adesão ao pré-natal- a reprodução de um conceito · gestantes a aderir ao programa de...

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM E FISIOTERAPIA CURSO DE ENFERMAGEM ADESÃO AO PRÉ-NATAL: A REPRODUÇÃO DE UM CONCEITO Orientadas: Milena Sales Costa Thais Oliveira Sousa Orientadora:Profª. Ms. Maria Aparecida da Silva Goiânia 2002

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM E FISIOTERAPIA

CURSO DE ENFERMAGEM

ADESÃO AO PRÉ-NATAL: A

REPRODUÇÃO DE UM CONCEITO

Orientadas: Milena Sales Costa

Thais Oliveira Sousa

Orientadora:Profª. Ms. Maria Aparecida da Silva

Goiânia 2002

2

MILENA SALES COSTA

THAÍS OLIVEIRA SOUSA

ADESÃO AO PRÉ-NATAL:

A REPRODUÇÃO DE UM CONCEITO

Monografia apresentada ao Curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Católica de Goiás como requisito parcial para a obtenção do título de Graduação em Enfermagem.

Orientadora:Prof. Ms. Maria Aparecida da Silva

GOIÂNIA 2002

3

Dedicamos este trabalho aos nossos pais, familiares e

amigos pela compreensão, ajuda e incentivo nesta árdua

caminhada.

4

AGRADECIMENTOS

Nossa Gratidão à Deus, que nos guia na estrada da vida dando-nos inteligência, paciência e saúde para podermos realizar nossos sonhos. À nossa orientadora professora Ms. Maria Aparecida da Silva, pela paciência e dedicação com que nos mostrou o prazer de realizar esta pesquisa. Às gestantes que gentil mente aceitaram compartilhar seus pensamentos e conceitos possibilitando, assim, a compreensão do objeto de estudo. À Unidade de saúde que contribuiu para o desenvolvimento desta pesquisa, ao permitir o contato com as participantes da pesquisa.

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SUMÁRIO

RESUMO

1 – INTRODUÇÃO .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... 07

1.1. O problema de estudo .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07

2 – FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS... . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 11

2.1. Pesquisa qualitativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.2. Representações sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.3.Pesquisa de campo ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.3.1. Local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.3.2. Sujeito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.3.3. Instrumentos da co leta de informação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.3.4.O processo de análise das entrevistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3-ADESÃO DO PRÉ-NATAL: A REPRODUÇÃO DE UM CONCEITO.. 17

3.1.Apresentação das participantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.2.As representações sobre o pré- natal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.3.Os motivos de adesão ao programa de pré- natal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.4.O significado do acolhimento no pré- natal . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4-CONSIDERAÇÕES FINAIS .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

5-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

6-ANEXOS .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

A-Solicitação de autorização de pesquisa

B- Autorização do comitê de ética

C-Termo de cosentimento livre e de esclarecimento

D- Ficha de Informação Complementar

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RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo compreender os motivos que levam as gestantes a aderirem ao programa de pré-natal através das suas representações culturais, sociais e familiares. O estudo tem caráter qualitativo com enfoque das representações sociais. As informações foram obtidas por meio de entrevistas semi-estruturadas com gestantes que aderiram ao programa de pré-natal em uma unidade básica de saúde de Goiânia, no mês de março de 2002. A análise do material obtido possibilitou o surgimento de três categorias temáticas, através das quais foi possível desvelar que um dos motivos que levam as gestantes a aderir ao programa de pré-natal são as concepções e conceitos sobre o pré-natal que outras pessoas têm e que são reproduzidas socialmente, através do senso comum. Esta pesquisa revelou-nos, também, a importância do acolhimento da gestante no programa pelos profissionais de saúde.

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1 – INTRODUÇÃO

1.1. O problema de estudo

O desejo de fazer o curso de enfermagem, sempre se fez presente no nosso

sonho. Além disso, sempre existiu, também, uma certa curiosidade em relação à gravidez

e o seu desenvolvimento. Ao iniciar o curso, o que era desejo se transformou em realidade.

Ao realizarmos o estágio em obstetrícia, podemos perceber que a gravidez

estava inserida em um contexto maior e, a partir daí, o nosso encanto pela área ganhou

formas e significados mais definidos. Neste estágio, tivemos contato direto com gestantes

pelo fato de estar desempenhando atribuições de enfermagem no programa de pré-natal, o

que nos motivou a aprofundar o conhecimento sobre o pré-natal e sua importância na vida

da gestante.

Observamos, nesse período, que havia uma grande demanda e que esta

demonstrava interesse e assiduidade no programa, ou seja, as gestantes participavam das

palestras e compareciam às consultas sem falta e com grande interesse. Por isso,

começamos a nos questionar o que levava aquelas mulheres a procurarem esse tipo de

atendimento.

De acordo com BRASIL (1985), o pré-natal na sua essência:

“Constitui um conjunto de procedimentos clínicos e educativos com o objetivo de promover a saúde e identificar precocemente os problemas que possam resultar em risco para a saúde da gestante e o concepto”. (BRASIL, 1985: 19-20)

8

No entanto, nem sempre o programa de pré-natal é visto dessa forma, já que ele

é relativamente novo no campo da medicina e da enfermagem.

Segundo GALLETA (2000), o pré-natal foi instituído no início do século XX e

chegou ao Brasil por volta das décadas de 20 e 30 e só se estabeleceu no pós guerra. Neste

período, pensava-se na mulher, em diminuir os agravos para sua saúde, sem se pensar no

feto. Nos anos 50 e 60, com a diminuição das taxas de morte materna, começou a

preocupação, decididamente, com o feto e sua saúde. Assim, com os avanços tecnológicos

e sociais, o pré-natal constituiu-se e se firmou, transformando-se na prática assistencialista

que acontece hoje.

Segundo OSAVA & TANAKA (1997), em termos históricos, a enfermagem

sempre esteve presente no acompanhamento e avaliação de mulheres em período

gestacional, vista que a enfermeira exerce papel fundamental na realização de parto e vem

recebendo várias designações no decorrer dos anos como parteira, obstetriz e enfermeira

obstetra.

Para ZIEGEL (1985), a enfermagem perinatal, em substituição à enfermagem

obstétrica, representa o termo mais recente para designar uma área especializada de

enfermagem materno- infantil. Esta área se concentra no diagnóstico e no tratamento das

respostas, tanto fisiológicas quanto psicossociais de todas as famílias, à procriação que se

estende desde o planejamento da gravidez até os três primeiros meses após o nascimento

da criança.

Pelo que foi descrito nos trechos anteriores e o que foi evidenciado por nós,

percebemos que a enfermeira tem um estreito contato com as gestantes e suas

preocupações no periodo gestacional. Nesse sentido, o Ministério da Saúde, no texto

9

assistência pré-natal do Manual Técnico, alerta que:

“...a adesão das mulheres ao pré-natal está relacionado com a qualidade da assistência prestada pelos serviços e pelos profissionais de saúde, o que, em última análise, será essencial para a redução dos elevados índices de mortalidade materna e perinatal, verificada no Brasil”. (BRASIL, 2000:09)

Segundo NEME (2000), o caráter preventivo do pré-natal é fundamental para

diminuir os índices de mortalidade materna e perinatal, pois um pré-natal bem feito previne

patologias, tais como anemias, doenças hipertensivas gestacional (pré-eclampsia,

eclampsia); também favorece o preparo psicológico para o parto, além de garantir a

perfeita estruturação do organismo fetal, prevenção do abortamento e o risco de parto

prematuro e óbito perinatal dentre outras vantagens.

No sentido da prevenção, esse mesmo autor ressalta:

“A instalação da prenhez representa razão obrigatória para exigir que as pacientes procurem assistência médica. Nessas condições, ao salientar a importância da segurança fetal, o tocólogo1 sensibiliza as gestantes, que se tornam receptíveis, a ser assíduas em suas visitas médicas e a atender as recomendações dietéticas e terapêuticas, mesmo quando incômodas”. (NEME, 2000: 118)

Esse autor destaca a importância do pré-natal para a mãe e para o bebê, mas a

1 Tocólogo, significa parteiro ou obstetra – segundo o dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 11ª ed., 10ª tiragem, Francisco da Silveira Bueno, Rio de Janeiro:FAE, 1986, pág. 1127.

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nossa preocupação reside no fato de compreender quais os motivos que levam a mulher a

aderir ao pré-natal uma vez que pressupomos, que algumas delas aderem ao programa por

recomendação médica e não espontaneamente, por exemplo. Assim, perguntamos: Quais

são os motivos que levam as mulheres a aderirem, com tanto interesse, ao programa de

pré-natal? Será que elas conhecem a importância do programa? Será que aderem ao

programa por indicação médica? Que outro motivo as levariam à adesão ao pré-natal?

Assim, esses questionamentos nos impulsionaram a buscar compreender os

motivos que levam as gestantes a aderirem ao programa de pré-natal, por meio das

representações culturais e subjetivas, incluidas no comportamento delas para

aderirem ou não ao programa.

Com esse estudo, esperamos contribuir para uma melhor assistência à gestante,

bem como melhorar os níveis de informações sobre o pré-natal e, assim, contribuir com a

equipe de enfermagem desta área, no esclarecimento das dúvidas relacionadas á gestante e

ao pré-natal assim como mostrar aos profissionais a importância de sua assistência a essa

população.

Acreditamos que esta pesquisa responda a questionamentos que possam ser

úteis aos profissionais dessa aréa a fim de que melhorem e aperfeiçoem o programa de pré-

natal, a partir da visão do objeto encontrado no grupo participante desta pesquisa.

11

2 – FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

2.1. Pesquisa qualitativa

Ao buscar a compreensão deste objeto de estudo, encontramos na pesquisa

qualitativa as características básicas que correspondem a esse tipo de estudo, uma vez que

a pesquisa qualitativa tem por princípios privilegiar a consciência do sujeito e entender sua

realidade social como uma construção humana, buscando, assim, as explicações dos

fenômenos.

Segundo TRIVINÕS (1987), vários autores entendem a pesquisa qualitativa

como uma expressão genérica e compartilham o ponto de vista de que ela tem suas raízes

nas práticas desenvolvidas pelos antropólogos e, em seguida, pelos sociólogos em seus

estudos sobre a vida em comunidade.

Dessa forma, podemos dizer que a pesquisa qualitativa é um entender e não um

mensurar, ou seja, ela busca a essência do fenômeno através da compreensão, observação e

pesquisa dos mesmos. Portanto, este estudo está centrado na pesquisa qualitativa cujo

objetivo é compreender os motivos (reações, emoções e significados) que levam a mulher a

aderir ao programa de pré-natal.

2.2. Representações sociais

Para compreendermos os motivos que levam a mulher a aderir ao programa de

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pré-natal, fundamentamos nosso estudo no enfoque das representações sociais, pois elas

são construídas nas interações cotidianas entre as pessoas.

Segundo MINAYO (1992), representação social é um termo filosófico que

significa a reprodução de uma percepção retida na lembrança ou no conteúdo do

pensamento. Ressalta ainda a autora que, nas ciências sociais, as representações são

definidas como categorias de pensamento que podem ser entendidas como ações e

sentimentos que expressam a realidade em que vivem as pessoas, servindo para

explicarem, justificarem e questionarem a realidade. São elas: manifestações em palavras

mediadas pela linguagem que é considerada forma de conhecimento e intervenção social.

Segundo a mesma autora, as representações sociais são consideradas “matéria

prima” numa pesquisa qualitativa para análise do social, pois retratam a realidade segundo

determinado segmento da sociedade.

2.3. Pesquisa de campo

2.3.1. Local

Esta pequisa foi realizada no município de Goiânia-Goiás, no mês de março de

2002 com gestantes que aderiram ao pré-natal em uma unidade básica de saúde deste

município. Após solicitação (ANEXO A) e autorização pelo Comissão de Ética (ANEXO

B) para realização deste estudo, foi feito contato inicialmente com esta unidade de saúde

(da rede municipal de saúde) para permitir que fosse feito o convite às gestantes (que

aderiram ao pré-natal) a fazer parte da pesquisa como sujeito a ser entrevistado.

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2.3.2. Sujeito

Os sujeitos desta pesquisa foram gestantes primíparas independentes da idade

gestacional, cor, classe social ou escolaridade, considerando-se, apenas, a procedência que

deveria ser de Goiânia, uma vez que fora desta área de abrangência poderia inviabilizar a

realização da entrevista. Tais gestantes deveriam estar cadastradas no programa de pré-

natal da unidade de saúde citada.

2.3.3. Instrumento de coleta das informação

O instrumento de coleta das informações foi a entrevista individual semi-

estruturada que continha questões norteadoras sobre o assunto.

Optamos pela entrevista porque ela permite ao entrevistado a livre expressão

de suas ideias, seus conceitos e suas representações.

Segundo TRENTINI (1999), a entrevista é uma conversa na qual dois

elementos são fundamentais: o pesquisador e o entrevistador e se caracteriza por meio de

fazer perguntas e de ouvir o outro, obtendo, assim, informações e constituindo uma

interligação com o outro.

As entrevistas, geralmente, têm um aspecto formal, pois determinam-se data,

horário e local combinados a priori, com entrevistador e entrevistado, sendo sua duração

dependente da interação entre o pesquisador e o entrevistado.

14

Fez-se o registro das informações por via de gravações em fita K7, mediante

autorização do entrevistado que assinou um termo livre e esclarecido (ANEXO C) de

acordo com as orientações da lei 196/96 e acompanhada de observações gerais sobre o

entrevistado no momento do depoimento.

As entrevistadas que aceitaram participar da pesquisa foram esclarecidas sobre

o objetivo e a finalidade deste estudo e que também teriam seu nome, endereço e telefone

em sigilo e no anonimato.

Assim propusemos como questões norteadoras:

1- O que você entende por pré-natal?

2- Por que você procurou o programa? (Qual o motivo?).

3- Qual o significado do programa para você?

4- O que espera do pré-natal?

5- Como você vê a equipe de enfermagem que atua no pré-natal?

O número de entrevistas não foi definido a priori e o critério de encerramento

da coleta de informações aconteceu mediante a saturação dos dados2, quando novos

depoimentos não foram mais incluídos. Após coleta dos depoimentos, os mesmos foram

transcritos, na íntegra, para buscar a compreensão da experiência do grupo em relação ao

objeto de estudo.

2.3.4. O processo de análise das entrevistas

Obtidas as informações necessárias na coleta de dados, iniciou-se o processo de

análise do material de campo.

2 Sa turação de dados s igni f ica , nes ta metodologia de anál i se , a repet ição dos dados em mais de 50% dos en t rev i s t ados .

15

Com base em MINAYO (1992), existem quatro finalidades para esta fase:

estabelecer uma compreensão dos dados coletados, confirmar ou não os pressupostos da

pesquisa, responder às questões formuladas e ampliar o conhecimento sobre o assunto

pesquisado, articulando-o ao contexto cultural de que faz parte.

Dessa forma, os dados coletados foram analisados de forma indutiva através de

leitura e releitura do material, agrupando as idéias semelhantes, buscando, nos relatos, a

compreensão do objeto em estudo.

Para a análise deste objeto de estudo, buscamos referências em LÜDKE &

ANDRÉ (1996) que orientam a elaboração de categorias descritivas a partir de leituras e

releituras dos depoimentos a fim de que retirassem temas e temáticas mais freqüentes para

culminarem na construção das categorias analíticas.

Para alcançar esta finalidade, fez-se a leitura vertical, buscando o conteúdo

global de cada entrevista, seguida de leitura horizontal para fazer emergir os temas mais

abordados pelo entrevistado e, finalmente, uma leitura transversal onde as conjunções e as

disjunções de cada entrevista foram comparadas e fundamentaram a elaboração das

categorias significativas da experiência social do grupo.

Assim, através das informações obtidas nos depoimentos, foi possível

estabelecer algumas categorias, tais como:

1- As representações sobre o pré-natal;

2- Os motivos de adesão ao programa de pré-natal;

3- O significado do acolhimento no pré-natal.

16

3- ADESÃO AO PRÉ-NATAL: A REPRODUÇÃO DE UM CONCEITO

3.1. Apresentação das participantes

As entrevistas foram realizadas com gestantes primíparas, inscritas no

programa de pré-natal de uma unidade básica de saúde de Goiânia, considerando, somente,

sua procedência, sendo todas elas do município de Goiânia. As entrevistadas foram em

número de sete (07) e todas elas optaram em conceder a entrevista na própria residência o

que permitiu maior interação entre entrevistador e entrevistada.

A faixa etária das entrevistadas está entre 15 e 34 anos, e foram escolhidas,

aleatoriamente, de acordo com as fichas das gestantes, inscritas no programa de pré-natal

do citado centro de saúde. A idade gestacional estava entre o terceiro e oitavo mês, e as

atividades profissionais são diversas. O grau de escolaridade das gestantes vai do ensino

fundamental ao ensino médio, sendo que a maioria destas possui somente o ensino

fundamental incompleto.

Para garantir o anonimato das entrevistadas, estas foram denominadas de E1,

E2, E3, E4, E5, E6 e E7.

No Quadro I, podem-se verificar mais claramente as informações

complementares (ANEXO D) que mostram o perfil de cada gestante entrevistada:

17

Quadro I -Apresentação das participantes

Fonte: Informações provenientes das entrevistas, realizadas no mês de março de 2002 com as gestantes que aderiram ao programa de pré-natal na unidade de saúde citada.

Apesar de características diferentes, as gestantes têm pontos comuns que se

convergem na sua visão sobre o pré-natal, ou seja, mesmo tendo idades variadas e grau de

instrução educacional também diferentes, elas têm, em comum, os mesmos motivos que as

levaram ao programa de pré-natal como veremos nas categorias temáticas no decorrer

desse trabalho.

3.2- As representações sobre o pré-natal.

Este bloco de informações das falas das entrevistadas traz as representações

das mesmas frente ao pré-natal e, neste contexto, emergem também, as expectativas das

gestantes para com este programa, como podemos ver em alguns recortes dos

depoimentos:

Sujeitos entrevistados

Idade Estado civil Atividade

Profissional Idade Gestacional

Gravidez Planejada

Escolaridade

E1 15

anos amasiada estudante 6 meses não

ensino fundamental incompleto

E2 19

anos amasiada doméstica 3 meses não

ensino fundamental incompleto

E3 18

anos amasiada estudante 4 meses não

ensino fundamental incompleto

E4 33

anos amasiada manicure 8 meses não

ensino fundamental incompleto

E5 23

anos casada

auxiliar de enfermagem

8 meses não ensino médio

completo

E6 23

anos amasiada do lar 8 meses não ensino fundamental

incompleto

E7 34

anos solteira do lar 4 meses não ensino fundamental

incompleto

18

“Eu acho que é uma maneira de saber como está o neném, (...) maneira, também, de você saber se você tá bem se não tá (...) eu acho que ele cuida de você e da criança enquanto tá gestante (...) que a criança nasça saudável, que tipo assim, se tiver alguma coisa assim, aí eles vai saber (...) eu espero que não aconteça nada, (...) eu espero que corra tudo bem e que eles achem uma maternidade boa pra mim ganhar neném”. (E1) “(...) faz o pré-natal pra criança nascer com mais saúde (...) a gente tem que fazer pelo menos três vezes na gravidez e pelo menos seis vezes durante os nove meses, (...) é um tipo de tratamento pra mim e pro meu filho (...) espero que seja bem (...) que termine tudo bem, que eu tenha um parto normal ou cesareano”. (E2) “O pré-natal eu entendo que é pra ajudar a gestante, (...) pra saber de alguma coisa (...) pra cuidar de mim e do neném (...) porque pré-natal é bem-estar (...) espero que nasça com saúde, que dê tudo certo nas outras consultas, (...) ah! não sei não, vai me trazer muito benefício”. (E3) “(...) só sei que a gente faz todo mês pra ver como é que tá, exame, aqueles trem de rotina (...) vai lá tira alguma dúvida, muita coisa vai aprendendo (...) quero tira minhas dúvidas de muitas coisas que eu não sei (...) ah! tem tanta coisa que não sei ainda, as vezes os outros fazem perguntas eu nem sei como responder”. (E4) “(...) é acompanhamento que a mãe tem junto ao médico, pra saber do seu neném, sobre o estado de saúde dele, como ele está (...). Na hora do meu parto, eu acho que vou tá mais preparada por ser muito inexperiente (...) com orientação do médico pra mim (...) a posição que o neném tá (...) muita orientação”. (E5) “(...) acho que pra prevenir as doenças que causa no bebê, ter uma gravidez saudável, ter acompanhamento, tudo certinho (...) é acompanhar todo mês (...) uma gravidez saudável com orientação médica, eu acho que por isso tem que fazer pré -natal, acompanhar tudo direitinho pra não vir causar qualquer problema mais tarde”. (E6) “Pré-natal, pra mim, é tirar dúvidas sobre uma gravidez, pra gente saber como que tá a saúde da pessoa e do bebê (...) a gente faz o pré-natal para que tenha orientação (...) é um segmento assim que se tem que fazer do começo até o final da gravidez (...) ah! muitas coisas boas, como cuidar de mim,

19

assim igual tem que tomar vacina, tomar remédio essas coisas (...) como eu cuidar de mim, pra mim tá em boa forma, boa saúde, sem prejudicar nada, fazendo direitinho”. (E7)

Assim, encontramos em cada fala das entrevistadas o seu conceito de pré-natal.

Com a análise, podemos perceber que elas definem o pré-natal como um acompanhamento

que deve ser realizado do início ao final da gravidez e percebe-se, também, um conceito de

que o pré-natal proporciona uma gestação saudável o que demonstra uma preocupação

com a sua saúde e a do bebê.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a assistência pré-natal é um

conjunto de cuidados médicos, nutricionais, psicológicas e sociais, destinados a proteger o

binômio mãe-feto durante a gravidez, parto e puerpério, tendo como principal finalidade a

diminuição da morbidade e da mortalidade materna e perinatal.

Seguindo a mesma idéia, o Ministério da Saúde, no Manual dos Comitês de

Mortalidade Materna, adverte que “a morte de mulheres em idade fértil por causas ligadas

á gravidez, ao parto e ao puerpério, atualmente, é, em sua maioria, prevenível e evitável”.

(BRASIL,1994:11) Isso reafirma a importância de se manter o pré-natal.

Desse modo, observamos que o pré-natal é fundamental para a redução da

mortalidade materna, ao mesmo tempo em que se torna um chamariz para as gestantes,

pois é nele que elas encontram a segurança de uma gestação saudável e bem assistida.

Lembramos, aqui, que o conceito de saúde vai além da ausência da doença; é

sim, uma somatória de fatores e condições que levam o ser humano a ter melhor qualidade

de vida, o que nem sempre é percebido por estas gestantes, já que ora ou outra, conceitos e

expectativas sobre o pré-natal convergem-se nas expressões destas gestantes.

Neste contexto, encontramos que algumas gestantes confundem pré-natal, a

20

promoção da saúde, com realizações de exames e com a ausência da patologia, o que

também é afirmado GALLETA:

“Infelizmente, muitas mulheres confundem pré-natal com check-up e se tranqüilizam ao realizarem mil e um exames de sangue, urina e ultra-sonografia. É muito importante afirmar que nenhum exame pode, ao início do pré-natal, assegurar a boa evolução da gravidez”. (GALLETA: 2000:01)

Nesse enfoque, E2 afirma: “é um tipo de tratamento pra mim e pro meu filho” e

também E4 reforça: “só sei que a gente faz todo mês pra ver como que tá, exame,

aqueles trem de rotina”. A esse respeito podemos dizer que o pré-natal representa para

estas gestantes uma forma de “tratamento” curativo, fugindo de algumas diretrizes do

programa, como da sua finalidade psicológica, educacional e social denotando, pois, uma

certa desinformação sobre o programa.

Outro enfoque encontrado nesta categoria é a preocupação da gestante em

proteger seu bebê e a si própria contra doenças, como podemos observar na fala de E1:

“(...) eu acho que ele cuida de você e da criança enquanto tá gestante”.

Nesse trecho, está implícita a preocupação que a gestante tem em proteger a si

e a seu filho de doenças. Neste sentido, o Ministério da Saúde ressalta:

“A atenção básica na gravidez inclui a prevenção, a promoção da saúde e o tratamento dos problemas que ocorrem durante o período gestacional e após parto”. (BRASIL, 2000:05).

Compreendemos que a percepção das gestantes frente ao pré-natal vem mostrar

que os conceitos elaborados por elas se convergem em um mesmo sentido quando

associam à finalidade do mesmo como possibilidade “pra saber de alguma coisa”, “tirar

21

alguma dúvida”, “tirar dúvidas sobre uma gravidez”.

Esta visão mostra que o pré-natal para a gestante está relacionado com a

possibilidade de aprender, ou melhor, de “tirar dúvidas” que ocorrem no decorrer da

gestação.

A assistência pré-natal, em seu caráter preventivo e promotor de saúde,

acarreta esperanças, como foi possível observar nos depoimentos das gestantes.

Diante das expectativas encontradas, observamos que as gestantes esperam que

o programa traga uma gestação “saudável e tranqüila”, vista que essas expectativas

correspondem com um dos principais objetivos do pré-natal que é acolher a mulher desde o

início de sua gravidez, quando ela passa por um período de mudanças físicas e

emocionais, que cada gestante vivencia de forma distinta, além de dar assistência em todas

as suas necessidades. BRASIL (1999)

Assim sendo, acolher a gestante no programa, implica repassar-lhe

tranqüilidade, conforto e segurança, conscientizando-a do valor da saúde preventiva e

contínua no decorrer desse período.

As expectativas das gestantes frente ao pré-natal se fundem com o seu conceito

do mesmo, causando as mesmas uma ansiedade para obter retorno do que está sendo

realizado, ou seja, serem recompensadas, porque cada uma delas espera “que não

aconteça nada de ruim, porque a gestante vai lá todo mês e depois se ainda nascer

doente...”

Além disso, elas esperam, também, que o serviço lhes dê atenção necessária

para garantir um bom parto em uma boa maternidade, na certeza de poder usufruir do

“benefício” que o pré-natal lhe pode proporcionar.

22

Dessa forma, podemos afirmar que as expectativas relacionadas ao parto são,

também, de certa forma, ligada ao medo que cerca esse momento.

O medo, mencionado, vem de fatores sócio-culturais que se fazem presentes

em vários momentos do ciclo gestacional, chegando até mesmo ao pós-parto, o que nos

leva a afirmar que a cultura influencia grandemente nos fatores emocionais, contribuindo

para o medo e a angústia relacionados à gestação e à parturição.

Nesse aspecto, BRASIL (2000) ressalta que a assistência pré-natal é o primeiro

passo para um parto e nascimento saudável, ou seja, ele faz a promoção e a manutenção do

bem-estar físico e emocional ao longo do processo da gestação, parto e nascimento, além

de trazer informação e orientação sobre a evolução da gestação e do trabalho de parto à

parturiente.

Diante disso, as expectativas das gestantes em relação ao pré-natal, assim como

o conceito de pré-natal encontram-se fundamentados no conceito de saúde preventiva e

curativa que a própria política do programa preserva e emprega na sua implementação.

3.3. Os motivos de adesão ao programa de pré-natal

Essa categoria temática refere-se aos motivos que levaram as gestantes a

aderirem ao programa de pré-natal. A análise dos depoimentos aponta para a importância

do programa, mediante a percepção de outrem e não de si próprias, como podemos

perceber nos fragmentos de discursos transcritos a seguir:

“Porque todo mundo ficava falando que tinha que fazer (...) a mãe do meu marido, que é minha sogra, minha cunhada, ele (...) pessoas que já tinham filho, pessoas experientes.” (E1)

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“Porque eu fiquei grávida mesmo (...) quero que meu filho nasça sadio (...) eu já sabia desde os dez anos ,minha mãe já explicava pra nós como era, então, por isso, na hora que a gente casou ela explicou também (...) falou que a gente tem que fazer pra criança nascer mais sadia, tem que fazer todo tipo de exame pra saber como que está a mãe também, como é que tá a criança , como é que tá indo a gravidez (...)”. (E2) “Porque dizem que é muito bom a gente ter um pré-natal pra saúde também (...) todo mundo fala pra fazer o pré -natal porque é pro bebê e pra mulher (...) eu procurar o pré -natal foi porque tem quatro meses que eu estou grávida e nunca tinha procurado (...) muitas pessoas me empurrando mesmo pra mim fazer pré-natal; as pessoas falavam pra eu ir que é melhor pra mim, que vai ser melhor pra mim cuidar da minha saúde; minha mãe falava, meus familiares todos, meus amigos até mesmo meu marido (...) eu nunca tinha ouvido falar em pré -natal, quando minha mãe ficou grávida da última vez também eu não sabia que ela fazia, não sabia mesmo, aí agora que eu vim saber”. (E3)

“Foi uma menina ali que falou pra mim ir lá fazer, ‘ah!

não,você tem que fazer pra ter orientação’, aí eu fui lá (...) a enfermeira do programa, ela trabalha lá no posto também, aí ela falou pra mim fazer, eu fui lá e fiz meu cartãozinho”. (E4)

“Pra saber como é que o neném tava, curiosidade de saber

como é, o que há em mim também junto com a ultra-sonografia (...) saber como é que ele tava, saber se tava bem, a posição dele, estava crescendo gradualmente conforme o padrão do neném (...) pra ter um acompanhamento (...) eu fiz um curso de auxiliar de enfermagem e através do curso eu aprendi muitas coisas inclusive que a mulher tem que fazer pré -natal (...) excelente pra tirar algumas duvidas (...)”. (E5)

“É complicado, a gente tem que acompanhar todo mês,

certinho (...) caso venha ter algum problema tem que ter a orientação do médico (...) porque todas as grávidas têm que procurar (...) os amigos, as pessoas, as mulheres que já ficaram grávidas que informa”. (E6)

“Eu acho que é porque toda as gestantes têm essa obrigação de fazer um pré-natal, assim, tem direito de fazer, eu fui procurar os direitos (...) eu fiquei sabendo depois da minha primeira consulta, que eu tava grávida, ai eu fui procurar os meus direitos (...) a medica, mas eu já sabia através de outras

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pessoas, meus parentes falavam que eu teria que fazer um pré-natal (...)”. (E7)

Nestes fragmentos de discurso, é possível perceber que o que levam as

gestantes a aderirem ao programa são as concepções e conceitos sobre o pré-natal que

outras pessoas têm no seu cotidiano sendo reproduzido socialmente, pois já se consagrou

na sociedade como um “benefício para o bebê”.

Assim, é perceptível a forma de adesão ao programa quando as gestantes falam

que buscam o pré-natal: “porque todo mundo ficava falando...” ou “...porque dizem

que é muito bom...” e, ainda, ”...porque foi uma menina que falou pra mim fazer...”e

também porque “toda grávida tem que procurar”, “toda gestante tem essa obrigação”,

“pessoas experientes falam”.

Dessa forma, seja qual for o motivo, compreendemos que estas mulheres não

aderiram ao programa por iniciativa própria, mas porque se viram “obrigadas” pela

imposição das pessoas do seu convívio, com exceção de E5 que aderiu ao programa por

“curiosidade de saber como é”.

Por outro lado, segundo NEME (2000),o próprio estado de prenhez representa

razão obrigatória para exigir que as pacientes procurem assistência médica; esta afirmativa

aparece na fala de E7 que diz: “toda gestante tem obrigação de fazer um pré-natal”.

No sentido de obrigatoriedade, torna-se relevante discutir a questão do direito e do dever

da mulher em seu período gestacional, pois o pré-natal, no seu contexto de assistência, é

um direito que toda gestante adquire a partir do momento em que engravida, por isso,

segundo BRASIL (2000), é um dever do município dispor de sistema para a assistência

pré-natal, parto, puerpério e neonatal devidamente organizados assim como fazer a

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captação precoce e cadastramento das gestantes .

Nesse mesmo sentido, a Portaria n°570 de 1° de junho de 2000 do Mistério da

Saúde, artigo quarto diz que é dever do Estado e do Município proporcionar- lhe esta

adesão

Ao discutirmos este aspecto, observamos que a política de saúde adotada no

programa de pré-natal está voltada para a garantia dos direitos das gestantes neste período

tão peculiar de suas vidas. Dentre esses direitos, destacam-se o direito ao acesso ao

programa, ao atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, direito de

conhecer e ter assegurado o acesso à maternidade em que será atendida, direito à

assistência ao parto e ao puerpério.

Apesar de ser assegurada às gestantes usufruirem dos “beneficios” que o pré-

natal lhes proporciona, compreendemos que o que as leva a procurarem o pré-natal não é a

busca dos direitos, mas uma certa obrigatoriedade que a família, amigos e parceiros lhes

impõem, mostrando que ainda é predominante a reprodução de um conceito elaborado no

senso comum.

Para essas gestantes, as informações sobre o pré-natal vêm em forma de

orientação familiar, imposta a elas, como vemos na fala de E3 “...todo mundo falava pra

fazer o pré-natal (...) muitas pessoas me empurrando mesmo pra mim fazer pré -natal

(...) minha mãe falava,meus familiares todos, meus amigos até mesmo meu marido”.

Esta obrigatoriedade, inicialmente, imposta por “pessoas experientes”, traz

informações que são reproduzidas, socialmente, no cotidiano das pessoas, o que nem

sempre garante o entendimento sobre o programa. Esses conceitos trazem as

representações de outras pessoas que não são as gestantes. Assim sendo, a gestante passa a

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procurar o programa de pré-natal porque foi “empurrada” por outras pessoas e não

porque elas quiseram procurar os direitos que lhe são garantidos por meio de uma política

de saúde.

Todavia, este método de comunicação do senso comum vem ajudar na

promoção do pré-natal, ou seja, chamar a atenção da gestante para que o procure, mas não

esclarece o motivo por que ela deve aderir a esse programa, causando assim uma certa

dificuldade da gestante compreender o significado do pré-natal em si.

Quando falamos da dificuldade, entramos no contexto histórico do pré-natal

porque vivemos, hoje, o avanço tecnológico da informação, mas, mesmo com essa

tecnologia, ainda nos deparamos com mulheres leigas nesse assunto, como podemos

observar na fala de E3 “...eu nunca tinha ouvido falar em pré -natal...”, ficando explícito

a densinformação sobre o pré-natal, reforçando, portanto, a idéia de que não se adere ao

pré-natal por ter conhecimento da importância dele e sim pela imposição de outras pessoas.

Apesar da evolução deste programa, muitas mulheres mantêm-se ligadas a

mitos do passado, como afirma GALLETA (2000:01)

“Como o pré-natal, na estrutura que temos atualmente é aquisição recente da obstetrícia nacional, muitas das atuais avós ou bisavós não fizeram nenhum tipo de assistência pré-natal (...) assim, todos nós ainda temos contato com mulheres para as quais o pré-natal vem a ser uma perda de tempo, pois elas mesmas não passaram por isso e sobreviveram.”

Nesse enfoque, o contexto histórico do pré-natal està relacionado com a forma

como a informação sobre o assunto é passada à gestante, pois este foi instituído com o

objetivo de diminuir a taxa de mortalidade materna sem se preocupar com informações que

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esclareçam sobre o programa no seu contexto geral, isto é, não se repassa questões que

justificam sua adesão tais como: sua importância, seus benefícios e o risco que a falta deste

pode acarretar a ela e ao bebê.

Compreendemos, então, que toda mulher tem direito a uma gravidez saudável,

e que a saúde é um direito de todos conforme diz a Constituição Federal. Mesmo existindo

esses direitos, compreendemos que o motivo que leva a gestante a aderir ao programa de

pré-natal são as concepções e conceitos que outras pessoas têm e que são reproduzidos,

socialmente, através do senso comum.

3.4- O significado do acolhimento no programa de pré-natal.

Nessa categoria, as gestantes expressam suas opiniões a respeito do acolhimento

pela equipe de pré-natal e expõem aspectos relacionados a esse acolhimento pelo

profissional de enfermagem, e de medicina, além de avaliar o programa como um todo,

evidenciando a falta de interação entre a equipe, como se percebe nos seguintes trechos:

“Ah! não é muito boa não (...) pra eu conseguir a primeira consulta foi a maior... assim lá é muito bagunçado (...) porque eu fui lá uma vez, eu tava lá no colégio passando mal, fui lá chorando até de dor e elas nem, não conseguiram consulta pra mim, aí falou que eu tinha que dormir lá pra poder consultar (...) eu só acho errado assim o jeito deles quando você vai ganhar neném, que sua bolsa estoura, você vai pra lá, se você não tiver dilatado lá os dez centímetros, você tem que voltar pra casa de novo sentindo dor, de lá te mandam pra outro hospital, se tiver vaga, acho isso muito errado. (...) eu não gosto do pré -natal do postinho, eles nem conversam com a gente (...) o médico só fala lá que remédio que tem que tomar, só isso; às vezes a gente pergunta eles nem e responde direito, quer atender todo mundo muito rápido, ele não dá nem tempo nem pras pacientes”. (E1)

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“(...) gosto das duas meninas (...) porque elas atendem bem atendem com educação. (...) tem Dr. que Deus me livre (...) o médico falou pra mim que era pro meu marido me levar para o hospital das clínicas que eles iam tirar essa criança, porque essa gravidez minha não ia pra frente não (...)”. (E2)

“Ótima mesmo, principalmente a enfermeira do programa, super bem educada sabe, me explicou muita coisa. (...) eu estava esperando os exames e Nossa Senhora, é muito difícil, fui lá no posto mesmo passei 14 dias pra pegar um exame, aí eu fiz particular,se fosse depender de mim mesmo, eu não ia não (...)”. (E3) “Ótima, pra mim não tem defeito nenhum; elas atendem muito bem, atenciosas com a gente, até agora não tenho que falar nada. (...) tinha uma Drª. esquisita lá, até eu dei uma bronca nela, fui fazer uma pergunta pra ela, ela veio com. (...) não vou consultar com essa mulher aqui não, não gostei dela de jeito nenhum (...) ela já veio com ignorância, eu falei pra ela: se eu tô te procurando é porque não sei nada (...) aí ela até achou ruim, peguei meus trem e saí da sala do consultório e vim embora (...)”. (E4)

“(...) excelente a equipe de enfermagem; o pessoal comenta que a equipe de enfermagem pelo SUS não presta; pra mim, até hoje me atenderam muito bem, porque a mulher fica muito carente, muito sensível, (...) me passaram tranqüilidade, me trataram super bem (...) me orientaram (...) algumas dúvidas me tiraram e me tiram até hoje, por isso acho que elas atendem bem (...)”. (E5) “(...) super atenciosa as meninas, gostei muito do atendimento delas (...) pela atenção delas (...) informa a gente o que tem que fazer durante a gravidez ou depois, gostei bastante do atendimento”. (E6) “Eu achei muito bom, fui muito bem atendida, assim tudo que a gente quer saber sobre a gravidez eu tô assim, a gente sempre tem que ir, então elas sempre tá ali orientando a gente. Por enquanto, tá indo bem, não tenho nada a reclamar não”. (E7)

Os fatos relatados apontam para uma análise crítica de um atendimento

sistematizado em que existe uma falta de interligações entre as várias atividades

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desenvolvidas pelo programa de pré-natal, vista que a equipe do programa é formada por

agentes comunitários, auxiliares de enfermagem, enfermeiros e médicos. Esta realidade

nos mostra que este grupo de gestantes espera que a equipe trabalhe em sintonia, ou seja,

que tenha um bom atendimento por parte de todos os membros da equipe do programa para

que haja qualidade no atendimento prestado pelo serviço de saúde e que elas possam

usufruir deste serviço com “tranqüilidade”.

Neste sentido, BRASIL (2000) destaca que a adesão das gestantes ao pré-natal

está diretamente ligada à qualidade dos serviços prestados pelos profissionais de saúde,

assim como é indispensável a integração dos profissionais neste programa.

Em referencia ao que foi dito, podemos destacar:

“A consulta de pré-natal envolve procedimentos bastante simples, podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar as demandas da gestante, transmitindo, nesse momento, o apoio e a confiança necessários para que ela se fortaleça e possa conduzir, com mais autonomia, a gestação e o parto”. (BRASIL, 2000:09)

Nesse aspecto, podemos ressaltar que o diálogo entre profissional e paciente é

de importância ímpar pelo fato de auxiliar no processo educativo, pois uma escuta aberta

sem julgamento e sem preconceito permite à mulher falar de sua intimidade com

segurança, além de fortalecê- la no seu caminho até ao parto e ajudá- la a construir seu

conhecimento sobre o assunto, favorecendo um nascimento tranqüilo e saudável para o

bebê.

O diálogo é tão importante e tão necessário que, quando não acontece, corre-se

o risco de ter uma avaliação errônea de todo o programa, como se pode ver na fala de E1:

“(...) às vezes a gente pergunta eles nem respondem direito, quer atender todo mundo

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muito rápido, ele não dá nem tempo pras pacientes”.

DANIEL (1983:126), nos lembra que:

“A arte do relacionamento de ajuda inclui não só conhecer as regras técnicas e a aplicação das mesmas, mas também possuir maturidade emocional, sinceridade no contato, autenticidade; ser capaz de aceitar a pessoa com suas necessidades e não sentir culpado quando aos resultados esperados deixam de ser alcançados, apesar de se ter enviado todos esforços e, sobretudo ser capaz de ouvir atentamente”.

Para estas gestantes que aderiram ao pré-natal, o acolhimento tem sido bom por

parte dos enfermeiros; têm correspondido as suas expectativas quanto às orientações

recebidas, de modo que o programa tem oferecido a atenção necessária a suas necessidades

básicas neste período.

Segundo BUENO (1986), a palavra acolher significa receber, agasalhar,

escutar, atender, ter em consideração. Nesse sentido, a experiência dessas gestantes, que

participam do programa, evidencia o significado e o valor de um bom acolhimento pelos

profissionais que atuam nele.

Sendo assim, BRASIL (2000) ressalta que o acolhimento da gestante deve ser

feito de forma favorável para que se estabeleça um diálogo franco, pois a sensibilidade e a

capacidade de percepção de quem acompanha o pré-natal são condições básicas para que o

saber em saúde seja colocado à disposição da gestante. Além do que, a assistência pré-natal

torna-se um momento privilegiado para discutir e esclarecer questões que são únicas para

cada gestante, mesmo que estas tenham outros filhos.

Diante disso, percebe-se que o papel da equipe de enfermagem tem sua

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relevância dentro do programa, pois exerce uma de suas principais atividades que é a

orientação, onde se destaca, como afirmam várias aderentes do programa, “a enfermeira

explicou muitas coisas”, “passou tranqüilidade”, “orientaram”, “tiraram algumas

dúvidas”.

A orientação vem, nesse contexto, como um ato de educar, mas salientando

alguns pontos importantes como PINHO (2000:83 e 84) diz:

“Todavia, o profissional não pode ser o único responsável por acreditar que o educar em saúde consiste em um repasse de informações generalizadas. Neste momento, está apenas reproduzindo o que aprendeu durante sua formação profissional”.

PINHO (2000) nos esclarece no trecho citado que não basta apenas repassar

informações, mas que os profissionais devem atender sua clientela individualmente, pois

cada indivíduo é único e carrega consigo vivências, medos, dúvidas, angústias,

curiosidades e expectativas.

A gravidez, por sua vez, independente de idade, classe social e nível intelectual

é caracterizada por ser um período de forte conteúdo emocional, uma vez que as mudanças

ocorridas no corpo da mulher, nos seus sentimentos e na sua dinâmica familiar são fatores

geradores de anseios e medos, segundo SZYLIT & SCHVARTZ (1984). Nesse caso, é de

fundamental importância a participação da enfermagem nesse processo.

Assim, de acordo com o que foi descrito nessa categoria, compreendemos que,

muitas vezes, a falta de integração e até mesmo a falta do conhecimento sobre os objetivos

do programa, ou a falta de disposição e disponibilidade de alguns profissionais do

programa, impedem e prejudicam a relação gestante e profissional, sendo necessário o

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preenchimento de lacunas deixadas por outros profissionais que, também, atuam no pré-

natal.

Dessa forma, a análise do significado do acolhimento da gestante dentro do

programa de pré-natal nos propiciou mostrar a importância de sua participação quando se

pretende um atendimento integral da totalidade humana, já que esse, é um instrumento

precioso e deve ser cada vez mais compreendido em toda a sua abrangência para que

possa, cada vez mais, ser utilizado, de maneira eficaz, propiciando uma atenção de

qualidade às clientes.

33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao iniciarmos esta pesquisa, buscávamos compreender os motivos que

levavam as mulheres a aderirem ao programa de pré-natal. Questionamos-nos em vários

aspectos, buscando respostas que nos esclarecessem tais questões.

A realização do trabalho não foi uma tarefa fácil, principalmente, por causa dos

nossos conceitos pré-formados que dificultou a nossa escuta, pois, por diversas vezes, não

conseguíamos fazer a le itura das informações dadas pelas gestantes.

Na busca da compreensão das representações culturais, sociais e familiares das

gestantes, deparamo-nos com opiniões diversificadas sobre o assunto, mas que, na sua

essência, se fundiam numa mesma linha de pensamento.

Na análise do conjunto das entrevistas, observou-se que as gestantes procuram

o pré-natal por vários motivos, mas sendo o principal deles o de uma certa obrigatoriedade,

inicialmente imposta por familiares e amigos através do conhecimento adquirido no senso

comum, vindo de um conceito de pré-natal construído ao longo dos anos.

Tais fatos nos despertaram para uma melhor compreensão da gravidez no

contexto em que cada gestante se encontra inserida, vista que as gestantes têm seus direitos

garantidos por lei, mas esses direitos às vezes, não são respeitados pelo fato delas não os

conhecerem.

Consideramos que, se as gestantes tivessem mais informações a respeito das

leis, do funcionamento dos serviços e sobre as atribuições dos profissionais de saúde no

programa de pré-natal, isso poderia ajudá- las a compreender a importância não só para elas

como, também para o bebê, levando-as a aderirem ao programa por conhecerem seus

direitos a uma gestação saudável e bem assistida, e não por ter sido “convencidas” ou

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“empurradas” para o programa.

O trabalho mostrou-nos que a enfermagem tem um papel importante dentro do

programa de pré-natal, já que ela esclarece dúvidas e contribui para a educação das

gestantes nesse período de sua vida, além de ser um ponto de divulgação dos objetivos e

finalidades do programa.

Assim, esse estudo despertou-nos para uma reflexão, no sentido de apontar a

necessidade de melhoria no atendimento às gestantes, bem como chamar a atenção dos

profissionais de saúde sobre a importância de seu desempenho no programa assim como a

maneira de acolhimento da gestante pode influenciar, positivamente ou negativamente, na

sua adesão e na sua adaptação ao mesmo.

Todavia, não pretendemos concluir ou finalizar o estudo, pois esperamos que, a

partir dele, outras pessoas possam procurar compreensão dos fatos aqui relatados para a

possibilidade de novas pesquisas.

35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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_______, Ministério da Saúde , Gabinete do Ministro Portaria nº 570, de 1º de junho de 2000.

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_______,Conselho de Saúde.Resolução n.196/96 Brasília,1996.

BUENO. F. S. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. 11º Ed., 10º tiragem. Ed. FAE, 1986, pág. 1.127.

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GALLETA, Marco Aurélio (2000). A importância do pré-natal. Copyright clube do bebê. WebDesign by Microted. www.clubedobebe.com.br.

__________. Como surgiu o pré-natal. Copyright clube do bebê. WebDesign by Microted. www.clubedobebe.com.br.

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MINAYO, Maria Cecília de Souza. O conceito de representações sociais dentro da sociologia clássica. Editora Vozes, Rio de Janeiro, 1999. p. 89-111.

NEME, Bussamara. Obstetricia básica. 2ª edição. São Paulo: Sarvier, 2000, p. 118 a 120.

36

OSAVA, R.H. e TANAKA, A. C. D`A. Os paradigmas da enfermagem obstétrica. Revista da Escola de Enfermagem da USP. V. 31, n. 1, p. 96-108, abr.1997.

PINHO, L. M. O. Educação do Quotidiano do Ser Diabético. Belo Horizonte. Escola de Enfermagem da UFMG, 2000. Pg. 109 (dissertação, mestrando em enfermagem).

SZYLIT, R & SCWVARTZ, E. Preparo para manternidade através da estrutura de grupo. Rev. Esc. Enf. USP. São Paulo, 18(3): 263 – 269, 1984.

TRENTINI, Mercedes e PAIM, Lygia. Pesquisa em enfermagem – uma modalidade convergente – assistencial. Série enfermagem – repensul. Florianópolis: Editora da UFSC, 1991.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

ZIEGEL, E.E. e CRANLEY, M. S. Enfermagem obstétrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1985.

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ANEXOS

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ANEXO A

Goiânia, 30 de novembro de 2001

Prezado(a) Sr(a): Dr(a). Presidente do Comitê de Ética da UCG Assunto: Solicitação de autorização de pesquisa.

Nós, Milena Sales Costa e Thaís Oliveira Sousa, na qualidade de graduandas do curso de enfermagem da Universidade Católica de Goiás, vimos, através desta, solicitar de V.Sª. que nos autorize para realizar uma pesquisa científica no CIAMS – Urias Magalhães.

O referido projeto intitulado, provisoriamente, de “As representações do pré-natal na visão da gestante que adere ao programa”, tem como orientadora a professora Maria Aparecida da Silva, enfermeira e professora da faculdade de Enfermagem da Universidade Católica de Goiás. Este projeto tem por objetivo compreender os motivos que levam as gestantes a aderirem ao programa de Pré-natal e, como finalidades, contribuir para uma melhor assistência pré-natal para gestantes, assim como contribuir com os profissionais de enfermagem que atuam diretamente no programa de Pré-natal.

Dessa forma, será realizada entrevista com a gestante para a obtenção de dados, esclarecendo que as informações obtidas serão utilizadas, apenas, para cunho científico, e que os dados pessoais das entrevistadas serão mantidos em anonimato conforme a lei 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Esclarecemos, também, que a pesquisa não trará custos para o entrevistado e nem para a instituição CIAMS Urias Magalhães, sendo as despesas custeadas pelas graduandas.

Antecipadamente, colocamo-nos à disposição para qualquer eslcarecimento. Atenciosamente,

Pesquisadoras: Milena Sales Costa______________________________ 210-6260 / 9614-1991 Thaís Oliveira Sousa_____________________________210-1528 / 9603-5418 Orientadora: Profª. Ms. Maria Aparecida da Silva

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ANEXO C

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E DE ESCLARECIMENTO

“As representações do pré -Natal na visão da gestante que adere ao programa”

(Título Provisório).

Esta pesquisa tem como objetivo compreender os motivos que levam as gestantes a aderirem ao programa de pré-natal, já que este é um programa que visa promover a saúde e identificar, precocemente, problemas que possam causar risco à saúde da gestante e à do feto. Sendo assim, a Senhora está convidada a participar da pesquisa “As representações do Pré-natal na visão da gestante que adere ao programa”.

A pesquisa tem como finalidade contribuir para uma melhor assistência pré-natal à gestante bem como esclarecer dúvidas de enfermagem que atuam no Programa de Pré-Natal.

Tal pesquisa é realizada por nós, graduandas, Milena Sales Costa e Thaís Oliveira Sousa do Curso de Enfermagem da Universidade Católica de Goiás sob orientação da professora Ms. Maria Aparecida da Silva, enfermeira e professora da Faculdade de Enfermagem da UCG.

As informações, por nós obtidas, por meio das entrevistas gravadas, serão utilizadas, apenas, para fins científicos; informações como nome, endereço e telefone serão mantidas em sigilo e anonimato conforme determinações da lei 196/96. Consentimento

Como entrevistada, afirmo que fui devidamente orientada sobre a finalidade e o objetivo da pesquisa, bem como da utilização dos dados exclusivamente para fins científicos, sendo que meus dados pessoais serão mantidos no anonimato. Para os devidos fins, declaro que aceitei participar da pesquisa por livre e espontânea vontade. Nome do entrevistado: Data: Assinatura: Pesquisadoras: Milena Sales Costa: Ass.: _______________ Telefone - 210-6260 / 9614-1991 Thaís Oliveira Sousa: Ass.: ______________ Telefone - 210-1528 / 9603-5418

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ANEXO D

FICHA DE INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR Entrevista nº: ____________ Data: _____/_____/____ Horário ______

Duração: ____:_____ h Local: ________________________________

Nome: ____________________________________________________

Idade: ____________________ Data de Nascimento: ___/____/_____

Endereço: __________________________________________

Telefone: __________________________________________

Escolaridade: ______________________________________

Profissão: _________________________________________

Estado Civil: ______________________________________

Idade gestacional: _________________________________