resposta metabólica ao trauma cirúrgico

40
Resposta Metabólica ao Trauma Cirúrgico Paulo Alves Bezerra Morais Aperfeiçoamento em Cirurgia Geral / Equipe Pro-Gastro Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência de São Paulo

Upload: paulo

Post on 31-Jul-2015

341 views

Category:

Health & Medicine


3 download

TRANSCRIPT

Resposta Metabólica ao Trauma Cirúrgico

Paulo Alves Bezerra Morais

Aperfeiçoamento em Cirurgia Geral / Equipe Pro-Gastro

Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência de São Paulo

Introdução

• A resposta orgânica ao estresse grave é complexa e integrada e sua finalidade básica é a restauração da homeostase;

• Tipos de Resposta

- Metabólica

- Endócrina

- Imunológica

A Basile Filho et al; jan./mar. 2001.

Fases da resposta metabólica ao trauma

A Basile Filho et al; jan./mar. 2001.

Fisiopatologia

1º Fase1º Fase

HipometabolismoHipometabolismo

Diminuição do DCDiminuição do DC

Diminuição do consumo de ODiminuição do consumo de O22

Liberação de subs. VasoativasLiberação de subs. Vasoativas

( IL, Prostaglandinas, TNF-( IL, Prostaglandinas, TNF-, Leucotrienos), Leucotrienos)

2º Fase2º Fase

HipermetabolismoHipermetabolismo

Aumento do CatabolismoAumento do Catabolismo

Liberação de HormôniosLiberação de Hormônios

Uso das reservas energéticasUso das reservas energéticas

A Basile Filho et al; jan./mar. 2001.

Respostas ao Trauma

• Resposta harmônica- Ordenada, conduzindo o paciente à cura;- Retorno das principais funções vitais em 4-5 dias.

• Resposta excessiva- Desequilíbrio profundo da homeostase, com bloqueio metabólico de vários órgãos.

A Basile Filho et al; jan./mar. 2001.

A Basile Filho et al; jan./mar. 2001.

Tipos de Estresse que aumentam a liberação de Cortisol

• Traumatismo de qualquer tipo;

• Cirurgia;

• Infecção;

• Frio ou calor intensos;

• Doença debilitante;

• Hipoglicemia.

Guyton, 1997.

ACTH

CRH

Cortisol

Hipotálamo

Adeno-Hipófise

Córtex Adrenal

+

+

Efeitos

Sistêmicos

-

- liberação e produção

Regulação da Secreção de Cortisol

Guyton, 1997.

FígadoFígado

CortisolCortisol

Músculo

AminoácidosAminoácidos• síntese protéica periférica e catabolismo protéico;

• síntese protéica no fígado (mobilização de aa + aumento na síntese de enzimas);

• [ ] plasmática de aminoácidos.

PlasmaPlasma

Efeitos do Cortisol sobre o Metabolismo das Proteínas

Guyton, 1997.

Efeitos do Cortisol sobre o Metabolismo do Carboidratos

6-10x Gliconeogênese pelo fígado;

Armazenamento de glicogênio no fígado;

• Utilização da glicose pelas células;

glicoseglicose

cortisolcortisol

• Glicemia - “Diabetes adrenal” moderadamente sensível à insulina.

Guyton, 1997.

• Mobilização dos ácidos graxos(AG) do tecido adiposo;

Concentração AG livres no plasma;

• utilização de AG para energia

cortisolcortisol

FígadoFígadoAdipócito

LHS

TGTGglicerolglicerol

AG

Tecidos e plasma

Efeitos do Cortisol sobre o Metabolismo das Gorduras

Guyton, 1997.

Efeitos do Cortisol sobre a Resposta Imunológica

• O cortisol inibe a blastogênese linfocitária;

COHEN RV et al. Rev bras de videocir. 2003;1(2):77-81.

• Liberação de enzimas proteolíticas no local de lesão, devido estabilização das membranas lisossômicas;

• Migração leucocitária e fagocitose das células lesadas;

• Permeabilidade dos capilares;

• Redução da formação de prostaglandinas e leucotrienos.

Efeitos Antiinflamatórios do Cortisol

Guyton, 1997.

Citocinas

A Basile Filho et al; jan./mar. 2001.

Ativação endotelial e macrofágica

IL-1, L-6, TNF

Fator de Necrose Tumoral

Fator de Necrose Tumoral

• Gera um estado hipercatabólico;

• Estimula o eixo hipotálamo-hipofise-adrenal;

gliconeogênese hepática; Lipólise; Taxa de catabolismo protéico global.

A Basile Filho et al; jan./mar. 2001.

IL-1

• Citocina pró-inflamatória;

• Baixa Concentração: estimula sistema imunológico (ativa linfócitos T)

• Alta Concentração: aumenta a expressão da COX-2 levando a produção aumentada de PGE-2 e NO (hipotensão) = febre, hipotensão e proteólise.

Birolini, Dário; 2001.

Citocinas

Hipermetabolismo

Consumo de oxigênio (VO2)

Débito cardíaco

Produção de CO2 (VCO2)

Uso de nutrientes nobres

Resistência Vascular

A Basile Filho et al; jan./mar. 2001.

Citocinas

• Acredita-se, no entanto, que o balanço entre os mediadores pró e antiinflamatórios é determinante para a gravidade da resposta inflamatória.

A Basile Filho et al; jan./mar. 2001.

Trauma Cirúrgico

HIPOTÁLAMO

PITUITÁRIA

ADRENAL

ÓRGÃOS LINFÓIDESSECUNDÁRIOS

TIMOSNS

ACTH

CRH

ADRENALINA

NORADRENALINAGLUCOCORTICÓIDES

HOMEOSTASIAHOMEOSTASIA

MEDULA ÓSSEA

LINFÓCITOS TCD4LINFÓCITOS TCD8

CÉLULAS EFETORAS

LINHAGENS LINFÓIDESLINHAGENS MIELÓIDES

TNF-

IL-1

IL-6

TGF

IL-2

-ENDORFINAS

Besedovsky et al. J Immunology, 135:750-754, 1985

Hipotermia

• Freqüente especialmente em idosos;• Produz efeitos neuroprotetores;• Provoca hiperatividade simpática

Aumento do consumo de oxigênioVasoconstricçãoRedução da função plaquetáriaDiminuição da cascata da coagulaçãoAumento das perdas sanguíneasNecessidade de transfusão.

Soares Netto JJ Rer. Bras. Canc. 2004; 50(3): 261-26

Febre

• Aumenta a proteólise;

• Síntese protéica: inalterada;

Soares Netto JJ Rer. Bras. Canc. 2004; 50(3): 261-26

Dor

• O paciente que não tem dor no perioperatório, ou tem uma dor mínima no pós-operatório imediato apresentará menos complicações pulmonares, cardíacas, metabólicas, e, por fim, terá uma alta hospitalar precoce.

Soares Netto JJ Rer. Bras. Canc. 2004; 50(3): 261-26

Dor

• Bloqueio epidural por anestésicos locais T4 to S5 atenua resposta metabólica;

• Anestesia opióide (morfina ou fentanil) suprime a maioria das respostas metabólicas e endócrinas causando diminuição na perda de nitrogênio;

Kehlet H. Anesthesia and Management of Pain, 2nd , 1998: 129–75.

Ileo

• Resposta neurogênica ao estresse cirúrgico.Atividade simpática e o estímulo nociceptivo

Peristaltismo

Distensão abdominal e DHE.

Redução do fluxo sanguíneo e Perfusão local

Soares Netto JJ Rer. Bras. Canc. 2004; 50(3): 261-26

Metabolismo do Jejum

• FÍGADO

- Metabolismo dos carboidratos

- Metabolismo das gorduras

Aumenta GLICOGENÓLISEAumenta GLICONEOGÊNESE

Aumenta OXIDAÇÃO DOS AGAumenta SÍNTESE DE CORPOS CETÔNICOS

Sabiston, 2005

Metabolismo do Jejum

• TECIDO ADIPOSO

- Metabolismo dos carboidratos : utilização da glicose está diminuída

- Metabolismo das gorduras Aumento na liberação de AG

Sabiston, 2005

Metabolismo do Jejum

• MÚSCULO ESQUELÉTICO

- Metabolismo dos carboidratos está diminuído pela baixa de insulina;

- Metabolismo dos lipídios;

- Metabolismo da proteínas : degradação pra fornecimento de aminoácidos para gliconeogênese.

Sabiston, 2005

Metabolismo do Jejum

• CÉREBRO

- Durante os primeiros dias de jejum o cérebro continua a usar apenas glicose como combustível (GLICOGEOGÊNESE HEPÁTICA);

- No jejum prolongado os CORPOS CETÔNICOS plasmáticos atingem níveis elevados e são usados pelo cérebro.

Sabiston, 2005

Glicemia

• Estudos em que a insulina foi infundida diretamente na artéria braquial mostrou redução de 40% na proteólise mas não alterou a sísntese protéica.

Gelfand and Barrett. 1987

Eletrólitos

• Proteólise = Potássio intracelular extracelular que é excretado pelos rins;

• Excreção de Potássio aumenta quanto maior for o trauma por efeito dos mineralocorticóides; (IRA!!!!!);

• Fase de retenção de sódio: flow phase• Fase de diurese de sódio: fase de

convalescença.

Garson et al. Am Heart J 1986;111:193-203

Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona

ECA

Angiotensinogênio Angiotensina I Angiotensina II

ReninaSangue

Córtex Adrenal:Aldosterona

Fígado:Angiotensinogênio

Aldosterona

Rim:Renina

Desfechos Clínicos

EndotélioMiocárdioEletrólitos Vaso

Garson et al. Am Heart J 1986;111:193-203

Alterações da Cirurgia Laparoscópica

• Arritmias cardíacas (25% a 47%);• Posição de proclive: risco de TVP;• Tempo cirúrgico prolongado: risco de

TVP;• Hipercarbia + fluxo sanguíneo: pressão• intracraniana / edema cerebral;• PIA > 16mmHg + Trendelenburg:150%

a pressão intracraniana.

COHEN RV et al. Rev bras de videocir. 2003;1(2):77-81.

Alterações da Cirurgia Laparoscópica

• O cortisol, as catecolaminas, a glicose e IL-6 atingem picos menores nas laparoscopias do que nas cirurgias abertas, retornando mais rapidamente aos níveis basais;

• Está relacionada a uma melhor preservação da função imunológica.

COHEN RV et al. Rev bras de videocir. 2003;1(2):77-81.

Alterações da Cirurgia Laparoscópica

Pressão intra-abdominal• Retorno venoso Freqüência cardíaca Resistência vascular periférica

(compressão da aorta e vasos viscerais pelo pneumoperitônio)

Pressão venosa central• Débito cardíaco

COHEN RV et al. Rev bras de videocir. 2003;1(2):77-81.

Conclusão

• Uso de anestésicos locais mesmo em anestesia geral;

• Controle da febre;

• Temperatura ambiente: 26 e 33°C;

• Intensificação da fisioterapia respiratória e motora;

• Estímulo à deambulação.

Conclusão

• Jejum limitado a 3-4 dias;

• Hidratação venosa e reposição íons;

• Aquecimento de líquidos utilizados;

• Insuflação de ar aquecido diretamente na superfície do paciente;

• Videocirurgia;

• UTI humanizada.

“... Tudo se passa como se, ao ser agredido, o organismo se preparasse para

uma rápida luta na qual haveria alternativas a curto prazo: vida ou

morte...” Selye