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1. Sociedade Feudal: O feudalismo tem início com as invasões germânicas (bárbaras), no século V, sobre o Império Romano do Ocidente (Europa). As características gerais do feudalismo são: poder descentralizado (nas mãos dos senhores feudais), economia baseada na agricultura e utilização do trabalho dos servos. 1.1 Estrutura Política do Feudalismo: Prevaleceram na Idade Média as relações de vassalagem e suserania. O suserano era quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e ajuda ao seu suserano. O vassalo oferece ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho, em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso. Todos os poderes, jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos). 1.2 Sociedade feudal: A sociedade feudal era estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e arrecadava o dízimo . A terceira camada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidade (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal). 1.3 Economia feudal: A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam moedas na Idade Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns na economia feudal. O feudo era a base econômica deste período, pois quem tinha a terra possuía mais poder. O artesanato também era praticado na Idade 1

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1. Sociedade Feudal:

O feudalismo tem início com as invasões germânicas (bárbaras), no século V, sobre o Império Romano do Ocidente (Europa). As características gerais do feudalismo são: poder descentralizado (nas mãos dos senhores feudais), economia baseada na agricultura e utilização do trabalho dos servos. 

1.1 Estrutura Política do Feudalismo:

Prevaleceram na Idade Média as relações de vassalagem e suserania. O suserano era quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e ajuda ao seu suserano. O vassalo oferece ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho, em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso. Todos os poderes, jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos).

1.2 Sociedade feudal:

A sociedade feudal era estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidade (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal).

1.3 Economia feudal:

A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam moedas na Idade Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns na economia feudal. O feudo era a base econômica deste período, pois quem tinha a terra possuía mais poder. O artesanato também era praticado na Idade Média. A produção era baixa, pois as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. O arado puxado por bois era muito utilizado na agricultura.

1.4 Religião:

Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso. Detentora do poder espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média. A igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade e até mesmo servos trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando e copiando livros e a Bíblia.

1.5 As Guerras:

A guerra no tempo do feudalismo era uma das principais formas de obter poder. Os senhores feudais envolviam-se em guerras para aumentar suas terras e poder. Os cavaleiros formavam a base dos exércitos medievais. Corajosos, leais e equipados com escudos, elmos e espadas, representavam

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o que havia de mais nobre no período medieval. O residência dos nobres eram castelos fortificados, projetados para serem residências e, ao mesmo tempo, sistema de proteção.

1.6 Educação, artes e cultura:

A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Marcada pela influência da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.

A arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As pinturas retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião. Podemos dizer que, em geral, a cultura e a arte medieval foram fortemente influenciadas pela religião. Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.

1.7 Crise do sistema Feudal:

Por volta de fins do século XIII a produtividade agrícola já dava claros sinais de fim, prenunciando uma possível falta de alimentos, devido ao esgotamento dos solos, enquanto a população continuava apresentando tendências de crescimento, era o fim da Idade Média. A exploração predatória e extensiva dos domínios, que caracterizara a agricultura feudal, fazia com que o aumento da produção se desse, em sua maior parte, com a anexação de novas áreas (que não estava mais ocorrendo) e não com a melhoria das técnicas de cultivo.

Agravaram-se as contradições entre o campo e a cidade da Idade Média. A produção agrícola não respondia às exigências das cidades em crescimento. Nos séculos XI, XII e primeira metade do século XIII, a utilização de novas terras e as inovações técnicas permitiram uma ampliação da produção. Na última década do século XIII já não restavam terras por ocupar, e as utilizadas estavam cansadas, gerando uma baixa produtividade. As inovações técnicas anteriores já não respondiam às novas necessidades. Além disso, a substituição do trabalho assalariado ocorria muito lentamente. Com a insuficiente produção agrícola e a estagnação do comércio, a fome se alastrou pela Europa, era o prelúdio do fim do sistema feudal e consequentemente o fim da Idade Média.

A partir do início do século XIV, uma profunda crise anunciou o final da época medieval. Fome, pestes, guerras e rebeliões de servos atingiram a essência do sistema feudal.No início do século XIV, a Europa foi assolada por intensas chuvas (1315 a 1317) que arrasaram os campos e as colheitas. Como consequência, a fome voltou a perturbar os camponeses, favorecendo o alastramento de epidemias e trazendo a mortalidade da população. "Nos campos ingleses, ele passou de 40 mortos por cada mil habitantes, para 100 por mil. Na cidade belga de Ypres, uma das mais importantes da Europa, pelo menos 10% da população morreu no curto espaço de seis meses em 1316".

A peste negra amedrontou a Europa e abalou a economia. Cidades ricas foram destruídas e abandonadas pelos seus habitantes desesperados a procura de um lugar com ar puro e sem pessoas infectadas. Os servos morriam e as plantações ficavam destruídas por falta de cuidados. Por esta causa os Senhores Feudais começaram a receber menos tributos diminuindo seus rendimentos.

Os senhores feudais viram seus rendimentos declinarem devido à falta de trabalhadores e ao despovoamento dos campos. Procuraram então, de todas as maneiras, superar as dificuldades. Por um lado, reforçaram a exploração sobre os camponeses, aumentando as corvéias e demais impostos, para suprir as necessidades de ostentação e consumo, dando origem à "segunda servidão". Por outro, principalmente nas regiões mais urbanizadas, os nobres passaram a arrendar suas terras, substituindo a corvéia por Pagamento em dinheiro e dando maior autonomia aos camponeses, alterando bastante as relações de produção.

A mortalidade trazida pelas chuvas, fome e peste negra foi ainda ampliada pela longa guerra entre os reis de Inglaterra e França, que entre combates e tréguas, durou mais de um século (1337/1453): a Guerra dos Cem Anos.

1.8 A Guerra dos Cem Anos:

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A Guerra dos Cem Anos surgiu porque o rei de França, Felipe IV, anexou a região de Bordéus domínio feudal do rei da Inglaterra, de onde provinha grande parte dos vinhos que os ingleses bebiam. Deveu-se também às ambições da França e da Inglaterra em dominarem a região de Flandres, rica por seu comércio e produção de tecidos.

Entre batalhas vendidas ora por ingleses ora por franceses e períodos de trégua, a guerra aumentou as dificuldades da nobreza e agravou a situação de miséria dos servos. O recrudescimento da exploração feudal sobre os servos contribuiu para as revoltas camponesas que grassaram na Europa do século XIV, nas quais milhares deles foram mortos. Elas consistiam em súbitas explosões de resistência feroz; duravam pouco e, em regra, estavam mal organizadas. Logo que os lideres morriam ou eram feitos prisioneiros, a resistência apagava-se novamente com a mesma rapidez com que tinha começado a arder.”

Por fim, um fator fundamental para a quebra das estruturas do sistema feudal foi a longa série de rebeliões dos servos contra os senhores feudais. Ainda que momentaneamente derrotados, os levantes dos servos foram tornando inviável a manutenção das relações de servidão. A partir do século XIV, com mais rapidez em algumas regiões e menor em outras, as obrigações feudais foram se extinguindo.

A conjuntura de epidemias, de aumento brutal da mortalidade e de super exploração camponesa que caracterizou a Europa do século XIV trazendo crise, foi sendo superada no decorrer do século XV, que viu a retomada do crescimento populacional, agrícola e comercial. No campo, os senhores feudais, substituindo as corveias por salários, rompiam com o sistema senhorial de produção. Nas cidades, o revigoramento do mercado era favorecido pela ascensão dos preços das manufaturas.

Finalmente vencida pelos franceses, a Guerra dos Cem Anos fez emergir o sentimento nacional na França e na Inglaterra, favorecendo, um nos dois países, a consolidação territorial e a retomada do poder político pelos reis. Os monarcas contaram com as dificuldades da nobreza e com o apoio econômico da burguesia para recuperar e fortalecer sua autoridade.

1.9 Exercícios Para fixar:

01. (FAAP) Durante grande parte da Idade Média, a Europa Ocidental viu definhar lentamente as atividades comerciais, a ponto de quase desaparecerem. Cite dois fatores que causaram o atrofiamento do comércio nesse período:                           02. (FUVEST) Politicamente, o feudalismo se caracterizava pela:a) atribuição apenas do Poder Executivo aos senhores de terras;b) relação direta entre posse dos feudos e soberania, fragmentando-se  o poder central;c) relação entre a vassalagem e suserania entre mercadores e senhores feudais;d) absoluta descentralização administrativa, com subordinação dos bispos aos senhores feudais;e) existência de uma legislação específica a reger a vida de cada feudo. 03. (UNIP) O feudalismo:a) deve ser definido como um regime político centralizado;b) foi um sistema caracterizado pelo trabalho servil;c) surgiu como consequência da crise do modo de produção asiático;d) entrou em crise após o surgimento do comércio;e) apresentava uma considerável mobilidade social. 04. (PUC) A característica marcante do feudalismo, sob o ponto de vista político, foi o enfraquecimento do Estado enquanto instituição, porque:a) a inexistência de um governo central forte contribuiu para a decadência e o empobrecimento da nobreza;b) a prática do enfeudamento acabou por ampliar os feudos, enfraquecendo o poder político dos senhores;c) a soberania estava vinculada a laços de ordem pessoal, tais como a fidelidade e a lealdade ao suserano;  d) a proteção pessoal dada pelo senhor feudal a seus súditos onerava-lhe as rendas;e) a competência política para centralizar o poder, reservada ao rei, advinha da origem divina da monarquia. 05. (UNIP) Sobre o feudalismo, assinale a alternativa correta:

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a) A economia era dinâmica, monetária e voltada para o mercado.b) A sociedade era móvel, permitindo a ascensão social.c) O poder político estava centralizado nas mãos de um monarca absolutista;d) A mão-de-obra básica era formada por trabalhadores escravos.e) As principais obrigações devidas pelos trabalhadores eram a corvéia e a talha. 06. (SANTA CASA) A Alta Idade Média (séculos V - XI) tem como uma de suas características singulares, que a define historicamente:a) o desaparecimento dos reinos germânicos do Ocidente;b) a consolidação e generalização do trabalho servil;c) a organização das Cruzadas para combater os infiéis do Islão;d) o desenvolvimento - com posterior centralização - do poder real;e) o Renascimento Comercial, que reestruturou a vida econômica feudal. 07. (MACK) Marque a correspondência errada:a) Corvéia - imposto em trabalho.b) Talha - imposto em produtos.c) Banalidades - imposto em produtos.d) Vintém - imposto em produtos.e) Mão-morta - imposto em produtos. 08. (MED. SANTOS) Quanto às relações entre suseranos e vassalos:a) senhor e servo eram categorias semelhantes a suseranos e vassalos;b) o servo prestava homenagem ao senhor feudal;c) o senhor feudal concedia o benefício ao vassalo;d) as obrigações entre vassalos e suseranos eram recíprocas;e) o juramento de fidelidade podia ser rompido a qualquer momento. 09. (FUVEST)"Empunhando Durandal, a cortante,O rei tirou-a da bainha, enxugou-lhe a lâmina,Depois cingiu-a em seu sobrinho RolandoE então o papa a benzeu.O rei disse-lhe docemente, rindo:Cinjo-te com ela, desejandoQue Deus te dê coragem e ousadia,Força, vigor e grande bravuraE grande vitória sobre os infiéis." (La Chanson d'Aspremont)

A que ritual medieval se refere o texto? Qual o significado desse ritual?  10. (UFRN) Os acontecimentos abaixo constituem as características principais do feudalismo, exceto:a) Ausência de poder centralizado.b) As cidades perdem sua função econômica.c) Instauração da relação vassalagem / suserania.d) Comércio internacional intenso.e) Organização do trabalho com base na servidão.

11. (FGV-SP) A Guerra dos Cem Anos (1337 - 1453), entre franceses e ingleses, teve como consequências principais:

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a) a consolidação do poder monárquico na França e a expulsão quase completa dos ingleses do território francês;b) a consolidação do poder monárquico na Inglaterra e a expulsão quase completa dos franceses do território inglês;c) a incorporação de parte do território francês pela Inglaterra e o consequente enfraquecimento do poder real na França;d) a incorporação de parte do território inglês pela França e o consequente enfraquecimento do poder real na Inglaterra;e) a aliança entre franceses e flamengos e o fim da hegemonia inglesa sobre o comércio europeu.

12. (ACAFE) Entre as causas da decadência do feudalismo, é correto mencionar:I. o Renascimento Comercial e Urbano;

II. o aparecimento de uma nova classe social: a burguesia;III. a Guerra dos Cem Anos, envolvendo França e Inglaterra;IV. a união do rei e dos senhores de terras, visando à centralização política.As alternativas corretas são:

a. I e IVb. I, II e IIIc. I e IId. II, III e IVe. II e III

13. Um dos motivos que contribuíram para que Eduardo III reivindicasse o trono francês após a morte de Carlos IV e que dariam início à Guerra dos Cem Anos foi a necessidade de ocupar uma rica região de comércio e manufaturas no continente Europeu. Que região era essa?

a. Flandres.b. Hamburgo.c. Champagnat.d. Gênova.e. Lisboa.

2. RENASCIMENTO:

Renascimento é o nome que se dá a um grande movimento de mudanças culturais, que atingiu as camadas urbanas da Europa Ocidental entre os séculos XIV e XVI, caracterizado pela retomada dos valores da cultura greco-romana, ou seja, da cultura clássica. Esse momento é considerado como um importante período de transição envolvendo as estruturas feudo capitalistas. 

As bases desse movimento eram proporcionadas por uma corrente filosófica reinante, o humanismo, que descartava a escolástica medieval, até então predominante, e propunha o retorno às virtudes da antiguidade. Platão, Aristóteles, Virgílio, Sêneca e outros autores greco-romanos começam a ser traduzidos e rapidamente difundidos. 

2.1 Os Valores:

O movimento renascentista envolveu uma nova sociedade e portanto novas relações sociais em seu cotidiano. A vida urbana passou a implicar um novo comportamento, pois o trabalho, a diversão, o tipo de moradia, os encontros nas ruas, implicavam por si só um novo comportamento dos homens. Isso significa

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que o Renascimento não foi um movimento de alguns artistas, mas uma nova concepção de vida adotada por uma parcela da sociedade, e que será exaltada e difundida nas obras de arte. 

Apesar de recuperar os valores da cultura clássica, o Renascimento não foi uma cópia, pois utilizava-se dos mesmos conceitos, porém aplicados de uma nova maneira à uma nova realidade. Assim como os gregos, os homens "modernos" valorizaram o antropocentrismo: "O homem é a medida de todas as coisas"; o entendimento do mundo passava a ser feito a partir da importância do ser humano, o trabalho, as guerras, as transformações, os amores, as contradições humanas tornaram-se objetos de preocupação, compreendidos como produto da ação do homem. 

Uma outra característica marcante foi o racionalismo, isto é, a convicção de que tudo pode ser explicado pela razão do homem e pela ciência, a recusa em acreditar em qualquer coisa que não tenha sido provada; dessa maneira o experimentalismo, a ciência, conheceram grande desenvolvimento. O individualismo também foi um dos valores renascentistas e refletiu a emergência da burguesia e de novas relações de trabalho. A ideia de que cada um é responsável pela condução de sua vida, a possibilidade de fazer opções e de manifestar-se sobre diversos assuntos acentuaram gradualmente o individualismo. É importante percebermos que essa característica não implica o isolamento do homem, que continua a viver em sociedade, em relação direta com outros homens, mas na possibilidade que cada um tem de tomar decisões. 

Foi acentuada a importância do estudo da natureza; o naturalismo aguçou o espírito de observação do homem. O hedonismo representou o "culto ao prazer", ou seja, a ideia de que o homem pode produzir o belo, pode gerar uma obra apenas pelo prazer que isso possa lhe proporcionar, rompendo com o pragmatismo. 

O Universalismo foi uma das principais características do Renascimento e considera que o homem deve desenvolver todas as áreas do saber; podemos dizer que Leonardo da Vinci é o principal modelo de "homem universal", matemático, físico, pintor e escultor, estudou inclusive aspectos da biologia humana. 

2.2 ITÁLIA: O Berço do Renascimento:

Esse é uma expressão muito utilizada, apesar de a Itália ainda não existir como nação. A região italiana estava dividida e as cidades possuíam soberania. Na verdade o Renascimento desenvolveu-se em algumas cidades italianas, principalmente aqueles ligadas ao comércio. 

Desde o século XIII, com a reabertura do Mediterrâneo, o comércio de várias cidades italianas com o oriente intensificou-se, possibilitando importantes transformações, como a formação de uma camada burguesa enriquecida e que necessitava de reconhecimento social. O comércio comandado pela burguesia foi responsável pelo desenvolvimento urbano, e nesse sentido, responsável por um novo modelo de vida, com novas relações sociais onde os homens encontram-se mais próximos uns dos outros. Dessa forma podemos dizer que a nova mentalidade da população urbana representa a essência dessas mudanças e possibilitará a Produção Renascentista. 

Podemos considerar ainda como fatores que promoveram o renascimento italiano, a existência de diversas obras clássicas na região, assim como a influência dos "sábios bizantinos", homens oriundos principalmente de Constantinopla, conhecedores da língua grega e muitas vezes de obras clássicas. 

2.3 A Produção Renascentista: 

É necessário fazer uma diferenciação entre a cultura renascentista; aquela caracterizada por um novo comportamento do homem da cidade, a partir de novas concepções de vida e de mundo, da Produção Renascentista, que representa as obras de artistas e intelectuais, que retrataram essa nova visão de mundo e são fundamentais para sua difusão e desenvolvimento. Essa diferenciação é importante para que não julguemos o Renascimento como um movimento de "alguns grandes homens", mas como um movimento que representa uma nova sociedade, urbana caracterizada pelos novos valores burguesas e ainda associada à valores cristãos. 

O mecenato, prática comum na Roma antiga, foi fundamental para o desenvolvimento da produção intelectual e artística do renascimento. O Mecenas era considerado como "protetor", homem rico, era na prática quem dava as condições materiais para a produção das novas obras e nesse sentido pode ser

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considerado como o patrocinador, o financiador. O investimento do mecenas era recuperado com o prestígio social obtido, fato que contribuía com a divulgação das atividades de sua empresa ou instituição que representava. A maioria dos mecenas italianos eram elementos da burguesia, homens enriquecidos com o comércio e toda a produção vinculada à esse patrocínio foi considerada como Renascimento Civil.  Encontramos também o Papa e elementos da nobreza praticando o mecenato, sendo que o Papa Júlio II foi o principal exemplo do que denominou-se Renascimento Cortesão. 

2.4 A Expansão do Renascimento:

No decorrer do século XVI a cultura renascentista expandiu-se para outros países da Europa Ocidental e para que isso ocorresse contribuíram as guerras e invasões vividas pela Itália. As ocupações francesa e espanhola determinaram um conhecimento melhor sobre as obras renascentistas e a expansão em direção a outros países, cada um adaptando-o segundo suas peculiaridades, numa época de formação do absolutismo e de início do movimento de Reforma Religiosa. 

O século XVI foi marcado pelas grandes navegações, num primeiro momento vinculadas ao comércio oriental e posteriormente à exploração da América. A navegação pelo Atlântico reforçaram o capitalismo de Portugal, Espanha e Holanda e em segundo plano da Inglaterra e França. Nesses "países atlânticos" desenvolveu-se então a burguesia e a mentalidade renascentista. Esse movimento de difusão do Renascimento coincidiu com a decadência do Renascimento Italiano, motivado pela crise econômica das cidades, provocada pela perda do monopólio sobre o comércio de especiarias. A mudança do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico determinou a decadência italiana e ao mesmo tempo impulsionou o desenvolvimento dos demais países, promovendo reflexos na produção cultural. 

Outro fator fundamental para a crise do Renascimento italiano foi a Reforma Religiosa e principalmente a Contra Reforma. Toda a polêmica que desenvolveu-se pelo embate religioso fez com que a religião voltasse a ocupar o principal espaço da vida humana; além disso, a Igreja Católica desenvolveu um grande movimento de repressão, apoiado na publicação do INDEX e na retomada da Inquisição que atingiu todo indivíduo que de alguma forma de opusesse a Igreja. Como o movimento protestante não existiu na Itália, a repressão recaiu sobre os intelectuais e artistas do renascimento.

2.5 Exercícios Para fixar:

1. O Renascimento foi o período de renovação de ideias. Teve início na Itália e depois se espalhou pelo Europa. O Renascimento foi também uma época de grandes artistas e escritores, como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Shakespeare. A vida cultural deixou de ser controlada pela Igreja Católica e foi influenciada por estudiosos da Antiguidade greco-romana chamados de humanistas.

SCHMIDT, Mário. Nova História Crítica. 6ª série. São Paulo: Nova Geração, 1999, p. 112

O Renascimento teve como características, EXCETO

a) inspiração na Antiguidade Clássica

b) valorização do homem

c) desejo de romper com a cultura Medieval

d) valorização da cultura teocêntrica

2. Ousados foram os artistas do Renascimento, que inventaram novas formas, cores e ideias e que nos legaram obras maravilhosas. “Mona Lisa”, “Pietá” e “Primavera” são, respectivamente, obras de:

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a) Leonardo da Vinci – Michelangelo – Botticelli

b) Michelangelo – Rafael – Leonardo da Vinci

c) Botticelli – Michelangelo – Rafael

d) Leonardo da Vinci – Donatello – Michelangelo

3. Leia este trecho, em que se faz referência à construção do mundo moderno:

“... os modernos são os primeiros a demonstrar que o conhecimento verdadeiro só pode nascer do trabalho interior realizado pela razão, graças a seu próprio esforço, sem aceitar dogmas religiosos, preconceitos sociais, censuras políticas e os dados imediatos fornecidos pelos sentidos”.

CHAUÍ, Marilena. "Primeira filosofia". 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 80.

A leitura do trecho nos permite identificar características do Renascimento. Assinale a afirmativa que contém essas características.

a) Deísmo e ceticismo.

b) Teocentrismo e Racionalismo.

c) Racionalismo e Antropocentrismo.

d) Classicismo e Ceticismo.

4. “O homem vale tanto quanto o valor que dá a si próprio.” (François Rabelais)

"O bom pintor é aquele capaz de representar duas coisas principais, chamadas ‘homem’ e ‘os trabalhos da mente do homem'." (Leonardo Da Vinci)

As frases acima expressam um dos princípios fundamentais do renascimento cultural que é o:

a) Hedonismo, valorizando o prazer do homem.

b) Teocentrismo em contraposição a visão estática do mundo medieval.

c) Antropocentrismo, valorizando o homem em contraposição as idéias católicas medievais.

d) Humanismo, valorizando a o pensamento racional.

e) pensamento empírico como forma de valorização do homem.

5. O Renascimento Cultural é visto, pelo senso comum, como um movimento artístico. Sabemos, no entanto, que esse movimento é muito mais abrangente. Sobre o Renascimento, é correto afirmar:

a) O Renascimento foi um movimento de mudança de mentalidade da sociedade européia e repercutiu nas mais diversas áreas.

b) A força das idéias humanistas combateram o cristianismo e impôs o pensamento ateu.8

c) As ciências em geral não tiveram grande desenvolvimento, porque no período renascentista não havia uma preocupação com a questão empírica.

d) O Renascimento resgatou o pensamento humanista que se manteve forte durante a Idade Média no combate às heresias.

e) A busca por valores perdidos na Antiguidade recebeu amplo apoio da Igreja Católica, que compartilhava do ideal antropocentrista dos gregos.

6. "Cessem do sábio Grego e do Troiano

As navegações grandes que fizeram;

Cale-se de Alexandre e de Trajano

A fama das vitórias que tiveram;

Que eu canto o feito ilustre Lusitano,

A quem Netuno e Marte obedeceram;

Cesse tudo que a Musa antiga canta,

Que outro valor mais alto se alevanta".

(Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas.)

Assinale a alternativa que demonstra a característica do Renascimento descrita na poesia.

a) O humanismo, com a valorização de grandes navegadores como Netuno.

b) O racionalismo, expresso pela habilidade e o uso da técnica dos grandes navegadores.

c) O hedonismo, devido ao espírito aventureiro dos navegadores.

d) O resgate da cultura greco-romana, servindo de base para a exaltação dos navegadores lusitanos.

e) A visão de um mundo dominado por forças divinas e, portanto, uma valorização do teocentrismo.

7. Com relação às artes e às letras de seu tempo, os humanistas dos séculos XV e XVI afirmavam:

a) que a literatura e as artes plásticas passavam por um período de florescimento, dando continuidade ao período medieval.

b) que a literatura e as artes plásticas, em profunda decadência no período anterior, renasciam com o esplendor da Antiguidade.

c) que as letras continuavam as tradições medievais, enquanto a arquitetura, a pintura e a escultura rompiam com os velhos estilos.

d) que as artes plásticas continuavam as tradições medievais, enquanto a literatura criava novos estilos.9

e) que o alto nível das artes e das letras do período nada tinha a ver com a Antiguidade nem com o período medieval.

8. Durante o Renascimento, houve um notável desenvolvimento da produção literária, além das artes plásticas. Indique a alternativa em que obra e autor estão corretos:

a) O Príncipe - Shakespeare

b) Dom Quixote - Miguel de Cervantes

c) Os Lusíadas - Erasmo de Rotterdan

d) Hamlet - Dante Alighieri

e) Utopia - François Rabelais

9. "Se volveres a lembrança ao Gênese, entenderás que o homem retira da natureza seu sustento e a sua felicidade. O usuário, ao contrário, nega a ambas, desprezando a natureza e o modo de vida que ela ensina, pois outros são no mundo seus ideais." (Dante Alighieri, A DIVINA COMÉDIA, Inferno, canto XI, tradução de Hernâni Donato). Esta passagem do poeta florentino exprime:

a) uma visão já moderna da natureza, que aqui aparece sobreposta aos interesses do homem.

b) um ponto de vista já ultrapassado no seu tempo, posto que a usura era uma prática comum e não mais proibida.

c) uma nostalgia pela Antiguidade greco-romana, onde a prática da usura era severamente coibida.

d) uma concepção dominante na Baixa Idade Média, de condenação à prática da usura por ser contrária ao espírito cristão.

e) uma perspectiva original, uma vez que combina a prática da usura com a felicidade humana.

10. (FUVEST) Com relação à arte medieval, o Renascimento destaca-se pelas seguintes características:

a) a perspectiva geométrica e a pintura a óleo.

b) as vidas de santos e o afresco.

c) a representação do nu e as iluminuras.

d) as alegorias mitológicas e o mosaico.

e) o retrato e o estilo romântico na arquitetura.

11. (UFTM) Leia a definição de renascença.

1. Ato ou efeito de renascer; renascimento 2. Qualquer movimento caracterizado pela ideia de renovação, de restauração; retorno 3. Nova vida, nova existência.

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(Dicionário Houaiss da língua portuguesa)

O termo “renascença” é utilizado para caracterizar a arte, no mundo ocidental, entre os séculos XIV e XVI. A escolha do termo pode ser explicada

a) pelo fato de a produção artística ocidental nascer, de fato, neste período.

b) pela revalorização de ideais estéticos vigentes na Antiguidade Clássica.

c) pela renovação da pintura, fruto da difusão dos ideais protestantes.

d) pelo contato com a arte africana, descoberta graças às viagens marítimas.

e) pelo fim da política do mecenato, que financiava a recuperação das obras de arte.

12. Em O RENASCIMENTO, Nicolau Sevcenko afirma: "O comércio sai da crise do século XIV fortalecido. O mesmo ocorre com a atividade manufatureira, sobretudo aquela ligada à produção bélica, à construção naval e à produção de roupas e tecidos, nas quais tanto a Itália quanto a Flandres se colocaram à frente das demais. As minas de metais nobres e comuns da Europa Central também são enormemente ativadas. Por tudo isso muitos historiadores costumam tratar o século XV como um período de Revolução Comercial." A Revolução Comercial ocorreu graças:

a) às repercussões econômicas das viagens ultramarinas de descobrimento.

b) ao crescimento populacional europeu, que tornava imperativa a descoberta de novas terras onde a população excedente pudesse ser instalada.

c) a uma mistura de idealismo religioso e espírito de aventura, em tudo semelhante àquela que levou à formação das cruzadas.

d) aos Atos de Navegação lançados por Oliver Cromwell.

e) à auto-suficiência econômica lusitana e à produção de excedentes para exportação.

13. Entre os séculos XIV e XVI a Europa viveu uma época de muitas transformações no campo das técnicas, das artes, da política, da religião e do próprio conhecimento que o homem tinha do mundo em si mesmo. Sobre esse período histórico, é correto afirmar:

a) Os reinos da França e da Inglaterra enfraqueceram-se devido à crise do sistema feudal, que empobrecera os nobres exatamente no momento de enriquecimento da burguesia mercantil e financeira, o que permitiu que os reis concentrassem mais poder em suas mãos.

b) Surgiram nessa época "projetos" políticos que diziam respeito às formas de um governante proteger e aumentar seu poder.

c) Durante esse período, quando os reinos independentes se fortaleceram, a Igreja esforçou-se para assegurar o poder espiritual, abandonando sua preocupação anterior com a manutenção de seu poder temporal.

d) Esse período foi de paz entre os papas e os imperadores; por isso, não se investiu na criação de armas de guerra nem em fortificações.

e) Os comerciantes começaram a entrar em choque direto com a antiga ordem medieval, impondo sua forma de vida e seus valores, à medida que passaram a concentrar as riquezas, das quais dependiam também a Igreja e governantes.

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14. As principais características do Renascimento foram:

a) teocentrismo, realismo e intensa espiritualidade;

b) romantismo, espírito crítico em relação à política, temas de inspiração exclusivamente naturalistas;

c) ausência de perspectiva e adoção de temas do cotidiano religioso, tendo como foco apenas os valores espirituais;

d) uso de temas ecológicos evidenciando a preocupação com o meio ambiente, execução de variados retratos de personalidades da época.

e) antropocentrismo, humanismo e inspiração greco-romana.

15. Qual das alternativas abaixo apresenta características do Renascimento Cultural?

A - Teocentrismo; valorização da cultura egípcia; valorização da religião; estética fora da realidade.

B - Geocentrismo; valorização apenas de temas religiosos; influência do misticismo; estética monocromática.

C - Temas não relacionados com a realidade; pobreza de cores nas pinturas; Teocentrismo; valorização de temas abstratos.

D - Antropocentrismo; valorização da cultura greco-romana; valorização da Ciência e da razão; busca do conhecimento em várias áreas.

3. Formação dos Estados Nacionais:

3.1 Monarquia Absolutista:

Nos diversos países da Europa onde o Absolutismo imperou, o monarca buscou ampliar seu poder através da constituição de alianças com representantes dos setores sociais mais importantes. Com a Igreja Católica, por exemplo, diversos acordos foram feitos, buscando-se com isso transformar fiéis em súditos obedientes. Ao mesmo tempo, nobres falidos eram sustentados pelo Estado e passavam a integrar a base política do rei absolutista.Em um momento de incremento das relações comerciais pela Europa e dessa com outras regiões do mundo, o monarca absolutista preocupa-se igualmente em obter o apoio da burguesia comercial. Esta, por sua vez, entende a aliança com o rei como um fator fundamental à unificação dos mercados e à abertura de suas rotas comerciais pelo mundo, aspectos essenciais ao crescimento de seus lucros.

Além do apoio de tais setores sociais, o Estado absolutista foi empoderado através das teorias elaboradas por importantes pensadores do período. O inglês Thomas Hobbes, por exemplo, buscou legitimar o absolutismo real em seu livro Leviatã. Nesta obra, Hobbes afirma ser necessário a realização de um pacto social entre o rei e seus súditos, a partir do qual estes últimos cederiam toda sua liberdade ao primeiro, que em troca lhes garantiria uma sociedade pacífica e ordeira.

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Salientando as fortes relações existentes entre a Igreja e o Estado absolutista, o membro do clero francês Jacques Bossuet legitimava a ditadura monárquica como sendo esta fruto da vontade divina. Deste modo, o poder do rei seria um direito concedido por Deus e, portanto, não poderia ser contestado.

De um modo geral, as monarquias absolutistas imperaram na Europa durante toda a Idade Moderna. Suas estruturas começaram a ruir à medida que diversos grupos sociais passaram a reivindicar o estabelecimento de organizações políticas mais liberais. Nesse processo de depreciação do Absolutismo, as Revoluções Inglesas do século XVII e a difusão dos ideais iluministas se apresentaram como acontecimentos fundamentais. E como símbolo maior dessa crise, a Revolução Francesa, a partir da qual o Absolutismo passa a ser identificado como o Antigo Regime.

3.2 Os Estados:

As características principais dos Estados Nacionais Modernos são: Centralização do Poder, Território definido, Idioma Nacional, Exército Nacional, Burocracia (cargos públicos para auxílio do monarca), Sistemas Legais e Monetários Unificados, Manutenção do Clero e da Nobreza (com isenção de impostos e cargos de prestígio porém com poder enfraquecido) e Aliança com a Burguesia.

3.3 Portugal

Fora a primeira monarquia a estabelecer-se devido à vitória na Guerra de Reconquista (expulsão dos mouros – muçulmanos – da Península Ibérica) em 1094. Seu primeiro monarca, Afonso Henrique, promoveu fortemente o povoamento do território, sufocando ainda as tentativas de reação da fidalguia.

Após a revolução de Avis, uma segunda dinastia portuguesa estabeleceu-se, apoiada fortemente pela burguesia e aplicando recursos nas atividades marítimas e comerciais, incentivando a pesquisa náutica e possibilitando assim o pioneirismo português nas grandes navegações.

3.4 Espanha

Segunda monarquia moderna a ser formada, nasceu séculos após a Portuguesa, também por vitória na Guerra de Reconquista. Tão logo fora criada, a Espanha passou a promover uma corrida colonialista com a vizinha Portugal, sendo a responsável pela descoberta do continente americano em 1492. Diferente de Portugal que buscou novos caminhos pelo Atlântico para a conquista das Índias através do contorno da África, a Espanha dedicou-se a buscar caminhos pelo ciclo oriental das navegações.

3.5 Inglaterra

No século XIII, a Inglaterra era governada por uma família normanda. O fato de o poder ter sido tomado por uma guerra fez que com que este seja reconhecido como forte desde o início, amparado pelo poderio militar incontestável, e como o governante era estrangeiro e sem ligações com as classes dominantes locais, a centralização resta evidente.

O rei Guilherme buscou fortalecer ainda mais o seu poder ao aliançar-se aos plebeus livres, porém seus sucessores (2ª Dinastia - Plantageneta) optaram pelo enrijecimento do poder real frente à população. Cria-se o “commom law” ou lei comum a todo território inglês e a fiscalização de seu cumprimento pelos juízes nomeados pelo soberano. Tais governos caracterizaram-se por altos gastos e aumento de impostos, o que culminou na imposição pelos nobres, em 1215, de um conjunto de normas que definiam os direitos do povo sobre o soberano: a Magna Carta.

Após a derrota na Guerra dos Cem Anos, inicia-se uma guerra interna de sucessão entre duas dinastias – York e Lancaster – finalizando com a ascensão dos Tudor (união das duas famílias).

3.6 França

A monarquia francesa nasceu sob a imagem salvadora frente ao caos experimentado pela desordem do sistema feudal. Amparada fortemente pela Igreja Católica, possibilitou nos séculos seguintes a crença na Teoria do Direito Divino, utilizada para justificar o Absolutismo francês.

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A dinastia responsável pela centralização do poder foi a Capetíngia, cabendo a Felipe Augusto a criação de uma primeira burocracia francesa, a quem cabia a fiscalização e cobrança de tributos.

Apesar de uma crítica ao Feudalismo, a monarquia utilizava-se de princípios daquele sistema quando lhe era favorável, por exemplo na obrigatoriedade de juramento de fidelidade e lealdade nas cerimônias de homenagem ao “suserano do suserano”. A Igreja também foi submetida ao poder francês. Com a vitória na guerra dos cem anos, a França consolida a centralização do poder.

3.7 Exercícios para fixar:

1) (Enem 2012)  Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra: a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta real.    b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa o público e sem a vestimenta real, o privado.   c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei despretensioso e distante do poder político.   d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos de outros membros da corte.   e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.

2) Título que distingue o membro da nobreza:a) nobiliárquico b) monárquicoc) soberanod) feudale) carta régias 

3) (UNICAMP) A respeito do Estado moderno, o pensador político inglês, John Locke (1632 - 1704) escreveu:"Considero poder político o direito de fazer leis para regular e preservar a propriedade."

(Citado por Kazumi MUNAKATA, A legislação trabalhista no Brasil, 1984) a) Explique a função do Estado segundo a tese de Locke.b) Como, a partir dessa tese, se explica a relação do Estado moderno com a acumulação da capital? 4) (FUVEST) No processo de formação dos estados Nacionais da França e da Inglaterra, podem ser identificados os seguintes aspectos:a) Fortalecimento do poder da nobreza e retardamento da formação do estado moderno.b) Ampliação da dependência do rei em relação aos senhores feudais e à Igreja.c) Desagregação do feudalismo e centralização política.d) Diminuição do poder real e crise do capitalismo comercial.e) Enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre o Estado e a Igreja.

5) (CESGRANRIO) A consolidação da Monarquia Francesa:a) deveu-se à política de Luís XI;b) foi fruto da desintegração da nobreza feudal, esgotada pela Guerra dos Cem Anos e pelas crises 

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de sucessão dinástica;c) tornou-se possível graças à formação definitiva da configuração territorial da França, o que ocorreu no século XVI;d) resultou do desenvolvimento de uma burguesia mercantil que apoiou o processo centralização monárquico;e) ocorreu como resultado das vitórias obtidas contra os ingleses.

6) (UFMG) Em 1726, o comerciante Francisco da Cruz contou, em uma carta, que estava para fazer uma viagem à Vila de Pitangui, onde os paulistas tinham acabado de se revoltar contra a ordem do rei. Temeroso de enfrentar os perigos que cercavam a jornada, escreveu ao grande comerciante português de quem era apenas um representante em Minas Gerais, chamado Francisco Pinheiro, e que, devido a sua importância e riqueza, freqüentava, no Reino, a corte do rei Dom João V. Pedia, nessa carta, que, por Francisco Pinheiro estar mais junto aos céus, servisse de seu intermediário e lhe fizesse o favor de “me encomendar a Deus e à sua Mãe Santíssima, para que me livrem destes perigos e de outros semelhantes”. Carta 161, Março 29, f. 194. Apud LISANTI FILHO, Luís. Negócios coloniais: uma correspondência comercial do século XVIII. Brasília/São Paulo: Ministério da Fazenda/Visão Editorial, 1973. Resumo adaptado Com base nas informações desse texto, é possível concluir-se que a iniciativa de Francisco da Cruz revela um conjunto de atitudes típicas da época moderna. É correto afirmar que essas atitudes podem ser explicitadas a partir da teoria estabelecida por:A - Nicolau Maquiavel, que acreditava que, para se alcançar a unidade na política de uma nação, todos os fins justificam os meios;B - Etienne de La Boétie, que sustentava que os homens se submetiam voluntariamente a seus soberanos a partir da aceitação do contrato social;C - Thomas Morus, que idealizou uma sociedade utópica, sem propriedades ou desigualdades, em que os governantes eram escolhidos democraticamente;D - Jacques Bossuet, que defendia o direito divino dos reis apoiado numa visão hierárquica dos homens e da política, como extensão da corte celestial.

7) (UNESP/SP) A respeito da formação das monarquias nacionais europeias na passagem da Idade Média para a Época Moderna, é correto afirmar que:

A - o poder político dos monarcas firmou-se graças ao apoio da nobreza, ameaçada pela força crescente da burguesia;B - a expansão muçulmana e o domínio do Mar Mediterrâneo pelos árabes favoreceram a centralização;C - uma das limitações mais sérias dos soberanos era a proibição de organizarem exércitos profissionais;D - o poder real firmou-se contra a influência do Papa e o ideal de unidade cristã, dominante no Período Medieval;E - a ação efetiva dos monarcas dependia da concordância dos principais suseranos do reino.

8) (UFRGS) Observe a figura abaixo, que representa a construção da imagem do Rei-Sol: Luís XIV assumiu o poder monárquico francês em 1661 e, em pou co tem po, impôs à França e à Europa a imagem pública de um Rei-Sol Todo-poderoso. Toda uma máquina de propaganda foi colocada a serviço do rei francês. Escritores, historiadores, escultores e pintores foram convocados ao exercício da sua glorificação. O mito de Luís XIV foi criado em meio a mudanças socio-econômicas e políticas na França do século XVII. A esse respeito, considere as seguintes afirmações:

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I. Luís XIV, rei por direito divino, suscitou a admiração de seus pares europeus, Versalhes foi copiada por toda a Europa, o francês consolidou-se como língua falada pela elite européia. Porém, sombras viriam a ofuscar o Rei-Sol, visto que a oposição exilada começou a denunciar a autocracia do monarca francês.II. Para restabelecer a paz no reino, após a rebelião da Frorda e a Guerra dos Trinta Anos, e dedicar-se à consolidação da cultura francesa como universal, Luís XIV devolveu o poder das províncias às grandes famílias aristocráticas.III. A fim de criar uma imagem pública positiva e democrática, Luís XIV organizou a partilha do poder de Estado com o Parlamento e com o Judiciário, dando início à divisão dos três poderes, cara a Montesquieu e fundamental para os novos rumos da política européia.A esse respeito, considere as seguintes afirmações:A - Apenas IB - Apenas IIC - Apenas IIID - Apenas I e IIIE - Apenas II e III

9) (UCPEL/RS) O palácio de Versalhes, construído entre 1661 e 1674, abrigava uma corte de seis mil pessoas no reinado de Luís XIV. Era o monumento de um dos mais poderosos Estados da Europa e de um regime político no qual o (a): A - burguesia detinha o poder político;B - rei governava sem contestação e de forma absoluta;C - rei dividia o poder com o parlamento;D - constituição estabelecia limites ao poder real;E - burguesia era representada pelos cortesãos de Versalhes.

10) (UNIRIO/RJ) Leia o trecho de BANDEIRA, Manuel. Vou-me embora pra Pasárgada. In: Vou-me embora pra Pasárgada e outros poemas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997Vou-me embora pra PasárgadaLá sou amigo do reiLá tenho a mulher que eu queroNa cama que escolhereiVou-me embora pra Pasárgada

O reino imaginário de Pasárgada e os privilégios dos amigos do rei podem ser comparados à situação da nobreza européia com a formação das Monarquias Nacionais Modernas. A razão fundamental do apoio que esta nobreza forneceu ao rei, no intuito de manter-se "amiga" do mesmo, conservando inúmeras regalias, pode ser explicada pela(o):A - composição de um corpo burocrático que absorve a nobreza, tornando esse segmento autônomo em relação às atividades agrícolas que são assumidas pelo capital mercantil;B - subordinação dos negócios da burguesia emergente aos interesses da nobreza fundiária, obstaculizando o desenvolvimento das atividades comerciais;C - manutenção de forças militares locais que atuaram como verdadeiras milícias aristocráticas na repressão aos levantes camponeses;D - repressão que as monarquias empreenderiam às revoltas camponesas, restabelecendo a ordem no meio rural em proveito da aristocracia agrária;E - completo restabelecimento das relações feudo-vassálicas, freando temporariamente o processo de assalariamento da mão-de-obra e de entrada do capital mercantil no campo.

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11) (FUVEST) No processo de formação dos Estados Nacionais da França e da Inglaterra podem ser identificados os seguintes aspectos:a) fortalecimento do poder da nobreza e retardamento da formação do Estado Modernob) ampliação da dependência do rei em relação aos senhores feudais e à Igrejac) desagregação do feudalismo e centralização políticad) diminuição do poder real e crise do capitalismo comerciale) enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre o Estado e a Igreja.

12) (PUC-SP) "O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus. Os reis são deuses e participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor..."(Jacques Bossuet.)

Essas afirmações de Bossuet referem-se ao contextoa) do século XII, na França, no qual ocorria uma profunda ruptura entre Igreja e Estado pelo fato de o Papa almejar o exercício do poder monárquico por ser representante de Deus.b) do século X, na Inglaterra, no qual a Igreja Católica atuava em total acordo com a nobreza feudal.c) do século XVIII, na Inglaterra, no qual foi desenvolvida a concepção iluminista de governo, como está exposta.d) do século XVII, na França, no qual se consolidavam as monarquias nacionais.e) do século XVI, na Espanha, no momento da união dos tronos de Aragão e Castela.

13) (UNAERP) A política externa de Luís XIV, o Rei Sol, teve como principal característica:a) A ruína da economia francesa em decorrência das sucessivas guerras que a França travou contra outros países para preservar sua supremacia na Europa, juntamente com os gastos vultosos para manutenção da corte.b) A consolidação da monarquia através da redução dos poderes da alta burguesia.c) Concentração da autoridade política na pessoa do rei.d) Por ter reduzido seus ministros à condição de meros funcionários, passar a fiscalizar, pessoalmente, todos os negócios do Estado.e) A autossuficiência do país com a regulamentação da produção, a criação de manufaturas do Estado e o incremento do comércio exterior.

14) (UFRJ) O texto a seguir trata das incursões francesas na América; entretanto, essas ainda não representavam que a França tivesse dado início à sua expansão.

Ao longo do século XVI, os franceses estiveram na América, mas isso não significava uma atitude sistemática e coerente desenvolvida pela Coroa. Era, no mais das vezes, atuação de corsários e de uns poucos indivíduos. Como exemplo, pode-se mencionar as invasões do litoral brasileiro, (...), e algumas visitas à América do Norte.(FARIA, R. de M.; BERUTTI, F. C.; MARQUES, A. M. "História para o Ensino Médio". Belo Horizonte: Lê. 1998. p.182).

Dentre os motivos que levaram a França a iniciar tardiamente sua expansão marítima e comercial, podemos destacara) os problemas internos ligados à consolidação do Estado Nacional.

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b) a derrota da França na violenta guerra contra a Alemanha.c) a falta de associação entre a Coroa e a Burguesia francesa.d) a violenta disputa religiosa entre calvinistas e luteranos.e) a não inclusão das classes superiores no projeto expansionista.

15) Por volta do século XVI, associa-se à formação das monarquias nacionais europeiasa) a demanda de protecionismo por parte da burguesia mercantil emergente e a circulação de um ideário político absolutista.b) a afirmação político-econômica da aristocracia feudal e a sustentação ideológica liberal para a centralização do Estado.c) as navegações e conquistas ultramarinas e o desejo de implantação de uma economia mundial de livre-mercado.d) o crescimento do contingente de mão-de-obra camponesa e a presença da concepção burguesa de ditadura do proletariado.e) o surgimento de uma vanguarda cultural religiosa e a forte influência do ceticismo francês defensor do direito divino dos reis.

16) “Tanto em Estados fortes e hegemônicos como em movimentos pela independência, afirmações como ‘nós sempre fomos um povo’ são, no fundo, apelos que se tornem povos – apelos sem base histórica que na verdade são tentativas de criar a história. O passado, como sempre foi dito, é um país estrangeiro, e nunca nos encontraremos por lá” (In: GEARY, Patrick J. O mito das nações: a invenção do nacionalismo. São Paulo: Conrad, 2005, p. 51).

A partir dessa afirmação, marque a alternativa que melhor representa a formação dos Estados nacionais modernos.A)  As nações sempre existiram, as coisas não mudam. Sendo assim, sempre existiram brasileiros, argentinos, bolivianos, paraguaios, entre outrosB)  As nações modernas são comunidades imaginadas, pois são, entre outros fatores, a homogeneização de uma série de “passados” que acabam sendo esquecidos em prol da uniformização.C)  O passado é sempre o mesmo, não existe perspectiva de mudança. Por isso, as nações sempre existiram.D)  Imaginar a nação no passado é juntar todas as memórias sobre um povo.E)  A nação histórica nada mais é do que a representação da vontade divina.

4. Expansão Marítima Europeia:

A expansão marítima europeia, processo histórico ocorrido entre os séculos XV e XVII, contribuiu para que a Europa superasse a crise dos séculos XIV e XV.

Através das Grandes Navegações há uma expansão das atividades comerciais, contribuindo para o processo de acumulação de capitais na Europa.

O contato comercial entre todas as partes do mundo (Europa, Ásia, África e América) torna possível uma história em escala mundial, favorecendo uma ampliação dos conhecimento geográficos e o contato entre culturas diferentes.

4.1 Fatores para a Expansão Marítima

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A expansão marítima teve um nítido caráter comercial, daí definir este processo como uma empresa comercial de navegação, ou como grandes empreendimentos marítimos. Para o sucesso desta atividade comercial o fator essencial foi a formação do Estado Nacional.

Formação do Estado Nacional e a centralização políticas Grandes Navegações só foram possíveis com a centralização do poder político, pois fazia-se necessário uma complexa estrutura material de navios, armas, homens, recursos financeiros. A aliança rei-burguesia possibilitou o alcance destes objetivos tornando viável a expansão marítima.

Avanços técnicos na arte náutico o aprimoramento dos conhecimentos geográficos, graças ao desenvolvimento da cartografia; o desenvolvimento de instrumentos náuticos-bússola, astrolábio, sextante - e a construção de embarcações capazes de realizar viagens a longa distância, como as naus e as caravelas.

Interesses econômicos- a necessidade de ampliar a produção de alimentos, em virtude da retomada do crescimento demográfico; a necessidade de metais preciosos para suprir a escassez de moedas; romper o monopólio exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo que contribuía para o encarecimento das mercadorias vindas do Oriente; tomada de Constantinopla, pelo turcos otomanos, encarecendo ainda mais os produtos do Oriente.

Sociais o enfraquecimento da nobreza feudal e o fortalecimento da burguesia mercantil.Religiosos a possibilidade de conversão dos pagãos ao cristianismo mediante a ação missionária da Igreja Católica.

4.2 Expansão marítima portuguesa

Portugal foi a primeira nação a realizar a expansão marítima. Além da posição geográfica, de uma situação de paz interna e da presença de uma forte burguesia mercantil; o pioneirismo português é explicado pela sua centralização política que, como vimos, era condição primordial para as Grandes Navegações.

A formação do Estado Nacional português está relacionada à Guerra de Reconquista - luta entre cristãos e muçulmanos na península Ibérica.A primeira dinastia portuguesa foi a Dinastia de Borgonha (a partir de 1143) caracterizada pelo processo de expansão territorial interna.

Entre os anos de 1383 e 1385 o Reino de Portugal conhece um movimento político denominado Revolução de Avis -movimento que realiza a centralização do poder político: aliança entre a burguesia mercantil lusitana com o mestre da Ordem de Avis, D. João. A Dinastia de Avis é caracterizada pela expansão externa de Portugal: a expansão marítima.

4.3 Etapas da expansão

A expansão marítima portuguesa interessava à Monarquia, que buscava seu fortalecimento; à nobreza, interessada em conquista de terras; à Igreja Católica e a possibilidade de cristianizar outros povos e a burguesia mercantil, desejosa de ampliar seus lucros.

A seguir, as principais etapas da expansão de Portugal:1415 -tomada de Ceuta, importante entreposto comercial no norte da África;1420 -ocupação das ilhas da Madeira e Açores no Atlântico;1434 -chegada ao Cabo Bojador;1445 -chegada ao Cabo Verde;1487 -Bartolomeu Dias e a transposição do Cabo das Tormentas;1498 -Vasco da Gama atinge as Índias (Calicute);1499 -viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

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Expansão marítima espanhola:A Espanha será um Estado Nacional somente em 1469, com o casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Dois importantes reinos cristãos que enfrentaram os mouros na Guerra de Reconquista.No ano de 1492 o último reduto mouro -Granada -foi conquistado pelos cristãos; neste mesmo ano, Cristóvão Colombo ofereceu seus serviços aos reis da Espanha.Colombo acreditava que, navegando para oeste, atingiria o Oriente. O navegante recebeu três navios e, sem saber chegou a um novo continente: a América.

A seguir a principais etapas da expansão espanhola:1492 - chegada de Colombo a um novo continente, a América;1504 -Américo Vespúcio afirma que a terra descoberta por Colombo era um novo continente;1519 a 1522 - Fernão de Magalhães realizou a primeira viagem de circunavegação do globo.

4.4 As rivalidades Ibérica

Portugal e Espanha, buscando evitar conflitos sobre os territórios descobertos ou a descobrir, resolveram assinar um acordo -proposto pelo papa Alexandre VI - em 1493: um meridiano passando 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, dividindo as terras entre Portugal e Espanha. Portugal não aceitou o acordo e no ano de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas.O tratado de Tordesilhas não foi reconhecido pelas demais nações europeias.

4.5 Navegações Tardias: Inglaterra, França e Holanda.

O atraso na centralização política justifica o atraso destas nações na expansão marítima:A Inglaterra e França envolveram-se na Guerra dos Cem Anos(1337-1453) e, após este longo conflito, a Inglaterra passa por uma guerra civil - a Guerra das Duas Rosas ( 1455-1485 ); já a França, no final do conflito com a Inglaterra enfrenta um período de lutas no reinado de Luís XI (1461-1483).

Somente após estes conflitos internos é que ingleses, durante o reinado de Elizabeth I (1558-1603 ); e franceses, durante o reinado de Francisco I iniciaram a expansão marítima.A Holanda tem seu processo de centralização política atrasado por ser um feudo espanhol. Somente com o enfraquecimento da Espanha e com o processo de sua independência é que os holandeses iniciarão a expansão marítima.

4.6 CONSEQÊNCIAS

As Grandes navegações contribuíram para uma radical transformação da visão da história da humanidade. Houve uma ampliação do conhecimento humano sobre a geografia da Terra e uma verdadeira Revolução Comercial, a partir da unificação dos mercados europeus, asiáticos, africanos e americanos.

4.7 A seguir algumas das principais mudanças:

A decadência das cidades italianas; a mudança do eixo econômico do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico; a formação do Sistema Colonial; enorme afluxo de metais para a Europa proveniente da América; o retorno do escravismo em moldes capitalistas; o euro-centrismo, ou a hegemonia européia sobre o mundo; e o processo de acumulação primitiva de capitais resultado na organização da formação social do capitalismo.

4.8 Exercícios para fixar:

1) (PUCCamp-SP) -o processo de colonização européia da América, durante os séculos XVI,XVII e XVIII, está ligado à:

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a) expansão comercial e marítima, ao fortalecimento das monarquias nacionais absolutas e à política mercantilista.b) Disseminação do movimento cruzadista, ao crescimento do comércio com os povos orientais e à política livre-cambista.c) Política imperialista, ao fracasso da ocupação agrícola das terras e ao crescimento do comércio bilateral. Criação das companhias de comércio, ao desenvolvimento do modo feudal de produção e à política liberal.d) Política industrial, ao surgimento de um mercado interno consumidor e ao excesso de mão-de-obra livre.

2) (Cesup/Unaes/Seat-MS)- Na expansão da Europa, a partir do século XV, encontramos intimamente ligados à sua história:a) a participação da Espanha nesse empreendimento, por interesse exclusivo de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, seus soberanos na época;b) a descoberta da América, em 1492, anulou imediatamente o interesse comercial da Europa com o Oriente;c) o tratado de Tordesilhas, que dividia as terras descobertas entre Portugal e Espanha, sob fiscalização e concordância da França, Inglaterra e Holanda;d) Portugal, imediatamente após o descobrimento do Brasil, iniciou a colonização, extraindo muito ouro para a Europa, desde 1500;e) O pioneirismo português.

3)(PUC-MG) O descobrimento da América, no início dos tempos modernos, e posteriormente a conquista e colonização, considerando-se a mentalidade do homem ibérico, permitem perceber que, EXCETO:a) O colonizador, ao se dar conta da perda do paraíso terrestre, do maravilhoso, lançou-se à reprodução da cenografia européia da América;b) O colonizador, negando o que pudesse parecer novo, preferiu ver apenas o seu reflexo no espelho da história;c) Colombo se recusava a ver a América, preferindo manter seus sonhos de que estaria próximo ao Oriente;d) O processo de descrição e observação do novo continente envolvia basicamente a manutenção do universo indígena;e) A conquista representou a possibilidade de transplante e difusão dos padrões culturais europeus na América.

4) Portugal e Espanha foram as primeiras nações a lançarem-se nas Grandes Navegações. Isto deveu-se, basicamente a/ao:a) enorme quantidade de capitais acumulados nestas duas nações desde o renascimento comercial na Baixa Idade Média;b) processo de centralização política favorecido pela Guerra de Reconquista;c) diferentemente de outras nobrezas, a nobreza portuguesa e espanhola estavam fortalecidas e conseguiram financiar o projeto de expansão marítima;d) o desenvolvimento industrial da península Ibérica forçou estas nações a buscarem mercados consumidores e fornecedores;e) espírito aventureiro de portugueses e espanhóis.

5) Entre as consequências da Expansão Marítima, NÃO encontramos:a) a formação do Sistema Colonial;b) o desenvolvimento do euro-centrismo;c) a expansão do regime assalariado da Europa para a Américad) início do processo de acumulação de capitais, impulsionando o modo de produção capitalista; e) introdução do trabalho escravo na América.

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6) A expansão marítima e comercial empreendida pelos portugueses nos séculos XV e XVI está ligada:a) aos interesses mercantis voltados para as "especiarias" do Oriente, responsáveis inclusive, pela não exploração do ouro e do marfim africanos encontrados ainda no século XV;b) à tradição marítima lusitana, direcionada para o "mar Oceano" (Atlântico) em busca de ilhas fabulosas e grandes tesouros;c) à existência de planos meticulosos traçados pelos sábios da Escola de Sagres, que previam poder alcançar o Oriente navegando para o Ocidente;d) a diversas casualidades que, aliadas aos conhecimentos geográficos muçulmanos, permitiram avançar sempre para o Sul e assim, atingir as Índias;e) ao caráter sistemático que assumiu a empresa mercantil, explorando o litoral africano, mas sempre em busca da "passagem" que levaria às Índias.

7) Foi fator relevante para o pioneirismo português na expansão marítima e comercial europeia dos séculos XV e XVI:a) a precoce centralização política, somada à existência de um grupo mercantil interessado na expansão e à presença de técnicos e sábios, inclusive estrangeiros;b) a posição geográfica de Portugal – na entrada do Mediterrâneo, voltado para o Atlântico e próximo do Norte da África –, sem a qual, todas as demais vantagens seriam nulas;c) o poder da nobreza portuguesa, inibindo a influência retrógrada da Igreja Católica, que combatia os avanços científicos e tecnológicos como intervenções pecaminosas nos domínios de Deus;d) a descentralização político-administrativa do Estado português, possibilitando a contribuição de cada setor público e social na organização estratégica da expansão marítima;e) o interesse do clero português na expansão do cristianismo, que fez da Igreja Católica o principal financiador das conquistas, embora exigisse, em contrapartida, a presença constante da cruz.

8) (Mackenzie)

"As grandes mudanças que se verificam na arte náutica durante a segunda metade do século XV levam a crer na possibilidade de chegar-se, contornando o continente africano, às terras do Oriente. Não se pode afirmar, contudo, que a ambição de atingir por via marítima esses países de fábula presidissem as navegações do período henriquino, animada por objetivos estritamente mercantis. (...) Com a expedição de Antão Gonçalves, inicia-se em 1441 o tráfico negreiro para o Reino (...) Da mesma viagem procede o primeiro ouro em pó, ainda que escasso, resgatado naquelas partes. O marfim, cujo comércio se achava até então em mãos de mercadores árabes, começam a transportá-lo os barcos lusitanos, por volta de 1447." (Sérgio Buarque de Holanda, Etapas dos descobrimentos portugueses.)Assinale a alternativa que melhor resume o conteúdo do trecho acima:a) A descoberta do continente americano por espanhóis, e depois, por portugueses, revela o grande anseio dos navegadores ibéricos por chegar às riquezas do Oriente através de uma rota pelo Ocidente.b) Os portugueses logo abandonaram as viagens de descoberta para o Oriente através do Atlântico, visto que lhes bastavam as riquezas alcançadas na África, ou seja, ouro, marfim e escravosc) Embora a descoberta de uma rota africana para o Oriente fosse para os portugueses, algo cada vez mais realizável em razão dos avanços técnicos, foi a exploração comercial da costa africana o que, de fato, impulsionou as viagens do período.d) As navegações portuguesas, à época de D. Henrique, eram motivadas, acima de tudo, pelo exotismo fabuloso do Oriente; secundariamente, contudo, dedicavam-se os portugueses ao comércio de escravos, ouro e marfim, sobretudo na costa africana.e) Durante o período henriquino, os grandes aperfeiçoamentos técnicos na arte náutica permitiram aos portugueses chegar ao Oriente contornando o continente africano.9) (USS)"Sem dúvida, a atração para o mar foi incentivada pela posição geográfica do país, próximo às ilhas do Atlântico e à costa da África. Dada a tecnologia da época, era importante contar com correntes marítimas favoráveis, e elas começavam exatamente nos portos portugueses... Mas há outros fatores da história portuguesa tão ou mais importantes."

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Assinale a alternativa que apresenta outros fatores da participação portuguesa na expansão marítima e comercial europeia, além da posição geográficaa) O apoio da Igreja Católica, desde a aclamação do primeiro rei de Portugal, já visava tanto à expansão econômica quanto à religiosa, que a expansão marítima iria concretizar.b) Para o grupo mercantil, a expansão marítima era comercial e aumentava os negócios, superando a crise do século. Para o Estado, trazia maiores rendas; para a nobreza, cargos e pensões; para a Igreja Católica, maior cristianização dos "povos bárbaros".c) O pioneirismo português deve-se mais ao atraso dos seus rivais, envolvidos em disputas dinásticas, do que a fatores próprios do processo histórico, econômico, político e social de Portugal.d) Desde o seu início, a expansão marítima, embora contasse com o apoio entusiasmado do grupo mercantil, recebeu o combate dos proprietários agrícolas, para quem os dispêndios com o comércio eram perdulários.e) Ao liderar a arraia-miúda na Revolução de Avis, a burguesia manteve a independência de Portugal, centralizou o poder e impôs ao Estado o seu interesse específico na expansão

10) (FATEC) No início dos tempos modernos, assistimos a uma série de grandes transformações que atuaram na desestruturação do mundo feudal e também se refletiam na diminuição do poder da Igreja, na expansão comercial e marítima, no desenvolvimento da burguesia, no Renascimento e na reforma religiosa. Também está ligada a este período histórico:                        a) a descentralização política e administrativa do Estado;b) a formação das repúblicas federativas;c) a ascensão das ditaduras pelas elites militares;d) a ascensão das ditaduras lideradas pelas classes trabalhadoras;e) a formação das monarquias nacionais absolutistas.

5. Mercantilismo:

De acordo com as várias épocas, houve uma série de princípios comuns que orientaram a política econômica mercantilista, particularmente no que diz respeito ao comércio com outras nações. Dias & Rodrigues (2010) destacam que os principais traços comuns a toda política mercantilista foram: o metalismo, a balança comercial favorável, o protecionismo alfandegário, a intervenção do Estado na ordem econômica, o monopólio e o colonialismo.

5.1 Metalismo:O metalismo configura-se como a essência da atividade econômica. Consiste na concepção que

identifica a riqueza e o poder de um Estado com a quantidade de metais preciosos por ele acumulados. A obtenção de ouro e prata viabilizou-se com a exploração direta das colônias ou com a intensificação do comércio externo.

5.2 Balança Comercial favorável:Com o mercantilismo surge pela primeira vez o conceito de balança comercial, uma vez que os países se

veem forçados a desenvolver ao máximo as exportações de produtos que são pagos em ouro e prata e reduzir ao mínimo possível as importações que seriam pagas nestas mesmas médias. Assim sendo, a balança comercial seria sempre favorável.

5.3 Protecionismo alfandegário:Restringia as importações impondo pesadas taxas alfandegárias aos produtos estrangeiros, ou até mesmo

proibindo que certos artigos fossem importados.

5.4 Intervenção na ordem econômica:Buscando manter uma balança favorável, o Estado exerceu seu poder de forma altamente centralizada e

buscando controlar em todos os seus aspectos a atividade econômica. Para isso, estabelecia um conjunto de leis que regulassem a produção e o comércio, como vias de se conseguir uma melhor organização que facilitasse sua implementação.

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5.5 Monopólio:Os Estados absolutistas exerciam diversos tipos de monopólio: de comercialização, de exploração, de transporte, dentre outros. O monopólio era um importante componente da política comercial do Estado. Quando este não o exercia diretamente, transferia o direito de monopólio a particulares, sejam pessoas, sejam empresas.

Outra forma de controlar o comércio externo era o estabelecimento de exploração de determinada atividade ou de uma determinada região. Constata-se que este monopólio poderia ser exercido diretamente pelo governo ou entregue a Companhias de Comércio que o exerceriam mediante concessão do Estado.

5.6 Colonialismo:A principal terminologia que dá representatividade ao Colonialismo – período que compreendeu o

cenário de conquista e exploração de terras, também conhecidas como sendo colônias - é o Pacto Colonial, que determinava e limitava a produção das colônias conforme autorização da metrópole. Junto a essa determinação, estava também o fato de que somente a colônia poderia vender os produtos a ela. Porém, esses seriam sempre desvalorizados e exportados a preços superfaturados pela metrópole.

Dentre os vários exemplos de política colonial mercantilista, pode-se destacar fluxo comercial entre Brasil Colonial e a Metrópole, nos séculos XVI e XVII. Percebe-se que neste período, a produção brasileira de açúcar superou o que era produzido pelas ilhas portuguesas no Atlântico até então, principalmente pela implantação de um novo modelo de produção baseado em um sistema empresarial, no qual a escala de produção e de investimento no trabalho escravo, bens de capital e facilidades de transporte aumentou de forma tão marcante a produtividade agrícola. (CAVES, 2001)

Nesse período, o comércio brasileiro caracterizou-se pela exportação de açúcar, pau-brasil, algumas especiarias, mel, cera e tabaco. Já da Europa, eram importados produtos manufaturados, alimento, sal e vinho; do rio da Prata chegavam couros e prata obtida de modo geral com a troca de escravos; quando aportam navios da Ásia nas costas brasileiras, chegam sedas e artigos de luxo. Esse período também é caracterizado como de fundamental importância, economicamente e socialmente, para a consolidação da ocupação do Brasil e sua inserção definitiva no comércio mundial.

5.7 Exercícios para fixar:

1. (UFMG 2011)  Leia este trecho: Este fluxo de prata é despejado em um país protecionista, barricado de alfândegas. Nada sai ou entra em Espanha sem o consentimento de um governo desconfiado, tenaz em vigiar as entradas e as saídas de metais preciosos. Em princípio, a enorme fortuna americana vem, portanto, terminar num vaso fechado. Mas o fecho não é perfeito [...] Ou dir-se-ia tão comumente que os Reinos de Espanha são as “Índias dos outros Reinos Estrangeiros”.  BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico à época de Felipe II. Lisboa: Martins Fontes, 1983-1984, v.1, p. 523-527. a) Identifique a prática econômica a que se faz referência nesse texto. b) Cite o principal objetivo dessa prática. c) Mas o fecho não era perfeito [...] Ou dir-se-ia tão comumente que os Reinos de Espanha são as “Índias dos outros Reinos Estrangeiros”. Explique o sentido histórico dessa frase.

2. (Unifesp 2010) Mercantilismo é o nome normalmente dado à política econômica de alguns Estados Modernos europeus, desenvolvida entre os séculos XV e XVIII. Indique a) duas características do Mercantilismo. b) a relação entre o Mercantilismo e a colonização da América.

3. (Fuvest 2009) “Da armada dependem as colônias, das colônias depende o comércio, do comércio, a capacidade de um Estado manter exércitos numerosos, aumentar a sua população e tornar possíveis as mais gloriosas e úteis empresas.” Essa afirmação do duque de Choiseul (1719-1785) expressa bem a natureza e o caráter do a) liberalismo. b) feudalismo.

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c) mercantilismo. d) escravismo. e) corporativismo.

4. (cftsc 2007) O historiador francês Fernand Braudel, referindo-se ao Mercantilismo, afirma que este "reagrupa comodamente uma série de atos de atitudes, de projetos, de idéias, de experiências que marcam, entre o século XV e o século XVIII, a primeira afirmação do Estado Moderno em relação aos problemas concretos que ele tinha que enfrentar." Assinale a alternativa que expressa CORRETAMENTE uma característica do Mercantilismo. a) Pacto colonial, permitindo o pleno desenvolvimento interno e a liberdade político-administrativa da Colônia. b) Não intervencionismo estatal. c) Incentivo à manutenção de uma balança comercial favorável, importando mais que exportando. d) Intervenção do Estado, que se efetivou sob forma de protecionismo e de regulamentação da atividade econômica. e) Monopólio concedido pelo Estado, que permitia a qualquer companhia de comércio, sem autorização da metrópole, vender seus produtos na Colônia.

5. (UFU 2006) Com o objetivo de aumentar o poder do Estado diante dos outros Estados, [o Mercantilismo] encorajava a exportação de mercadorias, ao mesmo tempo em que proibia exportações de ouro e prata e de moeda, na crença de que existia uma quantidade fixa de comércio e riqueza no Mundo. ANDERSON, Perry. "Linhagens do Estado Absolutista", São Paulo Brasiliense, 1998. p. 35. O trecho acima refere-se aos princípios básicos da doutrina mercantilista, que caracteriza a política econômica dos Estados modernos dos séculos XVI, XVII e XVIII. Com base nessa doutrina, marque a alternativa correta. a) A doutrina mercantilista pregava que o Estado deveria se concentrar no fortalecimento das atividades produtivas manufatureiras, não se envolvendo em guerras e em disputas territoriais contra outros Estados. b) Uma das características do mercantilismo é a competição entre os Estados por mercados consumidores, cada qual visando fortalecer as atividades de seus comerciantes, aumentando, consequentemente, a arrecadação de impostos. c) Os teóricos do mercantilismo acreditavam na possibilidade de conquistar mercados por meio da livre concorrência, de modo que era essencial desenvolver produtos competitivos, tanto no que diz respeito ao preço como em relação à qualidade. d) A conquista de áreas coloniais na América é a base de qualquer política mercantilista. Tanto que o ouro e a prata, de lá provenientes, possibilitaram ao Estado espanhol figurar como o mais poderoso da Europa após a Guerra dos Trinta Anos. 

6. (UFMG 2006) Considerando-se o papel e a importância do Mercantilismo, é INCORRETO afirmar que: a) essa doutrina tinha como fundamento básico a convicção de que o Estado deveria interferir nos processos econômicos. b) as políticas fundamentadas nessa doutrina abarcavam as relações entre os países da Europa Ocidental e, também, os laços entre estes e suas colônias. c) o principal aspecto dessa doutrina era a adoção de ações planejadas para fomentar a industrialização da economia. d) essa doutrina consistia num conjunto de pressupostos e crenças econômicas vigentes no período de formação e apogeu dos Estados modernos.

7. (cftce 2005) O Mercantilismo pode ser definido como: a) o conjunto de práticas econômicas caracterizadas pelo monopólio comercial, pela balança comercial favorável e pela intervenção do Estado na economia b) o conjunto de ideias preconizadas por Adam Smith que defendia a livre iniciativa econômica e a atuação do Estado Absolutista c) a expressão teórica do Estado liberal, caracterizado pelo livre comércio

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d) o conjunto de práticas econômicas que incluíam o estímulo à livre iniciativa e o combate ao trabalho escravo e) o conjunto de medidas econômicas colocadas em prática durante o período denominado Feudalismo, caracterizado pelas obrigações servis e pela livre iniciativa

8. (UFRS) Leia a seguir um trecho do relatório elaborado pelo embaixador veneziano Giustiniani no período em que serviu na França. "Seu objetivo era tornar o país inteiro superior a qualquer outro em opulência, abundante em mercadorias, rico em manufaturas e fecundo em bens de todo tipo, não tendo necessidade de nada e dispensando todas as coisas dos outros Estados. Em consequência, ele nada negligencia a fim de aclimatar na França as melhores indústrias de cada país e impede por diversas medidas os outros Estados de introduzir seus produtos no reino [...]. Quanto mais ele se encanta em ver entrar o ouro dos outros no reino, tanto mais é zeloso e cuidadoso em impedir a sua saída, e, para isso, as ordens mais severas são dadas por todos os lugares [...]." Citado em BERSTEIN, Serge. "Histoire". Paris: Hatier, 1990. p. 29. Considerando os dados emanados do relatório e a época histórica, a política econômica a que o texto se refere é a) o Feudalismo. b) o Liberalismo. c) o Capitalismo. d) a Fisiocracia. e) o Mercantilismo.

9. (cftce 2004) Durante a Idade Moderna, a Europa estruturou o chamado Estado Moderno que possuía basicamente três elementos fundamentais: o Absolutismo Monárquico, o Mercantilismo e o Colonialismo. Tais elementos mantinham estreitas e inseparáveis relações. A partir da condição acima citada, cite três características básicas do Mercantilismo. 

10. (UFV) Mercantilismo é um termo que foi criado pelos economistas alemães da segunda metade do século XIX para denominar o conjunto de práticas econômicas dos Estados europeus, nos séculos XVI e XVII. Das alternativas abaixo, assinale aquela que NÃO indica uma característica do mercantilismo. a) Busca de uma balança comercial favorável, ou seja, a superação contábil das importações pelas exportações. b) Intervencionismo do Estado nas práticas econômicas, através de políticas monopolistas e fiscais rígidas. c) Crença em que a acumulação de metais preciosos era a principal forma de enriquecimento dos Estados. d) Aplicação de capitais excedentes em outros países para aumentar a oferta de matérias-primas necessárias à industrialização. e) Exploração de domínios localizados em outros continentes, com o objetivo de complementar a economia metropolitana.

6. Reforma Religiosa

Foi o movimento que rompeu a unidade do Cristianismo centrado pela Igreja de Roma. Esse movimento é parte das grandes transformações econômicas, sociais, culturais e políticas ocorridas na Europa nos séculos XV e XVI, que enfraqueceram a Igreja permitindo o surgimento de novas doutrinas religiosas. A Igreja estava em crise, a burguesia crescia em importância, o nacionalismo desenvolvia-se nos Estados modernos e o Renascimento Cultural despertava a liberdade de Crítica. O aumento populacional somado às transformações que vêm junto com esse aumento acarreta em um baque entre a Igreja e essas transformações. Os intelectuais das cidades pensam hipóteses, passam a ter idéias, problemas que antes não existiam. O termo “Igreja Católica” é posterior ao Concílio de Trento, uma forma de diferenciação perante os protestantes. Antes só existia a Cristandade.

A esse movimento de divisão no cristianismo e surgimento das novas doutrinas dá-se o nome de REFORMA e à reação da Igreja, realizando modificações internas e externas, de CONTRA-REFORMA.

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Contudo, esse movimento foi precedido por várias manifestações nos séculos anteriores, mas nenhuma delas conseguiu o rompimento definitivo com a Igreja Romana. Dentre elas, vemos:

- Heresias Medievais (Arianismo, Valdenses, Albigenses); 

- Querela de Investiduras (disputas entre os papas e os imperadores da Alemanha a partir de 1074, pelo direito de nomear bispos e abades. Só se resolve no século XII); 

- Cisma do Ocidente – (Ocorrido em 1378, em que a Igreja passa a ser governada por TRÊS papas – ela se unifica em 1417); 

- Movimentos Reformadores – John Wiclif (1320? -1384) e Jonh Huss (1369-1415). 

Os primeiros questionamentos são referentes à questão das Indulgências (documentos assinados pelo papa, que absolviam o comprador de alguns pecados cometidos, diminuindo o tempo de sua pena no purgatório, era um comércio em vista da salvação), Simonia {comercialização de coisas sagradas (Cargos eclesiásticos, cobrança por sacramentos, objetos...)}, celibato, culto às imagens, excesso de sacramentos, atitude mundana do Alto Clero, dentre outras. Havia um abismo muito grande entre o que a Igreja pregava e o que fazia.

6.1 REFORMA LUTERANA:

A Alemanha não está centralizada, é agrária e feudal. A Igreja possui um terço das terras. Há descontentamento geral. Vendo tantos abusos por parte do Clero, o monge agostiniano Martinho Lutero não se calou. Elaborou 95 teses e afixou-as na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, em 1517. A maioria era contra as indulgências. Principalmente as indulgências visando à construção da Basílica de São Pedro. Apoiado pela nobreza alemã, Lutero pôde divulgar suas ideias, calcada em dois princípios que se constituiriam no núcleo de sua doutrina: A Salvação somente pela fé e não pelas práticas religiosas e a Inutilidade dos Mediadores (Clero). Lutero foi excomungado em 1520. Ele queima publicamente a carta do papa (Bula papal), traduz a Bíblia para o Alemão, casa-se com uma ex-freira, fica abrigado na Saxônia. Eis suas reivindicações e críticas principais:

Substituição do Latim pelo idioma alemão nos cultos religiosos; Questiona a grande quantidade de sacramentos (Preserva dois sacramentos: batismo e eucaristia); Livre interpretação da Bíblia; Contra o Celibato; Rejeita a Hierarquia Religiosa da Igreja de Roma; pregava a Salvação pela fé; Negava a Transubstanciação – afirmava a Consubstanciação (misturados); Pecado Original: Marca do gênero Humano (nem Cristo, nem o Batismo o retiram);

O Luteranismo expandiu-se basicamente no Sacro Império Romano-Germânico e nos países escandinavos (Suécia, Noruega e Dinamarca), regiões essencialmente rurais, pouco desenvolvidas em termos comerciais. Através de suas ideias, eles desapropriam as terras da Igreja.

6.2 REFORMA CALVINISTA:J. Calvino (1509-1564) era francês, que inicia sua ruptura em Genebra, Suíça, por volta de 1536. Lá

começa a publicar estudos sistemáticos sobre a nova religião. Funda uma nova doutrina que expande a Reforma. A burguesia dessa cidade havia adotado os princípios da reforma para lutar contra seu governante, o católico Duque de Savóia, o que favoreceu a atuação do reformador. Ele divergia de Lutero em alguns pontos, principalmente na questão da Salvação. Diferente de Lutero (salvação pela fé), ele defendia a idéia de que a fé não era suficiente, uma vez que o homem já nasce predestinado, ou seja, escolhido por Deus para a vida eterna ou para a sua condenação. Calvino tornou-se todo-poderoso, conseguindo impor sua doutrina, interferir nos costumes, nas crenças e na própria organização político-administrativa da cidade. O Calvinismo propagou-se rapidamente atingindo a França, a Holanda, a Inglaterra e a Escócia.

Eis algumas de suas teorias e questionamentos:

- A riqueza material era um sinal da graça divina sobre o indivíduo. Essa teoria é assimilada pela burguesia local, que justificava não só seu comércio, como também as atividades financeiras e o lucro a elas associado.

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Ele justifica as atividades econômicas até então condenadas pela Igreja romana. - Grande rigidez na moral - Questiona a Liturgia da Missa (simplifica com o Sermão, a oração e a leitura da Bíblia). - Questiona o uso das Imagens (houve quebra-quebra nas paróquias locais) - Acaba com os jogos, dança ida ao teatro... - “O homem que não quer trabalhar, não merece comer.” afirma. - Livre Interpretação da Bíblia; - Nega o culto aos santos e a Virgem; - Questiona a autoridade do Papa; - Defende a separação entre a Igreja e o Estado; - Questiona o Celibato do clero; - Questiona a Transubstanciação (propõe uma presença material, o Cristo está presente, mas não materialmente). - Ele cria um conselho para reger a vida religiosa em Genebra de “12 anciãos”. Eles julgavam, ditavam regras. Consistório de Genebra. - A doutrina afirma que não há certeza da salvação;

6.3 REFORMA ANGLICANA:Os ingleses, durante a época dos Tudor, também criticavam os abusos da Igreja Romana, a

ineficiência dos tribunais eclesiásticos e o favoritismo na distribuição de cargos públicos para membros do Clero, além de queixar-se do pagamento e do envio de dízimos para Roma. Durante o governo de  Henrique VIII (1509-1547), a burguesia fazia pressão para o aumento do poder do parlamento. O rei, necessitando aumentar as riquezas do Estado, confisca as terras da Igreja, o que gera desentendimentos com o Papa. Isso se agrava quando o monarca solicita a anulação do casamento com Catarina de Aragão. Ele não tinha sucessores masculinos, temia que seu trono caísse em mãos espanholas. Toda a nação, com medo deste fato, apóia esse pedido. O Papa Clemente VII nega o pedido. O Rei rompe com o papado e faz uma reforma na Igreja Inglesa. Obriga seus membros a reconhecê-lo como chefe supremo e a jurar-lhe fidelidade e obediência. Obtém do clero inglês o divórcio e se casa com uma dama da corte, Ana Bolena. O Papa tenta intimidá-lo excomungando-o, mas não adianta. 

Em 1534, Henrique VIII decreta o Ato de Supremacia, que consolida a separação entre a Inglaterra e o papa. Torna-se o chefe da Igreja de seu país. A Reforma anglicana, na prática, apresenta poucas modificações com a Igreja romana: Questiona o Culto aos santos; A autoridade máxima é o Rei e não o papa; Questiona o culto às relíquias; Prega a popularização da leitura da Bíblia . A Reforma anglicana resolveu, na prática, dois problemas para a monarquia: a questão da herança do trono e com a venda das terras da Igreja para a burguesia e nobreza, dá um suporte financeiro para a Coroa. O Anglicanismo se consolida no reinado de Elizabeth I, filha de Henrique VIII, que renova seu direito de soberania real sobre a Igreja, além de fixar os fundamentos da doutrina e do culto anglicano na Lei dos 39 Artigos, em 1563.OBSERVAÇÃO - O Calvinismo também criou raízes na Inglaterra. Seus adeptos, os puritanos, iriam entrar em choque com os anglicanos, gerando inúmeros conflitos no século XVII, que levaram às imigrações maciças para a região da Nova Inglaterra, na América do Norte.

6.4 THOMAS MÜNTZER:Liderou uma revolta em 1524 com camponeses da região do Reno. Além de atacar a Igreja pela

cobrança de dízimos, passam a reivindicar a reforma agrária e a abolição dos privilégios feudais. Ele afirmava ser Luterano. O movimento se espalhou por várias regiões alemãs com assaltos a castelos, queima dos mosteiros e roubo de colheitas. A essas manifestações, seguiu-se uma repressão violenta, apoiada por Lutero em prol da Nobreza alemã. Müntzer foi preso e decapitado e houve o massacre de milhares de camponeses. Ele foi um dos grandes pregadores do ANABATISMO (os convertidos são batizados na idade adulta, mesmo já sendo batizados quando criança). Tinham a necessidade de rebatizar os indivíduos, de separar a Igreja e o Estado, de abolir as imagens e o culto dos santos, queriam uma igualdade absoluta entre os homens, viver com simplicidade, pois todos eram inspirados pelo Espírito Santo. Foram fortemente reprimidos seja nos Estados Católicos, Luteranos ou Calvinistas.

6.5 CONTRA-REFORMA

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O avanço do Protestantismo, não só neste momento, levou a Igreja Romana a se reorganizar. Foi um movimento de reação ao protestantismo. A Igreja precisava auto reformar-se ou não sobreviveria, pois precisava, ainda, evitar que outras regiões virassem protestantes. Esse movimento de reforma interna já existia, mas é nesse momento que ele é aprofundado. Entre 1545 e 1563, foi convocado o CONCÍLIO DE TRENTO, onde houve reafirmações e mudanças. Dentre elas:

- Esclarece a Doutrina; - Conserva os sete Sacramentos e confirma os Dogmas; - Afirma a presença real de Cristo na Eucaristia; - Inicia a redação de um Catecismo; - Criação de Seminários para a formação de sacerdotes; - Reafirma o Celibato, a veneração aos Santos e a Virgem; - Aprova os Estatutos da Companhia de Jesus, criada antes do Concílio por Inácio de Loyola; - Mantém o Latim como língua do Culto e tradução oficial das Sagradas Escrituras; - Confirma como texto autêntico, a tradução de São Jerônimo, no século IV; - Fortalece a Hierarquia e, portanto a unidade da Igreja Católica, ao afirmar a supremacia do Papa como “Pastor Universal de toda a Igreja” - Reorganizou o tribunal da Inquisição ou Santo Ofício, que fica encarregado de combater a Reforma; - Criação do “Índex” (índice), encarregada da censura de obras impressas, lista de livros cuja leitura era proibida aos fiéis; 

As orientações do Concílio de Trento guiaram os católicos de todo o mundo durante 400 anos. Houve o Concílio Vaticano I (08/12/1869 - 20/10/1870), convocado pelo Papa PIO IX (1846-1878), mas que foi interrompido devido à Guerra Franco-Alemã que havia iniciado. As maiores mudanças começariam a acontecer apenas em 1962, quando o papa João XXIII convocou o Concílio Vaticano II (11/10/1962 a 07/12/1965), para redefinir as posições da Igreja e adequá-la às necessidades e desafios do mundo contemporâneo.

6.6 Exercícios para fixar:

1) Segundo Martinho Lutero:a) As boas obras e a fé são necessárias para a salvação.b) Somente as boas obras é capaz de levar o homem a salvação.c) A fé sem obras não oferece a salvação.d) Apenas a fé pode salvar o homem. e) Não precisa ter fé e boas obras para alcançar a salvação.

2) Não faz parte da doutrina luterana:a) Fé, único meio de salvação.b) A Bíblia é a única fonte de fé.c) O livre exame pelos fiéis é porta legítima para a Bíblia.d) As boas obras não salvam.e) culto dos santos. 

3) O catolicismo na Europa estava em descompasso com as transformações de seu tempo no século XVI, ou seja, condenava o luxo excessivo e:a) o cristianismo b) o batismoc) as lutas europeiasd) as artes e culturase) Usura 

4) (Mackenzie) O Rei Henrique VIII, aclamado defensor da fé pela Igreja Católica, rompeu com o Papa Clemente VII em 1534, por:a) opor-se ao Ato de Supremacia que submetia a Igreja Anglicana à autoridade do Papa.

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b) rever todos os dogmas da Igreja Católica, incluindo a indissolubilidade do sagrado matrimônio, através do Ato dos Seis Artigos.c) aceitar as 95 teses de Martinho Lutero, que denunciavam as irregularidades da Igreja Católica.d) ambicionar assumir as terras e as riquezas da Igreja Católica e enfraquecer sua influência na Inglaterra.e) defender que o trabalho e a acumulação de capital são manifestações da predestinação à salvação eterna como professava Santo Agostinho.

5) (Cesgranrio) No contexto dos diversos conflitos religiosos que eclodiram na Europa, ao longo do século XVI, identificamos a convocação pela Igreja Católica, a partir de 1545, do Concílio de Trento. Dentre suas determinações, destacamos corretamente o (a):a) reconhecimento da autoridade política e teológica da Igreja anglicana frente ao papado, encerrando os conflitos provocados na Inglaterra devido à luta de Henrique VIII contra o Vaticano.b) fim do clero regular como solução para conter os abusos cometidos pela Igreja, tais como a venda de indulgências e sacramentos.c) oficialização da doutrina calvinista que admitia o lucro comercial como uma dádiva divina e não mais como um pecado usurário, como um novo dogma católico.d) submissão da Igreja católica aos Estados imperiais laicos e a validade da livre interpretação da Bíblia.e) reafirmação da hierarquia eclesiástica católica e a reativação do tribunal do Santo Ofício da Inquisição.

6) (Cesgranrio) Os movimentos reformistas religiosos que surgiram na Europa moderna, entre os séculos XV e XVI, variaram em seus fundamentos e prática frente aos dogmas religiosos instituídos pela Igreja Católica. Marque a opção que relaciona corretamente um desses movimentos reformistas com seu fundamento doutrinário.a) O humanismo defendeu a extinção do Papado como necessária para o desenvolvimento de uma nova religião baseada na tolerância e no respeito às crenças religiosas individuais.b) O luteranismo condenou a doutrina da predestinação e a livre interpretação das escrituras sagradas.c) O calvinismo, em sua concepção moral, valorizou o trabalho e justificou o lucro, formulando uma doutrina que correspondia às necessidades de uma moral burguesa.d) O anglicanismo instituiu uma doutrina protestante, cuja hierarquia eclesiástica subordinava o poder temporal dos monarcas à autoridade divina dos Papas.e) O Concílio de Trento promoveu uma reformulação dos dogmas religiosos católicos, disciplinando o clero e restringindo sua autoridade aos assuntos ligados à fé cristã.

7) (FGV) Foram elementos da Reforma Católica no século XVI:a) A tradução da Bíblia para as diversas línguas nacionais, a defesa do princípio da infalibilidade da Igreja e a proibição do casamento dos clérigos.b) A afirmação da doutrina da predestinação, a condenação das indulgências como instrumento para a salvação e a manutenção do celibato dos clérigos.c) A manutenção do latim como língua litúrgica, a reafirmação do livre-arbítrio e a eliminação do batismo como um dos sacramentos.d) A tradução da Bíblia para as diversas línguas nacionais, a abolição da confissão e a crítica ao culto das imagens.e) A manutenção do latim como língua litúrgica, o estabelecimento do Tribunal do Santo Ofício e a criação da Companhia de Jesus.

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8) (Fuvest) "Depois que a Bíblia foi traduzida para o inglês, todo homem, ou melhor, todo rapaz e toda rapariga, capaz de ler o inglês, convenceram-se de que falavam com Deus onipotente e que entendiam o que Ele dizia".Esse comentário de Thomas Hobbes (1588-1679)a) ironiza uma das consequências da Reforma, que levou ao livre exame da Bíblia e à alfabetização dos fiéis.b) alude à atitude do papado, o qual, por causa da Reforma, instou os leigos a que não deixassem de ler a Bíblia.c) elogia a decisão dos reis Carlos I e Jaime I, ao permitir que seus súditos escolhessem entre as várias igrejas.d) ressalta o papel positivo da liberdade religiosa para o fortalecimento do absolutismo monárquico.e) critica a diminuição da religiosidade, resultante do incentivo à leitura da Bíblia pelas igrejas protestantes.

9) (G1) João Calvino defendia que alguns homens já nascem salvos pela vontade de Deus e que o indício dessa salvação, seria o acúmulo de riquezas através das virtudes e do trabalho.Tal princípio ia de encontro aos interesses da burguesia. O texto acima refere-se:a) à livre interpretação da Bíblia.b) à predestinação.c) às indulgências.d) à simonia.e) ao Ato de Supremacia.

10) (Mackenzie) As transformações religiosas do século XVI, comumente conhecidas pelo nome de Reforma Protestante, representaram no campo espiritual o que foi o Renascimento no plano cultural; um ajustamento de ideias e valores às transformações socioeconômicas da Europa. Dentre seus principais reflexos, destacam-se:a) a expansão da educação escolástica e do poder político do papado devido à extrema importância atribuída à Bíblia.b) o rompimento da unidade cristã, expansão das práticas capitalistas e fortalecimento do poder das monarquias.c) a diminuição da intolerância religiosa e fim das guerras provocadas por pretextos religiosos.d) a proibição da venda de indulgências, término do índex e o fim do princípio da salvação pela fé e boas obras na Europa.e) a criação pela igreja protestante da Companhia de Jesus em moldes militares para monopolizar o ensino na América do Norte.

11) (PUC-MG) Em 1517 começa, no Sacro Império Romano-Germânico, o movimento de reforma liderado por Martinho Lutero, que defendia:a) a fé como elemento fundamental para a salvação dos indivíduos.b) o relaxamento dos costumes dos membros da Igreja daquela época.c) a confissão obrigatória, o jejum e o culto aos santos e mártires.d) o princípio da predestinação e da busca do lucro por meio do trabalho.e) o reconhecimento do monarca como chefe supremo da Igreja.

12) (UEL) Dentre os fatores que contribuíram para a difusão do Movimento Reformista Protestante, no início do século XVI, destaca-sea) o cerceamento da liberdade de crítica provocado pelo Renascimento Cultural.b) o declínio do particularismo urbano que veio a favorecer o aparecimento das Universidades.c) o abuso político cometido pela Companhia de Jesus.d) o conflito político observado tanto na Alemanha como na França.

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e) a inadequação das teorias religiosas católicas para com o progresso do capitalismo comercial.

13) (Unirio) Dentre os fatores que contribuíram para a eclosão do movimento reformista protestante, no início do século XVI, destacamos o(s):a) declínio do nacionalismo no processo de formação dos estados modernos.b) embate entre o progresso do capitalismo comercial e as teorias religiosas católicas.c) fim do comércio de indulgências patrocinado pela Igreja Católica.d) encerramento da liberdade de crítica provocado pelo Renascimento Cultural.e) abusos cometidos pela Companhia de Jesus e pela ação política do Concílio de Trento.

14)  (Uel 2005) Analise a figura a seguir.

Com base na figura e nos conhecimentos sobre a Modernidade, é correto afirmar que a pintura: 

a) Representa, com ironia, as disputas religiosas entre católicos e protestantes, desencadeadas pela Reforma Luterana. b) Registra o descontentamento e a revolta dos camponeses germânicos com a opressão servil imposta pela Igreja Católica. c) Apresenta, com realismo, os movimentos heréticos que contestavam a Igreja e pregavam o desapego aos bens materiais. d) Representa a indignação dos intelectuais ligados à Igreja Católica, os quais, sob a influência do Humanismo, acusavam o alto clero de práticas imorais. e) Registra uma cena cotidiana de atividades industriais realizadas no centro dos pequenos burgos europeus em crescimento. (UFJF)

15) (UFJF) Leia, atentamente, os textos abaixo:“Erram os pregadores de indulgências quando dizem que pelas indulgências do papa o homem fica livre de todo o pecado e está salvo. (...) É preciso exortar os cristãos a esperar entrar no céu mais pela verdadeira penitência do que por uma ilusória tranquilidade.” - Lutero

“Deus chama cada um para uma vocação particular cujo objetivo é a glorificação dele mesmo. O comerciante que busca o lucro, pelas qualidades econômicas que o sucesso econômico exige: o trabalho, a sobriedade, a ordem, responde também o chamado de Deus santificando de seu lado o mundo pelo esforço, e sua ação é santa.” - Calvino

In: VICENTINO, Cláudio. História Geral, São Paulo, Scipione, 1997.

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a) Identifique o movimento que promoveu a divulgação dessas ideias.

b) aponte duas características desse movimento.

16) (Unifesp)“Se um homem não trabalhar, também não comerá” – São Paulo

O texto acima traduz a ideia defendida pelo:a) Protestantismo de Lutero;

b) Protestantismo de Calvino;

c) Catolicismo da Idade Média;

d) Catolicismo da Contra-Reforma.

17) A partir de profundo estudo do pensamento de Santo Agostinho, o teólogo Martinho Lutero foi o primeiro a organizar um movimento bem-sucedido contra o clero católico.

Com base na afirmação, responda:a) Quais as críticas fundamentais que Lutero fez contra a Igreja Católica.

b) Exponha e disserte sobre noções religiosas inovadoras pregadas por Lutero.

18) A Reforma Protestante, iniciada por Lutero, foi um movimento de mudanças sociais de caráter fundamentalmente religioso, com importantes desdobramentos políticos e econômicos. No que se refere aos princípios políticos e religiosos, o luteranismo defendia a:A - submissão da Igreja ao Estado e a valorização da fé individualB - implementação de políticas econômicas na Europa e a quebra da autoridade religiosaC - jurisdição real sobre terras da Igreja e a cobrança de impostos sobre esse patrimônio;D - extinção das rendas feudais e a oposição às pregações morais do clero;E - cessação do poder político-administrativo da Igreja sobre os reinos e o fim da condenação da usura

19) (UEA-AM) Lutero, ao protestar contra abusos de agentes e enviados do Papa, despertou a atenção de grupos e indivíduos cujas práticas econômicas eram rejeitadas pelo discurso católico. Suas críticas e pregações eram radicais e atraíam apoios e demandas radicais. A Reforma não foi, portanto, uniforme, nem é definível por um único comentário. Assinale a alternativa errada a respeito do contexto da Reforma Protestante:A - Lutero apoiou a secularização dos bens eclesiásticos quando os príncipes cobiçavamos bens e o poder da Igreja, mas condenou os camponeses que promoviam a secularização por ação própria.B - A predestinação apregoada por Calvino interessava aos burgueses porque justificava práticas e valores burgueses e permitia identificar o sucesso individual e material como sinal da aprovação divina.C - Para Carlos V, a reforma quebrava a unidade ideológica do seu império, já carente de unidade linguística e cultural e formado por territórios às vezes descontínuos, onde emergiam interesses divergentes de príncipes e senhores regionais.

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D - O Ato de Supremacia de 1534, além do aspecto religioso, serviu para reforçar o absolutismo inglês política e materialmente e buscou resolver problemas dinásticos E - A Contra-Reforma, embora não tenha tornado a Igreja Católica uma instituição liberal, impediu a expansão do protestantismo.

20) A Reforma Protestante, iniciada por Lutero, foi um movimento de mudanças sociais de caráter fundamentalmente religioso, com importantes desdobramentos políticos e econômicos. No que se refere aos princípios políticos e religiosos, o luteranismo defendia a:A - submissão da Igreja ao Estado e a valorização da fé individual;B - implementação de políticas econômicas na Europa e a quebra da autoridade religiosa;C - jurisdição real sobre terras da Igreja e a cobrança de impostos sobre esse patrimônio;D - extinção das rendas feudais e a oposição às pregações morais do clero;E - cessação do poder político-administrativo da Igreja sobre os reinos e o fim da condenação da usura

7. Crise do Século XVII: A Revolução Inglesa do século XVII representou a primeira manifestação de crise do sistema da época

moderna, identificado com o absolutismo. O poder monárquico, severamente limitado, cedeu a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento e instaurou-se o regime parlamentarista que permanece até hoje. O processo começou com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução Gloriosa de 1688. As duas fazem parte de um mesmo processo revolucionário, daí a denominação de Revolução Inglesa do século XVII e não Revoluções Inglesas. Esse movimento revolucionário criou as condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII, limpando terreno para o avanço do capitalismo. Deve ser considerado a primeira revolução burguesa da história da Europa: antecipou em 150 anos a Revolução Francesa.

7.1 Surgem as condições: A Inglaterra atingiu no século XVII notável desenvolvimento, favorecido pela monarquia absolutista.

Henrique VIII e Elizabeth I unificaram o país, dominaram a nobreza, afastaram a ingerência papal, criaram a igreja a nacional inglesa, confiscaram terras da Igreja Católica e passaram a disputar os domínios coloniais com os espanhóis. Tais tarefas agradaram à burguesia, mas agora o poder absolutista tornava-se incômodo, pois barrava o avanço da burguesia mercantil. Grande parte dos recursos do Estado vinham da venda de monopólios, como aqueles sobre comércio exterior, sal, sabão, alúmen, arenque e cerveja a, que beneficiavam um pequeno grupo, a burguesia financeira. E prejudicavam a burguesia comercial, sem liberdade para suas atividades, e os artesãos, que pagavam caro por alúmen e produtos indispensáveis a seu trabalho. Ao mesmo tempo, a garantia de privilégios às corporações de ofício impedia o aumento da produção industrial, pois eles limitavam a entrada de novos produtores nas áreas urbanas. Outro problema econômico estava no campo. A alta de preços e a expansão do consumo de alimentos e matérias-primas, como a lã, valorizaram as terras. Isto despertou a cobiça dos produtores rurais. Eles tentavam aumentar suas posses através dos cercamentos, isto é, tentavam transformar em propriedade privada as terras coletivas, devolutas ou sobre as quais havia uma posse precária. Tais ações expulsavam posseiros e criavam grandes propriedades, nas quais se investia capital para aumentar a produção. O Estado, para preservar o equilíbrio social necessário a sua existência, barrava os cercamentos e punha contra si dois setores poderosos: a burguesia mercantil e a nobreza progressista rural, a gentry. No plano político, havia o conflito entre rei e Parlamento. A este, instituído pela Carta Magna de 1215, cabia o poder de direito, isto é, legítimo. Mas os Tudor exerceram o poder de fato, convocando pouco o Parlamento. As classes aí representadas não se

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opuseram ao absolutismo porque correspondia a seus interesses. O rei promovia desenvolvimento. No século XVII, o Parlamento pretendia transformar seu poder de direito em poder de fato. O rei correu a legitimar seu poder, que era de fato. Só havia uma forma: considerar o poder real de origem divina, como na França. A luta política desenvolveu-se então no campo religioso e os reis manipularam a religião para aumentar seu poder. No século XVI, os Tudor haviam dado ênfase ao conteúdo do anglicanismo, isto é, seu lado calvinista, favorecendo a burguesia. Agora, os Stuart ressaltavam a forma católica do anglicanismo, identificando-se com a aristocracia, contra a burguesia. Claro, através do catolicismo era mais fácil justificar a origem divina do poder real. O Parlamento, dominado pela burguesia mercantil e a gentry, radicalizou suas posições e identificou-se com o puritanismo (forma mais radical do calvinismo), que rejeitava o anglicanismo. A Revolução Puritana foi o resultado da luta entre burguesia e realeza pelo controle político do país.

7.2 Os Stuart e a pré-revolução: Carlos I, rei da dinastia Stuart. Elizabeth morreu em 1603 sem deixar herdeiros e Jaime I, rei da Escócia,

assumiu o trono. Ele procurou estabelecer as prerrogativas reais implantando uma monarquia absoluta de direito divino. Perseguiu seitas radicais e até os católicos, que organizaram a Conspiração da Pólvora em 1605 (pretendiam explodir Westminster durante um discurso do rei). Os descontentes emigravam para a América do Norte. A oposição entre rei e Parlamento ficou evidente a partir de 1610. O rei queria uma ocupação feudal na Irlanda; o Parlamento, uma colonização capitalista. Discordaram quanto aos impostos, pois o rei pretendia o monopólio sobre o comércio de tecidos, o que o tornaria independente do Parlamento financeiramente, considerando-se que já possuía rendas de suas próprias terras e de outros monopólios. Com a morte de Jaime I em 1625, sobe ao trono seu filho Carlos I. Em 1628, guerras no exterior o obrigam a convocar um Parlamento hostil, que lhe impõe a Petição dos Direitos. Os membros da casa exigiam o controle da política financeira, controle da convocação do exército e regularidade na convocação do Parlamento, já que lhe negaram a aprovação de rendas fixas. O rei dissolveu o Parlamento, que só voltaria a reunir-se em 1640, ano da Revolução. Carlos I apoiou-se na Câmara Estrelada, tribunal ligado ao Conselho Privado do rei. Dentre seus assessores, destacaram-se o Conde de Strafford e o arcebispo Laud, de Canterbury, responsáveis pela repressão violenta do período. Cresceu a emigração para a América. O rei passou a cobrar impostos caídos em desuso, como o Ship Money, instituído em cidades portuárias para combater a pirataria e agora estendido a todo o reino. Como a forma de enquadrar os dissidentes era a política religiosa, Carlos tentou uniformizar o reino, impondo o anglicanismo aos escoceses, calvinistas. Eles se rebelaram e invadiram o norte inglês. O rei convocou o Parlamento em abril de 1640 e o dissolveu em seguida. Em novembro, sem opções, convocou-o de novo. Foi o Longo Parlamento, pois se manteve até 1653.

7.3 O movimento de 1640: O Parlamento foi duro com o rei. Destruiu a Câmara Estrelada. Strafford foi executado em 1641 e Laud,

em 1645. O rei não poderia mais ter exército permanente. O Parlamento se reuniria a cada três anos independentemente de convocação real; e conduziria a política tributária e religiosa. Acusou o rei de responsável pelo levante na Irlanda católica em 1641 e lhe dirigiu a Grande Remonstrance (repreensão). Em janeiro de 1642, o rei foi ao Parlamento e exigiu a prisão de cinco líderes oposicionistas. Houve reação violenta, sustentada nas milícias urbanas convocadas em apoio ao Parlamento.

7.4 Parlamento - estourava a guerra civil:

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O rei fez de Oxford seu quartel-general. Convidou o príncipe Rupert para comandar cerca de 20 mil homens do exército de cavaleiros, apoiado por aristocratas do oeste e norte, bem como burgueses inquietos com a desordem popular. Oliver Cromwell organizou em novo estilo 0 exército do Parlamento, composto sobretudo por camponeses, com apoio da burguesia londrina e da gentry: a ascensão se dava não por nascimento, mas por merecimento. Estimulou-se entre os soldados a participação em comitês que debatiam os problemas. Os cabeças redondas (porque não usavam perucas) foram decisivos na batalha final de Naseby, em 1645. Carlos I se refugiou na Escócia, foi preso e vendido pelo Parlamento escocês ao Parlamento inglês. Criou-se novo problema: setores do Parlamento, achando oportuno o momento para um acordo vantajoso com a realeza, passaram a conspirar com o rei contra o exército. Este estava organizado e influenciado por radicais, como os niveladores, que queriam evitar a desmobilização e o não-pagamento dos salários, como pretendia o Parlamento. Aprofundou-se a diferença entre os grandes do exército e suas bases de niveladores, com projeto avançado para a época. Eles tentaram assumir o controle do exército em 1647 e o rei aproveitou para fugir de novo. O exército se reunificou, prendeu o rei e depurou o Parlamento. Foram presos 47 deputados e excluídos 96: era o Parlamento Coto (Rump). Carlos I foi decapitado em 30 de janeiro de 1649, a Câmara dos Lordes abolida e a República proclamada em 19 de maio. Decapitação do rei Carlos I, em 30 de janeiro de 1649, na cidade de Londres. Execução do rei Carlos I.

7.5 A República e Cromwell: O Parlamento sofreu nova depuração. Um Conselho de Estado, com 41 membros, passou a exercer o

Poder Executivo. De fato, quem o exercia era Cromwell; ele procurou eliminar a reação realista que, com apoio escocês, tentava pôr no trono Carlos II, filho de Carlos I. Cromwell também eliminou os radicais do exército. Os líderes niveladores foram executados; os escavadores, do movimento proletário rural que pretendia tomar terras do Estado, da nobreza e do clero anglicano, foram dizimados. Liquidado o movimento mais democrático dentro da Revolução Inglesa, os menos favorecidos ficaram sem esperanças e aderiram a movimentos religiosos radicais, como os ranters e os seekers. Oliver Cromwell, Lord Protetor da Inglaterra. Em 1653, foi dissolvido o que restava do Longo Parlamento. Uma nova Constituição deu a Cromwell o título de Lorde Protetor. Tinha poderes tão tirânicos quanto os da monarquia. Ofereceram-lhe a coroa, mas ele recusou: já era um soberano e podia até fazer o sucessor. Para combater os rivais holandeses e fortalecer o comércio exterior inglês, baixou o Ato de Navegação. As mercadorias inglesas somente podiam entrar em portos ingleses em navios ingleses ou em navios de seus países de origem. Cromwell governou com rigidez e intolerância, impondo suas ideias puritanas. O filho Richard Cromwell o substituiu após sua morte em 1658 e, pouco firme, foi facilmente deposto em 1659.

7.6 A Restauração e a Gloriosa: Com apoio do general Monk, comandante das tropas da Escócia, o Parlamento-Convenção proclamou

Carlos II rei em 1660. Com poderes limitados, ele se aproximou de Luís XIV da França, tornando-se suspeito para o Parlamento. Uma onda contrarrevolucionária sobreveio, favorecida por um Parlamento de Cavaleiros, composto por nobres realistas e anglicanos em sua maioria. O corpo de Cromwell foi desenterrado e pendurado na forca. O poeta Milton foi julgado e condenado. Carlos II baixou novos atos de navegação em favor do comércio inglês. Sua ligação com Luís XIV levou-o a envolver-se na Guerra da Holanda. O Parlamento baixou então, em 1673, a Lei do Teste, pela qual todos os que exercessem função pública deveriam professar seu antianglicanismo. Surgiram dois partidos: os whigs, contra o rei e pró-Parlamento; os tories, defensores das prerrogativas reais. Jaime II, irmão de Carlos II, subiu ao trono mesmo sendo católico. Buscou restaurar o absolutismo e o catolicismo, punindo os revoltosos, aos quais negava o habeas-corpus. Indicou católicos para funções importantes. Em 1688, o Parlamento convocou Maria Stuart,

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filha de Jaime II e mulher de Guilherme de Orange, governador das Províncias Unidas, para ocupar o trono. Foi um movimento pacífico. Jaime II refugiou-se na França e um novo Parlamento proclamou Guilherme e Maria rei e rainha da Inglaterra. Alegoria do desembarque de Guilherme de Orange na Inglaterra: vitória da burguesia. Os novos soberanos tiveram de aceitar a Declaração dos Direitos, baixada em 1689, que decretava: o rei não podia cancelar leis parlamentares e o Parlamento poderia dar o trono a quem lhe aprouvesse após a morte do rei; haveria reuniões parlamentares e eleições regulares; o Parlamento votaria o orçamento anual; inspetores controlariam as contas reais; católicos foram afastados da sucessão; a manutenção de um exército em tempo de paz foi considerada ilegal. Os ministros passaram a tomar as decisões, sob autoridade do lorde tesoureiro. Funcionários passaram a dirigir o Tesouro e, em época de guerra, orientavam a política interna e externa. Em 1694, formou-se o tripé fundamental para o desenvolvimento do país, com a criação do Banco da Inglaterra: o Parlamento, o Tesouro e o Banco. Abriam-se as condições para o avanço econômico que resultaria na Revolução Industrial. De um lado, uma revolução na agricultura através dos cercamentos que beneficiou a gentry. De outro, a expansão comercial e marítima garantida pelos Atos de Navegação, que atendiam aos interesses da burguesia mercantil. Assim se fez a Revolução Gloriosa, que assinalou a ascensão da burguesia ao controle total do Estado. Os Atos de Navegação transformaram a Inglaterra numa grande potência industrial.

7.7 Conclusões: O parlamentarismo surgiu na Inglaterra, à época da desagregação do sistema feudal. É um sistema de

governo que se define não vinculado à forma de organização do Estado, seja ela monarquia ou república. Nesse sistema, as funções do chefe de Estado e chefe de governo são separadas. O chefe de Estado é o símbolo da continuidade, da unidade de nação e a representa internacionalmente; é o rei na Monarquia e o presidente na República. O chefe de governo (primeiro-ministro) no Estado parlamentar se define pelo apoio de um partido ou de uma coligação de partidos que formam uma maioria estável no Parlamento. No parlamentarismo, o poder Legislativo e o Executivo se completam, pois só de sua ação conjunta são possíveis a definição e a execução de um plano de governo, sob a pena de o primeiro-ministro e seu gabinete ou o Parlamento serem substituídos. A última etapa da Revolução Inglesa - a Revolução Gloriosa de 1688 - possibilitou, com a Declaração de Direitos de 1689, o estabelecimento de um Parlamento eleito como supremo nos fundamentos de tributação e legislação, e para fixar limites para o poder monárquico. Esses princípios influenciaram governos parlamentares pelo mundo afora. Em 1999, na Inglaterra, a Câmara dos Lords foi dissolvida, consolidando-se a superioridade da Câmara dos Communs; composta de representantes eleitos por sufrágio universal.

7.8 Atividades:1. Explique os fatores responsáveis pelo equilíbrio das relações políticas entre a dinastia Tudor e os

grupos militares. 2. Explique o fator que determinou a limitação do poder dos reis e a diversificação da composição do

Parlamento na Inglaterra. 3. Estabeleça os fatores que geraram constantes atritos entre os Stuarts e o Parlamento. 4. Construa um texto caracterizando a Revolução Puritana. 5. Caracterize a ação de Oliver Cromwell contra o movimento dos Niveladores.

7.9 Exercícios para fixar:

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1. (UFSCar) As revoluções contra o poder absolutista dos reis atravessaram grande parte da história moderna da Europa. Houve, no entanto, diferenças entre as revoluções francesa e inglesa. Assinale a alternativa correta.

a) Na França, a oposição ao absolutismo implicou, ao contrário do que ocorreu na Inglaterra, o estabelecimento de um regime republicano, mesmo que passageiro.

b) A revolução inglesa, diferentemente da francesa, reivindicou os direitos do Parlamento contra o arbítrio real, expressos por documentos escritos que remontavam à Idade Média.

c) A revolução inglesa, ao contrário da francesa, contou com o apoio popular na luta contra os reis absolutistas, desvinculando-se de disputas entre facções religiosas.

d) A luta contra o absolutismo na França distinguiu-se do processo que se desenvolveu na Inglaterra pela violência e execução do monarca absolutista.

e) A revolução francesa removeu os obstáculos impostos à economia pelo antigo regime, industrializando o país no século XVIII; na Inglaterra, ao contrário, a revolução conteve o crescimento econômico. 2. (Mackenzie) A burguesia tinha como projeto político a defesa da propriedade privada e os camponeses defendiam a propriedade coletiva. Ambas as classes combatiam a ordem monárquica absolutista, que lutou pelos interesses da aristocracia que a sustentava. O principal ideólogo do pensamento burguês da época foi John Locke que afirmava: A preservação da propriedade é o grande e principal objetivo da união dos homens em comunidade, colocados sob governo. Assinale a alternativa que corresponde a essa etapa do processo de consolidação da burguesia.

a) Revolução Francesa. b) Revolução Inglesa. c) Revolução Russa. d) Revolução Americana. e) Revolução Alemã.

3. (UNESP) "... o período entre 1640 e 1660 viu a destruição de um tipo de Estado e a introdução de uma nova estrutura política, dentro da qual o capitalismo podia desenvolver-se livremente." ( Christopher Hill , A Revolução Inglesa de 1640) . O autor do texto está se referindo:

a) à força da marinha inglesa, maior potência naval da Época Moderna. b) ao controle pela coroa inglesa de extensas áreas coloniais. c) ao fim da monarquia absolutista, com a crescente supremacia política do parlamento. d) ao desenvolvimento da indústria têxtil, especialmente dos produtos de lã. e) às disputas entre burguesia comercial e agrária, que caracterizaram o período.

4. (UFMG) Durante a Revolução Inglesa, no século XVII, foi formado o Exército de Novo Tipo, liderado por Oliver Cromwell, de que participavam, além da classe mercantil, da gentry, dos pequenos proprietários camponeses e de trabalhadores urbanos, segmentos mais radicais, que defendiam reformas profundas no Estado inglês. É CORRETO afirmar que esses segmentos eram constituídos a) pelos tories, que visavam ao fechamento do Parlamento e à instituição de um governo popular, e pelos whigs, defensores da abolição da propriedade privada. b) pelos levellers, que reivindicavam a democratização, a extensão do sufrágio e uma maior igualdade perante a lei, e pelos diggers, defensores da posse comum das terras. c) pelos landlords, que buscavam a implantação do sufrágio universal e a extensão do voto às mulheres, e pelos warlordists, que pregavam a luta armada do povo contra o Parlamento. d) pelos saint-simonistas, que defendiam o fim do sistema monárquico, e pelos owenistas, defensores da abolição da Câmara dos Lordes.

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5. (UFRRJ) Leia o texto a seguir, sobre algumas das razões que levaram à chamada Revolução Gloriosa, e responda à questão a seguir. Satisfeitos com a política de Carlos II contra a Holanda, os capitalistas ingleses não se sentiam entretanto contentes com a sua atitude, e ainda menos com a de Jaime II, em relação à França, que se transformara na mais temível concorrente da Inglaterra no comércio e nas colônias. (...) A luta econômica contra a França, a luta por uma religião mais adaptada ao espírito capitalista, provocaram a revolução de 1688. MOUSNIER, R. "História geral das civilizações". Os séculos XVI e XVII. São Paulo: Difel, 1973. v. 9 p.324. Sobre a Revolução Gloriosa de 1688/1689, pode‐se afirmar que ela a) representou a vitória de setores reacionários no espectro político inglês e o retorno à descentralização política típica do mundo medieval. b) significou, após a afirmação temporária de governos protestantes, um retorno à tradição britânica de governos católicos. c) foi o momento no qual o anglicanismo afirmou‐se definitivamente como religião de Estado na Inglaterra. d) representou uma derrota da teoria do direito divino e o triunfo da teoria do contrato entre o soberano e o povo. e) representou a vitória da teoria da separação dos três poderes e de um estado democrático baseado no sufrágio. 6. (Fatec) O Bill of Rights estabeleceu limitações ao poder real na Inglaterra. Sobre essas limitações é CORRETO dizer que: a) instituíram um ministério composto pela nobreza latifundiária e a burguesia urbana. b) instituíram o anglicanismo como religião oficial da Inglaterra e a tolerância a todos os cultos, o que foi confirmado pelo rei, apesar de ele ser católico extremado. c) combatiam a liberdade de imprensa, a liberdade individual e a propriedade privada. d) dispensavam a aprovação das Câmaras para o aumento de impostos. e) configuravam um conjunto de medidas que acabou por substituir a monarquia absoluta vigente por uma monarquia constitucional. 7. (Puccamp) Os conflitos político-sociais do século XVII foram o meio pelo qual a Inglaterra a) transformou o Absolutismo de direito em Absolutismo de fato. b) promoveu a substituição do Estado liberal - capitalista pelo Estado Absolutista. c) organizou o Exército do Parlamento, conferindo postos de comando segundo o critério de origem familiar e não pelo merecimento militar. d) consolidou os interesses da nobreza agrária tradicional rompendo com os ideais da burguesia. e) diluiu os obstáculos para o avanço capitalista, marcando o início da desagregação do Absolutismo Monárquico. 8. (UNESP 2012) A Revolução Puritana (1640) e a Revolução Gloriosa (1688) transformaram a Inglaterra do século XVII. Sobre o conjunto de suas realizações, pode-se dizer que: A) determinaram o declínio da hegemonia inglesa no comércio marítimo, pois os conflitos internos provocaram forte redução da produção e exportação de manufaturados. B) resultaram na vitória política dos projetos populares e radicais dos cavadores e dos niveladores, que defendiam o fim da monarquia e dos privilégios dos nobres. C) envolveram conflitos religiosos que, juntamente com as disputas políticas e sociais, desembocaram na retomada do poder pelos católicos e em perseguições contra protestantes. D) geraram um Estado monárquico em que o poder real devia se submeter aos limites estabelecidos pela legislação e respeitar as decisões tomadas pelo Parlamento. E) precederam as revoluções sociais que, nos dois séculos seguintes, abalaram França, Portugal e as colônias na América, provocando a ascensão política do proletariado industrial.

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9. (Unicamp - 2011) Na Inglaterra, por volta de 1640, a monarquia dos Stuart era incapaz de continuar governando de maneira tradicional. Entre as forças sociais que não podiam mais ser contidas no velho quadro político, estavam aqueles que queriam obter dinheiro, como também aqueles que queriam adorar a Deus seguindo apenas suas próprias consciências, o que os levou a desafiar as instituições de uma sociedade hierarquicamente estratificada. (Adaptado de Christopher Hill, “Uma revolução burguesa?”. Revista Brasileira de História, São Paulo, vol. 4, nº 7, 1984, p. 10.) a) Conforme o texto, que valores se contrapunham à forma de governo tradicional na Inglaterra do século XVII? b) Quais foram as consequências da Revolução Inglesa para o quadro político do país? 10. (PUC-RJ – 2010) “Para o progresso do armamento marítimo e da navegação, que sob a boa providência e proteção divina interessam tanto à prosperidade, à segurança e ao poderio deste reino [...], nenhuma mercadoria será importada ou exportada dos países, ilhas, plantações ou territórios pertencentes à Sua Majestade, ou em possessão de Sua Majestade, na Ásia, América e África, noutros navios senão nos que [...] pertencem a súditos ingleses [...] e que são comandados por um capitão inglês e tripulados por uma equipagem com três quartos de ingleses [...], nenhum estrangeiro [...] poderá exercer o ofício de mercador ou corretor num dos lugares supracitados, sob pena de confisco de todos os seus bens e mercadorias [...]”. (Segundo Ato de Navegação de 1660. In: Pierre Deyon. O mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1973, p. 94-95.) Por meio do Ato de Navegação de 1660, o governo inglês: a) estabelecia que todas as mercadorias comercializadas por qualquer país europeu fossem transportadas por navios ingleses. b) monopolizava seu próprio comércio e impulsionava a indústria naval inglesa, aumentando ainda mais a presença da Inglaterra nos mares do mundo. c) enfrentava a poderosa França retirando-lhe a posição privilegiada de intermediária comercial em nível mundial. d) desenvolvia a sua marinha, incentivava a indústria, expandia o Império, abrindo novos mercados internacionais ao seu excedente agrícola. e) protegia os produtos ingleses, matérias-primas e manufaturados, que deveriam ter sua saída dificultada, de modo a gerar acúmulo de metais preciosos no Reino inglês.

8. Era das Ilustrações:

Iluminismo foi um movimento intelectual que ocorreu na Europa do século XVIII, e teve sua maior expressão na França, palco de grande desenvolvimento da Ciência e da Filosofia. Teve grande influência a  nível cultural, social, político e espiritual.

Também conhecido como Época das Luzes, foi o período de transformações na estrutura social, na Europa, onde os temas giravam em torno daLiberdade, do Progresso e do Homem.

Iluminismo foi um processo desenvolvido para corrigir as desigualdades da sociedade e garantir os direitos naturais do indivíduo, como a liberdade e a livre posse de bens. Os iluministas acreditavam que Deus estava presente na natureza, e também no próprio indivíduo, sendo possível descobri-lo por meio da razão.

Iluminismo é o nome que se dá à ideologia que foi sendo desenvolvida e incorporada pela burguesia, na Europa, a partir das lutas revolucionárias do final do século XVIII. Apesar disso, o iluminismo não foi apenas um movimento ideológico, mas também político, potenciado pela Revolução Francesa. Iluminismo é uma doutrina filosófica e religiosa preconizada no século XVIII, baseada na existência de uma inspiração sobrenatural.

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8.1 Origem do Iluminismo:

As origens do Iluminismo, já se encontravam no século XVII, nos trabalhos do francês René Descartes, que lançou as bases do racionalismo, como a única fonte de conhecimento. Acreditava numa verdade absoluta, que consistia em questionar todas as teorias ou ideias pré-existentes. Sua teoria passou a ser resumida na frase: "Penso, logo existo".

O iluminismo foi um movimento que teve seu ponto de partida na dúvida e na insatisfação, que eram constantes na Europa, nas duas últimas décadas do século XVIII. Na França, onde o movimento teve maior expressão, os limites feudais se chocavam com o desenvolvimento do capitalismo emergente. A burguesia, liderando camponeses e operários, se lançou contra a nobreza e o clero e assumiram a direção do movimento.

8.2 Iluminismo na França:

Era na França do século XVIII, o palco mais expressivo das contradições dos limites feudais, que se chocavam com os grupos privilegiados e o rei.

As lutas sociais, o desenvolvimento da burguesia e de seus negócios e a crença na racionalidade chegaram ao auge na propagação dos ideais iluministas, estes levados pela onda da Revolução Francesa. Puseram fim às práticas feudais existentes naquele país e estimularam a queda de regimes absolutistas-mercantilistas, em outras partes da Europa.

8.3 Pensadores Iluministas:

Os pensadores iluministas, chamados indistintamente de "filósofos", provocaram uma verdadeira revolução intelectual na história do pensamento moderno. Inimigos da intolerância, esses pensadores defendiam acima de tudo a liberdade. Eram partidários da ideia de progresso, procuravam uma explicação racional para tudo.

O principal objetivo dos filósofos era a busca da felicidade humana. Rejeitavam a injustiça, a intolerância religiosa e os privilégios. Pela promessa de livrar a humanidade das trevas e trazer a luz por meio do conhecimento, esses filósofos foram chamados de iluministas.

Um dos maiores nomes do iluminismo foi o francês Voltaire, que criticava a Igreja e o clero e os resquícios da servidão feudal. Porém, acreditava na presença de Deus na natureza e no homem, que podia descobri-lo por meio da razão, daí a ideia de tolerância e de uma religião baseada na crença em um ser supremo. Acreditava na livre expressão, condenando a censura. Criticava a guerra e acreditava nas reformas, que realizadas sob a orientação dos filósofos, podiam resultar em um governo progressista.

Montesquieu, que era aristocrata, afirmava que cada país deveria ter um tipo de instituição política, de acordo com o seu progresso econômico-social. Sua contribuição mais conhecida foi a doutrina dos três poderes, em que defendia a divisão da autoridade governamental em três instâncias: executivo, legislativo e judiciário, cada um deles deveria agir de modo a limitar a força dos outros dois.

Jean Jacques Rousseau foi o mais radical e popular dos filósofos. Criticava a sociedade privada, idealizava uma sociedade de pequenos produtores independentes. Defendeu a tese da bondade natural dos indivíduos, pevertidos pela civilização.

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Propunha uma vida familiar simples, uma sociedade baseada na justiça, igualdade e soberania do povo.

8.4 Expansão do Iluminismo:

O clima ideológico criado pelos iluministas tornou-se tão forte e difundido que vários governantes procuraram colocar em prática suas ideias. Sem abandonar o poder absoluto, procuraram governar conforme a razão e os interesses do povo.

8.5 Iluminismo no Brasil:

Os ideiais iluministas (o fim do colonialismo e absolutismo, o liberalismo econômico e a liberdade religiosa) estiveram presentes no Brasil e foram responsáveis pela Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração Fluminense (1794), a Revolta dos Alfaiates na Bahia (1798) e a Revolução Pernambucana (1817).

O Iluminismo serviu de motivação para os movimentos separatistas do século XVIII no Brasil e teve uma grande importância no desenvolvimento político no Brasil

8.6 Exercícios para fixar:

1. (Ufv) O Marquês de Pombal, ministro do rei D. José I (1750-1777), foi o responsável por uma série de reformas na economia, educação e administração do Estado e do império português, inspiradas na filosofia iluminista e na política econômica do mercantilismo, cabendo a ele a expulsão dos padres jesuítas da Companhia de Jesus dos domínios de Portugal.O Marquês de Pombal foi um dos representantes do chamado:a) Despotismo Esclarecido.b) Socialismo Utópico.c) Socialismo Científico.d) Liberalismo.e) Parlamentarismo Monárquico.

2. (Cesgranrio) Entre os séculos XVI e XVIII ocorreram diversas transformações culturais na Europa ocidental. Assinale a seguir a opção que identifica corretamente uma dessas transformações:a) o desenvolvimento do pensamento científico, nos séculos XVII e XVIII, baseava-se na crítica, no empirismo e no naturalismo.b) o movimento reformista, no século XVI, caracterizou-se por uma unidade de pensamento e práticas nos diversos países nos quais se difundiu.c) a Contrarreforma, expressa no Concílio de Trento, entre 1545 e 1563, alterou os dogmas católicos a partir de um enfoque humanista, que extinguiu os Tribunais da Santa Inquisição.d) o Iluminismo, no século XVIII, baseando-se no racionalismo, criticou os fundamentos do poder da Igreja, apoiando os princípios do poder monárquico absoluto.e) o Liberalismo econômico, na segunda metade do século XVIII, criticava o sistema colonial, defendendo a manutenção dos monopólios como geradores de riqueza da sociedade.

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3. (Faap) "A população, quando não controlada, aumenta numa razão geométrica. A subsistência aumenta apenas em proporção aritmética... Isso significa um controle forte e constante sobre a população, provocado pela dificuldade de subsistência. Essa dificuldade deve recair em alguma parte e deve necessariamente ser fortemente sentida por grande parte da humanidade......"

O autor desse texto só pode ser:a) Pascalb) Karl Marxc) Adam Smithd) Ricardoe) Malthus

4. (Fatec) As grandes revoluções burguesas do século XVIII refletem, em parte, algumas ideias dos filósofos iluministas, dentre as quais podemos destacar a quea) apontou a necessidade de limitar a liberdade individual para impedir que o excesso degenerasse em anarquismo.b) acentuou que o Estado não possui poder ilimitado, o qual nada mais é do que a somatória do poder dos membros da sociedade.c) visou defender a tese de que apenas a federalização política é compatível com a democracia orgânica.d) mostrou que, sem centralização e dependência dos poderes ao Executivo, não há paz social.e) procurou salientar que a sociedade industrial somente se desenvolverá a partir de minucioso planejamento econômico.

5. (Fuvest) Sobre o chamado despotismo esclarecido é correto afirmar quea) foi um fenômeno comum a todas as monarquias europeias, tendo por característica a utilização dos princípios do Iluminismo.b) foram os déspotas esclarecidos os responsáveis pela sustentação e difusão das ideias iluministas elaboradas pelos filósofos da época.c) foi uma tentativa bem intencionada, embora fracassada, das monarquias europeias reformarem estruturalmente seus Estados.d) foram os burgueses europeus que convenceram os reis a adotarem o programa de modernização proposto pelos filósofos iluministas.e) foi uma tentativa, mais ou menos bem sucedida, de algumas monarquias reformarem, sem alterá-las, as estruturas vigentes.

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6. (Fuvest) "Um comerciante está acostumado a empregar o seu dinheiro principalmente em projetos lucrativos, ao passo que um simples cavalheiro rural costuma empregar o seu em despesas. Um frequentemente vê seu dinheiro afastar-se e voltar às suas mãos com lucro; o outro, quando se separa do dinheiro, raramente espera vê-lo de novo. Esses hábitos diferentes afetam naturalmente os seus temperamentos e disposições em toda espécie de atividade. O comerciante é, em geral, um empreendedor audacioso; o cavalheiro rural, um tímido em seus empreendimentos..."

                (Adam Smith, A RIQUEZA DAS NAÇÕES, Livro III, capítulo 4)

           Neste pequeno trecho, Adam Smitha) contrapõe lucro a renda, pois geram racionalidades e modos de vida distintos.b) mostra as vantagens do capitalismo comercial em face da estagnação medieval.c) defende a lucratividade do comércio contra os baixos rendimentos do campo.d) critica a preocupação dos comerciantes com seus lucros e dos cavalheiros com a ostentação de riquezas.e) expõe as causas da estagnação da agricultura no final do século XVIII.

7. (Mackenzie) Assinale a alternativa em que aparecem as principais ideias de Jean Jacques Rousseau em sua obra O CONTRATO SOCIAL.a) Cada homem é inimigo do outro, está em guerra com o próximo e por esta razão cria o Estado para sua própria defesa e proteção.b) O Estado é uma realidade em si e é necessário conservá-lo, reforçá-lo e eventualmente reformá-lo, reconhecendo uma única finalidade: sua prosperidade e grandeza.c) O governante deve dar um bom exemplo para que os súditos o sigam.  Através da educação e de rituais, os homens de capacidade aprenderiam e transmitiriam os valores do passado.d) Que as classes dirigentes tremam ante a ideia de uma revolução! Os trabalhadores devem proclamar abertamente que seu objetivo é a derrubada violenta da ordem social tradicional.e) A única esperança de garantir os direitos de cada indivíduo é a organização da sociedade civil, cedendo todos os direitos à comunidade, para que seja politicamente justo o que a maioria decidir.

8. (Mackenzie) O Despotismo Esclarecido, regime de governo adotado em alguns países da Europa no século XVIII, caracterizava-se por:a) equilibrar o poder da burguesia financeira com a nobreza feudal.b) impor o poder parlamentar sobre o poder monárquico.c) tentar conciliar os princípios do absolutismo com as ideias iluministas.d) difundir monarquias constitucionais em todos os reinos europeus, segundo os princípios liberais.e) atribuir ao povo a participação no poder político.

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9. (Mackenzie) Sobre o iluminismo, é correto afirmar que:a) defendia a doutrina de que a soberania do Estado absolutista garantiria os direitos individuais e eliminaria os resquícios feudais ainda existentes.b) propunha a criação de monopólios estatais e a manutenção da balança de comércio favorável, para assegurar o direito de propriedade.c) criticava o mercantilismo, a limitação ao direito à propriedade privada, o absolutismo e a desigualdade de direitos e deveres entre os indivíduos.d) acreditava na prática do entesouramento como meio adequado para eliminar as desigualdades sociais e garantir as liberdades individuais.e) consistia na defesa da igualdade de direitos e liberdades individuais, proporcionada pela influência da Igreja Católica sobre a sociedade, através da educação.

10. (Puc-rio) Assinale a opção em que se encontra corretamente identificado um dos preceitos fundamentais da Fisiocracia:a) "O ouro e a prata suprem as necessidades de todos os homens."b) "Os meios ordinários, portanto, para aumentar nossa riqueza e tesouro são o comércio exterior."c) "Que o soberano e a nação jamais se esqueçam de que a terra é a única fonte de riqueza e de que a agricultura é que a multiplica."d) "Todo comércio consiste em diminuir os direitos de entrada das mercadorias que servem às manufaturas interiores (...)"e) "As manufaturas produzirão benefícios em dinheiro, o que é o único fim do comércio e o único meio de aumentar a grandeza e o poderio do Estado."

11. (Uece) Identifique, nas sentenças a seguir citadas, aquela que expressa o pensamento de Montesquieu:a) "É uma verdade eterna: qualquer pessoa que tenha o poder, tende a abusar dele. Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder".b) "(...) é preciso (...) encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associação, de qualquer força comum, e pela qual, cada um, não obedeça senão a si mesmo, ficando assim tão livre quanto antes."c) "O Estado está obrigado a proporcionar trabalho ao cidadão capaz, e ajuda e proteção aos incapacitados. Não se pode obter tais resultados a não ser por um Poder Democrático."d) "A única maneira de erigir-se um poder, capaz de defendê-los contra a invasão e danos infligidos, uns contra os outros (...) consiste em conferir todo o poder e força a um só homem."e) “O homem é o único animal racional, porém, o único que comete absurdos”. 

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12. (Uel) "A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão teria grande repercussão no mundo inteiro. 'Este documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas não um manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária. Os homens nascem e vivem livres e iguais perante a lei, dizia seu primeiro artigo; mas também prevê a existência de distinções sociais, ainda que somente no terreno da utilidade comum'..."Assinale a alternativa que identifica um dos artigos da Declaração que prevê a distinção a que o texto se refere.a) "A propriedade privada é um direito natural, sagrado, inalienável e inviolável."b) "Os cidadãos de conformidade com suas posses devem contribuir com as despesas da administração pública."c) "A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de força pública que deve ser instituída em benefício de todos..."d) "A lei só tem direito de proibir as ações que sejam prejudiciais à sociedade."e) "Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, mesmo religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública...".

13. (Uerj) "Não se veem, porventura (...) povos pobres em terras vastíssimas, potencialmente férteis, em climas dos mais benéficos? E, inversamente, não se encontra, por vezes, uma população numerosa vivendo na abundância em um território exíguo, até algumas vezes em terras penosamente conquistadas ao oceano, ou em territórios que não são favorecidos por dons naturais? Ora, se essa é a realidade, é por existir uma causa sem a qual os recursos naturais (...) nada são (...). Uma causa geral e comum de riqueza, causa que, atuando de modo desigual e vário entre os diferentes povos, explica as desigualdades de riqueza de cada um deles (...)"

                (SMITH, Adam. Apud HUGON, Paul. "História das Doutrinas Econômicas." São Paulo: Atlas, 1973.)

O texto anterior evidencia a preocupação, por parte de pensadores do século XVIII, com a fonte geradora de riqueza. As "escolas" econômicas do período - Fisiocracia e Liberalismo - apresentavam, contudo, discordâncias quanto a essa fonte.Os elementos geradores de riqueza para a Fisiocracia e para o Liberalismo eram, respectivamente:a) terra e trabalhob) agricultura e capitalc) indústria e comérciod) metal precioso e tecnologiae) indústria e artesanato 

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14. (Uff) O Iluminismo do século XVIII abrigava, dentre seus valores, o racionalismo. Tal perspectiva confrontava-se com as visões religiosas do século anterior. Esse confronto anunciava que o homem das luzes encarava de frente o mundo e tudo nele contido: o Homem e a Natureza. O iluminismo era claro, com relação ao homem: um indivíduo capaz de realizar intervenções e mudanças na natureza para que essa lhe proporcionasse conforto e prazer.Seguindo esse raciocínio, pode-se dizer que, para o Homem das Luzes, a Natureza era:a) misteriosa e incalculável, sendo a base da religiosidade do período, o lugar onde os homens reconheciam a presença física de Deus e sua obra de criação;b) infinita e inesgotável, constituindo-se um campo privilegiado da ação do homem, dando em troca condição de sobrevivência, principalmente no que se refere ao seu sustento econômico;c) apenas reflexo do desenvolvimento da capacidade artística do homem, pois ajudava-o a criar a ideia de um progresso ilimitado relacionado à indústria;d) um laboratório para os experimentos humanos, pois era reconhecida pelo homem como a base do progresso e entendimento do mundo; daí a fisiocracia ser a principal representante da industrialização iluminista;e) a base do progresso material e técnico, fundamento das fábricas, sem a qual as indústrias não teriam condições de desenvolver a ideia de mercado.

15. (Ufmg) Leia o texto.

"Se existem ateus, a quem devemos culpar senão os tiranos mercenários das almas que, provocando em nós a nossa revolta, contra as suas velhacarias e hipocrisias, levam alguns espíritos fracos a negarem o Deus que esses monstros desonram? Quantas e quantas vezes essas sanguessugas do povo não levaram os cidadãos oprimidos a revoltarem-se contra o seu próprio rei?"

Esse texto é de autoria dea) Descartes, no DISCURSO DO MÉTODO, em que apontava a fé como um empecilho ao conhecimento.b) Erasmo de Roterdã que, em O ELOGIO DA LOUCURA, condena a leviandade com que o clero conduz os assuntos sagrados.c) John Locke, em O SEGUNDO TRATADO SOBRE O GOVERNO CIVIL, em que defendeu o direito à rebelião contra um governo tirânico.d) Spinoza que, em sua obra TRACTUS THEOLOGICO-POLITICUS, investe contra a intolerância religiosa e apregoa o livre pensamento.e) Voltaire, que faz do seu DICIONÁRIO FILOSÓFICO um libelo anticlerical com fortes críticas à conduta dos sacerdotes.

 

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