apostila nt - modulo 1 e 2
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Introdução ao Novo Testamento 1.1. As vezes o N.T. é dividido em 3 períodos: A. A vida de Cristo – 4 A.C à 29 D.C. (Mateus, Marcos, Lucas e João) B. A expansão da Igreja em Atos – 29 D.C. a 62 D.C. (Atos, Rm, I e II Co, Gl, EF, Fp, Cl, I e II Ts, Fl, Tg) C. Após a consolidação da igreja em Atos – 62 D.C. à 95 D.C. (I e II Tm , Tt, Hb, I e II Pe,I, II e III Jo, Jd e Ap) 1.2. A classificação mais comum é das 3 divisões: A. Os livros históricos : Evangelhos e Atos dos Apóstolos. B. As epistolas paulinas: Para as igrejas e para indivíduos. C. As epistolas não-paulinas e Apocalipse. 1.3. Origem do Vocábulo Testamento: A. A designação Novo Testamento vem latim Novum Testamentum. B. “Testamenti” – serve para traduzir o vocábulo grego “diatheke”, que quer dizer “Pacto” (II Co 3:14) . C. A LXX traduz EX 24:1-8 usando a palavra diatheke para o hebraico “pacto”. Lc 22:14-20 vemos novamente a expressão diatheke reforçando o conceito de “Pacto”. D. O NT incorpora o Novo Pacto de que é mediador Jesus Cristo (Hb 9:15; 10:16,17; Jr 31:31-34). E. O primeiro pacto era o pacto de sangue (Hb 9:19,20), mas não era um testamento propriamente dito; o segundo conquanto seja um pacto é também um testamento, isto é, não somente foi selado com sangue, como também exigia a morte do testador para dar-lhe forças: não seria eficaz se Jesus, que era o mediador, não tivesse morte expiatória. F. A palavra grega Diatheke fala sobre um último desejo (vontade) de alguém ou testamento que foi posto em vigor após a morte daquele que o havia escrito. Ou seja, era algo que se podia aceitar ou rejeitar, mas nunca alterar. G. “He Kaine Diatheke” significa literalmente “A Nova Aliança”.TRANSCRIPT
Seminário Teológico Rogate
Novo
Testamento
Módulos 1 e 2
Aperfeiçoamento
Ministerial
Panorama do Novo Testamento
2
Introdução
ao Novo
testamento
Panorama do Novo Testamento
3
LIÇÃO 1
1. Introdução ao Novo Testamento
1.1. As vezes o N.T. é dividido em 3 períodos: A. A vida de Cristo – 4 A.C à 29 D.C. (Mateus, Marcos, Lucas e João)
B. A expansão da Igreja em Atos – 29 D.C. a 62 D.C. (Atos, Rm, I e II Co, Gl, EF, Fp, Cl, I e II Ts, Fl, Tg)
C. Após a consolidação da igreja em Atos – 62 D.C. à 95 D.C. (I e II Tm , Tt, Hb, I e II Pe,I, II e III Jo, Jd e Ap)
1.2. A classificação mais comum é das 3 divisões: A. Os livros históricos : Evangelhos e Atos dos Apóstolos.
B. As epistolas paulinas: Para as igrejas e para indivíduos.
C. As epistolas não-paulinas e Apocalipse.
1.3. Origem do Vocábulo Testamento: A. A designação Novo Testamento vem latim Novum Testamentum.
B. “Testamenti” – serve para traduzir o vocábulo grego “diatheke”, que quer dizer “Pacto” (II Co 3:14) .
C. A LXX traduz EX 24:1-8 usando a palavra diatheke para o hebraico “pacto”. Lc 22:14-20 vemos novamente a expressão diatheke reforçando o conceito de “Pacto”.
D. O NT incorpora o Novo Pacto de que é mediador Jesus Cristo (Hb 9:15; 10:16,17; Jr 31:31-34).
E. O primeiro pacto era o pacto de sangue (Hb 9:19,20), mas não era um testamento propriamente dito; o segundo
conquanto seja um pacto é também um testamento, isto é, não somente foi selado com sangue, como também
exigia a morte do testador para dar-lhe forças: não seria eficaz se Jesus, que era o mediador, não tivesse morte
expiatória.
F. A palavra grega Diatheke fala sobre um último desejo (vontade) de alguém ou testamento que foi posto em vigor
após a morte daquele que o havia escrito. Ou seja, era algo que se podia aceitar ou rejeitar, mas nunca alterar.
G. “He Kaine Diatheke” significa literalmente “A Nova Aliança”.
1.4. Como surgiu o Novo Testamento? A. Influências:
a. Preparação religiosa dos judeus - que influenciou a vinda de Cristo. Desde Abraão, profetas e reis,
escrevendo sobre sua vinda.
b. Monoteísmo judaico - também influenciou muito para a vinda de Cristo. (Mono = Um; Theo = Deus; Ismo =
doutrina)
c. A tradução do Velho Testamento - para o grego koinê, língua da época.
d. Israel influenciou muito ao NT - porque tinha as Escrituras, bases do NT. – porque tinha as Escrituras, bases
do Novo Testamento.
e. A Grécia, com a sua cultura – também influenciou muito, tanto que o Novo Testamento não foi escrito em
hebraico, mas em grego.
f. A unificação política da época – quando Roma dominava, também foi uma força para o advento de Cristo.
g. O Governo de César – abriu estradas abundantes e outros meios de comunicação, canalizando as riquezas para
Roma. Com isso auxiliou para que o Cristianismo fosse pregado mais intensamente.
h. A imoralidade no governo dos Césares – fez com que o povo livre se entregasse ao pecado e vaidade,
fazendo assim desaparecer os valores humanos. E, por isto, o Evangelho se acentuou mais entre os povos que
sofriam horrivelmente a escravidão.
B. Unidade e Variedade - Duas verdades importantes para melhor compreender o processo de
produção do NT: a. Unidade: o Espírito Santo inspirou e orientou os autores na produção das obras que conservaram a revelação
cristã. Esta é a única explicação satisfatória da unidade da unidade do Novo Testamento.
b. Variedade: deve-se a situação humana:
a. O ponto de vista do autor;
b. A cultura literária do autor. Paulo, um sábio mestre, enquanto Pedro, um humilde pescador inculto;
c. Os destinatários, de acordo com as necessidades das suas almas, tinham que receber a carta.
C. Transmissão: a. Oral: (Lc 1:2): David Smith apresenta a teoria de que os ensinos e os atos de Jesus foram transmitidos
oralmente por muitos anos. II Tm 1:14 – “Guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito que habita em nós”
.Nota: era tradição judaica – os rabis guardavam as tradições dos anciãos. – Evangelho – resultado dessa transmissão.
Panorama do Novo Testamento
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b. Documentária (Lc 1:1): Existem provas de que Mateus e Lucas usaram documentos na produção de seus
evangelhos. O versículo acima citado comprova esta afirmativa.
b.1. Papias fala sobre a existência de um documento escrito por Mateus em aramaico. Chamado “Logia de
Jesus” ou “Q” (Quele, Fonte).
b.2. Provavelmente esse documento foi preparado por Mateus quando acompanhava o Mestre como
discípulo.
b.3. Quando Lucas escreveu seu evangelho não usou apenas a tradição oral; usou documentos, incluindo a
“Logia de Jesus” e o Evangelho de Marcos
1.5. Conteúdo: O conteúdo do NT consiste na revelação do “novo pacto ou testamento” por meio das palavras escritas de Jesus
Cristo e dos seus seguidores. O NT compreende 27 (vinte e sete) obras distintas de 9 (nove) escritores diferentes.
Esses documentos foram escritos num espaço de pouco mais de meio século, provavelmente entre os anos 45 à 100
d.C.
O conteúdo do NT pode classificar-se de duas maneiras: Pelo caráter literário; Pelos autores.
Esta classificação não é final ou exclusiva e sim, unicamente em vista do assunto geral do livro.
A. Caráter Literário - A Literatura do Novo Testamento: a. Em que Consiste? Consiste no registro e dos ensinamentos e do poder de Cristo na solução dos problemas dos
homens, que são espirituais, sociais, morais e preservação para a posteridade.
b. Relação com o Velho Testamento: O teólogo Davidson diz: “Talvez vez não haja uma só verdade no NT que
não se ache o germe no VT, e, reciprocamente, não haja nenhuma verdade no VT que no NT não se adquiri e
desenvolva uma nova significação”.
c. Herança do Judaísmo: Dentro da literatura cristã, há três princípios na forma mais simples do judaísmo passados
para o cristianismo: Há um só Deus; Deus é Deus de Justiça; A vontade de Deus prevalecerá até o fim.
d. Tipos de Literatura:
a. Históricos:
a.1. Evangelho: Mateus, Marcos, Lucas e João.
a.2. Histórica: Atos
b. Epístola: Romanos, I e II Corintios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II tessalonicenses, I e II
Timóteo, Tito, Filemon, Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e Judas.
b.1. Doutrinais ;
b.2. Pessoais;
c. Profético - Apocalíptica:
B. Autores: a. Apóstolos – Do grupo dos apóstolos, apenas Mateus, Pedro e João escreveram livros.
b. Discípulos dos Apóstolos – Eles trabalharam na igreja primitiva ou estiveram em contato com o grupo
apostólico ainda antes da morte de Jesus. São eles: Marcos, Judas e Tiago.
c. Posteriores – Eles não tiveram contato direto com Jesus, antes de sua morte, mas eram pessoas bem
conhecidas dos apóstolos e discípulos da época. Destes, somente Lucas não era judeu (provavelmente era
grego, pois em sua carta praticamente não há erros de concordância, seu grego era muito bom). Paulo era um
doutor na lei.
d. Desconhecido ;
1.6. Língua Original do Novo Testamento: a. Nos dias de Jesus a língua sagrada dos judeus era o hebraico; e o aramaico; a língua oficial, o latim; e a universal,
o grego.
b. O NT foi escrito aproximadamente entre 45 D.C. e 95 D.C. em grego Koine (Comum), a língua internacional do
povo. O grego Koine não só era muito usado como também era claro, preciso e flexível.
c. O grego koinê foi escrito por helenistas, isto é, por judeus que falavam grego, mas o seu modo de pensar era
formado segundo o original hebraico, e a sua mente estava feita à linguagem da versão dos setenta das
Escrituras judaicas.
d. Daqui deriva uma regra bem instrutiva de interpretação. O VT grego é, na verdade, uma fonte especial de
interpretação para o NT, e por isso devemos dali colher tanto quanto possível a significação dos seus termos.
e. Portanto a Linguagem do NT é helenística ou mais propriamente grego-hebraica; é o dialeto comum (koinê) com
outros de mistura, tudo modificado ainda pelos judeus de Alexandria e da Palestina.
f. Eis a razão de ali se encontrarem palavras e frases vindas de fontes estranhas, isto é, do aramaico, do latim, do
persa e do egípcio.
f.1. Expressões aramaicas – Mc 14:36; At 1:19 (campo de sangue); Mc 3:17 (filhos do trovão).
f.2. Palavras latinas - Mt 18:28 (denários); 26:53 (legião); 27:27 (pretório); Mc 15:39 (centurião). f.3. Expressões pérsicas – Lc 23:43 (paraíso).
Panorama do Novo Testamento
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LIÇÃO 2
O Cânon
Introdução: Ao final do primeiro século, apenas os escritos de Paulo formavam uma coleção, mas não havia na época uma
estrutura que tivesse autoridade de defini-los como “Escritura”. No contexto da história do cânone do Novo Testamento, o
alexandrino Orígenes possui importância vital. Orígenes observou cuidadosamente o costume das várias igrejas por onde
passou quanto aos escritos que aceitavam e emitiu julgamentos a respeito da autoridade canônica desses escritos. Orígenes
dividiu esses escritos em três categorias:
a. Homologoúmena – (falam a mesma coisa - aqueles que são incontestáveis na Igreja de Deus debaixo do céu) – os
quatro evangelhos, as treze cartas de Paulo, 1 Pedro, 1 João, Atos e Apocalipse
b. Amphiballómena (escritos duvidosos; ou sem muitas evidências) – 2 Pe, 2 e 3Jo, Hb, Tg e Jd. Há dúvidas sobre o
julgamento de Orígenes acerca de: O Pastor de Hermas, Didaché e Carta de Barnabé.
c. Pseudé (falsificações heréticas) – Evangelho dos egípcios, Evangelho de Tomé, Evangelho dos basilidas, Evangelho de
Matias
Além de Orígenes, Eusébio de Cesaréia, Metódio de Olimpo, Atanásio, e outros foram importantes na definição da
qualidade divina dos escritos do Novo Testamento, contudo, Jerônimo se sobressai, pois foi sob sua influência que o sínodo
romano, em 382, proclama o cânone de Atanásio como oficial da Igreja, e é o que temos até hoje.
Definição 1. Originalmente a palavra significava vara de medir, prumo e, por conseguinte “regra” ou “padrão” ou “norma”. Com o
tempo passou a ter o sentido meramente formal de “lista” ou “tabela”.
2. No NT é encontrado em Gl 6:16 no sentido de regra moral ou lei moral, e em II Co 10:13,15 e 16 no sentido de
esfera de ação demarcada por Deus.
3. No hebraico significa primeiramente vara ou régua, especialmente usada para manter algo em linha reta, à semelhança
da linha dos pedreiros e carpinteiros.
4. Por volta do séc. IV d.C. passou a designar a lista dos escritos inspirados pelo Espírito Santo de autoridade normativa,
e considerada como a regra para nossa fé e vida.
5. É o registro e a interpretação da revelação que Deus fez de si mesmo por meio de Jesus Cristo.
6. Deus guiou providencialmente a Igreja primitiva em sua avaliação de vários livros pelo que aqueles que realmente
foram inspirados tornaram-se aceitos.
7. Quando falamos sobre o Cânon das Escrituras, e neste caso o NT referindo-nos ao corpo de escritos havidos por
únicos possuídos de autoridade divina normativa para a fé cristã, em contraste com escritos que não o são.
Como surgiu? 1. Influência de Márciom, o herege – No final do séc. II d.C. começou a revelar-se a necessidade de estabelecer
conceitos sobre o cânon, especialmente pelo surgimento de heresias. Como, por exemplo, a obra de Márciom.
2. Ele afirmava, baseado numa interpretação errônea dos escritos de Paulo, que havia dois deuses: o Velho Testamento
era obra do Deus Justo, o Criador, Juiz severo dos homens. Jesus era o emissário do Deus Bom, superior ao Deus
Justo, enviado para libertar os homens da escravidão àquele Deus. Então, crucificado pela malícia do Deus Justo, Ele
transmitiu Seu evangelho primeiramente aos doze, que não puderam conservá-lo, e depois a Paulo, seu único
pregador fiel.
3. Estabeleceu um conjunto de livros aceitos para pregar esta doutrina: Evangelho de Lucas e 10 cartas de Paulo,
excluídas as pastorais.
4. Cânon Muratoriano – cerca de 180 d.C. – Rejeição dos escritos gnósticos, de Marciom. “Pastor de Hermas” recomendado para leitura particular e não pública.
5. Irineu – séc. II d.C. – Nos seus escritos Contra as Heresias, aceita e cita os 4 Evangelhos, Atos, Apocalipse e vários
outros, como sendo Escrituras inspiradas.
6. Eusébio de Cesaréia – 331 d.C. Eusébio por ordem de Constantino reuniu os 27 livros mais o Velho Testamento,
incluindo ainda o Didaquê e outros, na cidade de Cesarëia, onde ficava a maior biblioteca cristã.
7. Atanásio – bispo de Alexandria – 367 d.C. – Enviou numa “Carta de Páscoa” a igrejas sob sua responsabilidade a lista com os 27 livros até hoje aceitos.
8. Nunca houve um concílio para reunir os livros, mas diversos concílios adotaram a lista de Atanásio.
Critérios – para o Cânon 1. Origem Apostólica
2. Aceitação pelas Igrejas – por exemplo: 2Ts 3:17 – Paulo autentica sua carta.
3. Consistência doutrinária
Panorama do Novo Testamento
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4. Havia livros que eram lidos nas igrejas, mas com o tempo não foram mais aceitos como sendo do cânon.
Foram considerados e chamados de sub-apostólicos.
5. São eles: Pastor de Hermas – Rm 16:14; Didaquê (ensino dos 12 Apóstolos); Epístola de Barnabé; 1 e 2
Clemente – Fp 4:3
Livros Apócrifos Diante da dificuldade de definição do Cânon do NT, muitos escritos antigos eram aceitos por igrejas isoladas. Entre
todos, “O Pastor de Hermas”, I Clemente e Epístola de Barnabé foram escritos que tiveram maior aceitação. O Pastor de
hermas por pouco não entrou no cânon. Estes escritos nos trazem maior confiabilidade de autoria, mas deixa a desejar no
aspecto inspirativo.
Outros escritos foram: II Clemente, O Martírio de Policarpo, O Didaché, Epistolas de: Policarpo, Inácio, a
Diogneto. Estes escritos eram reconhecidos por muitas igrejas. Os escritos a seguir, são os de maior dúvidas quanto à autoria e
inspiração: Evangelhos: segundo os Hebreus, aos Egípcios, de Tomé, de Pedro, de Nicodemos, da infância, dos doze apóstolos,
Filipe, André, Bartolomeu; Atos de João, de Paulo, de Paulo e Tecla, de Pedro, de Tomé; Epistolas: III Corintios, entre Paulo e
Adgar, entre Paulo e Sêneca, aos Laodicense (Cl 4:15,16), dos apóstolos; Apocalipses: de Pedro, de Paulo, de Tiago.
Por que surgiram? Impulso literário dos autores, romance; Esclarecer princípios que não estavam
claros; Preservação da tradição.
Quais são? Evangelhos Epístolas Atos Apocalipses
Segundo os Hebreus As 7 de Inácio De Paulo De Pedro
Dos Egípcios De Policarpo De Pedro De Paulo
De Pedro De Barnabé De João De Tomé
De Tomé De Tomé De Estevão
De Filipe
De Bartolomeu
De Nicodemos
De Gamaliel
Da Verdade – gnóstico
Resumo Histórico: Durante o tempo dos apóstolos, algumas das epistolas de Paulo e um ou mais evangelhos já eram aceitos como
Escritura. Já no começo do século II d.C., de modo geral, ainda não universal, treze epistolas de Paulo eram recebidas como
escrituras, como também os 4 Evangelhos, as epistolas de I João e II Pedro, e também o livro de Apocalipse totalizando vinte
livros ou mais. Alguns livros que não aceitamos hoje em dia foram aceitos por certos elementos dos primeiros séculos,
especialmente a epístola de Barnabé, as epístolas de Clemente e o pastor de Hermas. Especialmente na antiguidade havia
indivíduos que retinham diversas opiniões com relação aos livros discutidos: Tiago, II Pedro, II e III João, Hebreu, Judas e
Apocalipse – ao todo sete livros.
Durante o século II d.C., eram aceitos quase universalmente todos os vinte e sete livros do NT, com exceção da
epístola de Tiago. Contudo, alguns a aceitaram. Orígenes, em 254 d.C., foi o 1º dos pais apostólicos a aceitar a epistola de
Tiago mas também aceitava a epístola de barnabé e o Pastor de Hermas, pelo que seu NT. Constava de vinte e nove livros.
A fixação do cânon de forma quase universal deu-se no IV século d.C., quando no Concílio de Nicéia (325 d.C.)
aceitaram o cânon de Atanásio de Alexandria que passou a incluir os vinte e sete livros que temos hoje em dia. No Ocidente e
em outros lugares a fixação do cânon foi feita também por decisão do Concílio ou de Concílios. Em Cartago, no ano de 397
d.C., foi aprovada uma lista idêntica a de Atanásio. E, em 419 d.C., novamente em Cartago, foi reconfirmada essa posição,
apenas separando Hebreus como escrito de Paulo
1.7. Livros do Novo Testamento Evangelhos Histórico Cartas Paulinas Cartas Gerais Apocalipse
Gerais Pastorais
Mateus Atos Romanos 1 e 2 Timóteo Hebreus Apocalipse
Marcos 1 e 2 Coríntios Tito Tiago
Lucas Gálatas 1 e 2 Pedro
João Efésios 1, 2 e 3 João
Filipenses Judas
Colossenses
1 e 2 Tessalonicenses
Filemon
Panorama do Novo Testamento
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LIÇÃO 3
2. Contexto do Novo Testamento A igreja se tornou como uma esponja, que absorve tudo. Isto devido ao seu contexto.
O Contexto no qual foi vivido e escrito o NT aborda 6 áreas distintas: A Situação Histórica e Geográfica; A
Situação Política; A Situação Social; A Situação Econômica; A Situação Cultural e a A Situação Religiosa.
2.1. Situação Histórica e Geográfica Cronologia
Data Acontecimento/Fato Ref.
Tempos do Exílio – 606-536 a.C.
586 Queda de Jerusalém Dn 5:29-31
536 Libertação do cativeiro – 70 anos após a deportação – sob a liderança de
Zorobabel e Josué, o Sumo sacerdote.
Ordem de Ciro da Pérsia para reconstrução do templo
Ed 1:1ss
516 Conclusão do templo – 70 anos após a destruição Ed 6:3ss
465 Volta de Esdras, encorajado por Artaxerxes rei da Pérsia Ed 7:1
457 Volta de Esdras para estabelecer o culto Ed 7:1ss
444 Volta de Neemias – reconstrução dos muros de Jerusalém em 52 dias. Ne 1:1-6.15
430 Segunda volta de Neemias – reforma final Ed 6:3ss
400 anos de silêncio
333 Queda do Império Persa – domínio de Alexandre, o Grande – início da
“helenização” do oriente.
323 Queda do Império Grego – domínio do Egito
204 Queda do Império Egípcio – domínio da Síria
168 Destruição parcial do Templo
165 Revolta dos Macabeus – reforma e restauração do Templo
63 Tomada de Jerusalém por Roma
2.2. Palestina:
Tomada pelo Império Romano, em 63 a.C. após anos de lutas, intrigas e brigas entre famílias que se diziam os
legítimos herdeiros do reino e do sacerdócio e os que zelavam (hassidim ou fariseus) pelo cumprimento da lei
de Deus, no que dizia respeito à sucessão do reino e sacerdócio.
cenário dos quatro Evangelhos é a Palestina, o que faz parte da região que hoje denominamos o Oriente
Médio.
povo a quem Jesus ministrava eram israelitas. Este povo durante mais que 500 anos foi subjugado por varias
outras nações: entre ela, a babilônia, a Persa e Media, a Grécia, e agora, a Roma.
Por pouco tempo, isto é, mais ou menos 75 anos, os judeus (termo genérico nesta época para todo israelita)
desfrutaram a sua liberdade e autonomia.
Mas em 63 a.C., após anos de lutas, intrigas e brigas entre famílias que se diziam os legítimos herdeiros do
reino e do sacerdócio e os que zelavam (hassidim ou fariseus) pelo cumprimento da lei de Deus, no que dizia
respeito à sucessão do reino e sacerdócio, a Palestina foi tomada pelo Império Romano, que liderado pelo
general Pompei levou as legiões romanas a invasão da palestina e captura de Jerusalém.
Em 44 a.C. Herodes é colocado pelos romanos como tetrarca da Galiléia e depois como Rei da Judéia.
Com lembranças do seu passado e dos reinados gloriosos do Rei Davi, Salomão e outros, e ainda armados
com as profecias dum prometido messias-salvador, os judeus sonhavam com a liberdade e do advento dum
gênio militar como foi Alexandre o Grande para os gregos, para vencer aos romanos e relevar a nação a
Glória.
A. Jerusalém no tempo de Jesus:
a. Na época de Jesus Jerusalém deveria ter entre 100 e 200 mil habitantes.
b. Na Páscoa a cidade chegava a ficar com 2 milhões de pessoas acampadas.
c. Agora imagine isto. Não havia coleta de lixo. População multiplicava-se. Some se a isto os animais:
cordeiros para os sacrifícios. Pessoas vendendo animais, Cheiro do sangue dos animais
Panorama do Novo Testamento
8
sacrificados. Além do cheiro e fumaça do Fogo usado para queimar as entranhas dos animais
queimadas no altar.
d. As entranhas dos animais oferecidos no sacrifício eram jogadas no vale de Cedrom. Animais
domésticos e cães viviam lá e alimentavam-se de animais mortos (lixeiros). O cheiro era
terrível e conforme a direção do vento isto piorava. As casas eram pequenas. As vezes ficavam
no telhado, dormiam lá, a laje era reta.
2.3. A Situação Política: A. Império Romano :
a. No tempo em que o NT foi escrito, todo o mundo civilizado conhecido estava debaixo do domínio de Roma.
Exceto o pouco conhecido oriente (Índia). O Império Romano dominava desde o Rio Eufrates e Mar
Vermelho a oriente, até o Oceano Atlântico no ocidente, desde o sul da Rússia, ao norte, até o deserto do
Saara ao sul.
b. Jesus nasceu durante o reinado de Augusto e teve a sua infância também neste período (27 a.C a 14 d.C.). O
imperador Augusto promoveu a paz e a prosperidade ao império.
c. Durante o ministério e morte de Jesus o imperador era Tibério (14 a 37 d.C.). Desconfiado por causa de uma
conspiração contra ele no ano 31, Tibério imediatamente colocava em desgraça qualquer homem que
recebesse a mais simples sugestão de rebeldia.
d. Nos primórdios da Igreja os imperadores foram:
a. Calígula (37 a 41): Que se fez adorar como um deus, chegando a ponto de ordenar a construção de uma
estatua sua no templo de Jerusalém, ordem que não foi cumprida. Alguns acham que Mc 13:14 refere-se à essa
ordem.
b. Cláudio (41 a 54): O NT começou a ser escrito na sua época. Foi ele que expulsou os judeus de Roma por
causa de alguns tumultos provocados por um tal de Chrestus. Não se sabe se é uma referência à pregação dos
apóstolos acerca de Jesus Cristo ou se esse Chrestus existiu mesmo. Provavelmente esta expulsão foi a causa
da saída de Áquila e Priscila de Roma (At 18:2).
c. Nero ( 54 a 68): O incendiário de Roma, acusou os cristãos de terem colocado fogo na cidade, e por isso os
perseguiu, torturando-os até a morte. Durante seu império e o de Cláudio ocorreu o grande período de
expansão missionária.
d. Galba (68):
e. Vespasiano (69 a 79): Destruiu Jerusalém e o templo no ano 70. Construiu o Coliseu.
f. Tito (79 a 81):
g. Domiciano (81 a 96): Reconstruiu os templos dos velhos deuses romanos e perseguiu as religiões
estrangeiras, especialmente aos cristãos, por sua força em conquistar adeptos. Exigiu que lhe prestassem
adoração.
h. Nerva (96 a 98):
i. Trajano (98 a 117):
B. Governo Provincial:
a. O império Romano era uma miscelânea de cidades independentes, estados e territórios sujeitos ao
governo central.
b. Alguns deles tinham-se tornado parte do império por meio de alianças voluntárias e outros anexados
por conquista.
c. A Palestina, no tempo de Cristo, estava sob a direção do Imperador, de quem Pôncio Pilatos era
representante no ano da morte de Jesus.
d. Paulo em suas cartas mencionava sempre as províncias romanas, enquanto que Lucas usava as
divisões regionais.
b. Governantes:
a. Poncio Pilatos – 26 - 36 d.C.:
a.1. Procurador romano nomeado em 26 d.C. para Governar a Palestina juntamente com Arquelau. a.2. Possuía plena autonomia para o exercício de poderes de justiça criminal, concedida por Roma.
b. Félix – 52 - 60 d.C.:
b.1. Procurador Romano da Judéia, nomeado pelo imperador Cláudio em 53 d.C.
b.2. Governou a província de um modo cruel e corrupto.
b.3. Seu período de governo foi repleto de conflitos e sedições.
b.4. Paulo foi trazido diante de Félix na Cesaréia. Colocou-o na prisão, e o manteve lá por dois anos na
esperança de extorquir dinheiro dele – At 24:26,27.
b.5. A esposa de Félix era Drusila, filha de Herodes Agripa I, que era sua terceira esposa e a quem ele
persuadiu a deixar seu marido e casar-se com ele.
Panorama do Novo Testamento
9
c. Festo – 60-62 d.C.: c.1. Governador que sucedeu a Félix na Judéia, de 60 a 62 d.C. – At 24:27;
c.2. Presidiu o julgamento em que Paulo apresentou sua defesa perante Herodes Agripa II – At 24:27 -26:32.
C. Estado Judaico:
a. O Estado Judaico era governado pela dinastia Herodiana. Ela começou com Antípatro. b. O seu filho Herodes, chamado o Grande (Magno), herdou de seu pai toda a sua habilidade em assumir o trono
da Judéia.
b. Governantes:
a. Herodes, o Grande (Magno) – 37 a.C. – 4 a.C.:
a.1. Superou grande oposição que o país levantou contra ele e tomou posse do reino em 37 a.C.
a.2. Herodes começou o seu reinado em 37 a.C. com a idade de 22 anos e sob a “benção” de
Roma. Foi nomeado Rei da Judéia em 40 a.C. pelo Senado Romano.
a.3. Um dos seus primeiros atos foi nomear um sumo sacerdote.
a.4. Corajoso e habilidoso na guerra, instruído e sagaz; mas também extremamente desconfiado e
cruel. Mandou matar muitos dos judeus que se opuseram ao seu governo, e prosseguiu
matando até a sua esposa e os dois filhos que teve com ela.
a.5. Indispôs-se contra os judeus pela imposição de pesadas taxas e não conseguiu recuperar o
favor deles nem através de sua restauração do templo e outros atos de generosidade, como a
distribuição gratuita de roupas e alimentos em tempos de calamidade.
a.6. João, o batista, e Jesus nasceram durante os últimos anos do seu reinado. Mateus narra que
ele ordenou que todos os meninos abaixo de dois anos em Belém fossem mortos.
a.7. Herodes, o Grande, morreu no ano 4 a.C. (razão porque se diz ter Jesus nascido em 6ª.C. –
conf. Mt 2:1-18)
a.8. Dividiu a Palestina entre seus filhos:
Nome Províncias
Arquelau – 4 a.C. – 6 d.C.
a. Filho de Herodes, o grande, com Maltace, uma samaritana.
b. Ele e seu irmão Antipas foram educados por um tutor privado em Roma.
Judéia, Samaria e
Iduméia
Herodes Filipe – 4 a.C. – 34 d.C. Ituréia
Herodes Antipas – 4 a.C. – 39 d.C.
a. Sua primeira esposa foi a filha de Aretas, rei da Arábia; mas ele
subseqüentemente a repudiou e tomou para si Herodias, a esposa de seu
irmão Herodes Filipe; e por isso Aretas, seu sogro, fez guerra contra ele e o
venceu.
b. Herodes aprisionou João, o Batista, porque João o tinha repreendido por
esta relação ilícita; mais tarde, instigado por Herodias, ordenou que ele fosse
decapitado.
Galiléia, Peréia
b. Herodes, Antipas – 4 a.C. a 39 d.C.
b.1. A seguir o Estado Judaico foi governado por Herodes Antipas (4 a.C. a 39 d.C.).
b.2. Ele foi construtor de Tiberíades.
b.3. Herodes Antipas seguia o judaísmo.
b.4. Sua primeira esposa foi a filha de Aretas, rei da Arábia; mas ele subsequentemente a
repudiou e tomou para si Herodias, a esposa de seu irmão Herodes Filipe; e por isso Aretas,
seu sogro, fez guerra contra ele e o venceu.
b.5. Herodes aprisionou João, o Batista, porque João o tinha repreendido por esta relação ilícita;
mais tarde, instigado por Herodias, atendeu ao pedido dela e ordenou que João fosse
decapitado.
b.6. Seu Sucessor foi Herodes Agripa (37 a 44d.C.).
c. Herodes, Agripa I – 41 – 44 d.C.
c.1. Filho de Aristóbulo e Berenice, e neto de Herodes, o grande.
c.2. Depois de muitas mudanças de fortuna, conquistou o favor de Calígula e Cláudio de tal forma
que ele gradualmente obteve o governo de toda a Palestina, com o título de rei.
c.3. Ordenou que Tiago, o apóstolo, filho de Zebedeu, fosse morto, e Pedro fosse lançado na
prisão – (que foi liberto por uma intervenção divina – At 12:11-19; At 12:21).
Panorama do Novo Testamento
10
c.4. Logo após, Agripa morreu subitamente com grave enfermidade intestinal dentro de cinco
dias. em 44 d.C. aos 54 anos.
c.5. Sucedeu-o Herodes Agripa II (44 a 100) que tornou-se conselheiro de Festo, o governador
de toda a Judéia (At 25:13 - 26:32).
d. Herodes, Agripa II – 53 -70 d.C.
d.1. Filho de herodes Agripa I. Quando seu pai morreu, ele era um jovem de dezessete anos.
d.2. Em 48 d.C. recebeu do Imperador Cláudio o governo de Cálcis, com o direito de nomear os
sumo-sacerdotes judeus.
d.3. Mencionado em At 25 e 26, ao ouvir Paulo.
d.4. De acordo com “!A Guerra Judaica”, embora tenha lutado em vão para conter a fúria da
população sediciosa e belicosa, ele não teria desertado para o lado dos romanos.
2.4. A Situação Social: A. As condições econômicas e sociais do primeiro século eram semelhantes às do século 20. Dentro da
sociedade pagã e judaica havia uma aristocracia opulenta. Os judeus ricos eram os sacerdotes e os
rabinos. Os pagãos ricos eram proprietários políticos. A sociedade pagã era composta de: classe
média, plebeus (pessoas comuns e pobres), e os escravos e criminosos.
B. A sociedade do Antigo Testamento era formada de ricos e pobres, escravos e Livres.
C. Na sociedade judaica, o poder social residia nas mãos dos sacerdotes.
D. A tribo dos hasmoneus (judeus comerciantes que dominavam o comércio - Jesus colocou estes para
correr do templo). Dirigiam o movimento comercial relacionado com o templo e tinham sociedade
nos lucros provenientes da venda de animais para os sacrifícios e dos tributos pagos ao templo.
E. A maioria do povo da Palestina era pobre. Uns eram lavradores, outros viviam do comércio. A
escravidão não era grande no judaísmo.
F. As categorias sociais entre os judeus eram um tanto restringidas pelas obrigações comuns que a lei
impunha. No conceito judaico todos eram moralmente iguais, contudo os ricos eram considerados
como excepcionalmente abençoados por Deus (Teologia da Prosperidade) e, por conseqüência, mais
justos.
G. A moralidade,contudo, era muito desfavorável! Ainda que existisse pessoas virtuosas, o nível ético, em
geral era muito baixo. Corrupção no governo, sexo, fraude no comércio. Superstição religiosa, tudo
fazia com que a vida no Império Romano revelasse tristeza, desânimo e desesperança.
2.5. A Situação Econômica: A. A sociedade antiga tinha um perfil econômico menos abrangente do que o atual, mas com muitas
semelhanças. A agricultura, a pecuária, a indústria, as viagens e transportes eram as principais
atividades econômicas.
B. Cada pequena povoação tinha os seus operários que produziam o que lhes era necessário, como as
miudezas, o mobiliário e os artigos domésticos; apenas materiais mais trabalhados vinham de fora da
comunidade, como vasos de cobre, linho, papel e outras mercadorias de luxo.
C. Os meios de ganhar o sustento naqueles dias, eram através da agricultura e industria. E claro que por
processo bastante elementar, próprio da época, mas que de certa forma atendia às suas necessidades.
D. A moeda padrão mais citada no NT era o denário, que equivalia a um dia de trabalho de um operário
do oriente (Mt 20:2).
E. Como Roma não tinha a prática de proibir a circulação de moedas próprias dos territórios
conquistados, era comum várias qualidades de dinheiro em circulação, o que favorecia e enriquecia os
cambistas (Mt 21:12). O comércio bancário era geralmente praticado, embora que não com o
complicado sistema de finanças que temos hoje.
F. As estradas do império eram realmente excelentes! Os romanos as construíram em linha reta o
máximo possível. Usavam pontes e viadutos para rios e vales. As estradas eram tão bem construídas
que algumas ainda hoje estão em Uso.
2.6. A Situação Cultural: A. Augusto abriu as portas para um avivamento literário. A literatura clássica foi desenvolvida durante
esse tempo.
B. As artes se desenvolveram, floresceram – principalmente a música e a arte dramática.
C. Roma é ainda conhecida por suas façanhas arquitetônicas, como o Panteon, o Coliseu, e outras
Construções maravilhosas.
D. Havia também muito interesse nas ciências e matemática.
Panorama do Novo Testamento
11
E. Línguas e Idiomas:
a. Durante o Império Romano, na região da palestina, eram quatro as principais línguas do mundo
romano: latim, grego, aramaico e hebraico.
a. Latim: O latim era a língua dos tribunais e da literatura de Roma.
b. Hebraico: Originalmente usado pelos judeus do Antigo Testamento e provavelmente esquecido
no cativeiro. O hebraico era uma língua falada apenas entre os sacerdotes, desde o tempo de
Esdras. (obs: Falavam o aramaico, para que apenas os judeus ou aqueles que eles quisessem
entendessem o que se falava).
c. Aramaico:
c.1. Grupo de dialetos intimamente relacionados com o HEBRAICO e falados na terra de Israel
e em outros países do mundo bíblico – 2Rs 18:26.
c.2. Estão escritos em aramaico os seguintes textos bíblicos: Ed 4:8-6, 18; 7:12-26; Dn 2:4-7, 28;
Jr 10:11.
c.3. Era falado por Jesus.
c.4. O Aramaico era a língua do oriente próximo.
c.5. Paulo e Jesus várias vezes falaram em aramaico, visando ultrapassar uma barreira, facilitando a
compreensão dos ouvintes (At 22:2; Jo 1:42; Mc 7:34; Mt 27:46).
d. Grego:
d.1. Língua do Novo testamento, a língua grega comum (Coiné) falada e escrita nos tempos do
NT nos paises da parte oriental do Mediterrâneo.
d.2. O grego era a língua da cultura no império e era a língua popular ao leste de Roma até a
Palestina.
d.3. O NT foi escrito nessa língua popular, que é diferente do grego clássico.
d.4. Com exceção de hebreus e partes de Lucas e Atos que foram escritos com um grego mais
rebuscado todos os demais textos foram escritos em grego Coiné.
2.7. A Situação Religiosa: A. O cristianismo não começou a sua implantação num vácuo religioso, em que encontrasse os homens
em branco, à espera de alguma coisa em que acreditar. Pelo contrário, a nova fé em Cristo teve de
lutar, para abrir o seu caminho, contra as crenças religiosas enraizadas que vigoravam havia séculos.
B. O império Romano permitia que a religião dos povos dominados permanecesse (ex: Judaísmo);
C. Havia em geral, cinco tipos distintos de expressões religiosas:
a. O Panteão Greco-Romano:
a. Panteão = local onde estão todos os deuses – Olimpo.
b. Primitivamente os romanos adoravam deuses da sua herdade e lar. Como contato com os gregos,
houve uma fusão de divindades sob a influência dominante do panteão grego. Nos tempos de Cristo
o culto a esses deuses estava em declínio.
b. O Culto do Imperador:
a. O culto ao imperador não foi estabelecido arbitrariamente. Desenvolveu-se gradualmente da
crescente atribuição de honras sobre-humanas ao imperador e do desejo de centralizar nele a
obediência do povo.
b. A princípio, todos os imperadores eram divinizados após a sua morte.
c. Calígula é considerado como o primeiro a reivindicar esse título ainda em vida, mas como era
considerado um louco, esse intento não foi concretizado.
d. O primeiro imperador que forçou seus súditos a lhe prestarem culto foi Domiciano (81 a 96).
e. O culto ao imperador tinha grande valor para o estado, ele unificava o patriotismo e tornava a
obediência ao estado um dever religioso (esta é grande causa de morte dos primeiros cristãos).
c. As Religiões de Mistério :
a. Eram na maior parte de origem oriental.
b. Todas tinham seu centro num deus que morreu e ressuscitou.
c. Cada uma tinha rituais que representavam as experiências de seus deuses, por meio dos quais o
iniciado era levado a essa experiência divina e tornava-se um candidato à imortalidade.
d. Suas praticas equivalem-se às sociedades secretas atuais como: Maçonaria e Rosacruz.
Panorama do Novo Testamento
12
d. A Adoração do Oculto:
a. Para estas religiões o mundo inteiro era povoado por espíritos e demônios que podiam ser
invocados e ordenados à obediência, desde que a pessoa conhecesse o rito próprio desse espírito
ou demônio.
b. Há passagens do NT que nos sugerem ser referência à essas religiões: At 8:9-24; 13:6-11; 19:19;I Co
10:20-21.
c. A astrologia era uma dessas religiões e até hoje é seguida.
D. As Filosofias :
a. Todos os mistérios do universo exigem uma explicação que somente a filosofia pode dar. Essa era a
principal argumentação daqueles que seguiam as corrente filosóficas como verdadeiras religiões.
b. Platonismo, o gnosticismo, o epicurismo, o estoicismo, o cinismo, etc...devem ser bem analisados,
pois o NT, em muitas passagens, procura dar uma resposta espiritual às questões filosóficas
contrárias a fé cristã.
E. Judaísmo:
a. Sem sobra de duvida a religião de maior influência sobre o cristianismo, foi o judaísmo.
b. Toda a base doutrinária do NT provém do AT, que é uma das expressões escritas da religião judaica.
c. Surgiu como religião no período do exílio Assírio- Babilônico.
d. O judaísmo existente na época de Cristo era produto do exílio babilônico.
e. O cativeiro babilônico pôs o povo judeu perante uma dura alternativa: ou eles se entregavam
inteiramente ao culto a Jeová, o único e verdadeiro Deus, ou eles seriam engolidos política e
religiosamente pelas nações pagãs. Diante de tal impasse e foi abolida a idolatria.
f. O cumprimento das palavras dos profetas (sobre a punição da idolatria) curou permanentemente a
nação da idolatria.
g. A perda do templo durante o exílio motivou a observância e estudo da “TORAH” (Instrução).
h. Como fruto desse evento, nasceram as sinagogas, como novos centros de culto e como ambiente
para o estudo da lei.
i. Para se organizar uma nova sinagoga bastava que dez homens se reunissem com esse propósito. As
sinagogas persistiram mesmo com a reedificação do templo por Esdras e sobrevivem até hoje.
j. A sociedade judaica estava dividida entre dois conceitos: o civil (secular) e o religioso.
k. O ano religioso começava no mês de Nisan (abril), na época da páscoa e encerrava com a festa do
Purim no mês de Adar (março); enquanto que o civil começava em tishi (outubro).
l. As festas e celebrações religiosas judaicas eram:
− 14 de Nisan – Páscoa
− 15 de Nisan – Pães Asmos
− 21 de Nisan – fim da Páscoa
− 6 de Iyar (maio) – pentecostes (dádiva da lei)
− 1 e 2 de Tishri (outubro) – trombetas- Rosh Hashanah – início do ano civil
− 10 de Tishri – Expiação
− 15 a 21 de Tishri – Tabernáculos
− 25 de kislev (dezembro) – das luzes ou dedicação – Hanukkah
− 14 de Adar (março) - Purim
Obs: o ano judáico hoje é o Civil (setembro)
F. O Templo:
a. O templo nos tempos de Jesus foi construído por Herodes, o grande, a partir de 19 a.C., numa
tentativa de reconciliar-se com os judeus. A base para a construção foi o templo restaurado depois
do Exílio. Nos tempos de Jesus, ainda estava em construção, sendo concluído somente em 64 d.C.,
pouco antes da sua destruição em 70 d.C.
b. Quando Jesus diz: “...olhem estas pedras...” Mc 13:1– elas ainda seriam usadas na construção do
templo.
c. Os Sacerdotes e Levitas continuavam a administrar e Ministrar o altar e todos os outros objetos do
Templo.
d. O templo não era lugar de ensino, isto ocorria nas Sinagogas.
Panorama do Novo Testamento
13
G. As Sinagogas: Tiveram a sua origem durante o exílio babilônico.
a. Esdras foi o presidente da grande sinagoga nos tempos do exílio.
b. Assembléia de judeus formalmente reunidos para ofertar orações e escutar leituras e exposições das
escrituras.
c. As reuniões aconteciam todos os sábados e dias de festas. A perda do templo e a ausência das
celebrações e das festas eram fortemente sentidas pelos exilados. A sinagoga servia então, de
substituto do Templo. Mais tarde, também no segundo e quinto dia de cada semana.
d. Compostas de no mínimo 10 pessoas de diversas comunidades – Exemplo: At 6:9.
e. A construção geralmente era de forma Retangular, com bancos de pedra, madeira, esteira.
f. O Culto consistia em:
− Recitação responsiva (Dt 6:4-9; 11:13-21; Nm 15:37-41); Orações; Cânticos sem Instrumentos;
Leituras do VT (Lc 4:16-17 - em hebraico); Sermão, se algum visitante competente estivesse ali
(At 13:15);
g. Tornam-se lugares de intenso estudo da TORAH. Como conseqüência os Mestres começaram a se
tornar mais importantes do que os sacerdotes. No Vt – os sacerdotes eram mais importantes, mas
no NT eles perderam esta posição para os Mestres (escribas e doutores da lei)
h. Na época de Jesus e dos apóstolos, cada cidade, não apenas na Palestina, mas também entre os
gentios, se tivessem um considerável número de habitantes judeus, tinha pelo menos uma sinagoga.
A maioria das grandes cidades tinha diversas ou mesmo muitas.
i. As Igrejas primitivas começaram em sinagogas em muitos lugares. Além da leitura do Velho
testamento, pregava-se o Novo Testamento.
j. Paulo sempre ia ensinar nas sinagogas.
k. Apenas Filipos não tinha uma sinagoga.
H. Os Grupos religiosos:
a. Sacerdotes e Levitas: Mt 21:23; Lc 1:5,8,9
a. Na época de Jesus chegou ao cúmulo de haver dois Sumo-sacerdotes – Anãs e Caifás (sogro e
genro).
Durante esta época as seitas do judaísmo eram já tão político-culturais quanto religiosas. As
principais seitas do judaísmo eram: os fariseus, os saduceus. Os essênios, os zelotes, hebraístas e
helenistas.
b. Fariseus:
a. Hassidim – “separados” num sentido ritual – Mc 3:6. Seu nome deriva do verbo parash que significa
“separar-se”.
b. Seita que parece ter iniciado do exílio, durante a revolta dos Macabeus – 160 a.C.
c. Era a maior seita e a de maior influência.
d. Eram os mestres das tradições orais (desde a época de Esdras havia uns quatro séculos).
e. Alem dos livros do A.T., os Fariseus reconheciam na tradição oral um padrão de fé e vida.
Procuravam reconhecimento e mérito através da observância externa dos ritos e formas de piedade,
tal como lavagens cerimoniais, jejuns, orações e esmolas.
f. Não cuspir no chão em dia de sábado, a fim de que a perturbação da poeira não viesse a constituir
aragem, e, portanto, quebra do sábado por meio do trabalho. (Ex: João 9 – o problema não era curar
o cego, mas trabalhar no sábado).
g. As mulheres não deveriam olhar para um espelho em dia de sábado, a fim de que, se viesse algum
cabelo branco, não fossem tentadas a arrancá-lo, cedendo a tentação, e , portanto, trabalhassem em
dia de sábado.
h. Constituía um dilema se um fariseu podia comer um ovo posto em algum dia de festividade. Estariam
os ovos maculados, a despeito do fato que as galinhas não tinham consciência de dias festivos?
i. Eram puritanos. Eram interpretes de hipóteses legalistas, colocando-as no mesmo nível da Tora (lei de
Moisés). Criam que mérito advinha da observância escrupulosa dos pontos técnicos da Lei e das
tradições. Afastavam-se de todas más associações e buscavam obediência total a lei de Moisés.
Praticavam a oração e o jejum, entregavam o dízimo meticulosamente e guardavam com extremo
rigor o sábado.
Panorama do Novo Testamento
14
j. Mantinham de forma persistente a fé:
Na existência de anjos bons e maus;
Na vinda do messias;
Na esperança de que os mortos, após uma experiência preliminar de recompensa ou penalidade
no Hades, seriam novamente chamados à vida por ele, e seriam recompensados, cada um de
acordo com suas obras individuais.
Na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo.
k. Em oposição à dominação da família de Herodes e do governo romano, eles de forma decisiva
sustentavam a teocracia e a causa do seu país, e tinham grande influência entre o povo comum. De
acordo com Josefo, eram mais de 6.000. (Mt 5:20,21)
l. Os fariseus também tinham largo apoio do povo por que criam na “vida após a morte”, e por isso
muitos deles foram escolhidos para o mais alto tribunal – o Sinédrio.
m. Eram inimigos amargos de Jesus e sua causa; foram, por outro lado, duramente repreendidos por ele
por causa da sua avareza, ambição, confiança vazia nas obras externas, e aparência de piedade a fim
de ganhar popularidade.
n. Pertenciam em sua maioria à classe média leiga (não eram sacerdortes)
o. Modo de vida de um fariseu: orava três vezes ao dia, jejuava três dias por semana, davam esmolas
(até 20% da renda). Tudo isto é certo, mas faziam para serem vistos pelos homens. Jesus os acusava
disto.
p. Opunham-se a helenização da cultura judaica (obs:helenização - hele = grego – Alexandre, o grande
com cerca de 20 anos de reinado trouxe uma influência muito grande ao mundo – a chamada
helenização).
q. A maioria dos escribas pertencia a este partido.
r. Faziam prosélitos. (traziam adeptos, novos convertidos)
s. Saduceus:
− Saduceus = “justos” - Mt 22:23
− Sua origem é desconhecida, mas muito provavelmente derivam de um grupo de judeus helenistas.
− Segundo a tradição, seu nome deriva dos filhos de Zadoque (2 Cr 31:10), que foi sumo sacerdote
nos dias de Davi e Salomão.
− Embora menores em número do que os fariseus, os saduceus detinham o poder civil, sob o domínio
de Herodes.
− Seguiam unicamente a Torah como único escrito canônico.
− Negavam as seguintes doutrinas: Existência de anjos e espíritos; Ressurreição do Corpo (Paulo
aproveitou-se disto. Falou da ressurreição de Cristo em uma sinagoga em que havia saduceus e fariseus.);
Imortalidade da Alma; Predestinação divina (afirmavam o livre arbítrio)
− Ligados ao movimento intelectual grego, adotaram a crença epicureana da morte da alma junto ao
corpo, negando a imortalidade da alma.
− Rejeitaram a tradição oral (a lei rabínica). Negavam que ela fosse revelação de Deus aos israelitas,
mas curiosamente, aceitaram a Lei escrita, crendo que somente ela era obrigatória para a nação
como autoridade divina, embora traduzindo-a com a sua lógica helenista.
− Muitos mas nem todos os sacerdotes eram saduceus; quase todos saduceus, entretanto parecem ter
sido sacerdotes.
− Sua religião era friamente ética e literal.
− Exerciam influência política no Império, formados pela aristocracia (proprietários de terra – classe
alta e média alta)
− Controlavam certo número de cadeiras do Sinédrio – aproximadamente igual ao dos fariseus – At
23:6-10
− Não faziam prosélitos
t. Essênios:
Seita religiosa que floresceu no séc.1 a.C., existente no tempo de Cristo.
Eram mais ou menos 4.000 que seguiam com muito rigor a Lei de Moisés.
Alguns moravam em cidades, mas a maioria vivia em comunidades, no deserto de Em-Gedi.
Diferentemente dos fariseus e saduceus, os essênios constituíam uma fraternidade ascética para o
qual só poderiam entrar aqueles que se submetessem aos regulamentos do grupo e as cerimônias de
iniciações.
Panorama do Novo Testamento
15
Abstinham-se do casamento, mantinham em comum as suas prioridades, de sorte que não havia rico
nem pobre, viviam do trabalho manual de cada um.
Qualquer desvio da sua ordem era punido com a expulsão da comunidade.
Teologicamente eram semelhantes aos fariseus.
Eram uma espécie de monges fariseus.
Os Manuscritos do mar Morto – Caverna de Qumran foram preservados pelos essênios.
Historicamente têm seu valor.
Não são mencionados na Bíblia.
Talvez João Batista tenha convivido com essênios. Alguns querem forçar dizer que Jesus era um
essênio.
u. Zelotes: “zelosos” – Mt 10:4; Lc 6:15
− Uma seita de judeus que se originou com Judas, o Galileu – 6 d.C. – At 5:37.
− Recusavam-se a pagar Tributos aos romanos, porque consideravam isto uma violação do princípio,
de que Deus é o único Rei de Israel.
− Rebelaram-se contra Roma, mas logo fugiram e se tornaram um mero bando de bandidos fora da lei.
Posteriormente foram chamados de “sicários”, por causa do uso de uma espécie de punhal romano.
− Eram, na verdade um grupo de nacionalistas fanáticos, que advogavam o uso da violência para
libertarem-se do jugo de Roma.
v. Publicanos ou cobradores de Impostos ou taxas -
− os coletores de impostos eram como uma classe, detestada não somente pelos judeus, mas também
por outras nações, tanto por causa de seu emprego como pela sua crueldade, avareza, e engano,
usados para realizar sua tarefa.
− O sistema romano de coletar taxas, províncias, incluía de forma geral três graduações de oficiais. O
mais alto, chamado em latim publicano pagava uma soma de dinheiro pelas taxas de uma determinada
província, e então exigia o equivalente e mais quanto podia extorquir da mesma. Este vivia em Roma.
Então vinham submagistrados, que estavam encarregados de um determinado território, e que viviam
nas províncias. Havia ainda os portitores, os atuais oficiais alfandegários, que faziam o trabalho de
coletar os impostos.
− No NT publicano era usado para descrever os Portitores; categoria mais baixa destas três
graduações. Não correspondia a Palavra latina publicano. A palavra publicano, usada em algumas
versões para traduzi-la, é imprecisa; cobrador de imposto é melhor opção.
− Em Lc 19:2, falando de Zaqueu, descreve um oficial superior ao publicano. É provavelmente um
submagistrado, a próxima categoria em graduação.
w. Escribas: Mc 3:22: Chamados de Mestres da lei ou Doutores da Lei.
− Homens que copiavam, estudavam, interpretavam e ensinavam a lei de Moisés, que surgiram após o
exílio – Ed 7:6; Ne 8, ou seja, viviam na lei e para a Lei, com o propósito de levar o povo, a quem
guiavam, a ser obediente à Lei em todos os aspectos de suas vidas, e se tornassem imunes a qualquer
influência pagã.
− Suas funções eram: Preservar a lei; Reunir alunos e ensinar a lei nas sinagogas; Ex : Gamaliel.
− Administrar a lei na qualidade de juiz no Sinédrio.
− Criaram aos poucos um sistema complexo de ensinamentos conhecidos como “Tradição dos
Anciãos” (Talmude) – Mt 15:2-9
− Maioria pertencente aos Fariseus.
x. Hebraístas:
− Não eram um grupo nacionalista como os zelotes, mas sim, um grupo de judeus que mantinham não
somente a fé religiosa do judaísmo, mas também o uso da língua hebraica, ou aramaica, e os seus
costumes.
− Paulo parece identificar-se com eles (At 22:3).
y. Herodianos (Mc 3:6;Mt 22:16; Lc 20:20)
− Partido político judeu que simpatizava com os reis Herodes e sua forma de Governo e os
costumes sociais introduzidos a partir de Roma.
− Uniram-se aos Saduceus na manutenção da submissão a Roma e suporte de Herodes no trono
– Mc 8:15; Mt 16:6 .
− Opunham-se a Jesus – Mc 3:6; 12:13; Mt 22:16
Panorama do Novo Testamento
16
z. Helenistas:
− Eram o inverso dos zelotes. Os helenistas, apesar de serem judeus de sangue, assimilaram toda a
cultura grega, falavam grego, praticavam os costumes dos gregos, só não abriram mão da fé judaica.
Atos 6 refere-se a esse grupo de judeus-helenistas.
− Em todas estas seitas haviam traços do misticismo persa, do humanismo grego, do judaísmo patriota
e das tradições ritualistas. Em sumo, os judeus em suas crenças e práticas já se distanciaram muito
do Monte Sinai!
Gráfico Resumo do Judaísmo no NT
I. Sinédrio: Mt 22:23; Jo 11:47
a. Grande concílio de Jerusalém, que consistia de 71 membros, a saber, escribas, anciãos, membros
proeminentes das famílias dos sumo-sacerdotes, o presidente da assembléia, que era saduceu.
b. As mais importantes causas eram trazidas diante deste tribunal, uma vez que os governadores
romanos da Judéia entregaram ao Sinédrio o poder de julgar tais causas, e de também pronunciar
sentença de morte, com a limitação de que uma sentença capital anunciada pelo Sinédrio não era
válida a menos que fosse confirmada pelo procurador romano.
c. Mencionado no Novo Testamento como “principais sacerdotes, anciãos, escribas”, “principais
sacerdotes e autoridades”, “autoridades”.
TEMPLO SINAGOGA
JUDAÍSMO
SACERDOTES
(Saduceus)
SINÉDRIO OUTROS
GRUPOS
LEVÍTAS
Oral Escrita
ESCRIBAS
(Fariseus)
Panorama do Novo Testamento
17
J. Samaritanos:
a. Descendentes dos israelitas do Reino do Norte, que sobreviveram à mistura de uma população
estrangeira deportada depois da queda de Samaria em 722 a.C.
b. Os samaritanos adoravam o mesmo Deus reconheciam os 5 Livros de Moisés e esperavam a vinda de
um profeta comparável a Moisés.
c. O ódio e o desprezo dos judeus para com eles era resultante de considerações históricas e raciais e
não uma diferença no campo religioso.
K. Discípulos ou Apóstolos:
a. Conceito – usualmente o substantivo (gr.) mathetes significa aprendiz, pupilo ou aluno. Esta palavra é
encontrada na Bíblia somente nos evangelhos e em Atos. E no grego clássico sempre significa
pupilo de alguém, em contraste com o mestre ou professor (gr. Didaskalos). Em todos os
textos implica que a pessoa não apenas aceita a visão do mestre, mas que também pratica ou
adere à visão. Esta palavra tem muitas aplicações. Em sentido amplo refere-se àqueles que
aceitam o ensino de alguém não apenas por fé, mas como estilo de vida. Mas na maioria das
vezes é aplicada para designar os que aderiram a Cristo. É o único nome pelo qual os
seguidores de Cristo são mencionados nos Evangelhos, especialmente os doze Apóstolos,
mesmo quando são chamados de discípulos. No livro de Atos, após a morte e ascensão de
Jesus Cristo, discípulos são aqueles que confessam-No como Messias.
b. Os Doze Discípulos ou Apóstolos, cf. Mt 10:2-4; Mc 3:16; Lc 6:14; Jo 1:45; At 1:13
Nome Grego Significado Obs
Simão
Pedro Simon Petros Rocha ou Pedra Irmão de André
André Andréas Varonil Irmão de Pedro – ex-discípulo de João Batista
Tiago Iakobos Suplantador Irmão de João – filho de Zebedeu. Executado sob ordens de
Herodes Agripa I – At 12:1-3
João Ioannes Yahweh é um doador gracioso Irmão de Tiago, filho de Zebedeu; o discípulo amado.
Filipe Philippos Amante de cavalos
Bartolom
eu ou
Natanael
Bartholomaios
ou Nathanel
Filho de Tolmai ou Dado por
Deus
Apenas Jo cita Natanael. Nos outros Evangelhos percebemos
a associação de Bartolomeu com Felipe, assim como em Jo,
Natanael aparecesse relacionado com Felipe. Assim conclui-
se que trata-se da mesma pessoa.
Tomé Thomas Gêmeos “Discípulo da incredulidade”
Mateus
ou Levi
Matthaios ou
Levi Presente de Deus ou Ligado Publicano – cobrador de impostos
Tiago Iakobos Suplantador Filho de Alfeu
Tadeu Thaddaios Grande coração, corajoso Não citado em Lc
Judas Ioudas Seja louvado Filho ou irmão de Tiago. Citado apenas em Lc e Jo 14:22.
Provavelmente o mesmo que Tadeu.
Simão Simeon Aquele que ouve Zelote
Judas
Iscariotes Ioudas Seja louvado
Responsável pela Administração financeira do grupo de
discípulos – Jo 12:4-6.
Substituído por Matias – At 1:15-26
Panorama do Novo Testamento
18
Evangelhos
Panorama do Novo Testamento
19
EVANGELHOS
Formação Significado
1. Boas novas ou boa mensagem – euaggelion
1.1. Recompensa por boas notícias.
1.2. Boas novas
2. Proclamações escritas da história da redenção.
2.1. Não são apenas relatos de milagres para celebrar os autores destes milagres
2.2. Não são biografias de alguns heróis.
3. É a boa mensagem de que Deus, em Jesus Cristo, cumpriu Suas promessas e o caminho da salvação foi aberto a
todos. As boas novas do reino de Deus que acontecerão em breve, e, subseqüentemente, também de Jesus, o
Messias, o fundador deste reino. Depois da morte de Cristo, o termo inclui também a pregação de (sobre)
Jesus Cristo que, tendo sofrido a morte na cruz para obter a salvação eterna para os homens no reino de
Deus, mas que restaurado à vida e exaltado à direita de Deus no céu, dali voltará em majestade para consumar
o reino de Deus.
4. É o poder de Deus e revela a Sua justiça – Rm 1:16-17
Como surgiram? A. Estágio oral – até 60 d.C.
a. Transmissão e reprodução das palavras de Jesus – a mensagem não era novidade. O arrependimento já era
anunciado há muito tempo.
b. Tradição apostólica – o testemunho dos próprios apóstolos sobre o tempo em que estiveram com o Senhor.
B. Evangelhos escritos
a. Surgiram por necessidade. A “primeira geração” dos apóstolos – os que haviam sido testemunhas oculares da
ressurreição de Cristo – estava chegando ao fim.
b. Surgiram em oposição aos escritos considerados apócrifos, cuja motivação não estava em transmitir a
verdadeira mensagem da salvação.
Forças Inibidoras na formação dos Evangelhos Entre os anos 30 e 60 d.C. não havia qualquer documento formalmente escrito acerca da vida e ministério de
Jesus. A razão disso é que havia algumas forças que inibiam as pessoas de registrarem suas experiências,
principalmente quando se tratava de Jesus e do cristianismo.
Perseguição aos primeiros cristãos – como a dispersão resultante, tornou-se difícil compilar as narrativas
das testemunhas oculares. As informações ficaram dispersas. Tornou-se difícil o agrupamento de dados
necessários para a formação de um evangelho escrito.
Espera da vinda de Cristo para logo – 1Ts 4:13-18
Habilidade de memorização dos judeus – a maioria deles sabia grandes trechos das escrituras de
memória. Para eles não havia problema para guardar as palavras de Jesus e dos apóstolos.
Presença dos apóstolos e outras testemunhas oculares – At 1:21-22; At 6:3-4 – não havia necessidade
de escritos enquanto os apóstolos estavam entre eles – 30-60 d.C.
Custo do material usado – Lucas tem 1149 versículos – são necessários mais de 30 m de rolo de papiro,
além da tinta e mão de obra. Marcos “custava” o equivalente a um ano de trabalho de uma pessoa comum.
Panorama do Novo Testamento
20
Forças geradoras na formação dos Evangelhos Arrefecimento do ardor apocalíptico – 2Pe 3:4 – a esperança de que Jesus voltaria logo diminuiu.
Morte dos apóstolos e das outras testemunhas oculares – as gerações posteriores aos apóstolos
gradativamente perderiam o elo com Jesus. Surgiu a preocupação de unificar as doutrinas e, ao mesmo tempo,
guardá-las para a posteridade, para as futuras gerações. Formaram-se, então, os pontos de tradição chamados
“Centros de Tradição”: Jerusalém, Cesaréia, Antioquia, Roma, Alexandria.
Edificação da Igreja e a instrução dos neo-conversos – as pessoas que se convertiam do paganismo
necessitavam de educação, instrução – algo vivo e real, em que se apoiar: cataquese. Era também necessário
estabelecer a forma e ordem nos cultos: liturgia.
Interesse histórico dos evangelistas – não havia outro modo de registrar a vida de Jesus. Surge a
necessidade de provar historicamente que Jesus era real! Por exemplo: Mateus traz a genealogia de Jesus
comparando com as escrituras do Antigo Testamento; Lucas traz a genealogia provando as suas raízes
humanas.
Necessidade de responder a controvérsias – Mt 28:15 – Mateus denuncia a corrupção dos guardas
romanos. Havia necessidade de responder a calúnias sobre o nascimento e ressurreição de Cristo.
Espírito Santo impelindo a escrever.
A Teoria dos Quatro Documentos
1. Partindo-se do fato de que havia um evangelho primário (Marcos) e, também, do fato de que muito
material é peculiar a cada evangelista, havendo também material comum a dois deles, surgiu a “teoria dos
quatro documentos”:
2. Proto-Marcos – Fontes utilizadas por Marcos
3. Papias (Historiador da Igreja) afirma que Marcos escreveu a narrativa da vida de Jesus não
cronologicamente e, que foi o intérprete de Pedro em Roma; uma espécie de secretário (ver 1Pd 5:13 –
Pedro em Roma e Marcos com ele). Deduz-se que Marcos teve sua principal fonte em Pedro.
4. Fonte “M” – designa a origem de todo material peculiar a Mateus:
Tradição da Igreja de Antioquia (oral e escrita);
Evangelho teria sido escrito em Antioquia da Síria. Aparentemente, o Evangelho era bastante popular na
região, sendo preferido por Inácio, bispo de Antioquia, famoso “pai” da Igreja, que liderava uma das mais
antigas e celebradas igrejas.
conteúdo está baseado em leis e costumes judaicos.
5. Fonte “Q” - designa todo material utilizado somente por Mateus e Lucas
conteúdo baseia-se nos ensinamentos de Jesus (parábolas). Poderia tratar-se de uma coleção de ensinamentos
sem ordem cronológica, de tradição oral ou escrita.
A língua em que “Q” foi composto pode ser o grego ou o aramaico, dependendo da antiguidade do material.
A data provável de “Q” é de 50 – 60 d.C., por terem Mateus e Lucas sido escritos depois disso. Marcos, não
se utilizou de “Q”.
Existem pequenas diferenças entre Mateus e Lucas nos manuscritos desta fonte. Talvez tenham consultado
dois documentos justapostos, bastante similares.
Fonte “L” – designa a origem de todo material peculiar a Lucas
Trata-se, provavelmente, da tradição da Igreja de Cesaréia, apesar de ser difícil a identificação própria da
cidade específica. Lucas viajou muito antes e depois de conhecer a Paulo. É marcante em seu Evangelho, e em
Atos, que ele recolheu muito material diferente daquele contido nas fontes “Q”, “M” e “Marcos”. Lucas
visitou centros de tradição cristã atrás de informações sobre o Jesus que mudara a sua vida. Seu interesse
histórico é patente nos prólogos (Lc 1:1-4; At 1:1-5). O fato de ter reunido tanto material diferente prova,
acima de tudo, a veracidade e a legitimidade das demais fontes.
Panorama do Novo Testamento
21
Contradições e perguntas freqüentes
A. Como explicar aos céticos e descrentes as discrepâncias não conciliáveis entre os vários relatos dos
evangelhos?
a. Se os evangelhos fossem exatamente idênticos, palavra por palavra, os críticos colocariam os escritos sob
suspeita. As discrepâncias apontam para o fato de que os autores não poderiam ter estabelecido
acordo entre si.
b. A harmonia tal como existe é de tal magnitude que demonstra a sua condição de narradores
independentes.
c. Exemplos:
d. a genealogia de Jesus – Mt 1; Lc 3
e. a cura do cego ou dos cegos de Jericó – Mt 20:29-34; Mc 10:46-52; Lc 18:35-43.
B. Os lapsos de memória, o desejo de as coisas serem de determinada maneira e o desenvolvimento do
material lendário poderiam ter contaminado de modo irreparável a tradição vinculada a Jesus antes
que os Evangelhos fossem escritos?
a. A educação e aprendizado por memorização (forma poética). Alguns rabinos ficaram famosos porque
sabiam de cor todo o Antigo Testamento.
b. A reprodução – cada pessoa repete o que ouviu e pede ao que deu a informação para
confirmar.
Mateus
Lucas
Fonte “Q”
Pedro Tradição de Roma Outras Tradições
Marcos
Proto-Marcos
Proto-Marcos
Marcos
Fonte “M”
“
Fonte “L”
Panorama do Novo Testamento
22
MATEUS Tradicionalmente ocupa o primeiro lugar. Dizem que é por apresentar Jesus como Messias das Escrituras do
Velho Testamento. Alguns acham que originalmente foi escrito em Hebraico e mais tarde traduzido para o grego
(Papias e Irineu)
1. Titulo:
A. Os manuscritos Álefe e B, apresentam com o título “Kata Mathaiom”, que quer dizer “ Segundo Mateus”.
B. Os outros manuscritos apresentam como “Evanguellion Kata Mathaiom” (as boas-novas segundo Mateus).
C. A forma de seu nome é a reprodução grega do aramaico Mattathyah e significa “dom de Jeová”.
D. Mateus = presente de Yahweh – Mt 9:9; Levi – Mc 2:14O Evangelho segundo Mateus
E. O livro do REI. – LEÂO
2. Integridade, Canonicidade e Autenticidade:
Nunca houve dúvida que Mateus é integro, e quanto a canonicidade e autenticidade, diz-se a mesma coisa
desde o princípio da Igreja.
A. Autenticidade – escrito pelo autor tradicional ou homem apostólico.
B. Integridade – todo o evangelho escrito pelo autor, sem interpolações.
3. Autor:
A. Mateus – Até sua conversão era chamado Levi. Levi = unido.
a. Era Publicano. Era coletor (cobrador) de impostos para o governo romano em Cafarnaum, que
foi chamado por Cristo para ser um dos 12 apóstolos.
b. Quando Jesus chamou Mateus ao discipulado (Mt 9:9-13, Mc 2:14), a sua rápida correspondência
ao chamado provavelmente significa que ele já havia sido tocado pelas pregações públicas de
Jesus.
B. Provavelmente os judeus tinham uma aversão por Mateus.
C. O historiador Eusébio é a principal fonte de referência quanto a autoria dos livros do NT. Ele cita outras
fontes mais antigas como Paias, Irineu e Orígenes para reforçar suas definições. Ele cita este evangelho
como autoria do apóstlo Mateus, ou Levi, o coletor de impostos.
D. O primeiro escritor patrístico que menciona Mateus como o autor deste evangelho é Papias. Depois
Orígenes e Eusébio.
4. Data:
A. Provavelmente escrito entre 70 – 75 d.C. (62 e 72 d.C. ou 52 e 68 a.D.)
B. Contém aproximadamente 34 anos do nascimento de Cristo Sua ascenção.
5. Local: ?
A. Não se sabe ao certo o local, mas há fortes evidências de que foi escrito em Antioquia, pelo fato da
cidade ter-se tornado um forte centro cristão. Inácio, bispo de Antioquia tinha real preferência por este
evangelho, utilizando-o acima de todos os outros.
6. Destinatário:
A. Judeus recém convertidos, da dispersão de fala grega, como um manual de instrução na fé
7. Tema Principal:
Apresentar Jesus como O Messias e que a fé nEle não envolvia o repúdio do AT, mas era o próprio alvo para
o qual a revelação do AT apontava.
8. Palavras principais:
Reino (do céu) – 56; Reto, justo (justiça) – 25; Cumprir (cumprido) – 18;
9. Frases Principais:
A. Filho do Homem – 32;
B. Rei (ou reino) dos céus - 32 vezes; (não aparece em nenhum outro lugar)
C. Pai no Céu, Pai Celeste – 20;
D. Que foi dito – 13;
E. Filho de Davi – 9;
10. Versículos Principais: 1:1; 5:17 e 18; 24:14
Panorama do Novo Testamento
23
11. Capítulo Chave:
O momento decisivo de Mateus é no capítulo (12) onde os fariseus, agindo como liderança do povo de
Israel, rejeitam formalmente à Jesus Cristo como o Messias, dizendo que o seu poder não vem de Deus mas
do diabo. O ministério de Jesus muda imediatamente com:
a. Seu novo ensino de parábolas;
b. Seu aumento de atenção dada aos seus discípulos;
c. Sua constante referência que sua morte estava perto;
12. Propósitos/ Motivos:
A. Apresentar Jesus como Rei dos Judeus e Messias a. Mateus mostra Jesus como o novo Moisés, e seus ensinamentos são a nova lei (5 a 7). A grande quantidade
de citações de milagres deve-se ao fato de que os escritos rabínicos mostravam que o messias esperado seria
poderoso operador de Milagres. Logo Mateus quer evidenciar Jesus como o Messias prometido
B. Mostrar Jesus como poderoso operador de milagres: como o Messias aguardado. a. Através de uma seleção cuidadosa de citações do Velho Testamento, Mateus documenta as declarações de
Jesus onde ele diz ser o messias.
b. Mostrar que Jesus é o verdadeiro Messias das profecias do VT, nascido e treinado sob a lei judaica, mas,
Senhor do reino messiânico, cujo princípios espirituais sobrepujam o judaísmo. Jesus Rei. (Messias Real)
c. Para provar que Jesus cumpre ou preenche todas as qualificações do Messias, Mateus usa mais citações e
ilustrações (quase 1300 do VT do que qualquer outro livro.
d. Diante das muitas citações do AT, percebe-se que o autor indica o cristianismo como uma graduação acima
do judaísmo e não uma contradição do mesmo. Isto implica que o autor acreditava que a antiga e a nova aliança
se combinavam em Cristo e sua Igreja, e que a Igreja co ntém o “melhor do judaísmo”, na pessoa do Messias
Jesus.
C. Para mostrar aos judeus a rejeição do Seu Rei e Seu Reino.
D. Para dar uma amostra dos eventos da época da ascensão de Cristo até a Sua 2ª vinda
E. Servir de manual de instruções e ensino no culto cristão.
a. Porque Mateus apresenta sistematicamente as declarações, credenciais, autoridade, ensinos
éticos e ensinos teológicos de Jesus, esse livro tem sido usado como um Manual de Ensino desde os
primeiros anos da Igreja.
b. Satisfazer às necessidades de crescimento da Igreja, pois aborda problemas eclesiásticos e suas
menções (6ss)
13. Mensagem Central:
− Arrependei-vos porque esta próximo o reino dos céus (3:2; 4:17)
14. Mensagem:
A. O Reino do Céu não é um reino materialista, governado por príncipes mundanos, nem é um reino
nacionalista limitado à esta terra
B. O reino de Deus é um reino Espiritual de características, natureza e ordens divinas. Isto refere-se
especificamente onde as leis e regras de Deus se tornam eficazes pela submissão aos príncipes espirituais
do Rei.
15. Argumentação do Livro:
A. Apresenta as obra e os ensinos de Jesus como prova de que Ele é o Filho do Deus Vivo.
B. O triunfo final do Rei Jesus, e a incumbência dos discípulos de ganhar o mundo para o reino de Deus.
16. Características: A. Por ser coletor de impostos, trata de detalhes concernentes a dinheiro.
B. Contém inúmeras características judaicas.
a. Jesus é o cumprimento da Lei e todas as leis se cumpriram em Jesus – Mt 5:17
b. Jesus cumpriu as profecias do AT - “...aconteceu para que se cumprisse o que está escrito..”
c. Jesus não é “João Ninguém” tem um ascendência judaica.
C. É escrito por tópicos e, não necessariamente cronologicamente, tornando-se apropriado para instrução.
D. Reflete a universalidade do evangelho – Mateus é o único a usar o termo Igreja (Mt 16:18; 18:17). Ambas as passagens
foram ditas por Jesus mostrando que lê tinha uma idéia definitiva da igreja como uma instituição pó vir.
E. Indica organização: números 3 e 7.
F. Salienta o profetismo, o sacerdócio e a realeza de Jesus.
G. Conservou mais discursos, profecias e doutrinas de Jesus do que Marcos e Lucas.
H. Salienta a humilhação e o sofrimento do Messias e ao mesmo tempo destaca sua divina majestade. Acentua os
choques e conflitos entre Jesus e os inimigos. Não é tão literário como Lucas e nem tão profundo como João na
apresentação do retrato de Jesus como Senhor e Salvador da humanidade.
I. 60 % dos mil e setenta e um (1071) versículos de Mateus contém as palavras ditas por Jesus.
J. Os nomes dos doze discípulos (Mt 10:2-4)
Panorama do Novo Testamento
24
a. Simão (que é chamado Pedro)
b. André (irmão de Simão)
c. Tiago (filho de Zebedeu)
d. João (irmão de Tiago)
e. Filipe
f. Bartolomeu / Natanael
g. Tomé
h. Mateus (o publicano)
i. Tiago (filho de Alfeu)
j. Tadeu
k. Simão (Cananita)
l. Judas Iscariotes
17. Esboço:
A. Preparação do Rei – Caps. 1 – 4
B. Apresentação do Rreino – Caps. 5 - 10
C. Pregação do Reino – Caps. 11 – 25
D. Paixão do R’ei – Caps. 26 – 28
18. Resumo:
A. A característica que distingue o evangelho de Mateus é o apelo à razão dos judeus.
B. Foi provavelmente, originalmente, escrito em hebraico e contém muito mais citações do Velho
Testamento que os outros Evangelhos.
C. Foi o método para convencer os judeus que Jesus de Nazaré era o Seu messias prometido.
D. Apresenta o Rei e Seu Reino.
E. Por causa do seu conceito nacionalista e materialista do Reino, eles já rejeitaram o Rei.
F. Assim, o Reino foi tirado deles e transformado em ministério, sacerdócio da Igreja (só mencionado no
Evangelho de Mateus) para pregar o Evangelho do Reino para todo o mundo.
19. Figuras de Cristo - Cristologia:
Cristo é visto como: REI (2:2); O LEGISLADOR (5:7; Is 33:22); O UNGIDO (3:16,17); O FILHO DE DAVI
(1:1); O CUMPRIMENTO DA LEI E DOS PROFETAS (5:17).
20. Material Peculiar de Mateus:
A. A vinda dos magos do Oriente:
B. A fuga para o Egito e a volta para Nazaré;
C. A matança das crianças em Belém;
D. A vinda dos fariseus e saduceus para serem
batizados por João;
E. O pedido de Pedro para andar sobre as
águas;
F. Jesus paga o tributo;
G. O preço da traição, 30 moedas de prata;
H. O remorso e o suicídio de Judas;
I. O sonho da esposa de Pilatos;
J. A saída dos mortos dos túmulos de
Jerusalém;
K. O terremoto antes da ressurreição;
L. A guarda da porta do túmulo de Jesus;
M. O suborno da guarda;
N. Partes do Sermão da Montanha;
O. Discurso sobre a humildade;
P. Descrição do juízo Final;
Q. Dois milagres e dez parábolas que não
constam nos outros evangelhos;
21. Milagres:
A. O mudo endemoninhado (Mt 9:32-35)
B. Restauração da vista de dois homens (Mt
9:27-31)
22. Parábolas: 10 parábolas
A. O Joio (13:24-30);
B. A rede (13:47,48);
C. O tesouro escondido (13:44);
D. A pérola de grande valor (13:45,46);
E. O pai de família (13:52);
F. Os dois devedores insolventes (18:23-35);
G. A veste nupcial (22:10-14);
H. Os trabalhadores na vinha (20:1-6);
I. Os dois filhos (21:28);
J. As dez virgens (25:1-12);
Panorama do Novo Testamento
25
MARCOS
O Evangelho de Marcos é conciso, claro e direto, num estilo que agradaria à mentalidade romana, que não
gostava de abstrações e fantasias literárias. Há muitas expressões latinas em Marcos que vem fortalecer esse tese,
além do que, Marcos insiste pouco na lei e nos costumes judaicos e, quando os menciona, explica-os mais
completamente do que os outros evangelhos.
1. Titulo:
A. Marcos = polido, brilhante (João Marcos);
B. O Evangelho segundo Marcos;
C. O livro do SERVO - BOI
2. Integridade, Canonicidade e Autenticidade:
Há dúvidas de que o trecho do cap. 16:9-20 seja de Marcos.
A. Por que há dúvida?
a. Não consta nos dois principais manuscritos. Álefe e B;
b. O estilo é completamente diferente;
c. O teor da mensagem também é completamente diferente;
B. Por que teria sido incluído esse texto se não é escrito por Marcos?
a. Porque consta nos manuscritos unciais A,C,D,X, Gama e Zeta, e em todos os cursivos;
b. Ele teria sido incluído nos tempos apostólicos.
H.H. Haley diz:
“Apesar de não constarem nos manuscritos Sinaíticos e Vaticano (Álefe e B), desde os primórdios foram aceitos como
parte genuína do Evangelho de Marcos. Pensa-se ser provável que a ultima página da cópia original se perdera, sendo
adicionada depois. Não parece que o versículo 8 seja um final próprio para o livro”.
3. Autor: A. ( João) Marcos – grande martelo ou defesa. B. João Marcos seria filho de Maria, amiga dos apóstolos. Sua casa sempre foi centro de eventos bíblicos (At 11:30 -
12:25; 13:5-13; 15:37-39; II Tm 4:11; II Pe 5:13). Era primo de Barnabé, ajudante de Barnabé, Pedro e posteriormente
companheiro de Paulo.
C. Muitos concluíram que foi Marcos quem realmente escreveu o “Evangelho segundo Pedro”.
D. O livro é anônimo, visto como por consenso comum os títulos dos escritos do NT, são considerados como
acréscimos ulteriores, não tendo, além disso, o autor dado a conhecer a sua personalidade.
E. A igreja primitiva sempre reconheceu a autoria de João Marcos sobre esse evangelho, identificando-o como aquele a
quem se referem os Atos dos Apóstolos e as Epistolas (At 12:25; 13:5; Cl 4:10 e 11; II Tm 4:11 e I Pe 5:13). João
marcos.
F. A tradição mais antiga é de Papias, bispo de Hierápolis, que apesar de ter vivido cerca de cem anos depois do
Evangelho ter sido escrito, possivelmente teve acesso a alguma tradição genuína que ressaltava Marcos como o autor
do Evangelho.
4. Data:
A. Escrito mais ou menos entre 62 – 64 d.C. (48 e 55 d.C.)
B. Contém aproximadamente 34 anos, do ministério de João ao início do Ministério da Igreja Primitiva.
C. Os mais antigos testemunhos acerca deste evangelho, ligam-no a pregação de Pedro em Roma na década
de 70 da era cristã.
D. Irineu nos declara que:”depois da morte de Pedro e Paulo, Marcos nos transmitira por escrito as coisas
pregadas por Pedro. Alguns preferem datar entre 50 e 54 d.C. (55 e 58 d.D)
5. Local: Roma
Destinatário:
A. Povo cristãos não judeu, provavelmente os cristãos em Roma.
B. Marcos escreve aos romanos e é talvez por isso que exclui:
− A genealogia de Cristo;
− Os cumprimentos de profecia;
− Referências à Lei;
Panorama do Novo Testamento
26
− Muitos costumes Judaicos encontrados nos outros evangelhos.
6. Tema Principal:
Diante da clara intenção de Marcos em destacar os fatos acima das teorias, seu tema destaca-se como “Um
Rei que servia em amor e para resgatar a muitos” (10:45), apresentando um ministério ativo de Jesus.
7. Palavras principais:
A. Logo, imediatamente, sem demora, dentro em pouco, em breve (mesma palavra grega) – 42;
B. Multidão, povo, pressão (mesma palavra grega) – 38
C. Evangelho – 8
8. Versículos Principais: (chave)
Mc 10:45 – “ Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de
muitos”
9. Argumentação do Livro:
A. A popularidade de Jesus.
B. O contraste crescente entre a popularidade de Jesus e a oposição forte e crescente dos fariseus.
C. Mostrar o planejamento do ministério do mestre e sua execução feita com firmeza do princípio ao fim.
10. Propósitos/ Motivos:
A. Apresentar Jesus de Nazaré como o perfeito e fiel Servo de Jeová.
B. Mostrar aos romanos que Jesus era o Servo, atuando debaixo da autoridade de Jeová, dando imediata e
fiel obediência para todos os mandamentos.
C. Encorajar e instruir os cristãos (provavelmente romanos) devido à perseguição.
D. Revelar Jesus Cristo, o poderoso Filho de Deus.
E. Apresentar um ministério ativo de Jesus.
F. É claramente manifesta a intenção do evangelista em não discutir teologia, mas, acima de tudo, representa
seu esforço para por diante do público a pessoa e obra de Cristo fora do contexto do AT, pois seus
ouvintes não sabiam acerca do conteúdo. As suas descrições breves, as suas frases agudas, as suas
aplicações diretas da verdade, são exatamente aquilo que um pregador de rua usaria para pregar Cristo a
uma multidão promíscua. Seu principal propósito é falar da pessoa de quem se ocupa o evangelho e dá um
retrato de Cristo investido em fato e inesquecível.
11. Mensagem:
A. O caminho para ser grande no Reino de Deus é sendo Servo de todos.
B. Ele humilhou-se a si mesmo debaixo da mão de Deus, para ser exaltado no tempo oportuno (1Pe 5:6).
C. O livro mostra o foco duplo da vida de Cristo: Serviço e Sacrifício. (Mc 10:45)
12. Esboço:
A. A Separação do Servo – 1:1-13
B. O Serviço do Servo – 1:14 – 8:30
C. O Sacrifício do Servo – 8:31 – 15:47
D. O Senhorio do Servo – 16:1-20
13. Resumo:
A característica que distingue o Evangelho de marcos é o apelo à razão dos romanos. Foi escrito
provavelmente em Roma e contém mais latim do que qualquer outro Evangelho. Costumes, lugares, dinheiro
dos judeus e expressões em aramaico são usadas de tal maneira que a mente romana possa compreender. O
Evangelho de marcos apresenta o SERVO – Filho como um homem de ações, de feitos mais que palavras,
registrando mais milagres que os outros evangelhos. Ele começa com a apresentação do Servo e termina com
o Servo sendo feito Senhor (Mc 16:19; Fp 2:6-11; At 2:36)
14. Características do Livro:
A. Marcos é interprete de Pedro e escreveu o que dele ouviu após sua morte. Hé evidente influência de
Pedro nos assuntos, na linguagem.
B. Escrita em situação de perseguição.
Panorama do Novo Testamento
27
C. AÇÃO – descrição dos milagres de Jesus – “poder de Deus em ação”.
D. Cuidado com os leitores na tradução de expressões aramaicas.
E. Realismo de Marcos: conta os fatos na sua simplicidade, deixando para o leitor a sua interpretação
teológica.
F. Tem sido sugerido que Marcos está referindo-se a sim mesmo quando ele fala sobre “um certo jovem
(mancebo) “no Getsêmane (Mc 14:50-52). Como todos os discípulos haviam abandonado Jesus (Mc 14:50),
esse pequeno incidente poderia ter sido um relato de primeira mão.
G. O evento principal em marcos é quando Pedro confesse “Tu és o Cristo” no cap. (8).
H. O passo rápido e breve deste livro reflete a ênfase de Marcos em ações mais do que em palavras.
I. Somente 18 das 70 parábolas de Cristo são encontradas em marcos – algumas dessas são apenas umas
frases de comprimento – mas ele cita mais da metade dos trinta e cinco (35) milagres de Cristo, a maior
proporção dos evangelhos.
J. Quase 40% desse evangelho é dedicado a um relato detalhado dos últimos 8 dias da vida de Cristo.
K. Marcos é quase que totalmente objetivo na sua apresentação. Poucos comentários são feitos. A narrativa
conta a sua própria história.
15. Figuras de Cristo:
− Cristo é visto como: O FILHO DE DEUS (1:1);Que tornou-se FILHO DO HOMEM (10:45);O 1º
ENVIADO (9:37);E o Sofredor SERVO que, depois de dar sua vida em resgate de muitos, tornou-se
exaltado SENHOR
Panorama do Novo Testamento
28
LUCAS
O evangelho de Lucas nos apresenta uma questão nova em termos de inspiração para as Escrituras. Como
Deus poderia falar a Lucas através do processo de acurada investigação e, num tempo em que já outros escritos
haviam sido feitos. Porque Deus faria mais um? Seria possível as palavras de Deus estarem na boca das pessoas
entrevistadas?
Diante de tudo isso, torna-se claro que Deus pretende produzir escritos acerca da vida de Jesus sob
ângulos diferentes. Um mais narrativo, outro mais ensinador, outro mais sobrenatural e outro mais histórico. Este
ultimo é o de Lucas.
O Evangelho de Lucas, pelo fato de ser produzido após os evangelhos de Marcos e Mateus já terem sido
escritos, acompanha a mesma seqüência de acontecimentos deles, mas com muitos acréscimos que só aparecem
em Lucas. Lucas também segue o mesmo estilo de Paulo ao colocar uma introdução dedicatória.
1. Titulo:
A. Lucas = “que dá a luz”; luminoso
B. O Evangelho segundo Lucas
C. O livro do HOMEM PERFEITO – HOMEM
2. Integridade, Canonicidade e Autenticidade:
O Evangelho de Lucas, usado por Marcião era incompleto. Não tinham os três primeiros capítulos e nem
os últimos sete versículos, e isto trouxe muita discussão quanto a Integridade de Lucas. Porém, depois de
muitos estudos, os críticos concluíram que Marcião é quem estava errado e que estas porções eram
realmente de Lucas.
3. Autor:
A. Escrito por Lucas o médico, que não foi um dos 12 apóstolos, mas era um companheiro de Paulo. Ele
também escreveu o livro de Atos.
B. Os manuscritos dão a entender, pelas citações, que a obra é de Lucas.
C. Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria mencionam o nome de Lucas como autor do 3º
evangelho.
D. Três argumentos a favor dessa autoria:
a. O autor do terceiro Evangelho é também o autor do Livro de Atos (Lc 1:11; At 12:7); (Lc 1:1-4; At
1:1-2); (Lc 24:51; At 1:10); (Lc 3:8; At 26:20).
b. O Autor de Atos foi companheiro de Paulo, isto sabemos pelo emprego freqüente do pronome
“nós” nos relatos das ocorrências.
c. Este companheiro de Paulo e autor de Atos e do Evangelho foi Lucas.
Obs: Provas dessa conclusão:
a. O companheiro de Paulo era médico (Cl 4:14);
b. Os termos médicos usados nos 2 livros confirmam a autoria de Lucas.
4. Data:
A. Provavelmente escrito entre 62 – 64 d.C. depois ou junto de Marcos. (59 e 62d.C.)
B. Contém aproximadamente 35 anos, do nascimento de João Batista até a ascensão.
5. Local:
A. Roma (?)
B. Não há dúvidas de que foi escrito fora da palestina, mas não há nenhuma boa tradição primitiva acerca do
lugar para que se possa ao menos supor.
6. Prováveis fontes do Evangelho:
A. O evangelho de Marcos;
B. A logia de Jesus da autoria de Mateus;
C. Tradição da Igreja de Cesaréia (Material L);
D. Testemunhas oculares (1:2);
E. Algumas fontes em aramaico (que seriam cânticos de Louvor).
Panorama do Novo Testamento
29
7. Tema Principal:
O grande tema do evangelho de Lucas é: Jesus Cristo, o salvador divino. Desde o ínicio o tema é
enfocado, mesmo antes do nascimento, com a ação do anjo, do preparo para a vinda do “voz que clama no
deserto” e do próprio Senhor.
8. Destinatário:
A. Teófilo – oficial romano recém convertido.
a. Alguns defendem a idéia que teófilo pode ser uma denominação genérica de todos os “amigos de
Deus”. Pode ser uma referência subliminar aos cristãos perseguidos pelo império romano.
B. Isto é evidenciado pelos prólogos de Lucas e Atos (LC 1:1-4; At 1:1-5) que ambos os livros foram
dirigidos a Teófilo como um trabalho de dois (2) volumes.
C. Além de Teófilo é dirigido aos gregos em particular.
a. Acredita-se que Lucas era grego, homem de grande instrução, como indica o seu estilo e o fato de
ser ele médico;
b. A leitura cuidadosa revela passagens escritas por um pensador a um filósofo e meditativo;
c. Pelo estilo. È atraente por sua eloqüência poética, principalmente os cânticos das partes judaicas.
Quase nada se diz acerca das profecias do VT.
9. Palavras Principais:
A. Filho – 145
B. Reino (de Deus) – 45
C. Pregar, Publicar, Proclamar, Anunciar, Apresentar (3 palavras gregas) - 20
D. Espírito, Santo Espírito - 17
10. Versículos Principais: 4:18,19; 19:10
11. Capítulo Chave:
A. O capítulo 15 é o capítulo chave deste livro. As três parábolas da Ovelha Perdida, da Moeda Perdida, e do
Filho Perdido são os pontos cruciais desse evangelho: que Deus através de Cristo veio buscar e salvar os
perdidos.
12. Propósitos/ Motivos:
A. Apresentar Jesus Cristo e a Salvação.
B. Mostrar que o evangelho é universal, derrubando as barreiras entre judeus e gentios, retratando um
Cristo que se relaciona com todo tipo de pessoas.
C. Apresentar Jesus de Nazaré como o ungido Homem Perfeito, que depois de um perfeito ministério
providenciou uma perfeita salvação para a humanidade pecadora.
D. Ou seja, Mostrar que o Salvador veio para salvar toda a raça humana.
− O Salvador Universal para pessoas de todas as idades ou raças; pára os judeus (1:13; 2:10), para os
samaritanos (9:51-56), para os pagãos (2:32; 3:6,38), para os publicanos, pecadores e desprezados
(7:37-50), para as pessoas respeitáveis (7:36), para os pobres (1:53) e também para os ricos (19:2;
23:50)
E. Mostrar aos gregos que Jesus era o Homem ideal de Deus, o único Salvador.
F. Apresenta fatos e provas históricas para aumentar a confiança de Teófilo no Evangelho do seu Salvador;
G. Mostrar a todos e principalmente aos gentios que sua fé cristã baseia-se em fatos cuidadosamente
examinados e confirmados;
13. Características:
A. Estilo literário – é o mais literário de todos os evangelhos.
a. Esse Evangelho não foi só cuidadosamente gravado e documentado, mas foi também escrito no grego
mais refinado do NT – Somente a Epistola aos Hebreus é comparável.
B. Detalhes históricos – Lucas preocupou-se em procurar outras testemunhas oculares dos fatos que
descreve.
C. Proeminência do Espírito Santo - é o que mais acentua a graça e misericórdia de Deus, bem como a
obra do Espírito Santo;
D. Salientar a vida de oração de Jesus. - é o que dá mais ênfase a oração;
Panorama do Novo Testamento
30
E. Lucas traduz termos Aramaicos com palavras gregas e explica costumes e geografia Judaica para fazer
seu evangelho mais claro e distinto aos seus leitores gregos.
F. Lucas é o livro mais extenso do NT e é o mais extenso e preciso dos evangelhos.
G. O livro de Lucas e atos juntos compõem 28% do NT, fazendo Lucas o mais prolífico dos autores do
NT (Lucas escreveu 2.138 versículos; Paulo escreveu 2.033 versículos).
H. O evangelho de Lucas mostra que a mensagem cristã é universal, descrevendo o Filho do homem
como o Salvador de todos os homens: Judeus, samaritanos, Gentios; pobres e ricos; respeitados e
desprezados; publicanos e líderes religiosos.
I. O forte interesse de Lucas em pessoas é evidente através dos retratos de pessoas com Zacarias,
Zaqueu., O Filho Pródigo e muitos outros.
J. É o evangelho que dá lugar mais proeminente às mulheres - dá uma atenção especial as mulheres (a
palavra “mulher” ocorre 43 vezes em Lucas e só 49 vezes ao todo em Mateus e Marcos).
K. As crianças também recebem mais importância em Lucas do que era normal nas escrituras daquela
época.
L. É o mais compreensível dos evangelhos;
M. É o evangelho de louvor e graça;
N. É o evangelho que apresenta o ambiente doméstico e social do ministério de Jesus;
14. Esboço:
A. A Preparação do Filho do Homem - 1:1 4:15
B. O Ministério do Filho do Homem - 4:16 -21:38
C. O Sofrimento do Filho do Homem - 22:1 – 23:56
D. A Exaltação do Filho do Homem - 24:1-53
15. Resumo:
A Característica que distingue o Evangelho de Lucas é o apelo à razão dos gregos. Enquanto os romanos
exaltavam a força do combate, os gregos exaltavam a sabedoria do pensamento. Foi Lucas quem registrou
mais parábolas de Jesus que qualquer outro Evangelho escrito. O retrato de Jesus que Lucas descreve é o
Homem Perfeito, a sabedoria de Deus, o que mais satisfez o ideal elevado dos gregos. Lucas também mostra o
relacionamento de Cristo com o Espírito Santo. Ele começa com a Sua vida nascida do Espírito, continua com
o Seu ministério no poder do Espírito, e termina com a Sua promessa de derramamento do Espírito.
16. Lucas Como Evangelista:
A. Somente 3 vezes seu nome é mencionado nas Escrituras (Cl 4:14; II Tm 4:11 e Fl 1:24), sempre ocupado
na obra do Senhor junto com Paulo;
B. Lucas foi um dos missionários que responderam à chamada de Macedônia com Paulo, Silas e Timóteo (At
16:10, 13, 17);
C. Foi companheiro fiel de Paulo até o Fim (II TM 4:11).
17. Figuras de Cristo - Cristologia:
18. Cristo é visto como o perfeito FILHO DO HOMEM, o UNGIDO PREGADOR, e o SALVADOR da
humanidade perdida (4:18,19; 19:10)
Panorama do Novo Testamento
31
JOÃO
O evangelho de João, embora siga a mesma seqüência de acontecimentos dos demais evangelhos destaca-
se por seu estilo e estrutura diferentes. Não contém parábolas, Apresenta apenas sete milagres e, cinco deles
aparecem apenas neste evangelho. Os discursos de Jesus dizem respeito apenas a Sua Pessoa e não a doutrina.
João é o grande evangelho da Cristologia.
Este livro é o verdadeiro cume dos ensinamentos bíblicos. Nele encontramos a entrada para o coração de
Deus, crer em seu filho. Os 21 capítulo mostram Cristo como o Deus dos céus, feito carne, objetivando morrer
pelos homens.
1. Titulo:
A. O Evangelho segundo João
B. O Livro do FILHO DE DEUS - (ÁGUIA)
2. Integridade, Canonicidade e Autenticidade:
A. O trecho sobre a mulher adultera (7:53 – 8:11),
a. é duvidoso porque é encontrado raramente nos manuscritos gregos. Nos mais antigos (manuscritos),
apenas em D (Bezae). Não é encontrado ainda nas antigas versões latinas e em quase todas siríacas e
cópticas. Não é mencionado nos escritos patrísticos gregos de Tertuliano e Cipriano. O estilo é diferente.
b. Os mais criteriosos, porém, não têm dúvidas de que a narrativa é de origem apostólica. Acham que o estilo
é lucano e a história verídica. E, em alguns manuscritos é colocado no Evangelho de Lucas, depois de
21:38.
B. São levantadas dúvidas também sobre o capítulo 21, porém os manuscritos e o estilo atestam que pelo menos
até o versículo 23 já parte do Evangelho original. Há duvídas porque há uma conclusão natural em 20:31. O
melhor é dizer que o próprio autor do livro acrescentou o capítulo 21 algum tempo depois. Muitos críticos
acham que o v.24 tenha sido escrito por presbítero de Éfeso, enqunato outros o aceitam como a segunda
conclusão de João, junto com v.25.
3. Autor:
A. Escrito por João (21:24), que era um dos doze apóstolos.Filho de Zebedeu, o discípulo amado (21:20-24).
Ele também escreveu 3 epístolas e o Apocalipse.
B. João = a amado
C. É uma testemunha ocular do ministério de Jesus (1:14).
a. É o mais íntimo do Senhor, ai reside o seu valor e sua autoridade apostólica como autor do 4º
Evangelho.
b. É judeu, demonstrando conhecimento da história, dos costumes, das idéias e das esperanças dos
judeus, valoriza muito a significação profética do VT;
D. O autor é natural da Palestina –
a. Pelo seu modo natural de citar ou mencionar lugares e distâncias, até mesmo edifícios e
dependências, prova que era profundo conhecedor da regiões.
b. Faz com sabedoria uma distinção entre as opiniões dos judeus e cristãos a respeito do Messias
como profeta.
c. Quando entra em pormenores exatos a respeito do tempo, de lugar, pessoas e números, prova
que presenciou tudo. Ex: A hora que Jesus subiu no parapeito do poço (4:6); o número e o tamanho
das talhas nas bodas de Cana (12:3,5); o peso e o valor do perfume que Maria derramou sobre os pés
de Jesus (12:3,5); os pormenores do julgamento de Jesus (capítulos 18 e 19).
E. O autor era apostolo –
a. Quem podia estar presente em tantos lugares e em tantas ocasiões, senão um dos apóstolo?
b. Descreve várias vezes o sentimento dos doze. Menciona, como nenhum outro evangelista, os
sentimentos e os motivos de Jesus (4:1; 16:15; 6:6 e caps. 13 – 17)
c. Parece, diante destes fatos, que o autor não pode ser outro senão o Apóstolo João, filho de
Zebedeu, sendo apóstolo, tem que ser João mesmo. Dos apóstolos mais íntimos de Jesus, que eram
Pedro, Tiago e João, o primeiro é excluído pelas referências a ele feitas no Evangelho e por ter já
Panorama do Novo Testamento
32
participado na escrita do Evangelho de Marcos (seu gênio). Tiago foi martirizado em 44, bem antes da
produção desse evangelho;
B. Testemunho Histórico
a. Muitos críticos admitem abundantes referências na literatura patrística (Pais da Igreja) atribuídas
ao Apóstolo João, e ao quarto Evangelho, depois do ano 150.
b. Todo o testemunho da Patrística, desde o tempo de Irineu, é preponderante a favor da autoria
Joanina. Clemente de Alexandria (190 d.C.), Orígenes (220 d.C.), Hipólito (c. 225 d.C.), Tertuliano (c.
200 d,C,) e o fragmento Muratoriano (c. 170 d.C.), concordam em atribuir o 4º Evangelho a João,
filho de Zebedeu.
4. Data:
A. Provavelmente 90 -110 d.C. (85 e 95 a.D)
B. Contém aproximadamente 4 anos do ministério de João batista até pouco antes da ascenção.
C. A data mais aceita é entre 80 e 98. devido as evidências internas que apontam para um escrito em um
ambiente Gentílico, pois os costumes e as festas judaicas são explicada em benefício daqueles que não
estavam familiarizados com elas (2:13; 4:9; 19:31). E, sabe-se, que o apóstolo João esteve exilado em
Patmos por esse período e, antes disso residiu por muito tempo em Éfeso.
5. Local:
A. Éfeso.
B. É pouco provável que também tenha sido escrito em Patmos, pois o evangelho não apresenta as mesmas
características das cartas e apocalipse.
6. Destinatário:
A. Igrejas em geral (judeus e gentios).
B. Parece-nos sobressair do texto de João a intenção clara de produzir um texto cujos destinatários
conheciam as profecias acerca da vinda do Messias, profecias essas, cumprida em Jesus. Logo, o
destinatário do evangelho de João é o povo judeu.
7. Tema Principal:
Desde o início com o “vimos a Sua glória” (1:14) até o seu final onde diz que “todos os feitos de Jesus não
caberiam nos livros” (21:25), fica clara a intenção do autor em destacar a divindade, a sobrenatural idade e os
grandes feitos de Jesus. Para João, o grande tema é que “Jesus é Deus feito carne e habitando entre nós”. (1:14)r
8. Relação com os outros Evangelhos:
A. Lucas apresenta Jesus em sua Humanidade como Filho do Homem.
B. João Apresenta Jesus em sua Divindade como o Filho de Deus.
C. É considerado como suplemento dos sinóticos. Harmoniza-se com os outros Evangelhos apenas:
a. Nos acontecimentos da paixão;
b. No período entre a ressurreição e ascenção;
c. Na multiplicação dos pães e peixes;
d. O milagre de andar sobre as águas.
D. O restante difere e é complementação do ministério de Cristo. O estilo literário também é diferente e
assemelha-se ao do próprio Mestre.
9. Palavras principais:
Pai (Deus) - 122 Crer (crido, crendo) – 101 Mundo – 80
Judeu (s) – 70 Amor (amado, amaste) – 57 Vida, vivo – 52
Verdadeiro, verdade – 47 Testemunha (2 palavras gregas) –
47 Filho (Cristo) – 43
Permanecer – 41 Em verdade, em verdade – 25 Luz – 24
10. Versículos Principais: Jo 3:16; Jo 20:30, 31;
11. Tema:
− João tem um tema duplo predominante:
Panorama do Novo Testamento
33
− Fé – aqueles que colocam a sua fé no filho de Deus têm a vida eterna.
− Descrença – Aqueles que o rejeitam estão sobre a condenação de Deus
12. Mensagem:
A. O único caminho de acesso a Deus, o Pai, é através de Seu amado Filho (Jo 14:1,6);
B. Não há vida eterna separadamente do Filho.
C. Aquele que crê começa um relacionamento de pai e filho com Deus.
D. Fé gera vida; incredulidade gera morte.
13. Propósitos/ Motivos:
A. “para que creais” – 20:31 – nenhum outro evangelho traz declaração de propósitos
a. Provar a sua tese que esta no cap. 20:30,31
b. É a declaração de propósitos mais clara de toda a Bíblia.
c. Quem João espera que creia em Jesus? É nos evidente que são os judeus, que tanto
aguardavam a vinda do Messias e , quando Ele vem,o desprezam, o rejeitam, não o aceitam
como Messias. Por isso registra o que ele crê serem provas de que Jesus é o Messias
esperado por Israel.
B. Para que o Messias não fosse rejeitado como foi pelos líderes judeus. Combater o judaísmo ortodoxo
que havia.
C. Confirma a fé dos cristãos;
D. Combater as doutrinas falsas que surgiram na igreja como gnosticismo e a doutrina do Logos.
a. O gnosticismo
i. Estava se manifestando muito forte dentro da Igreja. Diziam Jesus era um ser angelical
espiritual e não Filho de Deus. Diziam também que os sofrimentos humanos de Jesus
nunca ocorreram. Já haviam se passados 60 anos depois da morte de Jesus.
ii. Gnosticos – não acreditavam que o mundo físico e espiritual podiam se intercalar
b. A doutrina do Logos
i. Doutrina do Logos (600 a.C.) - Significa sabedoria, conhecimento. Surge uma
corrente filosófica, que diz que a força criadora, a energia criadora era uma sabedoria.
Estóicos – tudo surge do conhecimento, sabedoria, pensamento.Nada é tão pessoal,
Deus não era tão pessoal.
E. Ganhar novos discípulos para o Mestre;
a. Mostrar para todo mundo que Jesus foi enviado por Deus, o Pai, através do mundo, para que o
mundo seja salvo através dEle.
F. Provar que Jesus é o Messias das profecias do VT.
G. Apresentar Jesus Cristo como o único criador Filho de Deus, e mostrar seu relacionamento com o
Pai.
H. Mostrar que em Jesus Deus se manifestou.
I. Dar a divina interpretação da pessoa de Jesus Cristo e sua divindade e Humanidade, assim refutando
as predominantes heresias
14. Plano do Evangelho:
A. O tema que é o v.14 do 1º capítulo, é o resumo do seu argumento. Todo material foi escolhido e
organizado para comprovar a verdade deste grande versículo.
B. Apresenta por todo o livro as provas da glória messiânica de Jesus. São muitas as testemunhas: Deus,
Moisés, João Batista, Espírito Santo, os milagres, as obras e ensinos de Jesus.
15. Personalidade de João:
A. Tinha virtudes e qualidades que ganharam o afeto do Mestre de um modo particular.
B. Era místico no melhor sentido da palavra. Imaginação fulgurante e uma profunda intuição espiritual.
C. Capacidade de compreender a significação eterna em atos aparentemente insignificantes.
D. Entendeu o coração do Mestre, não hesitando em registrar o motivos que moveram muitos atos de Jesus
(13:3)
16. Características: A. Descreve 7 sinais com o propósito de gerar fé – 5 não constam dos Evangelhos sinópticos
a. Água transformada em vinho – 2:1-11 *
Panorama do Novo Testamento
34
b. Cura do filho do oficial do rei – 4:46-54 *
c. Cura do paralítico – 5:1-16 *
d. Multiplicação dos pães – 6:5 -14
e. Cura do cego de nascença -9 *
f. Ressurreição de Lázaro – 11:32-44 *
g. Andar sobre o mar -6:19
B. Afirmações de Jesus com “Eu Sou”: - A divindade de Cristo pode ser vistas aqui nestas sete afirmações:
a. Jo 6:35 – Eu sou Pão da Vida (v.48)
b. Jo 8:12 – Eu sou a Luz do Mundo (Isaias 60; Is 9:2,6)
c. Jo 10:7 – Eu Sou a Porta (Jo 8:31 - a 1ª porta a ser restaurada em Neemias – Porta das ovelhas)
d. Jo 10:14 – Eu Sou o Bom Pastor
e. Jo 11:25 – Eu Sou a Ressurreição e a Vida
f. Jo 14:6 – Eu Sou o Caminho a Verdade e a Vida
g. Jo 15:1 – Eu Sou a Videira Verdadeira
− Então existe uma videira falsa. Israel se considerava esta videira. A Bíblia fala que Deus diz que Ele trouxe uma videira do Egito e plantou em Cana, mas ela deu uvas bravas
C. Não menciona o nascimento de Jesus, o batismo e tentação de Jesus, Getsêmani, ascenção de Jesus
D. Os outros evangelhos descrevem os milagres de Jesus depois da morte de João Batista. Já no Evangelho de João
apresenta antes.
E. No Getsêmani Jesus sofreu em saber que iria ficar 3 horas distantes do Pai, foi terrível para Jesus.
F. Enquanto os outros evangelhos focalizam no ministério Galilêo, João praticamente evita-o e se concentra no
ministério Judaico.
G. João é o Evangelho mais seletivo, tópico e teológico dos evangelhos.
H. O estilo e vocabulário simples de João de alguma maneira cativa os conceitos teológicos mais profundos.
I. Ao contrário dos sinópticos, o evangelho de João não contém nenhuma parábola; ao invés de parábolas ele usa
alegorias (por exemplo: O bom Pastor – jo 10:1-18; A videira verdadeira – Jo 15:1-5)
J. Esse evangelho, com o seu estilo e conteúdo distintos, serve de suplemento aos outros três evangelhos (os
Sinópticos)
K. Os discursos de Jesus em João se concentram principalmente na sua pessoa e não nos ensinos éticos do reino.
L. João começa seu evangelho usando o termo “Verbo” (logos) para introduzir ou apresentar a pessoa de Cristo. Esse
termo difere daqueles usados pelos outros evangelhos pois ele não implica nenhuma origem religiosa em particular.
a. Cristo é Judaico (Mateus) b. Senhor é Gentio (Kurios – aplicado aos Césares – (Marcos)
c. Jesus é humano
d. Mas Verbo ou logos é filosófico
Dessa maneira João faz o sujeito do seu evangelho uma figura universal
17. Esboço: A. Filho de Deus – 1:1 -18
B. Seu Ministério público – para os judeus – 1:19 – 12:51
C. Seu ministério privado – para os discípulos – 13 – 17
D. Sua Paixão – para o Mundo – 18 – 21
18. Resumo: A característica que distingue o Evangelho de João é o Apelo para todo o mundo. Não somente João usa a palavra
“mundo” muitas vezes, mas ele também enfatiza a natureza universal do mediador Cristo; que Jesus é o único caminho de
salvação para todo o mundo. Mateus, marcos e Lucas apresentam em 1º lugar os aspectos reais da vida e humanidade do
Senhor, enfatizando Seus sermões públicos e ministério galileu. João, em 1º lugar, apresenta os aspectos doutrinários
internos da vida e pessoa do Senhor, enfatizando seus sermões particulares e ministério judeu.
19. Figuras de Cristo:
Cristo é visto como a PALAVRA (1:1,14), o FILHO (3:16), a VIDA (1:4), a LUZ (1:5), o “EU SOU” (8:56-58), e
o único CAMINHO DA SALVAÇÃO (14:6)
Panorama do Novo Testamento
35
ATOS DOS APÓSTOLOS
1. Livro
1.1. Mostra as coisas que Jesus continuou a fazer e ensinar através de seus discípulos, revestidos de pelo
Espírito Santo. Há as últimas palavras documentadas de Jesus Cristo antes da sua ascensão (At 1:8).
1.2. Atos é a história de homens e mulheres que levaram a sério essa comissão e espalharam as novas as
partes mais remotas do mundo. Alguém já disse: “A Igreja que não obedece a Grande Comissão esta
cometendo a grande Omissão”.
1.3. Atos é uma ligação histórica entre os Evangelhos e as Epistolas.
1.4. Atos é o testamento – Aquilo que podemos ter como herança.
1.5. O livro é em certo sentido, uma continuação do Evangelho de Lucas, e está dirigido à mesma pessoa, a
Teófilo, 1:1.
1.6. Da mesma forma que o Evangelho de Lucas exige naturalmente um complemento assim também o livro
de Atos pressupõe um antecedente. Assim como o Espírito é apresentado como a fonte vital do
ministério de Jesus, o mesmo Espírito capacita a Igreja para a missão que lhe foi confiada.
1.7. Atos 1:8 é, portanto, o sumário mais adequado do livro: a expansão do evangelho de Cristo, de
Jerusalém para a Judéia/Samaría e aos confins da Terra, é demonstrada de modo nítido na narrativa, 6:7;
8:1; 11:1,18; 15:12-29; 28:16,30ss.
2. Título
2.1. Os Atos dos Apóstolos - Parece ser um tanto impróprio, porque não foram apenas Atos dos
apóstolos, mas também de diáconos, presbíteros e novos convertidos. Talvez ficasse melhor: “Atos de
Pedro e Paulo”, “Atos de Jesus Cristo Ressurreto”, “Atos da Igreja Primitiva”;
2.2. Com certeza o melhor titulo sería: “Atos do Espírito Santo” – por causa da forte ênfase de Lucas
no Ministério do Espírito Santo. Na verdade este livro deveria ser visto como os Atos do Espírito Santo
operando através dos apóstolos.
2.3. Sendo este o segundo (2º) volume de um trabalho de duas partes de Lucas, esse Livro provavelmente não
tinha um titulo separado, mas todos os manuscritos gregos disponíveis o designam como título (praxeis) =
Atos. Praxeis era usado na literatura grega para resumir as realizações de homens excepcionais.
3. Autor
3.1. Lucas - O médico amado ( Cl 4:14). Sobre a sua vida pessoal, pouco é o que conhecemos, sabemos
apenas que:
3.1.1. Foi companheiro de Paulo e que também escreveu o Evangelho segundo Lucas. Era gentio,
provavelmente grego (Cl 4:11,14 – citado entre os gregos e não com os judeus -At 1:19),
possivelmente de Antioquia.
3.1.2. Falava o grego fluentemente, que era médico de refinada educação, e que após convertido ao
cristianismo abandonou as funções médicas, se dedicando a viajar como apóstolo Paulo, de quem se fez
amigo inseparável.
3.2. At 1:1 – Fala do primeiro livro e a sua dedicatória a Teófilo indica uma relação com o Evangelho que foi
dedicado a mesma pessoa. O sumário do primeiro livro como nô-lo dá o de Atos (1:1,2) concorda
exatamente com o conteúdo de Lucas, e resume a narrativa ao ponto onde Lucas a deixou. Usa o
pronome “nós”, incluindo seus companheiros: Paulo, Silas, Barnabé, etc. (At16:10).
3.3. Esta autoria é defendida por Euzébio, Tertuliano, Irineu e esta incluído no cânon Muratoriano (menção
mais antiga acerca de quem é o autor de Atos).
3.4. A opnião tradicional de que Lucas era o autor é derivado de vários fatos:
1.1. As seções “nós”( 16:10-17; 20:5 – 21:18; 27:1 – 26:16) que indicam que o autor era um amigo
íntimo do apóstolo Paulo, que nos dão conta de que Lucas narra “memórias pessoais” de suas viagens
com Paulo.
3.5. Num exercício de eliminação de possíveis nomes entre os companheiros de Paulo, chega-se,
invariavelmente, a Lucas, o médico amado (Cl 4:14; Fm 24; IITm 4:11). O próprio texto de Atos nos
conduz a isso, quando lança mão de termos conhecidos entre os médicos gregos (Lc 4:38; 7:15;At 5:5,10;
9:40; 12:23; etc) e utiliza uma linguagem pouco comum em Israel, sendo, portanto, um gentio.
3.6. Lucas começa em Atos, onde ele parou no Evangelho de Lucas.
3.7. Lucas escreveu 2138 versículos enquanto Paulo escreveu 2033 versículos.
Panorama do Novo Testamento
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4. Data
4.1. 66-70 d.C. ( para alguns 61 a 65 a.D.)
4.2. Há duas considerações que sugerem uma data antes de 70 d.C. Para o livro de Atos:
4.2.1. O fato de Lucas não mencionar a morte de Paulo (que se deu nos últimos anos de Nero, 54 – 68
d.C.);
4.2.2. O silêncio de Lucas quanto a queda de Jerusalém (que se deu em 70 d.C. E foi claramente
profetizada em Lucas 21:20-24).
4.2.3. Outro fato importante é a falta de material característico das cartas de Paulo em Atos. Isto pode
ser reflexo do fato que somente mais tarde (depois de 70?) é que as cartas de Paulo como um todo
(“Corpus Paulinum”) começaram a circular maisa universalmente.
5. Extensão histórica
5.1. Contém aproximadamente 33 anos da ascensão de Cristo até o tempo que Paulo foi preso em Roma por
2 anos.
5.2. Atos é bem seletivo no seu conteúdo, e não tenta ser uma pesquisa extensiva dos primeiros trinta (30)
anos da vida da Igreja Cristã. Mesmo assim é de extremo valor como fundo histórico para a maioria das
epistolas. Sem ele, as epistolas seriam muito difíceis de entender. Atos é a ligação histórica entre os
evangelhos e as epistolas.
6. Exatidão Histórica
6.1. Mesmo que, à semelhança do Evangelho, Lucas trata de aspectos históricos de maneira a contribuir com
a teologia que ele desenvolve em Atos, encontramos muitos fatos cuja exatidão é comprovada por
evidência externa:
6.2. Em 13:7, Lucas usa o título correto ao chamar Sérgio Paulo de “Procônsul” de Chipre, mesmo que houve
muitas mudanças na ilha, num breve período.
6.3. Em 18:12, Lucas escreve que Gálio era “procônsul” da Acáia, ainda que a região não teve representação
consular entre 15 d.C., até 44 d.C.
6.4. Além disso, Lucas usa as denominações oficiais corretas de acordo com os locais: 16:20 (pretores); 17:6
(autoridades, “politarchas”); 19:31 (asiarcas).
7. Local
7.1. (?) - Como não há nenhuma referência antiga acerca desse ponto, não podemos defini-lo.
7.2. Alguns “sugerem”: Cesaréia; outros Acaia; ou Decápole, talvez a Ásia Menor; e quem sabe, Roma.
8. Destinatário
8.1. Teófilo – Importante nome grego que significa “Amado por Deus” ou “Amante de Deus”. (At 1:1, cp.
com Lc 1:1).
8.2. “Excelentíssimo” = termo técnico (?), confira At 23:26; 24:2;26:25.
8.3. Teófilo era um oficial romano recém convertido. Por conseguinte o livro foi enviado a um membro da
aristocracia romana, residente em Roma, provavelmente.
8.4. Foi escrito com a finalidade de apresentar a esse oficial, e a outras pessoas interessadas, uma defesa do
Cristianismo; para mostrar que o mesmo não se tratava de um ramo herético do judaísmo, não era uma
organização política, contrária ao Estado e ao império Romano.
8.5. Segundo parece, não foi uma obra dirigida as igrejas cristãs da época, conforme sucede ao restante do
Novo Testamento, mas antes, visava circular entre os lançamentos literários daqueles dias, para benefício
do público leitor gentílico.
8.6. Pelo menos parcialmente, trata-se , pois, de uma apologia apresentada ao mundo gentílico pagão,
sobretudo à aristocracia romana.
9. Fontes:
9.1. É provável que na primeira parte tenha dependido de crentes (judeus) e de documentos. Provavelmente
recebeu informações de Marcos, Felipe, Pedro, Barnabé, Silas, Tiago, irmão do Senhor, Paulo e outros. Na
ultima parte ele foi testemunha ocular.
Panorama do Novo Testamento
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10. Propósitos / Motivos
10.1. Demonstrar a formação, desenvolvimento e expansão da Igreja sob o poder do Espírito Santo, entre os
judeus e gentios, de Jerusalém até Roma e aos “confins da terra...” – 6;7; 9:31; 12:24; 16:5; 19:20;
28:30,31.
10.1.1. Lucas faz uma exposição dos primórdios do cristianismo, na vida de Jesus e na extensão do cristianismo,
dentro da história da Igreja primitiva, a fim de convencer os leitores sobre o avanço irresistível do evangelho,
mostrando que Deus, mediante Seu Espírito Santo, verdadeiramente está operando na história da humanidade.
10.1.2. Lucas se preocupa em deixar claro que essa expansão se deve ao poder atuante do Espírito Santo que
batizou a igreja em pentecostes e a tornou vencedora na tarefa de conquistar vidas para o Reino de Jesus.
10.2. Demonstrar o poder do evangelho em reconciliar as pessoas com Deus e umas às outras
10.2.1. Paulo adotou a estratégia de pregar nas principais cidades, especialmente nas sinagogas judaicas, pois
era o lugar onde poderia encontrar uma audiência preparada (era costume nas sinagogas convidar o visitante a
fazer uso da palavra). Ali havia os próprios judeus e prosélitos e homens gentios piedosos. Paulo obtinha grande
êxito entre estes gentios, porque o interesse pelo judaísmo os havia preparado para a sua mensagem.
10.3. Mostrar que o cristianismo merecia liberdade, porque era derivada do judaísmo (que era legal) sendo,
praticamente, leal a Roma.
10.4. Dissipar os preconceitos contra o cristianismo, porque sempre havia tumultos aonde este chegava,
causando quase sempre, falsas acusações dos próprios judeus – 4:1; 6:8; 9:23; 13:50; 17:5,13; 18;6;
19:23; 21:27
10.5. Registrar a continuação do ministério de Cristo do Céu, de tudo que Ele começou a fazer e ensinar na
terra (1:1).
10.6. Mostrar o padrão que Cristo construiu a Igreja.
11. Características
11.1. Tema: o tema principal é a mensagem da ressurreição de Jesus Cristo
11.1.1. Cristo, agora ressuscitado, vivo, que dá poder e desafia seus discípulos a irem por todo o mundo com a
pregação do Evangelho.
11.1.2. Lucas fala do que Jesus começou a fazer, Atos fala do que Ele continua a fazer sob a direção do Espírito
Santo, pela instrumentalidade de homens e mulheres consagrados.
11.1.3. É o maior livro de missões do mundo. É também o maior livro de organização e procedimentos
eclesiásticos. Da mesma forma, as missões e a Igreja não podem ser separados. Uma não é completa sem a
outra.
11.1.4. A obediência a ordem de Jesus antes da ascensão e como a igreja primitiva cumpriu essa ordem (1:8).
11.2. Personagem principal: Espírito Santo
11.3. Peculiaridade: escrito em linguagem histórica e médica, grego clássico.
11.4. Final abrupto
11.5. Relata a herança dos nossos pais espirituais
11.6. O texto de Atos 8:37:
11.6.1. Não consta nos manuscritos Álefe, A, B, C,H,L,P e muitos cursivos. Embora o mais antigo
manuscrito conhecido do N.T. que contém essas palavras data do século VI d.c. (ms F), a tradição da
confissão de fé em Cristo, por parte do eunuco etíope era corrente desde a última porção do século II
d.C., pois Irineu cita parte da mesma. Além do manuscrito E, consta também em vários bons cursivos.
11.6.2. Embora o trecho não figure no manuscrito medieval posterior sobre o qual Erasmo dependeu,
principalmente em sua edição (ms 2), está à margem de outro manuscrito (ms 4), de onde ele o inseriu
em seu texto, porquanto “julgou que fora omitido por descuido dos escribas”.
11.7. Versículo Chave: At 1:8,confira também 28:30,31, o clímax do livro.
Panorama do Novo Testamento
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11.8. Palavras chaves:
Ascenção, descida e expansão.
A ascenção de Cristo é seguida pela descida do Espírito Santo e a descida do Espírito Santo é seguida
pela expansão do Evangelho.
Judeu (s,a) – 81 vezes
Espírito Santo, Espírito – 54 vezes
Gentios, nações (mesma palavra grega) – 44 vezes
Palavra (de Deus) – 40 vezes
Nome (de Jesus, Senhor) – 37 vezes
Orar (orando, oração) – 35 vezes
Atos usa mais de setecentas (700) palavras não encontradas nos outros vinte e cinco (25) livros do
Novo Testamento. Ele deve ter estado impregnado no Septuaginto, porque 9/10 dessas palavras são
usadas nela.
11.9. Contexto Geográfico: Lucas menciona umas oitenta (80) localidades geográficas.
A. Cap. 2 a 7 – Jerusalém;
B. Cap. 8 a 10 – Judéia e Samaria;
C. Cap 10 ao fim – Confins da Terra = Roma
11.10. Lucas menciona mais de cem (100) pessoas pelo nome em Atos
11.11. A sua precisão de citar títulos e localidades foi uma certa época questionada pelos críticos mas hoje é
confirmada pelos críticos arqueólogos.
11.12. Lucas dá muito espaço a discurso e sermões, não a menos de vinte e quatro (24) mensagens achadas nos
seus vinte e oito (28) capítulos.
11.13. Os onze (11) apóstolos em Atos 1:13 eram:
11.13.1. Pedro; João; Tiago; André; Filipe; Tomé; Bartolomeu; Mateus; Tiago (filho de Alfeu); Simão (o
Zelote); Judas Tadeu (filho de Tiago).
11.14. O décimo segundo apóstolo foi Matias, escolhido no versículo vinte e seis (26)
11.15. Capítulo Chave: 2
11.16. Versículo Chave: Atos 1:8
11.17. Mensagem:
11.17.1. A Igreja como Corpo de Cristo, não pode funcionar sem o ministério do Espírito Santo.
11.17.2. Somente pelo poder do Espírito Santo pode a grande comissão ser cumprida (Zc 4:6).
11.18. Cristologia:
11.18.1. Cristo é visto como o cabeça da Igreja, governando, guiando, equipando e formando-a pelo
Espírito.
11.19. Valor Histórico:
A. Antigamente numerosos escritores gostavam de apontar erros históricos nos dois livros de Lucas, e na base
desses supostos erros, provar que o livro de Atos esta cheio de lendas e, portanto, as obras de Lucas têm
pouco valor histórico. As investigações, porém, de arqueólogos, lingüistas, historiadores e geógrafos, feitas
com paciência e persistência, tem confirmado o cuidado escrupuloso do autor em muitas declarações no livro
de Atos, impugnadas por muito tempo pelos críticos.
B. Lucas coloca sua narrativa dentro da moldura da história contemporânea. Suas páginas estão repletas de
referências aos magistrados das cidades, aos governadores provinciais, aos reis visitantes, e outros
semelhantes, e as mesmas referências provam que estão corretas quanto ao lugar e ao tempo em questão.
Com um mínimo de palavras Lucas transmite a autêntica cor local das muitas cidades mencionadas em sua
história. E sua descrição sobre a dramática viagem de Paulo a Roma (cap. 27) até os nossos dias, permanece
como um dos mais importantes documentos sobre a antiga arte da navegação.
Panorama do Novo Testamento
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Ênfase Apologética de Atos
Tanto no Evangelho como e Atos, Lucas se preocupa em demonstrar que o Cristianismo em nada se
constituía uma ameaça à lei e a ordem do Império Romano.
Ele fez isso particularmente ao citar os julgamentos de governadores, magistrados e outras autoridades em
diversos lugares do Império:
No seu Evangelho, Pilatos por três vezes pronunciou Jesus inocente de qualquer sedição (Lc 23:4,14, 22), e
quantas acusações semelhantes feitas contra os Seus seguidores no livro de Atos, não podem ser
comprovadas! Por exemplo:
Os pretores de Filipos aprisionaram a Paulo e Silas alegando estarem eles interferindo nos direitos de
propriedade privada, quando libertaram uma jovem do espírito de adivinhação, no entanto são obrigados a
solta-los desculpando-se por sua ação ilegal. As autoridades de Tessalônica, perante quem Paulo e seus
cooperadores foram acusados de sedição contra o imperador, contetam-se em encontrar cidadãos do lugar
que garantam o bom comportamento dos missionários.
Uma decisão ainda mais significativa foi tomada por Gálio, procunsul da Acaia, que desconsiderou a acusação
de pregar religião ilícita, segundo os líderes judaicos de Corinto acusaram o apóstolo Paulo; a aplicação pratica
dessa decisão é que o Cristianismo compartilha da proteção assegurada pela lei romana ao Judaísmo. Em
Éfeso, Paulo desfruta da amizadde das autoridades e é exonerado pelo escrivão da cidade da acusação de
haver insultado o culto de Diana, a deusa dos efésios. Na Judéia, o governador Festo e o rei visitante Agripa II,
concordam que Paulo não cometera qualquer ofensa que lhe fizesse merecer morte ou aprisionamento, e que
de fato estava disposto a liberta-lo, caso ele não tivesse apelado a César.
Mas, por que motivo a marcha e o progresso do Cristianismo com tanta freqüência foram marcados por
agitações publicas, já que os cristãos eram tão ordeiros e obedientes a lei do império? A resposta é que, com
a exceção do incidente em Filipos e da demonstração provocada pelos ourives de Éfeso, os tumultos eram
sempre investigados por oponentes judeus. Assim como o Evangelho apresenta os principais sacerdotes
saduceus de Jerusalém a compelir Pilatos a sentenciar Jesus à morte, contra o seu próprio parecer, assim
também no livro de Atos são os judeus os principais inimigos de Paulo, onde quer que ele fosse. Por isso,
enquanto por um lado o livro de Atos registra as conquistas do Evangelho nos grandes centros gentios da
civilização imperial, registra ao mesmo tempo sua progressiva rejeição pela maioria das comunidades judaicas
espalhadas pelo império.
Interesse Teológico de Atos
A atividade do Espírito Santo é o tema teológico dominante do livro de Atos.
A promessa do derramamento do Espírito Santo , feita pelo Cristo ressurreto (1:4), foi cumprida entre
os discípulos no dia de Pentecostes (cap. 2), e entre os crentes gentios no cap. 10.
Os apóstolos exercem de suas atividades ministeriais no poder do Espírito Santo, o que é manifestado
por sinais sobrenaturais. A aceitação do Evangelho pelos convertidos é igualmente acompanhada pelas
manifestações visíveis do poder do Espírito.
Pela maneira como espírito Santo age através das paginas do Livro de Atos, realmente poderia ser
chamado de “Atos do Espírito Santo”, pois é o Espírito que controla em todos os lugares o progresso do
evangelho. Ele guia os movimento dos pregadores, como por exemplo:
Filipe (8:29,39); Pedro (10:19).
Ele guia a Paulo e seus companheiros (16:6).
Ele orienta a Igreja de Antioquia a enviar Saulo e Barnabé à Ásia como os primeiros missionários da Igreja
(13:2).
Ele recebe reconhecimento na carta que transmitiu a decisão do concílio em Jerusalém às igrejas gentias
(15:28).
Ele fala por meio de profetas (11:28; 20:23;21:4,11) tal como nos dias do Antigo Testamento.
Ele é quem, antes de mais ninguém , nomeia os anciãos duma igreja para que cuidem dela (20:28).
Ele é principal testemunha sobrea a verdade do Evangelho (5:32).
Panorama do Novo Testamento
40
Elemento Teológico de Atos
Não há dúvidas que Lucas percebe que a história tem importante significado teológico, e de que
ressaltou este significado a sua maneira Dentre os muitos aspectos do elemento teológico do livro de
Atos dos Apóstolos, vamos abordar alguns apenas:
A Continuação do Propósito de Deus na História. A história registrada em Atos é considerada
uma continuação dos Atos poderosos de Deus registrados no Antigo Testamento e do ministério de
Jesus. Em sentido mais claro, o livro de Atos registra a “história da Salvação”. Para melhor entender
isto devemos perceber o seguinte:
Os eventos que se registram em Atos foram levados a efeito por meio da vontade de Deus. A
história da morte e da ressurreição de Jesus é o exemplo mais claro dum evento que remonta até o
“determinado desígnio de Deus (2:23).
A vida da Igreja realiza-se como cumprimento das Escrituras. As profecias do AT governavam o
decurso da história da Igreja, como seja: o derramamento do Espírito e a proclamação da salvação
(2:17-21), a missão aos gentios (13:47) e a incorporação deles à Igreja (15:16-18), e a recusa dos
judeus como um todo no sentido de responderem ao evangelho (28:25-27).
A vida da Igreja foi dirigida por Deus em etapas cruciais. Às vezes o Espírito dirigia a Igreja
naquilo que deveria fazer (13:2; 15:28;16:16). Noutras ocasiões, anjos falavam a missionários cristãos
(5:19-20; 8:26;27:23), ou vieram mensagens através dos profetas (11:28; 20:11,12). Nalgumas
ocasiões, o próprio Senhor aparecia aos seus servos (18:9; 23:11).
poder de Deus revela-se nos sinais e maravilhas operados em nome de Jesus (3:16; 14:3). Como
resultado, pode-se dizer que o próprio Deus realizou a obra da missão cristã (15:4).
A Missão e Mensagem da Igreja.
Atos é um livro a respeito da missão, pelo que seria perfeitamente justo adotar o versículo 8 do capítulo 1
como resumo do seu conteúdo.
A mensagem que a Igreja proclamava é exposta numa série de discursos públicos, espalhados por todas as
partes de Atos. Em termos gerais, o assunto era Jesus, ressuscitado dentre os mortos por Deus, depois de ter
sido crucificado pelos judeus, que passou a ser declarado Messias e Senhor dos judeus, portanto, a fonte da
salvação.
O Progresso a Despeito da Oposição. 1. Atos se ocupa também com a oposição que cerca a expansão do Evangelho. Lucas, o seu autor, reconhece
que, assim como o caminho trilhado por Jesus levou ao Seu assassinato judicial, assim também o caminho
da palavra de Deus esta repleto de oposições.
Panorama do Novo Testamento
41
A Inclusão dos Gentios no Povo de Deus.
A. Atos dos Apóstolos reflete ainda as tremendas tensões que existiam da Igreja primitiva no que diz respeito à
base da missão gentia. Embora os Evangelhos registrem a comissão dada por Jesus, tornando o Evangelho a
fonte de bens espirituais para todas as pessoas do mundo inteiro.
B. Os primeiros discípulos tiveram pouca visão quanto a isto no princípio. Por essa razão dificultaram a entrada
dos gentios no reino de Deus o quanto puderam.
C. Só o derramamento do Espírito Santo no dia de pentecostes, viria por fim a esse exclusivismo. Foi assim que
dentro de poucos anos o evangelho terminou alcançando os samaritanos e por fim os gentios da Europa e da
Ásia.
A Vida e Organização da Igreja.
A. Lucas se preocupa em oferecer um retrato da vida e da adoração da Igreja, sem dúvida como padrão para
guiar e orientar a igreja dos seus dias. Inicialmente a lideranças da Igreja estava na direção dos apóstolos,
juntamente com os anciãos, e a igreja em Jerusalém ocupava um lugar importante entre as demais igrejas que
foram surgindo posteriormente.
B. Além disto, aprendemos alguma coisa acerca da obra dos missionários. O princípio do trabalho em equipe foi
estabelecido desde o início, e, na sua maior parte, os missionários viajavam em grupos de três ou mais.
Ressurreição
Importância
A desilusão dos discípulos com a morte de Jesus – sentimento de morte de toda esperança, em oposição à
situação anterior – At 1:6.
A mudança – “Jesus, Senhor (Kurios) se Cristo” – Messias – At 2:36 – provocou uma radical mudança nas atitudes.
A razão: a ressurreição de Jesus – tornou-se a mensagem central – At 2:14-36; 3:26; 4:2, 33; 10:40, 13:30,
17:18, 24:15, 26:8, 23.
A função primária dos apóstolos: testemunhar – não dominar ou governar. E este testemunho causou
oposições – At 4:33; 3:14-15; 4:1-2; 5:27, 28 – ou seja: o cristianismo não consiste de uma nova doutrina
sobre Deus, mas sim de um poderoso ato de Deus – ressuscitar Cristo dentre os mortos.
A ressurreição significa a restauração à vida em forma do corpo. É diferente da imortalidade da alma defendida
por muitos.
O Fato histórico – 1 Co 15:14; Rm 10:9-10.
É necessário crer no fato: Deus ressuscitou Jesus – é o PONTO PRINCIPAL DA FÉ !!!
É fácil crer nas outras “facetas” de Deus criadas por teólogos e filósofos (por exemplo: leis da natureza), mas a
ressurreição é o fato mais importante.
Se a ressurreição de Cristo não é realidade, então não temos segurança de que Deus é o Deus-vivo, pois a
morte é a palavra final.
Os evangelhos confirmam o fato: Jesus foi morto.
A esperança dos discípulos do estabelecimento do reino também morreu, pois pensavam que o reino
estabelecido por Jesus, se manifestaria imediatamente – Lc 19:11; 24:21. Lembrando que as profecias a
respeito de Messias “sofredor” não eram bem recebidas no meio da religião judaica – Is 53, por exemplo.
túmulo ficou de fato vazio – 1 Co 15:1-34
A fé na ressurreição – a fé que criou a Igreja !!!
A crítica histórica menciona que:
Os discípulos roubaram o corpo;
Jesus não morreu de fato e sim desmaiou e o frio do túmulo e as fragrâncias o recobraram;
Maria perdida no jardim confundiu Jesus com o jardineiro;
Os discípulos tiveram visões e alucinações. Mas observamos que a fé não produz visões, e
sim as visões é que produzem a fé.
Panorama do Novo Testamento
42
Natureza da ressurreição – a ressurreição de Jesus:
− Não é apenas a restauração de um corpo físico à vida, mas sim o surgimento de uma nova ordem de vida – a
VIDA ETERNA sendo incorporada no tempo (Chronos) e espaço.
− Passa de uma teologia teórica ensinada pelos próprios fariseus e escribas para a realidade – uma nova
perspectiva de vida, gerando fé e criando motivos de oposição – At 4:2.
− Foi corpórea, mas um corpo que possuía novos poderes e mais elevados do que seu corpo físico ANTES da
morte.
− Mt 28:9; Jo 20:17, 27 – tato; Jo 20:16 – audição
− Lc 24:39 – é possível que houvesse crenças na aparição de espíritos de mortos
− Lc 24:42, 43 – comer
− Lc 24:31, 36-37; Jo 20:19-26 – desaparecer, aparecer.
− Mt 28:2 – a pedra removida para os discípulos não para Jesus.
− Jesus já havia demonstrado ter domínio sobre a morte, como por exemplo, nas narrativas de ressurreição:
1. Mc 5:35-42 – filha de Jairo; Lc 7:11-15 – filho da viúva de Naim; Jo 11:1-44 – Lázaro
Os apóstolos seguiram a mesma “trilha”
1. At 9:36-42 – ressurreição de Tabita, através de Pedro.
2. At 20:9-12 – ressurreição de Êutico, através de Paulo.
Pertence a uma nova ordem – do PORVIR – da vida eterna
Representa as PRIMÍCIAS da ressurreição escatológica – 1Co 15:30 (? 15:30; Cl 1:15,18)– a vida eterna
“aparece” no meio da história –: “… Tu és meu filho, hoje te gerei…” – At 13:32-33.
1. Jesus, como Deus Filho foi gerado eternamente, sempre existiu;
2. A ressurreição fazia parte do plano de Deus. Apesar de Jesus, o filho de Deus, ser imortal, por ser
eterno, Ele despojou-se desta condição por obediência. Tornou-se mortal e assim morreu, cumprindo
o Plano de Salvação. Nesta condição também ressuscitou.
3. Assim este texto refere-se à ressurreição
1. Neste momento foi “… declarado…” como tal – Rm 1:4
2. Foi na sua ressurreição que Jesus obteve a definitiva vitória sobre todas as forças (visíveis e
invisíveis) da morte e do inferno, conquistando a imortalidade e oferecendo-a ao homem.
3. Neste momento Jesus tornou-se o primeiro homem imortal (!) – Cl 1:15, 18; 1Co 15:20-23 –
“… primícias…”, pois enquanto “logos encarnado” estava sujeito à morte.
4. Havia a filiação Deus – Jesus divino; agora há a filiação Deus – Jesus humano!
5. Jesus tornou-se perfeito, abrindo o caminho a todos – Hb 2:9-10.