticos, a obesidade traz inúmeros problemas de saúde

OBESIDADE - Complicações

Com a finalidade de entender de forma mais

clara qual a relação entre a obesidade e as

complicações relacionadas a saúde, a

Comissão de Prevenção e Tratamento da

obesidade, tabulou por especialidades as

doenças causadas:

OBESIDADE – Problemas da Obesidade e Sobrepeso

OBESIDADE – Problemas da Obesidade e Sobrepeso

OBESIDADE – Problemas da Obesidade e Sobrepeso

OBESIDADE – Problemas da Obesidade e Sobrepeso

OBESIDADE – Problemas da Obesidade e Sobrepeso

OBESIDADE – Problemas da Obesidade e Sobrepeso

OBESIDADE – Problemas da Obesidade e Sobrepeso

OBESIDADE – Problemas da Obesidade e Sobrepeso

OBESIDADE – Principais Causas

OBESIDADE – Tratamento

A obesidade é uma doença e deve ser tratada com tal.

Os profissionais médicos, farmacêuticos, nutricionistas,

fisioterapeutas, psicólogos, assistente social, enfermeiros,

terapeutas ocupacionais devem estar envolvidos com o

tratamento de seus pacientes, alertando-os e tratando-os

com apoio, determinação e respeito.

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

(HAS)

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição

clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e

sustentados de pressão arterial (PA).

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA - CONCEITO

VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão

Arq Bras Cardiol 2016; 95(1 supl.1): 1-51

Esta associada frequentemente a alterações funcionais

e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e

vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com

consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares

fatais e não fatais.

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA - CONCEITO

VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão

Arq Bras Cardiol 2016; 95(1 supl.1): 1-51

➢ Problema importante de saúde pública;

➢ Prevalência vem aumentando;

➢ Uma pessoa com pressão normal aos 55 anos tem 90% de

chances de desenvolver hipertensão;

➢ Existe uma correlação positiva entre o risco de doença

cardiovascular e a hipertensão;

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

Araraquara1990

S.Paulo1990

Piracicaba1991

P.Alegre1994

Cotia1997

Catanduva2001

% 43

22

3326

44

32

0

20

40

60

80

100

Estudos populacionais para PA >140/90mmHg

PREVALÊNCIA DE HAS

Sociedade Brasileira de Hipertensão

Prevalência de HAS no Brasil

➢ Idade;

➢ Gênero;

➢ Etnia;

➢ Obesidade;

➢ Ingesta de sal;

FATORES DE RISCO PARA HAS

FATORES DE RISCO PARA HAS

➢ Sedentarismo;

➢ Genética;

➢ Ingesta de álcool;

➢ Outros fatores de risco para doenças

cardiovasculares;

➢ Fatores socioeconômicos;

Prejuízo as vasos sanguíneos:

➢ Renais;

➢ Cerebrais;

➢ Cardíacos;

❖ Insuficiência Cardíaca Congestiva;

❖ Insuficiência Coronariana;

❖ Insuficiência Renal;

❖ Acidente Vascular Cerebral;

Consequências da HAS

Consequências da HAS

REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL

PA = DC x RVP

Fluxo

sanguíneo

Resistência a passagem

do sangue pelas

arteríolas pré capilares

Pressão arterial (PA) é mantida pela regulação contínua do:

Débito cardíaco e da resistência vascular periférica

➢ Regulação nervosa curto prazo): reflexo

barorreceptor, estimulação bulbo (comanda a

constrição e dilatação dos vasos).

➢ Bulbo – centro cardiorregulador (cardioacelerador e

cardioinibidor), aumentando ou reduzindo a

frequência quando necessário.

REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL

REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL

➢ Regulação humoral (médio prazo): regulação

exercida por substâncias como hormônios, íons, etc.

➢ Vasoconstritores: noradrenalina e adrenalina;

➢ Renina e angiotensina: a diminuição da pressão

arterial ou de sódio nos líquidos orgânicos pode

estimular a secreção de renina pelos rins.

REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL

➢ Regulação pelos rins (longo prazo): Quando a pressão

arterial está elevada, há um aumento da intensidade de

excreção de água e sódio pelos rins. Um aumento da

diurese provoca a perda acentuada de líquido

extracelular. Isso diminui o volume circulante de sangue

(volemia). Sempre que o volume de líquido extracelular

diminui, existe uma tendência para a redução da pressão

arterial.

Sistólica e Diastólica

Primária ou essencial: ocorre em 90-95% dos casos,

com maior probabilidade de ocorrer a partir dos 40

anos e esta associada aos fatores de risco.

Secundária: ocorre em 5-10%, sua causa pode ser por

uma patologia renovascular, feocromocitoma, apneia do

sono, entre outros.

CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO

Sistólica:

➢ Débito cardíaco aumentado;

➢ Insuficiência aórtica;

➢ Estados hipercinéticos;

➢ Fístulas arteriovenosas;

➢ Rigidez da aorta;

➢ Aterosclerose;

CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO

CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO

A pressão arterial é classificada de acordo com os níveis pressóricos

CLASSIFICAÇÃO PRESSÃO SISTÓLICA (mmHg) PRESSÃO DIASTÓLICA (mmHg)

ÓTIMA < 120 < 80

NORMAL < 130 < 85

PRÉ HIPERTENSÃO 130-139 85-89

HIPERTENSÃO ESTÁGIO I 140-159 90-99

HIPERTENSÃO ESTÁGIO II 160-179 100-109

HIPERTENSÃO ESTÁGIO III > OU IGUAL A 180 > OU IGUAL A 110

HIPERTENSÃO SISTÓLICA ISOLADA > OU IGUAL A 140 > OU IGUAL A 90

Marques, 2013.

• Ocorre geralmente em consulta de rotina;

• Após aferir em diferentes situações;

• Sempre observar (stress, dor, uso de cafeína, estimulantes...)

• Considerar a Síndrome do jaleco branco

Diagnóstico da HAS

Medida da pressão arterial

A HAS é diagnosticada pela detecção de níveis

elevados e sustentados de PA pela medida casual. A

medida da PA deve ser realizada em toda avaliação por

médicos de qualquer especialidade e demais profissionais

da saúde.

➢ MAPA - auto medida da PA

➢ MRPA - medida residencial da PA

Diagnóstico da HASMedidas da Pressão Arterial

Diagnóstico da HASMedidas da Pressão Arterial

Diagnóstico da HASMedidas da Pressão Arterial

Aferindo a Pressão Arterial na Prática

Aferindo a Pressão Arterial na Prática

Aferindo a Pressão Arterial na Prática

Aferindo a Pressão Arterial na Prática

Aferindo a Pressão Arterial na Prática

Aferindo a Pressão Arterial na Prática

Aferindo a Pressão Arterial na Prática

Aferindo a Pressão Arterial na Prática

❖ O diagnóstico é consequência dos achados de pressão arterial

sistematicamente acima dos valores de referência. A medida de PA

deve ser obrigatória em todo paciente no momento da consulta

médica, farmacêutica ou outras especialidades;

❖ Embora a HAS seja assintomática, alguns pacientes relatam:

palpitações, cefaléia, tonturas, diminuição da capacidade física e

escotomas;

Diagnóstico da HAS

Diagnóstico da HAS

❖ Devem ser considerados além dos valores de HAS, outros fatores

de risco cardiovasculares, determinando a presença de lesões em

órgãos alvos e identificando as comorbidades associadas;

❖ Essa abordagem deve ser realizada através de anamenese e

exame físico, associado a avaliação laboratorial: hematócrito,

glicose, potássio, cálcio, triglicerídeos, HDL e LDL colesterol, uréia e

creatinina, análise de urina e ECG.

Diagnóstico da HAS

❖ O diagnóstico da HAS primária, depende da exclusão de qualquer

doença que concorra para o aumento da pressão arterial com uma

de suas manifestações clínicas, incluindo nefropatias, hipertensão

renovascular e endocrinopatias;

❖ Pacientes que apresentem sistematicamente valores de pressão

arterial iguais ou superiores a 140/90 mmHg em pelo menos duas

medidas por consulta, em pelo menos duas ocasiões distintas,

deverão ser considerados hipertensos.

❖ Teste de esforço;

❖ Ultrassom renal/artérias renais;

❖ Tomografia renal/supra-renal;

❖ Arteriografia renal;

❖ Biópsia renal;

❖ Raio X de tórax;

❖ Renina plasmática;

❖ Catecolaminas urinárias;

❖ Cortisol;

Exames complementares

Não medicamentoso

Redução de peso: todos os pacientes com peso acima do ideal

(IMC), devem perder peso;

Consumo moderado de bebidas alcoólicas: não deve ultrapassar

30g para homens e 15g para mulheres (valor contido em 60 mL de

bebida destilada, 240 mL de vinho ou 720 mL de cerveja);

Atividade física: 30 minutos por dia na maioria dos dias de semana;

Tratamento da HAS

Tratamento da HASNão medicamentoso

Restrição de sal: a média de consumo de sal é em torno de 10g/dia

a 12g/dia. Aconselha-se um consumo não superior a 1Kg de sal ao

mês em uma família de cinco componentes adultos;

Suspensão do tabagismo: o tabagismo deve ser abolido;

Padrão alimentar ideal: o estudo DASH (Dietary Approachs to Stop

Hypertension), preconizou uma dieta com frutas, verduras,

derivados do leite desnatados, redução de gorduras saturadas e

colesterol;

Tratamento da HAS

Tratamento da HAS➢ Decisão para tratamento medicamentoso

Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial

Tratamento da HAS➢ Decisão para tratamento medicamentoso

Tratamento da HASPrincípios gerais para o tratamento medicamentoso:

➢ O medicamento deve ser eficaz por via oral;

➢ Deve ser bem tolerado;

➢ Administração do menor número possível de tomadas diárias

(dose única diária);

➢ Utilizar menores doses efetivas preconizadas para cada situação clínica,

podendo ser aumentada gradativamente e/ou associar a outro hipotensor de

classe farmacológica diferente (levando em conta que quanto maior a dose, maior

a possibilidade de efeitos indesejáveis);

➢ Instruir o paciente sobre a doença, sobre os efeitos colaterais dos

medicamentos utilizados e sobre a planificação e os objetivos terapêuticos;

➢ Considerar condições socioeconômicas;

Tratamento da HAS

Monoterapia Inicial

Diuréticos

Beta bloqueadores

IECA

Antagonistas de Ca++

Antagonistas da A-IIResposta Inadequada1. Aumentar a dose

2. Substituir a monoterapia

3. Adicionar segunda droga

Resposta InadequadaAdicionar terceira droga

DIURÉTICOS

Situações favoráveis à utilização dos DiuréticosPacientes idosos;

Pacientes da raça negra;

Pacientes obesos;

Relevância do baixo custo;

Ingestão elevada de sal;

Patologias renais com retenção de sódio;

Mecanismo Antihipertensivo➢ Reduzem as reservas corporais de sódio;

➢ Reduzem a volemia e débito cardíaco;

➢ A longo prazo, o débito normaliza;

➢ A longo prazo, reduzem a resistência vascular periférica;

DIURÉTICOS

Diuréticos Tiazídicos

➢ Hidroclorotiazida, Clortalidona

Mecanismo de açãoInibem o Co-transporte de Na+ e Cl- no túbulo contorcido distal;

Vantagens: baixo custo e efetivos e boa absorção por via oral;

DIURÉTICOS

Diuréticos de alça são reservados para situações de hipertensãoassociada a insuficiência renal com taxa de filtração glomerular abaixode 30 ml/min.

Diuréticos poupadores de potássio: apresentam pequena eficáciadiurética, mas, quando associados aos tiazídicos e aos diuréticos de alça,são úteis na prevenção e no tratamento de hipopotassemia.

Efeitos ColateraisHiponatremia, hipovolemia, hipocloremia, hipocalemia, alcalose

metabólica, hipotensão, hiperuricemia, hiperglicemia, hipofosfatemia, hiperlipidemia, desidratação

Medicamentos Posologia (mg)

Mínima Máxima tomadas/dia

Diuréticos

Tiazídicos

Clortalidona 12,5 25 1

Hidroclorotiazida 12,5 25 1

Indapamida 2,5 5 1

Indapamida SR** 1,5 5 1

Alça

Bumetamida 0,5 ** 1 - 2

Furosemida 20 ** 1 - 2

Piretanida 6 12 1

Poupadores de potássio

Amilorida* 2,5 10 1

Espironolactona 25 100 1- 2

Triantereno* 50 100 1

Diuréticos

Bloqueadores

dos

receptores 1

FC DC

Renina

RVP

Ang II

Aldosterona

RetençãoÁgua / sódio

VolumeSanguíneo

PA

-Bloqueadores

Situações que favorecem o uso dos beta-bloqueadores

Angina pectoris;Profilaxia pós-infarto;Ansiedade ou taquicardia coexistentes;Pacientes jovens;

Mecanismo Antihipertensivo

➢ Redução do débito cardíaco;➢ Reduz a produção de renina mediada pelos receptores b1;➢ Bloqueiam receptores b pré-sinápticos.

-Bloqueadores

Principais reações adversas em uso de -Bloqueadores:

➢ Broncoespasmo, bradicardia, distúrbios da condução atrioventricular,

vasoconstrição periférica, insônia, pesadelos, depressão psíquica, astenia e

disfunção sexual.

➢ Betabloqueadores de primeira e segunda geração podem acarretar também

intolerância à glicose, induzir ao aparecimento de novos casos de diabetes,

hipertrigliceridemia com elevação do LDL-colesterol e redução da fração HDL-

colesterol.

-Bloqueadores

Principais reações adversas em uso de -Bloqueadores:

➢ Os betabloqueadores de primeira e segunda geração são formalmente

contraindicados a pacientes com asma brônquica, DPOC e bloqueio

atrioventricular de segundo e terceiro graus.

-Bloqueadores

-Bloqueadores

Betabloqueadores dose dose posologia

min max tomadas/dia

mg mg

Atenolol 25 100 1 - 2

Bisoprolol 2,5 10 1 - 2

Carvedilol+ 12,5 50 1 - 2

Metoprolol 50 200 1 - 2

Nadolol 40 120 1

Nebivolol++ 5 10 1

Propranolol** 40/80 240/160 2 - 3/1 - 2

Pindolol 10 40 1 - 2

Fármacos Inibidores da ECA

Captopril, Enalapril, Lisinopril, Benazepril, Ramipril

Mecanismo Antihipertensivo: Reduzem a RVP

Situações favoráveis o uso dos IECA:

• Indivíduos brancos jovens;

• Estado de alto nível de renina;

• Dieta com baixo teor de sal;

• Hipertrofia ventricular esquerda;

• ICC;

• Diabetes (quando administrados a longo prazo, os IECAs

retardam o declínio da função renal em pacientes com

nefropatia diabética ou de outras etiologias).

Inibidores da ECA

Inibidores da ECA

Captopril, Enalapril, Lisinopril, Benazepril, Ramipril

Efeitos colaterais

Hipotensão, tosse seca, alterações do paladar,

hipercalemia ( mais comum em pacientes com insuficiência

renal e diabetes), neuroangioedema, erupções cutâneas

alérgicas, proteinúria.

Contra indicações

Estenose da artéria renal, distúrbio renal (↑Cr, piora a

função renal, ↓filtração glomerular), hipertensão da gravidez.

Inibidores da ECA

Inibidores da ECA dose dose posologia

min max

Benazepril 5 20 1

Captopril 25 150 2 - 3

Cilazapril 2,5 5 1

Delapril 15 30 1 - 2

Enalapril 5 40 1 - 2

Fosinopril 10 20 1

Lisinopril 5 20 1

Perindopril 4 8 1

Quinapril 10 20 1

Ramipril 2,5 10 1

Trandolapril 2 4 1

Losartan, Valsartan, Cadesartan, Irbesartan,Telmisartana

Mecanismo Antihipertensivo

➢ Bloqueio dos receptores AT1;

➢ Redução da RVP;

Especialmente utilizados em populações de alto risco cardiovascular

ou com comorbidades. São nefroprotetores no paciente com diabetes

melitus tipo 2 com nefropatia;

Situações favoráveis ao uso

Estado de alto nível de renina

Dieta com baixo teor de sal

Hipertrofia ventricular esquerda

ICC e DM

Bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II

Bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II

Efeitos Colaterais:

Hipotensão, alterações do paladar, hipercalemia ( mais

comum em pacientes com insuficiência renal e diabetes),

erupções cutâneas alérgicas, mais raras.

Contra-indicações: (iguais aos IECA, exceto pela tosse)

Estenose da artéria renal, distúrbio renal; hipertensão da

gravidez;

Bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II

Bloqueadores do receptor AT1

dose dose posologia

min max tomadas/dia

Candesartana 8 32 1

Irbersartana 150 300 1

Losartana 25 100 1

Olmesartana 20 40 1

Telmisartana 40 160 1

Valsartana 80 320 1

Bloqueadores dos Canais de Cálcio

O mecanismo de ação anti-hipertensiva decorre da

redução da resistência vascular periférica por diminuição da

concentração de cálcio nas células musculares lisas

vasculares.

Divididos em classes:

• Verapamil;

• Diidropiridinas (Nifedipina, nisoldipina, anlodipina,

Isradipina, nimodipina, nicardipina);

• Não Diidropiridinas (Diltiazen);

Bloqueadores dos Canais de Cálcio

Situações que favorecem o uso:

Negros, indivíduos brancos idosos, indivíduos fisicamente ativos,

ingestão elevada de sal, angina pectoris, doença de Raynaud associada.

Principais reações adversas:

Cefaleia, tontura, rubor facial - mais frequente com diidropiridínicos de

curta ação - e edema de extremidades, sobretudo maleolar. Esses efeitos

adversos são, em geral, dose-dependentes. Mais raramente, podem

induzir a hipertrofia gengival. Os diidropiridínicos de ação curta provocam

importante estimulação simpática reflexa, sabidamente deletéria para o

sistema cardiovascular. Verapamil e diltiazem podem provocar depressão

miocárdica e bloqueio atrioventricular. Obstipação intestinal é observada,

particularmente, com verapamil.

Bloqueadores dos Canais de Cálcio

dose dose posologia

min max tomadas/dia

FenilalquilaminasVerapamil Retard*** 120 480 1 - 2 Não DiidropiridinasDiltiazem (todos)

180 480 1 - 2 DiidropiridinasAnlodipino 2,5 10 1 Felodipino 5 20 1 - 2 Isradipina 2,5 20 2 Lacidipina 2 8 1 Lercarnidipino 10 30 1 Manidipino 10 20 1 Nifedipino Oros*** 30 60 1 Nifedipino Retard*** 20 60 2 - 3 Nisoldipino 5 40 1 - 2 Nitrendipino 10 40 2 - 3

Ação central :

Atuam estimulando os receptores alfa-2

adrenérgicos pré-sinápticos no sistema nervoso

central, reduzindo o tônus simpático, como fazem a

alfametildopa, a clonidina e o guanabenzo e/ou os

inibidores dos receptores imidazolidínicos. A

experiência favorável em relação à segurança do

binômio materno-fetal recomenda a alfametildopa

como agente de escolha para tratamento da

hipertensão das grávidas.

Inibidores adrenérgicos

Principais reações adversas: sonolência, sedação,

boca seca, fadiga, hipotensão postural e disfunção

sexual.

Alfametildopa pode provocar, ainda, embora com

pequena frequência, galactorreia, anemia hemolítica

e lesão hepática, sendo contraindicada se há

insuficiência hepática.

Clonidina, destaca-se pela hipertensão de rebote,

quando da suspensão brusca da medicação, e a

ocorrência mais acentuada de boca seca.

Inibidores adrenérgicos

Inibidores adrenérgicos

Ação central dose min dose max posologia

Alfametildopa 500 1.500 2 - 3

Clonidina 0,2 0,6 2 - 3

Guanabenzo 4 12 2 - 3

Moxonidina 0,2 0,6 1

Rilmenidina 1 2 1

Reserpina* 12,5 25 1 - 2

Vasodilatadores Diretos

Vasodilatadores diretos

dose min max posologia/dia

Hidralazina 50 150 2 - 3

Minoxidil 2,5 80 2 - 3

Mecanismo de ação: Atuam sobre a musculatura da parede vascular,

promovendo relaxamento muscular com consequente vasodilatação e redução da

resistência vascular periférica.

Principais reações adversas: Pela vasodilatação arterial direta, promovem

retenção hídrica e taquicardia reflexa, o que contraindica seu uso como

monoterapia.

Alfabloqueadores

dose min max posologia/dia

Doxazosina 1 16 1

Prazosina 1 20 2 - 3

Prazosina XL*** 4 8 1

Terazosina 1 20 1 - 2

Mecanismo de ação: Apresentam efeito hipotensor discreto a longo prazo como

monoterapia, devendo, portanto, ser associados com outros anti-hipertensivos. Podem

induzir ao aparecimento de tolerância, o que exige o uso de doses gradativamente

crescentes. Têm a vantagem de propiciar melhora discreta no metabolismo lipídico e

glicídico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostática benigna.

Principais reações adversas: Hipotensão postural, mais evidente com a primeira dose,

sobretudo se a dose inicial for alta, palpitações e, eventualmente, astenia.

Alfabloqueadores

Tratamento da HAS e a Abordagem Multiprofissional

Tratamento da HAS e a Abordagem Multiprofissional

➢ Promoção da atenção farmacêutica ao paciente (orientação individual ou

em grupo e acompanhamento individual do uso do medicamento

(acompanhamento farmacoterapêutico);

➢ Participação em comitês para seleção e padronização de medicamentos;

➢ Gerenciamento de estoque, armazenamento correto e dispensação de

medicamentos;

➢ Orientação quanto ao uso racional de medicamentos;V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão.

Tratamento da HAS e o Papel do Farmacêutico

O Farmacêutico e a Equipe Multiprofissional

Univers. de Oklahoma (EUA) – Pacientes Ambulatoriais - Os pacientes do

grupo que foram assistidos pela intervenção do profissional farmacêutico tiveram

uma redução significativa na Pressão Arterial Diastólica (-2.6 mmHg, p=0.05)

comparadas com o início do acompanhamento, enquanto os pacientes do grupo

controle, tiveram um aumento das Pressões Arteriais tanto Diastólicas quanto

Sistólicas (+1.6/+0.7mmHg, p=NS).

PHARM PRACT (GRANADA). 2012 JUL;10(3):173-9. EPUB 2012 SEP 30.

O Farmacêutico e a Equipe Multiprofissional

Univers. Técnica do Texas (EUA) - Pacientes ambulatoriais: Menor duração

do seguimento terapêutico – ajustes de doses até a adequação do tratamento ao

paciente (7.0 vs. 13.2 meses, p=0.0013) nos pacientes acompanhados pelo

especialista farmacêutico. Por ouro lado, houve maior frequência de visitas clinicas

(10.7 vs. 3.45, p<0.0001) quando sem o acompanhamento do farmacêutico

cardiologista.

PHARM PRACT (GRANADA). 2012 JAN-MAR;10(1):25-32

SITUAÇÕES ESPECIAIS:

• NEGROS: Boa eficácia dos diuréticos

• IDOSOS: Diuréticos, bloqueadores de canal de cálcio, IECA

• GRAVIDEZ: Metildopa

• OBESIDADE: IECA ( aumentam a sensibilidade a insulina )

• DIABETE MELLITO: IECA, diuréticos em baixas doses

• CARDIOPATIA ISQUÊMICA: Propranolol

• INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: Diuréticos, IECA

Considerações Gerais

Considerações Gerais

• Os tiazídicos devem ser a droga de escolha na maioria dos pacientes,

uso isolado ou em combinação;

• Algumas comorbidades são indicação para uso de outra classe de

medicamentos;

• A maioria dos pacientes necessitará de duas ou mais drogas para atingir

o nível desejado;

• Se a pressão encontra-se acima de 20/10 mmHg do nível desejado,

iniciar 2 drogas (sendo uma diurético tiazídico);

Considerações Gerais

• A terapia mais efetiva prescrita pelo médico mais atencioso terá

efeito apenas se o paciente estiver motivado;

• A motivação melhora quando o paciente tem experiências positivas

e confia no médico;

• A empatia constrói a confiança e é um potente motivador;

• O julgamento clínico permanece soberano;

“O maior de todos os erros é

não fazer nada só porque se

pode fazer pouco. Faça o que

lhe for possível”

Sydney Smith

Obrigada!

Contato: [email protected]