angola'in ed.09

132
ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES ANO IV - SÉRIE II REVISTA Nº09 - 2012 3,50 EUR 450 KWZ 5,00 USD ISSN 1647-3574 Diplomata na Bélgica, Luxemburgo e Holanda, Elisabeth Simbrão é também a representante do país na UE. A análise da Europa face à necessidade de investimento atual e ao papel do angolano no continente embaixadora de angola elizabeth simbrão INFLUENCIAR POLÍTICAS EUROPEIAS DE OLHO EM NóS O interesse norte-americano por África não é novo. Mas sabe o que esconde? Os avanços e recuos de uma nação em mudança O PAPA DA PUB Consagração é a palavra. Conheça a marca que todos desejam e descubra o que a torna diferente das concorrentes. Desafio superado! FIM DO DéFICE Fique a par das metas para a nova política habitacional. Uma empreitada que corre a bom ritmo

Upload: comunicare

Post on 22-Mar-2016

404 views

Category:

Documents


29 download

DESCRIPTION

Elisabeth Simbrão é a representante de Angola na União Europeia. A análise da Europa face à necessidade de investimento atual e ao papel do angolano no continente

TRANSCRIPT

ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES

ANO IV - SÉRIE IIREVISTA Nº09 - 2012—3,50 EUR450 KWZ5,00 USD—ISSN 1647-3574

· Nº0

9 · 20

12

Diplomata na Bélgica, Luxemburgo e Holanda, Elisabeth Simbrão é também a representante do país na UE. A análise da Europa face à necessidade de investimento atual e ao papel do angolano no continente

embaixadora de angola elizabeth simbrão INFLUENCIARPOLÍTICASEUROPEIAS

De olho em nós O interesse norte-americano

por África não é novo. Mas sabe o que esconde?

Os avanços e recuos de uma nação em mudança

o PaPa Da Pub Consagração é a palavra.

Conheça a marca que todos desejam e descubra

o que a torna diferente das concorrentes.

Desafio superado!

Fim Do DéFiceFique a par das metas

para a nova política habitacional.

Uma empreitada que corre a bom ritmo

2012 03

04 2012

SUMÁRIO

Esta revista é escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

envie as suas para o seguinte endereç[email protected]

Espaço LEitor—Talento imenso da nova geração musical angolana. Vale muito a pena ouvir e expandir a música da Aline Frazão. Ruca ReboRdão

—Fernando Alvim é o orgulho de todos os Angolanos e Africanos. É o verdadeiro Embaixador da Cultura africana e em particular da nossa Angola. É esta nossa cultura que ele valoriza e que defende os nossos valores de um povo orgulhoso da sua cultura. Rui alvim de FaRia

—Quero agradecer a Fernando Alvim. Obrigado pelo contributo que tem dado à cultura angolana. albeRto botelho

—Linda Aline! Sucesso, muito sucesso!Marta Romero GuerreiroAdoro a tua música Aline Frazão! Xana maRinhas

—O Festival de Jazz de Luanda foi muito fixe! Eu estive lá e confirmo que foi um grande espetáculo. A produção está de parabéns! evandRo almeRindo

—Quero dar os meus parabéns a José Armando Sayovo. Uma força da natureza, um grande atleta e um orgulho para a nossa nação. Mais uma vez fez história e surpreendeu o mundo ao ganhar duas medalhas nos Paralímpicos. Espero que não desista do atletismo. O desporto adaptado precisa destes talentos. manuel costa

—Aconselho todos a conhecerem melhor Anastácio Roque. Muito interessante a entrevista que ele deu à Angola’in. Revela que tem espírito empreendedor e boas ideias para a nossa economia. Precisamos de mais empresários com este perfil. Raúl simões

68

18in Foco

obama ‘dEsEja’ África

inovaÇão&desenvolvimentoprimEiro parquE EóLico—tombua, no namibe, é a região escolhida para albergar o primeiro parque eólico de angola, um dos maiores do continente. nesta edição, as energias limpas estão em destaque e a sustentabilidade ambiental promete revolucionar o mercado elétrico

—É inegável a gradual importância geoestratégica do continente africano. com o crescimento económico e infraestrutural de vários países, as grandes potências mundiais não ficam indiferentes a estes acontecimentos. É o caso dos eua, que olham para África como um parceiro à altura e como o mais recente trunfo de barack obama na corrida às presidenciais americanas

2012 05

081 014

50587286

28

42

62

mosaico

inside

mundo

um dia com...

FotoRePoRtaGem

desPoRto

liFe&stYle

economia&neGócios a grandE muraLha vErdEa desertificação africana é uma crescente preocupação para todas as forças governamentais, que estão empenhadas em levar o desenvolvimento económico às regiões mais esquecidas da civilização e em combater a pobreza. o deserto do saara e o poder económico da zona estão em destaque na angola’in

maRcas ida força da unitELÉ o maior anunciante na imprensa e na televisão. conheça as razões que levam o gigante dos operadores mó-veis a investir tanto em publicidade e porque não descuram a comunicação com o exterior nem por um segundo!

aRQuitetuRa&constRuÇãomaior pLano púbLicodentro de dois anos, o Plano nacional do urbanismo e habi-tação fica concluído. neste mês fazemos o balanço da exe-cução de uma medida governamental que representa um pesado investimento na melhoria das condições de vida. até 2014, cada município terá no mínimo 200 casas sociais

46sociedade

quantos somos? —esta será apenas uma das muitas perguntas do recenseamento demográfico e habitacional, que irá recolher informações sobre a atual realidade nacional. o questionário irá percorrer o país em 2013. entretanto, o instituto nacional de estatística está a realizar o censo-piloto em algumas regiões, durante este mês. a importância do estudo da população é um dos grandes temas deste número

06 2012

www.comunicare.pt

AngolARua Rainha Ginga, nº 228 – 2º andarMutamba – LuandaTEL 923 416 175 / 923 602 924

PortugAlParque Tecnológico Inova.GaiaAvenida Manuel Violas, nº 476 – Sala 214410-136 São Félix da MarinhaVila Nova de GaiaTEL 00 351 222 431 902

www.revistaangolain.com

Diretor geralDaniel [email protected]

Direção EditorialManuela Bá[email protected]

Direção de researchANGOLA - Lisete [email protected] - Jorge [email protected]

Coordenador de projetos especiaisTiago Vidal Pinheiro

Coordenação EditorialPatrícia Alves [email protected]

gestão de Conteúdos life & StyleCarla [email protected]

gestão de Conteúdos DesportoLuís Freitas [email protected]

redaçãoIsabel Santos · Maria Sá

ArteBruno Tavares · Patrícia [email protected]

FotografiaPaulo Costa Dias [editor]Shutterstock

Serviços Administrativos e AgendaPatrícia [email protected]

PubliCiDADEInterpublishingContacto: Isabel AzevadoTel: 00351 217 937 205isabel.azevedo@interpublishing

impressãoPeres-Soctip Indústrias Gráficas S.A

Distribuição Angola – Green LinePortugal – Logista Espanha – Expedição

tiragem10.000 exemplares

AssinAturAs

[email protected]

1 Ano 12 números - 42€ 30€

2 Anos 24 números - 84€ 60€

desconto

ASSINE JÁ!30%

EDITORIAL

Esta revista utiliza papel produzido e impresso por empresa certificada segundo a norma ISO 9001:2000 (Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade)06 2012

—ISSN 1647-3574DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09—Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais

Este mês foi marcado por um vídeo no You Tu-be em que se divulga uma imagem caricata de Maomé. “A Inocência dos Muçulmanos”, é o trailer anti-islâmico, de 13 minutos, respon-sável por várias revoltas em diferentes partes do mundo. As manifestações que gerou foram co-responsáveis pela morte do embaixador e de mais dois funcionários da embaixada dos EUA na Líbia. Um facto que marcou a atu-alidade e disseminou-se de forma viral, ao ponto de replicar ainda mais as crenças dos radicais muçulmanos.

A questão de facto não é o vídeo, mas a utili-zação que fizeram dele e sobretudo as conse-quências diretas que causa, pois rapidamente se transmitiu a ideia (errada) de que todo o ocidente compartilha, promove e assiste a este juízo de valor. Uma manipulação mais perigosa do que o próprio filme, uma vez que muitos grupos aproveitam o seu sentimento anti-ocidental para angariar apoio para as suas causas políticas. O mesmo funcionou co-mo uma espécie de combustível, contudo o seu conteúdo nunca chegou a existir, pelo menos como foi largamente anunciado pela impren-sa internacional. Mas aí já era tarde. Em Sin-gapura, após pedido do governo, o You Tube retirou o vídeo para acesso naquela região, a que se seguiu o seu bloqueio na Índia, Indoné-sia, Malásia, Líbia e Egito.

Os vídeos do filme circularam na internet durante semanas antes do surgimento dos protestos. Neles, o profeta muçulmano Maomé é retratado várias vezes como um mulherengo, homossexual, molestador de crianças, falso religioso e sanguinário

Mais recentemente, houve o anúncio do pre-sidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em Washington, em que o mesmo afirmou: “ justiça será feita”. O governante condenou o ataque “ultrajante” e “chocante” ao consula-do americano em Benghazi, na Líbia, dizendo que “não há justificativa para essa violência”. Apesar do acontecimento, Obama reforçou que não vai romper com este país. “Não se enganem, nós vamos trabalhar com o governo líbio para levar à justiça os assassinos que atacaram o nosso povo”. Discurso que deixou o mundo em suspenso.

Ora, esta edição traz à superfície um tema muito importante: os interesses dos EUA em África e no Médio Oriente. A sua hegemo-nia nesta região é, cada vez mais, evidente, no entanto o Pentágono continua a defender uma posição de ‘sombra’. Na política exter-na do país, que vai a votos em novembro, o continente é marcado como primordial. Estes últimos acontecimentos incitam ainda mais essa vontade, por uma questão de segurança nacional e de interesses económicos em vários estados africanos. Entretanto, publicamente o governo norte-americano condena todos os atos de violência e mantém-se à margem de todas as polémicas.

O ataque à embaixada foi um protesto evi-dente contra as mensagens que rotulam o islamismo de ‘cancro’. Resta-nos esperar a continuidade das suas consequências, sem no entanto deixarmos de estar atentos à mo-vimentação destes países face ao papel dos EUA no mundo, designadamente em África.

A Direção

“Justiça será feita”

2012 07

AssinAturAs

[email protected]

1 Ano 12 números - 42€ 30€

2 Anos 24 números - 84€ 60€

08 2012

MoSAiCo Manuela Bártolo

2012 09

—A corrida eleitoral rumo à Casa Branca está na meta final. Em

novembro, os americanos vão às urnas decidir se mantêm Barack Obama no cargo de presidente ou se colocam um republicano no seu

lugar. Ambos os partidos estão a postos e têm pela frente o árduo desafio de convencer eleitores descrentes de que a situação económica

do país pode ser resolvida a curto prazo.Na imagem, uma democrata mostra a sua confiança. Se o opositor

republicano Mitt Romney tem tido alguns apoios de peso, como Clint Eastwood, as hostes de Obama ganharam um novo fôlego nos últimos

meses. As sondagens dão uma vantagem muito ligeira ao primeiro, pelo que qualquer resultado é possível.

A eleiçãodo Ano

10 2012

inSiDE Patrícia Alves Tavares

Primeiro cartãode frota—A Sonangalp acabou de lançar o primeiro cartão nacional de combustíveis. O Sonangalp Frota é resultado de uma parceria com o banco KEVE e destina-se exclusivamente ao mercado empresarial. Trata-se de um cartão pré-pago, que recorre à plataforma da EMIS e vai possibilitar a gestão das frotas e uma maior eficiência no controlo das despesas em transporte. Os condutores não têm necessidade de transportar dinheiro e as transações são efetuadas com base em SMS e um extrato de conta associado.

mestrado agrário em 2013—A província do Huambo vai disponibilizar a partir do próximo ano um curso de mestrado em Agronomia e Recursos Naturais. A formação decorrerá na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade José Eduardo dos Santos, com sede na região, em parceria com o Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (Portugal). O curso terá a duração de dois anos e é subdividido nas especialidades de desenvolvimento rural, recursos naturais e engenharia rural. As inscrições já terminaram, pelo que se contabiliza meia centena de candidatos. No entanto, existem apenas 40 vagas destinadas a licenciados com média mínima de 14 valores. A seleção inclui ainda avaliação da experiência profissional.

auto sueco investe 40 milhões—A internacional Auto Sueco vai apostar na expansão da sua rede pós-venda no território nacional. O alargamento da cobertura geográfica vai custar 40 milhões de dólares e visa implementar uma maior proximidade com os clientes e promover a qualidade do serviço mediante uma resposta célere e assistência eficaz. A empresa, especializada na venda de peças para camiões, automóveis, autocarros, grupos de geradores e motores marítimos, pretende abrir até ao final do ano instalações em Malanje e expandir para Viana, Huambo, Cabinda e Uíge, nos próximos cinco anos.

mais Passageirosna taag—A ligação Luanda – Porto iniciou há apenas um ano e quase que duplicou no transporte de passageiros. Segundo dados da empresa, em julho transportou 4275 passageiros, registando um crescimento de 43% face ao período homólogo de 2011. Contudo, entre julho do ano anterior e 15 de agosto a estimativa aponta para cerca de 40,5 mil passageiros, estando ainda abaixo da estimativa da empresa aquando do lançamento da rota, que apontava para 50 mil pessoas/ano.

inaugurada Pediatria—É a primeira clínica pediátrica da província do Huambo. O equipamento, que custou 250 mil dólares, foi erguido por privados e inaugurado em agosto pelo diretor provincial da Saúde, Frederico Juliana. São Cosmo coloca ao dispor da população laboratório, consultório, berçário e enfermaria e vai atender crianças e jovens dos zero aos 14 anos. A clínica, que incorporará o Programa Alargado de Vacinação, será a segunda do país a administrar as vacinas prevenar e de meningite C.

4 mil emPregos —Augusto da Silva Tomás, ministro dos Transportes, anunciou que a conclusão das três linhas de Caminhos-de-Ferro vai possibilitar a criação de quatro mil postos de trabalho a curto prazo. Com a finalização das infraestruturas ferroviárias, o responsável referiu que há a possibilidade de alargar o projeto a países vizinhos, de modo a ligar a nação à República Democrática do Congo, Zâmbia e Namíbia. A hipótese poderá ser realidade a longo prazo.

2012 11

a nova Baía—Foi há um mês que José Eduardo dos Santos, Presidente da República, cortou a fita inaugural da nova marginal da Baía de Luanda. O projeto, que resultou da sociedade Baía de Luanda (que detém como principais acionistas a Sonangol, Banco Privado Atlântico, Banco Comercial Português e FiniCapital), tem 147 mil metros quadrados de espaços pedonais, 3,1 quilómetros de passeio marítimo e de ciclovia. A obra custou 36 mil milhões de Kwanzas e a execução durou 30 meses. A envolvente da capital passa agora a oferecer à população três parques infantis, três de desporto, cinco campos de street basket e cinco espaços para diversos eventos.

mediateca em Benguela—A segunda mediateca do país já está a funcionar. Depois de Luanda, seguiu-se Benguela após 13 meses de obras. A nova infraestrutura integra o projeto governamental que visa a construção de 25 bibliotecas multimédia até 2016. Com capacidade para atender 250 pessoas, corresponde a um investimento de 700 mil dólares e está dotada com 500 pontos de rede, 150 computadores, dez mil livros, 350 mil conteúdos eletrónicos e cinco mil DVDs.

eleições com novo sistemade comunicação—A votação presidencial deste ano contou com uma novidade eletrónica. No Uíge, dias antes das eleições, foi implementado um novo sistema de comunicação para os eleitores. O equipamento implantado na província permitiu à população encontrar com facilidade (e maior rapidez) o seu novo local de voto, através da inserção do cartão de eleitor no sistema que em poucos minutos imprime um documento com a localização da assembleia e mesa de voto. Os quiosques foram instalados nas regiões de maior densidade populacional, nomeadamente no Uíge, Quimbele, Damba, Songo, Negage e Maquela do Zombo.

huamBo ganha PolidesPortivos—Dois polidesportivos foram reabilitados nos últimos meses, no Huambo, com o objetivo de massificar a prática das várias modalidades e dar melhores condições aos atletas da região. Na prática, o governador da província, Fernando Faustino Muteka, apresentou à comunidade duas quadras desportivas adjacentes ao pavilhão multiusos, que sofreram diversas obras nos últimos quatro meses. A obra decorreu no âmbito do Programa de Investimentos Públicos (PIP) e custou 30 milhões de Kwanzas, que foram usados igualmente para distribuir material desportivo pelas diversas associações desportivas da região.

Provedoria inaugura instalações—A Provedoria de Justiça inaugurou o novo edifício sede, que reúne todas as condições para acolher os 300 funcionários da instituição. A ministra da Justiça, Guilhermina Prata, presidiu ao ato e destacou a importância do organismo enquanto meio independente que está ao serviço da defesa do cidadão e preservação dos seus direitos. Orçada em 30 milhões de dólares, a infraestrutura foi erguida pela construtora lusa Mota Engil e dispõe seis pisos.

águas residuais tratadasem luanda—Custou nove milhões de dólares e evitará que a lama e lixo oriundos do processo de lavagem de filtros e decantadores da estação de captação, tratamento e distribuição de água de Kifangondo sejam despejados no rio Bengo. A recém-inaugurada estação de tratamento de águas residuais do Cacuaco vai reduzir a poluição do referido rio, através do tratamento das águas. O equipamento é composto por tanques que separam a lama da água e que reutilizam a lama em adubos para a agricultura e cerâmica. No Kikuxi e nos Mulenvos estão em conclusão duas infraestruturas semelhantes.

12 2012

inSiDE

sociedade civil envolvida no comBate do hiv—A Rede Angolana das Organizações Não-Governamentais de Luta contra o HIV-Sida (Anaso) elaborou um projeto de apoio às comunidades na prevenção da doença. O plano “Sociedade civil e prestação de serviço de base comunitária para prevenção dos cuidados e apoios” será lançado em breve e levará cinco anos a ser implementado. Com um orçamento de 15 milhões de dólares, o programa vai facilitar o desenvolvimento de ações de informação e educação das populações, alertando para os perigos da doença e necessidade de cuidados de saúde. O projeto foi concebido com base nas conclusões da XIX Conferência Internacional sobre Sida, que decorreu em Washington (EUA).

Presidente condecorado—Vladimir Putin, presidente da Rússia, condecorou o recém-eleito presidente José Eduardo dos Santos com a “Ordem de Honra”. Trata-se de uma das mais importantes condecorações atribuídas por aquele país e que destaca o líder angolano pela sua reeleição para um mandato de mais cinco anos. «Atribuímos esta condecoração a José Eduardo dos Santos pelo grande contributo dado ao desenvolvimento das relações entre a Rússia e a República de Angola», lê-se no comunicado lançado pelo gabinete de Putin. A Rússia já tinha atribuído a “Ordem da Amizade”, em 2006, ao presidente.

Professores formadosem Benguela—A curto prazo, Benguela terá 18 salas para formar mais de 600 professores. A construção da escola de formação Comandante Kwenha, no Lobito, está quase concluída, embora a empresa responsável pela obra ainda não tenha adiantado uma data para entrega da empreitada. O espaço tem 18 salas de aula, duas para o ensino de línguas, três laboratórios e duas para formação específica. O governo provincial espera formar mais de1500 docentes por ano letivo.

2 Biliões de dÓlaresinvestidosPela chevron—“A produção do campo Lianzi terá início em 2015 e os investimentos serão de 2 biliões de dólares”, anunciou o porta-voz da Chevron, em declarações à Reuters. A empresa quer investir no campo petrolífero que se situa na fronteira marítima entre a República do Congo e Angola, que tem reservas de mais de 70 milhões de barris e cujas receitas serão divididas de forma igualitária entre os dois países.

hemodiálise em novemBro—Em novembro, o centro de hemodiálise do Hospital Geral do Huambo abre ao público, permitindo que os pacientes possam receber tratamento na sua área de residência. Até então tinham que se deslocar à capital. O espaço, que poderá atender diariamente 40 pacientes, estará ao dispor dos doentes das regiões limítrofes, nomeadamente Bié, Kuando Kubango e Kwanza Sul.

vietname mais Perto—Ba Khoa, diplomata vietnamita em Angola, acredita que a abertura de uma embaixada no Vietname vai contribuir para o incremento das relações diplomáticas entre os dois países. No momento, estão em estudo oportunidades de cooperação em áreas como a agricultura, formação profissional, ciência e tecnologia. Entretanto, o governo vietnamita atribuiu as primeiras cinco bolsas a estudantes angolanos que desejem estudar agricultura naquela nação.

2012 13

14 2012

MunDo Patrícia Alves Tavares

Madrid dá lugar a videojogo—A Las Vegas Sands, operadora norte-americana de videojogos, escolheu a comunidade de Madrid para construir o seu novo projeto, o “Eurovegas”. As localidades de Paracuellos del Jarama/Torrejón, Alcorcón e Valdecarros foram as que demonstraram interesse em participar no novo jogo. A empresa irá investir 17 mil milhões de euros na criação do complexo “Eurovegas” e criar 260 mil empregos. Contudo, a empresa ainda não escolheu a localização exata para implantar o projeto que vai contar com seis casinos, 12 hotéis, um centro de convenções, três campos de golfe, centros comerciais, bares e restaurantes. O “Eurovegas” deverá estar concluído em 2022 e conta com o apoio do empresariado e turismo espanhol. De registar que ecologistas e lideres sindicais mantêm a sua oposição ao plano da Las Vegas Sands.

Cabo verde e Portugal CooPeraM—Vigorará no triénio 2012-2014 e é o Programa Indicativo de Cooperação (PIC), um plano de cooperação entre Portugal e Cabo Verde. Os dois países assinaram ainda um protocolo nas áreas de Formação Diplomática e do Intercâmbio de Informação e Documentação, com o intuito de reforçar as relações bilaterais. Os documentos foram rubricados pelo ministro luso das Relações Exteriores, Paulo Portas e o seu homólogo cabo-verdiano Jorge Borges.

Cabo verde reCebe arrozdo brasil—A fundação cabo-verdiana Ação Social Escolar, FICASE, recebeu uma doação do governo brasileiro. No total, são 300 toneladas de arroz a distribuir pelas crianças das escolas do ensino básico e dos jardins-de-infância durante o ano letivo 2012/13. O donativo surge no âmbito da cooperação Brasil/ Cabo Verde.

China CoMPra títulos euroPeus—A China vai continuar a comprar títulos do Tesouro da União Europeia. A notícia foi divulgada pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que disse ter avaliado plenamente os riscos do investimento. A UE é o maior parceiro comercial da China.

Feira da águaeM Cabo verde—A Ilha de São Vicente, em Cabo Verde, organizou a Feira da Água com o intuito de sensibilizar os habitantes para um uso racional da água. Empenhada em formar e apostar na educação ambiental, a Agência de Fomento à Ocupação e Animação (AFOCA) organizou o certame, que decorreu no mês passado.

2012 15

Projeto de turisMoeM salvador—A comunidade de Salvador, no Brasil, e a prefeitura local estão a implementar o plano “Turismo Afro no Candeal”. Trata-se de um projeto que se destina a incentivar a promoção do turismo na região, que deverá assumir um papel de destaque no desenvolvimento sustentável da localidade, criação de emprego e de receitas para a comunidade. A ação conta com o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional ao Desenvolvimento (AECID), da Agência Brasileira de Cooperação e de associações do Candeal.

olho bióniCo eM huManos—Pela primeira vez na história da ciência, uma equipa de cientistas australianos implantou o primeiro protótipo de olho biónico numa mulher. Caso tenha sucesso, este equipamento poderá devolver a visão a muitos cegos. O aparelho foi desenhado para pacientes que tiveram uma perda de visão degenerativa e hereditária, causada pela retinite pigmentosa. É implantado no globo ocular e tem uma pequena câmara que envia as imagens captadas para um processador. O dispositivo emite um sinal dentro da retina que estimula os neurónios vivos e envia imagens ao cérebro. Um mês depois da cirurgia, a paciente já tem reação visual. O olho biónico foi desenvolvido por uma empresa apoiada pelo Governo australiano e continuará a ser melhorado até permitir a recuperação de uma visão perfeita.

onu Pode aPoiar guiné-bissau—As Nações Unidas estão prontas para apoiar a Guiné-Bissau na estabilização do país. “Quero assegurar-vos que a organização das Nações Unidas está pronta, em estreita colaboração com os outros parceiros internacionais, a seguir e apoiar a Guiné-Bissau e o seu povo nos seus esforços rumo à Paz, Estabilidade e Desenvolvimento”, anunciou o representante da ONU naquele país, Joseph Moutaboba. O responsável acredita que é urgente criar um ambiente propício e um diálogo inclusivo. Para tal, vai reunir com parceiros internacionais da Guiné-Bissau no sentido de encontrarem soluções para a nação.

1 Milhão Por Miró—“O lagarto de plumas de ouro” é a mais recente obra a ser leiloada por um valor histórico. Pintado por Joan Miró, em 1969, o quadro pertencia à coleção do ator francês Gérard Depardieu e foi vendido pela leiloeira Christie’s, em Paris. Com um valor estimado entre 700 e um milhão de euros, a obra foi licitada por 1.050.600 euros. Desconhece-se a identidade do comprador, que adquiriu o quadro por telefone.

sabia que…—Em setembro, a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) organizou um ciclo de cinema lusófono. Intitulada “5 Domingos | 5 Filmes”, a iniciativa decorreu em Cascais, na Casa Seis, e apresentou películas da Guiné-Bissau, Angola, Portugal, entre outros.

CPlP dinaMiza língua Portuguesa—Edleise Mendes, presidente da Sociedade Internacional de Português- Língua Estrangeira, considerou num colóquio em Pequim (China) que o interesse pelo português é um avanço da CPLP (Comunidade dos Países da Língua Portuguesa). “O sucesso económico do Brasil e Angola está a puxar internacionalmente pelo interesse pelo português”, indicou, lembrando que é um “avanço conjunto” da comunidade. “Estamos a viver o ‘boom’ do português e a crescer como bloco cultural e linguístico”, reforçou, lembrando que há “mais de 250 milhões de falantes de português no mundo” e que os próximos acontecimentos desportivos agendados para o Brasilvão incrementar a dinamização língua.

16 2012

MunDo

brasil reduz Preço de energia—É já no próximo ano que o preço da eletricidade vai baixar 16,4% no Brasil. Dilma Rousseff, presidente brasileira, anunciou no dia da independência do país (celebrado a 7 de setembro) que para o setor produtivo será implementada uma redução de 28%. A medida visa incentivar a competitividade do país, que passa a fazer parte do modelo de crescimento, estabilidade e inclusão. A proposta destina-se a ajudar os empresários que se dedicam à exportação e as indústrias, enquanto forma de reduzir custos e impedir mais despedimentos no setor privado.

ouro nos jovaleM vaCa—É a recompensa mais insólita da última edição dos Jogos Olímpicos de 2012. Os atletas sul-africanos que alcançaram a medalha de ouro em remo na competição que decorreu em Londres receberam uma vaca quando regressaram ao país. Sizwe Ndlovu e Matthew Brittain escolheram dois bezerros da fazenda Scannel e mostraram-se encantados com o prémio, avaliado em cerca de 700 euros. Sizwe Ndlovu vai levar o ‘troféu’ para a quinta de uns amigos, em Pietermaritzburg, e o colega irá deixar a bezerra numa exploração em Lydenburg.

rússia quer Mais CoMérCio—Os líderes dos países do Fórum para a Cooperação Económica da Ásia-Pacífico (APEC) consideraram no último encontro que o comércio é o elemento chave para impulsionar o crescimento económico. A reunião decorreu na Rússia e o presidente aproveitou a ocasião para pedir a supressão das barreiras que atualmente colocam entraves ao livre comércio, considerando que é importante construir “pontes, não muros”. “A principal mensagem que precisamos enfatizar é que, para superar esta crise, o que o mundo necessita hoje em dia, é mais comércio, não menos”, considerou, por sua vez, Calderón, presidente mexicano e que integra atualmente o G20.

Kosovo é soberano—A antiga província da Sérvia, o Kosovo é desde setembro um Estado soberano. Foi a 10 do último mês que o Grupo Internacional de Orientação anunciou em Pristina a sua dissolução colocando termo a quatro anos e meio de período transitório. O fim da “vigilância internacional” do país foi decretado em julho pelo International Steering Group, após considerar que o Kosovo deu provas do seu “sólido apoio a um Estado democrático e multiétnico”.

MediCaMentos Para Pediatria de MaPuto—A primeira-dama portuguesa, Maria Cavaco Silva, ofereceu medicamentos e um parque infantil ao departamento de pediatria do Hospital Central de Maputo, em Moçambique. A doação contou ainda com o apoio da construtora lusa Mota-Engil e de várias farmácias de Portugal. As crianças do orfanato que integra a unidade receberam ainda uma ludoteca. “Portugal tem de se incluir na colaboração com Moçambique, não só pelos laços históricos, mas também afetivos. Estamos numa fase de recuperação dos reencontros no âmbito da cooperação. É das pequenas coisas, como esta, que se fazem as grandes caminhadas”, exemplificou a responsável que esteve no país acompanhada pelo marido, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

“Message in a bottle”—Foi na costa do Reino Unido que apareceu a garrafa com a mensagem mais antiga do mundo. A garrafa, que esteve à deriva durante 97 anos e 309 dias, foi encontrada por um escocês que ‘pescou’ a mensagem com as redes do seu navio. A descoberta faz já parte do recorde do Guinness e o teor do conteúdo indica que faz parte de um estudo científico que se dedicava à pesquisa das correntes marítimas à volta da Escócia. Lançada em junho de 1914, a mensagem pedia a quem a encontrasse para registar a sua localização e que a enviasse para a Escola de Navegação de Glasgow, tendo como recompensa “six pence”, o equivalente a um euro. A garrafa apareceu a 17 quilómetros do local de lançamento.

2012 17

18 2012

Manuela Bártoloin FoCo

Na altura, Obama falou sobre as novas oportunidades para África, sobretudo durante a sua visita ao Gana, em 2009. Com base nestas promessas, a Casa Branca lançou uma nova estra-tégia para o continente, prome-tendo fortalecer a democracia e estimular o crescimento econó-mico através do comércio e do investimento. Embora a estraté-gia mencionasse a importância de combater a Al-Qaeda nos paí-ses africanos, o documento não continha nenhuma referência específica ao papel da AFRI-COM - organismo sob o coman-do dos EUA, criado em 2007 pelo então presidente George W. Bush. Durante a adminis-

As relAções comerciAis mAntidAs entre Pequim e os diferentes PAíses AfricAnos crescerAm de us $ 10.6bn, em 2000, PArA us $ 160 biliões, no Ano PAssAdo. em comPArAção, o comércio dos euA com A ÁfricA foi de us $ 38.6bn, em 2000, mAs só tinhA crescido PArA us $ 125.9bn, Até 2011.

tração Obama, o país expandiu a sua presença militar e a sua operação de inteligência secre-ta em todo o continente, estabe-lecendo uma série de pequenas bases para lançar missões de espionagem e ataques aéreos em grupos organizados como o Al-Shabab, na Somália. Tropas norte-americanas foram sendo implantadas, designadamente no Uganda, país onde procu-ram por Joseph Kony, o líder do Lords Resistance Army (LRA). Uma constatação que faz prova do número crescente de empre-sas militares privadas que ope-ram em África. Em simultâneo também a China tem vindo a construir laços estratégicos e

comerciais com este continente rico em recursos. Este país ultra-passou os EUA nos últimos anos para tornar-se hoje o maior par-ceiro de África ao nível do co-mércio bilateral.

continente nA rotA dos euAPara os EUA os diferentes países africanos representam ‘a nova rota das especiarias’ – uma ho-menagem à rede de comércio medieval que ligava a Europa, África e Ásia. Apesar da ligação atual nada ter a ver com canela, cravo ou sedas, a verdade é que o continente se transformou para esta superpotência numa enor-

me ‘autoestrada’, tendo-se vin-do a instalar por intermédio de camiões e navios de transpor-te de combustível, alimentos e equipamentos militares, infra-estruturas de ligações terrestres e marítimas, redes de postos de abastecimento e aeródromos, que possibilitaram um rápido crescimento e manutenção da sua presença militar em África.

Ao longo dos últimos anos têm-se realizado inúmeras missões de treino e exercícios militares conjuntos em países que a maio-ria dos norte-americanos não consegue localizar no mapa. Aos portos a leste do continente che-gam regularmente contentores

2012 19

Manuela Bártolo

lutA DE obAMA Por ÁFriCADia 6 De Novembro o muNDo vai parar para assistir à eleição presiDeNcial Dos eua. barack obama, elegível para um seguNDo e último maNDato, NomeaDo pelo partiDo Democrata, será muito provavelmeNte o caNDiDato veNceDor. à memória vem a eleição, pela primeira vez Na história Do país, De um presiDeNte com um pai queNiaNo. um facto sauDaDo por eNtre ceNas De Júbilo No quéNia, em 2008.

quais são os objEtivos do africom?a política externa norte-americana esteve sempre cercada de polémicas durante os dois mandatos de george W. bush à frente da casa branca. invasões ao afeganistão e ao iraque, ações no médio oriente, apoio a israel. muitos são os episódios já conhecidos em que houve resistência às operações dos eua e que incluem a visita a áfrica. Na altura, o objetivo declarado das passagens por benin, tanzânia, ru-anda, gana e libéria foi o combate à aiDs, malária e a intensificação de diálogos para o fim de conflitos noutros países do continente. De acordo com bush, os destinos escolhidos representam países conside-rados como exemplo para a democracia atual. o pro-pósito principal, porém, seria iniciar as negociações para a instalação do africom, um comando militar norte-americano na região.

atualmente, este posto avançado fica em stuttgart, na alemanha, mas há planos de transferi-lo para o continente africano, o que ainda não ocorreu por con-ta das inúmeras polémicas já citadas. a começar pelo seu verdadeiro propósito: qual a sua função real? es-tudos apontam que, até 2015, cerca de 25% de todo o petróleo consumido nos eua será produzido em áfrica. um motivo certamente importante para que a região comece a ser analisada com mais atenção pe-los norte-americanos. No gana, antes mesmo de ser perguntado sobre o assunto, bush classificou como “um disparate” as afirmações que relacionam os in-teresses dos estados unidos às reservas petrolíferas.

a casa branca sustenta oficialmente que o objetivo é treinar forças de paz para ajudar missões no conti-nente, castigado por seguidas guerras civis, violên-cia e ditaduras sem fim. a verdade é que, apesar dos nobres propósitos do projeto, o africom é visto no continente como uma grave ameaça à soberania dos países, a ponto de apenas a libéria ter declarado sua intenção de hospedar a base. o país é o maior aliado norte-americano entre as 53 nações da região. ou-tro importante reflexo da anterior visita de bush é sinalizar aos africanos que os eua também podem oferecer ajuda e acelerar o desenvolvimento, como a china já faz. os chineses empenham-se em cons-truir pontes e melhorar as infraestruturas de países castigados com a miséria, abastecendo-se na região com petróleo e minérios para alavancar o seu de-senvolvimento.

a aproximação com os africanos mostra à china que os eua também terão papel de destaque no con-tinente, mas bush rejeitou a ideia de taxar as duas nações como rivais na região, salientando que há espaço para ambas e que os africanos certamente sairão a ganhar com as duas presenças na região. entretanto, certamente a mudança do africom pa-ra terras africanas garantiria mais autonomia e po-deria oferecer aos americanos excelentes vantagens comerciais no futuro. resta é sabe atualmente qual a posição que obama irá tomar e de que forma irá tratar o tema. aguardaremos pelas novas eleições e o novo plano estratégica de política externa desta superpotência.

INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO

0-15%

15-30%

30-40%

ACESSO À ELETRICIDADE

FONTES: OECD E BANCO AFRICANO DE DESENVOLVIMENTO

[NÚMEROS] VALORES MÉDIOS ANUAIS ENTRE 2003-2008 EM USD MILHÕES

8-10

6-8

8-10

4-6

2-4

2-4

2-41-2

0-1

0-1

0-1

0-1

0-10-1

0-1

0-10-1

0-1 0-1

0-1 0-1

0-1

0-1

0-1

0-10-10-1

0-1

0-10-1

0-1

0-1

0-1

0-1

0-10-1

0-1

0-1

0-1

0-1

0-1

1-21-21-2

2-4

0-1

0-10-1

0-1

40-50%

50-100%

INFORMAÇÃO NÃO DISPONÍVEL

PRINCIPAIS PROJETOS DE INFRAESTRUTURAS

CAMPOS DE PETRÓLEO E DE GÁS

DEPÓSITOS MINERAIS

LARGA CONCENTRAÇÃO DE PEQUENAS REPRESAS PARA IRRIGAÇÃO

NOVOS PROJETOS DE EXPLORAÇÃO EM ÁGUAS PROFUNDAS

PRINCIPAIS LINHAS ELÉTRICAS EXISTENTES

TUBOS DE PETRÓLEO E GÁS

CONSTRUÇÃO, RENOVAÇÃO OU ALARGAMENTO DE ESTRADAS, AUTOESTRADAS, CAMINHOS DE FERROS E PRINCIPAIS SISTEMAS DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA—LINHA DE COMBOIO DE ALTA VELOCIDADE TANGIERS-CASABLANCA-MARRAKESHLINHA DE COMBOIO DE ALTA VELOCIDADE E AUTOESTRADA LESTE-OESTEMAIOR RIO ARTIFICIAL (SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA)SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA IN-SHALAH-TAMANRASSETAUTOESTRADA ADDIS ABABA-NAIROBI-MOMBASAFAIXA SUDÃO DO SUL-ETIÓPIA-QUÉNIA (ESTRADAS, AUTOESTRADAS, CAMINHOS DE FERRO)CORREDOR CENTRAL AFRICANO: MATADI-DAR ES SALAAM E KISANGANI-KAMPALA-MOMBASA [CAMINHOS DE FERRO, ESTRADAS, REDES DE ENERGIA ELÉTRICA]MAIOR PROJETO DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA_ LESOTO-JOANESBURGO FONTE: LE MONDE DIPLOMATIQUE – EDIÇÃO INGLESA

GEOGRAFIA UTILITÁRIA DE ÁFRICA

REDES FRAGMENTADAS DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA

OCEANO ATLÂNTICO

GOLFO DA GUINÉ

OCEANO ÍNDICO

12

4

3

56

7

81234567

8

estudos APontAm que, Até 2015, cercA de 25% de todo o Petróleo consumido nos euA serÁ Produzido em ÁfricA

20 2012

in FoCo

afirmou existirem “mais de dois mil militares norte-americanos neste posto”. “A AFRICOM pre-sente em Camp Lemonnier é a combinação de uma Força Con-junta - Corno da África. (Combi-ned Joint Task Force — Horn of Africa (CJTF-HOA). Os esforços deste organismo estão concen-trados na África Oriental e têm como objetivo trabalhar em con-

junto com as nações parceiras, de forma a ajudá-las a fortalecer as suas capacidades de defesa”, explicou. Este responsável refe-riu que a presença militar dos EUA no continente procura fa-cilitar as diferentes atividades levadas a cabo junto dos países parceiros, pelo que as “forças en-volvidas são pequenas equipas, com uma presença temporária”.

com material a utilizar nessas missões, muitos deles carrega-dos com camiões que seguem ca-minho por estradas esburacadas em direção a bases empoeiradas e postos distantes. Dire Dawa na Etiópia, Manda Bay, Garissa, e Mombasa, no Quénia; Kampa-la e Entebbe, no Uganda; Bangui e Djema, na República Central Africana; Nzara, no sul do Sudão,

e a base do Pentágono, Camp Le-monnier, em Djibuti, na costa do Golfo de Aden, são alguns dos lo-cais que compõem a rede. De acordo com Pat Barnes, porta-voz do Comando dos EUA para África (AFRICOM), o Camp Le-monnier serve apenas como ba-se oficial dos EUA no continente. Em entrevista recente ao órgão de comunicação TomDispatch,

PRINCIPAIS PROJETOS DE INFRAESTRUTURAS

CAMPOS DE PETRÓLEO E DE GÁS

DEPÓSITOS MINERAIS

LARGA CONCENTRAÇÃO DE PEQUENAS REPRESAS PARA IRRIGAÇÃO

NOVOS PROJETOS DE EXPLORAÇÃO EM ÁGUAS PROFUNDAS

PRINCIPAIS LINHAS ELÉTRICAS EXISTENTES

TUBOS DE PETRÓLEO E GÁS

CONSTRUÇÃO, RENOVAÇÃO OU ALARGAMENTO DE ESTRADAS, AUTOESTRADAS, CAMINHOS DE FERROS E PRINCIPAIS SISTEMAS DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA—LINHA DE COMBOIO DE ALTA VELOCIDADE TANGIERS-CASABLANCA-MARRAKESHLINHA DE COMBOIO DE ALTA VELOCIDADE E AUTOESTRADA LESTE-OESTEMAIOR RIO ARTIFICIAL (SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA)SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA IN-SHALAH-TAMANRASSETAUTOESTRADA ADDIS ABABA-NAIROBI-MOMBASAFAIXA SUDÃO DO SUL-ETIÓPIA-QUÉNIA (ESTRADAS, AUTOESTRADAS, CAMINHOS DE FERRO)CORREDOR CENTRAL AFRICANO: MATADI-DAR ES SALAAM E KISANGANI-KAMPALA-MOMBASA [CAMINHOS DE FERRO, ESTRADAS, REDES DE ENERGIA ELÉTRICA]MAIOR PROJETO DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA_ LESOTO-JOANESBURGO FONTE: LE MONDE DIPLOMATIQUE – EDIÇÃO INGLESA

GEOGRAFIA UTILITÁRIA DE ÁFRICA

REDES FRAGMENTADAS DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA

OCEANO ATLÂNTICO

GOLFO DA GUINÉ

OCEANO ÍNDICO

12

4

3

56

7

81234567

8

2012 21

AvAnços-sombrA

Em 2003, quando o CJTF-HOA foi criado, o acampamento Le-monnier era o único posto avançado dos EUA em África. Desde então, de forma tranqui-la e desapercebida, o Pentágono e a CIA têm disseminado as suas forças um pouco por todo o con-tinente. Hoje - denominações oficiais à parte - os EUA man-têm um número surpreendente de bases em África. Na verdade, o fortalecimento dos exércitos africanos passa a ser uma deno-minação verdadeiramente elás-tica para o que está a acontecer na realidade. Sob a presidência de Obama, as operações no con-tinente aceleraram muito para além das intervenções mais li-mitadas dos anos Bush.

A intervenção do país na guerra ocorrida o ano passado na Líbia, a multifacetada presença da CIA nos diferentes países, que inclui operações de inteligência e trei-no especializado a agentes, ou o fluxo de dinheiro mantido pa-ra operações contra o terroris-mo em toda a África Oriental são alguns exemplos que de-monstram a rápida expansão e influência de Washington nos planos e atividades da região. Para apoiar estas missões, mul-tiplicaram-se não só o núme-ro de operações de treino, mas também a construção de alian-ças e exercícios conjuntos. Pos-tos avançados, de diferentes dimensões, estão a surgir em to-do o continente, conectados por uma extensa rede de logística até ao momento pouco conheci-da. Se de início as bases ameri-canas em África eram pequenas e austeras, a verdade é que estão (aparentemente) cada vez maio-res e permanentes.

imPério AmericAnoApós o fatídico 11/09, a presen-ça militar dos EUA mudou em três regiões principais e de for-ma significativa: no sul da Ásia, Médio Oriente e no Corno da África. Hoje, o país tem uma presença inferior no Afeganis-tão e está lentamente a abando-nar o Iraque. África continua,

no entanto, a ser uma oportu-nidade de crescimento para o Pentágono. Os EUA estão agora envolvidos, diretamente e por procuração, em operações mi-litares e de vigilância contra uma crescente lista de inimigos regionais, nas quais se inclui a al-Qaeda, no Magreb Islâmico do norte da África, o movimen-to islâmico Boko Haram, na Ni-géria; possíveis representações ligadas à al-Qaeda na Líbia, pós-Kadafi; a força de resistência LRA, na África Central, Congo e Sudão do Sul; os rebeldes is-lâmicos no Mali; a Al-Shabaab, na Somália, e os guerrilheiros da al-Qaeda na Península Ará-bica através do Golfo de Aden, no Iêmen. Para fazer face a esta atividade, os planos do país in-tegram uma nova base na nação recém-nascida do Sudão do Sul. Informação que não é confirma-da pela AFRICOM.

Até ao momento sabe-se que este organismo norte-america-no tem programados 14 exer-cícios de treino conjuntos para este ano no continente, que in-cluem operações em Marrocos, Camarões, Gabão, Botswana, África do Sul, Lesoto, Senegal e Nigéria. Atualmente, realiza também treino antiterrorismo e militar na Argélia, Burkina Fa-so, Chade, Mauritânia, Níger e Tunísia. O tamanho das forças

norte-americanas presentes na realização desses exercícios con-juntos e missões de treino flu-tua, mas de acordo com Barnes, “numa base de dimensão média há cerca de 5 mil militares, que podem ser destacados para to-do o continente a qualquer mo-mento”.

Para 2013, está programada a im-plantação de mais tropas nor-te-americanas na região, com diferentes capacidades de res-posta às necessidades do conti-nente. Documentos militares revelam planos para um inves-timento superiores a US $ 180 milhões, o que inclui obras para erguer estruturas modulares de manutenção e instalações de ar-mazenamento de munição. Os mesmos acordos apontam para que, nos próximos anos, o Pen-tágono invista cerca de US $ 50 milhões em novos projetos em África. Dados que confirmam que a presença dos EUA no con-tinente apenas começou.

A disPutA Por ÁfricANum discurso recente, em Ar-lington, Virgínia (EUA), o co-mandante geral do AFRICOM, Carter Ham, explicou o racio-cínio por detrás das operações do país no continente: “o impe-rativo absoluto para o exército

dos Estados Unidos é proteger a América, os americanos e os in-teresses americanos. No nosso caso, para nos proteger das ame-aças que podem surgir a partir do continente africano”. A Al-Qaeda, por exemplo, é uma em-presa global. Combatê-la tem sido um princípio central da po-lítica externa norte-americana por décadas, especialmente des-de 11/09.

No entanto, os acontecimentos dos últimos anos provam que aplicar soluções militares para complexos problemas políticos e sociais tem conduzido regular-mente a consequências impre-vistas. Por exemplo, a guerra do ano passado, apoiada pelos EUA, na Líbia, resultou no regresso de centenas de mercenários tuare-gues bem armados, que tinham lutado pela Líbia autocrata de Muammar Kadafi, ao Mali, on-de ajudaram a desestabilizar o país. Com a administração Oba-ma claramente comprometida na luta do século XXI por Áfri-ca, a possibilidade de sucessivas ondas de oposição cresce expo-nencialmente e este exemplo é apenas o primeiro de muitos que podem surgir. Razão pela qual é importante estar de olho no desenvolvimento do conti-nente e nas ações do exército norte-americano previstas para os próximos anos.

documentos APontAm PArA que, nos Próximos Anos, o PentÁgono invistA cercA de us $ 50 milhões em novos Projetos em ÁfricA

22 2012

EConoMiA&nEgÓCioS Manuela Bártolo

O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que Angola conse-guiu estabilizar a situação financeira e está em aceleração do crescimen-to económico, mas que ainda con-tinua vulnerável a uma quebra das receitas petrolíferas. A avaliação foi lançada numa declaração da dire-ção executiva do FMI, divulgada em Washington, uma semana depois de uma reunião sobre o cumprimento do programa de ajuda ao país, ini-ciado, em 2009, na sequência de um abalo das finanças públicas motiva-do pela quebra das receitas petro-líferas e concluído em Março deste ano. No documento de “monitori-zação pós-programa”, o FMI afirma que a situação orçamental angola-na continuou a melhorar em 2011 e que as reservas de moeda estran-geira foram reconstituídas, com a inflação em trajetória descendente. Embora as previsões de crescimen-to sejam favoráveis, “o país continua vulnerável a choques nas receitas petrolíferas, um grande défice de in-fraestruturas mantém-se e a pobre-za continua generalizada”, adianta o mesmo organismo.

Em 2012, o crescimento económico deverá acelerar para cerca de 7,0 por cento, à medida que a produção petrolífera recupera de constrangi-mentos sentidos no ano passado. Os setores da energia, transportes e construção deverão sentir o im-pulso do maior investimento públi-co, segundo o FMI. Na avaliação, os diretores do FMI recomendam às autoridades angolanas uma “postu-ra orçamental prudente, ancorada num envelope de gastos realista”. Saúdam ainda o projeto de relató-rio apresentado para explicar as “inconsistências orçamentais entre 2007 e 2010”, esperando uma “ava-liação total” na próxima revisão do programa.

As discrepâncias nas contas ango-lanas, e em particular nas receitas petrolíferas estimadas em 41 mil mi-lhões de dólares não registadas no referido período, têm levado orga-nizações não governamentais, co-mo a Human Rights Watch e Open

Society, a apelar ao FMI para suscitar uma auditoria independente junto do governo angolano. Nesta última ava-liação divulgada, os diretores do FMI apelam ainda a um “fortalecimento da gestão das receitas petrolíferas”, em particular através da “definição de re-gras claras para acumulação e uso de recursos do Fundo Petrolífero para In-fraestruturas”.

CresCimento de 9,1%,em 2012, e 8,8%, em 2013

Crise europeia e possível nova reces-são mundial continuam a ensombrar as expetativas mais otimistas para a eco-nomia angolana, que deverá crescer 9,1%, este ano, e 8,8%, em 2013, segun-do as estimativas do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Uni-versidade Católica de Angola. No Rela-tório Económico de Angola, divulgado recentemente, o CEIC refere que este ano “dirá se a retoma do crescimento económico no país se fará com a mes-ma intensidade da verificada durante a mini-idade de ouro”, que decorreu en-tre 2004 e 2008, quando a taxa mé-dia anual de crescimento do PIB foi de 17%, a maior de África e uma das maio-res do mundo”. “Não estará a econo-mia angolana a entrar num período de crescimento menos intenso, ainda que bastante positivo?”, questiona o CEIC, segundo aponta a agência noticiosa portuguesa Lusa.

risCos para a eConomia interna

A previsão de abrandamento do cres-cimento económico tem em conta “o risco de a economia mundial poder entrar novamente em recessão” e a “crise das dívidas soberanas na Euro-pa”, que pode “desencadear efeitos sistémicos semelhantes às turbulên-cias verificadas em 2008 e 2009”. As perspetivas do CEIC para o crescimen-to do PIB de Angola em 2012 são mais otimistas do que as do Banco Mundial (8,1%) e do Banco Africano para o De-senvolvimento (BAD - 8,2%), mas mais pessimistas do que as do governo de Luanda (9,8%) e do Fundo Monetário Internacional (FMI - 9,7%). Já as pers-petivas para 2013, são melhores do

que as do FMI (6,8%) e do BAD (7,1%). Para 2014, o CEIC prevê um crescimen-to económico de 7,5%.

setores mais dinâmiCos

Numa análise setorial da economia na-cional, o CEIC prevê que a agricultura seja o setor que mais cresce em 2012, com um aumento de 13,2%. Por ou-tro lado, “a entrada em funcionamen-to dos grandes empreendimentos no domínio do gás e dos derivados do petróleo ajudará a diversificar a in-dústria transformadora”, enquanto o investimento público em obras públi-cas e a construção civil “continuarão a desempenhar um papel positivo na estratégia de crescimento do país”. O documento destaca ainda que, “pela primeira vez desde que o objetivo de redução da inflação foi eleito como um dos principais da política econó-mica do Governo, o valor do índice de preços no consumidor se situou abaixo da meta”. Ainda assim, “permanece o desafio de situá-la em um dígito”, em-bora a meta oficial para 2012 tenha si-do estabelecida ainda em 10%.

meta de Criaçãode empregos vigiada

A promessa do governo angolano de criar 1,2 milhões de empregos até 2012 é impossível de concretizar, con-clui o relatório. A promessa foi feita em 2008, em plena campanha eleitoral, e o diretor do CEIC, Manuel José Alves

da Rocha, questiona hoje “com que bases concretas se avançou com aquele número”. O professor uni-versitário considera que a meta avançada em 2008 “foi excessiva-mente otimista” e questiona tam-bém os números avançados pelo governo em 2009, “ano em que o PIB angolano cresceu com a taxa mais baixa de sempre depois da paz”. “Como é que nessa altura foi possível criar 386.000 empregos?”, questiona o economista, citando as estatísticas oficiais. “Para que a me-ta de emprego prometida em 2008 fosse cumprida até final de 2012 e considerando uma variação no va-lor da produtividade bruta média aparente do trabalho de 7,5%, te-riam de ser cridos quase 630.000 postos de trabalho e o PIB teria de crescer 16,8% (a previsão oficial é de 9,8%)”, diz ainda o documento. O CEIC estima em 24,8% a taxa de desemprego em 2011, praticamente o mesmo valor que o calculado pa-ra 2010 (24,7%). “Parece que a ca-pacidade da economia formal criar empregos a uma velocidade supe-rior à do crescimento da população economicamente ativa se encon-tra bloqueada por qualquer razão”, lê-se no relatório. Alves da Rocha reconheceu que o facto da qualifi-cação dos trabalhadores angolanos não ser aquela que o setor privado necessita pode ser um limite à cria-ção mais intensa de novos postos de trabalho.

Economia acElEra,mas continua vulnErávEl

2012 23

OCEA

NO A

TLÂN

TICO

NAMÍBIA

ANGOLA

NAMIBE

BENGUELA

BLOCO 14K-A-IMIBLOCO 14

BLOCO 32BLOCO 33

LUANDA

R. D. CONGO

cash-FloW

O novo campo de petróleo da empresa no bloco 14, em águas territoriais de Angola e do Congo, foi aprovado recentemente pelos governos dos dois países. A norte-americana Chevron, que se-rá a operadora deste campo, mesmo sem ter a maior participação acionista no consórcio, anun-ciou a assinatura do Final Decision Investment (FID), o documento que oficializa o projeto e que permite começar a construir a plataforma petro-lífera e todas as infraestruturas necessárias para se começar a produzir. Avaliado em 1,6 mil mi-lhões de euros (dois mil milhões de dólares), o projeto inclui, por exemplo, a construção de um cabo elétrico de 43 quilómetros, que terá que ser aquecido porque estará localizado em águas muito profundas e geladas.

os primeiros barris do Campo Lianzi devem Começar a ser produzidos já em 2015 e estima-se que seja possíveL produzir um totaL de 46 miL barris diários.

Situado a 105 quilómetros da costa, aproximada-mente a 900 metros de profundidade, o Lianzi - o primeiro projeto no Congo - vai ser desenvol-vido pela Chevron, com 31,25%, pela Total, com 36,75%, a italiana Eni (ainda acionista da Galp) e a Sonangol, cada uma delas com 10% e ainda a

Galp aumEnta produção dE pEtrólEoSNPC, a Companhia Nacional de Petróleo da Re-pública do Congo, com 7,5% e a Galp, com 4,5%. De acordo com o presidente executivo da empre-sa, Manuel Ferreira de Oliveira, o consórcio do qual a Galp faz parte “vai avançar em breve para a exploração deste novo campo, no qual será feito um investimento de 1,6 mil milhões de euros”, o que permitirá à empresa reforçar a produção de petróleo no país. À Galp deverá caber 9% deste montante, já que é esta a sua participação no consórcio que envolve a Chevron, a Total e a ita-liana Eni, ainda acionista da empresa portuguesa com 28,34%. Segundo Ferreira de Oliveira tudo indica que ainda este ano começarão os traba-lhos no Lianzi, onde a produção poderá chegar, ainda que não para já, aos 70 mil barris por dia. Este reforço surge numa altura em que a produ-ção de petróleo em Angola está a cair porque os campos em atividade no bloco 14 – ainda o único de onde a empresa está a extrair petróleo – “já se encontram em fase de maturidade”.

de aCordo Com o mesmo doCumento, entre janeiro e junho deste ano, a produção em angoLa Caiu 15%, faCe ao mesmo período de 2011, para 15 miL barris por dia.

apesar das previsões de crescimento favoráveis, ‘o país continua vulnerável a choques nas receitas petrolíferas, um grande défice de infraestruturas mantém-se e a pobreza continua generalizada”, adianta o fmi, que apela ainda a um “fortalecimento da gestão das receitas petrolíferas”, em particular através da “definição de regras claras para acumulação e uso de recursos do fundo petrolífero para infraestruturas”. a dependência nas receitas do petróleo afeta, de forma negativa, a capacidade dos estados e a sua aptidão para governar. quanto mais gastam, mais precisam das receitas do petróleo. “os cidadãos têm o direito de saber como os contratos petrolíferos e minerais estão a ser efetuados, quem participa ativamente nessas promoções e onde o dinheiro está a ser aplicado”, refere o último documento apresentado.

Novo campode petróleo

da Galpem aNGolae No coNGo

24 2012

EConoMiA&nEgÓCioS

rEGrEssoà “mini-idadEdE ouro”Angola deverá voltar a registar, este ano, uma taxa de crescimento próxima das observadas no período após a guerra civil, apelidado de “mini-idade de ouro”, embora numa conjuntura de incerteza, afirma o Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC), da Universidade Católica Angolana. No Relatório Económico de Angola 2011, coorde-nado pelo economista Manuel Alves da Rocha, o CEIC afirma que ao longo deste ano se saberá “se a retoma do crescimento económico em Angola se fará com a mesma intensidade da verificada durante a chamada ‘mini-idade de ouro’ da economia nacional”. “A questão que se coloca em 2012 é se, perante um conjunto de fatores externos adversos, a taxa real de variação de 17% pode ser retomada durante o ano em curso e conservada nos próximos”, refere. Entre 2004 e 2008, a taxa média anual de crescimento do PIB foi de 17%, a maior de África e uma das maiores do mundo, devido às ex-portações de petróleo, investimentos públicos na reconstrução das infraestruturas, investimento privado não-petrolífero e consumo pri-vado. Para 2013 e 2014, o risco é a economia mundial entrar nova-mente em recessão, sublinha o estudo, que apresenta como fatores fundamentais para o futuro de Angola a promoção da agricultura, diversificação económica, criação de emprego e controlo da inflação. Historicamente rica em termos agrícolas, Angola vive a “urgência de um esforço gigantesco para formar” agricultores e “abrir as portas ao investimento privado, quer nacional quer estrangeiro, com definição de incentivos de natureza fiscal e patrimonial”. A diversificação da economia entrou nas orientações oficiais com a crise económica internacional de 2008-09, mas o índice de diversifi-cação comparativa de Angola na região austral do continente “é muito baixo” e “a dependência das finanças públicas relativamente ao sector petrolífero é um factor de instabilidade do ciclo de negócios”. “Em re-sultado de variações do preço de petróleo, as despesas públicas têm enfrentado flutuações elevadíssimas que transmitem enorme incer-teza aos empresários, o que faz com que que estes tenham apetência para os investimentos com prazos de retorno muito curtos, causando ineficiências na adjudicação dos recursos e dificultando o desenvol-vimento de sectores que seriam fundamentais no tecido económico”. O estudo sugere uma urgente “reforma fiscal”, numa altura em que o governo de Angola está a executar um Projeto Executivo para a Reforma Tributária (PERT). Ao nível do emprego, em 2011, a taxa de desemprego estimada pelo CEIC situou-se em 24,8%, praticamente o mesmo valor do que o calculado para 2010, dando a entender que a “capacidade da economia formal criar empregos a uma velocidade superior à do crescimento da população ativa se encontra bloquea-da”. “Os empresários identificam a falta de qualificação dos recursos humanos como um entrave à sua iniciativa e seguramente um obs-táculo a uma criação mais intensa de novos empregos”, adianta o CEIC. A taxa de desemprego de longo prazo pode ser estimada em 31,6%, “muito elevada face às necessidades de geração de rendimen-tos permanentes necessários”. Outro elemento fundamental para o futuro próximo de Angola, segundo o CEIC, será a redução da infla-ção para um dígito. O CEIC elege como “factores a corrigir” no futuro a abertura às transações comerciais, o grau de facilidade de montar um negócio, diminuição da corrupção e aumento da produtividade e competitividade.

KorEa EximbanK Em anGola O Banco de Exportação-Importação da Coreia (Korea Eximbank) poderá bre-vemente assinar acordos com as instituições bancárias angolanas, de acordo com a agência angolana de notícias Angop que citou o presidente daquele or-ganismo, Kim Yong-hwan. Durante um seminário económico para os chefes de missões diplomáticas de países africanos e do médio oriente, que contou com a participação do embaixador extraordinário e plenipotenciário de Angola na Coreia do Sul, Albino Malungo, o responsável coreano deixou claro o seu inte-resse em cooperar com as instituições bancárias angolanas e africanas, assim como as do Médio Oriente. Segundo a Angop, o Banco de Exportação-Impor-tação da Coreia (Korea Eximbank) vai organizar no próximo mês de Outubro a Conferência de Cooperação Económica, Coreia-África, que contará com a pre-sença de altos representantes do Governo sul-coreano e de estados Africanos. De acordo com as autoridades, a referida conferência visa facilitar e apoiar as empresas sul-coreanas com investimentos em África. O Banco de Exportação-Importação da Coreia (Korea Eximbank) é uma agência oficial de crédito à exportação e programas de garantia, para apoiar empresas sul-coreanas na realização de negócios no exterior. Desde a sua criação em 1976, o banco apoiou ativamente a economia da Coreia do Sul e facilitou a cooperação económica com os países estrangeiros.

2012 25

nova usinadE bioEtanol A japonesa Marubeni Corp. anunciou ter firmado recentemente com o governo ango-lano um contrato para construir no país uma usina que produzirá açúcar e bioetanol de cana por US$ 650 milhões. A instalação, que ficará na província de Cunene, no sul do país, terá capacidade anual para produzir 400 mil toneladas de açúcar e 40 milhões de litros de bioetanol, com as operações comercias previstas para começar no final de 2015, disse o porta-voz da companhia. As informações são da Dow Jones.

indústria vai Custar us$ 650 miLhões e terá CapaCidade para produzir 400 miL toneLadas de açúCar e 40 miLhões de Litros de etanoL

ExportaçãodE madEira aumEntaAngola exporta anualmente cerca de 12 mil metros cúbicos de madeira em toro principalmente pa-ra os países europeus, disse, em Luanda, o diretor geral do Instituto do Desenvolvimento Florestal, Tomás Caetano. Ao falar em entrevista à Angop, Tomás Caetano afirmou que, há cerca de cinco anos, o país começou timidamente a exportar madeira em toro, chegando mesmo a exportar folha de madeira, tendo atingido a quantidade de 12 mil metros cúbicos/ano. “O que se pretende é atingir esta quantidade em madeira transformada e evitar a exportação em madeira em toro” disse o res-ponsável do IDF, em alusão à indústria transformadora. Indicou como principais destinatários das exportações angolanas de madeira países europeus apesar de existirem também já exportações para a China, Japão e outros mercados como os Estados Unidos. Em relação ao atual estado de ex-ploração de madeira, Tomás Caetano referiu que este processo está regulado por lei (Lei Florestal), onde estão clausulados os agentes que devem e podem fazer a exploração, as competências relati-vas às administrações locais e o que o empresário deve fazer para se habilitar à atividade. Apontou como principais províncias produtoras Cabinda, Zaire, Uíge, Bengo, Malanje e o corredor de flores-tas plantadas, (eucaliptos), propriedade dos ministérios da Agricultura Desenvolvimento Rural e das Pescas, Geologia e Minas e da Indústria e dos Caminhos-de- Ferro de Benguela.

aGricultura apoia mais dE 300 mil famíliasTrezentos e 83 mil famílias camponeses vulneráveis da província do Huambo serão apoiadas com meios diversos, durante a campanha agrícola 2012/2013, pela direção provincial da agricultura, desenvolvimento rural e pescas, informou recentemente, nesta cidade, o seu diretor, Emitério Tiago. Estas famílias, que estão distribuídas pelos 11 municípios da província, vão receber da direção local da agricultura a partir de Setembro próximo, fertilizantes e gado para tração animal. Emitério Tiago disse que uma boa parte dos meios já estão em posse da instituição que dirige faltando apenas entregar as 383 mil famílias camponeses. Para o sucesso da campanha agrícola que se avizinha, disse, a direção da agricultura prevê também aumentar as áreas de correção de solos através da aplicação de calcário neolítico nas regiões onde os níveis de acidez são consideráveis. O responsável indicou os municípios de Cachiungo, Bailundo, Londuimbali, Tchicala-Tcholohanga e Huambo, capital da província, como os selecionados para a aplicação do calcário nos seus solos, de forma a se aumentar a produção agrícola. Garantiu existir calcário e equipamento suficientes para as zonas identificadas. “Em relação à correção dos solos com calcário temos experiência do município de Cachiungo onde as áreas abrangidas o ano passado atingiram produções até quatro toneladas, contra 70 quilos obtidos normalmente pelos camponeses”, explicou. Para a campanha 2012/2013, está prevista a reabilitação de valas comunitárias e a construção de pontos de água para assegurar o sistema de irrigação nas comunidades, caso falte chuva.

cash-FloW

AgronEgÓCioS

26 2012

EConoMiA&nEgÓCioS

biÉ

QuilómEtrosdE EstradaO governador do Bié, Boavida Neto, assegurou que foram asfaltados 360 quilómetros de estrada em toda a extensão da província. As estradas interprovinciais que dão acesso às províncias do Kuando-Kubango, Huambo e ao Mussende, no Kwanza-Sul, “estão completamente asfaltadas”. Em relação ao setor da Educação e ao fornecimento de energia elétrica, Boavida Neto reconheceu a necessidade de se aumentar a oferta desses serviços, tendo em conta o aumento da densidade populacional. O governador lembrou que o número de hospitais, centros e postos médicos tem-se expandido em todos os municípios da província, com o objetivo de reduzir o défice que havia em relação aos cuidados primários de saúde. Boavida Neto sublinhou, além disso, que as 30 sedes comunais dos nove municípios da província do Bié possuem, desde 2004, iluminação pública e abastecimento de água potável através de perfurações. Em relação a estes dois serviços, salientou que, face ao aumento da densidade populacional, os sistemas instalados de abastecimento de água precisam ser melhorados, para corresponder à procura.

cash-FloW

EntrEposto friGoríficoO ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Afonso Pedro Canga, anunciou no passado mês, em Caxito, província do Bengo, a construção, no próximo ano, de um entreposto frigorífico para ajudar na conservação de vários produtos. Em declarações à Angop, Afonso Can-ga disse que a iniciativa deve-se ao facto de exis-tir um grande número de produtos agrícolas e de produtores de animais. Afirmou que o entreposto frigorífico vai contribuir para revitalizar o sector das pescas e aumentar a produção de pescado na região. O ministro sublinhou que neste momen-to estão criadas as bases para se atingir resulta-dos e níveis satisfatórios de produção. Disse que nos próximos tempos pretende-se implementar igualmente um projeto agroindustrial nas provín-cias de Benguela e do Namibe.

huíla

província com 134 postos dE combustívEisA província da Huíla conta, desde janeiro deste ano, com 134 bombas de combustíveis, informou o responsável do gabinete de estudos e estatísticas da direção da Huíla do comércio e hotelaria e turismo, Abílio Kapiñgala. Em declarações à Angop, Abílio Kapingala disse que os postos foram na sua maioria abertos na sede capital da província da Huíla, Lubango. Abílio Kapiñgala afirmou que neste período foram licenciados nove postos de combustíveis nos municípios de Quipungo, Matala, Humpata, Chibia e Quilengues. Sem revelar o valor arrecadado no licenciamento dos empreendimentos, adiantou apenas que os pedidos para licenciar empresas deste segmento estão a crescer no interior da província. Contudo, a direção do comércio, hotelaria e turismo da Huíla arrecadou no primeiro semestre deste ano 13 milhões, 901 mil e 617 Kwanzas na emissão de 204 alvarás comerciais diversos. A província da Huíla controla três mil e 348 estabelecimentos comerciais.

ProvínCiAS benGo

2012 27

28 2012

EConoMiA&nEgÓCioS

A GrAnde MurAlhA Verde

—THE GREAT GREEN WALL – A GRANDE MURALHA VERDE – É O PROJETO QUE ESTÁ A SER IMPLANTADO EM ÁFRICA COM O OBJETIVO DE IMPEDIR A DESERTIFICAçãO DA REGIãO ABAIxO DO SAHARA. O MAIOR DESERTO DO MUNDO ESTÁ EM CONSTANTE ExPANSãO E A TENDêNCIA É QUE AVANCE PARA SUL, PARA A REGIãO CONHECIDA COMO SAHEL. PARA IMPEDIR ESSE DESLOCAMENTO, LíDERES AFRICANOS INICIARAM UM PROJETO CONJUNTO DE FORMA A CRIAR UMA BARREIRA VERDE COM 15 QUILóMETROS DE LARGURA E QUASE 8 MIL QUILóMETROS DE COMPRIMENTO, TENDO COMO PRIORIDADE MÁxIMA ‘SEGURAR’ O DESERTO E SE POSSíVEL AVANçAR A ÁREA VERDE PARA NORTE.

Fonte: Monde Diplomatique – English Edition

Um projeto marcado por inúmeros desafios. Utilizar variedades resistentes à seca é um dos maiores, pelo que a iniciativa tem servi-do como campo de testes para experiências realizadas por laboratórios estrangeiros, que trabalham com esse propósito. A outra difi-culdade é de ordem política. 11 países afri-canos precisam de concordar e trabalhar em harmonia para que a ideia funcione. Autori-dades e especialistas estão atentos a uma im-portante ação que pode servir de piloto para outras regiões do globo com problemas se-melhantes. O bom andamento dos trabalhos, que iniciaram em 2010, tem vindo a mostrar resultados concretos, principalmente na par-te ocidental do continente.

disputA por árVores

A Grande Muralha Verde de África é uma me-táfora para a importância e urgência da plan-tação de árvores em grande parte da paisagem africana, região onde elas são absolutamente necessárias. As mudanças climáticas que têm vindo a ocorrer surgem marcadas por secas persistentes que endurecem o solo, pelo que apesar da construção da muralha ser, por en-quanto, mais uma visão do futuro, do que da realidade atual, o seu sucesso pode mudar

África, sendo um sólido avanço na luta contra a pobreza, que o contrário, ou seja, a inação produz. A fome no Corno de África é a última triste lembrança daquilo que os cientistas di-zem há anos - o continente será o primeiro a sofrer as consequências das alterações climá-ticas das próxi-mas dé-cadas. Aliás ela não é a única ra-zão para que cer-ca de 750 mil pessoas - metade delas crian-ças - estejam propensas a morrer neste local a médio prazo. De acordo com a Organização das Nações Unidas, a Somália, o epicentro da fome, tem sido assolado por uma guerra ci-vil e um governo em não-funcionamento há anos. Mas esta fome veio dar a conhecer ao mundo a pior seca dos últimos 60 anos, que tem causado a miséria no Quénia e na Etiópia, os dois países mais estáveis.

Com as projeções a apontarem para um con-tinente, cada vez mais, quente e seco, a ne-cessidade de preparar novas abordagens ao

problema parece óbvia. Essa foi uma das ra-zões para a criação deste projeto, uma ideia proposta pela primeira vez, em 2005, pelo pre-sidente nigeriano Olesegun Obasanjo. A vi-são deste responsável era simples: pediu para plantar uma linha de 15 quilómetros de dife-

rentes varie-dades de árvores, que diminuísse os efeitos das alterações climáticas no continente e evitasse a ex-

pansão do deserto da Sahara, a sul. Este ‘mu-ro’ de árvores servirá para proteger a região do Sahel, densamente povoada a sul do Saha-ra, onde dezenas de milhões de agricultores pobres e pastores enfrentam as condições quentes e secas que assolam Koutal. Chefes de Estado africanos endossaram a visão de Obasanjo e a ideia ganhou força internacio-nal com a criação da Parceria África-União Europeia sobre a Mudança Climática, que, em 2007, aprovou o plano, agora conhecido como a Grande Muralha Verde para a Iniciativa do Sahara e do Sahel. “A Grande Muralha Verde é uma iniciativa emblemática de propriedade

Manuela Bártolo

A construção dA ‘PArede verde’ terÁ um investimento de us $ 115 milhões e terÁ tAmbém o APoio de vÁriAs instituições internAcionAis de desenvolvimento, que se comPrometem A investir Até us $ 3 biliões

2012 29

outside

africana que vai lutar contra a desertificação, a degradação do solo, perda de biodiversida-de e as mudanças climáticas, combatendo em simultâneo a pobreza rural e insegurança ali-mentar”, diz o professor Abdoulaye Dia, pre-sidente da Agência Pan-Africana para Grande Muralha Verde.

econoMiA Verde

Esta visão inicial foi criticada por cientistas, ONGs e outras entidades que alegam que a mesma incorpora uma abordagem de cima para baixo, isto é, que desvaloriza a importân-cia das pessoas e da ecologia local. No entan-to, as árvores ‘jovens’ precisam de cuidados para sobreviver, como rega, poda ou proteção de animais, o que significa dar às pessoas lo-cais o incentivo para prestar esses cuidados, bem como instalações de irrigação. Assim, importa também incentivar uma abordagem de base científica para a recuperação ambien-tal e desenvolvimento sustentável da região. O plantio de árvores continua a ser central, mas integrada com a produção local de ali-mentos e meios de subsistência. O objetivo é o de reverter a degradação da terra, bem como aumentar o rendimento das culturas, a renda rural e segurança alimentar. Esta visão inclui

atualmente um mosaico de projetos em todo o Sahel, independentemente deles se alinha-ram num mapa para formar um ‘muro’. De fato, o cultivo de árvores intercaladas com as culturas é uma prática antiga na África, que caiu em desuso com a chegada da agricultura moderna das nações industrializadas, mas a cujo método agora se está a regressar. A técni-ca de inter-colheita, como os agrónomos mo-dernos intitulam, depende das árvores e das suas folhas para manter uma cobertura ver-de em terras agrícolas ao longo do ano, o que melhora a estrutura do solo, a fertilidade e a capacidade de absorver água.

BoM deMAis pArA fAlhAr

A Grande Muralha Verde é uma boa ideia, que não está autorizada a falhar. Mas como é que as partes interessadas - governos africanos e europeus, agências internacionais de desen-volvimento, ONG’s em África e na Europa e a sociedade civil, podem reunir-se em tor-no de um objetivo compartilhado e de um meio de alcançá-lo? Esta é a pergunta que se tem imposto e na qual o presidente do Sene-gal, Abdoulaye Wade, tem sido um defensor intransigente. Se, por um lado, a maioria dos chefes de estado africanos apoiam a versão

original de Obasanjo, por outro, os doadores ocidentais – União Europeia, Fundo Global para o Meio Ambiente do Banco Mundial e FAO - cujos recursos são necessários para fi-nanciar o projeto, mantêm a opinião de que o mesmo não terá o sucesso previsto. Também ao nível da organização têm existido obstá-culos, uma vez que três diferentes entidades africanas reivindicam a liderança do projeto: a Agência Pan-Africana, a União Africana e a Comunidade de Estados Sahel-Saharan.

A par desta situação, subsiste ainda o medo de que a visão literal de Obasanjo de uma Grande Muralha Verde irá provavelmente enriquecer mais os departamentos florestais africanos do que as comunidades locais, o que também acaba por radicar num erro de base científica. Imagens satélite de alta resolução captadas pela Pesquisa Geológica dos EUA (USGS) mostram que o Sahara não está, de fa-to, a avançar para sul. Em vez disso, diz Gray Tappan do USGS, a imagem mostra que “há muitos lugares específicos onde a má gestão da terra conduziu à sua grave degradação”. Es-ta constatação não significa, no entanto, que a Grande Muralha Verde seja uma má ideia, is-to porque a degradação da terra no Sahel con-tinua a ser um problema sério”. O objetivo é,

“A murAlhA verde deve ser AnAlisAdA como umA metÁforA PArA A coordenAção de umA vAriedAde de Projetos internAcionAis Ao nível do desenvolvimento económico, Proteção AmbientAl contrA A desertificAção e APoio à estAbilidAde PolíticA no corAção dA ÁfricA”

GRANDE MURALHA VERDE

PAÍSES VISADOS

OUTROS PAÍSES

MAURITÂNIA

MALI NÍGER

NIGÉRIA

BURKINA FASO

CHADE

SUDÃOERITRÉIA

DJIBUTI

ETIÓPIA

A LINHA VERDE REPRESENTA A EXTENSÃO DA GRANDE MURALHA

BURKINABBUFASO

30 2012

EConoMiA&nEgÓCioS outside

portanto, prosseguir o projeto junto das dife-rentes realidades políticas e sociais a fim de criar uma dinâmica operacional que permi-ta a implementação bem sucedida de práticas de regeneração da terra realmente valiosas em todo o Sahel.

stop à desertificAção

A parede imaginada por 11 países africanos na fronteira sul do Sahara e os seus parceiros internacionais visa, sobretudo, limitar a de-sertificação da zona do Sahel. Imagine uma parede verde viva de árvores e arbustos, com 15 quilómetros de largura e até 8 mil quilóme-tros de comprimento, a crescer a sul do Saha-ra, de Djibouti, no Corno de África, no leste, em toda a extensão do continente para Dakar, no Senegal, no oeste.

A construção desta Grande Muralha Verde Pan-Africana foi aprovada por uma cúpula internacional, na antiga capital alemã, Bonn, num evento paralelo à conferência conjunta das comissões de ciência e tecnologia e para a revisão da implementação da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertifica-ção (UNCCD). O projeto, tal como concebido servirá também como catalisador para um multifacetado programa internacional eco-nómico e ambiental. A zona do Sahel é a tran-sição entre o Sahara, no norte, e as savanas africanas, no sul, e inclui partes do Burkina Faso, Chade, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal e Sudão. A iniciativa inicialmente envolveu o plantio de uma faixa de floresta com 15 quilómetros de largura em todo o continente. Esse ‘corre-

dor’ contínuo de vegetação será sempre que necessário reencaminhado a contornar obstá-culos como rios, áreas rochosas e montanhas ou vincular áreas habitadas.

Durante a reunião, em Bonn, para o Meio Am-biente Global (GEF), confirmou-se a promessa de alocar até US $ 115 milhões para apoiar a construção dessa ‘parede verde’. Outras ins-tituições internacionais de desenvolvimento também fizeram promessas de investimento para apoiar a construção do muro, investindo até US $ 3 biliões. O GEF - formada por 182 governos membros, inúmeras instituições internacionais, organizações não-governa-mentais e do setor privado - oferece subsídios aos países em desenvolvimento e com econo-mias em transição para projetos relacionados à biodiversidade, mudanças climáticas, águas internacionais, degradação do solo e simila-res. “A Muralha Verde deve ser analisada co-mo uma metáfora para a coordenação de uma variedade de projetos internacionais, para o desenvolvimento económico, proteção am-biental contra a desertificação e apoio à esta-bilidade política no coração da África”, disse Boubacar Cissé, co-coordenador africano do secretariado da ONU contra a desertificação.

O projeto foi proposto pela primeira vez em 1980 por Thomas Sankara, então chefe de esta-do do Burkina Faso, como um meio de parar o crescimento do Sahara. A ideia foi expressa no-vamente cerca de 20 anos mais tarde pelo então presidente nigeriano, Olusegun Obasanjo, que o apresentou à União Africana (UA), em 2005.Desde então, tem ganho apoio internacional fora de África pelas várias vantagens que apre-

senta. Além de parar a desertificação e a ero-são, o muro pode proteger as fontes de água, como o Lago Chade, que foi secando ao longo de décadas, e restaurar ou criar habitats pa-ra a biodiversidade. Além disso, o ‘corredor’ pode fornecer recursos energéticos; frutas, legumes e outros alimentos, apoiar o desen-volvimento económico local e até mesmo a estabilidade política em toda a região, disse Daniel André, da UNCCD. “A construção da Grande Muralha Verde em toda a África deve ser o motor para a cooperação internacional, tanto a nível nacional, como a nível comuni-tário, com o objetivo de combater a pobreza. “O intuito do projeto é mais do que parar a desertificação”, acrescentou. “Ele vai direto para o coração da luta contra a pobreza: deve proporcionar às pessoas de todo o continente, com uma perspectiva económica para parar a migração dos jovens da região, deve dotar a região de uma almofada contra a mudança climática, e assim fazendo, também ajudar a restaurar a estabilidade política”. O responsá-vel reiterou que a estabilidade política é mais importante agora, dada a presente turbulên-cia política no mundo árabe - um vizinho imediato a todos os 11 países envolvidos na construção da Grande Muralha.

Bernd Wirtzfeld, do ministério alemão para a cooperação económica e desenvolvimento, disse que os doadores internacionais estão prontos para apoiar o projeto. “Na sua con-ceção atual, o projeto é muito mais do que o seu nome ou a sua trajetória sugerir”, disse Ri-chard Escadafal, presidente do Comitê Fran-cês Científico da Desertificação. “O objetivo é garantir o plantio e o desenvolvimento in-tegrado de espécies de interesse económico, de plantas tolerantes à seca, lagoas de reten-ção de água, sistemas de produção agrícola e outras atividades geradoras de rendimentos, bem como infraestruturas básicas sociais”. O responsável também apontou que, além dos problemas técnicos associados à iniciati-va, o seu sucesso depende consideravelmen-te do ambiente social em que a propagação de plantas e projetos de plantio de árvores são realizados. “As ações de reflorestamento que vão sendo colocadas em prática sem a participação dos habitantes locais são quase sempre limitadas e não-sustentáveis”, adver-te. Importa atender aos direitos dos agricul-tores e aos esforços técnicos para selecionar as melhores espécies, de forma a que estas se possam desenvolver adequadamente em viveiros modernos que utilizam técnicas de plantio avançados, capazes de gerar bons re-sultados, mesmo a curto prazo.

Se está interessado em obter mais informação aceda ao vídeo: http://youtu.be/bdRDfXFjgZgFonte: Monde Diplomatique – English Edition

sahEL: crisE aLimEntar NúmErO dE pEssOAs vulNErávEis pOr pAís

árEA AfEtAdA pElA sEcA E Em riscO dE EscAssEz AlimENtAr sEvErA

13.4 mpessoas vulneráveis

NÍgER

5.5 mMALI

3.5 mCHADE

1.6 mMAURITÂNIA

0.7 mSENEgAL

0.7 mBURKINA FASO

1.7 m

10 msofrem de escassez

de alimentos

1 mcrianças corre o risco

de má nutriçãomuito grave

2012 31

32 2012

Portugal e Angola vão estudar a criação de seguros de crédito de incentivo à troca de exportações para os dois países, afirmou o mi-nistro da Economia e do Emprego português, Álvaro Santos Pereira, na sua última deslocação ao país. O responsável falava à imprensa no final da conferência organizada pe-las Ordens de Engenheiros de Por-tugal e Angola, sobre o crescente papel da engenharia portuguesa no crescimento e desenvolvimen-to de Angola. “Estamos a estudar a possibilidade de desenvolver to-da uma série de instrumentos pa-ra apoiar as nossas empresas e as

nossas indústrias, quer ao nível dos seguros de crédito para a exportação, das empresas angolanas que querem exportar para Portugal, quer das em-presas portuguesas que querem ex-portar para Angola», disse o ministro português, citado pela Lusa.

lisBoa e luanda Promovem emPresas de caPital mistoOs governos de Portugal e Angola vão promover a criação de empresas de capital misto com o objetivo de es-timular o investimento nos dois países. O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, esteve reunido com o seu ho-mólogo angolano, Marcio Gurgel, e à

saída do encontro disse ainda que es-tas empresas de capital português e angolano terão acesso a linhas de cré-dito bonificado. Por sua vez, Angola admite a criação de um seguro de cré-dito para facilitar as relações de inves-timento entre os dois países. Marcio Gurgel, ministro da Economia angola-no, confirmou que o Governo de José Eduardo dos Santos “está empenhado na desburocratização dos processos de registo e de assessoria aos inves-tidores. “Recentemente, foram apro-vadas linhas de crédito para as PME e há um novo instrumento que podemos estudar, que pode ser o seguro de cré-dito, seja para empresas portuguesas em Angola, seja para empresas ango-lanas em Portugal”, disse o ministro em Luanda. O responsável adiantou ainda que, da parte dos investidores angolanos e da banca, existem reser-vas a explorar no setor financeiro.

lê-se na apresentação de contas. Em contrapartida, os custos operativos apresentam um crescimento de 31%, o que reflete o aumento da atividade. Angola é a joia da coroa do BES e, a par com o Brasil e Espanha, compõe o triângulo estratégico da estratégia internacional. Estes mercados são representativos de 81% do total in-ternacional. Álvaro Sobrinho referiu, recentemente, que o banco está “a assumir-se como um sólido parceiro do Estado angolano, dos cidadãos, empresas nacionais e internacionais e das instituições que se ocupam da promoção da sustentabilidade”.Também o Espírito Santo Financial Group (ESFG), holding proprietária do BES, anunciou recentemente que mais do que quintuplicou os resul-tados líquidos para 233 milhões de euros no primeiro semestre, impul-sionado pela aquisição e consolida-ção de 50% da seguradora BES Vida. No mesmo semestre do ano anterior, o lucro da cotada do PSI 20 tinha re-gistado um lucro de 45,4 milhões. “Os resultados positivos das opera-ções bancárias e de seguros foram significativamente beneficiados pelo impacto da consolidação dos 50% da seguradora BES Vida que não eram detidos pela holding da família Es-pírito Santo e que foram adquiridos ao Grupo Crédito Agrícola”, explicou o ESFG em comunicado à CMVM. “O ganho da BES Vida para o período foi de 208 milhões de euros.”

EConoMiA&nEgÓCioS

bes AngolAcom novo PlAnode exPAnsão

PortugAl e AngolA estudAm seguros de crédito

A instituição liderada por Álvaro So-brinho pediu o apoio da Mckinsey & Company no desenvolvimento de um plano estratégico de crescimento pa-ra os próximos cincos anos. O futuro do BES Angola (BESA) já está a ser desenhado. A instituição liderada por Álvaro Sobrinho aguarda a conclusão do plano estratégico, a ser elaborado em parceria com a consultora McKin-sey, para arrancar com uma nova eta-pa de expansão. O plano estratégico tem como horizonte temporal os pró-ximos cincos anos e deverá pressupor um reforço de capital no banco ango-lano, como já admitiu Ricardo Salga-do, presidente do BES. O programa em preparação vai incidir sobre um “processo de expansão que tem em conta o risco, a rentabilidade e a ope-racionalidade”, adaptando-se às exi-gências e aos condicionalismos que o crescimento da economia angolana terá no futuro, tal como revelou re-centemente o BESA num comunicado ao Jornal de Angola.

O BESA deu, recorde-se, um con-tributo significativo para as contas consolidadas do BES no primeiro se-mestre, ao lucrar 49 milhões de euros. “O produto bancário situou-se em 184M€ (+16%), para o que contribuiu o forte crescimento dos serviços a clientes que evoluíram para 93M€ co-mo resultado de comissões de advi-sory e de estruturação de operações contratadas no mercado da energia”,

A consultorA mckinsey tem como missão APoiAr o besA em Projetos de otimizAção, estAbilidAde e eficiênciA PerAnte As AtuAis exigênciAs do mercAdo finAnceiro AngolAno, nomeAdAmente nos segmentos de mercAdo de cAPitAis, APoio A PArticulAres e Pme.

Manuela Bártolo

2012 33

banca&seGuRos

200 milhõesdo emPréstimo do estAdo PArA recAPitAlizAro bAnco

ide de AngolAem PortugAl cresceu35 vezesem 10 Anos

O BPI (Portugal) já amortizou 200 milhões de euros do empréstimo obrigacionista do Estado des-tinado a reforçar o seu rácio de capital, ficando agora com 1300 milhões de euros em instrumen-tos convertíveis para amortizar. “Na sequência da conclusão do aumento do capital (...) infor-ma-se que, na presente data, o Banco BPI recomprou ao Esta-do português uma parte (...) dos instrumentos de capital core tier 1 (obrigações subordinadas de conversão contingente) emitidos pelo Banco BPI e subscritos pelo Estado Português”, disse o banco em comunicado de imprensa.

A instituição liderada por Fernan-do Ulrich concluiu, no mês passa-do, um aumento de capital de 200 milhões de euros em novas ações, inserido no plano de recapitaliza-ção do banco, que foi subscrito em mais de 80 por cento pelos seus dois principais acionistas o espanhol CaixaBank (que refor-çou a sua posição para 46,22%) e a holding angolana Santoro, de Isabel, que permaneceu perto dos 20% (19,47%).

Os 200 milhões de euros conse-guidos com a operação foram, tal como previsto, entregues ao Es-tado para amortizar parte do em-préstimo concedido, em junho, ao abrigo da linha da troika pa-ra o setor financeiro de 1500 mi-

O Investimento Direto Estran-geiro (IDE) de Angola em Portu-gal cresceu 35 vezes nos últimos 10 anos com os investidores de olhos postos em setores estra-tégicos da economia nacional, como a banca, a energia ou os meios de comunicação social. Segundo dados da Agência pa-ra o Investimento e Comércio Ex-terno de Portugal (AICEP), em 2011, o IDE angolano atingiu os 70,3 milhões de euros, 35 vezes acima dos 2,2 milhões de 2001. Ainda assim, no último ano, este investimento representou ape-nas 0,2% do total de IDE no país. Só este ano, entre janeiro e maio, o IDE de Angola atingiu 126,1 mi-lhões de euros, acima do total de 2011, tendo sido o principal inves-tidor em Portugal entre os países extracomunitários. Apesar do impacto público da entrada de

lhões de euros em instrumentos híbridos (obrigações convertíveis em ações em determinadas con-dições, designadas ‘CoCos’). A subscrição de ‘CoCos’ pelo Esta-do, em junho, serviu o objetivo de reforçar o rácio core tier 1 (medi-da mais eficaz de avaliar a solva-bilidade de um banco) para 9%, de acordo com as regras da Au-toridade Bancária Europeia (EBA em inglês), e 10% segundo as exi-gências do Banco de Portugal. Os 1500 milhões de euros inicialmen-te subscritos pelo Estado passam agora a 1300 milhões, que o BPI tem de amortizar no prazo de cinco anos. Pelo empréstimo es-tatal, o BPI (tal como o BCP, que também recorreu ao Estado para subscrever ‘Cocos’) vai pagar um juro anual que começa em 8,5% e aumenta todos os anos.

capitais angolanos em Portugal, os dados da AICEP mostram que o investimento é maior no sen-tido inverso: o IDE de Portugal em Angola foi de 246,4 milhões de euros o ano passado, quatro vezes mais do que no início da década (1,6% do total). Nos pri-meiros cinco meses deste ano, o investimento português em An-gola ascendeu a 111 milhões de euros, tornando aquele país no quarto destino dos capitais por-tugueses, depois da Holanda, Es-panha e Brasil. Os investidores angolanos que entram em Por-tugal têm-se focado em setores estratégicos da economia, com destaque para a banca, a ener-gia, as telecomunicações e os meios de comunicação social. Em Angola, são sobretudo a constru-ção civil, a hotelaria e a banca a atrair as empresas portuguesas.

34 2012

EConoMiA&nEgÓCioS

Quando em Julho passado a Goo-gle lançou de forma relativamen-te discreta o Google Fibra nos Estados Unidos, este evento, que pode ter passado razoavelmente despercebido aos consumidores finais, terá sido visto com uma dose de enorme preocupação pe-los habitualmente designados “Operadores de telecomunica-ções” tradicionais.De facto, esta nova oferta da Goo-gle, proporciona internet grátis por 7 anos a quem gastar $300 USD no terminal de acesso da Google, complementada por uma gama de preços super competiti-vos para velocidades de acesso até aos 1 Gbit. Este tipo de oferta aca-ba por ir ainda mais longe do que as piores expectativas daqueles que receavam a “comoditização” das telecomunicações, ao tornar

gratuita a componente de acesso, um pouco como se, por exemplo, no caso da televisão, os operado-res oferecessem a electricidade para podermos consumir mais anúncios.

E de que forma este aconteci­mento poderá afectar os mer­cados ditos emergentes e o mercado angolano em particu­lar? Potencialmente de forma muito sensível! Este efeito de “comodi-tização” do serviço de acesso nas telecomunicações, até ao ponto de se tornar virtualmente gratui-to, será porventura muito mais rápido (na Europa ou nos Estados Unidos demorou várias décadas a materializar-se), e tenderá a verifi-car-se sobretudo nos acessos mó-veis de banda larga (mais comuns

e prevalentes no nosso mercado), criando dificuldades imensas de retornos aos diversos operadores, que terão que decidir entre a ace-leração dos investimentos para aproveitar uma janela de oportu-nidade mais estreita, ou aceitar a resposta do mercado e da con-corrência ao manterem os preços mais elevados.De facto, esta “guerra” entre os operadores ditos tradicionais e os novos players da área dos con-teúdos (conhecidos como OTT – ou Over the Top – providers, como sejam por exemplo o Google e o Facebook) tem vindo a ganhar forma ao longo da última déca-da. Trata-se de uma guerra pelo controlo da relação com o cliente final, e em última instância pela parte mais relevante da margem dos serviços que, de momento,

telecoms Quando não

sE dEvEm sEGuir as

vElhas rEcEitas…

—Jorge SantoS

PARTNER DE MANAGEMENT & RISK CONSULTING DA KPMG ANGOLA

2012 35

Consultório

está nas mãos dos operadores tradicionais mas que, a prazo, po-de fugir-lhes, particularmente quando se insistem em cometer alguns dos erros mais elementa-res que têm sido observados em mercados mais maduros.

Alguns dos erros mais comuns que temos visto nesses merca­dos envolvem:› A opção pelas estratégias de diferenciação tecnológica - Um excessivo foco nas novas redes e nas funcionalidades da mesma, sem que seja possível estabelecer uma verdadeira diferenciação de qualidade pois, no final do dia, as velocidades de acesso e a experi-ência de utilização oferecidas pelas diferentes tecnologias aca-bam por ser muito similares. Este facto leva os grandes fabricantes

de equipamento a reduzir os ci-clos de investimento tecnológi-co, diminuindo o ”fôlego” dos operadores para reaverem o seu investimento entre cada salto tecnológico.

› A cópia pouco fiel das ditas “me-lhores práticas” – limitando-se muitas vezes a tentar copiar as abordagens da Google, do Face-book, da Apple, sem um esforço profundo e continuado na ino-vação da experiência e dos ser-viços, tem levado os operadores a perder a guerra das aplicações, acabando por beneficiar os OTTs que têm do seu lado um exército de seguidores e programadores à escala mundial, sempre dispo-níveis para desenvolver e comer-cializar novos conteúdos, novos formatos e novas aplicações.

› Ausência de uma verdadei-ra cultura de cliente - embora muitos operadores digam que os clientes são o centro da sua estratégia a verdade é que quan-do analisamos a estrutura de re-cursos humanos de um qualquer operador, não é incomum que se-jam precisamente as posições de “customer facing” (call centres ou lojas) onde encontramos os fun-cionários com menor formação, salários mais baixos e incentivos normalmente alinhados com cri-térios de eficiência e não de satis-fação dos clientes.Mas então, como podem os ope-radores angolanos preparar-se para esta realidade e inverter ou controlar esta tendência para que não venham a ser, as vítimas da próxima década?A resposta a esta questão será

naturalmente distinta de opera-dor para operador, mas passará sempre pela transformação do papel do operador de telecomu-nicações numa espécie de gestor do ecossistema de entretenimen-to, através de estratégias e acções que incluem:

› A criação de uma obsessão com o bem-estar dos seus clien-tes desmultiplicando de forma eficiente o número de serviços e bens de modo a manter o con-sumidor na sua rede, o contacto com o cliente e a informação do que esse cliente consome e va-loriza (que é algo que nenhum OTT pode aspirar conseguir de forma transversal – ex: o Google ia adorar saber o que fazem os seus consumidores no Facebook, e vice-versa).

36 2012

ConsultórioEConoMiA&nEgÓCioS

› Melhorar a experiência das lo-jas tornando-as apelativas e um espaço de convívio habitual on-de consumidores e funcionários trocam experiências e conheci-mento que conduz à posteriori a vendas e consumos de serviços adicionais – um pouco à imagem do que a Apple procurou intro-duzir nas suas lojas, mas amplia-do pela capacidade de promoção de interacções multi-utilizador. › Capitalizar no valor sociológi-co e económico da informação, através da dinamização de ferra-mentas de marketing que permi-tam analisar comportamentos de mercado a terceiros pelo aces-so a dados anónimos/filtrados dos clientes das operadoras;

› Aposta na oferta de condições tecnológicas de base (espaço e co-nectividade) para a incubação de novas ideias e novos conceitos, abrindo espaço ao desenvolvi-mento de conteúdos locais e ao apoio aos jovens empreendedo-res angolanos no lançamento de

novos negócios de modo a que futuros mini-“Googles” contri-buam para a diferenciação de conteúdos.

› Investimento em parcerias com grandes grupos tecnológi-cos e com outros operadores, para a optimização das infra-estruturas de rede, tanto activas como passivas, criando modelos de negócio mais leves e eficien-tes, onde o reinvestimento e o re-torno possa ser partilhado e não duplicado.

Neste momento os operadores do hemisfério sul estão numa posição interessante para pro-mover estas alterações ditas es-tratégicas, pois gozam de boa saúde financeira, têm boas mar-gens, uma base de clientes em crescimento acelerado, baixas pressões regulatórias e poucas exigências de serviços e banda, sobretudo quando comparadas com outros players de mercados mais maduros. Estes operadores devem, por is-

so, convencer os seus accionis-tas a investirem em serviços de cloud, dinamizarem uma oferta completa de Home Networking, que possa desbloquear as limi-tações de conectividade para combater os OTTs no seu pró-prio terreno – se a Google esta a oferecer tablets, Pc’s, espaço li-vre de storage na cloud e office na cloud, os operadores podem aju-dar os seus clientes a integrarem os diversos devices que existem, cobrando por isso e posicionan-do-se no ecossistema como agre-gador de valor.Um exemplo interessante da forma como mesmo os operado-res globais começam a olhar pa-ra mercados como o angolano é o caso da Telefónica, que optou pela criação de vários fundos de investimento para empreende-dores que depois podem usar a rede da Telefónica para difundir as suas aplicações e acederem a dados de cliente de forma anó-nima (assegurando a total e com-pleta confidencialidade) para testarem os seus produtos. Sur-

giram destas incubadoras apli-cações como o Tuenti que é uma rede social espanhola que já riva-liza com o Facebook, dado que a população latina é muito ciosa da sua identidade cultural.Angola tem uma situação privile-giada, tem uma série de operado-res que estão a investir em fibra ate casa dos clientes e novos ca-bos submarinos (WACS) que vão reduzir o custo de interligação internacional, criando a possibi-lidade de vir a ter uma indústria muito competitiva de produção de conteúdos e aplicações para a comunidade lusófona.

O futuro da indústria de tele-comunicações é incerto e já foi mais brilhante, mas é nas épocas de crise que surgem as grandes evoluções e as grandes oportuni-dades, por isso o grande desafio dos gestores dos nossos operado-res é o de deixarem de seguir o li-vro de receitas que foi escrito no hemisfério norte e optarem por escrever a sua própria história de sucesso!

2012 37

38 2012

twittEr Ganha nova vErsão _O Twitter anunciou a terceira grande mudança estrutural da sua histó-ria, iniciada em março de 2006. A nova interface, que fica bastante pa-recida com a do Facebook, já está disponível a usuários e será aplicada tanto nas versões web, como nas exibidas em dispositivos móveis. A principal mudança é a adoção de uma foto de capa na página principal do usuário no microblog, recurso já apresentado pelos rivais Google+ e Facebook. Para aderir à nova funcionalidade, o utilizador deve aceder ao campo de “Configurações”, presente no canto superior direito da tela, clicar na opção “Aparência” e escolher a imagem que deseja inse-rir no perfil. O Twitter também disponibiliza novas versões do seu apps para iOS e Android, dando maior destaque às fotos. “Agora, também vai conhecer pessoas a partir de imagens”, diz o comunicado oficial da rede. A atualização dos aplicativos para Android, iPad e iPhone já estão disponíveis na Play Store, do Google, e na App Store, da Apple. A primeira grande renovação no site aconteceu em outubro de 2010, quando o microblog introduziu mudanças visuais significativas, com o objetivo de reunir mais informações sobre o comportamento do utiliza-dor. Essa mudança introduziu o lay-out atual. Em dezembro passado, o microblog tratou de apresentar uma nova interface, que valoriza a es-sência do serviço: a partilha e discussão de histórias. Hoje, com meio bi-lião de cadastrados, chega o momento de valorizar o uso das imagens.

EConoMiA&nEgÓCioS

microsoftlança tEcnoloGiadE aplicativos_A Microsoft lançou recentemente novas tecnologias que facilitarão o desenvolvimento e gestão de novos aplicativos: o Visual Studio 2012 e o .NET Framework 4.5. O Visual Studio 2012 fornece um rico ambiente de desenvolvimento para a criação de aplicativos modernos que atendem às necessidades dos usuários, em espe-cial aplicações que estejam acessíveis em qualquer lugar e que consumam grandes volumes de dados. “Hoje mais do que nunca, os técnicos têm a oportunidade de criar aplicativos modernos, co-nectados aos serviços de nuvem que tornam as informações mais acessíveis aos usuários, em qualquer dispositivo, a qualquer mo-mento”, disse Carlos Zimmerman, gerente de produto para empre-endedores da Microsoft . “O lançamento do Visual Studio 2012 e do .NET Framework 4.5 oferece o conjunto mais abrangente de fer-ramentas, fornecendo uma experiência de desenvolvimento inte-grada com as melhores e mais recentes plataformas da Microsoft.” Para Zimmermann, os aplicativos ganham cada vez mais mercado e geram oportunidade de negócios. “Aplicativos modernos são centrados na experiência do usuário e são acessíveis a partir de qualquer dispositivo. Além disso, é fundamental que eles tenham um fator social e que seja integrado com o consumidor no mundo virtual (redes sociais, sistemas de autenticação de empresas) e conectados instantaneamente aos seus pares, colegas e amigos. O ponto essencial é a construção de aplicativos que possibilitem o consumo inteligente de dados, pois a integração de informações com as tarefas permite a tomada de decisão em contexto”, declara o executivo da Microsoft.

Manuela Bártolo

2012 39

telecomunicaÇões

bradEsco ExpandE soluçõEs_O Bradesco Next, novo conceito de agência bancária desta instituição financei-ra brasileira, poderá ser replicado inicialmente às cerca de 300 unidades Prime e outros 300 espaços Prime do banco no país. Segundo o diretor executivo, Candido Leonelli, esse processo poderá acontecer ao longo dos próximos 18 meses. O conceito da nova unidade é oferecer um espaço para os clientes co-nhecerem as possibilidades tecnológicas subjacentes às diferentes transações bancárias. A ideia é educar o cliente para o uso dos meios digitais em procedi-mentos de rotina, como pagamentos ou conferências de extratos. “Este será um local onde a tecnologia se adapta às necessidades dos clientes”, disse Leonelli. Entre os serviços que a loja conceito oferece está um painel interativo sensí-vel ao toque onde os clientes acedem informações sobre os aplicativos para a realização de operações bancárias. Os novos terminais de auto-atendimento também serão por toque (touch screen), e os comprovantes de transações de transferências enviados por e-mail, dispensando o uso do papel. Outra novi-dade para os clientes será a consultoria financeira de forma interativa, com as informações enviadas posteriormente para o e-mail do cliente e podendo ser visualizadas pelos gerentes para contratações. Dentro do processo de ex-pansão, as lojas Prime poderão receber inicialmente os consultores financeiros online (especialistas em crédito ou investimento) e os displays de tabela de prestação de serviços interativo de tarifas. Especialmente a tabela de serviços poderá ser replicada mais rapidamente, para até mil agências até ao final do próximo ano, projetou Leonelli. Mais do que os serviços no espaço conceito, a intenção da empresa é ampliar o uso de serviços bancários em smartphones, tablets e computadores pessoais. “São novos canais para alavancar os negócios”, disse o diretor de canais digi-tais do banco, Luca Cavalcanti. Segundo ele, os serviços na internet têm vindo a crescer por meio do internet banking, que avançou 74% em número de tran-sações e 22% em volume financeiro de janeiro a julho, em comparação com o mesmo período do ano passado. Além disso, de acordo com os executivos do banco, aproximadamente 91% das transações já são por meio de canais onli-ne. Entre este universo, 5% são através de telemóveis. Entre as utilidades do telemóvel está o pagamento de contas ou consulta ao saldo via mensagem de texto (SMS). Apenas de janeiro a julho, foram realizados 670 mil pagamentos, por meio do uso de aplicativos em aparelhos com leitores de códigos de barra.

applE: maior capitalização bolsistadE sEmprE_A Apple bateu a maior capitalização bolsista de sempre nos EUA, derrubando a Microsoft, que ostentava esse título desde 1999. Cada ação da Apple está agora a 664,75 dólares (538,4 euros), o que representa uma capitalização bol-sista de 623,14 mil milhões de dólares (504,7 mil milhões de euros).

40 2012

EConoMiA&nEgÓCioS Manuela Bártolo

redução dAs tAxAsde bonificAçãoO ministro da Economia, Abraão Gourgel, afirmou, na província do Bié, que o Executivo central reduziu significativamente as taxas de bonificação junto das agências bancárias, com o objetivo de possibilitar o fomento de emprego no país e, consequentemente, facilitar os beneficiários empreendedores. O governante lembrou que o governo reduziu as taxas dos programas “Angola investe”, destinados a pequenas, médias e grandes empresas, bem como o “Meu negócio, minha vida” dos Balcões Únicos do Empreendedorismo (BUE) a nível do país. No programa “Angola investe”, o Executivo reduziu 5% a taxa de juros a nível dos bancos, uma vez que as taxas de reembolso para os programas é de 16%. O responsável acrescentou que para o programa do BUE a taxa de juros caiu significativamente em relação aos projetos de PME’s sem, no entanto, adiantar as percentagens. Segundo o titular da pasta da Economia, a iniciativa visa sobretudo criar mais oportunidades de empregos aos jovens, assim como contribuir diretamente no desenvolvimento socioeconómico do país.

mAis 10 mil emPreende-doresO diretor-geral da Incubadora de Negócios do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional, Jacinto Domingos, revelou ao Jornal de Angola que o Centro de Empreendedorismo vai formar até ao final do ano dez mil empreendedores.Jacinto Domingos disse que o Centro de Formação Pro-fissional de Cambambe formou 7.039 empreendedores. No município de Cambambe foram qualificados 450 empreendedores em gestão de pequenos negócios e empreendedorismo, dos quais 220 beneficiaram de mi-crocrédito comunitário para lançarem o próprio negó-cio. O Centro de Empreendedorismo vai dar cursos de gestão empresarial e fomento do empreendedorismo. Os técnicos do centro vão fazer deslocações pontuais às comunidades para identificar atividades geradoras de rendimento. O espaço vai prestar serviços de media-ção entre a procura e a oferta de mão-de-obra, identifi-cando junto dos setores empresariais locais ofertas de postos de trabalhos, além de registar os empreende-dores que estão no desemprego e procuram trabalho. Angola tem 142 Centros de Formação Profissional, dos quais 132 tutelados pelo Instituto Nacional do Empre-go e Formação Profissional (INEFOP), para além de 133 centros itinerantes.

novo fundo de cAPitAl de risco O Fundo Ativo de Capital de Risco Angolano (FACRA), afeto ao Programa de Desenvol-vimento das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME), foi lançado em Luanda pelo Ministério da Economia de Angola, de acordo com a agência noticiosa angolana Angop. A gestão do FACRA foi entregue à Sociedade Kwanza - Gestão de Projetos Empresariais tendo, na ocasião, o ministro da Economia, Abraão Gourgel, afirmado que um dos objetivos da sua constituição é o de garantir fundos de financiamento a longo prazo para o arranque e expansão das micro, pequenas e médias empresas angolanas. Criado ao abrigo de um decreto com data de 7 de junho, o fundo pretende também estimular projetos empresa-riais com elevado potencial de crescimento nas suas fases iniciais. Até 2022, o impacto do FACRA deverá traduzir-se num crescimento de mais de 10 mil milhões de dólares no Pro-duto Interno Bruto (PIB) e na criação de mais de 500 mil novos empregos, diversificando a economia para além do petróleo e aumentando a competitividade global de Angola. Por seu turno, o presidente da Sociedade Kwanza - Gestão de Participações Empresariais, Al-berto Mendes, garantiu que o Fundo Ativo de Capital de Risco Angolano terá uma gestão “transparente, responsável e profissional.”

2012 41

emPReGo & FoRmaÇão

cfb e AeroPorto de cAtumbelAem AltAO arranque da fase comercial do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) e o novo aeroporto internacional da Catumbela, que juntos vão criar mais de 2.500 postos de trabalho, são dois dos fatores que têm levado a uma fase de grande dinâmica da economia de Benguela, criando grandes oportunidades. As duas infraestruturas são apontadas como alavanca na promoção do crescimento rentável, através da criação de oportunidades de emprego para a juventude, e no antecipar de tendências para outras atividades económicas na região. O CFB, por exemplo, tem capacidade para transportar milhões de toneladas de mercadorias diversas por ano e realizar a ligação transfronteiriça, sendo de esperar que ajude a impulsionar uma viragem nas ope-rações comerciais, avaliadas em milhões de kwanzas, quando ficar pronta a ligação da linha ferroviária entre o Atlântico e a África Central. Foram adquiridas novas loco-motivas, carruagens de passageiros, uma composição para transporte de mercado-rias dotada de vagões para contentores e plataformas cisternas para combustíveis.

isutic AcolherÁ1800 estudAntes O ministro das Telecomunicações e Tecnologia de Informação, José Carvalho da Rocha, decla-rou, em Luanda, que o Instituto Superior para as Tecnologias de Informação e Comunicação (ISUTIC) vai albergar mil e 800 estudantes assim que entrar totalmente em funcionamento. Para o próximo ano letivo, essa instituição pública, que o Executivo coloca à disposição dos estudantes, disponibilizará 700 vagas nos cursos de Engenharia Informática e Engenharia Telecomunicação. Depois do termo da segunda fase de construção do estabelecimento de ensino, arranca os cursos de Engenharia Biomédica, Engenharia Electrónica e em Gestão em Telecomunicações.

“PArA os jovens é umA oPortunidAde de Puderem ter formAção Ao mAis Alto nível nA ÁreA dAs tecnologiAs de informAção e comunicAção. vAmos desenvolver Aqui essenciAlmente cinco grAndes cursos, trAnsformAndo essA zonA num verdAdeiro centro do sAber”, gArAntiu o dirigente em entrevistA à imPrensA.

O ministro José Carvalho da Rocha não disse o valor global da infraestrutura, mas revelou que somente a instituição com todo os equipamentos custou cerca de 19 milhões de dólares. Acrescentou ainda que 25% desse valor foram contribuições das empresas do setor das tele-comunicações e tecnologias de informação, particularmente aquelas que estiveram ligadas à construção da rede de fibra óptica de Angola. O dirigente considerou ser um dos grandes ganhos do ministério, tendo em conta a utilidade que o ISUTIC trará futuramente no tocante à formação do homem angolano. “São estes desafios que queremos ter: angolanos formados ao mais alto nível para poderem suportar projetos que temos no setor como o AngoSat e a migração da televisão analógica para digital, entre outros”, referiu.

42 2012

unitEl ExPAnDE SErviçoS

—a operadora anunciou há um

mês que vai dar continuidade ao processo de expansão dos seus

serviços no plano internacional. após estabelecer acordos com as operadoras orange e latelz, a unitel consegue

dispor de roaming de dados no cambodja e nas ilhas maurícias,

respetivamente. o serviço foi igualmente reforçado em espanha

e inglaterra.

É SEM DúVIDA A MARCA RESPONSÁVEL PELO MAIOR INVESTIMENTO PUBLICITÁRIO NA IMPRENSA E LIDEROU A TABELA DE ANUNCIANTES EM TELEVISãO NO PRIMEIRO SEMESTRE DO ANO. A UNITEL TEM CONQUISTADO CRESCENTEMENTE O SEU MERCADO E É ATUALMENTE MUITO MAIS QUE UMA EMPRESA DE TELECOMUNICAçõES. É UM ExEMPLO DE SUCESSO NO QUE CONCERNE A INFLUENCIAR AS MASSAS E UM GIGANTE CAPAz DE TRANSMITIR A SUA MENSAGEM COM A MAIOR EFICÁCIA. TODOS OS MEIOS DE COMUNICAçãO SOCIAL DESEJAM A UNITEL ENQUANTO ANUNCIANTE. DESCUBRA PORQUê!

EConoMiA&nEgÓCioS Patrícia Alves Tavares

UnitelO PaPa da Publicidade

2012 43

O mais recente galardão para a Unitel, no âmbi-to publicitário, veio de Moçambique. A operadora móvel recebeu em junho o Prémio Concha de Pra-ta, na 7ª Edição do Festival Internacional de Pu-blicidade de Maputo. O filme protagonizado pelo maratonista João N’Tyamba conquistou o júri do evento que considerou a campanha eficaz pela ori-ginalidade e qualidade. Afinal foram necessárias apenas duas personagens (o atleta e as paisagens nacionais) para mostrar ao país que a empresa tem cobertura de rede em todas as sedes de município. A distinção vem comprovar o poder visionário de uma empresa nacional que usa e abusa da melhor arma de sedução dos consumidores, evidenciando uma tática de mestre a cada campanha que surge no exterior.

A coNSAgrAçãoFoi durante o Campeonato Africano das Nações organizado por Angola que a Unitel se destacou da concorrência. As estatísticas vieram comprovar aquilo que muitos analistas já tinham vaticinado. A empresa foi responsável pela melhor e maior cam-panha publicitária, assumindo-se como o maior anunciante do mercado nesse período. Com o claim “Futebol – esta é a paixão que nos liga”, adaptado a todos os suportes de comunica-ção, a marca conseguiu tirar vantagem do maior evento desportivo que o país acolheu e que não se repetirá nos próximos anos. A estratégia foi delineada um ano antes do evento e soube pegar no mote que une todos os simpati-zantes do desporto: alegria e emoção. Ciente das potencialidades de um evento da envergadura do CAN e dos esforços do país em organizar um cam-peonato memorável, a Unitel aproveitou para a re-forçar a sua proximidade não apenas com os seus clientes, mas com toda a população. Afinal, todo o angolano é um possível consumidor. E foi essa a razão que motivou o investimento de cinco milhões de dólares em marketing durante em CAN. Excecionalmente, a operadora viu a oportu-nidade de juntar diversos segmentos de potenciais clientes e transmitir a sua mensagem a todos em simultâneo. A projeção do evento assegurou o re-torno do investimento, mediante a maior visibilida-de da marca junto de diferentes públicos e faixas etárias. Após ter atingido o objetivo de cobrir todos os mu-nicípios com rede Unitel, a marca voltou a associar-se à recente edição do Mundial de Futebol de África do Sul utilizando novamente o desporto para se aproximar dos seus clientes.

UNIão dE SUcESSoO êxito da estratégia de comunicação e de marke-ting da Unitel é igualmente fruto da escolha dos parceiros adequados. Habitualmente, a operadora recorre à Ogilvy Design para criar a publicidade dos produtos da empresa. Na FILDA 2012 (Feira Inter-nacional de Luanda), a agência voltou a merecer o

SAbiA quE…—

durante o can 2010, a unitel investiu cinco milhões de dólares

em marketing. e desengane-se quem pensa que o valor foi

apenas remetido para os spots publicitários. divulgar uma marca vai além disso. um dos trunfos da

campanha foi a distribuição de material de merchandising, no

total 500 mil peças.

http://www.opais.net/resources/ images/exame/edicao_03/

unitel%201.png

noviDADES não PArAM DESDE 2011

2012 lançamento dos serviços de subscrição no portal de

conteúdos: horóscopo, Piadas e termómetro de amor

  2011 cobertura da rede em todos os

municípios de angola;atingiram 101 lojas próprias

difusas em todo o país;abertura da segunda loja

empresarial;atinge o número de 8 milhões de

clientes;lançamento do serviço “Google

sms service”Fonte: unitel

voto de confiança, sendo escolhida para idealizar o stand com que se apresentaram. O mundo digital foi o mote para promover a notoriedade da marca e dar a conhecer os seus conteúdos. Três equipa-mentos de grande dimensão serviram de atrativo para convidar os visitantes a conhecer o stand, que recorreu à Internet e a uma aplicação interativa pa-ra conquistar o público.A originalidade do projeto valeu mais um prémio para a empresa de telecomunicações móveis, que foi eleita com os galardões “Melhor participação de marca” e “Tecnologias de informação e comunica-ção”, na Gala Leões de Ouro FILDA 2012. Já durante o CAN 2010, a Ogilvy foi a responsável pela concretização da campanha que recorreu ao kuduro para “galvanizar as pessoas e chegar ao pú-blico jovem”. E não foi a primeira vez que a Unitel usou este estilo musical genuinamente nacional pa-ra cativar os seus clientes. Em relação ao campeo-

nato africano, a operado-ra acautelou todas as si-tuações e fo-ram gravadas campanhas para todas as previsões do desempenho dos Palan-cas Negras na competição,

desde a qualificação à eliminação ou vitória final.

oIto mIlhõES dE clIENtESEm maio, a empresa anunciou ter oito milhões de clientes no país. Para alcançar este valor em mui-to tem contribuído a sua estratégia de promoção da marca. Por outro lado, a empresa detém mais de uma centena de lojas próprias e conseguiu ter cobertura de rede em todos os municípios do ter-ritório.Fundada há 11 anos, a Unitel não para de crescer e traça constantemente novos objetivos. Detentora de uma panóplia de serviços, como roaming de voz e dados e soluções de internet móvel, a aposta re-cai na melhoria das atuais ofertas e lançamento de novas tecnologias. Tendo em consideração que os angolanos são dos que mais falam ao telemóvel e estão entre os que mais gastam por mês em serviços móveis, em Áfri-ca, a marca tem todas as condições para continuar a afirma-se e a ser um player muito importante no mercado publicitário.

maRcas id

‘Em maio, a unitel anunciou ter oito milhõesde clientes no país. Para alcançar este valorem muito tem contribuído a sua estratégiade promoção da marca’

44 2012

EConoMiA&nEgÓCioS maRcas id

‘HappyCustomers’O nOvO mundO dOmObile marketing

A exigência das sociedades atuais têm tornado cada vez mais claro que o perfil de cliente está rapidamen-te a mudar, a adquirir competên-cias novas e a exigir do marketing não só produtos com qualidade e comunicação adequada, mas tam-bém um serviço de apoio ao cliente, seja ele centrado nas vendas ou no pós-venda, que acompanhe o ciclo de vida do produto e as necessida-des do cliente de forma mais com-petente. Nunca o consumidor tinha assumido um papel tão importante na definição de estratégias de ma-rketing! Hoje não existem apenas ‘focus group onde se testam pro-dutos: hoje pergunta-se aos clien-tes o que desejam adquirir a seguir, seguem-se ilustres desconhecidos nas redes sociais, procuram-se opi-nion makers na Web, estejam eles no Twitter, no Facebook ou no Youtube e criam-se estrelas com os blogues de opinião!

Mais importante que adquirir no-vos clientes, as empresas inteligen-tes, centram esforços na criação de clientes fidelizados, participativos e adeptos da sua marca, ao ponto de defenderem a sua escolha na praça pública, como por exemplo, os faná-ticos pelos produtos Apple. As fer-ramentas de marketing têm surgido, por isso, com o objectivo subliminar de criar um núcleo de ‘happy cus-tomers’ com o desenvolvimento de conteúdos interessantes e atrativos para quem é curioso, seja cliente ou profissional da área.

Para alcançar o sucesso junto dos seus cliente, os responsáveis de ma-rketing têm vindo a fazer uma aposta forte no denominado Mobile Marke-ting, potenciando as suas aplicabili-

dades numa estratégia de marketing positiva. Numa era em que os dis-positivos móveis ganham cada vez mais terreno, não se pode descuidar este ponto de contacto com o clien-te e deve-se pensar em estratégias integradas, online e offline. O mobi-le marketing permite explorar novo níveis de engagement com o cliente, assim como gerar leads qualificados e, consequentemente, vendas. Algu-mas das ferramentas que permitem criar boas estratégias de mobile ma-rketing, são as SMS ou o Bluetooh, QR Code, Sites Mobile, APP’s e pu-blicidade mobile, assim como a ge-olocalização/referenciação.

Uma das campanhas emblemáticas do género foi a criada para a marca de jeans “Diesel”, em que combina-ram o offline das lojas, com o mobile através de QR Codes e o online, com o like do Facebook (httpv://www.youtube.com/watch?v=4OZmbBPym1k&feature=player_embedded).

Ainda no ‘mundo dos QR Code’s, o Pizza Express, uma rede de piza-rias no Reino Unido, adotou o ‘mul-tichannel QR code’, que em vez de linkar apenas a uma imagem num website, permite publicitar uma APP e efetuar pagamentos, entre outras vantagens, o que cria uma relação de confiança na marca e um sentimen-to de controlo por parte do cliente.

Estes são apenas dois dos muitos exemplos de uma estratégia de mo-bile marketing de sucesso. O que distingue o marketing através de dispositivos móveis do restante ma-rketing online e offline é esta capa-cidade de conjugar várias técnicas e de sem dúvida se transformar numa estratégia ‘multicanal’.

2012 45

46 2012

SoCiEDADE Patrícia Alves Tavares

Censo-Piloto 2012

É horA de conhecer A nossA reAlidAde

O censo-piloto obedece às recomen-dações das Nações Unidas e vai testar in loco o Recenseamento Geral da Po-pulação e Habitação, que está agen-dado para julho de 2013 e que será o primeiro estudo exaustivo da socieda-de angolana desde 1975. Durante este mês, os técnicos vão verificar a coerência das perguntas que compõem o questionário, com o intuito de perceberem se estão cor-retamente formuladas e são de com-preensão fácil para toda a população. De acordo com o Gabinete Central do Censo (GCC), o Estado vai gastar 40 milhões de dólares, cerca de metade

do valor investido na totalidade do processo que fica concluído no pró-ximo ano. A atualização cartográfica custará 9,6 milhões de dólares. O processo arrancou a 1 de outubro e vai incidir em sete províncias, vi-sando apenas algumas comunas e municípios das regiões selecionadas. Cunene, Huambo, Kuando Kubango, Kwanza Norte, Luanda, Uíge e Nami-be serão os alvos do censo-piloto, ago-ra que todas as condições humanas, técnicas e financeiras estão reunidas para implementar o ato experimental.O Recenseamento Demográfico de 2013 possibilitará a recolha de dados

como o número de habitantes (bem como de homens, mulheres, crianças e idosos), o modo como vivem, a sua profissão e outras informações que permitirão compreender o dia-a-dia da população. Após este período, o Governo preten-de realizar censos de 10 em 10 anos à semelhança do que acontece na maio-ria das nações.

MAis próxiModos odMO Recenseamento da População e Ha-bitação divide-se em dois recensea-

mentos, que decorrem em simultâneo e vão permitir conhecer a população e o mercado habitacional. Com a obten-ção de estatística fiável e atualizada, o Governo poderá pela primeira vez adequar as suas políticas ao estado re-al do país e avaliar a estratégia de com-bate à pobreza. O estudo irá fornecer indicadores que permitam a avaliação dos progressos alcançados no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). O inquérito final fornecerá aos go-vernantes e estudiosos informações relevantes sobre a estrutura da popu-lação (úteis para todas as unidades ad-ministrativas), material que conduza a futuras recolhas de dados, reforçará a capacidade nacional técnica, criará uma base de dados para planeamen-to, gestão e tomada de decisões e de-senvolverá uma amostra para futuros inquéritos aos agregados familiares. O processo é sigiloso.O GCC está igualmente a atualizar os mapas geográficos, os limites das aldeias e bairros, a contagem das

O PRIMEIRO RECENSEAMENTO DEMOGRÁFICO DA DEMOCRACIA CHEGARÁ BREVEMENTE àS CASAS DAS FAMíLIAS ANGOLANAS. A 1 DE OUTUBRO ARRANCOU O CENSO-PILOTO QUE ESTÁ A SER IMPLEMENTADO EM SETE PROVíNCIAS. NESTE MOMENTO, O PROJETO É APENAS UM TESTE. O VERDADEIRO ExAME AVANçA EM JULHO DO PRóxIMO ANO. NESSE PERíODO, SERÁ POSSíVEL ELABORAR ESTATíSTICAS FIÁVEIS E PRóxIMAS DA REALIDADE DA SOCIEDADE. NO TOTAL, O GOVERNO IRÁ GASTAR 100 MILHõES DE DóLARES NO RECENSEAMENTO GERAL DA POPULAçãO E HABITAçãO.

2012 47

habitações e a definir as secções cen-sitárias do território. Os agentes de terreno que estão em formação irão ter a prova de fogo durante este mês. Nas visitas às famílias, cartógrafos, geógrafos e topógrafos vão colocar em prática os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos, nomeadamente ao nível do uso das novas tecnologias, como GPS e imagens de satélite. Para o estudo final foram recrutados e formados 16 supervisores e 200 agentes para as dez províncias. Go-vernos provinciais, Administrações Municipais e Comunais, Sobras, Polí-cia Nacional, Forças Armadas e outras autoridades estão a ser formados pa-ra sensibilizar a população a participar no recenseamento de 2013. As 17 províncias terão um gabinete de Serviços Provinciais do INE (SPINE), que vão apoiar a coordenação entre todos os intervenientes no recensea-mento geral. Cabinda, Uíge, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Malange, Bengue-la, Huambo, Kuando Kubango, Nami-be, Huíla, Moxico e Cunene já têm a

o estAdo vAi gAstAr 40 milhões de dólAres no censo-Piloto, cercA de metAde do vAlor investido nA totAlidAde do Processo que ficA concluído no Próximo Ano

o que pensAM os AnGolAnos do censo de 2013?—“Vamos testar as nossas tecnologias, se realmente a metodologia de recrutar o pessoal na área local onde residem os agregados familiares é viável no censo real”Paulo Fonseca, coordenador técnico do Gabinete Geral do Censo, in Jornal Expansão

—“O último censo foi realizado em 1970, ainda no período colonial. O censo dá informação que nos vai servir para que todos os planos e programas políticos possam ser executados de forma sustentável” Camilo Ceita, diretor do Instituto Nacional de Estatística, in Jornal de Angola

—“A realização do censo populacional e da habitação torna-se num fator fundamental na concessão de políticas e ações viradas ao progresso socioeconómico do país”Mário Ndeitunga, vice-governador do Cunene, in Angop

—“Sabemos que a informação real é necessária para o desenvolvimento sustentável, porque as prioridades vão ser melhor dirigidas, os projetos e programas vão ser melhor avaliados e executados. O censo vai mexer com a sociedade e o país”Camilo Ceita, diretor do Instituto Nacional de Estatística, in Jornal de Angola

infraestrutura em funcionamento. As restantes vão abrir os SPINEs a cur-to prazo.

ine surpreenderá eM 2013Camilo Ceita, diretor do Instituto Na-cional de Estatística, explicou recen-temente que o processo tem várias etapas e que a atualização cartográfi-ca é provavelmente a tarefa mais com-plicada, uma vez que os mapas mais recentes do país datam de 1985. Definida a comissão de logística, formação, publicidade, marketing e administrativa, a preparação do cen-so-piloto foi a fase que se seguiu. O fundo aprovado pelo Conselho de Mi-nistros é de cerca de 100 milhões de dólares, mas poderá sofrer alterações, pois não é possível definir um custo fi-nal. A despesa do recenseamento po-pulacional é suportada na íntegra pelo Estado.O responsável mostrou-se confiante de que o censo do próximo ano vai

sABiA que…O INE REALIzOU PRÉ-TESTES DOS QUESTIONÁRIOS, QUE FORAM SUBDIVIDIDOS POR REGIõES. NA ÁREA URBANA FORAM SELECIONADOS AGREGADOS FAMILIARES DE TRêS ESTRATOS SOCIAIS POSSíVEIS, COM BASE NO TIPO DE HABITAçãO. NA ÁREA RURAL FORAM ESCOLHIDAS SEIS HABITAçõES NUMA DETERMINADA ALDEIA, SOB ORIENTAçãO DO COORDENADOR DA MESMA E MEDIANTE INDICAçãO DO ADMINISTRADOR COMUNAL. AS ENTREVISTAS, INDIVIDUAIS, FOCARAM OS ITENS TEMPO DE DURAçãO CADA ENTREVISTA; EFICÁCIA DO QUESTIONÁRIO; NíVEL DE COMPREENSãO DAS QUESTõES (RECENSEADOR/ENTREVISTADO); CONSISTêNCIA DAS PERGUNTAS E DAS SECçõES. O CENSO-PILOTO VAI POSSIBILITAR A REVISãO DO QUESTIONÁRIO E O AFINAMENTO DE PORMENORES.

transformar o INE na “maior empresa de Angola”, uma vez que se perspetiva o recrutamento de 50 mil pessoas. Os resultados do censo de 2013 serão co-nhecidos 18 meses depois, após a re-colha e tratamento estatístico.

SoCiEDADE

48 2012

Patrícia Alves Tavares

É mais um passo da fundação bra-sileira Oswaldo Cruz (Fiocruz)no combate de doenças que atingem grande parte dos países africanos, onde existem condições precárias de tratamento de águas. Os cientistas da organização desenvolveram uma va-cina contra a Esquistossomose, uma doença parasitária que aparece em áreas com saneamento básico precá-rio e vão testá-la no Brasil e em África. O Laboratório Esquistossomose Ex-perimental do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, Brasil, fez sa-ber que a vacina foi testada em huma-nos, numa experiência que visou vinte voluntários e onde não se verificaram efeitos secundários graves. Provada a sua segurança de imunização, os cientistas preparam-se para levar a investigação para o terreno, nomea-damente as zonas africanas e brasilei-ras que detenham elevado índice de contração da doença. Os países ainda não são conhecidos, até porque ca-berá à Organização Mundial de Saú-de (OMS), em parceria com a Fiocruz, designar os locais específicos que re-únam as melhores condições para o teste do medicamento.Miriam Tendler, chefe do laboratório que desenvolveu o projeto, admitiu à imprensa internacional que, após o período de experimentação, a vacina poderá estar disponível em hospitais

e centros de saúde dentro de três a quatro anos. Espera-se que com a en-trada no mercado farmacêutico a va-cina contra a Esquistossomose possa tratar 200 milhões de pessoas, em África, América Central e Brasil. A Esquistossomose é uma doença parasitária, grave, composta por or-ganismos multicelulares, cujas larvas dos parasitas penetram na pele e pro-voca anualmente a morte de milhares de pessoas, sobretudo nas regiões in-dicadas. Após a infeção, os pacientes apresentam dores de cabeça, diarreia e tosse com sangue. Nos casos mais graves causa a morte ao atingir ór-gãos vitais, como o fígado, os rins, os

—É A SEGUNDA DOENçA

PARASITÁRIA MAIS DEVASTADORA. AS

PRINCIPAIS VíTIMAS SãO AS POPULAçõES AFRICANAS E

BRASILEIRAS QUE VIVEM EM ÁREAS ONDE O SANEAMENTO

BÁSICO É PRECÁRIO. A ESQUISTOSSOMOSE PODE

TER OS DIAS CONTADOS GRAçAS A UMA VACINA

QUE A ORGANIZAçãO BRASILEIRA FIOCRUZ

ESTÁ A DESENVOLVER HÁ VÁRIAS DÉCADAS. APóS O SUCESSO DOS TESTES EM

LABORATóRIO, OS CIENTISTAS PREPARAM-SE PARA

ExPERIMENTAR O PRODUTO EM SOLO AFRICANO. SE OS RESULTADOS FOREM POSITIVOS, A PRIMEIRA

VACINA CONTRA A ESQUISTOSSOMOSE

FARÁ PARTE DOS LOTES DE MEDICAMENTOS DOS

HOSPITAIS MUNDIAIS, DENTRO DE TRêS A QUATRO ANOS.

Áfricaimune

4 DécaDas De pesquisaFOI EM 1975, HÁ QUASE 40 ANOS, QUE ARRANCOU A INVESTIGAçãO PARA A CRIAçãO DE UMA VACINA CONTRA A ESQUISTOSSOMOSE. DE ACORDO COM A FUNDAçãO FORAM NECESSÁRIAS DUAS DÉCADAS DE TRABALHO PARA IDENTIFICAR O PRINCíPIO ATIVO QUE PODERIA ATUAR CONTRA O PARASITA, NESTE CASO A PROTEíNA S14. ESTA ExERCE IGUALMENTE EFEITO FARMACOLóGICO E IMUNIZADOR CONTRA DOENçAS COMO A FASCIOLOSE HEPÁTICA, UMA DOENçA QUE SURGIU NA EUROPA E ATINGE O GADO.

4 anosé a estimativa para a chegada

da vacina aos hospitais

200 mde pessoas contraem a doença anualmente

800 mcidadãos vivem em zonas de risco

pulmões, a medula e o cérebro. Até ao momento, o único tratamento que existe recorre a antiparasitários. Con-tudo, este método não elimina o risco de novas infeções. Tendo em consideração os dados da OMS, é a segunda doença parasitária mais mortal. A primeira é a malária. Ainda de acordo com a organização mundial, cerca de 800 milhões de pessoas correm o risco de contrair a doença. A chegada ao mercado de uma vacina é um avanço considerável para a me-dicina, que poderá controlar uma do-ença que atinge as populações mais desfavorecidas.

50 2012

2012 51

Texto Patrícia Alves Tavares Fotos Direitos ReservadosuM DiA CoM… EMBAIXADORA ELIZABETH SIMBRÃO

EM 2009, ASSUMIU O CARGO DE EMBAIxADORA DE ANGOLA NA BÉLGICA, HOLANDA

E LUxEMBURGO, SENDO TAMBÉM REPRESENTANTE DO PAíS JUNTO DA UNIãO

EUROPEIA. ELIzABETH SIMBRãO É O ROSTO DA LIDERANçA FEMININA E DA CAUSA

EUROPEIA. CIENTE DAQUILO QUE A EUROPA ESPERA DO PARCEIRO ANGOLANO,

A RESPONSÁVEL TRAçA OS NOVOS DESAFIOS DO RELACIONAMENTO ENTRE

AFRICANOS E EUROPEUS E ACREDITA QUE ÁFRICA DEVERÁ COLOCAR-SE NUMA

POSIçãO DE ALIADO DO VELHO CONTINENTE, DE FORMA A PROCURAR SINERGIAS

PROFíCUAS AOS INTERESSES COMUNS.

—Frontal e determinada, Elizabeth Simbrão lembra que a sua pátria é muito mais do que petróleo e diamantes e que a Europa reconhece o investimento nos restantes setores de atividade. Ser parceiro dos países mais importantes da Europa e do mundo é, na voz da embaixadora, o futuro.

—“Podemos influenciaras Políticas euroPeias” —

52 2012

pa e África estão empenhadas em consolidar e aprofundar os seus laços, apoiando-se no potencial ainda não explorado das relações UE-África. Foi aliás isso que ficou bem evi-denciado aquando da realização da III Cimei-ra UE-África que decorreu em 2010 na Líbia, tendo-se elencado um conjunto de objetivos e estratégias comuns em domínios tão diver-sos como o desenvolvimento científico, o se-tor energético, a empregabilidade e outros. Em nosso entender, o continente africano deverá sempre colocar-se numa posição de parceiro relativamente à Europa procurando sinergias capazes de alcançar objetivos de in-teresse comum. Nesta senda julgo que pode-mos inserir o acordo de cooperação bilateral rubricado “ Caminho Conjunto Angola-UE”.

quais os principais interesses ou áreas de investimento angolano na europa? Como é do conhecimento público, o nosso país tem riquezas naturais importantes. O petróleo e os diamantes são, de facto, a ima-gem de marca de Angola, mas esta é uma rea-lidade que tende a mudar. O setor petrolífero contribuiu efetivamente para uma elevada ta-xa de crescimento da economia, mas outros setores apresentam também um crescimento contínuo e dinâmico, tais como a agricultura, pecuária, pescas, o setor da construção e ser-viços. No entanto, e apesar de considerar que o crescimento económico de Angola continu-ará a estar fortemente ligado à exploração das suas riquezas naturais, que estarão agora ca-

da vez mais diversificadas, a situação de paz e estabilidade tem ditado uma alteração do pa-norama socioeconómico diferente daquela que vigorou durante décadas a fio. Importan-tes países da Europa e do mundo olham para meu país, Angola, como um mercado apetecí-vel recheado de oportunidades e encaram-no não como um Estado que é necessário finan-ciar, mas sim como um parceiro económico na senda do desenvolvimento. Nesse sentido, o Executivo tem vindo a estabelecer inúme-ras parcerias entre Angola e outros Estados que acabarão por inevitavelmente conduzir a um processo de industrialização e moderni-zação do nosso país, que começa já a marcar presença em importantes mercados como é o caso do europeu. Ganhar posicionamento es-

tratégico através da banca e da presença forte em empresas do ramo energético, das teleco-municações e de outros setores, fazem parte do caminho a seguir. Quanto mais presente a economia angolana estiver na Europa, mais facilmente poderá influenciar as políticas eu-ropeias, sejam elas relativas ao setor primá-rio, secundário ou terciário.

recentemente o Presidente da Comissão europeia, durão barroso, visitou luanda. nessa altura, anunciou o denominado “Caminho conjunto eu-angola” que inclui a cooperação entre áreas até hoje inéditas, como a energia, a mobilidade, o ensino e o desenvolvimento sustentável. em segundo plano ficou o auxílio económico-financeiro de outrora. é este um símbolo do crescimento angolano? quais os setores que, no seu entendimento, são prioritários para ambos os contextos de desenvolvimento? A visita do Presidente da Comissão Europeia a Angola é o sinal evidente que o país está na agenda política da União Europeia e que assume um papel cada vez mais importante no interface África - Europa. Parece-me que este é um dado adquirido e incontornável e revela bem o estatuto que Angola tem vindo a conquistar no panorama político mundial. O novo Acordo de Cooperação entre a União Europeia e Angola, designado “Caminho Con-junto Angola - União Europeia”, anunciado pelo Presidente da República, José Eduardo

dos Santos e pelo Presidente da CE, Durão Barroso em abril deste ano, por altura da sua visita a Luanda, e celebrado a 23 de julho, em Bruxelas, é o sinal inequívoco de que Angola e a União Europeia pretendem uma maior con-vergência de políticas e ações nos domínios da paz, segurança, crescimento económico, direitos humanos e um conjunto de outras áreas consideradas fundamentais, enuncian-do uma estratégia de cooperação mais abran-gente que ultrapassa o quadro de Cotonou. A par dos tradicionais “Objetivos de Desenvol-vimento do Milénio”, Angola e a UE discutem hoje em dia um conjunto mais diversificado de questões que passam, para além das que já enunciei, pelo desenvolvimento sustenta-do, inovação ciência e tecnologia, educação,

pArceiro europeu

Como é que a embaixada angolana na bélgica analisa e acompanha a situação económica e financeira na europa? na sua opinião, a incógnita existente face à evolução do seu conjunto de países e mercados pode ser um entrave para o desenvolvimento das relações de investimento vivenciadas até ao momento junto dos diferentes países africanos? Como embaixadora de Angola no Reino da Bélgica e como cidadã acompanho com pre-ocupação a crise económica e financeira da Europa e do Mundo. Vivemos num mundo globalizado com mercados cada vez mais li-beralizados e os problemas de uma deter-minada região do globo, como é o caso da Europa, são cada vez mais problemas globais que ultrapassam as suas fronteiras e extrava-sam, contagiando outros mercados como é o caso do mercado africano. Julgo que mais do que uma crise económica e financeira, vi-vemos num período em que é necessário in-verter uma crise de valores à escala mundial. Durante as últimas décadas terão sido come-tidos erros que, como se veio infelizmente a constatar agora, estão a ser pagos a um pre-ço muito elevado. O crescimento não foi sus-tentado e alguns mercados foram evoluindo de forma virtual evidenciando os desequilí-brios macroeconómicos e as soluções foram sendo adiadas. Hoje tais problemas afetam não apenas a Europa mas o Mundo, dada a forte interdependência das economias den-tro e fora da zona euro. É óbvio que o clima de incerteza que daqui resulta afeta a confian-ça dos investidores mas também não é menos verdade que só existe uma solução para o pro-blema da atual crise económica: relançar o crescimento e criar mecanismos inovadores e mais eficazes de regulação dos mercados, tan-to na Europa como a nível internacional. Não é possível sair da crise sem crescimento eco-nómico e julgo que a estratégia 2020 lançada pela União Europeia para a próxima década apenas poderá ser efetiva se tiver em linha de conta a sua relação com as outras economias emergentes, onde se inclui a africana.

qual será no seu entender o papel/posição do continente africano na ajuda a uma velha europa que carece de uma melhor orientação/rumo das suas estratégias? Não tenho a veleidade de pensar que vai ser o continente africano a endireitar o rumo da Europa. Penso sim, que o África deverá colo-car-se numa posição de parceira da Europa, estreitando canais de cooperação bilateral em áreas de interesse comum. Considero que, para além da concretização dos objeti-vos de Desenvolvimento do Milénio, a Euro-

“Importantes países da Europa e do mundo olham para o meu país não como um Estado que é necessário financiar, mas sim como um parceiro

económico na senda do desenvolvimento”

uM DiA CoM… EMBAIXADORA ELIZABETH SIMBRÃO

2012 53

ambiente, energia e outras. Angola, apesar do seu enorme potencial de crescimento re-sultante das suas fontes de riqueza naturais, necessita, do meu ponto de vista, de alargar o mais possível o seu espectro de ação tam-bém no domínio da indústria e dos serviços e, nesse sentido, a aposta na formação supe-rior e na ciência assume-se como fundamen-tal. Hoje em dia, é impossível pensar-se em modernização e desenvolvimento sem apos-tas efetivas na ciência e na formação, o que é bem revelador da importância desta nova parceria. Para além de ser o maior doador a fundo perdido de Angola, a UE é também um importante parceiro de Angola no plano polí-tico e económico. A este nível não é de mais sublinhar que as exportações da UE para An-gola duplicaram desde 2005 e que a UE é já o terceiro maior parceiro comercial de Angola em termos globais. Os laços que nos unem são, portanto, fortes e a vários níveis, sendo necessário alimentar no futuro as boas rela-ções que existem no presente.

qual o balanço da concertação político-diplomática entre angola e a Comunidade europeia ao nível das relações internacionais e de cooperação?

Se não fossem boas, dificilmente se teria as-sinado o Acordo de Cooperação “Caminho Conjunto Angola - União Europeia”, em ju-lho passado. A intensificação do diálogo e da cooperação entre Angola e a União Europeia são prova da vitalidade política- diplomática entre as partes. A presidência angolana da Co-munidade dos países de Língua portuguesa (CPLP) e da Comunidade para o Desenvolvi-mento da Africa Austral (SADC) também con-tribuiu para que Luanda se tenha afirmado como um dos principais interlocutores afri-canos junto de Bruxelas. Faço votos que esta relação de proximidade se mantenha e como Embaixadora de Angola tudo farei para ali-mentar esta relação que tem tudo para ser co-roada de sucesso.

consolidAção deMocráticA

2012 ficará na história por ser ano de elei-ções em angola. Como é que a população radicada na bélgica, holanda e luxembur-go viu este acontecimento? são participa-tivos e acompanharam de perto o que se passou no último mês na sua terra natal? Nestas eleições, que decorreram em agosto, o voto dos angolanos não foi extensivo à di-áspora. Porém, a Embaixada em Bruxelas, fa-cilitou, em termos migratórios, a deslocação a todos aqueles que pretenderam exercer o seu direito democrático de voto no país. Os que vivem ou já viveram fora de Angola sa-bem que os laços que os ligam à terra natal vão muito além da esfera geográfica. Longe ou perto, os angolanos trazem sempre o seu país no coração e estou certa que todos man-têm uma esperança de retorno à pátria. Nes-se sentido, é natural que se preocupem com o seu destino, mas confiam na vitória do líder, que consideram que melhor servirá os inte-resses de Angola e dos angolanos. Na Bélgica, no Luxemburgo ou em qualquer recanto do mundo, os angolanos estarão sempre atentos ao que se passa no seu país.

O lobby junto das instituições comunitárias cria várias oportunidades

de emprego

“Para além dE

POrtugal, também

a bélgIca dEvErIa

Estar cada vEz

maIs na agEnda

dOs InvEstIdOrEs

angOlanOs”

54 2012

“vIvEmOs num PEríOdO Em quE é nEcEssárIO InvErtEr uma crIsE dE valOrEs à Escala mundIal. a EstratégIa 2020 lançada PEla uE Para a PróxIma década aPEnas POdErá sEr EfEtIva sE tIvEr Em lInha dE cOnta a sua rElaçãO cOm as Outras EcOnOmIas EmErgEntEs”

54 2012

uM DiA CoM… EMBAIXADORA ELIZABETH SIMBRÃO

2012 55

Perfil—

Maria Elisabeth Simbrão, que já foi Cônsul-Geral de Angola em Lisboa, foi nomeada por José Eduardo dos Santos representante do país em Bruxelas, em 2009, substituindo Toko Diankenga Serão. Licenciada em direito pela Universidade Agostinho Neto, a também embaixadora de Angola junto da União Europeia ingressou no Ministério das Relações Exteriores em 1976, tendo desempenhado várias funções, entre as quais se destacam a de Secretária do Presidente da República para as Relações Exteriores entre 1986 e 1990. Posteriormente foi Conselheira na Embaixada de Angola na República Federal da Alemanha (Bona) e, mais tarde, regressou ao país para ocupar o cargo de diretora dos Assuntos Jurídicos e Consulares. Em 1999 foi nomeada Cônsul em Lisboa, onde se evidenciou pelo empenho na promoção da inserção social dos angolanos na sociedade portuguesa. Daí rumou ao Benelux, onde se mantém ainda hoje nas funções de embaixadora. A Embaixada de Angola na Bélgica

foi inaugurada em 1977

2012 55

a Comissão europeia observou a ida às urnas. este é no seu entender um fator importante para que os parceiros europeus reconheçam a transparência do processo eleitoral? Antes de mais, julgo que é importante referir que a realização das terceiras eleições gerais resultou de um processo contínuo e sustenta-do de maturação política de Angola e dos ango-lanos. Este facto é digno de registo e é o retrato da consolidação da democracia no nosso país, o que é de enaltecer. A efetivação de eleições justas e transparentes, respeitando a sobera-nia do Estado e a Constituição da República, é um objetivo real e legítimo que os angolanos sempre defenderam. Não obstante a constru-ção democrática se estar a processar de uma forma positiva, e ser importante garantir a credibilidade externa dos processos que estão a ser aplicados no nosso país, consideramos que a observação das eleições por parte dos parceiros comunitários deve ser encarada co-mo natural e de forma positiva tendo em con-ta o processo de crescimento e consolidação da democracia já conseguidos.

quantos angolanos existem atualmente a viver na bélgica? Como se processa a sua integração nesta sociedade e em que setores se incluem? se tivesse de caracterizar o país em termos de oportunidades, como o faria? Num universo estimado em oito mil angola-nos residentes, temos cerca de 2500 inscritos, cujo processo de integração nem sempre foi fácil para a maioria ainda existente. Porém, a Bélgica pode considerar-se um país de opor-tunidades para a maioria dos migrantes e não falo apenas dos angolanos.

Pode o mesmo ser uma importante porta de entrada para um mercado global e sem fronteiras?Na verdade a Bélgica, e em particular Bru-xelas, é a porta de entrada para o mercado da União Europeia sendo uma cidade de tra-balho onde grande parte das empresas euro-peias e mundiais, sejam elas ligadas ao setor primário, secundário ou terciário têm, pelo menos, uma agência de representação perma-nente. O lobby junto das instituições comuni-tárias cria várias oportunidades de emprego e o posicionamento geoestratégico da Bélgi-ca e de Bruxelas fazem deste território um local de excelência para as relações económi-

cas entre diferentes países. Estando no cora-ção da Europa e fazendo fronteira com países influentes, a Bélgica assume-se como uma in-teressante “montra” de produtos e serviços tendo em vista a conquista de vários outros mercados contíguos, principalmente o fran-cês, luxemburguês, holandês e alemão. Para além de Portugal, que por razões históricas e linguísticas continua a ser para Angola uma excelente plataforma de entrada na Europa, também a Bélgica deveria, pelo que já referi, estar cada vez mais na agenda dos investido-res angolanos.

defende uma reforma dos métodos de trabalho da embaixada. na sua opinião, o que é que pode ser mudado e como é que o organismo se pode adaptar mais eficazmente às novas dinâmicas?Como é do conhecimento público, toda e qualquer Embaixada é uma representação de um país no exterior cujo objetivo é o de fa-zer funcionar o sistema de intercâmbio que os Estados utilizam nas suas relações interna-cionais, como instrumento da sua política. Es-

tas organizações pretendem aproximar o país que representam do país de acolhimento, não obstante o distanciamento geográfico. Este é, por assim dizer, o principal desígnio da Em-baixada de Angola junto do Reino da Bélgica que, de entre os deveres de representação ins-titucional, ressaltam a defesa dos interesses e proteção dos cidadãos angolanos, que na Bélgica se radicaram e laboram nos diferen-tes setores da economia. Neste sentido, a nos-sa missão tem por principal finalidade fazer funcionar o interface Bélgica-Angola, em to-dos os domínios da diplomacia, servindo de canal privilegiado no relacionamento insti-tucional entre o Governo de Angola junto do Reino da Bélgica, do Grão Ducado do Luxem-burgo e igualmente junto das instituições co-munitárias da União Europeia sedeadas em Bruxelas. Como embaixadora, o meu papel é o de garantir que esta ponte funcione e que os métodos de trabalho sejam sistematicamente aperfeiçoados por forma a servirmos cada vez mais e melhor aqueles que, legitimamen-te, de nós esperam sempre o máximo.

que tipo de apoio é mais procurado pelos angolanos na diáspora? de que forma este é peça fundamental para torna-los cidadãos melhor integrados, pró-

“angola necessita de alargar o mais possível o seu espectro de ação também no domínio da indústria e dos serviços. a aposta na formação superior e na

ciência assume-se como fundamental”

56 2012

“lOngE Ou PErtO

dE angOla, Os

angOlanOs trazEm

sEmPrE O sEu País

nO cOraçãO E

EstOu cErta quE

tOdOs mantêm

uma EsPErança dO

rEtOrnO à PátrIa”

ativos e participativos neste país de acolhimento?O apoio documental é o mais procurado. Os nossos concidadãos requerem todo o tipo de documentação de âmbito consular que pos-sibilite a sua legalização no país de acolhi-mento como única forma de conquista desse espaço através do exercício de uma atividade profissional. Uma das missões da Embaixada é dar resposta às questões e aspirações dos cidadãos angolanos residentes. Quanto me-lhor for essa resposta, mais bem preparados estarão para assumir os desafios a que se pro-puseram, optando por viver e trabalhar na Bélgica e poder contornar as dificuldades e constrangimentos que uma experiência des-tas também acarreta. Tal como num casamen-to, o papel de um embaixador é estar presente nos bons e maus momentos. E é um pouco is-so que procuro fazer relativamente à nossa co-munidade aqui residente.

quais as ações mais importantes que têm previsto realizar este ano, bem como ao nível das funções, quais as atividades diplomáticas que desenvolvem no sentido de dar a conhecer melhor angola e a sua cultura? Devo salientar que contamos com quinze as-sociações da diáspora angolana, com as quais

trabalhamos no sentido de aproximar a nos-sa comunidade o mais possível das suas ori-gens. Buscamos sempre formas de alívio para que ela se sinta apoiada e defendida como nos casos de repatriamento ou detenções. Numa era em que a internet assume um papel fun-damental na vida de todos os cidadãos, con-sidero que a conclusão, em breve, do nosso site como fórum interativo associado, sob a cobertura desta embaixada, será o próximo passo importante a seguir, embora o mesmo já funcione como um relevante veículo de informação para a nossa comunidade. Nesse sentido, também criamos uma newsletter a “AngoNouvelles” com o primeiro número já publicado e como é óbvio será periodicamen-te enviada a todos aqueles que manifestem interesse em recebê-la. Faremos a abordagem de temas atuais de interesse, não apenas para a comunidade angolana, mas também para ou-

tros públicos, nomeadamente para a comuni-dade diplomática. Temos assinalado algumas datas importantes do calendário angolano co-mo o 4 de fevereiro, 8 de março, 25 de maio, 11 de novembro, além de outras datas como o dia da CPLP e da SADC, organizando eventos. Estamos em contacto com alguns deputados europeus para, no Parlamento Europeu, or-ganizarmos workshops, seminários e deba-termos questões fundamentais no âmbito da relação Angola-UE, sobre a Paz, Segurança e Crescimento Económico e desenvolvimento científico e tecnológico, como temáticas que poderão estar em cima da mesa. Em suma, queremos estar cada vez mais pró-ximos da nossa comunidade, interagindo com ela, mas sobretudo ser a vitrina do nosso país para reportamos, de forma objetiva e re-flexiva, a nossa realidade num mundo globa-lizado em constante mutação.

“quanto mais presente a economia angolana estiver na Europa, mais facilmente poderá influenciar as políticas europeias, sejam elas relativas ao setor

primário, secundário ou terciário”

uM DiA CoM… EMBAIXADORA ELIZABETH SIMBRÃO

2012 57

a força da artE do LÁpis— DEFinição DE CArtoonCARICATURA, DESENHO HUMORíSTICO ACOMPANHADO DE LEGENDA (OU NãO), QUE RETRATA DE FORMA CRíTICA O DIA-A-DIA DE UMA SOCIEDADE.—Inconfundível e único, o cartoon tem a capacidade de num pequeno quadrado dizer mais que infinitas linhas de texto. Consegue transmitir em imagem a crítica social e surtir um efeito que muitas palavras, por muito acutilantes que sejam, não despertam na sociedade. É uma arma poderosa, que de forma descomprometida diz o que um país pensa, mas não pode ou não quer verbalizar.Luanda recebeu a nona edição do Festival Internacional de Banda Desenhada (BD) dias antes das eleições presidenciais e o evento foi o rosto da sociedade expectante. Três dezenas de cartoonistas nacionais e 11 estrangeiros abrilhantaram o encontro organizado pela Lindomar Estúdio, que contou pela primeira vez com a participação da Alliance Français.Nesta edição, viaje pelo mundo do cartoon, no ano em que o país foi a votos.

FotorEPortAgEM Texto Patrícia Alves Tavares | Fotografia Lindomar de Sousa

60 2012

FotorEPortAgEM

2012 61

62 2012

Patrícia Alves TavaresArquitEturA&ConStrução

—EM 2014 CADA MUNICíPIO DO VASTO TERRITóRIO TERÁ 200 CASAS ERGUIDAS PELO ESTADO. É ESSA A GARANTIA DO PROGRAMA NACIONAL DE URBANISMO E HABITAçãO, QUE CONTEMPLA A CRIAçãO DE INFRAESTRUTURAS BÁSICAS E APOIO AO ORDENAMENTO URBANO. TUDO PARA QUE NENHUM CIDADãO FIQUE IMPOSSIBILITADO DE USUFRUIR DE UMA HABITAçãO CONDIGNA, MESMO QUE TENHA POUCOS RENDIMENTOS.

O fim dO défice habitaciOnal

Até Ao momento, cAdA locAlidAde estÁ A construir 100 dAs 200 hAbitAções PrevistAs. são cAsAs do tiPo t3, geminAdAs e indePendentes

2012 63

procEsso dE valorização dE rEsErvas fundiárias

MetAs dA políticA

hABitAcionAl—

› PROMOVER A QUALIFICAçãO DO

TERRITóRIO (E CONSEQUENTE QUALIDADE DE VIDA

ATRAVÉS DA PRESERVAçãO DO PATRIMóNIO NATURAL E DA OCUPAçãO HUMANA

SUSTENTADA);

› CONSOLIDAR AS CONDIçõES ESSENCIAIS AO PROCESSO DE

DESENVOLVIMENTO;

“Trata-se de um esforço gigante em termos de dimensão de execução, inédito no nosso país, mas necessário e viável, que só será possível com uma ampla participação de todos”. É desta forma que o Ministério do Urbanismo se refere aos pro-gramas que o Executivo tem lançado no segmento habitacional.Entre 2006 e 2007, Angola integrava a lista das Nações Unidas das cidades cujo crescimento eco-nómico não era acompanhado pelo aumento da população urbana. Na ocasião, existia um défice habitacional de 1,7 milhões de casas, apenas em Luanda. Atualmente, o Programa Nacional de Ur-banismo e Habitação é uma referência junto dos parceiros europeus.O plano divide-se em vários projetos: o Subprogra-ma de 200 fogos por município, o Subprograma de 120.000 casas em todas as províncias do país, o Subprograma de autoconstrução dirigida e o Sub-programa de Aldeamentos Rurais autossustentá-veis, cujos projetos-pilotos serão implementados nas províncias de Cabinda e Uíge.Contudo, o projeto de implementação de duas cen-tenas de casas por município é o mais emblemático e aquele que tem data de conclusão definida. Além do mais, o seu grau de sucesso fez com que o Minis-tério do Urbanismo e Construção tivesse apresen-tado o programa numa conferência internacional sobre habitação.

ProJEto dE oUroDesenvolvimento urbano, ordenamento do terri-tório e crescimento das cidades foram alguns dos ganhos do projeto governamental que tem con-clusão agendada para 2014. O plano de habitação estabelece a construção de 200 casas em cada mu-nicípio do país. Para Adérito Mohamed, diretor nacional do Inter-câmbio do Ministério do Urbanismo e Construção, o programa “vai de encontro com aquilo que são os desafios do crescimento mundial no que toca a urbanização”. Partindo de um direito fundamental patente na Constituição do país (Todo o cidadão tem direito a habitação e à qualidade de vida, artigo 85º), o Go-verno quer desenvolver o setor habitacional, pro-piciando aos cidadãos o acesso a uma habitação condigna e com as infraestruturas básicas. Ao re-ferido programa juntam-se uma série de iniciativas do Estado e de privados que visam a construção de habitações sociais, a criação de mecanismos de crédito que facilitem a aquisição e arrendamento de propriedades e o impulsionamento da auto-construção dirigida.

ExEmplo dE casas com padrão Económico pré-dEfinido

terra

reServa fundiária

infra eStrutura

HabitaçõeS

64 2012

projeto noVA VidA quAse concluído—CADA MUNICíPIO TEM DESENVOLVIDO PARALELAMENTE PROGRAMAS DE INCENTIVO à URBANIzAçãO DAS REGIõES E CRIAçãO DE INFRAESTRUTURAS ADEQUADAS à POPULAçãO. É O CASO PROJETO HABITACIONAL NOVA VIDA, QUE COMEçOU A SER MATERIALIzADO EM 2001, EM LUANDA. COM DATA PREVISTA DE CONCLUSãO PARA O FINAL DO ANO, O PLANO É UMA PARCERIA PúBLICO-PRIVADA E DESTINA-SE A REDUzIR O DÉFICE HABITACIONAL DA CAPITAL. PRESTES A FINALIzAR A SEGUNDA FASE DO PROJETO, O ExECUTIVO CONGRATULA-SE DE TER ERGUIDO MAIS DE 4500 CASAS (APARTAMENTOS E MORADIAS) NO MUNICíPIO DE KILAMBA KIAxI.

ExEmplos dE urbanizaçõEs

ArquitEturA&ConStrução

VErbAS Em fEVErEIro“Construir para o desenvolvimento de Angola” é o mote do Executivo para se referir à execução do programa nacional. As verbas foram garantidas em fevereiro e, a partir desse momento, o país tem as-sistido ao avanço da construção de 200 habitações distribuídas pelos 165 muni-cípios, que apesar dos ritmos diferentes de cada região está a decorrer com toda a normalidade. Entretanto, “foi feito o arrolamento dos edifícios que constituem patrimó-nio das instituições do Estado, para que possa ser transferido para o Insti-tuto Nacional de Habitação”, anunciou publicamente o ministério. Uma medida essencial para libertar os terrenos para a execução do programa.Na ocasião ficaram igualmente garanti-das as condições e o modelo do Fundo de Fomento Habitacional, que vai funda-mentar o projeto habitacional e estabe-lecer o relacionamento entre cidadãos e instituições bancárias.

bom rItmoA empreitada já se sente em todas as se-des de município. O projeto está dividido em duas fases e a primeira está a dias de ser concluída. Até ao momento, cada lo-calidade está a construir 100 das 200 ha-bitações previstas. São casas do tipo T3, geminadas e independentes, compostas na maioria por cozinha, sala, três quar-tos, casa de banho, varanda e quintal.Para o segundo turno ficam os edifícios detentores de habitação e pequeno co-mércio acoplado. Estes empreendimen-tos deverão ser inaugurados dentro de dois anos. As primeiras edificações ocu-pam 25 mil hectares de cada município, cujo espaço está dividido em 300 lotes de 300 metros quadrados.Para garantir a segurança das cons-truções, o Governo tem implementado projetos complementares que visam a infraestruturação dos espaços onde es-tão a ser erguidas as residências, bem como a melhoria das capacidades de dis-tribuição de energia elétrica e de água potável

O investimento ultrapassa os quatro mi-lhões de dólares. O valor cresce se in-cluirmos os projetos paralelos que cada província tem desenvolvido. Por exem-plo, no Kwanza Norte, o plano de urba-nização comporta a construção de 4500 residências em Cazengo, uma iniciativa que se insere no plano diretor de desen-volvimento da capital da província, que no total tem mais de 500 mil habitantes.Também na Huíla, as obras decorrem a bom ritmo e o governador provincial, Isaac dos Anjos, admite mesmo que es-te plano tem contribuído para melhorar o grau de confiança da população. Re-conhecendo que a criação de 200 casas em cada localidade está longe de ser suficiente para colmatar o défice habita-cional, lembra que o Governo não tem re-cursos suficientes para “construir casas para todos os cidadãos, mas tem meios para entregar aos munícipes para edifi-car uma residência com qualidade e de gosto próprio”.

201é o ano de conclusão

do programa

200casas em cada município

das 18 províncias

120.000habitações em todas as

províncias

100esidências ficam

brevementeconcluídas em cada sede

de município

2012 65

rede de drenageM rede de SaneaMento

PaviMentoS e PaSSeioS

rede de água rede eLÉCtriCa (iluminaÇão Pública)

PArA o segundo turno ficAm os edifícios detentores de hAbitAção e Pequeno comércio AcoPlAdo. estes emPreendimentos deverão ser inAugurAdos dentro de dois Anos

A isenção do imPosto sobre A APlicAção de

cAPitAis orA criAdA visA constituir um

incentivo fiscAl PArA As entidAdes do sector Público

emPresAriAl, relAtivAmente

Aos Projectos que desenvolvAm

nA execução do ProgrAmA nAcionAl

de hAbitAção.

reGiMe de isenção—EM JANEIRO FOI APROVADO E PUBLICADO EM DIÁRIO DA REPúBLICA O REGIME ESPECIAL DE ISENçãO DE IMPOSTO PARA INCENTIVAR A ExECUçãO DO PLANO ORçAMENTAL. A ANGOLA’IN TEVE ACESSO AO DOCUMENTO E REPRODUz PARTE DOS OBJETIVOS DESTA MEDIDA: ARTIGO 1º (OBJECTO)

1. É criado o Regime Especial de Isenção de Imposto sobre Aplicação de Capitais que recaia sobre os juros de financiamentos e de suprimentos concedidos às entidades do sector público empresarial, isto é, às empresas públicas e respectivas subsidiárias, bem como as sociedades comerciais cujo capital social seja, directa ou indirectamente, integralmente, subscrito pelo Estado que executem o Programa Nacional de Habitação.

ExEmplo dE infraEstrutura técnica

3 ProVíNcIAS com EStrAdASO programa é igualmente composto pelo Plano Estratégico de Reabilitação e Con-servação das Estradas Terciárias (PER-CET). Estas constituem mais de metade das vias nacionais e permitirão levar os serviços básicos e terciários a todas as populações.As obras do referido plano estão em curso em Luanda (municípios de Icolo e Bengo e Kissama), Benguela e Kuando Kubango. As restantes ainda aguardam o início das obras. A aposta nos equipamentos envolven-tes das estruturas habitacionais é fun-damental para a resolução de um dos grandes problemas da população e con-dicionante da economia local. A pros-secução da política de construção e habitação contribui para o combate ao desemprego, “incentiva a requalifica-ção e valorização dos centros urbanos e rurais, promove uma fixação ordenada das populações e a superação das assi-metrias regionais”, indica o ministério.

rede eLÉCtriCa rede de água PotáveL rede de SaneaMento SiSteMa viário

66 2012

ArquitEturA&ConStrução Patrícia Alves Tavares

Portuguesa vence concurso internacional—Mais de três mil fotógrafos oriundos de todo o mundo concorreram à 3ª Edição do Art of Building (Arte da Construção) e o vencedor fala português. Inês Costa, de Lisboa (Portugal), ganhou o concurso internacional de fotografia de arquitetura com uma imagem tirada em Banguecoque, na Tailândia. A vencedora foi eleita através de votação no site do concurso. A imagem retrata um homem que participa na construção de um templo e que trabalha debaixo de sol intenso. Segundo a autora, está a “construir arte”. As 12 fotos finalistas serão leiloadas e o valor angariado será aplicado no projeto de construção de escolas no Haiti.

Mercado residencial cresceu no Cunene—Em apenas quatro anos nasceram mais de quatro mil casas no Cunene. O investimento visou as sedes municipais e comunais da província e esteve a cargo do Governo que construiu 4.606 habitações. Paralelamente está em execução o Programa Nacional de Urbanismo e Habitação, que se destina a minimizar os problemas habitacionais da região. O projeto indica que cada município da localidade vai ganhar 200 residências sociais. Metade das casas já está concluída. As obras arrancaram em março.

angolanono Mosan art Museum—O artista Etona está em Seul, na Coreia do Sul, a criar uma escultura em pedra. A obra, que tem dois metros de largura, dois de comprimento e dois de profundidade começou a ganhar forma no início do mês e tem dois elementos inspiradores: o elefante, símbolo da cultura mundial, e o pensador, que representa a cultura nacional. O escultor integra uma lista de 10 artistas internacionais que foram escolhidos para idealizar peças de arte exclusivas para a exposição no museu asiático. Etona é o único africano convidado pela casa de cultura e espera deixar a sua marca naquele país.

uN Habitat parceiro de angola—A UN Habitat, Nações Unidas para Assentamentos Humanos, anunciou que vai assinar um acordo de cooperação com o Governo e irá enviar um representante já no próximo ano para desenvolver assessoria técnica na capital do país. O protocolo visa várias áreas, nomeadamente a melhoria dos assentamentos informais e a redução de riscos das calamidades. O objetivo consiste em apoiar ações que evitem situações intrinsecamente associadas à questão da administração da terra e do ordenamento territorial. A assessoria da ONU irá orientar os financiamentos, apoiando o Governo angolano no desenvolvimento dos assentamentos humanos. De acordo com a agência, o país tem conseguido solucionar os problemas básicos de habitação, acesso aos serviços básicos e urbanização.

11 mil casasna Huíla—Isaac dos Anjos, governador da Huíla, analisou a nova centralidade que está a ser erguida em Quilemba, nomeadamente a construção das 11 mil residências. A obra está a cargo da empresa chinesa Grupo Savana, que explicou ao governante o estado atual dos trabalhos. Contudo, não adiantou quando será concluída a empreitada. O responsável avaliou os empreendimentos sociais e económicos que estão a ser erguidos e foi conhecer a reserva fundiária onde serão erguidos mais de 30 estabelecimentos comerciais.

68 2012

inovAção&DESEnvolviMEnto Patrícia Alves Tavares

Parques eólicos

Ventos de MudAnçA—ANGOLA JUNTA-SE BREVEMENTE AO CíRCULO RESTRITO DE NAçõES AFRICANAS QUE DETêM PARQUES EóLICOS. O PAíS VAI ERGUER A SUA PRIMEIRA INFRAESTRUTURA, QUE SERÁ UMA DAS MAIORES DO CONTINENTE E VAI DINAMIzAR A PRODUçãO ENERGÉTICA NUM SETOR QUE TEM GRANDE POTENCIAL, MAS QUE APENAS APROVEITA CINCO POR CENTO DA SUA CAPACIDADE. AINDA NãO FORAM DIVULGADAS DATAS QUANTO AO INíCIO DA SUA CONSTRUçãO OU ENTRADA EM FUNCIONAMENTO. PARA JÁ, SABE-SE QUE TOMBUA, NO NAMIBE, FOI A REGIãO ELEITA PARA ALBERGAR O COMPLExO.

Será o primeiro de muitos parques eólicos a nascer no país. O Governo angolano está empenhado em deixar a sua pegada de eficiência energéti-ca e proteção do ambiente e prepa-ra-se para construir aquele que será um dos maiores parques de produ-ção de energia eólica do continente africano. Tombua, no Namibe, é a re-gião escolhida para albergar a infra-estrutura que terá como mais-valia um centro de formação e ensaio de novas tecnologias.O projeto vai permitir suprir as neces-sidades de consumo e impulsionar a produção industrial. O programa go-

vernamental indica que deverão ser instalados cinco mil MW até 2016. Tal vai permitir o autoabastecimento e alcançar os países a sul de Angola. “Temos um amplo potencial ain-da por explorar e que pode permi-tir atender necessidades não só no domínio de consumo, como também da produção industrial, sendo que o programa do governo estabelece este princípio e objetivo que é ins-talar até 2016 cinco mil Mw”, anun-ciou o ministro da Energia e Água, João Baptista Borges. No entanto, não desvenda qual a data de início das obras naquele que será o primei-

ro parque do género a nascer no país. Apenas se sabe que o projeto arran-ca em breve.O parque terá uma produção de 100 MW e inclui a criação de um siste-ma nacional de abastecimento que assegure o fornecimento da ener-gia do vento aos principais centros urbanos, como Benguela, Cabinda, Huambo e Luanda. A capacidade de produção adicional será igualmen-te alargada através da instalação de novas centrais e a reabilitação dos sistemas de distribuição.

2012 69

potenciAl suBAproVeitAdoAtualmente, o país explora apenas cinco por cento do seu potencial e a nova central vai permitir aumentar largamente a sua capacidade de pro-dução e exploração que pode chegar aos 18 mil MW. Situação que o Gover-no quer inverter rapidamente, uma vez que pretende assegurar a estabi-lidade do funcionamento energético dos múltiplos sistemas e o aproveita-mento de uma fonte de energia reno-vável é a melhor solução.Para o Ministro da Energia e Água, João Baptista Borges, a aposta nes-

te segmento é o percurso natural do mercado energético nacional e um investimento fundamental, uma vez que se trata de uma energia limpa e que é produzida de forma sustenta-da. “É forte aposta nas energias renová-veis e na redução do déficit energé-tico”, frisou durante a apresentação do projeto. A edificação do parque eólico será faseada e a curto prazo deverá avançar a primeira etapa, que consiste na montagem das torres.

Católica estudou mercado nacionalEste mês decorre na Universidade

Católica, no Centro de Estudos de Investigação Científica (CEIC), de-corre a habitual Conferência Inter-nacional sobre Energia, que reúne anualmente especialistas nacionais e estrangeiros. No ano passado foi abordado o tema “As relações Angola-China no domí-nio dos petróleos” e apresentado o relatório do desempenho do setor em 2011. Além do enquadramento macroeconómico da exploração de petróleo, a conferência destaca-se habitualmente pela discussão que gera à volta de outras fontes de energia, nomeadamente o abasteci-mento elétrico no país. Na ocasião, o relatório centrou-se na enumeração dos novos projetos que no ano pas-sado contribuíram para o aumento

da produção de energia.Este ano, os profissionais do setor aguardam com expectativa o novo relatório e esperam abordar as no-vas iniciativas governamentais.

eletricidAde e BiocoMBustíVeisO futuro parque eólico integra o programa governamental que inclui o investimento em energias renová-veis para produção de eletricidade e biocombustíveis. De acordo com as recentes declarações de Maria Gra-ciette Pitra, diretora do Departa-mento de Biomassa do Ministério da Energia e Águas, o Executivo está a estudar as várias formas de explora-ção e rentabilização da energia ge-

tombuA, no nAmibe, é A região escolhidA PArA AlbergAr A infrAestruturA que terÁ como mAis-vAliA um centro de formAção e ensAio de novAs tecnologiAs

“temos um AmPlo PotenciAl AindA Por exPlorAr e que Pode Permitir Atender necessidAdes não só no domínio de consumo, como tAmbém dA Produção industriAl, sendo que o ProgrAmA do governo estAbelece este PrincíPio e objetivo que é instAlAr Até 2016 cinco mil mw”, Anunciou o ministro dA energiA e ÁguA

Números

100 MEgAwAttS

é a potência do futuro parque eólico

18 Mil MEgAwAttS

é a potência que o país consegue gerar

50% capacidade eólica de angola é explorada

70 2012

���������������������������������������

inovAção&DESEnvolviMEnto

o governo PlAneiA criAr duAs fÁbricAs de biocombustíveis à bAse de cAnA-de-AçúcAr PArA reforçAr o mercAdo de distribuição energéticA. o PrAzo de execução é de dois A três Anos

rada pelo vento e planeia criar duas fábricas de biocombustíveis à base de cana-de-açúcar para reforçar o mercado de distribuição energética. Este projeto tem um prazo de execu-ção de dois a três anos. Nesta tarefa, o Governo de José Edu-ardo dos Santos conta com a cola-boração de parceiros privados para produzir eletricidade e etanol partin-do da queima da cana-de-açúcar. A responsável discursou numa confe-rência que reuniu a Associação dos Reguladores de Energia dos Países de Língua Oficial Portuguesa e reve-lou que está na agenda ambiental an-golana a aposta no desenvolvimento de “polígonos florestais no centro sul e norte do país”, em que os resídu-

os sólidos florestais e urbanos serão convertidos em projetos de energia.A meta é ambiciosa, mas possível: permitir que 50 a 60% da população rural tenha acesso a energia até 2025. Nas localidades mais isoladas está em fase de conclusão a instalação de 63 sistemas solares fotovoltaicos. Ainda em relação ao Namibe, impor-ta recordar que estão em constru-ção duas centrais de fornecimento de energia elétrica, uma junto ao ae-roporto e outra no pátio da central térmica do xitoto. Os equipamentos, que ficam prontos este ano, terão ca-pacidade de dez megawatts e vão servir 11 mil ligações domiciliárias nas zonas periféricas da província.

quÉniA teM o MAior pArque eólicoA zona árida do Quénia é a região africana que terá o maior parque eólico do continente. O equipamento está em fase final de construção e deverá começar a eletricidade em 2014, prevendo-se que atinja a capacidade total de produção (de 300 MW) em 2015. A infraestrutura terá 365 turbinas e virá suprir 30% das necessidades do país, que tem ventos que sopram a 11 metros por segundo. O projeto é financiado pelos Estados Unidos, Holanda e Dinamarca.

sABiA que…

Angola prepara-se para investir em 130 projetos de energia solar para minimizar os problemas de fornecimento de energia a escolas e centros de saúde. Segundo o ministro da Energia, os fornecedores de equipamentos de energia solar vão beneficiar de incentivos fiscais.

���������������

��

��

��

����

����

����

����

����

����

����

����

����

����

����

����

���

2012 71

inovAção&DESEnvolviMEnto Patrícia Alves Tavares

recursos minerais investigados

—Um laboratório português vai proceder ao levantamento dos recursos minerais existentes no sul de Angola. Uma equipa do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) luso vai percorrer durante os próximos oito

anos a região sul em busca de recursos minerais metálicos e rochas industriais. O

acordo inclui ainda a formação de quadros do Instituto Geológico de Angola e o auxílio à

reestruturação do organismo, que vai receber 30 milhões de euros, devido a este projeto. O país quer

relançar o setor mineiro e conta com o apoio de Portugal para apostar nesta matéria.

centro de ecologia inaugurado—O Huambo já inaugurou o Centro de Ecologia Tropical e Alterações Climáticas (CETAC), o primeiro do país e que vai incidir na investigação aplicada no âmbito da ecologia tropical e respetiva gestão de ecossistemas naturais. O CETAC destina-se a apoiar a implementação de programas de preservação do ambiente e vai desenvolver a atividade em todas as regiões do território. Em estudo, está a implementação de mais estações de investigação científica noutras províncias.

múcua tem aProveitamento—Mabiala Damasco, inventor nacional, desenvolveu um projeto que se baseia no aproveitamento industrial da múcua, o fruto do embondeiro. O criador vai mostrar a sua ideia na Feira Internacional da Alemanha. De acordo com a sua pesquisa, o processo industrial da múcua vai utilizá-la em derivados como compotas, gelados, sumos, chocolates e outros suplementos alimentares. Apesar de ainda estar na fase de investigação, o cientista defende que a substância é uma matéria reativa antibacteriana, extraída da flora angolana e que tem componentes medicinais, sendo usado para combater doenças infeciosas.

mediatecas Primeira fase concluída—O projeto Rede de Mediatecas de Angola, que está a levar os espaços informativos multimédia às diferentes províncias, prepara-se para dar início à segunda fase. O primeiro momento ficou concluído com a formação dos primeiros quadros nacionais especializados em biblioteconomia e com a inauguração das mediatecas de Luanda, Benguela e Lubango. O programa que se destina à inclusão social e digital da população está a decorrer dentro dos prazos e em outubro e dezembro serão inaugurados os espaços do Soyo (Zaire) e do Huambo.

faltam esPecialistasem áfrica—Maria Abreu, diretora de markting da DStv Eutelsat, revelou numa palestra sobre “Prémios Estrela da DStv Eutelsat 2012” que o continente africano ainda não produz licenciados suficientes para colmatar as necessidades das áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. A responsável afirmou que as empresas de base tecnológica ainda se deparam com a falta de especialistas com competências específicas. As referidas áreas, considerou, são “um pré-requisito para o crescimento económico sustentável” e são estratégicas para o continente.

esPaço PúBlico com energia solar—O largo do cine São João, no bairro Popular, em Luanda, é o primeiro espaço público a ter iluminação proveniente de energia solar. A inovação faz parte do Projeto Vias de Luanda que recorreu pela primeira vez a painéis fotovoltaicos para iluminar a capital. Para dar luz ao largo foram colocadas 24 colunas com luminosidade de 150 watts e oito com 70 watts, que captam e transformam os raios solares em energia que é armazenada em baterias. O projeto foi instalado em abril, mas só agora entra em funcionamento. O plano encontra-se ainda na fase experimental.

72 2012

Gps

desPorto Manuela Bártolo

KicK-Off

Pedroto orguLhoso no interCLube É a única equipa que está em três competições em simultâneo, o que representa um acréscimo de esforço físico para os jogadores. O treinador do Interclube, Bernardino Pedroto, já reconheceu os sacrifícios dos atletas e diz estar “extremamente orgulhoso” por orientar um grupo que sabe reagir condignamente “à fome e à desgraça”, mantendo o espírito de campeões. Foi contra o Sagrada Esperança que a equipa regressou às vitórias. “Não é todos os dias que uma equipa que, em 21 dias tem sete jogos, com viagens desgastantes pelo meio, consegue manter o comportamento e uma índole e integridade profissional acima da média”, explicou.

ANGoLA na Luta do gp2 series Ricardo Teixeira foi convocado para a última prova de GP2 Series, que decorre em Singapura. «Esta participação foi inesperada, pois não contava com a mesma, pelas dificuldades económicas que atravessamos. Assim, num domingo à tarde fui contactado pelos responsáveis da Rapax, para me preparar para embarcar para Singapura, já que os dois carros da equipa embarcaram nesse mesmo dia em direção ao Extremo Oriente», explica o piloto luso-angolano em comunicado. Motivado para lutar por um bom lugar, o atleta já fez o reconhecimento da pista e diz que tem como principal objetivo terminar as duas corridas, “de preferência sem toques”.

IsNer PAuLo João futeboLista prodígio Isner Paulo João tem apenas 14 anos mas é considerado uma promessa do futebol nacional. Natural de Luanda, o jovem jogador cedo despertou o interesse dos clubes portugueses. Jogou nas escolas do Águias de Camalati de Lisboa e esteve a um passo de assinar pelo Sporting Clube de Portugal. Atualmente representa o Progresso de Sambizanga e é constantemente convocado para integrar o plantel da equipa sénior. É canhoto e detentor de uma técnica invejável para qualquer atleta da sua idade. Razões que colocaram Isner num escalão acima da sua idade. Ainda não completou 15 anos e já foi promovido ao escalão de juvenis e treina regularmente com a equipa principal. Nos jogos, o jovem inspira-se no seu ídolo, Neymar do Santos do Brasil, que apesar da baixa estatura é um grande marcador. Quanto à equipa, Isner acredita que esta irá manter-se na primeira divisão, pois “tem um grande treinador e jogadores capazes de justificar a permanência”.

GrANdE árEA ···························· 74

O hOmem que nãO perde tempOAyrton Senna é o maior piloto de todos os tempos. A sua marca continua viva na memória de todos os amantes de Fórmula 1. 18 anos após o fatídico acidente, a recordação dos seus últimos 21 minutos de glória

iNsiGht ··········································· 78

VOntade de VencerA provar que a deficiência também se vence, a brasileira Terezinha Guilhermina é um exemplo de força e superação. Vencedora de ouro nos Jogos Paralímpicos Londres 2012, revela nesta imagem que a palavra impossível nunca deveria ter sido inventada

fOrA dE JOGO ··························80

na elite dO xadrezÉ angolano e o quinto praticante de xadrez a ser reconhecido como mestre pela Federação Internacional da modalidade. O percurso de Eduardo Pascoal, atual tetracampeão nacional absoluto, desde a infância até à data. Uma história feliz que começou por pura brincadeira!

cruzAmENtO ····························· 82

O anO da palancaJosé Sayovo voltou a surpreender o mundo e a dignificar a nossa bandeira. O velocista subiu ao pódio por duas vezes e ouviu-se o hino de Angola em terras de Sua Majestade. Mais duas importantes medalhas para o atletismo nacional que renovam as esperanças para 2016

BlOcO dE NOtAs ·····················84

despOrtO em nOtíciaHóquei em patins, voleibol, futebol e boxe. Quatro modalidades em destaque nas novidades de desporto este mês. Uma chamada de atenção para a notícia- Rio2016 apoia africanos. Finalmente uma excelente novidade para os atletas do continente

2012 73

Gps

MéxIco quer mundiaL de 2026 O presidente da Federação Mexicana de Futebol anunciou que o país irá candidatar-se para organizar o Campeonato do Mundo de 2026. O responsável, Justino Compeán, defende que o país reúne as condições necessárias para acolher o evento, que irá decorrer dentro de 14 anos. “O México foi um grande anfitrião em 1970 e 1986. A infraestrutura do futebol mexicano continua a crescer e esse Mundial pode ser decisivo para o país”, alegou à Comunicação Social. A confirmar-se, a nação poderá ter que concorrer contra os vizinhos Estados Unidos, que também já manifestaram vontade para acolher a competição internacional. Brasil recebe o Mundial de 2014 e Rússia e Qatar organizam o de 2018 e 2022, respetivamente.

cLube de téNIs de LuANdA “oportunidade para todos” serem tenistasO projeto é do Clube de Ténis de Luanda e não poderia ter um balanço mais animador. “Oportunidade para todos” destina-se a 30 crianças do lar “Mamã Muxima” e consiste em propiciar-lhes aulas de ténis gratuitas. Os jovens não tinham nenhuma atividade desportiva há mais de seis meses e é com grande entusiasmo que frequentam as aulas do técnico João Sanda. A maioria já domina os princípios básicos da modalidade e mostram bons níveis de remate e receção de bola. O projeto filantrópico é da autoria de João Almeida, responsável pelo clube e conta com o apoio determinante de uma frequentadora do Clube de Ténis de Luanda. Manuela Nganga trabalha em planos de desenvolvimento sustentável e abraçou de imediato a causa, contribuindo financeiramente para que nada falte aos jovens tenistas. As crianças são oriundas de meios desfavorecidos e sem possibilidades para praticar uma modalidade que tem custos elevados. O mentor do projeto quer alargar a iniciativa a mais jovens. No entanto, as inúmeras dificuldades económicas impedem o Clube de receber mais praticantes.

ANGoLA mundiaL de hóquei em patins 2013 Angola acolhe o próximo Mundial de Hóquei em Patins que está agendado para setembro de 2013. A construção dos pavilhões que vão albergar os jogos do grande campeonato já começou e os responsáveis pela organização estão empenhados em fazer o melhor evento possível. Para o vice-presidente da Federação de Patinagem (FAP), Pedro Azevedo ‘Chipita’, o campeonato internacional é um bom mote para apostar e desenvolver a modalidade a nível nacional. As infraestruturas estão a ser erguidas na capital e na província do Namibe. «O que estamos a verificar neste momento traduz o empenho e aposta do Executivo angolano na concretização do evento, bem como no desenvolvimento do desporto nacional, principalmente no que concerne a construção de infraestruturas modernas em várias parcelas do país», frisou o responsável no dia do arranque das empreitadas. O pavilhão de Luanda, a ser erguido na zona da Camama, num espaço adjacente ao Estádio Nacional 11 de Novembro, com capacidade para 12 mil lugares, será o maior recinto desportivo coberto do país. Na mesma área será edificado um Centro de Reabilitação Física, destinado sobretudo a atletas de alta competição. No Namibe, o recinto que irá receber o 41.º Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins terá capacidade para três mil pessoas. Os equipamentos ficam concluídos em julho do próximo ano, a tempo de efetuar alguns ensaios e constatar falhas que podem ser corrigidas antes do Mundial. Está igualmente previsto um terceiro pavilhão, em Malanje (três mil espectadores), devido à política de expansão da modalidade. A província recebe em agosto de 2013 o Torneio Internacional José Eduardo dos Santos, cuja edição 11.ª decorreu na cidade do Huambo e foi conquistada pela seleção angolana.

PArALÍMPIcos atLetismo adaptado homenageado A Seleção Nacional de Atletismo para portadores de deficiência foi homenageada pela petrolífera BP Angola, que realizou um jantar comemorativo no Hotel Epic Sana, em Luanda. A cerimónia serviu para agradecer aos atletas o seu desempenho e representação de Angola na Europa, nos Jogos Paralímpicos de Londres. Recorde-se que o velocista José Sayovo foi o único a conquistar medalhas na competição, alcançando o ouro e prata em diferentes provas. A empresa foi um dos patrocinadores oficiais da Seleção Nacional de Atletismo, que foi representada nas olimpíadas por José Armando Sayovo, Octávio Ângelo dos Santos, Maria Silva e Esperança Gicasso. A parceria com a BP vai manter-se nos próximos Paralímpicos, em 2016.

74 2012

desPorto Manuela Bártolo

A lendAO que mudOu nO autOmObilismO

depOis de senna?—

“A FórmulA 1 é um tempo perdido se não For pArA vencer.” aYRton senna

Itália, Senna passa direto pela curva Tamburello, a 300 quiló-metros/hora, e bate. 41 vitórias em GP, 65 pole-po-sitions depois, um dos maiores fenómenos do automobilismo de todos os tempos cai com o mundo a assistir. Nenhuma ima-gem simboliza melhor a emoção dominante do que a de Alain

Prost a chorar numa das boxes. E o mais incrível é que não eram as lágrimas de um fã, mas de um rival – o maior de todos em 10 anos de competição dentro e fora das pistas. O seu ‘alter ego’ na Fórmula 1, afirma ainda hoje quem os acompanhou durante aqueles fantásticos anos. Quem assistiu naquela manhã de do-

Antes da curva, a vida. Depois dela, tudo mudou. Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1, morreu no GP de San Marino, há 18 anos, mas o sentimento de perda ainda hoje é sentido. Na memória, as imagens do impac-to, o muro marcado pelas cores azuis do Williams. À sétima vol-ta, no autódromo de Ímola, em

mingo, afirma que minutos an-tes de entrar pela última vez no cockpit, Senna encontra-se com o ex-adversário, dá-lhe uma pal-mada nas costas e afirma: ‘Prost, você faz falta’. Horas mais tarde, cercado pelos jornalistas, o fran-cês não conseguiu retribuir a gentileza tamanha era a conster-nação. Limitou-se a chorar.

2012 75

21 minutOsEste é o triste epílogo de um fim-de-semana em que a mor-te passeou pelo circuito. Já na sexta-feira, o carro de Rubens Barrichello se tinha destruí-do. O brasileiro só não morreu porque o choque foi amortecido pelos pneus. Nos treinos de sába-do, o carro do austríaco Roland Ratzenberger desintegrou-se no muro depois de passar re-to numa curva. O piloto chegou morto ao hospital, vítima de co-moção cerebral. Um quadro de presságios que antecedeu o aci-dente de Senna. O piloto mante-ve a liderança do GP por exatos 21 minutos. “Vi a traseira do seu carro bater violentamente no so-lo”, lembra o alemão Michael Schumacher, que ia colado em Senna na entrada da curva. “Em seguida, ele perdeu completa-mente o controlo”.

O Williams era considerado co-mo o melhor carro do mundo e,

naquela temporada, tinha também o melhor pilo-to do mundo. Porque é que estas duas com-binações não impe-diram o acidente? Os

fatores apontados es-tão interligados e são

dois: má qualidade da pista e um defeito

mecânico do carro. Schu-macher re-vela que o carro pulou

duas vezes antes de sair da pis-

ta. O ex-campeão Niki Lauda e Nel-son Pi-quet expli-cam que

o problema foi mecânico, prova-velmente devido a uma quebra na suspensão. Uma outra expli-cação dada foi a dos pneus. Como a corrida estava iniciar-se depois de uma paragem provocada por um acidente na partida, os pneus ainda não teriam atingido a tem-peratura e a pressão adequadas para manter o carro na pista. Sen-na acelerou fundo e foi atirado para fora. Fim de linha.

A notícia da sua morte deixou o mundo desolado. Shumacher, o vencedor da corrida, deixou o pódio e foi chorar nas boxes. O austríaco Gerard Berger, ex-companheiro de equipa de Senna na McLaren, afirmou na época que ‘não sabia como voltar às pistas depois do que aconte-ceu”. Também em Buenos Aires, Juan Manuel Fangio, a maior legenda de todos os tempos do automobilismo, na altura com 82 anos, sentiu-se mal ao ouvir a notícia pela rádio. Mais tarde, em comunicação divulgada pela família, declarou: ‘o mundo per-deu um dos maiores pilotos e eu perdi um grande amigo. Compar-tilho com os brasileiros este mo-mento de dor”. A morte de Senna chamou ainda mais atenção para um desporto tão fas-cinante, quanto cruel, devido ao alto risco que comporta. “A Fórmu-la 1 é um desporto ex-tremamente perigoso e não depende da habi-lidade do piloto evi-tar acidentes”, relembra o ex-campeão Niki Lauda, ele pró-pria vítima de um acidente. “Senna era o melhor pilo-to de todos os tempos. Ele sabia tu-do”, finaliza.

a curva que mudOu a história Há 18 anos, na Tamburello, Ayr-ton Senna entrava para a histó-ria ao encerrar de forma abrupta a sua carreira. Considerado um dos maiores ícones do automobi-lismo de todos os tempos, foi tra-ído por uma curva que mudou a história do desporto. Quase duas décadas não são suficientes para apagar da memória as conquis-tas extraordinárias do piloto. O tricampeão mundial de Fórmu-la 1 (1988, 1990 e 1991) começou a sua brilhante trajetória antes. Primeiro, tinha passado pelo au-tomobilismo inglês e conquistou

títulos em todas as catego-rias - F-Ford 1600, 2000

e F-3 Inglesa.

A primeira vez em que pilotou um carro

da equipa da Willia-ms, Senna classificou

o evento co-mo uma ex-periência incrível: “Foi em Don-nington Pa-rk, um dia depois do GP da In-glaterra, em julho

de 1983. Parecia

sabia que...—

Além da competência nas pistas, Senna também ficou

conhecido pela generosidade fora delas. Iniciou obras filantrópicas

que deram origem ao Instituto Ayrton Senna, que hoje atende cerca

de 400 mil crianças e jovens em todo o Brasil. A sua irmã Viviane gere o projeto

desde a sua criação.

um sonho ver de perto aquela tremenda máquina, altamente sofisticada, campeã do mundo, um privilégio permitido a ape-nas dois pilotos. Naquele dia, a Williams não era de ninguém. Era só minha. Liguei o carro, ba-ti o recorde da pista, uma grande

recordação.”

Filho de um em-presário do ra-mo metalúrgico, Ayrton Senna da Silva desde ce-do interessou-se por carros de corrida. Aos qua-tro anos, ganhou de presente um pequeno kart de 1 HP, com o qual começou a

brincar no pátio da empresa do seu pai. Três anos depois, passou a treinar no kartódromo de In-terlagos, em São Paulo. Com oito anos, Ayrton Senna correu pela primeira vez num kart profissio-nal, competindo com adultos. Em 1974, foi campeão paulista na categoria júnior, conquistan-do o título de campeão brasilei-ro na mesma categoria no ano seguinte. Venceu diversos títu-los no kart, chegando a campeão sul-americano, e foi duas vezes vice-campeão mundial, em 1979 e 1980. Em novembro desse ano, Senna fez testes para ingressar na equipa Van Dieman, de Fór-mula 1600, na Inglaterra. Parti-cipou de diversas competições, obtendo várias vitórias. No ano seguinte, por um breve interva-lo, voltou ao Brasil, disposto a as-sumir os negócios na empresa de seu pai, mas logo retornou à In-glaterra. Em 1982, Senna dispu-tou o Campeonato Europeu 1600. Nesse mesmo ano, transferiu-se para a Fórmula Fiat 2000. A entra-da de Ayrton Senna na Fórmula 1 começou em 1983, quando dis-putou a Fórmula 3 na Inglaterra. Bem-sucedido nessa temporada, obteve propostas para competir na McLaren e na Williams. Aca-bou por escolher uma equipa pequena, a Toleman. Em 1985, Senna passou a competir pela Lotus, uma equipa de tamanho médio com a qual preparou o sal-to que daria posteriormente na sua carreira. Na Lotus, disputou

GrANdE árEA

desPorto

48 grandes prémios, entre 1985 e 1987, vencendo seis vezes. Passou a competir com pilotos consa-grados, como Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet.

Senna acertou a sua entrada na McLaren Honda em 1987. Com tecnologia de ponta, a McLaren associava aerodinâmica e potên-cia. Com ela, foi campeão mun-dial, em 1988, vice, em 1989, e novamente campeão nos anos de 1990 e 1991. Nessa época, a ini-mizade entre Senna e o também piloto da McLaren, Alain Prost tornou-se pública.

O ano de 1992 marcou a decadên-cia da equipa da Honda. Senna te-ve problemas em várias provas e acabou a temporada em quar-to lugar. No ano seguinte, Senna despediu-se da McLaren, comple-tando uma prova pela última vez, em Adelaide, na Austrália.O campeão mundial transferiu-se para a Williams em 1994, nu-ma transação de 20 milhões de dólares.

No dia 1 de maio Senna liderava a prova no circuito de Ímola, na Itália, quando saiu da pista e foi socorrido. Quando a equipa médi-ca chegou, porém, o piloto já esta-va em coma. No dia 4 de maio de 1994, coberto com uma bandeira do Brasil, o corpo do campeão foi velado por milhares de pessoas,

recebendo honras de Chefe de Estado. Em dez anos de

Fórmula 1, Ayrton Senna disputou 161 corridas,

venceu 41 e conquis-tou 65 pole positions

(primeira posição de largada). O im-pacto de sua morte ainda hoje entris-

tece o mundo.

qual era a

diferença?Hoje, à distância, perce-

be-se que Senna, tal como Aquiles, possuía aquilo que os

gregos denominam por timé: o valor proeminente de um indi-víduo, a sua excelência pessoal, qualidades e méritos que lhe

tOme nOta—

‘Senna’ mostra a notável história do piloto na sua busca pela perfeição e o status de mito que alcançou. O filme

abrange os anos da lenda do automobilismo como piloto de F1, desde a sua temporada de estreia em 1984 até à sua morte precoce uma década depois. Se é um

apaixonado pelo percurso do brasileiro não pode deixar de assistir a este documentário.

garantem o seu lugar junto dos melhores. Essa honra exige àque-les que a possuem mostrarem-se à altura da sua gloriosa reputação e Ayrton teve-a. Como Aquiles, a sua paixão era a alegria de ‘com-bater’ – correr. O medo não tinha poder sobre ele. Forte nas pistas, amava a glória acima de tudo. Como o guerreiro grego, pare-ce ter escolhido uma vida breve nas pistas de corrida, o seu local de competição. E a vitória impe-recivelmente estava-lhe reserva-da. Tal como nos livros, muitas vezes, a glória imperecível é paga com a vida. Senna, tal como Aqui-

les, ganha em glória na memória dos homens e a celebração das su-as conquistas como herói da velo-cidade.

A morte de um jovem vencedor, numa sociedade como a Ociden-tal, que cultiva a beleza, a juven-tude e o sucesso, fortalece o culto. A imagem congelada, sem deca-dência, eterniza o modelo a ser seguido e imitado. O seu exemplo será recuperado por cada um, na forma possível de uma constru-ção imaginária atravessada pelos órgãos de comunicação social, se-dentos de mais-valia.

“ayrtOn tinha um carisma que schumacher nãO fOi capaz de transmitir. fernandO alOnsO, pOr exemplO, ainda tentOu depOis cOnquistar essa categOria, mas ficOu sempre lOnge de transmitir emOções parecidas cOm as que senna despertava nas pessOas” Afirmou Bernie eCClestone

2012 77

78 2012

Da mesma matériaque o sonho

desPorto Manuela Bártolo

2012 79

—A PALAVRA IMPOSSíVEL

É UMA ExPRESSãO INFELIz. A TESTÁ-

LA, ESTE FANTÁSTICO ExEMPLO DE TEREzINHA

GUILHERMINA, A VELOCISTA BRASILEIRA,

ATLETA PARALíMPICA ESPECIALIzADA NAS

CORRIDAS DE 100, 200 E 400 METROS RASOS.

NASCIDA NUMA FAMíLIA HUMILDE MINEIRA, TEM

DOzE IRMãOS, SENDO QUE CINCO TAMBÉM

POSSUEM DEFICIêNCIA VISUAL. PORTADORA DE

CEGUEIRA TOTAL TEM ULTRAPASSADO

TODAS AS DIFICULDADES PARA LUTAR PELO SEU

SONHO. NOS JOGOS PARALíMPICOS DE LONDRES VOLTOU

A MOSTRAR DE QUE MATÉRIA É FEITA. CONQUISTOU UMA

MEDALHA DE OURO PELA VITóRIA NOS 200M T1.

iNsiGht

80 2012

desPorto Patrícia Alves Tavares

É anGolano e o Quinto PRaticante de XadRez a seR Reconhecido como mestRe Pela FedeRaÇão

inteRnacional de XadRez. atÉ alcanÇaR o título oFicial, eduaRdo Pascal teve Que suPeRaR

diveRsos obstÁculos e nunca desistiR do sonho. aFinal, Foi necessÁRio toRnaR-se tetRacamPeão nacional absoluto na modalidade PaRa obteR um

estatuto Que estÁ ReseRvado aPenas às elites mundiais. nesta ediÇão, conheÇa a históRia

de um menino Que comeÇou na modalidade PoR bRincadeiRa!

na ELitEdo xadrEz

mundiaL

sEmprE a somar—Em 2004, 2006, 2007 e 2009 Pascoal ganhou os títulos de campeão nacional absoluto. Em duas ocasiões, enfrentou o mestre FIDE Catarino Domingos na final. Em coletivos, ‘deu’ cinco títulos ao GD da EPAL e três à Rangol-Benfica de Luanda.

fOrA dE JOGO

2012 81

Foi no bairro Marçal, em casa de uma tia e juntamente com os primos, que Eduardo Pascoal entrou no mundo do xadrez. Foi igualmente nesse período que compreendeu que a modalidade o entusiasmava bem mais que o “qui-nito”, uma espécie de futebol de bo-tões, que o jovem jogava com tampas de garrafa. Hoje, com 31 anos, tem um currículo invejável na modalida-de, aproximando-se a passos largos do grande ícone do xadrez nacional, Adérito Pedro, que detém cinco títu-los nacionais.“Tinha entre 14 e 15 anos quando um vizinho, chamado Zé Maria, começou a ensinar-me o jogo. No segundo dia, deu-me mais alguns pormenores e, no terceiro, já estava a jogar bem”, recor-dou recentemente o mestre, lembran-do o dia em decidiu aprender aquela que viria a ser a sua profissão.O empenho e dedicação aliados ao talento nato levaram-no ao estatuto mais desejado: ser oficialmente um mestre FIDE (Federação Internacional de xadrez). O reconhecimento do seu nível foi dado apenas este ano, após sagrar-se novamente campeão nacio-nal absoluto. Contudo, o título foi obti-do em 2010, depois de ter conseguido mais de 50% dos pontos na Olimpíada da Rússia. O tetracampeão alcançou assim o patamar mais desejado e que poucos no seu país conseguiram, ao

assistir à atribuição oficial do título.É o quinto mestre FIDE e junta-se aos compatriotas João Francisco, Arsi-totéles Ramos, Catarino e Ediberto Domingos. A nível nacional, apenas é ultrapassado pelo mestre internacio-nal Adérito Pedro, o melhor jogador angolano “de todos os tempos”, que tem cinco títulos nacionais.

nocal, a Primeira ‘casa’Foi em 1977, que Pascoal decidiu levar a modalidade a sério e investir no seu talento. Começou a vida desportiva no extinto Grupo Desportivo da No-cal, onde foi admitido por Domingos Fernandes, um dos jogadores mais consagrados da época. Tornou-se federado e foi nessa altu-ra que compreendeu que tinha que trabalhar muito para chegar ao nível de aprendizagem de um campeão. Foi no GD da Nocal que aprendeu o conceito da anotação (linguagem do xadrez  em que cada movimento de uma peça é descrito de forma abrevia-da numa folha específica) e conviveu com o mestre internacional Armindo de Sousa, atual treinador da Seleção Masculina, que jogava na Nocal e lhe transmitiu ensinamentos preciosos. Pascoal faz parte de uma geração de apaixonados pelo xadrez, como Antó-nio Félix, Tito Agostinho e Júnior da Silva. Todos frequentaram a Nocal e

pErfiLnaturaLidade: LUANDA, BAIRRO MARçALidade: 31 ANOSaLtura: 1,90MPeSo: 118 KGSCaLçado: 48eStiLo de Jogo: POSICIONAL (MAIS ESTRATÉGIA DO QUE TÁTICA)Cidade: ROMAPaíS: ESPANHAHoobyeS: ESCREVER, LER LIVROS ESPECIALIzADOS

dEsporto no EmprEgo—Eduardo Pascoal concilia o xadrez com a recolha de dados de clientes na Empresa Provincial de águas de Luanda (EPAL). A empresa integrou os xadrezistas da equipa principal do seu Grupo Desportivo em áreas de serviços da empresa compatíveis com as suas capacidades. O atleta de 31 anos faz o registo dos pagamentos dos clientes da entidade. O dia começa às 4horas com os treinos de xadrez (durante duas horas) e depois prossegue na EPAL.

sabia quE…—O jogador tem um convite para participar no XI Festival Internacional de Xadrez de Benidorm, em Alicante, Espanha, de 20 de novembro a 9 de dezembro. Nesse campeonato, o atleta espera alcançar o título de mestre internacional.

as suas habilidades incentivaram o jo-vem jogador a evoluir e a empenhar-se ao máximo para conseguir um lugar na equipa principal da cervejeira. Es-ta, juntamente com a rival Cuca, de-tinha a hegemonia no xadrez. Eram as que mais investiam nas Escolas de Formação.

camPeão no luBangoO objetivo de integrar a equipa prin-cipal da Nocal tornou-se realidade. Pascoal passou a ser o sexto tabuleiro alinhando com os veteranos Adérito Pedro (MI), Catarino Domingos (MFI-DE), Agostinho Diogo, Domingos Pau-lino e João Castelo.Porém, foi em 1998 que começou a construir a sua carreira de jogador individual. No Campeonato Nacional de Juniores, no Lubango, conseguiu o primeiro título nacional. a participa-ção na competição surgiu por acaso. Pascoal explica que “Angola já deti-nha o título de Campeão Africano de Juniores através de Vladimiro Pina” e que iria “acompanhá-lo no Cam-peonato Mundial realizado no Brasil, em defesa do continente, mas, infe-lizmente, a viagem foi abortada por motivos que desconhecemos”. Um ano depois, o mestre FIDE voltou a vencer o campeonato e subiu de es-calão. Em 2000, era jogador sénior e mudou-se para a Rangol, que nesse ano se fundiu com o Benfica de Lu-anda. Foi ao serviço da equipa encar-nada que venceu três campeonatos provinciais (2000, 2001 e 2002), em coletivos, e deu o salto, em 2003, para o Grupo Desportivo da EPAL. O arran-que não podia ter sido mais estimu-lante. Obteve o título principal nessa temporada e manteve-se na equipa principal até 2009. Nesse período, a EPAL assumiu-se como o ‘gigante’ da modalidade.

Paralelamente, nas competições indi-viduais, Pascoal continua o bom de-sempenho. Em 2004, teve um revés no ciclo de soma de sucessos, pois não conseguiu o apuramento para o zonal A para o Campeonato Nacional Ab-soluto. A má sorte durou pouco, pois acabaria por ser repescado pela As-sociação de Luanda para representar a província na prova maior. Venceu e conquistou o primeiro triunfo no Cam-peonato Nacional Absoluto e o título de mestre nacional (MN).A primeira participação na Seleção Nacional Olímpica ocorreu em 2004. Voltou a representar as cores nacio-nais em 2010, em Khanty-Mansiysk (Rússia), e a performance valeu-lhe o título de mestre FIDE, que foi ofi-cialmente atribuído no decorrer des-te ano.

82 2012

desPorto Patrícia Alves Tavares

Jogos paralímpicos loNDres 2012

o ano dapalanCa

“Angola está a tomar uma posição nova e apropriada na comunidade internacional”. Foi com esta afirmação que o embaixador do Reino Unido em Angola, Richard Wilddash, definiu a participação dos Palancas nos Jogos de Londres. Dias antes do início oficial das olimpíadas, o responsável mostrou-se confiante quanto ao desempenho dos atletas angolanos e de como a sua participação iria mostrar o desenvolvimento que o país tem registado nas modalidades.Os Jogos Olímpicos encerraram sem medalhas para os Palancas, mas nos Paralímpicos, que terminaram no início do último mês, a história foi diferente. Com apenas dois candidatos ao pódio, a pequena comitiva paralímpica conseguiu levar uma medalha de ouro e outra de bronze para a terra vermelha. O autor do feito voltou a ser Sayovo.O velocista mais conhecido dos

amantes do desporto teve um desempenho surpreendente e captou todas as atenções, pois completa 40 anos ainda este ano e venceu adversários que fazem parte da nova geração do atletismo adaptado mundial. Lucas Prado, Xue Lei e Filipe Gomes, que têm em média 29 anos, tiveram que suar para “tirar” o pódio a José Sayovo nos 100 metros.

ouro E bronzEA 5 de setembro foi conquistada a primeira medalha para Angola. Curiosamente, os portugueses conquistaram o primeiro galardão no mesmo dia, na modalidade de boccia. Sayovo levou a melhor na última prova dos 200 metros, conquistando o bronze. O velocista chegou ainda à final dos 400 metros, onde foi medalha de ouro. Em três olimpíadas, o atleta de 39 anos arrecadou sete medalhas, três das quais de ouro. Na corrida,

o angolano bateu o seu recorde pessoal e revalidou o título que tinha alcançado na edição de 2004, em Atenas. Apenas falhou a subida ao pódio nos 100 metros. Ficou em quarto lugar, registando o tempo de 11 segundos e 36 décimos. Sayovo é um exemplo para os colegas africanos. Orlando Mascarenhos, chefe da missão de Cabo Verde, elegeu o corredor e o cabo-verdiano Márcio Fernandes como as apostas dos Países Africanos da Língua Oficial Portuguesa (PALOP) para se destacarem nos grandes jogos das modalidades. Durante o campeonato mundial, o responsável elegeu Sayovo como o atleta de maior referência no atletismo adaptado para visuais (classe T11 - invisuais), sendo o africano com melhores resultados em provas do género. Recorde-se que na edição de 2012 apenas nove atletas representaram os países

DUAS MEDALHAS NO ATLETISMO É O BALANçO DA PARTICIPAçãO NACIONAL NOS JOGOS PARALíMPICOS DE LONDRES. A FIGURA QUE VOLTOU A SURPREENDER O MUNDO É BEM CONHECIDA DO PúBLICO: JOSÉ SAyOVO. O VELOCISTA SUBIU AO PóDIO POR DUAS VEzES E OUVIU-SE O HINO DE ANGOLA EM TERRAS DE SUA MAJESTADE. PARA 2016 ESTÁ TUDO EM ABERTO, UMA VEz QUE O CORREDOR PONDERA RETIRAR-SE.

cruzAmENtO

2012 83

marrocos—atLetiSMo:6 MEDALHAS

namÍbia—

atLetiSMo:2 MEDALHAS

Etiópia—

atLetiSMo:1 MEDALHA

África do suL—

atLetiSMo:17 MEDALHAS

CiCLiSMo (eStrada): 1natação: 11

africanos mEdaLhados

tunÍsia—atLetiSMo:19 MEDALHAS

argéLia—atLetiSMo:16 MEDALHASJudo: 3

Egipto—atLetiSMo:3 MEDALHASLevantaMentode PeSo: 11tÉniS de MeSa: 1

quénia—

atLetiSMo:6 MEDALHAS

maLÁsia—atLetiSMo:1 MEDALHAtiro CoM arCo: 1

nigéria—

atLetiSMo:1 MEDALHA

LevantaMentode PeSo: 12

Comitiva angolana 2012

maria gomes da silva—A velocista de 20 anos ainda conseguiu chegar às semifinais dos 400 e 200 metros. Nos 100 não passou da primeira prova. Contudo, bateu o recorde africano obtido no campeonato continental na Tunísia, alcançando os 27 segundos e 60 décimos, nos 200 metros.

africanos lusófonos. Opinião partilhada pelos britânicos e pelo representante diplomático da Rainha Elizabete II em Luanda. “Foi com muita felicidade que vimos o velocista José Armando Sayovo, principal referência da seleção paralímpica de Angola, a brilhar nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012 na categoria dos T11. Com a conquista de medalhas, uma de bronze e outra de ouro, nos 200 e 400 metros, respetivamente, Sayovo honrou a participação dos angolanos no maior evento desportivo do mundo e fê-lo por mérito próprio”, sustentou Richard Wilddash.

procuram-sE rEcordistasA próxima edição dos Jogos Paraolímpicos será dentro de quatro anos, no Rio de Janeiro, no Brasil. O país organizador já anunciou que vai apoiar os atletas africanos, para

que possam melhorar a sua qualidade e apurar o máximo possível de candidatos às medalhas.No caso nacional, o grupo de escolhidos terá uma baixa de peso. José Sayovo, 39 anos, anunciou à chegada a Luanda (após a participação nos Jogos de Londres) que deverá deixar de correr, devido à idade.A confirmar-se a sua intenção Sayovo deixa um legado difícil de igualar, uma vez que é a principal referência do desporto adaptado em África e Angola. É o atleta nacional com mais medalhas no desporto adaptado. Em 2004, venceu nos 100, 200 e 400 metros e bateu o seu recorde pessoal. Em 2008, voltou a brilhar e subiu ao pódio três vezes para receber a medalha de prata nas referidas categorias. Há que lembrar a preciosa ajuda do seu guia, Nicolau Palanca, que o acompanha em todas as provas e treinos.

esperança giCaso—A jovem de 20 anos participou nas competições de atletismo para invisuais nas categorias de 100, 200 e 400 metros. A atleta paralímpica foi medalha de prata nos Jogos Africanos do ano passado, nos 100 metros. A velocista conquistou a primeira medalha de ouro em 2010, nos V Jogos da SADC.

oCtavio dos santos—O campeão africano dos Jogos Africanos de Maputo (Moçambique), em 2011, não alcançou medalhas, mas conseguiu melhorar as marcas pessoais. Tem 31 anos e divide o tempo entre o atletismo e a música. Participou nas provas de 100, 200 e 400 metros, tendo alcançado a semifinal dos 100 metros.

84 2012

VOLEIbOL

Voleibol a Votos—As eleições na Federação Angolana de Voleibol estão agendadas para 20 de outubro. Os candidatos vencedores vão assumir os destinos da modalidade durante o quadriénio 2012-2016. A federação irá receber candidaturas até dia 18 e a direção cessante, presidida por António Justino (que vai no segundo mandato), já manifestou a intenção de se recandidatar ao cargo.

HÓQUEI

Mundial de Hóquei eM PatinseM angola—Em setembro do próximo ano, Angola será o palco do 41º Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins, em seniores masculinos. Luanda e Namibe serão as cidades sede do evento, cuja mascote e logótipo ainda está em execução. A prova foi divulgada junto dos participantes europeus durante o Europeu da modalidade, que decorreu em Paredes (Portugal), com material de merchandising, como camisolas, bandeiras ou cachecóis do país. A meta da Federação Angolana de Patinagem (FAP) consiste em dar a conhecer a nação Palanca e divulgar atempadamente o campeonato mundial junto do restante público.

desPorto Patrícia Alves Tavares BlOcO dE NOtAs

84 2012

bOXE

boxe recebe Material—Simão Muanda, antigo campeão de boxe da África Austral, esteve no Uíge, onde visitou o núcleo da modalidade da província. O pugilista aproveitou para distribuir equipamentos desportivos, como materiais, luvas, ligaduras e protetores. O atleta quer incentivar a prática da modalidade e pretende distribuir materiais por todas as províncias. O projeto arrancou em início de junho e, até ao momento, percorreu as regiões de Luanda, Huambo e Benguela. A associação do Uíge tem 70 praticantes.

JOgOs ParaLímPIcOs

rio2016 aPoia africanos—Está em curso a preparação dos próximos Jogos Paralímpicos, que vão decorrer em 2016, no Rio de Janeiro, Brasil. O comité organizador já garantiu que os atletas africanos contarão com um apoio especial dos anfitriões dos jogos para que tenham o melhor acompanhamento possível durante os treinos e estágios. O objetivo consiste em proporcionar ao continente uma participação condigna, apesar das dificuldades que os praticantes das várias modalidades destas regiões enfrentam diariamente. A organização brasileira espera conseguir o maior número de participações possível e igualar todos os candidatos em termos de qualidade desportiva. Para já, os agentes africanos vão observar as paraolimpíadas escolares, que decorrem em outubro, em São Paulo.

FUTEbOL

can 2013decide-seeste Mês—Angola perdeu na primeira mão da eliminatória de acesso ao CAN2013, frente ao Zimbabué. Contudo, e face ao trabalho demonstrado na última parte desse jogo, o presidente da Federação Angolana de Futebol, Pedro Neto, acredita que a equipa vai conseguir inverter o resultado. O segundo jogo da eliminatória será disputado em outubro e os Palancas têm que vencer por 2-0 para se qualificarem.

2012 85

86 2012

eLife&Styleeíndice

É tempo de deixar a vida ganhar a cor do sol. Pensar em momentos de diversão seja à beira mar, numa viagem ou na leitura

de uma revista

2012 87

88 92 98 110 118 124 126 129 130

{ BOCA A BOCA }E no diz-que-diz que passa pelo mundo, vamos descobrindo curiosidades que nos fazem sorrir e sonhar. É o mundo visto pelo olhar de quem vive os dias pela cor da alegria

{ TURISMO }Quénia! O nome só por si remete-nos para um paraíso, onde o tempo se me-de pelas belas praias e pelos safaris exóticos que aí existem. A magia em África sente-se também no pulsar desta terra, nas suas cores e experiências inesquecíveis

{ LUXOS }Carros O Infiniti Emerge é a surpresa em termos de carros. Veja e deixe-se conquistar.O Pagani Huayra funde o passado, presente e futuro através de uma inter-pretação intemporal da arte automóvel. É uma das surpresas que o setor nos apresenta

Gadgets Quando a tecnologia se alia ao bom gosto e consegue tornar reais os sonhos de alguns, encontramos gadgets que são verdadeiras obras de arte

Relógios Ver as horas pode ser um ato banal ou pode estar revestido de uma dignidade que só alguns conseguem alcançar. Um relógio pode ser uma mar-ca de distinção

Joias O nome só por si diz tudo. São joias, são pérolas que alimentam dese-jos e fazem brilhar olhares

{ ESTILOS }A alta costura apresentou as propostas para a nova época. Arrojo, cores for-te aplicadas em tecidos ricos são algumas das sugestões que encontramos.Sol, mar…saiba o que vestir para conquistar olhares quando se deslocar à praia.

Destino Quénia Charme, exotismo e um toque de sensualidade. O Quénia exala magia e sedução na enorme diversidade que oferece. Vista-se para en-trar no paraíso com glamour.

{ GOURMET }O Chefe Fausto Airoldi é um nome inquestionável no panorama gastro-nómico nacional. Conquistou prémios, esteve à frente de alguns dos mais conceituados restaurantes nacionais. Para a Angola’IN apresenta uma pro-posta gourmet simples, saborosa que conquista o olhar e o paladar

{ ARTE }Ricardo Quaresma não nasceu em África, mas tem uma profunda ligação a este continente. Angola tem sido o destino de grande parte da sua ativida-de cultural e é aí que ele se sente em casa.

{ CULTURA & LAZER }Entramos no mundo do Instituto Camões e conhecemos uma equipa que tra-balha diariamente para salvaguardar e divulgar a língua portuguesa

{ PERSONALIDADES }Fernando Batalha passou a maior parte da sua vida no nosso país onde ga-nhou o estatuto de principal investigador do urbanismo nacional. Descubra porquê!

{ AGENDA }A cultura não tem fronteiras. É através dela que o mundo se torna mais pequeno e os homens se conseguem identificar de forma mais fácil. Viajamos por esse mesmo mundo para descobrir o que em termos artísticos ele nos oferece.

88 2012

Life&Style Carla Marques

Lizzadro: contode fadas em ouro —O Lizzadro Museu de Arte da Lapidação em Elmhurst (Illinois, nos EUA) expõe o Castelo Lizzardo, uma escultura valiosa que se assemelha a um conto de fadas perfeito. A obra foi construída em memória do neto do fundador do museu Joseph Lizzadro que se afogou em 1983, com apenas 15 anos de idade.O castelo feito em ouro amarelo, branco e vermelho é também constituído por diversos diamantes e foi encomendado pelo museu.

frédérique Constant

conquista Portugal

—Frédérique Constant, marca

relojoeira suíça, aposta em Portugal confirmando presença no

El Corte Inglés. As coleções de relógios estão disponíveis na seção de alta relojoaria dos espaços comerciais

de Lisboa e de Vila Nova de Gaia. Frédérique Constant, criada em

1988 por Aletta Bazx e Peter Stas, distingue-se pela manufatura de relógios clássicos de alta

qualidade. Todos os relógios são produzidos integralmente pela marca na manufatura em

Plan-les-Ouates, Genebra, desde a conceção inicial, produção de calibres até á montagem

final. A qualidade dos materiais, o design, a produção própria e a inovação são valores privilegiados pela Frédérique Constant e a

componente chave para o sucesso da marca.

Mansão ecológica de Gisele Bündchen—Gisele Bündchen e Tom Brady já habitam na sua luxuosa residência avaliada em mais de 20 milhões de euros. A mansão da supermodelo e do jogador de futebol americano teve por base conceitos sustentáveis e ecológicos. A embaixadora da Boa Vontade pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, quis que sua casa tivesse sistema de reutilização de materiais, energia solar e reaproveitamento da água da chuva.A mansão fica em Brentwood, em Los Angeles, terá oito quartos, cozinha gourmet, adega, piscina e garagem para seis carros.

Willis Bag da Coach: a

surpresa —

A atriz Kate Mara com o must-have desta estação - a

Willis Bag da Coach em vermelho e com toques de coral.

A carteira é já um verdadeiro sucesso da marca, pois tem vindo

a conquistar fãs em todo o mundo, sendo uma autêntica surpresa, visto que é robusta e bem mais

espaçosa do que parece à primeira vista. Hoje, mais do que nunca, a

Coach está na moda e, apesar da sua idade (nasceu em 1941, num

pequeno loft localizado no distrito têxtil de Manhattan,

na cidade de Nova York), continua a produzir malas

e carteiras que não deixam ninguém indiferente.

2012 89

{ BOCA A BOCA }arcaro Martini com

banheira de luxo—

Esta é uma criação requintada da empresa italiana Arcaro Martini. Uma banheira de hidromassagem banhada a ouro de 24 quilates e incrustadas com cristais

Swarovski. Este objeto de luxo pode também ser revestido de couro legítimo ou sintético, consoante os gostos.

Com capacidade para seis pessoas, esta banheira de luxo está apenas a ser comercializada para clientes dos

Emirados Árabes e possui três modelos disponíveis.

VO Vapen com edição limitada —A fabricante sueca de armas de fogo VO Vapen, cuja linha de espingardas para caça de edição limitada possui designs inspirados desde os vikings até Ernest Hemingway, lançou recentemente sua sexta coleção, a VO Falcon Edition. A série possui quatro versões feitas sob medida e avaliada em mais de 870 mil euros a peça, foi concebida como uma homenagem à falcoaria. A série VO Falcon Edition faz referência a dados históricos de falcoaria do Médio Oriente, local onde poderá ter surgido este desporto, possivelmente 2000 a.C., ou antes. As espingardas serão entalhadas com imagens de falcões e forjadas a partir de uma versão contemporânea de aço damasco bastante valioso, porque pode ser transformado numa ponta afiadíssima sem perder a resistência à quebra.

VW Caddy inova —

O Volkswagen Caddy é um dos mais populares e versáteis veículos para entregas urbanas no seu segmento de mercado. Este modelo passa agora a disponibilizar em opção o “Park Assist System”, sistema que possibilita

o estacionamento automático do veículo, facilitando de sobremaneira as constantes necessidades de paragem durante o dia de trabalho. Com este inovador sistema a VW Caddy alarga a sua exclusividade de oferta neste

segmento, que já se verificava com a disponibilidade da tração às quatro rodas 4Motion e da transmissão automática DSG.

tendências em iates de luxo—Na mostra “Dubai International Boat 2012” foram apresentadas algumas das tendências em iates de luxo, que permitem satisfazer o gosto de alguns bilionários.E entre o extravagante e o bom gosto foi possível apreciar um pouco de tudo. Uma das novidades “mais vistosa” e fascinante foi um quarto de banho feito com peças banhadas a ouro e que foi instalado numa suíte master do luxuoso iate “Majesty” de 135 pés e com um valor superior aos 18 milhões de euros. De referir que este iate é também famoso por possuir um elevador interno que leva os hóspedes às plataformas inferiores do navio.

90 2012

Life&Style { BOCA A BOCA }

Chang Jiang 750 —É uma Chang Jiang 750 completamente revestida em preto fosco, com exceção do farol dianteiro e da lanterna traseira. Esta mota foi completamente refeita pelo estúdio chinês de customização Bandit9. Para além da cor também a transmissão e o motor foram reconstruídos, além de rodas 19 polegadas com liga metálica traseira e uma série de peças personalizadas, incluindo escape, tanque, para-choques, guidão e assento traseiro. Esta Chang Jiang 750, agora denominada como Bandit9 NERO, é uma moto nova feita sob medida, o que leva os seus mentores a afirmar que mais que uma moto é uma verdadeira obra de arte.

January Jones inseparável

da sua Coach—

A atriz americana elegeu o modelo Duffle da nova coleção Coach

Outono-Inverno 2012. A carteira Duffle tem como inspiração

o icónico Duffle Sac da marca de 1973. Um verdadeiro sucesso nos anos 70 que promete repetir-se com

esta nova edição.

Louis Vuitton island Maison —

O lançamento da nova flagship em Singapura pela Louis Vuitton tem sido um sucesso e permitiu que a grife levasse a sua experiência para a vida real.

O projeto foi elaborado pelo arquiteto Peter Marino e apresenta uma arquitetura moderna e totalmente inovadora. O exterior da nova loja é todo

envidraçado e com estruturas de alumínio. O interior lembra um barco, decorado com tábuas de madeira e mastros até ao teto. Do lado de fora, um deck semelhante ao de um iate. Para chegar até este espaço existem caminhos diferentes: uma ponte

suspensa, via barco ou caminhando através de um túnel subaquático, que conta com um espaço para exposições.

2012 91

92 2012

Life&Style Carla Marques

2012 93

NO QuéNIA, As mANhãs INvADEm LENtAmENtE, COm O sOL A CONQuIstAR O AzuL DO íNDICO POR

ENtRE RECIFEs DE CORAL. mAs Os FINs DE tARDE NãO DEIXAm DE sER mENOs FAsCINANtEs, COm um PôR-DO-sOL CERCADO POR tONs vERmELhOs, LARANjAs E LILAsEs. QuANDO A NOItE sE APROXImA ECOAm

mELODIAs QuENtEs QuE NOs BARALhAm A NOçãO DO tEmPO ENtRE LENDAs E REALIDADEs QuE LEmBRAm

QuE EstAmOs Num CONtINENtE máGICO. áFRICA!

CORES QUENTES DO QUÉNIA—

‘O cOraçãO de África’

{ TURISMO }

como turistas sonhamos com o lobby do histórico stanley hotel, em nairobi, ou uns minutos de descan-so na esplanada do long bar enquanto esperamos para sermos transporta-dos para um mundo, pa-ra muitos de nós, apenas conhecido através do na-tional Geographic, o lago nakuru. um lago desenha-do de um azul intenso, com milhares de fla-mingos rosados e vermelhos, retirado de uma nuvem de sonho, onde cada hora tem uma magia especial e rinocerontes, zebras e búfalos se passeiam. este é um destino em que o nosso olhar se estende por uma ima-gem clássica, mas real da grande savana, que se torna quase asfixiante perante a im-ponência que nos oferece. a grande reserva masai mara pede-nos um olhar lento e apai-

xonado por uma das mais estranhas aventuras na-turais do nosso planeta.

nas margens do mara, es-praiam-se crocodilos que oferecem um ritual de san-gue dos mais cruéis que se encontra na natureza. e numa viagem na estrada vermelha é possível o con-tacto direto com um povo

misterioso e cheio de tradições: os masai. um mundo que os olhos conquistam ao longo das estradas que cortam as planícies do Quénia e que cativa os corações com as suas danças tradicionais, numa exaltação da virilidade masculina. mas, para além dessa vida pas-sada nas savanas, o Quénia oferece praias de grande encanto e mombasa, uma cidade cheia de história feita de séculos de comércio e de variadas influências. vale a pena visitar.

Exotismo e aventura num paraíso na

terra. O Quénia é um país único que pode proporcionar

experiências repletas de beleza e magia.

94 2012

Life&Style

Hilton NairobiNO cOraçãO da cidade—

no coração da cidade, o hilton nairobi hotel fica ao lado do mercado de artesanato e a 25 minutos de carro do aeroporto internacional Jomo Kenyatta, a 5 minutos a pé do internacional Kenyatta conference centre.disfrutar da piscina, manter-se em forma na academia ou fazer uma massagem no clube hilton nairobi hotel saúde são algumas das propostas que este hotel tem para si. aproveite ainda para fazer um safari e ver a vida selvagem no Parque nacional de nairobi, ou simplesmente fazer compras no mercado de artesanato.

este luxuoso hotel de 5 estrelas em nairobi tem 5 restaurante onde pode degustar a boa comida que o hilton nairobi oferece. o traveller’s Restaurant serve uma fusão

de cozinha continental e está decorado com malas de couro e acessórios de viagem para se assemelhar a um comboio de estilo antigo. há ainda o Restaurante sale e Pepe, especializado em pratos italianos gourmet e o Pub do hilton nairobi hotel Jockey.Possui ainda instalações de sPa, 7 salas de reuniões e um business center com acesso de alta velocidade à internet, para além de uma piscina exterior rodeada por espreguiçadeiras.os quartos do hilton nairobi são luminosos

e arejados e concebidos com uma decoração de inspiração árabe. dispõem de televisão por cabo, uma área de estar com poltronas e uma casa de banho com luxuosos artigos de higiene. alguns quartos incluem um pátio espaçoso.o hilton nairobi fica a 20 minutos do Parque nacional de nairobi.

2012 95

{ TURISMO }Lonno Lodge

O mar a seus

pés!—

um atendimento personalizado que procura conciliar as

necessidades do cliente, o máximo de privacidade com a

beleza que a proximidade do mar pode proporcionar. o conforto, aliado a um luxo de classe, é a palavra de ordem neste hotel

que pratica uma política de ecoturismo e que se apresenta

como um espaço aconchegante e único. um excelente restaurante

dentro do hotel com uma cozinha internacional, mas que procura

dar uma atenção peculiar aos pratos locais e menus

personalizados a pedido do cliente é uma das apostas deste hotel tão

caraterístico. a receção está aberta 24 horas e está sempre disponível uma

equipa preparada para fornecer informações sobre as atrações

locais, sugestões para viagens, ou simplesmente formas de relaxar

no hotel ou região. sem ruídos, sem “animação de praia”, este

hotel está vocacionado para um público seletivo que aprecia o mar,

brisa, estrelas e uma natureza incrível para explorar. o lonno

lodge possui uma piscina de água salgada, um bar

de apoio à piscina, ligação à internet disponível e,

acima de tudo a certeza de que cada pessoa encontra neste espaço a satisfação

dos seus desejos, por mais ínfimos que possam ser.

96 2012

Safari Park Hotel & Casino O paraísO africaNO—no Quénia os safaris são uma das imagens de marca. este hotel representa na perfeição esse espírito de abraço entre a natureza e o conforto, entre o luxo ea tradição. o safari Park hotel e casino é um hotel que se apresenta aos seus hóspedes como um destino de luxo localizado num mundo próprio. um hotel de cinco estrelas localizado a 15 minutos de carro do centro da cidade, nairobi. o hotel está localizado num espaço de cerca de 50 acres de jardins bem cuidados e oferece uma seleção de 205 quartos com um espaço traseiro e varandas privativas, decorados e mobilados com bom gosto e todos eles com o sabor tão característico que África oferece. os luxuosos quartos têm acesso a wireless de alta velocidade e conetividade com internet por cabo, serviço de quarto de segurança 24 horas por dia. Geralmente considerado como o líder de lazer e um hotel de conferências na África oriental e central, o safari Park é reconhecido pela sua combinação feliz de negócios e relaxamento.o hotel possui cinco restaurantes de especialidades internacionais que oferecem uma das melhores gastronomias em nairobi,

estando cada um deles exclusivamente decorado com temas tradicionais que vão desde o extremo oriente à europa. escolher entre a cozinha internacional do café central Kigwa, que combina o estilo de café parisiense com nova York, ou o charme rústico italiano de la Piazzetta, que oferece massas caseiras com deliciosas receitas italianas e cozinhadas em tradicionais fornos a lenha. há também o conceituado Pavilhão chinês, um restaurante especializado em frutos do mar delicadamente temperados que realiza requintadas festas requintadas szechwan, ou ainda o autêntico chiyo, um restaurante japonês com os seus jardins esculpidos, telas de papel de arroz, contadores sizzling tepanyaki e tentadoras seleções de sushi e sashimi. Finalmente, a atmosférica nyama Rancho choma oferece uma seleção impressionante de carnes grelhadas na brasa e que são servidas em espetos esculpidos em cada mesa contra o pano de fundo uma das fases mais evocativa mostra na África - o sizzlingly. este é o único hotel no Quênia, onde pode desfrutar de um safari jantando no hotel.

o café arirang, a loja mais recente do safari Park hotel, opera a partir do coração da Kenyatta international conference center e oferece deliciosas bebidas de qualidade, chá queniano, café e uma variedade de sumos. a vida noturna ganha contornos no safari Park hotel a partir do clube e discoteca cats safari, com os famosos gatos bailarinos e acrobatas, tudo isto antes de passar para uma atmosfera mais relaxante do Piano bar contemporâneo ou ao hemingways salão, localizados no Paradise casino. Para relaxamento e rejuvenescimento, o safari Fitness proporciona tratamentos e instalações ultramodernas.

este hotel que se apresenta como um dos melhor do Quénia consegue aliar de forma feliz o contemporâneo e o tradicional, tendo no seu interior um dos melhores centros de congressos do país, com capacidade para mais de 1200 pessoas. É a casa para as Reuniões, incentivos, congressos e eventos mercado (mice). o centro de negócios Paraíso localizado dentro do hotel está totalmente equipado para ser um escritório de qualquer homem de negócios.

Life&Style { TURISMO }

2012 97

Life&Style

98 2012

Carla Marques

luxo e quAlidAdedesafiando as convenções de carros desportivos de alto desempenho o infiniti emeRG-e é um carro 100% elétrico, logo amigo do ambiente, belo, luxuoso e com um alto desempenho. É um carro desportivo cujo conceito foi revelado já no decorrer deste ano. nem sempre um carro-conceito se transforma em realidade.a tecnologia avançada exibida no infiniti emeRG-e baseia-se no conhecimento dos fornecedores e tem por base uma marca preocupada em descobrir o hardware mais inovador e know-how técnico existente. usufruindo de uma série de novas tecnologias o infiniti emeRG-e também fornece uma nova expressão da linguagem infiniti, com um design aplicado a um alto desempenho.os carros de demonstração permanecem fiéis ao espírito e à inspiração do carro conceito original; os motores elétricos geram 402bhp (300kW), tornando o emeRG-e capaz de acelerar de 0-60mph em apenas quatro segundos. estes motores avançados dirigem o seu poder através de uma única velocidade de transmissão (XtRac) para criar o que é efetivamente um diferencial aberto, permitindo reduzir significativamente as perdas por atrito no acionamento, possui

inFiniti emeRG-e

um conceito de luxoA Infiniti é a marca de luxo da Nissan. A linha Infiniti é tradicionalmente baseada em plataformas de modelos da Nissan, embora a tendência atual seja no sentido de se acentuarem as diferenças entre os veículos, por forma a acentuar os conceitos de luxo e performance.

os motores elétricos gerAm 402bhP (300kw)

ainda um quarteto de inversores para controlar os motores e a sua regeneração de energia na travagem. o poder recuperado é dirigido a uma bateria de iões de lítio montado atrás dos bancos. a bateria pode ser recarregada a partir de uma fonte de alimentação elétrica (doméstico e de carga rápida) e armazena energia suficiente para impulsionar o inFiniti emeRG-e durante 30 milhas urbanas, ponto no qual o motor a gasolina de bordo inicia a sua atuação como um gerador. o programa de desenvolvimento do ameRG-e continua a ser um processo de aprendizagem contínua, e tem permitido melhorias fundamentais e cruciais para o seu sucesso. o infiniti emeRG-e representa um projeto e um desafio de engenharia para infiniti e para os parceiros envolvidos. com o emeRG-e, a marca tenta investigar e mostrar duas coisas: o potencial de um desportivo com motor central para a gama infiniti e um powertrain de longo alcance novo a nissan e a infiniti já possuem tecnologia para motores normalmente aspirados, motores turbo, motores diesel, veículos elétricos e veículos híbridos, contudo ainda não tinham estudado em profundidade o potencial de um veículo elétrico de longo alcance e uma nova motorização também. o emeRG-e que trouxe as duas coisas juntas para a infiniti.

{ LUXOS }CARROS

2012 99

AcelerA de 0-60mPh em APenAs quAtro segundos

100 2012

O novo Pagani Huayra, da Pagani, nome do projeto C9, demorou sete anos a ser construído e a tornar-se um dos supercarros do momento.O conceito nasceu em 2003, ano da introdução do Roadster o zonda S, tendo evoluído para o atual Huayra, um automóvel feito com mais de 4000 componentes (motor e caixa de velocidades não incluídas) e cuja composição resulta de muitas criatividade, paixão e competência.Um carro com uma silhueta elegante que atrai, com um conceito aerodinâmico similar ao de uma asa. A suspensão ativa na frente e as 4 abas permitem perfeitamente equilibrar o coeficiente de arrasto.Assim que as portas se fecham o Pagani Huayra transporta os ocupantes para uma dimensão totalmente nova que agrada e surpreende os sentidos. O condutor vai encontrar todas as principais funções no volante, para que nunca precise de tirar daí as mãos. Os assentos proporcionam um conforto acrescido para viagens longas.Ao contrário da maioria dos carros desportivos, o Pagani Huayra

PaGani huaYRa

união entre Arte e ciênciA

O Pagani Huayra funde o passado, presente e futuro através de uma interpretação intemporal da arte automóvel.

não usa uma caixa de câmbio de dupla embraiagem, tendo optado por uma caixa de câmbio sequencial de sete velocidades e dupla embraiagem de disco. Esta escolha deveu-se ao fato de conseguir uma redução no peso de mais de 70 kg.A Mercedes-AMG criou um motor original e leve, de 12 cilindros que está no pico de eficiência em termos de CO2 , um twin turbo com mais de 700 HP e 1100 Nm de torque, que complementa perfeitamente o carro dando um sentimento que motivou toda pesquisa: a da força bruta de um avião a descolar. A Pirelli diz “poder não é nada sem controle” e para garantir um total controle para o condutor, esta marca desenvolveu os bespoke P zero pneus, especificamente para o Huayra Pagani, pneus que possuem um baixo atrito de rolamento de referir ainda que cada aspeto relativo à segurança foi tido em conta.“A equipa foi capaz de trabalhar em vários projetos ao mesmo tempo, a condução em pistas diferentes que ocasionalmente vinham para atender através da partilha de conceitos de engenharia, materiais, de segurança e estudos científicos ou design”, refere Horacio Pagani ao apresentar este supercarro.

Life&Style

2012 101

motor: mercedes-Amg

v12 twin-m158 turbo

comPrimento: 4.605 milímetro

PesA 1.350 kg e é o desPortivo o mAis leve de suA cAtegoriA

AlturA: 1169 milímetros

{ LUXOS }CARROS

102 2012

Life&Style Carla Marques { LUXOS }CARROS

com um novo design, detalhes exclusivos, sistemas de assistência pioneiros e motores eficientes, a nova geração do GlK reivindica a liderança do segmento de mercado de suvs compactos. o recém-desenhado exterior confere ainda mais carácter a este automóvel, ao combinar as linhas retas típicas de veículos todo-o-terreno com a linguagem de design dos atuais automóveis mercedes-benz. materiais de elevada qualidade, novos interiores, acabamentos totalmente revistos e os novos sistemas de entretenimento culminam numa experiência de condução verdadeiramente inesquecível. a nova geração tem como trunfos uma gama dos mais avançados sistemas de assistência e abrangentes medidas blueeFFiciencY, tais como a função eco start/stop de série. o controlo de emissões diesel bluetec está disponível, pela primeira vez, para o suv

nova GeRaÇão meRcedes-benz GlK

imPArÁvel!

SEgurAnçA AtivA E PASSivA ExEMPlArES, DE SériE

compacto, permitindo a conformidade com a norma de emissões eu6. “no GlK, temos um suv para um estilo de vida dinâmico, que oferece uma combinação vencedora de tecnologia inteligente e imenso carácter,” afirma o dr. Joachim schmidt, membro do conselho de administração da mercedes-benz cars, vendas e marketing.o GlK oferece uma notável dinâmica e uma excelente segurança de condução, bem como excecional conforto. Para além das versões de tração traseira, os modelos 4matic com tração integral permanente demonstram um espírito destemido, mesmo nas condições mais adversas, dentro e fora de estrada. como todos os suvs e veículos todo-o-terreno da mercedes-benz, o GlK é um imparável todo-o-terreno.

EFiCiEntE, liMPo, PotEntE:

EiS o Motor Do glK

2012 103

uNIEssE 70 sPORt

AtrAVÉs dAs ondAs

Projetado ao sabor do vento, é um barco aerodinâmico duro especialmente concebido para todos os que apenas ambicionam o melhor. Com a sua forma de desportivo fino e elegante- parecendo agachado sobre o mar e pronto a atacar através das ondas - o 70SPORT é um casamento entre um desempenho superior e estilo. Este iate apresenta uma clara divisão entre o espaço de estar e os quartos de dormir, o que permite uma experiência de navegação que dura todo o dia seguindo noite dentro.

{ LUXOS }H2O

CEssNA GRAND CARAvAN EX

Versátil este rei dos Ares—

A Cessna Aircraft Company lançou recentemente o Grand Caravan EX. Versatilidade, conforto, confiabilidade e segurança, são a imagem de marca de uma aeronave que permite a ocupação até 9 passageiros e, na configuração executiva, leva até 8 passageiros, com espaço e conforto similares a linha de jatos Citation.Sua configuração interna de poltronas pode ser alterada rapidamente, permitindo que um avião de passageiros se torne num veículo de transportes de cargas.

desportiVo

e eleGAnte

tAxA de suBidA de 1220 pÉs/Minuto

distânciA de decolAGeM de 689 M

foto

gig

a® vAN’s AIRCRFAt Rv-14

…A diferençA!—

A Van’s Aircrfat apresentou o novo RV-14. Trata-se de uma aeronave acrobática em kit de dois lugares lado-a-lado, semelhante ao RV-7, mas com uma cabine mais espaçosa, mais espaço para as pernas e para a bagagem. Mas o RV-14 é diferente. Provavelmente a primeira coisa que se nota é que a posição do assento na posição vertical e copa grande bolha fornecer visibilidade excelente em todas as direções.

Life&Style

Sharp Aquos LC-90LE745Uoutra dimEnsãoa sharp apresentou o aquos lc-90le745u que é a maior led-backlit lcd hdtv do mundo disponível comercialmente. com 90 polegadas permite a visualização clara com hd 1920 x1080 resolução.

104 2012

{ LUXOS }gADgETSCarla Marques

Steven GroteldEsEnha anEL-rELógiosteven Grotel concebeu um conceito de anel relógios. o relógio-anel em ouro branco de 18k apresenta um cristal e diamantes, sendo feito de metal nobre.

Fita Desk Lamp LEDajustÁvEL

a lâmpada de mesa led projetado por alberto

Fraser é ajustável e ideal para pessoas que

querem uma fonte de luz próxima. a lâmpada tem um pescoço de Pvc transparente que torna

extremamente flexível e estável.

C Explorerssubmarinos individuaisa u-boat Worx lançou os “c explorers”, submarinos que estão certificado para mergulho a profundidades de 1.000 metros. Podem transportar de 1 a 6 passageiros, tem um casco de pressão totalmente acrílica, maneabilidade, velocidade, ar condicionado e rampa de lançamento do trailer.

Adamo da DellLaptop mais fino do mundoelegante e minimalista. a dell apresenta, adamo, considerado o mais fino laptop do mundo. tem apenas 1,64 cm de espessura quando fechado, 33cm de largura, 24,1 cm de profundidade.

Veuve ClicquotEm Lata dE sardinhasa prestigiada marca de champagne francesa, veuve clicquot lançou o seu famoso brut Yellow numa lata de sardinha de cores claras. uma ideia de sucesso!

Sony lançaduaLshock3Em ouroo controle dual shock 3, do Playstation 3 em ouro é uma das formas encontradas pela sony para comemorar os Jogos olímpicos de londres.

Case LogicELEgância a case logic lançou as suas mais finas capas de proteção, para iPad e macbook air, de sempre – os modelos iFol 301 e ssma 311. são capas de transporte elegantes e que oferecem uma dupla proteção graças a um acabamento duplo exterior e interior, que preserva os dispositivos de riscos, poeiras e mesmo de choques.

Hama UniversalcontroLo rEmotoa pensar nos comandos perdidos, danificados ou, simplesmente, com funções limitadas, a hama apresenta um comando universal para sistemas de ar condicionado com controlo à distância.

106 2012

Life&Style

PulseiraIsabel Marant

na Fashion Clinic

Carla Marques

Brilho de prazer

—Quando os olhos cintilam como estrelas, quando a

pele ganha um brilho especial e as joias fazem sonhar há um novo mundo feito de um

prazer sem limites. Uma joia, por singela que seja, pode ser o

princípio desse prazer!

Pulseira com brilhantes Marina Fossati

na Fashion Clinic

anel Dinh-Van

na XN

anel Pandora

na Visão do TempoGrupo Cronos

Miss Chamilia

Pregadeira Marina Fossati

na Fashion Clinic

trinket PurPleda Storm London

colar Montblanc

na XN Miss Chamilia

2012 107

{ LUXOS }JOALHARIA

mArcOliNO JOAlhEirOsInovar para conquIstar—O espírito inovador e empreendedor da Marcolino Relojoeiro volta a surpreender todos os que passam na Baixa da cidade do Porto, a norte de Portugal.

isso ao selecionarmos os produtos disponíveis da loja temos como critério base procurar produtos e marcas que sejam do agrado de públicos modernos e cosmopolitas”.

tradição aLia-sE à inovaçãoEste novo espaço apresenta um conceito moderno, aliado a uma tradição histórica de requinte e qualidade. “ Quisemos fazer uma loja de referência na baixa do Porto; sabemos que o edifício é histórico, da autoria do arquiteto Francisco de Oliveira Ferreira, e, assim, garantimos os valores originais, aliados à modernidade e ao luxo.

Com esta aposta acreditamos que podemos contribuir para a revitalização da Baixa do Porto e, simultaneamente atrair novos investidores do mundo da moda e acessórios para esta localização”.Em relação ao futuro Rui Castro Neves garante que ideias não faltam. “Após o verão contamos surpreender com algumas iniciativas que vão ajudar a atrair novos públicos para a loja, nomeadamente compradores que apreciam a qualidade das peças de relojoaria e joalharia e que vão conseguir descortinar na Marcolino Joalheiros uma loja capaz de lhes proporcionar um encontro com o que de melhor existe a este nível no panorama mundial”.

Neves, administrador da Marcolino Relojoeiro para saber o porquê de numa época de crise terem apostado na abertura de uma loja cheia de requinte e glamour na Baixa do Porto. “Acreditamos no nosso país, acreditamos na nossa cidade, acreditamos na baixa do Porto e acreditamos que a rua de Santa Catarina vai voltar a ser uma zona de comércio de luxo”.Sendo a Marcolino Relojoeiro uma marca conceituada na cidade Invicta, esta aposta exprime um desejo de internacionalização da marca, como avança o nosso entrevistado, garantindo que “queremos dialogar com um público exigente, de todos os países que nos visitam, por

Após mais de 75 anos de tradição a Marcolino Joalheiro mantem a mesma capacidade de inovação que sempre caracterizou esta loja. Bom gosto e qualidade são a sua imagem de marca deste espaço que tem procurado satisfazer os gostos dos amantes da relojoaria e joalharia.Da parceria Marcolino Relojoeiro - Internacional Watch Co. nasceu um novo conceito, a SIS, a mais pequena boutique IWC do mundo. É com um enorme orgulho que o convidamos a conhecer este espaço que não se rege pelas suas dimensões, mas sim pela complexidade das peças expostas. Angola’in falou com Rui Castro

108 2012

Life&StyleuM pulso

de…chArMe! —

E numa peça simultaneamente simples e complexa pode estar a raiz de todo o charme. Um relógio

pode fazer a diferença! Um relógio pode tornar uma presença inócua em alguém marcante inesquecível.

Descubra as novas propostas que temos para si.

Carla Marques { LUXOS }RELÓgIOS

eletta Dual

na Visão do TempoGrupo Cronos

albatrossScuba

na Visão do TempoGrupo Cronos

radiomirBlack Seal 3 Days

Automatic

tommy Hilfiger

Versace Destiny Precious

na Torres Distribuição

tag HeurFormula1

Ceramic Bicolorna Torres Distribuição

Lacoste

Baume-et-Mercier (Capeland)

2012 109

Life&StyleQuéNiA

Vista-se para o paraíso—

O Quénia é um paraíso natural. Um país do interior e de costa muito interessante, com parques nacionais e paisagens deslumbrantes: o Parque Nacional de Nairóbi, os Aberdares, e lagos como o Lago Naivasha e Lago Turkana são locais a não

perder. Nestes e em muitos outros parques irá encontrar uma flora e fauna impressionante, com rinocerontes pretos, leões, leopardos, rinocerontes cinzentos, girafas, búfalos, hipopótamos e crocodilos nos lagos e pântanos do país.Além disso, lugares

como o Monte Quénia devem ser visitados, bem como percorrer toda a extensa savana.

Na mala deve levar roupa confortável para usar durante o dia e roupa cheia de glamour para brilhar à noite. Aventure-se num safari e marque a diferença!

110 2012

01 b cArtEirA CoaCh 02 b sApAtOs CoaCh 03 b pOrtA-mOEdAs CoaCh 04 b vEstidO Manoush 05 b cAmisA Manoush 06 b cAmisA Manoush 07 b cAsAcO Miss sixty 08 b cAlçAs Miss sixty 09 b ciNtO Diesel 10 b sApAtOs Diesel antoinette

11 b cArtEirA toM ForD, NA fAshiON cliNic 12 b chApéu MaliparMi, NA lOJA dAs mEiAs 13 b vEstidO Glüen 14 b ÓculOs Missoni, NA fAshiON cliNic 15 b BOlsA laCoste 16 b sAcO laCoste

01

10

12

14

11 04

16

05

09

15

02

06

13

08

07

03

Carla Marques

DESTINO

2012 111

{ ESTILOS }

01 b BlusãO BarBour 02 b impErmEávEl BarBour 03 b cAmisA enerGie 04 b cAmisOlA DolCe & GaBBana, NA fAshiON cliNic05 b sApAtilhAs DsquareD, NA fAshiON cliNic 06 b cAlçAs GuCCi, NA fAshiON cliNic 07 b BErmudAs G-star

08 b cAlçAs G-star 09 b t-shirt G-star 10 b lENçO herMès 11 b cAmisA lion oF porChes 12 b ciNtO lion oF porChes 13 b BONé DsquareD, NA fAshiON cliNic 14 b mOchilA CaMel, cAmEl ActivE 15 b t-shirt enerGie

01 02

11

04

03

14

15

09

13

12

06

05

08

10

07

Life&Style

112 2012

01 b cAlçãO dE BANhO DolCe & GaBBana, NA fAshiON cliNic 02 b suNGA DsquareD, NA fAshiON cliNic 03 b cAlçõEs laCoste 04 b cAlçõEs dE BANhO DsquareD, NA fAshiON cliNic 05 b cAlçõEs dE BANhO paul sMith, NA fAshiON cliNic

06 b swEAtshirt DolCe & GaBBana, NA fAshiON cliNic 07 b ÓculOs MosChino 08 b chApéu herMès 09 b sANdáliAs herMès10 b cAlçõEs CaMel aCtiVe 11 b BErmudA CaMel aCtiVe 12 b sAcO CaMel aCtiVe 13 b BOiNA CaMel aCtiVe 14 b pÓlO laCoste

15 b chiNElOs Fly lonDon 16 b pÓlO lion oF porChes

Um convite…Delicie-se, num dia de sol, a banhar-se nas águas quentes do Atlântico. Deixe o corpo responder ao apelo da água e vista-se de

forma apropriada para esta ocasião. Tempo de descontração, tempo de viver a vida ao

ritmo do calor.

07

13

05

09

12

14

03

0804

02

0601

16

15

1011

2012 113

{ ESTILOS }MODA

01 b tOucA herMès 02 b luvAs herMès 03 b chApéu herMès 04 b tOAlhA herMès 05 b cAlçõEs BarBour 06 b sANdáliAs herMès 07 b sAcO herMès 08 b sANdáliA laCoste 09 b vEstidO dE prAiA laCoste 10 b BiKiNi laCoste 11 b fAtO dE BANhO laCoste

12 b sAcO dE prAiA laCoste 13 b BiKiNi laCoste 14 b ÓculOs Fly lonDon 15 b sANdáliAs Fly lonDon 16 b chiNElOs Fly lonDon

vista-se para o calor

—Sol, praia, mar…sinónimos de lazer e boa

disposição. Céu azul convida a um sorriso nos lábios e a uma deslocação até águas quentes e cristalinas. Roupas coloridas e divertidas complementam este quadro de alegria que

oferecemos. Vista-se para bronzear.

01

14

11

10

08

16

15

07

06

09

0412

13

02

03

114 2012

Life&Style

linhas de moda

—Há estilistas que todos reconhecem pelo arrojo das suas produções, outros impõem-se pelo seu cunho pessoal que

faz das suas peças de roupa uma tradição a respeitar entre os amantes da alta costura. Entre tons de negro,

ouro e branco, texturas lisas ou geométricas os desfiles das grandes casas oferecem uma panóplia de ofertas que permite à imaginação voar por entre os traços dos corpos

femininos que os envergam.

01 b custO BArcElONA 02 b custO BArcElONA 03 b custO BArcElONA 04 b hErmès05 b mAlipArmi, na loja Das Meias 06 b pAtriziA pEpE, na Fashion CliniC 07 b pAtriziA pEpE, na Fashion CliniC

02

03

04 07

06

05

01

2012 115

01 b cAvAlErA 02 b YvEs sAiNt lAurENt 03 b cAvAlErA 04 b hErmès 05 b hErmès 06 b OsKlEN 07 b custOBArcElONA

TENDÊNCIAS { ESTILOS }mUdança

no mascUlino

—A irreverência tomou conta da moda no masculino. Os

criadores reinventam e o homem torna-se numa fonte de inspiração quase infinita. Cores, textura e formas inovadoras

vão mudando gradualmente o armário dos homens.

02

03

04 07

06

05

01

Life&Style COSMÉTICA{ ESTILOS }

Dias de luz

—Os dias fazem-se de brilho, cor, sol, praia e muita luz.

Há uma conjugação de fatores que deve ter em conta para conseguir

uma pele perfeita e um brilho muito especial que contagiam e tornam a

sua presença inesquecível!

Perfume Zadig & Voltaire

body lotion Jimmy Choo

na fashion clinic

eau de toilette Sunny Diane

corretormister Perfect

Givenchy

sérum L’Oréal

Vernizes L’Oréal

fragrance-c-reflectionSasha

na Fashion Clinic

Pincéis de maquilhagem Givenchy

PerfumeGAP

na Fashion Clinic

118 2012

Life&Style Carla Marques

1001 utilizações para o vinagreq

q

2012 119

t

{ GOURMET }

De “vinho azedo” a produto de eleição

Remete-se a um passado quase tão longínquo como as mais antigas das civilizações huma-nas. Segundo dados existentes esta iguaria foi descoberta por acaso, há cerca de 10 mil anos, quando um barril de vinho foi esquecido e a bebida se transformou num outro produto. Talvez por isso não tenha sido mero acaso o nome dado a tal descoberta: Vinagre, ou “vi-nho azedo”.Uma das referências mais antigas referentes ao vinagre remonta a mais de 5000 a.C. relati-vo ao processo de obtenção do vinagre através de tâmaras. No Antigo Egito era usado como medicamento, enquanto os romanos e persas lhe davam um uso diversificado que ia do seu uso para tempero, conservação e desinfeção de alimentos e medicamento.

um condimento,diversos aromas

Apesar do seu nome remeter ao vinho, a verda-de é que o vinagre pode ser produzido a partir de qualquer fruta ou alimento que contenha açúcar, daí a extensa variedade existente. As variações são um reflexo de como cada civi-lização antiga desenvolveu o condimento, de acordo com as suas próprias especificidades.No Mediterrâneo a sua constituição tem pre-dominância do uso das uvas, enquanto que na Suécia, Grã-Bretanha, Finlândia e outras regi-ões é produzido com sucos de frutas típicas. Já

a leste e sudeste asiático o arroz é a matéria-pri-ma e no Brasil há o vinagre de álcool de cana-de-açúcar.O vinagre de álcool é produzido a partir da fer-mentação do álcool de cana-de-açúcar, a colo-ração varia entre transparente, clara ou escura e é geralmente usado na fabricação de conser-vas, temperos e na limpeza doméstica.O vinagre de vinho provém da fermentação acética do vinho, pode ser branco, rosado ou tinto, dependendo da matéria-prima usada e são utilizados para temperar saladas, carnes e em muitos casos como auxiliares em dietas nu-tricionaisO vinagre de cereais é obtido com a fermenta-ção de cereais como arroz e milho, contém ami-noácidos, minerais como o fósforo e o cálcio, potássio, ferro, zinco e cobre, além de vitami-nas. O vinagre de milho é um produto típico da Tailândia.O vinagre balsâmico é tipicamente italiano, feito a partir do vinho tinto e extratos vegetais envelhecidos lentamente. Caracteriza-se pe-la consistência densa e pelo sabor agridoce e amadeirado. Pode ter ainda em sua formulação a adição de aromas de frutas ou mel. É utilizado na culinária mais sofisticada, tanto na elabora-ção de pratos doces como salgados, por ter um sabor levemente agridoce. Relativamente ao vinagre de frutas, o mais comum é do de maçã, originalmente feito na Alemanha. Estes vinagres possuem na sua com-posição os valores nutricionais das frutas das quais foram produzidos. No caso do de maçã, apresenta substâncias antioxidantes e elemen-

tos funcionais, especialmente os chamados fi-toquímicos. Destacam-se também pelo aroma frutado e sabor mais suave. Frequentemente utilizados em temperos, sucos e, em alguns casos, como auxiliares em dietas nutricionais.Vinagre também é gourmetDurante muito tempo o vinagre foi considera-do um subproduto do vinho, usado maiorita-riamente para desinfetar alimentos e temperar saladas. Com o tempo e graças a características muito especiais, o vinagre conseguiu conquis-tar um novo status na cozinha. Falamos dos chamados vinagres gourmet, preparados a partir de frutas, de champanhe ou de vinhos nobres. A diferença neste caso entre o vinagre normal e o gourmet está na matéria-prima usa-da e no processo de fabrico.Aprenda a usar alguns tipos de vinagre gour-met: Vinagre de champanhe: usar com peixes e fru-tos do mar. Vinagre de estragão:perfeito para utilizar em carnes de sabor mais forte e peixes em geral. Vinagre de sidra de maçã: para temperar pra-tos frios Vinagre balsâmico de Módena: Produzido na Itália, é ideal para reavivar o sabor de carnes. Vinagre de framboesa: Indicado tanto para temperar carnes e condimentar saladas de ba-tata como para dar um toque diferente a uma salada de frutas. Vinagre balsâmico branco: ideal para saladas podendo também ser usado em sobremesas.Vinagre de vinho ao alho: Bom para temperar saladas, carne de cordeiro e de porco.

120 2012

Life&Style Carla Marques

Com um espírito cosmopolita o SPOT São Luiz tem no Teatro com o mesmo nome a sua base. Num ambiente que exala cultura o es-paço foi pensado para um público urbano e heterogéneo. É o ponto de encontro certo de gerações para experiências de sabores, que não escolhe nem hora, nem tempo, nem ida-des. O espaço é dirigido por Glover Barreto.Originalidade e sabor são os pilares domi-nantes nos pratos apresentados com a assina-

SPOT São LuizSabores com design

qq

tura do chefe Fausto Airoldi, o que só por si é garantia de uma marca com a tradição de sa-bores português, aqui revisitados numa pers-petiva de inovação, qualidade e design.Do simples e delicioso café aos almoços du-rante toda a semana até aos tardios jantares e “light choices” durante todo o dia, sem esque-cer o brunch aos domingos, não há desculpas para não marcar presença no Spot São Luiz.Com capacidade para 80 lugares sentados, 15

lugares de Bar Lounge e 34 lugaresde esplanada este restaurante tem como pra-tos emblemáticos as bolinhas de alheira de caçacom couli de laranja, bacalhau fresco escalfa-do em azeite com á Brás de espargos verdes, risotto de camarão e lima com peixe do dia panado em farinha de milho, além das deli-ciosas sobremesas que fazem as delícias de to-dos os comensais.

2012 121

{ GOURMET }RECEITA

Chefe fausto airoldi

Qualidade garantida—

Fausto Airoldi é um chefe executivo de cozinha, empresário, consultor e gestor profissional na área de Catering e Horeca. Sempre atento às tendências tem participado em muitos dos certames e foruns

culinários a nível nacional e internacional. Com 16 anos de experiência tem no seu curriculum uma panóplia de projetos desde hotéis de 5 estrelas,

restaurantes conceituados, centros de congressos, cozinhas centrais e produção de produtos de

conveniência. Um líder eficaz, com um sentido equilibrado procura constantemente novos

desafios como empresário e como profissional que proporcionem oportunidades e através do qual

possa usar “know-how” de diversas maneiras novas. Experiente em estratégia e da gestão dia a dia num

nível corporativo ou mais comercial. Líder motivado mantem a calma mesmo sobre pressão

e foca a sua actividade na resolução de problemas. Já projetou e assumiu a direção de projetos desde a

conceptualização até contratação de grandes equipas de trabalho, “soft-openings”, lançamentos e operações

de longo prazo. Com sucesso têm liderado projetos multifacetados desde restaurantes internacionalmente reconhecidos, mega eventos como cafés e bares locais.

Atualmente à frente do Spot S. Luiz, já foi chefe executivo do restaurante Bica do Sapato, do Regency

Hotels & Resorts Group, H2O Restaurante, Hotel Quinta do Lago, Orient Express, entre tantos outros.Tem uma exposição Internacional que lhe permite

movimentar-se em vários continentes e estilos gastronómicos e culturais.

122 2012

Life&Style

Xerêm de Camarão

Com filete de robalo Corado

sobre feijão verde

eReceitae

PreParaçãoRefogar a cebola e alho no azeite

Juntar o caldo de camarão, quando estiver a fer-ver juntar em fio a farinha de milho, mexendo constantemente.

Deixar a farinha de milho cozinhar pelo menos 20 minutos, mexer com frequência

temperar com sal, pimenta preta em grão e piri-piri a gosto

Juntar os camarões mesmo antes de servir e en-volver com coentros picados

Para servir:Corar o filete de robalinho em azeite quente tem-perar com flor de sal e pimenta

Colocar o xerém num prato fundo, ao meio colo-car o feijão verde e sobrepor com o robalo corado

Guarnecer com coentros picados e pó de pele de tomate ( pele de tomate seca ao ar)

—Número De pessoas 4 PAx

QUANtIdAdES

2 robalinhos de 800/900g[retirar os filetes]160 g feijão verde, cozidoxErêm260 g camarão tigre 30/40120 g farinha de milho grossa

300 ml caldo de camarão40 g cebola10 g alho10 g coentros15 ml azeite

2012 123

{ GOURMET }SHOPPINg

Como em tudo há coisas que fazem a diferença. No gourmet a qualidade, a

inovação, a beleza podem ser sinónimos de uma mais-valia que nos leva a acreditar que

afinal a perfeição pode estar apenas a um passo dos nossos sentidos.

E se afinal a perfeição existe?

glicoR

Cupies Gourmetc

mestRe cacau, na Chocolate ao Quadrado

cPacK temPeRos

Spal Gourmet

cseRviÇo de

JantaRSpal

fconseRvas de PeiXe esPada PRetoArtesanal Pesca (Sesimbra)

cazeites GouRmet

Zaeli

ftaÇa de Gelado

vintaGeGuzzini

cbiscoitosLuBonometti

124 2012

Life&Style

Entrevista Ricardo Quaresma

pAixão pelA Arte—HOJE TEM COM ANGOLA UMA RELAçãO QUASE UMBILICAL. NASCIDO EM PORTUGAL, RICARDO QUARESMA Só HÁ MUITO POUCO TEMPO DESCOBRIU OS ENCANTOS DE ÁFRICA, AO PARTICIPAR NA PRODUçãO DE UMA ExPOSIçãO EM LUANDA..

Carla Marques

uM históriA dentro de outrA(s) históriA(s)O interesse de Ricardo Quaresma Vieira pela fotografia é uma questão genética herdada de seu pai. Para além de ser portador dos genes que lhe deram uma forte ligação à imagem, Ricardo Quaresma afirma ainda que o seu interesse pela imagem surgiu quando, aos 6 anos, uma televisão o atingiu na cabeça, cicatriz que exibe até hoje orgulhosamente.Natural da Vila de Pontével, no Cartaxo, Ricardo Quaresma Vieira estudou cinema na E.S.A.P. no Porto, e ainda a estudar, recebeu o Apoio à Produção de Curtas-Metragens do I.C.A.M. com o filme Hoje Foi Amanhã, no qual foi argumentista e realizador. Participou em vários festivais, como o Fantasporto, Festival de Cine de Badajoz (Melhor som), Festival de Cinema de Arouca (Melhor Filme/Melhor Actor), Caminhos do Cinema Português (Melhor Filme). No ano de 2003 decidiu ir para a Alemanha onde organizou 3 exposições, a destacar @ and Alpha – Superior Via Connection, uma instalação contemporânea de Arte Pública na estação de metro Schlump, Hamburgo.

Na série 1.000.000€ Girl, Ricardo Quaresma revela imagens inéditas de Diva Von Teese. Apresenta uma série de imagens de um dos shows desta diva, ao estilo voyeur, e, simultaneamente questiona e provoca os valores e a sobre-valorização da arte contemporânea: um dos trabalhos é exibido em formato Pay-per-view em que o visitante tem de colocar uma moeda no peep-show

A partir daí a ligação a esta terra foi-se estreitando e Ricardo Quaresma foi desenvolvendo ou participando num conjunto de iniciativas. “Fui convidado pelo ator e amigo Meirinho Mendes a participar no “OKUPAPALA” (brincadeira em Umbundo), projeto internacional que propõe um encontro de arte e cultura urbana com intervenções artísticas em bairros desfavorecidos - musseques - no Lobito. (Mais info: www.okupapala.org)”.O mais recente projeto foi a idealização de um cenário para uma peça de dança

infantil “Encantos na Floresta”, que teve a direção artística da Prof. Rita Oliveira. Este espetáculo de dança infantil decorreu no Cine Teatro Nacional de Angola e contou com a participação de cerca de 80 crianças. Esta peça decorre numa floresta mágica onde acontecem várias pequenas danças que compõem uma obra completa. As crianças interpretaram diferentes personagens que dançam em grupo e interagem entre si, criando uma história única que deu o nome ao espetáculo.

2012 125

{ ARTE }

para vê-lo, revertendo os lucros para a associação Abraço.Um dos seus últimos projetos, Modamorfose, baseia-se na fotografia de moda que tenta chegar à perfeição impossível ou à beleza idílica. Em moda, são disparadas 100, 200 ou 500 imagens quando na realidade é apenas utilizada uma, como um efeito Kalashnikov. Este trabalho de Ricardo Quaresma parte do seu arquivo fotográfico de moda dos últimos anos e cria assim uma nova obra artística em que se juntam milhares de imagens resultantes de shootings de moda. Este género de reaproveitamento do arquivo fotográfico sugere uma espécie de reciclagem digital contemporânea, porque as imagens escondidas ou esquecidas nos discos rígidos são aproveitadas como mosaico para a construção de um trabalho mais plástico, revelando a sua relação amor/ódio com o tema.Ricardo Quaresma vive atualmente em Lisboa, cidade onde aprofunda os seus conhecimentos de fotografia e filme através da arte, da moda, de retratos de celebridades,

reportagens, entre outras áreas onde deixa um cunho marcante etc. Os seus trabalhos foram publicados em inúmeras revistas de moda de referência, como Máxima, ELLE, Vogue, Público, Egoista, GQ Maxmen, FHM, DNA, JUP, Parq, Must, Lusobeat, Umbigo, DIF, Slang, Neo2, Cream & IDN (Hong Kong). Recentemente foi requisitado pela companhia aérea “Fly Emirates” para fotografar a campanha de publicidade mundial e a divulgação dos novos voos para Portugal.Tem como Mecenas na Arte a I.M.V. (Italian Motor Village) através da associação Art In Park e atualmente o seu trabalho expressa-se em várias formas: fotografia, cinema, vídeo e instalação. Continua determinado a investigar e a projetar as suas ideias nas Artes Visuais, na Arte Social e na Arte Trans-Contemporânea., como se pode ver através do seu site: www.ricardoquaresmavieira.comPara este ano além da exposição patente no Centro de Arte Contemporânea de Skopje, Macedónia, tem prevista uma outra em Paris, data por definir.

o futuro eM terrAs de AnGolA

Questionado sobre eventuais iniciativas que está a desenvolver em Angola no domínio artístico, o nosso entrevistado referiu que: “Tenho sido requisitado frequentemente para produções de publicidade nas áreas de fotografia e cinema. Neste momento estou em pós-produção/edição de um videoarte para um grande colecionador angolano de Arte Contemporânea e Arte Africana. Este documento vai fazer parte da sua coleção e servir de memória para o futuro espaço cultural que irá surgir em Luanda. Este e outros projectos, como uma futura exposição individual, ainda estão guardados no segredo dos deuses”.

126 2012

Life&Style Patrícia Alves Tavares

INSTITUTO CAMõES

alma lusófona

O lema do IC-CCP é a qualidade. “Para além da promoção dos artistas portugueses e angolanos, temos uma política de abertura em relação a qualquer projeto cultural que se destaque pela qualidade”, afiança Francisco Duarte, diretor do centro.Para o responsável, a missão mais importante do organismo de promoção da lusofonia está na aproximação da língua portuguesa dos seus falantes e na sua promoção junto das populações lusófonas. “A economia é, sem dúvida, muito importante, mas entre Angola e Portugal há muito mais: temos a língua, a cultura, os laços de sangue e os afetos. Em suma: o IC-CCP é uma casa comum, nossa, de angolanos, portugueses e de todos aqueles que se interessam pela cultura”, constata. O Instituto Camões nasceu em 1996 e desde então assumiu o papel de pólo cultural na

capital do país. Instalado na Embaixada de Portugal, o centro oferece ao público uma biblioteca, sala de exposições e um auditório, infraestruturas que têm sido cruciais na dinamização de uma agenda cultural e social onde o português é o único idioma admitido.

linGuA MAterIndissociável da preservação da língua portuguesa, o Instituto Camões foi criado num momento em que se discutia qual a verdadeira dimensão da lusofonia e do português. Língua estrangeira ou língua nacional? Francisco Duarte recorda um artigo de opinião

que escreveu há um ano e afirma que o relacionamento entre

lusos e angolanos tem contribuído para a consagração da importância da língua comum. “Julgo que a resposta a esta pergunta começou a ser definida já antes da independência de Angola, nos poemas e nos textos em que Agostinho Neto, Viriato da Cruz e Mário de Andrade afirmaram a sua angolanidade e proclamaram

“Vamos redescobrir Angola, vamos ser nós mesmos””, explica, lembrando ainda a prosa de Pepetela, consagrado Prémio Camões e que deu nome ao auditório do IC-CCP.O responsável considera que as

atividades desenvolvidas pelo espaço valorizam um dos idiomas mais falados do mundo enquanto “instrumento de cultura e de desenvolvimento económico”. Recordando o escritor Miguel Torga, lembra que “a língua portuguesa constitui-se em “traço de união” de cultura, de afetos, de negócios, da construção de um espaço comum de prosperidade partilhada entre os países da CPLP”. O português é falado por 250 milhões de pessoas, sendo o sexto idioma mais falado a nível global e o terceiro da Europa. Com um potencial económico elevado e prevendo-se que será uma das línguas vencedoras da globalização, deverá ser o idioma de 350 milhões habitantes da CPLP até 2050. “O português escrito e falado em Angola já enriqueceu o meu português: ‘maka’, ‘mujimbo’, ‘mambo’, ‘bué’, ‘candando’ e

“O IC-CCP é uma Casa COmum,

nOssa, de angOlanOs,

POrtugueses e de tOdOs

aqueles que se

Interessam Pela

Cultura”, FranCIsCO

duarte

—“ATRAVÉS DAS PORTAS”, DO ARTISTA LUSO-

ANGOLANO MÁRIO TENDINHA, É A ExPOSIçãO QUE ESTARÁ EM ExIBIçãO NO INSTITUTO

CAMõES, EM LUANDA, ATÉ AO FINAL DE OUTUBRO. O CENTRO CULTURAL PORTUGUêS (IC-CCP) SOMA

E SEGUE NO PLANO CULTURAL E ORGULHA-SE DE TER UMA AGENDA REPLETA DE EVENTOS DAS

MAIS DIVERSAS ÁREAS, COM ATIVIDADES ATÉ AO FINAL DO ANO. NESTA EDIçãO, CONVERSAMOS COM O DIRETOR DO ORGANISMO, QUE CONQUISTOU

O SEU LUGAR NA CAPITAL, E DESCOBRIMOS AS RAzõES QUE CATIVAM OS VISITANTES

NACIONAIS E PORTUGUESES.

2012 127

{ CULTURA&LAZER }

tantas outras expressões fazem parte do léxico de cada vez mais pessoas que falam e escrevem em português”, finaliza.

BiBliotecA É o ex-liBrisFoi remodelada há dois anos e é um dos locais mais procurados em Luanda. A Biblioteca do Instituto Camões – Centro Cultural Português de Luanda recebe anualmente cerca de 40 mil pessoas, uma média de 300 utilizadores que diariamente procuram as obras e espaços de consulta do local. São na maioria jovens estudantes, que encontram no centro uma panóplia de meios de pesquisa, acesso à Internet e documentos que os aproximam da língua portuguesa. Este ano, a empresa Roff doou equipamentos informáticos para melhorar os serviços de consulta

digital e atualizar as tecnologias da informação. Com um reforço das suas capacidades no domínio da comunicação e informação da comunidade, o Instituto Camões detém uma função social extremamente relevante ao abrir as portas a uma comunidade que dispõe de poucas bibliotecas públicas.São sobretudo os estudantes do ensino médio e universitário que recorrem aos 300 m2 de espaço informativo, onde podem descobrir seis mil obras variadas e passar uma tarde na sala de leitura ou no espaço multimédia, que disponibiliza uma dezena de computadores com acesso wireless.

pAlco dA lusofoniAAs instalações do Instituto Camões sofreram uma profunda remodelação, o que permitiu ao Centro renovar a sua imagem e

criar condições para aumentar a qualidade dos serviços prestados no âmbito da missão de difusão da Língua e Cultura Portuguesa no país.Além da concorrida biblioteca, a infraestrutura oferece uma sala de leitura, um espaço de encontro entre os diversos públicos, que é palco de intercâmbio e de cooperação entre as instituições palancas, nomeadamente as que atuam em áreas ligadas à cultura e educação.A galeria de exposições é constantemente requisitada, em virtude do palco e dos 112 lugares, sendo o cenário ideal e preferido pelos artistas nacionais e internacionais que a consideram uma sala de referência para mostrar o seu trabalho aos angolanos. Além dos habituais ciclos de cinema e espetáculos de teatro e musicais, é regularmente utilizado para palestras e conferências.

O IC-CCP dispõe igualmente de uma sala de formação, contribuindo para a comunidade local com um espaço adequado para a concretização de sessões de formação, promovidas pelas entidades empresariais.

São fatores apontados por Francisco Duarte para justificar o crescimento gradual da instituição ao nível de receção de público e de credibilidade junto da comunidade. “O facto de os artistas angolanos procurarem o IC-CCP para exporem as suas obras permite-nos estabelecer uma relação de proximidade e de colaboração que deixa frutos duradouros, contribuindo para o reforço dos laços culturais e para a saúde da relação bilateral em todas as suas outras vertentes”, conclui em entrevista à Angola’in.

Agenda

20 SEt. a 22 out. › 18H30 exposição de pintura “através das portas” do artista mário tendinha

(luso-angolano) – inauguração

outubro 2012 › 09H00/13H00concurso besafoto – auditório pepetela

08 a 29 nov.5ª edição exposição World press photo – inauguração (patrocínio do besa)

17 a 23 nov.festival internacional cinema luanda

06 DEZ.2012 e JAnEiro 2013exposição de pintura do artista plástico van – organização atelier sabby – inauguração

Números

40 Mil pessoas visitam anualmente

a biblioteca

do instituto camões

300 visitantes por dia

frequentam a biblioteca

6000 livros em língua

portuguesa

112 lugares é a capacidade da

galeria de exposições

128 2012

toronto exibe filme angolano“O Grande Kilapy”, de Zeze Gambôa, foi um dos filmes que integraram a 37ª edição do Festival Internacional de Cinema do Toronto, Canadá, que decorreu em setembro. A longa-metragem tem a duração de 100 minutos e foi produzida este ano com o apoio da European Film Promotion e European Unions Media Programme. É o segundo trabalho de ficção do cineasta, que é conhecido no meio internacional desde que se apresentou em festivais mundiais com o filme “O Herói”, de 1998. A recente película retrata a história de Joãozinho, alto executivo de um banco central que burlou o regime colonial português para ajudar os movimentos nacionalistas que existiam em Angola. O brasileiro Lázaro Ramos interpreta o papel principal.

hoji fortuna escreve livro—

O ator angolano Hoji Fortuna lançou o seu primeiro livro. Intitulado “New York for Actors”

retrata a experiência do artista radicado em Nova Iorque, nos EUA, nomeadamente as suas

vivências no cinema americano. “O livro oferece uma variedade de dicas e truques partilhados

por alguém que vive na pele as peripécias de uma vida de ator numa das cidades mais competitivas

do mundo”, referiu durante a apresentação da obra que visa ser um guia para qualquer estrangeiro

que deseje enveredar pela carreira artística naquele país. O livro está à venda em formato

digital em www.lulu.com.

Life&Style { CULTURA&LAZER }Patrícia Alves Tavares

iii encontro de escritores lusófonos—De 15 a 17 de outubro, a cidade de Natal, no Brasil, vai receber nomes internacionais da literatura e linguística que vão participar no III Encontro de Escritores de Língua Portuguesa. O certame destina-se a promover o intercâmbio entre os escritores lusófonos dos diferentes continentes e conta com o apoio da Associação Lisboa/ Natal (LisNatal). Figuras como Mia Couto (escritor moçambicano), Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães (escritoras portuguesas) ou Roberto DaMatta (antropólogo brasileiro) são presenças confirmadas. “Literatura e futebol”, “Literatura infanto-juvenil” e “Literatura e Oralidade” são os temas a debater.

“Geração Gospel”—Bambila anunciou que está a gravar um novo projeto. “Geração Gospel” contará com a participação de vários músicos nacionais do gospel, como Eliot Kassoma, Miguel Buila e Irmã Sofia. O cantor explicou que se trata de um trabalho que se destina a unir os talentos deste género musical e incentiva a população a ouvir estes artistas. O disco terá 15 músicas cantadas em vários dialetos.

hotelaria cooperacom unAcA União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC) assinou um protocolo de cooperação com diversas unidades hoteleiras. O objetivo do memorando consiste em incluir música ao vivo nos principais hotéis e restaurantes do país, de modo a aumentar a empregabilidade dos artistas. “Nos contactos preliminares que mantivemos com os hotéis, com a mediação do Ministério da Hotelaria e Turismos, prevaleceu o bom senso. Por isso, foi decidido iniciar esse programa, enquanto uma equipa integrada pelo ministério, UNAC e a Associação dos Hoteleiros vai criando as condições legais para que essa atividade se desenvolva sem constrangimentos”, explicou Belmiro Carlos, secretário-geral da UNAC.

2012 129

{ PERSONALIDADES }

Fernando Batalha

pAtriMónio huMAno—FERNANDO BATALHA NASCEU EM PORTUGAL, MAS FOI NA TERRA VERMELHA QUE PASSOU PARTE DA SUA VIDA. ENCANTADO COM O PAíS, AQUI DESENVOLVEU A SUA ATIVIDADE E GANHOU O ESTATUTO DE PRINCIPAL INVESTIGADOR DO URBANISMO NACIONAL. O ARQUITETO FALECEU HÁ QUATRO MESES E DEIxOU A NAçãO óRFã DE UM DOS MAIORES ESTUDIOSOS DO SEU PATRIMóNIO ARQUITETóNICO.

Falar de arquitetura é recordar Fernando Batalha, o responsável pelo inventário do património arquitetónico de Angola após a sua independência. Quatro meses após a sua morte, a Angola’in recorda a história de uma figura que nasceu no Alentejo, em Portugal, mas que se apaixonou pelo nosso país desde o primeiro momento e que escolheu para viver grande parte da sua existência. Morreu com 104 primaveras e deixou uma vasta obra sobre o país do seu coração. Estudou Arquitetura na Escola de Belas Artes de Lisboa e viajou ainda jovem até Paris, capital francesa, onde se especializou em Urbanismo. Contudo, foi em 1935 que a sua vida mudou, quando conheceu o continente africano. Foi no primeiro cruzeiro de férias dos estudantes portugueses às antigas colónias lusas que o aluno de arquitetura se apaixonou pela cidade.Bastaram três anos na terra da Palanca Negra para que o arquiteto luso fosse escolhido para desenvolver os planos do pavilhão principal da Exposição-Feira de Angola. Ainda em 1938, Fernando Batalha concluiu o Palácio do Comércio e assinou o projeto original do Grande Hotel, em Luanda.O cinema Monumental e o Mercado Municipal do Huambo são outras das obras que surgiram da mão do urbanista, que se evidenciou pela defesa acérrima do património urbanístico e arquitetónico do país. Só regressou a Portugal com 83 anos, após ter lecionado Arquitetura na Universidade de Luanda.Fernando Batalha foi pioneiro no estudo e

preservação das construções nacionais e foi publicando durante mais de 50 anos diversos documentos que retratam milhares de quilómetros percorridos no imenso território. “Andei por todos os lugares onde se registou presença portuguesa. Confirmei ruínas desaparecidas, recolhi imensa informação. Fiz a lista completa daquilo que lá existe e do que existiu e os meus olhos testemunharam”, contou numa das últimas entrevistas que concedeu.

liVros eternizAM o GÉnioAté completar os 83 anos, o arquiteto integrou igualmente gabinetes de arquitetura e urbanismo angolanos e dedicou-se à investigação de áreas diversas como a etnografia, história e arqueologia. Na década de 40, Fernando Batalha chefiou o gabinete de Urbanização de Benguela, onde desenvolveu o plano da cidade, bem como planos de urbanização para outras urbes. A sua obra ficará eternizada nos vários livros que foi escrevendo ao longo da vida, baseando-se nas viagens e experiências em Angola. Atraído pela diversidade arquitetónica do país, o arquiteto Batalha dedicou-se ao estudo e divulgação do património urbanístico de Angola, durante a década de 50 e 60. Foi autor de publicações como “Urbanização de Angola” (1950), “Em Defesa da Vila do Dondo” (1963) e “Em Defesa do Património Histórico e Tradicional de Angola” (1963).O cinema Monumental e o Mercado Municipal do Huambo são outras das obras que surgiram da mão do urbanista

ÚltiMo liVro Aos 100 AnosPOUCO TEMPO APóS TER COMPLETADO UM SÉCULO DE VIDA, FERNANDO BATALHA CONCRETIzOU UM SONHO QUE ACALENTAVA HÁ ANOS. “Só QUERIA VIVER ATÉ AO LANçAMENTO DO MEU PRóxIMO LIVRO, POVOAçõES HISTóRICAS DE ANGOLA”, RELATOU EM 2007, A UM JORNAL PORTUGUêS. EM 2008, A OBRA CHEGAVA àS LIVRARIAS E O ARQUITETO REVELAVA QUE AINDA TINHA MAIS SEIS ORIGINAIS PARA PUBLICAR. NãO CONSEGUIU CUMPRIR ESSA MISSãO, EMBORA TENHA TRABALHADO DIARIAMENTE NOS SEUS RASCUNHOS ATÉ AOS úLTIMOS DIAS.

130 2012

Life&Style agendaCarla Marques

nOvO cd de Gizela SilvaA cantora Gizela Silva anunciou que pretende publicar em Dezembro o seu segundo trabalho discográfico a solo, com o selo da produtora Bué de Beats, do produtor Heavy C. A autora disse à Angop tratar-se de um trabalho ainda sem título, em que vai experimentar algumas nuances melódicas diferentes do seu primeiro disco “Amor Veneno”. A autora de “Vou xinguilar” e “Vizinha tá querer quê” anunciou que o novo projeto vai ter entre nove a 12 temas, tocados na linha melódica do semba, kizomba, soukuss e kilapanga.

Outubro

As exposições e eventos que marcam pelo mundo fora…

Revisitar a obra de Edvard Munch, com a exposição “The Moderna Eye” é o objetivo da tate Modern, em Londres. A mostra do pintor norueguês da dor estará aberta ao público até ao próximo dia 14 de Outubro e nela é possível vermos como as mortes prematuras de sua mãe, irmã mais nova e irmão, sua

solidão ao longo da vida o marcaram e deram origem a obras como “O Grito”, “A Criança Doente” e o “Auto-retrato com os olhos feridos”.

Até ao próximo dia 28 de Outubro está patente na Casa das histórias Paula Rego, em Cascais uma exposição de Paula Rego e Adriana Molder intitulada a “Dama Pé-de-Cabra”.Esta é a primeira apresentação internacional de trabalhos inéditos de Paula Rego e Adriana Molder, que tiveram como inspiração a história com o mesmo nome de Alexandre Herculano. As duas artistas conceberam, em simultâneo, um conjunto de trabalhos autónomos, de grandes formatos, que estão agora expostos.Neste novo ciclo de trabalhos, Paula Rego desenvolve um fulgor imagético e narrativo que a lenda lhe inspira, em total liberdade de traço e composição.

St. Martin-in-the-Fields Church é o local escolhido para a realização, no próximo dia 3 de Outubro, pelas 19.30 de uma noite de grandes clássicos, com o brilho das “Bodas de Fígaro” de Mozart, o pungente “Unfinished” de Schubert e a “Ode” de Beethoven. O concerto da London Musical Arts Orchestra também inclui John Landor.

nachO criadOOrganizada pelo Museu Reina Sofia está patente no Palácio de Velázquez até ao próximo dia 1 de Outubro a exposição Agentes Colaboradores, de Nacho Criado, considerado uma das figuras centrais da arte espanhola experimental dos últimos 40 anos. A mostra oferece uma retrospetiva do trabalho do artista e a utilização de ferramentas de investigação relacionando ideias, referências do passado, nomeadamente artistas como Bruno Taut, Matthias Grünewald, Samuel Beckett ... e sua realização material.

28 até

Outubro

03 Outubro

14 até

Outubro

01 até

Outubro

ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES

ANO IV - SÉRIE IIREVISTA Nº09 - 2012—3,50 EUR450 KWZ5,00 USD—ISSN 1647-3574

· Nº0

9 · 20

12

Diplomata na Bélgica, Luxemburgo e Holanda, Elisabeth Simbrão é também a representante do país na UE. A análise da Europa face à necessidade de investimento atual e ao papel do angolano no continente

embaixadora de angola elizabeth simbrão INFLUENCIARPOLÍTICASEUROPEIAS

De olho em nós O interesse norte-americano

por África não é novo. Mas sabe o que esconde?

Os avanços e recuos de uma nação em mudança

o PaPa Da Pub Consagração é a palavra.

Conheça a marca que todos desejam e descubra

o que a torna diferente das concorrentes.

Desafio superado!

Fim Do DéFiceFique a par das metas

para a nova política habitacional.

Uma empreitada que corre a bom ritmo