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ABIM 005 JV Ano XI - Nº 92 - Dez/17 O Maçom e seu Eterno Aprendizado! “Conhecimento, Liberdade e Responsabilidade são, essencialmente, as caracteristicas do homem e ,também, do caminho direto de seu progresso para outros estados superiores.”. Professor Henrique José de Souza

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ABIM 005 JV Ano XI - Nº 92 - Dez/17

O Maçom e seu

Eterno Aprendizado!

“Conhecimento, Liberdade e Responsabilidade são, essencialmente, as caracteristicas do homem e ,também, do caminho direto

de seu progresso para outros estados superiores.”.Professor Henrique José de Souza

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A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 27.874 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

www.revistaartereal.com.br - [email protected] - Facebook RevistaArteReal - (35) 99198-7175 Whats App.

Editorial

Mais uma vez, encontramo-nos através deste Editorial, a fim de apresentar mais uma edição de nossa Revista. Antes disso, cabe ressaltar

que chegamos ao final do ano de 2017 e, apesar de todas as dificuldades, conseguimos cumprir com o nosso objetivo de levar a cultura maçônica até você.

Atravessamos um momento de crise e desesperança, que não tem poupado ninguém. A economia vive a navegar no mar da desconfiança e a sofrer o chacoalhar das ondas causadas pelos escândalos políticos. Não bastasse as dificuldades financeiras, o desemprego, a falta de segurança nas ruas, a falência da saúde pública, a educação, principal pilar para soerguer esta nação, que descem ladeira a baixo com destino incerto!

Quanto à educação, nesta semana assisti perplexo a um vídeo no You Tube, em que uma professora do Ensino Fundamental, dando aula a uma turma de jovens e adolescentes, sobre sexualidade, ensinava as meninas como se colocava uma “camisinha de vênus”, usando a própria boca, e, para tanto, utiliza-se de um aluno. Segue o link desse absurdo: https://www.youtube.com/watch?v=KBPt2z1A3ZE

O que está acontecendo com o mundo? Por que tamanha inversão de valores? Estamos estarrecidos e anestesiados, e a sensação dos dias atuais é a de que estamos a folhear o Livro bíblico do Apocalipse. Se de parte do ser humano não temos mais a esperança de mudanças, de evolução, resta-nos, apenas, acreditar em uma intervenção divina.

Desculpe-nos nosso desabafo, mas não poderíamos ficar indiferentes diante de tudo, acovardando-nos ao silêncio da conivência. Seria a desesperança a razão de ter aumentado tanto o número de mortes por suicídio no Brasil? Meus Irmãos, conclamamos todos a ser parte da solução e de nos utilizarmos de toda e qualquer ferramenta para revertermos esse caos que se instalou em nosso País, a Pátria do Avatara!

Depois de nosso desabafo, pelo qual pedimos desculpas a todos, falaremos desta edição: optamos por publicar uma matéria de autoria duvidosa, pois em cada blog ou site foram citados autores diferentes para a mesma matéria, intitulada “O Nível Cultural na Maçonaria”, onde o ignaro autor atenta para o baixo nível cultural do maçom brasileiro e suas dificuldades para entender a Ordem em sua origem e influências.

Nosso Irmão Davys Negreiros, do Oriente de Cocoal, em Rondônia, presenteou-nos com a bela matéria “A Instrução – Fator Essencial da Educação Maçônica”, elucidando o leitor da importância da Instrução, como condição indispensável para a educação do Maçom.

Finalizando, publicamos a matéria do nosso Confrade Raimundo Pereira, intitulada “Comemorações dos Solstícios”, em que, de forma sucinta, porém com extrema profundidade, apresenta a importância de tais comemorações, em especial, neste mês de dezembro.

Assim, apresentamos mais uma edição de nossa Revista e com a aquiescência de nossos leitores, também, nosso desabafo, neste momento tão conturbado da humanidade. Que possamos vivenciar o Natal, na acepção da palavra, dentro de cada um de nós, despertando nosso Cristo Interno e, com isso, possamos ascender, em consciência, na construção de um mundo mais digno para as próximas gerações. A todos um Novo Ano repleto de intensas reconstruções, em especial, dentro de cada um de nós!

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Comemorações

dos

Solstícios

Raimundo Silva Pereira

A nossa sublime instituição, honrando as tradições herdadas de suas origens, inseriu no calendário maçônico as comemorações

de passagens dos Solstícios. Os Solstícios, como é do conhecimento de todos os Irmãos, referem-se às diversas declinações do Sol em relação ao equador terrestre. Pelas significações históricas e simbolismo que traduzem, são importantes e têm ocorrências no hemisfério Sul, a 21 de dezembro, o de verão, e, o de inverno, a 21 de junho. O Solstício de Verão, coincide com a passagem do Sol pelo primeiro ponto do Trópico de Capricórnio, e, o de inverno, com a passagem do Sol pelo primeiro ponto do Trópico de Câncer.

As comemorações Solsticiais, como efemérides significativas, remontam às primeiras manifestações de agradecimento do homem na Terra, pelas benesses alcançadas de suas divindades, especialmente o Sol. Os povos do Oriente, tendo como paradigmas caldeus e egípcios, durante as passagens dos Solstícios, organizavam grandes e pomposos festejos em honra ao Sol, que consideravam o prodígio gerador e distribuidor de bens na Terra. Para esses povos, o Sol era o deus que, procedendo das portas do céu, lançava, em todas as direções, seus raios vivificantes, responsabilizando-se pela vida e felicidade de todos

os seres, e, ao mesmo tempo, proporcionar bem estar e riquezas aos homens, tornava-se merecedor de grandes regozijos.

Essas pomposas comemorações eram conhecidas dos antigos povos pelos nomes de “Festas do Nascimento” e “Festas das Brumálias”, sendo realizadas com várias aparências e significativos, sempre, com o escopo de fraternizações.

Com o advento do Cristianismo, tais festividades passaram a ser combatidas pelos cristãos sem, no entanto, conseguirem suprimi-las, sob alegação de tratar-se de comemorações pagãs.

Depois da invasão da Inglaterra pelos romanos, os Beneditinos conseguiram converter os anglo-saxãos ao cristianismo, acarretando aos maçons dessa época, abandonar o paganismo. No século VI, já sob a influência dessa Ordem Religiosa, das Ordens de Cavalaria, dos Rosa Cruz e dos Colégios de Construtores Romanos, em nossa Magna Instituição, os maçons passaram a denominar essas festividades com os nomes de “Janua Coeli”, na passagem do Solistício de Verão, e, “Janua Inferni”, na passagem do Solstício de Inverno. Os católicos não conseguindo acabar com essas comemorações, resolveram dedicá-las

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a duas personalidades de destaque na história do cristianismo, tendo sido escolhidos São João, o Evangelista, nascido em 27 de dezembro, e, São João, o Batista, nascido em 24 de junho, coincidindo com as festas natalinas e juninas, com as passagens dos Solstícios de Verão e Inverno, respectivamente.

A escolha desses dois santos teve propósito de conciliar interesses, tendo em vista essas festividades já estarem arraigadas na mentalidade dos povos e continuarem a se alastrar por todos os continentes, através das diversas corporações de Construtores Livres, especialmente, pelo continente europeu.

A Maçonaria, como a mais tradicional herdeira das tradições dessas antigas corporações, congregando, em seu seio, homens livres e de bons costumes, sem distinção de raças ou credos, continuou cultivando e conservando tais comemorações de passagens dos Solstícios, ainda, mais vivas, rendendo sua veneração como preito de gratidão ao GADU, por considerar o Sol como a sua maior criação, visto sua imensidão, individualidade, imperecibilidade e onipresença, pois, levantando e abaixando seus tendões dourados através do Cosmo, gera luz, dissipa trevas, desperta, anima e aquece os seres sobre o nosso orbe.

Muito embora a nossa Magna Ordem Maçônica, houvesse homologado em convenção o nome de São João Batista como seu padroeiro, por considerá-lo precursor da verdade, estabelecendo o dia 24 de junho como sua data máxima, continuou denominando essas efemérides como Festas Solsticiais.

Ao comemorar as passagens dos Solstícios, a Maçonaria reveste suas reuniões de características excepcionais, visando consolidar a fraternidade harmônica entre seus adeptos, proporcionando satisfação aos obreiros pelo que de atraente e proveitoso pode ser haurido das vibrações reinantes em Loja, capazes de transportar aos corações dos participantes pelas recordações agradáveis, pelos conhecimentos úteis adquiridos e pelo conforto espiritual alcançados, que revigoram a vitalidade em prol da vontade de trabalhar com dedicação, cada vez maior, pelo futuro de nossa Sublime Instituição, pelos Irmãos espalhados pela superfície da Terra e pela humanidade, para honra e glória do Supremo Geômetra dos Mundos.

Nosso irmão Raimundo Silva Pereira, Mestre Maçom Instalado, é membro da ACAD-M-RJ - Academia Maçônica de Letras, Ciências e Artes do Estado do Rio de Janeiro, ligada à GLMERJ - Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro.

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O Nível Cultural na Maçonaria

O presente trabalho será lido por uma minoria de irmãos que cultiva o hábito pela leitura, mas se essa minoria o divulgar nas Lojas

poderá estar prestando um grande serviço, em defesa da nossa Sublime Instituição.

Tenho verificado que a cultura na Maçonaria está muito aquém. O quadro é, simplesmente, desolador. O maçom, em geral, tem, em média, poucos anos de estudo. Não lê, não estuda e nada sabe. E o que tem esse fato a ver com a Maçonaria? Tudo! Não é possível realizar novos progressos sem o auxílio da cultura e do saber.

O Ensino Fundamental, há 40 anos, dava ao cidadão uma base de cultura geral muito maior do que a de hoje e a culpa de tal retrocesso é, exclusivamente, do vergonhoso e criminoso sistema educacional que, paulatinamente, foi implantado no país e, evidentemente, dentro da própria Maçonaria. No Fundamental de hoje, o estudante, ainda, é um semianalfabeto que não sabe sequer cantar o Hino Nacional, que há muito foi expulso das escolas.

O maçom não gosta de ler. A afirmativa é absolutamente VERDADEIRA. Há uma mínima parte do povo que ama a leitura, outra, um pouco maior, que a detesta, e a esmagadora maioria nem sabe que ela existe, e a Maçonaria é formada por homens vindos do povo.

Em todos os rituais maçônicos, fala-se nas sete ciências, que formavam a sabedoria dos antigos, composta pela Gramática, Retórica, Lógica,

Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. Quem com, apenas, o Ensino Fundamental tem o mínimo de conhecimento sobre tais ciências? Com exceção de alguns rudimentos de Gramática e de Matemática, ninguém!

O mundo moderno não é mais composto por sete ciências; as ciências se multiplicaram infinitamente: Física, Química, Engenharia, Geografia, Medicina, Sociologia, Filosofia, História, etc., cada uma delas com infinitas especialidades e ramificações, cada vez mais avançando nos campos das descobertas, pesquisas e realizações, enquanto o maçom ficou estacionado no atual 3 do 1º grau.

Eis o grande problema: hoje, com raríssimas e merecidas exceções, chega-se a Mestre Maçom entre seis meses a um ano e meio; ao Grau 33, entre três e quatro anos. Chega-se a Mestre e ao Grau 33 sem se sair do 1º Grau. O dicionário de Aurélio Buarque de Holanda define: “MESTRE – homem que ensina; professor; o que é perito em uma ciência ou arte; homem de muito saber”.

Será que está acontecendo alguma coisa errada? Para quem deseja subir nos graus da Maçonaria é exigido um trabalho escrito (muitas vezes meramente copiado, sem pretensão de aprender) e as taxas de elevação (que geralmente são caríssimas). Só isto, nada mais do que isto e... tome-lhe grau por cima de grau, sem o mínimo avanço cultural. Mas, em compensação, os aventais, colares e medalhas na subida dos graus vão ficando

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mais caros, mais bordados, mais coloridos e mais vistosos.

E lá vai o nosso maçom falando em “beneficência”, “filosofismo”, “Pedra Bruta”, “Pedra Polida”, etc... E, para completar, o FEBEAMA (Festival de Besteiras que Assola a Maçonaria) diz, por ter ouvido dizer, que a Maçonaria é milenar.

Diz um provérbio popular que “ninguém ama o que não conhece”. Como pode esperar a Maçonaria que seus Mestres Maçons, seus componentes dos Altos Corpos Filosóficos, sejam bons transmissores de suas doutrinas, histórias e conhecimentos se nada sabem?

A Maçonaria é antes de tudo um vasto conjunto de ciências políticas, históricas, geográficas e socioeconômicas adquiridas ao longo dos séculos. É simbolismo e filosofia pura, é ciência humana no seu mais Alto Grau. Como pode uma pessoa sem interesse pelo estudo adquirir e transmitir tantos conhecimentos? Só se for por um milagre! Como pode, apenas, com boas intenções, um leigo ensinar medicina para médicos, leis para juízes, aviação para um futuro piloto, engenharia para um futuro engenheiro, Maçonaria para um futuro Maçom?

Tiro por mim que já li quase uma centena de livros e que tenho mais como prazer do que por obrigação dedicar pelo menos meia hora por dia aos

estudos maçônicos e outras literaturas de interesse para o meu aperfeiçoamento espiritual, cultural e profissional. E, ainda, não me considero um “Expert”.

Reconheço, com toda humildade, que, ainda, tenho muito que aprender, e tenho o Ensino Superior completo. Como pode uma pessoa sem cultura estudar e pesquisar as Lendas do Rei Salomão, Hiran Abiff, entre tantos, sem conhecer História Antiga?

Como podem entender a gama de conhecimentos contidos na Constituição de Anderson, Landmarks, Ritos, Painéis, entre outros assuntos totalmente desconhecidos do nosso Mestre Maçom e de uma grande parte daqueles que alcançaram o “Topo da Pirâmide” e que se consideram com direito a cadeira cativa no Oriente, para que seu “profundo saber e conhecimento maçônico possa iluminar” as colunas.

A verdade costuma ser brutal, mas, infelizmente, esta é a pura realidade que precisa de muitos com coragem para dizer. O Maçom que estuda e pesquisa pode ser “o sol da cultura”, talvez nem seja o vaga-lume que só tem sua luz notada nas trevas, mas com certeza, é o espelho que poderá transmitir a Luz do Sol ou pelo menos a do vaga-lume.

A Maçonaria, composta de homens livres e de bons costumes e de boa cultura, obviamente, será muito melhor. No século XVII ela era composta pelos iluministas, no século XIX, no Império Brasileiro era composta da nata intelectual da nação e hoje... sem comentários.

Uma sociedade, um país, são preparados, primordialmente, pelo sistema educacional e cultura que consegue adquirir e seria muito bom começarmos a preparar a Maçonaria, pelo menos, em nossas Lojas, para o Terceiro Milênio, com pessoas um pouco mais cultas.

Nota do Editor: Encontramos o presente trabalho publicado em diversos blogs e sites, curiosamente, em nome de diversos autores. Um citado autor, de nome João Carlos, repete-se em alguns desses sites, inclusive no Blog Grupo Memórias e Reflexões Maçônicas. Devido à dúvida e não querendo cometer injustiças, quanto à autoria, optamos por não mencionar o autor!

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A InstruçãoFator Essencial da

Educação MaçônicaVocê nunca se perguntou por que após

desvendarem os nossos olhos, sairmos da escuridão e alcançarmos a luz, quando

da nossa Iniciação, recebemos imediatamente a Primeira Instrução de várias que iremos ter ao longo da vida maçônica ao galgarmos os degraus da “Escada de Jacó”, e, não recebemos um conjunto de Lições, Disciplinas ou Matérias? Podemos supor que no estado em que encontramos atualmente a teoria da educação, no seu sentido lato, sentimo-nos obrigados a considerar o verbo “educar” como rigorosamente pronominal. O exato, pois, a nosso ver, é o “educar-se”, “eu me educo”, “nós nos educamos”. Realmente, o fenômeno da educação, em si mesmo, é puramente individual e psíquico (LOURENÇO FILHO, s/d), porque, ou o próprio indivíduo organiza suas experiências (DEWEY, 1936), ou ninguém poderá fazê-lo por ele. O fenômeno puro da educação é, portanto, a autoeducação, quer para as experiências bióticas, quer para as psíquicas e/ou quer para as sociais.

O que acabamos de afirmar, contudo, não impede o reconhecimento do importante e decisivo papel que, no nosso caso a Maçonaria, exerce sobre o processo educativo nem implica negá-lo (AZEVEDO, 1940). É a Maçonaria que cria o clima,

proporciona os meios, determina os objetivos e a orientação desse processo. O indivíduo educa-se, sempre, para determinada situação e, de certa maneira, por meio de uns tantos recursos técnicos materiais e humanos que a Maçonaria lhe prepara cuidadosamente. Nesse sentido é que devemos falar nos aspectos sociais da educação, considerada como processo social...

Dos aspectos sociais da educação, os intencionais (compreende as situações em que o grupo, no qual e para o qual o indivíduo se educa, prepara condições a fim de suscitar ideias, atitudes e comportamentos que, dados certos padrões e valores pré-estabelecidos no próprio grupo, este mesmo julga indispensáveis à perfeita incorporação e ajustamento do educando em seu seio) são, senão os mais ricos, os primeiros e, pelo menos, os mais importantes em consequência, pois constituem como que o lastro sobre o qual se vai construir todo o tecido de relações entre os indivíduos e os grupos de que participam, onde a Maçonaria pode ser destacada como um exemplo.

Assinalemos agora que, na educação intencional, o mais significativo é a preocupação de “comunicar” as experiências anteriores, tanto quanto possível minuciosamente preparadas e visando obter

Davys Sleman de Negreiros

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certa interpretação da parte do indivíduo. A esse aspecto da educação intencional – “comunicação” das experiências ou conhecimentos – chamamos INSTRUÇÃO, aproveitando um conceito de Lalande (1947:504) no qual o vocábulo “comunicação” (por isso entre aspas) tem sentido mais pedagógico do que sociológico. A nosso ver, todo processo educativo intencional se desenvolve que alicerçado e orientado pela “comunicação”. Seria talvez possível reconhecer, também, nas situações educativas não intencionais alguma “comunicação” do conhecimento, mas pensamos que, do ponto de vista pedagógico, a ideia de “comunicação” implica intenção e, por isso, não seria corretamente enquadrado dentro dos processos não intencionais.

Daremos, em virtude dos objetivos que temos em vista, ênfase à parte intencional da educação. Em tese, os conhecimentos e experiências adquiridos não podem ser considerados com fins em si mesmos. Eles constituem um equipamento instrumental destinado a realizar o ajustamento do indivíduo aos Augustos Mistérios da Ordem, um equipamento cujo uso se torna possível pela elaboração e integração individual. Isso nos levará logicamente a considerar também a instrução, como a educação, uma

atividade de natureza psíquica. A instrução, como qualquer instrumento de outra natureza, tem, pois, seu uso eficiente garantido na medida em que se incorporar ao patrimônio das experiências individuais, podendo assim ser utilizadas de diferentes maneiras, esse fato fica demonstrado, quando nos recordamos do dia da nossa Iniciação que em vários discursos uma praxe foi dita algumas vezes repetidamente: “é fácil entrar na Maçonaria, o exercício daqui para frente é fazê-la entrar em você... ou fácil é ser Maçom em Loja, o difícil é ser lá fora, na sociedade...”

Desse modo, dada, todavia, sua origem intencional, a instrução deverá servir, precipuamente, para facilitar a integração do indivíduo no complexo maçônico que o envolve e a que se destina, por isso, a séries de sinais, toques e palavras. A instrução se apresenta, pois, como um dos recursos básicos da educação; é uma das técnicas elementares de que a Maçonaria lança mão para desenvolver nos indivíduos aquelas tendências e aptidões que selecionou segundo critérios, valores e padrões pré-estabelecidos. Diríamos mesmo que a instrução é uma das condições indispensáveis, embora não suficiente, do processo educativo.

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