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ABIM 005 JV Ano XI - Nº 86 - Jun/17

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ABIM 005 JV Ano XI - Nº 86 - Jun/17

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Editorial

A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 33.154 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

www.revistaartereal.com.br - [email protected] - Facebook RevistaArteReal - (35) 99198-7175 Whats App.

Trata-se de uma coleção histórica de 22 edições publicadas, no período de jul/12 a fev/16. Nada tem a ver com a edição virtual. Confeccionada em 28 pg, em papel couchê, diagramação e edição de imagens de alto padrão. Solicite-nos através do e-mail [email protected]

Coleção CompletaR$ 199,00

frete incluso para todo o Brasil

PROMOÇÃORevista Arte Real

Edição Impresssa22 exemplares

Dedicamos esta edição para a publicação de matérias sobre os 300 anos da Maçonaria Moderna. A data de 24 de junho de 1717

passou a ser um marco, no que se refere à Maçonaria organizada e constituída por uma Obediência-Mãe, quando passou a ditar os novos rumos da Arte Real.

Para quem busca se enveredar pela história de nossa instituição, não se contentando em aceitar, sem refletir, o que vem sendo repetido diariamente em nossos Templos, achamos por bem trazer visões diferenciadas do mesmo fato, para que nossos leitores tirem suas próprias conclusões sobre o tema, e para que tais matérias lhes sirvam de estímulo à pesquisa.

A origem de nossa Ordem se perde nas brumas do tempo, sua simbologia retrata uma herança da influência de diversas Ordens de Mistérios, que, em muito, contribuíram para a formatação da Maçonaria que conhecemos atualmente. O ingresso de pessoas, em suas fileiras, não ligadas aos ofícios da construção, a transformou na Maçonaria, que a rotulamos de Especulativa.

Na matéria do Irmão João Nery Guimarães, da Loja Maçônica Monte Moriá, intitulada “Primórdios da Grande Loja de Londres”, narra, com propriedades, a história tradicional da criação do sistema obediencial da Maçonaria, como conhecemos, e que servirá de base para uma leitura reflexiva das demais matérias publicadas.

Em sequência, publicamos a matéria do Irmão Ailton Branco, membro da “Oficina de Restauração do REAA”, intitulada “Os Propósitos da Primeira Grande Loja de Londres”. Uma abordagem, embora sintética, profunda e muito elucidativa sobre os bastidores da história de nossa Ordem, desconhecido por muitos Irmãos.

De autoria do Irmão Henning A. Klövekorn, traduzida pelo Irmão José Antônio de Souza Filardo, mais uma vez, publicamos a matéria “A Formação da Primeira Grande Loja”. Uma revelação sobre a criação, em 1250, em Colônia, na Alemanha, da primeira Grande Loja dos Maçons de Ofício, portanto, o primeiro sistema organizado de Obediência Maçônica, cujo seu primeiro congresso acontecera na cidade alemã de Strasbourg, em 1275.

Finalizando, achamos por bem publicar a matéria do Irmão Kennyo Ismail, administrador do site www.noesquadro.com.br, intitulada “O Embuste de 300 Anos da GLUI”, em que o autor visa desmascarar, citando documentos e dando sua impressão, a história da criação da Grande Loja de Londres, em 1717.

O propósito de nossa Revista é o de difundir a cultura maçônica e de levar os nossos leitores ao exercício do pensar, formando sua própria verdade. Independente da impressão de cada um, pede-se uma reflexão sobre esse interregno de três séculos, no que nossa Ordem contribuiu para a formação de um mundo mais digno e justo. Na qualidade de construtores sociais, refletirmos, também, sobre os futuros passos de nossa augusta instituição.

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Revista Arte Real nº 86 - Jun/17 - Pg 03

Primórdios da Grande Loja de Londres

João Nery Guimarães

Para a fundação da Grande Loja de Londres, um grupo de maçons congregou-se na Loja que se reunia na taverna da “Macieira” (ou

Taverna das três maçãs), em Charles Street, Covent Garden, e aí, foi feita uma eleição, colocando-se na presidência o maçom mais antigo, Venerável de uma das quatro Lojas, que haviam aceito a ideia de se fundar um Grande Loja e que eram além da mencionada, da “Macieira”, a do “O Ganso e a Grelha (“The Goose and Gridion”), que se reunia no pátio da Catedral de São Paulo, a do “Copázio e das Uvas” (“The Rummer and Grapes”) que se reunia na taverna desse mesmo nome, em Westminster, e a da “Coroa” (“The Crown), que se reunia em Parker’s-lane, perto de Druri-lane. Nesse tempo, as lojas não tinham título distintivo, sendo conhecidas pelo nome do local das reuniões, que, geralmente, eram tavernas e estalagens, que tinham condições de propiciar um salão para as reuniões e servir o costumeiro jantar.

Assim, nessa reunião preliminar na “macieira”, decidiu-se estabelecer a prática das reuniões conjuntas trimestrais e anuais.

Em sequência, no dia de São João Batista, 24 de junho de 1717, realizou-se a segunda reunião, na Loja “O Ganso e a Grelha”. Autor do jantar habitual, o Venerável mais antigo propôs uma lista de candidatos ao cargo de Grão-Mestre, sendo eleito Antony Sayer,

pelo sistema tradicional de levantar-se as mãos. Antony Sayer foi felicitado por todos e instalado no cargo, escolhendo para seu Primeiro Grande Vigilante Jacob Lamball, carpinteiro, e para Segundo Grande Vigilante, o capitão José Elliot. O mandato era de um ano.

Antony Sayer determinou, então, que se restabelecessem as reuniões trimestrais, com a presença de todos os Veneráveis e Vigilantes de Lojas e os demais Grandes Oficiais da Grande Loja.

No ano seguinte, em 1718, no dia 24 de junho, realizou-se a Assembleia e a chamada Grande Festa, que a encerrava com um requintado jantar geral, preparado na forma prevista nos artigos 23 a 30 dos Regulamentos Gerais. Autor do jantar, Antony Sayer recolheu os votos para o Grão-Mestre que o sucederia, tendo sido proclamado eleito Jorge Payne.

Ao assumir o cargo, Jorge Payne determinou que se coligissem todos os velhos escritos, arquivos e cópias das “Constituições Góticas” para elaboração das futuras “Constituições”. Escolheu o seu primeiro Grande Vigilante, João Cordwell, carpinteiro, e segundo Grande Vigilante, Tomás Morrice, pedreiro.

Payne, dado as suas relações, trouxe para a Maçonaria muitos nobres e homens de saber. Antes de terminar o seu mandado, Payne indicou para

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Grão-Mestre o Dr. John Theophilus Desaguliers, homem culto, o qual reviveu os antigos brindes (“Toasts”) e escolheu como Primeiro Grande Vigilante, Antony Sayer, e como segundo Grande Vigilante, Tomás Morrice.

Muitos maçons que estavam adormecidos, entusiasmados com o reviver da Maçonaria sob forma mais pujante, retornaram as suas Loja.

Ao terminar o seu mandato, John Theophilus Desaguliers indicou, novamente, Jorge Payne para Grão-Mestre, sendo primeiro Grande Vigilante Tomás Hobby, pedreiro, e segundo Grande Vigilante, Ricardo Ware, matemático.

Foi durante o segundo Grão-Mestrado de Payne que se fortaleceu a ideia de se adotar “Constituições”. Mas só em 29 de setembro de 1720, na taverna “Armas do Rei”, com a presença de dezesseis Lojas, é que se resolveu incumbir James Anderson, Venerável de Loja, e pastor presbiteriano, de colocar as velhas “Constituições Góticas”, em ordem, sob nova forma mais metódica e aproveitando os manuscritos existentes nos arquivos maçônicos.

Três meses depois, em 27 de dezembro, dia de São João Evangelista, na mesma taverna “Armas do Rei”, com a presença de vinte Lojas, o novo Grão-Mestre, o Duque de Montagu nomeou uma comissão de catorze maçons para examinar o manuscrito de Anderson e apresentar um relatório.

No ano seguinte, reunida a Grande Loja, no dia 25 de março, na taverna “Fonte da Praia”, com vinte e quatro Lojas presentes, foram lidos o relatório e as “Constituições” de Anderson. Algumas modificações foram sugeridas, e, finalmente, declararam-se aprovadas as “Constituições”. Decidiu-se, na mesma reunião, mandar imprimi-las, para serem lidas quando do ingresso de um novo membro na Fraternidade ou quando o Venerável de uma Loja assim o permitisse.

Em 24 de junho de 1723, o Duque de Wharton, Felipe, foi proclamado Grão-Mestre e nomeou seu primeiro Grande Vigilante Josias Timson, e, como segundo Grande Vigilante, James Anderson. Foi nesse momento que Anderson apresentou, orgulhosamente, a primeira edição das “Constituições”, que é a que traduzimos, dedicada ao anterior Grão-Mestre, o Duque de Montagu.

Até a primeira edição em 1723 das “Constituições” de Anderson prevalecia a tradição oral ou Landmarks, transmitidas de maçom para maçom e, portanto, sujeitas às interpretações e desvios, devido às folhas de memória. Os documentos manuscritos acima referidos, eram ciosamente guardados pelos Veneráveis das Lojas Operativas, não sendo permitida a sua impressão, para que os segredos não caíssem em mãos profanas.

Os Landmarks mais conhecidos são os de Alberto G. Mackey, que coligiu vinte e cinco, que hoje são os que têm maior aceitação, sendo que o último declara a inalterabilidade dos antecedentes.

As Constituições foram alteradas em 1738, 1756, 1767 e 1784, e a Constituição da Grande Loja Unida da Inglaterra, depois de 1815 (em 1813, as duas correntes maçônicas inglesas “Antigos” e “Modernos” se fundiram num só corpo) o texto Andersoniano continua em suas linhas mestras.

Assim restou para a posteridade a compilação de James Anderson denominada “Constituição” que contém uma parte histórica das Old Charges – Velhas Obrigações – o “General Regulations” – ou Regulamento Geral e uma série de canções maçônicas.

Estava assim constituída a Maçonaria, com seus regulamentos e regida por uma Constituição.

Matéria publicada no site – www.lojamontemoria.com.br

John Theophilus Desaguliers

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Propósitos da Primeira Grande Loja de Londres

Ailton Branco

Por que surgiu a primeira Grande Loja de Londres? Quais os interesses não revelados que detonaram iniciativa tão marcante? Nos

anos que antecederam esse “landmark” na história da Maçonaria mundial, a confraria na Inglaterra mostrava duas realidades distintas: os maçons católicos, que faziam suas reuniões em locais cedidos pela Igreja e os maçons não católicos, que se reuniam em locais públicos, como tavernas e hospedarias. As Lojas que reuniam maçons cristãos obedeciam à ritualística simples, organizada para as recepções aos candidatos e para as trocas de grau. Eram lideradas pela pujante Loja de York. As lojas constituídas por maçons judeus, muçulmanos e budistas, e que se reuniam em tavernas, eram informais. As reuniões, em ágapes, destinavam-se às trocas de ideias variadas e às relações sociais.

A concorrência entre os dois segmentos da Maçonaria britânica era acirrada, até com episódios de violência contra o patrimônio. Historiadores não comprometidos com a versão oficial revelam a campanha sistemática de maçons filiados à Grande Loja de Londres, contra documentos de qualquer espécie, que informassem algo sobre a existência das Lojas católicas mais antigas.

A Grã-Bretanha, desde o Ato de Supremacia proclamado por Henrique VIII, em 1534, para romper

com Roma e estabelecer a Reforma religiosa, viu-se dividida entre catolicismo e protestantismo. Esse último, ainda, contribuiu com o puritanismo; movimento de confissão calvinista, que rejeitava tanto a Igreja Romana como a Igreja Anglicana. Em 1649, a Revolução Puritana, sob a liderança de Oliver Cromwell, saiu-se vencedora contra a Monarquia. Protagonizou a prisão e decapitação do Rei Carlos I e proclamou a República na Grã-Bretanha. Com a morte de Cromwell, abriu-se um período de crise, que conduziu à restauração dos Stuart, em 1660. Quando Jaime II pretendeu restabelecer o catolicismo, desprezando os interesses da maioria protestante, eclodiu a Revolução Gloriosa, em 1688. O Stuart foi facilmente vencido, refugiando-se na França de Luís XIV. A partir de 1714, reinaram os Hannover, alemães, protestantes, pouco interessados na gestão do país e que, por isso, favoreceram e reforçaram a importância dos “Whigs”, adeptos de uma Monarquia limitada pelo Parlamento.

Os intelectuais e cientistas da Royal Society, dentre eles vários maçons, eram contra a influência da Igreja porque essa pregava a ideia do criacionismo para explicar o surgimento do mundo. A Igreja apoiava sua posição nas teses dos filósofos antigos, nas Sagradas Escrituras e na autoridade de fé e de santidade dos padres. Os integrantes da Royal Society adotaram o lema: “Nullius in Verba”,

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para mostrar que acreditam na verdade dos fatos, obtida através da experiência científica e não ditada pela palavra de alguma autoridade. Combatiam, também, a Escolástica, que era uma linha dentro da filosofia medieval com elementos notadamente cristãos. A Escolástica surgiu da necessidade de responder às exigências de fé, ensinada pela Igreja, acrescentando ao universo do pensamento grego os temas: Providência e Revelação Divina, e Criação a partir do nada.

O ambiente político estava favorável para os maçons não cristãos prestigiarem sua atividade, substituindo as finalidades mundanas das suas reuniões nas tavernas por encontros com formalidades específicas, para uma sociedade que pretendia parecer cultural e filantrópica.

A esse respeito escreve John J. Robinson, em “Nascidos do Sangue - Os Segredos Perdidos da Maçonaria”: “ Enquanto a Maçonaria continental estava ocupada em tecer mais e mais padrões complexos de rituais, a Maçonaria britânica original de três graus enfrentava seus próprios problemas. Como todo o conhecimento de qualquer propósito anterior desaparecera, a Maçonaria emergiu como uma sociedade glutona e beberrona, com, talvez, uma sombria ênfase exagerada na última. Todos os Maçons ingleses, provavelmente, lamentavam

que seu Irmão moralista, William Hogarth, houvesse imortalizado o estado da Maçonaria londrina do século XVIII, em sua pintura intitulada “A Noite”, que retrata um Mestre Maçom bêbado como um gambá, sendo carregado para casa pelo Guarda da Loja, ambos com as insígnias maçônicas.”

Era preciso encontrar uma solução para esse comportamento. Os maçons ligados à Royal Society, liderados por John Theophilus Desaguliers, filósofo, assistente e divulgador de Isaac Newton, idealizaram fundar uma associação de Lojas para planejar e organizar melhor o desempenho da Maçonaria não atrelada aos eventos da Igreja. Reuniram quatro Lojas de tavernas e criaram a Grande Loja de Londres, em 1717.

A história da fundação da primeira Grande Loja no mundo mostra uma dupla motivação para o evento: combater as Lojas que conservaram a influência dos temas católicos na sua ritualística e ajudar a expandir o sionismo entre as elites. A emigração de judeus sefarditas (de origem espanhola e portuguesa) e asquenazes (de origem alemã e polonesa), sobretudo oriundos da Holanda e da Alemanha para a Grã-Bretanha, ganhou intensidade na segunda metade do século XVII. A Grã-Bretanha proporcionou, a sua minoria judia, condições próximas do ideal para cultivar seus rituais religiosos.

Pintura à óleo “A Noite” de autoria de William Hogarth

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A regularização social dos judeus teve lugar, em geral, sem obstáculos, ao longo de um período prolongado. Oliver Cromwell deu permissão para o culto público a um pequeno grupo de sefarditas, em 1656, e a licença manteve-se após a restauração da monarquia em 1660.

A geografia e a história colocaram a Grã-Bretanha, de certo modo, fora da Europa continental e a experiência judaica ali, por sua vez, foi algo especial. Os judeus foram admitidos tardiamente, mas, quando o foram, desfrutaram das liberdades básicas durante um tempo mais prolongado que em qualquer outro país europeu. A composição heterogênea da sociedade britânica produziu crescente liberdade de culto. Embora a vigência da Declaração de Direitos (1689) que, entre outras regulamentações, restringiu a liberdade religiosa ao culto protestante, os preconceitos contra grupos religiosos minoritários foram tênues.

Apesar de ser uma das comunidades menos importantes e menores na Grã-Bretanha, os judeus aproveitaram a generosa tolerância reinante e destacaram-se na política, no comércio, nas artes e nas ciências, enfim, em todos os aspectos da vida nacional inglesa. A posição dominante da Grã-Bretanha, no mundo, dotou os líderes judeus de um papel preponderante internacional, como no desenvolvimento inicial do sionismo.

E a Maçonaria fez parte do processo, sendo um dos meios de difusão do sionismo. Os primeiros rituais surgidos da existência da Grande Loja de Londres elegeram o Templo de Jerusalém construído por Salomão, o símbolo da obra perfeita. Serviu de referência na analogia com o trabalho da Maçonaria de aprimoramento do caráter humano. O texto do ritual reproduziu passagens bíblicas dos hebreus nas explanações aos maçons. A resistência ao retorno do catolicismo na Maçonaria e a divulgação do sionismo conjugaram-se numa corrente, que sufocou as Lojas cristãs remanescentes. A influência dos judeus maçons com posições de destaque na marinha, no comércio de armas e no mercado de negócios bancários levou o poderio político e institucional da Maçonaria Inglesa para além fronteiras da Grã-Bretanha. A estratégia de fazer constar que a Grande Loja de Londres inaugurou uma nova Maçonaria, a Especulativa, em substituição à Operativa, deu certo. O mundo maçônico acreditou. A eliminação dos documentos relativos às atividades anteriores a 1717 deu veracidade à tese. A Maçonaria britânica tornou-se forte e respeitada. Os maçons ingleses mantiveram-se suficientemente poderosos para ditarem ao mundo, cem anos mais tarde, as oito regras para a regularidade das Lojas e dos maçons no universo.

O autor pertence ao Semear Colégio de Estudos do Rito Schröder - Oficina de Restauração do REAA.

Oliver Cromwell

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Revista Arte Real nº 86 - Jun/17 - Pg 08

A Formação da Primeira Grande Loja

Henning A. Klövekorn

Com a difusão do cristianismo por toda a Alemanha e a exigência de que bispos romanos erguessem catedrais, os Colégios

Maçônicos, no referido país, prosperaram. Geralmente, designado como Steinmetzen ou Canteiros, essas fraternidades maçônicas levantaram igrejas e catedrais por toda a Europa Continental. A sociedade de canteiros tinha, dentro de si, uma grande variedade de classes e ocupações. Essas incluíam Steinmaurer ou assentadores de pedras, Steinhauer ou cortadores de pedra, bem como Steinmetzen, uma palavra derivada de Stein (pedra), e Metzen, um derivado da palavra Metzel(entalhador), uma arte mais detalhada e refinada que os cortadores de pedras. A construção de Bauhütten, ou Lojas, situadas junto às igrejas em construção, serviu como estúdio de projeto, local de trabalho e quarto de dormir.

Um dos mais antigos registros de Lojas Maçônicas se encontra na cidade alemã de Hirschau (agora Hirsau), no atual estado de Baden-Württenberg. As Lojas Maçônicas, instituídas na cidade de Hirschau, no final do século 11,

trabalhavam sob a Ordem Beneditina da Alemanha e foram as primeiras a estabelecer o estilo gótico de arquitetura.

Já em 1149, as primeiras Zünftes alemãs, ou sindicatos de pedreiros, se desenvolveram em Magdeburg, Würzburg, Speyer e Strasbourg. Em 1250, a primeira Grande Loja dos Maçons formou-se na cidade de Colônia (Köln), Alemanha. A Grande Loja foi formada como parte do imenso empreendimento para erguer a catedral de Colônia.

O primeiro congresso maçônico ocorreu na cidade de Strasbourg, na Alemanha, no ano de 1275. Ela foi fundada pelo Grão-Mestre Erwin von Steinbach. Esse, também, foi o primeiro uso registrado do símbolo dos maçons, o compasso e o esquadro. Embora Strasbourg fosse considerada a primeira Grande Loja de seu tempo, outras Grandes Lojas Maçônicas já haviam sido fundadas em Viena, Berna e a acima mencionada de Colônia; foram chamadas Oberhütten ou Grandes Lojas. Diversos congressos maçônicos foram realizados na cidade de Strasbourg, incluindo os anos 1498 e 1563. Nessa época, as primeiras Armas de Maçons, registradas

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Revista Arte Real nº 86 - Jun/17 - Pg 09

na Alemanha, representavam quatro compassos, posicionados em torno de um símbolo do sol pagão e dispostos em forma de suástica ou roda solar ariana. As Armas Maçônicas da Alemanha, também, exibiam o nome de São João Evangelista, santo padroeiro dos maçons alemães.

A Oberhütte (Grande Loja) de Colônia, com seu Grão-Mestre, era considerada a cabeça das Lojas Maçônicas de toda a Alemanha do Norte. O Grão-Mestre da Strasbourg, na época, uma cidade alemã, era chefe de Lojas Maçônicas de todo o Sul da Alemanha, Francônia, Baviera, Hesse e as principais áreas da França.

As Grandes Lojas de Maçons na Alemanha recebiam o apoio da Igreja e da Monarquia. O Imperador Maximiliano revisou o Congresso Maçônico de 1275, em Strasbourg, e proclamou a sua proteção ao ofício. Entre 1276 e 1281, Rudolf I de Habsburgo, um rei alemão, tornou-se membro da Bauhütte ou Loja de St. Stephan. O Rei Rudolf foi um dos primeiros não-Operativos, também, chamados Membros Livres ou Especulativos de uma Loja Maçônica.

Os estatutos dos maçons na Europa foram revisados em 1459 pela Assembleia de Ratisbonne (Regensburg), a sede da Dieta Alemã, cuja revisão preliminar tinha ocorrido em Strasbourg, sete anos antes. As revisões descreviam a exigência de testar irmãos estrangeiros antes de sua aceitação nas Lojas, através de um método de saudação estabelecido (aparentemente internacional ou europeu).

A primeira assembleia geral de maçons na Europa ocorreu no ano de 1535, na cidade de Colônia, na Alemanha. Ali, o bispo de Colônia, Hermann V, reuniu 19 Lojas Maçônicas para estabelecer a Carta de Colônia, escrita em latim. As primeiras Grandes Lojas dos Maçons estiveram presentes, o que era costume na época, e incluíam a Grande Loja de Colônia, Strasbourg, Viena, Zurique e Magdeburg. A Grande Loja Mãe de Colônia, com o seu Grão-Mestre, era considerada a principal Grande Loja da Europa.

Após a invenção da imprensa, os maçons (Steinmetzen) da Alemanha reuniram-se em Ratisbona, em 1464, e imprimiram as primeiras Regras e Estatutos da Fraternidade de Cortadores de Pedra de Strasbourg (Ordnung der Steinmetzen).

Esses regulamentos foram aprovados e sancionados pelos Imperadores sucessivos, tais como Carlos V e Ferdinando.

O monge alemão Martinho Lutero e seu protesto contra as injustiças e hipocrisias da Igreja Católica, em 1517, deram origem ao Protestantismo. Isso liberalizou algumas das Lojas Maçônicas da época. A Catedral de Strasbourg tornou-se Luterana, em 1525, e muitas outras a seguiram.

Em 1563, os Decretos e Artigos da Fraternidade de Canteiros foram renovados na Loja Mãe em Strasbourg, no dia de S. Miguel. Esses regulamentos demonstram três elos importantes com a Maçonaria moderna. Em primeiro lugar, os aprendizes eram chamados de “livres” na conclusão do serviço a seu Mestre, o que, sem dúvida, é a origem da palavra Freemason ou “franco-maçom”. Em segundo lugar, a natureza fraternal da Loja era retratada em uma série de regulamentações, tais como o atendimento aos doentes, ou a prática de ensinar um irmão sem cobrar, nos termos do artigo 14. Em terceiro lugar, os maçons utilizavam um aperto de mão secreto como meio de identificação.

Dois artigos do regulamento, indicando estes pontos, são: “Nenhum Mestre ensinará um companheiro por dinheiro”.

XIV. E nenhum artesão ou mestre aceitará dinheiro de um colega para mostrar ou ensinar-lhe qualquer coisa relacionada com Maçonaria. Da mesma forma, nenhum vigilante ou companheiro mostrará ou instruirá qualquer um por dinheiro a talhar, conforme dito acima. Se, no entanto, alguém desejar instruir ou ensinar outro, ele pode muito bem fazê-lo, uma mão lavando a outra, ou por companheirismo, ou para assim servir ao seu mestre.

LIV. Em primeiro lugar, cada aprendiz, quando tiver servido o seu tempo e for declarado livre, prometerá à ordem, pela verdade e sua honra, ao invés de juramento, sob pena de perder o seu direito à prática da Maçonaria, que ele não divulgará ou comunicará o aperto de mão e a saudação de pedreiro a ninguém, exceto àquele a quem ele pode, justamente, comunicá-las, e, também, que ele não escreverá coisa alguma sobre isso”.

As regras de Strasbourg estipulavam que a entrada na Fraternidade era por livre vontade e

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indicava, claramente, os três graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre na Fraternidade Maçônica alemã. Elas exigiram que se fizesse um juramento e que os pedreiros se reunissem em grupos chamados ‘Kappitel’ (Capítulo). As regras instruíam os maçons a não ensinar Maçonaria a não-maçons.

Está claro que as Lojas ou Grandes Lojas Maçônicas alemãs existiam antes da formação da Grande Loja de Inglaterra, em 1717. Assim como o uso de apertos de mão secretos, o uso do termo “livre” e sua aceitação de não-Operativos. O uso de alegoria e simbolismo em camadas, que torna exclusivo o sistema maçônico fraternal, também, era evidente nas Lojas alemãs da época, conforme mostrado nas esculturas de pedra e estilos arquitetônicos das igrejas e mosteiros que eles construíram.

A partir da página Web www.klovekorn.com: O “99º of Freemasonry” apoia a teoria de que a semente da Maçonaria moderna não estava ligada aos Cavaleiros Templários ou à Maçonaria inglesa, mas originou-se com as instituições maçônicas da Alemanha, que, por sua vez, tinham recebido os seus conhecimentos maçônicos de organizações maçônicas mais antigas. Essa afirmação é suportada através de sete pontos principais de prova:

1. Que o Manuscrito Régio, o mais antigo texto maçônico (reconhecido) sobrevivente na Grã-Bretanha, faz referência aos quatro Mártires Coroados, que estão, inequivocamente, relacionados com a Lenda dos Maçons sob o Sacro Império Romano de Nação Germânica, uma tradição maçônica, que teve origem na Alemanha e não na Grã-Bretanha;

2. A existência e o mais antigo uso registrado do esquadro e compasso (sinal fraternal da Maçonaria) nas Armas dos Corpos Maçônicos Alemães;

3. A existência de Instituições Maçônicas, altamente, organizadas (Steinmetzen) na Alemanha no século 13, tais como a Grande Loja (Oberhütte) de Strasbourg e Köln, e diversas Lojas Maçônicas subordinadas, que não só trabalhavam em pedra, mas, também, incluíam ensinamentos alegóricos maçônicos dentro de suas guildas;

4. A eleição de um Grão-Mestre dos Maçons no século XIII e a criação de Graus de Aprendizes, Companheiros e Mestres Pedreiros, na Alemanha, no século XII e anteriormente;

5. O estabelecimento de Estatutos e Regras impressos da Ordem Maçônica na Alemanha antes da criação de estatutos maçônicos escritos na Grã-Bretanha;

6. A inclusão de membros não-Operativos (ou Especulativos), tais como o Rei Rodolfo I, em Lojas Maçônicas na Alemanha, no século XIII;

7. A primeira exigência em grande escala registrada de que Lojas Maçônicas utilizassem um método secreto de saudação e de ‘aperto de mão’.

O “99º of Freemasonry”, também, analisa o uso do compasso e esquadro como símbolos alegóricos morais de Maçonaria em obras de arte dentro da cultura alemã do período, mais uma prova da filosofia maçônica dentro da cultura alemã e da Europa continental nesse período.

Embora muitos maçons tenham sido condicionados a aceitar que as origens da Maçonaria partem da Inglaterra ou da Escócia, pois as grandes organizações maçônicas modernas atuais estão profundamente interligadas dentro dessa área geográfica, o “99º of Freemasonry” lança nova luz sobre a história maçônica e insta, se não inspira os leitores a olhar para a Alemanha como a grande semente da Maçonaria.

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Há anos que eu tenho dito isso em minhas palestras e me deparado com o espanto no olhar da maioria dos irmãos na plateia,

seguido de um franzir de testa por boa parte desses.

Como bons papagaios de avental, repetimos sempre que possível que a Grande Loja de Londres e Westminster foi fundada em 24 de junho 1717, tendo Anthony Sayer como seu primeiro Grão-Mestre, e, portanto, a Maçonaria Especulativa existe desde 1717 e blá-blá-blá, tomando por ponto de partida, sempre, 1717, quase que como um número cabalístico.

Sempre, questionei tal informação. Sempre, questionei o fato de não haver um documento com registro público da época, ou mesmo uma notícia reproduzida em um dos jornais londrinos. Sim, Londres tem jornais circulando desde 1621. Como poderiam deixar de noticiar algo como isso? A chamada Carta de Bolonha, quase 500 anos mais antiga, foi registrada em cartório… por que uma ata de fundação de 24 de junho de 1717 não seria?

Mas a resposta dos irmãos a esse questionamento quase sempre foi mais ou menos a seguinte: “Todo mundo sabe que foi em 1717. Por que diabos você está questionando isso?”. E isso acompanhado de um nariz torcido.

Além disso, as notícias dos preparativos para a comemoração dos 300 anos da agora Grande Loja Unida da Inglaterra, por si, vinham dando, ainda, mais como certa essa “crença popular maçônica”. Pelo menos até agora…

Uma recente Conferência sobre História da Maçonaria, realizada pela afamada Loja de Pesquisas “Quatuor Coronati”, com o apoio do Queen’s College da Universidade de Cambridge, acaba de escrever um novo capítulo quanto a esse embuste sobre a fundação da, então, Grande Loja de Londres.

O famoso pesquisador maçônico, Dr. Andrew Prescott, e a professora de história e pesquisadora, Dra. Susan Mitchell Sommers, apresentaram na conferência um documento recentemente descoberto em um antigo livro de atas da “Lodge of Antiquity” (uma das fundadoras da Grande Loja de Londres e da qual William Preston foi Venerável Mestre), revelado recentemente. Trata-se da ata de fundação da Grande Loja, em 1721, tendo como seu Grão-Mestre fundador John Montagu, o 2º Duque de Montagu.

Esse documento histórico não somente impacta na crença quanto ao ano de fundação, mas desmascara as mentiras publicadas por James Anderson em sua Constituição, que davam conta da fundação, em 1717, e de Antony Sayer como primeiro Grão-Mestre, e em sequência George Payne e John Desaguliers. Esses três, Sayer, Payne e Desaguliers, pelo que parece e até onde se pode comprovar documentalmente, nunca foram Grão-Mestres.

Não sei se fico feliz ou não ao dizer: “Eu avisei…”. De qualquer forma, com uma prova documental dessas, fica a dúvida se a Grande Loja Unida da Inglaterra (que, na verdade, somente foi fundada em 1813), manterá a comemoração dos 300 anos para o ano que vem*, mesmo que imprecisa, ou a adiará por mais alguns anos…

O EMBUSTE

DOS 300 ANOS

DA GLUIKennyo Ismail