aÇÃo metabÓlica das fibras na colesterolemia · resumo santos, valéria da silva. ação...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Ciências Domésticas Departamento de Ciência dos Alimentos Curso de Bacharelado em Química de Alimentos Disciplina de Seminários em Alimentos AÇÃO METABÓLICA DAS FIBRAS NA COLESTEROLEMIA VALÉRIA DA SILVA SANTOS Pelotas, 2009.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Ciências Domésticas

Departamento de Ciência dos AlimentosCurso de Bacharelado em Química de Alimentos

Disciplina de Seminários em Alimentos

AÇÃO METABÓLICA DAS FIBRAS NA COLESTEROLEMIA

VALÉRIA DA SILVA SANTOS

Pelotas, 2009.

VALÉRIA DA SILVA SANTOS

AÇÃO METABÓLICA DAS FIBRAS NA COLESTEROLEMIA

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Bacharelado em Química de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas como requisito parcial da Disciplina de Seminários em Alimentos.

Orientadora: Profa Rosane da Silva Rodrigues

Pelotas, 2009.

AgradecimentosAgradeço o apoio e incentivo da professora e orientadora Rosane da Silva

Rodrigues.

À professora Mirian Ribeiro Galvão Machado pela colaboração e atenção

dedicada à realização deste trabalho.

À atenção e auxílio da professora Leonor Almeida de Souza Soares.

“Quando se tem uma meta o que era um obstáculo passa a ser

uma das etapas do plano.”

Gerhard Erich Boehme

Resumo

SANTOS, Valéria da Silva. Ação Metabólica das Fibras na Colesterolemia. 2009. 40f. Trabalho acadêmico. – Bacharelado em Química de Alimentos. Disciplina de Seminários em Alimentos. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

As modificações no padrão alimentar e no estilo de vida das pessoas fizeram com

que houvesse um aumento expressivo nas chamadas enfermidades crônico-

degenerativas não-transmissíveis, como a doença cardiovascular. Através de

observações clínicas, associou-se a ocorrência dessas doenças a dietas pobres em

fibras. A fração insolúvel das fibras alimentares apresenta efeitos fundamentais,

especialmente relacionados ao aumento do volume fecal e da frequência dos

movimentos intestinais, apresentando efeito mecânico e acelerando o tempo de

trânsito intestinal. A fração solúvel das fibras atualmente vem sendo especialmente

estudada, por reduzir os níveis de absorção de colesterol, devido à fermentação das

fibras no intestino induzirem a produção de ácidos graxos de cadeia curta

principalmente (acetato, propionato e butirato) que são totalmente absorvidos pelo

trato intestinal em humanos e animais experimentais. Existem duas suposições a

respeito do mecanismo redutor da concentração sanguínea de colesterol através

das fibras solúveis: a primeira estabelece que as fibras solúveis aumentam a

excreção de ácidos biliares, fazendo com que o fígado remova colesterol do sangue

para a síntese de novos ácidos e sais biliares, e a outra indica que o propionato,

produto da fermentação das fibras solúveis, inibe a síntese hepática do colesterol. A

perspectiva é de que estudos sejam realizados para aperfeiçoar o conhecimento do

efeito preventivo de diferentes fibras não controle da colesterolemia.

Palavras-chave: Fibra alimentar. Colesterol. Aterosclerose.

Lista de Figuras

Figura 1 – Fontes de colesterol hepático e rotas pelas quais o colesterol deixa o fígado...........................................................................................................................23

Figura 2 – Estrututra do colesterol mostrando o sitio de ligação do ácido graxo nos ésteres de colesteril.....................................................................................................23

Figura 3 – Estrutura de uma lipoproteína, composta por um centro lipídico, circundado por apolipoproteína, fosfolipídio, triacilglicerídeos e colesterol................26

Figura 4 – Representação diagramática da relação entre colesterol e infarto do miocárdio. ...................................................................................................................31

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Ingestão adequada de fibras dietéticas separadas por gênero e idade...15

Tabela 2 – Informações nutricionais na embalagem de alimentos contendo substâncias com alegações funcionais e/ou de saúde ..............................................15

Sumário1 Introdução...................................................................................................................9

2 Definição e Regulamentação de Fibras Alimentares..............................................11

3 Recomendações Diárias de Fibras Alimentares......................................................14

4 Fibras Alimentares....................................................................................................16

4.1 Classificação.........................................................................................................16

4.1.1 Estrutura ............................................................................................................16

4.1.2 Solubilidade em água ........................................................................................16

4.1.2.1 Fibras solúveis ...............................................................................................16

4.1.2.2 Fibras insolúveis..............................................................................................17

4.1.3 Fermentação bacteriana ...................................................................................18

5 Digestão/ Efeitos Fisiológicos..................................................................................19

5.1 Efeitos fisiológicos das fibras no estômago e duodeno .......................................19

5.2 Efeitos fisiológicos das fibras no intestino delgado ..............................................19

5.3 Efeitos fisiológicos das fibras no cólon ................................................................19

5.4 Efeitos da fermentação bacteriana ......................................................................20

6. Metabolismo do colesterol.......................................................................................22

6.1 Estrutura do colesterol .........................................................................................23

6.2 Biossíntese do colesterol......................................................................................24

6.3 Degradação do colesterol ....................................................................................24

7 Lipoproteínas Plasmáticas .....................................................................................25

7.1 Composição das lipoproteínas plasmáticas..........................................................25

7.2 Metabolismo das lipoproteínas de baixa densidade.............................................26

7.2.1 Endocitose mediada por receptores..................................................................26

7.2.2 Efeito do colesterol internalizado sobre o conteúdo de colesterol da célula ....27

7.2.3 Captação de LDL quimicamente modificado por receptores de macrófagos do

tipo scaranger..............................................................................................................27

8 Aterosclerose ..........................................................................................................29

8.1 Hipercolesterolemia ..............................................................................................31

8.2 Colesterol plasmático ...........................................................................................31

9 Mecanismo de ação da fibra na colesterolemia .....................................................32

10 Conclusão...............................................................................................................36

11 Referências............................................................................................................37

1 IntroduçãoA preocupação com a manutenção da saúde e a prevenção de certas

doenças tem sido bastante associada a uma ingestão adequada de fibra alimentar

(GIUNTINI et al., 2003). A fibra alimentar (FA) é considerada o principal componente

de vegetais, em especial de cereais integrais, permitindo que estes alimentos

pudessem ser incluídos na categoria de alimentos funcionais, pois a sua utilização

dentro de uma dieta equilibrada pode reduzir o risco da ocorrência de algumas

doenças (FAO, 1997; FDA, 1998). Segundo a Association of Official Analytical

Chemists (AOAC, 1995), FA é a parte comestível das plantas que são resistentes à

digestão e absorção pelo intestino delgado humano, com fermentação parcial ou

total no intestino grosso. As fibras são importantes na alimentação porque aceleram

a passagem dos produtos residuais no organismo, absorvem substâncias

prejudiciais ao organismo (toxinas) e mantém o trato digestivo saudável (COPPINI,

2001).

No contexto da ciência dos alimentos é de consenso que na relação

alimentação-saúde-doença existe grande solicitação por alimentos que, além de

fornecerem os nutrientes indispensáveis ao organismo, proporcionem benefícios

adicionais à saúde. Dentro desta perspectiva, as atuais recomendações nutricionais

incentivam a ingestão de cereais e de outros produtos alimentícios ricos em fibra

alimentar, sendo necessária para isso uma adequada caracterização dos teores de

fibra e das frações contidas nestes, bem como dos efeitos fisiológicos implicados.

Esses efeitos podem ser decorrentes de alterações em funções fisiológicas, como a

taxa de excreção endógena e a passagem do alimento pelo trato gastrintestinal;

alterações no bolo alimentar e digestão, tais como a capacidade de hidratação, o

volume, o pH e a fermentabilidade ou ainda, alterações nas populações e na

atividade da microbiota intestinal (WENK, 2001). De acordo com Behall et al. (2004),

as frações insolúvel e solúvel podem atuar como agentes profiláticos, auxiliando na

redução do colesterol e no controle glicêmico, na prevenção de doenças do sistema

digestivo e do coração.

Segundo Bricarello (2007) as doenças cardiovasculares são as principais

causas de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo ocidental, apresentando-

se sob a forma de infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, miocardiopatia

isquêmica ou morte súbita. A redução dos níveis de colesterol sanguíneo já foi

consagrada como uma intervenção eficaz para reduzir as taxas de morbidade e

mortalidade pela doença arterial coronariana (DAC). Alguns estudos clínicos

demonstraram uma forte relação entre a redução dos níveis de colesterol total, LDL-

colesterol e a DAC. Esses estudos mostraram que para cada redução de 10% de

colesterol sérico há uma redução de 15% do risco de mortalidade por DAC e uma

redução de 11% do risco total de mortalidade (BRICARELLO, 2007).

O objetivo deste trabalho é dissertar sobre o efeito metabólico da ingestão de

fibras alimentares na colesterolemia.

10

2 Definição e Regulamentação de Fibras AlimentaresFibra Alimentar inclui, teoricamente, materiais que não são digeríveis pelos

organismos humano e animal e são insolúveis em ácido e base diluídos em

condições específicas. Entre estes materiais estão a celulose, a lignina e

pentosanas, que são responsáveis pela estrutura celular das plantas (CECCHI,

1999).

A secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, segundo a

portaria no 389 de 30/04/1999, define alimentos com propriedades funcionais, como

“todo alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, quando

consumido na dieta usual, produz efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos

benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica.”

(SVS/MS, 1999).

As alegações aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) relacionam a propriedade funcional e/ou de saúde de um nutriente ou não

nutriente do alimento. No entanto, a comprovação da eficácia da alegação deve ser

realizada caso a caso, considerando a formulação e as características do alimento.

Portanto, o uso das alegações listadas em qualquer alimento só será permitido após

aprovação da ANVISA.

Segundo a ANVISA (1999) a alegação: “as fibras alimentares auxiliam o

funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação

equilibrada e hábitos de vida saudáveis”, só pode ser utilizada desde que a porção

do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3g de fibras se o alimento for

sólido ou 1,5g de fibras se o alimento for líquido.

Na tabela de informação nutricional do produto deve ser declarada a

quantidade de fibras alimentares. No caso de produtos nas formas de cápsulas,

tabletes, comprimidos e similares, os requisitos acima devem ser atendidos na

recomendação diária do produto pronto para o consumo, conforme indicação do

fabricante. Quando apresentada isolada em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós e

similares, a seguinte informação deve constar no rótulo do produto: “O consumo

deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”.

13

As fibras alimentares com Alegações de Propriedades Funcionais permitidas

pela ANVISA (1999) de acordo com a Resolução no18, de 30 de abril de 1999, estão

listadas abaixo:

• Goma guar parcialmente hidrolisada

Alegação: As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo

deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis.

• Beta-glucanaAlegação: A beta-glucana (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de

colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e

hábitos de vida saudáveis.

• Dextrina Resistente

Alegação: As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo

deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis.

• LactuloseAlegação: A lactulose auxilia o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar

associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis.

• Frutooligossacarídeo - FOSAlegação: Os FOS contribuem para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo

deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis.

• InulinaAlegação: A inulina contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve

estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis.

• Psillium ou PsylliumAlegação: O psillium (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de gordura.

Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida

saudáveis. A única espécie já avaliada é a Plantago ovata. Qualquer outra espécie

deve ser avaliada quanto à segurança de uso.

• QuitosanaAlegação: A quitosana auxilia na redução da absorção de gordura e colesterol. Seu

consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida

saudáveis. Os processos de obtenção devem apresentar laudo de análise, utilizando

metodologia reconhecida, com o teor dos contaminantes inorgânicos (em ppm)

mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio. Deve ser apresentado laudo de análise com a

composição físico-química, incluindo o teor de fibras e de cinzas.

12

14

No rótulo deve constar a frase de advertência em destaque e negrito:

"Pessoas alérgicas a peixes e crustáceos devem evitar o consumo deste produto".

• PolidextroseAlegação: As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo

deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis.

13

15

3 Recomendações Diárias de Fibras Alimentares

Mundialmente, as agências reguladoras/regulamentadoras no âmbito da

saúde recomendam uma dieta rica em Fibras Alimentares (FA), de modo a prevenir

doenças e promover a saúde. Porém, mesmo com todo respaldo científico, antes do

estabelecimento dos valores de referência para a ingestão de nutrientes de

indivíduos e grupo pelos Estados Unidos e Canadá, conhecido como Ingestão

(Dietética de Referência (Dietary Reference Intake - DRI) não havia uma

recomendação estabelecida, somente propostas de definição para as FDs

(DONATTO; PALLANCH; CAVAGLIERI, 2006).

Uma das mais recentes definições de FA emergiu das deliberações da Food

and Nutrition Board (FNB), que as divide em três tipos básicos: 1. fibra dietética –

carboidratos não digeríveis e ligninas intactas que fazem parte dos vegetais; 2. fibra

funcional – carboidratos não digeríveis isolados, que beneficiam fisiologicamente os

humanos; e, finalmente, 3. fibras totais – o montante final da fibra dietética e da fibra

funcional contidas em determinado alimento (DONATTO; PALLANCH; CAVAGLIERI,

2006).

Segundo Donatto, Pallanch e Cavaglieri (2006) a partir de 2002, o Conselho

de Nutrição e Alimentação (Food and Nutrition Board - FNB) por meio das ingestão

dietética de referência (dietary reference intake-DRI), definiu a ingestão adequada

(adequate intake-AI) para as fibras de 38g para homens adultos e 25g para

mulheres adultas, como mostram na tab 1.

16

Tabela 1- Ingestão adequada de fibras alimentares separadas por gênero e idadeIDADE (anos) AI* (g/dia) MASCULINO AI (g/dia) FEMININO

1-3 19 194-8 25 259-13 31 2614-18 38 2619-30 38 2531-50 38 2551-70

>70

Grávidas

Lactantes

30

30

-

-

21

21

28

29*AI (ingestão adequada), adaptado de DRI (ingestão dietética de referência)

Fonte: DONATTO; PALLANCH; CAVAGLIERI, 2006. p.66.

Produtos prontos para o consumo devem atender aos atributos estabelecidos pela portaria no 27, de 13 de janeiro de 1998 da ANVISA (1998), a qual estabelece os seguintes termos na informação nutricional que podem ser analisados na Tab. 2.

Tabela 2 – Informações nutricionais na embalagem de alimentos contendo substâncias com alegações funcionais e/ou de saúde

ATRIBUTOS CONDIÇÕES NO PRODUTO PARA CONSUMO

Fonte Mínimo de 3g fibras/100g (sólidos)

Mínimo de 1,5g fibras/100mL (líquidos)Alto teor Mínimo de 6g fibras/100g (sólidos)

Mínimo de 3g fibras/100mL (líquidos)Aumentado Aumento mínimo de 25% do teor de fibras

alimentares e diferença maior que:

3g/ 100g para sólidos

1,5g/100mL para líquidosFonte: ANVISA, Portaria no 27, de 13 de janeiro de 1998.

15

17

4 Fibras alimentares4.1 Classificação

As fibras podem ser classificadas de acordo com a sua estrutura, sua

solubilidade em água e em relação ao grau de fermentação.

4.1.1 EstruturaGrande parte das fibras pertence ao grupo de polissacarídeos, os quais são

muito variáveis física e quimicamente, sendo definidas de acordo com a estrutura

dos alimentos. Segundo Castilho, Cukier e Magnoni (2006) o que diferencia as fibras

é a quantidade de monossacarídeos, o tipo de monossacarídeos na cadeia

polimérica, a seqüência dos monossacarídeos na cadeia, as cadeias secundárias e

os tipos de ligações, alfa ou beta, entre os monossacarídeos. Assim, a classificação

de acordo com a estrutura é: polissacarídeo amídico ou amiláceo e polissacarídeo

não amídico ou não amiláceo.

4.1.2 Solubilidade em águaTomando-se por base suas propriedades de solubilidade em água, as fibras

classificam-se em solúveis e insolúveis.

4.1.2.1 Fibras solúveisAs fibras solúveis têm a capacidade de se ligar à água e formar géis. No

trato gastrintestinal retardam o esvaziamento gástrico, o tempo de trânsito intestinal,

diminuem o ritmo de absorção de glicose e colesterol, devido a fermentação das

fibras no intestino induzir a produção de ácidos graxos de cadeia curta – AGCC

(ácido acético, ácido propiônico e ácido butírico) que são totalmente absorvidos pelo

trato intestinal. Os AGCC têm um efeito sistêmico no metabolismo da glicose e dos

lipídeos causando diminuição da glicemia pós-prandial e reduzindo a concentração

de triacilglicerídeos e colesterol sanguíneos (CAPITO; FILISETTI, 1999).

18

São encontradas neste grupo as pectinas, gomas e certas hemiceluloses,

presentes em maior porção nas frutas, aveia e grão de leguminosas (LAJOLO, et al.,

2001).

Os principais efeitos metabólicos das fibras solúveis são descritos a seguir:

• Retardam esvaziamento gástrico e o transito intestinal;

• Alteram o metabolismo colônico através da produção dos AGCC;

• Modulam a mobilidade gastrintestinal;

• Reduzem a diarréia (aumento na absorção de água);

• Promovem o desenvolvimento da mucosa intestinal (íleo e cólon);

• Proporcionam energia (devido à fermentação) para a mucosa intestinal;

• Diminuem o pH do cólon;

• Melhoram a proteção contra infecção (função de barreira, imunidade);

• Aumentam a tolerância à glicose;

• Diminuem os níveis de colesterol total e de LDL-colesterol.

4.1.2.2 Fibras insolúveisAs fibras insolúveis apresentam efeitos fundamentais, associados ao

aumento do volume fecal e da frequência dos movimentos intestinais, ou seja,

apresentam efeito mecânico e aceleram o tempo de trânsito intestinal. Permanecem

praticamente intactas em todo o trato gastrointestinal, são geralmente resistentes as

bactérias intestinais e pouco fermentáveis, formam misturas de baixa viscosidade,

por isso não possuem efeitos característicos das fibras solúveis (COPPINI, 2001).

As fibras insolúveis fazem parte da estrutura das células vegetais, são

encontradas principalmente em farelo de cereais, frutas e hortaliças. Dentre as mais

importantes estão a celulose, hemicelulose, amido resistente e lignina (LAJOLO, et

al., 2001).

Os principais efeitos metabólicos relatados são:

• Aumentam o peso e a maciez das fezes;

• Aumentam a freqüência da evacuação e diminuem o tempo de trânsito no

cólon;

• Reduzem a constipação;

• Retém água;

• São pouco fermentáveis;

19

• Não são viscosas;

• Intensificam a proteção contra infecção bacteriana.

4.1.3 Fermentação bacterianaA fermentação das fibras ocorre no cólon pela ação das bactérias

anaeróbicas. O grau de fermentação colônica sofre interferência da composição da

flora intestinal e das características químicas e físicas, ou seja, o tipo de fibra, a

solubilidade, a fonte, a forma e o tamanho das partículas. Substratos (açúcares:

arabinose, xilose, manose e ramnose) e muco intestinal também são fermentados no

intestino. O trato gastrintestinal possui mais de 500 espécies diferentes de bactérias.

No cólon, a flora bacteriana consiste quase que totalmente de bactérias anaeróbias

estritas, como Bacteróides, Bifidobacterium, Clostridium e Lactobacillus (COPPINI,

2004).

Os produtos da fermentação bacteriana das fibras são:

• Ácidos graxos de cadeia curta (AGCC): os mais importantes

resultantes da fermentação das hemiceluloses e pectinas são o ácido

acético, butírico e propiônico. São removidos do lúmen intestinal por

difusão iônica e facilitam a absorção do sódio e potássio.

• Gases: hidrogênio, metano e dióxido de carbono, que são excretados

via retal.

• Energia: utilizada para crescimento e manutenção das bactérias.

5 Digestão/ Efeitos FisiológicosA estrutura e as características das fibras é que vão determinar os efeitos

que esses polímeros desempenharão no trato gastrintestinal. Fatores como a

viscosidade, a área e o tamanho das partículas, solubilidade e insolubilidade das

fibras, cristalinidade, densidade e a relevância da troca iônica são importantes para

determinar os efeitos das mesmas.

5.1 Efeitos fisiológicos das fibras no estômago e duodenoA refeição rica em fibras tem mais volume, portanto exige mastigação

prolongada. Além disso, segundo Lajolo et al., (2001) as fibras solúveis estimulam a

salivação e melhoram a viscosidade do suco duodenal, pois diminuem o pH do

mesmo, importante para indivíduos com úlcera duodenal. Também retardam o

esvaziamento gástrico e aumentam a saciedade (redução na ingesta alimentar),

relevante para dietas de emagrecimento.

5.2 Efeitos fisiológicos das fibras no intestino delgadoNo intestino delgado é que ocorre a maior parte dos processos de digestão e

absorção dos nutrientes. Ao contrário do que acontece no estômago, no intestino as

fibras aumentam a velocidade do trânsito na porção do delgado proximal e reduzem

nas porções distais. Também no delgado as fibras retardam a captação de

açúcares, aminoácidos e drogas como a digoxina (para problemas cardíacos) e

acetaminofeno (paracetamol). As fibras formadoras de géis, como a pectina,

auxiliam na redução dos níveis séricos de colesterol e triacilglicerídeos em ratos e

humanos. A goma guar tem efeito hipoglicemiante em indivíduos saudáveis e

portadores de diabetes (LAJOLO et al., 2001).

5.3 Efeitos fisiológicos das fibras no cólonNo cólon é que predomina um maior aproveitamento dos alimentos mediante

um contato mais intenso com a mucosa intestinal. As fibras alimentares diminuem a

pressão do cólon, aumentam o peso e melhoram a consistência das fezes (controla

21

a diarréia), aumentam a velocidade do trânsito intestinal e mantêm a flora intestinal

(COPPINI, 2001).

Segundo Lajolo et al. (2001) as fibras insolúveis aumentam o peso e a

maciez das fezes, aumentando a freqüência de evacuações. Contudo, a captação

de água e fermentação das fibras tem relação com o aumento de peso das fezes.

5.4 Efeitos da fermentação bacterianaOs principais produtos finais da fermentação das fibras são ácidos graxos de

cadeia curta, gases (hidrogênio, dióxido de carbono e metano) e energia. Entre os

ácidos graxos de cadeia curta, o acetato é o mais abundante, seguido do propionato

e do butirato. Todavia, suas proporções exatas dependem da estrutura química das

fibras e da composição da flora intestinal. Os produtos intermediários da

fermentação incluem: lactato, sucinato e piruvato. Estes compostos, uma vez

formados são rapidamente absorvidos na luz intestinal (VOET; VOET, 2001).

Os AGCC têm importante papel na fisiologia do intestino: são reconhecidos

como principal fonte de energia para o enterócito; estimulam a proliferação celular

do epitélio; melhoram o fluxo sanguíneo; aumentam a absorção de água e sódio,

importantes nos casos de diarréia; diminuem o pH intraluminal (diminui a absorção

da amônia), importantes para pacientes com encefalopatia hepática e insuficiência

renal (LAJOLO et al., 2001).

Uma dieta com quantidade adequada de fibras fermentáveis diminui a

necessidade de insulina em diabéticos devido aos mecanismos relacionados à

metabólitos do AGCC. Os AGCC favorecem a absorção de vitamina K e magnésio

devido à acidificação do lúmen intestinal. O acetato e o propionato favorecem a

absorção de cálcio no cólon (DONATTO; PALLANCH; CAVAGLIERI, 2006).

O propionato tem efeitos diretos no metabolismo de carboidratos, ou seja, é

substrato para a gliconeogênese. O acetato influência indiretamente o uso de

glicose ao reduzir as concentrações de ácidos graxos séricos livres. O efeito dos

AGCC no metabolismo lipídico é de grande interesse, em especial sobre o

mecanismo redutor de lipídios pela fibra solúvel. In vitro, o propionato inibe a síntese

de colesterol em tecido hepático, entretanto, a quantidade de propionato necessária

para isso é muito grande e não é alcançada na veia porta. Em estudos com

alimentação humana o propionato não tem efeito sobre o colesterol sérico. O ácido

acético é substrato preferencial para a lipogênese, sendo o único íon que atinge os

20

21

tecidos periféricos. O efeito do ácido acético no aumento do colesterol sérico foi

mais sugerido após estudo em que se administrou lactulose em indivíduos sadios

por duas semanas e o resultado mostrou aumento nas concentrações séricas de

colesterol total, LDL, apoliproteína B e triacilglicerídeos (MAHAN; ESCOTT-STUMP,

2005).

Há grande interesse nos substratos que produzem AGCC, pois se acredita

que o butirato pode melhorar a saúde do cólon. Há evidências que a fermentação

colônica de amidos resistentes (AR) aumenta a concentração de butirato e

propianato no cólon, dependendo da fonte de amido. Esses achados levantam a

possibilidade do uso de AR no tratamento da colite ulcerativa e prevenção do pólipo

e câncer de cólon (MAYER, 2006).

24

6 Metabolismo do Colesterol O colesterol é sintetizado por praticamente todos os tecidos em seres

humanos, embora fígado, intestino, córtex, adrenal e tecidos reprodutivos incluindo

ovários, testículos e placenta façam as maiores contribuições ao colesterol corporal.

(CHAMPE; HARVEY; FERRIER, 2006). É um precursor dos hormônios esteróides,

dos ácidos biliares e da vitamina D, além disso, como constituinte das membranas

celulares, o colesterol atua na fluidez destas e na ativação de enzimas (SPOSITO et

al., 2007; LEHNINGER; NELSON; COX, 1995).

Apesar de ser essencial à vida, sua deposição nas artérias está bastante

associada a doenças cardiovasculares e a derrames, duas das principais causas de

mortalidade em seres humanos. Em um organismo saudável, um equilíbrio

intrincado é mantido entre a biossíntese, a utilização e o transporte de colesterol,

fazendo com que a deposição prejudicial permaneça em um nível aceitável (VOET;

VOET, 2006).

Segundo Champe, Harvey e Ferrier, (1996) é de extrema importância que as

células dos principais tecidos do corpo recebam um suprimento contínuo de

colesterol e para preencher esta necessidade contribui para uma complexa série de

mecanismos de transporte, biossintéticos e regulatórios. O fígado desempenha um

papel central na regulação do balanço corporal do colesterol. Por exemplo, o

colesterol entra em seu pool hepático proveniente de uma série de fontes, incluindo

o colesterol da dieta, o colesterol sintetizado pelos tecidos extra-hepáticos e a

síntese de novo do colesterol pelo fígado. O colesterol é eliminado do fígado como

colesterol inalterado na bile, como um componente das lipoproteínas do plasma

enviadas aos tecidos periféricos, ou como sais biliares secretados na luz intestinal. A

Fig. 1 resume as principais fontes de colesterol hepático e as rotas pelas quais o

colesterol deixa o fígado.

Figura 1- Fontes de colesterol hepático e rotas pelas quais o colesterol deixa o

fígadoFonte: CHAMPE; HARVEY; FERRIER, 1996. p.211.

6.1 Estrutura do ColesterolSegundo Champe, Harvey e Ferrier (1996) a estrutura do colesterol consiste

em quatro anéis fusionados, identificados pelas primeiras quatro letras do alfabeto, e

uma cadeia ramificada de hidrocarbonetos de oito membros, ligada ao anel D,

exposta na Fig. 2. A maior parte do colesterol plasmático está na forma esterificada,

com um ácido graxo ligado (Fig. 2), o qual torna a estrutura ainda mais hidrofóbica.

Devido a sua hidrofobicidade, o colesterol deve ser transportado ou em associação a

uma proteína como um componente de uma partícula de lipoproteína ou solubilizado

pelos fosfolipídios e sais biliares (LEHNINGER; NELSON; COX, 1995).

“Cauda” do hidrocarboneto

Sítio de ligação do ácido graxo no éster de colesteril.

A B

C D

23

24

Figura 2 - Estrututra do colesterol mostrando o local de ligação do ácido graxo nos ésteres de colesteril

Fonte: CHAMPE; HARVEY; FERRIER, 1996. p.212.

6.2 Biossíntese do Colesterol Segundo Lehninger, Nelson e Cox (1995) os átomos de carbono do

colesterol são fornecidos todos pelo acetato. O NADPH fornece os equivalentes

redutores. A rota é dirigida pela hidrólise da ligação tioéster de alta energia do acetil

CoA e a ligação fosfato terminal do ATP. A síntese ocorre no citoplasma com

enzimas do citosol e do retículo endoplasmático.

A ingestão de colesterol na dieta varia largamente, ainda que no mesmo

indivíduo, devido à quantidade de colesterol variar expressivamente de um dia para

o outro. Portanto, devem existir mecanismos reguladores para equilibrar a

velocidade de excreção do colesterol. Um desequilíbrio nesta regulação pode levar a

uma elevação nos níveis circulantes de colesterol plasmático, com a possibilidade

de doença arterial coronária, enquanto que a secreção excessiva do colesterol na

bile pode resultar na precipitação do colesterol na vesícula e canais biliares (VOET;

VOET, 2006).

6.3 Degradação do ColesterolA estrutura em anel do colesterol não pode ser metabolizada a CO2 e H2O

em seres humanos. Em vez disto, o anel esterol intacto é eliminado do corpo por

conversão em ácidos biliares, os quais são excretados nas fezes e secreção do

colesterol na bile, a qual o transporta ao intestino para eliminação. O único

mecanismo significativo de excreção de colesterol é fornecido pelos sais biliares,

tanto como um produto metabólico, quanto como um solubilizador essencial para a

excreção de colesterol na bile. Uma parte do colesterol no intestino é modificada por

bactérias antes da excreção. Os compostos primários são derivados reduzidos do

colesterol, o coprostanol e o colestanol, juntos estes três compostos constituem o

maior volume de esteróis fecais (VOET; VOET, 2006; CHAMPE; HARVEY;

FERRIER, 2006).

24

7 Lipoproteínas Plasmáticas O colesterol é insolúvel em água e, consequentemente, no sangue para ser

transportado na corrente sangüínea liga-se através de ligações não-covalentes com

lipoproteínas. Estas são compostas por lipídios e proteínas denominadas

apolipoproteínas (apos) (SPOSITO et al., 2007).

São partículas dinâmicas e estão em um constante estado de síntese,

degradação e remoção do plasma. Existem quatro grandes classes de

lipoproteínas separadas em dois grupos:

• as ricas em triacilglicerídeos, maiores e menos densas, representadas

pelos quilomícrons, de origem intestinal, e pelas lipoproteínas de densidade muito

baixa ou very low density lipoprotein (VLDL), de origem hepática;

• as ricas em colesterol de densidade baixa low density lipoprotein (LDL)

e de densidade alta ou high density lipoprotein (HDL).

Existe ainda uma classe de lipoproteínas de densidade intermediária ou

intermediary density lipoprotein (IDL) e a lipoproteína (a) [Lp(a)], que resulta da

ligação covalente de uma partícula de LDL à apo (a). A função fisiológica da Lp(a)

não é conhecida, mas, em estudos mecanísticos e observacionais, ela tem sido

associada à formação e progressão da placa aterosclerótica (SPOSITO et al., 2007).

As lipoproteínas funcionam tanto para manter os lipídios solúveis, à medida

que os transporta no plasma, quanto para fornecer um mecanismo eficiente para

entregar seu conteúdo lipídico aos tecidos (LEHNINGER; NELSON; COX, 1995).

7.1 Composição das Lipoproteínas Plasmáticas Segundo Champe, Harvey e Ferrier (2006) os principais lipídios

transportados por partículas de lipoproteínas são os triacilglicerídeos e o colesterol

(livre ou esterificado), obtidos da dieta ou síntese de novo. As lipoproteínas são

compostas de um centro de lipídio neutro (contendo triacilglicerídeos ou ésteres de

colesterila, ou ambos) circundado por uma concha de apolipoproteínas

24

(apoproteínas), fosfolipídio e colesterol não-esterificado, todos orientados de modo

que suas porções polares estejam expostas na superfície da lipoproteína, tornando

assim a partícula solúvel em solução aquosa, como representado na Fig. 3.

Figura 3 - Estrutura de uma lipoproteína, composta por um centro lipídico,

circundado por apolipoproteína, fosfolipídio, triglicerídeos e colesterol

Fonte: VILELA, 2009.

7.2 Metabolismo das Lipoproteínas de Baixa DensidadeAs partículas de LDL retêm a apoB-100, mas perdem suas outras

apolipoproteínas para o HDL. Elas contêm muito menos triacilglicerol que suas

VLDLs e tem uma concentração elevada de colesterol e ésteres de colesterila

(CHAMPE; HARVEY; FERRIER, 2006).

7.2.1 Endocitose mediada por receptoresA função das partículas de LDL é fornecer o colesterol aos tecidos periféricos.

Elas fazem isto através da deposição de colesterol livre nas membranas das células,

à medida que entram em contato com a superfície celular e através da ligação aos

receptores na superfície das membranas que reconhecem a apoliproteínas B-100.

Um mecanismo similar é usado para a captação e degradação celular remanescente

de quilomicras e HDL-colesterol pelo fígado (CHAMPE; HARVEY; FERRIER, 2006;

DONATTO; PALLANCH; CAVAGLIERI, 2006).

Os receptores de LDL são moléculas de glicoproteína negativamente

carregadas que são agrupadas em fendas nas membranas celulares. O lado

intracelular da fenda é revestido pela proteína clatrina, a qual estabiliza o formato da

fenda.

26

30

Uma deficiência de receptores de LDL funcionais causa uma elevação

significativa nos níveis plasmáticos de LDL e, assim, de colesterol plasmático, mas

os níveis de triacilglicerol do plasma permanecem normais como, por exemplo, na

hiperlipidemia do tipo II (hiperbetalipoproteinemia familiar). Isto pode acelerar

grandemente a progressão da aterosclerose (DONATTO; PALLANCH;

CAVAGLIERI, 2006).

Após a ligação, a LDL é internalizada como partícula intacta por endocitose.

A vesícula contendo LDL perde rapidamente sua capa de clatrina e funde-se a

outras vesículas similares, formando vesículas maiores denominadas endossomos.

O pH do conteúdo do endossomo cai devido a atividade de bomba de prótons da

ATPase endossômica, permitindo a separação da LDL de seu receptor. A seguir, os

receptores migram para um lado do endossomo, enquanto a LDL permanece livre

dentro da luz da vesícula. Os receptores podem ser reciclados, enquanto os

remanescentes de lipoproteínas na vesícula são degradados por enzimas

lisossômicas (hidrolíticas), liberando colesterol, aminoácidos, ácidos graxos e

fosfolipídios (CHAMPE; HARVEY; FERRIER, 2006).

7.2.2 Efeito do colesterol internalizado sobre o conteúdo de colesterol da célula

O colesterol derivado dos remanescentes das quilomicras da HDL e da LDL

afeta o conteúdo celular de colesterol de várias formas. Primeiro, a atividade da

HMG CoA redutase é inibida pelo colesterol, de modo que a síntese de novo

colesterol diminui. Segundo, se o colesterol não é requerido imediatamente para

algum fim estrutural ou sintético, é esterificado pela acil CoA: colesterol

aciltransferase (ACAT). A ACAT transfere um ácido graxo de um derivado da acil

CoA a um colesterol, produzindo um éster de colesteril que pode ser armazenado na

célula. A atividade desta enzima é aumentada na presença de aumento do colesterol

intracelular. Terceiro, a síntese da proteína receptora de LDL é reduzida pela

diminuição da transcrição do gene da LDL de modo que a entrada subsequente de

colesterol LDL na célula é limitada (CHAMPE; HARVEY; FERRIER, 2006).

7.2.3 Captação de LDL quimicamente modificado por receptores de macrófagos do tipo scaranger

31

Além da via altamente específica mediada por receptor para a captação do LDL, os

macrófagos do tipo scaranger circulantes possuem níveis elevados de atividade de

captação via receptor. Estes receptores, os quais possuem ampla especificidade de

ligação, podem mediar a endocitose de LDL quimicamente modificada. As

modificações químicas que convertem a LDL circulante em ligantes que podem ser

reconhecidos pelos receptores incluem a acetilação ou oxidação da apolipoproteína

B. A etapa inicial na modificação da apoB envolve a peroxidação de ácidos graxos

poliinsaturados nos lipídios LDL. Este processo pode ser inibido por antioxidante

como a vitamina E. Diferentemente da LDL captada pelos receptores próprios, a LDL

modificada captada pelos macrófagos não regula os níveis intracelulares de

colesterol, e assim o colesterol se acumula nestas células. Captação excessiva das

LDLs modificadas por macrófagos causa a transformação destas células em células

espumosas, as quais participam na formação das placas ateroscleróticas

(LEHNINGER; NELSON; COX, 1995).

32

8 Aterosclerose Segundo José, Avany e Eva (1982) o total de colesterol sérico no homem

adulto varia de 140 a 260mg.100mL-1 de plasma. Cerca de 70% ocorre como

colesterol esterificado como ácido graxo. O colesterol sérico tem sido considerado

de importância na promoção da aterosclerose. Lajolo et. al (2001) afirmam que o

desenvolvimento da aterosclerose foi relacionado com o consumo de dietas ricas em

alimentos glicídicos e lipídicos e inicialmente foi atribuído à presença de proteínas o

aparecimento de ateromas.

Aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial que

ocorre em resposta à agressão endotelial, acometendo principalmente a camada

íntima de artérias de médio e grande calibre (BRICARELLO, 2007). A formação da

placa de aterosclerose inicia-se com a agressão ao endotélio vascular devido a

diversos fatores de risco como elevação de lipoproteínas aterogênicas (LDL, IDL,

VLDL, remanescentes de QM), hipertensão arterial ou tabagismo. Como

consequência, a disfunção endotelial aumenta a permeabilidade da íntima às

lipoproteínas plasmáticas favorecendo a retenção das mesmas no espaço

subendotelial. Retidas, as partículas de LDL sofrem oxidação, causando a exposição

de diversos neo-epítopos, tornando-as imunogênicas. O depósito de lipoproteínas na

parede arterial, processo-chave no início da aterogênese, ocorre de maneira

proporcional à concentração dessas lipoproteínas no plasma. Além do aumento da

permeabilidade às lipoproteínas, outra manifestação da disfunção endotelial é o

surgimento de moléculas de adesão leucocitária na superfície endotelial, processo

estimulado pela presença de LDL oxidada. As moléculas de adesão são

responsáveis pela atração de monócitos e linfócitos para a parede arterial. Induzidos

por proteínas quimiotáticas, os monócitos migram para o espaço subendotelial onde

se diferenciam em macrófagos, que por sua vez captam as LDL oxidadas. Os

macrófagos repletos de lipídios são chamados células espumosas e são o principal

componente das estrias gordurosas, lesões macroscópicas iniciais da aterosclerose.

Alguns mediadores da inflamação estimulam a migração e a proliferação das células

34

musculares lisas da camada média arterial. Estas, ao migrarem para a íntima,

passam a produzir não só citocinas e fatores de crescimento, como também matriz

30

extracelular que formará parte da capa fibrosa da placa aterosclerótica

(BRICARELLO, 2007). A placa aterosclerótica (ateroma) plenamente desenvolvida é

constituída por elementos celulares, componentes da matriz extracelular e núcleo

lipídico. Estes elementos formam na placa aterosclerótica, o núcleo lipídico, rico em

colesterol e a capa fibrosa, rica em colágeno. As placas estáveis caracterizam-se

por predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa, escassas células

inflamatórias e núcleo lipídico de proporções menores. As instáveis apresentam

atividade inflamatória intensa, especialmente nas suas bordas laterais, com grande

atividade proteolítica, núcleo lipídico proeminente e capa fibrótica tênue. A ruptura

desta capa expõe material lipídico altamente trombogênico, levando à formação de

um trombo sobrejacente. Este processo, também conhecido por aterotrombose, é

um dos principais determinantes das manifestações clínicas da aterosclerose

(BRICARELLO, 2007).

36

8.1 HipercolesterolemiaA hipercolesterolemia é apontada como um dos três principais fatores de

risco no desenvolvimento da aterosclerose e, conseqüentemente, está relacionada

com o aparecimento de síndromes isquêmicas do miocárdio, bem como a

hipertensão e o fumo. A Fig. 4 mostra como níveis elevados de colesterol plasmático

agem no infarto agudo do miocárdio (LAJOLO et al., 2001).

Níveis elevados de colesterol plasmático

Disfunção e lesão da célula endotelial

Depósito de lipídios na artéria (túnica) e formação da placa aterosclerótica

Estreitamento do lúmen arterial, alterações degenerativas

Tendência à formação de coágulos

Turbulência do fluxo sanguíneo Trombose estímulo

Interferência com o

suplemento de O2 no tecido

Isquemia no tecido

Infarto do miocárdio

Figura 4 - Representação diagramática da relação entre colesterol e infarto do miocárdio

Fonte: LAJOLO et al., 2001, p.413.

8.2 Colesterol PlasmáticoDos mecanismos hipocolesterolêmicos ligados à ingestão de FA, estão

envolvidos a constituição, a solubilidade, a fermentabilidade e, em especial, a

viscosidade. Essa característica das FA interfere na absorção e produção do

colesterol dietético, na absorção e desconjugação da bile no íleo distal, e, em

resposta a esse efeito, o LDL-c é removido da corrente sanguínea para ser

convertido em ácidos biliares pelo fígado. É importante salientar que os efeitos

37

hipocolesterolêmicos das fibras dependem da constituição da dieta consumida,

podendo ser efetivos ou não (DONATTO; PALLANCH; CAVAGLIERI, 2006).

9 Mecanismo de Ação da Fibra na Colesterolemia O incentivo para o consumo de FA na dieta humana foi marcante a partir da

década de 1970 devido, principalmente, aos benefícios para a saúde atribuídos às

fibras. A despeito desse benefício e do crescente incentivo ao consumo de fibras,

estudos com animais e humanos, como os citados a seguir, atribuíram a algumas

Faz efeitos adversos específicos, como o de interferir, a nível digestivo, no processo

da digestão-absorção de nutrientes conjuntamente ingeridos na dieta (RAUPP et al.,

2002).

Estudos têm demonstrado que dietas suplementadas com farelo de aveia e

cevada promovem decréscimo significativo do colesterol sérico total, fração LDL-

colesterol e da razão HDL/LDL colesterol em humanos hipercolesterolêmicos

(BEHALL et al., 1997; KERCKHOFFS et al., 2003; BEHALL et al., 2004). Esta

qualidade hipocolesterolêmica é atribuída principalmente às beta-glucanas que

possuem capacidade de aumentar a síntese de ácidos biliares e reduzir a absorção

do colesterol, resultando na diminuição do colesterol sanguíneo (KERCKHOFFS et

al., 2003). Também existem evidências de que as beta-glucanas têm efeito protetor

no desenvolvimento do câncer de cólon e na diabetes diminuindo a absorção de

glicose (BEHALL et al., 2006).

Embora sejam evidenciados os efeitos individuais das frações insolúveis e

solúveis da fibra, deve-se considerar que, em dietas usuais, ambas serão

consumidas juntas, uma vez que são partes integrantes dos alimentos. Desta forma,

os efeitos sobre os processos digestivos e metabólicos não dependerão somente da

variação nos seus teores individuais, mas também, da predominância de uma fração

em relação à outra, da sua composição química e organização estrutural. Estes

fatores determinam as propriedades físico-químicas da fibra e os seus efeitos sobre

os processos digestivos e metabólicos. Na dieta de seres humanos, Maham e Scott-

Stump (2005) sugeriram que o consumo de fibra deva obedecer à proporção de três

partes de fibra insolúvel para uma parte de fibra solúvel. Os valores da fibra insolúvel

indicam que o aumento desta fração nas dietas pode provocar diminuição no tempo

de trânsito intestinal, alterações na umidade da digesta e das fezes (MAYER, 2006).

39

Os cereais são compostos basicamente por beta-glucanas que tem efeito de

promover decréscimo significativo do colesterol sérico total, da fração LDL-colesterol

e da razão HDL/LDL colesterol em humanos hipercolesterolêmicos, efeito protetor

no desenvolvimento do câncer de cólon e no diabetes diminuindo a absorção de

glicose (BEHALL, SCHOLFIELD, HALLFRISCH, 2006). Assim, sugere-se que grãos

de cevada possam causar efeitos benéficos distintos sobre o metabolismo e as

respostas biológicas, tanto pela amplitude de variação nos teores individuais das

frações insolúvel e solúvel da fibra, como pelas proporções destas frações em

relação aos teores de fibra total. Desta forma, poderiam ser usados de maneira

diferenciada na alimentação, de modo a se obter o máximo proveito de suas

características peculiares.

Grande parte dos benefícios diretos nas doenças cardiovasculares estão

relacionados às fibras solúveis, como a redução nas contrações séricas da LDL-

colesterol, melhor tolerância à glicose e controle do diabetes tipo 2. Existem duas

hipóteses a respeito do mecanismo de efeito redutor da concentração sanguínea de

colesterol das fibras solúveis: a primeira estabelece que as fibras solúveis

aumentam a excreção de ácidos biliares, fazendo com que o fígado remova

colesterol do sangue para a síntese de novos ácidos e sais biliares, e a outra indica

que o propionato, produto da fermentação das fibras solúveis, inibe a síntese

hepática do colesterol e, embora ainda haja algumas controvérsias no mecanismo

exato da síntese de ácidos biliares, triacilglicerídeos e LDL-colesterol em relação às

fibras, o papel preventivo de diferentes fibras na redução do colesterol plasmático

vem se confirmando cada vez mais. As fibras alimentares também são conhecidas

como coadjuvantes no controle do sobrepeso, devido à sensação de saciedade que

promovem, mas o consumo de suplementos à base de fibras parece não

proporcionar os mesmos benefícios que uma dieta rica neste componente pode

trazer (RIQUE; SOARES; MEIRELLES, 2002).

Gerhardt e Gallo (1998) realizaram um estudo com 44 pessoas de ambos os

sexos, com idade média de 51,7 anos, não fumantes e que praticavam atividade

física regularmente. Os autores introduziram nas refeições 84g de aveia em flocos

na dieta usual dos participantes e constataram que depois de 6 semanas

introduzindo aveia em flocos os níveis de colesterol sérico reduziram. Vale ressaltar

que foi ofertado 15g de aveia na dieta usual das participantes, durante 45 dias,

40

levando em consideração que este estudo foi realizado com idosas, o que gerou

preocupação em oferecer uma maior quantidade de aveia, pois se sabe que o

excesso de fibras pode interferir na absorção de minerais como o cálcio e zinco.

Em um estudo com 48 ratos realizado por Silva (2003) também foi

observado que houve mudança do perfil lipídico, pois houve uma redução do

colesterol total, LDL e triacilglicerídeos e aumento dos níveos de HDL séricos.

Todavia este autor ofertou aveia em flocos em dietas distintas por 63 dias, sendo

elas compostas por 5, 10 e 15% de aveia em flocos. Neste estudo não foi relatado à

gramatura utilizada, nem tampouco se estas quantidades eram diárias ou por

refeição.

Wilson (2004) trabalhando com beta-glucana de cevada e de aveia observou

que houve redução do colesterol total em suas cobaias, todavia trabalhou por seis

semanas com concentrados de 8g, respectivamente de beta- glucana de baixo peso

molecular e com beta-glucana de elevado peso molecular. Em seu estudo utilizou

hamsters machos com idade de 8-10 semanas e ressaltou que tanto as beta-

glucanas de aveia quanto da cevada apresentam propriedades similares em

humanos e hamsters hipercolesterolêmicos.

Ruberfroid (1993) refere que doses de 3 a 15 g/dia de aveia em floco é

suficiente para que haja uma redução dos níveis de colesterol total de 5 a 15% em

humanos, todavia não menciona em seu trabalho o período em que foi administrado

este alimento, nem o número de refeições, nem outras informações como o sexo e o

grupo etário.

Anderson (1985) também observou que o consumo moderado de aveia pode

reduzir os níveis de colesterol total em torno de 5% na maioria das pessoas. Todavia

as condições do experimento não foram similares, pois este autor suplementou 20g

de aveia na dieta usual de 225 adultos, todos do sexo masculino com idades entre

25 e 35 anos, durante 85 dias.

Ripsin e Keenan (1992), afirmam que a porcentagem de redução é maior em

pessoas com altos níveis de colesterol sérico e a fração lipídica inicialmente afetada

é a lipoproteína de baixa densidade (LDL), porém recomendam maiores estudos

para confirmar esta hipótese. .

Já outro estudo feito por Fietz e Salgado (1999), com intuito de avaliar o

efeito da pectina e da celulose sobre os níveis séricos de colesterol e

triacilglicerídeos em ratos machos e adultos hiperlipidêmicos durante 30 dias,

41

mostrou que o efeito da celulose foi considerado estatisticamente insignificante

(p<0,05), na redução destas frações no sangue, quando comparado aos tratamentos

com pectinas.

Outros estudos citados por Jackson; Suter e Topping (1994) mostram que as

fibras solúveis em água (mais encontradas na aveia em flocos) possuem efeito mais

significativo na diminuição do colesterol e triacilglicerídeos séricos do que as

insolúveis.

10 ConclusãoApresentando-se como importante complemento para o controle do

metabolismo colesterolêmico, e outros fatores que contribuem para o

desenvolvimento de doenças cardiovasculares, a fibra solúvel vem sendo indicada

como grande aliada na prevenção deste tipo de distúrbio.

Alimentos com alto teores de fibras possuem efeitos metabólicos

diferenciados de acordo com o tipo de fibra presente e a proporção da fração solúvel

e insolúvel. Embora os dois grupos apresentem mecanismos de atuação diferentes,

no geral a contribuição das fibras para a saúde é muito positiva, sendo necessário

um esforço para divulgação e conscientização dos benefícios do seu consumo na

alimentação diária.

43

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