angola'in - edição nº 10

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revista nº10 E D I Ç Ã O E S P E C I A L

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No mês em que se celebra a festa do CAN, Angola'in apresenta-lhe uma edição especial de coleccionador.Com uma capa exclusiva da autoria do famoso artista plástico Eleutério Sanches, fique a par das últimas novidades.Artigos ilustrados a rigor, tudo para que não perca o melhor do país e do Mundo.

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Page 1: Angola'in - Edição nº 10

revista nº10

E D I Ç Ã O E S P E C I A L

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revista nº10dezembro 2009

E D I Ç Ã O E S P E C I A L

ONDE QUER QUE ESTEJA, ESTAMOS CONSIGO.

COMUNICARE - Comunicação e imagem | Rua do Senhor, 592 - 1º Frente | 4460-417 Sra. da Hora - Portugal | T: +351 229 544 259 | F: +351 229 520 369 | E: [email protected]

Page 5: Angola'in - Edição nº 10

COMUNICARE - PortugalJ&D - Consultores em Comunicação, Lda.

NPC: 508 336 783 | Capital Social: 5.000€

Rua do Senhor, 592 - 1º Frente

4460-417 Sra. da Hora - Portugal

Tel. +351 229 544 259 | Fax +351 229 520 369

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Delegação Angola’in

Rua Rainha Ginga, Porta 7

Mutamba - Luanda - Angola

Contacto: Ludmila Paixão

E-mail: [email protected]

Tel. +244 222 391 918 | Fax +244 222 392 216

revista bimestral nº10 - edição especial

http://angolain.blogspot.com · http://twitter.com/angolain

Direcção Executiva Daniel Mota Gomes · João Braga Tavares

Direcção Editorial Manuela Bártolo - [email protected]

Redacção Patrícia Alves Tavares - [email protected]ónica Mendes - [email protected]

Colaborador Especial João Paulo Jardim - [email protected] André Sibi

Design Gráfi coBruno Tavares · Patrícia Ferreira [email protected]

Fotografi aAna Rita Rodrigues · Shutterstock · Fotolia

Serviços Administrativos e AgendaMaria Sá - [email protected]

RevisãoMarta Gomes

Direcção de MarketingPedro Posser Brandão Tel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369E-mail - [email protected]

PublicidadeTel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369E-mail - [email protected]ão Tavares - [email protected] Gomes - [email protected]

ASSINATURAS - [email protected] o seu pedido para:

Rua Rainha Ginga, Porta 7

Mutamba - Luanda - Angola

Departamento FinanceiroSílvia Coelho

Departamento Jurídico Nicolau Vieira

Impressão Multitema

DistribuiçãoAfricana Distribuidora ExpressoLuanda - Angola

Tiragem10.000 exemplares—ISSN 1647-3574

DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09

3 IN LOCO · ANGOLA’IN |

in loco

Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos,

fotografi as e ilustrações, sob quaisquer meios e para

quaisquer fi ns, inclusive comerciais

Esta revista utiliza papel produzido e impresso por

empresa certifi cada segundo a norma ISO 9001:2000

(Certifi cação do Sistema de Gestão da Qualidade)

ASSINE ANGOLA´INContacto Angola - [email protected]

1 ANO 17,55 EUROS (10% DESCONTO)2 ANOS 31,20 EUROS (20% DESCONTO)

O ano de 2009 está a chegar ao fi m e é tempo

de analisar os acontecimentos mais importan-

tes dos últimos 12 meses, tirando as devidas

lições e usar a experiência adquirida para conti-

nuar a aposta no crescimento económico que,

apesar das previsões menos optimistas, con-

tinuará a ser um período de desenvolvimento

acima da média mundial. O próximo ano será

certamente o da solidifi cação e diversifi cação

da economia, onde o investimento privado e

as obras públicas prometem estar novamente

na ordem do dia. Mas as boas notícias não fi -

cam por aí. Além da retrospectiva do ano tran-

sacto, a Angola’in apresenta-lhe nesta edição

muito especial algumas das principais expec-

tativas para o novo ano: a abertura da Bolsa

de Valores e Derivados, a elaboração da Cons-

tituição e as eleições presidenciais vão agitar

a vida social, em que a participação de todos

é crucial.

2010 será certamente o ano de concretização

de todos os sonhos. O CAN concentra todas as

expectativas e é a prova de fogo à capacida-

de de organização nacional. O evento do ano

augura tornar-se um sucesso. As entidades

estão empenhadas e a população vibra com a

recepção dos 16 candidatos ao título. Será um

arranque de ano em cheio, com o país a fervi-

lhar de vida. Os olhos vão estar concentrados

em Angola, que terá, através deste torneio, a

grande oportunidade para se projectar ainda

mais, tanto no contexto africano, como mun-

dial. A selecção nacional também tem respon-

sabilidades acrescidas. Como refere Manuel

José, em entrevista exclusiva à Angola’in, esta A Direcção

NO ‘PALCO’ DO MUNDOformação tem “um compromisso para com o

povo”. Os adeptos prometem dar apoio incon-

dicional e os Palancas Negras estão dispostos

a lutar ao máximo e a suar a camisola para

honrar as cores do seu país. Por isso, não pode

perder o nosso suplemento sobre o CAN, que

elaboramos especifi camente para si, para que

fi que a par de tudo o que importa saber sobre

a maior competição continental.

Para fechar o ano em beleza, convidamos um

dos maiores ícones das artes nacionais para

pintar a nossa capa, tudo para que este exem-

plar seja um coleccionável inesquecível. Eleu-

tério Sanches aceitou o desafi o e presenteia

os nossos leitores com um belíssimo quadro e

uma entrevista, que é um autêntico testemu-

nho sobre a sua constante aprendizagem e os

múltiplos ensinamentos que esta fi gura ainda

tem para dar às novas gerações.

Natal é sinónimo de convívio em família, re-

cheado de belas iguarias e muitas prendas. A

pensar nesta época festiva, a Angola’in prepa-

rou-lhe uma edição, repleta de sugestões para

ofertas para si e para os seus entes queridos,

onde não faltam os melhores gadjets. Tudo

acompanhado pelas receitas de Wilson Aguiar

e a nossa selecção de vinhos!

A todos desejamos um óptimo Natal,

um excelente 2010 e um magnífi co CAN!

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6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO

IN FOCOCom o fi nal de 2009 a aproximar-se, é tempo de fazer o balanço do ano transac-

to. A economia está em destaque e neste número apresentamos a antevisão

dos pontos fortes para 2010: a abertura da Bolsa de Valores, as eleições presi-

denciais e as apostas na diversifi cação da economia, nomeadamente ao nível

do investimento privado, são as principais novidades. A fechar, fi que a saber tu-

do sobre as comemorações do 34ª aniversário da Independência (em Portugal)

18

10

52

74

86

DESPORTO

O país ultima os pormenores para o evento do ano. A população está em contagem crescente e deposita todas as expectativas no desempenho da sua selecção, que tem responsabilidades acrescidas. Manuel José, em entrevista exclusiva à Angola’in, fala dos objectivos para este Campeonato Africano das Nações e do trabalho desenvolvido nos últimos meses com os Palancas Negras. Conheça os estádios, as equipas e todos os pormenores das cerimónias ofi ciais. Tudo num suplemento sobre a competição preparado a pensar em si!

26

FOTO REPORTAGEM ESTILOS22 68

PERSONALIDADESÉ o cantor do momento. A jovem revelação termina este

mês a tournée pela Europa, onde fez a primeira parte do

concerto de Eros Ramazotti. Yuri da Cunha é a esperança

da música angolana. De passagem por Portugal, para actu-

ar na comemoração do 34º aniversário da Independência, o

artista revelou-nos os seus projectos

GRANDE ENTREVISTAÉ o ícone dos artistas mais completos. Eleutério Sanches é

um dos símbolos da cultura nacional. Multifacetado, tem

provas dadas na pintura, música e poesia. Enquanto pintor,

já expôs nos ‘quatro’ cantos do mundo e cede uma das suas

pinturas para a nossa capa. Em entrevista à Angola’in, o an-

tigo professor faz a análise do seu país e do estado das artes,

revelando que tem projectos na calha para o próximo ano

LUXOSO Natal está próximo e cheio de novidades. Nesta edição es-

pecial, preparamos um dossier com as últimas novidades em

alta tecnologia. Conheça os melhores gadjets e os produtos

mais inovadores. Não deixe de consultar os relógios exclu-

sivos que propomos, bem como os carros mais desejados.

Uma oportunidade única! Aproveite as nossas sugestões e

comece a escolher as prendas para a família e amigos

VINHOS & COMPANHIAEm período de festividades, a escolha da ementa e dos

vinhos é essencial para impressionar a sua família e con-

vidados. Wilson Aguiar prepara o menu para a noite de Na-

tal e de Passagem de Ano. A nossa equipa faz a selecção

dos melhores vinhos para a ocasião. São 40 opções a não

perder! Se pretende viajar, apresentamos os restaurantes

mais in do momento

Page 9: Angola'in - Edição nº 10

7 SUMÁRIO · ANGOLA’IN | 7 SUMÁRIO · ANGOLA’IN |

Page 10: Angola'in - Edição nº 10

8 | ANGOLA’IN · EDITORIAL

[email protected]

editorial

muito mais angola!Com o pensamento na penumbra de emoções que en-

toam à média luz, penso num coração angolano que

não bombeia sangue, mas sim sentimento. É tal a in-

tensidade, que a sensação que melhor defi ne o fi nal

de mais um ano é nada mais do que um momento de

catarse. Aquela impressão que todos nós vivemos de

libertação de uma emoção há muito contida. A mes-

ma que Aristóteles, fi lósofo grego, designa de “puri-

fi cação sentida”.

Na última edição de 2009, trago à consciência o que

denomino ‘estrada do sucesso’, um caminho difícil, em

que se sente o sangue ‘dar a volta’ e a vida a andar

à solta, mas nem por isso sem rédea. 2010 será para

todos os angolanos o desdobrar de um mapa, a des-

coberta de um espaço num tempo em movimento. Lá

fora há lugar, à espera de todos e essa é talvez a men-

sagem mais importante a transmitir.

Aprendizes fomos, construtores somos, inventores

e aventureiros sempre. Sonhadores inatos, sobrevi-

ventes natos, nem sempre conseguimos ser exactos,

nem sempre conseguimos evitar maus actos. Temos

alianças, muitas desconfi anças, mas também as nos-

sas esperanças. Podem falar, mas para quem ama a

liberdade o importante é nunca parar. Esse é o grande

desígnio do novo ano: saber que a distância que existe

entre o não ser e o ser é uma questão de não ter medo

de ir longe demais.

Os Angolanos sãoo mais valioso ‘capital’de sempre

Esta é talvez a primeira vez que me dirijo na primeira

pessoa aos leitores da revista, num assomo de sen-

timento (confesso), para por palavras próprias lhes

desejar votos sinceros de prosperidade e sucesso.

Adivinham-se meses de luta, assentes em pilares de

cidadania, maturidade, mudança e consenso, impor-

tantes para a ‘maioridade’ de um país que sabe honrar

o seu passado e procura projectar um futuro sustentá-

vel para as suas gerações. Importa criar espaço e um

papel para a Assembleia Nacional, os partidos políti-

cos, as universidades, a Comunicação Social e outros

actores que se assumam como motores de dinamiza-

ção do progresso.

Tudo isto passa por divulgar insistentemente a “ban-

deira”, que serve para comunicar o sonho de um país

que se propõe operacionalizar as suas ideias mais ar-

rojadas. Avante com a empresarialização da economia

nacional para que esta possa defi nitivamente integrar

os actores da globalização e com isso trazer desenvol-

vimento ao povo. Sejamos formadores de novas ati-

tudes, numa perspectiva de oportunidade para todos,

elevando assim o nível de vida da população. Apresen-

temos liderança ao Mundo na criação de um merca-

do alargado, uma das bases para a construção de uma

sustentabilidade competitiva. Desenhe-se um espaço

nacional onde a sociedade civil comece a construir os

novos desígnios para o país, de forma a que Angola se

torne cada vez mais uma marca de orgulho.

Estes são sinais de respeito e reconhecimento, sede-

ados em palavras de esperança e crença num advir

melhor. Se todos trabalharmos e juntarmos os nos-

sos esforços para a concretização destes objectivos

prestamos um contributo inestimável ao processo de

desenvolvimento económico, social, cultural e de re-

conciliação nacional. Nesse dia, deixaremos de sofrer

em consequência das condições materiais, reafi rman-

do a nossa determinação em remover todos os obstá-

culos que se erguem diariamente na vida de cada um

de nós!

Feliz 2010!

Page 11: Angola'in - Edição nº 10

9 EDITORIAL · ANGOLA’IN |

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10 | ANGOLA’IN · IN FOCO

| manuela bártolo*

O MERCADO DE CAPITAIS E A BOLSAAo terminarmos mais um ano, várias são as

refl exões e pontos de vista que se entrecru-

zam nos bastidores. Por um lado, os ango-

lanos vão enaltecendo as metas alcançadas

nas mais diversas áreas, sobretudo no sector

económico. Por outro, precisam de ter cora-

gem de identifi car e assumir as falhas come-

tidas para melhor direccionarem o futuro. No

que se refere à melhoria das condições so-

ciais básicas, foram construídos vários em-

preendimentos no domínio energético e da

construção civil, designadamente ao nível

das estradas, hospitais e mercados munici-

pais, que são de enaltecer. No entanto, um

dos grandes desafi os que se impõe passa

pela melhoria do sentido de responsabilida-

de e consolidação da Comissão de Mercados

de Capitais (CMC), cuja missão é promover

um importante instrumento de desenvol-

vimento, dada a sua capacidade de acelerar

o crescimento económico. Uma das maiores

propostas deste organismo prende-se com

a criação da Bolsa de Valores e Derivados de

Angola, que vai certamente permitir a regula-

mentação, supervisão e fi scalização do mer-

cado e dos seus agentes. De acordo com as

informações tornadas públicas, a mesma já

conta com um montante de USD 7 milhões e

710 mil para a sua criação, o que justifi ca uma

infra-estrutura e condições de trabalho muito

sólidas em todas as suas esferas, para se evi-

tar possíveis atrasos no seu funcionamento.

Numa primeira fase, este importante instru-

mento de desenvolvimento vai contar com 27

subscritores, com destaque para a Sonangol,

Endiama, Ensa, FDES, BFA, BIC, BAI, grupo

António Mosquito, Sistec e Chicoil, cujas pre-

senças no mercado estão devidamente con-

solidadas, o que por si só se pode considerar

uma grande mais-valia. Uma vez que a bolsa

de valores vai acelerar a privatização das em-

presas angolanas, seria bom que as oportuni-

dades nesta grande praça económica fossem

iguais para todos. A bolsa deverá conhecer e

obedecer a uma legislação transparente para

permitir que todos tenham acesso aos negó-

cios que irá proporcionar, sem destinação da

cor partidária ou religiosa, evitando assim fa-

cilidades para uns e difi culdades para outros.

A coerência no seu funcionamento vai permi-

tir a valorização da economia do país ao mais

alto nível, pelo que a modernização do siste-

ma fi nanceiro irá também transformar Ango-

la numa praça fi nanceira forte.

ARTIGO DE OPINIÃO

(Ante)Visãodo Futuro

IN FOCO

Page 13: Angola'in - Edição nº 10

11 IN FOCO · ANGOLA’IN |

A NOVA CONSTITUIÇÃO Outro dos desafi os será sem dúvida a realiza-

ção das eleições presidenciais. Dezasseis anos

depois das primeiras eleições legislativas, os

angolanos voltaram às urnas em 2008 para

eleger o Parlamento. Um ano depois, seria a

vez do Presidente da República. Infelizmen-

te, não foi o que aconteceu. A realização das

eleições presidenciais no país está a depender

de um conjunto de factores, entre as quais a

aprovação da Nova Constituição. A normaliza-

ção constitucional em curso é um passo fun-

damental para a consolidação da democracia

rumo ao desenvolvimento sustentável. Para

tal, os angolanos precisam defi nir o futuro

sem depender dos interesses deste ou daque-

le, uma vez que se trata de um diploma legal

que vai defi nir as políticas para as presentes

e futuras gerações. Para 2010, é intenção de

todo o angolano que o país tenha uma situ-

ação de constitucionalidade, completamente

normalizada para garantir a realização perió-

dica das eleições legislativas e presidenciais.

A Nova Constituição cuja aprovação está a

condicionar as “eleições” deverá ser um docu-

mento aprovado por consenso da maioria. Um

diploma onde cada um de nós se possa rever.

O crescimento económico, político e social de

um país depende de vários factores, entre eles

a constituição, que não deve ser considerado

um triunfo de manipulação política. É desejo

também de todos nós que o poder judicial seja

completamente liberalizado para se garantir a

serenidade dos tribunais, isto porque os mes-

mos devem ser instituições independentes.

Democracia sem liberdade é como um edifício

sem pilares.

PLANO NACIONAL 2010/2011Falar de 2010 é também falar de desporto em

Angola. O CAN dá o pontapé de saída para

um ano que promete ser de forte desenvol-

vimento nesta área. No entanto, sendo este

um evento desportivo de grande envergadu-

ra, esperamos que se repensem estratégias

para o aproveitamento dos estádios de fu-

tebol sob pena de virem a ser subaproveita-

dos. Para que o desenvolvimento chegue aos

mais recônditos cantos de Angola basta a

vontade política, pois o crescimento depende

da atenção que se dá aos recursos humanos.

Um desejo de mudança igualmente presente

na aprovação do Plano Nacional para o novo

ano. Prioridades: “promover a unidade e coe-

são nacional e a consolidação da democracia

e das suas instituições”. Os dados estão lan-

çados resta cumpri-los, ou seja, garantir um

ritmo elevado e sustentado do crescimento

económico, com estabilidade macroeconómi-

ca, transformação e diversifi cação das estru-

turas económicas. Melhorar a qualidade de

vida e de desenvolvimento humano, bem co-

mo estimular o progresso do sector privado,

apoiar o empresariado nacional e reforçar a in-

serção competitiva no contexto internacional

são outras das metas que se impõem. O Plano

Nacional 2010/2011 prevê ainda a implemen-

tação de uma política de desenvolvimento ru-

ral e peri-urbano, que mitigue o desiquilíbrio

na qualidade de vida entre os meios rural e ur-

bano, através da promoção de um desenvol-

vimento industrial que permita substituir as

importações e reabilitar as infra-estruturas

necessárias à reconstrução do país. Em cau-

sa está também a necessidade de assegurar

a rápida urbanização dos musseques e a mo-

dernização das comunidades urbanas. Tudo

isto faz com que importe, cada vez mais, de-

fi nir uma política de proteccção social e de so-

lidariedade nacional adequada, que priorizem

em simultâneo o sector social, particularmen-

te ao nível da educação e saúde. Neste últi-

mo capítulo, interessa (em particular) fazer

uma resenha na melhoria das condições sa-

nitárias dos mercados municipais da capital.

Em Luanda, foram melhoradas as condições

de saneamento básico, em algumas artérias

da cidade, com destaque para estes espaços,

nomeadamente os mercados dos congolen-

ses no Município do Rangel, o mercado do Asa

Branca no Município do Cazenga, o mercado

do Kikolo no Município Cacuaco e por último

o mercado do Roque Santeiro, igualmente no

Cacuaco. Em comparação com o passado, es-

tes locais de comercialização de bens de con-

sumo de primeira necessidade, conheceram

uma melhoria signifi cativa na higiene. Duran-

te muito tempo, os produtos eram expostos

ao ar livre, as bancadas onde se vendiam apre-

sentavam condições péssimas, não existia

iluminação, tão pouco a água potável para o

consumo. Sabemos todos que a comercializa-

ção de produtos de consumo alimentar ao ar

livre acarreta uma série de problemas à saúde

pública das populações. Assim, a ausência de

infra-estruturas logísticas para a comerciali-

zação destes bens alimentares fazia com que

boa parte da população tivesse os mercados

informais como alternativa. Durante décadas,

o Governo perdeu avultadas somas de dinhei-

ro devido à fuga ao fi sco. Esta evasão devia-

se à falta de uma estrutura administrativa

adequada nos mercados municipais. Com a

melhoria das condições destes mercados, do-

ravante vai aumentar o volume das receitas a

serem arrecadadas. A melhoria das condições

vai limitar o espaço de manobra aos infracto-

res. O que irá permitir uma satisfação total de

todos agentes envolvidos neste processo. Por

hoje, a higiene, consumo de água potável, a

melhoria das condições nas bancadas de ven-

da tendem a melhorar a cada dia que passa.

Para melhor respondermos às necessidades

dos munícipes da capital, dada a sua divisão

administrativa que compreende nove municí-

pios, deveríamos ter no mínimo 18 supermer-

cados, dito por outras palavras dois em cada

municipalidade. Estes locais de venda de pro-

dutos de vária ordem, gerariam um número

considerável de postos de trabalho, melhoria

das condições de trabalho e consumo de pro-

dutos devidamente conservados. Uma ideia a

reter e a aplicar neste novo ano!

* em colaboração com André Sibi

A Nova Constituição deverá ser um documento aprovado por consenso da maioria; um diploma onde cada um de nós se possa rever

A bolsa deverá permitir que todos tenham acesso aos negócios que irá proporcionar, sem destina-ção da cor partidária ou religiosa

Page 14: Angola'in - Edição nº 10

12 | ANGOLA’IN · IN FOCO

IN FOCO | manuela bártolo

A maior parte de nós não decora datas, ape-

sar de alguns (poucos) terem todos os dias

importantes (ou não) memorizados de uma

forma impressionante. Há, no entanto, um

momento que marca particularmente todos

os angolanos, mais patriotas, menos patrio-

tas, pouco importa. O 11 de Novembro é e será

sempre uma data a festejar por todos. Seja

qual for o canto do mundo, onde há um ango-

lano, há o sentimento de felicidade por essa

independência conquistada. Partilham uma

história de dor e sofrimento, mas também de

conquistas e vitórias, de respeito pelos seus

heróis que lutaram e venceram. Faz 34 anos

que Angola se “libertou” do jugo colonialis-

ta. Não foi uma luta fácil e desencadeou ou-

tra que viu o seu fi m há menos de dez anos.

Contudo, como todos sabemos o importante

é começar-se por algum lado. A 11 de Novem-

bro de 1975 proclamou-se a República Popu-

lar de Angola, hoje República de Angola, mas

tudo começou com o fi m da ditadura em Por-

tugal, a 25 de Abril de 1974. Para recordar a

sua História, o Consulado Geral de Angola no

Porto (Portugal) organizou, no passado mês,

em dois espaços distintos da cidade, uma

enorme festa. Foi num clima de elevada es-

perança e sentido orgulho, que se comemo-

rou o 34º Aniversário da Independência. Em

memória de todos os guerrilheiros e cidadãos

anónimos, que lutaram pela autonomia do

país, tornando o combate pela libertação na-

cional um marco árduo e glorioso, que permi-

tiu aos angolanos passarem a decidir o seu

Memória colectivadestino, os altos dignitários angolanos em

terras lusas honraram o seu passado e ce-

lebraram com toda a comunidade. O evento

serviu, sobretudo, para marcar a assumpção

da dignidade e orgulho presente em todos

que, longe da sua terra natal, se esforçam

para tornar a pátria-mãe uma nação cada

vez mais soberana. A batalha contra o colo-

nialismo português possibilitou aos políticos

nacionais passar a comandar os desígnios

do país. Sacrifícios patrióticos de homens e

mulheres, que “devem sempre ser homena-

geados”, proporcionando um futuro digno às

novas gerações, que no exterior defendem a

oportunidade de usufruírem de um país rico

e abundante em recursos. A proclamação da

independência permitiu o seu reconhecimen-

to como nação, tornando-o um exemplo para

os restantes países africanos ao demonstrar

ser possível a pacifi cação e a estabilidade po-

lítica por via do diálogo. A estratégia adopta-

da na resolução do confl ito interno é hoje um

modelo a ser transmitido, de forma profunda

e contínua aos jovens, para que estes possam

compreender a sua história não só academi-

camente, mas também entender a sua im-

portância e repercussão no presente e futuro

do seu país. Angola soube ser, ao longo das

últimas décadas, um impulsionador das re-

voluções raciais no continente africano, uma

enorme evolução baseada num trabalho ár-

duo de gerações, que lutaram com convicção

pelo direito dos negros à igualdade e dignida-

de como seres humanos. A instauração defi -

nitiva da paz possibilitou ao país destacar-se

quer em África, quer no mundo, pois tem-se

revelado capaz de consolidar, cada vez mais,

o seu sistema democrático, espelhado na re-

alização de eleições livres e pacífi cas, a última

das quais realizada em Setembro de 2008.

Todos crêem estar no bom caminho, confi an-

tes na melhoria social e num amplo progresso

económico, muito, também, devido à estabi-

lidade política alcançada.

Page 15: Angola'in - Edição nº 10

13 IN FOCO · ANGOLA’IN |

Amélia Silva, presidente da OMA com o fi lho e alguns amigos

Amélia Silva∏residente da Organização da Mulher Angolana (OMA) no Porto

“Penso que para todos os angolanos, estarmos

aqui hoje representados, é um enorme prazer

e uma grande honra. O nosso consulado sem-

pre fez questão de manter a comunidade unida

nestas datas. Mais uma vez, é com distinção

que digo que tanto o consulado, como a nossa

embaixada, nos fazem sentir nestes dias como

se estivéssemos em solo pátrio. Para mim, es-

te é um dos momentos mais importantes da

história do meu país. Vivo em Portugal há dez

anos, mas para mim este é um dia que me re-

presenta na totalidade. Sinto-o como um dia

de refl exão. Já que actualmente Angola vive

tempos de paz devemos, cada vez mais, pensar

no nosso desenvolvimento. Não adianta neste

momento falarmos em guerra, é passado, im-

porta dizer que temos de arregaçar as mangas

e levar a nossa nação ao progresso que ela me-

rece, tentando elevar o seu crescimento a to-

dos os níveis. Um dos aspectos fundamentais

que Angola deve ter em consideração é a impe-

riosa necessidade de uma mudança de atitude

e consciência. Durante anos, por causa da guer-

ra, tivemos um outro tipo de cultura, agora é o

momento de mudar para melhor. Refl ectir so-

bre as camadas mais jovens; prepará-las para

que consigam enaltecer o nome do país e con-

tinuar com o legado dos nossos antepassados.

Acho que os jovens que vivem em Angola sem-

pre sentiram isso, mas os que vivem em Por-

tugal penso que nem tanto. Como emigrante,

acho muito sinceramente que, principalmente

os que nasceram cá, precisam de se sentir mais

integrados. Importa fazer um grande trabalho

no sentido de os enraizar; ensiná-los em rela-

ção à nossa cultura, gastronomia, hino nacio-

nal, etc. É necessário passar essa informação,

pelo que devemos começar a fazer isso nas

nossas próprias casas e a nível global, através

do consulado/embaixada, organizando mais

actividades com o apoio das diferentes asso-

ciações. São pontes que temos de criar, até pa-

ra ensinar a nossa língua, um dos aspectos que

considero mais importante.

UM POUCO DE HISTÓRIA – PARTE IAngola foi povoada pelos portugueses no sé-

culo XV e permaneceu como sua colónia até

à independência em 1975. O primeiro euro-

peu a alcançar o país foi o explorador por-

tuguês Diogo Cão, que desembarcou na foz

do Rio Congo, em 1483. Em 1490, os portu-

gueses enviaram uma pequena frota de na-

vios com padres e trabalhadores, bem como

ferramentas para o Rei do Congo. Em breve,

contudo, o comércio de escravos levou à de-

terioração das relações de Portugal com o Rei

Afonso e os seus sucessores, criando revol-

tas internas que conduziram ao declínio do

Reino do Congo. Entretanto, os portugueses

expandiram os seus contactos para Sul ao

longo da costa, fundando Luanda, em 1576. O

comércio de escravos continuou até meio do

século XIX. Descontentes com a governação

portuguesa, os angolanos começaram a lutar

pela independência iniciando a guerra con-

tra Portugal, em 1961. Em Janeiro de 1975, foi

estabelecido um governo de transição, com

representantes do Movimento de Libertação

de Angola (MPLA), a Frente Nacional para a

Libertação de Angola (FNLA), A União Na-

cional para a Independência Total de Angola

(UNITA) e o governo português. No entanto,

os violentos combates entre o MPLA e FNLA

em Março de 1975 tornaram patente o resul-

tado das várias diferenças políticas, que se es-

tenderam através do país. Na segunda metade

de 1975, o controlo de Angola estava dividido

pelos três maiores grupos nacionalistas, cada

um dos quais ajudado por potências estran-

geiras. O MPLA , que tinha tomado o controlo

da capital, era apoiado pela União Soviética e

Cuba, a FNLA pelo Zaire e potências ociden-

tais (incluíndo os Estados Unidos), enquanto

a UNITA era apoiada pelas forças sul-africa-

nas. A FNLA e a UNITA formaram uma frente

unida para combater o MPLA

discurso directo

‘Durante anos, por causa da guerra, tivemos um outro tipo de cultura, agora é o momento de mudar para melhor’

Maria de Jesus dos Reis Ferreira, Cônsul-Geral de Angola no Porto (ao centro) com Rui Xavier, Ministro Conselheiro e restante comitiva

Page 16: Angola'in - Edição nº 10

14 | ANGOLA’IN · IN FOCO

IN FOCO

Evy MartinsPresidente da Casa de Angola na Figueira da Foz

Este é para mim um dia de enorme alegria.

Enquanto presidente da Casa de Angola na

Figueira da Foz, sinto-me orgulhosa por as-

sinalar esta data junto da nossa comunidade.

Procuramos através desta e de outras acções

integrar, cada vez mais, os angolanos no país.

Razão pela qual, a associação tem vindo a ofe-

recer um conjunto alargado de serviços, como

consultas de clínica geral gratuitas ou de ad-

vocacia. Temos uma equipa multidisciplinar

em acção e recorremos também à Segurança

Social portuguesa quando temos necessidade

de auxiliar os nossos compatriotas em outras

áreas. Quero salientar que o nosso maior ob-

jectivo é divulgar a cultura angolana no seio

deste concelho. É uma cidade que adoro, onde

estão instalados alguns angolanos e que já re-

cebe algum investimento empresarial de An-

gola ao nível dos apartamentos e compra de

casas de praia. Cada vez mais, a comunidade

angolana se está a espalhar por todo Portugal.

No entanto, uma questão que me preocupa é

que, por vezes, é difícil chegar à nossa comu-

nidade, principalmente àqueles que vieram de

Angola porque resistem em aceitar a ideia de

que está tudo bem. Percebo, contudo, uma

identidade forte e reforçada, que nos dá san-

gue novo e que às vezes quando estamos a ir

a baixo pensamos “vale a pena ir em frente”.

A população actual é mais jovem, habituada a

fazer intercâmbios de comércio, negócios, cul-

tura e ensino. Um dos maiores objectivos da

Casa Angolana na Figueira da Foz é, por isso,

promover a lusofonia. A começar pela língua,

algo muito forte que nos une. Somos todos

irmãos, somos todos lusófonos e temos de

lutar por isto, pela língua-mãe que nos identi-

‘Tenho um desejo: recuperar os códigos ético-civilizacionaise a moral, fundamentos da nossa Nação’

fi ca. Temos de estar unidos porque é aí que re-

side a nossa riqueza. Se nos unirmos de facto,

tenho a certeza que nos tornaremos menos

dependentes de nações que pouco ou quase

nada têm a ver connosco. Esse é o nosso te-

souro - o factor humano -, até para que não

haja alienação cultural. Aos jovens deixo ape-

nas uma mensagem “nunca percam a identi-

dade cultural angolana”.

Pétio Juarez Penelas de Barros e namorada

José Marcos Barrica, Embaixador de Angola em Lisboa, Portugal e Cecília Baptista, Cônsul-Geral de Angola em Lisboa

Evy Martins, presidente da Casa de Angola na Figueira da Foz

Page 17: Angola'in - Edição nº 10

15 IN FOCO · ANGOLA’IN |

Miguel SimõesPartner da empresa NBB (National Business Brokers)

“A grande mensagem que gostaria de transmi-

tir num dia como este é que todas as pesso-

as percebam que Angola já tem profi ssionais

altamente qualifi cados e dispõe de empresá-

rios que dignifi cam o nome do país no exte-

rior. Logo, quem pensar ir para este território

deve fazê-lo com um espírito de investimento

e com o objectivo de se radicar lá. Quem não

pensar assim não tem interesse para Angola,

pois haverá outros empresários de outras par-

te do mundo que irão fazer o mesmo. Não é o

que o país pretende e precisa. O maior gosto

que teria neste próximo ano, era que todos os

jovens angolanos que estão a estudar um pou-

co por toda a parte do mundo voltassem para o

seu país e que juntos façam mais por Angola,

no sentido de consolidar a imagem de grande

potência e obter, cada vez mais, o respeito de

toda a comunidade internacional”.

Carlos GourgelAngolano a viver em Portugal

“Sinto um júbilo muito grande. Angola é um

país muito sofredor, fruto de uma guerra de

40 anos, e estas comemorações fazem com

que nunca esqueçamos o quanto nos custou

alcançar a paz. Reavivam nas nossas men-

tes os nossos entes queridos que pereceram.

Neste momento, temos progresso e ao feste-

jarmos não podemos esquecer esse passado

tão longo e duro. No entanto, chegou a vez do

futuro. 2010 será um ano de muito desenvol-

vimento. Espero, por isso, que os angolanos

tenham uma nova corrente de pensamento e

possam evoluir baseados em ideais de demo-

cracia, liberdade, pão para todos e dignidade.

Tenho apenas um desejo – que muitos dos os

meus “irmãos” recuperem os códigos ético-

civilizacionais e a moral que foram perdendo

ao longo dos últimos anos”.

Nota: Este evento teve o patrocínio de algumas das maiores empresas portuguesas e angolanas, entre elas a Mota-Engil, FIL, Unicer, Monte Adriano, Conduril, Saftur, Soares da Costa, Grupo Visabeira, Taminvest Angola, Mufuma e Refriango

UM POUCO DE HISTÓRIA – PARTE IINa sequência do derrube da ditadura em

Portugal (25 de Abril de 1974), abriram-se

perspectivas imediatas para a independên-

cia de Angola. O novo governo revolucio-

nário português encetou negociações com

os três principais movimentos de libertação

- MPLA, FNLA e UNITA -, para iniciar o pe-

ríodo de transição e o processo de implan-

tação de um regime democrático no país

(Acordos de Alvor, Janeiro de 1975). No dia

10 de Novembro de 1975, o Alto Comissário

e Governador-Geral de Angola, almirante Le-

onel Cardoso, em nome do Governo portu-

guês, proclamou a independência de Angola,

transferindo a soberania de Portugal, não pa-

ra um determinado movimento político mas

sim para o “Povo Angolano”, de forma efecti-

va a partir de 11 de Novembro de 1975. Parte

do discurso dizia: “E assim Portugal entrega

Angola aos angolanos, depois de quase 500

anos de presença, durante os quais se foram

cimentando amizades e caldeando culturas,

com ingredientes que nada poderá destruir.

Os homens desaparecem, mas a obra fi ca.

Portugal parte sem sentimentos de culpa

e sem ter de que se envergonhar. Deixa um

país que está na vanguarda dos estados afri-

canos, deixa um país de que se orgulha e de

que todos os angolanos podem orgulhar-se”.

Agostinho Neto, foi o primeiro presidente de

Angola. A decisão de reconhecer como legíti-

mo o governo de Agostinho Neto foi tomada

pelo então presidente Ernesto Geisel ainda a

6 de Novembro, antes da data ofi cial de inde-

pendência. A 11 de Novembro Agostinho Ne-

to proclamou em Luanda este dia histórico

Miguel Simões, partner da empresa NBB (National Business Brokers)

Colaboradores do Consulado de Angola no Porto

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Page 19: Angola'in - Edição nº 10
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| patrícia alves tavares GRANDE ENTREVISTA

| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA18

Eleutério Sanches

“nós somos do mundo”

Nasceu em Luanda, mas foi em Portugal que solidifi cou a sua brilhante carreira. Eleutério Sanches é o ícone das artes angolanas. Pintor, músico e poeta, acredita que a vida é uma aprendizagem constante e não se incomoda com a defi nição de místico. O ‘senhor dos sete ofícios’ recebeu a Angola’in e numa conversa intimista falou dos momentos que o país atravessa, do desejo de leccionar em Luanda e dos seus projectos. Nesta edição especial, um dos principais artistas de Angola aceitou o desafi o e pintou a nossa capa. A sua entrevista constitui um verdadeiro passar de testemunho às novas gerações

VISÃO DA TERRA NATALDesloca-se a Angola com frequên-cia. Como foi assistir à distância a todas as situações que se desenro-laram no país?O período da guerra foi por um lado desmoti-

vador e, por outro, terá motivado coisas, que

não são propriamente terapêuticas. A guer-

ra é sempre má. Claro que se colhem tam-

bém muitos ensinamentos. Neste momento,

penso que, ainda que as memórias devam ser

sempre guardadas e daí tirar-se muitas ila-

ções, há ainda muitas lições a tirar. Agora, o

ambiente é muito mais propício para o país

progredir em todos os aspectos, não só no la-

do criativo propriamente e na aprendizagem

técnica, mas também no sossego que é pre-

ciso para criar.

No último mês assinalaram-se os 34 anos de Independência. O que mudou em termos económicos e sociais?Angola tem progredido em aspectos que têm

a ver com o seu desenvolvimento material.

Tem-se preocupado com isso. Na última vez,

fui a Malange e gostei imenso. Acho que está

a andar para a frente. Luanda tem muitos pro-

blemas. É uma terra hiper-povoada. A guerra

também contribuiu para muitos contrastes do

ponto de vista urbano e isso tem de ser e já

está a ser corrigido. Muito tem que ser feito e

com muita orientação, hierarquizando as coi-

sas mais importantes. Há que tirar as pessoas

da pobreza e de aspectos que são degradan-

tes. A guerra trouxe vícios e drogas. Portanto,

há ainda muita coisa a corrigir. Está-se a fazer

por isso. Há escolas que estão a fazer traba-

lhos pedagógicos, que têm contribuído já para

um certo desenvolvimento e recuperar muita

gente desviada. A distribuição populacional de

Luanda tem que ser pensada, a ordenação do

território tem que se adaptar ao espaço exis-

tente e as pessoas só têm a ganhar com isso.

Há que fazer uma reintegração.

O próximo ano é decisivo em termos políticos: constituição e eleições presidenciais. Isso pode contribuir para essa mudança positiva?Penso que sim. Acho que Angola precisava dis-

so. Já há um clima de paz e esse aspecto pode ser

feito com mais adequação. Agora, o país tem a

capacidade de poder ser governado de uma pon-

ta à outra e naturalmente tem que se criar um

aparelho político, que realmente governe, um

poder político com outras ambições, com mais

ambição de chegar a todos os lados. Tem que se

proteger mais, não pode desistir de insistir na-

quela parte que está desviada da cidadania.

A elevada presença de investidores estrangeiros é benéfi ca para o país?A maior parte de Angola está abandonada,

mas é preciso fazer esse trabalho de povoa-

mento, privilegiando os de língua portuguesa.

Tem todas as vantagens, não só na língua co-

mo na cultura e história, que são indissociá-

veis. Para se compreender o futuro é preciso

estudar o passado. Por outro lado, descentra-

lizar Luanda só tem benefícios. Hoje, Angola

importa muita coisa que, com o desenvolvi-

mento local, da indústria e do empreendedo-

rismo como deve ser, poderia ser produzida

dentro do país. Se todos derem um contribu-

to honesto dá para valorizar não só os verda-

deiramente interessados nessas empresas

como os angolanos. Agora vão-se fazer par-

cerias, os dois lados só ganham com isso.

Page 21: Angola'in - Edição nº 10

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 19

É exequível combater a corrupção?É possível e eu penso que tudo isso existe

precisamente ainda como consequência das

guerras. Elas são muito más para estas coi-

sas, tal como contribuíram para separar as

famílias, que estão desagregadas, sem estru-

tura nenhuma e sem capacidade de respon-

der às necessidades que têm. Portanto, isso

tem que ser revisto pelos serviços sociais e de

inserção, que vão ter muito que fazer.

Estão reunidas as condições para que os jovens que estão fora do país regressem?Há muita gente fora, que está a estudar e

sabemos que alguns não regressam, o que

é mau, pois eram necessários. As coisas não

são fáceis. Tem havido regressos frustrados

por causa de aspectos de colocações dentro

das áreas que estudam, mas isto tem que se

fazer com tempo. Não podemos querer já tu-

do de uma vez. Considero que se está no bom

caminho e a intenção é essa. Angola tem ca-

pacidade para absorver tudo, mas isso depen-

de sempre dos vários lados, dos que estudam

e dos que colocam as pessoas nos lugares em

que são necessários. Há-de haver certamente

muitos aspectos em que é preciso colocar as

pessoas em situações que podem ser muito

úteis àquele país.

NOVA GERAÇÃO DE TALENTOSNo caso concreto das artes, um jo-vem para se formar tem condições para o fazer dentro do país?Tenho um amigo que começou a trabalhar em

pedra e tem uma boa mão para a escultura,

que é o António Magina. Esteve nas pedrei-

ras do Mussulo, por iniciativa própria, a fazer

a sua pesquisa e estudos. Isso é positivo. Não

sei se terá formação académica, mas isso não

é totalmente necessário. Há grandes artistas

que foram autodidactas e chegaram ao topo.

Angola precisa sempre dos seus jovens, mes-

mo dos que saem para estudar e esses preci-

sam de um estímulo para poder voltar ao país,

assim como os que lá estão. É preciso criar nú-

cleos afectivos para que possam desenvolver

essas diversas intervenções das artes.

Nas novas gerações, existe talento?Há, com certeza. Eu creio, e não é chauvinis-

mo da minha parte, que o angolano geral-

mente tem uma tendência e uma apetência

natural para as artes, seja a música, a pintura

ou o desenho. Mas claro que é preciso uma

iniciação para tudo. Há algumas coisas em

que é necessário um impulso. É preciso ir bus-

car recursos humanos adequados seja lá onde

for e não deve haver preconceitos. Tem que

se procurar os bons onde os houver, para dar

o seu contributo. Angola só ganha com isso.

Aliás já estão a fazê-lo em muitos domínios,

mais ligados às fi nanças e às economias, o

que também não é mau.

É necessário mais empenho?Noto que sim, porque as artes voltam a es-

tar numa fase de grande experimentação. O

aparecimento de materiais novos obriga a ser

dinamizador para novas intervenções. Por-

tanto, estamos também de novo numa fa-

se de grande importância para esse tipo de

pesquisa, que tem que ser feita. Não é fácil,

é preciso primeiro preparar pessoas para que

possam interessar-se a sério e com humilda-

de ir aprender.

Existe público para a arte nacional?Há público, mas é preciso formar as pessoas.

Agora há uma nova ministra da educação, es-

peramos que ela, que é uma pessoa sensível,

dê um impulso às artes e às coisas relativas

às suas diversas manifestações (pintura, ce-

râmica, etc).

O ARTISTAComo descreveria o seu percurso profi ssional?O meu avô dizia que eu desenhava em qual-

quer suporte, por exemplo na areia. Eu lem-

bro-me realmente do percurso de iniciação

normal. Os miúdos têm uma inquietação pe-

lo riscar, pela linha e às vezes essas coisas

manifestam-se muito cedo. Há crianças mui-

to precoces e eu comecei com poucos anos

a fazer os meus riscos e rabiscos. Depois fui

desenvolvendo e houve alguém no liceu Sal-

vador Correia, o meu professor de geografi a,

André Simbrone, que reconheceu o meu ta-

lento. Houve várias pessoas a incentivar-me.

Vim formar-me em Lisboa, onde estudei Be-

las Artes e consegui, ainda antes de ser aluno,

fazer uma exposição. Fiz um certo sucesso no

Palácio Foz.

Em Lisboa, trabalhou durante 10 anos no departamento de Ergotera-pia do hospital Júlio de Matos…Foi talvez dos sítios onde colhi mais no acto

de ensinar, se é que ensinei alguma coisa. Ali

a arte funcionava como terapia para criar os

ambientes propícios a que as pessoas se liber-

“O angolano geralmente tem uma tendência e uma apetência natural para as artes, seja a música, a pintura ou o desenho”

Page 22: Angola'in - Edição nº 10

| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA20

GRANDE ENTREVISTA

tassem, porque são doentes de vária ordem

(esquizofrénicos, maníacos depressivos, atra-

sados mentais, etc.). E os que tive como alu-

nos eram de uma diversidade muito grande.

Foi uma experiência muito interessante para

mim, por ter oportunidade de poder conviver

com os tais que dizem que são anormais.

Foi professor por muitos anos. Nunca sentiu vontade de leccionar em Luanda?Senti e já o manifestei várias vezes. Sinto es-

sa vontade e falei nisso ainda no tempo do

governador Aníbal Roça, um homem sensível,

mas não sei em que estado de desenvolvi-

mento está esse anseio. Gostei sempre mui-

to de dar aulas, porque se aprende bastante.

É uma actividade que compensa.

Que conselho gostaria de dar aos futuros artistas?Procurava dar-lhes uma visão geral dos as-

pectos que são mais desconfortáveis e incó-

modos e da parte gratifi cante, que é boa e

que traz depois o resultado fi nal. Até lá é ne-

cessário esforço, sacrifício e gostar muito. Se

não gosta não vá por aí, procure outra coisa.

Deve-se gostar sempre, seja lá o que for.

A ARTEO que signifi ca a arte para si?É uma defi nição que é quase impossível. A arte

é tudo o que é vida, o que me motiva, que me

revela a beleza, que tem múltiplas aparências.

A beleza contém um mistério que é indescrití-

vel, que não desmontamos. Eu penso que se a

peça se for uma obra de arte, esta transcende

o próprio artista. Ele não deve ter a pretensão

de querer ler tudo o que faz. Às vezes até pode

ser ultrapassado. Arte é a criatividade, é tudo

o que nos toca profundamente.

O que faz mais o artista? A parte técnica ou o talento?Eu penso que trabalhar é fundamental. Tra-

balhar deve ser um acto constante. E nesse

acto penso que está também implícita a con-

templação. Eu dou muito valor a isso. Sou ca-

paz de no silêncio da meditação estar a ver

uma obra durante umas horas, pegar nesse

trabalho e virá-lo de costas para depois re-

tomar noutro tempo. Nós temos uma parte

emocional, estados de alma e esse retomar

já não é o mesmo. Pode enriquecer aquilo que

antes foi iniciado. Há uma parte que de fac-

to é a continuidade, que nos abre para ou-

tros universos ainda que estejam no mesmo

universo. Mas há em nós a capacidade para

penetrar em outros compartimentos desse

mesmo universo.

Vai buscar inspiração às suas raízes?Sempre. É natural, não é forçado. Sou um

pintor que não tem preconceitos de motiva-

ções. Gosto de qualquer tema. Claro que há os

temas afectivos, a que estamos ligados pela

raiz e que sem querer já lá estamos. O pintor

hoje é como toda a arte. Nós somos do mun-

do e a arte é planetária em todos os aspectos,

porque há cada vez uma maior interacção. Es-

te mundo está cheio de inquietação, em que

há aberturas que são louváveis, em que as

pessoas aceitam as outras naturalmente e é

já um espírito planetário, cósmico.

A arte pode ser um veículo para esse entendimento?Sem dúvida. A arte é a única coisa que sendo

deste mundo já não é deste mundo. Com isto

quero dizer que eu não separo os mundos.

Existe alguma obra que o marcou particularmente?Há muitas. O livro Universo-Transverso res-

ponde a isso, pois é uma parte expressiva da

minha obra, que está sempre ligada aos ele-

mentos, à água, ao fogo, à terra… Estou sem-

pre unido ao universo, ao cosmos. Acredito

que todos nós temos essa ligação do espírito

profundo. Essa parte para mim é importan-

te e eu acho que isso acontece naturalmente.

Não preciso de me inspirar, eu vou buscar a

inspiração. Nós somos capazes de a ir buscar.

Sente-se orgulhoso por ver as suas obras publicadas nos diversos cantos do mundo?Naturalmente que sim. Agora convidaram-

me para uma exposição que querem fazer

com a Unesco, na Suíça. Deve ser para o ano.

Espero que se materialize.

É pintor, músico e poeta. O que lhe falta fazer?Tanta coisa. Eu cultivo estas coisas, também

como terapia, no sentido de mi longo, como

se diz na terra, de remédio para a alma. Gos-

to pessoalmente da dimensão terapêutica

da arte, de algo que pode ser feito para fazer

bem aos outros. Não sei se é possível conse-

guir sempre isso, nem eu tenho essa preten-

são. A verdade é que penso que o mundo

precisa disso.

“É necessário esforço, sacrifício e gostar muito [da sua arte]. Se não gosta não vá por aí, procure outra coisa”

“A arte é a única coisa que sendo deste mundo já não é deste mundo”

Page 23: Angola'in - Edição nº 10

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 21

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22 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM

FOTO REPORTAGEM

A doçura de um beijo infantil será a melhor ilustração de votos de muito amor para o novo ano.Angola vive um notável crescimento e progresso e o mundo está de olhos postos em nós. Cada novo dia somos uma Angola mais bonita, mais alegre e ambiciosa.

Neste mês de Dezembro, aproveitamos para refl ectir sobre o que deixámos para trás e renovamos os nossos votos para o futuro. São sempre os mesmos... amor, saúde, paz, trabalho. Não importa o Hemisfério. Importa a condição humana, igual em todas as partes.

Num momento em que o angolano nunca sentiu tanto orgulho de o ser, teremos que receber este novo ano unidos e responder a cada novo desafi o com a garra e a confi ança de que somos do melhor que há no mundo. O milindro, a fuba, a kizomba e o CAN estao aí!

Haja força e felicidade, bem haja 2010!

texto + fotografi as - Ana Rita Rodrigues

De braços abertos a 2010

| ana rita rodrigues

Page 25: Angola'in - Edição nº 10

23 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |

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24 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM

FOTO REPORTAGEM

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25 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |

Page 28: Angola'in - Edição nº 10

26 | ANGOLA’IN · DESPORTO

| patrícia alves tavares DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

CORRIDAPARA A VITÓRIA

Page 29: Angola'in - Edição nº 10

27 DESPORTO · ANGOLA’IN |

O país está em contagem decrescente

para o maior evento de futebol alguma

vez organizado em território nacional.

Ultimam-se os pormenores e os adep-

tos assistem com entusiasmo à prepa-

ração da equipa que vai representar as

cores da nação.

A Angola’in acompanhou os Palancas

Negras durante o seu estágio em Por-

tugal, na região do Algarve, e revela-lhe

em exclusivo todos os pormenores acer-

ca dos desafi os e emoções que o grupo

viveu. As palavras de ordem foram con-

centração total e empenho máximo.

A nossa equipa de reportagem conver-

sou com o treinador Manuel José e acom-

panhou a chegada do presidente da

Federação Angolana de Futebol, Justino

Fernandes, que se deslocou àquele país

para assistir a um dos jogos de prepara-

ção da equipa e para motivar a selecção.

A aguardar pela chegada dos restantes

elementos da comitiva e a poucos dias

de ser conhecido o lote dos atletas parti-

cipantes, o responsável pela organização

do evento demonstrou, em declarações

à Angola’in, uma forte confi ança no su-

cesso desta formação.

Descubra neste especial, inteiramente

dedicado ao acontecimento do ano, o

dia-a-dia do grupo, cuja união e coesão é

evidente. Os principais rostos da equipa

aceitaram o desafi o e responderam às

questões da nossa publicação, revelando

maturidade, vontade de vencer e desejo

de chegar mais longe.

Neste especial do CAN levamos até si

toda a informação que deve reter sobre

esta matéria. Os estádios e as infra-es-

truturas não foram esquecidos e apre-

sentamos um dossier completo sobre as

especifi cidades de cada recinto, bem co-

mo todos os pormenores das cerimónias

ofi ciais, que decorrem em Luanda.

Tecnologia e simbioses com o passado

cultural estão em destaque nos actos

de abertura e encerramento do evento

desportivo. Por outro lado, porque con-

sideramos que conhecer os adversários é

fundamental para explorar as suas fra-

quezas, elaboramos um ‘raio x’ das se-

lecções que, de 10 a 31 de Janeiro, vão

disputar o título do Campeonato Africa-

no das Nações de 2010.

Page 30: Angola'in - Edição nº 10

Dez de Janeiro de 2010 é sinónimo de ‘olhos

postos’ no país, que acolhe mais uma edição

da maior competição continental de futebol.

Os pormenores estão ultimados e o arranque

começa dez dias antes do ponto de partida da

cerimónia ofi cial, que antecede o jogo inaugu-

ral, onde Angola, a equipa anfi triã tem a hon-

ra de dar o pontapé de saída. Assim sendo, no

primeiro dia do ano realiza-se, como é já ha-

bitual, o congresso da Confederação Africana

de Futebol (CAF), com a fi nalidade de fazer o

balanço e estruturar os serviços e actividades

da entidade, enquanto órgão reitor do despor-

to rei em África. Recorde-se que o país orga-

niza o primeiro de dois eventos de futebol, de

extrema importância, que decorrem no conti-

nente em 2010.

“Angola e o Futuro” é o tema da festa de abertura, que terá uma simbiose entre a cultura nacional e as novas tecnologias

ATENÇÕES CONCENTRADAS EM ANGOLAA organização acredita que o arranque do CAN

em solo nacional é o início de uma nova era,

tendo por isso trabalhado para que a cerimó-

Tecnologiae Culturana aberturaofi cialO dia mais esperado pelos angolanos, desde que tiveram conhecimento da sua nomeação para a organização da 27ª edição do Campeonato Africano das Nações (CAN), está a chegar. O arranque e encerramento do torneio estão há muito planeados e nada foi esquecido. A segurança é uma das principais preocupações e as medidas foram devidamente tomadas. Está tudo preparado para o acontecimento do ano, que irá decerto fi car na memória colectiva de Angola

nia de abertura signifi que a estreia de uma

competição de referência a todos os níveis. A

abertura do Campeonato Africano das Nações

“Orange Angola 2010” pretende ser um suces-

so. Nada foi deixado ao acaso, desde a elabo-

ração do “layout” dos bilhetes e convites, ao

material de “merchandising”, que está dispo-

nível desde Novembro. A empresa de teleco-

municações francesa “Orange” apadrinha o

evento, sendo desde Julho o patrocinador ofi -

cial da maior competição da CAF. Quanto à ce-

rimónia, o lema escolhido não podia ser mais

apropriado, tendo em conta o momento que o

país vive, em termos de desenvolvimento eco-

nómico e social. “Angola e o Futuro” é o tema

da festa de abertura, que terá uma simbiose

entre a cultura nacional e as novas tecnolo-

gias. O projecto cultural, que terá a duração de

45 minutos, conta com a contribuição de his-

toriadores e antropólogos angolanos, de for-

ma a garantir a tradução fi el da história nos

três eventos. A organização do espectáculo

está a cargo da empresa portuguesa Cunha

Vaz e Associados. No total, os eventos (sor-

teio, abertura e encerramento) contarão com

1500 fi gurantes, que envergarão as indumen-

tárias de estilistas nacionais. Os conteúdos

temáticos estão a ser supervisionados pelo

Ministério da Cultura e pelo Comité Organiza-

dor do Campeonato Africano das Nações em

Futebol (COCAN). A empresa responsável pe-

los momentos mais marcantes desta compe-

tição garante que está tudo preparado para se

conseguir um espectáculo de grandeza com-

parável às cerimónias de abertura e encerra-

mento do Campeonato do Mundo de Futebol

de 2006, que teve lugar na Alemanha. A orga-

nização garante ainda que dispõe de material

tecnológico de controlo remoto e com recurso

a combustíveis não poluentes, projecção au-

diovisual, luzes e fogo-de-artifício.

ENCERRAMENTO EM GRANDEOs últimos minutos de Angola enquanto na-

ção anfi triã da maior competição continental

estão a ser planeados com todo o rigor, para

que o derradeiro acto ofi cial dignifi que o pa-

ís, o certame e os participantes, não obstante

o destaque para os visitantes, que se espera

que deixem o território nacional com saudade

e orgulho, quanto à qualidade da recepção. A

adaptação dos serviços tecnológicos aos as-

pectos culturais angolanos será o mote para o

encerramento da prova desportiva. A abertu-

ra e fi nalização do CAN estão agendados para

o estádio de Luanda (Camama) e os jornalis-

tas fi carão albergados no Complexo Futungo

II. Não esquecendo o hino ofi cial da prova, a

Angola’in apurou que a música escolhida é da

autoria da dupla Filipe Mukenga e Filipe Zau.

O tema intitula-se “Angola, País de Futuro”. A

31 de Janeiro será conhecido o nome do novo

campeão africano, que envergará o título du-

rante os próximos dois anos.

28 | ANGOLA’IN · DESPORTO

| patrícia alves tavares DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

Page 31: Angola'in - Edição nº 10

29 DESPORTO · ANGOLA’IN |

Page 32: Angola'in - Edição nº 10

o gigante

de luanda

30 | ANGOLA’IN · DESPORTO

Palco de todos os sonhos

Luanda, Cabinda, Benguela e Lubango vão receber as 16 selecções, que

a partir de 10 de Janeiro disputam o troféu do Campeonato das Nações

Africanas. Cada cidade viu nascer um novo estádio, com as infra-es-

truturas (internas e subjacentes) necessárias para responder às exigên-

cias de atletas, dirigentes, equipas técnicas, adeptos e profi ssionais

da comunicação social. Orçados em 600 milhões de dólares, os novos

espaços são uma mais-valia para as entidades desportivas locais, que

poderão usufruir das novas funcionalidades, após o término da compe-

tição continental. A garantia é assegurada pelos organizadores da prova

e pelo Ministério da Juventude e dos Desportos. As quatro infra-estru-

É o maior de Angola e o local escolhido pa-

ra a abertura do evento do ano. Com capa-

cidade para 50 mil espectadores, o estádio

de Luanda situa-se no Bairro da Camama. O

palco, que albergará as cerimónias ofi ciais

de abertura e encerramento do CAN “Oran-

ge” Angola 2010 (10 e 31 de Janeiro), foi edi-

fi cado pela empresa asiática Shanghai Urban

Constrution Group Corporation. A capacidade

do principal palco do CAN é de 50 mil pesso-

as contra os 60 mil inicialmente previstos. A

empreitada esteve ao cargo do consórcio for-

mado pelas empresas Urbinvest, Arup Sport-

Ar, Mario Sua Kay Arquitecto, China National

Impor e Export Corporation (CEIEC), Cogedir,

Somague, Engenharia Angola e Mota Engil.

A organização está confi ante de que o es-

tádio de Luanda vai fomentar o desenvolvi-

mento urbano de toda a região de Luanda e

respeita todos os requisitos de funcionalida-

de, segurança e modernidade, impostos pela

FIFA. O design, daquele que é actualmente o

maior recinto desportivo do país, é moderno

e arrojado, contendo três anéis, elevadores

panorâmicos, áreas VIP, camarote presiden-

cial e tribuna para a imprensa. O estádio es-

tá inserido numa zona privilegiada, uma vez

que está situado em Viana, próximo do Cam-

pus Universitário Agostinho Neto (a 10 qui-

lómetros), uma área composta por diversos

serviços e acessibilidades. A arquitectura do

espaço é funcional e teve especial cuidado pa-

ra com as necessidades dos adeptos. Os por-

tadores de defi ciência não foram esquecidos e

possuem locais de acesso especiais. O recin-

to, que vai acolher a série A do torneio, foi do-

tado de vários restaurantes, parte deles com

vista para o rectângulo de jogo. O espaço al-

berga ainda uma pista de atletismo com oito

faixas, escritórios e um camarote presidencial

com 120 lugares. As condições para o trabalho

dos meios de comunicação social, nacionais e

internacionais, foram pensadas ao pormenor.

O estádio integra duas salas de imprensa, es-

paço para conferências, dois pontos para en-

trevistas rápidas e uma zona mista. A obra

envolveu 2.300 trabalhadores, tendo dado

emprego a 1.500 angolanos e 800 chineses.

Além do estádio principal, a capital cede dois

dos seus antigos estádios para os jogos de

treino das selecções apuradas. O Estádio dos

Coqueiros, o da Cidadela e o 22 de Junho foram

remodelados e assumem durante o período

da competição a função de campos de treino.

O primeiro tem capacidade para cerca de cinco

mil espectadores, relva natural e instalações

de qualidade, uma vez que foi recentemen-

te restaurado. As restantes infra-estruturas

podem receber até 9.500 pessoas e possuem

igualmente relva natural.

à lupa...• 50.000 lugares no total

• 2080 lugares VIPS

• 400 lugares para defi cientes

• 120 lugares no camarote presidencial

• 200 lugares na tribuna de imprensa

• 3 mil lugares de estacionamento

para viaturas ligeiras

• 800 lugares de estacionamento

para autocarros

• 35 km de bancadas pré-fabricadas

• 100.000 m3 de betão utilizados

• 5 MVA é a potência energética necessária

curiosidadesO Estádio dos Coqueiros foi reinaugurado

em Setembro de 2005, após uma interven-

ção de fundo, que permitiu criar instala-

ções de excelente qualidade. Sem dúvida, o

melhor equipado para receber as sessões de

treino. Do “velhinho” estádio resta apenas a

estrutura arquitectónica da fachada princi-

pal. O sistema de irrigação do relvado é au-

tomático e tem espaço para 12 mil adeptos.

Possui seis portas de acesso para os adeptos,

duas para os jogadores e uma VIP.

| patrícia alves tavares DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

Page 33: Angola'in - Edição nº 10

cabinda aposta

na formação

31 DESPORTO · ANGOLA’IN |

turas têm relva natural e pista de tartan. O recinto de Luanda pode albergar

até 50 mil espectadores e o de Benguela 35 mil, enquanto Huíla e Cabinda

dispõem de uma capacidade para 20 mil pessoas cada. A sua gestão está

a cargo do Ministério das Obras Públicas e a manutenção foi entregue a

técnicos nacionais. Para apoio ao certame, foram ainda recuperados 12 es-

tádios, para a realização dos treinos das selecções participantes. A organi-

zação procedeu igualmente a um investimento de 200 milhões de euros em

novos hotéis e pousadas. A formação dos profi ssionais também não foi es-

quecida. Em contagem decrescente para a cerimónia de abertura, as infra-

estruturas materiais e humanas serão postas à prova no início do ano.

CAN SOLIDÁRIOAs quatro cidades que vão acolher o CAN dispõem de um parque de campismo, criado especifi camente para responder às necessidades de procura neste período. Assim, cada província possui um espaço, com capacidade para acolher 200 cidadãos de baixa renda, que não possuam capacidade fi nanceira para pagar estadia num hotel

O novo complexo desportivo não esqueceu

os futuros atletas nacionais e tem como

principal particularidade o facto de possuir

um recinto relvado adjacente, que será usa-

do para treinos ou jogos das escolas de for-

mação. Moderno e dotado de equipamentos

sofi sticados, o estádio de Cabinda está in-

serido no Bairro Tchiazi. A arquitectura arro-

jada e a respectiva cobertura ondulada, que

lembra as ondas do mar da província (banha-

da pelo oceano Atlântico), fazem deste es-

paço um dos mais belos do CAN 2010. Além

desta classifi cação, a obra merece o aplau-

so da população, uma vez que a estrutura

apresenta 65 lugares de destaque para os

adeptos com defi ciências. A beleza e origi-

nalidade do recinto, com capacidade para 20

mil pessoas, devem-se à empresa respon-

sável pela empreitada, a construtora China

Jiangsu International. Relativamente às es-

truturas externas de apoio, o governo local

procedeu à criação de mais uma unidade ho-

teleira e reabilitou o Hotel Congresso, com

o intuito de criar as condições necessárias

para que não haja carência de alojamentos.

Para melhorar o visual da província, bastan-

te desgastada pela passagem do tempo, os

responsáveis procederam ao arranjo dos es-

paços verdes e dedicaram especial atenção

às carências de saneamento básico. O está-

dio do Tafe é a infra-estrutura designada pa-

ra os treinos das equipas. Os equipamentos

de apoio foram reestruturados para assegu-

rar as condições necessárias para as selec-

ções. O piso relvado tem capacidade para

cerca de cinco mil espectadores. Entretanto,

foi igualmente construído um campo de jo-

gos no Tchi, para completar as estruturas já

existentes.

à lupa...• 20.000 cadeiras é a capacidade total

do estádio

• 204 lugares VIP

• 65 lugares para defi cientes

• 100 lugares para profi ssionais

da comunicação social

• 500 lugares de estacionamento

• 1 campo de treino anexo ao estádio

(para jogos das equipas das camadas

jovens)

curiosidadesA última reabilitação do Estádio do Tafe

ocorreu em 2004. O CAN serviu de mote

para a reabilitação de uma série de infra-

estruturas, que já se encontravam des-

gastadas.

Page 34: Angola'in - Edição nº 10

32 | ANGOLA’IN · DESPORTO

A cidade de Cabinda acolheu no último mês um curso de

formação para assistentes de recintos desportivos. Os 550

participantes mostraram-se empenhados na aprendizagem

dos conteúdos, elaborados a pensar na capacitação dos

candidatos para a tarefa de servir e auxiliar os utilizadores

dos estádios. O curso de aprendizagem foi um sucesso e

a direcção espera que após a conclusão do evento o país

esteja posicionado em altos patamares da organização de

actividades desportivas e logística envolvente. “A magnitude

Comparado por muitos aos grandes estádios

da Europa, o recinto que nasceu em Benguela

para acolher o CAN tem capacidade para 35

mil pessoas. A empreitada esteve ao cargo da

empresa Sinohydro Corporation. Localizado

estrategicamente no bairro da Nossa Senhora

da Graça, o estádio de Benguela obedece rigo-

rosamente a todas as especifi cações da FIFA.

O complexo, à semelhança de Cabinda, criou

lugares para 60 adeptos com mobilidade re-

duzida e possui o maior parque de estaciona-

mento, com espaço para mais de mil viaturas.

A principal porta de entrada na província, Lo-

bito, sofreu profundas obras de reabilitação

das vias rodoviárias, que duraram meses. A

cidade assume especial importância devido

ao seu porto comercial, sendo, por isso, um

dos principais pontos de referência durante o

CAN. Já a capital foi alvo de uma reestrutu-

ração mais profunda. As estradas, passeios,

jardins e infra-estruturas de apoio foram re-

modeladas ou construídas de raiz, facultan-

do uma nova imagem da cidade. No entanto,

foi ao nível da hotelaria que a província mais

cresceu. Aos oito hotéis em funcionamento,

juntaram-se mais doze (alguns reabilitados),

disponibilizando um total de 1.140 quartos e

1.483 camas, que até ao arranque da compe-

tição deverão estar lotados. O Estádio Muni-

cipal de Benguela não foi esquecido e vai ter

uma função importante na concretização da

competição africana ao acolher os treinos das

respectivas selecções. Reabilitado em 2003,

no âmbito do projecto Goal II, desencadeado

pela FIFA, o espaço é provavelmente o mais

adequado, ao nível provincial, para a função

de campo de treino. A relva é natural e os bal-

neários para as equipas e árbitros estão com

nova roupagem, totalmente remodelados.

A estruturação de há seis anos contemplou

ainda a instalação de água e electricidade

em todo o espaço. Com uma capacidade pa-

ra quatro mil espectadores, foi recentemente

adaptado, em termos de iluminação, criação

de sala de imprensa e outras funcionalidades.

O estádio do Buraco também sofreu obras de

restauração, nomeadamente nos balneários,

acessos, bancadas, iluminação e substituição

da relva.

benguela,

ao nível

dos melhores

assistentes de recinto recebem formaçãoSABIA QUE…

A comissão organizadora do CAN optou por empresas

chinesas para a construção dos quatro estádios, que

vão albergar as provas. A escolha recaiu nos asiáticos,

pois, segundo o porta-voz, em declaração ao jornal

português Diário Económico, nenhuma empresa

europeia “conseguiria fazer os estádios em um ano

e pouco”. Quanto ao arrelvamento dos estádios, a

missão foi atribuída à empresa inglesa SIS - Support In

Sport, que foi responsável pela implantação da relva

nos estádios da Alemanha, para o Mundial de 2006

à lupa...• 35 mil lugares no total

• 308 lugares VIP

• 60 lugares para defi cientes

• 154 lugares para a imprensa

• 1300 lugares de estacionamento

curiosidadesO Estádio Municipal de Benguela, com

capacidade para quatro mil pessoas, con-

seguiu concluir as obras de reabilitação,

pois determinadas infra-estruturas não fo-

ram benefi ciadas pelo projecto da FIFA. O

Estádio do Buraco ganhou novos balneá-

rios, bancadas, acessos e procedeu-se a uma

reinstalação da relva.

DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

Page 35: Angola'in - Edição nº 10

33 DESPORTO · ANGOLA’IN |

do evento impunha a ordem de defesa e segurança e ordem

interna à sociedade civil, a responsabilidade de garantir

a realização de um CAN exemplar e campeão em termo

de segurança nas suas múltiplas vertentes. Constitui

preocupação número um a preparação antecipada e

acautelada de todos os agentes intervenientes”, apontou

António Pedro Kandela, coordenador da subcomissão

provincial de segurança e protecção do COCAN. A formação

foi dirigida pelo superintendente Sebastião Adão. Trinta

Edifi cado num dos cenários mais belos da pro-

víncia da Huíla, o novo estádio do Lubango é

provavelmente o mais cobiçado, esperando-se

que dentro de alguns meses seja muito pro-

curado pelas selecções mundiais, com vista à

preparação para o Mundial da África do Sul. A

Sinohydro Corporation Limited construiu um

dos estádios mais pequenos deste CAN, mas

igualmente o mais apelativo, em termos de

paisagem envolvente. Situado no bairro Chio-

co, o recinto tem uma vista de rara beleza, a

partir do qual é possível apreciar a imagem do

Cristo Rei. A altitude da Huíla (1.761 metros) e

o clima temperado, mais mediterrâneo, trans-

formam esta infra-estrutura desportiva numa

das mais apetecíveis para as equipas (espe-

cialmente europeias) apuradas para o Cam-

peonato do Mundo, que decorrerá na vizinha

África do Sul, já no próximo Verão. Assim, a or-

ganização do CAN está confi ante de que este

estádio, logo após o término do torneio conti-

nental, será procurado para a preparação das

selecções internacionais. Prevendo a enorme

afl uência de adeptos e comitivas, o troço rodo-

viário de acesso ao estádio foi asfaltado, desde

o entroncamento com a avenida que parte do

Aeroporto da Mukanka até ao principal cam-

po de futebol, inserido na ladeira da cordilheira

do símbolo da província, o Cristo Rei. Esta obra

foi muito importante para a população daque-

la região, que conta agora com melhores aces-

sos, que facilitam a deslocação dos visitantes

entre os principais pontos da cidade. A referida

estrada e o recinto estão agora ligados atra-

vés da ponte, que foi erguida especifi camente

para melhorar as acessibilidades da localida-

de. A passagem inferior da estrutura alberga

a linha do comboio, que diariamente interliga

a vila de Malata a outros pontos da Huíla e do

Namibe. Ainda relativamente ao exterior, o es-

paço envolvente do estádio do Lubango, que

vai receber os jogos do grupo D, foi requalifi ca-

da, através de uma acção de arborização, cuja

mais valia reside na oxigenação do local, que

se encontra cerca de dois mil metros acima do

mar. A capital da Huíla apresenta-se na com-

petição com três excelentes campos de trei-

no. Os estádios Nossa Senhora do Monte, do

Ferrovia e do Benfi ca do Lubango são muito

convidativos. As recentes modernizações dos

acessos, bancadas, balneários, iluminação e

relvados, aliados às condições meteorológicas

fazem destes espaços as pérolas da província.

No âmbito do CAN, a província ganhou mais

dois hotéis, para fazer face à elevada procura

de alojamentos. O Chick-Chick (cinco andares)

e o Hotel Lubango (com uma área de 3600 m2)

abrem portas esse mês, num período em que

se verifi ca uma forte corrida aos locais de aco-

modação.

cristo rei

é atractivo

no lubango

e cinco formadores leccionaram 13 unidades didácticas,

durante 19 dias. O plano curricular dividiu-se em três

cadeiras: segurança e ordem pública, segurança nos

estádios e teoria geral do planeamento, informações e

gestão de multidões. O director destacou as vantagens do

curso, que dotou os assistentes de recintos desportivos de

conhecimentos técnicos, assumindo-se como profi ssionais

efi cientes, dispostos a participar activamente e com

maior atenção às questões de segurança dos espaços.

à lupa...• 20.000 lugares no total

• 208 lugares VIP

• 60 lugares para defi cientes

• 104 lugares para os jornalistas

• 780 lugares de estacionamento

curiosidadesO histórico Estádio Nossa Senhora do Mon-

te tem capacidade para 10 mil espectado-

res e foi proposto pelo país para integrar o

Projecto Goal-África da FIFA. O Estádio do

Ferrovia tem capacidade para nove mil pes-

soas, piso em relva e sofreu uma renovação

geral, especialmente ao nível dos balneá-

rios e da Sala de Imprensa

Page 36: Angola'in - Edição nº 10

34 | ANGOLA’IN · DESPORTO

Mestres de Cerimónia

Se o Campeonato Africano das Nações fosse disputado na categoria de apoio do público, os

Palancas Negras tinham o título garantido. A Selecção Nacional de Angola joga em casa e como

organizadora do evento tem exigências acrescidas. Os adeptos estão eufóricos e a formação

conta com a mais-valia de um ambiente conhecido e motivador. Manuel José é o mais recente

técnico e garante que a sua equipa vai demonstrar empenho e determinação, revelando estar à

altura do desafi o de honrar as cores do país

RESPONSABILIDADE DE ANFITRIÃOPedro Mantorras e Fabrice Akwá são os ícones

desta selecção, que no último Mundial impres-

sionou pela força de vontade, que superou al-

guma falta de técnica. Entretanto, Akwá, o

jogador que bateu os recordes das convocató-

rias e marcou mais golos ao serviço da selec-

ção, abandonou os relvados. O último ano não

foi fácil para esta equipa, que aposta tudo nes-

te CAN, que pode ser decisivo para a afi rma-

ção internacional do país, em todos os níveis.

As exibições fracas, o afastamento do Mundial

de África do Sul e a mudança de treinador aba-

laram inevitavelmente o esqueleto da equipa.

Porém, a entrada do técnico português Manuel

José, conhecido pelos êxitos à frente do Al Ahly

e pela experiência nos campeonatos africanos,

trouxe um novo fôlego a este grupo, que dis-

põe de uma enorme garra, humildade e de vá-

rios talentos, oriundos dos palcos nacionais e

internacionais. As expectativas são muito al-

tas. Afi nal, a selecção de Angola, enquanto

equipa anfi triã, tem obrigação de impressionar

e alcançar um lugar de destaque na 27ª edição

do Campeonato das Nações. O apoio do público

é uma mais-valia. Os adeptos estão entusias-

mados e prometem ‘puxar’ pela equipa dentro

e fora de campo. A estrutura da formação ain-

da não está defi nida e os jogadores tentam dar

o seu melhor para conseguir um lugar no onze

inicial, honrando assim a sua nação. Contudo,

Manuel José mantém guardado a sete chaves o

lote de escolhidos para enfrentar a Argélia, Ma-

lawi e Mali, na primeira fase da competição. Os

eleitos serão divulgados nas vésperas do tor-

neio, bem como a táctica de jogo (ver caixa). Os

adeptos mais ansiosos terão ainda que esperar

algumas semanas.

EQUIPA RESPEITADAO futebol nacional tem crescido e amadure-

cido ao longo dos últimos anos. Os Palancas

Negras já não são conhecidos pelo jogo irre-

gular, tendo-se livrado da má fama após a

exibição na qualifi cação para a fase fi nal do

Campeonato do Mundo, na Alemanha, em

2006. O incrível golo de Akwá frente ao Ru-

anda permitiu que a equipa se apurasse, em

detrimento da Nigéria, para a maior competi-

ção organizada pela FIFA. Analisando a pres-

tação da equipa em 2008, os especialistas

acreditam que esta deu um salto qualitativo

e tudo indica que o seu bom desempenho se

tornará uma constante. Os êxitos da selecção

signifi cam muito para a população, uma vez

que o desempenho da formação de Manuel

José tem mostrado ao mundo uma imagem

diferente do país. Recorde-se as afi rmações

de Akwá, durante o Mundial de 2006, que rei-

terava que fi cou “provado que Angola não é

só petróleo, guerra e pobreza”. De facto, es-

ta imagem positiva contribuiu para a atribui-

ção da responsabilidade de organizar a maior

competição africana.

VIRAR A PÁGINAA Selecção Nacional de Angola mostrou-se

ao mundo em 2005, data em que se classifi -

cou para o Campeonato Mundial, pela primei-

ra vez na sua história. Todavia, é nos Jogos

da Lusofonia que os Palancas se eviden-

ciam. Após uma medalha de prata em 2006,

a formação subiu este ano ao terceiro lugar

do pódio. A mudança de treinador fez cres-

cer a fasquia. O longo currículo e experiência

de Manuel José são reconhecidos em todo o

continente, pelo que se espera que o grupo

currículo dos palancas negras• Campeonato das Nações AfricanasCAN 1996, 1998, 2006, 2008• Qualifi cação Mundial (CAF) Participa-ção nos apuramentos para o WC 1986, 1990, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010• Campeonato do MundoFase de grupos do Alemanha 2006

números• 10 jogos para o CAN• 53 jogos para a qualifi cação do Mundial• 1 participação no Campeonato do Mundo• 84 jogos amigáveis• 2008 foi o ano da melhor classifi cação no CAN (quartos-de-fi nal)

fi cha técnica• Primeira participação no CAN: 1996• Treinador: Manuel José• Preparador físico: Fidalgo Antunes• Equipamento: Puma• Ranking FIFA: 98• Capitão: André Makanga• Craques: Job, Manucho, Flávio

Palancas Negras,

| patrícia alves tavares DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

Page 37: Angola'in - Edição nº 10

35 DESPORTO · ANGOLA’IN |

BIC OFERECE UM MILHÃO DE DÓLARESO Banco BIC lançou um desafi o invulgar

à selecção nacional. A entidade, de capi-

tais portugueses e angolanos, oferece um

milhão de dólares à formação, caso esta

conquiste o título no Campeonato das Na-

ções Africanas. Fernando Teles, presidente

do organismo bancário, anunciou ainda

que caso os Palancas Negras obtenham o

segundo lugar, o montante oferecido é de

250 mil dólares. Da mesma forma, o de-

sempenho da equipa durante o campeo-

nato será premiado. Por cada jogo ganho, o

grupo arrecada 50 mil dólares e o goleador

receberá 25 mil dólares. O objectivo desta

recompensa monetária visa incentivar os

atletas a empenhar-se ao máximo pela ca-

misola do seu país

escolhido pelo técnico se apresente com

mais técnica e com um futebol de qualida-

de, assumindo-se como sérios candidatos

ao título. Até ao momento, as prestações

da formação têm sido consideradas positi-

vas e o trabalho do técnico foi elogiado, in-

clusive pelo Presidente da República, José

Eduardo dos Santos. O dirigente máximo

da nação louvou a capacidade do treinador

luso ao conseguir implementar um siste-

ma de jogo e rigor táctico entre jogadores.

A opinião é partilhada pelos adeptos, que

enaltecem o seu rigor e visão estratégica.

Os apoiantes dos Palancas Negras, bem

como os dirigentes desportivos e antigos

atletas, destacam a forma como os joga-

dores têm actuado, mostrando-se equi-

librados, com atitude e desinibidos. As

exibições fazem prever uma prestação

equilibrada durante o CAN, com um grupo

a revelar bons níveis de evolução. Recen-

temente, a má exibição da equipa no pri-

meiro amigável, disputado em ‘casa’ foi

apontado como o calcanhar de Aquiles dos

Palancas. O seleccionador, que também

não se mostrou satisfeito com a presta-

ção da equipa, explicou na ocasião que o

facto de jogar em Angola pela primeira vez

infl uenciou negativamente os atletas, que

se deixaram dominar pela pressão. “Não

podemos ter medo de vencer uma selec-

ção com menos nome, nem encarar a res-

ponsabilidade de jogar em casa como algo

mau. Jogar diante do nosso público é uma

boa responsabilidade e devemos ter força

mental para aproveitar isso”, sustentou,

falando à imprensa no fi nal do encontro

com o Congo.

andré makanga Posição: Médio

Clube: Kuwait FC

Data nascimento: 14/05/1978

Altura: 175 cm

Peso: 72 kg

Internacionalizações pela selecção:

Alemanha 2006, CAN 2008,

WC2010 CAF

gilberto Posição: Avançado

Clube: Al-Ahly

Data nascimento: 21/09/1982

Altura: 176 cm

Peso: 70 kg

Internacionalizações pela selecção:

CAN 2008, WC U20 2001,

WC2010 CAF

fl ávioPosição: Avançado

Clube: El Shabad (Arábia Saudita)

Data nascimento: 30/12/1979

Altura: 173 cm

Peso: 73 kg

Internacionalizações pela selecção:

Alemanha 2006, CAN2006,

CAN 2008, WC2010 CAF

carlos fernandesPosição: Guarda-redes

Clube: Rio Ave (Portugal)

Data nascimento: 08/12/1979

Altura: 188 cm

Peso: 85kg

Internacionalizações pela selecção:

-

djalmaPosição: Médio

Clube: Marítimo (Portugal)

Data nascimento: 25/04/1987

Altura: 175 cm

Peso: 72kg

Internacionalizações pela selecção:

-

manuchoPosição: Avançado

Clube: Valladollid (Espanha)

Data nascimento: 07/03/1083

Altura: 187 cm

Peso: 83kg

Internacionalizações pela selecção:

CAN 2008, WC2010 CAF

Corrida à conquista do sonhoManuel José ainda não adiantou dados acerca de quem vai

escolher para encabeçar a equipa, que vai disputar o CAN,

que decorre de 10 a 31 de Janeiro em Angola. Os jogado-

res dão ao máximo nas exibições, mostrando muito empe-

nho, dedicação e determinação em honrar a camisola e o

nome do país. Até lá, o técnico português vai analisando

o potencial de cada um. A Angola’in revela-lhe alguns dos

talentos que compõem este grupo de grandes valores:

mantorrasPosição: Avançado

Clube: SL Benfi ca (Portugal)

Data nascimento: 18/03/1982

Altura: 180 cm

Peso: 77kg

Internacionalizações pela selecção:

Alemanha 2006, WC U20 2001,

WC2010 CAF

zé kalangaPosição: Médio

Clube: Dínamo Bucareste

Data nascimento: 12/10/1983

Altura: 175 cm

Peso: 72kg

Internacionalizações pela selecção:

Alemanha 2006, CAN 2008,

WC2010 CAF

stélvioPosição: Médio

Clube: União de Leiria (Portugal)

Data nascimento: 24/01/1989

Altura: 189 cm

Peso: 84 kg

Internacionalizações pela selecção:

-

Page 38: Angola'in - Edição nº 10

36 | ANGOLA’IN · DESPORTO

‘Os atletas têm de ser gigantes’

‘Incuto nos jogadores uma fi losofi a competitiva agressiva, de pressing constante sobre o adversário’

Como descreve a equipa que encontrou?

Encontrei uma equipa desmoralizada, desmo-

tivada e com índices de confi ança baixíssimos

porque vinha de quatro jogos em que não ti-

nha ganho nenhum, tendo inclusive sofrido

sete golos. Procurei desde logo difundir ideias

diferentes. Comecei a introduzir mudanças,

uma delas ao nível do modelo de jogo. Ango-

la jogava com a táctica de 4x3x3 e 4x4x2, na

maior parte das vezes, 4x5x1, muitas vezes,

e quis que a equipa começasse a jogar num

3x5x2 ou num 3x4x3. Passei de uma defesa

clássica de quatro homens, para uma defesa

de três, jogando com dois jogadores de mar-

cação e um livre. Depois disso, tenho vindo a

incutir nos jogadores uma fi losofi a competi-

tiva agressiva, de pressing constante sobre o

adversário e de circulação de bola. A base do

futebol africano e angolano é a técnica e por

isso tem-se de jogar de acordo com as carac-

terísticas dos jogadores. Dessa forma, passa-

mos a jogar um futebol de pé para pé, curto,

de apoio, de passe e de devolução do passe.

Jogamos em situações de dois contra um per-

manentemente, mas sempre em espaço cur-

to, fazendo-o sem medo e para ganhar contra

todas as equipas. Essa é a nossa fi losofi a e a

que vamos levar para o CAN.

‘Importante é fazer sentir que este evento é um momento único na vida dos jogadores e do país...Trabalhamos por uma matriz psicológica forte, para que todos os atletas percebam que têm de ser gigantes’

Essas mudanças foram conseguidas?

Para se ter sucesso, é importante que treina-

dor, equipa técnica e jogadores tenham uma

relação profi ssional e pessoal boa, assente em

valores de respeito e amizade. Penso que isso

foi conseguido. O grupo está formado e pron-

to para jogar. Faltava-nos ultrapassar o pro-

blema da ansiedade. Essa tem sido a nossa

maior difi culdade. Para a transpor tratamos

Manuel José, seleccionador de Angola, é bem conhecido no contexto africano

devido aos sucessos alcançados como técnico do Al Ahly, equipa egípcia.

Em vésperas do maior evento angolano, o treinador português revela em

exclusivo à Angola’in tudo o que precisa saber acerca da sua selecção.

Entrevista a Manuel José

| patrícia alves tavares DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

Como surgiu o convite para treinar a selecção?

O convite surgiu quando já tinha transmitido

ao meu clube no Egipto que não iria cumprir

o último ano de contrato, ou seja, a época que

está a decorrer 2009/2010. Queria descansar,

mas de repente apareceu a selecção. A princí-

pio não estava muito entusiasmado, pois ti-

nha a ideia de parar quatro ou cinco meses.

O que me convenceu foi o desafi o de treinar

uma selecção que no ranking africano está

numa posição bastante baixa. Hoje é 20ª, mas

há uns meses atrás estava no 26º lugar. Além

disso, é a selecção de um país que organiza o

CAN, o que por si só é motivador, uma vez que

me abre mercado ao nível de futuras selec-

ções, podendo desta forma ajudar a prolongar

a minha carreira. Sem dúvida que é um acon-

tecimento que cria uma grande expectativa

em Angola. Todos querem ganhar. Ninguém

acredita no Mundo e muito menos em África

que possamos vencer o desafi o, por isso acei-

tei e não me arrependo.

Page 39: Angola'in - Edição nº 10

37 DESPORTO · ANGOLA’IN |

palmarés invejávelA primeira experiência de Manuel José no continente africano foi na época de

2001/2002. Depois de ter conseguido a melhor classifi cação de sempre para o União

de Leiria, clube do campeonato português, aventurou-se em África, onde treinou,

durante os últimos seis anos, o Al-Ahly, do Egipto. O que o motivou a aceitar o

desafi o foi o facto deste ter sido considerado o clube do século XX em África, assim

como o Real Madrid o tinha sido na Europa. Manuel José fez 20 fi nais, tendo ganho

18. Ajudou ainda o clube a conquistar 19 títulos, oito deles continentais, quatro

Ligas dos Campeões e quatro Supertaças Africanas. Vitórias que levaram ao delírio

os cerca de 40 milhões de adeptos do Al-Ahly

de ter profi ssionais de outras áreas, psicólogo,

nutricionista, entre outros, que ajudassem a

educar a mente dos jogadores. O importante

é fazer-lhes sentir e perceber que este evento

é um momento único na vida deles e do país,

visto Angola ser a anfi triã. Esse é o peso his-

tórico que irá perdurar. Uma responsabilidade

de todos, que deve ser encarada com optimis-

mo e funcionar como um factor de supera-

ção e não de inibição. O que peço aos meus

jogadores é que a personalidade competiti-

va se revele verdadeiramente. Foi sobre essa

matriz psicológica que trabalhamos, no sen-

tido de termos um perfi l forte, em que todos

os atletas percebam que têm de ser gigantes.

Jogamos em casa, temos um público fantás-

tico para um estádio lindo, dos melhores e

mais modernos do mundo, que comporta 50

mil pessoas e isso tem de ser um orgulho, um

prazer e um estímulo para que os jogadores

sintam uma vontade tremenda de superação.

‘Com um público deste até a mim me apetecia jogar. Acho que esta é uma oportunidade tremenda para serem felizes’

É uma equipa de constelações

ou a estrela é o grupo?

A estrela é a equipa até porque Angola não

tem estrelas. Temos jogadores médios em

equipas pequenas e outros atletas a jogar

em equipas grandes, mas com um futebol

não tão profi ssional, como é o caso dos pa-

íses árabes. Estão em equipas de topo, mas

que praticam um futebol sem a dimensão da

Europa. Por esse motivo, o mais importante

é o conjunto. Os jogadores têm de jogar para

a equipa, com uma humildade grande e uma

intensidade alta em cada jogo. Acima de tudo,

temos de estar muito concentrados e ser uma

selecção compacta e organizada. Queremos

jogar sempre para ganhar. Não temos as es-

trelas que outras selecções têm e que podem

decidir o jogo de um momento para o outro

e por isso temos de nos valer acima de tudo

do colectivo. Não há outra decisão a tomar,

temos de nos superar recorrendo a um espí-

rito guerreiro, com uma entrega total ao jogo.

Com um público deste até a mim me apetecia

jogar. Acho que esta é uma oportunidade tre-

menda para serem felizes.

Como classifi ca o grupo da primeira fase?

Difícil, mas equilibrado. A Argélia é o 4º quali-

fi cado no ranking africano, o Mali é o 7º e tem

jogadores em clubes como a Juventus, o Real

Madrid ou o Barcelona, o que faz deles joga-

dores de topo do futebol europeu e mundial.

Angola é a mais modesta. A equipa da Argélia

é uma selecção que está em alta. Conseguiu,

ao fi m de 17 anos suponho, o apuramento pa-

ra um Campeonato do Mundo. São, por isso,

equipas sempre difíceis, muito experientes e

que jogam no erro do adversário. O importan-

te é qualifi car-nos, depois como são jogos a

eliminar tudo pode acontecer.

‘Não tenho dúvidas que dentro de uma década irão surgir grandes jogadores’

Independentemente da classifi cação, organizar

um CAN é sempre importante para um país?

Não foram apenas os estádios modernos que

se construíram, mas também outras infra-es-

truturas importantes para o desenvolvimento

do Desporto. Os espaços devem ser rentabi-

lizados a favor das novas gerações. Angola

tem de apostar num projecto de formação e

arranjar infra-estruturas desportivas onde os

jovens possam aprender. Para formar joga-

dores, o país dispõe de um leque alargado de

escolhas, importa criar um plano. Agora que

as vias de comunicação começam a oferecer

condições de deslocação por todo o país estru-

ture-se um Campeonato Nacional de Juniores,

um Campeonato Nacional de Juvenis, campe-

onatos distritais, selecções distritais, escolas

de jogadores, centros de formação... Primeiro

têm de criar uma organização, depois mais e

melhores infra-estruturas porque a matéria-

prima existe para ser desenvolvida. Se for fei-

to já, não tenho dúvidas, que dentro de uma

década começarão a surgir grandes jogado-

res. É um investimento a longo prazo.

Como caracteriza os seus jogadores?

Tenho jogadores que são humildes e boas pes-

soas. Principalmente os que jogam no Girabo-

la, são acima de tudo muito ingénuos. De uma

ingenuidade que qualquer atleta de 20 anos

a jogar na Europa já não tem. Infelizmente, o

nível profi ssional entre o ‘velho continente’ e

Angola tem uma diferença muito signifi cati-

va, daí a razão desta pureza do jogador ango-

lano. Há falta de cultura táctica e os índices de

profi ssionalismo não são elevados. Nos que

jogam fora de Angola, nota-se essa diferença

porque entretanto já absorveram uma outra

cultura, com outros valores, outra intensida-

de de jogo e outra organização. São diferenças

que no jogo se tornam gritantes.

Page 40: Angola'in - Edição nº 10

38 | ANGOLA’IN ·

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39 · ANGOLA’IN |

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40 | ANGOLA’IN · DESPORTO

| patrícia alves tavares DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

‘Uniãodas nações’LUÍS JOÃO, CONHECIDO POR LAMÁ, CONFIDENCIA QUE A ESCOLHA DO NOME É UM TRIBUTO AO SEU ÍDOLO, O LENDÁRIO GUARDA-REDES FRANCÊS BERNARD LAMA. O GUARDIÃO DA BALIZA NACIONAL É JOGADOR DOS CAMPEÕES DO PETRO DE LUANDA. AOS 28 ANOS, O ATLETA REVELA-NOS O SEU SONHO: FORMAR OS MAIS NOVOS.

Estão em contagem decrescente para o

CAN. Como decorrem os trabalhos de pre-

paração?

Corre tudo bem. Saímos do nosso país para

Portugal, que tem sido a nossa sede. Estamos

bem em termos de trabalho, de alimentação

e de hospitalidade. Em relação ao novo trei-

nador, tentamos acatar todas as orientações,

pois é para o bem não só da selecção, mas do

nosso país.

Sente uma crescente adaptação ao novo es-

tilo de jogo?

Tecnicamente estamos a evoluir e a tendên-

cia é essa. Todos os dias melhoramos. O nosso

trabalho e os nossos índices vão progredindo

a cada dia que passa.

Que qualidades destaca na equipa e que são

determinantes para sobressair perante os

adversários?

Hoje em dia não há resultados nem equipas

fáceis. O futebol está a evoluir e a ser estu-

dado. Na minha opinião, o que faz com que a

equipa saia vencedora é a atitude, a inteligên-

cia, a disposição e a motivação.

Abordou a conjugação da inteligência e da

paixão pelo futebol. É esse o equilíbrio que

o grupo procura?

Sim, por isso a FAF contratou um psicólogo.

A emoção e o futebol estão relacionados. Não

podemos ter picos de emoção, que levam mui-

tos jogadores a falhar nos momentos decisi-

vos. Como estamos a organizar pela primeira

vez um evento deste género, temos que es-

tar bem preparados, não só psicologicamente,

mas com o melhor treinador, equipa técnica,

nutricionista, entre outros componentes. É o

que está a acontecer.

Qual é o seu sonho e o da equipa para este

africano?

No meu caso, como sou guarda-redes, primei-

ro falo pela equipa e só depois abordo os as-

suntos pessoais. Neste momento, devemos

pensar só no grupo, na união e na coesão. No

CAN passado ultrapassamos a primeira fase

e, se fora do país fomos até aos quartos-de-

fi nal, estando na nossa casa queremos ir mais

longe. Esse é o nosso grande objectivo.

Para si será uma oportunidade para se cata-

pultar internacionalmente?

A minha meta é conseguir através desta mon-

tra uma equipa de renome, com novos desa-

fi os, nova mentalidade, outros ambientes e

tipos de trabalho. Sinto falta de sair do país. Jo-

go na equipa de Angola desde que comecei, ou

seja, o destino é sempre o mesmo. Todos so-

nhamos experimentar o campeonato europeu,

é outra experiência profi ssional, em que cresce-

mos não só como atletas, mas como homens.

Comparo a mentalidade dos meus colegas que

estão fora e dos que jogam no campeonato na-

cional e é muito diferente.

Por outro lado, no futuro, gostava de criar uma

escola de formação, sem me associar a equipas

técnicas, apenas para ensinar e transmitir a mi-

nha experiência. Isso é o que eu mais quero.

A formação é cada vez mais urgente?

A formação é muito importante, não só a fí-

sica, mas também a mental e a académica.

Quando nos referimos ao ensino escolar fala-

mos de inteligência, algo exigido pelo futebol

actual. Muitos treinadores focam este aspec-

to, porque temos que estar concentrados e

saber aquilo que estamos a fazer para desem-

penhar a nossa tarefa com maior maturidade.

Posso estar apto fi sicamente, mas se não es-

tiver bem psicologicamente não tenho o ren-

dimento ideal. Temos que saber controlar as

emoções.

Aconselha os jovens em início de carreira a

não desistir dos estudos?

A escola é muito importante, porque é o ensi-

no que nos orienta, nos ajuda a saber decidir e

a ter massa crítica. Muitos jovens querem ser

como o Mantorras ou até como eu e acredito

que eles ouvem aquilo que dizemos.

Esse factor é muito importante. Os atletas de

alta competição funcionam como exemplos?

Exactamente, não só como jogadores, mas co-

mo Homens. Se um jovem vê que falamos de

ensino, ele vai concentrar-se igualmente nes-

se aspecto e certamente considerar que se nós

chegamos aqui é porque também estudamos.

Que mensagem gostaria de deixar aos

apoiantes da selecção?

Desejo que todo o povo esteja connosco desde

o princípio até ao fi m, tendo em consideração

que não há matéria fácil. A selecção promete

trabalhar para corresponder às expectativas

de todos, pelo que vamos procurar estar pre-

sentes em mais fases fi nais de torneios afri-

canos e mundiais, porque o futebol é a união

das nações.

‘A formação é muito importante, não só a física, mas também a mental e a académica’

Page 43: Angola'in - Edição nº 10

41 DESPORTO · ANGOLA’IN |

‘Geraçãodo sucesso’

Como encara a participação num CAN orga-

nizado pelo seu próprio país?

Com grande expectativa porque todos sabe-

mos que o país investiu muito para realizar

esta prova em casa, o que faz aumentar as

nossas responsabilidades. O mais importan-

te é representar condignamente Angola e dar

uma alegria a todas as pessoas que acreditam

em nós. Temos sorte, pois o nosso povo ama

e vive o futebol, são adeptos exigentes, que

gostam de bons espectáculos. Isso cria uma

ansiedade. Valemo-nos para combatê-la da

nossa união e amizade, factores que têm per-

mitido à selecção alcançar algum sucesso, fru-

to sempre da vontade de vencer.

Quais as vossas principais mais-valias?

A equipa já mostra uma boa solidez defensiva,

trabalhamos muito o meio campo, só fi cam a

faltar os golos. Temos vindo a afi nar o ataque,

por intermédio de jogadores com qualidade

sufi ciente para olear uma máquina vencedora.

Em África é muito complicado dizer quais são

as selecções melhores ou os grupos mais for-

tes porque hoje em dia no mundo do futebol já

não há equipas fáceis. Actualmente, não exis-

tem equipas pequenas porque mesmo essas

se agigantam, trabalham da melhor maneira e

têm profi ssionais em bons campeonatos.

O grupo de Angola é um dos mais difíceis?

É equilibrado. A Argélia, é uma equipa super

motivada. Esperemos que estejam com a ca-

beça no mundial e não no CAN, pois vai ser

melhor para nós (risos). O Mali tem jogadores

que jogam nas melhores equipas do mundo,

logo com muita experiência e qualidade. Do

Malawi, todas as pessoas dizem que é “o pa-

rente mais pobre” do grupo porque tem pou-

ca expressão, mas nós, que já jogamos contra

equipas deste país, sabemos que têm mui-

to bons jogadores. Fize-

ram uma boa qualifi cação

e por isso merecem estar

nos 16 melhores de Áfri-

ca. Resta salientar, que

estamos em casa e essa

vai ser uma força muito

grande, pois acredito que

o público vá ajudar mui-

to. Este vai ser de facto

o nosso 12º jogador e te-

mos de mostrar logo à

entrada que vamos fazer

coisas bonitas para nós e

para eles.

O CAN vai funcionar como uma montra?

Acho que se Angola depois do CAN conseguir

exportar mais jogadores vai ser muito bom

para o país. Depois do mundial e do europeu,

esta é a competição mais vista do mundo.

No CAN vão estar dos melhores jogadores

africanos a jogar na Europa. Grandes clubes

europeus vão perder dois ou três jogadores e

isso é simbólico, fazendo com que as pesso-

as estejam de olho neles e nesta competição.

No entanto, é importante salientar que ainda

conseguimos ter muitos jogadores na selec-

ção que jogam no nosso campeonato e isso

é bom, pois vemos selecções africanas que

têm 20 jogadores fora. O Girabola é cada vez

mais exigente, pelo que também se começa

a investir bastante. Esse investimento é im-

portante para o desenvolvimento das cama-

das mais jovens ao nível da formação. Somos

a geração da guerra, mas já conseguimos al-

cançar coisas que se calhar muitas pessoas

não acreditavam como uma ida ao mundial,

como estes CAN’s consecutivos num país que

se está a organizar. Tenho a certeza que den-

tro em breve iremos ter muitos mais valo-

res fora de Angola porque é uma geração da

paz, com acesso a mais e melhores condições

desportivas. Já estive em vários CAN’s e pen-

so que este vai ser exemplar nesse aspecto.

Damo-nos ao luxo de ter um hotel para ca-

da selecção, em cada província um campo de

treino para cada equipa com boas condições,

dados que vêm mostrar o grande investi-

mento que o nosso Governo fez. Um esfor-

ço que só terá sucesso se a selecção também

tiver porque somos o ponto fulcral de tudo.

Estamos a falar de um retorno inquantifi cá-

vel a vários níveis.

CARLOS MANUEL GONÇALVES ALONSO, DE SEU NOME, KALI, DE APELIDO, É O ROSTO DA MOTIVAÇÃO ANGOLANA. FERVEROSO ADEPTO DO SEU PAÍS, REVELA O INSTINTO DIGNO DE QUEM QUER IR MAIS ALÉM. NUM DISCURSO EMOCIONADO, FALA DE ASPIRAÇÕES E DE UMA OPORTUNIDADE ÚNICA COM TRANSMISSÃO DIRECTA PARA O MUNDO.

‘Somos a geração da guerra, mas conseguimos alcançar mais do que se calhar muitas pessoas acreditavam’

Page 44: Angola'in - Edição nº 10

42 | ANGOLA’IN · DESPORTO

| patrícia alves tavares DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

Que análise faz à selecção?

A equipa está em boas condições para atingir

os seus objectivos, sendo que o mais impor-

tante é formar um colectivo coeso e compacto.

Para realizar bons jogos no CAN, todo o joga-

dor tem de se sentir mentalmente tranquilo,

sem pensar na pressão que irá ter no torneio

porque esta existe em todo lado e em todos

os jogos. Temos acima de tudo de pensar em

nós, naquilo porque temos vindo a trabalhar

diariamente, para que o resto saia com natu-

ralidade. Todas as selecções têm a sua quali-

dade e todos os grupos estão representados

por boas equipas. Nós, queremos ganhar jogo

a jogo para passar à próxima fase. Essa é a fi -

losofi a que defendemos.

recebem mais formação e deixam de ter tanta

vontade de ir para o exterior. Começam a sen-

tir mais orgulho e mais vontade de aprender

no próprio pais. Nós, os mais velhos, estamos

a abrir caminho para que os mais jovens pos-

sam ter um futuro brilhante, dando-lhes as

oportunidades que não tivemos. No fundo, é

bom para Angola e para o próprio campeonato

angolano, que sobressai mais e ganha ainda

mais nome.

‘Nós, os mais velhos, estamos a abrir caminho para que os mais jovens possam ter um futuro brilhante, dando-lhes as oportunidades que não tivemos’

Que mensagem quer deixar aos adeptos?

Acreditem mais na selecção e na nossa capa-

cidade, pois só em grupo podemos conseguir

alcançar os nossos objectivos. Não só a selec-

ção ou os jogadores, mas o povo tem de estar

unido para alcançar a meta, ou seja, a vitória.

‘Durante a guerra não havia condições para jogar e muitos jovens emigravam. Agora esse cenário pode mudar e a vontade de ir para o exterior diminuir’ Os novos estádios contribuem para elevar a

vontade de ganhar?

As infra-estruturas são importantes porque

dão mais motivação aos jogadores, mas tam-

bém são cruciais para o desenvolvimento des-

portivo do país, sobretudo das camadas mais

jovens. Como se sabe Angola viveu muitos

anos de guerra e não tinha as condições ne-

cessárias para os jogadores trabalharem no

próprio país e por isso muitos deles emigra-

vam, quando o sonho era jogar no estrangeiro,

principalmente na Europa. Actualmente com

a realização do CAN e com as infra-estruturas

que estão a ser criadas para as futuras gera-

ções esse cenário pode mudar. Acredito que é

possível entrar numa nova era do futebol an-

golano, com novos estádios e novos centros de

estágio. Tudo isto é bom para os jovens, pois

DEDÉ, UMA DAS GRANDES REVELAÇÕES ANGOLANAS, CONSERVA AINDA O NOME QUE CONQUISTOU A JOGAR FUTEBOL NO LOBITO, A SUA CIDADE-NATAL. COM TA-LENTO MAIS DO QUE SUFICIENTE PARA PARTIR RUMO A OUTROS CAMPEONATOS, TEM-SE DESTACADO NO ESTRANGEIRO POR SER UM JOGADOR BASTANTE FOR-TE, TANTO A NÍVEL FÍSICO, COMO DE TÉCNICA DE JOGO. CONCENTRADO, TEM A CONVICÇÃO QUE PODE CONTRI-BUIR PARA AJUDAR A ELEVAR BEM ALTO O NOME DA SELECÇÃO ANGOLANA. PEDE QUE ACREDITEM NELE E QUE AS OPORTUNIDADES SURJAM.

‘De Lobito para o Mundo’

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43 DESPORTO · ANGOLA’IN |

factor positivo jogar em Angola, com o incen-

tivo do nosso público. Pode ser o empurrão que

precisamos para conquistar mais vitórias. Te-

mos uma meta - como o último CAN nos cor-

reu bem -, queremos que este corra melhor e

para isso temos de tentar ultrapassar o que já

conseguimos. Essa é a nossa obrigação, uma

vez que jogamos perante o nosso povo. Nes-

se sentido, quero deixar uma mensagem para

todos os angolanos - que eles acreditem e nos

apoiem como têm feito até aqui, pois vamos

precisar dessa força. Esperamos acima de tu-

do contribuir com o nosso desempenho para

a mesma felicidade que será a nossa se tiver-

mos sucesso no torneio.

Como encara pessoalmente este campeonato?

É uma competição que é acompanhada pelo

mundo inteiro e por isso uma oportunidade

que qualquer jogador gosta de ter. Quanto a

mim, espero estar e representar condignamen-

te a nossa camisola. Neste momento, estou a

jogar em Inglaterra, mas tenciono experimen-

tar outros países. É, contudo, um pouco com-

plicado porque estar no CAN não é fácil para

nós, principalmente para os jogadores africa-

nos que têm de abandonar o seu clube durante

um mês e por vezes é difícil regressar porque

as condições tornam-se mais difíceis. Senti no

meu caso que o treinador já sabia que a par-

tir do mês de Dezembro não poderia contar

comigo e começou a procurar soluções antes.

Isso acaba por ser difícil porque quando aca-

bar o CAN, se a nossa equipa estiver bem, tal-

vez não tenhamos a oportunidade de voltar a

jogar. Esse é um dos factores negativos, que

não acontecem só comigo, penso que também

suceda com os meus colegas, pois há sempre

um confl ito entre o clube e a selecção, que às

vezes acaba por nos prejudicar a nós.

‘Selecçãoé do povo’

O que é para si mais importante na véspera

de um jogo?

Realizar um trabalho que honre o povo ango-

lano é o nosso principal objectivo. Para isso

estamos unidos e temos vindo a dar passos

positivos. Garantimos uma entrega e concen-

tração redobrada, de forma a termos um bom

desempenho. Noto que existe uma grande

preocupação ao nível da federação, dos polí-

ticos e de todo o povo angolano para que isso

aconteça e penso que o CAN não é só impor-

tante a nível desportivo, mas também a ní-

vel económico, pois vai ajudar Angola a tirar

benefício das coisas boas que está a organi-

zar. Penso que o CAN poderá ser um empur-

rão muito grande para o desenvolvimento do

país. Tem-se vindo a construir muitas infra-

estruturas, algumas delas em tempo recor-

de, que irão fi car para o futuro e isso é sem

dúvida o mais importante. As condições que

os jovens irão ter serão óptimas e qualquer

angolano se irá sentir orgulhoso por saber

que tem bons estádios. O povo angolano es-

tá contente por todo este esforço que tem

sido feito e tornará este CAN um dos melho-

res de sempre.

Qual é o seu prognóstico para este torneio?

Creio que é difícil adiantar. Um dos favoritos é a

Costa do Marfi m porque tem jogadores muito

fortes, mas há outros favoritos. Normalmente

qualquer jogador gosta de jogar em casa pe-

rante os seus adeptos, mas é uma responsabi-

lidade grande. Não sei como alguns dos meus

colegas irão reagir, no entanto penso que é um

MANOEL RUI MARQUES, JOGADOR DO LEE-DS UNITED, CLUBE INGLÊS, PROMETE DAR O SEU MELHOR PELA SELECÇÃO. EM ‘DEFESA’ DAS CORES DA BANDEIRA, FALA DA IMPOR-TÂNCIA DO APOIO DO PÚBLICO E DESABAFA SOBRE O CONFLITO DE INTERESSES EXIS-TENTE, POR VEZES, ENTRE AS SELECÇÕES E OS CLUBES, QUE ACABA POR PREJUDICAR AS ESTRELAS DO JOGO – OS ATLETAS.

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44 | ANGOLA’IN · DESPORTO

| patrícia alves tavares DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

Novo treinador, novas tácticas e nova equipa

técnica. Como é que a selecção está a reagir?

A adaptação tem corrido com toda a normali-

dade. Somos profi ssionais de futebol e esta-

mos habituados a situações do género. Nos

nossos clubes temos vivido episódios seme-

lhantes. Os atletas têm feito tudo de forma

a assimilar os ensinamentos da nova equipa

técnica. Estamos a trabalhar juntos há seis/

sete meses e felizmente temos interiorizado

muito daquilo que o treinador tem exigido.

Como se encontra o espírito da equipa?

É muitíssimo bom, uma vez que o CAN vai re-

alizar-se em Angola. Temos algumas obriga-

ções, porque a nação está atenta à prestação

que a equipa poderá desempenhar durante o

africano. Fizeram-se muitos investimentos,

criaram-se novas infra-estruturas para o nos-

so futebol e acho que devemos retribuir todo

este carinho, esforço e atenção que o Governo

e a população têm feito em prol do Campeona-

to Africano das Nações.

Sente que o grupo tem evoluído ao longo dos

últimos meses?

Acredito que sim. Temos conseguido bons re-

sultados. Tivemos recentemente uma derrota,

o que é normal, pois estamos na fase de pre-

paração. O treinador é rigoroso, algo necessá-

rio dado o nível de competição e das exigências

que a selecção acarreta consigo. Temos esse

privilégio e vamos aproveitar ao máximo, pois

com esta equipa técnica vamos adquirindo no-

vas experiências, o que tem sido muito bom.

O factor casa tem sido inibidor. Como estão

a superar a situação?

Temos o exemplo do CAN anterior, que decorreu

no Gana. Nessa altura, conseguimos alcançar

os quartos-de-fi nal, apesar de jogarmos sem o

nosso público. Tivemos alguns apoiantes, mas

não em tão grande número como se espera em

Luanda. Em Janeiro, jogamos em casa e, por is-

so, temos obrigação de fazer melhor.

São essas as vossas aspirações?

Exactamente. Queremos atingir os mesmos

níveis e até ir à fi nal, se for possível.

Falou há pouco na equipa técnica, que trouxe

maior diversidade. Considera importante, en-

quanto atleta de alta competição, que se apos-

te na formação mais especializada dos jovens?

Os escalões de formações em Angola sofrem

de algumas debilidades de atenção. Os senio-

res são alvo de maiores cuidados e, por vezes,

essa juventude passa por alguns sacrifícios,

já que habitualmente têm falta de apoios. Os

dirigentes estão mais atentos às equipas se-

niores, uma vez que estas geram rendimen-

tos fi nanceiros. No caso das camadas jovens,

os jogadores, os treinadores e os massagistas

devem ter uma mentalidade forte. É preciso

muita força de vontade e muita humildade.

As novas infra-estruturas contribuem para a

melhoria dessa formação?

Com esses equipamentos, o nosso futebol só

tem a ganhar e é mais uma oportunidade para

os escalões inferiores poderem evoluir e fazer

jogos em campos relvados.

Em termos pessoais, o CAN pode ser uma

ajuda para a projecção da sua carreira?

O CAN é uma grande montra. Todos os joga-

dores estão a trabalhar no sentido de poder

ajudar o colectivo. Tenho os meus sonhos, que

prefi ro não exteriorizar agora. Neste momen-

to, quero apenas dar o meu melhor.

Que mensagem gostaria de deixar aos adeptos?

Primeiro devo dizer que em momento algum

devem sentir-se mal com a selecção. No fute-

bol, todos vão com o propósito de conquistar

os três pontos e Angola não é excepção. Vamos

passar períodos em que as equipas adversárias

poderão estar em vantagem numérica, pelo que

é preciso paciência. Peço que apoiem todos os

instantes do jogo. Os atletas em campo vão fa-

zer tudo para dignifi car a organização do CAN, a

nação e o povo. É preciso o estímulo de todos.

Temos a responsabilidade de elevar o nome de

Angola ao nível do futebol africano, porque no

ranking da CAF não estamos bem posicionados

e uma boa prestação permitirá que a classifi ca-

ção melhore. Há vários ganhos, a organização

deu emprego a muitos, dinamizou o turismo e a

nossa cultura vai ser redescoberta.

‘Os dirigentes estão mais atentos às equipas seniores, uma vez que estas geram rendimentos fi nanceiros’

PARA LOVE ESTE PODERÁ SER O ÚLTIMO CAN. AOS 30 ANOS, O AVANÇADO DOS PALANCAS NEGRAS CONTOU À ANGOLA’IN OS MOMENTOS QUE VIVEU AO SERVIÇO DA SELECÇÃO, NOMEADAMENTE A PARTICIPAÇÃO NO MUNDIAL DA ALEMANHA. O ATLETA É DOS MAIS EXPERIENTES DO GRUPO E MOSTRA QUE AINDA TEM MUITO PARA DAR.

‘Mais Angola’

Page 47: Angola'in - Edição nº 10

45 DESPORTO · ANGOLA’IN |

‘Superação pessoal’

Foi um ano de mudanças.

Que alterações considera

mais positivas?

Sem dúvida o rigor táctico, a

marcação e a pressão sobre

quem tem a bola. Em Ango-

la, não estamos habituados a

esse estilo de jogo e isso exi-

ge a transformação que está

a acontecer na selecção na-

cional.

Como está a decorrer a pre-

paração?

Inicialmente foi complicado,

porque estávamos familiari-

zados com o sistema do an-

tigo treinador. Mas agora já

nos habituamos e os traba-

lhos no Algarve têm corrido

bem. No dia-a-dia estamos

a conseguir aprender os en-

sinamentos do professor Ma-

nuel José. Este é o técnico de

que a nossa selecção estava

a precisar. O campeonato na-

cional parou há algum tempo

e os primeiros dias de estágio

foram um bocado difíceis. Ac-

tualmente sinto que há uma

evolução crescente, estamos

a ganhar mais ritmo competi-

tivo e temos conseguido acer-

tar algumas coisas.

É a primeira vez que participa

no CAN. Quais são as aspirações para o torneio?

Este ano vamos organizar o campeonato na

nossa casa, o nosso povo está orgulhoso e acho

que é uma grande responsabilidade que temos.

O professor tem conversado connosco e o im-

portante é passar a primeira fase. Depois, com

a ajuda de Deus e a dedicação que o grupo tem,

o objectivo será ganhar a competição.

Como aguarda a sua estreia no CAN?

Sou o jogador mais novo da selecção e nor-

malmente quando estamos a jogar com atle-

tas mais experientes as responsabilidades

também são mais acrescidas. O professor

ainda não escolheu o grupo que vai participar

no campeonato africano. Se for seleccionado,

prometo fazer o que sei melhor, que é jogar

futebol e dar alegrias a este povo angolano

que tanto merece.

É o melhor marcador do Girabola. O desem-

penho na competição pode ser uma mais-va-

lia para a sua carreira?

Desde pequeno que sonho jogar futebol e a

minha meta principal sempre foi alcançar a

selecção. Todos os atletas sonham partici-

par no CAN. Actualmente sou considerado

o melhor jogador do campeonato do Girabo-

la de 2009. Acho que isso me faz ter maior

responsabilidade e jogar mais. De momento

sou um jogador livre, pois já não tenho con-

trato com o Petro. Se tiver a oportunidade

de jogar fora não vou esquecer as minhas

origens. Já tenho muitos convites para vir

para a Europa.

Pode adiantar quais são essas propostas?

Em Portugal tenho equipas interessadas, mas

isso está no segredo dos deuses. Agora quero

concentrar-me na selecção nacional.

Sente que tem que dar o

exemplo enquanto jogador

e pessoa?

Sou o ídolo dos jovens e te-

nho feito muita publicidade

sobre delinquência juvenil.

O que o nosso país tem que

fazer é apostar nos campos

de futebol e nas infra-estru-

turas. Os jovens agora têm

imensas condições e podem

seguir esta carreira ou outras

modalidades. Quem sabe se

não aparecem mais craques

como eu, apesar de ainda não

me defi nir dessa forma…

O que é que lhe falta?

Não me acho um craque por-

que ainda tenho alguns de-

feitos. Às vezes tenho pouca

responsabilidade no campo,

talvez porque subi ao escalão

de sénior muito cedo, com

apenas 16 anos. Entrei no

futebol aos 12 anos. Foi di-

fícil conciliar o desporto com

a escola, mas prometi aos

meus pais que quando atin-

gisse a minha meta, que era

chegar aos seniores, ia voltar

a estudar e é o que estou a

fazer neste momento.

Considera importante conci-

liar o futebol e a escola?

O professor diz-nos constantemente que a

nossa carreira é muito curta, por isso temos

que pensar no futuro. O conselho que dou é

que se quiserem jogar futebol devem abraçar

a escola, pois é importante e no nosso campe-

onato há poucos atletas com estudos. É preci-

so ter muita força de vontade.

Que mensagem gostaria de deixar aos ango-

lanos?

A selecção é do povo e deixo o apelo para que

apareçam, encham o estádio e nos apoiem. A

única oferta que podemos dar depois de 30

anos de guerra é esta competição. Vamos fa-

zer tudo para conseguir passar a primeira fase,

que é o objectivo principal e voltar a dar ale-

grias a este povo que está agora a renascer.

NATURAL DO MOXICO, A JOVEM REVELAÇÃO DO FUTEBOL NACIONAL PREPARA-SE PARA A ESTREIA NO CAN. JOB, MELHOR MARCADOR DO GIRABOLA, É O ÍDOLO DOS MAIS NOVOS, EMBORA AINDA NÃO SE CONSIDERE UM CRAQUE. O AVANÇADO PROMETE EMPENHAR-SE AO MÁXIMO NUM CAMPEONATO QUE LHE PODE ABRIR AS PORTAS PARA A EUROPA.

‘Há uma evolução crescente,estamos a ganhar mais ritmo competitivo’

Page 48: Angola'in - Edição nº 10

46 | ANGOLA’IN · DESPORTO

A história do CAN começa em 1957. O Sudão foi o país que teve a honra de dar o pontapé ini-

cial à maior manifestação futebolística do continente berço. Na prova que não contou com

eliminatórias de acesso, apenas três selecções estiveram presentes. O Sudão, na condição

de anfi trião, o Egipto e a Etiópia. A África do Sul era a quarta, mas foi excluída devido ao

apartheid. Nos anos seguintes, o CAN não teve uma defi nição quanto à sua periodicidade.

Só em 1968, na 6ª edição, ocorrida na Etiópia, é que o torneio passou a realizar-se a cada

dois anos. Ao nível dos títulos, o Egipto tem a hegemonia, com seis campeonatos vencidos,

seguindo-se o Gana, com quatro taças, os Camarões, com três, e a Nigéria, com dois.

can 2010

Fogueira das Vaidades

| patrícia alves tavares DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

ARGÉLIAAs Raposas do Deserto competiram nos

palcos mundiais pela primeira vez em

1982. Rabah Madjer e Lakhdar Belloumi

destacaram o “talento” de uma forma-

ção, que na época brilhava nos palcos con-

tinentais. No entanto, após a vitória do

torneio africano em 1990, esta selecção,

que formava um dos melhores grupos,

acabou afastada das lides mundiais. A

constante mudança de treinador (34 téc-

nicos, desde 1962) levou a equipa a falhar

a qualifi cação para as duas últimas edi-

ções do CAN

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1968

Títulos continentais: CAN 1990

Ranking da FIFA: 29º lugar

MALAWIO percurso do Malawi não tem sido fácil.

Após as tentativas frustradas de apu-

ramento para os Mundiais da FIFA, as

Chamas procuram melhorar o seu de-

sempenho no CAN. Este é o regresso há

muito aguardado, após uma única par-

ticipação no torneio continental. Con-

fi antes em alcançar um bom resultado,

os adeptos depositam as esperanças no

seu goleador Chiukepo Msowoya

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1984

Títulos continentais: 0Ranking da FIFA: 90º lugar

MALIÉ o desejado regresso da selecção do

Mali às competições africanas. No úl-

timo CAN, a equipa não foi apurada. O

treinador foi substituído pelo reputado

nigeriano Stephen Keshi. A formação

conta agora com as potencialidades de

jogadores como Frederic Kanoute, consi-

derado o atleta africano do ano

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1972

Títulos continentais: 0Ranking da FIFA: 51º lugar

RA

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tal

Page 49: Angola'in - Edição nº 10

EGIPTOSão os reis dos campeonatos africanos.

Os atletas egípcios são bi-campeões do

CAN e procuram nesta edição o hepta.

Os Faraós são uma das maiores forma-

ções africanas, cujo talento e reconheci-

do palmarés fazem desta selecção uma

das mais temidas pelos adversários

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1957

Títulos continentais: CAN 1957,

1959, 1986, 1998, 2006, 2008

Ranking da FIFA: 28º lugar

BENINA equipa é jovem, mas considerada

competitiva e perigosa. Os Esquilos es-

trearam-se no CAN de 2004, contando

apenas com duas participações. O curto

palmarés inclui uma subida histórica do

ranking mundial (do 99ª para 67ª desde o

início de 2009) e da Confederação Africa-

na de Futebol (de 28ª para 12ª)

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 2004

Títulos continentais: 0Ranking da FIFA: 67º lugar

MOÇAMBIQUEA selecção foi considerada em 2007 co-

mo a que mais progrediu nos rankings

da classifi cação mundial FIFA/ Coca-

Cola. O percurso não tem sido fácil e a

equipa continua a batalhar para levar

uma taça para o seu país. A primeira

vitória dos Mambas nesta competição

ocorreu apenas em 2002

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1986

Títulos continentais: 0Ranking da FIFA: 84º lugar

NIGÉRIAAs Super Águias da Nigéria preparam-se

para entrar com o pé direito no CAN. Com

o apuramento para o Mundial garantido,

a equipa está motivada e promete man-

ter as habituais boas prestações no dérbi

africano. A última vez que o país levou o

troféu do CAN foi há 14 anos (1994)

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1963

Títulos continentais: CAN 1980 e 1994

Ranking da FIFA: 32º lugar

GABÃOO Gabão aposta tudo nesta edição. O

percurso dos Panteras Negras tem-se

pautado pela discrição e por muitas di-

fi culdades em alcançar o estrelato conti-

nental e intercontinental

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1994

Títulos continentais: 0Ranking da FIFA: 45º lugar

CAMARÕESSão dos principais candidatos ao títu-

lo. Após um excelente desempenho no

apuramento para a competição, os Leões

Indomáveis contam com as estrelas Sa-

muel Eto’o (tricampeão Futebolista Afri-

cano do Ano) e o veterano Rigobert Song

para a vitória fi nal

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1970

Títulos continentais: CAN

1984, 1988, 2000 e 2002

Ranking da FIFA: 14º lugar

TUNÍSIAEste país tem-se consolidado como uma

das equipas mais fortes do continente.

No contexto africano, a formação é pre-

sença assídua. Após duas derrotas em

fi nais do CAN (1965 e 1996), os atletas

conseguiram quebrar a maldição e em

2004 conquistaram o tão desejado títu-

lo. As Águias do Cartago contam com o

novo técnico para consolidar o grupo

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1962

Títulos continentais: CAN 2004

Ranking da FIFA: 54º lugar

ZÂMBIAA sua reputação é sólida e é das selec-

ções mais respeitadas. O êxito é uma

constante para a equipa, que parece ter

a sorte contra si. Os sul-africanos foram

duas vezes vice-campeões nas fi nais do

CAN. Porém, nunca conseguiram alcan-

çar o lugar mais alto do pódio

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1974

Títulos continentais: 0Ranking da FIFA: 96º lugar

47 DESPORTO · ANGOLA’IN |

CÔTE D’IVOIREConsiderado o gigante do futebol africa-

no, a formação da Costa do Marfi m con-

ta com a participação da nova geração de

atletas, que jogam nas principais ligas

mundiais. Drogba, Kalou e Eboue são

alguns dos seus craques. Foram vice-

campeões no CAN 2006 e chegaram às

semi-fi nais de 2008 no Gana. Em 2006,

participaram pela primeira vez no Mun-

dial FIFA

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1965

Títulos continentais: CAN 1992

Ranking da FIFA: 19º lugar

BURKINA FASOOs Garanhões apostam tudo nesta com-

petição, que conta com muitas caras

novas. A formação está confi ante no re-

gresso às vitórias, procurando alcançar

um resultado melhor que a quarta posi-

ção, conquistada na edição de 1998, por

eles organizada

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1978

Títulos continentais: 0Ranking da FIFA: 55º lugar

GANAAs Estrelas Negras têm por hábito ser

os protagonistas das competições afri-

canas. Venceram 4 vezes o CAN e foram

organizadores do evento em 2008. Actu-

almente, estão também apurados para o

Mundial. No de 2006, chegaram pela pri-

meira vez à fi nal de um campeonato do

mundo e já estiveram em 16 fases fi nais

do CAN

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1963

Títulos continentais: CAN

1963, 1965, 1978 e 1982

Ranking da FIFA: 38º lugar

TOGOO país é jovem, mas a sua selecção in-

gressou há muito nas competições con-

tinentais e inter-continentais. No CAN,

estreou-se em 1972 e dois anos depois

participou pela primeira vez nas elimi-

natórias de um Mundial. Os Gaviões con-

tam cinco apuramentos para a fase fi nal.

As esperanças surgem renovadas graças

ao novo ícone nacional Emmanuel Ade-

bayor, um dos melhores marcadores da

liga inglesa

fi cha técnica 1ª participação no CAN: 1972

Títulos continentais: 0Ranking da FIFA: 80º lugar

Page 50: Angola'in - Edição nº 10

Foi o desistir de um sonho?

Não, porque queria fazer uma formação supe-

rior, situação que acabou por acontecer. Aos 26

anos resolvi dedicar-me totalmente à minha

formação. Depois da Independência fui direc-

tor da Cuca, ministro da Indústria, da Juventu-

de e dos Desportos e assim fui evoluindo. Só

mais tarde surgiu o convite para a Federação,

quando me pediram para agarrar o nosso fute-

bol, que é um factor de unidade nacional.

Como analisa o trabalho que tem sido de-

senvolvido pela entidade?

A princípio, tivemos algumas difi culdades,

porque a nossa associação não era muito bem

vista ao nível da Confederação Africana de Fu-

tebol (CAF). Tivemos alguns dissabores com os

meus antecessores. O nosso primeiro trabalho

foi repor a imagem positiva junto da CAF, al-

go que conseguimos através de contactos di-

rectos com o senhor presidente Issa Hayatou.

Entretanto, fui chamado para a comissão or-

ganizadora dos CANs e adquiri uma certa ex-

periência. Depois do Coreia / Japão, em 2003,

fui convidado para ser membro da comissão de

auditoria interna da FIFA, cargo que ocupo até

hoje. Nessa altura pensamos em organizar o

CAN, mas chegamos à conclusão de que ainda

não estávamos sufi cientemente maduros. Re-

centemente apresentamos a candidatura e de

entre oito países fomos escolhidos.

Sempre manteve a esperança de conseguir

trazer este evento para o país?

Se não tivesse esperança, nem sequer teria

concorrido. O caderno de encargos da CAF não

exige que se tenha as condições. Daí o cep-

ticismo de muitos em relação à sua concre-

tização. Estávamos a quatro anos do CAN e

conseguimos mostrar que tínhamos os pres-

supostos todos. E era isso que a CAF queria.

Saímos da guerra há seis anos e somos das

economias que mais crescem no mundo. O pa-

ís tem um desenvolvimento económico muito

grande. Em dois anos, construímos quatro es-

tádios novos, recuperamos 13 recintos e cria-

mos os equipamentos necessários. Segundo

os especialistas, o estádio 11 de Novembro de

Luanda é o mais bonito de África, algo de que

nos orgulhamos. Para materializar o projecto,

foi necessário o apoio do Governo e do senhor

presidente José Eduardo dos Santos, que foi

fundamental em todo o processo.

‘Em dois anos construímos quatro estádios novos, recuperamos 13 recintos e criamos os equipamentos necessários’

‘frutos’ gerados pelo canA nível de desporto, quais os benefícios des-

te evento?

Sem infra-estruturas desportivas não há de-

senvolvimento. O futebol ganhou quatro es-

tádios novos em quatro províncias. Temos

infra-estruturas nas 18 localidades, contudo

nas que vão albergar o CAN demos um salto

qualitativo. Criamos as condições para dar iní-

cio ao desenvolvimento, existindo igualmente

a possibilidade de acolher outros eventos no

nosso país, como é o caso da taça das confe-

derações.

48 | ANGOLA’IN · DESPORTO

‘Competir para ganhar’Antigo atleta e defensor incansável do Desporto, Justino Fernandes tem uma longa experiência. Durante um treino matinal da selecção, o presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF) descreveu à Angola’in como está a ser vivida a aventura do CAN. O responsável pelo Comité Organizador da prova está confi ante nos bons resultados

o homem O desporto sofreu uma evolução, mas nunca

tanto foi feito como agora. Como tem vivido

a fase de preparação do CAN?

Neste momento, sinto um certo orgulho em

ser presidente da FAF. Fui desportista durante

muitos anos na selecção de Luanda e de An-

gola e enquanto atleta fui capitão das duas

equipas. Isso deu-me uma certa experiência.

Porém, infelizmente, tive de deixar o fute-

bol, que na altura era amador. Joguei no ASA

e estive a um passo do Sport Lisboa e Ben-

fi ca. Porém, a minha mãe (a minha família é

matriarcal) não encarou muito bem a minha

partida. Éramos uma família bastante unida e

decidi não ir.

‘O futebol é um factor de unidade nacional’

| patrícia alves tavares DESPORTO ESPECIAL CAN 2010

Page 51: Angola'in - Edição nº 10

49 DESPORTO · ANGOLA’IN |

O torneio potenciou o desenvolvimento de

uma série de áreas, ao nível da hotelaria, da

construção civil, até na criação de emprego.

O progresso atrai mais investimentos?

Ora nem mais. Os ganhos serão a todos os ní-

veis. Vamos mostrar que Angola não é só um

país de guerra. É um acto de coragem porque

vamos abrir as portas ao mundo, após seis

anos de confl ito e as pessoas não irão apenas

ver o futebol. Vão tentar julgar-nos, avaliar

a nossa hospitalidade, o nosso carácter e de

que forma estamos a progredir. O CAN permi-

tiu a criação de infra-estruturas envolventes,

que provavelmente seriam produzidas daqui

a uns dez anos. O evento já está a ser um ca-

talisador do progresso. Por exemplo, inicia-

mos um pólo de desenvolvimento em torno

do estádio de Luanda, onde começam a sur-

gir projectos imobiliários, fruto das condições

criadas na região.

A nível de recursos humanos acredita que

agora é o começar de uma nova era?

É muito bom em termos de formação. E pa-

ra tal temos que ter formadores. A nossa

principal preocupação será em obter técni-

cos angolanos capacitados, que realmente

possam formar os nossos jovens. Pensa-

se que um bom jogador de futebol será um

bom treinador e não é bem assim. São raros

os casos de sucesso. Estes jovens [selecção

nacional] aprenderam nos seus bairros, com

bolas de trapos. Não tinham os fundamen-

tos técnicos, que foram assimilados aqui, na

idade adulta. Temos esse projecto, que que-

remos colocar em prática depois do CAN. Ao

nível das infra-estruturas está aceitável. A

vertente de criação de escolas é algo que te-

mos que pensar. Temos ainda que questio-

nar outro aspecto. Sou presidente da FAF

em ‘part-time’. Tenho outras responsabili-

dades no país. Poderia fazer muito mais se

estivesse apenas dedicado à federação, pe-

lo que no fi m deste mandato, daqui a dois

anos, terei que ser substituído por um pro-

fi ssional a tempo inteiro.

Está nos desafi os da federação formar equi-

pas capazes de competir com os ‘grandes’

do mundo?

É para aí que devemos caminhar. Queremos

ser cada vez mais fortes e há que apostar

na formação. Porém, há sempre uma utopia

nisso tudo. Por cada jogador congolês que

desperta na Europa, fi ca uma série deles des-

perdiçados. Esses aspectos têm que ser bem

ponderados e conjugados com a educação es-

colar da criança.

o ano de áfricaComo está a motivação da população?

O apoio do povo angolano é total. Só se fala

do CAN, é o centro das conversas de todos. O

Governo também tem dado um apoio incon-

dicional, especialmente nos investimentos,

mostrando-se interessado, pois sabe que o

campeonato é uma mais-valia para desenvol-

ver o nosso país, principalmente no aspecto de

dignidade nacional.

Quais são as suas expectativas quanto à

prestação da selecção?

Este grupo está a trabalhar muito bem. Quan-

do os que jogam fora se juntarem a esta

equipa vamos fazer um bom ‘team’. Não pre-

tendemos participar, queremos competir para

ganhar o CAN. Esse é o espírito incutido nos

atletas. As conversas que têm com o professor

Manuel José têm sido muito úteis. Agora, os

nossos jogadores estão a acabar com a inibi-

ção. Está a ser feito um trabalho nesse âmbito

e estão a ser acompanhados por pessoas es-

pecializadas para vencer esses receios.

A equipa tem evoluído tecnicamente?

Há já algum tempo, essa evolução tem sido

bastante visível. É evidente que estamos a fa-

zer jogos de treino e é um trabalho feito a lon-

go prazo. Com a integração dos que chegam

no dia 26, vão fi car muito mais desinibidos. Te-

mos uma equipa técnica boa.

Apesar não participarem no Mundial de

2010, acredita que o evento pode ser im-

portante para o país, inclusive no aproveita-

mento dos estádios?

Podemos acolher qualquer selecção no nosso

país, principalmente aquelas que vão jogar em

Joanesburgo. Temos condições excelentes na

província da Huíla que, à semelhança de Joa-

nesburgo, se encontra a cerca de dois mil me-

tros de altitude. Temos um clima fantástico,

hotéis excelentes e as equipas estão a procu-

rar esse estádio.

É um ano importante para vocês?

Considero o ano do futebol em África. Em Janeiro

será em Angola e em Julho na África do Sul. Es-

tamos muito unidos e os sul-africanos pedem-

me para fazer um CAN exemplar, pois será o

prelúdio do que vai acontecer na África do Sul.

Que apelo gostaria de fazer à nação?

Deixo um pedido à população para que confi e

em nós. Estamos a trabalhar para dignifi car o

nosso futebol e dar uma alegria a este povo

sofredor. O nosso obrigado por todo o apoio e

prometemos fazer tudo para corresponder às

expectativas.

‘Queremos ser cada vez mais fortes e para isso temos que apostar na formação’

Page 52: Angola'in - Edição nº 10
Page 53: Angola'in - Edição nº 10
Page 54: Angola'in - Edição nº 10

52 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS | patrícia alves tavares

LEXUS LFAO seu estilo inspira-se na Fórmula 1 e é visível nas linhas fl uidas e curvas esculpidas. Este coupé de

dois lugares apresenta um visual de luxo e elevada performance, com capacidade para desenvolver

mais de 500 cavalos, produzindo uma velocidade máxima na ordem dos 320 km/h.

Page 55: Angola'in - Edição nº 10

53 LUXOS · ANGOLA’IN |

O primeiro super carro dinamarquês demarca-se dos restantes pelo seu design. À aparência agressiva juntam-se os seus 1.104 cavalos. O interior luxuoso combina o seu estilo desportivo

com o conforto, em que os bancos e volante podem ser regulados e o sistema de som permite ligar o iPod, o MP3 ou simplesmente ouvir rádio e os seus CDs preferidos.

53LUXOS · ANGOLA’IN |

Page 56: Angola'in - Edição nº 10

54 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS

PORSCHE Cayenne GTSO novo utilitário desportivo da Porsche inspira-se na linha S e sofreu um aumento de potência em relação aos modelos anterio-

res. A viatura possui o bodykit, habitualmente usado na versão turbo do Cayenne e é o primeiro dos utilitários a receber o siste-

ma de suspensão activa PASM (Porsche Active Suspension Management), possuindo seis velocidades.

OLOL

Page 57: Angola'in - Edição nº 10
Page 58: Angola'in - Edição nº 10

56 | ANGOLA’IN · LUXOS

Pedais de alumínio perfurados e equipamento de som da melhor

qualidade que encontrará no mercado (1.100 watts) são os principais

atractivos deste modelo, que atinge os 313 Km/h com a capota

aberta. O interior, totalmente revestido a couro de primeira linha, foi

desenhado a pensar nas necessidades dos seus quatro ocupantes.

Exageradamente confortável e luxuoso, este Bentley de mais de

duas toneladas vai dos 0 a 100 km/h em apenas 4,5 segundos.

56 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS

Page 59: Angola'in - Edição nº 10

57 LUXOS · ANGOLA’IN | 57 LUXOS · ANGOLA’IN |

A sua capota é totalmente aerodinâmica e é a principal novidade deste modelo, cujo tradicional estilo

do Solstice pouco mudou. O desenho mantém-se e apenas a carroçaria e as componentes das lanternas

sofreram uns retoques, revelando um toque de elegância. Todas as versões deste modelo são bastante potentes, tendo como opção a caixa de cinco velocidades automática ou manual.

Page 60: Angola'in - Edição nº 10

58 | ANGOLA’IN · LUXOS

ALPINESTARS

Casaco MotoGP

JEREZEste modelo, totalmente feito em couro

perfurado com uma espessura de 1.2 – 1.4 mm,

possui protecções nos ombros e cotovelos

removíveis, certifi cados pela CE. As mangas são

pré-curvadas para dar-lhe maior conforto na

posição de pilotagem.

Botas SMX-4A nova S-MX 4 mistura as características de uma

bota de alta performance com tecnologias que

conferem uma maior funcionalidade e conforto

máximo. A sua construção em microfi bra protege

o pé de impactos.

IXON Luvas RS KING HPFlexível e muito confortável, esta luva, disponível

em várias cores, foi concebida para facilitar os

movimentos, durante a condução da sua moto,

permitindo uma óptima aderência da mão.

YAMAHAMT-01Única e inovadora, a MT-01 possui um

massivo motor que coloca todo o seu

potencial através de uma aceleração

única, um quadro desportivo de grande

rigidez e sistema de escape único, que

emite um som vibrante.

LUXOS

Page 61: Angola'in - Edição nº 10

59 LUXOS · ANGOLA’IN |

Page 62: Angola'in - Edição nº 10

60 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS

Sony Ericsson AinoEquipe o seu telemóvel Aino com as suas músicas, fi lmes e podcasts favoritos.

Depois pode transferi-los para o PC e vice-versa, através de WiFi. O ecrã táctil de 3

polegadas é a novidade do modelo, que surge com um carregador com suporte de

secretária e a possibilidade de aceder à sua PlayStation3.

Pacemaker Para quem deseja tornar-se num autêntico DJ,

este Pacemaker faz toda a diferença, pois pode

ser usado como mixer. Este aparelho permite

misturar músicas (dois canais independentes)

e guardar tudo no HD de 120 GB.

| patrícia alves tavares

Pacemak

Station3.

Blackberry Storm

É o primeiro Smartphone com ecrã táctil

clicável. O modelo combina a solução wireless

dos dispositivos BlackBerry para email,

messaging, telefone, agenda, Web, multimédia

e acesso a aplicações, contando com a

experiência de uma utilização fácil e intuitiva.

ker se num autêntico DJ

ker

Stormy

É o primeiro Smartphone com ecrã táctil

clicável. O modelo combina a solução wireless

dos dispositivos BlackBerry para email,

messaging, telefone, agenda, Web, multimédia

e acesso a aplicações, contando com a

experiência de uma utilização fácil e intuitiva.

Sony Ericsson MH907 Descubra o áudio de alta qualidade com

o Controlo SensMe. Estes auscultadores

permitem ouvir música ou atender uma

chamada, assim que são colocados no ouvido.

Apple MagicmouseÉ o primeiro mouse Multi-Touch do mundo, disponível na compra do novo Imac de

21,5” e 27”. Também pode adquirir este rato sem fi os separadamente.

Page 63: Angola'in - Edição nº 10

61 LUXOS · ANGOLA’IN |

Livio NPR Radio Com este rádio pode ouvir centenas de estações

NPR de todo o mundo, a partir de qualquer sítio,

longe do seu PC. Em minutos o aparelho localiza

e conecta-o a mais de 16.000 emissoras.

Sony RollyO novo leitor permite-lhe viver uma surpreendente

experiência de música. O aparelho funde som e movimento

consoante o ritmo e luzes multicolor, que piscam ao mesmo

tempo. Pode ainda personalizar os seus movimentos e vê-lo

dançar ao ritmo da sua música.

Apple Wireless KeyboardO teclado sem fi os permite-lhe dispor de mais espaço na sua

secretária e transportá-lo facilmente para qualquer lado.

Apple Imac

O novo IMAC

apresenta-se com um

ecrã panorâmico 16:9

com retroiluminação

LED de 21,5 ou 27

polegadas. Ideal para

vídeo HD.

Page 64: Angola'in - Edição nº 10

LUXOS

TREKSTOR i.Beat organix GoldO leitor de mp3 mais caro do mundo

é banhado a ouro de 18 quilates

e está revestido com 63 diamantes.

Este objecto raro foi trabalhado à mão

por um joalheiro suíço.

ZUNE HDSuporta vídeos em alta defi nição até 1280x720 pixels de resolução.

Esta é a mais-valia de um aparelho composto por um ecrã de 3,3

polegadas, 16:9 de proporção com 480x272 pixels de resolução e

conectividade wireless.

LACIE LaCinema

Este novo aparelho dá a possibilidade de reproduzir fi lmes,

música e fotografi as em qualquer televisor, possuindo

capacidade para armazenar fi cheiros até 500 GB.

62 | ANGOLA’IN · LUXOS

Page 65: Angola'in - Edição nº 10
Page 66: Angola'in - Edição nº 10

64 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS

Leatherman Freestyle CXEsta ferramenta baseia-se no famoso

Skeletool, herdando o seu estilo, mas

numa versão mais leve. Resistente a

arranhões e à corrosão, está equipado

com uma faca de 154 cm. É perfeito

para incluir nos utensílios a levar nas

suas aventuras. Brunopassoespresso machine

Design moderno e disponíveis em várias cores (para

combinar com os electrodomésticos), as máquinas de café

Brunopasso permitem desfrutar do café com muito estilo.

LEICAM8 WHITE

EDITIONÉ a nova versão da famosa rangefi nder Leica M8,

que surge agora com qualidade renovada. Sinónimo

de luxúria, foram fabricadas poucas unidades desta

máquina digital. É sem dúvida um produto único e com

certifi cado de autenticidade.certifi cado de autenticidade.

NOOKeBOOKO Ebook Reader mais avançado do mundo lê os formatos PDF e ePub,

suportando igualmente fi cheiros MP3 e vários formatos de imagem.

Dispõe de 2GB de memória interna e um ecrã de 3.5 polegadas a cores

e sensível ao toque. Tem ainda conectividade 3G e ligação wireless.

Page 67: Angola'in - Edição nº 10

65 LUXOS · ANGOLA’IN | 65 LUXOS · ANGOLA’IN |

REGENRENUO Renu é um painel solar compatível com o

SoundStation. O dock para iPod/ iPhone oferece

8 a 9 horas de reprodução (com a bateria

completa, que leva 8 horas a carregar).

MERCEDES-BENZ FOLDING BIKE

Esta bike da Mercedes é bastante inovadora, pois é totalmente desdobrável, ideal para o uso urbano.

Quando dobrada, ocupa pouco espaço (mede apenas 80X80X35cm), pelo que, além de prática, pode ser

facilmente arrumada em casa e transportada no carro. Leve e compacta, necessita apenas de alguns

segundos para ser montada. Disponível em branco e prateado.

VholdRContourHD

A pensar no Youtube, a empresa vholdR criou uma câmara de

capacete que captura vídeos em HD, desenvolvendo um software

próprio para o upload directo, para que os seus utilizadores possam

poupar tempo. A empresa criou ainda um canal no referido site para

poder partilhar os seus vídeos. Além de captar áudio, cria o efeito

Point of View nas fotografi as e tem 2 GB de memória interna.

Page 68: Angola'in - Edição nº 10

66 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS

LOUIS VUITTON

TAAMBBOOURR MMYSTTERRIEEUSSE

Esta peça única, que brinca com as leis da

física, é sinónimo de exclusividade. O valor

deste objecto de luxo equivale ao preço de

um carro desportivo ou de uma confortável

casa. Produzido em aço e ouro, as 115 peças

foram montadas manualmente. Pode

ainda optar por personalizá-lo, usando por

exemplo pedras preciosas.

Victorinox Swwisssss Arrmyy

Fundo transparente, bracelete de pele e visor em safi ra

são algumas das particularidades deste relógio, que é

à prova de água e possui índices luminosos. A sua linha

clássica atrai homens inteligentes e de personalidade

forte, que apreciam uma peça que perdure no tempo.

TISSOTCCoutuurier AutooomaticcA Tissot distingue-se por combinar nas suas peças

modernidade e tecnologia inovadora. É o caso deste

exemplar, que se destaca pela elegância, ideal para

quem gosta de estar ‘chic’ todos os dias. O bracelete é

em pele genuína e o relógio é à prova de água até 100m.

| patrícia alves tavares

Page 69: Angola'in - Edição nº 10

LUXOS

Page 70: Angola'in - Edição nº 10

ESTILOS

68 | ANGOLA’IN · ESTILOS

Mais uma marca trazida pela loja Markas. Des-

ta vez os tecidos de alta qualidade vêm com a

assinatura de Ermenegildo Zegna.

Lisete Pote - [email protected] - Rui Cunha E

RM

EN

EG

ILD

O Z

EGN

A

| lisete pote

Sapatos Azuis escuros

Fato cinza escuro D&G com gravata da mesma marca em seda, camisa em cambraia branca e sapatos pretos

Page 71: Angola'in - Edição nº 10

Fato bege com riscas pretas e gravata da mesma marca e tom, camisa preta e sapatos pretos

As várias propostas em termos de gravatas da marca Zegna

O mesmo fato, mas com a variante de usar uns mocassins, num estilo mais informal sem gravata

Page 72: Angola'in - Edição nº 10

70 | ANGOLA’IN · ESTILOS

ESTILOS

Casaco em linho azul escuro, com camisa, jeans e mocassins

As várias propostas em termos de gravatas da marca Zegna

Page 73: Angola'in - Edição nº 10

71 ESTILOS · ANGOLA’IN |

Ténis brancos e castanhos

Sapatos de relaxe bege

A versão anterior é refrescadacom um pólo de riscas e ténis.

Page 74: Angola'in - Edição nº 10

david beckham

Signature for Him assume-se como a assinatura de beckham,

transportando consigo todos

os elementos que o identifi cam:

glamour, luxo, estilo e sofi sticação.

a pensar no actual homem

guerreiro, a fragrância

oriental amadeirada é fresca

e sedutora, graças às notas

de melão, mandarina, âmbar

branco, musgo, entre outras.

acqua di parma

Magnólia Nobile magnólia nobile é o nome da nova fragrância da reputada

marca de colónias italiana. explorando o fantástico

aroma desta fl or, o perfume conjuga ainda notas de

bergamota, limão, cedro, magnólia, rosa, jasmin, madeira

de sândalo, patchouli, vetiver e baunilha.

ESTILOS

72 | ANGOLA’IN · ESTILOS

| patrícia alves tavares

gucci

Gucci by Gucci a fragrância da gucci destaca-se pelo seu aroma amadeirado.

elegante e sensual, o perfume resulta da combinação

marcante dos elementos da natureza, tornando-o único e

inconfundível.

givenchy

Play a novidade da givenchy oferece-lhe uma fragrância fresca,

detentora de notas de laranja amarga, uva, pimenta e patchouli.

tudo com o selo da conhecida marca de perfumes, que já habituou

os seus clientes à qualidade única dos seus produtos.

porshe

The Essence é o primeiro perfume da

porsche, que refl ecte

a paixão, perfeição,

refi namento e prazer.

assume-se como um novo

conceito de luxo, criado

exclusivamente para

homens espontâneos e

rigorosos.

burberry

The Beat for Men o novo perfume da burberry é

uma projecção única do universo

masculino, criando um estilo

próprio, detentor da elegância

da cultura pós-moderna.

amadeirada refrescante, a

fragrância detém notas de

cedro, madeira de couro, pimenta

negra e folhas de violeta, uma

combinação perfeita para o jovem

contemporâneo, urbano e dinâmico.

dav

Sissu

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glam

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Himura de beckham,

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Page 75: Angola'in - Edição nº 10

73 LUXOS · ANGOLA’IN |

Page 76: Angola'in - Edição nº 10

LICOROSOÉ uma óptima sugestão para usar

como aperitivo ou vinho de sobremesa.

Límpido e com uma tonalidade ruby,

deve servir-se a 16 ou 18ºC.

74 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

| patrícia alves tavares

ESPUMANTE ESPORÃOAroma fi no, mineral e complexo

com notas de bolacha e avelãs, este

espumante é ideal para refeições tipo

fois-gras e peixe fumado, bem como

para acompanhar frutos secos. Deve

servir-se entre os 7 e 10ºC.

VINHA DA DEFESA(Branco)

De aspecto límpido e cristalino, é

bom para acompanhar desde saladas

compostas até peixes grelhados

e sopas de peixe mediterrânicas,

passando pelas pastas e raclettes.

PRIVATESelection (Branco)É um vinho complexo e encorpado, cheio,

cremoso, com bom equilíbrio e persistência

na boca. Deve servir-se a 10 ou 12ºC.

ESPORÃOReserva (Branco)Este néctar intenso é o ideal para acompanhar

pratos de bacalhau frito até carnes brancas

grelhadas, passando pela elegância do pato com

laranja. Deve consumir-se entre os 10 e 12ºC.

PRSeÉ um

crem

na b

VINHOS & CA.

ESPReseEste néc

pratos d

grelhada

laranja.

ADEGA VELHAAguardente

De cor âmbar e aspecto límpido, esta Adega Velha apresenta um

bouquet complexo e harmonioso, lembrando o aroma de bagas e

fl ores silvestres, envolvido por uma sensação delicada de aroma.

Page 77: Angola'in - Edição nº 10

75 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

QUINTA DO PORTALGrande Reserva

Possui um perfi l aromático muito complexo, onde se apercebem os frutos

maduros, impressões doces e um elegante tostado. É complexo na boca.

MEANDROEste vinho oferece

um muito bom

compromisso de

equilíbrio na boca. Tem

notas de fruto maduro

com leve baunilha, tudo

certo e arrumado com

carácter duriense.

QUINTA DE CIDRÔReserva Cabernet

Sauvignon /Touriga NacionalÉ um vinho muito profundo, vinoso,

cheio de aromas e sabores a fruto preto,

baunilha e chocolate. É perfeito para

pratos de carne, pastas e queijos fortes.

ROYAL OPORTO 10 Anos

Este produto apresenta aromas e sabores

primários, típicos dos vinhos jovens, pelo

que desenvolve um vasto leque de subtis

nuances torrados e complexados. Deve

ser consumido a 16ºC.

EVELGrande Escolha (Tinto)Este vinho apresenta uma cor rubi

intensa. Ideal para carnes e queijos

fortes, este néctar é servido à

temperatura de cave.

QUINTA DE CIDRÔReserva ChardonnayApesar da complexidade, este produto

possui um aroma exuberante a baunilha,

madeira amanteigada e frutos crus.

Quando provado destacam-se os sabores

a pêssego, alperce, madeira torrada e

especiarias.

PORCA DE MURÇAReserva (Tinto)Aroma complexo que integra

harmoniosamente a baunilha da madeira

e frutos vermelhos da uva. Vinho de cor

ruby, límpido e brilhante.

Page 78: Angola'in - Edição nº 10

| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.76

DONA MARIAReserva

Este vinho de cor rubi retinta e aroma limpo, rico em

frutos silvestres, deve abrir-se de preferência duas

horas antes do consumo, servindo-se entre 18 e 19ºC.

QUINTA DO MONTE D’OIRO

De um rubi/ negro profundo, este vinho

apresenta um majestático bouquet, de

onde sobressaem notas de ameixas pretas

e especiarias exóticas.

QUINTA DE PANCASReserva Touriga NacionalDe cor vermelho cereja e granada opaco, este vinho

apresenta um aroma complexo e profundo com

notas de ameixa, fi go e especiarias.

MARQUÊS DE MARIALVAAguardente Vínica Velha Esta aguardente de cor âmbar

cristalina, é muito complexa,

onde se destacam as notas de

frutos secos, como avelã, noz

e fi go. Deve servir-se como

digestivo e em balão aquecido.

QUINTA DO PORTAL

AuruIdeal para ser desfrutado numa

altura especial, é considerado a

segunda melhor versão deste

ex-líbris. Pode ser incluído na

dieta vegetariana e servir-se

entre 16 e 17ºC.

MDAVEs

cr

on

fr

e

di

Idea

altu

CASA DOS ZAGALOSRico e equilibrado, este

vinho alentejano possui

uma óptima acidez, com

aromas complexos de

frutos vermelhos, integrado

com notas de tostados e

especiarias.

QUINTA DO MOURODe cor granada intensa, este vinho inicia-se no

paladar com uma maciesa e untuosidade, onde

se distingue uma riqueza de fruta madura, que é

conjugada com um equilíbrio perfeito.

VINHOS & CA.

CZRi

vin

um

ar

fru

co

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Ono

de

é

o.

Page 79: Angola'in - Edição nº 10

77 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

CEM AMIGOSReservaÉ perfeito para acompanhar pratos elaborados de cozinha

mediterrânica, pastas e queijos. Deve servir-se entre os 16 e 18ºC.

CEM AMIGOSEste néctar destaca-se pelo seu equilíbrio e estrutura suave. É a

escolha ideal para acompanhar refeições de carne branca, pastas

e queijos suaves. Serve-se entre os 16 e 18ºC.

PRIMAVERA BAIRRADA

É a escolha certa para

acompanhar carnes

vermelhas grelhadas

ou com molhos e refeições

de caça e queijos fortes.

Possui um sabor frutado,

robusto e persistência.TAPADA DE COELHEIROSGarrafeiraCheio, boa estrutura, taninos

vigorosos, com um fi nal muito

persistente. É um vinho de cor rubi

intenso. Uma boa sugestão!

CONVENTUALÉ uma boa escolha para pratos de caça e queijos de ovelha.

Equilibrado e aveludado, tem notas de frutos maduros.

VIPElegante e de acidez equilibrada, este néctar apresenta

um aroma rico em frutos vermelhos, destacando-se os

sabores da ameixa e framboesa. Serve-se entre 16 e 18ºC.

IPenta

se os

8ºC.

Page 80: Angola'in - Edição nº 10

| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.78

FLAMINGOVerde RoséO vinho produzido por esta casta

apresenta-se num rosé límpido, frutado e

de sabor persistente. Possui notas doces

e é detentor de agradável qualidade.

FLAMINGO Verde Branco

Jovem e fresco, este vinho, de

cor citrina, destaca-se pela

elegância, leveza e equilíbrio de

aromas penetrantes.

DÃO MEIA ENCOSTATintoEste néctar de cor rubi, destaca-se pelo

aspecto límpido e acompanha na perfeição

pratos de caça, assados e queijos curados.

MORGADO DE STA. CATHERINA

Vinho branco, de tom amarelo citrino,

destaca-se pela frescura, mineralidade

e persistência aromática. Recomendado

para pratos de marisco, carnes brancas e

queijos de pasta mole.

FLVeO vin

apre

de sa

e é d

aro

DTE

a

p

para prato

VINHOS & CA.

MARQUÊS DE MARIALVAReservaEste espumante branco destaca-se pela

frescura e mineralidade, sendo uma boa

escolha para aperitivo ou para frutas e

saladas. Deve ser servido entre os 6 e 8ºC.

PORTO SOALHEIRA

10 AnosMacio, com frutos

secos e um fi nal doce

e persistente. Oferece

um aroma com um

envelhecimento

prolongado em madeira e

ligeiramente frutado.

LELLOTinto

Óptima combinação com

pratos de carne, caça, enchidos

e queijos, o Lello deve estar a

uma temperatura entre os 16

e 18ºC. É um vinho com aroma

intenso a frutos vermelhos.

Page 81: Angola'in - Edição nº 10

79 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

GATO NEGROCabernet Sauvignon

Este vinho, de cor rubi escura,

apresenta-se cheio de aromas de frutos

vermelhos, tais como aromas, cassis

e cerejas, que se fundem na perfeição

com notas de baunilha e coco.

GATO NEGROSauvignon Blanc

Néctar de cor ligeira verde-amarelado, bastante

refrescante, com aroma a ervas e frutos, como

folhagem de tomate, uva, ananás e manga.

TAPADA DE COELHEIROSÉ uma boa opção para

mariscos e peixes

De sabor amanteigado e

complexo, tem boa acidez e

frescura.

VINA MAIPOCabernet Sauvignon/ MerlotPossui um aroma a frutos cristalizados e

ameixas vermelhas, com notas de chocolate.

Na boca revela toda a sua essência, revelando

bom corpo e taninos harmoniosos.

VINANTIACollectionÉ um vinho profundo e de cor rubi

escura. Apresenta um potencial de

envelhecimento de uma década.

LEOPARD’S LEAPCabernet Sauvignon

Para apreciadores de frutos silvestres, o

Leonard’s Leap possui aromas ricos de

ameixa e amora, com um toque suave de

café e caramelo.

VINA MAIPOReserva Cabernet

SauvignonDe cor vermelho cereja e granada

opaco, este vinho apresenta um aroma

complexo e profundo com notas de

ameixa, fi go e especiarias.

Oon

ura,

tos

ssis

ção

oco.

Page 82: Angola'in - Edição nº 10

GOURMET

boeucc,

O histórico restaurante de Milão é muito fá-

cil de descobrir e encanta quem o visita, que

acaba invariavelmente por lá voltar. Situado

no majestoso palácio Belgioioso, o Boeucc

apresenta-se como um local elegante e dig-

no dos clientes mais exigentes, pois neste

restaurante é possível degustar uma cozinha

lombarda e clássica, com uma enorme varie-

dade de carnes e peixes. A lista de vinhos vai

de encontro à qualidade das elaboradas refei-

ções. Tudo pelo preço mínimo de 62 USD por

pessoa.

Com mais de 300 anos de vida, o Boeucc en-

contra-se no ‘top ten’ dos melhores restau-

informações úteis

Morada: Piazza Belgioioso,

2, 20121 Milão.

Site: www.boeucc.it.

Contactos: 02 76 02 02 24 |

02 76 02 28 80.

Parque: possui parque

de estacionamento privado.

Preço médio: 62 USD.

Encerra: aos Sábados

e Domingos ao almoço

rantes do mundo. L’Antico Ristorante Boeucc

é o mais antigo de Milão e originalmente era

uma bodega. Actualmente, foi transforma-

do num espaço moderno e atraente, com a

particularidade de oferecer autêntica comida

milanesa, pelo que não deve perder as espe-

cialidades italianas, como a salada de toma-

tes, a mozarela de Búfala e azeite de oliva e o

presunto de Parma com melão.

No Verão, desfrute a sua refeição na espla-

nada da varanda. No exterior aproveite a lo-

calização deste espaço fantástico e visite os

principais espaços artísticos de Milão, que cir-

cundam o Boeucc.

| patrícia alves tavares VINHOS & CA.

| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.80

Page 83: Angola'in - Edição nº 10

alain ducasse,

Cinquenta lugares e 55 funcionários com-

põem o melhor restaurante da cidade luz, Pa-

ris (França). Inaugurado em Agosto de 1996, o

espaço tem o nome do seu proprietário, Alain

Ducasse, um reputado chef francês e situa-se

no luxuoso hotel Plaza Athénée. Os visitan-

tes usufruem da tradicional cozinha france-

sa, cujo menu é alterado conforme a estação

do ano. Esta sinfonia parisiense, repleta de

sabores modernos e autênticos, é produto

do experiente chef Christophe Moret. Porém,

se preferir, pode criar a sua própria refeição,

através da escolha de uma enorme variedade

de pratos de diferentes regiões e culturas.

O luxo e os requintados jantares no Alain Du-

casse au Plaza Athénée não são para todas

as bolsas. Não se esqueça que é o segundo

informações úteis

Morada: 25 avenue de

Montaigne, 75 008 Paris

Contactos: +33 (0) 1 53 67 65 00

Site: www.alain-ducasse.com

Horários: Segunda a sexta-feira

para jantar das 19.45h às 22.15h

Quinta e sexta-feira para

almoço, das 12.45h às 14.15h

Encerra: Sábado e Domingo e

feriados franceses ofi ciais

Período de férias: 15 de

Julho a 15 de Agosto |

15 de Dezembro a 31 de

Dezembro (reabre na noite

de Passagem de Ano)

Dress code: Blazer/ smoking é

obrigatório e a gravata recomendada

Outros: Proibido fumar

restaurante mais caro do mundo, que inclusi-

ve recebeu três estrelas no famoso guia Mi-

chelin. As refeições mais acessíveis rondam

os 231 USD por pessoa. A localização na ave-

nida Champs-Élysées e a vista para a Torre

Eiffel dão o toque fi nal a um espaço onde se

reúnem no mesmo universo a arte, o teatro,

o glamour e a gastronomia. O restaurante e

respectivo hotel são símbolos de luxo, mo-

da e arte, ponto de passagem para indivídu-

os de classe e com muito poder de compra.

Elegante e clássica, a equipa comandada pe-

lo maître Denis Courtiade usa uniformes de-

senhados por Georges Feghaly, pelo que é

conveniente vestir roupas formais. O blazer/

smoking é obrigatório e a gravata altamente

recomendada.

81 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

Page 84: Angola'in - Edição nº 10

GOURMET

d.o.m.

O sugestivo nome deste restaurante brasi-

leiro provém do latim Deo Optimo Maximo,

que signifi ca “Deus é óptimo e máximo: óp-

timo na sabedoria e máximo na bondade”.

Neste caso, a palavra “Deo” foi substituída

por “DOM”, que quer dizer “casa”. E é neste

“lar” que encontra uma gastronomia máxima

em sabores, cores, texturas e aromas. Funda-

do em 1999, o local já arrecadou os principais

prémios respeitantes à cozinha contempo-

rânea brasileira. À criatividade das refeições

junte as surpresas do bar e encontrará todos

os ingredientes para um jantar inesquecível.

O chef Alex Atala, responsável pelo espaço,

é muito conhecido no Brasil, nomeadamente

pelo seu talento particular para experimentar

informações úteis

Morada: R. Barão de Capanema,

549 Jardins – São Paulo - Brasil

Site: www.domrestaurante.com.br

Contactos: 55 (11) 3088-

0761 ou 55 (11) 3891-1311

Reservas: Sim, até às 21 horas

(confi rmadas via email ou telefone)

Para grupos superiores a 12

pessoas contacte: (11) 3088-

0761 ou (11) 3891-1311

Reservas online: eventos@

domrestaurante.com.br (de

seg. a sexta das 9h às 17h)

Horários: Almoço: 2ª a 6ª

das 12h às 15 horas

Jantar: 2ª a 5ª das 12h às 24h

6ª e sábado das 19h à 1h

Tome nota: Encerra aos domingos

Dicas: Experimente a enorme

variedade de chás e cafés, que o

D.O.M. tem para lhe oferecer

novas possibilidades gastronómicas, a partir

das bases dos ingredientes brasileiros. De-

fensor acérrimo do que é nacional, neste res-

taurante terá certamente a oportunidade de

fi car perito em culinária brasileira, conhecen-

do o que de melhor se confecciona no país. O

D.O.M. cativa os seus visitantes pelo design,

que relembra o modernismo clássico, onde se

fundem linhos, pratas, madeira de lei e cris-

tais. O requinte deve-se ao arquitecto Ruy

Ohtake e ao trabalho do paisagista Gilberto

Elkis. O artista plástico Ricky Castro encarre-

gou-se de dar cor às paredes. O espaço tem a

particularidade de ser simultaneamente am-

plo e intimista. Sem dúvida, local obrigatório

de passagem para quem visita o Brasil.

VINHOS & CA.

| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.82

Page 85: Angola'in - Edição nº 10
Page 86: Angola'in - Edição nº 10

desmistifi car o vinho

Convidaram-me para escrever uma coluna so-

bre vinho. Desafi o que aceitei com todo o en-

tusiasmo, mais pelo facto de ter experiência na

prova de vinhos, do que na redacção da mes-

ma, o que também me deixou algo nervoso e

sem a certeza dos assuntos que deveria abor-

dar. Nesta minha vida de enólogo, que leva 22

anos, várias vezes, amigos e conhecidos desa-

bafaram comigo a medo, por gostarem muito

de vinho, mas não se sentirem sufi cientemen-

te à vontade com o vocabulário utilizado por

especialistas. Por regra digo, numa perspecti-

va pragmática, que a linguagem não é o mais

importante, mas sim a percepção que têm do

vinho e se efectivamente gostam dele ou não.

Claro que me apercebo que não acreditam de

facto nas minhas palavras e por vezes ques-

tionam porque lhes estarei a fazer uma reco-

mendação de tal ordem. Pois foi exactamente

a pensar nestas questões que resolvi escrever

sobre a desmistifi cação do vinho.

‘A prova de um vinho é sempre um acto pessoal e subjectivo’

Deste modo, espero ajudar alguns iniciados

enófi los num mundo no qual a linguagem téc-

nica se tornou cada vez mais complexa e inibi-

dora e que despoleta receios no momento de

provar e comentar um vinho. Comecemos por

traduzir o signifi cado de alguns termos que,

para muitos naturalmente serão familiares,

mas que para outros são algo estranhos.

Antes de iniciar, questiono – será que sem a

utilização destes termos não se deve provar ou

avançar para um comentário sobre um deter-

minado vinho? Claro que não! A prova de um

vinho é sempre um acto pessoal e subjectivo.

Com a aprendizagem do vocabulário utilizado

para descrever um vinho é possível encontrar

uma linguagem comum, de forma a que todos

se entendam. No entanto, de modo algum o

desconhecimento deste vocabulário poderá

impedir que se prove, se comente e se partilhe

as sensações de prova de um vinho.

Passo então à “tradução” de alguns termos vínicos, utilizados repetida-mente por enólogos e especialistas do vinho em situação de prova:

Adstringente – vinho com tanino, que cau-

sa sensação de boca seca ou como aquela que

é causada por frutas ainda verdes;

Aroma – odor libertado pelo vinho;

Bouquet – aromas terciários do vinho que re-

fl ectem sensações olfactivas que o mesmo de-

senvolve depois de engarrafado e envelhecido;

Curto – Vinho que não tem um sabor prolon-

gado e termina rapidamente;

Boca cheia – vinho com uma grande textura

e com sabores que enchem a boca;

Decantação – passagem lenta de um vinho

da garrafa para um recipiente de vidro – decan-

ter. Serve para separar sedimentos do vinho ou

para arejamento do mesmo;

Encorpado – vinho com um sabor rico, re-

dondo e sem arestas;

Enófi lo – pessoa que aprecia e estuda os vinhos;

Enólogo – especialista da ciência do vinho e

do processo de vinifi cação;

Gosto de rolha – transmitido por um com-

posto denominado TCA (tricloroanisol), que dá

ao vinho uma aroma de mofo;

Monocasta/Vinho Varietal – Vinho feito

a partir de uma só casta, de um só tipo de uva;

Tanino – substância natural encontrada no

vinho, transmitida pelas grainhas, películas

e engaços que transmite uma sensação ads-

tringente.

84 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

| luís duarte VINHOS & CA.

artigo de opinião ã d b l

A SABER...

Luís Duarte começou a sua actividade profi ssional

na Herdade do Esporão (Portugal) em 1987 com o

arranque do projecto, tendo sido enólogo e director

de produção durante 18 anos. Esteve ligado à cria-

ção e lançamento de grandes marcas de vinhos do

Alentejo, como por exemplo Herdade do Esporão,

Monte Velho e Vinha da Defesa, no projecto Her-

dade do Esporão. Desempenhou também funções

como consultor de enologia em outros projectos

como a Quinta do Mouro, a Herdade Grande, a Her-

dade da Malhadinha, a Herdade São Miguel, a Her-

dade das Servas e a Dona Maria. Esteve ainda ligado

como consultor de enologia à criação do projecto

“Enoforum”, desenhado para o mercado externo e

que reúne a associação de seis adegas cooperativas

do Alentejo, que controlam 70 % da produção na

região. Mais recentemente personalizou a gestão e

enologia da Herdade dos Grous, um dos projectos

de maior referência do Alentejo, com um soma-

tório inigualável de vinhos premiados num curto

prazo de tempo. A partir de 2007, inicia um novo

projecto em parceria com Alexandre Relvas e Fili-

pe de Botton, assente na construção de uma adega

“state of the art” com capacidade para vinifi car 2.5

milhões de garrafas e lança para o mercado vinhos

com as marcas Cem Amigos e VIP que já se encon-

tram a ser comercializados no mercado angolano.

Foi o único enólogo português a ter sido distingui-

do duas vezes (a última das quais em 2007) como

“Enólogo do Ano” pela Revista de Vinhos, a publi-

cação especializada de referência em Portugal

Page 87: Angola'in - Edição nº 10

85 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

VINHOS & CA. | wilson aguiar

Festas com sabores tradicionais

Wilson Aguiar sugere:

Olá meus amigos!

A época das festas de fi nal de ano está a

chegar e as ocasiões convidam a que to-

da a família se junte para celebrar o Na-

tal e a Passagem de Ano. As refeições

são mais elaboradas e preparam-se as

melhores iguarias para presentear os

convidados.

A receita que vos sugiro para este perí-

odo tão especial tem no bacalhau o seu

principal elemento. Aliás, na maioria das

culturas, este é o alimento mais simbó-

lico desta época. Assim preparei para

vocês uma refeição única que recorre

ao peixe para criar um ambiente de re-

quinte e unir a família e amigos através

de um prato saboroso e elaborado co-

mo manda a tradição. Para acompanhar

escolha um bom vinho. E, claro que não

pode faltar a sobremesa, composta pela

doçaria típica da sua região.

A fi nalizar, desejo-vos um Bom Natal e

óptimos cozinhados!

Espero-vos no próximo ano, prometen-

do apresentar os múltiplos sabores afri-

canos, com novas receitas.

VOTOS DE UM EXCELENTE 2010!

IINGRREDIEENTEEES

Bacalhau-1,5kg

Batata-pré frita- 500gs

Gambas-1,5gs

Natas-1pacote

Leite- 1 pacote

Farinha trigo q.b

Queijo parmesão ralado q.b

Ovos - 4 uns

1 frasco de Mostarda

Azeite extra-virgem q.b

Azeitonas pretas

1 Lagosta

2 grandes cebola picada

Pimenta moída fresca

Alho picado q.b

200grs Manteiga

MMODO DDE PREEPARAÇÇÇÃO

Comece por refogar o bacalhau desfi ado com

a cebola e o azeite extra-virgem. Acrescente

o alho e deixe refogar bem o bacalhau. Logo

que esteja tudo refogado, acrescente a batata

já frita e conserve enquanto prepara o molho

bechamel. Junte o molho ao preparado, rectifi que

os temperos e leve ao forno, num tabuleiro

apropriado. O marisco serve para decoração. Use

as gambas e a lagosta para decorar este prato e

leve também ao forno, após cobrir tudo com queijo

ralado para gratinar.

CCOMO PPREPARRAR O O MMOLHOO BECHAAMEL

Se possível reserve a água da cozedura do

bacalhau. Se este não estiver muito salgado,

poderá aproveitar a água para este molho. Noutro

tacho coloque a manteiga e deixe alourar. Em

seguida, deverá adicionar a farinha de trigo

(aproximadamente 200grs) e deixe puxar este

refogado. Pouco a pouco, acrescente a água do

bacalhau e deixe cozer devagar e em lume brando.

Se houver necessidade de se aumentar, acrescente

leite e deixe o molho fi car espesso.

Bom apetite!

Page 88: Angola'in - Edição nº 10

“embaixador” da música nacional

86 | ANGOLA’IN · PERSONALIDADES

PERSONALIDADES | manuela bártolo

Filho do célebre guitarrista “Riquito”, Yuri da

Cunha revelou o talento para a música ainda

na infância. Com três discos editados, o artista

angolano mostrou na Europa a qualidade dos

sons nacionais, que atraem fãs de todas as

idades. O cantor, natural do Kwanza Sul, con-

seguiu com 28 anos fazer a abertura do concer-

to de Eros Ramazzotti, estando para breve um

dueto. De passagem por Portugal para apadri-

nhar as comemorações da Independência de

Angola, o músico confi denciou à Angola’in as

alegrias desta nova fase da sua carreira.

Qual o signifi cado de estar em Portugal a celebrar o aniversário da Independência de Angola?Gostaria de fazer isso em todos os países on-

de existe a comunidade angolana porque para

mim tem um signifi cado muito grande: é o en-

contro entre os angolanos que se separaram da

terra por difi culdades. Muitos estão aqui por-

que houve necessidade de emigrar. Hoje, mui-

tos regressam. Eu venho ter com os que não

conseguem voltar. Signifi ca a aproximação, o

amor e o reencontro entre os angolanos.

A sua carreira está a catapultar. Actuou com Eros Ramazzotti...Como tem lidado com este êxito?É tudo novo para mim. É um outro mundo.

O Eros Ramazzotti tem uma dimensão muito

grande e ainda estou a digerir esse encontro

com o público dele.

Como tem sido essa junção cultural de sonoridades tão distintas?Eu faço a abertura do show. Ainda não come-

çamos a fazer os duetos. Temos que ensaiar

bem. Ele tem uma equipa muito profi ssional.

Em breve vamos começar. Mas a minha vinda

a Portugal faz-me sentir mais feliz, pois ana-

lisando o povo para quem eu tenho cantado

ultimamente vejo que eles vibram, dançam,

mas não conhecem as músicas. Encontrar-

me com as pessoas que cantam e conhecem

a minha música foi muito bom para sentir

esse calor, como se vivesse em Angola.

Onde vai buscar a inspiração? No angolano, no dia-a-dia do Mwangolé, que

é de onde venho. Por exemplo, digo que sou

fã número zero do Bonga. Sou angolano e

vou à busca de inspiração nele e no dia-a-dia

de cada cidadão. Procuro trazer isso para o

palco para depois poder mostrar ao mundo.

Considera-se um cantor da nova geração ou intemporal?Quero fazer uma carreira muito longa, cheia

de saúde e para isso é preciso que eu faça

músicas para todas as idades e para todos os

tempos, que permaneçam para todo o sem-

pre. Não me insiro no mundo como um cantor

da juventude, mas sim do tempo que aí vem.

‘Defendo que temos de fazer música global. É importante que tenhamos em atenção a nossa própria identidade’

A produção artística e cultural em Angola tem crescido. Tem sentido que há cada vez mais apoios?Tem crescido muito. Falta ainda bastante para

atingirmos os grandes palcos. Carecem infra-

estruturas, salas para espectáculos, material

profi ssional sofi sticado e moderno para os

shows e principalmente os recursos huma-

nos qualifi cados que vão operar esse material.

Ainda nos falta isso. Mas passo a mensagem

aos meus compatriotas: estamos num mo-

mento de aprendizagem, vamos ser humildes

e aceitar que ainda não sabemos e vamos dei-

xar que os outros nos venham ensinar.

Acredita que as novas gerações vão respeitar a raiz cultural ou a tendência é para globalizar? Defendo que temos de fazer música global.

Mas é importante que tenhamos em atenção

a nossa própria identidade. Devemos explorar

o que é nosso e mostrar ao mundo aquilo que

realmente somos. Defendo o poder da lusofo-

nia. Acho que os angolanos têm uma afi nida-

de com os portugueses.

Quais os seus projectos para 2010?Temos a continuação da tournée com o Eros

Ramazzotti. Estou a fazer um projecto de res-

gates culturais da música angolana. De se-

guida vamos fazer espectáculos e lançar uma

escola com o apoio de vários patrocinadores.

Vou simplesmente arranjar o valor. Com o no-

me e a imagem que tenho cabe-me encontrar

as condições para construir essa escola social,

que visa ajudar as crianças.

Qual a mensagem que gostaria de deixar para o próximo ano?Espero que os angolanos acreditem em An-

gola. As coisas não acontecem de repente.

Vamos ter calma. Em vez de apontar os de-

feitos dos outros, vamos tentar arranjar solu-

ções para juntos erguer o país. No CAN vamos

apoiar a nossa selecção, mas antes de tudo

apoiar todas as equipas, recebendo-as bem,

tratando bem os outros cidadãos, mostrando

que temos uma educação.

Yuri da Cunha

Page 89: Angola'in - Edição nº 10

59 LUXOS · ANGOLA’IN |

LUXOS

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REV

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