apostila ii
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Apostila IITRANSCRIPT
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE
CONVERSO DE ENERGIA
PARTE II
MATERIAIS E CIRCUITOS MAGNTICOS
Prof. Rubem Cesar Rodrigues Souza
MANAUS/AM
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Converso de Energia I Parte II
Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 1
2. MATERIAIS E CIRCUITOS MAGNTICOS
2.1 CLASSIFICAO DOS MATERIAIS DO PONTO DE VISTA MAGNTICO
Todos os meios possuem propriedades magnticas: posto na presena de um campo
magnticoH , estes ficam sujeitos a uma induo
B .
Vimos no captulo anterior que o vcuo tem uma permeabilidade no nula (o =
4 x 10-7 H/m), e escrevemos sua lei constitutiva sobre a forma:
HB o
Para os outros meios, supomos que possvel escrever sua lei de forma similar
HB , introduzindo sua permeabilidade magntica .
NOTA
Intensidade de magnetizao ( I )
A intensidade de magnetizao, chamada tambm de momento magntico unitrio, vetor
magnetizao ou intensidade de magnetizao que representa o incremento positivo ou
negativo do valor de Bo, expressa como:
oBBI
Substituindo a Bo pelo valor oH temos a importante relao:
IHB o
que liga as trs grandezas fundamentais: campo H, induo B e intensidade de
magnetizao I dos materiais magnticos. A induo dependente das duas primeiras.
Por outro lado, lembrando de relaes apresentadas anteriormente, tem-se:
1B1HHHI rorooro
Esta relao estabelece a ligao entre a intensidade de magnetizao, a induo
magntica do vcuo e a permeabilidade relativa do material em exame.
A sua unidade de medida evidentemente aquela estabelecida para a induo, isto ,
em Wb/m2.
Sucetibilidade magntica ( )
Esta grandeza definida pela relao
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H
I
isto , a relao entre a intensidade de magnetizao da substncia e a respectiva
intensidade magntica do campo.
O seu valor ligado permeabilidade magntica do material por uma relao que se
determina dividindo a relao oBBI por H e lembrando as expresses fundamentais.
H
Ie
H
B
Temos
o
e desta relao
o
Que indica que a sucetibilidade de um material dada pela diferena entre sua
permeabilidade absoluta e a do ar. Se no lugar de se coloca o produto or tem-se a outra relao
1ro
Que juntamente com a expresso o liga os parmetros magnticos de
sucetibilidade, permeabilidade do ar e permeabilidade absoluta ou relativa do material.
Quando os vetores H e
B no so paralelos, mais adequado caracterizar um
meio, do ponto de vista magntico, por seu vetor de imantao relacionado ao
campo H pela expresso:
H [21]
onde a sucetibilidade magntica do meio. Para os materiais magnticos ditos
perfeitos os vetores e
H so paralelos (caso frequente na realidade tcnica).
Considerando agora que um meio se superpe ao vcuo, escrevemos sua lei constitutiva sobre a forma:
H1HB oo
fazendo = o (1 + ), tem-se:
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HB [2 2]
Verifica-se tambm que a permeabilidade relativa de um material,
or
aparece como igual a sua sucetibilidade magntica aumentada de um:
r = 1 + [23]
O estudo dos materiais magnticos pode ser feito por meio da relao [22]; no obstante, mais precisa a classificao dos materiais atravs da relao [21].
Assim, podemos classificar os materiais como:
a) Materiais paramagnticos (ver figura 2.1) quando tem uma sucetibilidade positiva, praticamente constante, e muito fraca.
H0
F
Ferromagntico
Paramagntico
Diamagntico
Figura 2.1 Classificao dos materiais.
Exemplos de materiais que se enquadram nessa categoria so:
- O ar
( = + 3,8 X 10-7) - Oxignio O2
( = + 2 X 10-5) - O alumnio Al - A platina Pt
b) Materiais diamagnticos (ver figura 2.1), so aqueles que possuem sucetibilidade negativa, praticamente constante e muito fraca. Este o caso da grande maioria dos
materiais. Alguns exemplos so:
- a gua H2O ( = - 9 X 10-6
)
- o bismuto Bi ( = - 1,5 X 10-4) - o cobre Cu.
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c) Materiais ferromagnticos (ver figura 2.1) so aqueles que possuem sucetibilidade extremamente grande e varivel. Estes materiais so raros, porm importantes para a
Engenharia Eltrica. Podemos citar alguns exemplos:
- o ferro Fe e a magnetita Fe3O4 - o cobalto Co - O nquel Ni - Algumas ligas (ao, ferronquel, ferrites).
Na prtica, para os materiais paramagnticos e diamagnticos, podemos desprezar
diante de 1 (devido a ordem de grandeza de ) e considerar que estes materiais so
equivalentes ao vcuo do ponto de vista magntico (permeabilidade o). Este ser o caso notadamente dos entreferros no interior das mquinas.
Por outro lado, para os materiais ferromagnticos, o 1 que ser desprezvel diante
de , e a ser praticamente igual permeabilidade relativa o
r
, atingindo
normalmente valores da ordem de 5.000.
2.2 INTERPRETAO DA TEORIA DOS DOMNIOS
Uma interpretao das propriedades magnticas dos materiais dada pela teoria
moderna dos domnios. Segundo esta teoria, um material constitudo por um conjunto de pequenos domnios (da ordem de 10
-9 cm
3) no interior do qual todos os momentos
magnticos1, teriam a mesma orientao, e destes domnios resulta a ao do campo
molecular (isto , o campo resultante devido ao conjunto das rbitas eletrnicas das molculas do material).
Podemos assim, colocar em evidncia as seguintes propriedades:
a) Um material no magntico (figura 2.2), ou fracamente magntico (isto , diamagntico ou paramagntico) possui os momentos magnticos de seus domnios
orientados aleatoriamente na presena de um campo H .
1 Como no existem monopolos magnticos, isto , partculas s quais se possa associar apenas um plo
magntico, a estrutura com efeitos magnticos mais simples uma partcula com um momento (de dipolo)
magntico, ou seja, uma partcula que se comporta como um pequeno im. Assim, o eltron, tem um
momento magntico intrnseco, que se supe associado ao seu spin. Por outro lado, como uma espira com
uma corrente eltrica (convencional) tem um momento magntico com direo perpendicular ao plano da
espira e sentido dado pela regra da mo direita, um eltron numa rbita atmica tem um momento magntico
orbital perpendicular ao plano da espira mas com sentido contrrio quele dado pela regra da mo direita.
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H
Figura 2.2 No magntico. b) Um material ferromagntico (figura 2.3) possui seus domnios orientados
paralelamente ao campo H .
H
Figura 2.3 Ferromagnetismo.
c) Um material antiferromagntico (figura 2.4) possui os momentos magnticos de seus domnios iguais e paralelos, mais opostos dois a dois (este o caso do cromo Cr e do xido de ferro FeO, por exemplo).
H
Figura 2.4 Antiferromagnetismo.
d) Um material ferri magntico (figura 2.5) possui seus momentos magnticos opostos dois a dois e paralelos, mais diferentes (este o caso dos ferrites, que so particularmente interessantes em Engenharia eltrica, por serem praticamente isolantes;
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os ferrites so compostos de frmula geral XFe2O4, onde X designa um metal bivalente
tal como Co, Ni, Cu e Zn).
H
Figura 2.5 Ferrimagnetismo.
OUTRA EXPLICAO2
Para se entender o comportamento magntico dos materiais, necessrio um exame
microscpio da matria. Um bom ponto de partida a composio do tomo, que Bohr
descreveu como constitudo por um ncleo pesado e vrios eltrons se movendo ao redor
do ncleo em rbitas especficas. Uma investigao mais apurada revela que o tomo de
qualquer substncia experimenta um torque quando colocado num campo magntico; isso
chamado de momento magntico. O momento magntico resultante de um tomo depende
de trs fatores a carga positiva do ncleo girando no seu eixo, a carga negativa do eltron girando no seu eixo e o efeito dos eltrons se movendo em suas rbitas. O momento
magntico dos movimentos de rotao e translao do eltron excede, em muito, o da
rotao do prton. Contudo, esse momento magntico pode ser afetado pela presena de um
tomo adjacente. Consequentemente, se dois tomos de hidrognio se combinam para
formar uma molcula de hidrognio, decorre que a rotao do eltron, a rotao do prton e
os movimentos de translao dos eltrons de cada tomo se opem entre si de forma que
um momento magntico resultante igual zero deveria ser obtido. Embora o resultado
esteja prximo disso, experincias revelam que a permeabilidade relativa do hidrognio no
igual a 1, mas ligeiramente inferior unidade. Em outras palavras, a reao molecular
tal que, quando o hidrognio o meio, ocorre uma pequena reduo no campo magntico,
em comparao com o vcuo. Esse comportamento ocorre porque h um movimento que
altera todas as cargas rotativas em relao direo do campo e o efeito desta mudana o
aparecimento de um campo oposto ao campo aplicado, independentemente da direo do
movimento de rotao ou translao. Materiais nos quais esse efeito se manifesta so
diamagnticos, por razes bvias. Alm do hidrognio, outros materiais que possuem essa
caracterstica so a prata e o cobre.
Continuando com a molcula de hidrognio, vamos supor que a seguir se retire um
eltron da mesma, criando-se, ento, um on de hidrognio. Evidentemente, deixa de existir
a completa neutralizao dos movimentos de rotao e translao dos eltrons. Na
realidade, quando um campo magntico aplicado, o on fica orientado de tal forma que
seu momento magntico total se alinha com o campo, desta forma provocando um pequeno
2 Toro, V.D. Fundamentos de Mquinas Eltricas. Livros Tcnicos e Cientficos Editora S.A. LTC, Rio de
Janeiro RJ, 1999.
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aumento na densidade do fluxo. Este comportamento descrito como paramagnetismo e
caracterstico de materiais como o alumnio e a platina. Materiais paramagnticos tm
permeabilidade relativa ligeiramente superior unidade.
At este ponto estudamos os elementos cujas propriedades magnticas diferem
apenas ligeiramente da do vcuo. Na realidade, a grande maioria dos materiais se situa
nessa categoria. Contudo, existe uma categoria de materiais principalmente ferro e suas ligas com nquel, cobalto e alumnio para os quais a permeabilidade relativa muitas vezes maior que a do vcuo. Estes materiais so chamados ferromagnticos e so de grande
importncia na engenharia eltrica. Podemos perguntar, nesse ponto, porque o ferro (e suas
ligas) to mais magntico do que ou outros elementos. Essencialmente, a resposta
fornecida pela teoria do domnio do magnetismo. Como todos os materiais, o ferro tem
estrutura cristalina, com os tomos dispostos numa estrutura espacial. Contudo, os
domnios so partculas sub-cristalinas de tamanhos e formatos variados, contendo cerca de
1015
tomos num volume de aproximadamente 10-9
centmetros cbicos. O fator
caracterstico do domnio que os momentos magnticos dos tomos que o constituem
esto todos alinhados no mesmo sentido. Desta forma, num material ferromagntico, no
apenas deve existir um momento magntico devido a uma rotao no neutralizada de um
eltron em uma rbita interna, mas tambm a rotao resultante de todos os tomos
vizinhos no domnio deve ser paralela.
Poderia parecer, pela explicao dada at este ponto que, se o ferro for composto de
domnios completamente magnetizados, ento ele deveria estar no estado de completa
magnetizao ao longo do corpo material mesmo sem aplicao de uma fora
magnetizante. Na realidade, esse no o caso, porque os domnios atuam
independentemente, e, para uma amostra de ferro no-magnetizado, estes domnios so
alinhados aleatoriamente em todas as direes, de forma que o momento magntico total
zero na amostra. Quando todos os domnios esto alinhados, o ferro dito saturado no h mais aumento na densidade de fluxo acima daquela do vcuo para qualquer aumento
adicional na fora magnetizante.
Grandes elevaes de temperatura numa amostra de ferro magnetizante trazem uma
reduo na sua capacidade de magnetizao. O aumento da temperatura refora a agitao
existente entre tomos at que, na temperatura de 750oC, a agitao to intensa que
destri o paralelismo existente entre os momentos magnticos dos tomos vizinhos do
domnio e, desta forma, faz com que ele perca sua propriedade magntica. A temperatura
na qual isso ocorre chamada o ponto de curie.
2.3 DADOS NUMRICOS
As propriedades de um material ferromagntico so geralmente representadas por
sua curva de magnetizao B(H). A figura 2.6 representa esta curva B(H) para 3 materiais ferromagnticos utilizados
correntemente em eletrotcnica (ao-silcio, ao fundido doce e ferro), onde se pode
observar as trs seguintes zonas:
- Uma pequena parbola inicial (Oa ou Ob) que possui pouco interesse prtico, porque decorre de um valor muito pequeno do campo H, e que depende de estados anteriores.
- Uma zona sensivelmente linear, na vizinhana dos pontos de inflexo (a e b) onde a inclinao da curva mxima.
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- Um cotovelo, seguido por um prolongamento assinttico, neste caso a induo aumenta muito pouco com relao ao aumento dado para o campo (B ultrapassa raramente os
valores na ordem de 1,8 a 2 T). Esta zona corresponde a saturao do material, onde
consideramos que seus campos esto orientados paralelamente H .
Figura 2.6 Curva de magnetizao.
A figura 2.7 representa a permeabilidade relativa em funo da induo, r(B) para os 3 materiais considerados. Podemos deduzir essa curva da anterior, porque a
permeabilidade representada pela inclinao da curva B(H) em cada ponto. A
permeabilidade inicia crescendo, passa por um valor mximo (na vizinhana dos pontos a e
b) e tende ento para um valor muito pequeno, quando o material est saturado.
Figura 2.7 Permeabilidade relativa em funo da induo r(B).
ao silcio
ao doce ordinrio
1000 2000 3000
H (A.e/m)
B (T)
1,5
1
0,5
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Por exemplo, para o ao fundido doce, a permeabilidade relativa mxima da
ordem de 2.200 na vizinhana do ponto a e corresponde aos seguintes valores do campo e da induo:
(r)max 2200 H 110 A.e/m B 0,3 T
Para o ao-silcio, na vizinhana do ponto b, temos:
(r)max 5200 H 60 A.e/m B 0,4 T
Certos materiais possuem permeabilidade relativa mxima extremamente elevada,
por exemplo:
- Ferro eletroltico (r)max 15.000
- Ferronquel (r)max 80.000
2.4 CANALIZAO DO FLUXO PARA OS MATERIAIS FERROMAGNTICOS
A importncia dos materiais ferromagnticos em Engenharia Eltrica decorre do
fato que estes so capazes, graas a sua permeabilidade elevada, de canalizar e de capturar
em seu ncleo o fluxo de toda induo devido as correntes situadas em sua vizinhana, e
em particular enroladas ao redor de um eixo.
Consideremos um circuito eltrico bobinado imerso no ar, e o mesmo circuito
bobinado ao redor de um ncleo ferromagntico (Figura 2.8 a e b). Nos dois casos, os
campos H nos pontos M1 e M2 so da mesma ordem de grandeza (no caso a, ele depende de
parmetros geomtricos da bobina, no caso b, ele depende do comprimento do ncleo).
1M
im
i
f
2M '1M
( b )( a )
Figura 2.8 Canalizao do fluxo.
Consideremos a induo:
Em um ponto tal que M1, ou M1, no ar, vale: HB o
Em um ponto M2, no interior do ncleo, ele vale:
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HHB ro
Deve-se observar que r muito grande. Dado isso, r alcana facilmente o valor de 1.000, donde vemos que o fluxo da induo no ar aproximadamente 1000 vezes menor que o
fluxo no interior do material. Na prtica, podemos considerar que grande parte do fluxo
canalizado para o interior do ncleo.
2.5 CRIAO DO CAMPO NO INTERIOR DE ENTREFERROS
Uma outra aplicao importante dos materiais ferromagnticos, devido a sua aptido
de capturar o fluxo, a possibilidade de criar campos magnticos importantes no interior de
entreferros. Consideremos um ncleo de seo constante S, de permeabilidade suposta
constante, onde temos uma pequena abertura de comprimento e (Figura 2.9).
i
n e
l
fH
eH
r
Figura 2.9 Campo em um entreferro.
Ao longo da linha de induo , o campo magntico assume dois valores diferentes, tal que (de acordo com o teorema de Ampre):
i.ne.Hl.H ef [24]
Por outro lado, se admitirmos que o fluxo se conserva no interior do ncleo
(incluindo o entreferro), a induo S
B
a mesma no ferro e entreferro:
ef BB
ou
eofro HH [2-5]
As duas relaes [2-4] e [2-5] permitem calcular os campos:
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el
inH
el
inH
rre
rf
[2-6]
Vimos que o campo mantido no interior do entreferro, He, r vezes maior que o campo no ferro, Hf. Tudo se passa como se concentrssemos no pequeno espao do
entreferro o campo da corrente i.
A induo B (que a mesma) pode ser calculada a partir da seguinte relao:
inl
eB
ro
[2-7]
OBSERVAO:
Na prtica, a permeabilidade relativa r no constante (esta uma funo de B, que depende do estado de saturao do ncleo). Podemos utilizar diretamente a
relao [2-7] para calcular B, ou as relaes [2-6] para calcular He e Hf.
2.6 LEI DOS CIRCUITOS MAGNTICOS: ANALOGIA DE HOPKINSON
Quando um circuito magntico comporta diversos meios e diversas excitaes (como no caso dos materiais de permeabilidade ou de sees diferentes), existe uma relao
entre os fluxos que circulam no interior dos diferentes trechos e as f.m.m. que lhe so
aplicadas.
Para facilitar o equacionamento do circuito, podemos utilizar uma analogia,
chamada analogia de HOPKINSON, a qual permite utilizar o mesmo procedimento de
clculo utilizado em circuitos eltricos para os circuitos magnticos, considerando as
quantidades equivalentes. Seria suficiente aplicar a lei de KIRCHOFF.
Para introduzir esta analogia, consideremos um circuito simples, com uma malha,
constitudo de 3 materiais diferentes, de permeabilidade 1, 2 e 3 (Figura 2.10). Os campos magnticos H1, H2 e H3, criados pela f.m.m. nas 3 partes, so relacionados pela lei
de Ampre:
inlHlHlH 332211 [2-8]
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i
n
1
2
3
1H
2H
3H
Figura 2.10 Circuito no homogneo com uma malha.
Podemos escrever essa relao de outra forma, introduzindo o fluxo que atravessa o circuito. Este fluxo o mesmo por todo o ncleo, a induo ser a mesma se admitirmos
a seo constante:
332211 HHHS
B
da relao [2-8] se pode escrever:
inS
l
S
l
S
l
3
3
2
2
1
1
escrevendo em funo da relutncia, tem-se:
in321 [2-9] A forma da ltima relao sugere uma analogia com um circuito eltrico com uma
malha (Figura 2.11), onde a f.e.m. E ser semelhante f.m.m. ni, que teria 3 resistncias R1,
R2 e R3 em srie, semelhante respectivamente ,e, 321 que sero percorridas por
uma corrente I semelhante ao fluxo :
EIRRR 321 Generalizando, a analogia de Hopkinson consiste em substituir um circuito
magntico pelo seu anlogo eltrico, utilizando a tabela de correspondncia a seguir:
Quantidade magntica Quantidade eltrica Fora magnetomotriz n i (A-espiras)
(A-e)
Fora eletromotriz E (V)
Fluxo (Wb) Corrente I (A)
Relutncia S
l
1
(A/Wb) Resistncia S
lR
R ()
Potencial magntico U = ni - U (A-e) Potencial eltrico V = E - RI V (V)
Malha magntica Malha eltrica
N magntico N eltrico
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ni+
-
13
2
Figura 2.11 Circuito eltrico anlogo.
necessrio notar que esta analogia somente um guia, e no a expresso dos
fenmenos fsicos tendo um significado real. Ela til quando podemos admitir que a
permeabilidade constante, isto , que a relutncia tambm constante e no varia mais em funo do fluxo (da mesma forma que, em um circuito eltrico, se a resistividade
constante, a resistncia tambm , e no varia mais em funo da corrente).
A seguir apresentaremos dois exemplos de utilizao desta analogia.
EXEMPLO: CIRCUITO COM DOIS MEIOS DE PERMEABILIDADE
CONSTANTE
Considere o circuito magntico da Figura 2.12, suposto de permeabilidade relativa
constante r = 2 000. O segmento do lado direito possui um entreferro de espessura BC = 0,3 mm, e no ramo esquerdo tem-se uma corrente contnua de 0,8 A em um circuito de
1.000 espiras. Solicita-se calcular a induo B1 no entreferro.
0,3 mm
A
E
D
B
C
F
Seo
12 cm2Sees
10 cm2CD = 40 cmDFA = 80 cm
AED = 30 cm
0,8 A
AB = 40 cm
n = 1.000
Figura 2.12. Exemplo de circuito com dois meios.
A aplicao da analogia mostra que este circuito se comporta como um circuito
eltrico desenhado na figura 2.13, onde e21 e, representam respectivamente as
relutncias dos ramos DFA ou AB + CD (mesmo comprimento 80 cm, e mesma seo 10
cm2), AED (ramo central) e BC (entreferro).
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Suas equaes deduzidas da lei de Kirchoff, so:
22211in [2-10] 1e122 [2-11]
+
-
21
2
1
11
2
e
A
D Figura 2.13 Circuito eltrico anlogo.
Podemos calcular as relutncias que se supem constantes:
Wb/A10x38,210x10x10x4
10x3,0
Wb/A10x95,910x12x2000x10x4
3,0
Wb/A10x18,310x10x2000x10x4
8,0
5
47
3
e
4
472
5
471
A relao [2-11] permite obter: 2 = 5,6 1, da relao [2-10] obtemos ni = 800:
1 = 0,3 x 10-3
Wb
2 = 1,68 x 10-3
Wb
O que permite deduzir a induo T4,1S
B2
22
no interior do ramo central AD, e
a induo 1
11
SB
, no entreferro (igual, alm disso, induo no ferro do ramo da
direita):
B1 = 0,3 T [2-12]
Neste exemplo, o clculo simples porque as relutncias so constantes (uma vez
que a induo B proporcional ao campo H). Estudaremos mais adiante o mesmo circuito
compreendendo a no linearidade da curva de magnetizao B(H).
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2.7 CLCULO DOS CIRCUITOS MAGNTICOS
O clculo de um circuito magntico significa a determinao da f.m.m. necessria para produzir um determinado fluxo em uma parte da carcaa, ou ento a determinao do
fluxo que produzido por uma f.m.m. dada (problema inverso).
Em geral, as dimenses geomtricas do circuito so dadas, bem como a natureza do
material, isto sua curva de magnetizao, sob a forma B(H), sobre a forma r(B) ou
ento, sob a forma (ni).
2.7.1 Primeira categoria de clculo: conhecendo , calcular ni
Para calcular a f.m.m. a partir do fluxo, se deve seguir o seguinte procedimento:
a) Calcular as indues nas diversas partes do circuito, que dependem de suas sees e dos
fluxos que as atravessam:
...S
BS
B2
22
1
11
b) Calcular os campos, a partir das indues, dada pela relao conhecida B(H) (no
material), dada por o
BH
(no ar).
c) Calcular as f.m.m. parciais H1l1, H2l2, ... necessrias para magnetizar as diferentes partes.
2.7.1.1 Se o circuito no comporta somente uma malha, a f.m.m. total ser igual a soma
das f.m.m. parciais:
...lHlHin 2211 [2-13]
A seguir tem-se um exemplo.
EXEMPLO: CIRCUITO MAGNTICO DE UM DNAMO COM 4 PLOS
Considere o circuito magntico da Figura 2.14, onde a armadura de ao silcio e
cuja a carcaa e os ncleos (onde esto enroladas as bobinas indutoras de campo, todas em
srie) so em ao doce. As dimenses so dadas, conhecido o nmero de espiras de cada
bobina n = 1200, e pede-se calcular a corrente de excitao necessria para criar um fluxo por plo de 0,06 Wb. As curvas de magnetizao B(H) so dadas (Figura 2.6) e admitiremos que seja possvel desprezar as fugas de fluxo.
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Figura 2.14 Circuito indutor de um dnamo de 4 plos.
Considere uma linha de fluxo entre dois plos adjacentes, tal que ABCDEF: o fluxo
de 0,06 Wb que circula no entreferro CD (fluxo por plo) se divide em duas partes iguais,
esquerda ao longo de EF, e direita ao longo de EH. O fluxo que circula no interior da
armadura, ao longo de EF de 0,03 Wb, sendo igual na parte AB da carcaa.
Por outro lado, na parte BC do ncleo, o fluxo 0,06 Wb, pois se acrescenta o fluxo
vindo do circuito da direita. Este o fluxo criado pelo ncleo sobre cada plo (fluxo por plo). Conhecendo as sees das diferentes partes, podemos calcular as indues:
No entreferro T75,0
08,0
06,0B
Na armadura T5,1
02,0
03,0B
Na carcaa T86,0
035,0
03,0B
No ncleo T33,1
045,0
06,0B
Calculamos os campos, considerado para cada parte da curva de magnetizao
correspondente ao material (ver figura 2.6).
Entreferro )ar(m/Ae000.597
BH
o
Armadura
)silcioaodocurva(m/Ae600.2H
Carcaa
)doceaodocurva(m/Ae560H
Ncleo
)doceaodocurva(m/Ae900.1H
AB = 50 cm
BC = 15 cm
CD = 0,3 cm
EF = 20 cm
Entreferro 800 cm2
Carcaa 350 cm2 ao doce
ordinrio
Ncleo polar 450 cm2 ao
doce ordinrio
Armadura 200 cm2 ao
silcio
Bobina indutora do campo 1200
espiras por plo.
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Calculamos ento, as f.m.m. parciais necessrias para magnetizar cada parte,
conhecendo seus comprimentos:
Entreferro
Ae580.310x3x000.597x2lH 3
Armadura
Ae5202,0x600.2lH
Carcaa
Ae2805,0x560lH
Ncleo
Ae57015,0x900.1x2lH
Aplicando a relao [2-13] calculamos a f.m.m.:
950.4570280520580.3in Ae
Como consideramos um circuito com dois plos adjacentes, preciso, por plo,
2.475 Ae. E como cada bobina comporta 1.200 espiras, necessria uma corrente
induzida (denominada de corrente de campo):
A06,2200.1
475.2if [2-14]
Podemos observar que a induo criada ao nvel de entreferro no tem uma forma
senoidal ao longo da armadura. Entretanto, a forma no interior dos ncleos, que comportam uma zona de expanso polar (ver figura 2.14), permite uma aproximao (considerando que o entreferro tenha uma seo de 800 cm
2, desde que os ncleos tenham uma seo de 450 cm
2).
2.7.1.2 Se o circuito estudado comporta vrias malhas, a f.m.m. total ser calculada a
partir das f.m.m. parciais, fazendo o clculo passo a passo a partir do fluxo dado.
interessante introduzir o potencial magntico U que comum a vrios ramos, assim como mostra o exemplo a seguir.
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EXEMPLO: CIRCUITO COM DUAS MALHAS, DE PERMEABILIDADE
VARIVEL (Figura 2.15)
0,3 mm
A
E
D
B
C
F
Seo
12 cm2Sees
10 cm2CD = 40 cmDFA = 80 cm
AED = 30 cm
i = ?
AB = 40 cm
n = 1.000
Figura 2.15 Circuito com duas malhas, permeabilidade varivel.
Retomamos o circuito magntico do pargrafo 2.6 supondo agora que se trata de
folhas em ao doce, cuja curva de magnetizao B(H) conhecida (ver figura 2.6).
Supondo ainda, que a induo no interior do entreferro vale B1 = 0,3 T, e que a
bobina comporta 1.000 espiras. Determine a corrente i de excitao correspondente. Os valores numricos B(H) so dados:
B (T)
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9 1
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
1,7
1,8
H
(A/m)
50
80
110
160
220
300
380
490
600
760
980
1300
1700
2400
3300
4700
7500
11500
Como as relutncias so variveis, a analogia de Hopkinson no mais interessante,
preciso calcular a f.m.m. por intermdio dos 4 campos H, H1, H2 e He respectivamente
criados nos ramos da esquerda, da direita, no ramo central e no entreferro.
Introduzindo o potencial magntico U entre os pontos A e D, podemos escrever
duas equaes do circuito da seguinte forma:
UlHin [2-15]
eHlHlHU e1122 [2-16]
Calculamos agora os campos de ramo em ramo, deduzindo as indues a partir de
B(H), e deduzindo ainda as indues do fluxo:
Sendo possvel conhecer agora o fluxo 1 no ramo da direita (a seo constante de 10 cm
2):
Wb10x3,0SxB 3111
A induo B1 = 0,3 T sendo a mesma no entreferro e no ferro do ramo da direita,
permite deduzir os campos He e H1:
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))H(Btabelaacomacordode(m/Ae110H
)arno(m/Ae000.239B
H
1
o
1e
Cujo potencial magntico U, de acordo com [2-16], vale:
e.A1607288eHlHU e11
Para calcular o campo H, necessrio conhecer o fluxo no ramo da esquerda, e
por conseqncia calcular o fluxo 2 no ramo central. O campo H2 vale:
m/e.A5343,0
160
l
UH
22
A induo correspondente vale B2 = 0,84 T (de acordo com a tabela, interpolando
entre 0,8 e 0,9 T). Deduzimos:
Wb10x01,110x12x84,0S.B 34222
O fluxo no ramo esquerdo vale:
Wb10x31,1 321
Deduzimos a induo B1 = 1,31 T (superfcie constante 10 cm2), e o campo:
H = 1.770 A.e/m (a partir da tabela, por interpolao)
Podemos agora calcular a f.m.m. necessria, a partir de [2-15]:
n i = H l + U = 1.415 + 160 = 1.575 A.e
Cuja corrente de excitao necessria, pois a bobina comporta 1.000 espiras, vale:
i = 1,575 A [2-17]
OBSERVAO: Podemos observar, comparando com o exemplo do pargrafo 2.6 onde
conseguimos obter a mesma induo no entreferro B1 = 0,3 T com somente i = 0,8 A, que
necessria uma corrente consideravelmente maior quando consideramos a saturao do
ncleo.
2.7.2 Segunda categoria de clculo: dado n i, determinar o
Esta segunda categoria de problemas mais delicada. De fato, parece impossvel
determinar o fluxo a partir de uma relao do tipo:
...in 21 porque as relutncias ...21 dependem da permeabilidade, isto das indutncias,
portanto, do fluxo, que desconhecido.
De outra forma, se considerarmos uma relao do tipo:
...lHlHin 2211
os campos ...,,H,H 21 dependente das indues, isto do fluxo que desconhecido.
necessrio ento, resolver o problema por aproximaes sucessivas (ou por
interao), supondo conhecido a priori um valor do fluxo, qualquer. Calculamos a f.m.m.
correspondente ao valor inicial escolhido para o fluxo, e comparamos com o valor da
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f.m.m. dado. Deduzimos um segundo valor de fluxo, mais provvel, e recalculamos a
f.m.m., etc., at que a diferena entre a f.m.m. calculada e a f.m.m. dada seja inferior 5%, ou outra preciso fixada anteriormente.
Se o circuito tem somente uma malha, podemos determinar simultaneamente os
valores de ni e que satisfazem a lei do circuito.
EXEMPLO: INDUTOR com entreferro
Seja um circuito magntico conectado, possuindo um entreferro, e excitado por uma
corrente de 1,3 A circulando em uma bobina de 1.000 espiras (figura 2.16). Calcular a
induo B no interior do entreferro, sabendo que a permeabilidade relativa do ferro varia, em funo de B, segundo a tabela seguinte (ver figura 2.7):
B (T) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
r 480 350 300 250 200 150 120 110 90 50
1 mm
1,3 A
n = 1.000
+
-
B
20 cm Figura 2.16 Indutor com entreferro.
Introduzindo as relutncias, a lei do circuito permite escrever:
S
e
S
lin
oro
f
ainda, introduzindo a induo B (supondo que a superfcie S constante):
Bel
inoro
f
seja, com os valores numricos dados:
B1200
63,1r
[2-18]
Observa-se que B e r, relacionados pela relao r(B) da tabela dada, devem satisfazer simultaneamente esta equao; procede-se ento, fazendo ensaios, a priori:
Para B = 0,6 T: 4,11150
2006,0
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O valor encontrado inferior ao valor 1,63, assim utiliza-se o valor superior no novo
clculo.
Para B = 0,7 T: 87,11120
2007,0
Obteve-se, portanto, um valor superior 1,63. Dessa forma, atravs da interpolao
dos dois valores, obtm-se:
T65,0B
2.8 FENMENO DE HISTERESE
Quando submetemos um material ferromagntico a um campo alternado (variando
entre dois valores opostos com certa freqncia), ele pode produzir um fenmeno chamado
de histerese, decorrente do fato dos campos do metal apresentar certa constante de tempo antes de se orientar (de outra forma, existe um retardo entre a aplicao do campo e
a apario da induo).
2.8.1 Anlise do fenmeno
Considere um circuito bobinado sobre uma carcaa ferromagntica toridal (figura
2.17) alimentado por uma fonte de tenso v senoidal. Aps alguns fenmenos transitrios, estabelecido um regime permanente caracterizado pelo fato de, para o mesmo
valor do campo H em um elemento d, a induo B assume dois valores diferentes, um para o semi-perodo crescente (ponto a, figura 2.18), e outra para o semi-perodo decrescente
(ponto b, figura 2.18).
Diz-se que o material se colocou sobre um ciclo de histerese, representado pela curva B(H) durante um perodo T.
Para estudar esse fenmeno, aplicamos a Lei de Faraday, que fornece a f.e.m. nos
bornes do circuito:
dt
dne
Figura 2.17 Bobina toroidal.
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Figura 2.18 Ciclo de histerese.
Se desprezarmos a resistncia do circuito, bem como as perdas de fluxo (indutncia de fuga l), a fonte v compensar a cada instante esta f.e.m., seja:
dt
dntcosEev
Podemos calcular por integrao o fluxo criado pelo circuito no interior do ncleo,
que varia igualmente de forma senoidal:
tsenn
E
Se a seo S constante, a induo B no ncleo vale:
tsenSn
EB
Verifica-se que o valor mximo desta induo est relacionado com o valor eficaz
da f.e.m. pela expresso:
Sf2n
E2
Sn
EB efmax
que se pode escrever:
maxef BSfn44,4E [2-20]
Assim, a tenso nos bornes de um indutor (prximo de sua f.e.m., na prtica), proporcional ao valor mximo da induo no ncleo e tambm a freqncia da fonte.
Quanto a corrente i que circula no circuito, podemos calcular a partir do campo H no ncleo, aplicando o teorema de Ampre ao longo da linha de induo mdia:
Hn
l)H(fi [2-21]
H (A.e/m)
B (T)
1
5
2
3
6
4
a
b
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Considerando a forma do ciclo de histerese (figura 2.18), esta corrente tem uma
forma peridica no senoidal.
Podemos determinar a forma de variao da corrente seguindo ponto a ponto sobre a
figura 2.18 os valores assumidos para o campo H, quando descrevemos o ciclo fazendo
variar B de forma senoidal (pontos 1 a 6 sobre a figura 2.18, assim como na figura 2.19).
Figura 2.19 Variaes de v, e i ao longo do ciclo de histerese.
Quando B nulo (ponto 1), o campo tem certo valor no nulo, chamado campo remanente. Quando B atinge seu valor mximo (ponto 2), o campo atinge tambm seu valor mximo. Quando o campo torna-se nulo (ponto 3) a induo no nula, ela
chamada induo remanente. Quando a induo torna-se nula (ponto 4), o campo apresenta um valor oposto no nulo. O resto do ciclo simtrico (pontos 5 e 6).
O resultado da histerese ento, de defasar a corrente i (ou o campo H)
adiantando com relao ao fluxo (ou a induo B). Entretanto, a expresso de i no
simples: se chamarmos de o ngulo correspondente defasagem entre i e o , chamado de ngulo de avano histertico, e se desenvolvermos uma srie de Fourier, i ter somente harmnicos mpares:
...)t(3senI)t(senIi 3m [2-22]
Representamos sobre a Figura 2.19, a fundamental (im), e a harmnica de terceira ordem (i3) de tal sorte que sua soma representa a cada instante a corrente i. De fato, as amplitudes dos harmnicos podem assumir valores bastante elevados, mesmo se o
i ou H
ou B
v ou e
t
t
t
Fundamental
harmnicos
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material est pouco saturado. Por exemplo, em porcentagem da amplitude mxima total da
corrente, a fundamental pode atingir 40%, a 3a. harmnica 25%, a 5
a. harmnica 15%, etc.
2.8.2 Representao da bobina por um circuito equivalente
Supondo que a corrente i na bobina se reduz a sua componente fundamental im (chamada, na prtica, corrente de magnetizao), podemos representar o diagrama de fasores do circuito como na Figura 2.20. A f.e.m. E est defasada de 90
o com relao ao
fluxo , e Im est defasado do ngulo (ngulo de avano histertico) com relao ao
fluxo .
ERI
mITI
90
Figura 2.20 Diagrama de fasores.
O fato de ser diferente de zero significa que existe uma componente ativa da corrente, IR em fase com E, ou ento que a corrente Im no inteiramente reativa. Podemos
representar o conjunto bobina mais ncleo por um circuito eltrico equivalente, tal como o
apresentado na figura 2.21, composto de uma resistncia R e uma indutncia T em
paralelo, respectivamente percorrida pela corrente ativa IR e a corrente reativa IT.
VR TE RI
TI
mI
Figura 2.21 Circuito eltrico equivalente.
A potncia eltrica ativa consumida no circuito que representa as perdas devido
histerese, vale:
RmH IEcosIEP [2-23]
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A reatncia T e a resistncia R esto definidas em funo da corrente Im, da tenso E e da potncia consumida PH, pelas seguintes expresses:
senI
ET
m
[2-24]
H
2
m P
E
cosI
ER
[2-25]
OBSERVAO: O esquema da figura 2.21 vlido somente se o fio da bobina tem uma
resistncia desprezvel e se no houver indutncia de fuga.
2.8.3 Frmulas prticas de perdas
Podemos exprimir as perdas histerticas de outra forma, considerando a energia
fornecida pela fonte para magnetizar o toride ferromagntico. A expresso [1-56] informa
que a energia elementar por elemento de volume d do toride, vale, para uma variao dB de induo considerando o campo H constante:
dBHd
dWd
a energia elementar por elemento de volume fornecida pela fonte durante um perodo
representada pela superfcie do ciclo histertico B(H):
perodo1 dBHd
dW
Onde: a rea do ciclo de histerese dada por [J/m3/ciclo]
Se designarmos por V o volume do toride, a energia fornecida por perodo vale:
VW
e a potncia correspondente para uma freqncia f vale:
VfPH [2-26]
Supondo (figura 2.22) que a superfcie do ciclo , varia com o quadrado de induo
mxima, Bmax, seja 2maxH B a relao [2-26] permite escrever:
2maxHH BVfP [2-27]
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Figura 2.22 Variao de em funo de Bmax.
Na expresso [2-27], H um coeficiente caracterstico da forma do ciclo e das perdas por histerese.
Acontece igualmente, nos materiais ferromagnticos, perdas por corrente de FOUCAULT, que correspondem circulao de correntes induzidas na prpria massa do metal. Para reduzi-las, utilizamos um empilhamento de placas laminadas isoladas de
pequena espessura (chapas). Podemos demonstrar que, no caso de uma chapa de espessura
e, suas perdas por correntes de Foucault so determinadas pela relao:
2max22
EE BeVfP [2-28]
As relaes [2-27] e [2-28] mostram que, para um mesmo valor de induo mxima,
as perdas histerticas variam proporcionalmente com a freqncia, enquanto que as perdas
por correntes de Foucault variam proporcionalmente com o quadrado da freqncia.
Nas mquinas, as perdas por histerese e correntes de Foucault constituem um
fenmeno no desejvel. Procura-se reduzi-las escolhendo um material cujo ciclo seja o
mais estreito possvel: ao doce para a carcaa (estator) da mquina girante, ao de silcio com fraco teor de silcio (2 a 3%) para as armaduras do indutor (rotor) de mquinas de corrente contnua, ao a gro orientadocom alto teor de silcio (4 a 5%) para as chapas de transformadores.
2.9 IMS PERMANENTES
Um im permanente um material magntico duro, magnetizado previamente, cuja indutncia remanente a maior possvel. Consideremos um material cujo o ciclo de histerese muito largo (figura 2.23) e que foi submetido a ciclos alternativos at a saturao (ponto S) durante um tempo bastante
grande. Quando interrompemos a corrente de excitao o campo H torna-se nulo, mas a
induo B continua igual a um valor no nulo Br. Isto significa que o material capaz de
enviar um fluxo magntico no nulo no espao; temos assim, um im permanente.
Bmax 3
Bmax 2
Bmax 1
B(T)
H(Ae/m)
3
2
1
-
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H
SB
uHcHmaxH
uB
rB
reta de
magnetizao maxB
T3,0diviso1:B
m/Ae000.1diviso1:Hcostpivalores
M
Figura 2.23 Funcionamento de um im permanente.
2.9.1 Circuito de utilizao do im permanente
Como os ims so constitudos de materiais bastante duros, particularmente difceis
de usinar, isto faz com que sejam utilizados em forma geomtrica simples: cilndricos,
cbicos, paraleleppedos e etc. Um im tem, por conseqncia, sempre um entreferro constitudo pelo conjunto do espao entre seu plo N e seu plo S.
Na prtica se utiliza os ims permanentes para criar um campo no entreferro de
dimenso pequena: isso leva ento, a canalizar o fluxo na direo do entreferro atravs do
material ao contrrio bastante mole (de grande permeabilidade e de relutncia desprezvel), aos quais se d a forma que se deseja. A figura 2.24 mostra um circuito de utilizao para um im em ferradura e a figura 2.25 para um im de peas polares.
material duro
S
SN
N
im
im
L
l
seo
uniforme
H
N S
He
material mole
Figura 2.24 Im em ferradura Figura 2.25 Im em peas polares.
-
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Seja B e H a induo e o campo no interior do im, de comprimento L, e He o
campo no entreferro de comprimento l (admiti-se que o campo no interior do material
macio nulo). Supondo o fluxo conservativo, e a seo S do circuito constante (figura
2.25), a induo a mesma em todas as direes, seja:
eoHS
B
[2.29]
Por outro lado, o teorema de Ampre aplicado ao circuito (sem f.m.m., ni = 0) se
escreve:
0lHLH e [2.30]
Estas duas relaes mostram que a induo e o campo dentro do im so associados
pela relao:
Hl
LB o [2-31]
No grfico B(H) (figura 2.23) esta equao representa uma reta de inclinao
negativa (igual l
Lo ), dita reta de desmagnetizao. O ponto de funcionamento do
im representado pelo ponto M de interseo da curva de histerese com esta reta: ele
sempre situado no quadrante superior da esquerda (B > 0, H < 0).
2.9.2 Problema prtico do im: volume mnimo
Na prtica, para criar um campo Ho no interior de um entreferro de volume Vo dado
por meio de um im, til determinar o volume V que deve ter o im. Utiliza-se para isso
uma relao entre esse volume V e o dobro da densidade de energia BH do im (ver relao de definio [1-50]). Multiplicando a relao [2-31] por H, tem-se:
2o H
l
LBH [2-32]
Aplicando-se o teorema de Ampre tem-se:
oo HL
lH0lHLH [2-33]
Substituindo [2-33] em [2-32], tem-se: 2
oo HL
l
l
LBH
2oo H
L
lBH [2-34]
Multiplicando e dividindo [2-34] pela rea da seo transversal S, tem-se:
-
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2o
oo H
V
VBH
Portanto,
BH
HVV
2ooo [2-35]
Assim, o volume V do im inversamente proporcional ao produto BH. Em
particular esse volume ser mnimo quando o produto BH for mximo.
Porm, ao representarmos a variao de B em funo do produto BH , se obtm
uma curva cuja forma mostrada na figura 2.26, onde se pode observar que BH apresenta
um mximo para certo valor de B, igual Bu.
O im dever ser calculado de forma que seu ponto de funcionamento M (figura
2.23) corresponde ao mximo de BH , isto B = Bu.
Esta condio determina a inclinao da reta de desmagnetizao e consequentemente L se conhecido l.
B
|BH|
rB
uB
maxuu BHHB
Figura 2.26 Variaes do produto da energia BH.
EXEMPLO DE CLCULO DE UM IM (FIGURA 2.27)
l = 4 mmPea polar
Seo S
S = 3 cm2
l
Figura 2.27 Exemplo de clculo.
-
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Desejamos fabricar um im com peas polares para se obter uma induo Be = 0,5 T
no interior de um entreferro de comprimento l = 4 mm e de seo S = 3 cm2. Conhecemos
as caractersticas do material escolhido, por meio de sua curva de histerese, os valores
correspondem ao mximo do produto BH:
Bu = 0,9 T maxuuHB = 31.500 J/m
3
Solicita-se calcular as dimenses (seo S e comprimento l) do im. (Despreze a
relutncia das peas polares bem como os fluxos de fuga).
Supondo que o im funciona no mximo de BH , a conservao do fluxo expressa
por:
sBSB eu
onde se deduz a seo do im:
2
u
e cm667,13x9,0
5,0sx
B
BS
A equao de reta de desmagnetizao :
HS
s
l
LB o
onde se deduz o comprimento L, sabendo
m/e.A000.359,0
31500
B
HBHH
u
uuu
m10x56,410x5,3x10x3x10x4
10x667,1x10x4x9,0
Hs
SlBL 2
447
43
uo
u
32 cm6,7Vcm667,1Scm56,4L
2.9.3 Dados numricos
Os materiais utilizados para fabricar ims permanentes so geralmente aos duros
(isto , com alto teor de carbono), contendo porcentagem varivel de Titneo Ti, Cobalto
Co, Nquel Ni, Alumnio Al, e por isso chamados de TICONAL ou ALNICO.
Utiliza-se tambm ferrites duros, interessante porque so isolantes. O quadro abaixo
fornece, para 3 materiais duros, os valores numricos da induo remanescente Br, do
-
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campo remanente Hc, do mximo do produto da energia maxuuHB , com seus
correspondentes valores de induo e do campo Bu e Hu.
Tipo de im Br
( T ) cH
(A.e/m)
Bu
( T ) maxuu
HB
(J/m3)
uH
(A.e/m)
ALNICO 5% Cobalto 0,85 45.000 0,7 19.000 27.000
TICONAL E 1,1 56.000 0,9 31.500 35.000
TICONAL G 1,3 50.000 1,05 45.000 43.000
Os ims permanentes so utilizados em muitos aparelhos industriais, associados a
seus circuitos de utilizao: tem-se um im em ao duro A, de forma simples, cujo fluxo
canalizado por um ao mole B, o qual foi dada forma adequada, e este produz uma
induo no entreferro C.
A figura 2.28 mostra um tipo de im utilizado em alto-falante, onde o entreferro
anular e a induo radial.
A
C
B
N S
Figura 2.28 Im de alto-falante.
A figura 2.29 mostra um tipo de im utilizado nos telefones, cuja forma circular
imposta devido a limitaes de espao.
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Figura 2.29 Im de telefone.
2.10 CIRCUITOS ACOPLADOS LINEARMENTE. DIVERSAS INDUTNCIAS
2.10.1 Definies
De modo geral, podemos considerar todas as mquinas eltricas como circuitos
acoplados mveis, isto , um conjunto de bobinas percorridas por correntes (indutor e induzido), tendo um circuito magntico comum, e cuja geometria pode variar. necessrio
ento, definir de forma precisa, as indutncias destes diversos circuitos. De fato, no caso onde a geometria da mquina no varivel, as indutncias podem eventualmente variar
em funo do valor das correntes (por causa do fenmeno de saturao, veja pargrafo
1.7.3), e, no caso onde a geometria da mquina varivel, estas indutncias variam no
somente em funo do valor das correntes mais tambm, em funo da posio da
armadura ou do rotor (na realidade so estas variaes que produzem o acoplamento ou a
fora eletromagntica, neste caso (ver pargrafo 1.5.1)).
As definies dadas nesse pargrafo dizem respeito a circuitos acoplados
linearmente, isto quer dizer que os fluxos so proporcionais as correntes (curvas de
magnetizao F semelhantes a retas). Consideremos dois circuitos eltricos, acoplados de forma qualquer (figura 2.30)
tendo respectivamente n1 e n2 espiras, percorridas por correntes i1 e i2, e chamemos de 1 e
2 os fluxos produzidos por estes circuitos.
-
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circuito
magntico
qualquer+
-+
-
1n
1i
2i
1f
2f 2n
2m
1m
Figura 2.30 Representao geral de 2 circuitos acoplados.
O fluxo 1 constitudo, em geral, de uma parte m1 que atravessa o circuito 2, e de
uma parte f1 que no atravessa o circuito 2 (na figura 2.30, este fluxo f1 representado como o fluxo de flui no ar, mas ele pode igualmente representar um fluxo que atravessa
uma outra parte do circuito magntico, mas sem atravessar o circuito 2: ver exemplo do
pargrafo 2.12.3). Acontece o mesmo para o fluxo 2 produzido pelo circuito 2. Tem-se ento:
2f2m2
1f1m1 [2-36]
podemos ver que o fluxo mtuo definido como o fluxo comum que atravessa ao mesmo tempo os dois circuitos vale:
2m1mm [2-37]
Igualmente podemos ver que os fluxos que atravessam respectivamente os circuitos
so constitudos dos fluxos produzidos por ele mesmo 1 ou 2, e de uma parte do fluxo
produzido pelo outro circuito, m2 ou m1. Designando-se estes fluxos totais por 1t e 2t, tem-se:
1m2t2
2m1t1 [2-38]
ou ainda, considerando a definio anterior do fluxo mtuo m:
m2ft2
m1ft1 [2-39]
Observao: Os sinais ( + ) que aparecem nas relaes [2-37], [2-38] e [2-39]
correspondem s polaridades de corrente e ao sentido dos enrolamentos da
figura 2.30.
Seria necessrio colocar um sinal ( - ) caso fosse invertido o sentido da
corrente i2 ou o sentido dos enrolamentos do circuito 2.
-
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2.10.2 As oito indutncias de dois circuitos acoplados
Para os dois circuitos acoplados, se defini as oito indutncias seguintes, em funo
do fluxo definido anteriormente:
Indutncia de magnetizao do circuito 1
1
1m11
inT
[2-40] Indutncia de magnetizao do circuito 2
2
2m22
inT
Indutncia de fuga do circuito 1
1
1f11
inl
[2-41] Indutncia de fuga do circuito 2
2
2f22
inl
Indutncia prpria do circuito 1
1
111
inL
[2-42] Indutncia prpria do circuito 2
2
222
inL
Indutncia mtua do circuito 1
2
2m11
inM
[2-43] Indutncia mtua do circuito 2
1
1m22
inM
Estas definies so um pouco arbitrrias, pois supomos que os fluxos so
proporcionais as correntes, o que no sempre verdadeiro para os fluxos de fuga, o que ocorre unicamente na zona linear da curva de magnetizao, para o fluxo de magnetizao.
Da mesma forma que para um nico circuito (ver pargrafo 1.7.2) as indutncias
prprias, so relacionadas s indutncias de fuga e de magnetizao pelas seguintes
relaes:
222
111
TlL
TlL [2-44]
Na relao [2-43], no imediatamente evidente que as indutncias mtuas M1 e M2
so iguais, assim como poderamos prever a partir da frmula de Neumann [1-41].
Podemos fazer o seguinte raciocnio simples: qualquer que seja o circuito ele
apresenta a cada instante uma relutncia m na passagem do fluxo comum m. Aplicando o Teorema de Ampre ao campo H1 que seria criado pela corrente i1 sozinha, supondo que a
corrente i2 seja nula (m2 = 0):
1mmm111 lHin
Da mesma forma, se aplicarmos o Teorema de Ampre com (i1 = 0) tem-se:
2mmm222 lHin
-
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deduz-se a partir das relaes de definies [2-43]:
m
21
2
2m11
nn
i
nM
e
m
12
1
1m22
nn
i
nM
As duas indutncias mtuas M1 e M2, so iguais: designando seu valor comum por
M:
M1 = M2 = M [2-45]
2.10.3 Relaes entre indutncias e a razo do nmero de espiras
Algumas vezes til, em particular, para transformadores e motores de induo,
expressar as indutncias de fuga e magnetizao em funo da indutncia mtua M e da
razo entre os nmeros de espiras dos circuitos acoplados. Temos como efeito:
2
1
n
na [2-46]
Obtm-se, a partir das relaes [2-40] e [2-45]:
MaMn
n
inT 2
2
1
1
1m11
a
MM
n
n
inT 1
1
2
2
2m22
a
MT
MaT
2
1
[2-47]
Fazendo o quociente e o produto dessas duas relaes obtm-se:
2
2
1 aT
T [2-48]
21TTM [2-49]
Podemos igualmente expressar as duas indutncias de fuga numa outra forma, por
meio das indutncias prprias:
-
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De acordo com as relaes [2-44]:
L1 = l1 + T1 = l1 + aM
L2 = l2 + T2 = l2 + M/a
a
MLl
aMLl
22
11
[2-50]
EXEMPLO:
Conhecem-se as duas indutncias de fuga e a indutncia mtua de dois circuitos
acoplados numa carcaa magntica com n1 = 500 espiras e n2 = 50 espiras:
l1 = 6 H l2 = 0,03 H M = 12 H
Calcular as indutncias prprias L1 e L2 dos circuitos, e as indutncias de magnetizao T1
e T2.
De acordo com [2-44]: T1 = 120 H T2 = 1,2 H
De acordo com [2-41]: L1 = 126 H L2 = 1,23 H
2.11 COEFICIENTE DE ACOPLAMENTO E DE DISPERSO
Quando dois circuitos so acoplados, til definir dois coeficientes k e , denominados de coeficiente de acoplamento e coeficiente de disperso que caracterizam as trocas mtuas de fluxo entre os circuitos. De fato, se no h fugas, o fluxo
mtuo m seria igual soma dos fluxos produzidos 1 + 2, e pode ser interessante saber de quanto nos afastamos do caso ideal.
Assim, foi definido, para cada circuito, as percentagens teis dos fluxos por meio dos
coeficientes de fuga(ver [1-45]):
2
2
2
2m2
1
1
1
1m1
L
Tk
L
Tk
O coeficiente de acoplamento k, definido como a mdia geomtrica dos coeficientes de fuga de cada circuito:
21
2
21
2121
2
LL
M
LL
TTkkk [2-51]
Vejamos que expressando a indutncia mtua M, por meio da indutncia prpria L1 e
L2 e de seu coeficiente k, temos:
-
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21LLkM [2-52]
O coeficiente de acoplamento excelente para um transformador (da ordem de 0,95),
bastante superior do que para um motor de induo (da ordem de 0,60).
O coeficiente de disperso definido pela seguinte relao:
2k1 [2-53]
Podemos express-lo em funo das 2 indutncias prprias e da indutncia mtua:
21
221
LL
MLL [2-54]
Quando o acoplamento entre os dois circuitos perfeito, tem-se:
0
1k
2.12 EXEMPLO DE ACOPLAMENTO
2.12.1 Duas bobinas em srie
Consideramos (figura 2.31) duas bobinas percorridas pela mesma corrente i,
supondo que o acoplamento seja perfeito (k =1, sem fluxo de fuga).
B(a)
A
i
1L 2L
B(b)
A
i
1L 2L
Figura 2.31 Duas bobinas em srie.
Se L1 e L2 so as indutncias prprias de cada bobina, a indutncia equivalente s
duas bobinas entre A e B, depende da forma de conexo das mesmas.
-
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Caso cada fluxo mtuo seja adicionado ao fluxo prprio de cada bobina (caso
mostrado em a, figura 2.31), tem-se, com k =1:
22121AB LLM2LLL [2-55]
Caso cada fluxo mtuo se subtraia do fluxo prprio de cada bobina (caso b, figura
2.31), tem-se:
22121AB LLM2LLL [2-56]
Pode-se, em particular, zerar a indutncia de um bobinamento tal como na figura
2.31b, tomando o mesmo nmero de espiras para as duas bobinas (L1 = L2).
2.12.2 Acoplamento por disperso
Consideramos dois circuitos bobinados de resistncia desprezvel, de indutncia
prprias e mtua L1, L2 e M, cujo um alimentado por uma fonte alternada (circuito 1,
figura 2.32) e cujo outro est em curto-circuito (circuito 2, figura 2.32).
curto
circuito
1L
2L
1i
2iM
e
Figura 2.32 Acoplamento por disperso.
Caso o circuito 2 esteja suficientemente afastado do circuito 1, no h influncia
mtua e a Lei de Faraday se escreve simplesmente para o circuito 1:
dt
diLe 11
Colocando agora o circuito 2 em curto-circuito prximo ao circuito 1, ocorrer uma
troca de fluxo entre os dois circuitos, e uma corrente induzida i2 circular no circuito 2.
-
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As Leis de Faraday se escrevero da seguinte forma, designando por M a indutncia
mtua:
dt
diM
dt
diL0
dt
diM
dt
diLe
122
211
Calculamos ento, a indutncia equivalente do circuito 1.
Eliminando i2 entre as duas equaes precedentes obtm-se:
dt
di
L
MLLe 1
2
221
introduzindo o coeficiente de disperso dos dois circuitos (ver [2-54]):
dt
diLe 11
esta equao mostra que o efeito da presena do circuito 2 sobre o circuito 1 de modificar
sua indutncia prpria L1 para transform-la em 1L .
Esta indutncia 1L chama-se indutncia de disperso.
2
221
1dispL
MLLLL
[2-57]
Ela tem um papel importante na teoria dos motores de induo com o rotor em
curto-circuito ( ela que intervm na expresso do acoplamento eletromagntico).
2.12.3 Acoplamento em um circuito magntico qualquer
Dois circuitos eltricos podem estar acoplados em uma carcaa magntica qualquer,
por exemplo, sobre esta que est desenhada na figura 2.33, comportando trs ramos.
-
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15 cm
+
-
-
+
500n1 2000n2
1i
2i30 cm
2cm4seo
30 cm
A
B
Figura 2.33 Acoplamento em um circuito com 3 ramos.
Podemos teoricamente calcular diretamente as indutncias dos circuitos, pois estes so, de fato, parmetros geomtricos relacionados s relutncias das diversas partes do circuito magntico (ver [1-36]).
A ttulo de exemplo, supondo que o circuito magntico da figura 2.33 seja de
permeabilidade constante r = 2000, que os nmeros de espiras sejam respectivamente n1 = 500 e n2 = 2000 e que as fugas de fluxo no ar sejam desprezveis (entretanto, todo o fluxo
produzido pelo circuito 1 no atravessa o circuito 2, pois uma parte chamada f1 deste fluxo passa no ramo central).
Pede-se calcular as indutncias prprias e mtuas L1, L2 e M e os coeficientes de
acoplamento e de disperso.
As dimenses sendo dadas se pode calcular diretamente as relutncias dos ramos da
direita e da esquerda:
Wb/e.A10x310x4x10x4x10x2
3,0
S
l 5473
ro21
e a relutncia do ramo central:
Wb/e.A10x5,12
51c
O circuito equivalente de Hopkinson desenhado como na figura 2.34, com
notaes que correspondem aquelas do pargrafo 2.10.1 e 2.10.2. Podemos ver que para
calcular os diferentes fluxos preciso isolar as fontes. Suprimindo n2i2, por exemplo,
obtm-se o circuito equivalente desenhado na figura 2.35, cujas equaes so:
+
-
1
C
A
B
22in11in
12 2m1
1m2
2f1f
+
-
1
C
A
B
11in
1
1m
1f
1
-
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Figura 2.34 Circuito anlogo geral. Figura 2.35 Circuito anlogo com somente uma fonte.
1m11fc
1m11fc11fc1111in
Deduz-se:
c
2
11
111m
1c
111f
2
in
2
in
Obtm-se ento, de acordo com as frmulas de definies [2-40] e [2-41]:
H208,010x12
10x25
2
n
inT
H416,010x6
10x25
2
n
inl
5
4
c
2
11
2
1
1
1m11
5
4
1c
2
1
1
1f11
De acordo com a frmula de definio [2-43] da indutncia mtua M2 (igual M),
ou ainda de acordo com a relao [2-47]:
H832,0n
nxT
inM
1
21
1
1m22
Pode-se calcular da mesma forma as indutncias do circuito 2, suprimindo a fonte
n1i1, no circuito de Hopkinson:
)overifica(H832,0M
H34,3T
H67,6l
1
2
2
Os valores solicitados so, de acordo com [2-44]:
H832,0M
H01,10LH624,0L 21
-
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O coeficiente de acoplamento vale:
H333,024,6
832,0
LL
Mk
21
e o coeficiente de disperso vale:
889,0k1 2
O acoplamento assim realizado no naturalmente muito bom, por causa do ramo
central no qual passa uma parte importante dos fluxos.
2.12.4 Amplificador magntico
Utiliza-se algumas vezes carcaas magnticas com trs ramos (tal como aqueles da
figura 2.33) como ncleo em alguns tipos de amplificadores magnticos.
Podemos explorar ento, o fato de que a permeabilidade r pode variar em um grande intervalo de acordo com a f.m.m. de excitao, passando da zona no saturada onde
r praticamente constante e muito grande a zona de saturao onde r pode ser da ordem de 10 a 100 vezes mais fraco (figura 1.7).
O ncleo do amplificador magntico suporta dois enrolamentos (figura 2.36):
Figura 2.36 Amplificador magntico.
1. Um circuito de potncia percorrido por uma corrente alternada i1, alimentada por uma fonte alternada v1, comportando a metade de suas espiras n1/2 no ramo da esquerda e a
outra metade n1/2 no ramo da direita, bobinado de tal sorte que os fluxos alternativos
1/2 sejam a cada instante direcionados no mesmo sentido ao longo da carcaa.
Circuito de controle
Circuito de
potncia
v1
i1
i1
i2
Z
-
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2. Um circuito de controle percorrido por uma corrente contnua i2, que podemos ajustar atravs de um reostato R, e cujas espiras n2 esto no ramo central.
Podemos variar a potncia consumida nas cargas Z do circuito de potncia
ajustando o reostato do circuito de controle. Constata-se, de fato que:
a) Os dois circuitos esto totalmente desacoplados: nenhum fluxo alternativo 1 devido a corrente i1 passa no ramo central (pois, qualquer que seja a alternncia a diferena do
potencial magntico entre A e B nula, se as relutncias dos ramos da direita e da
esquerda so iguais). No h, por consequncia, nenhuma f.e.m. induzida no circuito de
controle.
b) O fluxo 2 devido corrente contnua i2 se divide em duas partes iguais ao longo dos ramos da direita e da esquerda, e saturam mais ou menos o ncleo. A indutncia
dinmica L1 do circuito de potncia (alternada) varia de acordo com o estado de
saturao.
A figura 2.35 mostra as variaes do fluxo alternado 1, superposto ao fluxo
contnuo 2, para dois valores n2i2 de excitao da corrente de controle:
- Quando o ncleo no est saturado (f.m.m. n2i2 fraca, ponto a da figura 2.37), a indutncia
L1 tem um valor grande e a corrente i1 tem um valor pequeno
(em valor eficaz 21
22
11
LZ
vI
)
- Quando o ncleo est saturado (f.m.m. n2i2 grande, ponto b da figura 2.37), a indutncia
L1 praticamente nula e a corrente i1 tem um valor que depende somente de Z (em valor
eficaz Z
VI 11 ). Tudo se passa como se o ncleo no exista mais.
-
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2.37 Fluxo no ncleo.
A figura 2.38 evidencia como varia a corrente i1 no circuito de potncia em funo
da f.m.m. de controle. Mostramos que, na prtica industrial, os amplificadores magnticos
no so utilizados exatamente como est descrito aqui. Neles se acrescenta outros circuitos
destinados a melhorar seu desempenho (circuito de feed-back para a potncia e circuito de polarizao para a linearidade).
min
max
1i
2i2n
Figura 2.38 Variao da corrente i1 em funo da f.m.m. de controle.