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Planejamento Contábil Tributário Profa. Nair M. Baradel Apostila 1 – Agosto de 2010

1. Planejamento Tributário

1.1. Conceito 1.2. Finalidade do Planejamento Tributário 1.3. Distinção entre Elisão e Evasão 1.4. Processo de Planejamento 1.5. Exemplos de planejamento

1.1 – Conceitos: “O Planejamento tributário é a escolha de alternativas de ações ou omissões lícitas, portanto, não (dis)simuladas e sempre anteriores à ocorrência dos fatos gerados dos tributos, que objetivem direta ou indiretamente a redução desses ônus diante de um ato administrativo ou fato econômico” (Mário Shingaki – Gestão de Impostos) “A noção de planejamento se relaciona diretamente com uma programação de atividade , a partir da observação de circunstâncias presentes e tendo em vista comportamentos futuros que provavelmente acontecerão. "O planejamento exacional (ou tributário) tem por objetivo a previsão de dispêndios com exações (ou tributos) em que se incidirá em determinada atividade e, enquanto voltado para a obtenção de resultados , o menor dispêndio possível, licitante” (Valdir de Oliveira Rocha – Planejamento Fiscal – Teoria e Prática) Segundo Humberto Bonavides Borges em Planejamento Tributário, as seguintes regras devem ser observadas para elaboração de um planejamento: -Verificar se a economia dos tributos é oriunda de ação ou omissão anterior à concretização da hipóteses de incidência; -Examinar se a economia dos tributos é decorrente de ação ou omissão legítimas; -Analisar se a economia de impostos é proveniente de ação realizada por meio de formas de direito privado normais, típicas e adequadas; - Investigar a economia de impostos resultou de ação ou conduta realizadas igualmente a suas formalizações nos correspondentes documentos e registros fiscais Ou seja, o planejamento tributário visa obter economia de impostos, adotando procedimentos estritamente dentro dos ditames legais. O planejamento tributário é na verdade a atividade empresarial estritamente preventiva, que tem como fator de análise o tributo e visa identificar e projetar os atos e fatos tributáveis e seus efeitos, comparando-se os resultados prováveis, para os diversos procedimentos possíveis, de tal forma a possibilitar a escolha da alternativa menos onerosa, sem extrapolar o campo da licitude.

PLANEJAMENTO CONTÁBIL TRIBUTÁRIO

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O caráter preventivo do planejamento tributário decorre do fato de não se poder escolher alternativas senão antes de se concretizar a situação. Após a concretização dos fatos, via de regra, somente se apresentam duas alternativas para o sujeito passivo da relação jurídico-tributária: pagar ou não pagar o tributo decorrente da previsão legal descrita como fato gerador. A alternativa de não pagar se caracterizará como prática ilícita, sujeitando-se a empresa à ação punitiva do Estado, caso este venha a tomar conhecimento de tal prática. 1.2 FINALIDADE DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

�evitar a incidência do tributo - nesse caso adota-se procedimentos com o fim de evitar a ocorrência do fato gerador; �reduzir o montante do tributo - as providências serão no sentido de reduzir a base de cálculo ou alíquota do tributo; �retardar o pagamento do tributo - o contribuinte adota medidas que têm por fim postergar o pagamento do tributo, sem ocorrência da multa

1.3 Distinção entre Elisão e Evasão Elisão fiscal: economia tributária lícita, realizada mediante toda e qualquer ação prevista antes da ocorrência do fato gerador que, sem violar a lei, evita, reduz ou posterga o imposto. Evasão Fiscal : consiste em toda ação consciente, espontânea, dolosa ou intencional do contribuinte através de meios ilícitos para evitar, eliminar, reduzir ou retardar o pagamento do tributo devido, não se configurando em hipótese alguma com o planejamento tributário lícito. 1.4 Processo de planejamento tributário 1.4.1 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COMO OBRIGAÇÃO DOS ADMINIST RADORES A Lei 6.404/76 (Lei das S/A) prevê a obrigatoriedade do Planejamento Tributário, por parte dos administradores de qualquer companhia, pela interpretação do artigo 153: "O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios." Portanto, antes de ser um direito, uma faculdade, o Planejamento Fiscal é obrigatório para todo bom administrador. 1.4.2 A CONTABILIDADE COMO BASE DO PLANEJAMENTO A base de um adequado planejamento fiscal é a existência de dados regulares e confiáveis. A contabilidade, sendo um sistema de registros permanentes das operações, é um pilar desse planejamento. Por contabilidade, entende-se um conjunto de escrituração das receitas, custos e despesas, bem como de controle patrimonial (ativos e passivos), representado por diversos livros, entre os quais:

a) Livro Diário b) Livro (ou fichas) Razão c) Inventário e Controle de Estoques d) Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) e) Apuração do ICMS f) Apuração do IPI g) Apuração do ISS, etc.

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Esse conjunto de informações e sistemas irá gerar os dados preliminares para análise tributária. Obviamente, se desejamos reduzir tributos, temos que saber quanto estamos gastando com eles atualmente. Partimos de um fato real (quanto gastamos) para compararmos com estimativas econômicas (quanto pagaremos). Sem contabilidade, o Planejamento Tributário ficará dependente de informações avulsas, não regulares, sujeito a estimativas, erros e avaliações equivocadas. Para que a contabilidade se preste ao planejamento, deverá refletir a situação real do patrimônio e das receitas e despesas. Contas com saldos distorcidos, falta de atendimento do regime de competência, atrasos na escrituração e conciliações incorretas são fatores que diminuem a qualidade da informação contábil. Conseqüentemente, diminuirão a qualidade do planejamento pretendido. O planejador de sucesso, na área tributária, irá buscar: a) Informações precisas sobre os tributos (base de cálculo, alíquotas, prazos de

recolhimento, fato gerador) e

e) Dados internos e externos do contribuinte (lucratividade, volume de negócios, forma de operações, entre outros).

O planejador começará a comparar, analisar, verificar, deduzir, pressupor e idealizar alternativas lícitas para redução fiscal. Um exemplo: se o contribuinte está no lucro presumido, onde está dispensado de escrituração contábil, porém a mantém, poderá avaliar, periodicamente, a vantagem/desvantagem deste regime, com base nos resultados gerados nos períodos a que se submeteu a esta forma de tributação, comparativamente ao regime do Lucro Real. Quando se aplicar o planejamento pretendido, sua execução precisa ser avaliada à luz de critérios objetivos. Novamente a contabilidade se prestará para tal, pois seus registros evidenciarão, entre outros:

a. A execução do planejamento tributário trouxe redução de impostos? Quanto?

b. Houve custos adicionais (administrativos, consultoria) nesta implantação? Quais foram

estes custos e seu respectivo montante?

c. Baseado nos resultados já alcançados, pode-se afirmar que o planejamento fiscal foi aplicado de forma eficaz, econômica?

O sistema contábil adotado pela empresa precisa estar integrado e coordenado com os demais setores, de forma informatizada, visando facilitar o registro dos fatos e contando com a rapidez necessária para a geração de dados confiáveis e periódicos. O contabilista é a pessoa chave nesta gestão, e é preciso apoio, treinamento e motivação necessários para que este profissional participe efetivamente do Planejamento Tributário na empresa. Nada impede que uma outra pessoa possa assumir este encargo, desde que tenha sólidos conhecimentos de tributação. A formação adequada do profissional começa nas escolas, nos cursos de graduação espalhados pelo País, através da construção dos conhecimentos nas disciplinas de Direito e da Contabilidade Tributária, continuando pelos cursos de pós-graduação, participações em eventos dirigidos para esta área, educação continuada e muita leitura da legislação tributária e seus atos normativos que se sucedem dia após dia e que afetam diretamente os interesses das empresas. Somente assim, e do interesse de cada um acontecerá o crescimento e a competência para adequadamente promover o planejamento tributário, pois a imperícia do contador na

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aplicação dos dispositivos legais sempre ocasionará prejuízo para seu cliente ou seu empregador, quer seja pelo recolhimento a menor de tributo que ocasionará o pagamento de acréscimos legais, quer seja pelo recolhimento a maior que provocará maior desembolso por parte das empresas. Logo, o planejamento tributário deve estar em consonância com a gestão empresarial em todos os seus aspectos e não apenas com partes segmentadas da produção, pois somente assim poderão ser projetadas soluções legítimas e lícitas para redução da carga tributária sem comprometimento da qualidade e resultado dos negócios. Por tais razões, o planejamento tributário como ferramenta essencial ao planejamento estratégico de qualidade e resultados é uma programação que deve ser adotada por pequenas, médias e grandes empresas, a partir do conhecimento específico de todos os processos produtivos, aquisições de matérias-prima e insumos, destinação da produção, dentre outros, para que, com base nestas informações, possa estruturar mudanças legítimas e eficazes à exclusão ou economia de tributos e à racionalização dos procedimentos fiscais.

1.4 Exemplos de planejamento Exemplo 1: O simples fato de se optar por adquirir determinadas mercadorias de empresas que apuram o IR com base na sistemática do lucro Presumido e real e não de ME e EPP, tendo em vista a questão dos créditos de ICMS e IPI que o adquirente poderá tomar Exemplo 2: Ao invés de simples compra, realiza-se a incorporação de empresa com prejuízo fiscal. A (empresa lucrativa) incorpora B (c/prejuízo) que deixa de existir. A pode compensar os prejuízos de B na íntegra (Ac. CSRF/01-04.258/2002 e CSRF/01.04.448/2003) Exemplo 3: Pessoa que se encontra sujeita à sistemática do lucro presumido, mas devido ao fato da grande quantidade de despesas inerentes à sua atividade opta por transferir sua forma para o LUCRO REAL Exemplo 4: Transferir o faturamento da empresa do dia 30 (ou 31) para o 1º dia do mês subsequente. Com isto, ganha-se 30 dias adicionais para pagamento do PIS, COFINS, SIMPLES, ICMS, ISS, IRPJ e CSL (Lucro Real por estimativa), se for final de trimestre até 90 dias do IRPJ e CSL (Lucro Presumido ou Lucro Real trimestral) Exemplo 5 Substituir a maior parte do valor do pró-labore dos sócios de uma empresa, por distribuição de lucros, pois a partir de janeiro/1996 eles não sofrem incidência do IR nem na fonte nem na declaração. Dessa forma, evita-se a incidência do INSS (20%) e do IR na Fonte (até 27,5%) sobre o valor retirado como lucros em substituição do pró-labore.

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2. Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas As pessoas jurídicas em geral com fins econômicos podem ser tributadas com base no lucro real, presumido, arbitrado ou simples. Qualquer pessoa jurídica, por menor que seja, pode optar pela tributação com base no lucro real. A Tributação com base no lucro presumido ou a opção pelo simples nem sempre é possível em razão do montante da receita bruta, atividade ou condição da pessoa jurídica. O Administrador da empresa deverá escolher o regime de tributação menos onerosa em termos de tributos e burocracia e exigências fiscais. A escolha não é possível quando a pessoa jurídica estiver enquadrada como tributação obrigatória pelo Lucro Real. Nem sempre a opção pelo SIMPLES é mais vantajosa que a tributação pelo Lucro Presumido ou Lucro Real. Nos cálculos comparativos devem ser levado em conta o IRPJ, a CSLL, o PIS a COFINS e a contribuição para o INSS